CAM | Investidos 200 milhões em infra-estruturas no aeroporto

Lucros a subir, espaço a aumentar e milhões a serem investidos. A Companhia do Aeroporto de Macau traça um balanço positivo do ano passado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] CAM – Sociedade do Aeroporto investiu 200 milhões de patacas em infra-estruturas em 2014, ano em que o número de passageiros aumentou e a empresa admite estar a atingir o limite de capacidade.
De acordo com o relatório de contas da empresa, publicado ontem em Boletim Oficial, a CAM investiu este montante em projectos relacionados com infra-estruturas, tendo terminado “a actualização do sistema de manejo de bagagens, os trabalhos de actualização do edifício e do terminal, a actualização das instalações de controlo de segurança e de outros equipamentos e o projecto de optimização ambiental e arborização”, como se pode ler no relatório. “Além disso, o projecto de construção do hangar da aviação comercial, o do centro de dados do aeroporto e o de actualização dos equipamentos de combate a incêndios e de assistência também foram concluídos.”
A CAM diz ainda que “o número de passageiros começa a atingir o ponto de saturação da capacidade”, pelo que avançou ainda com a expansão do terminal de passageiros norte. A área comercial do aeroporto, onde são arrendadas lojas, também aumentou de 4731 metros quadrados para 6958.
No geral, o balanço do ano passado é positivo, com a CAM a explicar que, apesar das “mudanças no ambiente internacional e do rápido desenvolvimento da economia local terem resultado num leque diversificado de desafios, nomeadamente em termos do aumento dos custos e da concorrência”, registou um nível de crescimento satisfatório de acordo com os objectivos anuais.

[quote_box_right]“O número de passageiros começa a atingir o ponto de saturação da capacidade”[/quote_box_right]

Receitas a subir

Em 2014, o Aeroporto Internacional de Macau teve mais de um milhão de passageiros na aviação de baixo-custo, foi honrado com o Prémio de Melhor Aeroporto de Pequena Escala de 2014 pelo Centro para a Aviação da Ásia Pacífico e até “o transporte de carga inverteu a tendência decrescente”.
Em 2014, o número de passageiros atingiu os 5,48 milhões, um aumento de 9% em comparação com o período homólogo do ano passado e foram transportadas 28 mil toneladas de carga, o que representa um crescimento de 8,7%.
As receitas totais dos principais operadores do aeroporto ultrapassaram os 4,38 mil milhões de patacas, representando um crescimento de 6,6% e, ao mesmo tempo, as receitas da CAM atingiram os 1,05 mil milhões de patacas, correspondendo a um aumento de 13,8%, mantendo o ritmo de crescimento pelo quinto ano consecutivo.
O número de voos ultrapassou os 52 mil, um aumento de 7,4%. No total, 22 companhias aéreas operam no Aeroporto, ligando a RAEM a 36 locais do mundo.

Perda de recursos humanos

No relatório de actividades da empresa, é admitida a perda constante de recursos humanos, com a CAM a indicar que, apesar dos resultados obtidos, muitos esforços são necessários para isso. “Os resultados obtidos são a consequência do entendimento tácito da equipa e, apesar da empresa principal, subsidiárias e diferentes departamentos terem as suas próprias funções, estão todos interligados, aplicando uma verdadeira cooperação dinâmica, sendo todos os membros indispensáveis. Apesar de estarmos a enfrentar uma perda de recursos humanos cada vez maior, todos os membros da nossa equipa continuam a assumir as responsabilidades inerentes aos seus postos”, pode ler-se.

25 Jun 2015

Droga | Penas mais pesadas, consumo como crime e polícia com mais poder

O grupo responsável pela revisão da Lei da Droga quer penas mais pesadas, transformar o consumo em crime e fazer com que a polícia tenha mais poder. Estas ideias foram agora apresentadas ao IAS e vêm assim ao encontro do que o Governo pretendia. Até ao final do ano, a Lei de Combate à Droga deverá subir a plenário

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]o agravamento das penas, ao aumento da capacidade da polícia no âmbito da recolha de provas e o reforço das medidas de controlo de consumo de droga. São estes os principais pontos apresentados pelo grupo de trabalho de revisão da Lei da Droga.

A ideia não é nova. O Governo sempre se mostrou apologista do aumento das penas relativas à prática de crime de tráfico e posse de drogas, ideia que várias vezes foi contestada por associações de combate à droga. Ontem, pela voz do presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Iong Kong Io, chegou o veredicto do Grupo de Trabalho Especializado para a Revisão da Lei de Combate à Droga, que recolheu opiniões de especialistas de tribunais, Ministério Público, da Associação de Advogados de Macau e do Estabelecimento Prisional de Macau. As penas são efectivamente para aumentar, tanto por tráfico, como por posse de droga.

“Propõe-se a alteração da pena de prisão (…), aumentando a pena mínima de três anos para cinco anos”, pode ler-se no comunicado disponibilizado pelo o IAS. Em causa está também a condenação para os consumidores, confirmou Iong Kong Io.

“(…) [Propõe-se] acrescentar o crime de detenção de drogas, alterar o estipulado no actual artigo que regula a detenção de dosagem pequena para o consumo próprio como crime, independentemente do volume de droga. Assim, dado a inexistência de crime individual por detenção de droga (artigo 14º), faz com que muitas vezes os traficantes de drogas, através da confissão voluntária de que o produto na sua posse é para o uso próprio, sejam ilibados das responsabilidades penais graves”, pode ler-se no documento.
Em resposta aos jornalistas, o presidente do IAS esclareceu que ainda “será elaborada uma sugestão [com as novas propostas] que será entregue à Direcção para os Serviços dos Assuntos de Justiça (DSAJ) para continuar o trabalho”.

[quote_box_right]“(…) [Propõe-se] acrescentar o crime de detenção de drogas, alterar o estipulado no actual artigo que regula a detenção de dosagem pequena para o consumo próprio como crime, independentemente do volume de droga” – Iong Kong Io, presidente do Instituto de Acção Social[/quote_box_right]

Polícia de olhos abertos

Nos planos está também o “aumento adequado da capacidade de recolha de provas da polícia, atendendo à limitação do regime jurídico de Macau e à máxima responsabilidade criminal”, explica o IAS.

Assim, em termos práticos, o que o IAS quer é que “no caso de um suspeito se encontrar num estado de perturbação física e/ou mental e no local ter sido encontrada droga, possa ser realizada a respectiva perícia médico-legal”, ou seja, o exame de sangue ao suspeito. Isto pode fazer com que o suspeito possa ser detido mais rápido. A medida é vista pelo IAS, como o método mais eficaz “para colmatar a lacuna” actual, permitindo ainda o aumento da “eficiência do combate ao crime de trágico de drogas”.

Por fim, o IAS e o grupo de trabalho querem ainda que exista um reforço da medida de desintoxicação na pena suspensa, para se obter o efeito da desintoxicação semi-obrigatória. Actualmente a pena para o consumo, diz o IAS, é demasiado leve – pena inferior a três meses ou multa – e, na prática, “apenas é aplicada a pena de 45 a 60 dias de prisão”.

Medida que, segundo Iong Kong Io, estimula a que os toxicodependentes prefiram passar este tempo na prisão do que se submeter ao “longo período de observação durante a desintoxicação”, que dura entre um a dois anos.

Questionado sobre a calendarização prevista para a entrega da proposta de revisão da lei na Assembleia Legislativa, o presidente do IAS espera que a mesma esteja concluída até ao final do ano, confirmando ainda as palavras do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, de que também a Lei de Base dos Idosos estará pronta entre Agosto ou Setembro do presente ano.

25 Jun 2015

DSPA | Vai Hoi Ieong é o novo presidente

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) é agora presidida por Vai Hoi Ieong, tendo Ip Kuong Lam como subdirector. A nomeação foi ontem publicada em despacho em Boletim Oficial. Vai foi nomeado para exercer o cargo de presidente da DSPA durante pelo menos um ano, com início hoje. Já Ip deverá começar como subdirector no próximo dia 29, igualmente por um ano.
O mesmo despacho indica que o cargo foi ocupado por Ip devido à sua vacatura e à “competência profissional e aptidão para o exercício do cargo”. O responsável é licenciado em Engenharia Ambiental e possui um mestrado na mesma área, tendo cumprido funções no Conselho do Ambiente de 2001 a 2009 e sido chefe de Departamento de Controlo da Poluição Ambiental da DSPA de 2009 até ao ano passado. O novo presidente desta direcção de serviços possui dois mestrados: o primeiro em Engenharia Ambiental e o segundo em Administração Pública. Também a sua carreira tem tido feita na área da Protecção Ambiental. Vai foi secretário-geral do Conselho de Ciência e Tecnologia e, mais recentemente, era o director substituto da DSPA, desde Junho do ano passado. Desde 1999 que ocupa cargos nesta área, tendo sido técnico superior no Gabinete da Central de Incineração e da Estação de Tratamento de Águas Residuais.

25 Jun 2015

Alimentos | Mais um escândalo na China com carne dos anos 70

Adivinhe o que é o jantar?

[dropcap]A[/dropcap] notícia é avançada pela imprensa chinesa: bem aqui ao lado, na China, foram apreendidas mais de cem mil toneladas de carne contrabandeada em que parte dela tinha mais de 40 anos.

