Andreia Sofia Silva SociedadeFundação Católica diz que processo de escolha de novo reitor está em curso [dropcap]A[/dropcap] Fundação Católica para o Ensino Superior Universitário, entidade que tutela a Universidade de São José (USJ), emitiu ontem um comunicado onde dá explicações adicionais sobre o processo de substituição do actual reitor, Peter Stilwell, sem, no entanto, referir o nome de Stephen Morgan, que foi avançado esta quarta-feira pela TDM Rádio Macau. “No final deste ano lectivo o actual reitor, P. Peter Stilwell, termina o seu segundo mandato à frente da Universidade. Cabe à Fundação Católica escolher e nomear um sucessor, depois de consultados os membros do Conselho Superior da Universidade. A carta de consulta foi enviada aos seus destinatários dias antes do Novo Ano Lunar Chinês e não expirou o prazo de resposta”, lê-se. A mesma nota diz ainda que “com os resultados da consulta em mão, a Fundação Católica irá deliberar sobre a nomeação de um novo Reitor. Nenhuma declaração adicional sobre este assunto será feita até à conclusão do processo”. Além disso, a Fundação acrescenta que “a universidade e a sua actual direcção contam com o total apoio da Diocese de Macau e da Fundação Católica no excelente trabalho que desenvolvem”. À distância É uma fase de mudança interna que obriga também à gestão de uma crise e, por isso, Peter Stilwell não quer falar, para já, do que correu bem e mal no trabalho que desenvolveu como reitor da Universidade de São José (USJ), lugar que ocupou em 2012. No entanto, o ainda reitor comenta a adaptação que a instituição de ensino teve de fazer no âmbito da crise gerada pelo surto do novo coronavírus. Tal levou à adopção do modelo de ensino à distância, com o balanço a ser, para já, positivo. “Neste momento estou totalmente empenhado em conduzir a USJ através do enorme desafio que têm representado as medidas de prevenção contra a difusão do coronavírus”, começou por dizer. “Estamos em estreita colaboração com o Governo, ao mesmo tempo que migramos quase toda a nossa actividade para reuniões e ensino à distância. A participação de todos, alunos, funcionários e docentes, tem sido espectacular. As nossas equipas de IT e de desenvolvimento informático têm sido incansáveis na formação intensiva de toda a comunidade académica. Muito me orgulho do espírito de equipa e de entusiasmo de todos na USJ”, acrescentou ao HM.
Hoje Macau SociedadePeter Stilwell deixa de estar à frente da Universidade de São José [dropcap]S[/dropcap]tephen Morgan, actual director da Faculdade de Estudos Religiosos da Universidade de São José (USJ) deverá ser o novo reitor da instituição de ensino superior privado de Macau, substituindo Peter Stilwell na função. De acordo com a TDM Rádio Macau, Stephen Morgan é próximo do bispo de Macau, Stephen Lee, responsável pela vinda do académico para a USJ. Nascido no País de Gales, Stephen Morgan é doutorado pela Universidade de Oxford. Peter Stilwell confirmou a saída, mas a Diocese de Macau ainda não comentou o afastamento. Os estatutos da USJ foram alterados em Abril de 2017, uma mudança que deu poderes ao bispo de Macau para nomear e demitir o reitor e o vice-reitor da universidade. Ainda de acordo com a TDM Rádio Macau, a Fundação Católica para o Ensino Superior Universitário, que detém a USJ, iria reunir este sábado, encontro que foi cancelado devido à crise do coronavírus. A substituição do ainda reitor Peter Stilwell seria um dos pontos da agenda. Há muito que a saída de Peter Stilwell era uma possibilidade. Em 2015 chegou a ser falada a sua saída no ano seguinte, depois da inauguração do novo campus da USJ na Ilha Verde. Na altura, o próprio reitor falou da vontade de sair. “Para o ano faço 70 anos. Chego à idade da jubilação. É uma idade simpática para me retirar e escrever memórias. Aquilo que não escondo é que, como estamos nesta fase de construção do campus, seria pouco simpático que eu, depois de ter andado a angariar fundos, desaparecesse antes da inauguração”, explicou. Peter Stilwell chegou à USJ em 2012 para substituir Ruben Cabral no cargo. Este foi o grande responsável por uma reestruturação curricular e financeira da USJ.
Hoje Macau EventosUSJ | Relação entre turismo e património em palestra com Gonçalo de Vasconcelos e Sousa Na próxima sexta-feira, a Universidade de São José promove uma palestra que mostra o exemplo de como o turismo pode promover a preservação de lugares históricos numa cidade. Gonçalo Vasconcelos e Sousa, professor da Universidade Católica Portuguesa, traz a Macau o exemplo da recuperação do complexo patrimonial da Terceira Ordem de São Francisco, no Porto [dropcap]O[/dropcap] enorme aumento do turismo que Macau e outras cidades têm vivenciado nos últimos anos levantou questões quanto à capacidade para receber turistas. Nesse sentido, a Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José (USJ) promove na próxima sexta-feira, dia 17, uma palestra intitulada “Património histórico, turismo e desenvolvimento: O caso de estudo da Terceira Ordem de São Francisco no Porto (2016-2020)”. A conversa conta com a presença de Gonçalo Vasconcelos e Sousa, professor da Universidade Católica Portuguesa do Porto (UCP). A ideia é mostrar como um turismo acabou por ajudar à preservação de um lugar histórico. “A cidade do Porto registou um crescimento significativo do turismo, com resultados económicos significativos para a cidade. Nos últimos cinco anos, as receitas do turismo e as oportunidades de negócio alteraram por completo o centro histórico”, explica um comunicado. É neste centro histórico da cidade do Porto que existem as igrejas e o Museu de São Francisco, “um complexo arquitectónico único em Portugal, visitado por quase 400 mil pessoas anualmente”. “A partir das receitas do turismo, em crescimento crescente, houve uma profunda renovação das instituições ligadas ao património cultural histórico. Em adição às políticas de valorização do património material e imaterial, as receitas obtidas tornaram possível a renovação do hospital e a sustentabilidade das actividades promovidas pela Terceira Ordem de São Francisco no Porto”, acrescenta a mesma nota. Um homem das artes No que diz respeito ao orador, Gonçalo de Vasconcelos e Sousa possui um doutoramento em história de arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde também fez a sua tese de mestrado. Entre os anos de 2011 e 2016, foi director do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes e do Centro Interpretativo da Ourivesaria do Norte de Portugal. O professor universitário está ainda ligado à Academia Portuguesa de História e à Academia Nacional das Belas-Artes desde o ano de 2001.
admin EventosUSJ | Relação entre turismo e património em palestra com Gonçalo de Vasconcelos e Sousa Na próxima sexta-feira, a Universidade de São José promove uma palestra que mostra o exemplo de como o turismo pode promover a preservação de lugares históricos numa cidade. Gonçalo Vasconcelos e Sousa, professor da Universidade Católica Portuguesa, traz a Macau o exemplo da recuperação do complexo patrimonial da Terceira Ordem de São Francisco, no Porto [dropcap]O[/dropcap] enorme aumento do turismo que Macau e outras cidades têm vivenciado nos últimos anos levantou questões quanto à capacidade para receber turistas. Nesse sentido, a Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José (USJ) promove na próxima sexta-feira, dia 17, uma palestra intitulada “Património histórico, turismo e desenvolvimento: O caso de estudo da Terceira Ordem de São Francisco no Porto (2016-2020)”. A conversa conta com a presença de Gonçalo Vasconcelos e Sousa, professor da Universidade Católica Portuguesa do Porto (UCP). A ideia é mostrar como um turismo acabou por ajudar à preservação de um lugar histórico. “A cidade do Porto registou um crescimento significativo do turismo, com resultados económicos significativos para a cidade. Nos últimos cinco anos, as receitas do turismo e as oportunidades de negócio alteraram por completo o centro histórico”, explica um comunicado. É neste centro histórico da cidade do Porto que existem as igrejas e o Museu de São Francisco, “um complexo arquitectónico único em Portugal, visitado por quase 400 mil pessoas anualmente”. “A partir das receitas do turismo, em crescimento crescente, houve uma profunda renovação das instituições ligadas ao património cultural histórico. Em adição às políticas de valorização do património material e imaterial, as receitas obtidas tornaram possível a renovação do hospital e a sustentabilidade das actividades promovidas pela Terceira Ordem de São Francisco no Porto”, acrescenta a mesma nota. Um homem das artes No que diz respeito ao orador, Gonçalo de Vasconcelos e Sousa possui um doutoramento em história de arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde também fez a sua tese de mestrado. Entre os anos de 2011 e 2016, foi director do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes e do Centro Interpretativo da Ourivesaria do Norte de Portugal. O professor universitário está ainda ligado à Academia Portuguesa de História e à Academia Nacional das Belas-Artes desde o ano de 2001.
admin SociedadeProtestos | USJ recebe aluna oriunda de Hong Kong [dropcap]A[/dropcap] Universidade de São José (USJ) já tem uma aluna vinda de Hong Kong a frequentar um curso em Macau, no âmbito de um programa de cooperação entre o Governo e instituições do ensino superior do território que pretende dar resposta aos alunos de Macau que estudam no território vizinho. Os dados foram avançados ao HM pelo próprio reitor da instituição, Peter Stilwell, que adiantou ainda que foi feito um outro contacto telefónico que, até ao momento, não teve continuidade. Além disso, “foram feitos dois contactos através de antigos alunos da USJ, procurando informações para parentes ou amigos”. Desde a semana passada que a USJ tem uma linha de atendimento a funcionar para todos os estudantes de Macau que queiram temporariamente concluir o semestre em Macau. No caso do Instituto de Formação Turística (IFT) ainda não foi acolhido qualquer aluno. “Damos as boas-vindas aos alunos para assistirem às aulas. Eles podem fazer as suas escolhas de entre uma variedade de cursos. Também damos as boas-vindas aos alunos que estejam interessados ou que queiram transferir a sua matrícula para o IFT. Esses casos vão ser analisados um a um, uma vez que temos de analisar a equivalência dos programas”, garantiu ao HM o gabinete de comunicação do IFT. O HM tentou entrar em contacto com o Instituto Politécnico de Macau e com a Universidade de Macau (UM), mas até ao fecho desta edição não foi obtida qualquer resposta. Numa resposta enviada depois do fecho da edição, a UM diz ter recebido 50 pedidos de informação. A Direcção dos Serviços de Ensino Superior garantiu que foram recebidos 27 pedidos de informação por parte de alunos de Macau a estudar em Hong Kong.
