Coreia do Sul | Termina campanha para presidenciais antecipadas 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul viveu ontem o último dia de campanha de uma eleição presidencial marcada pelo caso “Rasputine”, que forçou a renúncia da Presidente Park Geun-hye levando a eleições antecipadas e ajudou Moon Jae-in a liderar as sondagens.

O escândalo conhecido por “Rasputine” está centrado em Choi Soon-Sil, uma amiga da ex-Presidente Park Geun-hye, suspeita de ter usado pessoas para obrigar os grandes grupos industriais do país a “doar” quase 70 milhões de dólares (a duvidosas fundações por si controladas.

Às eleições de terça-feira concorrem 13 candidatos, que cumpriram ontem os últimos actos da campanha que começou no dia 17 de Abril e terminou à meia-noite de ontem.

O candidato do Partido Democrático, Moon Jae-in lidera, 42,4% das intenções de voto, segundo as últimas sondagens, realizadas na quarta-feira já que a lei eleitoral do país não permite sondagens nos últimos cinco dias de campanha.

Seguem-se o centrista Ahn Cheol-soo, do Partido Popular, e o conservador Hong Joon-pyo, do Partido da Liberdade (da ex-presidente Park Geun-hye, com 18,6% das intenções de voto cada um.

Cerca de 42,4 milhões de sul-coreanos são chamados para votar na eleição do Presidente da república para um mandato de cinco anos.

Corrida às urnas

As últimas presidenciais, realizadas em Dezembro de 2012, tiveram uma taxa de participação de 75,8%.

Esta é a primeira vez que a Coreia do Sul usa o sistema de voto antecipado numas eleições presidenciais, o que levou já milhões de eleitores a votar.

Até sexta-feira, de acordo com a Comissão Nacional Eleitoral, um número recorde de mais de 11 milhões de sul-coreanos, cerca de 26,06% do eleitorado, já tinham votado.

Esta foi também a primeira vez que o Tribunal Constitucional ratificou a destituição de um Presidente.

Park Geun-hye, deposta a 10 de Março devido à sua implicação no caso “Rasputine” e actualmente em prisão preventiva, foi a primeira Presidente mulher da Coreia do Sul.

Foi eleita em 2012 no meio de uma onda de nostalgia conservadora pelo seu pai, o ditador Park Chung-hee, que governou o país durante 18 anos (entre 1961 e 1979) marcados por um rápido crescimento económico e abusos contra os direitos humanos.

9 Mai 2017

Director da CIA em Seul para “reunião interna”, diz embaixada dos EUA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director da CIA, Mike Pompeo, estava ontem na Coreia do Sul para uma “reunião interna” e não para reunir com dirigentes sul-coreanos, afirmou a embaixada dos Estados Unidos, numa altura de tensão na península.

O jornal sul-coreano Chosun Ilbo tinha noticiado que Pompeo, que foi nomeado em Fevereiro para liderar os serviços secretos norte-americanos, tinha chegado durante o fim de semana a Seul e tinha participado em reuniões à porta fechada com o chefe dos serviços secretos sul-coreanos e representantes da presidência.

Citando várias fontes próximas dos serviços secretos, o jornal escreveu que o director da CIA informou os seus homólogos sobre a política norte-coreana da administração Trump e avaliou a situação interna da administração norte-coreana.

O Chosun Ilbo também refere que Pompeo falou sobre as perspectivas da relação americana-coreana na sequência das eleições presidenciais sul-coreanas agendadas para 9 de Maio.

Um responsável da embaixada dos Estados Unidos confirmou que o director da CIA estava na Coreia do Sul, mas informou que o seu programa era muito limitado.

“O director da CIA e a sua mulher estão em Seul para uma reunião interna com as forças norte-americanas na Coreia do Sul e responsáveis da embaixada”, disse.

“Ele não se vai encontrar com nenhum responsável da Casa Azul nem nenhum candidato”, acrescentou, sem adiantar detalhes sobre o programa de Pompeo. A Casa Azul é o local da presidência sul-coreana.

Tempos difíceis

Esta visita decorre num clima de tensão relacionado com os programas nuclear e balístico de Pyongyang, numa altura em que a Coreia do Norte, que voltou a lançar novo míssil no sábado, poderia estar a preparar um sexto teste nuclear.

Estas tensões são igualmente alimentadas pela retórica incendiária de Donald Trump, que disse estar preparado para “tratar” sozinho do problema norte-coreano se a China não controlasse o seu vizinho turbulento.

O Presidente norte-americano suscitou igualmente a consternação em Seul, ao indicar que a Coreia do Sul devia pagar pelo sistema antimísseis norte-americano actualmente em fase de instalação.

A implantação do THAAD suscitou a forte oposição de parte da opinião pública sul-coreana e a irritação da China, que vê o dispositivo como um atentado à sua própria soberania.

“Há questões bem mais importantes do que o dinheiro”, refere um editorial do Chosun Ilbo, que acusa Trump de “minar a confiança” com as suas exigências financeiras.

2 Mai 2017

Pequim pede fim dos exercícios militares americanos na Coreia do Sul

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China voltou ontem a pedir aos Estados Unidos para pararem com os exercícios militares na Coreia do Sul, num momento em que existe um agravamento do clima de tensão entre Washington e o regime norte-coreano.

“A continuação dos testes nucleares viola as resoluções da ONU, mas as manobras militares em redor da península [coreana] também não respeitam as resoluções da ONU”, declarou ontem o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, reiterando o apelo para o fim dos exercícios militares conjuntos dos exércitos americano e sul-coreano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês falava numa conferência de imprensa em Berlim após um encontro com o seu homólogo alemão, Sigmar Gabriel.

As autoridades de Seul anunciaram exercícios conjuntos com um porta-aviões americano que é aguardado em breve naquela região.

