“Doença da altitude” justifica proibição de visitas ao Tibete

Num mês em que se assinalam aniversários de rebeliões contra o domínio chinês, Pequim restringiu ainda mais as visitas de estrangeiros à região

 

[dropcap]O[/dropcap] secretário do Partido Comunista Chinês no Tibete justificou a interdição do acesso de estrangeiros àquela região dos Himalaias, durante o mês de Março, com a possibilidade de os “visitantes sofrerem de doença da altitude”.

Citado pela imprensa local, o líder comunista no Tibete, Wu Yingjie, disse que as restrições são necessárias para “garantir a segurança” dos turistas.

Segundo confirmou a agência Lusa, as agências de viagens estão a recusar turistas estrangeiros em visitas ao Tibete, durante este mês, quando se celebra um par de aniversários sensíveis que questionam a legitimidade da soberania chinesa na região.

“Após considerarmos as condições geográficas e climáticas específicas [do Tibete], adoptámos uma série de regulamentações para as visitas de estrangeiros, de acordo com a lei”, disse.

No dia 10 de Março celebra-se o 60.º aniversário desde uma frustrada rebelião contra a administração chinesa, que terminou com o exílio na vizinha Índia do líder político e espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, que Pequim acusa de ter “uma postura separatista”.

E no dia 14 de Março de 2008, a capital da região autónoma do Tibete, Lhasa, foi palco de violentos ataques contra a presença chinesa, que resultaram em 18 mortos, segundo dados do Governo chinês. Um número desconhecido de tibetanos foi morto pelas tropas chinesas na sequência daquele incidente.

Além do visto chinês, os estrangeiros precisam de uma autorização especial para visitar o Tibete, uma exigência que as autoridades normalmente justificam com as “tradições únicas da etnia tibetana, o património cultural, a capacidade de receber turistas e as necessidades de proteção ambiental”.

Os turistas estrangeiros que querem visitar o Tibete, incluindo a capital Lhasa, têm de fazê-lo em grupo e acompanhados de um guia, e Pequim proíbe diplomatas e jornalistas estrangeiros de entrarem na região, excepto em visitas organizadas pelas autoridades ou pelo departamento de propaganda do Partido Comunista.

 

Diferendo secular

A China considera que a região é desde há séculos parte do território chinês.

Mas seguidores do Dalai Lama, o líder espiritual dos tibetanos, que em 1989 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, acusam Pequim de tentar destruir a identidade religiosa e cultural do Tibete.

O secretário do PCC negou ainda que a população de cerca 3,3 milhões tibetanos apoie o Dalai Lama.

“O Dalai Lama não trouxe nada de bom para o povo tibetano. Embora no estrangeiro ele tenha algum apoio, os tibetanos estão muito gratos pela prosperidade que o Partido Comunista trouxe”, disse.

Segundo a organização com sede em Washington International Campaign for Tibet, mais de 150 tibetanos imolaram-se pelo fogo, desde Fevereiro de 2009, em protestos contra o que classificam de opressão do Governo Chinês.

8 Mar 2019

China vai proibir por lei transferência forçada de tecnologia

[dropcap]A[/dropcap]China vai proibir por lei que entidades governamentais forcem empresas estrangeiras a transferirem tecnologia, em troca de acesso ao mercado doméstico, uma questão-chave nas disputas comerciais com os Estados Unidos.

A disposição consta num projecto de lei sobre investimento estrangeiro que está a ser debatido na sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão legislativo do país.

A revelação foi feita ontem, em conferência de imprensa, por Ning Jizhe, o vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o órgão máximo chinês de planificação económica.

O sistema legal vai garantir que as empresas estrangeiras “não podem ser obrigadas a transferir tecnologia por meios administrativos, proporcionando uma garantia jurídica mais ampla e benéfica”, afirmou.

O texto estipula que “todas as partes envolvidas no investimento devem decidir, através de negociações, as condições de cooperação tecnológica, no caso do investimento estrangeiro”, e que “nem os departamentos do Governo, nem os funcionários, podem utilizar meios administrativos para forçar transferências de tecnologia”.