Andreia Sofia Silva SociedadeProtestos | USJ recebe aluna oriunda de Hong Kong [dropcap]A[/dropcap] Universidade de São José (USJ) já tem uma aluna vinda de Hong Kong a frequentar um curso em Macau, no âmbito de um programa de cooperação entre o Governo e instituições do ensino superior do território que pretende dar resposta aos alunos de Macau que estudam no território vizinho. Os dados foram avançados ao HM pelo próprio reitor da instituição, Peter Stilwell, que adiantou ainda que foi feito um outro contacto telefónico que, até ao momento, não teve continuidade. Além disso, “foram feitos dois contactos através de antigos alunos da USJ, procurando informações para parentes ou amigos”. Desde a semana passada que a USJ tem uma linha de atendimento a funcionar para todos os estudantes de Macau que queiram temporariamente concluir o semestre em Macau. No caso do Instituto de Formação Turística (IFT) ainda não foi acolhido qualquer aluno. “Damos as boas-vindas aos alunos para assistirem às aulas. Eles podem fazer as suas escolhas de entre uma variedade de cursos. Também damos as boas-vindas aos alunos que estejam interessados ou que queiram transferir a sua matrícula para o IFT. Esses casos vão ser analisados um a um, uma vez que temos de analisar a equivalência dos programas”, garantiu ao HM o gabinete de comunicação do IFT. O HM tentou entrar em contacto com o Instituto Politécnico de Macau e com a Universidade de Macau (UM), mas até ao fecho desta edição não foi obtida qualquer resposta. Numa resposta enviada depois do fecho da edição, a UM diz ter recebido 50 pedidos de informação. A Direcção dos Serviços de Ensino Superior garantiu que foram recebidos 27 pedidos de informação por parte de alunos de Macau a estudar em Hong Kong.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSMG | Modelo da USJ e UNL permite prever níveis de poluição atmosférica Um modelo desenvolvido pela Universidade de São José em parceria com a Universidade Nova de Lisboa permite prever os níveis de poluição atmosférica para o dia seguinte. A investigação tem vindo a ser desenvolvida em parceria com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos, que estão a analisar a adopção do novo método [dropcap]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) têm vindo a trabalhar com a Universidade de São José (USJ), em Macau, e a Universidade Nova de Lisboa (UNL) no sentido de melhorar o actual método de avaliação da qualidade do ar no território. O estudo em causa, publicado este mês por uma equipa da USJ, conclui que o método estatístico permite prever os níveis de poluição para o dia seguinte. A investigação foi feita com base na informação meteorológica e da qualidade do ar dos últimos anos para conseguir, com base nos dados do próprio dia e de dias anteriores, prever quais as concentrações de poluentes para o dia seguinte. Até ao fecho desta edição, não foi possível ao HM confirmar, junto dos SMG, quando é que será adoptado este método, mas Thomas Man Tat Lei, investigador da USJ que participou na investigação, assegura que o assunto está a ser estudado. “Trabalhamos com eles para desenvolver este novo modelo (de análise) e (o estudo) foi submetido aos SMG. Sim, (os SMG) estão no processo de implementação do modelo para Macau e deverá ser algo anunciado ao público em breve”, disse ao HM. O investigador não tem dúvidas de que, com a adopção deste método estatístico, a população vai ficar mais bem informada sobre a qualidade do ar do território. “A população vai ficar mais bem informada com o recurso a este método, porque em certas estações de monitorização da qualidade do ar conseguimos ter quase 90 por cento de precisão relativamente à previsão. Vai ser uma enorme melhoria em relação ao passado em termos de operações no futuro, sem dúvida.” O estudo, desenvolvido nos últimos dois anos, contou também com a colaboração de David Gonçalves, director do Instituto de Ciência e Ambiente da USJ. “Este é um trabalho académico que demonstrou que o modelo de previsão é bom, e se os SMG quiserem creio que é possível adoptá-lo”, adiantou David Gonçalves. Joana Monjardino e Luísa Mendes são outras das investigadoras que fazem parte da equipa. Papel da UNL O director do Instituto de Ciência e Ambiente da USJ não deixa de ressalvar a importância da parceria com a UNL, através da Faculdade de Ciências e Tecnologia e do trabalho do seu docente, Francisco Ferreira. “Foram eles que trouxeram o know-how e de facto permitiram a adopção de ferramentas que já estavam estudadas. Outro parceiro foram os SMG, que disponibilizaram os dados que nos permitiram desenvolver o modelo e que têm trabalhado com as nossas equipas para ver se este modelo pode ser adoptado.” David Gonçalves destaca ainda o facto de “este modelo não resolver em nada os problemas de poluição em Macau, mas possibilita, através de uma previsão adequada dos níveis de poluição para o dia seguinte, colocar informações para que a população se possa precaver”. Ao HM, Francisco Ferreira assegurou que esta investigação apresenta conclusões inovadoras para o território. “A cooperação com os SMG, em parceria também com a USJ, tem várias componentes inovadoras, como sejam a metodologia de avaliação e de previsão efectuadas. Sendo um trabalho de cooperação continuada, há novos desafios no sentido de identificar áreas críticas em termos de poluição do ar e fazer uma eventual identificação de soluções que possam vir a ter implementadas.” Estes trabalhos “terão lugar num futuro próximo, onde a investigação dará sem dúvida contributos para melhorar a qualidade do ar de Macau”, frisou. O professor da UNL assegurou que o actual método utilizado pelos SMG para avaliar a qualidade do ar é fidedigno. “A recolha de dados de monitorização da qualidade do ar é feita através de estações automáticas de recolha e transmissão dos valores das concentrações dos diferentes poluentes por equipamentos que são utilizados de forma fiável em muitas cidades e noutros locais de todo o mundo. Efectivamente, através de processos de controlo de qualidade e de acompanhamento dos dados, o que é feito, trata-se de um processo fiável e rigoroso.” Os dados são recolhidos em apenas seis estações de monitorização, com um “equipamento muito dispendioso”, e podem ser complementados “com outros equipamentos de monitorização menos sofisticados, mas que cobrem mais locais, o que está previsto por parte dos SMG”. A UNL também irá acompanhar este processo, “no sentido de ajudar a interpretar a grande quantidade de valores a serem recolhidos”. Informar o público Francisco Ferreira adiantou que a elevada poluição atmosférica registada em Macau não se deve apenas ao tráfego mas também à poluição vinda de fora do território. “Macau apresenta elevadas concentrações de poluentes como o ozono ou as partículas em função das condições meteorológicas e também das emissões no seu território, em particular devidas ao tráfego rodoviário, mas também vindas de outras zonas exteriores.” Neste sentido, “a avaliação da qualidade do ar em Macau é um aspecto muito pertinente para acompanhar a sua evolução, avaliar os efeitos na saúde e acima de tudo para poderem ser pensadas e implementadas medidas que posteriormente podem ser avaliadas”. Com o método estatístico de previsão dos níveis de poluição, será possível adoptar melhores comportamentos que previnam determinadas doenças. “Um dos elementos muito importantes é comunicar ao público da forma mais rigorosa possível a qualidade do ar nos dias seguintes de modo a, em caso de elevadas concentrações de um ou mais poluentes, essa informação poder ser considerada pela população, principalmente por parte dos grupos mais sensíveis (crianças, idosos e pessoas com problemas cardio-respiratórios)”, rematou o docente da UNL.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSMG | Modelo da USJ e UNL permite prever níveis de poluição atmosférica Um modelo desenvolvido pela Universidade de São José em parceria com a Universidade Nova de Lisboa permite prever os níveis de poluição atmosférica para o dia seguinte. A investigação tem vindo a ser desenvolvida em parceria com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos, que estão a analisar a adopção do novo método [dropcap]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) têm vindo a trabalhar com a Universidade de São José (USJ), em Macau, e a Universidade Nova de Lisboa (UNL) no sentido de melhorar o actual método de avaliação da qualidade do ar no território. O estudo em causa, publicado este mês por uma equipa da USJ, conclui que o método estatístico permite prever os níveis de poluição para o dia seguinte. A investigação foi feita com base na informação meteorológica e da qualidade do ar dos últimos anos para conseguir, com base nos dados do próprio dia e de dias anteriores, prever quais as concentrações de poluentes para o dia seguinte. Até ao fecho desta edição, não foi possível ao HM confirmar, junto dos SMG, quando é que será adoptado este método, mas Thomas Man Tat Lei, investigador da USJ que participou na investigação, assegura que o assunto está a ser estudado. “Trabalhamos com eles para desenvolver este novo modelo (de análise) e (o estudo) foi submetido aos SMG. Sim, (os SMG) estão no processo de implementação do modelo para Macau e deverá ser algo anunciado ao público em breve”, disse ao HM. O investigador não tem dúvidas de que, com a adopção deste método estatístico, a população vai ficar mais bem informada sobre a qualidade do ar do território. “A população vai ficar mais bem informada com o recurso a este método, porque em certas estações de monitorização da qualidade do ar conseguimos ter quase 90 por cento de precisão relativamente à previsão. Vai ser uma enorme melhoria em relação ao passado em termos de operações no futuro, sem dúvida.” O estudo, desenvolvido nos últimos dois anos, contou também com a colaboração de David Gonçalves, director do Instituto de Ciência e Ambiente da USJ. “Este é um trabalho académico que demonstrou que o modelo de previsão é bom, e se os SMG quiserem creio que é possível adoptá-lo”, adiantou David Gonçalves. Joana Monjardino e Luísa Mendes são outras das investigadoras que fazem parte da equipa. Papel da UNL O director do Instituto de Ciência e Ambiente da USJ não deixa de ressalvar a importância da parceria com a UNL, através da Faculdade de Ciências e Tecnologia e do trabalho do seu docente, Francisco Ferreira. “Foram eles que trouxeram o know-how e de facto permitiram a adopção de ferramentas que já estavam estudadas. Outro parceiro foram os SMG, que disponibilizaram os dados que nos permitiram desenvolver o modelo e que têm trabalhado com as nossas equipas para ver se este modelo pode ser adoptado.” David Gonçalves destaca ainda o facto de “este modelo não resolver em nada os problemas de poluição em Macau, mas possibilita, através de uma previsão adequada dos níveis de poluição para o dia seguinte, colocar informações para que a população se possa precaver”. Ao HM, Francisco Ferreira assegurou que esta investigação apresenta conclusões inovadoras para o território. “A cooperação com os SMG, em parceria também com a USJ, tem várias componentes inovadoras, como sejam a metodologia de avaliação e de previsão efectuadas. Sendo um trabalho de cooperação continuada, há novos desafios no sentido de identificar áreas críticas em termos de poluição do ar e fazer uma eventual identificação de soluções que possam vir a ter implementadas.” Estes trabalhos “terão lugar num futuro próximo, onde a investigação dará sem dúvida contributos para melhorar a qualidade do ar de Macau”, frisou. O professor da UNL assegurou que o actual método utilizado pelos SMG para avaliar a qualidade do ar é fidedigno. “A recolha de dados de monitorização da qualidade do ar é feita através de estações automáticas de recolha e transmissão dos valores das concentrações dos diferentes poluentes por equipamentos que são utilizados de forma fiável em muitas cidades e noutros locais de todo o mundo. Efectivamente, através de processos de controlo de qualidade e de acompanhamento dos dados, o que é feito, trata-se de um processo fiável e rigoroso.” Os dados são recolhidos em apenas seis estações de monitorização, com um “equipamento muito dispendioso”, e podem ser complementados “com outros equipamentos de monitorização menos sofisticados, mas que cobrem mais locais, o que está previsto por parte dos SMG”. A UNL também irá acompanhar este processo, “no sentido de ajudar a interpretar a grande quantidade de valores a serem recolhidos”. Informar o público Francisco Ferreira adiantou que a elevada poluição atmosférica registada em Macau não se deve apenas ao tráfego mas também à poluição vinda de fora do território. “Macau apresenta elevadas concentrações de poluentes como o ozono ou as partículas em função das condições meteorológicas e também das emissões no seu território, em particular devidas ao tráfego rodoviário, mas também vindas de outras zonas exteriores.” Neste sentido, “a avaliação da qualidade do ar em Macau é um aspecto muito pertinente para acompanhar a sua evolução, avaliar os efeitos na saúde e acima de tudo para poderem ser pensadas e implementadas medidas que posteriormente podem ser avaliadas”. Com o método estatístico de previsão dos níveis de poluição, será possível adoptar melhores comportamentos que previnam determinadas doenças. “Um dos elementos muito importantes é comunicar ao público da forma mais rigorosa possível a qualidade do ar nos dias seguintes de modo a, em caso de elevadas concentrações de um ou mais poluentes, essa informação poder ser considerada pela população, principalmente por parte dos grupos mais sensíveis (crianças, idosos e pessoas com problemas cardio-respiratórios)”, rematou o docente da UNL.
