Malásia | 70 alunos sentem-se “desamparados” por não poderem regressar à UM 

[dropcap]C[/dropcap]erca de 70 alunos da Malásia a estudar na Universidade de Macau (UM) dizem sentir-se “desamparados” por não poderem voltar ao território, noticiou o jornal Orange Post. Os estudantes pediram apoio aos Serviços de Saúde de Macau (SSM), ao Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Externos (GPRPAE) do Governo e aos serviços consulares do seu país para poderem regressar à UM, mas o seu pedido foi recusado. Os SSM explicaram, segundo o jornal, que este se trata “de um caso excepcional que não corresponde ao interesse público”, enquanto que o Gabinete de Protocolo adiantou que a UM disponibiliza o ensino à distância.

No entanto, um aluno disse ao Orange Post que as regras de funcionamento do ensino à distância são pouco claras, sendo difícil a organização das aulas e trabalhos com os professores. O mesmo aluno frisou que a diferença horária dificulta todo o processo de coordenação, temendo dificuldades na atribuição de notas com este sistema.

A 29 de Julho a UM anunciou a continuação do ensino online para todos os alunos estrangeiros que não conseguem viajar para Macau devido à pandemia. Segundo os dados relativos ao primeiro semestre do actual ano lectivo, há 206 alunos estrangeiros [que não são oriundos da China, Hong Kong, Macau e Taiwan], constituindo 1,89 por cento do total de alunos matriculados na universidade.

31 Ago 2020

Ensino superior | MUST ultrapassa UM em ranking de Xangai

Estão muito longe da lista das 100 melhores universidades do mundo, mas a Universidade de Macau e a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST) são as únicas do território a constar no Academic Ranking of World Universities (ARWU) de 2020, publicado pela Shangai Ranking Consultancy. A Universidade de Macau caiu umas posições e está agora atrás da MUST, mas lidera em alguns critérios

 

[dropcap]O[/dropcap] Academic Ranking of World Universities de 2020, publicado no último sábado pela Shanghai Ranking Consultancy, revela que a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) está à frente da Universidade de Macau (UM) a nível local, ainda que ambas as instituições do ensino superior estejam bem afastadas da lista das 100 melhores universidades do mundo. De frisar que o ranking reúne 1000 instituições de ensino de todo o mundo.

A MUST, que figura entre a 501 e 600.ª posição, não registou qualquer quebra desde 2017, ao contrário da UM, que tem vindo a perder posições desde 2019. A UM figura este ano, tal como em 2019, entre a 601 e 700.ª posição, quando nos anos de 2017 e 2018 estava entre a 501 e 600ª posição.

No entanto, a UM está à frente da MUST em alguns critérios analisados pelo ranking de Xangai, como é o caso dos artigos científicos que constam nos índices Science Citation Index-Expanded e Social Science Citation Index de 2019. A UM apresenta uma pontuação de 32.2, de 0 a 100, enquanto a MUST apresenta 19.9.

Relativamente à performance per capita, a UM apresenta uma pontuação de 13, enquanto que a MUST consegue apenas 10.8. Este indicador é calculado com base em cinco critérios como o número de docentes premiados ou com Prémios Nobel, o número de alunos graduados e o número de artigos científicos publicados ou citados em revistas da especialidade, entre outros. As pontuações mais elevadas destes critérios são depois calculadas com o número de docentes com contratos a tempo inteiro.

A MUST lidera, com uma pontuação de 8.3, no critério de artigos publicados na revista Nature and Science entre 2015 e 2019, enquanto a UM não recebe qualquer pontuação. A UM perde também no critério do número de investigadores citados pela Clarivate Analytics, com uma pontuação de apenas 7.0, enquanto a MUST apresenta 17.1. Ambas as universidades não têm qualquer pontuação no critério relacionado com docentes que receberam medalhas ou Prémios Nobel.

Harvard lidera

Olhando para o panorama do ensino superior na Ásia, o Japão e a China são os países com universidades no top 100. A Universidade de Tóquio é a primeira a surgir logo em 26.º lugar, enquanto que a Universidade Tsinghua, na China, surge este ano na 29.ª posição. A Universidade de Pequim aparece em 49.º lugar, seguindo-se a Universidade de Shangai Jiao Tong na 63.ª posição. A Universidade de Fudan fecha o top 100.
Hong Kong não tem, este ano, qualquer universidade no top 100. A mais bem classificada é a Universidade Chinesa de Hong Kong, situada entre a 101 e 150.ª posição, seguindo-se a Universidade de Hong Kong, posicionada entre a 151 e 200.ª posição.

A instituição de ensino superior de Hong Kong com a pior posição é a Universidade de Educação de Hong Kong, situada este ano entre a 801 e 900.ª posição.

O top 3 do ranking de Xangai volta a ser liderado pela Universidade de Harvard, seguindo-se a Universidade de Stanford e a Universidade de Cambridge.

18 Ago 2020

Covid-19 | UM criou sistema que distingue doença da pneumonia comum

[dropcap]D[/dropcap]ois investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Macau (UM) desenvolveram um sistema de diagnóstico automático aplicado a exames de Tomografia Axial Computorizada (TAC), capaz de distinguir, com sucesso e em pouco tempo, a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus (covid-19), de outros tipos de pneumonia comum.

O estudo que colocou em escrito a descoberta é da autoria do Professor Wong Pak Kin e do estudante de doutoramento em engenharia electromecânica, Yan Tao, e foi publicado na revista científica, “Chaos, Solitons & Fractals”.

Segundo um comunicado da UM, o novo sistema permite identificar se os doentes estão infectados com o novo tipo de coronavírus “de forma 60 vezes mais célere quando comparado com a análise feita por radiologistas”.

A descoberta pode ser tanto mais importante, tendo em conta que a análise dos exames requer habitualmente intervenção manual de um radiologista e que o aumento exponencial de casos de covid-19 fez disparar o número de testes realizados via TAC, que precisam ser analisados. “O rápido crescimento do número de casos de covid-19 e a necessidade de cada paciente ser submetido a vários exames via TAC (com mais de 100 imagens obtidas em cada teste) tornou-se num enorme desafio para os radiologistas, especialmente as áreas mais afectadas pela pandemia”, pode ler-se no comunicado.

A equipa de investigadores espera ainda desenvolver novas funcionalidades do sistema, encontrando-se a trabalhar na criação de um algoritmo capaz de prever a gravidade do novo tipo de coronavírus nos pacientes e distinguir entre cinco tipos de pneumonia comum.

5 Ago 2020

UM | Estudo conclui que residentes “têm forte identificação” com a China

[dropcap]U[/dropcap]m estudo feito pelo departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM), coordenado pelo académico Spencer Li, conclui que “os residentes de Macau sentem uma forte identificação com a China”, além de que “a maior parte deles se sentem macaenses e chineses”, lê-se num comunicado.

Outra das conclusões da investigação revela que “uma elevada percentagem dos residentes é composta por migrantes ou trabalhadores migrantes que vêm maioritariamente da China para se juntarem às suas famílias ou para procurarem trabalho”. Além disso, “os residentes de Macau têm, em termos gerais, uma boa condição física e mental com uma melhoria do nível de educação”.

O estudo da UM aponta ainda para o facto de o multiculturalismo do território “prevalece na fé e no sistema de valores dos residentes de Macau”, sendo que a maior parte “mostra uma atitude aberta e tolerante e apoia a igualdade de género”.

O estudo, intitulado “Macao Social Survey”, levou cinco anos a ficar concluído e foi feito com base em inquéritos e entrevistas. Neste trabalho colaboraram também os académicos Wang Hongyu, Cai Tianji e Kuo Shih-Ya, além de outros docentes e alunos de mestrado e doutoramento. A investigação, que teve início em 2015, conta com entrevistas a mais de 3500 residentes a partir dos 16 anos.

31 Jul 2020

Ho Iat Seng diz que tecnologia é chave para a diversificação

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, quer que a Universidade de Macau (UM) assuma, enquanto instituição de referência na área do ensino superior, a responsabilidade de canalizar a inovação tecnológica para resultados que contribuam para a diversificação económica do território.

De acordo com um comunicado divulgado ontem pela UM, no seguimento da reunião conjunta entre a assembleia e o conselho da instituição, Ho Iat Seng, que é também chanceler e presidente da assembleia da universidade pública, mostrou esperança na capacidade para “traduzir o progresso tecnológico em produtividade”.