Washington mobilizou o porta-aviões nuclear USS Carl Vinson e respectiva escolta para a península coreana, onde deverá chegar até ao final da semana.

“O perigo que novos conflitos ecludam a qualquer momento é grande, é por essa razão que apelamos a todas as partes que mostrem sangue frio e evitem qualquer acção ou palavra que possa levar a novas provocações”, declarou Wang Yi na capital alemã.

Questionado sobre os riscos de um eventual conflito armado, o ministro chinês considerou que “mesmo um risco de 1% não pode ser tolerado” porque uma guerra teria consequências “inimagináveis”.

Pára tudo

Pequim tem defendido nas últimas semanas uma solução que tem por base a ideia “suspensão contra suspensão”, ou seja, o regime de Pyongyang deve interromper as suas actividades nucleares e balísticas e Washington deve parar com as manobras militares comuns com a Coreia do Sul, exercícios anuais considerados pela ‘vizinha’ Coreia do Norte como uma provocação.

Os Estados Unidos rejeitaram o plano chinês e voltaram a insistir que a China, um aliado tradicional de Pyongyang, pressione o regime norte-coreano, que tem intensificado os avisos e as ameaças a Washington. Responsáveis norte-americanos já avisaram que todas as opções, incluindo militares, estão “em cima da mesa”.

Pequim, que continua a defender que a solução da mútua suspensão é “a única opção viável”, desafiou Washington a avançar com “uma melhor proposta”.

Sobre a influência de Pequim sobre o regime norte-coreano, o ministro chinês afirmou em Berlim que é limitada.

“A Coreia do Norte é um Estado soberano e deve decidir por si mesmo se quer ou não parar com as suas actividades nucleares”, argumentou Wang Yi.

“Naturalmente, também acreditamos que estas actividades não são do interesse da Coreia do Norte”, acrescentou o ministro, sublinhando que Pyongyang justifica as suas acções com a “ameaça americana”.

1 Mai 2017

Coreia do Sul instala partes sistema antimíssil norte-americano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou ontem ter instalado partes do controverso sistema de defesa antimíssil norte-americano, um dia depois da Coreia do Norte ter exibido o seu poderio militar, com exercícios de artilharia com fogo real.
Em comunicado, a Coreia do Sul indicou que partes não especificadas do sistema defesa antimíssil norte-americano (THAAD) foram implantadas, e que Seul e Washington têm impulsionado o andamento dos trabalhos de modo a que esteja operacional em breve para lidar com as ameaças por parte de Pyongyang.
A agência noticiosa sul-coreana Yonhap detalhou que foram instalados seis lançadores, incluindo alguns para serem usados para interceptar mísseis e pelo menos um radar.
O trabalho com vista à montagem ainda este ano do sistema defesa antimíssil norte-americano desagradou a Coreia do Norte, mas também a China e a Rússia.
Seul, à semelhança de Washington, garante que tem objectivos meramente defensivos, mas Pequim, por exemplo, considera que o THAAD e o seu potente radar têm capacidade para reduzir a eficácia dos seus sistemas de mísseis.
A Coreia do Norte realizou exercícios de artilharia com fogo real de grande dimensão na terça-feira por ocasião do 85.º aniversário do seu exército, segundo Seul.
Fontes do Governo sul-coreano, citadas pela agência Yonhap, indicaram na terça-feira que se acredita que o simulacro, realizado perto da cidade de Wonsan, pode ter sido um dos maiores exercícios com fogo real levado a cabo até à data pela Coreia do Norte.

27 Abr 2017

Sondagens consolidam Moon Jae-in como favorito à presidência da Coreia do Sul

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] liberal Moon Jae-in ampliou a sua vantagem nas sondagens e consolida-se como o candidato favorito às eleições presidenciais na Coreia do Sul, que se realizam dentro de duas semanas, indicam dados divulgados ontem.
Moon Jae-in, do Partido Democrático, conta com entre 37 e 39% das intenções de voto para as presidenciais de 9 de Maio, o que reflecte uma subida de entre um e três pontos percentuais nas últimas duas semanas, segundo as mais recentes sondagens, cujos resultados foram citados ontem pela imprensa sul-coreana.
Os dados indicam que Moon Jae-in, que perdeu as presidenciais de 2012 contra Park Geun-hye, ampliou a vantagem frente ao seu principal rival, o candidato do Partido Popular (de centro-esquerda), Ahn Cheol-soo, o qual caiu cerca de quatro pontos nos últimos 15 dias, para a faixa de entre 26 e 30% nas intenções de voto.
Hong Joon-pyo, que pertence ao conservador Partido da Liberdade, da Presidente destituída, Park Geun-hye, surge em terceiro lugar, mas a larga distância dos dois primeiros candidatos, com menos de 10% das intenções de voto, de acordo com as sondagens.

Recorde de participantes

No total, 15 políticos registaram-se oficialmente como candidatos à presidência – o que supera o recorde de 12 nas presidenciais de Dezembro de 2007 – e participam na campanha eleitoral, que arrancou na semana passada e termina na véspera da votação.
Esta é a primeira vez que se realizam presidenciais antecipadas na Coreia do Sul desde que a junta militar do general Chun Doo-hwan autorizou a realização de eleições democráticas em Dezembro de 1987, o que sucedeu depois de Park Geun-hye se ter tornado na primeira chefe de Estado a ser destituída em democracia.
Em prisão preventiva desde 31 de Março, Park vai começar a ser julgada a 2 de Maio, por acusações que incluem abuso de poder, corrupção e revelação de segredos de Estado.
A acusação considerou provado que Park criou, com a sua amiga de longa data Choi Soon-sil, conhecida como “Rasputina”, uma rede através da qual pediu e obteve subornos de pelo menos três empresas – Samsung, Lotte e SK – no valor de cerca de 59.200 milhões de won (cerca de 48 milhões de euros).