Hoje Macau EventosUSJ | Finalistas do curso de Comunicação e Media mostram trabalhos [dropcap]C[/dropcap]hama-se “Emotion” e é o nome da nova exposição dos alunos finalistas do curso de licenciatura em Comunicação e Media da Universidade de São José (USJ). De acordo com um comunicado, a exposição visa mostrar trabalhos multimédia e será inaugurada no próximo dia 29, pelas 18 horas, na Galeria de Exposições Kent Wong, situada na USJ. A secção de vídeos será apresentada no Auditório Nossa Senhora de Fátima, na USJ, a partir das 19 horas do mesmo dia. “Emotion” tenta abranger o tema dos sentimentos intuitivos interpretados pela fotografia e produção de vídeo. A exibição vai estar patente até ao dia 10 de Junho de 2019. Os principais temas das obras centram-se no desejo, morte, representações abstractas da vida e conexões humanas, entre outros. “A exposição de fotografia mostra a visão criativa dos alunos na captação de imagens, adicionando mais profundidade aos seus trabalhos através da manipulação de fotos e tratamento técnico”, considera a USJ, enquanto que “a instalação de vídeos mostrará uma série de documentários de curta metragem que abordam assuntos envolvendo a psique humana, incluindo a interacção interpessoal com a comunidade e as novas tecnologias”.
Hoje Macau SociedadeDireito | Manual de português para alunos e advogados chineses [dropcap]U[/dropcap]ma professora portuguesa lançou um manual de português para ajudar alunos de Direito e advogados chineses na área jurídica, disse a própria à agência Lusa. “A finalidade é ensinar português como língua estrangeira dentro da área específica que é a advocacia”, explicou Margarida Conde. A docente da Universidade de São José (USJ) em Macau ressalvou que “o livro não é sobre Direito, mas sobre a linguagem utilizada na advocacia, até pelo facto de ser professora de português”. A portuguesa reuniu e actualizou alguns materiais utilizados nas suas aulas ao longo dos anos, depois de identificar as necessidades de alunos e profissionais na área jurídica. “Surgiu-me a ideia de melhorar esses materiais e apareceu a publicação porque existem muito poucos manuais de português nesta área específica e porque temos também muitos advogados chineses com necessidade de trabalhar e compreender o português dentro da sua profissão”, frisou. O manual intitula-se de “Direito em Português: A Língua e a Escrita” e o lançamento surgiu no âmbito da inauguração do Centro de Estudos Jurídicos e Sociais da Escola de Negócios e Direito da USJ que teve lugar na terça-feira.
Hoje Macau SociedadeNovo mestrado da USJ vai ensinar patuá O patuá vai ser “estudado e falado” no futuro mestrado em estudos lusófonos da Universidade de São José (USJ), numa tentativa de preservar a língua a um passo da extinção, disse um dos coordenadores [dropcap]”T[/dropcap]anto quanto sei, é o primeiro curso oficial com este conteúdo. É uma primeira tentativa, ao nível da pós-graduação, de estudar, falar e tratar do maquista”, explicou Alan Baxter, um dos coordenadores do novo mestrado da USJ, em entrevista à agência Lusa. O especialista em crioulos de base portuguesa, que regressou a Macau em 2016 para dirigir a Faculdade de Humanidades daquela universidade, assumiu preferir o termo maquista, já que este “radica a língua dentro de uma tradição local”. Para Alan Baxter, “o patuá merece um lugar oficial e de reconhecimento na educação superior”. Assim, esta língua, em tempos corrente na comunidade macaense, é um dos nove módulos da especialização em linguística do novo mestrado da USJ, mas é também opcional para os que optam pela outra especialização, literatura. Derivado do crioulo de Malaca, o kristang, uma “língua ainda viva”, o patuá não sobreviveu a “atitudes ignorantes e colonialistas”, tendo “sido suprimido” com o passar dos anos, referiu Baxter. Há quase uma década, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) classificou-o como “gravemente ameaçado”, o último patamar antes de uma língua se extinguir por completo. Uma posição que tem vindo a ser reiterada por vários linguistas. Em Setembro passado, também o investigador da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Hugo Cardoso tinha dito, em entrevista à Lusa, que esta “fase avançada de declínio” motivou, entre a comunidade macaense, “um movimento de reapropriação da língua”. Assim, e apesar do perigo de extinção, Alan Baxter afirmou que houve, desde então, alguns avanços. “Há mais interesse agora do que havia. Há um interesse visível, sobretudo em termos demográficos”, frisou o antigo director do Departamento de Português da Universidade de Macau (2007–2011). Teatro vivo Actualmente, o patuá é preservado essencialmente através do grupo de teatro Dóci Papiaçam di Macau, que encena uma peça por ano maioritariamente falada em crioulo. A próxima está em cena nos próximos dias 18 e 19. Para o especialista, o “grupo de pessoas envolvidas no teatro” nos últimos anos é um dos exemplos dessas “mudanças de atitude”. O novo mestrado da USJ foi aprovado no mês passado pelo Governo de Macau e as candidaturas já estão abertas. Quanto ao público-alvo, Baxter sublinhou que o objectivo é “fomentar o interesse da comunidade macaense”, mas também “de outras pessoas”. Em 2017, o curso que leccionou na USJ sobre patuá, teve uma adesão surpreendente: houve um manifesto “interesse da parte da comunidade chinesa”, recordou. “Há dois anos ofereci um curso de extensão sobre o patuá, e apanhei um susto porque houve muito interesse. Acho que tivemos 22 pessoas que chegaram a fazer o curso”, acrescentou. Apesar destes esforços, Alan Baxter realçou a importância da documentação, isto é, de “elaborar materiais interactivos audiovisuais”. “Na verdade, há poucas pessoas capazes de manter uma conversa nesta língua hoje em dia, infelizmente. Esse tipo de material é fundamental”, sustentou. Em contrapartida, a gramática do kristang, que ainda “é uma língua viva e falada”, é “muito parecida” com a do patuá, por isso, todos os interessados podem aprender muito com o crioulo de Malaca, defendeu. Baxter deixou uma sugestão: “Se há um grupo de jovens interessados, é possível, colaborando com a comunidade de Malaca, enviar um grupo para lá”. “A pronúncia é diferente, mas a gramática e o léxico” são semelhantes, “daria para fazer a transição e ganhar um grau de influência que não é possível conseguir em Macau”, concluiu.
Hoje Macau SociedadeUSJ | Incubadora de empresas e investigação essenciais para ‘nova’ economia [dropcap]O[/dropcap] director da Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José disse ontem que é essencial criar uma incubadora de empresas e um centro de investigação para diversificar a economia de Macau, muito dependente do jogo. “Do ponto de vista da universidade essas duas medidas podiam ser muito atractivas e dar um apoio muito grande à comunidade de Macau”, na área das indústrias criativas, defendeu Carlos Sena Caires, em declarações à agência Lusa. “Abrir uma incubadora de empresas, seria muito importante, ligada às indústrias criativas”, assim como “abrir um centro de investigação”, frisou, à margem do seminário “Indústrias Criativas e Desenvolvimento Social e Económico”, promovido pela delegação de Macau da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). “Seria fundamental” para impulsionar as indústrias criativas, sustentou, e, assim, contribuir para a diversificação da economia de Macau, a capital mundial do jogo, onde em 2018 as receitas dos casinos cresceram 14 por cento, para 302.846 milhões de patacas. O director sublinhou que “ainda há muito trabalho a fazer no índice de criatividade” num território que tem mais de 1.050 associações e deu conta que a instituição está a tentar lançar um projecto-piloto em Zhuhai com um centro de inovação (Inno Valley) no qual se estão a juntar várias ‘startups’.
