Suicídio | SS não revelam se vão abrir inquérito a morte no Kiang Wu

Uma mulher cometeu suicídio quando estava internada no Hospital Kiang Wu. Porém, os serviços liderados por Alvis Lo recusam anunciar se o caso vai ser alvo de um inquérito no âmbito dos poderes de fiscalização do organismo

 

Apesar de uma mulher se ter suicidado quando estava internada no Hospital Kiang Wu, os Serviços de Saúde (SS) recusam revelar se o caso vai ser alvo de um inquérito. A posição dos serviços liderados por Alvis Lo foi tomada ontem, depois do HM ter inquirido os SS sobre a possibilidade.

Segundo os estatutos do SS, o órgão tem competências para “proceder à supervisão e apoiar as entidades que exercem actividades na área da saúde”. No âmbito destes poderes, o SS têm a obrigação de fiscalizar o que acontece no Hospital Kiang Wu, e actuar, caso se considere que o suicídio de segunda-feira resultou de negligência na forma como são os tratados os pacientes.

No entanto, na resposta enviado ao HM, os SS não dizem se haverá um inquérito interno. Limitaram-se a desejar publicamente as condolências aos familiares da mulher de “meia idade”. “De acordo com a informação divulgada pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública, o caso de suicídio ocorreu no Hospital Kiang Wu. Os Serviços de Saúde não têm nada a acrescentar à informação divulgada e, manifestam profundo pesar pelo falecido e expressando profundas condolências à sua família”, foi respondido.

Sobre os casos de suicídio no território, que têm vindo a aumentar nos últimos anos, os SS apontam atribuir muita importância ao fenómeno. “O Governo da RAEM tem dado grande importância à saúde mental dos residentes, e não só aumenta, de forma contínua, a acessibilidade dos serviços, e alarga a rede de apoio social […], mas também mobiliza toda a sociedade, através das famílias, escolas e da comunidade, para prestar atenção conjunta e encaminhar, por iniciativa própria, as informações, de modo a que os serviços competentes possam intervir rapidamente e eliminar os riscos potenciais”, foi vincado.

Na resposta os SS deixaram ainda um apelo às pessoas que em caso de angústia devem ligar para a linha da Cáritas para pedir ajuda. “Os Serviços de Saúde apelam a todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados e desesperados para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional”, foi acrescentado.

Contornos por apurar

Segundo a informação do Corpo de Polícia de Segurança Pública e da Polícia Judiciária, o corpo da mulher de “meia idade” foi encontrado na madrugada de segunda-feira, na casa-de-banho de um quarto do Hospital Kiang Wu, quando o pessoal enfermeiro fazia a ronda matinal pelas instalações. As autoridades policiais foram alertadas para a situação por volta das 04h39, e na segunda-feira as causas da morte ainda eram desconhecidas.

O Hospital Kiang Wu é uma instituição histórica de Macau e tem um passado e presente ligados à elite local, principalmente à família Chui, do anterior Chefe do Executivo.

Controlado pela Associação de Beneficência dos Hospital Kiang Wu, a instituição tem como actual presidente o empresário Liu Chak Wan, que tomou posse em 2023. Na cerimónia de tomada de posse estiveram presentes membros do Governo Central, de Macau e até o presidente da Assembleia Legislativa.

10 Abr 2024

Hospital Kiang Wu | Paciente suicida-se durante internamento

O corpo da mulher de “meia idade” foi encontrado durante a madrugada de ontem na casa-de-banho de um quarto do Hospital Kiang Wu. Até ao fecho da edição do HM, os Serviços de Saúde não esclareceram se o caso vai resultar num inquérito

 

Uma residente que estava hospitalizada numa instituição local cometeu suicídio durante a madrugada e o caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ). A ocorrência foi divulgada ontem pela polícia, e o Kiang Wu é a instituição médica onde os factos ocorreram.

Segundo o relato apresentado, o corpo da mulher foi encontrado na madrugada de ontem, na casa-de-banho de um quarto do Kiang Wu, quando o pessoal enfermeiro fazia a ronda matinal pelas diferentes instalações. As autoridades policiais foram alertadas para a situação por volta das 04h39.

As autoridades deslocaram-se ao local e confirmaram o óbito, que aconteceu na casa-de-banho de um dos quartos, onde o corpo foi encontrado, de acordo com a versão do pessoal da enfermaria. Quando os funcionários do hospital se depararam com o corpo, chamaram um médico que tentou realizar manobras de reanimação, embora sem sucesso. “Depois de examinado o corpo, não foram encontradas lesões ou fracturas que levantem suspeitas. Não foi encontrado qualquer bilhete de suicídio no local”, comunicou a PJ.

“A vítima era do sexo feminino, de meia-idade e residente em Macau. O caso está temporariamente registado como de descoberta de cadáver e a causa da morte ainda não foi determinada após exame forense”, foi acrescentado. A indicação de “meia-idade” implica pessoas com idade entre os 30 e 60 anos, de acordo com os critérios da secretaria para a Segurança.

A identidade do hospital foi divulgada pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública, a primeira força da autoridade a chegar ao local, e pela Polícia Judiciária.

À espera de explicações

Após a ocorrência, o HM contactou os Serviços de Saúde (SS) para perceber as condições do incidente e perceber se ia ser instaurado um processo para averiguar o sucedido. O HM tentou igualmente perceber que medidas iam ser adoptadas para evitar este tipo de situações no futuro, mas até ao fecho da edição não foi recebida resposta.

Nos últimos anos, o número de suicídios em Macau tem vindo a aumentar. No ano passado, suicidaram-se 88 pessoas em Macau, total que representou um aumento anual de 10 por cento em relação a 2022, que já tinha sido um ano dos mais mortais dos últimos 10 anos. Quando comparado com 2021, 2023 registou um aumento de suicídios de 46 por cento, e um aumento de 31 por cento face ao total de suicídios registados em 2019.

O Governo tem destacado como principais causas do suicídio doenças mentais, doenças crónicas ou fisiológicas e problemas financeiros
Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.

9 Abr 2024

Tosse convulsa | Detectado primeiro caso do ano

Foi registado, no hospital Kiang Wu, esta quarta-feira, o primeiro caso de tosse convulsa do ano. Segundo um comunicado dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), trata-se de uma bebé de sete meses que começou a apresentar sintomas de doença no dia 22 de Dezembro, nomeadamente tosse, maioritariamente no período nocturno, sem febre nem corrimento nasal, tendo sido atendida no Kiang Wu nos dias 26 e 28 de Dezembro, sem melhoria dos sintomas.

No dia 1 deste mês os sintomas pioraram e a bebé começou a manifestar estridor, ou seja, um som ofegante durante a inalação, resultante de uma obstrução parcial da garganta (faringe), caixa de voz (laringe) ou traqueia, tendo sido internada.

No Kiang Wu foram então realizadas análises que detectaram a presença de uma bactéria que origina a tosse convulsa. A bebé está ainda internada, sendo que o seu estado clínico é considerado estável. A menina recebeu três doses da vacina DTPa, contra a difteria, tétano e tosse convulsa, não tendo viajado ou estado em nenhuma creche. Os SSM explicam que “o pai que coabita com ela manifestou sintomas de tosse”, sendo que, “até ao momento, nenhum outro membro da família com quem coabita se sentiu indisposto”.

5 Jan 2024

Kiang Wu | Homem com “antecedentes de cancro” morre com gripe

Um residente com 45 anos morreu com gripe no Hospital Kiang Wu, na terça-feira, de acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde (SS). A informação foi divulgada ontem. Na mensagem foi apontado que o homem tinha “antecedentes de cancro”, e viajado para fora de Macau.

Os sintomas surgiram a 31 de Dezembro, com febre, tosse, dificuldades respiratórias e uma paragem cardíaca súbita, que levou a que a família chamasse o Corpo de Bombeiros ao local. “Na sequência do sucedido, a família chamou imediatamente a ambulância do Corpo de Bombeiros e, após reanimação cardiopulmonar, o homem foi encaminhado para o Serviço de Urgência do Hospital Kiang Wu para ser socorrido”, foi revelado.

No hospital, a “análise laboratorial da amostra do tracto respiratório” mostrou que o homem estava infectado com o vírus influenza B, e também uma radiografia ao tórax revelou a existência de líquido nos pulmões. Além disso, foi apontado que o homem tinha antecedentes de cancro, mas o tipo não foi especificado.