25 Abr 2017

Ex-Presidente sul-coreana regressa a casa após 21 horas de interrogatório

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] ex-Presidente sul-coreana regressou ontem a casa, depois de passar mais de 21 horas na Procuradoria, onde esteve a ser interrogada sobre o papel no escândalo de corrupção “Rasputina” que levou à sua destituição.

Park Geun-hye, que se submeteu pela primeira vez às perguntas do Ministério Público após ter perdido a imunidade, ao ser destituída a 10 de Março, foi interrogada durante 14 horas e passou outras sete a rever a declaração.
Já tinha amanhecido quando Park, de 65 anos, abandonou a sede da procuradoria, em Seul, com um ar cansado e sem falar com os jornalistas concentrados no local.
Durante o processo, a antiga Presidente negou as 13 acusações das quais é suspeita, incluindo suborno e abuso de poder, mas não foram facultadas mais informações.
No exterior da sede da procuradoria, vários partidários de Park – que passaram toda a noite no local – saudaram a ex-Presidente à saída, agitando bandeiras.
Outro grupo recebeu-a de forma idêntica quando chegou à residência privada, na luxuosa zona de Gangnam, em Seul, com parte da rua que dá acesso à casa coberta com cartazes e mensagens de apoio.

A queda

Park foi a primeira chefe de Estado a ser destituída desde que a Coreia do Sul voltou a realizar eleições democráticas em 1987, algo que os defensores, quase todos nostálgicos da ditadura liderada pelo pai (Park Chung-hee), dizem ser uma conspiração da esquerda e dos meios de comunicação social sul-coreanos.
A antiga chefe de Estado perdeu a imunidade em 10 de Março, após o Tribunal Constitucional ratificar a destituição, aprovada pelo parlamento, controlado pela oposição, em Dezembro.
Após a destituição de Park, foram convocadas eleições presidenciais para 9 de Maio, as primeiras antecipadas na Coreia do Sul.
O Ministério Público considerou, no início do processo, que Park terá actuado como cúmplice no caso de corrupção e tráfico de influências que tem como protagonista Choi Soon-sil, conhecida como a “Rasputina” sul-coreana por ser próxima da ex-chefe de Estado.
Park é acusada de ter permitido a intervenção de Choi em assuntos de Estado, apesar de não deter qualquer cargo público.
Já Choi Soon-sil foi acusada de ter extorquido aos principais conglomerados do país 77.400 milhões de won (cerca de 61 milhões de euros) a favor de em duas fundações que controlava, em troca de favores.
Ao todo, 30 pessoas foram até agora indiciadas no escândalo, que também afectou 53 empresas, incluindo gigantes como a LG, Hyundai ou Samsung.
Park Geun-hye foi a primeira mulher a ser eleita chefe de Estado na Coreia do Sul.

23 Mar 2017

Donos do grupo sul-coreano Lotte julgados por corrupção

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uatro membros da família que controla o gigante retalhista sul-coreano Lotte, incluindo o seu fundador, de 93 anos, foram presentes ontem a tribunal onde começaram a ser julgados por desvio de dinheiro, evasão fiscal e fraude.

O processo contra o presidente da empresa, Shin Dong-Bin, de 61 anos, o seu irmão, irmã e pai – e também a amante do patriarca quase 40 anos mais nova – surge numa altura em que o quinto maior conglomerado da Coreia do Sul enfrenta boicotes por parte da China.

A empresa facultou terrenos a Seul para acolher um sistema de defesa antimíssil norte-americano THAAD, e quase 90% das lojas Lotte Mart na China foram desde então obrigadas a fechar portas ou pelas autoridades ou devido a manifestações populares.

O julgamento é o mais recente golpe na reputação de conglomerados controlados por famílias que nas últimas décadas impulsionaram o crescimento da quarta economia da Ásia.

Mais recentemente tornaram-se num crescente foco de descontentamento popular contra a corrupção e desigualdade como ocorreu no escândalo que resultou, no início do mês, na destituição definitiva da Presidente sul-coreana, Park Guen-Hye.

O presidente da Lotte, Shin Dong-Bin, é acusado de ter custado à firma 175 mil milhões de won (145 milhões de euros) através de uma série de evasões fiscais, esquemas financeiros e outras irregularidades.

Foi ainda acusado de negligência por conceder lucrativos negócios ou pagar “salários” no valor de milhões de dólares a parentes que pouco contribuíram para a gestão.

“Sinto muito ter causado preocupação. Vou cooperar sinceramente no julgamento”, afirmou Shin, aos jornalistas, antes de entrar ontem na sala de audiências.

Tudo em família

Idênticas acusações pendem contra o seu irmão mais velho, Shin Dong-Joo, a sua irmã mais velha, Shin Young-Ja, bem como contra o seu pai, Shin Kyuk-Ho.

Não ficou claro se o fundador nonagenário compareceu em tribunal, mas não passou pelos jornalistas que se encontravam à entrada do edifício em Seul.

A sua amante, de 57 anos, também foi acusada por desvio de dinheiro por ter encaixado avultadas somas em “salários” apesar de ter um pequeno papel na gestão da empresa.

Os cinco foram formalmente indiciados pelo Ministério Público em Outubro.

As acusações não estão directamente relacionadas com o escândalo de corrupção e tráfico de influências que levou à queda de Park.

O grupo Lotte, sediado em Seul e fundado em Tóquio em 1948, tem uma vasta rede de negócios na Coreia do Sul e no Japão, com activos combinados avaliados em mais de 90 mil milhões de dólares norte-americanos.

A decisão de Seul de destacar o sistema antimíssil norte-americano THAAD como forma de se proteger contra ameaças da Coreia do Norte desencadeou a ira da China, que receia que belisque as suas próprias capacidades militares.

As primeiras partes do sistema THAAD chegaram à Coreia do Sul há duas semanas depois de a Lotte ter assinado um acordo de troca de terrenos oferecendo um campo de golfe no condado de Seongju, no sul, para a instalação do sistema.

