Talim | Baleia deu à costa no sul da China. Vietname em alerta

Se em Macau o tufão Talim passou sem fazer grandes estragos, o mesmo não se pode dizer de outras regiões do sudeste asiático. Na província de Guangdong, na segunda-feira, vários veículos foram esmagados pela força das águas e até uma baleia deu à costa. No Vietname, milhares de pessoas tiveram de deixar as suas casas antes da chegada do tufão. Nas Filipinas, espera-se um ciclone tropical nos próximos dias

 

O tufão Talim deixou um rasto de destruição em algumas regiões da Ásia, apesar de, em Macau, a tempestade ter passado quase despercebida, tirando as habituais inundações nas zonas baixas da cidade, como é o caso do Porto Interior, que obrigaram a acções de prevenção da parte dos serviços de protecção civil.

No entanto, na província de Guangdong os sinais da passagem do Talim por estes dias foram bem mais evidentes, tendo-se registado, segundo a Reuters, árvores caídas sobre viaturas em circulação e pessoas a cair nas ruas movidas pela força do vento. Nas redes sociais foram divulgados vários vídeos de situações insólitas ocorridas esta segunda-feira, nomeadamente imagens de uma arca frigorífica cheia de gelados a flutuar e de uma baleia que deu à costa.

O Talim foi o primeiro tufão a atingir a China este ano. Chegou a Guangdong na segunda-feira à noite, tendo-se progressivamente tornado mais fraco e transformado em tempestade tropical. Durante a madrugada de ontem, foi-se deslocando para o Golfo de Beibu, tendo atingido novamente terra e feito depois uma movimentação para a região sul de Guangxi.

Segundo informações da Administração Meteorológica da China, o vento atingiu a velocidade de cerca de 138 quilómetros por hora perto das 10 horas da manhã de ontem. Ainda na província de Guangdong, os bombeiros resgataram passageiros presos em veículos por ramos de árvores caídos, tendo ajudado a desobstruir estradas com o intuito de assegurar a segurança dos condutores.

Uma vez que o Talim atingiu zonas costeiras, muitas delas destinos turísticos, como é o caso de Hainão, foram feitas alterações nos habituais percursos de barco e cancelados cerca de 160 voos nos Aeroportos Internacionais de Meilan e Qionghai Boao, ambos em Hainão. Por sua vez, foram canceladas na segunda-feira várias viagens de comboio que habitualmente operam entre a província de Guangdong e Hainão, sobretudo os comboios de alta velocidade entre Guangzhou e Shenzhen. Também na cidade vizinha de Zhuhai foram cancelados vários voos.

O perigo, no sul da China, parece já ter passado, mas a tempestade deixou ainda um rasto de mau tempo, com a ocorrência de chuvas e ventos fortes até às oito da manhã de ontem nas regiões de Guangdong, Guangxi, Fujian, Hunan, Guizhou and Yunnan.

Perigo a sul

O Talim deslocou-se, entretanto, para a zona noroeste do Vietname, devendo chegar a terra na manhã de hoje, o que já obrigou à evacuação de cerca de 30 mil pessoas das suas casas, situadas nas províncias de Quang Ninh, Thai Binh e Nam Dinh. Nestas regiões, as autoridades proibiram ontem a saída de barcos de pesca e suspenderam os serviços dos navios de passageiros, de acordo com o portal de notícias Vietnam+.

Os serviços de emergência disseram esperar que o Talim provoque grandes inundações em diferentes áreas da região norte devido à forte precipitação provocada pelo tufão, um dos mais fortes a atingir o norte do Vietname nos últimos anos. As fortes chuvas também acarretam o risco de aluimentos de terras, alertaram.

Segundo a Aljazeera, o comité de resposta a desastres do Vietname adiantou, num comunicado online divulgado na segunda-feira, que o Talim “pode ser um dos maiores [tufões] a atingir o Golfo de Tonkin nos anos mais recentes”. Vários turistas foram alertados para alterarem os seus percursos e deixarem as ilhas do país, enquanto as companhias aéreas se viram obrigadas a alterar alguns voos para dar resposta a esta situação. Por sua vez, o primeiro-ministro vietnamita, Minh Chinh, apelou às autoridades de protecção civil para se prepararem de imediato para “trabalhos de busca e salvamento”.

