Novo Bairro de Macau | Fracções à venda a partir do próximo ano

Até ao final do ano, as 27 torres residenciais e edifícios escolares do Novo Bairro de Macau em Hengqin vão estar prontos. A Macau Renovação Urbana, S.A. anunciou que as fracções habitacionais serão colocadas à venda em 2023. Dos mais de 4.000 apartamentos, cerca de 80 por cento têm duas assoalhadas

 

O Novo Bairro de Macau está a ganhar contornos concretos e é uma realidade cada vez mais próxima. A Macau Renovação Urbana (MRU) indicou ontem que as primeiras fracções habitacionais vão estar à venda no próximo ano e que o projecto global, com todas as infra-estruturas e equipamentos, deverá estar concluído na segunda metade de 2023.

O complexo urbano é composto por elementos residenciais, educativos e com serviços de saúde e sociais, espalhados por cerca de 620 mil metros quadrados de área bruta localizados no coração da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, a uma distância de 6 minutos de carro do posto fronteiriço da Ilha da Montanha.

A construção das 27 torres residenciais e os edifícios escolares adjacentes deverá ser concluída ainda este ano, de acordo com a MRU. Em termos de tipologia, dos mais de 4.000 apartamentos disponíveis, cerca de 80 por cento têm dois quartos, enquanto os restantes têm três assoalhadas. A MRU indica ainda ter reservados mais de 200 fracções habitacionais para atrair quadros qualificados.

Em termos de enquadramento paisagístico, o Novo Bairro de Macau tem nas “traseiras” a Montanha Xiao e está virado para rio Tianmu, “criando um ambiente residencial em que a natureza é incorporada na cidade”, escreve a empresa de capitais públicos.

As 27 torres de apartamentos têm entre 19 e 26 andares, com um piso típico a ter entre sete ou oito apartamentos.

Elementos extra

Além das áreas habitacionais, o Novo Bairro de Macau foi desenhado a pensar nas comodidades que tornam um local habitável para um residente de Macau. “O projecto vai ter equipamentos e serviços conectados a Macau, como uma creche (com capacidade para 12 turmas), uma escola do ensino básico (com capacidade para 18 turmas), um centro de saúde, um centro com serviços para idosos, e um centro com serviços familiares.

Cerca de 5.000 metros quadrados serão dedicados a zonas comerciais, que podem albergar cerca de 60 estabelecimentos comerciais). Neste domínio, a Macau Renovação Urbana espera que os espaços concedam “oportunidades de negócio e abrindo um vasto leque ofertas de retalho que responda às necessidades diárias dos habitantes”.

Tendo em consideração que o estacionamento é um dos problemas vividos pela população de Macau, o novo bairro vai estar equipado com mais de 4.000 lugares de estacionamento, mais de 3.000 metros quadrados com instalações desportivas e parques de diversão para crianças. Para completar os espaços de recreio, a Macau Renovação Urbano adianta que cerca de 35 por cento da área do projecto é ocupada por zonas verdes.

No total, as autoridades esperam que o Novo Bairro de Macau seja habitado por uma comunidade composta entre 12.000 e 15.000 residentes.

Uns toques lusos

Outro dos trunfos do projecto, elencados pela Macau Renovação Urbana, é a conectividade entre edifício através de “corredores de vento e chuva”, que permitem aos residentes mover-se em segurança entre os prédios, independentemente das condições atmosféricas.

Para que a transição de Macau para Hengqin seja suave, o design dos postes de iluminação, gradeamentos de rua e pavimentação das áreas públicas incorporam elementos estilísticos portugueses e do sul da Europa, como ruas empedradas e calçadas, exportando para a Ilha da Montanha as características de Macau.

Recorde-se que o Novo Bairro de Macau nasceu em 2019 com o acordo para a transferência do usufruto do lote, negociado entre o Executivo da RAEM e o Governo Municipal de Zhuhai. A construção começou em 2021.

7 Out 2022

Hengqin | Ngan Iek Hang preocupado com envelhecimento populacional

O deputado dos Moradores Ngan Iek Hang está preocupado com o impacto demográfico em Macau de uma possível fuga de jovens para a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, e o consequente envelhecimento da população da RAEM.

“Alguns empresários indicaram que se os jovens de Macau saírem em massa para trabalhar e viver na Grande Baía, o envelhecimento da população da RAEM irá intensificar-se e os recursos humanos vão escassear, colocando em causa o desenvolvimento económico a longo-prazo. O Governo está a planear introduzir políticas que promovam o equilíbrio no mercado de trabalho e previnam as consequências do envelhecimento populacional e da falta de mão-de-obra em Macau?”, pergunta o deputado numa interpelação escrita divulgada ontem.

O legislador ligado aos Kaifong recordou ainda que com a inauguração do Novo Bairro de Macau previsto para este ano ainda não existem indicações quanto ao preço das habitações que serão disponibilizadas. Porém, questiona se as fracções serão vendidas a preço de custo de forma a serem acessíveis à bolsa dos residentes de Macau.

Outra preocupação de Ngan Iek Hang, reflecte receios de comerciantes sobre a perspectiva de competição com superfícies estabelecidas numa zona de comercial isenta de impostos a estabelecer na Ilha da Montanha e como essa vantagem pode ser aproveitada por turistas que visitem a região, agravando a crise do comércio em Macau.

26 Set 2022

Hengqin | Aposta em infra-estruturas de ligação são obras prioritárias

As instalações da rede de transportes que liga Macau a Hengqin é a grande aposta das autoridades da zona de cooperação aprofundada. Durante a reunião da comissão de gestão, Ho Iat Seng referiu que o caminho para a diversificação da economia da RAEM está cada vez mais nítido

 

A construção de infra-estruturas que melhorem a ligação entre Macau e a Ilha da Montanha deve ser acelerada. Esta foi uma das conclusões retirada da quarta reunião da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.

Além da reunião de trabalho, uma comitiva do Governo de Macau, liderada pelo Chefe do Executivo e onde se incluíram os secretários para a Segurança, Administração e Justiça e Assuntos Sociais e Cultura, assistiu à cerimónia de conclusão das obras das instalações alfandegárias de controlo fronteiriço da chamada segunda linha.

As infra-estruturas e instalações de apoio são prioridades na lista de tarefas do gabinete de planeamento urbano da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau.

Segundo Cheong Kok Kei, responsável do gabinete de planeamento urbano, a expansão do Metro Ligeiro para Hengqin e a ponte que liga a Universidade de Macau ao Porto de Hengqin são dois grandes projectos incluídos no Plano Director. “Após a conclusão, estes projectos trarão mais comodidade aos residentes de Macau para acederem à zona de cooperação”, indicou o responsável, citado pelo canal Macau da TDM, acrescentando que estas obras são fundamentais para “criar o ambiente próprio” que permuta a instalação de “serviços sociais e administrativas” para os residentes de Macau que trabalhem e vivam na Ilha da Montanha.

Outro importante passo, será a conclusão da construção do posto fronteiriço da Ilha da Montanha, que deverá acontecer até ao final deste ano. Um dos desafios será tornar ágil a passagem fronteiriça de veículos. Para tal, as autoridades de Macau e Guangdong estão a testar a chamada “inspecção conjunta de veículos”, um sistema que tem como objectivo aumentar a comodidade e conveniência na travessia da fronteira.

Quando estiver pronto, o posto fronteiriço terá 30 corredores para entradas e saídas de veículos. Para já, as autoridades vão avaliar a capacidade de passagem da fronteira e fluxo de tráfego para negociar o ajustamento das quotas para veículos de Macau com autorização para entrar em Hengqin.

Caminho a seguir

Durante a reunião da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada, Ho Iat Seng recordou que já passou um ano desde a inauguração das organizações administrativas da Ilha da Montanha, e que o propósito do projecto de integração “ainda está bem nítido na memória”.

Em relação aos progressos feitos na zona de cooperação aprofundada, o Chefe do Executivo sublinhou que Hengqin “conta cada vez mais com elementos e características direccionadas a servir Macau e a caminho de uma diversificação económica cada vez mais nítida”. Progressos conquistados graças à cooperação “frutífera e significativa” verificada ao longo do ano, com Ho Iat Seng a referir que é importante “acelerar a integração de Hengqin e Macau.”

Por seu turno, o governador da província de Guangdong e chefe da Comissão de Gestão, Wang Weizhong, relembrou que desde a criação da Zona de Cooperação Aprofundada, há um ano, as partes de Guangdong e Macau implementaram escrupulosamente as decisões e disposições do Secretário-Geral Xi Jinping e do Comité Central do PCC.

19 Set 2022

Hengqin | Empresas de Macau representam mais de 70% do investimento externo

As empresas da RAEM representam 72 por cento de todo o investimento externo feito em Hengqin, que contempla um total de 971 empresas de fora da China. Os números dizem respeito à fase posterior ao lançamento do plano para a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin

 

Dados estatísticos divulgados pelas autoridades de Hengqin revelam que a RAEM ocupa um importante lugar nos investimentos externos feitos na Ilha da Montanha. Segundo o portal Macau News Agency, as empresas de Macau representam 72 por cento do investimento de fora da China, através de um total de 971 empresas. Os dados dizem respeito ao período que se seguiu ao lançamento do plano da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, em Setembro do ano passado.

No que diz respeito ao investimento acumulado ao longo dos anos, das cerca de 7,800 empresas de fora da China registadas para operar em Hengqin, cerca de dois terços, ou seja, 64 por cento, são de Macau. O referido plano, que visa fomentar a economia de Macau e a integração regional do território, propõe o desenvolvimento de quatro grandes indústrias, nomeadamente nas áreas da investigação em alta tecnologia, medicina tradicional chinesa e negócios relacionados com cultura, turismo, finanças e o sector das convenções e exposições.

Pretende-se também que os residentes de Macau tenham maiores facilidades no acesso ao emprego, dispondo de benefícios fiscais. Os dados estatísticos divulgados pelas autoridades de Hengqin mostram que a maioria dos residentes de Macau em Hengqin tiveram uma redução de impostos na ordem de 70 por cento, enquanto que os incentivos fiscais atribuídos a empresas atingiram 946 milhões de renminbis, ou 1.1 mil milhões de patacas, um crescimento anual de dois dígitos.

A aposta nos jovens

O plano para a Zona de Cooperação Aprofundada prevê ainda que estudantes locais cujos encarregados de educação ou tutores trabalham ou vivem em Hengqin dispõem das mesmas condições no acesso ao ensino e subsídios, podendo apresentar o comprovativo de residência na ilha. As estatísticas mostram que, no passado dia 1 de Setembro,194 estudantes de Macau estavam registados na Zona de Cooperação, um aumento de 66 por cento face a igual período dos últimos anos.