Desde então, as autoridades fecharam dezenas de lojas da Lotte, devido a “questões de segurança”, com manifestantes a realizar protestos em todo o país denunciando o grupo e outros negócios sul-coreanos.

A Lotte, focada em alimentos, retalho e hotelaria, investiu mais de 8 milhões de dólares nas suas operações na China e tem mais de 120 estabelecimentos no país, empregando 26 mil funcionários locais.

A família Shin tornou-se alvo de investigação estatal depois de 2015, quando uma azeda disputa pública entre os dois irmãos pelo controlo do grupo desencadeou a ira pública sobre como os conglomerados administrados por famílias conduzem os seus negócios.

21 Mar 2017

Apoiantes da ex-Presidente sul coreana em confrontos com a polícia

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m grupo de apoiantes de Park Geun-hye envolveu-se ontem em confrontos com a polícia e jornalistas que se encontravam frente à casa da ex-presidente da Coreia do Sul destituída na sexta-feira.

Uma dezena de apoiantes de Park, que inicialmente se encontravam concentrados junto ao edifício da presidência sul-coreana, no sul de Seul, organizaram uma vigília frente à residência da ex-Presidente, agitando bandeiras e insultando os jornalistas presentes no local.

Os manifestantes tentaram impedir os fotógrafos e os repórteres das televisões de captarem imagens do interior da casa de Park Geun-hye, situada no bairro de Gangnam, em Seul.

O comportamento dos apoiantes da ex-Presidente obrigou a polícia a intervir.

Por volta das 15:30 o número de jornalistas e de apoiantes de Park aumentou o que levou as autoridades a instalar barreiras para separar os dois grupos.

Os apoiantes da ex-Presidente envolveram-se em violentos confrontos com a polícia no sábado e na sexta-feira, depois do Tribunal Constitucional ter anunciado a ratificação da destituição de Park, aprovada pelo Parlamento no passado mês de Dezembro, por ligações à rede “Rasputina”.

Teoria da conspiração

Nos confrontos dos últimos dias, três apoiantes de Park morreram e várias pessoas ficaram feridas.

Segundo a agência Yonhap, muitos dos seguidores de Park declaram-se “nostálgicos” da ditadura de Park Chung-hee, pai da chefe de Estado destituída, e que governou o país entre 1961 e 1979.

Para os apoiantes da família Park, o processo de destituição foi uma conspiração dos partidos de esquerda e dos meios de comunicação social.

Na sexta-feira, o Tribunal Constitucional considerou que a ex-Presidente infringiu a lei ao permitir que a amiga Choi Soon-sil, conhecida como “Rasputina”, se tivesse imiscuído em assuntos de Estado, sem ocupar qualquer cargo público e envolvendo-se em processos de extorsão de fundos a grandes empresas sul-coreanas.

Após a decisão do Tribunal Constitucional, Park perdeu a imunidade e o Parlamento é obrigado a marcar eleições presidenciais nos próximos 60 dias.

Segundo a Yonhap, que consultou especialistas, é provável que as eleições se realizem no próximo dia 9 de Maio.

14 Mar 2017

Coreia do Sul | Presidente destituída já deixou o palácio presidencial

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ark Geun-hye foi destituída pelo Tribunal Constitucional, que ratificou a decisão do parlamento tomada a 9 de Dezembro, por suspeita de envolvimento num caso de corrupção e tráfico de influências que envolve uma amiga confidente.

A Presidente destituída deixou a Casa Azul às 10:00 de ontem e partiu para a sua residência privada no sul de Seul, onde centenas de simpatizantes se reuniram para protestar contra a decisão do tribunal, adianta a agência de notícias sul-coreana.

Park Geun-hye, a primeira Presidente eleita democraticamente a ser destituída, esteve enclausurada na Casa Azul, da presidência sul-coreana, até ontem.

Segundo a Yonhap, foram mobilizados cerca de 800 polícias para junto do palácio para evitar possíveis actos de violência.

Com a destituição, Park perdeu a imunidade e a Coreia do Sul tem que realizar eleições presidenciais no prazo inferior a 60 dias. A imprensa local aponta o dia 9 de Maio como a data mais provável para a votação.

Os deputados da Coreia do Sul aprovaram, a 9 de Dezembro, a destituição da Presidente do país, Park Geun-hye, mas a decisão tinha de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva.

Em conclusão

O escândalo “Choi Soon-sil Gate” reduziu a taxa de aprovação da Presidente a 5%, o valor mais baixo alguma vez alcançado por um chefe de Estado na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980.

Uma equipa independente de procuradores tornou públicas esta semana as suas conclusões da investigação de mais de três meses sobre o caso de corrupção que envolve a amiga Choi Soon-sil e na qual se volta a referir a Presidente como suspeita de vários crimes.

Os investigadores consideram que Park e Choi se puseram de acordo para pressionar a Samsung e outros grandes conglomerados empresariais sul-coreanos para que fizessem doações a organizações relacionadas com a amiga da chefe de Estado, em troca de um tratamento favorável das autoridades, afirmaram em comunicado.

A investigação conclui também que a Presidente estava a par da criação de uma lista negra de quase 10.000 artistas e profissionais do mundo da cultura críticos do Governo, concebida com o objectivo de cortar as suas vias de financiamento público e privado.

A Procuradoria da Coreia do Sul revelou que a Presidente teve um papel “considerável” no caso e acusou formalmente Choi Soon-sil e dois antigos assessores presidenciais, indicando que Park cooperou com a amiga e os outros dois ex-colaboradores, que são suspeitos de terem pressionado mais de 50 empresas do país a doar 65,7 milhões de dólares a duas fundações.

13 Mar 2017

Radar do sistema antimíssil THAAD montado em Março na Coreia do Sul

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul e os Estados Unidos prevêem instalar durante o mês de Março o radar do escudo antimíssil THAAD para que o equipamento esteja operacional em Abril, disseram ontem fontes militares em Seul.