Desta forma, segundo o líder do Governo, a UM deve ser capaz de formar talentos de nível mundial, socialmente responsáveis, competitivos, inovadores, detentores de uma perspectiva global e que “amem a sua pátria”. Por outro lado, a instituição deve investir na colaboração académica junto da indústria, esperando que sejam feitos progressos “na transferência de resultados tecnológicos para a diversificação das indústrias de Macau”.

“O país tem expectativas elevadas em relação à diversificação industrial de Macau e o próprio Governo da RAEM tem investido recursos avultados na educação e em pesquisa científica”, pode ler-se na nota.

Além disso, Ho Iat Seng referiu ainda que as instituições de ensino superior de Macau têm o dever de “servir a sociedade” e de se esforçar para “promover estudos teóricos e inovações relativas ao princípio ‘Um país, Dois Sistemas’”.

Atenção aos gastos

Outra das expectativas que o Chefe do Executivo tem para a universidade pública diz respeito ao recrutamento de quadros no estrangeiro, ao mesmo tempo que é feito um “investimento em talentos locais”.

Por fim, Ho apelou à UM que faça uma utilização “criteriosa” e que integre na sua forma de actuar o “princípio da frugalidade” de forma a ser capaz de “ultrapassar dificuldades” juntamente com os residentes de Macau, sem que para isso seja afectada a “qualidade da educação”.

Por sua vez, o reitor da UM, Yonghua Song referiu que a instituição irá cumprir a sua responsabilidade social e “cooperar activamente” com as políticas do Governo. Sobre o contributo rumo à diversificação económica do território, o responsável avançou que a UM vai promover ainda mais a disseminação do ensino superior pela população, partilhar resultados das investigações, fomentar o desenvolvimento de talentos inovadores e ainda desempenhar um papel relevante como “think tank” de elevada qualidade.

23 Jul 2020

Funcionário alerta para corte de despesas “ultrajante” na Universidade de Macau

De acordo com um funcionário da Universidade de Macau, o orçamento para o departamento de investigação aprovado para este ano foi congelado e não pode ser usado. Ao mesmo tempo que as inscrições para o próximo ano lectivo crescem, o número de pessoal está a diminuir

 

[dropcap]U[/dropcap]m funcionário da Universidade de Macau (UM) considerou “ultrajante” e “pouco racional” a gestão orçamental que está a ser feita pela instituição, dado que os cortes de despesa incidem sobre verbas previamente aprovadas.

Além disso, citada pelo portal All About Macau na passada sexta-feira, a mesma fonte refere ainda não compreender como estão previstos cortes ao nível do pessoal, quando o número de alunos inscritos para o próximo ano lectivo tem vindo a aumentar.

“As verbas para este ano já foram aprovadas no ano passado e agora estão congeladas, impedindo a sua utilização. Se os fundos já foram desbloqueados porque não podemos usá-los? Compreendo que no próximo ano o orçamento possa vir a ser reduzido, mas qual a razão para afectar agora, de forma tão grave o trabalho de investigação em curso? Se for preciso encomendar material, terei de pagar do meu próprio bolso?”, questionou o funcionário que não pretendeu ser identificado.

Segundo o funcionário, a decisão de congelar o orçamento já aprovado chega mesmo a ter um efeito perverso, já que em vez de ajudar a equilibrar as contas da UM, vem criar mais problemas.

“Não compreendo os efeitos práticos deste tipo de gestão. Se ao mesmo tempo que não nos permite poupar dinheiro, ainda contribui para diminuir a nossa eficiência porque razão estamos a fazer isto?”, sublinhou.

Por outro lado, o funcionário considera “ultrajante” o facto de alguns departamentos da UM terem “reduzido drasticamente” o número de funcionários quando as necessidades até são maiores, dada a aplicação de medidas de prevenção epidémica e o aumento de inscrições de novos alunos. A decisão de dividir as turmas mais numerosas em várias salas de aula irá resultar, de acordo com a mesma fonte, na “sobrecarga para os funcionários” e numa “enorme falta de pessoal”.

“Apesar de o número de inscrições estar a aumentar, a UM reduziu de forma pouco racional o seu orçamento e recursos humanos, o que tem contribuído para a sobrecarga dos trabalhadores. Considero que estas medidas não vão ao encontro dos pedidos do Chefe do Executivo e estão a prejudicar o interesse de todos os estudantes”.

Sem impacto

Segundo o All About Macau, confrontada com a situação, a UM garantiu que a redução de despesas não irá afectar o normal funcionamento da instituição,

“A economia de Macau foi profundamente afectada pela pandemia. A UM está comprometida em cooperar com a política de austeridade do Governo da RAEM para fazer face às dificuldades em conjunto com os residentes de Macau. A UM acredita que os cortes orçamentais não vão afectar a operacionalização global da Universidade”, referiu a UM na resposta.

21 Jul 2020

UM revê estatísticas e espera quebra do PIB superior a 50 por cento

[dropcap]A[/dropcap] economia do território deverá registar uma quebra entre 54,5 por cento e 60 por cento ao longo deste ano, de acordo com as previsões do Departamento de Economia da Universidade de Macau.

As estimativas foram divulgadas ontem, num exercício que apresenta cinco cenários possíveis, consoantes o número de turistas, e são a terceira revisão das estimativas desde o início do ano.

Segundo o pior cenário, que assume a entrada de 5,16 milhões de visitantes, a quebra do Produto Interno Bruto (PIB) vai chegar aos 60 por cento. No pólo oposto, a quebra de 54,5 por cento assume que vão entrar até ao final do ano 12,66 milhões de turistas. Este último cenário assume igualmente uma recuperação económica a partir da segunda metade do ano.

No que diz à taxa de desemprego, os economistas da UM colocam a possibilidade atingir 2 por cento, no melhor dos cenários, e de 3 por cento, na pior das hipóteses. No entanto, quando apenas é considerado o desemprego dos residentes, o número sobe para 2,9 por cento, no melhor cenário, e 4,3 por cento na pior das hipóteses.

Além da taxa de desemprego, a mediana salarial deve sofrer igualmente uma redução que na pior projecção vai chegar aos 9,6 por cento. Na melhor perspectiva a redução será de apenas 2,7 por cento.

Salários em quebra

Mas, se os salários poderão ser reduzidos, o mesmo não deve acontecer com os preços dos bens. A equipa da UM espera que haja inflação de 3,6 por cento na hipótese mais pessimista e de 0,6 por cento, na projecção mais optimista.

No comunicado ontem divulgado, os investigadores apontaram ainda que o impacto vai ser a curto prazo. “A epidemia é um choque de curto-prazo para a economia de Macau. No entanto, como já teve um impacto para a economia no primeiro e segundo trimestres deste ano, vai haver um impacto negativo para a taxa de crescimento”, é apontado.

Ao mesmo tempo, é defendido que ao contrário do que acontece em outras economias, na RAEM a crise vai ter um impacto menos profundo na taxa de desemprego e na inflação. Mesmo assim, a equipa de investigadores diz que é necessário estabilizar o mercado laboral, com a prevenção de falências e a manutenção da confiança dos consumidores.

Além da crise pandémica, o comunicado da UM aponta que a economia de Macau está a ser influenciada de forma negativa pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a redução do crescimento do Interior e a situação de Hong Kong.

30 Jun 2020

Alunos da UM alertam para a escassez de dormitórios

[dropcap]U[/dropcap]m grupo de 155 estudantes da Universidade de Macau (UM) entregou uma petição a alertar para a escassez de dormitórios destinados aos alunos, sublinhando ainda a falta de clareza dos critérios de apreciação dos pedidos de candidatura. A informação foi avançada ontem pelo Orange Post.

De acordo com os alunos dos cursos de pós-graduação e mestrado da UM que entregaram a petição, para o próximo semestre existem menos de 800 vagas em comparação com o semestre anterior, fazendo com que cerca de 30 por cento dos estudantes não tenham lugar nos dormitórios da UM.

Quanto aos critérios de apreciação das candidaturas, os peticionários apontam que estes são pouco claros ao nível do sistema de pontuação. Isto porque, existem candidatos que cumprem os critérios exigidos e estão na lista de espera e outros que, apesar de não cumprirem esses mesmos critérios ou de terem adiado a sua graduação, viram a sua candidatura ser aceite. Perante este cenário, é feito um apelo para que a instituição reveja eventuais erros administrativos e clarifique os critérios aplicados.

