Tóquio 2020 | Anfitrião Japão sobe ao topo do medalheiro ao terceiro dia

O anfitrião Japão subiu esta segunda-feira à liderança do medalheiro dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, ao somar as mesmas três medalhas de ouro vencidas pelas representações britânica, americana e russa no terceiro dia, para se isolar com oito.

Entre os 21 títulos atribuídos, a Grã-Bretanha tocou pela primeira vez o lugar mais alto do pódio em solo nipónico, enquanto a China terminou uma série de 18 dias seguidos com pelo menos uma medalha de ouro olímpica, num evento em que 51 países já foram galardoados.

Os chineses ainda são a nação mais medalhada, com seis ‘ouros’ em 18 ‘metais’, mas não evitaram a descida da primeira à terceira posição da tabela, dando lugar ao Japão, seguido bem de perto pelos Estados Unidos, que aportam sete ‘ouros’ em 14 ‘metais’.

O país mais laureado de sempre no evento multidesportivo mundial fechou a jornada matinal de natação a vencer a final dos 4×100 metros livres masculinos, com 3:08.97 minutos, numa estafeta iniciada pela ‘estrela’ Caeleb Dressel, que se estreou em Tóquio2020, diante de Itália e Austrália, que travaram uma renhida luta pela ‘prata’.

Já a norte-americana Katie Ledecky perdeu a sua primeira final individual olímpica, após ‘limpar’ quatro seguidas, entre Londres2012 e Rio2016, onde fora a mais medalhada, ao ser destronada nos 400 livres, distância em que é recordista mundial, pela australiana Ariarne Titmus, de 20 anos, com 3:56.69 minutos, sendo a chinesa Li Bingjie terceira.

O britânico Adam Peaty prolongou o ‘reinado’ nos 100 metros bruços, distância na qual detém os 16 melhores registos da história, ao precisar de uns modestos 57,37 segundos para bater o holandês Arno Kamming, ‘prata’, e o italiano Nicolò Martinenghi, ‘bronze’.

Contra todas as expectativas, a canadiana Margaret MacNeil arrebatou os 100 mariposa femininos, com 55,59 segundos, à frente da chinesa Yufei Zhang, medalha de prata, e da australiana Emma McKeon, ‘bronze’, perante o sétimo posto da sueca Sarah Sjöstrom, recordista mundial e detentora do título olímpico, ainda a debelar uma lesão no cotovelo.

Esta jornada de natação conduziu ainda a novas marcas olímpicas femininas nas meias-finais dos 100 metros costas, que caiu pela quarta vez em dois dias, e dos 1.500 estilos, prova em estreia.

Outra surpresa surgiu nos saltos para a água, já que os britânicos Thomas Daley e Matty Lee negaram o quinto título seguido à China, segunda, na prancha sincronizada a 10 metros masculina, com 471,81 pontos, ficando o Comité Olímpico da Rússia em terceiro.

Os chineses deslizaram ainda num inédito torneio de pares mistos de ténis de mesa, ao perderem na final com o Japão, por 3-4, deixando o terceiro lugar na posse de Taipé.

No dia de estreia do râguebi de ‘sevens’, o ciclista britânico Thomas Pidcock venceu a prova de ‘cross country’, ao concluir destacadamente os 28,25 quilómetros em 1:25.14 horas – face à desistência do holandês Mathieu van der Poel, um dos favoritos – com o suíço Mathias Flueckiger a ser segundo e o espanhol David Valero Serrano em terceiro.

Kristian Blummenfelt ‘carimbou’ o primeiro ‘ouro’ norueguês em Tóquio2020, ao isolar-se na última volta da corrida para concluir a prova masculina de triatlo em 01:45.04 horas, adiantando-se ao britânico Alex Yee, ‘prata’, e ao neozelandês Hayden Wilde, ‘bronze’.

O Japão fez o ‘pleno’ nas provas de rua de skate, com Nomiji Nishiya, de 13 anos e 330 dias, a ser a quarta campeã mais nova em Jogos de verão, face à brasileira Rayssa Leal, de 13 anos e 203 dias, a mais jovem laureada desde Berlim1936, e à nipónica Funa Nakayama, de 16 anos, que fechou o pódio com menor média etária das Olimpíadas.

Igual ‘dobradinha’ assinaram os Estados Unidos nas provas de tiro ‘skeet’, com Amber English a vencer a ex-campeã italiana Diana Bacosi, renovando o recorde olímpico vigente, ao acertar em 56 dos 60 alvos, tendo a chinesa Wei Meng sido terceira.

Com apenas um alvo errado e uma nova marca olímpica renovada, Vincent Hancock resgatou o título perdido no Rio2016 e chegou ao inédito ‘tricampeonato’ diante do dinamarquês Jesper Hansen, ‘prata’, com o kuwaitiano Abdullah Alrashidi a ser ‘bronze’.

No tiro com arco houve nova demonstração de superioridade da Coreia do Sul, que dominou o concurso de equipas masculinas e derrotou na final o Taipé, por esclarecedores 6-0, ao passo que o último lugar do pódio foi obtido pelo Japão.

O judo proporcionou o título feminino de -57 kg à kosovar Nora Gjakova, vencedora por ‘ippon’ na final disputada com a francesa Sarah Leonie Cysique, depois de a canadiana Jessica Klimkait, campeã mundial, e a japonesa Tsukasa Yoshida dividirem o ‘bronze’.

Após três ‘ouros’ e uma ‘prata’, o terceiro dia de ‘glória’ dos anfitriões nos ‘tatamis’ foi amparado por Shohei Ono, que bateu por ‘waza-ari’ o georgiano Lasha Shavdatuashvili para assinar uma inédita ‘dobradinha’ na categoria masculina de -73 kg, enquanto o terceiro posto coube ao sul-coreano Changrim Na e ao mongol Tsogtbaatar Tsend-Ochir.

Antes dessa prova, o sudanês Mohamed Abdalrasool abdicou do combate com o israelita Tohar Butbul, que terminou em sétimo, dois dias depois de uma decisão similar do argelino Fethi Nourine frente ao mesmo adversário, em “apoio à causa palestina”.

Novo recorde olímpico estabeleceu a halterofilista Hidilyn Diaz na categoria feminina de -55 kg, ao levantar 224 quilos para dar uma inédita medalha de ouro às Filipinas, colocando-se à frente da chinesa Qiuyun Lião e da cazaque Zulfiya Chinshanlo.

A Rússia, a competir sob bandeira do seu comité olímpico, voltou a triunfar no concurso masculino por equipas na ginástica artística, 25 anos depois, com 262.500 pontos, após duas vitórias do Japão, campeão no Rio2016, que foi segundo, e três da China, terceiro.

Se esgrima trouxe uma final russa no sabre individual feminino, com Sofia Pozdniakova a impor a terceira derrota olímpica seguida a Sofya Velikaya e a francesa Manon Brunet a concluir o pódio, Ka Long Cheung, de Hong Kong, destronou o italiano Daniele Garozzo no florete masculino, cujo ‘bronze’ foi para o checo Alexander Choupenitch.

O Comité Olímpico da Rússia também saiu vitorioso na vertente masculina de -80 kg do taekwondo, na qual Maksim Khramtcov venceu o jordano Saleh Elsharabaty, com o egípcio Seif Eissa e o croata Toni Kanaet a repartirem louros pelo terceiro lugar.

Na prova feminina de -67 kg, a croata Matea Jelic superou a britânica Lauren Williams, ficando a egípcia Hedaya Malak e a costa-marfinense Ruth Gbagbi em terceiras.

O esloveno Benjamin Savsek ‘selou’ o primeiro ‘ouro’ nas provas de canoagem ‘slalom’ em Tóquio2020, ao ganhar na categoria C-1 masculina, com 98,25 segundos, sendo perseguido pelo checo Lukas Rohan, ‘prata’, e pelo alemão Sideris Tasiadis, ‘bronze’.

Para a história dos torneios olímpicos de basquetebol entrou a espanhola Laia Palau, ‘vice’ no Rio2016, que se tornou a atleta mais velha de sempre, com 41 anos e 319 dias, ao participar no triunfo sobre a Coreia do Sul, por 73-69, no início do evento feminino.

27 Jul 2021

Tóquio 2020 | Mais de metade da região de Tóquio assistiu à cerimónia de abertura

Mais de metade das famílias residentes na área metropolitana de Tóquio, na ordem de 56%, assistiram pela televisão à Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, apesar de uma forte oposição à realização do evento.

De acordo com os dados, foi a segunda maior audiência na região para uma Cerimónia de Abertura dos Jogos, que decorrem à porta fechada devido à pandemia de covid-19, e foi superada apenas pela organização de Tóquio em 1964.

A empresa de audiências Video Research Ltd indica que 56,4% das famílias na ‘Grande Tóquio’ assistiram em direto à cerimónia, na qual a tenista Naomi Osaka acendeu a pira olímpica e o imperador Naruhito declarou abertos os Jogos.

A Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos Tóquio1964 foi, na ocasião, acompanhada na televisão por 61,2% das famílias na região da capital japonesa, e, ainda em comparação, a cerimónia do Rio2016 por 23,6%, de Londres2012 por 24,9% e de Pequim2008 por 37,3%.

A sondagem foi efetuada junto de 2.700 famílias da região Canto, que incluiu Tóquio e mais seis prefeituras, mas as audiências a nível nacional deverão ser divulgadas ainda hoje.

26 Jul 2021

Tóquio 2020 | Japão ameaça China e Estados Unidos ‘aparecem’ ao segundo dia

O anfitrião Japão, com cinco ‘ouros’, acercou-se dos seis da China no topo do medalheiro de Tóquio2020, no segundo dia dos Jogos Olímpicos, também marcado pelas primeiras medalhas conquistadas pelos Estados Unidos, que dececionaram na estreia.

Os nipónicos voltaram a brilhar no judo e venceram de forma inédita a categoria feminina de -52 kg, graças ao triunfo por ‘ippon’ de Abe Uta, de 21 anos, sobre a francesa Amadine Buchard, com a britânica Chelsie Giles e a italiana Odette Giuffrida no terceiro posto.

Poucos minutos depois, o irmão Hifumi Abe, de 23 anos, festejou em -66 kg masculinos, ao bater igualmente por ‘ippon’ o georgiano Vazha Margvelashvili, numa vertente em que o brasileiro Daniel Cargnin e o sul-coreano An Baul ficaram com a medalha de bronze.