A instalação do sistema de defesa antimíssil está a provocar fortes protestos da República Popular da China.

O potente radar de banda X é um componente essencial do sistema que Seul e Washington querem implementar, mas que está a ser criticado por Pequim por recear que venha a ser utilizado para a obtenção de informações sobre bases chinesas na zona de fronteira com a Coreia do Norte.

O dispositivo de detecção vai começar a ser instalado durante o corrente mês na zona de Seongju, no centro do país, a cerca de 300 quilómetros a sudeste de Seul para realizar “testes operacionais”, disseram fontes do Exército sul-coreano à agência Yonhap.

A montagem do radar vai decorrer durante as próximas semanas e prevê-se esteja funcional no final de Abril.

Primeiros passos

Na terça-feira, os exércitos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos anunciaram a chegada a território sul-coreano dos primeiros componentes do Sistema de Defesa Terminal de Área a Grande Altitude (THAAD, na sigla em inglês), no quadro das decisões tomadas pelos dois países em Julho de 2016.

Aos primeiros componentes, dois lança mísseis e o radar, vão mais tarde adicionar-se os restantes elementos do sistema que vão ficar inicialmente na base aérea de Osan (70 quilómetros de Seul), para depois serem instalados em Seongju.

O início da montagem do sistema coincide com o lançamento efectuado na segunda-feira pela Coreia do Norte de quatro mísseis balísticos que atingiram o Mar do Japão.

Os ensaios de Pyongyang são vistos como uma resposta do regime norte-coreano contra as manobras militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul no Paralelo 38.

A instalação do THAAD tem sido especialmente criticada pelo governo da República Popular da China que já decidiu proceder ao boicote às empresas de turismo sul-coreanas, assim como aos produtos comerciais da Coreia do Sul.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Wang Yi, sublinhou ontem numa conferência de imprensa em Pequim que a instalação do THAAD é uma decisão errada sendo que já na semana passada a China afirmava que o país iria adoptar as medidas “necessárias” para protecção dos interesses nacionais.

9 Mar 2017

Coreia do Sul | Mais de 400 artistas processam Presidente devido a lista negra

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 400 artistas intentaram ontem uma acção contra a Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, e outros membros do Governo, devido à alegada lista negra de figuras da cultura críticas do executivo.

Um total de 461 artistas intentaram a acção junto de um tribunal do distrito central de Seul, por via da qual exigem que o Governo, Park, o seu ex-conselheiro Kim Ki-choon e o ex-ministro de Cultura, Choo Yoon-sun, compensem cada demandante com um milhão de won (815 euros) pelos prejuízos causados.

Apesar de a referida lista ainda não ter sido revelada publicamente, os meios de comunicação social e artistas sul-coreanos falam há meses da criação desta lista para que as quase 9.500 pessoas do mundo das artes consideradas críticas da administração incluídas na mesma não recebessem subvenções públicas.

Entre os nomes figuram actores e realizadores de cinema de prestígio internacional, como Song Kang-ho, Park Chan-wook, Kim Ki-duk, Lee Chang-dong, Lee Woo-jin ou Ryoo Seung-wan, ou escritores de peso como ou escritores como Han Kang, vencedora do Man Booker International Prize 2016 com o romance “A Vegetariana”.

“A lista negra vulnerou os direitos pessoais dos artistas, assim como a sua liberdade de expressão e o seu direito a proteger a privacidade”, afirmou a associação Defensores de uma Sociedade Democrática, que representa os demandantes, num comunicado citado pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

Kim e Cho já foram acusados formalmente, na terça-feira, a par com outros sete ex-funcionários, de abuso de poder e coacção por supostamente criarem e administrarem esta lista negra, enquanto a Presidente da Coreia do Sul se salvaguardou na sua imunidade para não prestar declarações até ao momento junto do Ministério Público.

Rico esquema

Segundo a acusação, esta lista seria mais um instrumento ao serviço do esquema de extorsões alegadamente orquestrado por Choi Soon-sil, a figura central do escândalo de corrupção e tráfico de influências, apelidada de “Rasputina” pela sua relação próxima com a Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye.

Choi, de 60 anos, está acusada, entre outros, de tirar proveito da sua amizade de longa data com Park para interferir em assuntos de Estado apesar de não desempenhar qualquer cargo público; e de articular um esquema para extorquir, alegadamente com a conivência de Park, empresas de modo a que fizessem elevadas doações a fundações que controlaria em troca de favores.

O escândalo, um dos piores da história da Coreia do Sul, tem desencadeado enormes protestos populares.

O parlamento, controlado pela oposição, aprovou a destituição da Presidente a 9 de Dezembro por causa deste caso, um dos maiores escândalos políticos da história recente da Coreia do Sul, uma decisão que terá de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva.

O tribunal tem até Junho para decidir se Park tem de abdicar permanentemente ou pode voltar a assumir o cargo.

Os seus poderes presidenciais estão suspensos, com o primeiro-ministro a liderar o Governo.

10 Fev 2017

Amiga da Presidente sul-coreana contesta ter obtido benefícios

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hoi Soon-sil, que está no centro de um escândalo de corrupção na Coreia do Sul, negou ontem ter obtido qualquer benefício ou privilégio, durante o seu testemunho no processo que já levou à destituição da Presidente Park Geun-hye.

“Nunca obtive benefícios ou privilégios. Isto resulta de conclusões precipitadas”, disse Choi, de 60 anos, amiga da presidente e conhecida como “Rasputina sul-coreana”, durante a audiência, citada pela agência Yonhap.

Choi, detida desde Novembro, negou perante o Tribunal Constitucional, tal como já tinha feito perante o parlamento e o tribunal penal que investiga o caso, os crimes de que é acusada e incluem abuso de poder, chantagem ou tentativa de fraude.

