Cinema | “Oppenheimer” é o grande vencedor dos Óscares 2024

“Oppenheimer”, de Christopher Nolan, arrebatou sete óscares em 13 nomeações, nas categorias mais relevantes: melhor filme, melhor realização, melhores actores principal e secundário. “Pobres Criaturas” colecionou quatro estatuetas, com destaque para o óscar de melhor actriz para Emma Stone

 

Depois da primeira nomeação para melhor realizador com “Dunkirk”, Christopher Nolan teve a sua noite na 96.ª edição dos Óscares que se realizou na madrugada de domingo para segunda-feira, no Dolby Theatre, em Los Angeles. “Oppenheimer” foi o grande vencedor da noite, arrecadando sete óscares em 13 nomeações nas principais categorias. Nolan levou para casa o óscar de melhor realizador, melhor filme, Cillian Murphy venceu o óscar para melhor actor principal e Robert Downey Jr. Melhor actor secundário.

“Oppenheimer” venceu ainda nas categorias de melhor montagem, melhor fotografia e melhor banda sonora.

Na categoria de melhor filme, a película baseada na vida do “pai da bomba atómica”, o físico teórico J. Robert Oppenheimer, competia com “American Fiction”, “Anatomia de uma queda”, “Barbie”, “Os excluídos”, “Assassinos da lua das flores”, “Maestro”, “Vidas passadas”, “Pobres criaturas” e “Zona de interesse”.

A coroação de “Oppenheimer” como melhor filme foi anunciada de uma forma pouco ortodoxa por Al Pacino, que nem apresentou a lista dos nomeados, limitando-se a abrir rapidamente o envelope e a dizer: “os meus olhos veem ‘Oppenheimer’”. O anúncio algo precipitado do vencedor apanhou a audiência de surpresa, e a própria realização da noite dos óscares não estava preparada para focar os vencedores.

Os sete óscares colocam “Oppenheimer” ao nível do palmarés de “O Bom Pastor” (1944), “Os Melhores Anos das Nossas Vidas” (1946), “Eva” (1950), “A Ponte do Rio Kwai” (1957), “Lawrence da Arábia” (1962), “Patton” (1970), “A Golpada” (1973), “África Minha” (1985), “Danças com Lobos” (1990), “A Lista de Schindler” (1993), “A Paixão de Shakespeare” (1998) e o vencedor do ano passado, “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” (2022).

Os campeões continuam a ser “Ben-Hur” (1959), “Titanic” (1997) e “O Senhor dos Anéis – O Regresso do Rei” (2003), todos com 11 estatuetas, mais uma do que “West Side Story” (“Amor Sem Barreiras”, 1961).

No polo oposto, os grandes derrotados da noite foram as plataformas de streaming da Apple e Netflix, nomeadamente com o filme de Martin Scorsese “Assassinos da Lua das Flores”, com Leonardo DiCaprio e Robert De Niro, que não ganhou nenhum óscar. No total, as produções da Apple e Netflix receberam 32 nomeações, mas apenas conseguiram o prémio de melhor curta-metragem com “A Incrível História de Henry Sugar”, de Wes Anderson.

Apesar de apenas ter vencido quatro óscares em 11 nomeações, “Pobres Criaturas” valeu a Emma Stone o óscar de melhor actriz, distinção que repetiu depois de ganhar a mesma categoria em 2017 pelo papel no musical “La La Land”. Stone conseguiu contornar algum favoritismo de Lily Gladstone e a sua poderosa interpretação em “Assassinos da lua das flores”, que poderia simbolizar o primeiro óscar atribuído a uma actriz nativo-americana.

Por sua vez, Da’Vine Joy Randolph venceu o óscar de melhor actriz secundária pelo desempenho em “Os Excluídos”. Com Da’Vine Joy Randolph competiam Emily Blunt “Oppenheimer”, Danielle Brooks em “A Cor Púrpura”, America Ferrera em “Barbie” e Jodie Foster em “Nyad”.

Os discursos

Um dos discursos da noite foi protagonizado pelo vencedor estreante Christopher Nolan, que fez alusão à história da sétima arte, depois de receber a estatueta das mãos de Steven Spielberg. “À Academia, só dizer que os filmes têm pouco mais de 100 anos. Imaginem estar há 100 anos na pintura ou no teatro. Não sabemos para onde vai esta incrível jornada a partir daqui. Mas saber que pensam que sou uma parte significativa disso significa muito para mim.”

Antes da categoria de melhor realizador, foram anunciados os óscares de representação. Ao sexto filme com Nolan na realização, e na sua primeira nomeação, o irlandês Cillian Murphy recebeu das mãos de Paul Giamatti a estatueta para melhor actor. Murphy agradeceu à dupla pela “jornada” e a toda a equipa, terminando a recordar o tema do filme: “Fizemos um filme sobre o homem que criou a bomba atómica. E para o bem ou para o mal, todos nós vivemos no mundo de Oppenheimer. Portanto, realmente gostaria de dedicar este prémio a todos os pacifistas.”

Outra das ovações da noite no Dolby Theatre foi para Robert Downey Jr, que aos 58 anos venceu o primeiro óscar, enquanto melhor actor secundário, pela sua interpretação de Lewis Strauss, culminando um percurso pessoal enquanto “bad boy” de Hollywood depois de décadas de dependência de drogas, até ao topo da indústria.

“Gostaria de agradecer à minha infância terrível e à Academia, por esta ordem”, começou por dizer, provocando o riso dos colegas. “Gostaria de agradecer à minha veterinária – quero dizer, à minha esposa, Susan Downey, que está ali. Encontrou em mim um animal de estimação resgatado e amou-me de volta à vida. É por isso que estou aqui”, acrescentou.

O actor não esqueceu Nolan e a produtora Emma Thomas, dizendo que “precisava deste trabalho mais do que ele precisava de mim”.

Robert Downey Jr teve como colegas nomeados na mesma categoria Sterling K Brown, por “American fiction”, Robert De Niro, por “Assassinos da lua das flores”, Ryan Gosling, por “Barbie”, e Mark Ruffalo, por “Pobres Criaturas”.

Outras bombas

O filme “20 days in Mariupol”, do jornalista ucraniano Mstyslav Chernov, sobre o cerco à cidade ucraniana durante a invasão militar russa, venceu o óscar de melhor documentário. “Sou o único realizador aqui que gostaria de nunca ter feito este filme”, disse Mstyslav Chernov ao receber a estatueta, afirmando que preferia que a Rússia nunca tivesse invadido a Ucrânia e ocupado as suas cidades, e que nunca tivesse feito reféns civis e militares. “Mas não posso alterar a História nem o passado”, prosseguiu Chernov. “Todos juntos, porém, podemos fazer com que a História tome o rumo devido e que a verdade perdure”.

O jornalista e realizador apelou ainda a que os habitantes de Mariupol jamais sejam esquecidos. E concluiu: “O cinema cria memória e a memória faz a História”.

O óscar de melhor documentário é o primeiro conquistado por um cineasta ucraniano e é também o primeiro a distinguir o trabalho de uma agência de notícias, no caso a Associated Press, que soma 178 anos de história. “20 Days in Mariupol” competia com “Bobi Wine: The People’s President”, “The Eternal Memory”, “Four Daughters” e “To Kill a Tiger”.

Na categoria de melhor filme estrangeiro, a academia distinguiu “A zona de interesse”, do realizador britânico Jonathan Glazer, que alertou para os riscos da desumanização, num discurso em que lembrou as vítimas da guerra entre Israel e o Hamas.

“A zona de interesse”, inspirado no romance homónimo do escritor britânico Martin Amis, aborda o Holocausto através da banalidade da vida quotidiana da família de Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz durante a II Guerra Mundial, sem esconder os sons que vêm do campo de extermínio nazi, mesmo ao lado.

O realizador dedicou o Óscar a Alexandria, uma mulher de 90 anos que tinha feito parte da resistência polaca à ocupação nazi, que conheceu durante as filmagens. Alexandria tinha 12 anos, quando aderiu à resistência. Glazer lembrou a sua coragem.

“A zona de interesse”, uma produção independente britânica, competia com “Eu, Capitão”, de Matteo Garrone, de Itália, “Dias perfeitos”, do realizador alemão Wim Wenders, candidato pelo Japão, “A sociedade da neve”, de J. A. Bayona, de Espanha, e “A sala de professores”, de İlker Çatak, da Alemanha.

Protestos na carpete vermelha

A cerimónia arrancou com algum atraso devido a protestos de manifestantes pró-palestinianos que receberam as estrelas de Hollywood nomeadas para os Óscares gritando “ganhem vergonha”, para recriminar a realização da 96.ª edição dos prémios enquanto contínua o conflito em Gaza.

Ovações, cânticos de “vergonha” e cartazes a pedir o “fim da ajuda a Israel” ou “Palestina livre” foram ouvidos e vistos à entrada do Dolby Theatre, no Passeio da Fama de Hollywood, a poucas horas do início da 96.ª edição dos prémios da Academia.

O acesso à entrada do Dolby Theatre é protegido por dezenas de polícias e seguranças, mas os manifestantes são autorizados a aproximarem-se das vedações, pelo que tanto actores como realizadores conseguem ouvir os protestos.

Uma fonte avançou ao Deadline que o acesso chegou a estar fechado e ‘centenas de pessoas estão presas’ no trânsito sem conseguir chegar, optando por se deslocar a pé a distância que faltava. Margot Robbie foi uma das que chegou em cima da hora. Vários outros manifestantes, hasteando bandeiras palestinianas, percorreram as ruas próximas do local onde decorre a cerimónia.

12 Mar 2024

Óscares | “Oppenheimer” é o mais nomeado nos prémios de cinema

Foram conhecidos esta terça-feira os nomeados para os Óscares. O grande destaque vai para o filme que conta a história de vida do pai da bomba atómica, “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, com 13 nomeações. A banda sonora de “Pobres Criaturas”, com fados de Carminho, obteve uma nomeação, mas a curta-metragem portuguesa de Ary Zara ficou de fora

 

O filme “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, é o mais nomeado para os Óscares, os prémios norte-americanos de cinema, numa edição em que a curta-metragem portuguesa de Ary Zara ficou de fora das nomeações.

Segundo a lista de candidatos à 96.ª edição dos Óscares divulgada na terça-feira, o filme sobre o físico norte-americano J. Robert Oppenheimer, um dos criadores da bomba atómica, soma 13 nomeações, incluindo para Melhor Actor, para Cillian Murphy, Melhor Filme, Realização e Direcção de Fotografia.

Além de Cillian Murphy, também Robert Downey Jr. e Emily Blunt estão indicados em papéis secundários. O filme português “Um caroço de abacate”, de Ary Zara, chegou a estar entre os finalistas, na categoria de Melhor Curta-Metragem, mas acabou por não chegar às nomeações finais.

“Barbie”, de Greta Gerwig, que se perfilava também como favorito aos Óscares, soma oito nomeações, nomeadamente para Ryan Gosling e America Ferrara na representação em papéis secundários, e com duas canções nomeadas, mas tanto a realizadora como a protagonista, Margot Robbie, ficaram de fora.

Com 11 nomeações surge “Pobres Criaturas”, do realizador grego Yorgos Lanthimos, e com dez nomeações “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese, com este cineasta a estar nomeado pela décima vez para o Óscar de Melhor Realização. De “Pobres Criaturas”, destaque para a nomeação de Emma Stone como Actriz Principal, e como coprodutora do filme, e para a inclusão do filme na categoria de Melhor Banda Sonora Original, composta por Jerskin Fendrix e que inclui um fado cantado pela portuguesa Carminho.

Actriz nativa nomeada

Sobre “Assassinos da Lua das Flores” há ainda a destacar que Lily Gladstone, protagonista do filme, é a primeira pessoa nativa norte-americana a estar nomeada para os Óscares, na categoria de Melhor Actriz Principal.

Para o Óscar de Melhor Realização há apenas uma mulher nomeada – a francesa Justine Triet pelo filme “Anatomia de uma queda” — a quem se juntam Martin Scorsese, Christopher Nolan, Yorgos Lanthimos e Jonathan Glazer, por “A zona de interesse”. Para o Óscar de Melhor Filme surgem três obras realizadas por mulheres: “Anatomia de uma queda”, “Barbie” e “Vidas Passadas” (de Celine Song), contando ainda com “Os Excluídos”, “Assassinos da Lua das Flores”, “Maestro”, “Oppenheimer”, “American Fiction”, “Pobres Criaturas” e “A zona de interesse”.