“Os governos locais devem cumprir rigorosamente as suas promessas políticas e todo o tipo de contratos legais com empresas com fundos estrangeiros”, estipula.

“Caso contrário, as empresas estrangeiras devem ser compensadas pelas suas perdas”, acrescenta.

Cumprir promessas

A declaração de Ning surge um dia depois de o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ter garantido, no arranque da sessão da APN, que todas as empresas serão “tratadas de forma igual”, estrangeiras ou chinesas.

Washington e Bruxelas criticam frequentemente Pequim por transferência forçada de tecnologia, atribuição de subsídios a empresas domésticas e obstáculos regulatórios que protegem os grupos chineses da competição externa.

As políticas industriais de Pequim, vistas como “predatórias”, suscitaram já uma guerra comercial com os EUA, com Donald Trump a impor taxas alfandegárias sobre 250.000 milhões de dólares de bens importados da China.

Os EUA têm ainda pressionado vários países, incluindo Portugal, a excluírem a gigante chinesa das telecomunicações Huawei na construção de infraestruturas para redes de Quinta Geração (5G), a Internet do futuro.

Pequim quer transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA consideram que aqueles planos industriais, impulsionados pelo Estado chinês, violam os compromissos da China em abrir o seu mercado. Washington teme ainda perder o seu domínio industrial para um rival estratégico em ascensão.

Na terça-feira, Li Keqiang anunciou uma meta de crescimento económico para 2019 “entre 6 por cento e 6,5 por cento “.

Trata-se de um ritmo ligeiramente abaixo ao alcançado no ano anterior e seria o mais lento em três décadas, mas ainda assim entre os mais rápidos do mundo.

A China é a segunda maior economia do mundo, a seguir aos Estados Unidos.

7 Mar 2019

Futebol | Encontro entre China e Portugal não se realiza este ano

Apesar da vontade expressa pelos membros dos dois Governos, questões de calendário das duas selecções fazem com que não seja possível realizar o encontro

[dropcap]O[/dropcap]encontro de futebol entre a China e Portugal já não se vai realizar durante este ano. O desejo de organizar uma partida entre os dois países para celebrar o 20.º aniversário da criação da RAEM tinha sido expresso pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e o ministro português da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. Na terça-feira, o presidente do Instituto do Desporto (ID), Pun Weng Kun, confirmou que a partida não se vai realizar, à margem da apresentação das Regatas Barcos-Dragão.

“Muitas pessoas recordam o encontro de 2002, entre a China e Portugal, e têm saudades desse jogo. Mas é um evento muito difícil de organizar, porque depende da disponibilidade das federações chinesa e portuguesa”, explicou o presidente do ID. “Esperamos que, no futuro, seja possível organizar este jogo. Mas será um dia, no futuro”, acrescentou.

A vontade de organizar a partida tinha sido revelada em Setembro de 2017, quando Alexis Tam esteve reunido com Tiago Brandão Rodrigues, que tutela o desporto português.

Na altura, o Governo de Macau emitiu um comunicado em que se podia ler o seguinte: “Ambos os governantes expressaram o desejo de celebrar os 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre a China e Portugal, que se celebra em 2019 e que coincide com os 20 anos da RAEM, através do desporto, nomeadamente de um jogo entre as selecções chinesa e portuguesa a realizar em Macau”.

Em 2002, no encontro disputado no Estádio de Macau, na Taipa, Portugal derrotou a China por 2-0, com golos de Nuno Gomes e Pauleta. O jogo serviu de preparação para o Mundial da Coreia do Sul e do Japão. Uma competição que acabou de ser de má memória para as cores portuguesas, uma vez que a equipa orientada por António Oliveira acabou por ser eliminada logo na fase de grupos.

Southampton por confirmar

Outra possibilidade que tinha sido avançada era a possibilidade do Southampton se deslocar a Macau para realizar uma partida de carácter amigável.

Em relação a este assunto, o Instituto do Desporto está a trabalhar para encontrar um adversário para a formação inglesa, que virá do principal escalão do futebol do Interior da China.