Segundo uma mensagem divulgada pela embaixada norte-americana em Hanói, o Talim deverá atingir terra vietnamita na manhã de hoje entre as regiões de Hai Phong e Quang Ninh, prevendo-se a ocorrência de ventos e chuvas fortes, com risco de inundações e deslizamentos de terras mais concretamente nas províncias da zona noroeste do país, nomeadamente Lang Son, Cao Bang, Ha Giang, Lao Cai e Yen Bai.

“Egay” ou não?

Nas Filipinas, a tempestade passou perto da região de Luzon, mas as autoridades esperam, desde ontem, a ocorrência de uma nova tempestade dentro de 24 a 48 horas devido à formação de uma zona de baixa pressão perto da zona de Mindanao, sobre os mares a leste do país.

Segundo um comunicado emitido ontem pelo Observatório de Hong Kong, esta área de baixa pressão “deverá transformar-se num ciclone tropical, entrando na parte norte do Mar da China Meridional no início da próxima semana, podendo intensificar-se para um ciclone tropical mais forte, aproximando-se da costa do sul da China”, sendo, no entanto, ainda incerto o movimento que esta zona de baixa pressão deverá tomar. Caso evolua para um ciclone tropical, este ganhará o nome de “Egay” que, a acontecer, será a quinta tempestade a atingir o país este ano, e a segunda só este mês. Dados divulgadas pela PEGASA referem que a possível tempestade não deverá atingir directamente o país, provocando apenas fortes chuvas em algumas regiões.

Dois canais de YouTube com milhares de seguidores nas Filipinas divulgaram falsas informações sobre a chegada de um novo super tufão de nome “Egay”, que deveria atingir directamente a região de Luzon, o que obrigou o portal de notícias Rappler a realizar uma verificação de factos. O Rappler cita informações divulgadas pela PAGASA às quatro da manhã desta segunda-feira, que referem apenas a monitorização de uma zona de baixa pressão a 810 quilómetros de Mindanau.

O primeiro do ano

O Talim foi o primeiro tufão a atingir Macau este ano, além de ter sido a primeira tempestade que obrigou as autoridades a içar o sinal 8 de tempestade tropical, panorama que se arrastou por 14 horas. Ontem, todos os sinais de tempestade foram cancelados às 10h30. Em jeito de balanço, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) apontam que, com o sinal 8 içado, o Talim foi-se movendo para noroeste “de forma estável”, mantendo uma distância que variou entre 200 e 250 quilómetros de Macau. Registaram-se ventos fortes e um período prolongado de chuva forte, tendo-se registado inundações onde a água atingiu o nível máximo de 0,33 metros na Estação Provisória de Monitorização do Nível da Água no Porto Interior.

 

SMG | Possível tufão severo ou superior nos próximos dias

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram ontem uma nota onde dão conta da existência de uma “área de baixa pressão que se encontra no noroeste do Oceano Pacífico”, existindo uma “grande possibilidade de se transformar numa tempestade tropical nos próximos dias”, podendo elevar-se à categoria “de tufão severo ou superior”, embora a zona de baixa pressão continue “muito distante de Macau”. “Tendo em conta diversos modelos de previsões numéricas, ainda existem grandes divergências na trajectória potencial para o futuro”, acrescentam os serviços, que prometem “acompanhar de perto a evolução” da zona de baixa pressão. Também o Observatório de Hong Kong espera a chegada ao território de “um forte ciclone tropical” na próxima semana. Citado pelo South China Morning Post, David Lam Hok-yin, responsável científico sénior do Observatório, disse que “a área de baixa pressão que se encontra actualmente sobre os mares na zona leste das Filipinas deverá transformar-se num ciclone tropical”, sendo que “o potencial ciclone tropical poderá ser forte, atingindo a força de um tufão, ou [algo] superior. No entanto, David Lam adiantou que é ainda cedo para fazer mais previsões quanto ao percurso exacto que a tempestade vai tomar, esperando-se apenas que entre na parte norte do Mar do Sul da China “no início da próxima semana”, com a ocorrência de ventos e chuvas fortes na região.