Apesar do diagnóstico, o homem foi ligado a um ventilador, mas acabou por falecer a 2 de Janeiro. Segundo o comunicado dos Serviços de Saúde, o homem “não tinha sido vacinado contra a gripe sazonal” e “tinha viajado para o exterior antes do aparecimento dos sintomas”.

4 Jan 2024

Enfermagem | Kiang Wu atrai mais cada vez mais estudantes

O número de candidatos a frequentar o Instituto de Enfermagem Kiang Wu teve um aumento de 50 por cento no corrente ano escolar, em comparação com o anterior. Em termos de mestrados, registou-se um aumento de 23 por cento do número de candidatos. O número foi revelado ontem pela presidente da instituição Van Iat Kio, citada pelo canal chinês da Rádio Macau.

Sobre o aumento do número de interessados, a presidente do Instituto de Enfermagem Kiang Wu elogiou o Governo, por considerar que o Executivo desenvolveu os cuidados de saúde para serem mais abrangentes, o que levou a um aumento do número de interessados neste tipo de cursos.

Van Iat Kio antecipou também o lançamento, no próximo ano, do primeiro doutoramento oferecido pelo instituto, que indicou ter a certificação de uma instituição britânica.

O processo de candidaturas vai abrir a partir de Março e estender-se até Abril. As aulas começam em Setembro. Van Iat Kio deixou o desejo de que pelo menos 10 estudantes sejam admitidos, de forma a que a instituição possa contribuir ainda mais para o desenvolvimento de quadros locais.

O Instituto de Enfermagem Kiang Wu celebra 100 anos, pelo que no sábado vão ser realizadas várias actividades para assinalar a data, como seminários e um jantar.

24 Nov 2023

Kiang Wu | Associação do Hospital perde terreno

A concessão de um terreno entregue à Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu foi declarada extinta.

O lote que vai ser recuperado pela RAEM fica situado no Bairro do Hipódromo Norte, tem uma área de 4.085 metros quadrados e tinha sido cedido de forma gratuita para a construção de uma escola secundária. Em causa está o facto de a associação não ter requerido a renovação da concessão, como exigido pela lei.

Por esse motivo, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, declarou a caducidade da concessão, que poderia ter sido renovado até 2049. “As benfeitorias por qualquer forma incorporadas no terreno revertem, livre de quaisquer ónus ou encargos, para a RAEM, sem direito a qualquer indemnização por parte da Associação de Beneficência do Hoaspital Kiang Wu, destinando-se o terreno a integrar o domínio privado do Estado”, é apontado.

24 Ago 2023

Pandemia | Kiang Wu sem camas para doentes covid

As centenas de doentes covid-19 registados em Macau diariamente faz com que o hospital Kiang Wu já não tenha camas disponíveis. Por sua vez, o Centro Hospitalar Conde de São Januário está a receber cerca de 200 ambulâncias por dia no serviço de urgência, mais do dobro face ao número registado no ano passado

 

Os serviços médicos em Macau, tanto públicos como privados, começam a ter cada vez mais dificuldade em dar resposta ao crescente número de casos covid-19. Segundo a TDM, o hospital Kiang Wu já não tem camas para este tipo de doentes, tendo Li Peng Bin, médico e gestor do hospital privado, explicado que houve uma redução do número de doentes no serviço de urgência, mas há mais casos com sintomas graves, sobretudo junto dos mais idosos, que necessitam de internamento.

“O serviço de urgência no hospital está a tratar cerca de 600 pacientes por dia, o que é duas vezes mais face ao número de casos que tínhamos há umas semanas. No entanto, o serviço da linha de atendimento [para doentes covid-19] aliviou a pressão registada pelo pessoal médico do hospital e reduziu o número de pacientes nas urgências”, adiantou Ieng Kam Tou, também ouvido pela TDM, em declarações reproduzidas pelo portal Macau News.

Ao problema da falta de camas acresce-se o facto de muitos profissionais de saúde do Kiang Wu não terem ainda recuperado da doença, mas serem obrigados a prestar apoio no serviço, conforme explicou o médico Lei Man Chon. “Muitos estiveram doentes durante dois ou três dias, mas foram chamados ao serviço quando a febre baixou e quando começaram a sentir-se melhor.”

Relativamente à marcação de cirurgias, o serviço não tem sido afectado, adiantou o cirurgião Kam Kun Chong, uma vez que médicos, enfermeiros e auxiliares tomaram precauções em relação à covid-19, tomando medicamentos.

Tendo em conta que os idosos são, nesta fase, o maior grupo de risco, os dirigentes do hospital Kiang Wu prometem adoptar medidas especiais para travar o crescente número de casos e aliviar a pressão no serviço de urgência. Uma das medidas passa por recomendar que os doentes tomem os medicamentos fornecidos pelo Governo antes de se dirigirem de imediato às urgências.

São Januário lotado

A situação não é melhor no Centro Hospitalar Conde de São Januário. À imprensa chinesa, Chang Tam Fei, director substituto do serviço de urgência do hospital público, disse que houve um aumento, em termos anuais, de 200 a 300 doentes, pois cerca de 800 a 1000 doentes registaram-se nas urgências durante este surto.

As urgências do São Januário recebem, em média, 200 ambulâncias por dia com doentes covid, enquanto no mesmo período de 2021 o hospital recebia entre 70 a 80 ambulâncias diariamente, o que representa um crescimento de mais de 100 por cento.

“Os pacientes vão ao médico assim que se sentem doentes, e neste momento os doentes com sintomas ligeiros são imensos. Assim sendo, decidimos criar um posto de testes de ácido nucleico perto do serviço de urgência para podermos acolher estes doentes com sintomas leves. Desta forma podemos desviá-los do serviço de urgência, evitando a acumulação de pessoas”, adiantou Chang Tam Fei.

4 Jan 2023

Hospital das Ilhas | Acordo com Kiang Wu reforça formação de enfermeiros

O Instituto de Enfermagem Kiang Wu vai ser integrado no Edifício Pedagógico de Enfermagem do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas com o objectivo de melhorar as “condições e recursos para a formação de quadros na área profissional de enfermagem”.

A cerimónia de assinatura do protocolo de utilização do edifício realizou-se no passado dia 12 de Maio, através de um comunicado divulgado em chinês no dia seguinte e disponibilizado ontem em português.

O protocolo foi assinado por Kong Chi Meng, director dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) e pelo presidente da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, Lau Veng Seng.

O Governo afirma que o Edifício Pedagógico de Enfermagem do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas terá como missão “optimizar as instalações e os equipamentos destinados ao ensino de enfermagem e criar condições para elevar ainda mais a sua qualidade”.

Por sua vez, o representante máximo do Instituto de Enfermagem Kiang Wu deu conta do “acréscimo gradual” do número de alunos matriculados.

19 Mai 2022

Os 150 Anos do Hospital Kiang Wu

Há sensivelmente um século e meio, o Governo de Macau aprovou a instalação do Hospital Kiang Wu, respondendo a uma antiga e fundamental necessidade da comunidade chinesa que se via arredada do acesso à saúde, entregue a mezinhas. José Simões Morais apresenta ao HM a história de uma instituição incontornável na vida de Macau

 

Organizada pela elite chinesa de Macau, a Associação designada de Hospital Kiang Wu nasceu em 1869 para criar um hospital que servisse gratuitamente a comunidade chinesa mais desfavorecida, mas também para abrir escolas gratuitas, dar de comer a quem tivesse fome, socorrer os necessitados e enterrar os mortos cujas famílias eram pobres ou, sem ninguém para deles cuidar. “A nova instituição foi, logo de início, mais do que Hospital, em rigor deveria ser chamada – Casa de Beneficência, pois, se o seu objectivo primário era, na verdade, socorrer doentes, tanto pela hospitalização, como dispensário e consultas, nem por isso deixava de incluir, também, a instrução em escolas elementares e o socorro com outros subsídios, sobretudo em épocas anormais de epidemias, fomes, cataclismos vários, mesmo no território da China ou em locais afastados, mas onde houvesse população chinesa.