Contudo, ainda não é certo que o encontro se venha mesmo a disputar: “Ainda não há nada confirmado. Estamos, neste momento, à procura de uma equipa para disputar o encontro entre as formações do principal escalão do futebol chinês”, revelou.

7 Mar 2019

Poluição | Coreia do Sul quer projecto com a China para limpar o ar

[dropcap]O[/dropcap]Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, propôs ontem à China um projecto conjunto de utilização de chuva artificial para limpar o ar em Seul, que tem registado níveis de poluição elevados.

Na semana passada, os níveis de poluição atingiram recordes negativos na Coreia do Sul. Para as autoridades sul-coreanas, este é um resultado das actividades industriais chinesas, mas também da emissão de poluentes dos veículos existentes na Coreia do Sul.

Moon Jae-in instruiu ainda as autoridades governamentais a acelerarem o encerramento das centrais a carvão, segundo o porta-voz da presidência sul-coreana, Kim Eui-kyeom.

O Presidente sul-coreano afirmou que “a China está muito mais avançada” tecnologicamente para o combate às emissões de poluentes, do que a Coreia do Sul, e que a cooperação com Pequim ajudaria a diminuir a poluição do ar.

Moon também propôs que a Coreia do Sul e a China desenvolvam um sistema conjunto para a emissão de alertas de poluição.

Na terça-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, anunciou que Pequim vai investir, este ano, 25 mil milhões de yuan no combate à poluição atmosférica, um aumento de 25 por cento em relação a 2018.

As principais cidades chinesas são frequentemente cobertas por um manto de poluição, resultado de três décadas de forte crescimento económico assente na produção industrial, que transformou o país na “fábrica do mundo”.

7 Mar 2019

Xinjiang | ONU volta a pedir a Pequim acesso à província

[dropcap]A[/dropcap]Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos voltou ontem a pedir a Pequim acesso total à região de Xinjiang para avaliação da situação dos muçulmanos de origem uigur detidos em campos de reeducação.

Michelle Bachelet, que falava na apresentação do relatório anual, que decorreu em Genebra, referiu-se com preocupação à situação dos muçulmanos da província chinesa de Xinjiang.

Para a Alta Comissária, o rápido desenvolvimento na República Popular da China “tirou milhões de pessoas da pobreza” mas, acrescentou, em certas regiões, comunidades e indivíduos foram abandonados.

“O meu gabinete está a tentar estabelecer contactos com o governo [chinês] para a obtenção de acesso total no sentido de se conseguir uma avaliação independente dos relatórios que denunciaram desaparecimentos, detenções arbitrárias, em particular na região autónoma de Xinjiang”, afirmou.

Em Setembro de 2018, Bachelet pediu autorização a Pequim para o envio de uma equipa à região ocidental do país, mas ainda não obteve resposta.

Xinjiang, uma vasta região habitada maioritariamente por muçulmanos de etnia uigur, tem vindo a ser palco de violentas tensões e de atentados mortais.

A região é alvo de altas medidas de segurança levadas a cabo pelas forças policiais.

Pelo menos um milhão de muçulmanos estão detidos em centros de reeducação política, de acordo com informações difundidas por organizações de defesa dos Direitos Humanos.

Segundo uma organização uigur com sede na Alemanha, o número de detidos pode ser superior a três milhões.

As acusações têm vindo a ser desmentidas por Pequim que se refere a “centros de formação profissional” contra a “radicalização islâmica”.

Segundo o regime de Pequim, as medidas de segurança em Xinjiang “são necessárias para combater o extremismo, mas não visam grupos étnicos em particular”.

7 Mar 2019

UE | Itália adere a ‘Uma Faixa, Uma Rota’ apesar das pressões externas

[dropcap]A[/dropcap]Itália deverá tornar-se, juntamente com Portugal, um dos poucos países da União Europeia (UE) a apoiar formalmente o projecto internacional de infra-estruturas lançado pela China ‘Uma Faixa, Uma Rota’, apesar da oposição de Washington e Bruxelas.

