Joana Freitas BrevesMacau não foi afectado com crash da bolsa chinesa Lionel Leong garantiu ontem que Macau não ficou afectado com o crash ocorrido no mercado bolsista chinês nas últimas semanas, que muitos consideraram ser semelhante ao de 1929, ocorrido nos Estados Unidos. “Os investimentos de Macau na bolsa da China e Hong Kong são cerca de 2,7%. Na bolsa do interior da China investimos 7,400 milhões, ainda não estamos a ter prejuízos nesse investimento”, disse em resposta à deputada Melinda Chan.
Joana Freitas BrevesTerapeutas formados no exterior contra mais estágios A Associação de Terapeutas Físicos de Macau sugere que os terapeutas licenciados fora de Macau não precisem de fazer novamente estágio no território, conforme manda o Regime da Qualificação dos Profissionais de Saúde. De acordo com o Jornal Ou Mun, a presidente da Associação, Au Kit Man, referiu que o documento da consulta do regime exige aos terapeutas licenciados fora de Macau um estágio de seis meses antes de começar a trabalhar. No entanto, Au diz que o facto dos profissionais já terem feito um estágio de pelo menos um ano antes de se licenciarem em instituições estrangeiras deveria contar, já que a sua qualificação corresponde à dos terapeutas internacionais. A presidente considera, por isso, que não há necessidade de fazerem outro estágio para começar a trabalhar. Além disso, a presidente propõe que o tratamento por acupunctura possa ser incluído na área de terapia física, avançando que irá apresentar a sugestão ao Conselho para os Assuntos Médicos.
Joana Freitas BrevesAumenta subsídio anual para idosos O montante anual do subsídio para idosos foi aumentando para 7500 patacas, segundo despacho publicado em Boletim Oficial ontem. Recorde-se que a atribuição deste subsídio acontece desde 2005 e tem aumentando anualmente. Os residentes permanentes de Macau com mais de 65 anos podem requerer este subsídio que é anualmente distribuído entre Outubro e Dezembro.
Joana Freitas BrevesGabinete de Informação Financeira fica por mais três anos O funcionamento do Gabinete de Informação Financeira (GIF) foi estendido por mais três anos, segundo um despacho publicado em Boletim Oficial ontem. O Chefe do Executivo decidiu assim que o GIF vai funcionar até 7 de Agosto de 2018, tendo possível extensão posteriormente. Recorde-se que o gabinete foi criado em 2006 e tem como principal competência analisar as informações sobre qualquer operação suspeita da prática de crime de branqueamento de capitais ou crime financiamento ao terrorismo.
Joana Freitas Eventos MancheteCinema | Festival de curtas-metragens de portugueses na Fundação Oriente São todos portugueses e todos têm histórias para contar através de curtas-metragens. Está a chegar o NY Portuguese Short Film Festival, que traz a Macau oito filmes de realizadores lusos e acontece já esta semana na Fundação Oriente [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ela primeira vez, o NY Portuguese Short Film Festival, festival de curtas-metragens portuguesas, chega a Macau. Nos dias 17 e 18 de Julho, uma dezena de obras vão ser mostradas ao público, às 19h00 do primeiro dia e a partir das 17h00 no segundo. Este festival de filmes portugueses teve início em 2011 em Nova Iorque, ao mesmo tempo que em Lisboa, sendo da organização do Arte Institute. Desde 2012 que acontece anualmente nos Cinemas Tribeca, na cidade norte-americana, e na capital portuguesa. Como é hábito são sempre dois dias de festival, que consistem em mostrar o que os realizadores portugueses a viver dentro e fora do país conseguem fazer. Depois do “sucesso em Nova Iorque”, o Arte Institute resolveu levar o festival a outros países e regiões: Rio De Janeiro, São Paulo, Brasília, Londres e Luanda foram alguns deles. Este ano, o festival corre por cidades da Austrália e do Canadá, além de Portugal. Pela primeira vez esta festa do cinema português chega Macau e traz consigo oito curtas e dois convidados que apresentam filmes de animação. Oito filmes, oito realizadores Da selecção oficial deste ano fazem parte o filme “Bestas” de Rui Neto e Joana Nicolau, que retrata a história de Lucas, um rapaz de 13 anos que procura vingar-se do homem que abusou da sua mãe. Quando está quase a conseguir fazê-lo, não consegue dar o último passo em frente e acaba por cair nas mãos do predador. Na lista está ainda o filme “Emma’s Fine”, de Miguel M. Matias, uma obra sobre “uma mulher que luta diariamente” contra algo que a perturba, mas que não quer dar a conhecer a outros. “Gu”, de Pedro Marnoto Pereira, é outro dos filmes que pode ver e fala de um jovem romântico que rouba uma bicicleta de dois outros homens, para conseguir encontrar-se com a namorada. Mas as coisas mudam quando os homens – e a verdade – o apanham. Seguem-se os filmes de Yuri Alves e Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro. O primeiro traz-nos “Exit Road”, um filme que retrata a vida de um ex-toxicodependente e ex-prisioneiro que tenta a todo o custo recomeçar a sua vida. O segundo – “OOBE” – fala-nos de alguém que nos é desconhecido: o subconsciente. E até quanto é que podemos prestar-lhe atenção. Mas as histórias não acabam por aqui: “Emília” (Diogo Borges) versa sobre a crise financeira num país que não parece ter esperança e na luta de uma mulher para contornar esse destino e “Remissão Completa” (Carlos Melim) debruça-se sobre a história de dois velhos amigos que dão o mote para uma metáfora sobre doenças físicas e sociais. Segue-se ainda “O Rio”, de António Pinhão Botelho, um mistério sobre a rotina de um jovem casal. Animação Pela primeira vez, este ano, o festival conseguiu ainda uma parceria com a Panorama Europe Film Festival, de forma a trazer duas obras de animação. Assim, Macau recebe a obra dos convidados Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida, que trazem “O Gigante”, a história de amizade entre uma menina e um gigante. A RAEM recebe ainda o filme “Amphi”, de Iuri Monteiro, Francisco Correia, João Garcia, Manuel Prata e Maria Inês Barroqueiro. A película retrata a vida de uma comunidade do deserto, que, para viver mais um dia, tem de matar um dos seus. A ideia do NY Portuguese Short Film Festival é trazer a cultura portuguesa ao grande ecrã, de forma a mostrar ao público obras feitas com uma perspectiva lusa.
Filipa Araújo Manchete SociedadeTabaco | Aumento de imposto pode não baixar número de fumadores O Governo bem tenta, mas o caminho não se mostra fácil. Contrariamente ao que Alexis Tam defende, vários fumadores não aparentam querer deixar de fumar por terem que pagar mais por um maço de tabaco [dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Como é que um Governo quer ter uma região saudável se grande parte do seu sustento vem de uma das coisas mais feias do mundo que é o Jogo?”, assim começa por defender Henrique Silva. Para o fumador, o aumento do imposto sobre o tabaco, que entra hoje em vigor (ver caixa), é uma medida que não irá atingir o seu objectivo. “Não vou deixar de fumar porque o tabaco está mais caro, claro que não”, diz, acrescentando que não acredita que os fumadores o façam. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, muito tem defendido a meta do Governo: reduzir o número de fumadores tendo sempre em conta o bem estar da população. Em sessão plenária, durante a semana passada, o Secretário chegou a afirmar que o Governo tem como meta diminuir para 5% a taxa de fumadores, sendo que neste momento essa taxa reside nos 16%. “Não fumo muito, talvez seis cigarros por dia, mas independentemente da quantidade de tabaco que fumar ou não, não vou deixar de o fazer porque está mais caro”, conta ao HM Knox Sio, outro residente de Macau fumador. Em concordância está também Jovelino Dias, um jovem macaense de 26 anos que também faz do cigarro um vício. “Eu quero deixar de fumar, mas não acredito que esta medida de aumentar os impostos vá fazer com que mais pessoas deixem de fumar”, explica ao HM. Ip Kuan, fumador há mais de dez anos, explica que esta medida do Governo pode ser usada apenas para uma coisa: “ter mais uma justificação para deixar de fumar”. Contudo, Kuan assume que não será por si só que esta medida levará a uma diminuição do número de fumadores. “Eu sei que faz mal, sei que é mau para a minha saúde, talvez agora com o aumento de preço eu comece a pensar em deixar”, argumenta ao HM. [quote_box_left]“Não fumo muito, talvez seis cigarros por dia, mas independentemente da quantidade de tabaco que fumar ou não, não vou deixar de o fazer porque está mais caro” – Knox Sio , fumador[/quote_box_left] Salas sim “Se o Governo quer um ambiente saudável então que aposte em medidas correctas, como por exemplo autocarros eléctricos para permitir a diminuição da poluição. Isso sim, são medidas que ajudam a saúde da população”, argumenta ainda Henrique Silva, quando questionado sobre a intenção do Executivo com a nova política. Para os fumadores entrevistados pelo HM, há um “erro na lei e na forma como é aplicada”. Segundo defende Knox Sio, o “Governo deve preocupar-se com os vendedores de tabaco que nem sempre cumprem a lei”. Casos disso são os maços de tabaco falsificados que rondam o mercado em Macau e a cobrança excessiva de dinheiro sem que o aumento do imposto estivesse já em vigor. Em uníssono, os entrevistados concordam que há espaços públicos que devem ser respeitados e por isso faz sentido que não se fume em algumas áreas. Mas, as salas de fumo são uma opção inteligente, defendem. “Sou fumador, é uma liberdade que tenho e posso escolher se quero fumar ou não, mas não posso obrigar o outro a fumar passivamente”, começa por defender Henrique Silva. Para Óscar Cheong, recém ex-fumador, este é um dos factores mais importantes. “Em vez de subir impostos e proibir o fumo em todos os lados, o Governo deve pensar em como proteger os não fumadores mas sem estrangular os fumadores. As salas de fumo são uma opção viável. Ninguém reclama da proibição do fumo nos parques e espaços de partilha, claro que não. Daí a existência das salas de fumo”, diz o jovem de 29 anos. Para Óscar Cheong, o aumento dos preços até pode ter efeitos numa determinada percentagem de fumadores, mas nunca poderá ser responsável por uma queda de 11% na taxa de consumidores de tabaco. [quote_box_right]“Se o Governo quer um ambiente saudável então que aposte em medidas correctas, como por exemplo autocarros eléctricos para permitir a diminuição da poluição” – Henrique Silva, fumador[/quote_box_right] Diminuir as vendas Edgar Wong, também ele fumador, argumenta que uma possível diminuição no número de vendas – em que o próprio acredita – pode não querer dizer que as pessoas consumam menos ou deixem de fumar. No entanto, o jovem não nega que a ideia de gastar mais dinheiro não lhe agrada e vai por isso, diz, tentar diminuir o número de cigarros diários. Recorde-se que, na passada sexta-feira, a Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo foi aprovada na generalidade, com 26 votos a favor na Assembleia Legislativa. Passando agora para a análise na especialidade, Alexis Tam, admite que esta não será uma discussão fácil. Apesar do Governo se assumir com uma posição firme no que diz respeito ao fim do tabaco, não está excluída a hipótese de ouvir mais opiniões relativamente às salas de fumos dos casinos, temática que provocou mais discussão em sessão plenária. __________________________________________________________________________ Novos preços entram hoje em vigor O aumento do imposto de consumo relativamente ao tabaco e seu derivados, tais como charutos, cigarrilhas e outros produtos, entra hoje em vigor, segundo um despacho ontem publicado em Boletim Oficial. Agora sim, a partir de hoje, o tabaco e produtos derivados vão ser mais caros 70%.