Andreia Sofia Silva EventosUSJ recorda em Novembro centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Os cem anos do nascimento da poetisa Sophia de Mello Breyner serão recordados pela Universidade de São José num colóquio agendado para Novembro. Vera Borges, coordenadora do departamento de português, destaca a importância dos poemas de Sophia pela sua ligação aos Descobrimentos [dropcap]N[/dropcap]asceu a 6 de Novembro de 1919 e será sempre recordada como uma das maiores poetisas da literatura portuguesa. Em Portugal já se preparam actividades que marcam o centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner e em Macau também, graças à iniciativa da Universidade de São José (USJ). O colóquio “No centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2019) – Navegação a Oriente” acontece em Novembro e vai abordar três temáticas, que passam pela poética, questões de tradução e literatura na sala de aula, adiantou Vera Borges, coordenadora do departamento de português da USJ, ao HM. “Contamos com a colaboração de colegas de Macau, que trabalham em várias instituições de ensino superior, e contamos com pessoas de fora.” A ligação ao Oriente surge através dos escritos que a poetisa portuguesa dedicou aos Descobrimentos. “A Sophia tem uma série de poemas belíssimos, não só sobre o mar, mas sobre os Descobrimentos, a chegada dos portugueses às paragens do Oriente. É uma linha muito forte na poesia dela e que deixou seguidores. É algo particularmente interessante na literatura portuguesa.” Neste sentido, Vera Borges considera que nunca como agora fez tanto sentido discutir os poemas deixados por Sophia de Mello Breyner. “No momento em que se começa a discutir em Portugal, até com uma certa intensidade dramática, o colonialismo português, o racismo e o Império, pegar nos textos de Sophia de Mello Breyner pode ser uma perspectiva muito interessante para se perceberem certas questões.” Repto linguístico A autora de livros como “A Menina do Mar” e “O Cavaleiro da Dinamarca” representa, na visão de Vera Borges, um “desafio” em termos de tradução, pela contemporaneidade da sua linguagem. “Acho que os textos dela são um desafio, primeiro porque são belíssimos e depois pela temática que têm, e depois também pelo tipo de linguagem. É uma linguagem muito económica, concisa, exacta.” Em Macau, Vera Borges destaca o trabalho de tradução de Yao Jingming, actualmente o director do departamento de português da Universidade de Macau, que já traduziu autores portugueses como Camilo Pessanha e Eugénio de Andrade, entre outros. “A Sophia é um dos nomes mais traduzidos por todos aqueles que gostam de poesia, e há grandes tradutores que quiseram poemas da Sophia. Nestas paragens temos o professor Yao Jingming, que tem traduções belíssimas de textos da Sophia.” Vera Borges assegura que aqueles que, em Macau, se dedicam ao estudo da cultura e literatura portuguesas têm “particular interesse” nos escritos de Sophia. Esta, “pela visão que nos dá do percurso histórico dos portugueses, é uma autora particularmente interessante”. Sophia de Mello Breyner faleceu em 2004 e deixou cinco filhos, um deles o escritor e jornalista Miguel Sousa Tavares.
Hoje Macau EventosFilme português interactivo estreia-se em Macau Macau estreia de 24 de Setembro a 2 de Outubro um projecto de produção de um filme interactivo em que os espectadores são chamados a intervir, em tempo real, na narrativa do filme, tornando-os protagonistas e coautores [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] filme é intitulado “Cadavre Exquis” e faz parte do projecto “Os Caminhos que se Bifurcam”, da autoria do investigador Bruno Mendes da Silva, vice-coordenador do Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve. O filme, que conta com um guião e a ‘voz-off’ de Vítor-Reia Batista, vai concorrer a festivais internacionais e será exibido em 2019, em Portugal, em vários espaços expositivos, informou ontem a organização. A produção do filme, que inclui uma ‘masterclass’ a 26 de Setembro aberta à comunidade também na Universidade de São José, em Macau, é da responsabilidade de Maria Paula Monteiro. Esta é a segunda aposta da produtora em Macau, depois do filme sobre a vida e obra de Camilo Pessanha intitulado de “PeSanlé – O Poeta de Macau”. “É uma honra ajudar a contribuir para a educação científica em instituições académicas em Macau, que se debruçam sobre a investigação inovadora na área dos estudos artísticos e culturais, o caso da Universidade de S. José”, sublinha o mentor do projecto e também realizador de “Cadavre Exquis”, Bruno Mendes da Silva, citado num comunicado da organização. “Devo dizer que estou muito entusiasmado com a produção deste filme, o primeiro do género em Macau. É um desafio fantástico para alguém que, como eu, já trabalhou nesta cidade”, acrescenta o investigador. Parceria algarvia O filme junta 11 parcerias com a Universidade do Algarve, à cabeça das quais estão a Universidade de São José, o Instituto Cultural de Macau e a Creative Macau. A produtora e fundadora da ART 8 Macau, Maria Paula Monteiro, diz que o objectivo do filme passa por “ampliar o espaço de desenvolvimento” em áreas como arte digital, tecnologia e comunicação associada ao cinema, em Macau, aproveitando o intercâmbio da produção, dos produtores artísticos e do conhecimento científico.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEstudo | Zona marginal da Taipa é a mais poluída com microplásticos Uma tese de mestrado defendida na Universidade de São José revela que uma centena de cosméticos e produtos de higiene pessoal, de um total de 144, contém microplásticos que facilmente vão parar ao meio ambiente. Das seis zonas costeiras analisadas, a marginal da Taipa é a que está mais poluída, registando 41 por cento de todos os microplásticos analisados [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s cremes de rosto, as espumas de barbear e produtos de esfoliação que usamos para ter a pele mais limpa e suave estão a poluir o meio ambiente e a provocar danos na nossa saúde. Estes produtos são produzidos com vários tipos de partículas de microplásticos que acabam por ir parar a rios, oceanos e reservatórios. Uma tese de mestrado da autoria de Sam Pui Wa, defendida na Universidade de São José (USJ), revela que, do total de 144 amostras de cosméticos e outros produtos analisados, uma centena contém microplásticos. Estes produtos foram adquiridos em nove lojas de retalho do território e, de acordo com David Gonçalves, orientador da tese de mestrado e director do Instituto de Ciências e Ambiente da USJ, os resultados são alarmantes. “Ela chegou a alguns dados importantes e também preocupantes. 100 desses produtos continham nos seus ingredientes um tipo de microplástico, e achamos que essa é uma percentagem elevada”, explicou ao HM. Nas análises que foram feitas em laboratório, foi concluído que este tipo de microplástico “representa mais de 60 por cento do conteúdo líquido [dos produtos de higiene e beleza], o que significa que as pessoas, quando estão a tomar banho, fazem-no com plástico e depois essas partículas vão para as estações de tratamento de águas residuais que têm uma capacidade limitada para reter essas partículas. Muitas delas acabarão por escapar para o meio ambiente”, adiantou David Gonçalves. A tese chega ainda a conclusões sobre a presença dos microplásticos nas praias e zonas costeiras de Macau. A marginal da Taipa é a zona mais poluída, com o registo de 41 por cento deste tipo de partículas, num total de 1569. Sam Pui Wa analisou 3800 partículas retiradas de 18 amostras de areia, que revelam que, em Coloane, também há poluição, apesar de a praia de Cheoc Van conter o menor número de microplásticos na areia, um total de 5 por cento. Já a praia de Hac-Sa tem um total de 25 por cento de partículas de plástico. Limpeza de praia Sam Pui Wa acredita que poderá haver ainda mais poluição do que aquela que os dados revelam neste trabalho, que serviu de acesso ao mestrado ciências ambientais e gestão da USJ. “A recuperação dos microplásticos com base neste protocolo, adaptado das melhores práticas, não é completa e algumas partículas poderão manter-se nas amostras. Isto sugere que os resultados presentes neste estudo são, provavelmente, subvalorizados, e que os níveis de poluição por microplásticos no meio ambiente possam ser ainda maiores”, lê-se no documento. Outro factor apontado por Sam Pui Wa remete para a limpeza de praias. “As actividades de limpeza das praias podem ser um dos factores que influenciou os resultados. Ainda que as partículas de microplásticos sejam invisíveis aos nossos olhos, é fácil recolher largas quantidades de plásticos que se podem desintegrar em partículas. Cheoc Va e Hac-Sa são as praias mais populares em Macau e são limpas frequentemente. Praias onde são raras as actividades de limpeza, como a marginal da Taipa, praia Sophia [em Cheoc Va] e pequena praia de Ka-Ho revelaram uma maior mostra de microplásticos, sugerindo que a limpeza de praias é relativamente eficiente nessa redução.” Legislação necessária A aluna da USJ defende ainda no seu trabalho que o Governo deveria implementar leis que proibissem a comercialização de produtos feitos com microplásticos. “Alguns países já baniram o seu uso e aderiram a produtos alternativos sem microplásticos. Avançar com medidas legislativas modernas para banir os cosméticos com microplásticos em Macau poderia colocar o território na linha da frente contra a poluição por microplásticos na Ásia.” A tese contém ainda um inquérito que visa analisar a percepção da população em relação a esta matéria. Os resultados revelam que a noção dos perigos do consumo de produtos com microplásticos é baixa. “A concentração de microplásticos no ambiente marinho é uma questão relativamente recente e a compreensão do público relativamente a este assunto é ainda escasso”, escreve a aluna. Um total de 92 por cento das pessoas inquiridas, na sua maioria empregados e estudantes universitários, afirmaram usar produtos de higiene pessoal e beleza que contém microplásticos, mas apenas 53 por cento das mulheres conhecia os problemas de saúde associados. Um total de 87 por cento das mulheres admitiu deixar de comprar este tipo de produtos.