O judo ditou três dos cinco ‘ouros’ do Japão, que também viu Yuto Horigome, com 37,18 pontos, impor-se na variante de rua do skate, em estreia nas Olimpíadas, a par do surf, face à ‘prata’ do brasileiro Kelvin Hoefler e ao terceiro lugar do americano Jagger Eaton.

Já a nadadora Yui Ohash cumpriu os 400 metros estilos em 4:32.08 minutos, à frente de Emma Weyant e Hal Flickinger, que ajudaram os Estados Unidos a chegar aos 10 ‘metais’, num dia que atribuiu 18 títulos e deu arranque a basquetebol, canoagem, mergulho e vela.

No sábado, o país mais laureado de sempre no maior evento multidesportivo do mundo não tinha integrado qualquer pódio, quebrando um recorde de 141 dias seguidos a somar medalhas olímpicas nos Jogos de verão, que vigorava desde a renúncia em Moscovo1980.

O nadador Chase Kalisz impulsionou o ressurgimento da ‘Team USA’ nos 400 metros estilos, ao vencer em 4:09.42 minutos, após ter sido ‘vice’ na distância no Rio2016, à frente do compatriota Jay Litherland, ‘prata’, e do australiano Brendon Smith, ‘bronze’.

Maior surpresa ofereceu o triunfo nos 400 livres do tunisino Ahmed Hafnaoui, de 18 anos, que entrou com o pior tempo da qualificação e impôs-se em 3:43.36 minutos ao australiano Jack McLoughlin, segundo, e ao norte-americano Kieran Smith, terceiro.

Com o ‘lendário’ Michael Phelps a comentar nas bancadas, o primeiro dia de finais da natação finalizou com o expectável ‘tricampeonato’ da estafeta feminina da Austrália nos 4×100 livres, bem distante de Canadá, segundo, e Estados Unidos, terceiro, e marcado por novo máximo mundial, de 3:29.69 minutos, contra 3:30.05 por si fixados em 2018.

A tarde trouxe novas marcas olímpicas no decurso das eliminatórias dos 100 metros bruços e dos 100 costas femininos, cujo anterior máximo foi batido por três vezes num espaço de seis minutos, baixando pela primeira vez dos 58 segundos.

Já a China ‘limpou’ a primeira prova de saltos para a água feminina, com a dupla composta por Shi Tingmao e Wang Han a somar 326,40 pontos para vencer na prancha sincronizada a três metros, sem dar esperanças a Canadá, ‘prata’, e Alemanha, ‘bronze’.

A austríaca Anna Kiesenhofer surpreendeu na prova de fundo de ciclismo de estrada, ao cumprir os 137 quilómetros, entre o parque Musashinonomori e a Pista Internacional de Fuji, em 3:52.45 horas, com 1.15 minutos de vantagem sobre a holandesa Annemiek van Vleuten e 1.29 sobre a italiana Elisa Longo Borghini, que repetiu o terceiro lugar do Rio2016.

No tiro, o norte-americano William Shaner bateu o recorde olímpico, com 251,6 pontos, e chegou ao ‘ouro’ na carabina de ar a 10 metros masculino, aos 20 anos, escapando à concorrência dos chineses Sheng Lihao, de 16 anos, segundo, e Yang Haoran, terceiro.

A atiradora russa Vitalina Batsarashkina, ‘vice’ no Rio2016, venceu a prova de pistola de ar a 10 metros feminina, ao impor-se na final à búlgara Antoaneta Kostadinova, somando 240,3 pontos, um novo recorde olímpico, num pódio fechado pela chinesa Ranxin Jiang.

Nessa prova esteve a georgiana Nino Salukvadze, que ficou arredada nas eliminatórias, ao ser 31.ª colocada, tornando-se a primeira mulher a estar presente em nove edições de Jogos Olímpicos, a começar por Seul1988, quando venceu na pistola a 25 metros e foi prata na pistola de ar a 10 metros, variante na qual alcançou o ‘bronze’ em Pequim2008.

Menos uma participação logrou a uzbeque Oksana Chusovitina, de 46 anos, que se despediu como a ginasta mais velha da história olímpica, 29 anos depois da estreia em Barcelona1992, quando foi campeã por equipas pela antiga União Soviética, numa carreira em que também arrecadou a ‘prata’ na prova do cavalo, pela Alemanha, em Pequim2008.

A equipa feminina de tiro com arco da Coreia do Sul continuou implacável, ao subir pela nona vez seguida ao topo do pódio – num dos três mais longos ‘reinados’ olímpicos em vigor -, após ganhar na final à representação russa, por 6-0, com a Alemanha em terceiro.

Inédita foi a ausência de representação italiana no pódio do florete individual feminino desde Seul1988, uma vez que a norte-americana Lee Kiefer subiu ao primeiro lugar, acompanhada pelas russas Inna Deriglazova, ‘prata’, e Larisa Korobeynikova, ‘bronze’.

Quanto ao concurso masculino de espada, o esgrimista Romain Cannone suplantou o húngaro Gergely Siklosi e o ucraniano Igor Reizlin para dar o primeiro título à França, numa tabela de medalhas com 40 países e liderada pela China, com seis ‘ouros’ em 11 ‘metais’.

No halterofilismo, Li Fabin e Lijun Chen pulverizaram os recordes olímpicos nas competições masculinas de -61 kg e -67 kg, ao levantarem 313 e 332 quilos, respetivamente, com Fabin a superar o indonésio Eko Yuli Irawan e o cazaque Igor Son, enquanto Chen bateu o colombiano Luis Mosquera Lozano e o italiano Mirko Zanni.

Já o lutador de taekwondo uzbeque Mirko Zanni sagrou-se campeão na categoria masculina de -68 kg, à frente do britânico Bradly Sinden, ficando o derradeiro lugar do pódio repartido pelo chinês Shuai Zhao e pelo turco Hakan Recber.

Em -57 kg femininos, a norte-americana Anastasija Zolotic ganhou na final à russa Tatiana Minina, com o ‘bronze’ para a taiwanesa Chia-Ling Lo e para turca Hatice Ilgun, que afastara antes a iraniana Kimia Alizadeh, em representação da equipa olímpica de refugiados, vencedora do confronto com a britânica Jade Jones, bicampeã olímpica, nos ‘oitavos’.

O segundo dia de Tóquio2020 trouxe ainda a primeira eliminação de sempre da líder mundial vigente do ‘ranking’ WTA de ténis, dada a derrota em dois ‘sets’ da australiana Ashleigh Barty, recente vencedora em Wimbledon, com a espanhola Sara Sorribes.

De fora está ainda o britânico Andy Murray, consagrado em Londres2012 e no Rio2016 como inédito bicampeão em singulares masculinos, devido a uma lesão crónica na anca.

Outra grande surpresa aconteceu já em fecho de sessão, com a superfavorita equipa dos Estados Unidos, composta pelas ‘estrelas’ da Liga Norte-americana de Basquetebol (NBA), a perder na estreia com a França, por 83-76.

26 Jul 2021

Tóquio 2020 | China conquista o ouro na primeira prova de mergulho

A China conquistou ontem com facilidade a primeira prova de saltos para a água dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, com a dupla Shi Tingmao e Wang Han a arrecadarem a medalha de ouro na prancha sincronizada a três metros feminina.

A dupla chinesa somou 326,40 pontos e garantiu o primeiro lugar do pódio com 25,62 de vantagem sobre Jennifer Abel e Melissa Citrini-Beaulieu (300,78), que deram a medalha de prata ao Canadá, e à frente das alemãs Lena Hentschel e Tina Punzel (284,97), bronze.

Shi Tingmao já tinha conquistado o ouro no Rio2016, na altura fazendo equipa com Wu Minxia. A China conquistou 37 das 48 medalhas de ouro nos saltos para a água nos últimos sete Jogos Olímpicos

26 Jul 2021

Tóquio2020 | Arrancam hoje uns dos mais estranhos Jogos Olímpicos da Era Moderna

Realiza-se hoje a cerimónia de inauguração dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, com o habitual cortejo das comitivas dos países participantes e quatro horas de espectáculo. Tudo o resto será inédito nestas olimpíadas, das medidas sanitárias, à ausência de público, passando pela possibilidade de cancelamento e o estado de emergência em Tóquio. Até ontem, a organização dava conta de mais de 90 infecções de covid-19 entre pessoas credenciadas para os jogos, enquanto Tóquio

 

Ao final da tarde de hoje, 19h de Macau, arrancam oficialmente os Jogos Olímpicos Tóquio2020. A cerimónia de inauguração terá como palco o novo Estádio Olímpico da capital japonesa, e seguirá o protocolo tradicional com a abertura oficial a cargo do Imperador Naruhito, seguido dos juramentos da praxe e da habitual parada das comitivas de todos os países participantes.

A primeira nação a entrar no Estádio Olímpico será, como dita a tradição, a Grécia, seguida de uma comitiva de atletas refugiados e dos restantes países por ordem alfabética do país organizador. O cartaz prossegue com a apresentação de uma série de espectáculos.

A grande diferença para as edições anteriores é a ausência de público nas bancadas e as medidas sanitárias de controlo da propagação da covid-19. Como não poderia deixar de ser, a pandemia tem sido o foco principal das olimpíadas, depois de adiamento no ano passado, dos protestos contra a realização e dos múltiplos casos de infecção.

Aliás, o próprio chefe do comité organizador do Tóquio2020 Toshiro Muto, afirmou na quarta-feira que não excluía a possibilidade do cancelamento dos Jogos Olímpicos, que estaria atento aos números de infecção.
Importa referir que mais de 90 pessoas credenciadas para as olimpíadas testaram positivo à covid-19 antes da cerimónia de abertura. Além disso, a capital japonesa atravessa um novo pico de infecções, com o registo de 1.832 novos casos na quarta-feira.

A cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos vive, neste momento, o seu quarto estado de emergência, que se manterá até 22 de Agosto, abrangendo a duração total dos Jogos Olímpicos, que terminam a 8 de Agosto.
Especialistas da área da saúde alertaram que o número de novos casos de infecção pelo coronavírus em Tóquio vai agravar-se nas próximas semanas.

O médico Norio Ohmagari, membro do painel de especialistas do governo da área metropolitana de Tóquio, considera que a média diária de casos na capital poderá atingir cerca de 2.600 em duas semanas, se continuarem a surgir ao mesmo ritmo.