Para Melhor Filme Internacional foram seleccionados “A sociedade da neve”, de J.A. Bayona (Espanha), “A zona de interesse”, de Jonathan Glazer (Reino Unido), “A sala de professores”, de Ilker Çatak (Alemanha), “Eu Capitão”, de Matteo Garrone (Itália), e “Dias perfeitos”, do realizador alemão Wim Wenders, candidato pelo Japão.

Destaque ainda para a categoria de Melhor Longa-Metragem de Animação, na qual figuram “O rapaz e a garça”, de Hayao Miyazaki, “Nimona”, de Nick Bruno e Troy Quane, “Elemental”, de Peter Sohn, “Robot Dreams”, de Pablo Berger, e “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”, correalizado pelo português radicado nos Estados Unidos Joaquim dos Santos, com Kemp Powers e Justin K. Thompson.

O filme “20 days in Mariupol”, do jornalista Mstyslav Chernov, que relata o cerco a esta cidade ucraniana durante a invasão militar russa, está na categoria de Melhor Documentário, o que representa a primeira nomeação aos Óscares para a agência noticiosa Associated Press em 178 anos de história.

Carminho nomeada

Também a banda sonora do filme “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos, composta por Jerskin Fendrix e que inclui um fado interpretado por Carminho, está nomeada para os prémios norte-americanos de cinema Óscares.

De acordo com a lista de nomeados, a banda sonora de “Pobres Criaturas” está nomeada para Melhor Música Original, ao lado dos filmes “American Fiction”, “Indiana Jones e o marcador do destino”, “Assassinos da Lua das Flores” e “Oppenheimer”.

Carminho, uma das fadistas portuguesas mais conhecidas da nova geração, interpreta o fado “O Quarto”, além de que tem uma participação no filme, a cantar e a tocar guitarra portuguesa. A 96.ª edição dos Óscares está marcada para 10 de Março de 2024 em Los Angeles, nos EUA.

24 Jan 2024

Rússia | Navalny “terrivelmente satisfeito” com Óscar a documentário sobre o seu activismo

O líder oposicionista russo, Alexei Navalny, que está detido, afirmou quarta-feira que está “terrivelmente satisfeito” que um filme sobre o seu envenenamento e ativismo político tenha ganho o Óscar para o melhor documentário.

Em várias mensagens na sua conta da rede social Twitter, o político congratulou o realizador Daniel Roher e os outros envolvidos na produção de ‘Navalny’, bem como a sua esposa Yulia e os seus aliados na Fundação Anticorrupção.

“Claro que estou terrivelmente contente, mas enquanto me alegro, procuro não esquecer que não fui eu quem ganhou o Óscar, afinal de contas”, disse.

O documentário descreve a carreira de Navalny no combate à corrupção dos dirigentes, o seu envenenamento quase fatal em 2020, que atribuiu ao Kremlin a sua recuperação ao longo de cinco meses na Alemanha e o seu regresso a Moscovo, em 2021, quando foi imediatamente colocado sob custódia, no aeroporto. Condenado depois a dois anos e meio de prisão, Navalny viria a ter outra condenação de mais nove anos.

Navalny tem sofrido uma pressão constante dos dirigentes russos. Passou várias semanas em regime de isolamento, dentro de uma designada “cela de punição” e no mês passado foi colocado em uma unidade residencial restrita durante seis meses. Em termos concretos, tem sido privado de telefonemas ou visitas de familiares, apesar de aparentemente ser autorizado a escrever cartas e a receber advogados.

Nas mensagens na Twitter, Navalny confirmou que tinha sabido sobre o Óscar enquanto estava à espera de uma audiência em tribunal, através de uma ligação vídeo a partir da sua prisão. Adiantou que o seu advogado procurou dar-lhe a notícia colocando uma folha de papel frente à câmara, mas que não conseguiu ver o que tinha escrito, pelo que o advogado teve de gritar “O teu filme ganhou um Óscar”.

16 Mar 2023

Óscares | Michelle Yeoh faz história ao ganhar estatueta de melhor actriz

Pela primeira vez na história dos Óscares uma actriz asiática conquista o Óscar de Melhor Actriz principal. Michelle Yeoh, de origem malaia, ganhou o prémio pelo seu papel no filme “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, um dos grandes vencedores da noite, também considerado o Melhor Filme. Brendan Fraser, protagonista de “A Baleia”, foi o Melhor Actor

 

Foram precisos muitos anos para que uma actriz asiática subisse ao palco dos Óscares e se sagrasse vencedora na categoria de Melhor Actriz principal. Michelle Yeoh fê-lo na 95.ª edição dos Óscares, na noite deste domingo [hora dos EUA], pelo seu papel em “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, destronando outros nomes favoritos, nomeadamente Cate Blanchett, que concorria pelo seu papel de Lydia Tár em “Tár”, Ana de Armas, em “Blonde”, Andrea Riseborough, em “Para Leslie”, e Michelle Williams, em “Os Fabelmans”, de Steven Spielberg.

No discurso de aceitação do Óscar, Michelle Yeoh dedicou o prémio “a todos os pequenos rapazes e raparigas que me estão a ver esta noite, isto é um farol de esperança e de possibilidades”. “É a prova de que os sonhos sonhados são grandes e que se tornam realidade. Dedico-o à minha mãe, a todas as mães do mundo, porque são verdadeiros super-heróis, e sem elas nenhum de nós estaria aqui esta noite”, acrescentou.

Brendan Fraser recebeu o Óscar de Melhor Actor pelo desempenho em “A Baleia”, de Darren Aronofsky, filme que já esteve em exibição na Cinemateca Paixão. A interpretação de Fraser já recebera este ano o prémio do Sindicato dos Actores, entre outras distinções. Para o Óscar de Melhor Actor estavam nomeados Austin Butler, por “Elvis”, Colin Farrell, por “Os Espíritos de Inisherin”, Paul Mescal, por “Aftersun”, e Bill Nighy, por “Viver”.

O grande vencedor

“Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, da dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert, conhecida como “Os Dois Daniéis”, teve 11 nomeações e venceu grande parte delas, nomeadamente a de Melhor Argumento, Melhor Filme, Melhor Actor Secundário, com Ke Huy Quan, o segundo asiático na história dos Óscares a ganhar nesta categoria, e Melhor Actriz Secundária, com Jamie Lee Curtis.

O filme foi o mais premiado desde “Quem Quer Ser Bilionário”, em 2008. Michelle Yeoh considerou, à saída da cerimónia, que este foi “um momento histórico que quebrou o tecto de vidro” com um movimento de Kung-Fu. “Isto é para todos os que foram identificados como minorias”, considerou a actriz. “Nós merecemos ser ouvidos, merecemos ser vistos e ter oportunidades iguais, para podermos ter um lugar à mesa”, continuou. “Deixem-nos provar que nós valemos a pena”.

Urgindo todos os que têm sonhos a “acender esse fogo na alma”, Yeoh, de 60 anos, também mandou um recado aos que têm preconceitos contra as mulheres após uma certa idade. “Não deixem que vos ponham dentro de uma caixa, que vos digam que já não estão no auge”, afirmou.

A importância da representação e reconhecimento de actores asiáticos também foi abordada por Ke Huy Quan, que ganhou um Óscar depois de andar afastado da indústria durante décadas por falta de oportunidades.

“Quando comecei a representar em criança, lembro-me de o meu agente me dizer que seria mais fácil se eu tivesse um nome que soasse americano”, disse Ke Huy Quan. Foi por isso que na fase inicial da carreira o seu nome aparecia como Jonathan Ke Quan. “Quando decidi voltar à representação há três anos, a primeira coisa que quis fazer foi regressar ao meu nome de nascimento”, explicou.

Quan foi o vencedor mais exuberante da noite na sala de entrevistas, para onde entrou aos saltos e a gritar de alegria. “Conseguem acreditar que estou a segurar uma [estatueta] destas na mão?”, perguntou. “Isto é tão surreal”.

Pelos bastidores também passaram os ‘dois Daniéis’, que levaram ainda para casa a estatueta Melhor Realização, batendo Steven Spielberg. “Estamos numa crise de saúde mental, em especial a geração mais jovem, que não tem muito por que ansiar”, disse o co-realizador Daniel Kwan. “Há uma desolação que se infiltra”, referindo que ele próprio passou por tempos muito difíceis na adolescência.

“O poder radical e transformador da alegria, do absurdo e de perseguir a nossa felicidade é algo que quero trazer às pessoas”, disse, “e este filme é um tiro de alegria, absurdo e criatividade”.

O produtor Jonathan Wang acrescentou que a intenção da equipa era que o filme culminasse num abraço caloroso, apesar de ser uma história de caos. “Decidimos dedicar a nossa vida a fazer filmes que são bons e que levam a algo bom, e não apenas a algo que vai obter atenção”, afirmou.

A história de “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” oscila entre o absurdo e o fantástico, centrando-se numa imigrante chinesa de meia-idade (“Evelyn Wang”) que se vê atirada para uma aventura em múltiplos universos e linhas temporais.

Quase lá

A Melhor Longa-Metragem de Animação acabou por ser “Pinóquio”, de Guillermo del Toro, mas estes Óscares foram marcantes para o cinema português pelo facto de “Ice Merchants”, de João Gonzalez, ter sido o primeiro filme de sempre a ser nomeado. Guillermo Del Toro disse que o filme é uma afirmação da animação como arte e dos animadores como artistas. “Esta é uma forma de arte que tem sido mantida comercial e industrialmente na mesa das crianças por demasiado tempo”, disse Guillermo Del Toro nos bastidores dos Óscares, após vencer a estatueta.

“É na verdade uma forma de arte madura, expressiva, bonita e complexa”, afirmou o realizador, que estava extático com a vitória. Usando a técnica ‘stop motion’ e não ‘live action’, o filme da Netflix afirmou-se com uma história que diverge do conto infantil escrito por Carlo Collodi e das várias adaptações que se seguiram.

Del Toro disse, na sala de entrevistas, que o Óscar é um triunfo desta técnica, que considerou ser “uma das formas mais democráticas de animação”. “Era muito importante para mim ter a oportunidade de dizer que a realização, escrita, direcção de arte e design de produção, tudo o que fazemos na animação é análogo, tão ou mais complexo que ‘live action’”, referiu o cineasta.

Del Toro, que fez várias piadas e deu algumas respostas em espanhol na sala de entrevistas, também disse ser importante que a animação tenha sido feita por pessoas “a quem foi prometido serem tratadas como artistas e não como técnicos”.

Sobre o impacto da história em si, o cineasta mexicano disse que o filme tem vários aspectos reversos e significativos. “Um dos mais importantes é que não é uma criança a aprender a ser um menino de verdade, mas um pai a aprender um pai de verdade”, disse. “É uma lição urgente no mundo”.

O realizador acrescentou que o filme também mostra uma urgência de desobedecer. “Estamos a dizer que a desobediência não é apenas necessária, é uma virtude urgente no mundo”. É “um pai imperfeito e um filho imperfeito”, descreveu, que representam a forma como podemos amar-nos uns aos outros com “os nossos falhanços, defeitos e a nossa humanidade”.

14 Mar 2023

Filme português nomeado para os Óscares

Pela primeira vez, há um filme de produção portuguesa a integrar os nomeados para os Óscares, com “Ice Merchants”, realizado por João Gonzalez, candidato ao prémio de melhor curta-metragem de animação. “Ice Merchants” é o terceiro filme de João Gonzalez, tem produção portuguesa de Bruno Caetano, pela Cola Animation, e coprodução com França e Reino Unido.

O filme, sem diálogos, tem como ponto de partida a imagem de uma casa numa montanha, debruçada num precipício. A partir daí, o realizador desenvolveu a história de um pai e um filho, que produzem gelo na casa inóspita onde vivem, e de onde saltam todos os dias de paraquedas para o vender na aldeia, no sopé da montanha.

João Gonzalez assina a realização e a banda sonora do filme e divide a animação, em 2D, com a polaca Ala Nunu. Antes de chegar às nomeações dos Óscares, “Ice Merchants” teve uma estreia premiada em 2022 na Semana da Crítica no Festival de Cinema de Cannes, em França.

Spielberg e companhia

A lista dos nomeados para 95.º edição dos Óscares, um dos mais importantes prémios do cinema, foi conhecida esta terça-feira. O filme “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo”, de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, lidera a corrida aos Óscares, com 11 nomeações.

“Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo”, uma produção independente de ficção científica sobre universos paralelos, está indicada para os Óscares de Melhor Filme ou Realização e também nas categorias de representação, nomeadamente para Michelle Yeoh, Jamie Lee Curtis, Stephanie Hsu e Ke Huy Quan, o actor que em criança entrou em “Indiana Jones e o Templo Perdido” (1984).

Para o Óscar de Melhor Filme, estão também nomeados “Os Espíritos de Inisherin” (Martin McDonagh), “Os Fablemans” (Steven Spielberg), “Tár” (Todd Field), “A Oeste Nada de Novo” (Edward Berger), “Top Gun: Maverick” (Joseph Kosinski), “Elvis” (Baz Luhrmann), “Avatar: O Caminho da Água” (James Cameron), “A Voz das Mulheres” (Sarah Polley) e “Triângulo da Tristeza” (Ruben Ostlund).

Para o Óscar de Melhor Realização competem Martin McDonagh, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, Steven Spielberg, Todd Field e Ruben Ostlund. O ‘biopic” de Baz Luhrmann sobre Elvis Presley soma oito nomeações, nomeadamente para Austin Butler como Melhor Actor, e “Os Fablemans”, o filme semibiográfico de Steven Spielberg segue com sete nomeações, entre as quais para Melhor Banda Sonora, de John Williams. A cerimónia dos Óscares está marcada para 12 de Março, com apresentação de Jimmy Kimmel.

26 Jan 2023

Ruby Yang, cineasta de Hong Kong: “Histórias sobre a vida humana são as que mais me atraem”

Mestre do documentário, Ruby Yang tornou-se, em 2006, na primeira mulher chinesa a conquistar um Óscar com “The Blood of YingZhou District”, um documentário que expõe a crua realidade de crianças e famílias infectadas com o HIV, numa altura em que o assunto era ainda mais tabu na China. A propósito de um ciclo de cinema sobre a sua obra, que decorre na Cinemateca Paixão, o HM conversou com a realizadora

 

A Cinemateca Paixão inaugurou ontem um ciclo de cinema dedicado ao seu trabalho. É importante mostrar os seus documentários em Macau? Estes são os mais representativos da sua carreira?

Penso que sim. Serão mostrados seis documentários meus e penso que as pessoas poderão ver parte do meu universo.

Qual é o documentário mais importante para si? Talvez o que lhe deu o Óscar, “The Blood of YingZhou District”?

Cada documentário tem a sua importância, mas as pessoas reconhecem mais “The Blood of YingZhou District” como o mais importante, porque ganhou esse prémio. É importante também porque ajudou os chineses a prestarem atenção à questão do HIV.

Quando realizou esse projecto, quais foram os maiores desafios que enfrentou no trabalho de campo, efectuado na província de Anhui?

Foi muito difícil fazer este documentário na altura, porque estávamos em 2004 e a China não estava ainda preparada para discutir o HIV. Era muito difícil chegar às pessoas que quisessem falar sobre esta doença e o impacto dela. Foi muito desafiante encontrar crianças ou famílias que quisessem falar connosco e ser filmadas.

Quando venceu o Óscar, o que sentiu? Esperava esta distinção tão importante?

O Óscar abriu-me muitas portas. É uma curta-metragem, se fosse um filme maior as pessoas prestariam ainda mais atenção, mas foi o primeiro filme com um tema sobre a China que recebeu um Óscar, por isso foi muito importante para o público chinês, muito mais do que para o público ocidental. Foi a primeira vez que um tema como este, o HIV na China, foi abordado e levou à conquista de um Óscar. E penso que, além do prémio, o mais importante foi o impacto que o documentário teve. Muitas pessoas começaram a prestar atenção às crianças e pessoas que sofriam com o HIV.

Hoje em dia é mais fácil discutir o HIV na China?

Há uma maior abertura [para falar disso], porque a esposa de Xi Jinping [Peng Liyuan], antes de este ser Presidente, foi nomeada pelo Ministério da Saúde como embaixadora ou porta-voz para a questão da Sida. Devido a isso, as pessoas que viviam com o HIV passaram a ser encaradas com uma maior normalidade. O impacto foi semelhante ao que se sentiu quando a Princesa Diana apertou a mão a um jovem com HIV [nos EUA]. Passou a ser um tema mais aceitável.

Ser a primeira mulher chinesa a receber um Óscar foi também importante para chamar a atenção para o trabalho das cineastas? Contribuiu para que as mulheres que fazem cinema tenham mais voz?

Sim, penso que serviu como uma validação para as mulheres realizadoras. Muitos jovens perceberam que também podiam pisar um palco com o seu trabalho, podiam ser nomeados para um Óscar.

O seu trabalho também se foca muito em algumas realidades de Hong Kong, que mudou muito nos últimos anos. Que novas realidades gostaria de explorar nos seus documentários?

Há mais restrições sobre os temas que podemos discutir em Hong Kong, mas penso que as pessoas ainda conseguem fazer filmes interessantes sobre as vidas individuais ou a vida em comunidade. Pode reflectir-se sobre a identidade cultural. Os filmes nem sempre têm de ser sobre política. Sou professora, ensino produção de documentários, e temos estudantes que, devido à covid-19, não conseguiram sair para entrevistar pessoas, então foi-lhes pedido para fazerem projectos sobre eles próprios. Como se sentem como chineses em Hong Kong, qual o caminho de vida que querem seguir. Na sociedade asiática não se fala muito disso, não se explora o interior e não se mostra ao mundo. Gosto que os jovens explorem mais essas questões.

Porque decidiu abraçar o género documentário?

Estudei em São Francisco, EUA, no final dos 70, e foi quando percebi que havia um enorme estigma e racismo contra os sino-americanos. Não era o caso das pessoas em Hong Kong, onde todos são chineses. Mas num país estrangeiro ou numa comunidade diferente, o chinês fica de fora, e houve muitas questões identitárias que me surgiram. Não estava a estudar cinema e depois aconteceu trabalhar com muitos grupos que falavam dessa questão e que procuravam construir uma voz totalmente diferente para as pessoas asiáticas que viviam na América. Nos anos 80 havia muitos estereótipos em Hollywood. Não se viam verdadeiros rostos asiáticos na televisão, no cinema. Isso mudou 20 anos depois, mas naquela altura era o que acontecia. Foi assim que fiquei interessada no género documentário e depois fiquei interessada em explorar a vida destas pessoas. Comecei a fazer os meus próprios filmes e segui este caminho para a minha carreira. Tem sido muito interessante ver tantos mundos diferentes, vivências que nunca tinha revelado, e gosto de facto do género documentário.

Quando fez “A Moment in Time”, um documentário sobre a comunidade chinesa em São Francisco, recorreu a algumas experiências pessoais? Foi vítima de racismo ou de discriminação?

Felizmente cheguei no final dos anos 70 e as coisas começaram a mudar. Comecei a ver menos racismo no mundo artístico. Mas tive consciência, com as gerações mais velhas, do racismo que eles tiveram de enfrentar. Entrevistei muitas pessoas que se mudaram para São Francisco nos anos 30 e 40 e que me contaram as vidas que tiveram na Chinatown. Felizmente não vivi nenhum episódio de racismo.

Prefere esse mundo real em relação à ficção, por exemplo? Vê-se a fazer um filme ficcional?

Gostaria de fazer isso, possivelmente. A ficção é baseada na vida das pessoas, constrói-se ali algo e depois condensa-se a história. Mas a vida real é muito mais interessante do que a vida ficcionada.

Quais são os principais temas que gosta de explorar no cinema?

As histórias sobre a vida humana são as que mais me atraem mais. Não consigo explicar propriamente o que me atrai, mas quando me deparo com algo interessante simplesmente digo “uau, esta é uma grande história, será que é possível transformá-la num documentário?” Nem todas as grandes histórias podem ser transformadas em documentários, porque é um storytelling visual. Se imaginarmos a história em imagens e de como pode ser transformada num filme, isso implica sempre que escolhemos uma parte, e não toda a história.

Gostaria de fazer um documentário sobre Macau? Sente-se atraída pelo modo de vida, pelo cenário?

Teria de viver lá durante um tempo para sentir o pulsar da cidade e das suas histórias. Não poderia simplesmente chegar e fazer um documentário. Mas gostaria de o fazer. Tenho um estudante de Macau, que é muito bom e talentoso, e tenho a certeza de que há lá muitas histórias à espera de serem exploradas.

Além de ensinar, que novos projectos está a desenvolver?

Estou a terminar o meu livro anual sobre o cinema de Hong Kong nos anos 50 e 60. Eu e o meu marido coleccionamos elementos publicitários dos filmes e é muito interessante. Nesse período o cinema feito em cantonês era muito rico.

Como descreveria o mercado cinematográfico actualmente em Hong Kong? Há mais desafios?

Com os problemas surgem as oportunidades. E sem dúvidas que podemos explorar novas formas de storytelling. Podemos olhar para o Irão, onde ainda se fazem muitos filmes mesmo que haja censura. Assim sendo, as pessoas podem desenvolver técnicas muito interessantes de storytelling. Temos de nos reinventar a nós próprios como realizadores.

21 Abr 2022

Óscares | Will Smith pede desculpa, mas Academia analisa agressão 

A Academia de Cinema dos Estados Unidos condenou na segunda-feira a agressão do actor Will Smith ao humorista Chris Rock, na cerimónia dos Óscares, no domingo, e revelou que irá analisar o caso e tirar daí as consequências.

“Iniciámos oficialmente uma análise sobre o incidente e iremos considerar possíveis acções e consequências, de acordo com os nossos regulamentos, padrões de conduta e segundo a lei da Califórnia”, afirmou a academia em comunicado citado pela imprensa norte-americana.

O incidente aconteceu durante a cerimónia dos Óscares quando o humorista Chris Rock, que ia apresentar o Óscar de Melhor Documentário, iniciou a sua intervenção com um número de comédia, durante o qual comparou a mulher de Smith, a actriz Jada Pinkett-Smith – que não tem cabelo, por sofrer de uma doença auto-imune -, à tenente O’Neil, “GI Jane”, do filme de Ridley Scott.

Will Smith levantou-se, subiu a palco deu uma bofetada em Chris Rock e regressou ao lugar, de onde continuou a gritar: “Mantém o nome da minha mulher fora da tua ‘fucking mouth'”.

Ontem foi emitido um comunicado onde Will Smith pede desculpa a Chris Rock. “A violência, em todas as suas formas, é venenosa e destrutiva. O meu comportamento na passada noite dos Óscares foi inaceitável e indesculpável. Uma piada sobre a situação médica de Jada foi demasiado para eu aguentar e reagi de forma emocional. Gostaria de, publicamente, pedir-te desculpa, Chris”, pode ler-se.

30 Mar 2022

Óscares | Festa do cinema ofuscada por agressão de Will Smith a Chris Rock

A noite da 94.ª edição dos prémios da Academia de Hollywood acabou por ficar marcada por um episódio que foi muito além dos óscares para Jessica Chastain, Jane Campion, Billie Eilish, para os filmes “Coda” e “Dune” e mesmo a primeira estatueta arrebatada por Will Smith. Após uma piada de Chris Rock, Will Smith dirigiu-se ao palco e esbofeteou o comediante, para choque e surpresa de todos

 

Com agências 

“Estou desejoso para te ver no G.I. Jane 2.” Esta foi a piada que primeiro arrancou uma gargalhada a Will Smith e segundos mais tarde o catapultou para o palco do Dolby Theater, em Los Angeles, para agredir o comediante Chris Rock durante a apresentação da 94.ª edição dos prémios da Academia de Hollywood. Chris Rock estava em palco a apresentar o prémio para melhor documentário, e muito ao seu estilo de comediante de stand-up, fez uma piada (aprovada pela produção do espectáculo) com Jada Pinkett Smith, esposa de Will Smith, que sofre de alopecia (doença cujo sintoma é a perda de cabelo). A referência na piada é a um filme protagonizado por Demi Moore, em que interpreta uma recruta militar que rapa o cabelo.

Depois da estalada, Chris Rock reagiu em choque afirmando “Will Smith acabou de me esmurrar”, com o actor de “King Richard” a responder já da plateia “Mantém o nome da minha mulher fora da tua boca”, com algumas blasfémias à mistura. Will Smith, visivelmente agitado, voltou a gritar a mesma frase. Ao que Chris Rock respondeu que assim iria fazer, terminando ainda em choque com a frase: “E assim se passa… a maior noite de todas na história da televisão”.