João Santos Filipe SociedadeCaso John Mo | USJ nega envolvimento [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de São José nega que a estudante universitária que acusa o ex-docente da Universidade de Macau, John Mo, frequenta a instituição de ensino. A resposta foi enviada ao HM na sexta-feira passada: “Não temos qualquer estudante do Interior da China nem ouvimos falar do caso”, declarou a USJ numa resposta por email. Entre as instituições contactadas sobre o caso por este jornal, todas negaram à excepção da Universidade Cidade de Macau, que não respondeu às questões enviadas.
Sofia Margarida Mota EventosArquitectura | Exposição dos alunos da USJ é inaugurada amanhã A “USJ Architecture Program Exhibition”, exposição que reúne os trabalhos finais dos alunos de arquitectura da Universidade de São José, vai ser inaugurada amanhã na Creative Macau. A iniciativa realiza-se anualmente e pretende mostrar algumas ideias dos futuros arquitectos de Macau [dropcap style≠’circle’]À[/dropcap] semelhança de anos anteriores, e chegado o final das aulas, a Creative Macau recebe os projectos de fim de curso dos alunos do último ano de arquitectura da Universidade de São José (USJ). A exposição deste ano, “USJ Architecture Program Exhibition”, é inaugurada amanhã às 18h30. A mostra divide-se em dois momentos expositivos. Num primeiro espaço, vai estar patente ao público uma peça concebida em conjunto. “É um trabalho absolutamente conceptual em que os alunos não propõem nenhum tipo de edifício”, refere a responsável pela Creative Macau, Lúcia Lemos, ao HM. Trata-se de uma obra que tem, por princípio, de ser concebida em bambu, assim tem sido todos os anos. A razão da escolha deste material é óbvia: “No oriente é o bambu que sustenta o processo de construção e há uma ligação muito forte com este material”, diz Lúcia Lemos. Ao mesmo tempo, os alunos de arquitectura da USJ desenvolvem ao longo do percurso académico uma forte relação com o material e com quem o trabalha, de acordo com a directora da Creative Macau. A produção deste momento expositivo está intimamente relacionada com o desenvolvimento de uma maior ligação ao artesanato, aponta Lúcia Lemos. “A montagem dos andaimes em bambu requer muita técnica e muito trabalho manual, desde a forma como a estrutura vários objectos da arquitectura erefere o comunicado oficial.)IC) trabalho, jtrar o que os futuros arquitecto s de Macau é montada aos modos de junção das canas”, explica. Para ajudar na montagem desta peça, os alunos tiveram a ajuda dos mestres que dedicaram a sua vida profissional a trabalhar na construção e com o auxílio dos professores no apoio à concepção “mais intelectual”. “Podemos dizer que é um trabalho da área da arquitectura urbanística, no sentido de que algo pode ser projectado para um espaço público sem ter de possuir uma utilidade prática”, refere a responsável pela associação. A segunda parte da exposição é constituída pelos trabalhos de final de curso dos alunos. Os projectos que vão ser apresentados podem abranger vários objectos da arquitectura com a finalidade de mostrar o que os estudantes, ainda sem experiência no mercado de trabalho, já conseguem idealizar. “Estamos a falar de pessoas muito jovens que ainda estão a estudar. Fazem o seu trabalho dentro do possível e podemos mesmo dizer que há aqui alguma inovação”, descreve Lúcia Lemos. Parceria útil A cooperação entre a Creative Macau e a USJ não é uma aliança formalizada através de protocolos, mas isso não impede o desenvolvimento de iniciativas conjuntas. “Faz parte do nosso projecto estarmos a par daquilo que se faz em Macau. Desde há muito tempo que temos esta iniciativa com os alunos de arquitectura e de design de comunicação”, aponta. Para Lúcia Lemos, esta colaboração “faz todo o sentido”, até porque “é uma forma de trazer estes trabalhos para o público em geral”. Mas o que surpreende a responsável pela Creative Macau é a forte adesão por parte de estudantes do ensino secundário. “Estas exposições têm muitos visitantes, mesmo de alunos das escolas secundárias”, refere. Na opinião de Lúcia Lemos, esta adesão pode ser explicada pelo facto deste tipo de iniciativas poderem ajudar os estudantes que se encontram numa fase de escolha de carreira. Arquitectura | USJ presente na Bienal de Veneza O Departamento de Arquitectura da Universidade de São José participou na Bienal de Arquitectura de Veneza 2018, entre 26 a 28 de Maio, com “URBAN CATALYST: SHAPING THE FUTURE OF MEDINI CITY”. O projecto foi desenvolvido pelo estúdio de design urbano da universidade liderado por Nuno Soares. Este projecto estará integrado no Programa de Sessões da Bienal de ISKANDAR PUTERI 100YC, como uma proposta conceptual ao desafio de design global apresentado às principais escolas internacionais de Arquitectura. “URBAN CATALYST: SHAPING THE FUTURE OF MEDINI CITY” oferece formas arquitectónicas e urbanas originais para a nova Cidade de Medini, o futuro Distrito Comercial Empresarial de Iskandar Puteri, concebido a partir da sua estrutura essencial, e visando criar um plano director alternativo como ponto de partida para esta nova comunidade urbana nos próximos 100 anos. O Iskandar Puteri 100YC (100 Year Cities) é uma colaboração global de investigação liderada pela RMIT (Instituto Real de Tecnologia de Melbourne) e pela Nextdor Property Communications Sdn Bhd. O seu principal objectivo é promover o pensamento multidisciplinar e a colaboração como as principais qualificações para a inovação futura, reunindo os visionários de hoje e as escolas de arquitectura internacionais mais progressistas do mundo em busca de futuros optimistas e ideais originais para as cidades, refere o comunicado oficial.
Hoje Macau EventosUSJ | Gregory B. Lee traz a Macau a China imaginada [dropcap style≠’circle’]“C[/dropcap]hina Imagined: From Western Fantasy to Spectacular Power” é a palestra a cargo de Gregory B. Lee que vai decorrer na Universidade e São José (USJ) no próximo dia 29 de Maio pelas 18h30. De acordo com a organização, a China tem sido um país estudado e explorado por sinólogos e escritores, mas sempre dentro do âmbito de um país imaginado. “Entenda-se por imaginário, o conjunto de frases, imagens e crenças que compõem a compreensão partilhada de um grupo ou de comunidade (seja uma etnia ou uma nação, a nossa ou de outra pessoa)”, refere a apresentação do evento. Mas, os tempos estão a mudar e o imaginário ocidental da China começa a ficar situado num ponto sem descrição com a sua posição reconhecida enquanto potência mundial. A palestra pretende responder à questão “De onde vem a China?” Gregory B. Lee é um académico e autor, professor de Estudos Chineses e Transculturais na Universidade Jean Moulin. De entre as suas publicações, a organização destaca “Dai Wangshu: A vida e a poesia de um modernista chinês (1989)” e a “Década perdida da China (2009, 2012)”.
João Santos Filipe SociedadeÁlvaro Barbosa nomeado vice-reitor da Universidade de São José O até agora director da Faculdade de Indústrias Criativas da USJ vai assumir o cargo de vice-reitor da instituição, substituindo Maria Antónia Espadinha, que deixou o cargo em finais de Abril [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] director da Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José (USJ), Álvaro Barbosa, foi nomeado vice-reitor, sucedendo a Maria Antónia Espadinha, que deixou a posição no final de Abril. A notícia foi avançada, ontem, pela Rádio Macau e confirmada ao HM pelo próprio, que se confessa entusiasmado por poder contribuir para a equipa reitoral da universidade. “Era director da Faculdade de Indústrias Criativas e fui convidado pelo reitor da Universidade [Peter Stilwell] para ser vice-reitor. É um cargo que vou ocupar a par do professor Vincent Yang e a nomeação está confirmada. A tomada de posse deverá ser feita mais tarde”, afirmou Álvaro Barbosa, futuro vice-reitor da instituição ao HM. Apesar desta alteração nas suas funções, o académico não olha para a mudança como uma subida na carreira. “Não encaro a alteração propriamente como uma promoção. Na vida académica as promoções têm que ver com os graus, por exemplo uma pessoa que passe de professor associado a catedrático. Eu era director e agora vou desempenhar uma nova função na equipa da universidade, não é propriamente uma promoção”, considerou. Em relação às expectativas para o novo cargo, Álvaro Barbosa considera que não se devem esperar alterações de fundo, uma vez que o seu objectivo é auxiliar, da melhor forma possível, o actual reitor. “O reitor tem um projecto de continuidade. Eu chego a esta posição pelo facto da vice-reitora Maria Antónia Espadinha estar em vias de se reformar, no final de um mandato de dois anos. As minhas funções não vão ser exactamente as mesmas que ela desempenhava, mas têm uma lógica de continuidade”, explicou. Em relação ao desafio que tem pela frente, o futuro vice-reitor sublinha que “é um projecto no sentido de desenvolver uma universidade de cariz internacional em Macau, com ligações fortes com a diocese e com a Universidade Católica Portuguesa”, apontou. Aposta no multiculturalismo Nos últimos anos a USJ tem trabalhado para conseguir autorização para receber alunos do Interior da China. Ao HM, Álvaro Barbosa explicou que essa intenção enquadra-se na missão das universidades de Macau de ajudarem a formar quadros qualificados para o Continente. “Até ao momento, não houve autorização para esse recrutamento, mas vamos continuar a candidatarmo-nos e esperar que seja decidida essa possibilidade, por parte das autoridades competentes. É uma questão que deve ser vista não como da Universidade de São José, mas como as universidades de Macau a proporcionarem acesso ao ensino superior ao estudantes da China”, explicou sobre o assunto. No entanto, esta formação não é exclusiva do Interior da China, o futuro vice-reitor recordou que a USJ tem uma vocação multicultural na qual vai continuar a apostar. Além de ser director da Faculdade de Indústrias Criativas na USJ, Álvaro Barbosa era também o coordenador do departamento de música. No currículo, o académico conta com um doutoramento em ciência e tecnologia das artes, mestrado em gestão de indústrias criativas e uma pós-graduação em fotografia e design digital.