A declaração aconteceu na quinta sessão do processo para analisar a destituição da Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, aprovada pela Assembleia Nacional no passado dia 9 de Dezembro devido a suspeitas de que cooperou com Choi, sua amiga próxima, para extorquir grandes empresas.

A equipa do Ministério Público encarregue de investigar o caso considera que Choi, com a conivência de Park, extorquiu os principais conglomerados do país para fazer entrar 77.400 milhões de wones (cerca de 61 milhões de euros) em duas fundações que controlava.

À defesa

Choi queixou-se no tribunal dos procedimentos da equipa de investigação do Ministério Público e por momentos levantou a voz para responder ao que disse serem “perguntas tendenciosas”.

Choi defendeu também a inocência da Presidente, apesar de admitir visitá-la com alguma frequência e ajudá-la com “assuntos pessoais”, tendo acesso a rascunhos de discursos de Park – considerados material presidencial confidencial – que modificou para lhes dar mais “emoção”.

O Tribunal Constitucional sul-coreano tem até inícios de Junho para ratificar ou rejeitar a destituição de Park aprovada pelo parlamento.

Caso a destituição seja aprovada, devem realizar-se eleições presidenciais num prazo não superior a 60 dias desde o veredicto.

17 Jan 2017

Seul | Park nega envolvimento em esquema de corrupção

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Tribunal Constitucional sul-coreano começou esta quinta-feira o julgamento do processo de destituição da Presidente, Park Geun-hye, suspeita de ter dado acesso privilegiado a informações sensíveis a uma amiga, que terá usado a sua influência para conseguir favores junto de grandes empresas.

A defesa da Presidente negou todas as acusações de envolvimento em esquemas de abuso de poder e corrupção. “Park nunca deixou os seus assessores interferirem com os assuntos de Estado e nomeou os dirigentes governamentais através de procedimentos legítimos”, afirmou o advogado Lee Joong-hwan.

O arranque do julgamento foi adiado para esta quinta-feira, depois de Park não ter ido à sessão marcada para terça-feira. A Presidente voltou a faltar, mas os juízes decidiram avançar. Não é obrigatória a presença de Park durante esta fase do processo e os seus advogados já tinham dito que a Presidente iria ausentar-se “a não ser que existam circunstâncias especiais”, segundo a agência estatal Yonhap.

Não sou o único

O tribunal tem seis meses para concluir se Park deve ou não ser destituída. Mesmo num país onde os casos de corrupção política são comuns, as suspeitas sobre Park criaram uma crise política sem precedentes na Coreia do Sul, que assistiu durante várias semanas às maiores manifestações populares da sua história democrática. O próprio partido da Presidente, o Saenuri, tem tentado distanciar-se de Park – mais de metade da bancada parlamentar votou a favor da destituição.

A 9 de Dezembro, o Parlamento aprovou a abertura de um processo de destituição por uma larga maioria. A pressão para que Park se demita dura há meses, depois de terem vindo a público os contornos da sua amizade com Choi Soon-sil, uma empresária filha de um amigo do ex-Presidente e pai da actual líder, Park Chung-hee.

Park terá recorrido a Choi para pedir sugestões para discursos oficiais, dando-lhe acesso a informações confidenciais, incluindo acerca de políticas em relação à Coreia do Norte. A empresária é acusada de usar a sua posição privilegiada junto da Presidente para pressionar donos de grandes conglomerados sul-coreanos a financiarem fundações que lhe pertenciam. Outras suspeitas incluem o ingresso da filha de Choi, Chung Yoo-ra, na prestigiada Universidade para Mulheres Ewha, que terá sido concedido pela posição da sua mãe.

O julgamento de Choi, detida desde Novembro, também começou esta quinta-feira, com a empresária a negar todas as acusações. “Enfrento muita injustiça”, declarou Choi em tribunal. “A acusada não procurou nem o mínimo ganho financeiro para si própria desde o dia em que as fundações foram estabelecidas”, afirmou o seu advogado, Lee Kyung-jae.

6 Jan 2017

Justiça sul-coreana analisa “lista negra” de artistas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério Público da Coreia do Sul convocou ontem o embaixador do país em França devido a uma alegada “lista negra” com milhares de artistas, no âmbito da investigação do caso de corrupção que levou à destituição da Presidente.

A equipa especial do Ministério Público quer questionar Mo Chul-min, secretário para a Educação e Cultura em 2013 e 2014, sobre uma alegada “lista negra” criada durante a sua administração que incluía nove mil artistas considerados hostis ao Governo da Presidente, Park Guen-hye, sendo-lhes por isso negado apoio estatal.

Em 2014, os organizadores do Festival Internacional de Cinema de Busan entraram em confronto com o autarca local, que tentou bloquear um documentário sobre o naufrágio do ‘ferry’ Sewol, que fez mais de 300 mortos, um desastre parcialmente atribuído à incompetência do Governo e à corrupção.

O autarca de Gwangju admitiu recentemente que foi pressionado pelo Governo para excluir uma pintura que satiriza Park da feira de arte bianual da cidade em 2014.

A alegada lista negra inclui algumas das figuras culturais mais famosas do país, como o realizador de “Oldboy”, Park Chan-wook, e o poeta Ko Un.

Ambos terão sido incluídos na suposta lista por comentários críticos ao Governo e por apoiarem candidatos da oposição em eleições presidenciais e autárquicas, segundo Do Jong-hwan, deputado da oposição que revelou a lista aos jornalistas.

Alta pressão

Grupos de artistas afirmam que os nomes na lista viram-lhes ser inexplicavelmente negado apoio de programas governamentais e interdito o acesso a instalações do Estado.

O antigo ministro da Cultura Yoo Jinryong, que deixou o cargo em Julho de 2014, afirmou numa entrevista recente que a lista negra foi actualizada várias vezes antes de sair e entregue ao seu ministério pelo hoje embaixador em França ou por outros secretários presidenciais.