A emissão televisiva, que corria com ‘delay’, teve um corte de alguns minutos, durante grande parte dos acontecimentos, a que se seguiu um intervalo publicitário, mas pôde ser vista em algumas plataformas e depressa as imagens em causa chegaram às redes sociais.

Nestes vídeos, também é possível ver Denzel Washington e Tyler Perry a tentarem acalmar Will Smith. A apresentadora Amy Schumer retomou a emissão, brincando com o tempo que tinha demorado a mudar de vestido: “Escapou-me alguma coisa?”, perguntou.

As semi-desculpas

Mais tarde, Will Smith acabaria por ganhar a sua primeira estatueta de Melhor Actor, pelo papel em “King Richard”, onde desempenha o papel de pai das tenistas Venus e Serena Willliams. No discurso pediu desculpas à Academia de Hollywood e aos colegas nomeados, mas não a Chris Rock.

No longo e emotivo discurso, Smith tentou reabilitar a sua reputação, fazendo paralelismos com o papel que desempenha no filme.

“A vida imita a arte e eu tornei-me um pai louco, como o meu personagem. Espero que a Academia volte a convidar-me”, acrescentou Will Smith. “Richard Williams foi um corajoso defensor da sua família”, disse, numa referência ao pai das irmãs Williams, papel que desempenha e lhe deu o Óscar. “Neste momento da minha vida, estou dominado pelo que Deus me destina a fazer no mundo”. “Por vezes, é preciso aturar insultos, e é preciso continuar a sorrir e a dizer que está tudo bem”, acrescentou o actor.

Depois do seu colega nomeado Denzel Washington ter dito “Amo-te” da multidão, Smith revelou que o actor lhe disse durante o intervalo comercial: “No teu momento mais alto, tem cuidado, é quando o diabo vem para ti”. Repórteres dentro da sala retransmitiram que o publicista de Smith e produtor dos Óscares Will Packer também visitou a mesa de Smith durante os intervalos.

Alguns minutos mais tarde, P Diddy tentou desarmar a situação, dizendo: “Will e Chris, vamos resolver isto como uma família na Festa do Ouro”, um dos múltiplos acontecimentos sociais depois da cerimónia.
Importa referir que este tipo de piadas sobre estrelas de cinema são o prato principal das apresentações, quando a produção do programa se socorre de actuações para preencher o tempo entre a entrega das estatuetas.

Aliás, durante a mesma emissão, outras piadas foram dirigidas ao casal Smith, uma das mais picantes foi dita pela actriz Regina Hall que insinuou que queria “dormir” com Will Smith, abordando a relação aberta do casal, revelação que o próprio actor fez numa entrevista. “És casado, mas sabes que mais? Estás na minha lista, e parece que a Jada te aprovou, por isso vamos lá”! disse Hall a Smith.

Reacções a quente

O departamento de polícia de Los Angeles emitiu um comunicado após a transmissão da cerimónia aludindo ao incidente, dizendo que “o indivíduo agredido recusou apresentar queixa”.

A Academia de Hollywood, que organiza a cerimónia, reagiu no Twitter após a agressão. “A Academia não tolera qualquer forma de violência. Esta noite temos o prazer de celebrar os nossos 94 vencedores dos Prémios da Academia, que merecem este momento de reconhecimento dos seus pares e amantes do cinema em todo o mundo”, afirmou a entidade, apesar de ter reconhecido Will Smith com o Óscar de Melhor Actor. O produtor da cerimónia, Will Packer usou a mesma rede social para afirmar: “Bem, eu bem disse que a noite não seria chata.”

Os vencedores

Além da pequena amostra de pugilato, também foram distinguidos actores, realizadores e equipas técnicas de filmes que marcaram a época cinematográfica.

Como já foi referido, Will Smith conquistou o Óscar de Melhor Actor, pelo desempenho no filme “King Richard”, numa categoria em que os nomeados eram Javier Bardem, por “Being The Ricardos”, Benedict Cumberbacth, por “O Poder do Cão”, Andrew Garfield, por “Tick, Tick… Boom!” e Denzel Washington, por “The Tragedy of Macbeth”.

Na categoria de Melhor Actriz, a vencedora da noite foi Jessica Chastain pelo papel desempenhado em “The Eyes of Tammy Faye”. As outras candidatas eram Olivia Colman, por “The Lost Daughter”, Penélope Cruz, por “Mães Paralelas”, Nicole Kidman, por “Being The Ricardos”, e Kristen Stewart, por “Spencer”.

Os Óscares de melhores actores secundários foram para Ariana DeBose, pelo desempenho em “West Side Story”, e Troy Kotsur, por “Coda”.

Um dos momentos mais aguardados das noites de Óscares é a entrega do prémio para melhor realização. A cineasta Jane Campion acabou por arrebatar a sua segunda estatueta pelo filme “O Poder do Cão”, depois de em 1994 ter conquistado o de Melhor Argumento por “O Piano”, ano em que também foi nomeada para Melhor Realização.

Campion convenceu a maior parte dos membros da Academia, numa lista composta por vultos da sétima arte como Kenneth Branagh, por “Belfast”, Ryusuke Hamaguchi, por “Drive my Car”, Paul Thomas Anderson, por “Licorice Pizza” e Steven Spielberg, por “Westside Story”. O filme realizado pela neozelandesa foi o campeão das nomeações, competindo em 12 categorias.

Banda sonora

O Óscar de Melhor Canção Original foi para Billie Eilish e Finneas O’Connell por “No Time to Die”, a canção-tema de “Sem Tempo Para Morrer”, o mais recente filme da saga 007. As canções “Be Alive” (“King Richard”), “Dos Oruguitas” (“Encanto”), “Down to Joy” (“Belfast”), “No Time to Die” (“Sem Tempo Para Morrer”) e “Somehow you do” (“Four Good Days”) eram as candidatas.

Dos prémios da Academia de Hollywood, “Dune” conquistou seis óscares, dos dez para os quais foi nomeado: Melhor Cinematografia, Melhores Efeitos Especiais, Melhor Som, Melhor Banda Sonora Original, Melhor Montagem e Melhor Direcção de Arte.

A lista de vencedores conta também, para já, com “Encanto”, de Jared Bush, Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, e “The Windshield Wiper”, como Melhor Curta-metragem de Animação. O Óscar de Melhor Guarda Roupa foi entregue a Jenny Beavan, pelo filme “Cruella”, batendo o luso-canadiano Luís Sequeira, nomeado nesta categoria pelo filme “Nightmare Alley – Beco das Almas Perdidas”, do realizador mexicano Guillermo del Toro.

29 Mar 2022

Óscares | “O Poder do Cão”, de Jane Campion, lidera nomeações 

As nomeações para a edição deste ano dos Óscares foram tornadas públicas esta terça-feira. O filme de Jane Campion, “O Poder do Cão”, é o grande líder, com nomeações para 12 categorias. Destaque também para a nomeação do luso-canadiano Luís Sequeira pelo seu trabalho no filme “Nightmare Alley”

 

O filme “O Poder do Cão”, da realizadora neozelandesa Jane Campion, lidera as nomeações dos Óscares, em 12 categorias, anunciou esta terça-feira a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos.

Jane Campion volta a estar nomeada para melhor realização, depois de em 1994 ter sido indicada com o filme “O piano”, que lhe valeu o Óscar de melhor argumento original.

De acordo com a lista de nomeados da 94.ª edição dos Óscares, “O Poder do Cão”, uma produção estreada na plataforma Netflix, soma 12 nomeações, incluindo Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Fotografia e três indicações na representação para Benedict Cumberbatch, Jesse Plemons e Kirsten Dunst.

Com dez nomeações surge “Duna”, a adaptação do clássico de ficção científica de Frank Herbert por Denis Villeneuve.

O filme reúne nomeações em categorias técnicas de som e imagem, além de estar nomeado para Melhor Filme, mas Villeneuve falha uma nomeação na realização.

Com sete nomeações cada, estão “Belfast”, de Kenneth Branagh, e “West Side Story”, a visão de Steven Spielberg de um musical da Broadway.

Na contagem geral de candidatos aos Óscares, destaque ainda para a presença de dois filmes não ingleses: A produção japonesa “Conduz o meu carro” e a dinamarquesa “Flee – Em Fuga”.
“Conduz o meu carro”, de Ryusuke Hamaguchi, está nomeado para quatro Óscares, nomeadamente Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Filme Internacional e Melhor Argumento Adaptado, enquanto “Flee – Em Fuga”, de Jonas Poher Rasmussen, é candidato nas categorias de Melhor Filme Internacional, Melhor Documentário e Melhor Filme de Animação.

Para o Óscar de Melhor Realização estão indicados Jane Campion, Kenneth Branagh, Paul Thomas Anderson, Ryusuke Hamaguchi e Steven Spielberg.

Português nomeado

O ‘designer’ luso-canadiano Luís Sequeira está nomeado para a 94.ª edição dos Óscares pelo filme “Nightmare Alley – Beco das Almas Perdidas”, do mexicano Guillermo del Toro.
Luís Sequeira está nomeado para o Óscar de Melhor Guarda-Roupa, categoria na qual esteve indicado em 2018, com o filme “A Forma da Água”, do mesmo realizador, embora não tenha conseguido o galardão.

Nesta edição dos Óscares, o ‘designer’ luso-canadiano competirá numa categoria onde estão ainda os filmes “Cruella”, “Cyrano”, “Duna” e “West Side Story”.
Por conta de “Nightmare Alley – Beco das Almas Perdidas”, Luís Sequeira também está nomeado para os BAFTA, do Reino Unido, e para os prémios da Associação de Figurinistas dos Estados Unidos.

Luís Sequeira nasceu no Canadá, é filho de portugueses, tem dupla nacionalidade e soma mais de trinta anos de carreira entre a moda e o cinema. A cerimónia de anúncio dos vencedores está marcada para 27 de março em Los Angeles, Califórnia.

10 Fev 2022

“Belfast” de Kenneth Branagh bem posicionado para os Óscares 

Posicionado como potencial nomeado aos Óscares, o filme “Belfast” revisita um período “profundamente trágico e doloroso” na história da Irlanda do Norte sob a lente da compaixão, disse o realizador Kenneth Branagh num evento da Variety.

“Compaixão foi o ponto de vista que quisemos aplicar a uma situação muito complicada”, afirmou Branagh, que desenvolveu a história com base na sua memória do início dos confrontos violentos conhecidos como The Troubles, que opuseram protestantes unionistas e católicos nacionalistas no final da década de sessenta.

“Olhamos para a situação através do Buddy, de nove anos, e é uma posição muito humana através da qual observamos uma família a lidar com eventos para os quais não estamos preparados para lidar”, descreveu o autor.

O filme tem como protagonistas Jamie Dornan, Caitriona Balfe, Jude Hill, Judy Dench e Ciarán Hinds, e tem sido aclamado pela crítica com várias nomeações e vitórias na temporada de prémios do cinema.

“Quando li o argumento, pareceu-me que a essência do que ele tinha captado era uma verdade muito profunda de uma cultura e de um povo”, disse o actor Ciarán Hinds, que interpreta o avô de Buddy no filme. “Foi como se tivéssemos escorregado de forma muito gentil para uma outra era, um outro tempo”.

“Experiência mágica”

O actor descreveu como “uma experiência mágica” trabalhar com Kenneth Branagh, que fez um filme quase autobiográfico com uma dose simultânea de nostalgia e assombro. “Sentimo-nos rodeados dos fantasmas dos nossos antepassados, os espíritos de onde viemos”, disse Ciáran Hinds.

Jamie Dornan também elogiou o trabalho do realizador, que deu aos actores a capacidade de se submergirem num filme de época – filmado a preto e branco – de forma orgânica.

Situado em 1968, no início do conflito, “Belfast” não aborda directamente a complexidade do que está em causa. Kenneth Branagh explicou que a sua intenção foi mostrar o desenrolar da violência de um ponto de vista familiar.

“São eventos políticos e sociais avassaladores, um período muito traumático para a Irlanda do Norte que durou trinta anos e ninguém sabia quanto tempo ia durar”, disse o realizador, lembrando que morreram 3700 pessoas durante o conflito. “Foi profundamente trágico e doloroso”, descreveu.

O filme “tenta entender” um pouco disso sem endereçar o principal problema. “Em vez disso, tenta focar nos mecanismos usados para enfrentar a situação, e as pequenas formas como uma família normal lidou com estas dificuldades e pôs um pé à frente do outro”, disse Branagh. “Podemos aprender com estas histórias”.