Apesar de tudo, o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI) Thomas Bach afirmou na quarta-feira que o cancelamento “nunca foi uma opção”.

Portugueses na aldeia olímpica

“Se há um país que consegue organizar uns Jogos Olímpicos no meio desta pandemia é o Japão. Na semana de treinos em Kaga era ridículo o pormenor a que chegavam”, elogiou Rui Bragança, representante único do taekwondo luso em Tóquio2020.

O atleta vimaranense, que também é médico, recordou a zona isolada em que a comitiva viajou no avião, com direito a instalações sanitárias privadas, e contou que, já no Japão, os guias “controlam tudo”, para que nada falhe em termos de segurança sanitária.

“Os nossos guias controlavam tudo ao máximo. Todos os voluntários fazem tudo por tudo para as regras serem seguidas. Fui treinar ao local oficial e estava tudo desinfectado, com divisórias no ringue e tudo. Estes Jogos Olímpicos são uma amostra de que com esforço e dedicação tudo é possível”, vincou o lutador, que compete amanhã.

A judoca Catarina Costa, igualmente formada em medicina, garante que se tem sentido “bastante segura” na aldeia olímpica, uma vez que “quase todos os atletas cumprem as regras”. “É raro ver alguém sem máscara. Tenho alguma preocupação extra e evito estar tão perto de outras pessoas, como no refeitório. Está tudo a correr muito bem e todos estão a tomar as devidas medidas”, assegurou a atleta, oitava classificada no ‘ranking’ de qualificação na categoria de -48 kg, que também se estreia amanhã.

O nadador José Paulo Lopes, de apenas 20 anos, entende que a pandemia “está controlada” na aldeia olímpica, uma vez que “quase toda a gente cumpre com os requisitos”.

“Não nos afecta assim tanto, pois já estamos habituados a viver assim. Não foge à normalidade que estamos a viver em Portugal”, desdramatizou o bracarense, que vai competir nos 800 metros livres e 400 metros estilos.

Se a segurança em termos de saúde pública não é preocupação para estes competidores lusos, já a falta de público limita um pouco a experiência e até a preparação.

Por exemplo, no Rio2016, Júlio Ferreira, que falhou a qualificação, foi parceiro de treino de Rui Bragança, situação que se repete agora em Tóquio2020, com a diferença do companheiro não poder, desta vez, ficar instalado no complexo que alberga os competidores.

“A família e amigos que não vieram (…), mas isso até pode ser motivação extra, pois continuaram a apoiar-nos neste ano e meio. Nos momentos mais difíceis estiveram sempre lá e agora vamos lutar por eles. As bancadas estão vazias, mas eles estão em casa de madrugada a gritar por nós”, disse o nono classificado no Rio2016.

Glória ao pescoço

Portugal chega a Tóquio2020 com o judoca Jorge Fonseca com o estatuto de bicampeão do mundo de -100 kg e outros ‘vices’, como os irmãos velejadores Diogo Costa e Pedro Costa, o marchador João Vieira, a lançadora Auriol Dongmo e a surfista Yolanda Sequeira.

Também Pedro Pichardo detém a melhor marca mundial no triplo salto, numa lista de ‘candidatos’ que tem de incluir o canoísta Fernando Pimenta e a judoca Telma Monteiro, ambos já medalhados, mas também o skater Gustavo Ribeiro, a selecção de andebol e o ‘eterno’ Nelson Évora, o único campeão olímpico português em actividade, apesar dos recentes resultados menos positivos.

“O ano de 2019 foi muito forte com resultados em Mundiais. Também não deixámos de ser mais ambiciosos quando assinámos o contrato-programa do que aquilo que já tínhamos logrado alcançar, com uma medalha em cada uma delas. Contratualizámos duas medalhas para Tóquio, e essa ambição foi sendo acompanhada pelos resultados conquistados”, afirmou o Chefe de Missão de Portugal, Marco Alves.

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, admitiu que esperava o apuramento de atletas em karaté, tiro e futebol, ficando, por isso, aquém do objectivo de 19 modalidades em prova nesta edição dos Jogos Olímpicos.

“Estou satisfeito em relação aos objectivos atingidos, de número de atletas, percentagem de género, tínhamos estabelecido como limite os 60 por cento de homens. Com algumas boas surpresas que o apuramento suscitou, como a questão do andebol, as duas mulheres no surf, o jovem das águas abertas [Tiago Campos], mas não estou satisfeito relativamente ao número de modalidades previstas”, afirmou.

O presidente do COP considera que o valor da missão “está em linha” com a apresentada no Rio2016, onde Portugal conquistou uma medalha de bronze, pela judoca Telma Monteiro, e 10 diplomas (classificações entre o quarto e oitavo lugares), confirmando que as expectativas de resultados estão “em consonância com essa avaliação”.

Dias bizarros

“[Vão ser] uns Jogos estranhos, difíceis, muito diferentes do que estamos habituados, porque os constrangimentos, limitações, dificuldades estabelecidas criam-nos a expectativa de que as coisas vão correr bem, mas num quadro completamente diferente”, advertiu o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP).

Apesar das dificuldades anunciadas, e da oposição por parte da maioria da população japonesa, Constantino disse esperar que as exigências sejam amenizadas.

Na véspera do início dos Jogos Olímpicos, Tóquio parece viver alheado do maior evento desportivo do mundo, algo só possível numa sociedade altamente respeitadora, face a um vírus que levou ao inédito adiamento da competição.

As 43 infraestruturas alocadas aos Jogos Olímpicos estão devidamente ‘protegidas’ dos japoneses, impedidos de assistir ao evento presencialmente – depois de já ter sido negada essa possibilidade aos estrangeiros -, pelo que o habitual ‘circo’ olímpico, que apaixona milhões, funciona absolutamente fechado, como nunca aconteceu.

Os XXXII Jogos vão ter bancadas despidas de entusiasmo, ficando entregues somente a atletas, dirigentes, árbitros, jornalistas, organizadores e milhares de voluntários, transformando o evento global e agregador de culturas e povos num produto, apenas e só, mediatizado. Pela primeira vez desde a primeira edição, em Atenas1896, não haverá o que os Jogos têm de mais especial, o intercâmbio e partilha entre culturas, em espírito de tolerância, compreensão e harmonia, enquanto são desafiadas as melhores aptidões do Homem.

Com ou sem o mais puro espírito olímpico, serão cerca de 11.000 os desportistas a lutarem pela honra de ser um dos 339 campeões olímpicos, em provas distribuídas por 33 modalidades.

De Portugal viajaram 92 atletas, em representação de 17 desportos, com o objectivo de atingirem, pelo menos, duas medalhas, 12 diplomas, com lugares até ao oitavo, bem como 26 resultados até ao 16.º.

A esperança lusa

O atletismo é a modalidade com mais portugueses em prova, com 20 atletas, um acima de Pequim2008, mas longe dos 24 no Rio2016 e dos 25 em Londres2012.

Aos 37 anos, Nelson Évora, campeão no triplo salto em Pequim2008, vai estar pela quarta vez nos Jogos Olímpicos, depois de um sexto lugar no Rio2016 e do 40.º em Atenas2004, tendo falhado Londres2012 por lesão.

Também Pedro Pablo Pichardo e Patrícia Mamona, que se sagraram campeões europeus em pista coberta, asseguraram a presença no triplo salto, tal como os estreantes Evelise Veiga e Tiago Pereira.
Auriol Dongmo, campeã continental em pista coberta, vai participar no lançamento do peso, assim como Francisco Belo e Liliana Cá, no disco, novatos em Jogos.

João Vieira, aos 45 anos, vai estar nos 50 quilómetros marcha, na sexta vez em Jogos — apesar de qualificado, por motivos de doença, não chegou a participar na prova de marcha (20 km) em Sydney2000 —, tornando-se no segundo luso com mais presenças, a uma do velejador João Rodrigues. Ainda na marcha, Ana Cabecinha assegurou a quarta participação olímpica e na maratona Portugal estará representado por Carla Salomé Rocha, Sara Catarina Ribeiro e Sara Moreira.

A estes nomes juntam-se Salomé Afonso, nos 1.500 metros, distância a que regressa Marta Pen, 36.ª no Rio2016. Carlos Nascimento estreia-se nos 100 metros, assim como Ricardo dos Santos nos 400, distância que Cátia Azevedo, 31.ª no Rio2016, volta a correr.

Irina Rodrigues, que falhou Rio2016 por lesão, também se qualificou, e Lorene Bazolo, a mulher mais rápida de Portugal e que também já foi aos Jogos pelo Congo, somou aos 100 metros por marca os 200 por ‘ranking’.

Transmissão grátis

A cerimónia de inauguração do Tóquio2020 é transmitida hoje às 19h na TDM. O HM tentou apurar junto do Gabinete de Comunicação Social se o Governo da RAEM terá pago para transmitir os Jogos Olímpicos na TDM. O organismo liderado por Inês Chan revelou que relativamente ao “acordo entre a TDM e o China Media Group para a transmissão dos Jogos Olímpicos de Tóquio e dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, tratou-se de uma das políticas do Governo Central favoráveis a Macau e os direitos de transmissão são gratuitos”. Com Lusa e J.S.F.

23 Jul 2021

Tóquio 2020 | Atleta checo residente na aldeia olímpica infetado com novo coronavírus

O jogador checo de voleibol de praia Ondrej Perusic, residente na aldeia olímpica de Tóquio2020, teve um teste com resultado positivo ao novo coronavírus, anunciou hoje o Comité Olímpico da República Checa.

Perusic efetuou o teste no domingo (18 de julho) e “não apresenta absolutamente qualquer sintoma” associado à covid-19, segundo o chefe de missão do país nos Jogos Olímpicos, Martin Doktor, que adiantou terem sido tomadas “medidas para evitar a transmissão [da infeção] aos membros da comitiva”.

Desde a chegada das delegações à capital japonesa, quatro atletas acusaram positivo nos testes de despistagem ao novo coronavírus, de acordo com a organização dos Jogos Olímpicos, ainda sem contabilizar o caso de Perusic.

O Comité Olímpico Internacional (COI) informou também hoje que os contactos próximos de um caso positivo em Tóquio2020, o que deverá suceder com alguns elementos da delegação checa, devem ser isolados, mas continuarem a poder treinar.

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para este ano devido à pandemia de covid-19, realizam-se de 23 de julho a 08 de agosto.