Fernando Eloy VozesDinheiro, Dinheiro e apenas o Dinheiro. Eles, sempre eles e… os SS [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]a crise grega à proibição do fumo em Macau, um denominador comum: o dinheiro. O vil papel, que de ouro já nada tem e muito menos de metal, nem de papel, pois é mais números, serve de justificação para tudo, até para nos proibir de fumar. Na Grécia depois de negociações mais difíceis que um divórcio litigioso daqueles bravos e depois de um referendo que serviu apenas para vender notícias, foi tudo reduzido ao que já se esperava à partida: ao poder do dinheiro, ou dos detentores dele, que assim ignoraram olimpicamente referendos ainda que atenienses e passaram por cima de toda a folha, que nem carro de assalto. Como dizia um deputado do Parlamento Europeu há uns dias, “vivemos os tempos do totalitarismo do capital”. Nem mais. Já nem sequer é capitalismo. Está muito para além disso. A culpa é de quem? De seres sombrios invisíveis acantonados em vilas remotas? Dos extraterrestres? De poderes ocultos emanados por sociedades ainda mais dissimuladas? Não, o problema é nosso. Da grande maioria de todos nós. Podemos barafustar contra a alienação motivada pelo lucro, contra os potentados económicos que nos disciplinam em favor dos seus desejos de controle global, contra os governos, esses corruptos danados que só estorvam, contra os carros e as indústrias que arruínam o nosso planeta… Podemos até protestar contra os que já morreram ou contra as dinastias passadas que nos deixaram nesta situação lastimável, mas esquecemo-nos de uma coisa fundamental: de olhar para o espelho. Nem os governos eram corruptos, nem as empresas perigosas máquinas imperialistas, nem os carros poluiriam tanto se nós, esses que protestam, não andássemos de carro por tudo e por nada, se nós não fossemos todos loucos por dinheiro, se nós não fossemos consumistas empedernidos e corruptos quando a ocasião propicia, se nós não poluíssemos os rios e as praias e as florestas que frequentamos com a famelga, se nós não fossemos uns anormais que passamos a vida a colocar a culpa “neles”. Eles! Esses sim, os verdadeiros bandidos que nos atormentam. Caso contrário, a nossa vida poderia ser um maná. É por isso que os Serviços de Saúde, ou SS, pela facilidade e pela sigla muito a propósito, podem ter a lata para dizer que “fumar não é uma necessidade de vida”. Eles podem dizer este tipo de coisas porque vêm escudados no dinheiro. No caso vertente na “astronómica” quantia de 6 milhões de patacas, já com as adendas e as migalhinhas possíveis e imaginárias adicionadas (mas não especificam quanto desse dinheiro vai para as Nicorets oferecidas pelos SS) e partindo do princípio que os SS sabem fazer contas, porque de saúde… Mas dando de barato que até sabem, que são mestres em contas públicas, gostava agora que continuassem na sala da contabilidade e aproveitassem para fazer as contas aos prejuízos causados PELO FUMO DOS CARROS! E, já que estão a com a mão na massa, aproveitem e telefonem às Obras Públicas e ao IACM e eles que vos enviem os números dos impactos da poluição dos veículos motorizados no património edificado e na fauna e flora locais. Deve dar um número giro. Bem melhor que os vossos miseráveis 6 milhões. Porque ao fumo do tabaco normalmente consigamos escapar, mas o dos carros é penetrante além de ser muito mais e mais nocivo, atinge todos sem excepção (não apenas os croupiers) pois nem em casa se está a salvo. Não interessa, isto não interessa?… Pois… A culpa é deles, eu sei. Os SS apenas podem vir para a praça pública defender a sua dama sem fumo porque surgem com o discurso politicamente correcto do dinheiro. Ao ouvirmos o tilintar mágico dos cifrões amochamos prontamente, damos umas palmadas nas costas aos SS e ainda agradecemos efusivamente aos benditos por nos pouparem o nosso rico dinheirinho, na esperança de que, talvez assim, consigam aforrar para construírem o tal do novo hospital e comprem as máquinas em falta no único hospital existente apesar de, no fundo, todos sentirmos que será mais fácil encontrarmos um melão fresquinho no meio do Saará. Este tipo de mentalidade dinheiro-motivada provoca uma insensibilidade brutal para as diferenças, obriga-nos como sociedade a tornar-nos maniqueístas (onde tudo é branco ou preto) nuns freaks que passam por cima de tudo e mais alguma coisa se o belo do dinheiro estiver em causa, em sociedades amorfas alinhadas por um mesmo diapasão seja ele qual for. Por isso surgem insensibilidades práticas como a proferida pelos tais dos SS de Macau quando afirmam, no auge da sua prelecção aos peixes, que “fumar não é uma necessidade vida”. Mas quem são estes SS para dizerem uma coisa destas? Estão assim tão apaixonados pela sigla ao ponto de se porem a fazer propaganda barata? Só quem nunca fumou pode dizer uma coisa dessas, ou então um ex-fumador, duas das espécies mais tenebrosas ao cimo do planeta: os abstinentes e os ex. Uns fundamentalistas porque nunca experimentaram e têm medo de o fazer pois podem gostar, os outros porque experimentaram tanto e exageraram mais ao ponto de terem medo de voltar pois não têm um pingo de confiança neles próprios – para simplificar, burros, fanáticos e esquizofrénicos. Pois, caros amigos dos SS: estão completamente enganados! Fumar é uma necessidade de vida para milhões de pessoas desde há milénios e até muito antes de se inventar a saúde! Caso contrário, comer fast food também não é uma necessidade de vida, beber chá ou um café muito menos e então ingerir álcool nem se fala! Ainda por cima martelado como ele é em Macau… e vendido ao pé de paragens de autocarros e tudo!… Ou estão também a pensar aumentar os impostos sobre este tipo de produtos? Ou proibir cadeias de fast food junto das escolas e hospitais para evitar a tentação? Ou aumentar os impostos ao café e ao chá de tal ordem nos obrigue a pensar várias vezes no assunto antes de enfiarmos a cafeína pela goela abaixo? E o açúcar?!… E as carnes que congelam e descongelam nos nossos supermercados?… Enfim, esta página tem o tamanho que tem. Que sabem vocês da vida SS? Ah.. e já que gostam tanto de citar a OMS não se esqueçam que Macau é o 3º território no mundo com a maior esperança de vida e desde há muitos anos. Sim, nos tempos em que se fumava e tudo. Mas vou até mais longe e pergunto-vos: que é a vida para vós? Qual o sentido? Picar o cartão de segunda à sexta e aturar a família ao fim de semana? Dormir cedo, acordar cedo e respirar o ar puro dos lótus em flor pelos boulevards de Macau? Levar uma vida direitinha e controladinha para morrermos todos direitinhos e controladinhos e, de preferência, de uma doença aceitável para os vossos serviços? Pois bem caros amigos, eu pouco sei da vida mas pelo que fui vendo, é muito mais que um cigarro como também é muito mais do que um café ou até do que uma volta ao mundo. A vida é muito mais do que conceitos estreitos de moralidade e de comportamento como pretendem fazer crer. A vida faz-se de grandes e pequenos prazeres, de amores e de desamores. Por isso, caros SS, afirmações dessas soam a paternalismo, a fundamentalismo e são em tudo contrárias daquilo que, de facto, a vida deve ser: uma celebração de infinitas possibilidades. Talvez devessem especializar-se na morte, pois parecem perceber mais desse assunto. Mas pronto, porque estou eu a encarniçar-me contra vocês? Eu sei… a culpa não é vossa. É deles. Pois… eu sei. Desculpem.