8 Fev 2022

Cinema | ‘A Lenda do Grande Prémio de Macau’ nomeado para óscares do automobilismo

O filme ‘A Lenda do Grande Prémio de Macau’, de autoria de Sérgio Basto Perez foi nomeado para os International Motor Film Awards 2021 na categoria de melhor filme de evento. A obra produzida pela DST apresenta a história do grande acontecimento desportivo local. Estreia na quinta-feira no Museu do Grande Prémio

 

Um filme sobre o Grande Prémio de Macau foi nomeado para os ‘óscares’ do automobilismo, anunciou a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) na passada sexta-feira.

“O filme ‘A Lenda do Grande Prémio de Macau’ (…), produzido pela DST, foi oficialmente seleccionado como uma das seis nomeações na categoria de “Best Event Film” – Melhor Filme de Evento nos ‘International Motor Film Awards 2021’, pode ler-se no comunicado.

O filme, do realizador local Sérgio Basto Perez, “apresenta uma viagem pela história do Grande Prémio de Macau, guiada pelas vozes de pilotos de carros e de motos do passado e do presente, com um vislumbre da atmosfera única, carácter e emoção na ocorrência de um fim-de-semana no Grande Prémio de Macau”, acrescentou a DST.

O filme foi desenvolvido para ser exibido no Museu do Grande Prémio de Macau, recentemente inaugurado. A estreia está marcada para 5 de Agosto, sendo projectado duas vezes por dia, à excepção de terça-feira, quando o museu está fechado ao público.

História singular feita no plural

“Nunca esperei ser nomeado para um festival com este prestígio. Ficámos nas nuvens com esta notícia”, afirmou Sérgio Basto Perez numa publicação de Facebook. O realizador local revelou também para aqui chegar foram necessários mais de 17 anos de trabalho, incluindo a exaustiva pesquisa de um vasto arquivo de imagens “do nosso mais prestigiado e amado evento”.

Quanto à produção, o autor adianta que foi “desenvolvida como uma demonstração emotiva da singularidade da mais lendário corrida da Ásia, num dos circuitos urbanos com mais história.”

Todos os filmes nomeados são elegíveis para as nomeações nos prémios de Realização Técnica, Melhor Fotografia, Melhor Acrobacia, Melhor Som e Melhor Edição, bem como para o “Grand Prix Award”.

Os resultados do “International Motor Film Awards 2021” vão ser anunciados em 15 de Setembro, em Londres.
A DST salientou que o evento internacional “reconhece os talentos em realização e produção, desde filmes de alta qualidade e anúncios publicitários, até às produções estudantis e independentes” e que “são considerados os óscares do mundo do automobilismo”.

O realizador local enalteceu o compromisso e apoio da DST, do Instituto do Desporto, da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, da organização e equipa da Federação Internacional do Automóvel. Aproveitou também para agradecer o contributo de condutores e talentos locais do sector audiovisual.

2 Ago 2021

Óscares | “Nomadland”, de Chloé Zhao, vence na categoria de Melhor Filme

Era a primeira mulher sino-americana nomeada para um Óscar e venceu-o: a 93ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas deu o galardão dourado para a categoria de Melhor Filme a Chloé Zhao por “Nomadland – Sobreviver na América”, que também venceu na categoria de Melhor Realização. A actriz Frances McDormand venceu o galardão de Melhor Actriz com este filme

 

 

“Nomadland – Sobreviver na América”, da cineasta sino-americana Chloé Zhao, venceu na madrugada desta segunda-feira [hora europeia] o Óscar de Melhor Filme na 93ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, dos Estados Unidos. Chloé era um dos nomes favoritos na corrida e também representava uma estreia no mundo de Hollywood, ao ser a primeira mulher asiática na lista dos nomeados.

O filme teve como produtores Frances McDormand, Peter Spears, Mollye Asher, Dan Janvey e a própria Chloé Zhao. Protagonizado por Frances McDormand, “Nomadland” conta a história de uma mulher que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência de uma crise económica. Embora o filme seja uma ficção, assenta em testemunhos reais de norte-americanos que vivem na estrada, sempre em trânsito, numa comunidade nómada mais envelhecida e nas margens da sociedade.

Chloé Zhao, sino-americana, foi a primeira mulher asiática nomeada para os Óscares e a segunda mulher a conquistá-lo, depois de Kathryn Bigelow, em 2020, por “Estado de Guerra”.

Para o Óscar de Melhor Filme estavam nomeados “Mank”, “Nomadland – Sobreviver na América”, “Uma miúda com potencial”, “O Pai”, “Judas and the Black Messiah”, “Minari”, “Sound of Metal” e “Os 7 de Chicago”. Nas contas para esta edição, o filme “Mank”, de David Fincher, somou dez nomeações, enquanto “Nomadland – Sobreviver na América”, de Chloé Zhao, foi indicado para sete estatuetas, entre as quais a de Melhor Realização, conquistado pela cineasta.

“Nomadland” deu também o Óscar de Melhor Actriz à sua protagonista, a actriz Frances McDormand. Este é o terceiro Óscar conseguido por Frances McDormand, em três nomeações para melhor actriz, depois de “Fargo” (1996) e “Três Cartazes à Beira da Estrada” (2018).

Ao longo da carreira, McDormand teve igualmente três nomeações para melhor actriz secundária, em “Terra Fria” (2005), “Quase Famosos” (2000) e “Mississippi em Chamas” (1988). Para o Óscar de Melhor Actriz estavam nomeadas Carey Mulligan (“Uma miúda com potencial”), Frances McDormand (“Nomadland”), Viola Davis (“Ma Rainey: A mãe dos blues”), Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e Andra Day (“The United States vs. Billie Holiday”).

“Sou afortunada”

Chloé Zhao disse que “é fabuloso ser uma mulher em 2021”, no rescaldo da vitória. “Sou extremamente afortunada por poder fazer o que gosto. Se esta vitória ajudar mais pessoas como eu a viverem os seus sonhos, sou muito agradecida por isto”.

“Um dos momentos mais felizes para mim esta noite foi quando a Frances ganhou”, contou Chloé Zhao aos jornalistas. “As pessoas podem não saber tudo o que ela fez, como produtora e como actriz, quão aberta e vulnerável foi e quanto me ajudou a fazer este filme”, afirmou. “E como ajudou os nómadas a sentirem-se confortáveis nas gravações. Ela é ‘Nomadland’”.

A história baseia-se num livro de não ficção e o filme, que contou com nómadas da vida real, provocou uma alteração de perspectivas para a própria Chloé Zhao. “Há muitas coisas que mudaram para mim. Penso que preciso de menos coisas para viver, sem dúvida”, afirmou. “Podia ter apenas algumas coisas”.

A realizadora, questionada várias vezes sobre a importância de ser a primeira asiática a vencer este Óscar e apenas a segunda mulher, depois de Kathryn Bigelow, não quis encaixar-se num formato específico. “Para os realizadores asiáticos, para todos os realizadores, temos de ser fiéis a quem somos e contar as histórias a que nos sentimos ligados”, disse. “Não devemos sentir que só há um certo tipo de histórias que temos para contar”.

Zhao também fez menção à confiança que lhe foi incutida desde criança e que lhe permitiu sonhar alto. “Tive a sorte de ter pais que sempre me disseram que quem eu sou é suficiente, e eu sou a minha arte”, disse. “Tento sempre manter-me fiel a mim mesma e rodear-me de pessoas talentosas e que me apoiam”.

O produtor Peter Spears, que partilhou o Óscar de Melhor Filme com Zhao, Frances McDormand, Mollye Asher e Dan Janvey, falou de como a pandemia alterou o curso deste projecto. “A possibilidade de terminar este filme no meio da pandemia e depois estreá-lo na pandemia foi um esforço hercúleo e algo que nunca pensámos que íamos ter de fazer”, afirmou.

“Nesse processo, parece que o momento era o certo e a história que contámos tocou as pessoas – uma história sobre comunidade e a nossa humanidade partilhada”, considerou. “Teve um significado mais profundo do que se tivesse saído antes”.

Silêncio na China

O sucesso da realizadora chinesa Chloé Zhao, na cerimónia dos Óscares, está a ser recebido com silêncio no seu país, devido a declarações feitas há oito anos. A imprensa estatal não comemorou. A televisão estatal CCTV e a agência noticiosa oficial Xinhua, os dois principais órgãos estatais, nem sequer divulgaram a vitória de Zhao.

Foi censurada uma mensagem a anunciar a conquista do prémio, pela revista de cinema Watch Movies, que tem mais de 14 milhões de seguidores na rede social Weibo, o equivalente ao Twitter na China. O ‘hashtag’ “Chloé Zhao ganha o Óscar de melhor directora” também foi censurado na plataforma, com os internautas a receber a mensagem “de acordo com as leis, regulamentos e políticas relevantes, a página não foi encontrada”.

Porém, as notícias sobre a sua vitória foram rapidamente difundidas na Internet chinesa, com internautas a celebrar a vitória de Zhao. Muitos apontaram o discurso de aceitação, no qual Zhao citou um verso de um poema escrito no século XIII que, como muitas outras crianças chinesas, Zhao memorizou quando era criança, e que se traduz assim: “As pessoas nascem boas”.

Chloé Zhao foi vítima de ataques em Março, quando ganhou um Globo de Ouro de melhor realização, devido a um comentário feito há oito anos. Numa entrevista, em 2013, a cineasta disse que, na China, “há mentiras por todo o lado”, referindo-se ao sistema político.

O comentário foi recuperado nas redes sociais chinesas, com internautas nacionalistas a acusarem Zhao de trair o seu país, acusando-a de ter “duas caras” e de ter saído da China devido à riqueza do pai, o antigo director de uma empresa estatal chinesa.

26 Abr 2021

“Nomadland”, de Chloé Zhao, com várias nomeações para os Óscares

A 93.ª edição dos Óscares, adiada de Fevereiro para este mês devido à pandemia, acontece no Dolby Theatre, com audiência, no edifício da estação de comboios Union Station, em Los Angeles (Califórnia), e noutros “locais internacionais via satélite”, como anunciou a academia norte-americana. A cerimónia decorreu na madrugada deste domingo [hora europeia].

Nas contas para esta edição, o filme “Mank”, de David Fincher, soma dez nomeações, mas o favoritismo – a avaliar pelo rol de prémios já conquistados – é apontado para “Nomadland – Sobreviver na América”, de Chloé Zhao, indicado para sete estatuetas, que, na passada sexta-feira, culminando o percurso de sucesso dos últimos meses, arrecadou quatro prémios Spirit, os chamados ‘óscares’ do cinema independente: melhor filme, melhor realização, melhor montagem e melhor fotografia.

Protagonizado por Frances McDdormand, o filme conta a história de uma mulher que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência de uma crise económica. Embora o filme seja uma ficção, assenta em testemunhos reais de norte-americanos que vivem na estrada, sempre em trânsito, numa comunidade nómada mais envelhecida e nas margens da sociedade.

Chloé Zhao, sino-americana, é a primeira mulher asiática nomeada para os Óscares, mas se vencer não deverá ser aplaudida na China. Numa entrevista em 2013, a realizadora declarou que na China “há mentiras por todo o lado”. O comentário foi recuperado recentemente nas redes sociais, com internautas nacionalistas a acusarem de traição.

O lugar de “Mank”

Quanto aos Óscares, “Mank”, produzido pela Netflix e ignorado nos Globos de Ouro, onde era o mais nomeado, está agora indicado em categorias como Melhor Filme, Realização, Direcção de Fotografia, Actor Principal (Gary Oldman) e Actriz Secundária (Amanda Seyfried). Para o Óscar de Melhor Realização, apenas David Fincher é repetente. Todos os outros estão nomeados nesta pela primeira vez: Thomas Vinterberg (“Mais uma rodada”), Lee Isaac Chung (“Minari”), Chloé Zhao (“Nomadland – Sobreviver na América”) e Emerald Fennell (“Uma miúda com potencial”).

É a primeira vez que duas mulheres competem nesta categoria. E em mais de 90 anos de história dos Óscares, apenas cinco outras mulheres estiveram indicadas e somente uma venceu o prémio de melhor realização; Kathryn Bigelow, em 2010, com “Estado de guerra”.