Além disso, os números mostram o apoio à criação, em Julho, de 536 projectos de empreendedorismo, tendo em conta a existência de cinco campus de inovação destinados a jovens de Macau e Hong Kong. Mais de mil profissionais dos sectores da construção, turismo e cuidados médicos conseguiram obter equivalência na sua certificação para trabalhar em Macau e Hengqin.

Desde a criação da Zona de Cooperação, em Setembro de 2021, até ao dia 31 de Agosto deste ano, o volume de turistas e veículos que passaram pelo posto fronteiriço de Hengqin aumentou de um milhão para sete milhões de travessias.

Zona aduaneira a caminho

A zona de Hengqin deverá funcionar como zona aduaneira totalmente autónoma até ao final deste ano. A estratégia vai permitir mais investimento, adiantou o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). Desde 2018, foram apoiados pelo IPIM mais de 700 projectos relacionados com os países de língua portuguesa na China.

O IPIM organizou, nos dias 24 e 31 de Agosto, duas sessões online intituladas “Aproveite Macau, Aproveite as oportunidades dos países de língua portuguesa”, em parceria com associações e câmaras de comércio. Segundo um comunicado do IPIM, foram apresentados “os serviços profissionais de Macau nas áreas das finanças e do Direito, bem como o ambiente comercial” na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.

No total, participaram, no formato online, mais de 100 membros e representantes de associações, câmaras de comércio e empresas dos países de língua portuguesa. “Alguns empresários chineses e pequenas e médias empresas do mundo lusófono manifestaram intenções de se instalarem em Macau ou na Zona de Cooperação Aprofundada e, por isso, trocaram activamente opiniões com os oradores”, aponta o IPIM.

8 Set 2022

Hengqin | Deputados da FAOM exigem mais garantias a direitos de proprietários 

Os deputados Ella Lei e Leong Sun Iok defendem que as autoridades devem assegurar os direitos de quem adquiriu imóveis na Zona de Cooperação Aprofundada, em Hengqin, tendo em conta as inúmeras queixas recebidas. O gabinete de Hengqin diz que os casos estão a ser acompanhados

 

A aquisição de imóveis na Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin tem gerado várias queixas por parte dos residentes, o que leva os deputados Ella Lei e Leong Sun Iok, ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), a exigir que as autoridades de Macau e Hengqin assegurem a protecção dos direitos dos residentes que investem nesta área.

As queixas recebidas levaram uma delegação da FAOM a visitar recentemente o gabinete de gestão dos imóveis comerciais na Zona de Cooperação Aprofundada, em Hengqin. Em comunicado, Ella Lei e Leong Sun Iok explicam que a maior parte das queixas diz respeito ao facto de os imóveis não corresponderem às promessas feitas pelos promotores imobiliários no início do processo de venda. Os deputados recordam que, apesar do gabinete incentivar alguns promotores imobiliários a contactar os proprietários e a terem a iniciativa do pagamento de reembolso, compensação ou outras formas de reconciliação, a verdade é que há processos de compra e venda complicados, com falta de consenso na maior parte dos casos. Neste sentido, os dois deputados alertam para vários casos que estão ainda sem solução.

Zhao Zhenwu, responsável pelo gabinete de gestão dos imóveis comerciais na Zona de Cooperação Aprofundada, respondeu à FAOM que estão a ser acompanhados 35 projectos de edifícios comerciais, tendo negociado e discutido directamente com os promotores. Zhao Zhenwu adiantou à FAOM que tudo será feito para que sejam encontradas soluções, a fim de garantir a conclusão das obras.

“Depois de realizadas as negociações, alguns promotores imobiliários já combinaram soluções com os proprietários, e muitas decorreram com sucesso. Para os projectos que ainda estão pendentes o gabinete vai estudar as soluções possíveis e acompanhar os processos. Em relação às procurações dos proprietários sobre a situação de liquidez dos promotores, o gabinete já criou uma conta bancária de gestão do capital, a fim de reforçar a protecção dos direitos dos proprietários”, adiantou Zhao Zhenwu.

Os alertas aos residentes

Lin Zheng, que acompanhou a delegação da FAOM nesta visita, fez um apelo aos residentes de Macau para que estes conheçam bem a legislação e confirmem todas as licenças antes de adquirirem imóveis no interior da China. O também chefe da estação dos serviços voluntários de Hong Kong e Macau no distrito de Xiangzhou apontou que os residentes de Macau devem também estar atentos aos contratos de compra e venda de imóveis e não estabelecer acordos verbais que não têm o mesmo poder legal.

Em jeito de sugestão, Lin Zheng pede que os residentes consultem as informações sobre compra de imóveis no interior da China disponibilizadas pelo Conselho dos Consumidores, além de estarem atentos aos 15 alertas do gabinete sobre os riscos existentes no processo de compra.

Alguns alertas fazem referência à necessidade de protecção das informações das contas bancárias, aos casos em que os promotores e agentes imobiliários pedem dinheiro extra para despesas diversas ou as situações em que é prometido que o imóvel, adquirido para fins comerciais, possa depois ser usado para fins habitacionais.

5 Set 2022

Hengqin | Vistos de 5 anos para estrangeiros a partir de amanhã

Liu Xianfa, comissário na RAEM do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da China, anunciou ontem que, a partir de amanhã serão emitidos vistos com validade de cinco anos para Hengqin destinados a residentes estrangeiros de Macau, permanentes e não permanentes. A medida é aplicada também a diplomatas, sendo que estes podem pedir um visto de múltiplas entradas com validade de um ano.

Os residentes não permanentes podem pedir o visto consoante a data de validade do BIR. Segundo a TDM – Rádio Macau, também os trabalhadores não-residentes estrangeiros podem pedir um visto de um ano. Já os estrangeiros que estejam em Macau temporariamente para participar em convenções ou exposições na zona de Cooperação em Hengqin poderão requerer um visto múltiplo de entrada válido por três meses.

“Vamos, a partir do dia 1 de Setembro, emitir vistos de cinco anos de múltiplas entradas a estrangeiros que estão em Macau. Os diplomatas que estão em Macau também vão receber um visto de múltiplas entradas de um ano, pelo que não terão de pedir vistos de entrada e saída do Interior da China com frequência”, disse Liu Xianfa no evento Diálogo sobre Transformação do Desenvolvimento Urbano de Macau.

31 Ago 2022

Hengqin | Comissão de gestão discute orçamento e planos de investimento

Durante a terceira reunião da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada, os governos de Macau e Guangdong apreciaram o orçamento e planos de investimento. Foi ainda vincada a aposta no sistema dos “quatro conjuntos” relativos ao comércio, construção, gestão e partilha

 

Realizou-se na sexta-feira na Ilha da Montanha a terceira reunião da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, presidida pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng e o governador da província de Guangdong, Wang Weizhong.

Entre os principais pontos da agenda estiveram a apreciação do relatório de actividades, o orçamento e o plano de investimentos e foi ainda negociado o plano de actividades para a próxima fase.

Segundo o Gabinete de Comunicação Social, Ho Iat Seng sublinhou a necessidade de actuar em conformidade com os objectivos fundadores do projecto de integração. “O Presidente Xi Jinping reiterou, várias vezes, que o propósito inicial da construção de Hengqin é promover a diversificação adequada da economia de Macau”, indicou o Chefe do Executivo. Porém, Ho Iat Seng confessou que “existe ainda uma ligeira discrepância entre a Zona de Cooperação e outras zonas desenvolvidas”.

Quanto a atrair investidores e capitais, os governos das duas regiões reforçaram ser “imprescindível uma perspectiva focada na promoção, considerando Hengqin como um conjunto, baseada nas necessidades de Macau e na escassez verificada em Hengqin”. No capítulo dos recursos humanos, a política é semelhante, com a introdução de quadros qualificados seguindo a compatibilidade das necessidades dos quatro grandes sectores programados para a zona de cooperação.

Ho Iat Seng defendeu ainda o cumprimento rigoroso das exigências previstas no “novo sistema de desenvolvimento baseado nos “quatro conjuntos”, ou seja, o comércio conjunto, construção conjunta, gestão conjunta e partilha conjunta”. O Chefe do Executivo de Macau enalteceu o sistema, realçando-o como “a principal vantagem da zona de cooperação e, por outro lado, uma enorme reforma, sem precedentes, no contexto da política de ‘Um País, Dois Sistemas’”.

Ontem hoje e amanhã

O Chefe do Executivo realçou o trabalho feito na primeira metade de 2022 com a “introdução de benefícios fiscais, designadamente do imposto complementar, destinadas aos contribuintes singulares e às empresas”, para atrair os “quadros qualificados e empresas de excelência de Macau, de dentro e fora do Interior da China”. Até ao fim do ano, Ho Iat Seng indicou que o caminho deverá ser trilhado rumo “à construção de área de cooperação financeira”.

O governador da província de Guangdong, Wang Weizhong, sublinhou que “a construção da Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin constitui uma grande decisão, tomada, planeada e promovida pessoalmente pelo Presidente Xi Jinping”.

Referindo que os trabalhos de construção da zona aprofundada decorrem a “bom ritmo”, Wang Weizhong “afirmou que é indispensável pôr em prática o espírito de abertura e desenvolvimento de Hengqin, proposto pelo Secretário-Geral Xi Jinping”, assim como “promover a diversificação adequada da economia de Macau.”

O dirigente da província de Guangdong destacou a necessidade de apostar nos grandes projectos para “para acelerar a construção das instalações de fiscalização e operações alfandegárias de controlo da ‘segunda linha’”.

Estas infra-estruturas são requisitos para “aproveitar a estação Norte de Hengqin da extensão da linha Cantão-Zhuhai de Intercity Railway e o sistema ferroviário interurbano Cantão-Zhuhai e o Metro Ligeiro de Macau”.
Wang Weizhong sublinhou ainda a necessidade de “promover a coexistência das populações e das mentalidades” de ambos os lados da fronteira, assim como “consolidar a articulação com o ambiente de emprego, os serviços públicos prestados, o sistema de segurança social, as infraestruturas e a internet”.

14 Ago 2022

Hengqin | Trabalhadores com subsídios cortados e sem meio para fazer queixa

A Macau Investimento e Desenvolvimento, empresa de capitais públicos da RAEM que opera na Hengqin, cortou o “subsídio regional” sem qualquer explicação. Os trabalhadores não sabem a quem devem apresentar queixa

 

Vários trabalhadores de Macau do Parque de Medicina Tradicional Chinesa, investimento público da RAEM na Ilha da Montanha, viram um “subsídio regional” de 1.000 renminbis cortado, sem qualquer justificação, e não conseguem fazer queixa. Em causa está o facto de os trabalhadores não quererem ser identificados, e, ao contrário do que acontece em Macau, as autoridades do Interior não investigarem queixas laborais anónimas.