Tinha ainda como função responder pelos ritos culturais e mais cerimónias fúnebres, assim como de certa maneira representar também a principal sede do Hong (Grémio) dos vários comerciantes generosos, que por eleição escolhiam entre si os seus delegados representativos, até com carácter social”, refere José Caetano Soares, em Macau e a Assistência.

Macau, na altura, apenas tinha dois hospitais, um militar (no antigo Convento de S. Agostinho) e outro pertencente à Santa Casa da Misericórdia (Hospital de S. Rafael). Esta era a assistência médica que os portugueses usufruíam, no entanto, os doentes chineses continuavam esquecidos, entregues às mezinhas que de memória traziam de família, sem poder contar com bons profissionais de medicina tradicional, os quais só a Casa de Beneficência Sam Kai-Hui-Kun tinha capacidade de contratar, devido à pobreza extrema em que a maioria dos chineses em Macau vivia. Esta tinha a sua sede no Pagode das Três Ruas, o único edifício poupado pelo incêndio de 6 de Junho de 1818, que destruíra a maior parte do Bairro de S. Domingos, vulgarmente conhecido como Bazar Grande.

Sob a hegemonia do Mandarim de Heong-Shan (Casa Branca), a Casa de Beneficência chinesa Sam Kai-Hui-Kun (Assembleia dos habitantes das três ruas) começou a perder poder quando em 1847 o Governador Ferreira do Amaral tomou posse de todas as terras da península e expulsou os mandarins de Macau em 1849. Os novos aterros feitos para o lado do porto interior com a abertura de novas ruas e o enorme aumento da população chinesa retirou o soberano poder político à sob a comunidade chinesa, levando a uma cisão, aproveitando o governo de Macau para ajudar os dissidentes, que eram mais a favor dos portugueses, “doando-lhe uns lotes de terreno então suburbano.

Para aí foi a nova sede e nesses terrenos, mediante subscrição pública veio, também, a ser construído o primitivo Hospital Keng-Wu (Hospital de Macau) (1872). A designação Keng-Wu [Kiang Wu significa lagoa em espelho] traduz a forma literária do nosso termo – Macau”. Nesse aspecto, José Caetano Soares refere que “nunca houve propriamente Sociedade devidamente organizada à face de regulamentos superiormente aprovados [por isso nenhuma informação consta no Boletim da Província de Macau e Timor dos anos de 1870 e 1871 e só no Boletim Oficial da Colónia de Macau de 12 de Setembro de 1942, é referida a História da criação do Hospital Kiang Wu] mas o facto de ser para lá eleito, muito embora os cargos fossem sem remuneração, significou sempre prova já de distinta honorabilidade por parte da opinião geral. Pela sua feição assim honrosa e de respeito, não raro, ia servir às nossas autoridades de agente conciliador em ocasiões de atrito ou só discordância com elementos chineses, mesmo oficiais.”

EDIFÍCIOS DO COMPLEXO HOSPITALAR

A Associação do Hospital Kiang Wu, proveniente da cisão na Sam Kai-Hui-Kun, foi constituída como meio para ter voz perante o governo colonial português, e era composta por 152 influentes chineses, sendo muitos representantes dos Grémios estabelecidos na cidade.

Em 21 de Junho de 1870, o Governo de Macau aprovou a instalação do Hospital Kiang Wu, requerida pela comunidade chinesa de Macau, representada pelos senhores Sam Wong, Chou Iao, Tak Fong e Wong Lok. O Governo estipulou o foro anual de uma pataca e autorizou a angariação de fundos necessários para a construção do Hospital, num terreno de 75.000 m² na zona de San Kiu. Este era um dos locais mais doentios de Macau, onde os mortos mal enterrados, muitas vezes com partes do corpo a descoberto, e sem sepulturas, se encontravam espalhados pela encosta do monte, sendo o primeiro trabalho o de transferir os ossos dos corpos para WanZhai.

No 10.º ano do reinado do Imperador Tong Zhi da dinastia Qing, a 28 de Outubro de 1871 foi fundado o Hospital Kiang Wu, administrado por cidadãos chineses e no início, aí apenas se preparava e cozinhava os medicamentos, distribuídos gratuitamente. Só em 1874 foi no local criado o departamento de Medicina Tradicional Chinesa.

No museu da História da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, instalado na Casa Memorial e aberto todos os sábados das 15 às 18 horas, encontramos explicativos placards, onde num se refere que em 1871 o Hospital consistia numa construção ao estilo antigo de arquitectura chinesa [semelhante à do templo de Kun Iam Tong, tendo três pavilhões centrais]. Refere que na porta principal do primeiro edifício, [o da entrada] havia uma tabuleta a dizer Hospital Kiang Wu, sendo o átrio. No segundo edifício era o salão para as reuniões da Associação e no terceiro encontravam-se estátuas dos deuses da medicina para os pacientes orarem e pedirem-lhes ajuda no restabelecerem-se das doenças. [Nos altares aos deuses encontravam-se Hua Tuo, Guang Gong, Bao Gong, Liu Zu e Hong Sheng.]

Um outro placard adita, no original Hospital, na ala direita do terceiro edifício era o lugar onde se providenciava o gratuito tratamento médico e onde havia dentro também uma farmácia. Nesses dias, o Hospital apenas tinha o departamento de tratamento médico chinês, isto é, era de Medicina Tradicional Chinesa e todos os médicos e farmacêuticos vinham nomeados de outros locais da China para providenciar tratamento médico aos pacientes.

Ao lado um desenho com uma planta do recinto muralhado do Hospital, que apresenta semelhanças com a forma e área [de 75.000 m²] ocupada por o actual complexo hospitalar, encontrando-se representados esses três edifícios, sendo eles ladeados por outros dois de cada lado e mais recuado um alpendre e no meio do terreno o que parece ser um tin, espécie de local coberto para repousar o espírito e seguindo, ao fundo do lado esquerdo encostado ao muro, que o separa da Estrada do Repouso, três edifícios onde se colocavam os doentes graves e no lado oposto, junto à Rua Tomás Vieira, o local onde eram colocados os defuntos e guardados os caixões, assim como os edifícios de farmácia.

Ainda dentro do museu encontramos cinco bei/tabuletas tendo uma os nomes das 152 pessoas e grémios que sugeriram criar o hospital; a segunda tabuleta é o documento escrito em caracteres chineses pelo Governo português de Macau onde consta a aprovação da criação do Hospital chinês. A terceira e quarta tabuleta referiam as razões por que havia necessidade de fazer o Hospital e a quinta explicava o porquê da existência da farmácia de produtos de medicina tradicional.

Os cuidados médicos eram realizados apenas numa casa situada no lado direito dos três pavilhões, contando no terreno do Hospital com um total de 60 quartos, onde eram gratuitamente prestados serviços clínicos aos doentes e um asilo. No recinto havia ainda a casa mortuária e um armazém de caixões, que em 1933, para permitir ao hospital expandir-se, passaram para a colina de Mong Há (Colina de Lótus), onde ainda hoje se encontra na Avenida Lacerda a casa funerária da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu.

Inicialmente o Hospital era dirigido por uma Comissão Administrativa, onde havia quatro directores. Teve como contabilista nos anos de 1871 e 72 Chan Zi Chen e em 1873 Choi Ian San e entre 1871 e 1880 conseguiu angariar 49.900 taéis de prata ($69.000,00) e recebia o dinheiro das ofertas de todos os templos de Macau. Em 1874 passou a ter uma direcção constituída por doze pessoas escolhidas entre os diferentes grémios.

AS ESCOLAS

A Associação do Kiang Wu em 1892 criou em Macau cinco escolas de instrução gratuita para crianças chinesas dos dez aos quinze anos, onde se ensinava pelo antigo sistema de educação chinesa, que na China preparava para os exames imperiais, usando-se os “Quatro Livros” (Si Shu) publicados em 1190 por Zhu Xi, que deveriam ser entendidos e decorados e o “Clássico dos Três Caracteres”, (San Zi jing) composto também na dinastia Song por Wang Yinglin. As cinco escolas situavam-se, uma em Mong-há, outra em San Pu Tau (Rua da Madeira), em San Pa Mun (Rua de S. José), em Mai Chou Tei (Rua da Palha) e por fim, em San Kiu (talvez na actual Rua Tomás Vieira).