De acordo com a petição, a falta de vagas contribui ainda para prejudicar os interesses dos estudantes que ficaram de fora, pois são obrigados a interromper os seus estudos por mais tempo e prejudicam o trabalho junto das associações estudantis.

Por fim, os peticionários querem ainda que UM apoie os alunos que precisam de abandonar os dormitórios e que estão impedidos de recolher os seus pertences por se encontrarem impedidos de entrar em Macau devido à pandemia de covid-19. Os estudantes pretendem assim que o organismo possa manter os pertences dentro dos quartos ou, em alternativa, que antes do início das aulas possa coordenar a recolha das suas bagagens e objectos pessoais.

24 Jun 2020

Mestre da UM defende mais iniciativas ambientais por parte da Sinopec, State Grid e CNPC

As três maiores empresas chinesas listadas no índice Fortune 500, a Sinopec, a State Grid e a China National Petroleum Corporation, deveriam apostar mais no ambiente como forma de responsabilidade social corporativa. É a grande conclusão de um estudo feito por Cristina Lu, membro do Instituto para a Responsabilidade Social das Organizações na Grande China em Macau. Em relação à covid-19, a responsável defende uma maior aposta nos apoios aos funcionários

 

[dropcap]C[/dropcap]ristina Lu, mestre pela Universidade de Macau (UM) e membro do Instituto para a Responsabilidade Social Corporativa na Grande China em Macau, concluiu recentemente a sua tese de mestrado que olha para as acções de responsabilidade social corporativa levadas a cabo pelas três maiores empresas de cada um dos países que compõem os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e, desde 2010, a África do Sul), com base no índice Fortune 500.

Intitulado “A look into corporate social responsibility in China and other BRICS countries”, o trabalho foca-se nas acções da Sinopec, China National Petroleum Corporation (CNPC) e State Grid em matéria de responsabilidade social corporativa. Ao HM, Cristina Lu defende que estas empresas deveriam apostar mais em acções ambientais como forma de responsabilidade social corporativa.

“As empresas chinesas deveriam focar-se mais na redução do consumo de água e das emissões de gases de efeito de estufa”, apontou. “Vi que as iniciativas das empresas chinesas estavam mais voltadas para doações e investimentos na comunidade. No entanto, penso que é necessário apostar mais em iniciativas ligadas à área ambiental.”

Para a autora do estudo, cabe às empresas apostarem nesta área através de uma melhor comunicação. Estas “deveriam ter práticas mais amigas do ambiente e isso deveria ser melhorado através de uma maior comunicação com a população”.

Para isso, as empresas em causa deveriam fazer “publicidade que chegasse a todos”, além de promover “uma cultura de sustentabilidade, pois esta tem de partir das famílias”, disse.

A tese conclui que “a China deve concentrar-se em três grandes tópicos relacionados com a sustentabilidade”. A redução do consumo de água “é um desafio, tendo em conta que a população chinesa é uma das maiores do mundo, e há uma procura massiva por este bem essencial”.

“Com mais pessoas, mais a pegada ecológica é uma questão importante, e a China necessita de se focar mais na redução das emissões de gases de efeitos de estufa, uma vez que esse é um ponto que não está muito bem esclarecido nos relatórios nem nos resultados apresentados”, escreve Cristina Lu.

O estudo diz ainda que “a China tem vindo a fazer os máximos esforços na redução da emissão de outros gases poluentes, tendo em conta os resultados positivos por comparação aos anos anteriores”. No entanto “são necessários mais esforços para a redução dessas emissões”, pode ler-se.

Fundada em 2002, a State Grid é uma empresa de electricidade estatal e a terceira maior do país, sendo também uma das maiores eléctricas do mundo. “A empresa procura energias limpas e alternativas, é orientada para as pessoas e conduzida por um espírito de equipa, além de trabalhar em linha com a iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’”, descreve Cristina Lu na tese.

A CNPC é a segunda maior empresa chinesa e a terceira maior empresa de combustíveis do mundo. Foi fundada em 1988 depois de uma reforma na política dos combustíveis e depois do fim do controlo estatal deste sector. Inicialmente, explica Cristina Lu, a empresa era responsável apenas pela produção onshore, enquanto que a China National Offshore Oil Corporation operava no ramo offshore e a Sinopec na área dos produtos petroquímicos.

“Os valores da empresa focam-se no dinamismo, lealdade, honestidade e compromisso, e a sua estratégia é a expansão do mercado para todo o mundo, com o foco nas tecnologias inovadoras e na extração de recursos naturais”, aponta a autora da tese.

Por sua vez, a Sinopec, criada no ano 2000, é tida como a maior empresa de energia da China. É líder no fornecimento de produtos petroquímicos e feitos a partir de petróleo, além de ser responsável pelo refinamento, processamento, distribuição, transporte e comércio de gás natural e combustíveis.

A Sinopec “trabalha com valores, inovação, gestão de recursos, abertura em termos corporativos”, procurando sempre chegar às baixas emissões de carbono. “A empresa tem como foco ser líder mundial nos sectores da energia e da indústria química”, lê-se na tese de Cristina Lu.

China lidera donativos

Comparando com os restantes países que compõem os BRICS, as empresas chinesas em análise são as que “mais fizeram donativos como contribuições para a saúde, alívio da pobreza, educação e ambiente”.

Cristina Lu defende que não é possível afirmar qual o país dos BRICS que possui melhores práticas de responsabilidade corporativa. “Segundo a minha análise, as companhias indianas sobressaíram bastante na área ambiental, e vi que, entre 2017 e 2019, conseguiram diminuir bastante a emissão dos gases de efeitos de estufa. Em relação à Rússia as empresas focaram-se mais na parte económica e nas doações. Já o Brasil, melhorou bastante na área ambiental, só que a qualidade dos relatórios poderia ser melhor, uma vez que poderiam ter relatórios de sustentabilidade separados, ao invés de apresentarem um relatório integrado juntamente com o relatório anual.”

Relativamente à África do Sul, as empresas analisadas “conseguiram ser bem determinadas e tornar claro o seu foco, que é o combate à pobreza e à fome”, lê-se. No que diz respeito às empresas brasileiras, estas “prestaram muito mais atenção aos impactos ambientais”, com os resultados “neste campo a serem consideravelmente prósperos”, escreveu a autora do estudo.

Falta fiscalização

Cristina Lu analisou os relatórios de responsabilidade social corporativa da Sinopec, CNPC e State Grid do ano de 2018, e em todos eles encontrou uma falha comum: a falta de fiscalização de uma terceira entidade.

“Todos os relatórios de sustentabilidade deveriam ter um parecer de uma empresa externa independente, de auditoria. Vi que faltava esse parecer nas empresas chinesas, e esse é um dos pontos negativos.”

Para a autora, o facto de estas três empresas não terem uma auditoria independente às acções de responsabilidade social corporativa faz com que a China deva olhar para os bons exemplos dos restantes países dos BRICS.

“É essencial enfatizar que os aspectos positivos dos relatórios de outras empresas dos BRICS podem ser considerados como um modelo para as futuras publicações por parte das empresas chinesas”, lê-se na tese.

“Os relatórios de auditoria são preciosos para os interesses das pessoas, e os relatórios das empresas russas e brasileiras apresentam auditorias nas suas últimas páginas, pelo que podem ser considerados bons exemplos”, compara a autora.

Apesar desta falha, a responsável denota que os documentos respeitam as directrizes internacionais em termos de responsabilidade social corporativa, com dados detalhados.

A tese de Cristina Lu traça também um cenário histórico das grandes empresas estatais, que começaram a desenvolver-se a partir da implementação da República Popular da China, em 1949.

“[A responsabilidade social corporativa] começou nos anos 50. Antes, as empresas estatais estavam na liderança e focavam-se mais nos direitos dos funcionários, na parte social. Depois das privatizações é que as empresas se começaram a focar mais na área ambiental, que é outra parte da responsabilidade social corporativa. Desde 2005 até aos dias actuais o relatório de sustentabilidade passou a ser obrigatório para as grandes empresas”, explica Cristina Lu ao HM.

O impacto covid-19

O estudo de Cristina Lu contém também um ponto relativamente à forma como estas empresas devem dar resposta ao impacto da pandemia da covid-19. “Do ponto de vista económico, os resultados financeiros das empresas deverão obviamente registar quedas drásticas devido ao abrandamento da economia mundial causado pelo confinamento de cidades, quarentenas, redução do turismo e menos poder de compra. A consciência da responsabilidade social deveria aumentar com a atribuição de mais subsídios aos funcionários com necessidades e donativos concedidos a centros de abrigo”, lê-se no documento.