O caso foi revelado por trabalhadores afectados que telefonaram para o programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau. Na sequência, o jornal All About Macau tentou perceber os mecanismos de protecção laboral dos trabalhadores locais empregados em Hengqin, que resultou num pingue pongue entre o secretário da Economia e Finanças e as duas empresas com capitais da RAEM, a Macau Investimento e Desenvolvimento e a Guangdong-Macau Tecnologia da Medicina Tradicional Chinesa Desenvolvimento do Parque Indústria. No final, não foi obtida nenhuma resposta esclarecedora.

Na primeira troca de correspondência, Lei Wai Nong remeteu explicações para a Macau Investimento e Desenvolvimento e para a subsidiária Guangdong-Macau Tecnologia da Medicina Tradicional Chinesa Desenvolvimento do Parque Indústria.

Por sua vez, a Macau Investimento e Desenvolvimento não confirmou a existência de cortes, mas também não desmentiu. A empresa limitou-se a agradecer ao jornal a “a atenção prestada ao parque industrial”, além de afirmar que lida com todos os assuntos “de acordo com as legislações locais”.

Silêncio ensurdecedor

Não é a primeira vez que queixas laborais entre as duas jurisdições causam polémica. Anteriormente, um funcionário da Macau Investimento e Desenvolvimento na Ilha da Montanha apresentou uma queixa na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), depois de lhe ter sido recusado várias vezes um pedido para tirar seis dias seguidos de férias. Contudo, a DSAL recusou a queixa, por entender que o assunto compete às autoridades do Interior.

O All About Macau tentou também apurar os mecanismos laborais que existem no Interior para lidar com disputas que implicam os trabalhadores da RAEM. Esta é uma preocupação crescente, uma vez que cada vez mais o Governo incentiva residentes a procurar emprego no Interior, nomeadamente na Grande Baía.

Contudo, como aconteceu com a questão dos cortes de subsídios, tanto o secretário para a Economia e Finanças como a empresa Macau Investimento e Desenvolvimento ignoraram as perguntas colocadas.

Outra pergunta que Lei Wai Nong e a Macau Investimento e Desenvolvimento também ignoraram foi sobre o número de trabalhadores locais no Parque de Medicina Tradicional Chinesa. No entanto, o jornal indica que o número deverá rondar 10 trabalhadores, com os restantes a serem do Interior.

Cortes de Natal

Segundo os trabalhadores citados pelo All About Macau, a Macau Investimento e Desenvolvimento começou a pagar o “subsídio regional” de 1.000 renminbis aos funcionários de Macau em Agosto do ano passado. Contudo, o pagamento foi suspenso em Dezembro, sem qualquer explicação dada aos trabalhadores. Na sequência, os administradores da empresa foram confrontados, mas o grupo presidido por Lu Hong apenas respondeu que “a redução do salário foi feita de acordo com os procedimentos legais”.

O “subsídio regional” foi criado no ano passado para fazer frente a “uma onda de demissões” de residentes de Macau no parque e também para a empresa cumprir a “responsabilidade social de diversificar a economia” da RAEM.

9 Jun 2022

Reportagem | Em directo de Hengqin

A pandemia, a popularização do comércio online e o panorama laboral de Macau foram os ingredientes principais para o nascimento da Base em Directo Macau & Hengqin. As condições e facilidades oferecidas na Ilha da Montanha foram o tónico essencial para um negócio pioneiro de vendas onlines que apresenta em directo no TikTok produtos, marcas e as características únicas de Macau

 

Quem cresceu na era das televendas irá reconhecer o padrão. Caras bonitas, movimento e produtos fantásticos à distância de um chamada. O velho conceito renasceu na Era das redes sociais e o TikTok é um dos canais preferenciais para vender e anunciar produtos, lojas, negócios e conceitos.

Foi com este espírito pioneiro de modernidade que nasceu a Base em Directo Macau & Hengqin, o equivalente cibernético a uma produtora de conteúdos audiovisuais dedicada ao comércio electrónico. Window Lei, residente de Macau, foi o homem que abriu a “janela” de oportunidade e que fundou no ano passado a produtora que opera hoje a todo o vapor num edifício comercial logo à entrada em Hengqin.

Saindo da retaguarda expectante em que, na óptica de Lei, se encontra a larga maioria dos jovens de Macau, o empresário decidiu assumir o risco e começar um negócio em plena pandemia, ainda para mais numa área nova. “As pessoas em Macau têm medo de arriscar, temem a ousadia de começar algo do zero, não têm espírito pioneiro. Preferem ficar numa posição segura a observar o que se passa”, conta Window Lei.

Entediado pela passividade e ciente dos novos tempos de preponderância da internet, em particular das vendas online através de canais em redes sociais, o tempo para agir tornou-se cada vez mais urgente.

Hoje em dia, a Base em Directo Macau & Hengqin dá trabalho a mais de meia centena de pessoas, entre apresentadores de conteúdos e pessoal técnico de produção. O método de negócio é relativamente simples. Um apresentador enérgico à frente da câmara a mediar uma relação instantânea entre consumidor e o produto.

Através de transmissão em directo no canal de TikTok da empresa, ou da publicação de vídeos previamente gravados, é vendida online, num formato moderno, divertido e informal, uma vasta panóplia de artigos: roupa, produtos de beleza, bebidas como sake e whisky, produtos secos.

São também vendidos serviços, como fotografias de casamento, produtos turísticos, mas também são divulgadas lojas e marcas de Macau através de vídeos que procuram a “viralidade”.

“Temos cerca de 40 apresentadores, cada um com a sua especialidade. Por exemplo, Wonton é o responsável pela divulgação de lojas nossas clientes e a Sosou dedica-se mais a comida vegetariana e à gastronomia de Macau e Zhuhai. Fazemos também curtas-metragens, ou pequenos sketches de comédia para publicitar lojas e restaurantes que queiram apelar à clientela chinesa. Também fazemos pequenos jogos com os espectadores, música ao vivo, dança ou partilha de histórias.

Montanha vizinha

A localização não foi uma questão que tenha tirado o sono a Window Lei. Aliás, o tempo que demora a chegar ao trabalho, localizado perto do posto fronteiriço da Ilha da Montanha, não se compara ao tormento diário vivido no trânsito de Macau. “Hengqin fica logo aqui ao lado. Para quem tem matrícula para entrar em Hengqin, como eu, é muito mais rápido do que os normais percursos entre a Taipa e Península de Macau. Só preciso de 10 a 15 minutos”, conta o empresário.

Niki Cheong, uma das apresentadoras que usa a base, dá conta da fluidez e conveniência da localização dos estúdios. “Sinto-me em casa. O ambiente de trabalho em Hengqin é melhor do que em Macau. Atravessar a fronteira não implica qualquer drama, é um processo rápido e conveniente, e acaba por ser mais rápido do que ir trabalhar para a Península de Macau”, confessa.

Além da proximidade e da aliciante perspectiva de penetrar no imenso mercado nacional, as condições oferecidas do outro lado da fronteira foram demasiado tentadoras para Window Lei resistir.

“Hengqin acrescenta dimensão a Macau, tem terra, espaço para crescer. A nossa base também precisa de muito espaço, para conseguirmos operar tantas salas de transmissão. Nunca iria encontrar em Macau um local que me oferecesse estas condições por uma renda tão pequena”, conta.

Uma questão que começou por preocupar Lei, e que se revelou uma surpresa, foi a facilidade no recrutaento de quadros qualificados em Macau. Nesse aspecto, as políticas de apoio e incentivo ao empreendedorismo do Governo de Hengqin foram uma alavanca fundamental. Mas, a ideia de que seria muito mais fácil recrutar apresentadores do Interior, onde o comércio electrónico através das redes sociais é um fenómeno bastante disseminado, foi derrotada pela realidade. “Acabámos por contar com cerca de 30 apresentadores de Macau, mais ou menos três quartos do pessoal recrutado. Quando começámos, não pensei sequer atingir metade das vagas”, revela ainda surpreendido.

A tempestade perfeita

Apesar de também recrutar apresentadores de Zhuhai, Foshan e de outros locais dentro da Grande Baía, esses não chegam à uma dezena. Window Lei interpreta o grande interesse demonstrado pelos jovens de Macau neste tipo de negócio precisamente por ser uma novidade, mas, també devido ao panorama económico nascido da pandemia.

“O desemprego em Macau passou a ser uma preocupação, um problema social. De repente, profissionais que trabalhavam em casinos, ou em relações públicas em salas de jogo VIP, perderam o emprego. Estas pessoas estavam habituadas à qualidade de vida que essa indústria lhes proporcionava. O comércio online pode ser uma saída.”

Entre os apresentadores que trabalham na base, há quem tenha remunerações entre 30 mil e 40 mil renminbis por mês. Normalmente, os salários base situam-se entre 8 mil e 10 mil renminbis, “mas se forem trabalhadores dedicados, ultrapassam estes valores iniciais muito facilmente”. “Que trabalhos em Macau podem oferecer estes salários?”, questiona Window Lei.

Na base de transmissões, o tamanho do ordenado depende das horas de trabalho, mas a dedicação é um derradeiro critério para atingir o sucesso. Niki Cheong é a prova viva desse princípio. Durante os tempos de universidade, a residente de Macau de 38 anos, trabalhou como modelo e apresentadora, sempre como free-lancer. Nos últimos quatro anos passou a trabalhar como apresentadora de produtos.

Hoje em dia, as suas áreas de especialidade são convenções, feiras comerciais, exposições, actividades organizadas por casinos e pelo Governo. Neste domínio, a pandemia representou uma oportunidade para Niki Cheong. “Nos últimos anos, devido ao combate à pandemia, estes eventos passaram essencialmente para o online. Então, tenho feito muitas horas de transmissão de vendas online, e promoção de produtos e marcas, em especial na Feira de Produtos de Marca da Província de Guangdong e na Feira Internacional de Macau”, revela.

Durante estes eventos, Niki faz transmissões em directo, quebrando a barreira física imposta pelas restrições sanitárias. “Como as pessoas não conseguem participar fisicamente nas feiras e convenções, não podem experimentar os produtos, nem comprá-los no local, eu faço a ponte entre a procura e a oferta, através da cooperação com plataformas de comércio electrónico (como a Hello Macau). Vendo de tudo um pouco. Frutas, marisco, brinquedos, roupa. Durante os dias de Ano Novo Chinês deste ano, acumulei vendas que chegaram aos seis dígitos de facturação. Foi um excelente resultado, consegui vender mais de 500 unidades de um produto.”

Vestir a camisola

Antes de se dedicar às vendas através de plataformas online, Niki Cheong acumulou experiência na área do entretenimento também no mundo cibernético para empresas de Hong Kong e Taiwan, através de aplicações como a UpLive. Esta aplicação permite a transmissão em directo de vídeos filmados com o telefone. O sofware é particularmente apropriado para as vendas online, uma vez que vem munido de um protocolo único blockchain que permite aos utilizadores a possibilidade de enviar presentes virtuais aos criadores de conteúdos, que depois podem ser trocados por dinheiro.