Assas de galinhas, carne de porco e de vaca faziam parte de um menu podre que veio, segundo fontes da indústria, do Brasil e da Índia, passando na viagem por Hong Kong e Vietname. Além da idade, a carne foi encontrada já a descongelar, algo comum também. Depois é novamente congelada.

“Para poupar custos, os contrabandistas alugam muitas vezes veículos normais em vez de camiões refrigerados. Assim a carne descongela muitas vezes antes de chegar aos clientes”, explicou Yang Bo, vice-director do gabinete anti-tráfico de Changsha, capital de Hunan.

A agência noticiosa Reuters indica que, segundo as autoridades da China, parte da carne contrabandeada tinha mais de 40 anos. Feitas as contas, isto significa que a carne foi originalmente empacotada e armazenada quando o país ainda estava sob o domínio Mao Zedong, que morreu em 1976.

O China Daily indica que a descoberta foi feita pelos dirigentes de Guangxi, uma região do sul junto ao Vietname. “Cheirava mal e quase vomitei quando abri a porta”, contou ao China Daily, Zhang Tao, um dos agentes que participou nas operações.

A agência Xinhua explica ainda que, durante o presente mês, as autoridades chinesas organizaram uma investida ao contrabando de carne congelada e apreenderam responsáveis de 21 grupos criminosos, em contrabando que atingiu os três mil milhões de yuan. Esta acção surge depois de, em Abril passado, as autoridades chinesas terem reforçados as suas regras de segurança no sector alimentar.

Leite impróprio

[quote_box_right]“Para poupar custos, os contrabandistas alugam muitas vezes veículos normais em vez de camiões refrigerados. Assim a carne descongela muitas vezes antes de chegar aos clientes” – Yang Bo, vice-director do gabinete anti-tráfico de Changsha[/quote_box_right]

Mas não foi só a carne podre que esteve em destaque pelas piores razões. Também três fabricantes lácteos da província central de Shaanxi foram avisados para retirarem do mercado os seus produtos de leite em pó para crianças, após terem sido descobertos vários lotes adulterados, segundo avançou a agência chinesa.

A Administração de Alimentos e Medicamentos da China assinalou, num comunicado na sua página na internet, que as três empresas implicadas devem suspender a produção e distribuição de produtos de leite em pó, todos elaborados com leite de cabra.

Em cinco lotes deste produto da empresa Guanshan Dairy foram detectados níveis excessivos de nitratos, durante duas inspecções realizadas este ano.

Esta empresa já emitiu um comunicado em que prometeu retirar os produtos e tomar medidas para rectificar a situação.

Nas outras empresas, a Xian Guanshan Dairy e a subsidiária Shengtang Industry, foram encontrados lotes de produtos com níveis de selénio acima dos limites estabelecidos por lei.

Os cidadãos chineses olham com receio para os produtos lácteos para bebés fabricados no país desde o escândalo com leite em pó contaminado com melanina, em 2008, que causou a morte de seis bebés e afectou mais de 300 mil.

Historial deficitário

Recorde-se que estes não são os únicos casos no último ano em que a segurança alimentar é colocada em causa. Em Julho do ano passado, as autoridades chinesas anunciaram o encerramento da fábrica que fornecia carne para vária empresas de fast-food, como o McDonald’s, KFC, Pizza Hut e Starbucks. Pequim avançou que a fábrica da Husi, em Xangai, falsificou as datas de validade de mais de quatro mil caixas de carne picada que terminava em Fevereiro anterior.

[quote_box_left]“Cheirava mal e quase vomitei quando abri a porta” – Zhang Tao, agente que participou nas operações[/quote_box_left]

A fábrica vendeu mais de três mil caixas. O escândalo alimentar levou ao encerramento da fábrica e à detenção de cinco pessoas. Desde então a cadeia do McDonald’s em Macau começou a comprar carne de outras empresas da Tailândia e da China.
(com Agências)

25 Jun 2015

Canídromo vai tentar “expandir negócio”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ngela Leong, directora-executiva da Yat Yuen, a companhia do Canídromo, admite que as receitas das corridas de galgo poderão sofrer descidas. No mais recente relatório de contas da empresa, a Yat Yuen diz contudo que quer expandir o negócio.
“No ano de 2014, a economia de Macau revelou-se bipolar, tendo (…) passado para uma queda acentuada e repentina, num declínio contínuo em todos os sectores de actividade a fazerem face a um aumento dos custos operacionais (…), pelo que o canídromo também necessariamente se vai ressentir”, começa por apontar Leong, que assina o documento publicado ontem em Boletim Oficial.
A Yat Yuen, recorde-se, tem vindo a perder receitas consecutivamente desde 2010, sendo que, de acordo com dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) as receitas totais do ano passado foram de 145 milhões de patacas, um decréscimo de 33 milhões de patacas. No relatório de contas, a Companhia do Canídromo assegura que “vai continuar a procurar activamente oportunidades para expandir o seu negócio, na esperança de introduzir serviços melhores e mais diversificados e promover juntamente com Governo os objectivos políticos de tornar Macau num centro internacional de turismo e lazer para a sustentabilidade a longo prazo”, como se pode ler. Recorde-se que é este ano que a licença do canídromo termina, sendo que o Executivo pode optar por não a renovar, algo pretendido por diversas facções da sociedade.

25 Jun 2015

GDI e GIT já têm coordenadores

[dropcap style =’circle’]C[/dropcap]hau Vai Man é a pessoa escolhida para liderar os destinos do Gabinete de Desenvolvimento das Infra-Estruturas (GDI) por um período de um ano e Ho Cheong Kei ficará no Gabinete para as Infra-Estruturas de Transportes (GIT).
Foram ontem publicados em Boletim Oficial (BO) os despachos que nomeiam os novos coordenadores dos departamentos.
Chau Vai Man é licenciado em Engenharia Civil e possui uma segunda licenciatura em Direito, área de Ciência Jurídica. É coordenador substituto do GDI desde Novembro do ano passado, tendo sido também coordenador adjunto substituto da mesma entidade entre Junho de 2009 e Novembro de 2014. Durante nove anos foi técnico do GDI e, entre Junho de 1999 e de 2000, técnico superior no Gabinete para o Apoio ao Desenvolvimento dos Aterros Taipa-Coloane. Entra em funções a dia 30 deste mês.
Por sua vez, Ho Cheong Kei foi nomeado coordenador do GIT, cargo a desempenhar a partir de 1 de Julho de 2015. Ho Cheong Kei é licenciado em Engenharia Mecânica e possui um mestrado em Gestão de Administração Pública. Desempenhou funções nos Serviços de Marinha e Capitania dos Portos, sendo que em Junho de 2008 começou a desempenhar funções como coordenador-adjunto do GIT.

25 Jun 2015

Centros de Saúde | Horários alargados e mais dez profissionais contratados

É oficial: são mais dois os centros de saúde abertos até às 22h00. Rotatividade de pessoal e um investimento de 160 mil patacas para dez novas contratações são as novidades também ontem avançadas por Alexis Tam, que não tem, contudo, um calendário para a abertura do novo hospital

[dropcap style=’circle’]O[dropcap]s centros de saúde do Tap Seac e dos Jardins do Oceano vão, no próximo mês, juntar-se aos da Areia Preta e do Fai Chi Kei no alargamento do horário de funcionamento. Para isso será preciso contratar dez profissionais, com os custos dos seus salários a ascenderem às 160 mil patacas.
A partir de 20 de Julho serão quatro os centros abertos até às 22h00. “Nos centros de saúde dos Jardins do Oceanos e do Tap Seac há muita procura”, justificou Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que fez o anúncio.
Cada um dos dois locais deverá integrar cinco novos profissionais, com um investimento de 80 mil patacas em cada um. Também quatro das especialidades oferecidas no Hospital Conde São Januário têm já os horários alargados desde o início deste mês e o director da instituição, Kuok Cheong U, assegurou que tal “não vai causar grande pressão” nos funcionários.
No caso da ala de Cardiologia, Kuok afirma mesmo que se tem assistido a “uma redução do tempo de espera”, sem esquecer a de Medicina Desportiva. Na secção de Imagiologia há já médicos que desde dia 1 estão a trabalhar até às 23h00.

Da flexibilidade

Alexis Tam falava aos média após uma visita ao Centro de Saúde do Tap Seac. Os funcionários dos centros agora com horário alargado terão “horários flexíveis”, sendo o alargamento de um total de 45 horas por mês.
Assim, alguns profissionais – de entre médicos, enfermeiros, farmacêuticos e assistentes – deverão entrar mais tarde ou mais cedo do que o horário anteriormente estipulado, para que assim os centros de saúde possam oferecer serviços durante mais tempo. Também as farmácias destes centros vão ver os seus horários mais compridos, para fazer face aos pedidos dos pacientes que são atendidos nas consultas mais tardias.
O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura diz estar satisfeito com o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos seis meses na área da saúde. “Não é fácil mas estou muito satisfeito”, afirmou Alexis Tam. “No início foi um bocado difícil, mas comecei a explicar à minha equipa que o importante é que estamos a servir a sociedade”, acrescentou ainda.
Sobre a calendarização para o novo hospital das ilhas, o Secretário ainda não pode avançar nada. “Estamos atentos e penso que talvez dentro de vários anos possa haver um hospital novo”, disse. Este hospital deveria abrir em 2017.