Além disso, a tese aponta para o impacto ambiental negativo devido à produção de mais máscaras cirúrgicas e gel desinfectante, o que implica um maior consumo de plástico e de água. Mas, além do impacto ambiental e das respostas necessárias, Cristina Lu acredita que a pandemia da covid-19 deveria levar as empresas a adoptarem novas práticas para com os funcionários e a comunidade.

“Acredito que as empresas devem responsabilizar-se mais pelos custos em relação aos produtos de higiene e tentar conter despesas desnecessários. Em relação ao pessoal, devem ter uma atenção redobrada, porque sei que as grandes empresas possuem funcionários de vários países, portanto deve-se focar na ajuda a estes. Na área da habitação, [poderiam ser atribuídos] subsídios extra para as famílias dos funcionários afectados, além de outras ajudas”, frisou ao HM.

19 Jun 2020

Universidade de Macau integra estudo mundial sobre efeitos psicossociais da pandemia

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) vai integrar um estudo com outras 15 instituições de ensino superior e de investigação sobre os efeitos psicossociais da pandemia da covid-19 no mundo, anunciou o próprio estabelecimento de ensino.

“O estudo tem como objectivo investigar os efeitos a longo prazo da pandemia (…) na saúde mental em todo o mundo, para fornecer orientações políticas (…) e fortalecer os serviços de saúde existentes, para abordar melhor as questões públicas de saúde mental, bem como aprofundar o conhecimento sobre como as populações de diferentes países respondem às adversidades e resistem perante o stresse e perturbações causadas pela pandemia”, pode ler-se no comunicado da UM divulgado na quarta-feira.

O estudo vai realizar-se ao longo de um ano, até Maio de 2021, em 14 países, a maioria europeus, e vai ser liderado pela Universidade Livre de Amesterdão através do seu instituto de investigação e disseminação de intervenções psicológicas, um centro de colaboração com a organização Mundial de Saúde.

O Centro de Estudos de Macau da UM participou no ‘desenho’ da pesquisa e vai coordenar a recolha de dados no território e nas regiões vizinhas.

21 Mai 2020

Funcionários públicos | Formações na UM e no IFT

[dropcap]O[/dropcap] secretário para a Administração e Justiça adiantou no hemiciclo que as formações dos funcionários públicos vão passar a ser feitas em parceria com a Universidade de Macau (UM) e o Instituto de Formação Turística.

“Temos o Edifício Jubileu na UM e terminámos o ensino contínuo. Vamos aproveitar essas instalações da UM e os seus recursos para realizar as nossas acções de formação”, disse André Cheong. O secretário admitiu, contudo, que “temos verificado problemas na formação de funcionários públicos”, depois de alguns deputados terem argumentado os poucos efeitos práticos dos cursos.

27 Abr 2020

Covid-19 | UM lança mais dois cursos de formação para PME

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) vai lançar dois novos cursos de formação destinados a patrões e empregados de pequenas e médias empresas (PME) como resposta à crise gerada pela pandemia da covid-19. Segundo um comunicado, as inscrições para os cursos, nas áreas de gestão de recursos humanos e finanças, estão abertas até domingo. Estas ofertas formativas são completamente gratuitas devido à pandemia.

Os cursos são organizados pelo Centro de Educação Contínua e a Faculdade de Administração de Empresas da UM e visam dar uma resposta à crise que afectou muitas PME. “O grande desafio enfrentado pelas PME locais é a limitação em termos de recursos humanos. O curso de Recursos Humanos e Gestão Organizacional vai ajudar os participantes a conceber e a usar de forma efectiva a estratégia para maximizar o desempenho e produtividade dos empregados, a fim de melhorar a operação, eficiência e lucros da empresa. O curso de Finanças Fundamentais e Práticas de Contabilidade vai focar-se nos conhecimentos básicos nestas duas áreas.”

As aulas começam a 5 de Maio e deverão terminar no fim do mês. A UM dá conta que os dois primeiros cursos organizados, nas áreas de “Marketing e Estratégia de Serviço” e “Gestão de Crises e Liderança” tiveram uma boa aceitação, com as vagas praticamente concluídas.

22 Abr 2020

UM | PME com acesso gratuito a plataforma de tradução online

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) está a disponibilizar gratuitamente às PME uma plataforma de tradução automática que inclui português, inglês e chinês para ajudar as empresas a procurar soluções de negócio em tempos de crise provocada pela pandemia.

Criada em Macau, a ferramenta pretende contribuir para a integração de Macau na Grande Baía e colmatar as diferenças linguísticas entre o mandarim e o cantonês. Criada pelo Laboratório de Processamento de Linguagem Natural e Tradução Automática de Português para Chinês (NLP2CT) da UM, a plataforma permite fazer traduções integrais de texto “com um elevado nível de precisão”, entre os três idiomas, com a vantagem de o chinês incluir mandarim e cantonês.

17 Abr 2020

Zoom | UM atenta às falhas de segurança da plataforma

A plataforma de videoconferências Zoom ganhou destaque em tempos de pandemia e é já a ferramenta de eleição de empresas e escolas para promover trabalho e ensino à distância. Contudo, ciberataques e preocupações de privacidade têm sido associadas à Zoom, ao ponto de já ter sido alvo de um aviso da DSEJ

 

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) está alerta e preparada para lidar com falhas de segurança e privacidade associadas à plataforma de videoconferência Zoom. Quem o diz é o professor do departamento de ciências informáticas da UM, Miguel Gomes da Costa Junior, que adoptou a ferramenta desde o dia em que passou a leccionar à distância.

“Na UM, temos usado o Zoom para entrevistas, defesas de tese e aulas. Logo no início da quarentena, quando a UM adoptou o uso do Zoom, todas as informações de segurança foram passadas aos nossos Gabinetes para as Tecnologias de Informação e Comunicação (ICTO) e pelo Centro para a Melhoria do Ensino e da Aprendizagem (CTLE), para evitar surpresas desagradáveis”, explicou ao HM Miguel Gomes.

A verdade é que em tempos de quarentena, a plataforma assumiu o papel de ferramenta de comunicação de eleição, não só por utilizadores comuns, mas também por empresas e estabelecimentos de ensino, ultrapassando naturais candidatos como o Skype (Microsoft) ou o Hangouts (Google).

Contudo, a popularidade do Zoom tem crescido a par com as preocupações ligadas à sua fiabilidade e nível de exposição a ciberataques, já que existem denúncias associadas a invasões de videoconferências, um fenómeno que o próprio gabinete do FBI em Boston apelidou de “Zoombombing”.

“As principais denúncias referem-se a invasões em videoconferências e reuniões, o chamado ‘Zoombombing’, uma analogia ao ‘Photobombing’, termo usado quando um estranho invade uma foto alheia. Há relatos de reuniões que foram invadidas por estranhos nos EUA, que partilharam imagens e linguagem inapropriadas ou de ódio e, em alguns casos, tomaram o controlo da reunião”, explicou o professor da UM.

Dos relatos divulgados pelo FBI, duas escolas secundárias do estado de Massachusetts reportaram casos de aulas que foram invadidas. No primeiro caso, um indivíduo acedeu a uma aula que estava a ser leccionada através do Zoom e, após ter proferido algumas obscenidades, enunciou a morada da professora responsável pela lição. Já no segundo caso, um outro indivíduo passou a estar visível, mostrando suásticas tatuadas no corpo.

Conveniência perigosa

A popularidade do Zoom é explicada, sobretudo, pela facilidade de utilização, permitindo, na sua versão gratuita, que até 100 utilizadores possam participar, em simultâneo, numa videoconferência. O acesso é feito através de um link ou número de identificação partilhável com qualquer pessoa, não existindo, por definição, necessidade de uma password para entrar.

“As pessoas começaram a usar contas gratuitas sem estar atentas a aspectos básicos como, não clicar em links ou documentos estranhos recebidos através do chat durante as reuniões ou activar os recursos de segurança que o Zoom oferece, como tornar as reuniões privadas, criar uma ‘sala de espera’ para filtrar quem pode entrar na reunião e controlar a partilha de ecrã”, explicou ao HM Miguel Gomes.

Eric Yuan, CEO do Zoom, já veio a público admitir a existência de falhas de segurança, mas prometeu que “todas as questões estão a ser levadas a sério”, tendo sido introduzidas algumas alterações. Por exemplo, a inclusão de um ícone dedicado às configurações de segurança ou a impossibilidade de aceder à reunião antes do anfitrião.