Para o Óscar de melhor filme estão nomeados “Mank”, “Nomadland” e “Uma miúda com potencial”, “O Pai”, “Judas and the Black Messiah”, “Minari”, “Sound of Metal” e “Os 7 de Chicago”. Para o Óscar de Melhor Actriz estão nomeadas Carey Mulligan (“Uma miúda com potencial”), Frances McDormand (“Nomadland”), Viola Davis (“Ma Rainey: A mãe dos blues”), Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e Andra Day (“The United States vs. Billie Holiday”).

Na representação masculina estão indicados Chadwick Boseman (a título póstumo por “Ma Rainey: A mãe dos blues”), Riz Ahmed (“Sound of Metal”), Anthony Hopkins (“O Pai”), Gary Oldman (“Mank”) e Steven Yeun (“Minari”).

Para Melhor Filme Internacional, foram seleccionados “Quo Vadis, Aida?” (Bósnia Herzegovina), “Mais uma rodada” (Dinamarca), “Better Days” (Hong Kong), “The Man Who Sold His Skin” (Tunísia) e “Collective” (Roménia). “Bora lá”, “Para além da lua”, “Soul – Uma aventura com alma”, “Wolfwalkers” e “Ovelha Choné: A quinta contra-ataca” competem pelo Óscar de Melhor Filme de Animação.

No anúncio dos vencedores, está confirmada a presença de nomes como os do realizador Bong Joon Ho, premiado nos Óscares em 2020 com “Parasitas”, das actrizes Laura Dern e Zendaya e dos actores Harrison Ford, Joaquin Phoenix e Brad Pitt.

26 Abr 2021

“Vitalina Varela” de Pedro Costa de fora da corrida aos Óscares

O filme “Vitalina Varela”, de Pedro Costa, ficou de fora dos 15 finalistas para uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme Internacional, revelou ontem a Academia de Hollywood, nos Estados Unidos.

A longa-metragem de Pedro Costa tinha sido considerada elegível em Janeiro passado, quando a academia norte-americana revelou os 93 filmes candidatos a uma nomeação ao Óscar de Melhor Filme Internacional.

No entanto, “Vitalina Varela” já não chegou à lista de 15 filmes finalistas anunciada ontem, e que o comité da academia votou, com vista às nomeações da 93.ª edição dos Óscares, a anunciar a 15 de março.

De acordo com a organização dos Óscares, são finalistas os filmes “Another Round” (Dinamarca), “Quo Vadis, Aida?” (Bósnia Herzegovina), “La llorona” (Guatemala), “El agente topo” (Chile), “Charlatan” (República Checa), “Deux” (França), “Better days” (Hong Kong), “Sun children” (Irão), “Night of the kings” (Costa do Marfim), “Ya no estoy aqui” (México), “Hope” (Noruega), “Collective” (Roménia), “Dear comrades!” (Rússia), “A Sun” (Taiwan) e “The man who sold his skin” (Tunísia).

A academia anunciou ainda listas de finalistas de outras oito categorias aos Óscares, entre as quais de Melhor Documentário em longa e curta-metragem, Melhor Filme de Animação e Melhor Banda Sonora.

Apesar de anualmente submeter uma obra candidata aos Óscares, Portugal nunca teve qualquer filme entre os nomeados para o prémio de melhor filme estrangeiro, em língua não inglesa, categoria recentemente renomeada de Melhor Filme Internacional.

Percurso trilhado

“Vitalina Varela” teve estreia mundial em Agosto de 2019, no Festival de Cinema de Locarno (Suíça), onde arrecadou os principais prémios: Leopardo de Ouro e Leopardo de Melhor Interpretação Feminina para Vitalina Varela, a mulher que inspirou a história filmada por Pedro Costa.

Desde Locarno, o filme soma mais de 22 prémios, a maioria de melhor filme e melhor realização, integrou mais de 50 festivais e mostras internacionais de cinema e reúne críticas elogiosas, tendo integrado as listas de melhores filmes do ano (2020) por vários media especializados.

O documentário brasileiro “Babenco – Alguém tem de ouvir o coração e dizer: parou”, de Bárbara Paz, sobre o cineasta argentino radicado no Brasil, que dirigiu “O Beijo da Mulher Aranha”, também ficou fora da lista de candidatos.

De fora ficou também o candidato da Palestina, “Gaza, mon amour”, dos irmãos Tarzan Nasser e Arab Nasser, que contou com coprodução portuguesa. Os nomeados para a 93.ª edição dos Óscares serão anunciados a 15 de Março e a cerimónia acontecerá a 25 de Abril.

11 Fev 2021

Parasite – Money – O Vírus Humano

[dropcap]Q[/dropcap]uando o Festival de Cannes de 2019, presidido por Alejandro González Iñárritu, entrega a Palma de Ouro ao filme PARASITE, confirma de forma canónica a mestria do olhar cinematográfico sobre a espécie humana do realizador coreano Bong Joon-ho, olhar sem concessão a futuros radiosos nem finais felizes.

— Sim, ter conhecimento, entrar no ensino superior, mas primeiro, ganhar dinheiro. É-nos dito, em jeito de frase de epílogo, por Ki-woo, interpretado por Choi Woo-shi, 29 anos, o personagem que ao longo do filme nos conduz neste labiríntico habitar subterrâneo, jardim armadilhado em que o Minotauro é o bezerro de ouro contemporâneo, a moeda e a acumulação de capital.

É certo que a motivação para o traçar deste caminho prende-se com a necessidade de capital para libertar o pai do subterrâneo na casa milionária construção de arquitecto, e da experiência da sua vida com cheiro a pobreza entranhado na roupa, do em quotidiano vivido em cave de prédio em bairro periférico. Só comprando a luxuosa mansão, é possível o reencontro com o pai.

É provável que a apetência para a acumulação presente no nosso estilo de vida seja ainda a continuação de necessidades arcaicas que se advinham facilmente no tempo distante em que habitávamos em pequenos grupos numa natureza sem mediação por vezes generosa e outras hostil.

O certo é que não seja por vontade e consentimento humano, nem capitalismo , nem qualquer outro sistema/modelo de organização da sociedade se torna viável e possível. E hoje, money, money, é grito da multidão ávida do acesso ao prazer, à distinção, ao luxo, antes apenas vislumbrado nos castelos dos senhores, hoje anunciado de meia em meia hora nos canais tv, e mostrado nas montras dos artigos de luxo nas avenidas enfeitadas de colares eléctricos em todas as cidades do mundo.

No filme “ Amar ou Morrer”, que o empenho zeloso da burocracia do ICA no ano de 2019 pontapeou para fora do concurso de apoio à produção, o que diz muito sobre como funciona , ou melhor, não funciona , a política pública de apoio ao cinema em Portugal, tema de muito interesse, mas que não é o nosso assunto neste texto, numa cena desse “filme”, diz o Pita, um personagem criado pelo Raúl Brandão: “ Quando a vida era uma passagem e a dor mais negra, maior era o prazer na vida eterna, a coisa andava. Destruíram essa ilusão e agora são milhões os ávidos de gozo.”

Em Parasite, filme com um argumento magnífico e de igual adjectivação na realização, são os milhões dos muitos em escassez e dos alguns com vida sem faltas, o tema da história.

Filmado com fina e radical ironia, numa verticalidade do visível e do invisível, materializada na visibilidade dos jardins e dos andares à superfície da mansão luxuosa, luminosa e modernista e no habitar do bunker subterrâneo da mesma mansão luxuosa. Na vida nas caves dos milhões disponíveis para o mercado de trabalho que permite o sonho do consumo, e que, no esgravatar constante na tentativa de ultrapassar o sufoco e a miséria, não negam a trapaça ou a faca, o sangue, o assassinato do igual, para a subida à mesa sem faltas dos herdeiros da sorte, da saúde, e da boa aventurança da conta bancária sem faltas, dos que habitam as zonas ricas da cidade.

O crítico do The New York Times, descreve o filme como “filme extremamente divertido, o tipo de filme inteligente, generoso e esteticamente energizado que elimina as cansadas distinções entre filmes de arte e filmes de pipoca”

Facto é que esta produção de 11 milhões de dólares rodada em aproximadamente dois meses e meio, sem estrelas do panteão de Hollywood e em língua coreana, conta já com uma facturação próxima dos 100 milhões de dólares.

Em Toronto, em San Sebastian, em Sydney, em Munique, em todos os festivais onde esteve, foi premiado.
Para o OSCAR de 2020, dia 9 de Fevereiro, está indicado para as categorias de; Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Original, Melhor Montagem, Melhor Direcção de Arte, Melhor Filme Internacional. Não colherá, todas as estatuetas, há outros filmes na corrida com grande mérito, mas algumas, e muito merecidas, e com grande aplauso, serão suas. Este é um dos gigantes da produção cinematográfica estreada em 2019. Não perca.

(Nota do editor: O artigo foi escrito antes da cerimónia dos Óscares. O filme sul-coreano viria a conquistar 4 estatuetas:: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Original e Melhor Filme Internacional)

 

* Rui Filipe Torres – Cineasta, Jornalista.
Doutorando em Estudos Artísticos – Estudos Fílmicos e da Imagem – FL -Universidade de Coimbra
Mestre em Estudos Culturais Aplicados em Cinema – Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico – ESTC – Instituto Politécnico de Lisboa.
Licenciado em Ciências da Comunicação – ISCSP – Universidade de Lisboa
11 Fev 2020

Presença portuguesa nos Óscares com nomeação de “Klaus” nas longas de Animação

[dropcap]A[/dropcap] produção espanhola “Klaus”, dos realizadores Sergio Pablos e Carlos Martínez López, foi nomeada para o Óscar de Melhor Longa-metragem de Animação, contando com os portugueses Sérgio Martins e Edgar Martins na equipa.

“Klaus: A Origem do Pai Natal”, do espanhol Sergio Pablos, cocriador dos filmes “Gru – o Maldisposto”, apresenta, de acordo com a Netflix, “um estilo de animação único que combina técnicas tradicionais de desenho 2D com a tecnologia mais avançada”.

O filme, disponível naquela plataforma de ‘streaming’ desde 15 de Novembro, foi realizado na íntegra nos SPA Studios, em Madrid, com uma equipa que junta pessoas de mais de 20 países, incluindo dois portugueses: Sérgio Martins, ‘Animation Supervisor’, e Edgar Martins, ‘Story Department Supervisor’.

Já antes, “Klaus”, primeiro filme de animação da Netflix, havia sido nomeado para os prémios Annie, considerados os “Óscares do cinema de animação”. O filme conta com um elenco composto por nomes como Jason Schwartzman, J.K. Simmons, Rashida Jones, Joan Cusack, entre outros.

Por outro lado

O filme “Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias”, da realizadora portuguesa Regina Pessoa, ficou ontem de fora dos cinco nomeados aos Óscares na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação, do qual era um dos finalistas.

O filme “Joker”, de Todd Phillips, lidera as nomeações aos Óscares, com 11 no total, seguindo-se, com 10 cada, “O Irlandês”, de Martin Scorsese, “1917”, de Sam Mendes, e “Era Uma Vez… Em Hollywood”, de Quentin Tarantino.

A lista dos nove candidatos ao prémio de Melhor Filme é composta por “Le Mans’66: O Duelo”, de James Mangold, “O Irlandês”, “Jojo Rabbit”, de Taika Waititi, “Joker”, “Mulherzinhas”, de Greta Gerwig, “Marriage Story”, de Noah Baumbach, “1917”, de Sam Mendes, “Era uma vez… em Hollywood” e “Parasitas”.

A melhor realização, para além de Joon-Ho, é completada por Martin Scorsese, Todd Phillips, Sam Mendes e Quentin Tarantino.

Já no domínio da categoria de melhor Filme Internacional (antigamente designado Melhor Filme Estrangeiro), os nomeados foram o polaco “Corpus Christi – A Redenção”, de Jan Komasa, o norte-macedónio “Honeyland”, o francês “Os Miseráveis”, de Ladj Ly, “Dor e Glória”, do espanhol Pedro Almodóvar, e “Parasitas”.

Para melhor actor principal, foram nomeados Antonio Banderas (“Dor e Glória”), Joaquin Phoenix (“Joker”), Leonardo DiCaprio (“Era Uma Vez… em Hollywood”), Adam Driver (“Marriage Story”) e Jonathan Pryce (“Dois Papas”).

A lista das melhores actrizes principais é constituída por Cynthia Erivo (“Harriet”), Scarlett Johansson (“Marriage Story”), Saoirse Ronan (“Mulherzinhas”), Charlize Theron (“Bombshell – O Escândalo”) e Renée Zellweger (“Judy”).