Enquanto não está em directo, Niki divide-se em múltiplas tarefas invisíveis aos consumidores, com muitas horas de produção e preparação. “Por exemplo, quando trabalhava na Hello Macau e tinha uma transmissão próxima, esses directos duravam perto de três horas, normalmente entre as 19h e as 22h”, o horário nobre para os programas de comércio electrónico. “Geralmente, precisamos de chegar ao local à tarde, ou seja, por volta das 15h, para termos tempo de preparação. Dessa forma podemos fazer um vídeo para pré-visualização, uma espécie de teaser, um aperitivo que apresentasse a transmissão que iríamos fazer mais tarde. Lá para as 18h, começávamos a preparar a sala, ou espaço, para fazer o streaming, com a disposição correcta dos produtos e a organização da ordem a seguir durante a transmissão, revela a apresentadora.

No fim das transmissões, o costume ditava a revisão do que fora transmitido, o que em termos práticos significa sair do trabalho por volta da meia-noite, um horário laboral bem diferente do padrão das 09h às 17h.

Por outro lado, os apresentadores a tempo interno, podem trabalhar toda a semana, ou seja, da segunda-feira a domingo, revela Niki Cheong.

O tempo é agora

Como tudo na vida, o timming é determinante para o sucesso de negócios que se lançam à aventura em sectores empresariais novos. Window Lei tem essa noção. “Se não aprendermos depressa e bem, facilmente seremos substituídos por alguém com um melhor produto, melhor apresentação”, indica. Com o advento do 5G, aliado à popularizão dos meios de pagamento através do telefone e à pandemia que “formatou” o consumo para o comércio electrónico, esta é a Era ideal para este tipo de plataformas de vendas online.

“Este sector poderá ser a tendência dominante no mundo do comércio na nova época que começou quase sem darmos conta. Por isso, trouxemos para Macau um pouco desta indústria que tem estado em franco desenvolvimento no Interior”, contextualiza Window Lei.

Minhotas à moda de Cantão

Um dos trunfos em termos de diversidade que Macau apresenta no contexto nacional e da Grande Baía é a presença da cultura portuguesa no território. Imaginário que é convertido em renminbis.

Apesar de não serem vendidos produtos lusos, a presença de apresentadoras trajando roupas tradicionais enquanto vendem sake ou durante vídeos promocionais a restaurantes de gastronomia cantonense tornou-se numa imagem de marca diferente de tudo o que se vê nas redes sociais chinesas.

Niki Cheong conhece bem os lenços e saias rodadas dos trajes típicos portugueses e destaca a forma como o colorido “exotismo” luso capta a atenção dos consumidores. “As pessoas ficam muito curiosas quando aparecemos trajadas de minhotas. Depois explicamos que são roupas tradicionais de Portugal, que reflectem e se adequam aos diferentes períodos de produção agrícola”, conta. Para muitos, esta é a porta de entrada para a cultura portuguesa e para as características únicas de Macau.

“Seria óptimo se pudessemos exportar a cultura portuguesa a partir de Hengqin para o mercado da Grande Baía. Queremos mostrar ao público do Interior da China que Macau é um lugar muito especial onde se pode sentir a cultura portuguesa”, explica a apresentadora.

No próximo mês de Julho, a Next Vila, um espaço relvado com esplanada e café que pertence ao universo da Base em Directo Macau & Hengqin, será palco de um dia dedicado a esta visão do que é a cultura portuguesa. Serão disponibilizados trajes típicos, o vira minhota irá convidar à dança e serão vendidos galos de Barcelos.

Este tipo de actividades insere-se perfeitamente numa tendência crescente que leva turistas chineses a fazerem sessões de fotografia usando trajes típicos da região onde se encontram. Algo bastante popular no Interior da China.

“As clientes querem vestir o que é típico, o que representa a cultura. A ideia surgiu porque Macau é uma cidade sino-portuguesa, mas não tem lugares para arrendar os trajes, por isso entrámos em contacto com alfaiates portugueses que fizeram estes trajes”, revela a apresentadora.

As super-estrelas do e-comércio

O mercado chinês do comércio online e dos streamers que vendem produtos tem dimensões que ultrapassam muitos PIBs de alguns países desenvolvidos. Assim sendo, é natural que alguns apresentadores cheguem a um estatuto de celebridade e fama que lhe vale milhões.

Viya é uma das streamers mais populares, uma celebridade que caiu em desgraça depois de lhe ser aplicada uma multa equivalente a 210 milhões de dólares norte-americanos por evasão fiscal. O absurdo valor da multa é revelador do total património daquela que é conhecida como a rainha das transmissões em directo no TikTok.

Com apenas 34 anos, Viya, cujo nome verdadeiro é Huang Wei, atingiu o estatuto de bilionária, com os meios de comunicação chineses a avaliar o seu património líquido em mais de 1,25 mil milhões de dólares, o que a colocou entre as 500 personalidades mais ricas da China.

Com mais de 100 milhões de seguidores nas redes sociais, Viya é conhecida como a cara da indústria do comércio online, vendendo praticamente tudo na sua plataforma, incluindo cosméticos, electrodomésticos, alimentos, vestuário, casas e carros.

Em Abril de 2020, a celebridade vendeu a oportunidade de particpar no lançamento de um foguete comercial, experiência que foi comprada por 5,6 milhões de dólares.

Durante o recente festival de compras do Dia dos Solteiros na China, Viya terá vendido produtos no valor total de 8,5 mil milhões de yuan.

Depois do escândalo de fuga aos impostos, a streamer desapareceu apesar de ter pedido publicamente desculpas pelo sucedido. Ainda assim, as suas plataformas online, incluindo a ligação livestream no Taobao e a sua conta Weibo, foram removidas.

Monarca dos cosméticos

Austin Li Jiaqi, conhecido na China como o “Rei dos Batons”, ganhou a alcunha depois de experimentar 380 batons durante uma transmissão em directo que durou sete horas. No mundo das celebridades do comércio online, Li Jiaqi é o maior rival de Viya, com 40 milhões de seguidores no TikTok. O seu slogan, “Oh meu Deus, compra!” tornou-se num chavão repetido vezes sem conta, aplicado às mais variadas circunstâncias.

Antes de emergir como uma das maiores estrelas chinesas da especialidade, Li trabalhou como consultor de beleza numa loja L’Oreal na cidade de Nanchang.

Durante o recente evento de compras do Dia dos Solteiros de Alibaba 2021, Li terá vendido no primeiro dia uma quantia espantosa de 1,9 mil milhões de dólares em mercadorias, contando com 250 milhões de espectadores na sua transmissão em directo.

20 Mai 2022

Hengqin | Medicina Tradicional Chinesa com área de 1,4 milhões de metros quadrados para crescer

O “Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong–Macau” está em franco crescimento. Com uma área de desenvolvimento de 1,4 milhões de metros quadrados, o Parque acolhe já mais de 200 empresas e foi responsável pelo registo em Moçambique de nove produtos. Na União Europeia, o registo de medicamentos fitoterápicos é já uma realidade. Políticas de circulação na Ilha da Montanha e articulação de sistemas legais em estudo

Estabelecido em Abril de 2011 em Hengqin, o “Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong–Macau” (Parque) assume-se como o primeiro projecto ao abrigo do Acordo-Quadro de Cooperação entre as duas regiões e tem vindo a dar passos largos no desenvolvimento, industrialização e internacionalização da Medicina Tradicional Chinesa (MTC).

A prová-lo está o facto de o Parque contar já com uma área de ocupação de 500 mil metros quadrados e uma área de desenvolvimento projectada de 1,4 milhões de metros quadrados, incluindo, desde 2018, uma zona de incubação que acolhe 216 empresas, sendo que destas, 54 são de Macau.

Para além de medicina tradicional chinesa propriamente dita, as empresas do Parque concentram-se também no desenvolvimento de outros produtos de saúde, equipamentos e serviços médicos e biomedicina. Entre as empresas instaladas, destaque para a Guangzhou Pharmaceutical Holdings Limited (GPHL), o Instituto de Investigação em Ciência e Tecnologia da Universidade de Macau em Zhuhai, a Zhuhai Sanmed Biotech, o Intertek Group Plc, a iCarbonX, o Increase Instituto de Investigação de Produtos Farmacêuticos (Hengqin), a Honest Medical China e a Guangdong Authenmole Biotech.

Durante uma visita a Hengqin organizada pelo Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM no final de 2021, foi possível conhecer de perto a história e o funcionamento da Guangdong Authenmole Biotech. Detentora de dezenas de patentes a nível nacional e internacional, a instituição tem um centro de pesquisa e uma fábrica na Ilha da Montanha destinados à criação de produtos de medicina tradicional chinesa soluvéis e não só, distribuídos por cinco categorias e feitos a partir de ervas medicinais, frutos, vegetais, fungos e outros componentes naturais e livres de pesticidas.

Na fábrica, dois funcionários prescrutam minuciosamente toda a operação através de enormes ecrãs, dado que a produção prescinde de qualquer intervenção humana. Para materializar o fabrico do fármacos é utilizada uma tecnologia apelidada de PLEESIT (Tecnologia de Extracção Vegetal a Baixas Temperaturas e Integração de Separação Eficiente, na sigla inglesa), que consiste na extracção, a baixas temperaturas, de ingredientes activos das matérias primas naturais e na remoção de substâncias químicas como pesticidas. O processo é totalmente automatizado, e processado diariamente no parque de medicina tradicional chinesa de Hengqin.

Com o objectivo de incentivar a aplicação e transformação de produtos de MTC, o parque integra ainda três projectos destinados ao desenvolvimento da chamada indústria do “Big Health”. São eles, o Ruilian (Hengqin) Wellness Resort, o Museu de Tecnologia e Criatividade de Medicina Tradicional Chinesa e a Rua Temática da Cultura de Medicina Tradicional Chinesa “Olá Lótus”.

Abrir horizontes

De forma a aproveitar as suas vantagens enquanto “janela internacional” da indústria e cultura da MTC sob a Iniciativa “Faixa e Rota” e concretizar o desígnio de se estabelecer como base internacional de controlo de qualidade da medicina chinesa, quando estiver plenamente desenvolvido, o Parque promete vir a ter todas as ferramentas necessárias ao seu dispôr.

Isto, quando engloba, segundo uma nota oficial, “toda a cadeia integrada, desde a produção das Boas Práticas de Fabrico (BPF) em Escala-Piloto, a investigação e desenvolvimento (I&D), a inspecção, até às bases de incubação vocacionadas para a indústria”, atendendo, todas elas, às normas de certificação do Interior da China e da União Europeia.