DSEJ | Sem queixas

Contactada pelo HM, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) revelou que até ao dia 8 de Abril, “não recebeu qualquer queixa relacionada com a utilização da plataforma Zoom”. Na resposta enviada, a DSEJ confirma ainda que foram 14 as escolas de Macau que usaram o Zoom como auxiliar de ensino, sublinhando que apesar “de não recomendar plataformas específicas”, apoia as escolas na criação de um “mecanismo próprio de segurança da informação”. Segundo a DSEJ, foram ainda enviadas às escolas, via Instituto de Acção Social (IAS), orientações de segurança para a utilização do Zoom. Das medidas de segurança fazem parte, a necessidade de actualizar a aplicação de telemóvel para a versão mais recente, definir senhas de acesso para as reuniões, evitar aceder à plataforma através de contas de terceiros, prestar atenção a actividades suspeitas e fornecer as senhas de acesso apenas aos participantes.

14 Abr 2020

Estudo da UM conclui que rede de tráfico tem origem em Yunnan, Sichuan e Myanmar 

[dropcap]U[/dropcap]m estudo desenvolvido por dois investigadores da Universidade de Macau (UM) conclui que as regiões de Yunnan, Sichuan e Myanmar constituem a principal origem da rede de tráfico de droga que opera na China. Enquanto isso, as regiões de Guangdong, Xinjiang e Sichuan servem como destinos principais.

As conclusões surgem no estudo intitulado “Smuggling of Drugs by Body Packing: Evidence from Chinese Sentencing Documents”, da autoria de Tang Ruoyang, doutoranda do departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM) e do seu supervisor, Cai Tianji, professor no mesmo departamento. O artigo foi publicado na revista científica International Journal of Drug Policy.

Os dois investigadores analisaram os processos judiciais na China relacionados com tráfico de droga e casos de transporte de droga no corpo, entre o período de 2006 e 2016.

“Os resultados revelam que a heroína e as metanfetaminas são as principais drogas traficadas recorrendo a ‘mulas de transporte’”, descreve um comunicado da UM. Além disso, o estudo conclui ainda que os tribunais da China aplicam penas mais pesadas “em casos que envolvem uma maior quantidade de drogas e quando há reincidência do crime”. Por outro lado, “mulheres grávidas ou a amamentar, portadores de deficiência, ou menores, tendem a receber penas mais leves”.

Foi também concluído que os infractores que confessam a prática do crime são os que são condenados a maiores penas. Este estudo faz parte de um projecto de Cai Tianji focado na análise de sentenças judiciais chinesas e é um dos nove artigos científicos já publicados em publicações científicas de referência, aponta a UM.

9 Abr 2020

Chuxia Deng, investigador e reitor da Faculdade de Ciências Médicas da UM: “É possível prevenir o cancro da mama”

Ao fim de quatro anos, uma equipa de 12 investigadores da Universidade de Macau (UM) descobriu um meio de travar a proliferação do cancro da mama e bloquear o aparecimento de metástases após cirurgia. Chuxia Deng, professor que liderou a investigação, aponta o caminho a percorrer e a razão porque Macau, assim como outros países asiáticos, regista muito menos casos que o Ocidente

 

[dropcap]Q[/dropcap]ual a importância deste estudo?

A importância desta descoberta assenta sobre vários aspectos. O primeiro de todos é que o cancro da mama ocorre com maior frequência nas mulheres, afectando anualmente mais de dois milhões de pacientes do sexo feminino e provocando a morte a mais de 600 mil. O gene sobre o qual estivemos a trabalhar chama-se BRCA1, cuja mutação está relacionada com o aumento do risco de desenvolver cancro da mama. O que isso quer dizer é que, estando a mutação deste gene relacionada com o aparecimento de cancro da mama de origem hereditária, as pessoas portadoras da mutação do gene BRCA1 têm muito mais possibilidades de contrair cancro da mama. Outro ponto de foco da nossa equipa foi o facto da mutação provocada pelo BRCA1 estar relacionado com os casos mais graves de cancro da mama, os do tipo triplo negativo (TNBC). Apesar deste tipo de cancro da mama ser muito difícil de tratar, descobrimos que o BRCA1 tem uma nova função que revelou ser de extrema importância. Isto porque antes, pensávamos que este gene estava apenas relacionado com a regeneração de ADN, mas no nosso estudo descobrimos que é também responsável por manter a integridade das mitocôndrias que, no caso de estarem danificadas, podem provocar inflamações e, consequentemente, a criação de tumores e metástases. Foi essa a nossa descoberta. Mas fomos mais longe e descobrimos que, ao utilizarmos inibidores contra inflamações, é possível parar a proliferação do cancro e bloquear o aparecimento de metástases. Portanto, esse é também um ponto muito importante desta pesquisa.

O que é que na prática passa a poder ser feito de forma diferente no tratamento e prevenção do reaparecimento do cancro da mama?

O nosso estudo aborda também um ângulo muito interessante porque em muitas pessoas, após serem operadas para a remoção dos tecidos cancerígenas, por vezes, volta a verificar-se a recorrência e o aparecimento de metástases. Isso quer dizer que após a cirurgia, mesmo que o cancro tenha sido removido, por vezes, ele pode voltar a aparecer. Nesse sentido, descobrimos que a ocorrência de inflamações desempenha um papel crucial porque, no nosso caso, ao conseguirmos tratar da inflamação, bloqueamos a formação de tecido cancerígena e também o aparecimento de metástases. Por isso, o nosso estudo sugere que, em alguns casos, após a cirurgia, o paciente seja tratado com inibidores inflamatórios para reduzir o risco do cancro voltar a aparecer. Isto é algo que temos muita vontade de aplicar.

Em que é que o vosso estudo se distância de outros sobre o cancro da mama e quais os próximos passos para futuras investigações?

O nosso estudo abordou apenas uma pequena parcela daquilo que é o universo do cancro da mama, porque a maioria dos cancros da mama não estão relacionados com o gene BRCA1. Mas, na minha opinião, podemos começar por assumir uma pequena parte para entender o mecanismo inerente a este tipo de cancro e, assim, gradualmente, sermos capazes de entender uma regra que pode ser aplicável a outros tipos de cancro. Por isso, faseadamente, pretendemos expandir o nosso trabalho a outros tipos de cancro da mama e compreender se o mesmo mecanismo se aplica. Outro objectivo do nosso estudo é compreender se o microambiente tumoral implicado no cancro da mama, também pode ser estendido a outros tipos de cancro, generalizando-o a uma maior fatia da população.

Acredita que a evolução do panorama do cancro da mama tem sido positiva?

Existem actualmente muitas abordagens relativas ao cancro da mama. O cancro da mama pode ser de vários tipos e, para a maior parte, já estamos preparados para lidar com eles e curá-los. Mas o problema são aqueles que estão relacionados com a mutação do gene BRAC1 ou do tipo triplo negativo, que são os mais difíceis de tratar. Por isso, a nossa estratégia passa por “atacar” estes dois tipos de cancros. No entanto, para os cancros relacionados com a mutação de gene, muitas pessoas já estão sensibilizadas para a questão da prevenção, como são exemplo as doenças genéticas. Nestes casos, é possível fazer sequências para descobrir essas mutações e actuar sobre elas. Um desses exemplos é o caso de Angelina Jolie, que em 2013, quando descobriu que tinha sofrido uma mutação do gene BRCA1, tomou a iniciativa de se sujeitar a uma cirurgia para remover a mama. Mais tarde, acabaria também por remover a outra mama como forma de prevenção. No entanto, existem muitos progressos que estão a ser feitos nesta área e outros factores de prevenção, nomeadamente ambientais e imunológicos relativos ao mecanismo inflamatório. Podemos tomar muitas acções para tentar impedir o aparecimento deste tipo de cancro.

O que deve ser feito ao nível da sensibilização e prevenção do cancro da mama? Quais os sinais para os quais as pessoas devem estar atentas?

Temos de transmitir que o cancro da mama afecta essencialmente as mulheres e que tem uma elevada taxa de frequência, causando muitas mortes. Mas também queremos que as pessoas saibam que é possível prevenir este tipo de cancro. É possível fazer uma detecção precoce. Em muitos países ocidentais, como os EUA, as mulheres a partir dos 50 anos devem fazer uma mamografia anual, de forma a actuar numa fase inicial sobre um eventual problema. O mesmo deve ser feito também em relação aos casos em que existem antecedentes familiares de cancro da mama. Por isso, este é um tipo de cancro em que é possível actuar de forma preventiva e essa mensagem tem de chegar às pessoas. Também é preciso estar atento às questões do sistema imunitário. Um sistema imunitário forte pode reduzir o aparecimento de inflamações e, consequentemente, deste tipo de cancro.