A cerimónia dos Óscares acontecerá a 9 de Fevereiro em Los Angeles, Califórnia, e não terá um apresentador anfitrião, repetindo-se o que aconteceu em 2019.

14 Jan 2020

Cinema | Galaxy apresenta ciclo com filmes que marcaram os Óscares

Até ao dia 6 de Março, quarta-feira, as salas UA Galaxy Cinemas oferecem aos cinéfilos a possibilidade de assistirem a alguns dos filmes que marcaram a edição deste ano dos óscares

[dropcap]E[/dropcap] os óscares vão para… o Galaxy. O complexo UA Galaxy Cinemas está a passar um ciclo com filmes que foram distinguidos pela Academia dos Óscares na edição deste ano dos mais populares prémios da sétima arte. O ciclo já está em andamento e decorre até ao dia 6 de Março, com uma selecção de dez películas que marcaram as nomeações para as principais categorias dos prémios.

Entre os filmes escolhidos este ano vão ser exibidos: “Assim Nasce Uma Estrela”, “Green Book – Um Guia Para a Vida”, “The Incredibles 2: Os Super-Heróis”, “Ralph Breaks the Internet: Wreck It Ralph 2”, “Homem-Aranha: No Universo Aranha”, “A Favorita” e “Vice”.

O conjunto de filmes selecionados pretende ser acessível a todas as idades e gostos, obedecendo ao género de filme e às nomeações recebidas.

 

Por categorias

Os filmes estão a ser exibidos numa sala, portanto, cada dia será dedicado a uma das películas que foram distinguidas no Teatro Dolby. Hoje será exibido “Assim Nasce Uma Estrela”, protagonizado, escrito e realizado por Bradley Cooper e abrilhantado por Lady Gaga, arrebatou o galardão de melhor canção original.

O fim-de-semana tem uma programação dedicada à família, com a exibição de três películas de animação. Neste capítulo, destaque para “Homem-Aranha: No Universo Aranha”, dirigido por uma tripla de realizadores, Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman, que ganhou o óscar para melhor filme de animação.

Durante sábado e domingo, haverá ainda tempo para os outros nomeados vencidos “The Incredibles 2: Os Super-Heróis” e “Ralph Breaks the Internet: Wreck it Ralph 2”.

Na segunda-feira será a vez de “Vice”, película que venceu apenas na categoria de melhor maquilhagem, apesar das oito nomeações que averbou.

“A Favorita” vai estar em destaque na terça-feira, dia 5, nomeado para nove categorias, mas que também apenas conseguiu arrebatar uma estatueta para Olivia Colman, como melhor actriz.

Finalmente, e para fechar com chave de ouro, será exibido na quarta-feira um filme que já havia brilhado no Festival Internacional de Cinema de Macau: “Green Book – Um Guia Para a Vida”. A película de Peter Farrelly foi um dos grandes vencedores dos Óscares 2019, ao conquistar as estatuetas para melhor filme, melhor actor secundário para a interpretação de Mahershala Ali e melhor argumento.

1 Mar 2019

Óscares | “Green Book” arrecada estatueta para melhor filme

“Green Book” de Peter Farrelly e “Roma” de Alfonso Cuarón foram os grandes vencedores da 91ª edição dos Óscares tendo cada um arrecadado três estatuetas. A interpretação da “rainha” no filme a “A Favorita” valeu a Olivia Colman o prémio para melhor actriz indo contra as expectativas que se centravam no desempenho de Glenn Close em “A mulher”. O melhor actor foi Rami Malek na interpretação de Freddie Mercury

[dropcap]A[/dropcap]maior surpresa da noite de Óscares foi a vitória de “Green Book” como melhor filme do ano, incluindo para o realizador Peter Farrelly, que “honestamente não esperava ganhar”, disse nas entrevistas de bastidores da cerimónia, em Hollywood.

“De certa forma bloqueei, como quando vejo uma partida de futebol e saio da sala se quero que a minha equipa marque”, comparou o cineasta. “Pensei em tudo menos vencer isto, e funcionou”.

As controvérsias em redor do filme, que se baseou na história verdadeira do pianista de jazz Donald Shirley, foram “desanimadoras” para os criadores, disse o produtor Jim Burke, mas não impediram a Academia de lhe atribuir três estatuetas em cinco nomeações, incluindo melhor filme, melhor argumento original e melhor actor secundário (Mahershala Ali).

A reacção nos bastidores foi de estranheza, mesmo não havendo um claro favorito nesta edição, e depois de “Roma” já ter vencido na categoria de melhor filme estrangeiro.

Apesar de Viggo Mortensen não ter ganhado a estatueta de melhor actor pelo seu papel como Tony Lip, em “Green Book”, Peter Farrelly atribuiu-lhe todo o mérito pelo Óscar de melhor filme, nos agradecimentos.

O cineasta disse nunca ter pensado na personagem interpretada por Mortensen como algo que hoje seria apoiante do Presidente Donald Trump com um boné a dizer “MAGA” (Make America Great Again” na cabeça.

“A mensagem é, falem uns com os outros e vão descobrir que têm muito em comum”, explicou Farrelly, dizendo que se trata de uma “mensagem de esperança”, e que “a única forma de resolver problemas é a falar”.

Recorde-se que “Black Panther”, “BlacKkKlansman – O infiltrado”, “Bohemian Rhapsody”, “A Favorita”, “Green Book – Um guia para a vida”, “Roma”, “Assim nasce uma estrela” e “Vice” eram os candidatos ao Óscar de melhor filme.

Outro grande vencedor da noite das estatuetas douradas foi o filme “Roma” de Alfonso Cuarón. O cineasta mexicano arrecadou o Óscar de melhor realizador e “Roma” foi também o vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro. A película, o primeiro filme produzido pela Netflix nomeado para os principais Óscares, já tinha ganho o Leão de Ouro do festival de Veneza, em Setembro do ano passado.

A vencedora favorita

Numa das vitórias mais inesperadas da noite, Olivia Colman ficou “sem saber o que fazer” quando recebeu o Óscar para melhor actriz pelo papel em “A Favorita”, disse à Lusa a actriz inglesa nas entrevistas dos bastidores da cerimónia.

“Não faço ideia, não consigo dizer o que estou a sentir”, afirmou a actriz, que não esperava vencer numa categoria onde também estava nomeada Glenn Close e sugerindo que, “no próximo ano, talvez consiga fazê-lo”.

Olivia Colman admitiu que ficou atrapalhada durante o discurso de aceitação do Óscar e que não percebe “como é que alguém mantém a compostura” e se lembra do que dizer, “porque é uma situação muito estranha”.

A actriz, que também protagonizou a série policial “Broadchurch”, atribuiu a vitória à qualidade do argumento.

“Sem os escritores, sem palavras, estamos apenas a tropeçar por ali”, disse à Lusa, considerando que se o argumento é bom, tem tudo o que é preciso para ter sucesso.

“A Favorita” era, a par de “Roma”, o filme mais nomeado da 91.ª edição dos prémios da Academia, com dez indicações, tendo vencido apenas nesta categoria.

O campeão

O desempenho de Rami Malek como Freddie Mercury, dos Queen, em “Bohemian Rhapsody”, foi distinguido com o Óscar de melhor actor, numa categoria onde estavam ainda nomeados Christian Bale, por “Vice”, Bradley Cooper, por “Assim nasce uma estrela”, Willem Dafoe, por “À porta da eternidade” e Viggo Mortensen, por “Green Book – Um guia para a vida”.

O prémio para melhor actriz secundária foi para Regina King, no filme “Se esta rua falasse”. “Free Solo” arrecadou o galardão de melhor documentário, “Homem-Aranha: No Universo Aranha” foi melhor filme de animação, e “Bao”, melhor curta-metragem de animação. “Black Panther” venceu na categoria de melhor cenografia e melhor guarda-roupa e “Bohemian Rhapsody” foi também premiado pela montagem, montagem de som e mistura de som. “Vice” foi o vencedor da melhor caracterização, e “O primeiro homem na Lua”, pelos melhores efeitos visuais.

Outro grande vencedor da noite das estatuetas douradas foi o filme “Roma” de Alfonso Cuarón. O cineasta mexicano arrecadou o Óscar de melhor realizador e “Roma” foi também o vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro

Representação lusa

O documentário “Free Solo”, de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi, produzido pela National Geographic, conta com dois portugueses, Joana Niza Braga e Nuno Bento, na equipa de som. “Free Solo”, que se estreia a 17 de Março no National Geographic, acompanha o alpinista norte-americano Alex Honnold numa escalada de 900 metros, sem cordas ou protecções, na parede de granito El Capitan, no Parque de Yosemite (Estados Unidos). O português Nuno Bento já foi distinguido nos prémios norte-americanos Golden Reel, pelo trabalho de edição de som neste documentário e Joana Niza Braga, “foley mixer” no filme, foi distinguida no fim-de-semana passado noutros prémios específicos para montagem de som: os norte-americanos Cinema Audio Society Awards.

 

26 Fev 2019

Óscares | Criada nova categoria para premiar “filmes populares”

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou mudanças na atribuição dos Óscares, entre as quais a criação de uma nova categoria para premiar “filmes populares” e uma redução do tempo de transmissão da cerimónia.
Na terça-feira à noite, o Conselho de Governadores da academia reelegeu o cineasta e director de fotografia John Bailey como presidente e aprovou algumas alterações ao formato da cerimónia, anunciadas através da rede social Twitter. A principal mudança prende-se com a criação de uma nova categoria para premiar “filmes populares” (vulgarmente designados por ‘blockbusters’). Os critérios para esta nova categoria ainda estão por anunciar, de acordo com uma carta enviada pela academia aos seus membros, citada pela imprensa especializada. Outra alteração é a do tempo de duração de apresentação da cerimónia, com a academia a planear uma transmissão de três horas “mais acessível” para espectadores de todo o mundo.
“Para honrar as 24 categorias, apresentaremos algumas categorias seleccionadas ao vivo, no Dolby Theatre, durante os intervalos comerciais (categorias por determinar). Os momentos da vitória serão editados e apresentados mais tarde durante a transmissão”, lê-se na carta.
A terceira grande mudança refere-se a 2020 e tem que ver com a data de transmissão da cerimónia, que será antecipada. Assim, a 92.ª edição dos Óscares será transmitida no dia 9 de Fevereiro, mantendo-se inalterada a data prevista para a cerimónia de 2019: 24 de Fevereiro. O Conselho de Governadores justifica estas alterações com a necessidade de corresponder às sugestões apresentadas pelos membros, no sentido de “manter a relevância dos Óscares e da academia num mundo em mudança”.
A cerimónia deste ano, que distinguiu com o Óscar de melhor filme “A forma da água”, de Guillermo del Toro, foi a menos vista de sempre

10 Ago 2018

Óscares: Jimmy Kimmel diz que Hollywood deve ser um exemplo no combate ao assédio

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] apresentador da 90.ª cerimónia dos Óscares, Jimmy Kimmel, disse, no monólogo de entrada, que o combate ao assédio sexual a ocorrer hoje no meio cinematográfico há muito tardava e que Hollywood deve ser um exemplo.
Kimmel, que apresenta a cerimónia pelo segundo ano consecutivo, disse que a noite deve ser marcada pela “positividade”, chamando a atenção para o trabalho a ser desenvolvido pelas ativistas de movimentos como o Me Too, Time’s Up e Never Again.
“O que aconteceu com o Harvey [Weinstein] e o que está a acontecer por todo o lado era há muito devido. Não podemos continuar a deixar passar o mau comportamento. O mundo está a olhar para nós, precisamos de ser um exemplo”, afirmou o comediante, que recordou que, em Hollywood, se fez um filme chamado “O que as mulheres querem”, protagonizado por Mel Gibson, o que dizia “tudo o que havia a dizer” sobre como o meio encarava as mulheres.
Num monólogo em que abordou diversas das polémicas recentes, com direito a menção ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Kimmel afirmou que se se conseguir pôr fim ao assédio sexual no local de trabalho, “então as mulheres só terão de lidar com assédio em todos os outros sítios onde forem”.
Harvey Weinstein, já expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que atribui os Óscares, foi afastado da sua produtora em outubro do ano passado, no seguimento de várias denúncias públicas de assédio e abuso sexual por dezenas de mulheres no meio cinematográfico.
Dezenas de mulheres, incluindo as atrizes Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Ashley Judd, Léa Seydoux, Asia Argento e Salma Hayek denunciaram uma série de episódios diferentes, que vão desde presumíveis comportamentos sexuais abusivos a acusações de violação por parte do produtor Harvey Weinstein, galardoado com um Óscar pela produção de “A Paixão de Shakespeare” (1998).
Desde que foi divulgado o caso, vários escândalos relacionados com acusações de assédio, agressão sexual e até mesmo de violação foram denunciados em vários países do mundo.
5 Mar 2018