Citado pelo jornal Financial Times, o subsecretário do ministério italiano do Desenvolvimento Económico, Michele Geraci, revelou que Roma deve assinar um memorando de entendimento de apoio aquela iniciativa, que materializa a nova vocação internacionalista de Pequim.

A iniciativa visa conectar o sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa, e é visto como uma versão chinesa do ‘Plano Marshall’, lançado pelos EUA após a Segunda Guerra Mundial, e que permitiu a Washington criar a fundação de alianças que perduram até hoje.

O documento deverá ser assinado este mês, durante a visita a Itália do Presidente chinês, Xi Jinping.

“As negociações ainda não terminaram, mas é possível que sejam concluídas a tempo para a visita de Xi”, disse Geraci, citado pelo Financial Times.

“Queremos ter a certeza de que os produtos ‘Made in Italy’ podem ter mais sucesso em termos de volume de exportação para a China, que é o mercado que mais cresce no mundo”, explicou.

A iniciativa tem, no entanto, suscitado divergências com as potências ocidentais, que vêem uma nova ordem mundial ser moldada por um rival estratégico, com um sistema político e de valores profundamente diferentes.

Cepticismo americano

A Casa Branca disse já que a inclusão de Itália nos planos chineses não ajudará o país economicamente e pode prejudicar significativamente a sua imagem internacional.

“Nós vemos [Uma Faixa, Uma Rota’] como uma iniciativa ‘Made by China, for China’ [Feita pela China, para a China]”, reagiu o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Garrett Marquis.

“Estamos cépticos de que o apoio do Governo italiano trará quaisquer benefícios económicos sustentáveis para o povo italiano e isso pode acabar por prejudicar a reputação global de Itália a longo prazo”, disse.

Bancos estatais e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para projectos lançados no âmbito daquele gigantesco plano de infraestruturas, que inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas ou linhas ferroviárias ao longo de vários continentes.

Mas os Estados Unidos apontam para um aumento problemático do endividamento, que em alguns casos coloca os países numa situação financeira insustentável, permitindo a Pequim avançar com os seus interesses geopolíticos.

No Sri Lanka, um porto de águas profundas construído por uma empresa estatal chinesa, numa localização estratégica no Índico, revelou-se um gasto incomportável para o país, que teve de entregar a concessão da infraestrutura e dos terrenos próximos à China, por um período de 99 anos.

“Todos os aliados e parceiros, incluindo a Itália, devem pressionar a China a alinhar os seus esforços globais de investimento com os padrões internacionais e as boas práticas”, apontou Garrett Marquis.

Xi no terreno

O Presidente chinês chega a Itália em 22 de Março, no dia seguinte a um encontro da União Europeia, em Bruxelas, que vai debater a criação de uma abordagem comum para os investimentos chineses no bloco europeu.

Alemanha e França têm pressionado por critérios de selecção mais rigorosos para os investimentos chineses no continente.

Em Dezembro passado, durante a visita de Xi Jinping a Lisboa, Portugal e China assinaram um memorando de entendimento para a cooperação bilateral no âmbito da ‘Uma Faixa, Uma Rota’ .

Lisboa quer incluir uma rota atlântica no projecto chinês, o que permitiria ao porto de Sines conectar as rotas do Extremo Oriente ao oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.

7 Mar 2019

Bolsa | Queda atinge fortunas dos milionários do parlamento chinês

[dropcap]O[/dropcap]abrandamento do crescimento económico e as disputas comerciais com os Estados Unidos fizeram de 2018 um ano com reflexos nos bolsos dos mais ricos da China

O valor total das fortunas dos delegados do órgão legislativo e do órgão consultivo da China registou uma queda homóloga de 14 por cento durante o ano passado devido à forte desvalorização nas praças financeiras chinesas, segundo um estudo.

A Hurun, unidade de investigação sedeada em Xangai, revela que a riqueza somada dos cerca de 3.000 delegados na Assembleia Popular Nacional (APN), órgão máximo legislativo da China, e dos 2.200 membros da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês (CCPPC), uma espécie de senado sem poderes legislativos, caiu para 3,4 biliões de yuan.