Boi Luxo h | Artes, Letras e IdeiasBlack Narcissus, 1947, de Michael Powell e Emeric Pressburger O cinema britânico não é um cinema a que se tenha dedicado, nesta página, muita atenção. Não é por mal. Escreveram-se umas poucas de linhas sobre Don’t Look Now, 1973, de Nicholas Roeg, a pretexto de um fascínio pelo tema do desaparecimento que se estende a mais dois filmes, um italiano e um holandês, um texto inspirado por 12 Years A Slave, de Steve McQueen, 2013, que pouco mais é que a expressão de uma grande desilusão, um artigo a propósito de Caravaggio, de Derek Jarman, de 1986, nascido do gosto pelo tenebrismo, pela notação de uma teatralidade pouco própria ao cinema destas ilhas, e pela pintura de Caravaggio, de quem vira há pouco tempo um quadro em Hong Kong, e, finalmente, uma homenagem adolescente a The Long Good Friday, 1979, de John Mackenzie, um filme querido que está cada vez mais na moda porque hoje em dia é quase impossível fazer um filme de gangsters convincente e inovador. (À medida que escrevo estas linhas – à pressa – apercebo-me de que afinal se acumula um número não suspeitado de filmes). Juntam-se aos quatro filmes acima citados mais dois: The Fallen Idol, 1948, de Carol Reed, um típico thriller de fim de semana um pouco infantil (um dos muitos filmes britânicos sobre meninos ou rapazes*), e o modelar filme de rebeldia juvenil If, 1968, de Lindsay Anderson (a cujo This Sporting Life, de 1963, dedico um carinho difícil de ultrapassar). Não resisto a lembrar, mais uma vez, que olho sempre para o cinema das Ilhas Britânicas com uma grande dose de condescendência e uma dose ainda maior de afecto, diferente da profunda admiração e respeito (às vezes quase medo) que me causa o romântico cinema alemão, o densíssimo cinema russo, o poético cinema português ou o insuportavelmente mimado cinema francês – para citar apenas exemplos europeus. [quote_box_left]Sim, esta é uma saborosa história de freiras, erotismo e insanidade passado num cume dos Himalaias filmado por Jack Cardiff em cores cheias e sensuais[/quote_box_left] A relação que mantenho com o cinema britânico é tão pessoal que sobre muitos deles não escreveria. Prefiro guardá-los a expô-los, talvez porque as qualidades que neles noto não sejam tão universais como as que noto em outros filmes de outras origens. Penso em filmes como Kes, Naked, The Village of the Damned (1960), Peeping Tom, Goodbye Mr. Chips, Alfie, Distant Voices Still Lives, Withnail and I, Blue, The Loneliness of the Long Distance Runner, Don’t Look Now, The Browning Version, The Go Between, This Sporting Life, Billy Liar ou My Beautiful Laundrette. Quem os conhece imediatamente perceberá que são filmes provincianos ou domésticos e é por essa razão que me escuso a partilhá-los. Diverte-me também que alguns filmes, como Gandhi, Ryan´s Daughter ou Lawrence of Arabia sejam considerados grandes monumentos da história do cinema. (Deixo Greenaway e Kubrick de parte para não criar muita confusão). Tenho dificuldade em colocar algum filme britânico numa prateleira onde se juntem filmes como Ordet, Jalsaghar, L’Année dernière à Marienbad, Persona, Journal d’un curé de campagne, ou Chronik der Anna Magdalena Bach. Não seria justo. O filme que aqui me traz não é muito bom. Nem gosto muito dele. Mas de repente lembrei-me das suas cores vivas e da altitude a que tudo se passa e das suas improbabilidades: é Black Narcissus, 1947, de Michael Powell e Emeric Pressburger. Um filme de 1947 com uma música assim só pode causar nostalgias mas não é a nostalgia que me faz voltar a ele, é o deleite pela aceitação mole de um fantasismo popular. Tudo neste filme é improvável mas filmicamente aceitável. Um grupo de freiras ocupa um convento nos Himalaias, num lugar chamado Mopu. O jovem general chama-se Sabu e este é um filme de uma altura em que as pessoas sabiam menos sobre o mundo e, mais importante, tinham acesso a muito menos imagens do mundo e mais facilmente se deixavam enganar/encantar. A Superiora do convento, Irmã Clodagh, é muito bonita, e o plano em que pela primeira vez se vê o seu rosto não nos deixa duvidar dos seus poderes nem da sua beleza. É um plano maroto, porque não se filma assim uma freira. O responsável britânico junto do Senhor local, o agente, é um tal Mr. Dean, um homem jovem e sedutor cujo comportamento desbragado (e o modo estranho como se veste, por vezes apenas com uns calções curtos e reveladores) marca um contraste bem definido (isto é um filme para as massas, a história é clara, não contém ambiguidades) com o comportamento piedoso das Servas de Maria. Desde o início se desenha a inevitabilidade de um interesse amoroso nas alturas dos Himalaias, apimentado pelo pormenor do velho palácio que recebe as freiras ter sido anteriormente um serralho onde viviam, no luxo e no prazer de banhos (como mostram as pinturas que decoram as suas paredes), as mulheres do antigo Senhor local. O contraste entre a suposta piedade das irmãs e a história do lugar e o comportamento gingão do Sr. Dean tem paralelo na história do jovem General, Sabu. Black Narcissus é o nome do perfume usado pelo garboso e principesco jovem que, no ambiente piedoso do convento, e enquanto dedicado aluno, se deixa seduzir por uma voluptuosa plebeia chamada Kanchi (Jean Simmons como nunca, negra e sensualíssima). Sim, esta é uma saborosa história de freiras, erotismo e insanidade passado num cume dos Himalaias filmado por Jack Cardiff em cores cheias e sensuais. Se por vezes me lembro de Black Narcissus é por razões que se prendem com o berro das suas cores. Pouco mais se pode pedir mas deve lembrar-se quão excêntrico é este desígnio erótico na história do cinema britânico. Há, no cinema ocidental, muitos filmes com freiras – mais do que se poderia imaginar – e ao olhar para o olhar da Irmã Ruth, louco de amor e de ciúme, é impossível não pensar nas diabólicas freiras de Matka Joanna od Aniolow, de Jerzy Kawalerowicz. A loucura que os olhos da Irmã Ruth traem ao aproximar-se da Superiora do convento para a matar, traz um fim trágico à permanência das Irmãs em Mopu. No fim, fica-se com a sensação de que a aventura das freiras foi despropositada e que a interferência inglesa num complexo cultural completamente exótico não poderia senão dar este fruto amargo. Rejeitadas por um povo que elas não compreendem, insistentemente aflitas por um clima inclemente, o grupo de freiras da Ordem das Servas de Maria vê-se obrigado a deixar o antigo serralho. Sabu desiste de se elevar através da educação (o convento manteve, durante o período em que esteve aberto, uma escola e um hospício) para se dedicar a ocupações mais próximas e mais próprias à sua condição principesca: os deleites do amor e a prática da guerra. insistência que eu gosto de pensar que tem uma razão muito própria mas cuja definição não encontro. São Kes, Oliver!, Walkabout, Ratcatcher, Billy Elliot, The Loneliness of the Long Distance Runner, The Bill Douglas Trilogy, Oliver Twist, The Boy Who Turned Yellow, The Innocents, etc. No médio-oriente existe também um número muito substancial de filmes sobre rapazes.
Joana Freitas EventosAlbergue SCM | Exposição de trabalhos criados na Bienal de Veneza [dropcap style=’circle’]I[/dropcap]naugura amanhã a exposição “Travel Notes Venice”, uma exposição colectiva de participantes de Macau na Bienal de Arte de Veneza 2015. A ter lugar no Albergue SCM, a mostra inclui trabalhos de jovens talentos de Macau, mas também de funcionários do Museu de Arte de Macau (MAM) e do Conselho para as Indústrias Culturais. Tudo começou em Veneza, com os trabalhos de Mio Peng Fei . A exposição do artista de Macau, “Path and Adventure” foi conjuntamente organizada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), pelo MAM e pelo Instituto Cultural, sendo que muitos foram os funcionários destes organismos que acompanharam a viagem das obras até Veneza. Também do Conselho para as Indústrias Culturais foram diversos “membros para visitar organizações de indústrias culturais e locais de arquitectura histórica” e, com a ajuda do próprio Albergue, 11 jovens residentes de Macau foram convidados a visitar a Bienal, local onde criaram também diferentes tipos de trabalhos. Agora, todos eles têm a oportunidade de expor as suas obras, no Albergue SCM. “Tanto os jovens artistas, como o pessoal do MAM e do Conselho das Indústrias Culturais são convidados a mostrar os trabalhos que criaram em Veneza”, começa por explicar a organização. “A exposição tem diferentes tipos de trabalhos, incluindo instalação, aguarela e fotografia.” A inauguração da mostra está marcada para as 18h30, sendo que a exibição está patente até ao dia 31. A entrada é livre e a exposição pode ser visitada do meio-dia às 20h00, ou segundas-feiras das 15h00 às 20h00.