Cho Yoonsun, a actual ministra da Cultura, que desempenhou o cargo de secretário para os assuntos políticos de Junho de 2014 a Maio de 2015, negou a acusação de Yoo de que esteve envolvida na elaboração da lista, garantindo que nunca a viu.

O Ministério Público acusou Park de conluio com uma amiga para extorquir dinheiro e favores de algumas das maiores empresas do país e de permitir que essa amiga, Choi Soon-sil, manipulasse assuntos de Estado.

O parlamento, controlado pela oposição, aprovou a destituição da Presidente a 9 de Dezembro, decisão que terá de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva.

O tribunal tem até seis meses para decidir se Park tem de abdicar permanentemente ou pode voltar a assumir o cargo.

A equipa especial do Ministério Público começou a investigar as alegações sobre a lista negra na sequência de uma queixa de um grupo de artistas.

Os investigadores também convocaram Kim Jae-youl, chefe da unidade de ‘marketing’ do desporto do grupo Samsung, dado que olham ainda para as alegações de que o gigante sul-coreano patrocinou a amiga da Presidente Choi Soon-sil para receber favores do Governo.

30 Dez 2016

Seul | Centenas de milhares protestam contra Presidente

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]entenas de milhares de pessoas saíram este sábado à rua na capital da Coreia do Sul, numa das maiores manifestações antigovernamentais da história do país, para reclamar a demissão da presidente Park Geun-Hye, envolvida num escândalo político.

A polícia, que inicialmente esperava uma multidão de 170 mil pessoas, estimou depois em 260.000 o número de manifestantes, enquanto os organizadores do protesto falam em um milhão de pessoas na rua.

Esta é a terceira de uma série de manifestações semanais contra Park, que luta pela sua sobrevivência política.

As autoridades apelaram à calma e cerca de 25.000 polícias foram mobilizados na capital, bloqueando todos os acesso à Casa Azul, a sede da presidência em Seul.

Durante a noite, uma maré humana invadiu a avenida Gwanghwamun, empunhando velas e cantando slogans em que pediam a demissão da presidente.

Cuidado com os amigos

O escândalo que envolve Park Geun-Hye há três semanas deve-se à sua amiga Choi Soon-Sil, que está detida e acusada de fraude e abuso de poder.

Os procuradores estão a investigar alegações de que Choi, de 60 anos, usava a sua amizade com a Presidente para conseguir donativos de grandes empresas como a Samsung para fundações sem fins lucrativos que ela própria criara e usava para fins pessoais.

Choi é também acusada de interferir nos assuntos do Estado e de aceder a documentos confidenciais apesar de não ter qualquer cargo oficial ou habilitações de segurança.

Os relatos da influência nefasta de Choi sobre Park lançaram as taxas de aprovação da Presidente para cinco por cento, um mínimo histórico para um Presidente em exercício.

Na manifestação de sábado ouviram-se ainda outras críticas, desde a queda do preço do arroz até à forma como as autoridades coreanas lidaram com o naufrágio do ferry Sewol em 2014, que fez mais de 300 mortos, entre os quais 250 estudantes.

Tentando apaziguar a cólera popular, a Presidente apresentou várias desculpas, demitiu altos responsáveis e até aceitou renunciar a algumas das suas prerrogativas, mas em vão.

Park reconheceu ser responsável pelo escândalo, admitindo ter sido, por amizade, “negligente” e pouco vigilante.

No entanto, recusou ter participado, sob influência daquela a quem os media sul-coreanos chamam de “Raspoutine”, num culto religioso de inspiração xamânica.

A amiga de 40 anos da Presidente é filha de um misterioso chefe religioso, Choi Tae-Min, que se tornou no seu mentor após o homicídio da mãe em 1974.

A manifestação de sábado é a maior na Coreia do Sul desde 10 de Junho de 2008, quando uma vigília contra a decisão governamental de pôr fim à importação de carne dos EUA reuniu 80 mil pessoas, segundo a polícia, ou 700 mil, segundo a organização.

No verão de 1987, milhões de pessoas manifestaram-se durante semanas em Seul e em outras cidades até que o então governo militar cedeu a realizar eleições presidenciais livres.

14 Nov 2016

Coreia do Sul | Presos dois ex-assessores da Presidente

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades sul-coreanas prenderam ontem dois antigos assessores presidenciais no âmbito da investigação ao escândalo político envolvendo uma colaboradora próxima da Presidente, Park Park Geun-hye, suspeita de manipular o poder.

O tribunal distrital central de Seul, acedendo ao pedido do Ministério Público, emitiu mandados de prisão para Ahn Jong-beom, ex-secretário para a coordenação política de Park, suspeito de pressionar empresas a fazerem donativos a organizações sem fins lucrativos controladas por Choi Soon-sil, a amiga de Park que está no centro do caso; e Jung Ho-sung, outro antigo assessor suspeito de lhe ter passado documentos confidenciais, indicou Shin Jae-hwan, porta-voz do tribunal.

As autoridades também citaram ontem para interrogatório Woo Byung-woo, antigo secretário presidencial para os assuntos civis, que culpam por ter falhado em evitar que Choi Soon-sil interferisse nos assuntos de Estado e que está a braços com um outro caso suspeito de corrupção envolvendo a sua família.

Na rua

Dezenas de milhares de manifestantes voltaram no sábado a pedir a demissão da presidente sul-coreana, Park Geun-hye, naquele que foi o maior protesto anti-governamental na capital em quase um ano.

A polícia estimou em 45.000 o número de pessoas que se juntaram à manifestação, enquanto os organizadores falaram, por seu turno, em 200.000 participantes.

O protesto teve lugar mesmo depois de Park Geun-Hye ter feito na sexta-feira um discurso à nação, em que voltou a pedir desculpa ao país e afirmou aceitar ser investigada formalmente.