25 Jun 2015

Extâse

Heddy
Hedy Lamarr tinha 18 anos quando protagonizou o filme Ecstasy em 1933

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]edy Lamarr protagoniza em 1933 o primeiro orgasmo feminino no grande ecrã, e, numa ousadia não-pornográfica, cenas de nudez a correr atrás de um cavalo. Trata-se do filme Ecstasy, filme mudo de uma natureza progressiva surpreendente que leva a jovem actriz de 18 anos a representar a complicada realidade da necessidade sexual e romântica, quando se vê casada com um senhor muito simpático, mas impotente. Pessoalmente, na expectativa pela grandiosidade do momento dito orgásmico, tive que timidamente rebobinar a fita para confirmar se esse era mesmo de um orgasmo que se tratava. Orgasmo discreto. Li algures pelo mundo cibernético que nossa querida Hedy Kiesler (Lamarr, só em Hollywood, para fugir do estigma do seu filme europeu de natureza erótica) sofreu de umas picadas no rabinho provocadas por alfinetes de dama, para atingir a expressão de clímax satisfatória ao realizador. O que nos diz sobre o orgasmo feminino? Nada que não saibamos: uma possível expressão de sofrimento (de expressão somente) parte do imaginário erótico e romântico desde há muito tempo. Apesar do seu já mediatismo em 1933, continua a ser tratado com as suas suposições cliché, com alguma complicação e desconhecimento. Para os homens mais altruístas tratado como uma meta cumulativa, a prova de que o seu envolvimento na actividade sexual satisfaz, para as mulheres, por vezes tratado da mesma forma. Ora isto obriga-me a fazer uma afirmação um tanto ou quanto óbvia: sexo não é orgasmo. É-me incrivelmente difícil não remeter a outras realidades cinematográficas neste tema tão pertinente, e.g., orgasmatron. E ainda mais difícil será não falar do orgasmo masculino, mas desse gostaria de dedicar toda uma outra secção, e ao Woody Allen também.

Lá está, se pensarmos no sexo que a evolução nos ensina, talvez nos vejamos presos à ideia de que o orgasmo masculino é o culminar: esperma, bebés, etc., etc. e por isso deixa-nos a questão muito pertinente: para que serve o orgasmo feminino? Teoricamente se desenvolveram algumas ideias sobre o assunto, como a teoria da fidelidade, i.e., quando mais satisfeita com o tal parceiro orgásmico, menor a probabilidade de desenvolver relacionamentos extra-conjugais… Entre outras introspecções teóricas das quais o meu feminismo se queixou um pouco.

Mais complicado nas entranhas do mistério feminino ainda é a diferenciação de Freud entre orgasmo vaginal e clitoriano, ainda desenvolvendo umas ideias das quais me dou autorização de julgar loucas, a mais surpreendente sendo que a inexistência de orgasmos vaginais poderá trazer consequências psíquicas graves, como a tão famosa histeria. Mais controverso e contemporâneo ainda, não é só a ideia do orgasmo vaginal mas a da existência de um ponto G e ademais uma ejaculação vaginal aquando encontrado. É claro que toda esta informação anda à deriva entre o pensamento socio-psicológico científico do século XIX, revistas cor-de-rosa ou cor-de-azul-bebé e da comunidade científica actual. Eu que gosto de pregar o sexo de um entendimento social, considero o orgasmo feminino o resultado directo do constante opinanço entre todos os actores de nível mais ou menos especializado.

[quote_box_right]Se pensarmos no sexo que a evolução nos ensina, talvez nos vejamos presos à ideia de que o orgasmo masculino é o culminar: esperma, bebés, etc., etc. e por isso deixa-nos a questão muito pertinente: para que serve o orgasmo feminino?[/quote_box_right]

Parece que é consensual o entendimento do orgasmo clitoriano, o vaginal, nem por isso. Se há quem defenda que não existe, outros usam a expressão com alguma facilidade e legitimidade e com pouco conhecimento sobre o assunto. Na comunidade científica bem que podia existir uma preocupação especial em defini-lo. São muitos os estudos que se baseiam em auto-relatos onde, por isso, a única evidência para a existência do orgasmo de tipo vaginal é a dita participante dizer que os tem. Certo. Sexo com penetração com alguma sorte nos traz um orgasmo, se a causa é de facto uma zona especial no interior das paredes da vagina, o mais provável é que não seja: é o clitóris a fazer o seu trabalho de novo, resultado de uns bons movimentos de anca e as coreografias que a actividade de fazer o amor incita. Há evidência em algumas mulheres (poucas) acerca da existência de uma possível estrutura nervosa dentro das paredes da vagina que de alguma forma se conecta com… o clitóris. Por isso querida Humanidade: no orgasmo feminino a chave está no clitóris, no clitóris e no clitóris.

O interruptor de prazer infindável também conhecido como ponto G, esse já vi referido como o UFO ginecológico. Foram muitas as pessoas que perderam tempo em autópsias para perceber se há uma condição fisiológica para a crença dos tempos modernos. Não há. E agora sinto-me numa daquelas posições estranhas, a destruir fantasias, o irmão mais velho que diz que o Pai Natal não existe. Na verdade nem sei até que ponto as pessoas já sabem disto ou não, mas que a internet está cheia da ideia errada, está. De qualquer forma, não quero de maneira nenhuma menosprezar todo o acto sexual a uma massagem no clitóris, nada disso. Há que atentar a um holismo do sexo, desde preliminares até aos ocasionais mimos pós-coito. O segredo do orgasmo feminino não está tanto na posição geográfica mas de toda a retroalimentação da hormona oxitocina que se exalta das mais variadas maneiras e feitios, de acordo com os desejos de cada um. Existem estudos sobre diferentes tipos de orgasmo que baseiam a sua taxonomia na sensação e intensidade e que variam de acordo com coisas tão simples como ouvir a voz do seu amado, umas fantasias criativas ou outra qualquer taradice, enfim, you name it. Para o lado que o apetite vos virar.

25 Jun 2015

FIC | Plataformas de apoio a PME com mais de 42 milhões

Foram ontem conhecidas as sete plataformas de apoio a Pequenas e Médias Empresas que vão receber dinheiro do Fundo das Indústrias Culturais. O Centro de Design de Macau, de James Chu, é um dos espaços contemplados

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]riatividade, tradicionalismo, alta qualidade e inspiração. Foram estas as características fundamentais para que sete incubadoras de negócios tenham sido escolhidas para receber apoios do Fundo das Indústrias Culturais (FIC). No total, serão aplicadas mais de 42 milhões em plataformas na área do design, moda e música, que pretendem ajudar a fomentar as Pequenas e Médias Empresas (PME) locais. São elas o Centro de Design de Macau, Espaço Cultural 100 Plus, projecto Design for Profit, Centro de Incubação e de Produtos Culturais e Criativos, Plataforma de Serviços Comerciais e Centro de Incubação de Marcas de Macau.

Leong Heng Teng, presidente do FIC e também porta-voz do Conselho Executivo, revelou que o objectivo é que o sector das indústrias culturais possa trabalhar em conjunto.

“Os jovens necessitam de apoio e têm várias dificuldades, sendo uma delas o pagamento da renda. Querem fazer algo novo e criativo e não conseguem, e nos últimos oito a dez anos tem sido assim. O desenvolvimento das indústrias culturais só é possível se todos derem apoio. Antes as indústrias culturais faziam cada uma o seu trabalho mas agora é diferente, queremos fazer um desenvolvimento sustentável do sector para que todos possam trabalhar em conjunto”, disse aos jornalistas na apresentação, que decorreu no Centro de Design de Macau.

Este espaço, que abriu portas há seis meses e cujo mentor é James Chu, foi um dos contemplados, tendo recebido das mãos do FIC 7,031 milhões de patacas para um plano de desenvolvimento a cinco anos. Tratando-se de um espaço de exposições, espectáculos e aluguer de salas para empresas, este centro de design considera que tem vindo a fazer um bom trabalho, já com 30 eventos organizados.

“Só depois de muito esforço é que criámos este espaço”, apontou James Chu. “Para além de promovermos as marcas, para que estas possam sobreviver em Macau, também queremos que estas possam sair de Macau”, referiu.

Espaços de apoio

Já o responsável do Centro de Incubação e de Marcas de Macau, que vai receber 8,854 milhões de patacas, referiu que o principal objectivo do projecto é “fornecer apoio a todos os interessados na área do design”. O espaço tem um local de exposições e 18 salas individuais para as empresas, sendo que no primeiro ano de actividade não pagam quaisquer despesas de utilização. “A necessidade para estas indústrias é muito grande e os nossos espaços já estão quase todos preenchidos”, considerou.

José Tang, industrial com duas fábricas de vestuário em Macau, resolveu criar o projecto Design for Profit, por forma a disponibilizar serviços para a produção de uma colecção de moda. “Os designers de moda de Macau têm os seus produtos mas não sabem como os vender”, concluiu.

Para já, 23 projectos continuam a analisar a proposta feita pelo FIC, sendo que 13 decidiram não aceitar o dinheiro, por não concordarem com os procedimentos ou pelo montante não cobrir os custos do projecto. Três concorrentes apresentaram mesmo reclamações.