Joana Freitas EventosMGM | Concurso de fotografia no interior do hotel [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]MGM lançou um concurso de fotografia no interior do empreendimento. O “Discovering Art at MGM” pretende convidar todos os residentes e turistas a tirar fotografias de obras de arte espalhadas pelo hotel, sendo que a competição dura até 14 de Agosto. O concurso divide-se em dois grupos: o dedicado às fotografias tiradas com máquinas fotográficas e o dedicado às imagens capturadas por telemóvel. As fotografias são julgadas com base na originalidade, na tecnicidade, na composição, no impacto geral da imagem e no mérito artístico. Co-organizado com a Photographic Society of Macao, a competição exige que os concorrentes enviem as fotos tiradas com telemóvel com 2MB a 5MB de tamanho, em formato JPEG. As fotos têm de ser colocadas no site www.discoveringartatmgm.com e as melhores fotos vão ser colocadas na página do Facebook do evento, para votação. A foto com maior número de ‘likes’ ganha um prémio monetário de duas mil patacas e uma estadia ano MGM. Já no que toca às fotos tiradas com câmara, têm de ter 10×15 de tamanho, podendo ser a cores ou preto e branco. As imagens impressas têm de ser apresentadas sem molduras e as fotos tiradas com câmara digital devem ser entregues em papel e formato digital, com pelo menos 3000 pixeis. Estas têm de ser entregues pessoalmente antes de 21 de Agosto, no Centro de Informação Joana Vasconcelos ou na sede da Photographic Society of Macao. As imagens vão ser escolhidas por representantes do MGM Macau e da co-organizadora, sendo que os grandes vencedores levam para casa dois bilhetes de ida e volta a Lisboa e acomodação. Os segundos e terceiros classificados podem receber prémios monetários de oito mil patacas. Mas há ainda outros prémios, que incluem três mil patacas em dinheiro e cupões para refeições no MGM no valor de 800 patacas. O MGM dá como exemplo de obras de arte no hotel as diversas obras de Salvador Dalí e Dale Chihuly, a Valquíria de Joana Vasconcelos e as esculturas dos leões.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeIlha Verde | Moradores de bairro de lata não esquecem actuação do grupo Polytec Foi há cinco anos que as últimas barracas do bairro de lata da Ilha Verde foram destruídas. Hoje, muitos moradores vivem em casas sociais e recordam quando ficaram sem os pertences de uma vida à força e sem as indemnizações que esperavam. Não esquecem a actuação do grupo Polytec e continuam a desejar melhores condições para a família que entretanto cresceu [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m 2010, Michelle Chan viu a sua casa de infância desaparecer para sempre, num ápice, com a força de uma máquina retroescavadora. Era uma menina com uniforme escolar a viver no bairro de lata da Ilha Verde, mas não esquece o momento em que chegou das aulas e se deparou com a dura realidade. “Sei que lutaram quase duas horas até destruírem tudo. Naquela altura ainda estava na escola e foi a minha mãe que me contou. Estavam lá muitas pessoas.” A jovem, hoje a trabalhar no Venetian e com planos de casamento, recorda ao HM um dos episódios mais difíceis para a vida da família. “A minha mãe disse-me que não foi fácil proteger a nossa casa e nessa altura o meu pai estava em Taiwan a trabalhar. Ainda voltou para Macau, mas nunca mais viveu connosco e não nos ajudou. A minha mãe lutou com os representantes do Governo que deram algum apoio, mas disseram-lhe que, se não saísse de casa, iriam cortar a luz.” Michelle Chan recorda uma casa simples mas confortável, onde todos se conheciam. “A nossa casa tinha dois pisos, o primeiro servia para cozinharmos e ficarmos na sala de estar. Dormíamos no andar de cima. Penso que as condições não eram assim tão más, muitas vezes podíamos abrir a porta e ficar cá fora, na rua. Discutia muitas vezes com a minha mãe, que me dizia ‘um dia se tiver dinheiro, vou comprar uma casa melhor para viver’. Ainda hoje falamos sobre isso, digo que pelo menos temos uma casa onde morar e já não temos de viver numa barraca. Mas gostava mais de viver lá. Era uma vida mais simples e a vizinhança era boa, todos se ajudavam.” Cinco anos depois, as memórias permanecem vivas para muitos dos antigos moradores do bairro de lata da Ilha Verde. Onde hoje existe habitação pública existiram antes centenas de casas precárias que albergaram vivências e deixaram recordações. Na hora da destruição, ficou a mágoa, causada por um processo nada pacífico. A mãe de Michelle, Sei Hei, continua zangada com o Governo e com o grupo Polytec Asset Holdings, empresa de Hong Kong do ramo imobiliário que era a sócia maioritária da Panasonic Development Company e concessionária do terreno, que depois passaria para o Governo quando este quis construir habitação pública. Para ela, tal como muitos moradores com quem o HM falou, o grupo Polytec não passa de uma “sociedade secreta”. “O Governo autorizou as pessoas da sociedade secreta, o grupo Polytec, a discutir connosco e ameaçaram-nos que, caso não assinássemos um papel a concordar com as demolições, podíamos ficar sem indemnização. Por volta das três da tarde ainda fiquei dentro da minha casa para proteger os meus bens, mas uma hora depois já estavam a destruir tudo, a porta, as camas, a pôr as mesas fora da barraca. Uma máquina chegou e desfez tudo. Só nessa altura concordei em arrendar uma habitação social no Jardim Cidade Nova, com a promessa de receber 50 mil patacas de indemnização.” O dinheiro recebeu-o, mas não chegou para comprar uma casa económica, que na altura custava 150 mil patacas. Como tinha três filhos a estudar, Sei Hei teve medo e não investiu. Hoje vive numa casa social na Areia Preta, onde dois quartos dão abrigo a si e a dois filhos. Quando uma das filhas vier de Fujian, depois de terminada a licenciatura, terão de ser três a viver num só quarto, enquanto que o irmão dorme noutro. Apesar de ter uma casa, Sei Hei continua a desejar ter um tecto só seu. “Já escrevi uma carta ao presidente do Instituto da Habitação (IH) para ter prioridade na compra de casa. Preferia ter uma barraca simples que era minha do que estar sempre a arrendar casa ao Governo”, assume. Os que já tinham casa [quote_box_left]“Existe claramente uma ligação entre o Governo e o grupo Polytec, porque é que os deputados nunca apresentaram interpelações sobre o assunto? Macau está morta, porque quando existem injustiças, ninguém a pode ajudar” – Kou, ex-moradora do bairro[/quote_box_left] Piyen Cheang, de 25 anos, é outra das jovens que passaram a sua infância na Ilha Verde. Hoje gere uma empresa de retalho e recorda-se da casinha onde moravam seis pessoas. Viveu lá entre o 3º ano e o 7º ano de escolaridade. “A minha família nunca lutou muito contra a destruição, porque já tínhamos outra casa nossa na Areia Preta. Estava um bocado na barraca até às dez da noite, depois da escola, e depois ia para outra casa”, recorda a jovem, confirmando que a família nunca recebeu indemnização. “Eu e muitos colegas fazíamos os trabalhos de casa na rua, ao lado das barracas, e depois da escola tínhamos um momento feliz, brincávamos muito. Mas na altura não havia ar condicionado, havia ratos e baratas. Tínhamos um beliche para cinco pessoas”, lembra. Hoje Pyien Cheang está satisfeita, mas teme que a casa não seja suficiente para os irmãos que entretanto cresceram. Song Sok foi vizinho de Michelle e hoje vive na habitação pública de Toi San. Vive bem, mas não esquece os episódios difíceis. “Quando chegou a altura de destruir a minha barraca (onde vivia com o pai), o Governo deu-nos 250 mil patacas. Felizmente que esse dinheiro deu para darmos entrada numa casa económica. Mas na altura muitos contratos estavam escritos em português e houve moradores que ficaram sem indemnização porque não sabiam que tinham esse direito”, conta. Song Sok, que começou a viver na barraca nos anos 70, também recorda tempos felizes. “Os vizinhos cuidavam uns dos outros, éramos muito próximos. As portas podiam estar abertas e ninguém se importava. Agora com os apartamentos já não conheço os meus vizinhos e o ambiente é diferente. Na altura havia vizinhos que não queriam mudar e não queriam deixar as barracas, outros não estavam satisfeitos com a indemnização, mas para mim achava que era preciso desenvolver aquela zona e não protestei muito.” O monstro chamado Polytec O processo de demolição das barracas da Ilha Verde ficou concluído só em 2012, quando a última casa foi abaixo. Mas a maior parte dos espaços foi demolido em 2010. Jason Chao liderava a Associação Novo Macau (ANM) na altura e protagonizou a entrega de uma carta junto do IH a pedir um melhor rumo para os despejos e demolições de que as famílias estavam a ser alvo. “O Governo pediu ao dono do terreno para tratar do processo, mas os meios utilizados pelo grupo Polytec para retirar os moradores do terreno foram a intimidação e as actividades ilegais”, recorda ao HM. Num processo tão difícil, as pessoas acabaram por receber um tratamento diferente. Uns aceitaram, outros tiveram de ceder à força. “Alguns deles tinham o seu registo junto do Governo desde os finais dos anos 80, mas alguns ocupantes nunca tinham registado o seu espaço. Alguns tinham as suas próprias propriedades e não ficaram elegíveis para receber uma habitação pública. Só posso dizer que a situação foi algo complexa. Claro que o Governo queria o terreno para o seu projecto, mas simplesmente deixou as suas responsabilidades para o proprietário”, acusa Jason Chao. Para a senhora Kou, as dificuldades foram ainda maiores. Ficou sem barraca em 2010, à custa da agressão ao marido, que não se mostrou disponível para contar a sua versão dos factos. Vivia na Ilha Verde desde 1990, hoje presume-se que viva numa habitação própria. Kou não quis contar a sua profissão e os detalhes da sua habitação, onde vive com o marido e duas filhas. “Fomos os últimos a sair daquela zona, destruíram a barraca durante a noite, em segredo. O meu marido e os seus irmãos foram lutar contra aquilo e acabaram por ser agredidos. Como o nosso contrato de compra nunca foi reconhecido, não podia provar que tinha comprado a barraca e nunca recebemos nenhuma indemnização.” A senhora Kou recorda que o seu contrato previa que, caso a empresa quisesse aproveitar o terreno, teria o direito a mudar para outra casa mediante o pagamento de 450 mil patacas de indemnização. “O grupo Polytec aceitou, mas vários anos depois, não sei o que fizeram, disseram que os contratos já não eram válidos.” Chegou a pedir ajuda a todas as associações, mas diz que isso “não foi útil e eficaz para recuperar a indemnização”. Hoje a família de Kou não tem direito à habitação económica, por ter uma casa sua. “Cada indemnização foi diferente e as negociações foram feitas à porta fechada. Uns receberam 50 mil, outros 30 mil patacas. Connosco o Governo nunca negociou.” Apesar de ter uma casa, a senhora Kou diz que continua a ter direitos. “A lei não deveria permitir ao Governo não dar indemnização caso outra casa seja destruída, mesmo que não haja um contrato.” Na altura os confrontos chegaram a ser investigados pela Polícia Judiciária (PJ), por ter sido difícil identificar os agressores. Muitas pessoas foram parar ao hospital. Nas ruas do bairro de lata, empunharam-se cartazes a pedir a acção imediata do Chefe do Executivo e dos departamentos públicos. Vários foram os comunicados emitidos a pedir para se manter a ordem e a paz no processo de demolição. A senhora Kou é um dos muitos moradores que não esquecem a forma como o grupo Polytec liderou todo o processo e que ainda hoje demonstram a sua revolta. Critica tudo e todos, inclusivamente o sistema político local. “Existe claramente uma ligação entre o Governo e o grupo Polytec, porque é que os deputados nunca apresentaram interpelações sobre o assunto? Macau está morta, porque quando existem injustiças, ninguém a pode ajudar.”