Baseando-se no papel de Macau enquanto Plataforma Sino-Lusófona, o Parque tem apostado no desenvolvimento de actividades relacionadas com o registo internacional, o comércio de importação e exportação e ainda, a formação de talentos. A juntar à inauguração do Centro de Cooperação e Intercâmbio Internacional, concretizada em 2015, o objectivo passa por aprofundar a cooperação com países e regiões ligados aos Países de Língua Portuguesa e aprofundar contactos comerciais associados aos mercados da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), de África e da União Europeia.

Até hoje o parque de medicina chinesa de Hengqin concluiu, com êxito, o processo de registo em Moçambique de nove produtos de um total de seis empresas do Interior da China e de Macau. Quanto à União Europeia, de sublinhar que foi concluído o registo de medicamentos fitoterápicos, o que os tornou na primeira variedade de medicamentos tradicionais chineses a ser comercializada, em países europeus como a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, o Luxemburgo e outros.

22 Abr 2022

BNU | Chineses continuam interessados nos mercados lusófonos

Apesar do impacto da covid-19, os investidores chineses continuam interessados nos países de língua portuguesa, disse o diretor-geral da sucursal do Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Hengqin.

Baal Loi disse à Lusa que, devido às restrições de entrada impostas, tanto em Macau como na China, para controlar a pandemia, os projetos pensados para a ilha “não estão a avançar tão depressa como antes”.

Mas os empresários chineses “continuam a procurar contactos com empresas dos países de língua portuguesa para pelo menos estabelecer novos negócios”, disse o executivo bancário.

Loi acredita que a pandemia trouxe novas oportunidades para Macau, nomeadamente devido ao confinamento imposto para controlar surtos de covid-19 na vizinha região de Hong Kong, um dos principais centros financeiros da China.

“Vemos algumas mudanças. Há cada vez mais empresas a estudar como usar Macau e Hengqin como plataforma, em vez de Hong Kong e Shenzhen”, revelou.

O diretor-geral da sucursal do BNU em Hengqin acredita que o interesse pela ilha deverá crescer quando for divulgado o plano detalhado de desenvolvimento da zona económica especial e quando for removida a fronteira com Macau. “Acredito que provavelmente depois de junho vamos ter novidades quanto a isso”, acrescentou.

O BNU em Macau, que faz parte do grupo Caixa Geral de Depósitos, registou um lucro de 447,4 milhões de patacas em 2021, mais 6,4% do que em 2020. Nos primeiros nove meses de 2021, a sucursal do banco em Hengqin registou um aumento na margem financeira de 76,5%.

Baal Loi disse que os resultados para todo o ano de 2021 ainda estão a ser contabilizados, mas admitiu que o volume de negócios sofreu “uma pequena desaceleração”. O executivo falou à Lusa após uma palestra sobre o desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, na Universidade de Macau.

Durante a palestra, Loi disse que o futuro de Macau como plataforma comercial entre a China e os países de língua portuguesa “deve ser muito bom, desde que as pessoas o queiram, porque a infraestrutura já lá está”.

O responsável defendeu que, na última década, o nível de vida elevado e o rápido crescimento da região não encorajou os habitantes de Macau a procurarem novos negócios além do jogo, o setor dominante da economia local.

Em março, o diretor executivo do BNU, Sam Tou, disse à Lusa que o banco quer ter uma maior presença na região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e está a ponderar abrir uma nova agência em Guangzhou ou Shenzhen.

14 Abr 2022

Economia | Ho diz que situação é “basicamente estável”, apesar de incertezas

O Chefe do Executivo considera que perante as “incertezas” económicas, a competitividade global da RAEM precisa de um reforço. Segundo Ho, num ano “crucial”, é “imperativo” que Macau tire partido de Hengqin, aposte nas indústrias emergentes e que o Governo conclua a nova lei do jogo para promover o chamado “Turismo+”

 

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, considera que, apesar das incertezas existentes em torno das perspectivas económicas, a situação de Macau é “basicamente estável” e que há sinais de “recuperação e desenvolvimento”.

Por isso, apontou perante o Conselho para o Desenvolvimento Económico, a dinâmica de desenvolvimento e a competitividade de Macau precisam de ser “reforçadas” e a pandemia enfrentada de forma “activa” e prudente.

“A situação socioeconómica actual é basicamente estável e a economia local apresenta gradualmente sinais de recuperação e desenvolvimento”, começou por dizer durante o discurso proferido ontem.

“No entanto, as perspectivas económicas permanecem rodeadas de incertezas associadas à inconstância da situação epidémica nas regiões adjacentes, pelo que devemos continuar a enfrentar activa e prudentemente a epidemia”, acrescentou.

Num ano que considera “crucial” para Macau, Ho Iat Seng reiterou ser essencial que o território aproveite as oportunidades do desenvolvimento nacional, seja capaz de implementar as medidas definidas no “2.o Plano Quinquenal” e aposte na construção da zona de cooperação de Hengqin, sem perder de vista a diversificação da economia local.

Contudo, para que isso seja realidade, o Chefe do Executivo considera que “a dinâmica de desenvolvimento e a competitividade global da economia de Macau necessitam de ser reforçadas”. Quanto à receita para o sucesso, esta deverá incluir a revisão da nova lei do jogo, o aperfeiçoamento das “indústrias tradicionais” e a maior integração entre o turismo e outros sectores como o desporto, a cultura, o comércio electrónico e a saúde.

“Devemos consolidar e aperfeiçoar as indústrias tradicionais e, de acordo com o objectivo da construção de um centro mundial de turismo e lazer, devemos promover a revisão do ‘regime jurídico da exploração de jogos de fortuna ou azar em casino’, aprofundar a integração intersectorial do ‘Turismo +’ e intensificar a integração entre a indústria do turismo e as indústrias conexas tais como convenções e exposições, big health, desportiva, comércio electrónico e as indústrias cultural e criativa”, sublinhou.

Aproveitar a maré

Para Ho Iat Seng, Macau deve ser ainda capaz de promover “proactivamente” outros sectores emergentes como a medicina tradicional chinesa, a indústria financeira moderna e da tecnologia de ponta. Segundo o Chefe do Executivo, para tal, é “imperioso” aproveitar “plenamente” o posicionamento estratégico de Macau no projecto de cooperação em Hengqin.

“Devemos impulsionar de forma pragmática a construção da Zona de Cooperação Aprofundada, potenciar as vantagens singulares de Macau, reforçar constantemente o papel de Macau na ‘dupla circulação’ económica do país e melhorar a integração na conjuntura do desenvolvimento nacional”, referiu.

15 Mar 2022

Sheyla Zandonai, antropóloga e autora do livro “The City in Review”: “Todos os caminhos apontam para Hengqin ”

A residir no território desde 2008, a antropóloga e professora universitária Sheyla Zandonai prepara-se para lançar, em Abril, um livro que reúne os artigos de opinião que publicou no antigo jornal Business Daily e no portal Macau News Agency. Editado pelo Instituto Internacional de Macau, “The City in Review – Episodes of hope and not so in Macau” contém posições sobre urbanismo, transportes públicos, jogo ou a protecção do património e pretende ser “um registo da memória recente” de um território em permanente mudança

 

Este livro é uma compilação das suas crónicas, mas desde então Macau tem mudado muito rapidamente. Olhando para os textos em perspectiva, como vê a evolução do território a nível sócio-económico?

A nível sócio-económico, provavelmente por causa da pandemia, mudou completamente a situação das contas públicas, a situação individual, com pessoas a perderem o emprego ou a trabalhar a tempo parcial para não serem despedidas. Há menos dinheiro, menos impostos do jogo e o Governo teve de ter uma certa cautela, apesar da reserva. A situação não vai voltar ao que era porque ocorreu uma grande mudança no sector do jogo. Penso que a pandemia é o grande factor disruptor do funcionamento da sociedade.

Em relação ao passado.

Sim, e em relação há uns bons anos sem dúvida, pois mudou a maneira de viver em Macau, há menos liberdade de movimento. Houve adaptações no mercado de trabalho e tem acontecido nos últimos meses algumas pessoas, do meio não chinês, acabarem por deixar a cidade. É uma mudança lenta [face à pandemia], e as pessoas passam por uma fase de frustração ou acabam por sair. Mas voltando ao livro, ele está organizado por temas, e há alguns que ainda são relevantes, ou que contêm questões que não foram resolvidas e continuam em debate. Há outras questões que já tiveram desenvolvimentos ou respostas do Governo.

Um dos capítulos é sobre o desenvolvimento urbanístico, e finalmente Macau tem um plano director. Esse é um ponto positivo, por exemplo?

Da perspectiva do Governo, que sempre quis apresentar um plano director, sem dúvida que é uma conquista, e também para a sociedade no geral. Houve ataques ao tecido urbano de Macau que aconteciam porque faltava um plano, por exemplo. Em relação à protecção do património, sabemos que em Macau houve edifícios que foram destruídos, mesmo estando numa zona que deveria estar protegida. Há outros elementos envolvidos e não basta haver uma lei. Penso muito no Instituto Cultural, cujas opiniões devem ser seguidas e muitas vezes isso não aconteceu na prática. Falo do caso do Farol da Guia, é o exemplo mais emblemático do embate com o desenvolvimento urbano.

O facto de as pessoas estarem a sair de Macau vai mudar o tecido social, composto por várias comunidades? Isso vai alterar o funcionamento da sociedade?

Há uma mudança nesse tecido humano. Nos últimos anos, e até antes da pandemia, já era possível notar, em termos das práticas adoptadas, uma vontade do poder de dar mais projecção ao residente chinês de Macau. Existem muitas instituições locais que recrutaram mais chineses, na área do ensino, por exemplo. O que acontece, desde que o Governo fechou a porta à contratação de mão-de-obra estrangeira, é que todas as empresas, no sector dos negócios ou do ensino, só podem contratar mão-de-obra da China ou de Hong Kong. Se, por exemplo, uma universidade abre uma vaga para professor, parece uma porta aberta para recrutar em todo o mundo, mas na prática não podem trazer ninguém que não seja dessas duas zonas, ou que já esteja em Macau. Isso tem criado problemas às instituições que não conseguem recrutar pessoal e obriga a que os professores tenham de dar horas de aulas além do que deveriam para cobrir as faltas. Muitos colegas também se foram embora. Será mais problemático em departamentos que precisam mesmo de mão-de-obra estrangeira, como os de línguas, por exemplo. Existe também o grupo dos filipinos que foi o primeiro a sofrer um golpe que mudou bastante a maneira como viam Macau, como um local de trabalho. Muitos blue card ficaram mesmo sem possibilidade de voltar. São exemplos que mostram existir uma mudança nesse tecido. Não tenho números e provavelmente os novos Censos vão ter números interessantes de observar. Se haverá uma alteração profunda, penso que no que toca à existência de comunidades estrangeiras, sim. Mas é sempre bom lembrar que a comunidade chinesa é maioritária, mas há menos vozes de diversidade, embora Macau tenha uma história de multiculturalidade. Sem dúvida que há um impacto da política adoptada para lidar com a pandemia. Este livro funciona um pouco como um registo da memória recente de Macau que terá algum valor académico, porque são artigos que contam factos.