Park Geun-Hye reconheceu, no discurso transmitido pelas televisões, que o escândalo envolvendo a sua amiga de longa data Choi Soon-Sil foi culpa sua, afirmando sentir-se “devastada”.

“Estes últimos acontecimentos são todos culpa minha, foram causados pela minha imprudência”, declarou, explicando que “baixou a guarda” relativamente a Choi Soon-sil acusada de se ter aproveitado da relação pessoal com a Presidente para aceder a documentos confidenciais e intervir em assuntos de Estado, incluindo na nomeação de membros do Governo ou na revisão de discursos.

Choi Soon-sil, de 60 anos, amiga íntima da Presidente, está a ser investigada por alegadamente se ter apropriado de fundos públicos e exercido influência na política do país, apesar de não desempenhar qualquer cargo público.

Na segunda-feira foi detida preventivamente até que na quinta-feira um tribunal de Seul aprovou formalmente um mandado de prisão, sob a acusação de prática dos crimes de tentativa de fraude e de abuso de poder.

Este caso desencadeou a maior crise política que a Presidente Park enfrentou desde que assumiu o poder em 2013.

A indignação dos sul-coreanos, incluindo de membros do seu partido, tem por base a ideia de que a Presidente foi manietada durante o seu mandato por Choi, a qual foi comparada pelos meios de comunicação social à figura de Rasputin.

A Presidente sul-coreana fez, nos últimos dias, uma remodelação governamental, substituindo nomeadamente o primeiro-ministro e despedindo oito assessores, na tentativa de responder à onda de críticas que se gerou no país devido ao caso conhecido como “Choi Soon-sil Gate”.

Contudo, partidos da oposição descreveram as mudanças como cosméticas.

Uma sondagem nacional divulgada na sexta-feira coloca a taxa de aprovação de Park nos 5% – o valor mais baixo alguma vez alcançado por um Presidente na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980 após décadas de ditadura militar.

O mandato da Presidente termina dentro de 15 meses. Caso Park se demita antes, a lei determina que têm de ser realizadas eleições presidenciais no prazo de 60 dias.

7 Nov 2016

Coreia do sul com plano de destruição de Pyongyang

A Coreia do sul criou um plano de destruição massiva da capital norte coreana, caso esta mostre qualquer intenção de voltar a usar armamento nuclear. O aviso foi feito por fonte militar

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul desenhou um plano para destruir a capital da Coreia do Norte, através de bombardeamentos intensivos se Pyongyang mostrar sinais de ataque nuclear, disse fonte militar de Seul à agência sul-coreana de notícias Yonhap. “Todos os distritos de Pyongyang, particularmente naqueles onde possa esconder-se o líder norte-coreano, serão completamente destruídos por mísseis balísticos e projécteis de alto poder explosivo assim que o Norte mostre sinais de usar arsenal nuclear. Por outras palavras, a capital do Norte será reduzida a cinzas e eliminada do mapa”, disse aquela fonte militar de Seul à agência sul-coreana de notícias Yonhap.
Os detalhes da operação são divulgados depois de o Ministério da Defesa sul-coreano ter dado conta do denominado “Castigo Massivo e Represália da Coreia do Norte” à Assembleia Nacional, em resposta ao mais recente teste nuclear do Norte. O conceito operativo do Ministério de Defesa pretende lançar bombardeamentos preventivos contra o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e a liderança militar do país, se forem detectados sinais iminentes do uso de armas nucleares ou em caso de guerra, explicou a fonte. Nesse caso, a Coreia do Sul tem previsto lançar os seus mísseis balísticos Hyunmoo 2A e 2B, com um alcance entre 300 e 500 quilómetros, assim como os seus mísseis de cruzeiro Hyunmoo 3, cujo alcance é de 1.000 quilómetros.
Seul anunciou, em meados de Agosto, a intenção de incrementar de forma significativa o seu arsenal de mísseis para fazer frente à “crescente” ameaça da Coreia do Norte.
Outra fonte disse que Seul criou recentemente uma unidade especial encarregada da destruição da cúpula militar da Coreia do Norte, cuja missão se centra no “lançamento de ataques preventivos sobre eles”, segundo declarações recolhidas pela Yonhap.

Puxão de orelhas chinês

Na sequência do teste nuclear levado a cabo por Pyongyang na sexta-feira, o Governo chinês disse que o ambiente e a saúde da população não foram afectados, mas chamou embaixador coreano alertando-o para o aumento da tensão na região. “A persistência no desenvolvimento de armamento nuclear e os testes vão contra as expectativas da comunidade internacional e aumentam a tensão na península”, disse Zhang Yesui, vice-primeiro ministro chinês Zhang Yesui a Ji Jae-ryong, embaixador norte-coreano, acrescentando que essa acção “não conduz à paz e estabilidade da península Coreana”, segundo a Xinhua. Zhang instou a Coreia do Norte a evitar acções que possam exacerbar essas tensões e a “regressar ao caminho correcto da desnuclearização o mais rápido possível”.

Todos contra um

O Japão e a Coreia do Sul também estão preocupados com a situação e, numa conversa telefónica entre a ministra da Defesa Tomomi Inada, e o seu homólogo sul-coreano, Han Min-koo, acordaram estreitar a cooperação para lidar com o programa nuclear norte-coreano. O ministro Han disse que o teste nuclear foi um grave desafio para a estabilidade regional e global, e que a comunidade internacional necessita fazer esforços de cooperação para lidar com a situação, segundo a informação recolhida pela agência japonesa de notícias Kyodo. O Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos mantiveram na sexta-feira teleconferências de alto nível em matéria de Defesa, concordando que as acções provocadoras de Pyongyang requerem a união da comunidade internacional para preparar sanções adicionais ao regime norte-coreano, revelou Han.

12 Set 2016