19 Jul 2021

Jogos Olímpicos de Tóquio transmitidos na TDM

Além de assegurar a transmissão dos Jogos Olímpicos na estação pública de Macau, o acordo assinado entre o Governo e o China Media Group autoriza a exibição de um programa alusivo à celebração do 100.º Aniversário da Fundação do Partido Comunista da China. Ho Iat Seng sublinhou que o acordo permite aos residentes sentir a “atenção e o apoio do Governo Central a Macau”

 

O Governo assinou ontem um acordo de cooperação estratégica com o China Media Group, que autoriza a transmissão dos Jogos Olímpicos de Tóquio em Macau pela TDM. Adicionalmente, ficou também acordada a exibição de um programa alusivo à celebração do 100º Aniversário da Fundação do Partido Comunista da China (PCC), bem como a assinatura de um acordo de cooperação entre a Representação da Estação Ásia-Pacífico do China Media Group e a Universidade de Macau.

No discurso de abertura, o Chefe de Executivo, Ho Iat Seng assinalou que o acontecimento marca “um maior desenvolvimento da cooperação entre as (…) duas partes” e concretiza o Acordo-Quadro assinado entre Macau e o China Media Group a 26 de Dezembro de 2020. Para Ho, quem sai a ganhar são os residentes de Macau, pois o acordo permite sentir o apoio dado pelo Governo Central ao território e contribui para o espírito de união global em torno do combate contra a pandemia de covid-19

“Estas iniciativas [permitem] (…) aos nossos residentes sentir mais aprofundadamente a atenção e o apoio do Governo Central a Macau. Com a autorização da transmissão dos Jogos Olímpicos em Macau, os residentes terão oportunidade de acompanhar as emocionantes e intensas competições e sentir o espírito persistente e tenaz dos atletas dos vários países, espírito este que é tão valioso neste momento que vivemos unidos no combate à epidemia e em prol da recuperação do desenvolvimento socioeconómico”, apontou Ho Iat Seng.

Sobre a exibição do programa original do China Media Group acerca da celebração do 100º Aniversário da Fundação do PCC, o Chefe do Executivo vincou que permitirá aos residentes “ter um mais amplo e profundo conhecimento sobre a história centenária do PCC e consolidar o sentimento de amor pela Pátria e por Macau dos diversos sectores sociais e dos residentes em geral”.

Quanto ao acordo com a Universidade de Macau, Ho deixou a certeza de que a iniciativa irá permitir oferecer um palco maior para o desenvolvimento do curso de comunicação social da instituição.

De mãos dadas

Na mesma ocasião, o Chefe do Executivo sublinhou que a cooperação com o China Media Group é um trabalho conjunto que serve, simultaneamente, “para contar a história chinesa e difundir a voz da China” e mostrar “a imagem única e encantadora da cidade de Macau”, exemplo prático da concretização “bem-sucedida do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ com características de Macau”.

Referindo-se a uma “nova fase”, Ho Iat Seng assegurou ainda que Macau está empenhada em aprender e implementar o “espírito do importante discurso do Presidente Xi Jinping proferido na cerimónia de celebração do 100º Aniversário do PCC”.

“Nesta nova fase, e tirando partido das novas oportunidades, iremos, de mãos dadas com todos os sectores da sociedade, participar activamente na construção da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, acelerar o desenvolvimento adequado e diversificado da economia e escrever um novo capítulo da prática bem-sucedida da causa ‘Um País, Dois Sistemas’”, vincou.

19 Jul 2021

Tóquio regista maior número de casos de covid-19 em seis meses a dias dos Jogos Olímpicos

A capital do Japão, Tóquio, anfitriã dos Jogos Olímpicos, informou ontem ter registado 1.308 novas infeções pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, o maior número de casos desde janeiro passado, a oito dias do arranque da competição desportiva.

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 vão ser disputados entre 23 de julho e 08 de agosto, após o adiamento em um ano devido à pandemia de covid-19.

Pelo segundo dia consecutivo, a capital nipónica ultrapassa a barreira dos 1.000 novos casos diários da doença covid-19, número que não era registado há seis meses e que vem confirmar uma tendência de crescimento que tem sido verificada no último mês, de acordo com o executivo metropolitano de Tóquio.

A cidade tem observado um grande aumento de casos desde a semana passada, situação que levou o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, a declarar um novo estado de emergência (o quarto desde o início da crise pandémica) na região de Tóquio, que vigorará até 22 de agosto e que coincidirá com a celebração dos Jogos Olímpicos.

Após a declaração do estado de emergência, o comité organizador dos Jogos Olímpicos, as autoridades locais e o Governo japonês anunciaram a decisão de realizar o evento sem público.

A par das bancadas sem espetadores, os Jogos Olímpicos serão realizados num ambiente de inúmeras restrições sem precedentes para todos os atletas participantes, nomeadamente uma limitação de circulação à zona olímpica e um acompanhamento constante do seu estado de saúde, entre outras medidas.

A pandemia de covid-19 provocou, até à data, mais de quatro milhões de mortos em todo o mundo, entre mais de 188 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo a agência France-Presse (AFP).

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.

16 Jul 2021

Tóquio 2020 | Presidente do Comité Olímpico pede “recepção calorosa” aos atletas

O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, pediu hoje aos japoneses “uma recepção calorosa” aos atletas que vão participar nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que decorrerão sob fortes restrições devido à pandemia de covid-19.

“Peço ao povo japonês que dê uma calorosa saudação de boas-vindas aos atletas de todo o mundo, que superaram tantos desafios, e treinaram afincadamente para este momento”, afirmou o presidente do COI.

Bach fez este pedido no final de um encontro com o primeiro-ministro nipónico, Yoshihide Suga, e responsáveis do comité organizador, no qual foi informado de alguns detalhes do evento, que começa em 23 de julho.

“As medidas sanitárias para os atletas estão a ser aplicadas e estão a funcionar”, afirmou Thomas Bach, dando como exemplo o caso de em 8.000 testes ao novo coronavírus realizados à chegada a Tóquio foram detetados apenas três infeções.

O presidente do COI referiu ainda que 85% dos residentes na Aldeia Olímpica – atletas e técnicos – chegarão ao Japão já vacinados.

Bach considerou que os Jogos Tóquio2020, que terminam em 08 de agosto, “serão históricos por diversas razões” e terão “milhões e milhões de pessoas frente aos ecrãs”, uma vez que a competição será disputada à porta fechada.

14 Jul 2021

Covid-19 | Governo japonês decreta estado de emergência em Tóquio durante Jogos Olímpicos

O Governo japonês decidiu declarar um novo estado de emergência em Tóquio, avançaram hoje meios de comunicação social, devendo abranger todo o período dos Jogos Olímpicos, que começam dentro de duas semanas, devido ao aumento de casos de covid-19.

“O Governo decidiu declarar o quarto estado de emergência em Tóquio e já comunicou a decisão à coligação” que apoia o Governo, noticiou hoje a estação televisiva estatal NHK.

O estado de emergência ficará em vigor até 22 de agosto, segundo diversos meios de comunicação social, cobrindo o período dos Jogos Olímpicos, que decorrem em Tóquio entre 23 de julho e 08 de agosto.

De acordo com a agência Kyodo, que cita um alto funcionário do Governo, também é possível que as provas olímpicas não tenham público a assistir.

Em março, os organizadores tinham proibido a presença de espectadores oriundos do estrangeiro nos Jogos, o que é um facto inédito na história olímpica.

Mais tarde, em junho, as autoridades japonesas anunciaram que iriam autorizar a presença de espectadores locais, mas com 50% da capacidade dos locais das provas e com o limite máximo de 10.000 pessoas.

Mais recentemente, o Governo alertou para a hipótese de fechar as portas à presença de espectadores para as provas, mas apenas como uma das opções que estavam a ser estudadas, perante o agravamento da situação pandémica.

Uma decisão final sobre as restrições a aplicar sobre a presença do público deve ser tomada nos próximos dias, após uma tomada de posição oficial do Governo sobre o estado de emergência.

O Japão foi relativamente poupado, na pandemia de covid-19, em comparação com muitos outros países, com cerca de 14.800 mortes registadas desde o início da pandemia, mas os especialistas têm-se mostrado particularmente preocupados com o efeito dos Jogos Olímpicos num eventual aumento de propagação do novo coronavírus.

Cerca de 11.000 atletas são esperados para os Jogos Olímpicos, obrigando as autoridades japonesas a tomar medidas drásticas a todos os participantes das provas.

7 Jul 2021

Tóquio 2020 | Organização pede ao público para evitar assistir ao vivo à maratona

A organização dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 e as autoridades japonesas pediram ontem ao público para evitar assistir ao vivo à prova da maratona, devido ao elevado risco de infeção com o novo coronavírus.

A maratona, umas das mais emblemáticas provas olímpicas, e as competições de marcha de Tóquio2020 vão realizar-se em Saporo, 800 quilómetros a norte da capital japonesa, onde se disputarão a maioria dos eventos desportivos, entre 23 de julho e 08 de agosto.

Em março, as autoridades japonesas proibiram a presença de espectadores provenientes do estrangeiro para assistirem aos Jogos Olímpicos e novas medidas restritivas da presença de público podem ser anunciadas ainda durante esta semana.

O Japão passou por uma crise sanitária menos grave do que muitos outros países afectados pela pandemia de covid-19, mas demorou a lançar uma campanha de vacinação, pelos que as infeções continuam em alta na região de Tóquio.

7 Jul 2021

Os Jogos da Vergonha

Tempos houve em que se faziam tréguas entre os povos para se disputarem os Jogos Olímpicos, mas isso foi na Grécia Antiga. Ao longo do século XX os Jogos foram progressivamente perdendo esse espírito olímpico segundo o qual “mais rápido, mais alto, mais forte” é um ideal de superação de limites em que se enfrentam adversários circunstanciais e não inimigos políticos ou da pátria. Na realidade, os Jogos tornaram-se mesmo um prolongamento da Guerra Fria, dentro e fora dos estádios, quer nas contagens de medalhas de cada um dos lados da Cortina de Ferro, quer na mobilização para os boicotes que haviam de assinalar tentativas de manifestar hegemonias na política global.