Hoje Macau SociedadePrimeiro trimestre fecha com 33,9% de perdas nas receitas totais [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo encerrou o primeiro semestre com receitas totais de 55.132 milhões de patacas, uma queda de 33,9% em termos anuais homólogos. Dados provisórios da execução orçamental do primeiro semestre disponíveis na página electrónica dos Serviços de Finanças, indicam que as receitas totais arrecadadas, entre Janeiro e Junho, estavam executadas em 51,7% face ao previsto para todo o ano de 2015, em resultado da diminuição dos impostos arrecadados com o sector do Jogo. Os impostos directos sobre o jogo, no valor de 35% sobre as receitas brutas dos casinos, foram de 45.720,9 milhões de patacas, o que se traduz numa redução de 35,6% face aos primeiros seis meses de 2014 e a taxa de execução correspondia a 53,2%. A importância dos impostos sobre o Jogo traduz-se num peso de 82,9% nas receitas totais, de 83,9% nas correntes e de 96,3% nas derivadas dos impostos directos. Desde Junho de 2014 que a indústria regista quebras homólogas das receitas, o que levou, este ano, o Governo a apresentar um orçamento rectificativo. Já na rubrica da despesa, entre Janeiro e Junho, foram gastos 29.913 milhões de patacas, mais 30% do que no período homólogo do ano passado, valor que reflecte uma execução de 34% face ao orçamentado para 2015. O Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) cumprido até Junho em apenas 7% face ao orçamentado, equivalia a uma despesa de 1023 milhões de patacas, mais 25,4% face ao período homólogo de 2014. Entre receitas e despesas, a Administração acumulou um saldo positivo de 25.218 milhões de patacas, excedendo o previsto para todo o ano (18.805 milhões de patacas) com a taxa de execução a atingir 134,1% do orçamentado, isto apesar de ter visto a ‘almofada financeira’ emagrecer 58,3% face ao primeiro semestre de 2014. A maior recessão mundial Albano Martins defende que este ano, e a manter-se a tendência, o “PIB poderá cair entre 15 a 20%, em termos reais”. No programa Rádio Macau Entrevista, o economista afirma que estes números vão dar lugar a um recorde. “É uma grande chapada. Vamos ficar no Guiness Boook do crescimento negativo ou da maior recessão mundial”. De acordo com a rádio, para Albano Martins o Executivo tinha de fazer uma escolha em termos de crescimento. “O Governo tinha de fazer claramente uma opção entre crescer a um dígito baixo – e não digo crescer nem um, nem dois, mas talvez três, 4% ou 5%– ou crescer a dois dígitos – 15, 16 ou 17%. Crescer a dois dígitos é bom para os casinos mas não é bom para a economia no seu todo, porque sobreaquece a economia. Penso que o Governo, provavelmente pressionado pela própria China, optou pelo crescimento mais baixo”, defende o economista. Para o futuro, Alabno Martins antevê contudo que a tendência de crescimento vai manter-se: “O Governo não vai querer crescer mais de cinco a 6%. Penso que neste momento essa é a razão pela qual se está a refrear o número de mão-de-obra e o aumento da percentagem de crescimento anual das mesas de jogo”.
Filipa Araújo Manchete PolíticaTabaco | Governo admite estar aberto a negociações sobre salas de fumo Apesar de ter uma posição “firme” no controlo do tabagismo, o Governo admite agora haver espaço de negociação sobre as salas de fumo aquando da análise em sede de especialidade da lei que foi aprovada na sexta-feira e que permite a proibição total de fumo nos casinos [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois de aprovada na generalidade a revisão à Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo, que permite a proibição total de fumar nos casinos, a proposta segue para análise na especialidade, com o Governo a admitir que poderia estar aberto a “pensar sobre as salas [de fumo] em sede de especialidade”. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, considera, contudo, que “praticamente não há hipótese” para manter as salas. “Como já disse, estou aberto, vamos ver. As propostas vão ser apresentadas e logo se verá”, rematou. Aos jornalistas, sem apresentar dúvidas, Tam afirmou que o debate na especialidade “vai ser muito longo”, partindo pelo exemplo da votação na generalidade que demorou dois dias. Ainda assim, Alexis Tam espera, apesar de não ter certezas, que a lei possa entrar em vigor já no início do próximo ano. “Eu gostava, mas não sei. Já não depende de mim, fiz o meu melhor e consegui apresentar a proposta dentro do prazo, no primeiro semestre, mas agora não depende de mim. Depende da AL, depende dos deputados”, rematou. [quote_box_left]“Como já disse, estou aberto, vamos ver. As propostas vão ser apresentadas e logo se verá” – Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura[/quote_box_left] Recorde-se que fonte próxima do processo tinha referido ao HM o mês passado que o Governo iria estar aberto a negociações sobre a proibição de fumar, ainda que tanto o Executivo, como o Secretário tenham afirmado que “a posição do Governo no controlo do tabagismo é clara e firme e é de extrema importância defender a saúde da população”. Em comunicado após a discussão na AL, contudo, o Executivo disse “entender e compreende a posição e as opiniões dos operadores do sector” e que “está aberto para auscultar todas as opiniões”. Alexis Tam garantiu que durante seis meses foram ouvidas opiniões de várias associações do sector do Jogo, das entidades laborais e foram tidas também como referências as recomendações da Organização Mundial de Saúde, assegurando que esta alteração à lei foi elaborada depois de uma análise destas várias opiniões. Posição que vai contra o que as operadoras têm vindo a público dizer, já que estas pediram publicamente e mais do que uma vez ao Governo que não proíba as salas de fumo nos casinos devido à quebra nas receitas do Jogo. Director dos SS não acredita na eficácia das salas de fumo O director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, não acredita que as operadoras de Jogo consigam criar salas de fumo reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde, já que ao longo do tempo, diz, não conseguiram coordenar-se com as regras. Segundo o canal chinês da TDM, Lei Chin Ion afirmou que o Governo já “tolerou uma vez” as operadoras de Jogo e ainda permitiu criar salas para fumadores mesmo que a OMS defenda que fumar no interior afecta outras pessoas. No entanto, o director disse que a coordenação das concessionárias com as medidas do Executivo não foi suficiente. “O regime já entrou em vigor há mais de dois anos, muitos funcionários nossos queixaram-se de que o trabalho das concessionárias não foi suficiente. De acordo com o regime permitimos criar salas de fumo, mas os casinos mudaram as mesas de Jogo para as zonas onde era permitido fumar, a fim de fugir aos nossos regulamentos.” Lei Chin Ion referiu ainda que houve clientes dos casinos que fumaram junto às portas automáticas das salas de fumo e o fumo saiu para fora, algo que os SS pediram às “operadoras para melhorar, mas nunca foi cumprido”. Por isso mesmo, Lei acha que a eficácia da prevenção de tabaco nos casinos não existiu e não acredita que as operadoras consigam fazer salas para fumadores que venham a ser reconhecidas pela OMS. “Já tentamos permitir aos casinos a criação de salas de fumo com melhores condições, mas o resultado não foi nenhum, nem melhoraram as portas das salas como exigimos, portanto, não acredito que eles consigam fazer essas salas serem reconhecidas pela OMS. Pelo ângulo científico, é impossível”, rematou.