18 Jul 2023

Tufão | Aparato de protecção civil nas ruas para minimizar impacto do “Talim”

Um dia inteiro com sinal 8 de tufão paralisou Macau, com equipas da Protecção Civil e IAM no terreno a limpar destroços provocados pelo “Talim”. O Porto Interior voltou a inundar, alguns pontos da cidade foram atingidos pelo caos no fluxo de trânsito e cerca de uma centena de voos foram cancelados. Às 20h, o “Talim” voltou ao sinal 3, antes de “aterrar” perto da cidade costeira de Zhanjiang

Macau esteve ontem o dia inteiro em estado de prevenção imediata, estabelecido através de despacho assinado por Ho Iat Seng depois de ter sido içado, às 05h30, o sinal 8 devido à aproximação do tufão “Talim” do território, o primeiro deste ano.

Como é habitual, as zonas baixas da cidade foram as mais fustigadas, em particular o Porto Interior, com a Rua do Doutor Lourenço Pereira Marques, paralela junto ao rio da Rua do Almirante Sérgio, a registar pela manhã a subida das águas até à altura do tornozelo. Por volta das 11h da manhã, o panorama era de lixo a flutuar na rua, apesar do nível da água estar a baixar, situação que obrigou as autoridades a interromperem a circulação rodoviária.

Um comerciante ouvido pelo canal chinês da Rádio Macau confessou não ter instalado comportas para evitar inundação, o que levou a água a subir ao nível do joelho.

Além das chuvadas intensas trazidas pelo “Talim”, a coincidência de marés astronómicas levou à entrada de água do mar na zona do Porto Interior. O Instituto dos Assuntos Municipais (IAM) destacou pessoal para monitorizar as operações de drenagem na box culvert na zona norte do Porto Interior, assim como na estação elevatória.

Em vários pontos de Macau, o IAM destacou equipas de funcionários, ao abrigo do mecanismo de resposta a emergências, para limpar o lixo e detritos acumulados nas sarjetas para facilitar o escoamento da água e atenuar inundações. O trabalho de remoção de destroços de árvores e objectos vários também ocupou as equipas do IAM ao longo do dia.

Resposta e pandemónio

Pela manhã, Ho Iat Seng “deu instruções para que todos os membros da estrutura de protecção civil empenhem todos os esforços, em conjunto, para prevenir o impacto do tufão e inundações, garantir a segurança da vida e dos bens dos residentes de Macau”.

Os primeiros efeitos do tufão inaugural de 2023 foi a suspensão da vida em Macau. As aulas dos vários níveis de ensino foram suspensas durante o dia inteiro, do ensino infantil, primário, secundário, até ao ensino especial.

Os serviços de autocarros foram também suspensos, assim como as ligações marítimas a Hong Kong, depois de na madrugada ter sido cortado o trânsito rodoviário na Ponte do Delta.

Uma das consequências mais visíveis do “Talim” foi o pandemónio no trânsito. Com as ligações entre a península e a Taipa reduzidas ao tabuleiro inferior da Ponte Sai Van, o engarrafamento originou longas filas de veículos nos dois sentidos.

Também nas Portas do Cerco, sem os autocarros públicos a operar, as filas para conseguir apanhar um táxi chegaram a acumular esperas de três horas.

No Aeroporto Internacional de Macau, ao final da tarde, 98 voos tinham sido cancelados e 36 ligações sofreram alterações de horário.

Às 18h, quando já se sabia que seria içado o sinal 3 de tufão às 20h, as autoridades de Protecção Civil contavam um total de 11 pessoas que tiveram de recorrer aos centros de acolhimento de emergência.

Ao final da tarde, o Centro de Operações de Protecção Civil registou 24 ocorrências. Seis casos de remoção de construção/candeeiro/árvore com risco de queda ou derrube, 16 incidentes de remoção de reboco, reclamo, janela, toldo ou outros objectos e um caso em que as autoridades foram chamadas a remover “andaime ou outras instalações em estaleiros de obras.