Caído o Muro, os Jogos perderam, pelo menos provisoriamente, esse sentido de disputa das hegemonias políticas e económicas planetárias, para se integrarem no devido espírito da ideologia dominante. Aliás, tornaram-se mesmo um dos mais perfeitos exemplos do que se pode definir como a organização neo-liberal do capitalismo tardio, decrépito e degradante que nos calhou viver: gigantescas parcerias público-privadas suportadas por ostentações de vãs glórias e desígnios nacionais promovidas por governos em permanente auto-promoção mediática, promovendo investimentos de grandes empresas transnacionais, altamente protegidas de qualquer tipo de concorrência, em mega-projectos de “renovação urbana” que tendem a mercantilizar cada vez os espaços públicos e a alimentar cada vez maior especulação imobiliária para promover novos processos de gentrificação e expulsão de populações indesejadas dos espaços que as modas determinam com os mais apetecíveis das cidades. O desporto – como os parques verdes urbanos, as ciclovias ou os dispositivos “inteligentes” que monitoram e vigiam a vida urbana – oferecem o branqueamento necessário a estas mega-operações que reforçam poderes económicos já dominantes, inevitavelmente financiados pelas instituições que dominam a economia global.

Em Fevereiro escrevi aqui sobre os Jogos, numa crónica com o título “O vírus olímpico”, em que descrevia o Japão como um país onde o espírito original de superação pela prática do desporto e de respeito por oponentes se mantém vivo de uma forma que não encontrei noutros lugares. Será eventualmente o país olímpico, por excelência, mas nem por isso os Jogos deixam de constituir uma mega-operação de promoção nacional e de renovação urbana alimentada por projetos megalómanos de novas construções para habitação, serviços, comércios ou renovados sistemas de transportes. Contava-se também que a promoção internacional associada aos Jogos contribuísse para atrair população estrangeira, não só turistas, mas também novos residentes, ligados a novos negócios internacionais que quisessem assumir Tóquio como uma nova centralidade para os negócios na Ásia. Essa promoção, escrevia eu em Fevereiro, estava já irremediavelmente perdida, com o adiamento dos Jogos e a sua previsível realização num formato modesto, protegido, acanhado, definitivamente afastado da habitual opulência olímpica.

A duas semanas do início dos Jogos Olímpicos, o que se sente no Japão é uma vergonha profunda. Não há qualquer sinal dos Jogos nos espaços públicos. Nenhuma manifestação de orgulho nacional por organizar o maior evento desportivo do planeta. Nenhuma marca patrocinadora a usar os Jogos para se promover a ganhar notoriedade. Há Jogos mas parece não haver, não é assunto de que se fale, a não ser o mínimo: as restrições à chegada de visitantes internacionais, algumas alterações nos feriados para ainda assim evitar eventuais congestionamentos nos momentos de abertura e encerramento, enfim, pouco mais do que informação formal e burocrática. Nenhuma festa, nenhuma celebração, nenhuma promoção.

O motivo é a desconfiança generalizada. O governo preferia certamente não fazer os Jogos nesta altura mas não pode tomar essa decisão unilateralmente, a não ser pagando gigantesca indemnização ao Comité Olímpico Internacional. Há eleições em Outubro e o resultado eleitoral do actual partido no governo dependerá em grande medida do impacto que os Jogos possam ter na propagação da pandemia de covid-19. Na realidade, houve outros erros anteriores que foram objecto de crítica severa, sobretudo quando se decidiu subsidiar o turismo interno para reanimar economicamente o sector e afinal se alimentou um crescimento da propagação do vírus. Depois foram os atrasos no processo de vacinação, com uma demora dificilmente compreensível na aprovação das vacinas, que só seriam aprovadas no Japão quando Europa ou Estados Unidos tinham já grande parte da população vacinada.

O governo, impedido de cancelar os Jogos e inibido de os adiar, tenta proteger o evento o mais possível, fazê-lo em pequenino mas com televisão para mostrar ao mundo que afinal o Japão conseguiu lidar com o vírus e organizar o maior mega-evento desportivo do planeta. A população parece altamente crítica, ainda que as manifestações públicas de protesto sejam escassas, como é habitual. As marcas patrocinadoras, conhecedoras da desconfiança generalizada, tentam vincular-se o menos possível aos Jogos. Em vez do orgulho nacional pela organização de tão magnífico evento, vive-se com alguma vergonha a obrigação de o ter que realizar nestas circunstâncias.

2 Jul 2021

Tóquio2020 | Atletas vão ser testados à covid-19 todos os dias

Os atletas participantes nos Jogos Olímpicos Tóquio2020 vão ser submetidos diariamente a testes à covid-19, anunciou ontem a organização, actualizando o plano anterior de rastrear os participantes a cada quatro dias.

O reforço na despistagem à infeção pelo novo coronavírus consta da nova versão do manual (‘playbook’) para as comitivas, no qual são elencadas as várias medidas face à pandemia, que, segundo o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, representam “um sinal de solidariedade e respeito da comunidade olímpica para com os anfitriões japoneses”.

Também hoje, a organização de Tóquio2020 adiou para junho a decisão – esperada para estes dias – sobre a possibilidade de as competições terem espectadores, isto depois de já ter sido definida a proibição de público proveniente de fora do Japão.

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 foram adiados para 23 de Julho a 8 de Agosto de 2021, devido à pandemia de covid-19, enquanto os Paralímpicos foram reagendados para o período entre 24 de Agosto e 5 de Setembro.

Até 11 de maio, Tóquio, Kyoto, Osaka e Hyogo estão sob estado de emergência, devido ao aumento do número de infetados e ao aparecimento de novas variantes do SARS-CoV-2, o vírus que provoca a covid-19, obrigando a que os eventos desportivos sejam realizados à porta fechada.

Desde o início da pandemia, este é o terceiro estado de emergência no Japão, que contabiliza um total de cerca de 577 mil infectados pelo novo coronavírus e mais de 10 mil mortos. O fim do presente estado de emergência coincide com a visita do presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach.

Entretanto, numa reunião do comité de saúde do parlamento japonês, o responsável pelo painel governamental japonês de peritos sobre a pandemia defendeu que as autoridades locais “devem discutir” a realização dos Jogos Olímpicos no próximo verão, face ao aumento de infeções pelo novo coronavírus.

“Estamos a chegar ao momento em que devemos discutir [a realização] do evento, tendo em conta a situação do aumento dos contágios e a pressão sobre o sistema de saúde, como fatores mais importantes”, afirmou Shigeru Omi, no parlamento japonês.

Mesmo assim, a presidente do comité organizador, Seiko Hashimoto, reiterou a realização dos Jogos, salientando que “a questão é saber como organizar os Jogos de forma segura”.

Os responsáveis pela organização de Tóquio2020 apresentaram estas novas medidas restritivas, com a actualização do ‘playbook’, numa altura em que a população japonesa se tem manifestado a favor de um novo adiamento ou do cancelamento das competições.

29 Abr 2021

Tóquio 2020 | Cancelamento “é uma opção”, diz secretário-geral do partido do governo

O secretário-geral do partido do governo do Japão, Toshiro Nikai, afirmou hoje que o cancelamento dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 “é uma opção” de “último recurso”, caso a situação pandémica no arquipélago continue a agravar-se.

“Teremos que cancelar [os Jogos] sem hesitação se não for mais possível organizá-los”, disse Toshihiro Nikai, o secretário-geral do Partido Liberal Democrático (PLD), do primeiro-ministro Yoshihide Suga, em entrevista ao canal de televisão TBS.

Toshihiro Nikai realçou que os Jogos, previstos para decorrer de 23 de Julho a 8 de Agosto, são “uma grande oportunidade para o Japão”, destacando para o seu sucesso a presença de público, e admitiu que “ainda há muitos problemas a resolver”.

Questionado sobre a possibilidade de os Jogos serem cancelados se as infecções por coronavírus continuarem a aumentar no Japão, Toshihiro Nikai respondeu que “seria inevitável tomar uma decisão de acordo com a situação que surgir” antes do início do evento.

“Se chegar a hora em que nada mais puder ser feito [em termos de medidas para conter o vírus], devem ser cancelados”, disse Toshihiro Nikai, defendendo que a realização do evento não poderá servir para a propagação da pandemia.

A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, interpretou os comentários de Toshihiro Nikai como “uma opção”, “nada mais”, e considerou-os como uma forte mensagem de incentivo para que os japoneses contenham o coronavírus por todos os meios.

Em reação à entrevista de Toshihiro Nikai à TBS, replicada pelos órgãos de comunicação locais, um responsável anónimo do PLD, citado pela agência de notícias japonesa Jiji Press, afirmou que os “Jogos não serão cancelados”.

Por sua vez, o ministro responsável pela campanha de vacinação, Taro Kono, citado pelo jornal Asahi, levantou a possibilidade de proibir totalmente o acesso de espetadores aos Jogos, que já só era permitido para japoneses e residentes no arquipélago.

A 99 dias da abertura dos Jogos, e tendo em conta os números de quarta-feira, o Japão ultrapassou, pela primeira vez, as 4.000 infeções diárias desde o final de janeiro, evolução que os médicos do país começaram a qualificar como quarta vaga.

15 Abr 2021

APN | Si Ka Lon quer Jogos Olímpicos de 2032 na Grande Baía

Si Ka Lon, representante de Macau na Assembleia Popular Nacional (APN) e deputado, defende que a Grande Baía deve apresentar uma candidatura aos Jogos Olímpicos de 2032. O objectivo passa por mostrar ao mundo que Macau e Hong Kong estão totalmente integradas no projecto da Grande Baía e que fazem parte do país.

A opinião do empresário e deputado eleito com o apoio de Chan Meng Kam, e da comunidade de Fujian, foi partilhada no âmbito da participação da Assembleia Popular Nacional e revelada ontem pelo canal chinês da Rádio Macau.

A China organizou até ao momento uma edição dos Jogos Olímpicos, em Pequim, no ano de 2008. No entanto, para o próximo ano está prevista a realização dos Jogos Olímpicos de Inverno. Este aspecto vai tornar Pequim na única cidade a receber edições de Verão e de Inverno na era moderna dos Jogos Olímpicos.

A proposta tem, no entanto, dois factores contra: por um lado, nos últimos 10 anos nunca houve repetição do mesmo país como organizador de Jogos Olímpicos, por outro, no caso dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim tem havido apelos ao um boicote internacional.

11 Mar 2021

Covid-19 | Japão inicia vacinação a menos de seis meses do início de Jogos Olímpicos

O Japão começou hoje a administrar a vacina contra a covid-19, prevendo imunizar toda a população no prazo de um ano, numa altura em que faltam menos de seis meses para o início dos Jogos Olímpicos.