Em 1905 as escolas foram reunidas numa só, dentro do recinto na ala direita do Hospital, que passou a chamar-se Escola Primária Kiang Wu com o sistema de educação Ocidental e a ensinar o inglês, havendo três classes e 150 alunos. Essa escola em 1950 juntou-se à Escola Primária Ping Man e tornou-se a Escola Keang Peng, cujo edifício da secção do Secundário foi inaugurado em 1997.

“Em 1917, verificando-se a exiguidade das instalações do hospital, foram estas ampliadas mercê do auxílio do Governo de Macau, de pessoas caritativas, de todas as classes sociais e de diversas entidades chinesas”, segundo refere o B.O. de 1942.

No ano 1919, num novo edifício próprio dentro do espaço do Hospital, os pacientes tratados pela Medicina Ocidental passaram a poder ficar aí internados e por isso, houve a necessidade de treinar pessoas para permanentemente deles cuidar. Tal levou à criação do curso de enfermagem, montando assim em 1923 a Escola de Enfermagem e Partejamento Kiang Wu de Macau, que em vinte anos graduou 48 enfermeiras. Em 1933, a casa mortuária e o armazém de caixões deixaram o recinto do Hospital, e para aí passaram as salas de aulas de enfermagem e o dormitório, possibilitando um permanente acompanhamento dos doentes. Os enfermeiros foram reconhecidos em 1945 como um grupo profissional, podendo para além de trabalhar no hospital, exercer a profissão noutros locais.

Em 1948, a escola começou a treinar as enfermeiras no ajudar ao nascimento das crianças, aparecendo a especialidade de obstetrícia e em 1956 foi construído o edifício para albergar essa Escola de Enfermagem.

Desde 1994, os cursos de enfermagem e obstetrícia ficaram com as habilitações oficialmente reconhecidas e designada Instituto de Enfermagem Kiang Wu de Macau foi convertido em instituição privada de ensino superior em Novembro de 1999, dedicando-se à formação de quadros qualificados na área de enfermagem. Segundo o Livro do Ano de 2013, “No ano lectivo de 2012/2013, o Instituto ministrou um total de três cursos de licenciatura (incluindo cursos complementares) e diploma profissional, contando nesse ano com 32 docentes e 305 estudantes matriculados em cursos de nível superior.” No ano anterior, com mais cinco docentes, mas menos 36 estudantes ministraram dois cursos de licenciatura.

NOVA FASE

Nos primeiros tempos o hospital oferecia apenas assistência no âmbito da medicina tradicional chinesa. Em finais de Setembro de 1892, Sun Yatsen (Sun Wen ou Sun Zhongshan, 1866-1925) após se licenciar em Medicina em Hong Kong veio para Macau convidado por Chen Xi Ru para criar um departamento de Medicina Ocidental no Hospital Kiang Wu e aí trabalhar. Chen Xi Ru em 1892 era o maior financiador do Hospital. Sun Yatsen foi o primeiro clínico licenciado em Medicina a ser contratado e como médico serviu no Hospital Kiang Wu em regime de voluntariado entre Outubro de 1892 e Setembro de 1893. Aí praticou medicina e cirurgia, ajudado nas grandes operações pelo seu professor da Universidade de Hong Kong, Dr. James Cantlie, que vinha a Macau expressamente para esse fim.

O jornal Echo Macaense, que publicava um Sumário em chinês no qual Sun Yatsen colaborou, a 19-12-1893 referia: .
Como Sun era formado em Hong Kong e segundo as leis portuguesas ninguém podia em Macau exercer legitimamente medicina sem possuir um diploma português, teve de abdicar da prática dessa profissão.

O Hospital Kiang Wu deixou de prestar assistência médica de carácter ocidental até 1935, quando foi contratado como médico licenciado o doutor Or Lun (Ke Lin, 1900-1991), que nesse mesmo ano obteve a permissão de efectuar cirurgias. Estudara na Universidade Zhongshan de Guangzhou e aí leccionou, atingindo o grau de Professor. Mais tarde passou por Xiamen onde criou um hospital e depois abriu uma farmácia em Hong Kong. Com a função de vir tratar o capitão Ye Ting (herói de Guerra chinês) veio para Macau e um ano mais tarde, em 1936 começou a trabalhar gratuitamente como professor na Escola de Enfermagem e médico no hospital. Em 1940 tornou-se membro da farmácia do Hospital Kiang Wu, conselheiro sobre assuntos de Medicina Ocidental e responsável pelo trabalho da Escola de Enfermagem. Em 1943 tornou-se Director da Escola, superintendente do Hospital e Vice-Presidente da Associação do Hospital Kiang Wu.

Durante o período da Guerra do Pacífico, o Hospital em 1943 acomodou 74.590 doentes e providenciou gratuitamente tratamentos a 89.238. Acolheu e ajudou com tratamentos médicos mais de dois mil refugiados de Hong Kong e em 1945 esses serviços gratuitos cresceram em número chegando a mais de cem mil.

Em 1941, a Associação fundou um asilo para crianças abandonadas, que só em dois anos acomodou e educou mais de 380 crianças refugiadas, tendo fechado em 1946, com o fim da Guerra do Pacífico.

Em 1941, no Hospital deixou-se de praticar Medicina Tradicional Chinesa e só nos finais dos anos 70 do século XX, esta regressou, providenciando actualmente tantos serviços de Medicina Ocidental como da Tradicional.

A sala de operações cirúrgicas, que se pretendeu construir em 1941, só a 20 de Maio de 1945 passou a existir devido às dificuldades nesse período. Em 1946, o Dr. Or Lun como superintendente do Hospital aperfeiçoou a instituição e começou a ensinar e a empreender as regras sanitárias e de saúde pública, conseguindo bons resultados para debelar a cólera, equipando o hospital com novos meios para melhorar as condições.

Em 1979 ascendeu a Presidente Honorário do Directório dos Directores, devido aos 38 anos como Director do Hospital, tendo voluntariamente durante 55 anos ajudado a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu. Foi uma das figuras com maior prestígio de Macau, tanto a nível social, como político e sobretudo profissional.

28 Out 2021

Covid-19 | Descartada ligação entre caso grave e vacinação

As autoridades de saúde determinaram que um caso grave depois de vacinação contra a covid-19 notificado pelo Kiang Wu se tratou de epiglotite necrosante aguda, sem relação com a vacina. “O Grupo de Trabalho de Avaliação concluiu que o evento adverso do paciente não está relacionado com a vacinação e trata-se de um incidente ocasional”, comunicou o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

O utente foi vacinado a 13 de Maio num centro de saúde, com a primeira dose da vacina da BioNTech contra a covid-19, sem registar “desconforto significativo”. No dia 17 de Maio, o homem de 48 anos de idade manifestou dores de garganta. Com as dores a agravarem-se e falta de ar, acabou por recorrer a uma clínica privada na quarta-feira passada, que lhe prescreveu um tratamento anti-infeccioso oral. Horas mais tarde, quando se encontrava em casa, “desenvolveu dificuldades respiratórias, desmaiou e perdeu a consciência, foi transportado por ambulância para o Serviço de Urgência do Hospital Kiang Wu”. Depois de manobras de reanimação, o utente recuperou o batimento cardíaco e foi internado na Unidade de Cuidados Intensivos.

O doente está em estado grave e a receber tratamento, tendo-lhe sido diagnosticada epiglotite necrosante aguda. Na sexta-feira de manhã, o centro de coordenação foi notificado pelo Hospital Kiang Wu de um caso grave após inoculação contra a covid-19. O Grupo de Trabalho de Avaliação de Eventos Adversos após a Inoculação da Vacina contra a Covid-19 analisou a situação e concluiu que o caso não tem ligação à vacina.

“A epiglotite necrosante aguda é causada por infecção bacteriana e não há evidências de que a vacinação aumente o risco de epiglotite necrosante aguda”, indica a nota do centro de coordenação.

24 Mai 2021

Coincidências

[dropcap]N[/dropcap]o ano passado, ou há dois anos, uma menina de quatro anos foi três vezes com gripe ao hospital Kiang Wu. Foi sempre mandada para casa e na última vez ficou internada. Morreu devido a “complicações”. Há uma ou duas semanas, em pleno desenvolvimento da epidemia, uma das vítimas foi uma vez ao hospital público e enviada para casa. Depois, foi mais duas vezes ao Kiang Wu e mandada para casa. Finalmente, apresentou-se no Kiang Wu e pediu para ser internada. O pior confirmou-se e estava infectada.