Filipa Araújo Manchete PolíticaTabaco | Proibição total aprovada na generalidade Depois de dois dias de discussão, a revisão da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo foi aprovada na generalidade com apenas dois votos contra. A proibição total do fumo nos casinos foi o tema que mais discussão trouxe ao plenário. Agora a revisão segue para apreciação na especialidade [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]om um total de 26 votos a favor, a revisão à Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo foi aprovada na generalidade, na passada sexta-feira. Zheng Anting e Kou Hoi In foram os dois únicos votos contra esta revisão, que dá o primeiro passo para a proibição total de fumar nos casinos. “Não estou contra a proibição do tabaco, mas Macau já entrou em queda das receitas do Jogo e este sector está com dificuldades. Uma solução radical como esta poderá trazer mais problemas ao sector, como por exemplo, desemprego para os trabalhadores do Jogo”, justificou Zheng Anting, após o seu voto contra. O deputado afirmou que aplicar esta lei agora, nesta fase económica que se faz sentir no território, irá provocar uma enorme “desarmonia social” e por isso, aconselhou o Governo a estudar e ouvir mais opiniões. A votação não se mostrou fácil. Durante dois dias os deputados apresentaram as suas opiniões a Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, sobre as suas maiores preocupações. A proibição total de fumo nos casinos, englobando por isso mesmo as salas de fumo há pouco construídas, foi o tema que mais opiniões mereceu. O próprio Secretário admitiu perceber que essa é a maior preocupação dos deputados, mas explicou que é possível que os fumadores “venham à rua fumar”. A deputada Angela Leong, também directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau, mostrou-se “totalmente a favor” da proibição total de fumar, mas defendeu que o Governo precisa de pensar melhor relativamente às salas de fumo. A deputada argumentou ainda que é necessário desmistificar o funcionamento deste tipo de salas. “Sobre as salas de fumadores, creio que a sua existência não está nem relacionada, nem contra a proibição do fumo. Os funcionários que vão a estas salas são apenas os que vão limpar. Espero [que o Governo] possa repensar as salas para os fumadores. Perceber se podemos melhorá-las, como por exemplo aumentando a ventilação”, argumentou Angela Leong. Em posição contrária, os deputados Au Kam San e Kwan Tsui Hang mostraram-se contra a existência deste tipo de salas. “As salas de fumo não são viáveis. (…) já se sabe que estas salas não conseguem fazer sentir qualquer efeito. É indispensável aplicar a proibição total”, argumentou Au Kam San. O mesmo deputado admitiu que esta revisão deveria ter sido aplicada um pouco antes, “quando a economia estava em alta”, para que o Governo não seja “acusado de estar a prejudicar” o sector. Com a mesma ideia, apresentou-se Ng Kuok Cheong, argumentando que a proibição total do fumo é uma “decisão tardia” e que já devia ter sido aprovada em 2011. Fong Chi Keong, um dos mais críticos e que defendeu intensamente os “benefícios do tabaco” aquando da aprovação do aumento do imposto sobre este produto, falando até em “discriminação” e “perseguição” aos fumadores, acabou por votar a favor. Isto depois de frisar, por várias vezes, que a proposta viola as liberdades individuais e até a economia livre de Macau. A revisão a esta lei traz ainda a proibição de fumar noutros locais, como as paragens de autocarros, e de venda do cigarro electrónico. “Não somos os mais rigorosos” Durante o debate na Assembleia Legislativa (AL) na passada sexta-feira, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, afirmou que o Governo de Macau tem sido “muito brando” relativamente à aplicação da proibição total do fumo. “Macau não é o espaço mais rigoroso”, afirmou, comparando o território a alguns países e regiões vizinhas. “Temos sido mais brandos quando comparados com outros lugares, por exemplo, Hong Kong, Japão, Coreia e Tailândia. Esta tem sido a nossa política”, garantiu o Secretário ao hemiciclo. No seu discurso de abertura da sessão do plenário, Alexis Tam quis ainda garantir que o Governo, quando lançou a proposta de revisão, fez uma avaliação quanto ao desenvolvimento sustentável, respondendo assim às preocupações apresentadas por alguns deputados quanto à possibilidade desta proibição mexer com a economia local. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura acrescentou ainda que o objectivo é claro: baixar a taxa actual de 16% da população fumadora para 5%, valores sempre defendidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Esperamos que de acordo com as recomendações da OMS consigamos atingir os 5%. Não é um caminho fácil. Temos por isso que desenvolver um grande volume de trabalho, mas em prol da saúde da população estamos dispostos a trabalhar e a enviar os melhores esforços para este fim”, discursou Alexis Tam, lamentando que actualmente, segundo as estatísticas, um em cada cinco casos de mortes esteja relacionada com tabaco e seus derivados. Proibir para diminuir Questionado pelos jornalistas sobre a meta do Governo em diminuir o número de fumadores residentes, atingindo a meta dos 5%, Alexis Tam acredita que a proibição e o aumento do imposto do tabaco – medida aprovada na quinta-feira em sessão plenária – vai fazer com que os fumadores ganhem vontade para deixar de fumar. “Os 5% é o nosso objectivo, mas sabemos que não é fácil, vai ser bem difícil. Esta proposta de revisão e o aumento do imposto, esta séria de medidas, têm como fim a diminuição do consumo. Penso que as pessoas vão deixar de fumar. De acordo com a OMS estas medidas são melhores”, referiu, salientando que o aumento de preço do tabaco já está a ter consequências. “As pessoas não gostaram, já começam a não gostar”, remata, assumindo o seu optimismo. Recorde-se que na entrada em vigor da lei em causa, em Janeiro de 2012, a taxa de número de residentes fumadores era de 16,9%. Três anos depois a taxa reduziu apenas 0,9%, segundo dados do Governo.
Hoje Macau Manchete SociedadePreço do tabaco sobe sem lei estar em vigor. DSE investiga [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]preço de venda do tabaco aumentou na sexta-feira em diversos pontos de venda, um dia depois da Assembleia Legislativa ter aprovado um agravamento do imposto, que só entra em vigor nesta próxima semana. Esta é a segunda vez que isto acontece, tendo o mesmo acontecido em 2011, quando houve o primeiro aumento do imposto sobre o tabaco. O HM testemunhou os aumentos dos preços ou açambarcamento dos produtos e o problema foi confirmado pela Direcção dos Serviços de Economia (DSE) que indicou que, após vistorias, verificou “uma subida acentuada da procura de tabaco”, esgotado em algumas prateleiras, bem como uma “subida dos preços da venda a retalho de tabaco em alguns pontos de venda”. Em comunicado, a DSE adverte os fornecedores e distribuidores que o ajustamento, aprovado na quinta-feira, ainda não entrou em vigor, pelo que o preço de venda não pode ser actualizado com base na subida do imposto. A DSE diz ainda que “mandou imediatamente pessoal para efectuar vistorias e conhecer o ponto de situação do mercado”. “A DSE alerta aos diferentes fornecedores e distribuidores de tabaco que até ao momento o ajustamento do imposto de tabaco referido na tabela anexa ao Regulamento do Imposto de Consumo não produziu ainda efeito, portanto, antes da entrada em vigor da nova tabela, os fornecedores e distribuidores de tabaco não devem acrescentar o imposto actualizado nos preços actuais dos produtos de tabaco. Simultaneamente, devem também manter o nível de fornecimento normal desses produtos ao mercado, a fim de satisfazerem as necessidades dos consumidores”, pode ler-se no comunicado. A alteração à tabela anexa ao Regulamento do Imposto de Consumo determina que a carga tributária represente mais de 70% do preço da venda a retalho – contra a actual proporção de 33% – em consonância com as directrizes da Organização Mundial de Saúde. A título de exemplo, a taxa correspondente a cada cigarro passa de 0,50 para 1,50 patacas, ou seja, por cada maço de 20 cigarros passa-se a cobrar 30 patacas em vez das actuais dez, valor que traduz um aumento de 200%. A nova tabela entra em vigor nesta semana. Dezanove cigarros para entrar em Macau Horas depois de aprovado o agravamento do imposto, Chui Sai On emitiu um despacho que determina que uma pessoa pode entrar no território somente com 19 cigarros, com um charuto ou com 25 gramas de outros produtos de tabaco. Para se ter uma ideia, a actual tabela de mercadorias destinadas a uso ou consumo pessoal permite, a título de exemplo, o transporte de cem cigarros, ou seja, cinco maços de tabaco.
Joana Freitas BrevesAlexis Tam encontra-se com Ministro da Educação português O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura vai reunir-se em Lisboa com o Ministro da Educação e Ciência português. Nuno Crato e Alexis Tam encontram-se no âmbito de uma visita a Cabo Verde, onde arranca esta semana o encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa. Durante o encontro, vão ser discutidas novas formas de estabelecer parcerias nas áreas da educação superior e da cultura, por forma a impulsionar novas estratégias para a promoção da língua portuguesa e da cooperação entre entidades de ensino superior da lusofonia. Ainda em Portugal, está previsto um entre Alexis Tam e o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira. Já em Cabo Verde, Alexis Tam tem agendada uma reunião com o Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação, António Correia e Silva. Da delegação de Macau fazem parte o coordenador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, Sou Chio Fai, o reitor da Universidade de Macau, Wei Zhao, e o vice-reitor, Rui Martins, e também a vice-presidente do Instituto de Formação Turística, Ian Mei Kun.
Hoje Macau Manchete SociedadeInvestidos 35 mil milhões em acções na China e em Hong Kong Lionel Leong garante que o Governo está atento ao que está a acontecer no mercado financeiro da China. Com 35 mil milhões de patacas a estarem investidos em bolsas da China ou na de Hong Kong, o Executivo garante diversificação de investimento [dropcap style =’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, garantiu que o Governo está “muito atento ao impacto” das recentes oscilações nos mercados accionistas da China e a acompanhar de perto a sua evolução. Segundo dados facultados pelo titular da pasta da Economia, 7,59 mil milhões de patacas, ou mais de um quinto (21,7%) do total do capital aplicado por Macau nos mercados de acções, foram investidos nas bolsas da China e na de Hong Kong. Em termos globais, foram aplicados 35 mil milhões de patacas em acções, valor que representa cerca de 10% do montante total da carteira de investimentos da reserva financeira de Macau, que integra outros planos. O Secretário, citado num comunicado oficial, reconheceu, porém, que as oscilações nas bolsas da China – Xangai e Shenzhen – têm efectivamente gerado influência nos lucros obtidos anteriormente do investimento da reserva financeira em mercados accionistas, mas ressalvou, contudo, que não se registaram perdas. O mercado accionista chinês vive o pior momento desde a crise financeira de 2008, com o principal índice bolsista, o Xangai Composite, a registar uma desvalorização de 30% nas últimas três semanas, correspondentes a perdas superiores a dois biliões de euros. Prevendo-se que as oscilações continuem no segundo semestre, Lionel Leong reiterou o objectivo do Governo de apostar em “projectos seguros” que passam nomeadamente pelo investimento de uma parte da reserva financeira com a ajuda da província vizinha de Guangdong. À margem de uma reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa, Lionel Leong comentou que a proposta de Lei do Enquadramento Orçamental, actualmente em auscultação pública, vai contribuir para melhorar a fiscalização por parte do hemiciclo, ao prever nomeadamente a entrega de relatórios sobre a execução. A consulta pública sobre a nova proposta de lei de enquadramento orçamental, com a duração de 45 dias, termina em 20 de Agosto.