Publicou há uns anos um estudo sobre “Macau governada pelas suas gentes”, em que concluía que este conceito foi desenvolvido por Pequim. Até que ponto ainda tem espaço para existir no contexto da integração regional?

Existe essa divisão entre o chinês que é de Macau e o que vem do continente. Mas existem critérios que definem o que é uma pessoa de Macau, e isso está até estabelecido pela Lei Básica. Há membros do Governo que são residentes de Macau mas que vêm da China e começaram aqui a carreira como funcionários públicos. É um trabalho que tem sido feito desde a transição e estas pessoas já são consideradas de Macau. Esse é um fenómeno histórico em Macau, que é o facto de o chinês do continente se ter tornado num futuro residente.

O sector do jogo está numa fase de mudança e o Governo tem uma estratégia de redução do peso dos casinos na economia. Até que ponto isso vai mudar o panorama sócio-económico de Macau?

A tendência é que Macau venha a ter uma reputação mais positiva. O jogo é ainda visto, e não apenas pela China, como uma actividade quase sórdida, com um cunho negativo. A maior mudança, em termos da estrutura do jogo, como ele tem operado desde a época do Stanley Ho, é no sector dos junkets. O jogo VIP vai sofrer, inevitavelmente, porque o grande controlo agora é feito no fluxo de capitais. Penso que a ideia é transformar o jogo, ou os casinos, em lugares de lazer e entretenimento, com maior investimento nas artes. Isso é o que tem sido feito e não é uma mudança repentina. O facto de os junkets terem sido presos foi um pouco surpreendente, mas a China já tinha enviado alguns sinais. As empresas querem manter-se no mercado, e o jogo ainda vai continuar a ser a principal actividade económica durante uns anos, mas todos os caminhos apontam para Hengqin. Esta vai ser a alternativa ao jogo, porque na cidade em si nada mais tem um volume tão relevante. Talvez nos tornemos numa sociedade mais saudável, porque, em vários aspectos, o jogo provoca distúrbios nas famílias, com as pessoas a trabalharem à noite e por turnos, por exemplo. Mas é preciso que haja emprego, por isso os casinos ainda se vão manter.

É preciso um período de transição para que a economia se foque nas PME e na investigação.

Há inúmeras áreas em Macau que podem ser desenvolvidas, como o ensino de línguas. Macau tem um pouco essa relevância devido ao seu papel de plataforma, embora a China também tenha apostado no ensino de línguas e de tradutores. As startups são relevantes, mas não podemos esquecer que Shenzhen está aqui ao lado e a competição é enorme. Mas existem nichos e oportunidades de negócio. Se a ideia do Governo é mesmo transformar [o território] num centro de investigação, há condições para isso. É preciso algum tempo também. Mas isso por si só não vai mudar as mentalidades. É difícil ver o caminho e é preciso acompanhar os sinais e a direcção de Pequim. Haverá um momento em que vai ocorrer uma mudança e uma nova leva de pessoas, o que vai mudar o perfil e a função de Macau.

8 Mar 2022

APN | Representantes locais focados em Hengqin antes de reuniões

O desenvolvimento da zona cooperação aprofundada em Hengqin é a prioridades dos delegados da RAEM em vésperas das sessões da Assembleia Popular Nacional. Ng Sio Lai pede melhorias nos cuidados de saúde, depois de queixas arrasadoras sobre o Hospital de Hengqin

 

O desenvolvimento da Ilha da Montanha e a necessidade de fazer com que os serviços recuperem do atraso face à zona de Macau são as principais preocupações dos representantes locais na Assembleia Popular Nacional (APN). As declarações foram prestadas ontem, por vários membros de Macau na APN ao Jornal Ou Mun.

Uma das pessoas que alertou para o atraso da zona da Ilha da Montanha foi Ng Sio Lai, principalmente ao nível dos cuidados médicos. De acordo com a representante da União Geral das Associações dos Moradores de Macau são frequentes as queixas dos residentes de Macau para a ausência deste tipo de cuidados no outro lado da fronteira.

Segundo Ng Sio Lai, não só faltam equipamentos e espaços de saúde, como os existentes no Hospital de Hengqin servem pouca gente e deixam muito a desejar em termos de qualidade, levando os residentes a dependerem dos cuidados prestados em Macau.

Por outro lado, a representante dos Moradores indicou que a oferta de transportes é insuficiente a nível de autocarros e que a passagem dos veículos na fronteira é demasiado demorada. De acordo com Ng, durante as horas de ponta, um veículo com matrícula dupla pode levar mais de uma hora a atravessar a fronteira.

Ng Sio Lai deixou assim o desejo de que o assunto seja abordado nas reuniões magnas e que sejam adoptadas medidas para facilitar a circulação de capitais entre Macau e Hengqin, mesmo que seja apenas para residentes da RAEM.

Pedida nova Lei

Por sua vez, Tina Ho, irmã do Chefe do Executivo, desejou a criação em breve de legislação para a zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.

Segundo a membro da Associação Geral das Mulheres, a lei tem de ser inspirada nas pretensões de Xi Jinping para ter impacto positivo e contribuir para o bem-estar da população, através da zona de cooperação aprofundada. Tina Ho apontou ainda que a lei tem de aliviar restrições para residentes de Macau que desejam entrar na Ilha da Montanha, não só para fazer negócios, mas para estudar e morar num ambiente “mais conveniente”.

Por seu turno, o empresário Kevin Ho deixou a esperança de que a Grande Baía possa concretizar o objectivo nacional da neutralidade carbónica, e que o projecto da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin seja concretizado com reduzidas emissões de carbono. Nesse sentido, sugeriu que a zona seja um teste para todo o país.

No mesmo sentido, Kevin Ho defende que Macau pode ser uma janela internacional para as empresas na zona de cooperação aprofundada procurarem financiamento.

2 Mar 2022

Hengqin | Che Sai Wang pede incentivos para residentes

O deputado Che Sai Wang considera que o Governo deve apostar na atribuição de subsídios de alojamento ou residência para convencer os residentes de Macau a trabalhar a tempo inteiro em Hengqin.

De acordo com o deputado, “a maior parte dos residentes não tem qualquer intenção de sair de Macau e ir trabalhar em Hengqin”, dado que “preferem uma cidade mais desenvolvida” e os subsídios existentes “não são um grande atractivo”.

“Feitos os cálculos e considerados diversos factores, não há grande diferença entre os salários no mercado de trabalho local e no de Hengqin. Mais, também não conhecem a situação de emprego e que funções podem exercer em Hengqin”, lê-se na interpelação escrita.

Para Che Sai Wang, abrir um negócio na Ilha da Montanha constitui um risco tendo em conta a baixa densidade populacional da região e as incertezas a nível económico.

“Alguns residentes de Macau chamam-lhe a cidade deserta e a criação de negócios em Hengqin levanta preocupação em relação à impossibilidade de os manter devido à falta de pessoas. Além disso, o actual desenvolvimento económico também não é claro, por isso, os residentes, especialmente aqueles com dificuldades económicas, não vão considerar optar por este caminho de emprego”, acrescentou.

Por isso mesmo, o deputado quer saber se, além dos subsídios entre 5 mil e 12 mil renminbis previstos para residentes que optem por trabalhar em Hengqin consoante as suas habilitações académicas, o Governo tem planos para atrair para a Ilha da Montanha mais jovens de Macau com habilitações académicas elevadas.

23 Fev 2022

Covid-19 | Macau doou material de protecção a Hengqin

O primeiro carregamento de material de protecção contra a covid-19 vindo de Macau chegou a Hengqin no início desta semana, de acordo com uma nota publicada pelo governo municipal de Zhuhai.

“Graças ao elevado grau de eficiência na comunicação entre Hengqin e Macau na prevenção e controlo conjunto da pandemia, apenas um dia após o pedido de assistência, chegou a Hengqin um carregamento com 10.000 peças de vestuário de protecção médica, 10.000 máscaras N95, e 10.000 pares de luvas médicas”, referiram as autoridades da cidade vizinha. Os materiais foram distribuídos por cinco hotéis designados para quarentena, tendo como destinatários pessoal médico da linha de frente que luta para conter a pandemia em Zhuhai.

Desde que se verificou o surto em Zhuhai, Hengqin tem ajudado no combate, aceitando cerca de 600 pessoas designadas como contactos secundários, vindas o distrito de Xiangzhou, desde domingo.

Há uma semana que uma comitiva de Macau está a fazer voluntariado em locais de testes de ácido nucleico. A equipa é composta por pessoal do Centro de Serviço Integral de Hengqin dos Kaifong, do Gabinete de Ligação do Governo Central Popular na RAEM e da Associação Geral das Mulheres de Macau.

O governo municipal de Zhuhai aponta ainda que Hengqin e Macau vão estabelecer um mecanismo conjunto para resposta a emergências, como prevenção de incêndios, acidentes e desastres naturais

Será também formulado um padrão integrado de operação Hengqin-Macau, de acordo com Ye Zhen, vice-director do Gabinete de Hengqin do Governo da província de Guangdong.

21 Jan 2022

Hengqin | Recolha de opiniões sobre apoios para fixar residentes na zona

A Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin quer atrair mão-de-obra de Macau e está a propor a atribuição de subsídios. Um residente, permanente ou não, pode receber por mês até 12 mil renminbis durante três anos. Estas medidas estão agora num processo semelhante ao de consulta pública até terça-feira

 

Até terça-feira, 18 de Janeiro, a Direcção dos Serviços de Assuntos de Subsistência da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin está a recolher opiniões dos residentes de Macau sobre as medidas para atrair trabalhadores locais para a Ilha de Montanha. O programa aplica-se a residentes da RAEM (permanentes e não permanentes, desde que não tenham residência no Interior da China).

Os apoios dividem-se em várias categorias, entre directos ao trabalhador e às empresas.
Os subsídios de emprego são atribuídos de acordo com a formação académica do candidato. Um profissional doutorado pode receber até 12 mil renminbis por mês de subsídio, ao longo de um período de três anos. Com a mesma duração, o apoio prestado a um profissional com formação académica equivalente a mestrado pode atingir 9 mil renminbis por mês, enquanto os licenciados podem chegar aos 7 mil renminbis de subsídio. Os residentes da RAEM com formação abaixo de licenciatura podem habilitar-se a um apoio mensal até 5 mil renminbis.