A culpa? Da mulher, pois está claro, que não tinha dito aos médicos que tinha estado num hospital de Zhuhai. Agora, um grupo de trabalhadores sentindo que estavam a jogar roleta russa com as suas vidas apresentou um rol de queixas, inclusive sobre a falta de máscaras adequadas. Como reage o hospital? Garante que está tudo bem e pede que não se lancem “rumores”, apesar de admitir algumas falhas. E do lado do Governo? O normal.

O Kiang Wu é sempre um assunto tratado com pinças, para não se chatear quem tem poder. Em última análise a culpa é dos trabalhadores por virem a público porque deviam ter falado internamente, mesmo que já o tivessem feito sem resultados. O histórico de coincidências e “azares” acumula-se. No entanto, eu estou descansado e plenamente confiante, porque no dia em que acontecer algo grave que resulte numa ameaça à saúde pública vamos ouvir os responsáveis a dizer que “nada fazia prever” tal desfecho…

11 Fev 2020

Kiang Wu | Enfermeiros denunciam falta de máscaras e pressões

Em carta aberta, um grupo de enfermeiros revela que nem todos os trabalhadores têm direito a máscaras e que os equipamentos de protecção não são adequados. Porém, para a família de um paciente “VIP” a direcção distribuiu as máscaras com o padrão mais elevado de segurança, afirmam

 

[dropcap]U[/dropcap]m grupo de enfermeiros do Hospital Kiang Wu queixa-se da falta de distribuição de máscaras a todos os trabalhadores e ainda dos baixos padrões de protecção dos materiais repartidos na unidade. A revelação foi divulgada na sexta-feira numa carta aberta.

A questão das máscaras é uma das mais focadas no documento com oito pontos, devido ao facto de ao pessoal da linha da frente, assim como a médicos e enfermeiros, não terem sido distribuídas máscaras do tipo de cirurgia. Segundo o documento, apenas houve distribuição de máscaras que protegem de alergias e pós, mas incapazes de impedir transmissão de vírus.

Por outro lado, o grupo queixa-se de que para quem trabalha no departamento das doenças respiratórias nem sequer houve distribuição de máscaras. “Os trabalhadores do departamento de doenças respiratórias não podem pedir equipamentos de protecção, quando lidam com doentes com tosse e expectoração. Em que condições é que a direcção do Hospital Kiang Wu considera que se deve utilizar máscaras?”, é perguntado.

Se, por um lado, aos trabalhadores não são disponibilizadas máscaras com elevado grau de protecção, o mesmo não acontece com as famílias dos pacientes. Segundo o relato constante no documento, toda a família de um paciente definido como “VIP”, que está internado no hospital, recebeu máscaras de cirurgia, ou seja, das que não estão disponíveis para o pessoal da linha da frente.

Outra das questões mencionadas, tem que ver com o isolamento dos trabalhadores que estiveram em contacto com a pessoa que foi confirmada como o oitavo caso do coronavírus de Wuhan em Macau.

Segundo o documento, houve enfermeiros que estiveram em contacto com o infectado e a quem não foram disponibilizados espaços de isolamento. “Além de haver o risco de terem ficado infectados, ainda têm de lidar com a pressão de poder levar o vírus para casa”, é apontado.

Debaixo de fogo

De acordo com a missiva, haverá mesmo trabalhadores que estiveram em contacto com a pessoa infectada e que depois regressaram ao trabalho junto de outras pessoas, sem que tivesse havido cuidado de isolamento.

Por exemplo, um trabalhador terá tido febre alta depois do contacto, mas acabou integrado junto de outros trabalhadores só porque os testes deram negativo à primeira. O grupo de enfermeiros defende que deveria ter havido um isolamento de 14 dias. Finalmente, com o objectivo de impedir as travessias da fronteira de não-residentes e alguns residentes, o Governo pediu às empresas que fossem disponibilizados locais para os trabalhadores em Macau. O Kiang Wu terá acedido ao pedido, mas está a obrigar os seus trabalhadores a pagar 380 yuan por noite.

O Kiang Wu reagiu durante o dia de ontem e reconheceu a “pressão” a que todos os trabalhadores durante a epidemia foram submetidos e prometeu algumas respostas. Contudo, pediu aos trabalhadores que “não criem rumores”.

Quando questionado sobre estas críticas, na conferência de imprensa de sábado, Lei Wai Seng, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário, atacou os trabalhadores e disse que as opiniões deviam ser “construtivas”. O médico que faz parte do centro de prevenção de doenças da RAEM, sustentou ainda que os enfermeiros não deviam ter vindo a público e que deviam ter falado com a administração do hospital, para evitar que as falhas sejam “aproveitadas” por pessoas com “intenção de causar ambiente negativo”.

Não ao privado

“Caso suspeite que está infectado com o coronavírus deve evitar o sector privado por completo, porque este não consegue oferecer um sistema eficaz de isolamento”. É esta a mensagem do grupo de enfermeiros em que se pede para que as pessoas evitem o Hospital Kiang Wu e vão directamente ao Hospital Conde São Januário. “Quando os pacientes precisam de ser transferidos entre hospitais, há um risco acrescido de infecção para bombeiros, pessoal médico e pacientes que não estão infectados”, é sustentado.

10 Fev 2020

Kiang Wu | Enfermeiros denunciam falta de máscaras e pressões

Em carta aberta, um grupo de enfermeiros revela que nem todos os trabalhadores têm direito a máscaras e que os equipamentos de protecção não são adequados. Porém, para a família de um paciente “VIP” a direcção distribuiu as máscaras com o padrão mais elevado de segurança, afirmam

 
[dropcap]U[/dropcap]m grupo de enfermeiros do Hospital Kiang Wu queixa-se da falta de distribuição de máscaras a todos os trabalhadores e ainda dos baixos padrões de protecção dos materiais repartidos na unidade. A revelação foi divulgada na sexta-feira numa carta aberta.
A questão das máscaras é uma das mais focadas no documento com oito pontos, devido ao facto de ao pessoal da linha da frente, assim como a médicos e enfermeiros, não terem sido distribuídas máscaras do tipo de cirurgia. Segundo o documento, apenas houve distribuição de máscaras que protegem de alergias e pós, mas incapazes de impedir transmissão de vírus.
Por outro lado, o grupo queixa-se de que para quem trabalha no departamento das doenças respiratórias nem sequer houve distribuição de máscaras. “Os trabalhadores do departamento de doenças respiratórias não podem pedir equipamentos de protecção, quando lidam com doentes com tosse e expectoração. Em que condições é que a direcção do Hospital Kiang Wu considera que se deve utilizar máscaras?”, é perguntado.
Se, por um lado, aos trabalhadores não são disponibilizadas máscaras com elevado grau de protecção, o mesmo não acontece com as famílias dos pacientes. Segundo o relato constante no documento, toda a família de um paciente definido como “VIP”, que está internado no hospital, recebeu máscaras de cirurgia, ou seja, das que não estão disponíveis para o pessoal da linha da frente.
Outra das questões mencionadas, tem que ver com o isolamento dos trabalhadores que estiveram em contacto com a pessoa que foi confirmada como o oitavo caso do coronavírus de Wuhan em Macau.
Segundo o documento, houve enfermeiros que estiveram em contacto com o infectado e a quem não foram disponibilizados espaços de isolamento. “Além de haver o risco de terem ficado infectados, ainda têm de lidar com a pressão de poder levar o vírus para casa”, é apontado.

Debaixo de fogo

De acordo com a missiva, haverá mesmo trabalhadores que estiveram em contacto com a pessoa infectada e que depois regressaram ao trabalho junto de outras pessoas, sem que tivesse havido cuidado de isolamento.
Por exemplo, um trabalhador terá tido febre alta depois do contacto, mas acabou integrado junto de outros trabalhadores só porque os testes deram negativo à primeira. O grupo de enfermeiros defende que deveria ter havido um isolamento de 14 dias. Finalmente, com o objectivo de impedir as travessias da fronteira de não-residentes e alguns residentes, o Governo pediu às empresas que fossem disponibilizados locais para os trabalhadores em Macau. O Kiang Wu terá acedido ao pedido, mas está a obrigar os seus trabalhadores a pagar 380 yuan por noite.
O Kiang Wu reagiu durante o dia de ontem e reconheceu a “pressão” a que todos os trabalhadores durante a epidemia foram submetidos e prometeu algumas respostas. Contudo, pediu aos trabalhadores que “não criem rumores”.
Quando questionado sobre estas críticas, na conferência de imprensa de sábado, Lei Wai Seng, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário, atacou os trabalhadores e disse que as opiniões deviam ser “construtivas”. O médico que faz parte do centro de prevenção de doenças da RAEM, sustentou ainda que os enfermeiros não deviam ter vindo a público e que deviam ter falado com a administração do hospital, para evitar que as falhas sejam “aproveitadas” por pessoas com “intenção de causar ambiente negativo”.