Quais os principais desafios que encontraram durante a investigação?

O principal desafio diz respeito à dificuldade na obtenção de amostras clínicas, isto porque Macau não tem assim tantos pacientes diagnosticados com cancro da mama. Por isso, para futuros trabalhos estamos a considerar proceder a ensaios clínicos fora de Macau. Por outro lado, as áreas circundantes têm vários exemplos como Zhuhai e, por isso, gostaríamos de examinar mais casos clínicos.

Porque decidiu avançar com este estudo e quando começou a estudar o tema do cancro da mama?

Participei num estudo sobre o cancro da mama em 1992, na Universidade de Harvard. A partir desse ano, optei pelo estudo nesta área porque sinto que é muito interessante e porque a taxa de incidência é muito elevada. Nos EUA, a taxa de incidência do cancro da mama é muito maior do que a de Macau ou da China e, por isso, acho que é um grande desafio. Em 1994 comecei a trabalhar sobre o gene BRAC1, por isso já levo 26 anos de trabalho sobre este tema.

Qual é o panorama do cancro da mama em Macau?

Em Macau, apesar de a taxa de incidência ser inferior à dos países ocidentais, existem anualmente cerca de 150 casos de cancro da mama, acabando por morrer cerca de 30 mulheres. É o tipo de cancro mais comum entre as mulheres de Macau. É preciso actuar. Através da prevenção é possível reduzir, no futuro, os riscos relacionados com o cancro da mama.

Qual a razão para o número de casos em Macau e noutros países asiáticos ser consideravelmente mais baixo que nos países ocidentais?

O cancro da mama pode ter origem em múltiplos factores. Um diz respeito à própria genética e neste aspecto, os países ocidentais têm maior incidência entre a sua população, nomeadamente quanto à mutação dos genes BRAC1 ou BRAC2. Outro aspecto está relacionado com o estilo de vida, por exemplo, o tipo de alimentação dos países ocidentais pode promover a formação do cancro da mama. Existem estudos a relatar que a taxa de incidência do cancro da mama aumentou em mulheres asiáticas a partir do momento em que se mudaram para os EUA. Por isso, acredito que há uma forte possibilidade de estar relacionado com a alimentação. O mesmo acontece, por exemplo, com o cancro do cólon que é muito mais frequente no Ocidente que no Oriente.

2 Abr 2020

Videoconferência | Estudantes pedem isenção de propinas, UM não responde

A Associação de Estudantes da Universidade de Macau entende que a quebra de qualidade do ensino motivada pelas aulas dadas por videoconferência deve reflectir-se no preço das propinas. A universidade não acedeu ao pedido, mas abriu portas ao cancelamento grátis de cursos específicos. Ainda não há previsão quanto à data de regresso às aulas

 

[dropcap]N[/dropcap]o campus da Universidade de Macau, uma das questões do momento prende-se com a relação qualidade/preço do ensino. Na óptica de alguns alunos, representados pela Associação de Estudantes da Universidade de Macau, o declínio da qualidade do ensino devido às aulas dadas por videoconferência, em comparação com as aulas presenciais, deveria ser reflectido no valor das propinas.

Esta foi uma das reivindicações que os estudantes levaram para uma reunião, realizada no passado dia 26 de Fevereiro, com representantes da universidade, de acordo com um comunicado da associação, publicado ontem no portal Orange Post.

O pedido de ajuste de propinas não teve resposta da universidade. Porém, foi concedida a hipótese de os alunos cancelarem gratuitamente a inscrição em cursos específicos, através de email, até ao dia 3 de Abril.

Os estudantes pediram também um ajuste ao preço do alojamento, uma sugestão a que a UM respondeu referindo que “serão tomadas medidas razoáveis com base nas circunstâncias actuais”, sem entrar em detalhe quanto a acções concretas.

Busca da normalidade

Quanto à forma como se vão calcular os resultados académicos deste semestre, a UM referiu que as notas finais serão determinadas de acordo com o sistema original de avaliação e com os regulamentos de cada cadeira, com a flexibilidade que a situação actual exige.

Em relação aos programas de pesquisa e intercâmbio, que acontecem durante o Verão, a UM respondeu que os estudantes podem inscrever-se nos programas, com a ressalva da possibilidade de estes serem cancelados ou adiados devido ao surto de Covid- 19.

Para já, de acordo com o comunicado da associação de estudantes, a UM declarou que o regresso à normalidade “só poderá acontecer depois de a epidemia estar completamente controlada”. Algo que será anunciado com, pelo menos, 14 dias de antecedência.

6 Mar 2020

Videoconferência | Estudantes pedem isenção de propinas, UM não responde

A Associação de Estudantes da Universidade de Macau entende que a quebra de qualidade do ensino motivada pelas aulas dadas por videoconferência deve reflectir-se no preço das propinas. A universidade não acedeu ao pedido, mas abriu portas ao cancelamento grátis de cursos específicos. Ainda não há previsão quanto à data de regresso às aulas

 
[dropcap]N[/dropcap]o campus da Universidade de Macau, uma das questões do momento prende-se com a relação qualidade/preço do ensino. Na óptica de alguns alunos, representados pela Associação de Estudantes da Universidade de Macau, o declínio da qualidade do ensino devido às aulas dadas por videoconferência, em comparação com as aulas presenciais, deveria ser reflectido no valor das propinas.
Esta foi uma das reivindicações que os estudantes levaram para uma reunião, realizada no passado dia 26 de Fevereiro, com representantes da universidade, de acordo com um comunicado da associação, publicado ontem no portal Orange Post.
O pedido de ajuste de propinas não teve resposta da universidade. Porém, foi concedida a hipótese de os alunos cancelarem gratuitamente a inscrição em cursos específicos, através de email, até ao dia 3 de Abril.
Os estudantes pediram também um ajuste ao preço do alojamento, uma sugestão a que a UM respondeu referindo que “serão tomadas medidas razoáveis com base nas circunstâncias actuais”, sem entrar em detalhe quanto a acções concretas.

Busca da normalidade

Quanto à forma como se vão calcular os resultados académicos deste semestre, a UM referiu que as notas finais serão determinadas de acordo com o sistema original de avaliação e com os regulamentos de cada cadeira, com a flexibilidade que a situação actual exige.
Em relação aos programas de pesquisa e intercâmbio, que acontecem durante o Verão, a UM respondeu que os estudantes podem inscrever-se nos programas, com a ressalva da possibilidade de estes serem cancelados ou adiados devido ao surto de Covid- 19.
Para já, de acordo com o comunicado da associação de estudantes, a UM declarou que o regresso à normalidade “só poderá acontecer depois de a epidemia estar completamente controlada”. Algo que será anunciado com, pelo menos, 14 dias de antecedência.

6 Mar 2020

MTC | Professor recomenda alimentação correcta, descanso e “boas emoções”

[dropcap]U[/dropcap]m professor de medicina tradicional chinesa afirmou ontem que uma alimentação correcta, descanso e “boas emoções” são a aposta para proteger o sistema imunitário do novo coronavírus.
O professor do Instituto de Ciências Médicas Chinesas da Universidade de Macau (UM) Yonghua Zhao disse à Lusa que o Governo de Macau não deu orientações quando ao uso de medicamentos tradicionais chineses no tratamento do Covid-19.

“De acordo com o meu entendimento, muitos residentes de Macau não consomem remédios de ervas chineses para melhorar a imunidade contra a infecção do novo coronavírus”, acrescentou.
Zhao justificou que a medicina tradicional chinesa não está a ser utilizada como modo de prevenção e fortalecimento imunitário contra o Covid-19 porque o “Governo de Macau e o departamento de saúde não divulgaram as directrizes para o uso de fitoterápicos chineses como método preventivo do novo coronavírus”.

Desta forma, “os melhores métodos para melhorar a imunidade são garantir tempo suficiente para dormir, alimentos saudáveis e nutrientes (por exemplo, vegetais com maior teor de fibras: cenouras, beterrabas e brócolos), além de boa emoção”, disse.

“Muitos estudos indicam que o ‘butirato da microbiota’ intestinal que fermenta em alguns vegetais ricos em fibras pode regular a nossa imunidade contra infecções respiratórias”, explicou.