As primeiras doses da vacina desenvolvida pela Pfizer, a única até agora aprovada no Japão, foram administradas no Centro Médico de Tóquio, no distrito de Meguro, estando previsto alargar a vacinação a uma centena de centros de saúde em todo o país na próxima semana.

A primeira pessoa a receber a vacina foi o director do centro médico, Kazuhiro Araki, que se voluntariou para servir de exemplo e encorajar outros a vacinar-se, disse às televisões. Um total de 12 médicos e enfermeiros foram vacinados no dia do arranque da campanha.

O Japão, um país céptico em relação a vacinas desenvolvidas fora do país, após campanhas anteriores terem tido graves efeitos secundários, está a iniciar a vacinação contra a covid-19 mais de dois meses após o Reino Unido, pioneiro mundial, e a cerca de cinco meses da abertura dos Jogos Olímpicos.

Tanto o Governo japonês como o comité organizador sublinharam que os Jogos Olímpicos, cuja realização tem sido questionada, devido à pandemia, serão realizados dentro do prazo previsto, a partir de 23 de Julho.

“Não estou a ter em conta os Jogos Olímpicos”, disse o ministro responsável pela vacinação, Taro Kono, durante uma conferência de imprensa na véspera do início da campanha, sublinhando que a prioridade do Governo é completar a imunização sem sobressaltos.

O Japão deu luz verde à vacina da Pfizer no domingo, um atraso em relação a outras grandes potências, devido em parte ao intrincado processo de aprovação, que requer estudos clínicos com japoneses.

O país recebeu até agora vacinas suficientes para as duas doses necessárias para 193.050 pessoas, assumindo que as injeções são administradas com agulhas especiais que aproveitam ao máximo o conteúdo da ampola (seis doses), e das quais o país tem falta. As seringas habitualmente usadas no país só conseguem extrair cinco doses.

“Temos agulhas suficientes para vacinar todos os 40.000 trabalhadores de saúde, mas estou determinado a obter agulhas suficientes para toda a vacinação”, disse Kono. O Ministério da Saúde japonês estabeleceu como objectivo completar a campanha de imunização da população, de 126 milhões de pessoas, em cerca de um ano.

O primeiro grupo a receber a vacina integra 40.000 médicos e enfermeiras da linha da frente na luta contra a pandemia, que vão também avaliar os possíveis efeitos das duas inoculações necessárias. Seguir-se-ão, em março, cerca de 3,7 milhões de pessoas ligadas ao setor de saúde e cerca de 36 milhões com mais de 65 anos.

A etapa final, que abarcará a população em geral com mais de 16 anos, só deverá arrancar no final de Junho ou Julho, quando está previsto o início de Tóquio2020.

O Japão chegou a um acordo com três empresas farmacêuticas, Pfizer, Moderna e a britânica AstraZeneca, para fornecer doses suficientes para toda a população e dispor de reservas, pelo que por agora excluiu a aquisição de vacinas desenvolvidas por outras empresas.

O Japão enfrentou a terceira vaga da pandemia de covid-19 este inverno e mantém activados os níveis de alerta, embora tenha registado muito menos infecções em comparação com outras grandes economias.

Nos últimos dias, o país tem registado entre 1.300 a 1.400 novos casos diários e, no total, contabiliza cerca de 418 mil infeções e 7.139 mortes desde o início da pandemia, de acordo com a contagem independente da Universidade norte-americana Johns Hopkins.

17 Fev 2021

O vírus olímpico

Primeiro por manifesta influência familiar e depois por opção, a prática desportiva foi desde cedo importante na minha existência, apesar das minhas limitadas habilidades. A ginástica ocupou grande parte da minha infância e depois passei a desportos colectivos e com bola, tendo aderido à grande família do andebol português, onde permaneci por uns 10 anos, só depois de ter comprovado a minha manifesta incompetência para a prática do desporto-rei. Passei para o pavilhão em vez dos ar livre e a usar as mãos em vez dos pés, mas na realidade o jogo até era semelhante. Eram tempos em que acompanhava com regularidade os Jogos Olímpicos, na altura relativamente fáceis de entender: que modalidades se praticavam ou não, que atletas podiam ou não participar, enfim, até a Guerra Fria que se jogava naqueles dias – e os inerentes boicotes políticos aos Jogos – eram coisas inteligíveis, mesmo para crianças ou adolescentes que seguissem o assunto com algum interesse e dedicação.

Não viria a ser assim depois: hoje estou muito longe de perceber o que se passa nos Jogos Olímpicos, porque são aquelas as modalidades praticadas, porque estão outras de fora, que critérios estão definidos para a participação de atletas, agora que a divisão entre “amadores” e “profissionais” é tão dificilmente aplicável, porque há critérios diferentes segundo a modalidade, enfim, toda uma série de questões regulamentares que certamente condicionam a competição e os resultados mas que deixaram de ser facilmente inteligíveis, requerem um certo estudo para mim incompatível com a simplicidade das regras que historicamente tornaram globalmente tão populares tantos jogos desportivos. Deixei-me de Olimpíadas, portanto, e passei a seguir campeonatos nacionais e mundiais, competições simples e de regras claras que ainda consigo acompanhar com a minha limitada disponibilidade para o estudo de normas regulamentares que não me dizem directamente respeito. De resto, o romântico, generoso e inteligente princípio de que o que importa é participar há muito tinha sido erradicado do desporto em geral e do Olimpismo em particular.

Foi no Japão que me reconciliei com os Jogos. Foi logo na primeira visita ao país, quatro meses no Verão de 2012. Com a diferença dos fusos horários, as competições em Londres podiam ser vistas em directo na noite japonesa e quase todos os cafés, bares ou restaurantes que tivessem televisão davam grande importância ao assunto. Não deixava de haver alguma motivação nacionalista a determinar o interesse nas modalidades que se acompanhavam, mas estava o Japão representado em tantas modalidades, com homens e mulheres, que era grande a diversidade de opções. Mesmo com as insuficiências e barreiras comunicacionais inerentes à língua, não foi difícil perceber o genuíno entusiasmo e apoio popular às equipas e atletas e também – muito mais importante – a aceitação generosa da possibilidade de derrota, quando muito manifesta num certo desinteresse pelo resto da prova depois da eliminação da participação japonesa, mas em nenhuma circunstância orientada para manifestações de ódio, xenofobia ou violência verbal contra adversários e equipas de arbitragem que vão caracterizando – aparentemente cada vez mais – as competições desportivas.

Quando se jogaram os Jogos de 2016 já eu estava no Japão mais regularmente e voltei a acompanhar os Jogos, desta vez no continente americano e com horários mais difíceis, com muitas provas a disputar-se na minha manhã.

Seriam Jogos de grande impacto político no Brasil, que queria transformar o relativo sucesso económico e social dos anos anteriores numa projecção internacional sem precedentes, a que estas competições globais aparecem hoje inevitavelmente associadas: foi também o Mundial de futebol de 2014, ambos vividos já no contexto dos impactos implacáveis da crise económica global que se seguiu à crise financeira de 2008. Com maior ou menos demagogia ou manipulação mediática, em vez de projecção internacional estes eventos contribuíram para intensificar a revolta e a oposição popular a um governo em dificuldades para lidar com o regresso da crise social e históricos problemas de corrupção. Os Jogo, enquanto super-evento mediático, contribuiriam então para o declínio da popularidade dão PT e a emergência deste novo poder que ainda vigora.

Em 2020 teria oportunidade de acompanhar pela terceira vez os Jogos Olímpicos em território japonês, com a particularidade de ser Tóquio a cidade escolhida para os organizar, essa fabulosa metrópole com 37 milhões de pessoas em intenso movimento. Como é norma actual, também aqui os Jogos se assumiram como uma gigantesca intervenção de renovação urbana e promoção internacional, com investimentos de visível impacto ainda muito longe de se começar a competir. Os principais estádios e os edifícios da aldeia olímpica estavam prontos ainda no final de 2019, mais um significativo desenvolvimento na baía de Tóquio, um oásis de tranquilidade, amplas avenidas, espaços verdes e transportes com pouca gente, numa cidade intensa em que o normal é o contrário: multidões aceleradas em espaços relativamente exíguos, transportes cheios e infra-estruturas urbanas pesadas. As estações de comboios e transportes metropolitanos foram objecto de renovação profunda, passando a ter informação digital e multilíngue a facilitar a vida a pessoas como eu, e novas torres de escritórios, hotéis e centros comerciais, que por aqui as grandes estações são, na realidade, pequenas cidades – ou não tão pequenas, já que as maiores (como Shinjuku ou Shibuya) movimentam mais de 3 milhões de pessoas por dia.

Foi com alguma supresa que assisti a esta gigantesca renovação. É verdade que se trata da maior área metropolitana do mundo, mas também é verdade que é das únicas em que a população está a decrescer, apesar do contexto global em que as pessoas continuam a concentrar-se cada vez mais nas grandes cidades. Esta excepção de Tóquio tem a ver com o envelhecimento populacional que caracteriza o Japão há várias décadas mas nem assim constituiu impedimento para que se investisse tanto em novos edifícios e infra-estruturas para diferentes tipos de uso, aproveitando-se, naturalmente, para melhorar os aspectos da ecologia urbana, dos modes de transporte e da ocupação dos espaços públicos. Como visitante, só posso agradecer.

Em todo o caso, com ou sem realização dos Jogos este ano, o impacto desta operação parece inevitavelmente longe das intenções: todas as intervenções urbanas associadas a este evento – e também à Expo-2025, em Osaka – estão fortemente orientadas para a promoção internacional do país, não só do ponto de vista turístico, mas também do ponto de vista da localização de empresas e atração de população estrangeira jovem e qualificada, um papel que o Japão já teve mas no qual foi perdendo protagonismo em relação a Singapura, Hong Kong ou mesmo Seul, actualmente o mais importante ponto de ligação para os transportes aéreos entre a Ásia e o resto do mundo. Além do evidente impacto do covid-19, que na melhor das hipóteses permitirá a realização de umas mini-olimpíadas em 2021, o contexto actual parece ser de de-globalização, não só turística mas da generalidade da economia. Não parece ser o tempo dos grandes eventos de promoção internacional. Também não parece bom tempo para Jogos Olímpicos, agora ou num futuro próximo.