Não ao privado

“Caso suspeite que está infectado com o coronavírus deve evitar o sector privado por completo, porque este não consegue oferecer um sistema eficaz de isolamento”. É esta a mensagem do grupo de enfermeiros em que se pede para que as pessoas evitem o Hospital Kiang Wu e vão directamente ao Hospital Conde São Januário. “Quando os pacientes precisam de ser transferidos entre hospitais, há um risco acrescido de infecção para bombeiros, pessoal médico e pacientes que não estão infectados”, é sustentado.

10 Fev 2020

Saúde | Renovado programa de apoio a doentes oculares 

[dropcap]D[/dropcap]ecorreu na segunda-feira a cerimónia de renovação do contrato entre o Fundo de Beneficência dos leitores do jornal Ou Mun e a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, destinado à continuação do programa “Ver novamente a luz”, destinado a doentes oculares.

Segundo o Jornal Cidadão, Ho Teng Tat, presidente do Fundo de Beneficência dos leitores do jornal Ou Mun disse que a associação tem colaborado com hospital Kiang Wu desde 1995, tendo sido doados mais de 17 milhões de patacas que já levaram à realização de 2192 cirurgias e concedeu benefícios a 1708 portadores de doenças oculares com dificuldades económicas.

Devido ao aumento dos custos com equipamentos médicos e à inflação, a doação do Fundo este ano é de 1,5 milhões de patacas. A Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu considera que o programa é um bom exemplo da colaboração entre associações e Governo na promoção de desenvolvimento de serviços de saúde.

30 Out 2019

Saúde | Renovado programa de apoio a doentes oculares 

[dropcap]D[/dropcap]ecorreu na segunda-feira a cerimónia de renovação do contrato entre o Fundo de Beneficência dos leitores do jornal Ou Mun e a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, destinado à continuação do programa “Ver novamente a luz”, destinado a doentes oculares.
Segundo o Jornal Cidadão, Ho Teng Tat, presidente do Fundo de Beneficência dos leitores do jornal Ou Mun disse que a associação tem colaborado com hospital Kiang Wu desde 1995, tendo sido doados mais de 17 milhões de patacas que já levaram à realização de 2192 cirurgias e concedeu benefícios a 1708 portadores de doenças oculares com dificuldades económicas.
Devido ao aumento dos custos com equipamentos médicos e à inflação, a doação do Fundo este ano é de 1,5 milhões de patacas. A Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu considera que o programa é um bom exemplo da colaboração entre associações e Governo na promoção de desenvolvimento de serviços de saúde.

30 Out 2019

Kiang Wu | SS não recebem queixa de mulher que alegou negligência

[dropcap]D[/dropcap]urante o dia de ontem foi publicado, durante uma hora, um comentário online de uma mulher, que não se identificava, mas que mostrava documentos médicos, que se queixava de ter sido negligenciada no Hospital Kiang Wu. Alegadamente, a mulher, que estava grávida, teria entrado nas urgências do hospital a sangrar da vagina, mas ter-lhe-á sido recusada a realização de exames médicos.

Como tal, alegou ter ido a outra clínica, onde lhe foi confirmado que tinha tido um aborto espontâneo.

Apesar do comentário, até ontem às 17h45, os Serviços de Saúde de Macau não tinham recebido qualquer queixa, apesar de também terem sido alertados para o caso. “Mesmo após ter acesso ao conteúdo da queixa transmitida online, e em conformidade com as disposições dos artigos 9.º e 10.º da referida lei, nesta fase, os Serviços de Saúde não estão em condições para uma intervenção activa”, afirmaram os SSM ao HM.

“Se a parte interessada suspeitar da existência de negligência médica por parte do prestador de cuidados de saúde, resultante de danos físicos ou mentais, pode requerer, nos termos da lei, à Comissão de Perícia do Erro Médico, o procedimento da perícia, no sentido de verificar se existiu ou não erro médico”, foi acrescentado.

25 Abr 2019

Sarampo | Número de trabalhadores infectados no Kiang Wu sobe para oito

As infecções de sarampo de pessoal médico no Hospital Kiang Wu subiram para oito. Os Serviços de Saúde não dizem nem “sim” nem “não” sobre uma possível investigação à unidade hospitalar ligada à família do Chefe do Executivo

 

[dropcap]O[/dropcap]número de trabalhadores do Hospital Kiang Wu infectados com sarampo disparou para oito, depois de ter sido anunciado que dois enfermeiros e um outro funcionário estão também infectados. A revelação do contágio dos dois enfermeiros foi feita, no domingo, depois das 23h, pelos Serviços de Saúde de Macau, através de comunicado. Entretanto, já ontem, foi anunciado mais um caso de um outro trabalhador infectado, elevando assim para oito o número de ocorrências naquela unidade hospitalar.

A infecção colectiva, como lhe chamou o director dos Serviços de Saúde (SSM), Lei Chin Ion, no domingo, em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, surgiu após o hospital ter recebido um caso importado. O doente inicial recuperou, mas a médica responsável pelo tratamento no Hospital Kiang Wu acabou infectada.

A partir da primeira infecção entre o pessoal da instituição, o número de casos não parou de subir. Segundo as últimas informações, os infectados mais recentes são três trabalhadores com 25, 26 e 29 anos de idade. “Ambos trabalharam na noite de 7 de Março e prestaram serviço na enfermaria onde se encontrava internado um paciente com sarampo importado”, pode ler-se no comunicado de domingo, numa referência aos dois enfermeiros infectados. Uma situação semelhante ocorreu com o caso do outro trabalhador, ontem revelado.

Com estes dois casos, o número de enfermeiros infectados no Kiang Wu subiu para um total de três. A estes juntam-se três médicos, um auxiliar de enfermagem e ainda um outro trabalhador, totalizando assim oito casos.

Ontem, o HM questionou os Serviços de Saúde sobre a possibilidade de se iniciar uma investigação a este caso [de infecção colectiva no hospital] e se estaríamos perante um cenário que mostra a falta de preparação do Kiang Wu para lidar com doenças infecciosas.

No entanto, na resposta, nem uma única vez é abordado o hospital ligado à família do Chefe do Executivo. Não se diz nem “sim” nem “não” à eventualidade de uma investigação. Apenas é explicado que, para os SSM, “as infecções de Sarampo são difíceis de suster devido à elevada contagiosidade do vírus”. Acrescentam ainda que esse alto grau de contagiosidade do vírus “é uma das razões da inevitabilidade das infecções dos profissionais de saúde”.

Saúde não ameaçada

Apesar da “inevitabilidade das infecções dos profissionais de saúde”, é garantido pelos serviços que a saúde pública não está ameaçada. “A taxa de mortalidade infecciosa por sarampo é muito baixa e a sua nocividade não é tão forte como o SARS ou o Síndrome Respiratória do Oriente Médio. Há uma forte possibilidade de ocorrerem mais situações idênticas no futuro. Não há razões para alarme ou para que as pessoas fiquem preocupadas”, é indicado.

Anteriormente, a 20 de Março, quando foi anunciado o primeiro caso na instituição, o chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), Lam Chong, já tinha sido confrontado com a mesma pergunta. Na altura, também não respondeu afirmativamente nem negativamente e limitou-se a dizer que iria haver mais campanhas de promoção. A resposta fornecida ontem pelos SSM seguiu uma linha similar. “Há cada vez mais casos de sarampo importado. Por isso, vamos sensibilizar os médicos das urgências, de clínica geral, internos, entre outros para os cuidados”, afirmou. “São acções que também vão ser feitas nos centros de saúde e hospitais diurnos”, acrescentam os SSM.