Em comparação, os 50 membros mais ricos do Congresso dos Estados Unidos têm uma riqueza acumulada de 2 mil milhões de dólares.

Considerada a Forbes chinesa, a Hurun Report Inc foi fundada em 1999 pelo contabilista britânico Rupert Hoogewerf, e publica anualmente uma lista dos mais ricos da China.

O relatório informa que os dois órgãos reúnem agora, no conjunto, 93 delegados milionários. No ano passado, eram 104.

Serão estes milionários – a maioria fez fortuna com propriedade, tecnologia ou no sector manufactureiro – a defender os direitos das empresas privadas, durante os dez dias em que as elites políticas da China estão reunidas, em Pequim.

O sector privado contribui para mais de metade da receita tributária da China, 60 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país ou 80 por cento dos postos de trabalho nas cidades, segundo dados oficiais.

Bons negócios

A reunião anual da APN, que começou na terça-feira, decorre num período de abrandamento no ritmo de crescimento económico da China para o nível mais baixo em trinta anos e de disputas comerciais com os Estados Unidos.

Em 2018, a bolsa de Xangai, principal praça financeira da China, registou o pior desempenho do mundo, ao recuar quase 25 por cento.

Apesar de as empresas privadas chinesas partilharem do mesmo estatuto legal das firmas estatais, na prática, as segundas têm mais apoio dos bancos, dominados pelo Estado, e gozam de tratamento preferencial por parte das autoridades.

O Governo central tem prometido melhorias no ambiente de negócios para o sector privado.

Em causa está maior acesso ao crédito, redução da carga tributária ou melhor protecção dos direitos de propriedade contra abusos de poder dos governos locais.

Pony Ma, fundador da Tencent Holdings, continua a ser o delegado mais rico na APN, com um património estimado em 255 mil milhões de yuan.

Na Conferência Consultiva, o magnata do imobiliário Hui Ka Yan é o mais rico, com uma fortuna estimada em 250 mil milhões de yuan.

 

 

 

7 Mar 2019

Ilha da Montanha | Zhuhai vai pagar centro de saúde para residentes

[dropcap]Z[/dropcap]huhai vai pagar integralmente o centro de saúde para residentes de Macau com autorização de residência na Ilha da Montanha, revelou ontem o subdirector dos Serviços de Saúde, Cheang Seng Ip, à margem do programa radiofónico “Fórum Macau”. O projecto, recentemente anunciado pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, deve ficar pronto em três anos, mas ainda não há calendário para o arranque das obras. Cheang Seng Ip indicou, segundo declarações reproduzidas pela Rádio Macau, que o futuro centro de saúde vai ter capacidade inicial para 300 pessoas. A obra está a ser planeada com a Comissão de Administração da Nova Área da Ilha da Montanha, segundo o mesmo responsável que afirmou não estar em condições de avançar com um orçamento.

7 Mar 2019

Li Keqiang confiante no sucesso e desenvolvimento de Macau

O primeiro-ministro chinês entende que Macau deve aproveitar as oportunidades trazidas pelos planos estratégicos de Pequim e estreitar parcerias com o Interior da China. Li Keqiang demonstrou ainda o total apoio à administração de Chui Sai On

 

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]urante a apresentação do relatório anual perante a Assembleia Popular Nacional (APN), Li Keqiang referiu que Macau e Hong Kong devem aproveitar as oportunidades nascidas dos planos estratégicos traçados por Pequim e estreitar a cooperação com o Interior da China. O discurso do primeiro-ministro chinês, proferido na abertura da sessão de ontem das reuniões magnas, referia-se aos planos “Uma Faixa, Uma Rota” e à Grande Baía.