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeUSJ | Eric Sautedé exige 1.3 milhões e diz-se vítima do despedimento O académico Eric Sautedé exige à Universidade de São José 1.3 milhões de patacas no âmbito do seu despedimento. O processo continua pendente desde 2015 e o responsável afirma que a conotação política do caso afastou-o de várias ofertas de emprego [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] despedimento do professor de ciência política Eric Sautedé da Universidade de São José (USJ), em 2014, fez correr muita tinta, mas o livro ainda não chegou ao capítulo final. O académico adiantou ao HM que o processo decorre desde Agosto de 2015 sem que tenha havido qualquer avanço na matéria. Eric Sautedé, actualmente radicado em Hong Kong, exige 1.3 milhões de patacas à direcção da USJ por danos morais e materiais. “Estou a processá-los por me terem despedido sem justa causa e por, depois disso, terem apresentado inúmeras razões à imprensa. Claro que também os processo por discriminação, com uma natureza política, e por violarem a Lei Básica”, explicou. Em mais de dois anos, Sautedé e a USJ nunca chegaram a acordo. “Nunca houve um gesto de conciliação da parte da USJ”, adiantou o académico. Sobre este assunto, o reitor da UJS, Peter Stilwell, nada quis dizer ao HM, pelo facto do processo ainda decorrer em tribunal. Questões delicadas Outro dos argumentos utilizados por Eric Sautedé prendem-se com o impacto que o caso teve na sua vida profissional, “sobretudo depois de Peter Stilwell ter indicado [que o despedimento] se deveu a razões políticas”. “Isso eliminou as minhas possibilidades de encontrar outro trabalho. Na verdade duas universidades não me aceitaram apesar de ser altamente recomendado por dois docentes para dar aulas a tempo parcial. Uma delas chegou mesmo a pôr fim ao acordo inicial que tínhamos feito para me contratar para docente a tempo inteiro. Estava apenas à espera do contrato”, frisou. Em Junho de 2014, o padre e reitor Peter Stilwell confirmava ao jornal Ponto Final a saída de Eric Sautéde. “Trata-se de clarificar as águas. Há um princípio que preside à Igreja de que não intervém no debate político dos locais onde está implementada”. O contrato chegou ao fim em Julho desse ano e “foi dado como terminado”, sendo que não tinha termo. Contudo, Eric Sautedé considera que tem algo mais a receber. “Tinha um contrato sem termo, uma vez que sou residente permanente, e fui informado da minha saída com um mês de antecedência, tendo-me sido pago apenas cinco semanas de salário por sete anos de um trabalho respeitável e depois de ter feito o meu papel como cientista político. É por isso que estou a processar a USJ”, apontou. Nas primeiras declarações que deu sobre o assunto, Peter Stilwell disse que a saída de Eric Sautedé tratou-se de “uma questão interna”, tendo adiantado que “a decisão é da exclusiva responsabilidade da universidade”. “Se há um docente com uma linha de investigação e intervenção pública [política], coloca-se uma situação delicada. Ou a reitoria pressiona e viola a sua liberdade, ou cada um segue o seu caminho”, referiu Stilwell. O reitor da USJ esclareceu também que a saída foi o resultado de um “processo longo em que foi dado a entender ao Dr. Éric que a situação era cada vez mais delicada para a universidade”. “Pode-se estudar os vários sistemas políticos ou a Lei Básica, mas não intervir na actual governação. É uma fronteira difícil de delinear, entre o comentário político e o académico”, frisou Stilwell. “Falamos de um docente que está há sete anos na universidade, não completou o seu doutoramento e está a colocar a universidade numa situação delicada. Temos de ver o modo como a universidade é percepcionada”, concluiu o reitor.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteSteve Bevans, padre e teólogo, sobre a Igreja Católica: “Temos de levar a ciência e a psicologia a sério” Teólogo com seis livros publicados e ligado à ordem católica Missionários do Verbo Divino, Steve Bevans esteve em Macau esta semana na Universidade de São José para falar dos cinco anos de pontificado do Papa Francisco. O padre norte-americano defende uma investigação interna aos casos de abusos sexuais e diz que a Igreja tem de se adaptar aos tempos modernos. Porque, desta forma, “não é credível” [dropcap]Q[/dropcap]ue análise faz aos últimos cinco anos do pontificado de Francisco? Diria que ele trouxe ar fresco, uma nova energia. A Igreja está a tornar-se mais aberta e, para usar uma das palavras favoritas do Papa Francisco, está a tornar-se mais compreensiva. Pelo menos era isso que o Papa Francisco gostaria que a Igreja fosse, mas nem todos os bispos, padres ou cristãos estão nesse caminho. Mas foi essa visão que eles nos ofereceu, e isso é o mais entusiasmante. Que negativos momentos destaca dos últimos cinco anos? Estou contente com o que o Papa Francisco tem feito, e penso que ainda tem um longo caminho a percorrer. A minha critica mais forte talvez esteja relacionada com a sua atitude em relação às mulheres. Obviamente que ele gosta das mulheres e quer incluí-las, mas continua a ter, diria eu, uma perspectiva do homem latino-americano em relação às mulheres, de que estas têm um génio muito próprio e trazem conforto ao lar. Mantém esses estereótipos. De certa forma ele tem criado limitações nas questões da liderança, sobretudo quanto à ordenação das mulheres dentro da Igreja. Mas, por outro lado, abriu o debate sobre a possibilidade das mulheres serem ordenadas. Ele pediu também a participação de mais mulheres, ao nível da liderança, mas não o vejo a fazer nada de concreto em relação a este assunto. Dada a sua cultura e o seu background, penso que ele está a fazer o que pode. Ele está a fazer um bom trabalho, não vejo grandes áreas onde possa estar a falhar. Claro que há áreas nas quais está mais limitado devido às tradições da Igreja, mas penso que está além disso. Há também os casos de abusos sexuais dentro da Igreja Católica. O Papa tem tido a melhor atitude em relação a este assunto, no sentido de resolver o problema? Sim. Ele tem enfrentado uma situação que é muito crítica e vergonhosa. Tem feito muito no sentido de ajudar as vítimas, mas é sempre difícil dizer aquilo que deve ser feito. As vítimas devem ser ouvidas e compensadas financeiramente e acho que ele está do lado dessa ideia. Sei que alguns grupos de vítimas criticam-no, eu compreendo-os, mas penso que o Papa Francisco está do seu lado mas não de uma forma extrema como gostaria de estar. É, decerto, difícil saber a verdadeira dimensão dos abusos sexuais dentro da Igreja Católica. Seria importante realizar uma investigação interna a estes casos? Não sei. Talvez estivesse a favor disso. Penso que tem sido um grande problema na Igreja e espero que tenha sido um sinal de alarme. Espero que as pessoas mudem, embora isto seja uma doença e não seja algo que se possa mudar. Mas apesar de tudo esta questão tem sido exposta e sim, penso que seria uma boa ideia fazer uma investigação aos trabalhos internos da Igreja. Esta exposição é importante porque pode levar a uma erradicação. O Papa Francisco condena fortemente o clericalismo e o carreirismo e ele tem feito muitos inimigos dentro da Igreja por causa disso. Mas penso que ele está absolutamente certo e poderia até ter uma posição mais forte. Em relação à China, o Vaticano tem vindo a fazer uma tentativa no sentido de reatar relações com o país. Ainda assim, esse objectivo poderá ser mais difícil de atingir na era Xi Jinping? Acabei de estar uma semana em Hong Kong, fiquei num seminário e conheço o cardeal John Tong Hon muito bem. Conheço várias pessoas lá e o que ouvi é que um acordo está iminente, que vai acontecer em breve. Há algumas questões por resolver. Não tenho certezas em relação ao Governo, pois essa é questão complexa, mas penso que em termos da igreja oficial na China há uma abertura de ambos os lados para que haja uma espécie de acordo, sobretudo ao nível da ordenação dos bispos. Isso deverá ser anunciado muito em breve. É importante para a China ter uma relação com o Vaticano, no sentido de reforço do poder político? Não basta ter o domínio em termos económicos e diplomáticos mas também na área da religião? Exactamente. Não sou especialista nesta área, mas o que têm dito é que a China está a descobrir a importância da religião. Descobriram que podem, eles próprios, encontrar o poder da religião para o bem do Estado e do Governo. Há uma certa abertura em relação à religião, que está a crescer. Esse acordo vai facilitar a vida dos chineses católicos que vivem escondidos? Vai de certa maneira facilitar. O Vaticano está a tentar chegar a um acordo e uma aproximação. Seria ingénuo pensar que esse acordo será feito sem problemas, mas há algo no ar. Digo isto apenas como observador e como alguém que está próximo de figuras de Hong Kong. Recentemente o Papa Francisco visitou o Myanmar, numa altura em que a crise humanitária do grupo étnico Royngha está no auge. Acredita que as suas palavras podem ajudar a resolvê-la? É uma situação complexa. Estamos a lidar com um país que é maioritariamente budista e que tem uma minoria muçulmana. Houve alguns ataques terroristas e as pessoas estão assustadas, mas isso não deve justificar, de maneira nenhuma, as perseguições que temos visto à minoria muçulmana. O Papa Francisco foi o mais sensível possível à situação e quem sabe aquilo que foi dito em privado? Esperemos que haja alguma alteração. Foi um momento importante na carreira do Papa. O Papa fez a coisa certa e outra coisa importante foi o facto de não ter feito isto sozinho: ele ouviu os conselhos do cardeal católico em Rangum, não se limitou a apontar o dedo. Esteve nas Filipinas como missionário, onde viveu até 1981. Como explica a relação tão forte que existe entre os filipinos e a religião? Para eles a religião é uma forma de escaparem ou de terem esperança face à pobreza? Sim. Não diria que é o ópio das pessoas, mas é algo que ajuda as pessoas. Ajuda, de facto, as pessoas a viverem as suas vidas. Os filipinos olham para a função da religião. Sei que em Hong Kong muitos deles trabalham como empregados domésticos, presumo que aqui a situação seja semelhante, e levam vidas duras. Os filipinos representam, de facto, a mais forte comunidade religiosa e vivem a sua fé até em casa. Nem todos praticam a sua fé, mas é muito forte e é uma cultura que respira religião. Em situações mais aflitivas é algo que os faz estar juntos. É um factor identitário importante. Acredita que as condições sociais melhoraram no país ou acredita que está quase tudo na mesma? Um dos problemas nas Filipinas é que existe demasiada corrupção. Há poucas famílias que gerem o país. O presidente está um pouco de fora disto, mas vejo que existem muitos problemas no Governo. É um país com enormes recursos e uma população altamente qualificada, mas não conseguem sair desta imensa pobreza. Fizeram alguns progressos desde os anos do Governo de Ferdinando Marcos, mas