O professor do Instituto de Ciências Médicas Chinesas da UM frisou ainda que medicamentos da medicina tradicional chinesa só devem ser utilizados sob orientação de um especialista e que o cidadão comum não se deve automedicar.

O melhor para o cidadão é mesmo uma alimentação saudável: “acho que os alimentos saudáveis são superiores aos fitoterápicos chineses para residentes comuns”, enfatizou.

Só vitórias

Na segunda-feira, a agência de notícias estatal chinesa Xinhua citou um funcionário da Administração da Medicina Tradicional Chinesa para indicar que “a medicina tradicional chinesa tem-se mostrado eficaz na cura de pacientes do novo coronavírus”.

A fórmula “Qingfei Paidutang” foi utilizada no tratamento de 701 casos confirmados em dez províncias, dos quais 130 foram curados, destacou o funcionário da Administração de Medicina Tradicional Chinesa, Li Yu.
Os sintomas desapareceram em 51 casos e melhoraram em 268, com outros 212 a permaneceram em situação estável, disse Li, acrescentando que o “Qingfei Paidutang” foi recomendada para instituições médicas em todo o país em 6 de Fevereiro.

Ontem, a Xinhua destacou que a medicina tradicional chinesa “nunca perdeu uma luta contra epidemias na história” do país.

As fórmulas “clássicas mostraram evidência suficiente na cura de doenças epidémicas como a varíola nos milhares de anos passados”, apontou a agência estatal chinesa.

20 Fev 2020

MTC | Professor recomenda alimentação correcta, descanso e "boas emoções"

[dropcap]U[/dropcap]m professor de medicina tradicional chinesa afirmou ontem que uma alimentação correcta, descanso e “boas emoções” são a aposta para proteger o sistema imunitário do novo coronavírus.
O professor do Instituto de Ciências Médicas Chinesas da Universidade de Macau (UM) Yonghua Zhao disse à Lusa que o Governo de Macau não deu orientações quando ao uso de medicamentos tradicionais chineses no tratamento do Covid-19.
“De acordo com o meu entendimento, muitos residentes de Macau não consomem remédios de ervas chineses para melhorar a imunidade contra a infecção do novo coronavírus”, acrescentou.
Zhao justificou que a medicina tradicional chinesa não está a ser utilizada como modo de prevenção e fortalecimento imunitário contra o Covid-19 porque o “Governo de Macau e o departamento de saúde não divulgaram as directrizes para o uso de fitoterápicos chineses como método preventivo do novo coronavírus”.
Desta forma, “os melhores métodos para melhorar a imunidade são garantir tempo suficiente para dormir, alimentos saudáveis e nutrientes (por exemplo, vegetais com maior teor de fibras: cenouras, beterrabas e brócolos), além de boa emoção”, disse.
“Muitos estudos indicam que o ‘butirato da microbiota’ intestinal que fermenta em alguns vegetais ricos em fibras pode regular a nossa imunidade contra infecções respiratórias”, explicou.
O professor do Instituto de Ciências Médicas Chinesas da UM frisou ainda que medicamentos da medicina tradicional chinesa só devem ser utilizados sob orientação de um especialista e que o cidadão comum não se deve automedicar.
O melhor para o cidadão é mesmo uma alimentação saudável: “acho que os alimentos saudáveis são superiores aos fitoterápicos chineses para residentes comuns”, enfatizou.

Só vitórias

Na segunda-feira, a agência de notícias estatal chinesa Xinhua citou um funcionário da Administração da Medicina Tradicional Chinesa para indicar que “a medicina tradicional chinesa tem-se mostrado eficaz na cura de pacientes do novo coronavírus”.
A fórmula “Qingfei Paidutang” foi utilizada no tratamento de 701 casos confirmados em dez províncias, dos quais 130 foram curados, destacou o funcionário da Administração de Medicina Tradicional Chinesa, Li Yu.
Os sintomas desapareceram em 51 casos e melhoraram em 268, com outros 212 a permaneceram em situação estável, disse Li, acrescentando que o “Qingfei Paidutang” foi recomendada para instituições médicas em todo o país em 6 de Fevereiro.
Ontem, a Xinhua destacou que a medicina tradicional chinesa “nunca perdeu uma luta contra epidemias na história” do país.
As fórmulas “clássicas mostraram evidência suficiente na cura de doenças epidémicas como a varíola nos milhares de anos passados”, apontou a agência estatal chinesa.

20 Fev 2020

UM | Mais de 90% dos cursos da UM estão a ser ministrados online

Apesar do Covid- 19, o ensino não parou. O HM acompanhou um aluno da Universidade de Macau (UM) durante uma aula leccionada à distância, incluída no programa de Estudos Portugueses. A UM afirma que os professores tiveram formação específica para o efeito e admite, caso necessário, promover aulas de compensação quando o surto terminar

 

[dropcap]A[/dropcap] aula é em português. Hoje é dia de gramática e a matéria é o Pretérito Perfeito do Conjuntivo. Carson, tenta encontrar o melhor ângulo na mesa da sala para posicionar o computador e enquadrar-se na imagem. Faltam cinco minutos para as 13 horas. Como ele, toda uma turma do curso de Estudos Portugueses prepara-se para mais uma aula da cadeira de compreensão escrita. Cada um em sua casa.

Desde que as aulas foram suspensas como medida de prevenção ao combate do novo tipo de coronavírus, têm sido várias as instituições de ensino superior e não superior que optaram por recorrer a plataformas de ensino à distância para dar continuidade aos seus planos de estudo. Ainda sem data prevista para o retorno à normalidade, a Universidade de Macau (UM) é um dos estabelecimentos de ensino que tem seguido as orientações do Governo para fazer face ao combate epidémico e ministrar aulas online. Ao HM, a UM esclareceu mesmo que mais 90 por cento das licenciaturas e pós-graduações estão actualmente a ser ministradas online e que todos os alunos dos cursos têm assistido às aulas a partir de casa.

Carson é residente de Macau, e está no segundo ano da licenciatura. No computador, um documento com apontamentos sobre a matéria fornecido pelo professor ocupa lugar de destaque no ecrã. O professor, numa janela do lado direito do ecrã, mais pequena, vai dando a aula em directo, também ele em sua casa. Os alunos, podem a qualquer momento colocar questões e interagir durante a lição. “Ao todo são 23 alunos na mesma ‘sala de aula’”, partilhou Carson com o HM. “Tenho aulas duas vezes por dia, uma sobre compreensão escrita e outra sobre compreensão oral”, acrescenta.

Acerca do sistema que está a ser implementado face ao novo tipo de coronavírus, o estudante da UM mostra-se satisfeito e diz mesmo existirem algumas vantagens. “Sinto que consigo aprender e que o sistema está a funcionar porque fazemos execícios todos os dias e acho que são os mesmos que faríamos se fossemos à Universidade. Até agora tenho gostado muito do sistema até porque poupo tempo e posso fazer mais coisas em casa”.

Professores preparados

Para tornar o ensino à distância possível, a UM está a usar várias estratégias pedagógicas, sendo a principal, a utilização da plataforma de formação à distância “Moodle”, em conjunto com o software de videoconferência “Zoom”. Do tipo de aulas que os alunos podem aceder fazem parte as aulas em directo, em que professores e alunos estão ao mesmo tempo conectados (aulas síncronas) e aulas desfazadas temporalmente (ou assíncronas), em que o professor prepara materiais que os alunos podem aceder mais tarde.

“Solicitamos aos professores que proporcionem aulas síncronas e assíncronas através da ferramenta Zoom ou que carreguem materiais de aprendizagem como PowerPoints narrados ou gravações de áudio das lições (…) na ferramenta Moodle, uma popular plataforma de ensino e aprendizagem subscrita pela nossa e por muitas outras universidades”, explicou a Universidade de Macau ao HM.

O estudante da UM comprova isso mesmo, referindo que, apesar de a maior parte das aulas serem em directo, existem também muitos vídeos disponíveis online e que as aulas podem ser revisitadas mais tarde.

“Todas as aulas são gravadas e depois são disponibilizadas na internet. Por isso podemos vê-las todas as vezes que quisermos, se tivermos perdido ou não tenhamos percebido alguma coisa”, explicou.

A UM assegurou que devido à situação do ensino à distância, os professores receberam formação específica, ministrada pelo CTLE (Centre for Teaching and Learning Enhancement), para além de terem sido fornecidas “orientações e demonstrações em vídeo” para ensinar os docentes a utilizar as plataformas e a adicionar narrações às apresentações.