Joana Freitas BrevesChui diz que quebra no Jogo não vai influenciar o ensino O Chefe do Executivo, Chui Sai On, reuniu-se com representantes da Associação de Educação de Macau (AEM), onde garantiu que a quebra nas receitas do Jogo verificada nos últimos meses não vai influenciar o dinheiro que o Governo tem investido na educação, tanto pública como privada. Segundo um comunicado oficial, Chui Sai On referiu que “o Governo irá, como sempre apoiar o crescimento do sector”, salientando que, apesar de neste momento se registar uma descida na economia, “tal não irá pôr em causa os recursos canalizados”. O Chefe do Executivo mostrou-se ainda “compreensivo com as preocupações expressadas, particularmente se a queda das receitas da economia local poderão vir a contribuir para um menor investimento por parte do Governo”, algo que foi negado. Ho Sio Kam, antiga deputada nomeada por Chui Sai On na Assembleia Legislativa (AL) e actual presidente da AEM, agradeceu o apoio que o Governo tem vindo a dar às escolas do território, através dos “recursos e apoio ao desenvolvimento do ensino”, enquanto que Chan Hong, actual deputada nomeada e presidente da direcção da AEM, pediu um “reforço de recursos, o aproveitamento de oportunidades através dos novos aterros e a recuperação dos terrenos desaproveitados no desenvolvimento de projectos”. A deputada pediu ainda uma maior “promoção do ensino especial”.
Joana Freitas BrevesKang Wu aumenta despesas funerárias Um grupo de residentes publicou uma publicidade no Jornal Ou Mun criticando o aumento das despesas com os serviços funerários e o monopólio da Casa Funerária do Kiang Wu. O grupo de residentes que “dão atenção à vida da população” apontou que, desde o início de Julho, os preços dos serviços de todas as salas funerárias do Kiang Wu aumentaram “de forma louca”, sendo que houve despesas com serviços fúnebres que passaram das 18 mil para as 22 mil patacas e das 11 mil para as 15 mil patacas. Chong Pang Weng, director geral da Companhia de Gestão da Casa Funerária do Kiang Wu, nega as críticas e diz que o aumento das despesas se deve à aquisição de equipamentos. “Ao longo de 11 anos, os preços dos serviços não foram aumentados até agora e o aumento foi por termos comprado mais equipamentos para as salas funerárias, por exemplo, ar condicionado. Tem também a ver com os salários dos trabalhadores, que foram aumentados” explicou. Sobre as críticas de monopólio, Chong negou o facto, justificando que além da Casa Funerária do Kiang Wu, existem mais três serviços que fazem as mesmas cerimónias em Macau, mas não revelou os nomes.
Joana Freitas BrevesComentador da Rádio Macau condenado pelo TJB Adelino Correia foi condenado pelo Tribunal Judicial de Base (TJB) ao pagamento de 82 mil patacas. O comentador do programa de rádio “Bola Ao Centro” foi condenado pelo crime de difamação, por declarações feitas no programa desportivo, em 2013. Correia fazia parte do painel de comentadores e, segundo a rádio, o tribunal terá considerado que os seus comentários puseram em causa o bom nome do clube. Adelino Correia tem, agora, de pagar 72 mil patacas de multa e dez mil de indemnização, valor abaixo do que queria o Montecarlo, que pediu 50 mil patacas. Além disso, Correia tem de fazer um pedido de desculpas público na imprensa.
Joana Freitas SociedadeMedicamentos tradicionais chineses sob investigação [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Departamento dos Assuntos Farmacêuticos está a examinar amostras de medicamentos tradicionais chineses prescritos e dispensados pelo Centro de Saúde da Areia Preta. O caso acontece depois de uma doente de 56 anos ter sido assistida no hospital por suspeitas de intoxicação. Os Serviços de Saúde (SS) foram notificados do caso suspeito de intoxicação quando uma mulher, que recorreu ao Centro de Saúde da Areia Preta por ter problemas de sono, começou a sentir a fraqueza das extremidades, aumento da frequência cardíaca, a ter pupilas dilatadas, visão turva, distúrbios da consciência e aumento da temperatura corporal, entre outros sintomas. A mulher tinha começado a tomar “algumas doses de medicamentos tradicionais chineses”, que lhe foram prescritos pelo Centro de Saúde. A paciente foi levada pela família para os Serviços de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário onde foi clinicamente estabilizada. “Após investigação, suspeita-se que a paciente foi intoxicada pelos medicamentos tradicionais chineses que tomou, sofrendo da intoxicação anticolinérgica. As causas precisam de ser investigadas. A dose de medicamentos tradicionais chineses em causa foi entregue ao Departamento dos Assuntos Farmacêuticos para exame e análise detalhada”, pode ler-se num comunicado. Segundo os SS, existem principalmente dois tipos de anticolinérgicos: um deles é o alcalóide extraído das plantas tais como beladona, o outro tipo são medicamentos sintéticos. As manifestações clínicas são boca seca, vermelhidão da pele, garganta seca, queimadura, aumento da temperatura corporal, frequência cardíaca, pupilas dilatadas, visão turva, retenção urinária, perda de consciência, alucinações, entre outras, que podem ser mais graves. Os SS apelam aos cidadãos que tenham tomado medicamentos chineses e que não se sintam bem para visitarem o hospital.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSaúde | Casal filipino procura ajuda para salvar filha Corre uma campanha no Facebook para pagar os tratamentos de Chyn, filha de um casal filipino residente em Macau. A conta já gerou dez mil patacas, mas o Governo e a Cáritas não dão apoio [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hyn é filha de trabalhadores não residentes (TNR) e nasceu há um mês no hospital Kiang Wu com várias doenças. Além de lhe ter sido diagnosticado Síndrome de Down, a bebé tem uma malformação cardíaca congénita e problemas pulmonares. Sem direito a qualquer tipo de assistência médica, Carlo de Guzman e a esposa lançaram uma campanha no Facebook, intitulada “Help our little Angel Baby Chyn” (Ajudem o nosso pequeno anjo Bebé Chyn). Ao final de quatro dias de funcionamento, a campanha já gerou dez mil patacas de donativos, confirmou Carlo de Guzman ao HM. Ao todo, o casal precisa de pagar 160 mil patacas aos Serviços de Saúde (SS), uma vez que, por serem TNR, não têm direito a qualquer apoio, sendo que os tratamentos têm de ser pagos em 200%, por serem portadores de blue card. Está agendada uma operação à bebé para Setembro, que custará cerca de 300 mil patacas. “Quando fomos ao hospital público pensámos que seria mais fácil para nós, por ser o hospital do Governo e esperávamos que nos pudessem ajudar. Ficamos desapontados por não nos poderem ajudar financeiramente. Mas compreendemos porque têm de respeitar as regras, por sermos TNR. Chegamos a ter uma reunião com um assistente social do hospital e foi-nos dito que seria difícil termos apoio social do Governo, por não sermos residentes”, contou Carlo de Guzman ao HM. Apesar disso, o pai de Chyn agradece toda a ajuda disponibilizada pelo pessoal médico e de enfermagem, tanto do hospital Kiang Wu como do São Januário. [quote_box_right]“Chegámos a ter uma reunião com um assistente social do hospital e foi-nos dito que seria difícil termos apoio social do Governo, por não sermos residentes” – Carlo de Guzman, pai de Chyn[/quote_box_right] Desempregado há um ano, morador no território há dez, juntamente com a mulher, este trabalhador filipino tem estado a bater em todas as portas, depois das recusas dos SS e até da Cáritas. “Também contactei outras organizações em Macau e vamos reunir com eles durante esta semana, e discutir a nossa situação com eles, assim poderemos ver o que poderá ser feito”, disse o pai. Carlo Guzman também já estendeu o pedido de apoio financeiro às Filipinas, mas assume que voltar para Manila com a filha não é a primeira opção. “Se enviarmos a nossa filha para as Filipinas é quase o mesmo preço do que fazer aqui os tratamentos e a minha esposa precisaria de deixar o emprego para dar a total atenção à nossa bebé. Mas nós sem um emprego ficaríamos numa situação muito difícil. Em Manila não temos familiares, teríamos de ficar em hotéis, pagar alojamento, contas e transporte. Preferimos ficar aqui porque ao menos temos a nossa família”, concluiu. A ajuda pode ser dada à família através da página no Facebook.