25 Jun 2015

BNU | Celebrar 113 anos com exposição histórica

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Banco Nacional Ultramarino (BNU) inaugurou ontem uma exposição para celebrar os seus 113 anos, intitulada “Um novo século juntos consigo”, na Residência Consular. O evento de comemoração teve lugar ontem e contou com a presença do CEO do BNU, Pedro Cardoso, várias outras personalidades locais e o director da Caixa Geral de Depósitos (CGD), José Agostinho Matos.
Para Cardoso, a mostra pretende contar aos visitantes a história da instituição bancária, uma das mais antigas do território e a primeira emissora de notas. “A ideia surgiu há vários anos, mas diversos factores fizeram com que fosse agora e até 31 de Julho”, começa o responsável por explicar.
No rés-do-chão da Residência Consular podem ver-se artefactos históricos, alguns que datam do início do século XX, demonstrando o percurso do BNU ao longo dos anos. Em exposição estão também notas antigas e um mapa cronológico interactivo que conta a história do desenvolvimento da instituição.
“Esta exposição tem quatro áreas e uma parte transversal, sendo que a primeira é o BNU como banco emissor, a segundo retrata o BNU como banco comercial, a terceira fala do papel do banco como plataforma de cooperação entre a China e os países de expressão Portuguesa e, por último, temos o BNU como parte importante da responsabilidade social de Macau”, descreve o dirigente.
Pedro Cardoso não quis esquecer o papel que o banco tem desempenhado no seio da comunidade, colaborando com várias instituições educativas, entre outras.
A primeira fase da mostra é composta por uma série de notas antigas. Entre os artefactos estão a primeira nota emitida pelo banco em 1905, alguns certificados e facturas que aqui circularam durante a Segunda Guerra Mundial, altura conturbada principalmente devido à escassez e bloqueio à entrada de notas. Outros dos elementos interessantes é a descrição de como a moeda local veio a chamar-se Pataca, sem esquecer a exposição do primeiro livro de contas do BNU, com dados de 1902 a 1905.
“Penso que conseguimos uma boa perspectiva daquilo que foi a evolução da nota ao longo destes últimos anos”, aponta Cardoso.

25 Jun 2015

Literatura | Isham Cook apresenta obra na Livraria Portuguesa

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Não há passatempo mais esquizofrénico do que aplicar óleo na pele.” E é com esta ideia que Isham Cook apresenta, no sábado, a sua mais recente obra “Massage and The Writer” (A Massagem e o Escritor), na Livraria Portuguesa.
O novelista, norte-americano mas a viver na China desde 1994, é autor de outros livros, onde a sua filosofia de escrita se debruça sobre o provocante, o discriminatório, o ultrajante, o que arrepia, o que é sórdido. Influenciado por Franz Kafka, Marquês de Sade e Herman Hesse, entre tantos outros, Cook quer mostrar o mundo das casas de massagem, algo que nos é tão familiar em Macau.
“Não há passatempo mais esquizofrénico do que aplicar óleo na pele. Seja por uma questão de relaxamento ou alívio, uma forma de sedução ou uma maneira de se prostituir, faz tempo que a massagem fascina e repugna”, começa por explicar o autor, citado na nota da organização. “Mas, e se estes aspectos contraditórios desta prática – o terapêutico e o erótico – fossem vistos como inseparáveis?”
Apimentado com descrições de viagens no Oriente, em busca da massagem ideal, incisivo e provocante. É assim descrito “Massage and The Writer”, que vai, como assegura o autor, apelar aos mais aficionados pelo sexo radical, enquanto “enfurece” os novos negócios de massagens que tentam a todo o custo separar massagens e sexo.
Isham Cook publicou este ano “At The Teahouse Café”, um livro que fala sobre a China moderna e as suas semelhanças com o passado. No ano passado, foi a vez de “The Exact Unknown and Other Tales of Modern China” e em 2012 a de “Lust & Philosophy”.
“Massage and The Writer” é apresentado às 17h00, na Livraria Portuguesa e o evento tem entrada livre.

25 Jun 2015

MAM | Exposição de Robert Cahen inaugura esta sexta-feira

Imagens e sons que transmitem histórias. É assim a mais recente mostra de Robert Cahen, que usa a vídeo-arte para mostrar que é possível cada um compreender a arte à sua maneira

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]naugura na sexta-feira a mais recente exposição de Robert Cahen, no Museu de Arte de Macau (MAM). Intitulada “Transversal: Instalação Vídeo de Robert Cahen”, a mostra reúne de uma dezena de trabalhos do autor.
“O famoso artista de vídeo-arte irá revelar-nos um novo mundo, através das suas interpretações e justaposições de imagens e sons”, começa por dizer o comunicado da organização, conjunta entre o MAM e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, Instituto Cultural e o Consulado Geral da França em Hong Kong e Macau.
Inserida no Festival Le French May, a exposição reúne 17 dos seus trabalhos realizados entre 1978 e 2015, com destaque para duas instalações utilizando elementos visuais de Macau.
Através de câmara lenta – a sua assinatura – e explorando as interacções entre sons e elementos gráficos, Cohen cria uma ambiência poética servindo-se das imagens mais corriqueiras. Com técnicas de inserir, saltar, recuar, fading out e in, entre outros processos de pós-produção e alongando os tempos, o artista apresenta aos espectadores uma nova consciência sobre a realidade, indicando novos rumos para a arte vídeo.

Novos espaços

“Cada peça da minha arte faz uso da câmara lenta”, diz Robert Cahen, citado em comunicado. “E tenta ampliar um novo espaço entre as coisas, invisíveis entre si. Os meus trabalhos são como uma palestra aberta, na qual os espectadores acabarão por encontrar as suas próprias projecções na câmara lenta, que eventualmente será capaz de contar as suas próprias histórias.” robert cahen
Robert Cahen nasceu em Paris em 1945 e formou-se pelo Conservatório Nacional Superior de Música (CNSM), sendo um pioneiro tanto da música electrónica como da video-arte a nível internacional. Iniciou as suas criações ainda na década de 1970, utilizando os seus conhecimentos profissionais e métodos criativos da música para produzir vídeos, esbatendo as fronteiras entre os dois média e tornando-se uma referência mundial no campo da arte vídeo.
Foi a partir de meados do século XX, com o florescimento das tecnologias, que o vídeo se tornou uma parte integrante da vida diária e é isso que “Transversal” quer mostrar.
“Transversal apresenta uma selecção de 37 anos de trabalho de Cahen, incluindo ‘O Tempo Suficiente’, a aclamada obra marcante da vídeo-arte internacional da década de 1980 e as suas duas instalações que operam sobre elementos visuais de Macau, ‘5 Olhares e Aparição’.”
A exposição estará patente até 20 de Setembro, sendo que a inauguração está marcada para as 18h30 de sexta-feira. Poderá ser visitada diariamente, das 10h00 às 19h00, e a entrada é gratuita aos domingos e feriados, tendo o custo de cinco patacas nos restantes dias.

25 Jun 2015

Os torna-viagens

[dropcap style =’circle’]O[/dropcap]Brasil tornou-se desde a sua origem o grande mito português de uma causa mais vasta que a própria noção territorial, um vasto significado de mitos de um Império renascido na mais plural vertente humana e de uma necessidade de aludir ao conceito da osmose daquilo que ficou conhecido por «Filosofia Portuguesa» e que teve os seus arautos, após, e sempre mais fundamentadamente, depois da sua existência. Estamos no Reino do Quinto Império, negado que nos foi o encontro com o Rei do Mundo, o tal Prestes João. Nunca, como aqui, depois de uma longa conversação com os homólogos espanhóis, nos pareceu tanto o fruto de uma habilidade e proveniências divinas. O mais vasto continente da América Latina era sem dúvida a nossa «Ilha dos Amores», o culto do Rei Midas e todas as coisas com que tecer o mito ardente de uma Terra Prometida. Multirracial, fraterno, rico, grande, estava concluída a saga dos navegadores, com êxito. África nunca produziria o mesmo encanto nem as praças fortes a Oriente. O Brasil era a nossa estrutura arquetípica, resultado de uma busca de espaço e de exotismo que na mente se buscava e seria necessário acontecer.

Com as guerras napoleónicas a fuga do Rei tornou-se um marco de preservação daquilo que devia ser mantido a todo o custo, ficando o território nacional para segundo plano nos momentos mais difíceis. Quanto a mim, esta atitude revela uma inquietante indulgência territorial para com os invasores, transmitindo-lhes a segurança de governar um Reino sem retaliações maiores. Portugal perde credibilidade e autonomia com esta fuga que até hoje não conseguiu recuperar. Um Rei que foge devia ser punido pela História, que foge porque o seu país é atacado, diga-se. Mas Portugal jamais reagiu a tal aviltamento, o facto de ser o Brasil o local da fuga iliba o monarca aos olhos do país. Com ele, foi um séquito, um mundo hierarquicamente constituído e não faltaram os fidalgos de província que, cansados de morgadio peninsular, quiseram novos escravos, mais genuínos e dóceis. Uma fidalguia desgastada e enraizada em modos feudais dá agora azo à sua megalomania, fundando um complexo conceito social, onde eles reinam de forma autónoma. E, assim, a noção de um Império é lá que se funda com o primeiro Imperador. Da ala liberal nascem paradoxalmente os grandes e primeiros bastardos da Nação. É preciso inovar na base de uma mensagem vinda de outros locais e esquecer, como em 1383-85, o Povo. A partir de um certo momento há que fazer como todos fazem se, se deseja a noção de “status”. O Povo é sempre essa massa anódina de mercenários e valentes que se levantam quando as causas e os discursos não resultam. Certos de que ele no seu labor de séculos há-de aguentar – por outro lado há quem não possa partir – o território tem de estar assegurado por aqueles a quem a vida dura não permite sonhos de grandeza. Há que guardar a reserva daquilo que o fez acontecer mantida a duras penas, dado que os Governos a partir daí foram formações de ajuda a outros Impérios, quiçá, não tão belos, mas mais poderosos. Aquilo que consideramos pequeno fica para o fim, e assim, sem atenção às gentes, Portugal se foi tornando paralisante, em cada etapa mais agonizante, dando para sempre a ideia de quem aqui fica não foi bem sucedido.