17 Jul 2023

FMI alerta China para risco a médio prazo do aumento do crédito

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, advertiu ontem a China dos riscos a médio prazo para a sua economia, sobretudo devido ao aumento do crédito, encorajando Pequim a continuar com as reformas estruturais.

Lagarde falava aos jornalistas em Pequim, à margem da celebração do “Diálogo 1+6”, que inclui ainda o Banco Mundial, a Organização Internacional do Trabalho, a Organização Mundial do Comércio, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e o Conselho de Estabilidade Financeira.

A directora-geral do FMI considerou que o crescimento de 6,9% do Produto Interno Bruto chinês, durante o segundo trimestre do ano, “mostra claramente o momento de força global e o compromisso da China em adoptar as políticas adequadas”.

Lagarde advertiu, no entanto, que o “risco a médio prazo tem aumentado, especialmente como resultado do acelerado aumento do crédito”, encorajando as autoridades chinesas a continuarem com as reformas estruturais.

“É preciso que se centrem mais na qualidade e estabilidade do crescimento, do que na quantidade”, acrescentou.

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, assegurou que o seu Governo tem em conta os riscos que enfrenta a economia da China, a segunda maior do mundo, e assegurou que poderão manter a estabilidade.

Li frisou que a melhor forma de enfrentar os desafios e dificuldades actuais é dando um maior papel ao mercado.

Lagarde reconheceu que a situação económica global atravessa o seu melhor momento dos últimos dez anos, mas advertiu que se pode ressentir facilmente, devido à incerteza política e à ameaça de um aumento do protecionismo.

A responsável apostou numa economia mais inclusiva e sustentável, através do multilateralismo e adopção de reformas fiscais, monetárias e estruturais em cada país.

Pyongyang “rejeita categoricamente” sanções

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] representante da Coreia do Norte numa conferência sobre desarmamento da ONU diz que o seu país “rejeita categoricamente” as sanções que lhe foram impostas na segunda-feira pelo Conselho de Segurança após o seu último ensaio nuclear. (Ver página 11). Numa sessão plenária da Conferência das Nações Unidas sobre Desarmamento, o embaixador Han Tae Song condenou a “intensão diabólica” dos Estados Unidos e afirmou que Pyongyang “garantirá que os EUA pagam o preço justo”. Na reunião, o embaixador norte-americano, Robert Wood, aplaudiu as sanções impostas pelo Conselho de Segurança, afirmando que a comunidade internacional “nunca aceitará a Coreia do Norte como um Estado com armas nucleares”. O Conselho de Segurança da ONU aprovou na segunda-feira, por unanimidade, um novo pacote de sanções destinado a isolar economicamente a Coreia do Norte, que limita as importações de petróleo e derivados e proíbe as exportações de têxteis, entre outras medidas.

Talim | Retiradas meio milhão de pessoas no sudeste da China

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas poderão retirar até meio milhão de pessoas, face à chegada do tufão Talim ao sudeste do país esta semana, informou ontem o jornal de Hong Kong South China Morning Post (SCMP). Os serviços meteorológicos da província de Fujian anunciaram ontem a chegada de um tufão de intensidade igual ao Irma (categoria 4-5), que atingiu a região das Caraíbas e o sudeste dos Estados Unidos, com ventos superiores a 200 quilómetros por hora. Segundo a fonte citada pelo SCMP, a maioria das pessoas que serão afectadas pelo tufão vive em áreas propensas a inundações e deslizamentos de terra, ou em casas não resistentes o suficiente para aguentar a força do Talim. O tufão surgiu na costa das Filipinas este sábado e, antes de atingir a China, passará perto do norte de Taiwan, onde o Governo convocou nesta segunda-feira uma reunião especial para activar uma resposta de emergência. Na semana passada, o sul da China e Taiwan mantiveram-se alerta, face à aproximação de outro tufão, o Mawar – o 16.º a atingir o sudeste da Ásia este Verão -, que levou à retirada de 22.000 pessoas.

 

13 Set 2017