11 Fev 2021

Tóquio 2020 | Primeiro-ministro japonês garante realização apesar de nova vaga da pandemia

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, garantiu hoje que o Japão continua comprometido em realizar os Jogos Olímpicos Tóquio2020 no verão, apesar do número crescente de casos de covid-19 no mundo. “Vamos preparar os Jogos, como prova de que a Humanidade ultrapassou o novo coronavírus”, disse Suga, num discurso de abertura de uma sessão parlamentar.

A mensagem, de resto, tem sido a que o governo japonês repete quando questionado sobre o tema, mesmo face a uma terceira vaga da pandemia de covid-19 que o país asiático, bem como outros territórios mundiais, enfrenta atualmente.

Segundo o governante, serão adotadas “todas as medidas possíveis” para prevenir o contágio para que se brinde “à esperança e à coragem em todo o mundo” ao celebrar a competição, que deveria ter acontecido no verão passado, mas foi adiada devido à pandemia para o período entre 23 de julho e 08 de agosto deste ano.

O Comité Organizador disse hoje à agência noticiosa France-Presse que o número de atletas nas cerimónias de abertura e encerramento devem ser reduzidos e, segundo o jornal japonês Yomiuri Shimbun, o Comité Olímpico Internacional (COI) espera que o número não supere os seis mil atletas, bem abaixo dos 11 mil previstos para o evento.

A redução dever-se-á, nomeadamente, às restrições ao número de dias que os atletas poderão passar na Aldeia Olímpica, que passará a ter em permanência apenas atletas que vão competir num prazo máximo de cinco dias, saindo, o mais tardar, dois dias depois de competirem.

O arranque de Tóquio2020 está agendado para 23 de julho, daqui a pouco mais de seis meses, com as questões e dúvidas a levantarem-se cada vez mais quanto à capacidade de realizar um evento desta envergadura em pleno período pandémico.

O porta-voz do Governo, Katsunobu Kato, já tinha reforçado no domingo que os preparativos continuam, embora a opinião pública japonesa seja favorável a novo adiamento ou ao cancelamento, segundo sondagens recentes.

Na última semana, o ministro com a pasta da reforma administrativa e regulatória, Taro Kono, disse que o futuro dos Jogos podia seguir “em qualquer direção”, tornando-se no primeiro membro do executivo de Suga, que chegou ao cargo em setembro de 2020, a colocar a realização em dúvida.

Já o antigo vice-presidente do COI Kevan Gosper sugeriu no domingo que as Nações Unidas fossem consultadas sobre a realização, ou cancelamento, do evento, numa entrevista à cadeia televisiva ABC.

Em 08 de janeiro, o Japão decretou um novo estado de emergência, em vigor em 11 das 47 prefeituras do país, nas quais está concentrada mais de metade da população e perto de 80% dos contágios contabilizados.

Cerca de 40% dos mais de 320 mil casos e 4.500 mortes atribuídas à covid-19 foram confirmadas no último mês, com Tóquio a revelar hoje ter registado 1.204 novos positivos, o segundo valor mais alto a uma segunda-feira.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.022.740 mortos resultantes de mais de 94,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

18 Jan 2021

Japão | HRW denuncia abusos físicos e sexuais a atletas menores

Mais de 800 atletas japoneses revelaram à Human Rights Watch que foram vítimas de agressões físicas e verbais, bem como de assédio e abuso sexual, quando treinavam para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. O relatório, tornado público esta segunda-feira, surge numa altura em que o Japão se prepara para receber a competição mundial em 2021

 

[dropcap]A[/dropcap] organização não governamental Human Rights Watch (HRW) publicou esta segunda-feira um relatório demolidor sobre alegados casos de abusos físicos e sexuais no Japão cometidos contra atletas olímpicos menores de idade. O relatório foi feito com base em experiências documentadas por mais de 800 atletas que dizem ter sido abusados no passado. Além das entrevistas pessoais feitas a 50 pessoas, foi também realizado um inquérito online, a nível nacional, com 757 respostas não apenas de atletas olímpicos, mas também de paralímpicos.

O relatório de 67 páginas, intitulado “‘I Was Hit So Many Times I Can’t Count’: Abuse of Child Athletes in Japan’” [Fui agredido tantas vezes que não consigo contar: O abuso de atletas menores no Japão], “documenta uma história de punição corporal no desporto no Japão, conhecido como taibatsu, e revela casos de crianças atletas abusadas em escolas, federações e entidades de desporto de elite”.

O termo taibatsu surge associado ao facto de a “violência física como uma técnica de treino ser uma longa tradição no desporto japonês, muitas vezes vista como essencial para atingir o nível de excelência na competição e no carácter pessoal”. No entanto, “esta tradição perigosa tem tornado especialmente difícil a erradicação dos abusos físicos da área do desporto”, uma vez que “treinadores, pais e mesmo alguns atletas incorrem no erro de pensar que o abuso físico no desporto tem o seu valor, e as crianças sofrem com isso”.

A HRW descreve que há casos de “depressão, suicídios, deficiências físicas e traumas que resultam desses abusos”. “Atletas japoneses de mais de 50 desportos relataram abusos que incluem murros na cara, pontapés, agressões com objectos como paus de bambu usados na prática de kendo, privação de água, agressões com raquetes, além de serem sexualmente abusados ou assediados”, lê-se ainda.

Um dos relatos é de Daiki A., de 23 anos, atleta da região de Fukuoka. “Fui agredida tantas vezes que não consigo contar… éramos chamados pelo treinador e esbofeteados à frente de toda a gente. Estava a sangrar, mas ele não parava de me bater. Poderia dizer que o meu nariz estava a sangrar, mas ele não parava.”
Minky Worden, director de Iniciativas Globais da HRW, declarou que “durante décadas as crianças no Japão têm sido brutalmente agredidas ou abusadas verbalmente em nome da obtenção de troféus e medalhas”.

O responsável exige, portanto, uma mudança profunda. “Uma vez que o Japão prepara-se para receber os Jogos Olímpicos (JO) e Paralímpicos em Tóquio em Julho de 2021, as atenções internacionais constituem uma grande oportunidade para alterar leis e políticas no Japão e para, em todo o mundo, proteger milhões de crianças atletas”, apontou Minky Worden.

Além do inquérito online e entrevistas, a HRW também fez um trabalho de monitorização de reportagens sobre abusos sexuais de crianças na área do desporto, além de ter contactado federações desportivas, feito entrevistas a académicos, jornalistas, pais e treinadores, bem como encontros pessoais com representantes do Governo e das federações desportivas.

Suicídio em 2012

O relatório da HRW dá conta que alguns dos abusos terão ocorrido em 2013, quando o país preparava a candidatura para receber os JO e Paralímpicos, entretanto adiados para Julho de 2021 devido à pandemia da covid-19. Nesse ano, foram divulgados vídeos de abusos contra atletas de elite, além de terem sido reportados suicídios de atletas menores de idade. À altura, “agências desportivas falaram publicamente da necessidade de proteger as crianças na área do desporto”.

Em 2018, na prefeitura de Aichi, foi divulgado um vídeo em que vê um treinador de baseball a esbofetear, pontapear e desferir murros em jogadores da sua equipa. Apesar da criação de linhas de apoio para este tipo de casos, a HRW refere que “estas reformas são apenas ‘linhas de orientação’ opcionais ao invés de regras devidamente implementadas”, com pouca monitorização. Além disso, não existem estatísticas oficiais do número de casos de abuso reportados nem tratamento das queixas recebidas.

Em 2012, um jogador de basquetebol, de 17 anos, cometeu suicídio na cidade de Osaka, depois de ter sofrido vários abusos do treinador. Meses mais tarde, a treinadora da equipa feminina de judo japonesa abandonou o cargo na sequência de acusações de que teria abusado fisicamente das atletas na preparação para os JO de Londres.

Os casos de abuso a atletas menores no Japão constituem, segundo a HRW, uma violação às leis que criminalizam o abuso sexual infantil, as leis de direitos humanos a nível internacional e o regulamento do comité dos JO.

Tudo normal

Apesar das centenas de relatos, a HRW aponta que “os abusos de crianças no desporto continuam a ser aceites e até normalizados em muitas áreas da sociedade”, sendo “difícil para muitos jovens atletas apresentar queixa contra um oficial da área ou contra o seu poderoso treinador”. Além disso, “as escolas e federações raramente punem treinadores abusivos, permitindo muitas vezes que continuem a treinar”.

Kanae Doi, director da HRW no Japão, declarou que “as federações desportivas no Japão têm permissão para estabelecer os seus próprios sistemas de monitorização de abuso e de abusadores – e muitas delas escolhem simplesmente não implementar esses sistemas”. “Isto expõe as crianças a riscos inaceitáveis e deixa os pais e atletas com poucas opções para apresentar queixa ou procurar defesas contra os abusadores”, acrescentou o responsável.

O problema dos abusos sexuais cometidos contra atletas olímpicos não é exclusivo do Japão, com casos amplamente reportados em todo o mundo. A HRW destaca o caso do médico olímpico norte-americano Larry Nassar, acusado de inúmeros abusos sexuais, em que uma das vítimas foi a ginasta Simone Biles, que ganhou 4 medalhas de ouro em Jogos Olímpicos.

“Os abusos infantis na área do desporto são um problema global com falta de sistemas unificados e claros que identifiquem a violência. O fardo de reportar um abuso recai muitas vezes sobre as vítimas, enquanto os sistemas que reportam os casos são opacos, inadequados e sem resposta”, descreve a HRW.

Takuya Yamazaki, advogado do comité executivo da World Players Association, disse que “uma das razões pelas quais é tão difícil lidar com casos de abuso é que os atletas não são encorajados a ter uma voz”. “Tal como muitos dos corajosos atletas que estão a começar a falar mais sobre os seus direitos, os órgãos desportivos devem revelar coragem para lidar com o passado, isto se o desporto é uma força verdadeira em prol do bem”, acrescentou o responsável da associação que trabalhou de perto com a HRW na elaboração deste relatório.

As recomendações

A HRW faz ainda uma série de recomendações às autoridades japonesas no sentido de ser implementada uma nova lei que “de forma explícita elimine todas as formas de abuso por parte de treinadores contra atletas menores em organizações desportivas”. Essa lei deve também “delinear os direitos dos atletas, incluindo o direito de praticar desporto sem qualquer tipo de abuso”. A HRW pede também que seja dada formação a todos os treinadores e atletas relativamente a este problema, além da possibilidade de qualquer pessoa poder reportar casos de abuso contra atletas.