“Temos de continuar a implementação completa e certeira da política ‘Um País, Dois Sistemas’, de Hong Kong governado pelas suas gentes, Macau governado pelas suas gentes, com alto grau de autonomia, no estrito cumprimento da Constituição e da Lei Básica.” Depois de não ter mencionado no discurso do ano passado o princípio que estabelece a governação das regiões administrativas especiais “pelas suas gentes”, Li Keqiang

Outro dos aspectos de salientar no discurso do alto dirigente do Executivo de Pequim prende-se com a sucesso partilhado entre as regiões administrativas especiais e o Interior, de forma a garantir “a prosperidade e estabilidade a longo prazo”. É a primeira vez que esta formulação é proferida, a par da expressão “progredir em conjunto com o Interior”.

 

Fé nos chefes

Em referência à liderança política das duas regiões administrativas especiais, Li Keqiang reiterou que ambos os governos e os respectivos chefes dos executivos das duas regiões têm o total apoio de Pequim no exercício da governação baseada na lei.

Ao longo do discurso, o primeiro-ministro não mencionou, ao contrário do que aconteceu nos últimos dois anos, a expressão “promover a democracia”. Em paralelo, enquanto prometeu resolução e eficácia na protecção da soberania nacional, Li Keqiang fez a habitual menção ao combate a movimentos separatistas que procuram a independência de Taiwan. Desta feita, o líder político deixou de fora qualquer referência ao movimento pró-independência de Hong Kong. Algo que não passou ao lado de Wang Yang, presidente da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês, que ao abordar a questão de Hong Kong fê-lo sob o tema unidade e solidariedade. “Encorajamos os delegados de Hong Kong e Macau a apoiarem os seus governos e chefes dos executivos de acordo com a lei. Estamos, inequivocamente, em oposição à independência de Hong Kong”.

6 Mar 2019

Autarca de Taiwan visita Macau no fim de Março

[dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]egundo informação veiculada pela Xinhua, Han Kuo-yu, que dirige a segunda maior cidade de Taiwan, Kaohsiung, vai liderar uma delegação em visita a Macau, Hong Kong, Shenzhen e Xiamen.

A ‘tour’, que acontece entre os dias 22 e 28 de Março, foi anunciada pelo porta-voz do Gabinete dos Assuntos de Taiwan junto do Conselho de Estado e terá como objectivo promover o intercâmbio e a cooperação.

6 Mar 2019

Transferência de pessoas | Neto Valente quer presos políticos fora de acordo

[dropcap]O[/dropcap] presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Neto Valente, tem a esperança que os presos políticos não sejam abrangidos pelo acordo que está a ser negociado entre Macau e o Interior da China para a transferência de pessoas condenadas. Em declarações à TDM, o presidente da AAM revelou esperar que apenas os crimes graves envolvam a transferência de pessoas.

“Há princípios – que podem estar nessa ou noutra convenção – e espero que as pessoas sejam tratadas como devem ser. E, com os problemas que têm surgido em Hong Kong, que as pessoas não sejam transferidas por motivos políticos ou por outros motivos que não sejam crimes realmente graves”, disse Neto Valente.

O presidente da AAM foi ainda questionado sobre as leis europeias que definem como alguns princípios fundamentais para a transferência o consentimento por parte do recluso, a existência de uma sentença definitiva, entre outros. No entanto, Neto Valente admite que a realidade entre Macau e o Interior da China seja diferente: “Não estamos na Europa. Não posso aspirar a que sejam aplicadas em Macau ou na China convenções europeias”, afirmou em relação a este aspecto.

Na semana passada a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, e o Ministro da Justiça da China, Fu Zhenghua, estiveram reunidos e chegaram a um consenso sobre o arranque de nova conversações para a transferência de pessoas condenadas.

4 Mar 2019

Lisboa | Emissão de dívida pública portuguesa em renmenbi “mutuamente benéfica”

[dropcap]A[/dropcap] China espera que se concretize “de forma satisfatória” a emissão de dívida pública portuguesa em moeda chinesa, que vê como uma “cooperação mutuamente benéfica”, disse à Lusa o embaixador de Pequim em Lisboa, Cai Run.