há ainda muito por fazer. E temos agora esta guerra contra as drogas implementada por Rodrigo Duterte. É um grande problema e ele é um homem muito perigoso. É um populista e há um grande paralelismo entre ele e Donald Trump. Ambos ganharam as eleições mas penso que tudo foi errado. Estou preocupado com as Filipinas, é muito triste. Qual deve ser o papel da Igreja Católica no século XXI? O Vaticano tem imensos recursos financeiros e inúmeros documentos históricos que continuam por revelar. A Igreja tem de mudar, ser mais transparente, para se aproximar das pessoas? Absolutamente. A Igreja Católica, e a sua liderança, não é credível. Podem falar o que quiserem sobre coisas bonitas, mas as pessoas não vão prestar muita atenção. O poder da Igreja costumava ser o medo, caso contrário as pessoas iam para o inferno. As pessoas já não acreditam nisso, a educação está a tornar-se algo universal e já não prestam atenção a todos os homens celibatários que falam sobre mulheres. Isso não faz sentido. Temos de ter uma Igreja menos clerical e mais ouvinte, e que esteja ligada com a ciência contemporânea e o seu pensamento. Muita da imoralidade de que se fala baseia-se em má ciência e má biologia. Temos de compreender a evolução biológica, compreender a astrofísica, a medicina contemporânea e só podemos oferecer acompanhamento se estivermos a par destas evoluções, ao invés de sermos críticos ignorantes, como muitas vezes acontece. O Papa Francisco, aliás, já alterou bastante o seu discurso em relação ao HIV e o uso de preservativos. Sim. Esse tipo de coisas, como a proibição dos preservativos, é baseada numa biologia muito limitada. O uso dos preservativos não quer dizer que sejamos todos promíscuos. Podemos falar da questão da moralidade desde que estejamos informados e não com uma mentalidade mais conservadora. Acredita que os padres podem vir a casar? É uma questão complicada. Mas penso que deveríamos discutir este assunto e pessoalmente acho que deveria ser uma opção possível. Em muitos países e culturas, uma vida celibatária não é o caminho a seguir. Temos de ter em conta esses lugares. A homossexualidade é outro tópico sensível, e sobre ele o Papa Francisco também mostrou abertura. A sua abordagem a esse assunto tem sido algo limitada, e é uma das áreas onde tenho algumas críticas a fazer. Mas ele tem bastantes limitações e não me parece que tenhamos de lhe apontar o dedo. É uma questão de moralidade baseada em biologia retrógrada. Temos de levar a ciência e a psicologia a sério e entrar num diálogo honesto sobre estas questões. Tanto homens como mulheres sofrem bastante com a sua identidade sexual. A coisa mais importante da vida é a misericórdia de Deus e não outras regras. Uma nova Igreja tem de buscar aquilo que a ciência descobriu, os cientistas não são pessoas fracas. Como Jesus disse, “a verdade vai deixar-te livre”. Então temos de entrar nesse diálogo aberto para ver o que vai acontecer. O Papa Francisco acaba o seu pontificado em Março deste ano. Quem poderá ser o próximo Papa? Tem havido grandes mudanças. Francisco intitula-se como Bispo de Roma, mas na verdade é, de certa forma, bispo de todas as igrejas. Nesta igreja global não temos apenas italianos a tornarem-se bispos de Roma, pois é uma posição que está aberta a todas as nacionalidades, e este é um grande desenvolvimento na história da Igreja, e é irreversível. É possível que haja um bispo africano. Se pudesse escolher, seria um papa filipino, o actual arcebispo de Manila, Luís António Tagle, pois penso que continuará o legado de Francisco. Peter Turkson, do Gana, poderia ser outra hipótese, ou até americano, Joseph Tobin, o que seria uma escolha óptima, não relacionada com questões políticas.
Hoje Macau SociedadeUSJ | Curso em Direito Lusófono aprovado pelo Governo A Universidade vai lançar um mestrado a pensar no papel de Macau como plataforma entre a China e os Países Lusófonos, mas o curso não é exclusivo para residentes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de São José vai lançar um mestrado em Direito Lusófono e Internacional Público e já conseguiu a aprovação do Governo, que foi ontem publicada em Boletim Oficial. Em declarações ao HM, Maria Antónia Espadinha, vice-reitora da USJ, afirmou que o mestrado surge para dar resposta a uma procura crescente em Macau. “É um mestrado que tem em conta os interesses dos residentes de Macau e as necessidades do território, enquanto plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, disse, ontem, Maria Antónia Espadinha. “Sentimos que há uma procura maior por este tipo de formação, até porque é uma oferta que não existia até aqui. Desta vez, quisemos lançar uma formação mais forte e com uma duração maior, havendo de facto procura para este tipo de curso”, reiterou. De acordo com o plano aprovado e publicado ontem em Boletim Oficial, o mestrado tem a duração de dois anos e um total de 434 horas de formação. Contudo, 56 horas têm de ser passadas no âmbito do estágio exigido para que os alunos possam concretizar com sucesso o curso. Outra das exigências é a realização de uma dissertação. “Noutros projectos, os alunos têm oportunidade de aprender o Direito Português e Chinês, mas até agora não havia um curso com esta nomenclatura do Direito Lusófono, por isso acreditamos que tem procura. Aliás, se já houvesse um curso semelhante, nem o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior aprovaria o nosso pedido”, sublinhou. No decorrer das aulas, os alunos vão comparar os direitos existente na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa com o Direito da China. Além disso, vão ter cadeiras que explicam melhor o sistema jurídico de Macau. “É um curso que pode ser muito apelativo para as pessoas que residem em Macau, mas não é exclusivo para elas. Se houver outras pessoas interessadas em inscreverem-se, podem fazê-lo”, frisou. Lições em inglês O curso vai ser leccionado em inglês, mas a vice-reitora da Universidade de São José avisa que é necessário ter algumas bases de português, que permitam conseguir ler os textos legais. “É necessário ter alguns conhecimentos de português, que permita, pelo menos, ler as legislações existentes. As pessoas que não tiverem esses conhecimentos, terão um apoio extra. Serão dadas aulas, para quem necessitar desse auxílio”, esclareceu. Os mestrandos vão ter ainda entrar contacto com o Direito da União Europeia, o que Espadinha explicou ser uma consequência natural do enquadramento jurídico de Portugal. “Sim, houve de facto o cuidado de integrar no curso disciplinas relacionadas com o Direito da União Europeia, devido ao facto de Portugal fazer parte da UE. O Direito Lusófono tem de estar relacionado com o Direito dos Países Lusófonos, e Portugal é o primeiro desses países”, apontou.
Hoje Macau SociedadeInstituto Ricci | Acervo destruído pelas inundações Serão cerca de 15 milhões de patacas de prejuízos. O acervo do Instituto Ricci a cargo da Universidade de São José estava guardado em caixotes numa cave, e não resistiu às inundações provocadas pela passagem do Hato no território [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s inundações causadas pela passagem do tufão Hato em Macau destruíram todo o acervo do Instituto Ricci, cerca de 25.000 livros e revistas, armazenado no novo ‘campus’ da Universidade de São José. Peter Stilwel, reitor da instituição de ensino superior ligada à Universidade Católica, estimou em cerca de 15 milhões de patacas, os prejuízos da perda de cerca de 28.000 exemplares, incluindo 3.000 livros da Universidade de São José. “Veio a enxurrada e [os livros] ficaram todos irrecuperáveis”, disse à agência Lusa Peter Stilwell. “Quando se percebeu a dimensão do tufão [Hato] já era tarde para fazer alguma coisa”, acrescentou. Todo o acervo da Biblioteca Tomás Pereira, do Instituto Ricci, estava encaixotado numa das caves do novo ‘campus’ da Universidade de São José, para onde tinha sido enviado nos últimos meses, com o objectivo de mais tarde ser transferido para a biblioteca daquela instituição do ensino superior. Os livros ficaram durante três dias submersos em água salgada que galgou do delta do Rio das Pérolas, juntamente com peixes trazidos na enxurrada. “Percebemos logo que os livros tinham sido atingidos, porque as caixas [dos livros] estavam desfeitas e ainda por cima era água salgada vinda do Porto Interior. Mas como havia animais a apodrecer ali, e gases tóxicos, tivemos primeiro de despejar a água e fazer alguma ventilação”, afirmou. O novo ‘campus’ da Universidade de São José, que recebe este ano lectivo estudantes e professores pela primeira vez, está localizado na Ilha Verde, na península de Macau, uma das zonas da cidade mais afectadas pelas inundações. Segundo um relatório dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), a estação da Doca da Ilha Verde que monitoriza o nível da maré chegou a registar 5,04 metros. Fragilidades A cave onde estavam os caixotes com os exemplares fica situada numa zona contígua à que inicialmente tinha sido pensada para armazém dos livros da biblioteca, explicou o reitor da Universidade de São José. “Agora percebemos que tem uma vulnerabilidade enorme”, disse. Segundo Stilwell, o gasto que seria necessário para tentar recuperar os livros era superior à substituição do acervo, que deverá demorar pelo menos três anos. “A notícia menos má é a de que não haveria exemplares raros na colecção do Instituto Ricci, que é excelente e preciosa, e que vale a pena tentar recuperar”, acrescentou, indicando que vão tentar a compra em editoras ou alfarrabistas, ou ainda por via da solidariedade de outras bibliotecas, que podem ter exemplares repetidos, nomeadamente das revistas perdidas na inundação. No acervo perdido da biblioteca do Instituto Ricci havia livros de teologia e da história da Igreja, mas também outros de carácter geral, sobre a história de Macau e sobre o encontro de culturas entre o ocidente e o oriente. “Imagino que em Macau haverá interesse em ter uma biblioteca sobre a história do território e sobre a relação de Macau com a China continental ao longo dos séculos”, observou Stiwell. O reitor adiantou que à excepção das inundações, as instalações do novo campus resistiram à passagem do tufão Hato. “Ainda estamos a lamber as feridas, a tentar perceber a dimensão dos estragos. Acima do piso térreo, o ‘campus’ resistiu bastante bem. (…) Não houve uma única árvore arrancada nos jardins que temos nos telhados”, afirmou. As aulas no novo campus da Universidade de São José têm início a 18 de Setembro. No total estão inscritos cerca de 1.100 alunos, incluindo 355 novos estudantes.