Na mesma ocasião foi ainda explicado que 106 pessoas tinham entrado em contacto com a médica e que estavam a ser acompanhadas. À luz desta informação, e depois dos desenvolvimentos, não é de excluir que sejam revelados mais casos nos próximos dias.
Até ontem, estavam registadas em Macau 20 ocorrências de infecções com sarampo. Entre estas, 8 dizem respeito a trabalhadores do Kiang Wu, e outras 3 são referentes a pacientes que frequentaram as instalações do hospital.

26 Mar 2019

Enfermeiros | Governo diz que Kiang Wu não pode interferir na mudança de emprego

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau (SSM) responderam a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou sobre o caso dos enfermeiros do hospital Kiang Wu que receberam um aviso da direcção do hospital para se demitirem, depois de terem mostrado intenção de se candidatar ao concurso de recrutamento para o Centro Hospitalar Conde de São Januário. O caso foi denunciado pelo próprio deputado, que recebeu queixas dos profissionais de saúde.

Na resposta, que inclui uma explicação da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), é dito que o Kiang Wu não tem o direito de interferir no processo de mudança de emprego dos seus trabalhadores.
“A DSAL responde que os residentes de Macau gozam da liberdade de escolha de profissão e de emprego.

Ao mesmo tempo, quer para o empregador, quer para o trabalhador, a subsistência da relação de trabalho depende completamente da sua própria vontade, não devendo estar sujeita a interferência ou coerção de outrem.”

O Governo adianta também que o concurso comum da carreira de enfermagem dos SSM está aberto a todos os residentes permanentes, “que têm liberdade de escolha profissional”.

Os SSM explicaram ainda como funciona o processo de fiscalização dos subsídios atribuídos às instituições privadas de saúde, onde se inclui o hospital Kiang Wu. Existe uma “comissão responsável pela análise do relatório anual das actividades realizadas em conjunto com os documentos comprovativos apresentados pelas instituições financiadas, bem como pela aprovação do plano de actividades a realizar no próximo ano”.

Este processo visa “assegurar que os apoios financeiros possam ser utilizados de acordo com os regulamentos previstos e o nível exigido dos serviços adquiridos de assistência médica possa ser alcançado”, concluem os SSM.

18 Jan 2019

Saúde | Inaugurado centro de procriação medicamente assistida

[dropcap]O[/dropcap] centro de procriação medicamente assistida do Hospital Kiang Wu foi inaugurado no passado sábado. A valência é composta por dez profissionais que, de acordo com o subdirector do hospital, Chan Tai Ip, são suficientes para esta fase, sendo esperado que o centro venha a dar resposta a cerca de mil casos por ano.

De acordo com o Jornal do Cidadão, o mesmo responsável mostrou-se satisfeito com o período experimental de funcionamento do centro que decorreu nos últimos 15 dias de Outubro, tendo recebido 40 casais. O responsável recordou que, segundo as informações de regiões vizinhas, um em cada seis casais tem problemas de fertilidade. Em Macau, Chan estima que existam cerca de setecentos casais nestas circunstâncias, por ano.

Apesar de considerar que a equipa composta por dez pessoas seja suficiente para corresponder à procura local, Chan Tai Ip admite a possibilidade de vir a contratar mais profissionais se as necessidades assim o exigirem.

O serviço de inseminação artificial no centro de procriação medicamente assistida do Hospital Kiang Wu vai custar 70 mil patacas e as expectativas de sucesso rondam os 50 por cento das intervenções, aponta o responsável à mesma fonte.

No entanto, a nova valência não permite fazer o diagnóstico genético de pré-implantação na medida em que ainda não existe um regime para o efeito. Mas, “em casos especiais o hospital vai cooperar com entidades em regiões vizinhas e vai ter em conta a possibilidade de transferência de casos para o exterior”, cita o Jornal do Cidadão.

Em declarações ao Jornal Ou Mun, a deputada Wong Kit Cheng referiu que a entrada em funcionamento do centro de procriação medicamente assistida marca um novo avanço nos serviços de saúde.

5 Nov 2018

Saúde | Centro de procriação medicamente assistida do Kiang Wu em vistoria

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]ommy Lau revelou que o serviço de procriação medicamente assistida do centro hospitalar privado vai estar pronto entre o fim deste ano até ao início de 2019 e que o centro da especialidade se encontra em fase de vistoria.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, Tommy Lau, presidente da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, indicou que a unidade pode entrar em funcionamento após a conclusão dos devidos procedimentos administrativos. Tommy Lau referiu ainda que o hospital vai contratar e formar mais pessoal para responder à perda de recursos humanos e que considera normal a mobilidade de pessoal médico.

O dirigente associativo adiantou que o Kiang Wu está preparado para remediar a escassez de mão-de-obra e que vai providenciar oportunidades de ascensão profissional a trabalhadores do sector médico.

10 Out 2018

Trabalho | Empregada ameaçou saltar do 14.º andar do Hospital Kiang Wu

Uma funcionária de limpeza de 52 anos vai ficar sem contrato de trabalho e terá de regressar ao Interior da China. Por esse motivo, ameaçou saltar do 14.º andar do Hospital Kiang Wu, onde trabalha em regime de subcontratação. Após meia-hora de conversa com as autoridades, a mulher voltou atrás

 

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma empregada de limpeza do Hospital Kiang Wu ameaçou saltar do 14.º andar do edifício por motivos laborais. O incidente requereu a intervenção dos bombeiros e polícia que demoveram a mulher do suicídio após cerca de meia-hora de conversações. O caso aconteceu na manhã de ontem, e na sua origem esteve o facto da empresa de é funcionária – uma companhia de limpeza subcontratada pelo Hospital Kiang Wu – ter dito à mulher de 52 anos que não deseja renovar-lhe o vínculo laboral.

Eram 8h52 quando o Corpo de Bombeiros foi alertado para o facto de uma empregada de limpeza que trabalha no Hospital Kiang Wu ter subido ao 14.º andar com a intenção de saltar para a morte. Após o alerta, Bombeiros e PSP deslocaram-se para o local para evitar o suicídio.

“O incidente envolveu um trabalhadora de 52 anos do Interior da China, que está em Macau como mão-de-obra importada, ou seja com um cartão-azul. Depois de conversar com o bombeiros e polícia, acabou por ir para um lugar seguro, por volta das 9h25”, disse, ao HM, um porta-voz dos bombeiros.

“Ela estava no 14.º andar e queria saltar do edifício. Mas foi ficando por lá, sem saltar, enquanto falava com as autoridades. Durante esse tempo, queixou-se sempre que não estava satisfeita com a situação laboral”, acrescentou a mesma fonte.

Por sua vez, o Corpo da Polícia de Segurança Pública explicou que na origem do desespero da mulher esteve o facto de o seu vínculo laboral estar prestes a não ser renovado pela empresa subcontratada. Uma realidade que faz com que tenha de abandonar o território e regressar ao Interior da China, caso não consiga encontrar uma proposta de trabalho na área para transferir o cartão-azul.

“Na origem da situação esteve o facto da empresa não querer renovar o contrato de trabalho com a mulher”, adiantou fonte da PSP, ao HM. “A mulher desempenhava tarefas de empregada de limpeza no Kiang Wu, mas o contrato é com uma empresa subcontratada”, esclareceu a mesma fonte.

Episódios recentes

Apesar da administração do Kiang Wu não estar directamente envolvida na situação, esta não é a primeira vez que surgem queixas no hospital sobre as relações laborais com a administração.

Ainda em Julho deste ano, o deputado Sulu Sou anunciou ter recebido queixas de que o Hospital Kiang Wu tinha ameaçado com despedimento os enfermeiros que procurassem candidatar-se a vagas de emprego no sector público. Mais tarde, a administração do hospital negou as ameaças, mas admitiu ter pedido aos seus trabalhadores que procuram outros postos para entregarem as cartas de demissão, citando “questões de segurança dos pacientes”.

O Hospital Kiang Wu confessou também, em declarações ao Jornal Ou Mun Iat Pou, que tem perdido muitos enfermeiros nos últimos meses para o sector público. A unidade hospitalar privada é propriedade da família do Chefe do Executivo, Chui Sai On.