A repetir

Sobre o eventual impacto que as aulas à distância, ou melhor dizendo, a não frequência de aulas presenciais, podem vir a ter na aprendizagem e na aquisição de conhecimentos por parte dos alunos, Carson admite que não é o ideal mas, dada a situação, acredita que não irá afectar a sua aprendizagem.

“Estudo menos do que antes e isso não é propriamente bom. No entanto acho que a escola está a fazer um bom trabalho e acho que os conteúdos que estamos a aprender são exactamente os mesmos que estaríamos a receber em sala de aula. Por isso acredito que não irá afectar o processo de aprendizagem durante este ano lectivo”, partilhou o aluno de Estudos Portugueses da UM.

Por seu turno, a UM afirmou a este jornal que após a terminada a suspensão irá “reunir o feedback de estudantes e alunos” e, caso venha a ser necessário, irá “oferecer aulas de compensação para assegurar que os padrões de qualidade do ensino estão de acordo com o habitual”.

Olhando para o futuro, a Universidade de Macau está optimista que a utilização de ferramentas de ensino à distância “irá crescer após terminada a crise” como suporte ao ensino regular, pois a situação está a possibilitar que, sobretudo, muitos professores “estejam a ter um primeiro contacto com várias ferramentas de formação online”.

19 Fev 2020

UM | Mais de 90% dos cursos da UM estão a ser ministrados online

Apesar do Covid- 19, o ensino não parou. O HM acompanhou um aluno da Universidade de Macau (UM) durante uma aula leccionada à distância, incluída no programa de Estudos Portugueses. A UM afirma que os professores tiveram formação específica para o efeito e admite, caso necessário, promover aulas de compensação quando o surto terminar

 
[dropcap]A[/dropcap] aula é em português. Hoje é dia de gramática e a matéria é o Pretérito Perfeito do Conjuntivo. Carson, tenta encontrar o melhor ângulo na mesa da sala para posicionar o computador e enquadrar-se na imagem. Faltam cinco minutos para as 13 horas. Como ele, toda uma turma do curso de Estudos Portugueses prepara-se para mais uma aula da cadeira de compreensão escrita. Cada um em sua casa.
Desde que as aulas foram suspensas como medida de prevenção ao combate do novo tipo de coronavírus, têm sido várias as instituições de ensino superior e não superior que optaram por recorrer a plataformas de ensino à distância para dar continuidade aos seus planos de estudo. Ainda sem data prevista para o retorno à normalidade, a Universidade de Macau (UM) é um dos estabelecimentos de ensino que tem seguido as orientações do Governo para fazer face ao combate epidémico e ministrar aulas online. Ao HM, a UM esclareceu mesmo que mais 90 por cento das licenciaturas e pós-graduações estão actualmente a ser ministradas online e que todos os alunos dos cursos têm assistido às aulas a partir de casa.
Carson é residente de Macau, e está no segundo ano da licenciatura. No computador, um documento com apontamentos sobre a matéria fornecido pelo professor ocupa lugar de destaque no ecrã. O professor, numa janela do lado direito do ecrã, mais pequena, vai dando a aula em directo, também ele em sua casa. Os alunos, podem a qualquer momento colocar questões e interagir durante a lição. “Ao todo são 23 alunos na mesma ‘sala de aula’”, partilhou Carson com o HM. “Tenho aulas duas vezes por dia, uma sobre compreensão escrita e outra sobre compreensão oral”, acrescenta.
Acerca do sistema que está a ser implementado face ao novo tipo de coronavírus, o estudante da UM mostra-se satisfeito e diz mesmo existirem algumas vantagens. “Sinto que consigo aprender e que o sistema está a funcionar porque fazemos execícios todos os dias e acho que são os mesmos que faríamos se fossemos à Universidade. Até agora tenho gostado muito do sistema até porque poupo tempo e posso fazer mais coisas em casa”.

Professores preparados

Para tornar o ensino à distância possível, a UM está a usar várias estratégias pedagógicas, sendo a principal, a utilização da plataforma de formação à distância “Moodle”, em conjunto com o software de videoconferência “Zoom”. Do tipo de aulas que os alunos podem aceder fazem parte as aulas em directo, em que professores e alunos estão ao mesmo tempo conectados (aulas síncronas) e aulas desfazadas temporalmente (ou assíncronas), em que o professor prepara materiais que os alunos podem aceder mais tarde.
“Solicitamos aos professores que proporcionem aulas síncronas e assíncronas através da ferramenta Zoom ou que carreguem materiais de aprendizagem como PowerPoints narrados ou gravações de áudio das lições (…) na ferramenta Moodle, uma popular plataforma de ensino e aprendizagem subscrita pela nossa e por muitas outras universidades”, explicou a Universidade de Macau ao HM.
O estudante da UM comprova isso mesmo, referindo que, apesar de a maior parte das aulas serem em directo, existem também muitos vídeos disponíveis online e que as aulas podem ser revisitadas mais tarde.
“Todas as aulas são gravadas e depois são disponibilizadas na internet. Por isso podemos vê-las todas as vezes que quisermos, se tivermos perdido ou não tenhamos percebido alguma coisa”, explicou.
A UM assegurou que devido à situação do ensino à distância, os professores receberam formação específica, ministrada pelo CTLE (Centre for Teaching and Learning Enhancement), para além de terem sido fornecidas “orientações e demonstrações em vídeo” para ensinar os docentes a utilizar as plataformas e a adicionar narrações às apresentações.

A repetir

Sobre o eventual impacto que as aulas à distância, ou melhor dizendo, a não frequência de aulas presenciais, podem vir a ter na aprendizagem e na aquisição de conhecimentos por parte dos alunos, Carson admite que não é o ideal mas, dada a situação, acredita que não irá afectar a sua aprendizagem.
“Estudo menos do que antes e isso não é propriamente bom. No entanto acho que a escola está a fazer um bom trabalho e acho que os conteúdos que estamos a aprender são exactamente os mesmos que estaríamos a receber em sala de aula. Por isso acredito que não irá afectar o processo de aprendizagem durante este ano lectivo”, partilhou o aluno de Estudos Portugueses da UM.
Por seu turno, a UM afirmou a este jornal que após a terminada a suspensão irá “reunir o feedback de estudantes e alunos” e, caso venha a ser necessário, irá “oferecer aulas de compensação para assegurar que os padrões de qualidade do ensino estão de acordo com o habitual”.
Olhando para o futuro, a Universidade de Macau está optimista que a utilização de ferramentas de ensino à distância “irá crescer após terminada a crise” como suporte ao ensino regular, pois a situação está a possibilitar que, sobretudo, muitos professores “estejam a ter um primeiro contacto com várias ferramentas de formação online”.

19 Fev 2020

Óbito | UM lamenta morte de reitor-fundador histórico

[dropcap]M[/dropcap]orreu o Professor Hsueh Shou Sheng, fundador e reitor da Universidade da Ásia Oriental, estabelecimento de ensino que antecedeu à Universidade de Macau (UM). Na nota de pesar divulgada pela UM, é dado destaque ao “ao distinto estudioso e educador que alcançou feitos notáveis” e que chegou a Macau 1980, dando início a um novo capítulo na cidade ao nível do Ensino Superior.

Além de ter desempenhado o cargo de reitor da Universidade da Ásia Oriental de 1981 a 1986 e de 1987 a 1991, Hsueh Shou Sheng foi ainda Vice-Presidente do Comité de Redacção da Lei Básica de Macau e deu contributos importantes para a fundação da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

10 Fev 2020

Óbito | UM lamenta morte de reitor-fundador histórico

[dropcap]M[/dropcap]orreu o Professor Hsueh Shou Sheng, fundador e reitor da Universidade da Ásia Oriental, estabelecimento de ensino que antecedeu à Universidade de Macau (UM). Na nota de pesar divulgada pela UM, é dado destaque ao “ao distinto estudioso e educador que alcançou feitos notáveis” e que chegou a Macau 1980, dando início a um novo capítulo na cidade ao nível do Ensino Superior.
Além de ter desempenhado o cargo de reitor da Universidade da Ásia Oriental de 1981 a 1986 e de 1987 a 1991, Hsueh Shou Sheng foi ainda Vice-Presidente do Comité de Redacção da Lei Básica de Macau e deu contributos importantes para a fundação da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

10 Fev 2020