Injecção de confiança

Os programas de apoio em análise destinam-se também a empresas, englobando um conjunto de medidas com vista a promover o empreendedorismo. Para terem direito aos apoios, as empresas devem operar há, pelo menos, três meses, e ser detidas maioritariamente por um empresário de Macau, ou seja, o residente da RAEM deve ser proprietário de mais de 50 por cento das acções da empresa. Este subsídio pode chegar aos 50 mil renminbis, pagos de uma só vez.

A proposta da Direcção dos Serviços de Assuntos de Subsistência da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin contempla também apoios às empresas para o recrutamento de residentes da RAEM.

Assim sendo, cada residente contratado pode valer ao patrão um subsídio de 30 mil renminbis por ano, ao longo de três anos.

Se a empresa contar nos seus quadros com mais de 30 residentes da RAEM, habilita-se a receber um bónus de 200 mil renminbis, atribuídos apenas uma vez. No total, os apoios não podem exceder 9 milhões de renminbis, 3 milhões anualmente divididos ao longo de 3 anos.

Os incentivos à deslocação de mão-de-obra não se ficam por apoios especiais da zona de cooperação aprofundada e incidem também sobre benefícios de cariz nacional. Neste âmbito, os patrões de residentes de Macau vão ter direito a apoios nas contribuições de previdência social, tais como nos apoios a serviços prestados a idosos, saúde, desemprego e seguro para acidentes de trabalho. Da mesma forma, estes benefícios não podem exceder três anos de duração.

Por sector, os trabalhadores das áreas financeiras, estatística, arquitectura, planeamento, design e medicina tradicional chinesa que estejam empregados em Hengqin têm direito a um bónus de 50 mil renminbis, atribuídos de uma só vez, que pode chegar a 100 mil renminbis se o trabalhador for especialista em duas das áreas mencionadas.

12 Jan 2022

Hengqin | Residentes queixam-se de atrasos na entrega de casas

Um grupo de residentes de Macau e do Interior da China receia ter sido alvo de burla devido ao atraso na entrega das chaves de casas que compraram no “Centro de Fortuna Haoyi”, perto de Hengqin. Cerca de uma dezena de pessoas protestou nos escritórios dos promotores na sexta-feira

 

Na última sexta-feira, um grupo de residentes de Macau e do Interior da China protestou nos escritórios dos promotores imobiliários do empreendimento “Centro de Fortuna Haoyi”, alegando que ainda não receberam as casas nas quais investiram a partir de 2018.

Segundo o jornal Exmoo News, os alegados lesados levaram cartazes e t-shirts com frases como “promotor de empreendimentos sem escrúpulos” e “imóveis sem data de entrega”.

Os compradores alegam que lhes fora prometida a entrega das chaves na última sexta-feira, mas tal não aconteceu. Inicialmente, fora-lhe garantido que as casas seriam entregues no final de 2020, prazo que viria a ser adiado para 30 de Junho de 2021. No entanto, essa data também não foi cumprida. Os alegados lesados dizem que deixaram de ter um prazo concreto para aceder às fracções

Desaparecidos em combate

Os manifestantes afirmam que os promotores imobiliários do empreendimento, bem como os agentes de Macau que serviram de intermediários nas vendas, estão em parte incerta e incontactáveis. Além disso, não foram emitidos quaisquer documentos comprovativos da compra dos imóveis.

Uma proprietária, de apelido Ho, adquiriu um imóvel pelo valor de dois milhões de renminbis através de um agente imobiliário de Macau. Ho diz que ainda está a pagar o empréstimo contraído ao banco.

O “Centro de Fortuna Haoyi” situa-se perto do posto fronteiriço de Hengqin, tem uma área de 238 mil pés quadrados e, além de fracções residenciais, inclui ainda um centro comercial e escritórios.

4 Jan 2022

Hengqin | Circulação de residentes estrangeiros e promoção de negócios com PLP na mira

Durante uma visita a Hengqin destinada à imprensa em língua portuguesa e inglesa de Macau, a articulação dos sistemas legais do Interior da China, Macau e Hong Kong esteve no centro da equação. O estudo de políticas de livre circulação de residentes de Macau estrangeiros, os negócios com os países de língua portuguesa e o desenvolvimento da indústria da medicina tradicional chinesa estão entre os principais desafios apontados para o futuro próximo da zona de cooperação

 

É um exercício de antecipação que, no terreno, fica mais fácil de imaginar. Desde que foi anunciado pelo Comité Central do Partido Comunista da China e o Conselho de Estado, o “Projecto geral de construção da zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” tem sido alvo de grande atenção institucional e mediática, tendo a inauguração das organizações administrativas da zona de cooperação marcado o “pleno início” da sua concretização, tal como afirmou no final de Setembro, o Chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng.

Durante uma visita a Hengqin organizada pelo Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, membros dos meios de comunicação social em língua portuguesa e inglesa de Macau tiveram a oportunidade de ver de perto, o progresso e os detalhes de algumas das iniciativas consideradas fulcrais para a concretização da zona de cooperação em Hengqin (Ilha da Montanha).

O enquadramento e articulação dos sistemas legais do Interior da China, Macau e Hong Kong, o desenvolvimento da indústria da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a transformação de projectos científicos em resultados e a promoção de negócios com os Países de Língua Portuguesa (PLP) estiveram entre os principais tópicos dados a conhecer.

Trabalho em curso

Atravessar os condicionalismos fronteiriços, especialmente numa altura em que a pandemia de covid-19 obriga a restrições adicionais, não é, para já, uma tarefa simples, sobretudo para residentes de Macau portadores de passaporte estrangeiro e dependentes da emissão de vistos para entrar na Ilha da Montanha. No entanto, o cenário pode vir a mudar no futuro, permitindo assim que, também os residentes estrangeiros possam contribuir, quotidianamente, para o desenvolvimento da zona de cooperação em Hengqin.

Exemplo disso mesmo é a ZLF Law Office, aquela que, desde 2016, é a primeira “joint-venture” da região da Grande Baía, entre escritórios de advocacia da China Continental, Hong Kong e Macau. De acordo com a directora e senior partner da ZLF, Chen Yi, a empresa sediada em Hengqin conta actualmente com 32 advogados no total. Destes, 11 são de Macau, 17 de Hong Kong e quatro do Interior da China. A responsável da empresa sediada em Hengqin lamentou o facto de muitos advogados de Macau, de nacionalidade portuguesa e pertencentes aos quadros da empresa, não conseguirem actualmente participar com regularidade nos trabalhos da ZLF, de forma presencial. Contudo, assegura, as políticas para que tal possa acontecer estão a ser estudadas.

“Estamos a estudar políticas que permitam aos residentes de Macau com nacionalidade estrangeira, quer seja portuguesa ou brasileira, por exemplo, ter mais liberdade [de circulação] em Hengqin, no futuro”, começou por apontar Chen Yi.

“Há questões técnicas de enquadramento jurídico por resolver. Macau é uma região muito especial, porque tem residentes permanentes e não permanentes com diferentes nacionalidades. Talvez no futuro, se possa deixar cair as restrições na primeira linha [fronteira entre Macau e Hengqin], permitindo que todos os residentes possam vir [facilmente] a Hegqin. A segunda linha [fronteira entre Hengqin e o Interior da China] será sempre mais restrita”, acrescentou.

Recorde-se que o próprio secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, admitiu recentemente que a política de emissão de vistos para estrangeiros pode vir a ser alterada, caso o Governo Central assim o decida, facilitando a entrada na zona de cooperação.

Sobre a ZLF, Chen Yi vincou ainda a importância de a empresa ser capaz de atrair advogados com conhecimento sobre a legislação de Macau, Hong Kong e internacional que, ao mesmo tempo, tenham obtido aprovação no exame nacional da Ordem dos Advogados da China. O objectivo, explica, é “resolver problemas de investimento transfronteiriço”, sobretudo para aqueles que “querem investir nos PLP”. Os serviços podem ser prestados em chinês, português, inglês, francês e italiano.

Outro dos tópicos apontados pela responsável reside na “exploração de possibilidades que os residentes de Hengqin terão de optar pela lei de Macau ou do Interior da China” para resolver litígios na zona de cooperação.

Bálsamos com história

Do roteiro da visita, fez também parte o “Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong–Macau”. Contando com uma área de ocupação de 500 mil metros quadrados e uma área de desenvolvimento de 1,4 milhões de metros quadrados, o parque de MTC inclui, desde 2018, uma área de incubação que acolhe 216 empresas, sendo que destas, 52 são de Macau.

Além da medicina tradicional chinesa propriamente dita, as empresas do parque concentram-se também no desenvolvimento de outros produtos de saúde, equipamentos e serviços médicos e biomedicina.

Uma dessas empresas é a Guangdong Authenmole Biotech. Detentora de dezenas de patentes a nível nacional e internacional, a instituição tem um centro de pesquisa e uma fábrica na Ilha da Montanha destinados à criação de produtos de medicina tradicional chinesa solúveis, distribuídos por cinco categorias e feitos a partir de ervas medicinais, frutos, vegetais, fungos e outros componentes naturais livres de pesticidas.

Na fábrica, é utilizada uma tecnologia apelidada de PLEESIT, que consiste na extracção, a baixas temperaturas, de ingredientes activos das matérias primas naturais e na remoção de substâncias químicas como os pesticidas. O processo é totalmente automatizado, e processado diariamente do parque de medicina tradicional chinesa de Hengqin.

Com o objectivo de incentivar a aplicação e transformação de produtos de MTC, o parque integra ainda três projectos destinados ao desenvolvimento da chamada indústria do “Big Health”. São eles o o Ruilian (Hengqin) Wellness Resort, o Museu de Tecnologia e Criatividade de Medicina Tradicional Chinesa e a Rua Temática da Cultura de Medicina Tradicional Chinesa “Olá Lótus”.

Chimelong | Das profundezas do oceano ao palco do circo

Localizado na Nova Área de Hengqin em Zhuhai, o Chimelong Ocean Kingdom assume-se como um dos maiores parques temáticos do mundo, incluindo o maior aquário e oceanário do globo. Os três tubarões-baleia são as estrelas da companhia, num recinto onde não faltam pinguins imperadores, ursos-polares, raias e outras tantas espécies que não se vêem todos os dias.

Inaugurado em 2014, o Chimelong Ocean Kingdom acolhe ainda atracções como montanhas russas, espectáculos de orcas, carrosséis, zonas de restauração, comerciais e outras. Não muito longe, o resort do Chimelong Hengqin Bay Hotel inclui o Chimelong International Circus, onde é possível assistir a uma série de números exóticos e peculiares.

Ciência | Centro de pesquisa cria cimento de baixa densidade

O Instituto de Pesquisa Tecnológica e Científica da Universidade de Macau em Zhuhai (ZUMRI na sigla inglesa), criou, através do Instituto de Física Aplicada e Engenharia de Materiais, um projecto dedicado ao desenvolvimento de cimento de baixa densidade. A ideia é tornar a produção deste material, responsável por 8,0 por cento das emissões de carbono da China, mais sustentável, leve e absorvente, diminuindo assim a pegada ecológica.