João Luz Manchete PolíticaPoluição | Estudo levanta dúvidas sobre qualidade do ar em escolas privadas Um estudo feito por uma aluna de mestrado da Universidade de São José demonstra a relação entre a qualidade do ar exterior e o que se respira dentro de salas de aula de três escolas privadas. Algumas medições apresentaram valores de concentrações de micropartículas três vezes superiores às recomendações da Organização Mundial de Saúde [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante 15 dias Ida Leong, aluna de mestrado do Instituto de Estudos Ambientais da Universidade de São José, mediu a concentração de partículas em suspensão em 12 salas de aula e sete zonas exteriores de três escolas privadas de Macau. Sem referir quais os estabelecimentos em causa, a investigadora quis aferir da influência da qualidade do ar do exterior no ar respirado pelos alunos e docentes durante o período das aulas. Os resultados do estudo são, no mínimo, alarmantes. Como é sabido, entre os meses de Outubro e Março a qualidade do ar de Macau degrada-se consideravelmente. Durante esse período, a concentração de partículas em suspensão (PM10 e PM2,5) dentro das salas de aula foi, em média, duas a três vezes superior aos valores máximos recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estas condições verificaram-se “principalmente quando a humidade e a precipitação foram menores e quando se verificaram ventos dos quadrantes norte e oeste”, explica Ida Leong. A investigadora da Universidade de São José concluiu que “a qualidade do ar nas escolas de Macau é fortemente afectada pela poluição atmosférica, mas que as escolas podem tomar medidas preventivas de forma a minimizar os riscos para as crianças”. Este tema tem sido uma das preocupações centrais da UNICEF no âmbito da saúde ambiental. No final do ano passado a organização fez um estudo sobre o impacto da poluição atmosférica nas crianças com conclusões preocupantes. A exposição a ar de má qualidade durante a infância pode ter consequências crónicas, principalmente ao nível do desenvolvimento do sistema respiratório que pode ficar afectado para o resto da vida. No relatório da UNICEF, “Clean the air for children”, são elencados estudos que mostram que crescer num ambiente poluído pode reduzir a capacidade pulmonar em 20 por cento. O equivalente aos efeitos de crescer numa casa em que o fumo em segunda mão é uma constante. A ciência também demonstra que os adultos que cresceram em ambientes de constante poluição atmosférica tendem a desenvolver problemas respiratórios ao longo da vida. Jovens pulmões O relatório da UNICEF destaca também a susceptibilidade maior das crianças que crescem em ambientes com poluição atmosférica em serem contagiadas por vírus, bactérias e infecções várias. Além disso, estar sujeito a estas condições aumenta os riscos de infecções respiratórias e reduz a capacidade das crianças para as combater, uma vez que os seus sistemas imunológicos, ainda em desenvolvimento, também sofrem com a poluição. Outro facto alarmante prende-se com a respiração das crianças, duplamente mais rápida que a dos adultos, absorver mais ar por unidade corporal. Também as suas vias respiratórias são mais pequenas, levando a que infecções originem com maior frequência bloqueios. A poluição dentro de portas é mais comum em zonas rurais e empobrecidas, conclui o relatório da UNICEF, desafiando a realidade do que se passa em Macau. Isso deve-se à maior frequência de uso de combustíveis de biomassa para cozinhar ou aquecimento, algo que é raro nas cidades. A escola é um dos ambientes interiores mais importantes para a saúde das crianças, uma vez que é aí que passam grande parte do dia. A situação em Macau é particularmente “grave porque a maioria das escolas está localizada perto de ruas com intenso tráfego, colocando as crianças em idade escolar em perigo de exposição a elevados níveis de poluição atmosférica”, explica Ida Leong. A académica teve em consideração vários factores na investigação que fez, além das medições nas escolas. Teve em conta factores como as potenciais fontes de micropartículas, as condições meteorológicas e as variações de concentração de micropartículas registadas ao longo do ano pela Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau (SMG). Resposta institucional Os resultados verificados por Ida Leong variam dependendo da localização das escolas e do tipo de ventilação usado nas salas de aula. “Concluímos que as crianças que estudam nas escolas que analisámos, e que não têm procedimentos para evitar a entrada do ar exterior nas salas de aula, estão em elevado risco potencial”, explica a investigadora. A perigosidade verifica-se principalmente entre Outubro e Março, ou seja, parte significativa do ano lectivo. A resposta por parte da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) foca-se na implementação do Guia de Funcionamento das Escolas, onde se estabelece que “o planeamento da construção escolar deve, pelo menos, estar de acordo com os princípios de segurança, prática, protecção do ambiente, arborização, protecção contra a poluição e o ruído”. Estas directrizes aplicam-se igualmente a estabelecimentos de ensino privado. Fonte dos Serviços de Educação confirmou ao HM que são realizadas inspecções para aferir que as indicações são seguidas pelas escolas. É de salientar que este guia de funcionamento é um corpo de regras dinâmico, que vai sendo alterado consoante surgem novos problemas que necessitem de resolução. Outro dos argumentos da DSEJ não responde à questão da poluição dentro das salas de aula. São as recomendações para o ajuste de actividades ao ar livre/desportivas conforme a qualidade do ar. Nesse guia é sugerido que “as escolas devem acompanhar as previsões do índice de qualidade do ar emitidas pela SMG”. Em resposta escrita enviada ao HM, a DSEJ afirma que “quando o índice de qualidade do ar atinge um nível muito insalubre, perigoso ou até muito perigoso, as escolas podem, de acordo com a situação real, reduzir ou cancelar adequadamente as actividades ao ar livre/desportivas”. Afirma ainda que nestas condições “o pessoal de promoção da saúde deve acompanhar, de perto, o estado de saúde dos docentes e dos alunos”. O mesmo guia refere que a ventilação natural deve ser o meio prioritário para garantir as condições sanitárias e ajustar o ambiente interno, e que “quando a ventilação natural é insuficiente ou impossível, os equipamentos de ventilação artificial para renovação contínua de ar são necessários”. Uma das soluções para prevenir a insalubridade do ar respirado pelos alunos durante as aulas é muito simples: fechar as janelas. Apesar de esta ser uma solução lógica, não é certo que seja tida em consideração. Quando questionado se estes guias eram de facto implementados na escolas de Macau, a DSEJ remeteu de novo para o guia. O mesmo documento que privilegia a abertura de janelas como forma natural de ventilação, em lado algum referindo que devem ser fechadas em dias de maior poluição. Além, disso, outra das deficiências apontadas pelo estudo de Ida Leong é a susceptibilidade da qualidade do ar directamente ligada com os materiais de isolamento usados nas construções das escolas. Construção e bom senso No que diz respeito ao isolamento, o Guia de Funcionamento das Escolas estabelece que devem ser “instaladas barreiras, filtros, ou outras medidas eficazes para reduzir a poluição causada pela emissão dos gases dos automóveis”. Ainda assim, os resultados do estudo da investigadora registam elevadas concentrações de poluição atmosférica entre-portas. O estudo realizou-se em duas escolas de Macau e numa situada na Taipa. Importa referir que a OMS tem como limites recomendados de concentração de partículas PM 2.5 25 microgramas por metro cúbico e para as partículas PM10 o valor fixa-se nas 50 microgramas. A primeira escola analisada está rodeada por duas ruas movimentadas, com três lados do edifício voltados para prédios altos. Dentro das salas de aula monitorizadas teve dez dias de concentração de partículas PM 2.5, as mais nocivas, acima dos limites recomendados, registando no pior dia, em média, 46.05 microgramas por metro cúbico. Quase o dobro do limite recomendado. No que toca às partículas PM10, os resultados foram piores, com apenas um dia de níveis abaixo do limite recomendado pela OMS. O pior dia registou, em média, 165,97 microgramas por metro cúbico, mais de três vezes acima do limite. A escola analisada na Taipa situa-se numa área relativamente arejada, com uma parte do edifício voltada para prédios altos e outra parte virada para uma área arborizada. Ainda assim, os resultados foram muito semelhantes, com as concentrações de partículas consistentemente acima dos valores mínimos. No que toca à partículas PM10, registaram-se três dias com valores que triplicaram, em média, os limites estabelecidos pela OMS. A escola número três foi a que registou piores resultados. O edifício em questão situa-se em Macau, junto a uma estrada com muito trânsito e com um arranha-céus do outro lado da rua. Os outros lados da escola estão voltados para umas obras e uma zona arborizada. Este estabelecimento escolar teve valores, em média, sempre superiores nos 15 dias de medição das partículas PM2.5, sendo que em dois dias foram registadas concentrações quatro vezes superiores aos limites. No que toca às PM10, os valores foram quase sempre acima do dobro do limite, sendo que em dois dias andou perto do quíntuplo dos limites recomendados. É de salientar que estes limites recomendados pela OMS são normalmente ultrapassados em todo o mundo, como a própria investigadora que realizou o estudo admite. A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) tem um guia com instruções para a qualidade do ar no interior dos estabelecimentos públicos. O guia estabelece “a entrada de ar fresco para diluir o teor dos poluentes no ar do espaço interior”. Faz ainda a ressalva de que “este método requer que a qualidade do ar fresco do exterior seja melhor do que a do ar no espaço interior”. Como solução derradeira, a DSPA recomenda a instalação de elementos de purificação do ar. Apesar dos resultados serem alarmantes, tendo em conta os limites recomendados pela OMS, Ida Leong entende que a investigação que levou a cabo deixa uma mensagem e uma solução clara: “As escolas podem agir no sentido de melhorarem a qualidade do ar nas salas de aula usando bons materiais de isolamento e fechando as janelas quando a poluição for maior”.