Óscares: Sam Rockwell e Allison Janney vencem melhor actor e actriz secundários

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]am Rockwell venceu hoje o Óscar de melhor ator secundário pela sua interpretação em “Três Cartazes à Beira da Estrada”, enquanto Allison Janney arrecadou o de melhor atriz secundária, pelo papel em “Eu, Tonya”.
Nomeado pela primeira vez aos 49 anos, Sam Rockwell conquistou o galardão pelo seu desempenho como polícia racista e violento no filme “Três Cartazes à Beira da Estrada”, de Martin McDonagh.
Por sua vez, Allison Janney, que também recebeu um Óscar pela primeira vez, foi distinguida pelo seu papel de mãe exigente no filme “Eu, Tonya”, de Craig Gillespie.
Sam Rockwell agradeceu, entre outros, ao ator Christopher Plummer – o mais velho entre os nomeados para a mesma categoria –, à atriz Frances McDormand, com quem contracena, e ao pai, que promoveu o seu amor pelo cinema.
“Fiz tudo sozinha”, brincou Allison Janney no início do seu discurso, sem poupar elogios à equipa de “Eu, Tonya” e a Joanne Woodward, “pelo incentivo e generosidade” que a atriz de 88 anos teve na luta de Janney por uma carreira como atriz.
Sam Rockwell competia com Christopher Plummer por “Todo o Dinheiro do Mundo”, Woody Harrelson por “Três Cartazes à Beira da Estrada”, Richard Jenkins por “A Forma da Água” e Willem Dafoe por “Projeto Florida”.
Allison Janney tinha como ‘rivais’ Laurie Metcalf por “Lady Bird”, Lesley Manville por “Linha Fantasma”, Octavia Spencer por “A Forma de Água” e Mary J.Blige por “Mudbound”.
Além dos prémios para melhor ator e atriz secundários, foram entregues mais seis óscares.
Sem surpresas, “A Hora Mais Negra” venceu na categoria de melhor caracterização e “Linha Fantasma” na de melhor guarda roupa.
Para a categoria de melhor guarda roupa estava nomeado o luso-canadiano Luís Sequeira, que venceu o prémio do sindicato dos figurinistas, em fevereiro, pelo seu trabalho no filme “A Forma da Água”.
A grande surpresa até ao momento foi o Óscar para melhor documentário, com “Icarus” a destacar-se como a primeira longa metragem da Netflix a vencer qualquer prémio da academia.
Emocionados, os realizadores Bryan Fogel e Dan Cogan sublinharam “a grande importância de dizer a verdade”, fazendo referência aos movimentos #TimesUp e #MeToo.
“Dunkirk”, de Christopher Nolan, nomeado para oito óscares, levou o prémio de melhor montagem de som e melhor mistura de som.
O Óscar de melhor filme de animação foi para “Coco”, de Lee Unkrich.
O filme que lidera as nomeações desta edição, “A Forma da Água”, arrecadou o Óscar de melhor cenografia.
“Una Mujer Fantastica”, um filme chileno, ganhou o Óscar para melhor filme estrangeiro. A longa metragem de Sebastián Lelio, que conta a história de uma jovem transexual, já havia sido premiado em Berlim.
5 Mar 2018

Óscares: “Foge” e “Chama-me Pelo Teu Nome” vencem melhores argumentos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] argumentista e realizador de “Foge”, Jordan Peele, recebeu hoje o Óscar de melhor argumento original, enquanto James Ivory venceu na categoria de melhor argumento adaptado por “Chama-me pelo teu nome”, a partir da história de André Aciman.
É o primeiro Óscar atribuído a “Chama-me pelo Teu Nome”, filme que explora o despertar da sexualidade, protagonizado pelo nomeado a melhor ator principal Thimotée Chalamet.
James Ivory começou por reconhecer o escritor André Aciman, também presente na cerimónia, e a sua “história sobre a beleza do primeiro amor, seja ele heterossexual, gay ou algo no meio”.
Agradeceu também ao “sensível” realizador” Luca Guadagnino e aos atores, “sem os quais não estaria naquele palco”.
“Get Out” é o primeiro filme de Jordan Peele, o primeiro negro em 90 anos nomeado a três Óscares com o mesmo filme, feito referido no início da cerimónia pelo anfitrião Jimmy Kimmel.
“Isto significa muito para mim”, disse no início do discurso, admitindo que parou de escrever o argumento mais de 20 vezes por achar que “não resultaria”, mas que, se alguém acreditasse nele, “poderia levantar a sua voz”, e assim o fez.
O filme, que é também uma sátira, aproveita-se do horror para abordar a questão racial.
5 Mar 2018

Óscares: Gary Oldman e Frances McDormand vencem melhor ator e melhor atriz

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] actor Gary Oldman foi hoje distinguido com o Óscar de melhor ator principal, pela interpretação em “A hora mais negra”, e Frances McDormand venceu na categoria feminina, por “Três Cartazes à Beira da Estrada”.
“Obrigado pelo teu amor e apoio. Põe a chaleira a aquecer. Vou levar o Oscar para casa”, disse Gary Oldman à sua mãe, durante o discurso de aceitação de melhor ator.
“Olhem à vossa volta, senhoras e senhores, porque todos temos histórias para contar”, afirmou Frances McDormand.
A atriz já tinha vencido o prémio em 1997, pela interpretação em “Fargo”. Por outro lado, Gary Oldman, que foi nomeado para o prémio em 2012 – pela sua atuação no filme “A Topeira” – vence pela primeira vez.
Normalmente o vencedor do Óscar de Melhor Ator na edição passada entrega o galardão de Melhor Atriz no ano seguinte — e vice-versa. Contudo, a tradição foi quebrada, já que Casey Affleck, que ganhou o prémio com a sua prestação em “Manchester by the Sea”, não compareceu este ano.
5 Mar 2018

Óscares | Musical de Chazelle com mais estatuetas. “Moonlight” é o melhor filme

O musical “La La Land”, com seis estatuetas, arrecadou o maior número de prémios da 89.ª edição dos Óscares. Mas foi derrotado por “Moonlight” na categoria de melhor filme. A entrega do prémio principal ficou marcada por uma confusão de envelopes

[dropcap style≠’circle’]“L[/dropcap]a La Land” partiu como favorito aos prémios da Academia de Hollywood, com 14 nomeações, mas afinal conquistou seis estatuetas: a de melhor realizador (Damien Chazelle), de melhor actriz principal (Emma Stone), a melhor banda sonora original, a melhor canção original (“City of Stars”), a melhor produção artística e a melhor fotografia.

Além de ter ficado aquém das nomeações alcançadas – que puseram o musical lado a lado com “Titanic” (1997), por exemplo –, “La La Land” falhou na obtenção do prémio mais importante da noite, o de melhor filme, com “Moonlight” a sagrar-se vencedor apesar de um primeiro anúncio errado que dava a vitória ao musical, numa confusão com o envelope que marcou o final da cerimónia.

“Moonlight”, contracenado por Mahershala Ali e Naomie Harris, conta a história de um jovem afro-americano que luta para encontrar o seu lugar à medida que cresce em Miami, pelo que o derradeiro Óscar da noite acaba por responder, em parte, às críticas da falta de diversidade entre os premiados nos últimos anos.

Novos, longos e diferentes

A 89.ª gala dos Óscares, que decorreu no Teatro Dolby, em Los Angeles, ficou ainda marcada por uma série de estreias e recordes.

Damien Chazelle, de 32 anos, que conquistou o Óscar com “La La Land: Melodia de Amor”, tornou-se no mais jovem realizador a ser distinguido; Mahershala Ali, que venceu o Óscar de melhor actor secundário pela sua interpretação em “Moonlight”, foi o primeiro actor muçulmano a receber uma estatueta dourada; enquanto “O Herói de Hacksaw Ridge”, realizado por Mel Gibson, conquistou o de melhor mistura de som, naquele que foi o primeiro Óscar em 21 nomeações para Kevin O’Connell.

“O.J. Made in America”, com quase oito horas, venceu na categoria de melhor documentário, transformando-se no filme mais longo a receber um Óscar, destronando “Guerra e Paz”, a adaptação russa que venceu, em 1969, a estatueta de melhor filme estrangeiro (467 minutos contra 431 minutos).

Política e ausências

Destaque ainda para os Óscares das categorias de melhor filme estrangeiro e de melhor documentário em curta-metragem.

“O Vendedor”, do realizador iraniano Asghar Farhadi, que tinha declarado que não iria estar presente na cerimónia em protesto pelas medidas anti-imigração de Donald Trump, recebeu o prémio para melhor filme estrangeiro; enquanto “Os Capacetes Brancos” (“The White Helmets”), sobre os voluntários que resgatam vítimas da guerra na Síria, conquistaram a estatueta de melhor documentário em curta-metragem.

A cerimónia foi também palco de vários discursos políticos, a começar pelas várias intervenções do anfitrião, Jimmy Kimmel, sobre o facto de os Estados Unidos serem hoje um país “dividido”, passando pela declaração lida pela astronauta iranian Anousheh Ansari em nome de Farhadi, até às frases de apresentadores como Gael García Bernal que, enquanto mexicano e ser humano, se mostrou “contra qualquer tipo de muro” que estabeleça uma separação.

A meio da gala, Kimmel enviou, através do Twitter, uma mensagem ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, em menos de 10 minutos, foi partilhada por mais de 150 mil utilizadores.

“Olá Donald Trump. Estás por aí?”, escreveu Kimmel na sua conta no Twitter, durante a cerimónia transmitida em directo por televisões de todo o mundo, após perceber que o Presidente dos Estados Unidos, um utilizador activo das redes sociais, ainda não tinha comentado nada no Twitter, duas horas depois do início da gala.

As estatuetas

Melhor filme:

– “Moonlight”

Melhor realizador:

– Damien Chazelle, “La La Land”

Melhor actor:

– Casey Affleck, “Manchester by the sea”

Melhor actriz:

– Emma Stone, “La La Land”

Melhor actor secundário:

– Mahershala Ali, “Moonlight”

Melhor actriz secundária:

– Viola Davis, “Vedações”

Melhor filme de animação:

– “Zootrópolis” (Byron Howard, Rich Moore e Clark Spencer)

Melhor argumento original:

– “Manchester by the sea” (Kenneth Lonergan)

Melhor argumento adaptado:

– “Moonlight” (Barry Jenkins)

Melhor filme estrangeiro:

– “O Vendedor” (Asghar Farhadi, Irão)

Melhor desenho de produção:

– “La La Land” (David Wasco e Sandy Reynolds-Wasco)

Melhor fotografia:

– “La La Land” (Linus Sandgren)

Melhor guarda-roupa:

– “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” (Colleen Atwood)

Melhor montagem:

– “O Herói de Hacksaw Ridge” (John Gilbert)

Melhores efeitos visuais:

– “O Livro da Selva” (Robert Legato, Adam Valdez, Andrew R. Jones e Dan Lemmon)

Melhor caracterização:

– “Esquadrão Suicida” (Alessandro Bertolazzi, Giorgio Gregorini e Christopher Nelson)

Melhor montagem de som:

– “O Primeiro Encontro” (Sylvain Bellemare)

Melhor mistura de som:

– “O Herói de Hacksaw Ridge” (Kevin O’Connell, Andy Wright, Robert Mackenzie e Peter Grace)

Melhor banda sonora:

– “La La Land ” (Justin Hurwitz)

Melhor canção original:

– “City of Stars” (Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul, “La La Land”)

Melhor documentário:

– “O.J. Made in America” (Ezra Edelman e Caroline Waterlow)

Melhor documentário em curta-metragem:

– “The White Helmets” (Orlando von Einsiedel e Joanna Natasegara)

Melhor curta-metragem:

– “Sing” (Kristof Deák e Anna Udvardy)

Melhor curta-metragem de animação:

– “Piper” (Alan Barillaro e Marc Sondheimer)

28 Fev 2017