Isto, quando anualmente são produzidas quatro toneladas de cimento por cada habitante do país. Além do Instituto de Física Aplicada e Engenharia de Materiais, o ZUMRI encontra-se a desenvolver projectos nas áreas da cidade inteligente, da medicina tradicional chinesa, electrónica e saúde, com o objectivo de transformar projectos científicos em resultados e tirar partido da cooperação e sinergias oferecidas pela sua ligação à UM.

Fundado pelo Governo Central, o centro de pesquisa localizado em Hengqin acolhe 66 projectos de relacionados com ciência e tecnologia, incluindo cinco iniciativas do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, 48 afectos à Fundação Nacional de Ciências Naturais da China (NFSC) e ainda 13 projectos da responsabilidade das autoridades municipais e provinciais.

13 Dez 2021

Hengqin | Governador aponta a diversificação de Macau como objectivo

O Governador da província de Guangdong, Ma Xingrui, afirmou que “é preciso seguir a intenção primordial de promover a diversificação adequada da economia de Macau”, objectivo máximo da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. As declarações do dirigente foram proferidas na segunda reunião da comissão de gestão do projecto de integração, cuja direcção divide com Ho Iat Seng.

O Governador da província vizinha apontou baterias à “captação de investimento, designadamente as grandes empresas e grandes projectos nos domínios de circuitos integrados, biomedicina, novas energias e novos materiais”, para construir a zona de cooperação. O responsável acrescentou que os governos de ambas as regiões devem seguir as orientações traçadas no “projecto geral”, “cumprindo com rigor o posicionamento estratégico e os objectivos definidos pelo Governo Central para a Zona de Cooperação, aperfeiçoando constantemente a natureza científica, estratégica e prospectiva de todas as tarefas”.

Por sua vez, Ho Iat Seng sublinhou o empenho na execução do plano para a zona de cooperação, “para corresponder às expectativas do Presidente, Xi Jinping sobre Macau”.

9 Dez 2021

Hengqin | Governo estuda novo regime para Função Pública 

O Governo está a estudar a criação, no âmbito do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau (ETAPM), de um novo regime para os funcionários públicos que sejam destacados para a zona de cooperação aprofundada com Hengqin.

“No futuro, quando o ETAPM for revisto, veremos como criar um novo regime para quem vai trabalhar na zona de cooperação aprofundada”, disse o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong.

Da parte de Macau mais de 30 funcionários públicos vão ser destacados para Hengqin, mudança que “não vai afectar o funcionamento” da Administração, assegurou o secretário. “Os funcionários públicos vão manter o mesmo estatuto que têm em Macau. Por exemplo, há feriados em Macau que não existem no Interior da China.

Estamos a trabalhar para chegar a um consenso e prevenir que existam problemas nessa zona”, adiantou. André Cheong prometeu ainda resolver a situação da passagem na fronteira, devido à pandemia. “É um problema, pois os nossos trabalhadores não conseguem passar a fronteira e há questões que não se resolvem por videochamada. Estamos a dialogar para resolver este assunto.”

25 Nov 2021

Hengqin | Ho Iat Seng participa na primeira reunião da comissão de gestão

Ao comando da primeira reunião da comissão de gestão da zona de cooperação em Hengqin, o Chefe do Executivo frisou a importância de reforçar a área social e cívica e apelou aos presentes que tenham em mente os desejos de Xi Jinping. Estão criadas bases para que os residentes de Macau em Hengqin beneficiem da segurança social dos dois lados

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, assumiu pela primeira vez o papel de chefia da Comissão de Gestão de cooperação entre Macau e Guangdong em Hengqin.

Na primeira reunião, chefiada também por Ma Xingrui, governador da província de Guangdong, Ho Iat Seng começou por reafirmar a importância do projecto para demonstrar as vantagens dos “dois sistemas” e defendeu o aprofundamento da cooperação entre as duas regiões na área social e cívica.

Para que isso seja possível, Ho considera necessário atrair mais recursos “no âmbito do ensino de boa qualidade”, da saúde médica e dos serviços comunitários que venham a integrar a zona de cooperação. O Chefe do Executivo expressou ainda o desejo de “aglomerar” quadros qualificados “de fora e dentro das fronteiras” e atrair trabalhadores de excelência para a região.

Entre as restantes opiniões partilhadas por Ho Iat Seng na reunião, destaque para a necessidade de desenvolver áreas como o “big health”, a medicina tradicional chinesa e a indústria financeira moderna e ainda, acelerar a “construção de um sistema legal” que, articule regulamentos cívicos e comerciais entre o sistema de Macau e o sistema de internacional.

Após congratular os membros recém-nomeados da comissão de gestão, o Chefe do Executivo expressou o desejo de que todos “tenham em mente os apelos de Xi Jinping” e conheçam “profundamente” as exigências do novo sistema de negociação, construção e administração conjunta e partilha de resultados entre as duas regiões.

Por seu turno, o governador da província de Guangdong, Ma Xingrui, apontou que ambas as partes devem desempenhar o seu papel com “sentido de missão” e definir, o quanto antes, uma lista de “trabalhos essenciais”. O responsável defendeu também a necessidade de “acelerar” a introdução de projectos importantes e de empresas de grande envergadura na zona de cooperação, bem como o reforço da coordenação do diálogo interno e externo.

Quase como em casa

Em comunicado, o Governo apontou que foram estabelecidas bases para que os residentes de Macau que trabalhem, estudem ou vivam na Ilha da Montanha possam beneficiar das políticas de segurança social dos dois lados.

“Os residentes de Macau que trabalham, estudam ou vivem no Interior da China já podem proceder, de acordo com a lei, ao pagamento de contribuições do regime da segurança social de dois níveis de Macau, para acumular os direitos e para beneficiar da segurança social de Macau, desde que preencham os requisitos”, pode ler-se na nota.

O Executivo assegura ainda que, futuramente, irá promover a criação de mais mecanismos de cooperação em termos de serviços sociais e articulação dos diversos serviços públicos.

Segundo o comunicado, em 2024 será concretizada a articulação “ordenada e eficaz” dos diversos serviços públicos e do sistema de segurança social, o seu “aperfeiçoamento” será uma realidade em 2029 e, por fim, o seu funcionamento “altamente eficaz” será alcançado em 2035.

25 Out 2021

Mak Soi Kun defende formação de talentos a pensar em Hengqin

À luz da crise económica gerada pela pandemia de covid-19, o ainda deputado Mak Soi Kun, defende que o Governo deve apostar na formação de talentos em áreas específicas afectas ao desenvolvimento da zona de cooperação entre Macau e Guangdong em Hengqin.

Através do impulsionamento das áreas da ciência e tecnologia, finanças, medicina tradicional chinesa e ainda turismo, convenções e exposições, o objectivo é aproveitar as oportunidades previstas pelo plano de cooperação aprofundada na Ilha da Montanha.

Além disso, aponta o deputado, para concretizar o desígnio da diversificação económica e do desenvolvimento de Hengqin é preciso elevar a qualidade dos jovens e atrair a vinda outros quadros qualificados para as empresas locais.

“Já que o rumo de desenvolvimento das indústrias está definido, o Governo deve lançar planos e medidas para a formação de talentos, para elevar a qualidade dos recursos humanos de Macau, sobretudo a competitividade dos jovens, e definir políticas para atrair a vinda para Macau dos talentos que as empresas locais procuram, favorecendo assim o desenvolvimento e o reforço das empresas locais, com vista à articulação conjunta com o desenvolvimento da cooperação entre Hengqin e Macau. O Governo vai fazê-lo?”, pode ler-se numa interpelação escrita redigida por Mak Soi Kun.

 

Preparar o que aí vem

 

Apesar de existir muita expectativa em relação à zona de cooperação, o deputado não está certo de que os residentes de Macau, especialmente os jovens, estão preparados para aproveitar as vantagens de Hengqin.

“Os diversos sectores da sociedade depositam muitas expectativas na cooperação entre Hengqin e Macau. Porém, merece a nossa consideração o facto de se tratar de uma oportunidade, mas cheia de desafios, para os residentes de Macau, especialmente para os jovens, que vivem há muito tempo nesta pequena cidade. Será que estão todos preparados? Qual é a opinião do Governo sobre isto?”, questiona Mak Soi Kun.

10 Out 2021

Au Kam San defende que verbas destinadas a Hengqin devem ficar em Macau

O ainda deputado e candidato desqualificado às últimas eleições legislativas, Au Kam San receia que a alocação de verbas para a zona de cooperação aprofundada entre Macau e Guangdong em Hengqin (Ilha da Montanha) pode colocar em risco a diversificação económica de Macau.

“Se as reservas acumuladas nos últimos 20 anos vão ser alocadas tanto quanto possível em Hengqin, como é que Macau será capaz de promover a sua diversificação económica? Macau é uma sociedade capitalista e, por isso, a economia não é controlada, está dependente da vontade dos investidores. Como é possível diversificar a economia de Macau, se os potenciais investimentos forem absorvidos pela Ilha da Montanha?”, questionou ontem o deputado numa publicação de Facebook.

Au Kam San vai mais longe e diz mesmo “não ser aceitável” que o Governo Central “absorva todos os recursos de Macau” para desenvolver a zona de cooperação, dado que esta é uma forma de “abafar as oportunidades de desenvolvimento local”.

Chefe injustiçado

Além disso, tendo em conta que a diversificação económica de Macau é um desígnio antigo do Governo Central, o deputado considera que a situação não é justa para Ho Iat Seng, dado que considera o Chefe do Executivo um governante “capaz, experiente e ambicioso”. Porém, desde que assumiu o mandato como líder do Governo, não teve oportunidade de colocar essa vontade em prática.

Sobretudo quando, além de ter lidado com a pandemia de covid-19 mal chegou ao cargo, pode ver-se sem as verbas necessárias para concretizar as perspectivas económicas que teria para Macau.

“Se dermos 10 anos a Ho Iat Seng é possível que o Chefe do Executivo assuma a liderança de Macau rumo a novas perspectivas sociais e económicas. No entanto, como o Governo Central está actualmente a absorver o investimento de Macau para Hengqin, a situação é injusta para Ho Iat Seng e para Macau”, partilhou.

Contrapondo a situação de Ho Iat Seng com os mandatos dos anteriores Chefes do Executivos, Au Kam San alega que Edmund Ho, apesar de ser “capaz” albergava “conflitos de interesse” e que Chui Sai On “não tinha ambição, nem objectivos”.

Por seu turno, lembra Au Kam San, o actual Chefe do Executivo, mal chegou ao cargo, cumpriu a promessa antiga de iniciar a construção de 28 mil fracções de habitação pública na Zona A dos Novos Aterros.

7 Out 2021