Mas toda esta noção implicou uma constante falta de rigor e a mais básica noção de Estado, eles são feitos para as pessoas e não o contrário. E assim nos fomos tornando aventureiros, numa aventura de sobreviventes que correm contra o seu próprio mito. Foi destas águas muito turvas que nasceu o fazer improvisado, o milagre da acção, a vida enquanto excepção e nunca como regra. Ficou-nos o sabor amargo dos que se vão quando mais precisamos deles, a desconfiança nos Governos, a deriva das ilusões. Desenvolvemos uma psicose colectiva que é a megalomania “ o melhor do mundo, o maior do mundo, o mais poderoso do mundo, o ardor infinito pelos nossos egos abandonados à loucura do transtorno… uma infinidade de sintomas digno de diagnósticos e de ajudas. Em vez de nos exaltarmos colectivamente na base da justiça ou da fraternidade, tornámo-nos sagazes nas artes do enredo, mesquinhos a ver o outro, medrosos a negociar, com artimanhas tais que cada um quer ser o poder de um centro que lhes falta. Há uma periferia amarga muito para lá da geográfica, e, como que aluados olhamos o mar de onde nos vem um horizonte sem lei para nos perdermos por aí fora. A terra fundada é um local onde se sofre. Mansamente, porque a escala contém as vontades e os ritos marciais que fariam bem para desanuviar os traumas. Não sendo possível anular a agressividade, comemo-la como um espectro abafante dando origem a uma má postura física e uma enevoada visão psíquica. O rebordo destas duas faz-se muitas vezes pela auto-imagem desgastada até às calendas de um inferno qualquer, e, como reféns, vivemos no torpor de todas as prisões.

Claro que continuamos a ir para o Brasil, é lá que ainda está a «Ilha dos Amores» ou ele vem até cá para nos mostrar o quanto estamos cansados. Os homens portugueses amam o exotismo erótico do povo que ajudaram, pensam, paternalmente a construir, dá-lhes a soberania dos machos Alfas, ao lado das suas mulheres, que eles por séculos abandonaram, e se tornaram dirigistas e muito responsáveis nas acções, a mulher portuguesa é quase um macho disfarçado . É valente, sim. Esteve quase sempre a sós ao comando da Nação. A protecção que lhes é devida, foi e continua a ser muito baixa. Eles que já são poucos e se vão, fundam novos sistemas “coloniais” abraçando as causas que lhes foram negadas enquanto machos dominantes. Neste vaivém, quem fica para trás, que sobreviva, porque também a própria estrutura e justiça da época não está para contemplar o feminino.

Levando os levantes de literaturas há muito gastas no Velho Continente, montam as suas bancas de uma inventividade que passou e de uma originalidade que foi palco vai para uns cem anos. Transportam assim os fantasmas de uma modernidade que nunca viveram e com ele encantam indígenas e anfíbias populações autóctones. Não seria possível brilhar tanto entre aqueles que sabem mais. Por isso, estendem lá as suas tendas de “artes mágicas” quase sempre falhas de talento, mas ousadas na acção, e sempre malsã, de antigos colonos.

Não falando na grave forma do ninho de víboras dos nazis e vândalos europeus que se escondem na selva Amazónica e de toda a espécie de condutas que o Velho Continente não quer, eles têm a largueza que se estreita cada vez mais a nossos olhos. A mentalidade de antigos negreiros não foi abolida e, por vezes, existe na memória colectiva, tensões. O Instituto Camões padece de soberania nacional tendo-se tornado um feudo da cultura brasileira, que fazem teses, milhões de teses acerca do Eça de Queiroz. Não passaram de um certo realismo de opereta, na vasta sanzala de uma cultura artificial. Salvam-se os poetas, dos melhores da Língua Portuguesa mas que, dados à economia verbal e à beleza pujante, nem sempre têm como mereceriam aqui lugar. O território é deles, cantam, dançam, levam a “boa-nova” como outrora nos seus casarios de fidalgos de província. Nunca deixaram de o ser perante uma elite embevecida com os antigos amos.

Os que ficaram, porém, muitos foram literalmente corridos- dos bons- não precisaram de fugir, e quando a Nação estava mais triste do que nunca, ainda lhe apararam as lágrimas deixaram testemunho das suas inolvidáveis obras, e com estranho amor ainda lhe sorriram. Não tiveram pedaço de terra que fosse sua, foram maltratados em todos os regimes e continuaram sonhando um país, afinal, que lhes deve tudo. O resto são mercadores, torna-viagem, esperteza saloia e incómodo ao próprio génio de ser. São esses que farão sempre falta a uma Nação assim, paralisada e imprópria, para o melhor das suas gentes.

Se morrer fosse tão fácil como deixar de existir, diria que o sol dos trópicos os há-de queimar para sempre no coração da Nação que, cansada de abutres, está agora a tentar sobreviver ao último estandarte da usura desenfreada, tal qual fizeram com o ouro que lhes veio do Brasil, numa ânsia de fazer brilhar o país de todas as ruínas.

25 Jun 2015

IASM, mas não mefost

[dropcap style =’circle’]O[/dropcap] Instituto de Acção Social de Macau tem na sua sigla a segunda coisa mais misteriosa, intrigante, suspeita e tétrica. A primeira é o próprio instituto, mas antes de lá irmos, ou melhor, “irsm”, em IASMês (“IASMS”, em IASMês). Este IASM é uma delícia de se pronunciar, experimentem e digam lá se não é: “IASM…“. A experiência pode variar conforme o gosto do freguês; há quem diga o “a” mais aberto, como se estivesse a classificar segundo a pontuação uma sigla que nem sequer forma uma palavra existente. Tristes. Depois há os que prolongam o “m”, como quem sub-repticiamente confessa o que acha disto de dizer as siglas como se fossem palavras. Sabiam que eu NUNCA dizia “IASM”, e quando me referia ao dito cujo dizia “instituidaçãosocial”, assim depressa, mas deixando bem claro que as pessoas entendiam. As pessoas, essas, falavam-me desse tal “IASM”, como se fosse obrigatório toda a gente saber que este som de gato engasgado é a sigla do Instituto de Acção Social de Macau.

Por acaso a primeira vez que ouvi alguém pronunciar isto, quase ia a correr à primeira tasca que encontrasse buscar um copo de água, que este era dos grandes, mas afinal não. O IASM dito “IASM” é outra coisa, minha gente. Permitam-me a ousadia: nunca tive um, mas julgo que a sensação com que fico depois de dizer “IASM” é comparável com o que se sente durante o orgasmo clitoriano – e repito: nunca tive um, e não é por vergonha, ou por não querer. É que, pronto, já sabem, cortaram-me as pernas à partida, mas pelo menos foi a única coisa que cortaram.

Reparem como os IASMOS (“IASMS”, em IASMês) quiseram mudar de nome, ficando apenas designados por Instituto de Acção Social – ou IAS. Não cola, desculpem, IAS mas agora não vais porque eu não quero. É que só IASM tem o encanto e a musicalidade dos pássaros, nomeadamente as gralhas, corvos, abutres e outros passarões dos mais feios e execráveis que existe. Só IASM se coloca no patamar daquelas localidades brasileiras com nomes épicos, como a cidade baiana de Uauá (do tupi: pirilampo, ou “vaga-lume), ou ainda o estado do Piauí (do tupi: rio dos “piaus”, uma espécie de peixe). A diferença é que IASM não é rio, nem peixe, nem pirilampo nenhum, não senhor. O que é o IASM, afinal, que mais soa a um “miasma” cortado nas pontas, e quem sabe igualmente nocivo?

Julgo que o IASM quis tirar o “M” de Macau do nome para assinalar a deserção que fez da própria Macau, virando-lhe as costas. Não sei alguma vez a encarou, ou pelo menos a camada de Macau que têm a responsabilidade de encarar de frente, e dar-lhe uma mãozinha AMIGA. Atenção, não interpretem este “dar uma mãozinha” como que sugerindo uma agressão ou outro qualquer comportamento violento. Parece excesso da zelo da minha parte estar aqui a referir isto, mas depois explicar isto dez vezes à polícia até ficarem convencidos (e nem sempre ficam), é que deve ser o cabo das Tormentas. Claro que estou a falar desta polícia, de cá, a de Macau.