As recomendações vão também no sentido de se criar um Centro Japonês para o Desporto Seguro [Japan Center for Safe Sport], enquanto “órgão administrativo independente virado para o abuso infantil no desporto” que seria responsável por lidar com casos de queixas de abusos, além de implementar padrões, medidas preventivas e realizar investigações.

22 Jul 2020

Vítima olímpica

[dropcap]F[/dropcap]oi finalmente confirmado o adiamento dos Jogos Olímpicos – Tóquio 2020 “para uma data posterior a 2020, mas o mais tardar no Verão de 2021”. A notícia já era esperada mas não deixa de fazer mossa. Até porque a vítima foi uma vez mais o Japão.

Em 1940, Tóquio iria acolher a 12ª olímpiada da chamada Era moderna, quando o início da Guerra Sino-Japonesa em 1937 contribui para precipitar a escalada militar que viria a originar mais tarde a 2ª Grande Guerra Mundial que teve lugar entre 1939 e 1945, que acabou assim acancelar, por completo, a realização do evento. Para além das Olímpiadas de 1940, os Jogos Olímpicos foram também cancelados em 1916 e 1944, também devido às duas Grandes Guerras Mundiais.

A relutância do Governo japonês em anunciar o adiamento do evento em 2020 parece só ter sido desbloqueada a partir do momento em que a pressão vinda de fora, nomeadamente com a renúncia da participação da Austrália e do Canadá, se começou a fazer sentir juntamente com o adensar da pandemia do novo tipo de coronavírus.

Certamente que talvez o orgulho e alguns fantasmas do passado apareceram para adiar a decisão, mas a verdade é que ela finalmente chegou e é de aplaudir. Com a vantagem acrescida de vir agarrada a uma oportunidade de reedição futura, ao contrário dos três cancelamentos anteriores. Claro que os Jogos de 2021 nunca serão os jogos de 2020, por todas as razões e mais algumas que o período de um ano pode comportar. Novos contextos, novos atletas, esperanças e até novas desilusões virão. Com a certeza apenas que terão Tóquio como pano de fundo.

 

26 Mar 2020

Japão pediu adiamento dos Jogos Olímpicos devido à pandemia covid-19

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse esta terça-feira que o Comité Olímpico Internacional (COI) aceitou o seu pedido de adiar por um ano os Jogos Olímpicos Tóquio2020, devido ao surto da Covid-19. Abe tornou público o seu pedido em declarações aos jornalistas, após ter tido uma conversa por videoconferência com o presidente do COI, Thomas Bach, e garantiu que o suíço concordou a “100%” com a sua proposta.

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 deveriam realizar-se de 24 de Julho a 9 de Agosto. Antes, na madrugada de terça-feira, em comunicado, o comité organizador reafirmou estar a “examinar planos detalhados para diferentes cenários, incluindo a abertura dos Jogos em 24 de julho, de acordo com o acordo alcançado com o COI”.

Reiterando que o cancelamento “não está na agenda”, a organização de Tóquio2020 assegurou dar prioridade à “segurança dos atletas, espectadores e todos os outros participantes”.

Tóquio2020 custa milhões

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 estão orçados em 11,5 mil milhões de euros e vão ser disputados por 11.000 atletas, próximo da paridade entre sexos com 48,8 de mulheres.

Os números são os oficiais do comité organizador, que previa começar o evento a 24 de Julho, e até 9 de Agosto, mas foi obrigado protelá-lo para 2021 devido à pandemia da covid-19, pelo que não estão ainda contabilizados os custos inerentes à alteração.

Ao todo, serão mais 500 atletas em relação ao Rio2016, ainda assim aquém de Pequim2008, com 11.990: o COI explica que a paridade não é absoluta simplesmente porque alguns desportos coletivos recebem mais equipas masculinas.

Aos 11.000 desportistas juntam-se outros 6.000 das várias delegações, pelo que o total de 17.000 inclui treinadores, dirigentes e equipas médicas e de fisioterapia, entre outros.

Ainda assim, a aldeia olímpica conta com 26.000 camas, fabricadas a partir de materiais reciclados, segundo os responsáveis nipónicos.

Do total de 7,8 milhões de bilhetes que o COI espera vender, um total de 4,48 milhões já foram adquiridos pelo público, segundo dados atualizados em fevereiro.

O impacto do turismo vai ser significativo, pois são esperados 600.000 visitantes estrangeiros, de acordo com as estimativas do ministério do turismo japonês, assumidas em 2018.

Tóquio2020 vai decorrer em 43 instalações olímpicas, sendo que oito são novas e/ou permanentes e 10 temporárias.

Os que desejam assistir à cerimónia de abertura pagarão 2.300 euros pelo bilhete mais caro, enquanto o mais baixo é 25 vezes mais barato, 91 euros.

Ao todo, eram 56 o número de eventos teste previstos para o Japão até maio de 2020, contudo cerca de 15 tiveram de ser cancelados devido ao novo coronavirus.

A promoção interna dos Jogos Olímpicos conta com 72 lojas oficiais em todo o país, espalhados por vários destinos turísticos e diferentes aeroportos.

25 Mar 2020

Covid-19 | COI decide em quatro semanas se adia ou não os Jogos Olímpicos de Tóquio

[dropcap]O[/dropcap] Comité Olímpico Internacional (COI) vai deliberar num período de quatro semanas sobre a realização dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, devido à pandemia de Covid-19, com o adiamento na agenda, mas não o cancelamento, revelou o organismo.

Através de um comunicado, o presidente do COI, Thomas Bach, esclarece que estão vários cenários em discussão, contudo o cancelamento não é uma hipótese, apesar da rápida propagação do novo coronavírus pelo Mundo, que deixou os atletas sem condições para se preparem para o evento, previsto para se realizar entre 24 de julho e 9 de agosto.

“O COI, em cooperação com o Comité Organizador de Tóquio2020, as autoridades japonesas e o Governo Metropolitano de Tóquio, iniciará conversações detalhadas para concluir a avaliação da rápida evolução do panorama global da saúde e o seu impacto nos Jogos Olímpicos, incluindo a hipótese de adiamento. O cancelamento não está em agenda”, refere a nota.

Nos últimos dias, o organismo responsável pelos Jogos tem sido pressionado por vários comités e federações, que defendem o adiamento do evento, por considerarem que existe risco para a saúde e bem-estar dos atletas.

A entidade acredita que dentro de quatro semanas terá uma decisão final e agradece a solidariedade dos comités e federações.

“O COI está confiante de que essas discussões serão concluídas nas próximas quatro semanas, e agradece muito a solidariedade e colaboração dos comités olímpicos nacionais e federações internacionais por apoiar os atletas e adaptar a planificação dos Jogos”, concluiu.

23 Mar 2020

Covid-19 | Japão confiante na organização dos JO. Chama olímpica chegou hoje a Tóquio

[dropcap]A[/dropcap] chama olímpica chegou hoje ao Japão, onde a receção foi pequena e rápida devido à pandemia da Covid-19, que está a pôr em dúvida a realização dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, no verão. O avião, decorado com os anéis e logótipos olímpicos das Olimpíadas de Tóquio2020, aterrou na base aérea de Matsushima (nordeste), com a tocha olímpica a bordo.

A região foi especialmente escolhida por simbolizar a reconstrução das zonas devastadas pelo gigantesco tsunami de 11 de Março de 2011, seguido pelo acidente nuclear de Fukushima. Os antigos campeões olímpicos Saori Yoshida e Tadahiro Nomura desceram do aparelho com a chama, vinda de Atenas. Uma guarda de honra na pista aguardava a chama, perante uma pequena assistência, sentada em cadeiras.

Depois da chegada ao Japão, a chama olímpica ficará exposta ao público durante uma semana em várias localidades do nordeste japonês, antes de passar por 47 regiões do país. O comité organizador pediu já ao público que evite concentrar-se para assistir à passagem da tocha olímpica, de acordo com as recomendações do governo japonês para conter o surto da Covid-19.

O Comité Olímpico Internacional (COI) tem reiterado o “compromisso total” com a realização dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 nas datas previstas, de 24 de julho a 09 de agosto, por não existir “necessidade de quaisquer decisões drásticas”.

Assumindo que esta é uma “situação sem precedentes para todo o mundo”, o COI encorajou “todos os atletas a continuarem a preparar-se para Tóquio2020 da melhor forma possível”.

20 Mar 2020

JO | Tóquio2020 cria grupo de trabalho para lidar com o surto do coronavírus

[dropcap]A[/dropcap] organização dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 anunciou hoje a criação de um grupo de trabalho para lidar com o surto do coronavírus, a menos de seis meses do início das provas, e realçou que o evento “decorrerá conforme previsto”.

O objectivo deste grupo de trabalho é “analisar a situação e tomar as medidas necessárias para garantir que os Jogos Olímpicos sejam seguros para atletas e público”, explicou o presidente do comité organizador do evento, Toshiro Muto.

“Quero deixar claro que os Jogos [Olímpicos Tóquio2020] serão organizados conforme o planeado”, disse em conferência de imprensa Toshiro Muto, que enfatizou que, “em vista da situação actual, não há problemas em organizá-los”.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou também que em nenhum momento foi considerado um possível adiamento dos Jogos Olímpicos devido ao surto de coronavírus, que surgiu na China e afectou mais de quarenta pessoas no Japão.

Toshiro Muto explicou que o grupo de trabalho integra responsáveis por Tóquio2020, do Executivo Nacional e do governo regional da capital japonesa, e disse que estará “em permanente consulta” com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comité Olímpico Internacional (COI).

“Vamos nos encontrar regularmente”, disse Muto, que destacou a necessidade de o grupo de trabalho “ser objectivo e manter a cabeça fria”, para “não criar um sentimento desnecessário de preocupação, já que o número de infecções é limitado por enquanto”.

O responsável pelo comité organizador acrescentou que as medidas contempladas se concentram na prevenção de infecções e acrescentou que, em princípio, “não incluirão acções que não foram aplicadas anteriormente em outras situações de alerta de saúde”.

A China elevou hoje para 563 mortos e mais de 28 mil infectados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detectado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.

Nas últimas 24 horas, registaram-se 73 mortes e 3.694 novos casos. A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países, o último novo caso identificado na Bélgica terça-feira.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.

6 Fev 2020