5 Set 2018

Caso Kiang Wu poderia ser resolvido com mexidas na lei laboral, dizem deputados e advogado

A lei permite que os trabalhadores possam mudar de emprego, mas o Hospital Kiang Wu exige a apresentação de uma carta de demissão aos enfermeiros que pretendam candidatar-se a um lugar nos Serviços de Saúde. A solução, apesar de difícil, passaria pela imposição clara de regras a este respeito na lei laboral afirmam deputados e o advogado Miguel de Senna Fernandes

 

[dropcap style≠’circle’]“F[/dropcap]ico incrédulo com esta situação”, começou por dizer o advogado Miguel de Senna Fernandes ao HM referindo-se ao apelo feito aos enfermeiros, pela administração do Kiang Wu, para que se demitam antes de concorrer a um emprego na função pública.

Para o advogado, este tipo de limitações colocadas aos funcionários só seriam combatidas através de normas legais especificas para o efeito. “Se houvesse uma previsão legal que proibisse esta situação, o Kiang Wu não poderia recusar-se ao seu incumprimento nem exigir absolutamente nada”, apontou.

Mas, na realidade tal norma não existe e como tal uma solução para esta questão parece distante, essencialmente porque estão em causa questões “de mentalidade e culturais”. “Cada organismo terá as suas regras que interpreta como regras com uma certa deontologia, ou seja, quem trabalha para o Kiang Wu parece que praticamente está a jurar fidelidade perante essa instituição”, disse Senna Fernandes.

No entanto, é uma situação que “vai contra a própria lei até porque as pessoas podem efectivamente concorrer a outros empregos, independentemente do trabalho que têm, e se a lei permite porque é que o Kiang Wu não havia de permitir?”, questionou.

Abuso de poder

O deputado Pereira Coutinho vai mais longe e classifica as exigências do hospital Kiang Wu como “abuso de poder” e uma situação que só pode ser evitada com uma revisão da lei laboral. “Esta situação não se consegue resolver sem que seja alterada a lei laboral”, sublinha. Para Coutinho, a necessidade de ajustar o regime é evidente em casos como este. “A lei permite o despedimento com e sem justa causa e é necessário mudar isto, para que os trabalhadores se sintam mais protegidos”. Para o efeito será necessária uma legislação que contemple a lei sindical e a negociação colectiva. “Se houvesse isto, esta questão estaria rapidamente resolvida porque seriam as associações legalmente instituídas e representantes legítimas dos trabalhadores que podiam entrar em negociações e contactos com a entidade patronal”, justificou ao HM.

Fosso intransponível

Já Agnes Lam reconhece “que proibir e ameaçar as pessoas caso elas se candidatem a outros lugares não é correcto”. “Podemos apenas fazer uma revisão da lei laboral para no futuro proteger os trabalhadores”, apontou ao HM.

No entanto, para a deputada o problema vai além da legislação. “É preciso mais porque olhando para o quadro geral, a longo prazo, o que precisamos de fazer é saber como aproximar as condições dadas aos trabalhadores do Governo àquelas que são dadas aos do sector privado”, apontou.

De acordo com Lam, existe uma discrepância muito grande entre as condições da função pública e no privado. É neste “buraco entre uns e outros que está a origem do problema”.

17 Jul 2018

Kiang Wu | Mais 20% de utentes desde a semana passada

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esde a semana passada, o consultório de serviços urgentes do Hospital Kiang Wu contabilizou diariamente entre os 370 e 500 doentes. Os valores representam um aumento de 10 até 20 por cento, declarou o responsável dos assuntos administrativos médicos do organismo, He Jing Quan, ao Jornal Ou Mun.

Em média, por dia, entram 430 doentes nos serviços pediátricos, o que representa um aumento de 20 por cento. Dos doentes que dão entrada nos serviços hospitalares, de 30 a 35 por cento queixam-se de problemas respiratórios Ainda assim, segundo o director do Hospital Kiang Wu, Ma Hok Cheung, com o aumento aparente da procura de vacina contra a gripe por parte dos cidadãos, o hospital enfrenta ainda uma situação de tensão. A causa, apontou à mesma fonte, tem que ver com o fornecimento das próprias vacinas.

O director referiu ainda que a maioria dos utentes vacinados é composta por empregadas domésticas e trabalhadores da origem continental que não recebem apoios do Governo neste processo. O responsável do hospital estima que tenha ainda 100 doses de vacina contra o vírus da gripe e afirmou que a encomenda de mais 300 doses já foi feita, sendo que espera receber o medicamento durante esta semana.

31 Jan 2018

Menina morre após ter sido mandada para casa duas vezes no Kiang Wu

Uma criança de quatro morreu ontem devido a complicações criadas por uma gripe. Antes de ser internada, a menina tinha ido ao Hospital Kiang Wu duas vezes, sendo enviada para casa. O Governo e a unidade hospitalar garantem que todos os procedimentos da Organização Mundial de Saúde foram cumpridos

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma criança com quatro anos morreu ontem no Hospital Kiang Wu, onde estava em estado crítico desde terça-feira, devido a uma falha renal, originada por complicações causadas por gripe. Apesar da menina ter sido levada ao hospital por duas vezes, antes de ser internada, o governo e a direcção da unidade hospitalar garantem que todos os procedimentos da Organização Mundial de Saúde foram seguidos neste caso.

A criança de quatro anos e três meses, que não tinha sido vacinada contra a gripe sazonal, foi pela primeira vez ao hospital a 19 de Janeiro, com febre e tosse. Nessa altura, fez um teste rápido de despistagem de gripe, que deu negativo, e foi enviada para casa, para descansar e tomar medicação.

Um dia depois, na terça-feira, regressou, com sintomas semelhantes, ou seja com tosse e febre. Nesta segunda visita ao Kiang Wu não lhe foi feito o teste de despistagem da gripe. Porém os médicos reforçaram a medicação da criança e enviaram-na novamente para casa.

“O médico que viu a menina registou os sintomas de febre e tosse, que são frequentes nas crianças. Mas as gripes precisam de tempo para se curarem. Foi prestada toda a atenção necessária pelos médicos, que aumentaram e ajustaram a medicação na segunda consulta” afirmou Li Peng Bin, vice-director do Departamento de Administração Médica do Hospital Kiang Wu, em conferência de imprensa, sobre o facto da menina não ter sido logo internada.

Em relação a não ter sido feito um teste de despistagem de gripe na segunda visita, a explicação foi dada por Kuok Cheong U, director do Centro Hospitalar Conde de São Januário: “Os procedimentos seguidos respeitaram as orientações da Organização Mundial de Saúde. A despistagem também tem limitações, não é 100 por cento eficaz, nem é a despistagem que define o tipo de tratamento a adoptar. É por isso que a OMS não obriga a que seja feita nas suas orientações”, clarificou.

Urgência e morte

Já na terça-feira a vítima foi internada, após ter dado entrada no hospital durante a tarde, com febre baixa e aceleramentos cardíacos. Nesse dia foram feitas análises e um raio-X que mostraram a existência de uma pneumonia, através de uma infecção por pneumococo, e gripe do tipo H3N2. Esta infecção fez com que o estado da criança se agravasse, com o surgimento de vómitos, tosse sangrenta e sinais de hemorragia digestiva, acabando por ser levada para a Unidade dos Cuidados Intensivos, onde foi ligada a um ventilador mecânico.

Na madrugada do dia seguinte, e apesar dos tratamentos com Tamiflu, por volta das três da manhã, a criança desmaiou e alguns órgãos começaram a falhar. Ontem, por volta das 13h00, a vítima acabaria mesmo por morrer devido a uma falha renal associada ao síndrome de hemolítico-urémica. Na origem deste síndrome, que se caracteriza por insuficiência renal, destruição de glóbulos vermelhos e plaquetas, esteve a pneumonia que infectou a vítima devido à gripe.

Também a irmã da vítima, de dois anos, foi diagnosticada com pneumonia, mas está a ser acompanhada pelo Hospital Kiang Wu. A sua condição é estável. À família da vítima foi prestado apoio psicológico, por parte do governo.


Apelo à vacinação

Lam Chong, chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença Serviços de Saúde, apelou ontem aos pais para que vacinem as crianças. Durante a conferência de imprensa de ontem, o responsável revelou que 30 por cento das crianças nos jardins-de-infância e escolas primárias não tinham sido vacinadas e pediu aos pais para vacinem tão depressa quanto possível os seus filhos.

26 Jan 2018