Nem foi com grande espanto que vi lá uma senhora IASMA (“IASM”, em IASMês) a falar do caso da agressão a uma idosa de Macau, levada a cabo pela sua própria filha, e num local público, junto do Fai Chi Kei. Estavam todos dados, dados pelo (e esta, hein?) pelo próprio IASM, e assim com o próprio, tudo em siglas. Assim sendo, “A família estava referenciada e vinha sendo seguida por nós”, traduzido do IASMes fica qualquer coisa como “tínhamos lá o nome na nossa lista de pessoas que se podem matar umas à outras a qualquer instante, a qualquer momento, e quem sabe agora enquanto estão a ler isto, realiza-se precisamente uma orgia de sangue e carnificina, mas quando os íamos visitar durante dez minutos uma vez por semana, não existiam indícios de violência; pelo menos todos tinham as tripas para dentro, os maluquinhos, coitadinhos”. Sim, eram todos maluquinhos, porque só quem é maluquinho, ou velhinho, ou as duas coisas, fica sob a irresponsabilidade do IASM. Não, não é gralha, é “irresponsabilidade”, mesmo.

Esperem, minto (logo existo)! Há os drogadinhos, coitadinhos, que deviam era estar todos presos, os malandros. O IASM tem aquilo que nenhum departamento de qualquer governo em todo o Braço de Orión tem. O quê, exactamente? Sei lá, se estou a dizer que é algo que não tem paralelo em todo o sistema solar, como é que posso ter uma referência, ou um nome? Não deve existir palavra que designe aquilo, é assim, estão a ver o que é “ter lata”? Pois, mas imaginem que iam a sorrir dizer à imprensa que o vosso departamento é um fracasso e a culpa não é de ninguém. Só assim pode alguém da Comissão de Luta Contra a Droga, do IASM, vir apresentar os resultados do seu “combate” nestes termos:

“Nós, que andamos aqui a combater a droga, vínhamos apresentar os resultados do nosso esforço, que nem é tão mal pago quanto isso: há mais droga, aumentou o consumo e o número de consumidores. Ah, porque tomam em droga em casa, e não se injectam nos autocarros e nas aulas de yoga, e por isso ninguém sabe. Porquê? Uma das razões pelas quais se drogam é para ‘se divertirem’. Imagine, e nós que sempre pensámos que era porque gostavam de sofrer. Fazer o quê? Ah, sei lá, não podemos andar com eles pela trela, não é? Olha, penas mais pesadas, que assim não chateiam ninguém, e os nepaleses em Coloane que os aturem”.

Com aquele incidente velhinha foi a mesma coisa, assim como uma conversa de café: “ah, aquela que deu um arraial de porrada na velha dela? A gente conhece a tipa. Tem problemas, ou lá o que é”. Diplomático foi o secretário Alexis Tam, que sugeriu ao IASM que “estivesse mais atento”, e nas entrelinhas podia-se ler ainda “e façam qualquer coisa, mais do que esse pior que nada, que é só que sabem fazer”. Foi diplomático agora, mas não se admirem se um dia destes aparece por aí a circular um vídeo onde aparece o IASM a levar socos e biqueiradas, sentado numa cadeira de rodas. Fica arriscado a isso, como tudo na vida, e quem é que pode mudar o destino? Não, não é o IASM. Era só uma pergunta retórica…

25 Jun 2015

BNU | Sucursal de Henqin abre em 2016 e banco anuncia novidades

[dropcap style =’circle’]O[/dropcap]CEO do Banco Nacional Ultramarino (BNU), Pedro Cardoso, prepara-se para inaugurar a sucursal da instituição na Ilha da Montanha entre Julho e Dezembro de 2016. “Esperamos que no próximo mês o projecto [da Ilha da Montanha] possa ser entregue às autoridades da China e a nossa expectativa é que no início do segundo semestre de 2016 possamos estar já com os nossos clientes a celebrar a abertura desta agência”, revelou Pedro Cardoso, CEO do BNU.
A estratégia que levou a cabo o posicionamento na Ilha da Montanha é justificada pelo responsável como futuro local de apoio aos clientes residentes em Macau, mas que detêm negócios na China, como são imobiliário, lojas ou empresas de grande envergadura. Ontem foi ainda apresentada uma novidade, à margem da inauguração da exposição dos 113 anos de existência do BNU, na Residência Consular: a empresa vai lançar um novo cartão de crédito já em Julho.
“No próximo mês vamos lançar um cartão de crédito extremamente único e inovador em Macau e ao qual vamos dar grande destaque”, revelou o responsável.

Reservas na net

Além disso, Pedro Cardoso frisa a mais recente aplicação do BNU, que permite reservar notas de moedas estrangeiras via internet. “É uma dificuldade que notámos que existe aqui em Macau quando querem comprar moeda estrangeira e para maior conforto dos nossos clientes, basta ir ao website, requisitar as notas e no prazo máximo de dois dias úteis, as notas estarão disponíveis nos balcões”, explicou o CEO da instituição.
Quanto a um balanço da performance do BNU, Pedro Cardoso diz estar “confiante”, mesmo ciente de que este está a ser um ano “difícil”, algo justificado por uma queda da economia. Já no que diz respeito ao posicionamento que diz ser “único” do BNU no mundo, o CEO mostrou-se positivo, uma vez que, como parte da Caixa Geral de Depósitos, passa por ser uma importante ponte de ligação entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Finalmente, Cardoso fala de uma “novidade” que não descortinou, mas que assegura estar relacionada com um “passo muitíssimo grande no sentido de fechar a ponta que nos está a faltar, que é ter o apoio da China continental [com estes países]”.
Também o CEO da CGD, José Agostinho Matos disse aos média que a instituição bancária do território teve uma “evolução muito positiva” e que a abertura de mais uma sucursal é apenas parte de um processo natural. “O BNU sempre esteve relativamente imune àquilo que se passou na área europeia e em Portugal em especial, até porque a nossa actividade internacional foi relativamente positiva, seja aqui na China ou em África”, confirmou o dirigente do banco português.

25 Jun 2015

Pilotos do WTCC interessados em voltar à Corrida da Guia

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]iago Monteiro, Rob Huff, Tom Coronel e Yvan Muller são alguns dos nomes que nos habituamos a ouvir nas notícias no mês de Novembro. Por dez anos consecutivos, o Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC) visitou Macau e alguns destes senhores, todos eles conceituados pilotos de carros de turismo, fizeram parte do quotidiano da semana do Grande Prémio.

Contudo, o WTCC despediu-se no final de 2014 do Circuito da Guia e este ano a principal corrida de turismo, cujos regulamentos abrem a porta ao novo conceito de carros de turismo TCR, terá outros intervenientes. A boa notícia é que o WTCC viu-se obrigado a mudar de data da sua última corrida no Qatar, que coincidia com o Grande Prémio do território, permitindo agora aos pilotos do mundial de carros de turismo participarem na “Corrida da Guia de Macau 2.0T – Suncity Grupo”. E o interesse existe.

“Mesmo que o WTCC não volte, não quer dizer que eu não venha cá! Tenho de arranjar alguma coisa para vir a Macau. Há muitas corridas por aí…”, disse Tiago Monteiro ao HM no passado mês de Novembro, enquanto acrescentava que esta decisão vai depender da Honda. “Só tenho 38 anos e vencer em Macau é sempre uma esperança”, relembrou o português.

Monteiro é piloto oficial da Honda no WTCC e foi a sua equipa, a italiana JAS Motorsport, quem construiu e é responsável pelo desenvolvimento dos Honda Civic do novo campeonato TCR International Series.

Ambição de vencer

Esta semana, ao saber das alterações do calendário do WTCC, também Rob Huff mostrou interesse em regressar à RAEM. “Sou o piloto de carros de turismo com mais vitórias [no Circuito da Guia] e gostaria de tentar estender esse recorde” disse Huff ao portal TouringCarTimes.com.

O vencedor de sete corridas do WTCC no Circuito da Guia lembra que há “obviamente mais oportunidades” de voltar agora em carros de turismo e disse acreditar nesta hipótese para regressar à sua “pista favorita”. O piloto britânico está confiante que terá ofertas para voltar à prova, porém terá ainda que ter a autorização do construtor automóvel russo Lada, com quem tem contrato no WTCC e que não está envolvido no TCR.

O regulamento da “Corrida da Guia de Macau 2.0T – Suncity Grupo” ainda não está acessível, no entanto, de acordo com Chong Coc Veng, Coordenador da Subcomissão Desportiva da Comissão do Grande Prémio de Macau, este ano, “a Corrida da Guia será realizada sob os regulamentos de carros 2.0T. Muitas marcas e modelos estarão aptas a competir, incluindo as que participam no TCR”. O responsável acredita que se pode esperar “esperar uma competição acérrima, o que já é habitual na Corrida da Guia”.

25 Jun 2015

“Nada Tenho de Meu” – #01

“Nada Tenho de Meu, um Diário de Viagem no Extremo Oriente”

Autoria: Miguel Gonçalves Mendes, Tatiana Salem Levy, João Paulo Cuenca
Montagem: Pedro Sousa
Narrador: Siung Chong
Desenho de Som: 1927 Audio
Tema Original: Pedro Gonçalves
Produção: JumpCut

24 Jun 2015

Não temer a perda

serhumano[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]inguém me levaria a mal de ser um poucochinho, porque esse é o poucochinho que todos sonhamos talvez ser. Mas acrescentar algo ao curso das coisas revela-se uma tarefa difícil, por vezes morosa, doutras absurda.