Flora Fong SociedadeJogo | Trabalhador que sofreu acidente no Galaxy queixa-se de injustiça Sem indemnização e a sofrer pressões, um funcionário do grupo Galaxy diz-se tentado a acabar com a própria vida pelo que considera ser uma injustiça [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m trabalhador do Galaxy queixa-se de que a operadora não lhe pagou uma indemnização “razoável” depois de um acidente de trabalho. Juntamente com o grupo Forefront of the Macao Gaming, o homem diz mesmo que a forma como a operadora tratou do caso “até o levou a ter uma doença psicológica.” Numa conferência de imprensa da Forefront of The Macao Gaming, os líderes da associação – Ieong Man Teng e Lei Kuok Keong – contaram a história do trabalhador, de apelido Chan, que trabalhava como supervisor do departamento de mesas de Jogo num casino da Galaxy. Numa carta escrita, Chan mostra que teve o acidente quando transportava as máquinas do casino em Dezembro de 2012. Na altura, a empresa deu-lhe um mês de descanso e prometeu uma indemnização oportunamente. No dia em que voltou a trabalhar, o funcionário entregou o atestado médico, mas Chan assegura que, mal regressou ao trabalho, foi incumbido de transportar todos os dias mais máquinas e cartas de Jogo, algo com que fez com que o homem se voltasse a magoar nos mesmos locais do corpo. O médico terá sugerido a Chan que suspendesse o trabalho, pelo que o funcionário pediu à Galaxy uma licença sem vencimento. Algo que lhe foi rejeitado, já que a companhia, segundo a Forefront of The Macau Gaming, disse ter já recebido um certificado de recuperação do funcionário, pelo que não tinha nada mais do que responsabilizar. Chan solicitou depois ajuda à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), onde foi confirmado que as mazelas no corpo do trabalhador estavam relacionadas com o novo acidente de trabalho. A DSAL entregou o caso ao Ministério Público. Sofrimento contínuo Chan continuou a trabalhar no casino durante dois anos, apesar de sofrer com as dores, porque o Galaxy só lhe permite “pedir dias de licença”. O funcionário diz ter pedido mais do que 45 dias de baixa médica, algo que o levou a ser despedido e que lhe causou mazelas psicológicas. “Uma vez, desmaiei durante o trabalho devido ao choque [das dores], depois acordar, senti dificuldades na respiração. Pedi licença para consultar o hospital, mas não me deixaram porque estava a trabalhar menos de duas horas por dia.” Até Maio do ano passado, o médico considerou que Chan já não conseguia trabalhar, pelo que começou a fazer tratamento no hospital. No entanto, referiu, a Galaxy diz que a responsabilidade é da vítima. “Já sofri todos os dias com dores e a companhia nem sequer me indemnizou, nem pagou nenhuma despesa no tratamento, que foi bem caro, sendo que até declarou que só paga quando eu ganhar o processo em tribunal”, frisou. Chan conseguiu dois terços da remuneração mensal que recebe desde que o médico certificou a sua incapacidade de trabalho, mas não recebeu o salário dos dias em que meteu baixa médica. Na carta, Chan relata ainda que foi transferido para um psicólogo, porque, devido às pressões, “tentou o suicídio várias vezes e perdeu o controlo, tentando prejudicar-se a si próprio”. Algumas das vezes foi salvo por pessoal da Polícia de Segurança Pública (PSP). Chan diz-se desapontado com a reacção da Galaxy, já que “recentemente o departamento de recursos humanos voltou a exercer pressão novamente” sobre ele, tendo-lhe oferecido duas escolhas: “ou continuar a trabalhar enfaixado como uma múmia, ou ser despedido”. Chan espera manter a posição no casino, mas quer que lhe sejam pagas as despesas do hospital. O trabalhador diz que espera, com a publicação do caso, poder captar a atenção do grupo Galaxy. O HM tentou contactar a empresa, mas não foi possível obter uma resposta até ao fecho desta edição.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesLicença de parto [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o dia 6 de Julho, o periódico local “Macau Daily Times” publicou um artigo sobre o pedido que a “Women’s General Association of Macau” apresentou junto do “Standing Committee for the Coordination of Social Affairs” (CPCS), para que a licença de parto seja aumentada de modo a passar a proporcionar um mínimo de 90 dias de férias, em vez dos 56 dias actualmente defendidos pela lei. De momento, e segundo o artigo 54(1) da Lei de Relações Laborais de Macau nº 7/2008, uma mulher que trabalhe consecutivamente no mesmo local por mais de um ano tem direito a gozar de 56 dias de licença de parto. Além do pedido para aumentar o número de dias de que a mulher dispõe para se ausentar do trabalho com salário pago, a Associação manifestou também a intenção de, no futuro próximo, poder passar a atribuir aos pais cinco dias de férias pagas para estes acompanharem as suas esposas durante o nascimento dos filhos. De forma a demonstrar que a ideia recolhe o apoio da população, a Associação recolheu 12,000 assinaturas junto de apoiantes desta iniciativa. Ao mesmo tempo, a “Women’s General Association of Macau” sugeriu às autoridades que ponderassem se deve ser o próprio Governo a oferecer este benefício aos trabalhadores, ou se por sua vez esta responsabilidade deva ser acarretada pela entidade patronal. Para melhor auscultar a opinião da população, a Associação realizou um inquérito nas ruas do território, tendo para o efeito conduzido entrevistas junto de 3.017 residentes locais, todos do sexo feminino, tendo 85% dos inquiridos manifestado o seu apoio à proposta de alargamento do período de licença de parto, passando dos 56 dias actuais a 90 com a maior brevidade possível. Wong Kit Cheng, o vice-presidente desta entidade, adiantou ainda na mesma peça que “vamos submeter os resultados deste inquérito ao Departamento de Relações Laborais assim como ao “Standing Committee for the Coordination of Social Affairs” (CPCS), para que estas entidades estejam a par da opinião pública quando procederem à próxima revisão da Lei das Relações de Trabalho. A maior parte dos inquiridos mostrou interesse em ver o pai da criança a ser igualmente beneficiado com alguns dias de férias pagas durante a altura do parto, além de desejarem poder beneficiar, no futuro, de 90 dias de licença de parto, tal como acontece em vários outros pontos do mundo”. Quando um mulher dá à luz, aconselha-se que ambos desfrutem de amplo descanso. Assim, se a mulher tiver de comparecer no local de trabalho durante este período, facilmente se compreende que a sua saúde seria prejudicada. Além disso, caso o seu marido também tenha a possibilidade de gozar de uns dias de férias nesta mesma altura, a mulher beneficiaria de mais apoio durante esta fase tão importante. Mas o bebé também beneficiará da eventual extensão do período de licença de parto, pois o ideal é este passar o mais tempo possível com a mãe, da qual o mesmo depende para tudo. Tendo tudo isto em consideração, sou da opinião que os pedidos da Associação são perfeitamente aceitáveis. Mas quem deve então suportar as despesas decorrentes da atribuição da licença de maternidade e de paternidade? No presente, a nossa sociedade apenas dispõe de subsídios para casamentos e nascimentos. Estes dois benefícios são os mais relevantes quando procedermos à análise da licença de maternidade e de paternidade. Se o Governo decidir suportar por si próprio estas despesas, isto seria o mesmo do que passar a incluir estes dois encargos nas provisões do nosso sistema de segurança social, pois estas férias passariam a fazer parte dos benefícios sociais a que os residentes de Macau estão intitulados. Mas, caso assim seja feito, será então necessário rever a política de atribuição dos subsídios de casamento e de nascimento? Para além disso, quando a licença de maternidade e paternidade passarem a ser incluídas no pacote de benefícios sociais da RAEM, estes passam então a assumir um carácter obrigatório. Quando o Governo incluir estas medidas na lei, qualquer residente permanente que preencha os requisitos legais tem então automaticamente direito a estas regalias. Mas nesse momento estas medidas passam também a ser um encargo financeiro para o nosso Governo. Torna-se assim necessário fazer a próxima pergunta – será que as nossas autoridades dispõem de verbas suficientes para realizar estes ajustes ao nosso pacote de benefícios sociais? Uma outra opção seria pedir à entidade patronal que assumisse este encargo e suportasse por si própria a atribuição de férias pagas, tanto ao pai como à mãe, aos funcionários que tivessem acabado de ser pais. Mas esta alternativa acarreta também uma série de dificuldades acrescidas. Acima de tudo devido ao facto de qualquer companhia ser movida por interesses financeiros, e por isso mesmo se encontrar obrigada a registar lucros sucessivos de forma a continuar em operação. Mas se estes se encontrarem no futuro deparados com a obrigação de oferecer licenças de maternidade e de paternidade aos seus funcionários de modo a cumprir as suas obrigações legais e sociais, isto viria sem dúvida a aumentar os encargos financeiros destas mesmos empregadores. Atendendo a todas as dificuldades que os mesmos têm de enfrentar diariamente, seria então legítimo impor ainda mais esta obrigação às entidades profissionais da RAEM? Talvez seja exactamente por esta razão que a maior parte das pessoas parece ser a favor de uma solução que estipule que o Governo venha a cobrir estes encargos em nome das entidades patronais, para que estas possam então oferecer as respectivas licenças de maternidade e de paternidade aos seus funcionários. Mas se considerarmos esta questão com mais atenção, vamos sem dúvida perceber que esta opção pode no entanto não ser a melhor solução. Pois, mesmo que os empregadores não sejam obrigados a suportar este encargo, visto o Governo estar disposto a reembolsá-los nessa eventualidade, os mesmos acabam sempre por sair lesados, visto serem obrigados a encontrar alguém que possa substituir os indivíduos que se encontrem de férias. E, se a licença de parto for aumentada para 90 dias, isto implica que o indivíduo em causa se ausente do seu local de trabalho por um período de três meses. Uma lacuna tão prolongada não é fácil de colmatar, ainda mais se os trabalhos tiverem forem altamente especializados ou dotados de uma forte componente técnica, pois nestas situações um trabalhador temporário dificilmente estará preparado para trabalhar por conta própria. E estas considerações são igualmente válidas para outras circunstâncias, fora do âmbito das licenças de maternidade e de paternidade. A 12 de Maio de 2014, publicamos aqui um artigo intitulado “Dia da Mãe”, em que mencionamos que as necessidades físicas de um homem e de uma mulher são na realidade bastante diferentes. Aí podiam os nossos leitores encontrar o seguinte parágrafo: “As necessidades psicológicas e físicas de uma mulher diferem muito das de um homem, pois as mulheres estão sujeitas à menstruação. Durante este período de menstruação, uma mulher pode vir a sofrer de dores menstruais. Quando afligidas por este fenómeno, algumas mulheres não conseguem sequer comer nem beber, limitando-se assim a passar o tempo deitadas na cama. Por esta razão, as mesmas encontram-se impossibilitadas de trabalhar durante este período”. De forma a poder oferecer mais protecção às mulheres, no dia 17 de Outubro de 2013 analisamos a possibilidade de criar legislações específicas para este mesmo efeito. Na altura, discutimos que Taiwan oferece um bom exemplo nesta matéria, visto este país ter implementado uma lei denominada “Lei para a Igualdade dos Sexos no Trabalho”, que defende que uma mulher tem direito a solicitar baixa durante a sua menstruação. No total, esta lei estipula um número máximo de 12 dias por ano para estas situações, mas apenas três destes dias são pagos. A partir do quarto dia de baixa causada por menstruação, uma mulher pode na mesma gozar de férias mas o seu salário será deduzido de acordo. Já que estamos a considerar a possibilidade de rever os parâmetros das licenças de maternidade, assim como de paternidade, talvez fosse boa ideia fazer um estudo sobre esta baixa devido a menstruação para as mulheres, de modo a que as mesmas gozem de protecção adequada nos locais de trabalho. Mas, seja qual for o caso, não nos podemos esquecer de analisar todos os pontos descritos neste artigo. O Governo têm a função de investigar e equilibrar as diferentes necessidades de um homem assim como de uma mulher, nunca se esquecendo dos requisitos do próprio empregador, assim como os das autoridades. Uma lei propriamente dita aparece assim como a fase final destas negociações entre as diferentes partes interessadas.