Existe uma quase crença na assumpção de que nos definimos pela dor e contra ela. A dor cerceia os territórios, ensina-nos onde podemos ir e que espaços nos estão vedados, interditos. A dor é uma paidéia, um curso inferior que nos constrói como sujeitos, ora tementes ora desafiantes.

É que existem limites para a dor, para a paciência do animal constantemente submetido a uma qualquer tortura, seja ela de ordem física, mental ou social. E, quando esses limites são atingidos, o animal ousa finalmente mostrar os dentes. É o princípio de todas as revoluções.

Para evitarmos a dor muitas vezes nos encolhemos, nos menorizamos, tendemos a desaparecer dos quotidianos, na organização proposta, nas tarefas que nos matam ao matar o tempo. É por termos evitado a dor, na forma de humilhação ou desprezo alheio, que muitos de nós não estão com a pessoa que realmente amaram ou na profissão que realmente as realizaria.

Para ser é preciso, dizem, sofrer. Nunca gostei desta ideia porque entendo que mesmo a experiência da dor, do desconforto, não significa obrigatoriamente sofrimento.

Qualquer mudança é um incêndio e a contemplação das chamas um prazer eufórico. Porque somos humanos, temos uma capacidade acrescida de colorir as nossas sensações e os nossos medos. De modo a realmente fruir e a desenvolver coragem.

Para ser mais, não se pode temer a perda.

24 Jun 2015

Do destino – 2

[dropcap type=”2″]H[/dropcap]á quem nunca consiga por em prática os seus talentos ou inteligência; ou, mesmo quando consegue, é sem grande consequência. Há quem não chegue a qualquer resultado, apesar de ter talentos e inteligência comparáveis a Confúcio.

As pessoas, vendo alguém de conduta irrepreensível, lhe perguntam: “Como explicar que, com a sua sabedoria, nunca tenha recebido honrarias?” A outrem, avisado e ponderado, dirão: “E você, tão astucioso e inteligente, porque nunca enriqueceu?”

Ora, a riqueza e as honrarias dependem do destino e da sorte, não da sabedoria e da inteligência. Eis porque se diz que não se pode contar com a riqueza e que os talentos não chegam para garantir honrarias. Pessoas inteligentes e avisadas não conseguem fazer fortuna; outras, perfeitamente capazes, não conseguem arranjar emprego. Os detentores [de sinetes] em prata, ou de [sinetes] suspensos de cordões púrpura [NT – altos funcionários], não são necessariamente do calibre de Ji ou Xie [NT –conselheiros míticos]; nem todos aqueles que acumularam ouro ou jade são tão engenhosos como Zhu de Tao [NT – conselheiro que se dedicou aos negócios]. É possível encontrar refinados idiotas que possuem grandes quantidades de ouro e imbecis entre os grandes dignitários locais. Funcionários de iguais capacidades têm cargos diferentes por causa dos seus destinos; dado não terem a mesma sorte, mercadores de capacidades comparáveis não acumulam as mesmas riquezas. A sorte dita que alguns sejam ricos e outros pobres e a inteligência nada nisso pode mudar; não são as competências que decidem promoções ou despromoções, mas sim o destino.

O rei Cheng era menos dotado do que o duque de Zhou e o duque Huan [de Qi] menos inteligente do que Guan Zhong, mas o rei Cheng e o duque Huan conheceram a glória, enquanto que o duque de Zhou e Guan Zhong nunca passaram de subalternos. Devemos recordar que numerosos soberanos antigos se instruíram com seus súbditos e que muitos destes, dotados e inteligentes, foram seus tutores. Mas tal não impediu os primeiros de serem os amos, mesmo que fossem incompetentes, enquanto que os seus brilhantes súbditos não passaram de servos – ora isto sucede porque o estatuto social não depende da sabedoria, mas do destino, e porque o sucesso material não é função da inteligência, mas da sorte reservada a cada um.

Os nossos oradores afirmam que os mais competentes devem ocupar as mais altas funções e que os outros devem labutar nos ofícios da terra ou do comércio.

Sempre que vêem um homem capaz e inteligente falhar na sua carreira oficial, espantam-se e acusam: “Deve ser um problema da sua conduta moral!” E àqueles que cuja moral é irrepreensível [mas que também falham], fazem a acusação inversa: “Trata-se, sem dúvida, de um incompetente!” Não lhes ocorre que uma pessoa pode muito bem dar provas de grande inteligência e de uma moralidade perfeita, mas que é sempre o destino a decidir o seu sucesso.

Quando uma pessoa capaz e inteligente gera os seus interesses numa época que lhe é favorável e é bem sucedida, interpretamos isso como prova das suas capacidades; mas outra pessoa, a quem o destino seja hostil e só conheça a desgraça, vê-se classificada de estúpida. Eis o que é ignorar que o destino pode ser fasto ou nefasto, a sorte favorável ou desfavorável.

*O destino e a sorte: ming lu [命 祿]. As palavras ming e lu referem-se a dois aspectos do destino: o ming define o sucesso social, o estatuto, enquanto que o lu determina a riqueza, o sucesso material. Curiosamente, lu designa também o salário de um alto oficial na China antiga.

24 Jun 2015

Pequim convidou tropas estrangeiras para parada militar

[dropcap style=’circle’]A[dropcap] China convidou militares estrangeiros para participarem na parada comemorativa do 70.º aniversário do final da II Guerra Mundial, numa iniciativa inédita no país, marcada para 3 de Setembro em Pequim, anunciou ontem um responsável da organização.
É também a primeira vez que a efeméride vai ser assinalada com uma parada militar e este ano, igualmente pela primeira vez, o dia 3 de Setembro será feriado nacional na China.
“Esperamos que através desta parada deste ano, história e futuro fiquem ligados”, disse Qu Rui, vice-chefe de operações do estado-maior do Exercito Popular de Libertação (o nome oficial das Forças Armadas chinesas), numa conferência de imprensa em Pequim.
O responsável não identificou os países convidados.
“Enviámos os convites e as tropas estrangeiras que desejem participar na parada são bem-vindas. O convite mostra o desejo da China e de todos os povos de manter a paz mundial”, afirmou Qi Rui.

Saudações cordiais

Na mesma conferência de imprensa, Wang Shiming, vice-director do Departamento de Propaganda do Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), saudou o “o precioso apoio” que outros países deram à China durante os oito anos da “guerra contra a agressão japonesa” (1937-45).
Além da antiga União Soviética, que descreveu como “o primeiro país a ajudar a China”, Wang Shiming mencionou os Estados Unidos, Reino Unido e França, e ainda “pessoas de dezenas de outros países”.
“O povo chinês nunca esquecerá o precioso contributo de pessoas de muitos países”, disse.
Wang Shiming considerou, contudo, que “falta a alguns ocidentais uma objectiva e justa avaliação do papel da China na guerra mundial contra o fascismo”.
Segundo estimativas chinesas, o número de baixas, civis e militares, sofridas pela China durante a guerra excede os 35 milhões.
O 3 de Setembro foi instituído o ano passado como Dia Nacional da Vitória da China na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa.
A data evoca a rendição do Japão, assinada a 2 de Setembro de 1945 a bordo de um navio da marinha norte-americana pelo então ministro japonês dos Negócios Estrangeiros
 

24 Jun 2015

Terrenos | Pelo menos quatro dos 16 não recuperados pertencem a deputados

Angela Leong, Chan Chak Mo e Cheung Lap Kwan. São pelo menos estes os deputados que detêm parte dos 16 terrenos que não reuniram condições de caducidade. Outro dos espaços diz mesmo respeito ao projecto do Studio City e, na maior parte dos casos, o Governo tem responsabilidades na matéria

[dropcap style =’circle’]O[/dropcap]Governo divulgou ontem os detalhes dos 16 terrenos que não reuniram condições para ser declarada a sua caducidade e que, por isso, não serão revertidos para o Executivo. Quatro deles pertencem a empresas detidas por deputados da Assembleia Legislativa (AL), para além do terreno onde está a ser construído o Studio City, projecto da Melco Crown Entertainment – que deverá estar concluído dentro de meses. Os despachos do Boletim Oficial (BO) foram fornecidos pelo Executivo no âmbito de uma reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e o Governo admitiu que a concessão não é nula por sua culpa.
Um dos terrenos pertence à empresa Sociedade Macau Parque Temático e Resort SA, da deputada directa e administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) Angela Leong, e do deputado indirecto Chan Chak Mo. A este terreno está ainda ligado o deputado indirecto e irmão do Chefe do Executivo, Chui Sai Cheong, que chegou a ser um dos administradores da empresa, juntamente com o empresário de Hong Kong Anthony Wong. O projecto do parque foi apresentado em 2010, assumia-se independente da SJM e contava ainda com a colaboração do também deputado nomeado Vong Hin Fai. Segundo explicações de Ho Ion Sang, deputado que preside à Comissão da AL, estaria a ser pensado um parque temático, zonas comerciais e um espaço gastronómico no Cotai.
“Segundo a explicação dada, na altura, havia intenção de construir um heliporto e um centro de formação profissional. E tinha que ser emprestado este terreno para essas finalidades. Com o empréstimo, o terreno não podia ser utilizado para o aproveitamento definido. Neste caso, é uma responsabilidade imputada ao Governo”, explicou Ho Iong Sang. A este terreno tem ainda
Angela Leong está ainda ligada a um outro terreno localizado na Taipa e detido pela Companhia de Investimento Jockey Lda, uma vez que a deputada é vice-presidente do Macau Jockey Club.
Cheung Lap Kwan, deputado indirecto, detém um terreno na zona do Cotai, a sul da Marina Taipa-Sul, através da Companhia Great China, que serviria para “desenvolver um projecto de natureza turística e recreativa”. O despacho, de 2004, ainda foi assinado pelo antigo Secretário das Obras Públicas e Transportes, Ao Man Long.

Na ribalta

Mas o caso mais flagrante diz respeito ao terreno onde está a ser construído o Studio City, projecto de uma cidade cinematográfica da operadora de Jogo Melco Crown Entertainment que está quase a entrar em funcionamento. O despacho, assinado pelo anterior Secretário da tutela, Lau Si Io, foi assinado com a Sociedade Studio City Desenvolvimentos Lda, que chegou a ter a designação de East Asia TV para Satélite Lda.
Raimundo do Rosário, actual Secretário, não quis revelar detalhes à saída da reunião, tendo apenas garantido que toda a informação estará a partir de hoje disponível junto do público no website da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Angela Leong participou na Comissão da AL, mas não fez quaisquer declarações à saída.
A falta de recursos humanos e o excesso de trabalho na tutela das Obras Públicas originaram “falhas administrativas” que terão levado aos atrasos nos processos. Tal originou a situação de terrenos estarem com projectos praticamente concluídos, ainda sem a concessão definitiva concluída. A entrada em vigor da Lei de Terras e da Lei do Planeamento Urbanístico obrigou o Governo a rever todos os contratos, o que não aconteceu.
“As Plantas de Condições Urbanísticas, o Governo não conseguiu emiti-las atempadamente. Para a construção de um empreendimento há que ter a concepção e a elaboração de projectos que necessitam de uma planta de condições urbanística e o Governo não conseguiu facultar essas plantas. Noutros casos, o concessionário fez um pedido e o Governo não deu resposta, atrasando o processo”, explicou Ho Ion Sang. Raimundo do Rosário terá garantido à Comissão que vai criar um grupo de trabalho para fiscalizar melhor este tipo de casos.
Hoje, a lista com os nomes das empresas será publicada, sendo que ontem os jornalistas tiveram acesso apenas aos despachos, alguns deles não disponíveis por inteiro na internet.

____________________________________________________________________________________

Os terrenos e as empresas

– Avenida da República, Fortaleza de São Tiago da Barra, da “Sociedade Hoteleira e de Turismo S.Tiago Limitada”. Destinado à construção de um hotel
– ZAPE, empresa desconhecida, destinado a habitação
– ZAPE, empresa desconhecida, destinado a habitação
– Terreno para o empreendimento “Fecho da Baía da Praia Grande”. Empresa desconhecida
– NAPE, da sociedade “Macau – Obras de Aterro Limitada” e “Sociedade Fomento Predial Omar, Limitada”. Destinado a habitação
– Ilha da Taipa, aterro do Pac On. Empresa desconhecida
– Estrada da Ponte de Pac On, Taipa, empresa desconhecida
– Ilha da Taipa, empresa desconhecida
– Estrada Marginal na Ilha Verde, empresa desconhecida
– Taipa, Companhia de Investimento Jockey Lda
– Cotai, Macau Parque Temático e Resort SA
– Estrada da Ponta da Cabrita, Associação Unida das Três Religiões, Confuciana, Budista e Tauísta de Macau, destinado à expansão do cemitério “Hau Si”
– Cotai, Companhia Great China, destinado a empreendimento de turismo e lazer
– Cotai, Studio City Desenvolvimentos Limitada, construção do empreendimento Studio City, da Melco Crown Entertainment
– Oeste da Doca nº 2, Ilha Verde. Empresa desconhecida

24 Jun 2015

Turismo | Número de visitas e excursões aumenta menos de 1%

[dropcap style =’circle’]O[/hojedropcap]número de visitantes em Maio aumentou 0,9% comparando com o mesmo período do ano passado, a grande maioria sendo excursões. Estas totalizaram 54,4% dos turistas em Macau em Maio, ou seja, mais 2,6% do que no mesmo mês de 2014. O tempo médio de permanência dos turistas foi de 2 dias, enquanto os excursionistas ficaram-se pelo território por menos de um dia.
Os números, avançados pelos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), referem ainda que a maioria dos turistas continua a ser de nacionalidade chinesa, nomeadamente de Guangdong, Fujian e Hunan, tendo chegado ao território mais de 731 mil pessoas da província vizinha. Os valores apontam para uma subida progressiva do volume de turistas de Hong Kong, de Taiwan e da Coreia, tendo-se registado um aumento homólogo de 5,1%, 0,6% e 31,4%. Também os visitantes originários do Reino Unido e dos EUA aumentaram significativamente face a Maio do ano passado.
A DSEC avança ainda que a grande maioria entrou no território por via terrestre, tendo feito uso das fronteiras das Portas do Cerco e do Cotai. No entanto, registou-se igualmente um acréscimo no número de pessoas que optaram pela via marítima, com mais 5,8% dos visitantes a chegarem de barco, o que perfaz mais de 990 mil pessoas.
No Aeroporto de Macau aterraram 172,9 mil pessoas, o que também representa um acréscimo face ao mesmo período do ano anterior, embora menos significativo. Um relatório mais geral mostra que entraram na RAEM cerca de 12,5 milhões de pessoas de Janeiro a Maio passados, o que representa uma queda do número de turistas, quando comparado com 2014.

24 Jun 2015

Tribunal | Pena de censura aplicada a advogado

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m advogado inscrito na Associação dos Advogados de Macau (AAM) foi punido com pena de censura, depois de ver por duas vezes o seu pedido recurso negado. O caso diz respeito a um processo disciplinar instaurado pelo Conselho Superior de Advocacia contra um outro advogado. O arguido iria servir de testemunha, em 2009, mas nunca compareceu nem na data primeiramente marcada, nem nas outras seguintes. O Conselho Superior da Advocacia aplicou então ao homem, que não vem identificado no acórdão ontem tornado público, uma pena disciplinar de censura.
O advogado interpôs recurso contencioso de anulação da pena para o Tribunal de Segunda Instância, em 2013, um ano depois da pena, considerando existirem erros na apreciação dos factos: o homem diz que ligou à secretária do Conselho para transmitir a sua impossibilidade de comparência, “não se podendo, deste modo, concluir que o mesmo violasse o dever profissional”. O advogado considerou ainda que a pena disciplinar de censura era excessiva e desproporcional e, a par disso, apresentou um requerimento apontando que desde a prática da alegada infracção disciplinar até à notificação da punição disciplinar já decorreram três anos, pelo que o procedimento disciplinar está prescrito.
O TSI não concorda, dando, entre outros fundamentos, o de que “se todos os advogados não colaborassem com o Conselho, faltando injustificadamente às diligências instrutórias de processo disciplinar, o Conselho não conseguiria exercer o poder disciplinar legalmente conferido”. Mas mais. “O [homem] faltou injustificadamente duas vezes à diligência instrutória, não confessou os factos, nem se mostrou arrependido (…), pelo que não se afigura que a aplicação da pena de censura seja excessiva ou desproporcional.” O TSI negou, então, provimento ao recurso, fazendo com que o advogado recorresse ao TUI, que teve a mesma opinião.

24 Jun 2015

Ensino | Mais subsídios para escolas e estudantes

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo anunciou ontem oficialmente o aumento em 8% e 6%, respectivamente, dos subsídios às escolas associadas ao programa de escolaridade gratuita e de propinas. Através de dois despachos, publicados em Boletim Oficial e que produzem efeitos a partir de 1 de Setembro, quando tem início o ano escolar, Chui Sai On actualiza os montantes pagos às escolas particulares que estão associadas ao programa de escolaridade gratuita desde o ensino infantil até ao final do secundário bem como os subsídios de propinas pagos aos alunos do ensino particular não integrado na via gratuita.
Para as turmas dos ensinos infantil e primário com mais de 25 alunos e menos de 35 alunos, o Governo passa a pagar anualmente um montante que varia entre as 880 mil e as 971 mil patacas.
Para as turmas do ensino secundário geral, com o mesmo leque de estudantes, o subsídio passa a ser de 1,18 milhões de patacas e para as turmas do ensino secundário geral de 1,34 milhões de patacas, aumentos que traduzem uma subida de 8% no montante a atribuir.
Também em Boletim Oficial, o Chefe do Executivo publica outro despacho em que actualiza em 6% os subsídios de propinas destinados a apoiar residentes de Macau que frequentem os ensinos infantil, primário e secundário em instituições particulares e que não beneficiem do regime de educação gratuita.
Com este despacho, Chui Sai On eleva para 17.800 patacas o montante anual do subsídio para alunos no ensino infantil, para 19.800 patacas para os alunos do ensino primário e para as 22 mil patacas para os alunos do ensino secundário.
Entre 70 mil a 80 mil crianças e jovens frequentam os ensinos infantil, primário e secundário no território, sendo que a maioria das 70 instituições está associada à rede de escolaridade gratuita.

24 Jun 2015