O diplomata considerou que será “mais uma fonte de financiamento” para Portugal e que, “para a parte chinesa” significará “popularidade” e um contributo para o país “ser bem acolhido pela comunidade internacional”.

“Esperamos que possa andar de forma satisfatória. É também uma cooperação mutuamente benéfica”, disse Cai Run, em resposta a questões da Lusa a propósito dos 40 anos de relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China e da visita do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, a Pequim, em Abril.

Cai Run sublinhou que se a emissão de dívida portuguesa no mercado chinês “se concretizar em breve”, Portugal “será o primeiro país da zona euro a emitir dívida pública em renmenbi” (ou yuan, a moeda da China).

Em Outubro passado, Portugal e a China, através da Caixa Geral de Depósitos e do Banco da China, assinaram um acordo prevendo a emissão de dívida pública portuguesa em renmenbi, um dos 17 acordos bilaterais formalizados durante a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal.

Portugal tem desde 2017 autorização do banco central da China para fazer uma emissão de dívida no mercado chinês.

Cai Run considerou que “a cooperação financeira é importante” dentro da “cooperação bilateral” sino-portuguesa, destacando os investimentos chineses dos últimos anos na área da banca.

Segundo o embaixador, no total, o investimento chinês em Portugal supera os 9.000 milhões de euros “desde o final de 2011, início de 2012”, e tem havido “um aumento estável, ao mesmo tempo, do investimento português na China”.

A alastrar

Portugal é hoje o quinto maior destino de investimento chinês no estrangeiro e é, para a China, um parceiro para investimentos noutros países europeus e nos restantes países de língua portuguesa, afirmou.

“Está a tornar-se numa cooperação trilateral ou multilateral”, disse, acrescentando que a China tem a expectativa de que se estenda a mais países africanos e da América Latina.

O embaixador considerou que todos estes investimentos são “transparentes” e “respeitam as regras locais”, nomeadamente a “legislação e políticas” portuguesas e chinesas e os “regulamentos relevantes da União Europeia” de outros países.

Para o diplomata, “é necessário reforçar” esta “cooperação mutuamente benéfica” entre Portugal e a China, prevendo que os investimentos se estendam a outros sectores, como o turismo ou a tecnologia.

Em relação aos investimentos portugueses, destacou, como exemplo, as potencialidades da venda dos “produtos agroalimentares de qualidade” de Portugal no mercado chinês ou a área da banca.

“Queremos mais empresas portuguesas a investir na China”, reforçou, sublinhando a necessidade de haver “dois pés” na “cooperação bilateral” para haver um “futuro promissor e mais sustentável”.

O embaixador lembrou que o investimento chinês arrancou numa fase “economicamente difícil” para Portugal e considerou que ajudou o país “a sair da crise”. Já as empresas chinesas, “tiveram boas oportunidades de desenvolvimento”.

4 Mar 2019

Cimeira | Pequim espera que Trump e Kim se encontrem “a meio do caminho”

[dropcap]A[/dropcap]China afirmou ontem que os EUA e a Coreia do Norte devem “encontrar-se a meio do caminho” depois de a cimeira em Hanói ter terminado sem acordo. O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Lu Kang afirmou em conferência de imprensa que a situação na península coreana experimentou uma “reviravolta” significativa no ano passado, um “resultado conquistado com muitas dificuldades”. Lu enalteceu o regresso dos EUA e da Coreia do Norte a um caminho rumo ao acordo político, que considerou ser a “única saída”. Na conferência de imprensa após a cimeira, Donald Trump considerou o Presidente chinês, Xi Jinping, como um “líder altamente respeitado em todo o mundo” e afirmou que este foi “muito cooperativo” na questão norte-coreana. Trump lembrou que a China é altamente influente devido ao alto volume de negócios com a Coreia do Norte. Pequim é o maior parceiro comercial e principal aliado diplomático de Pyongyang.

1 Mar 2019

Venezuela| Rússia e China rejeitam qualquer acção militar

Os dois principais aliados de Nicolas Maduro expressaram esta semana o seu repúdio contra qualquer ingerência externa na Venezuela e deixam o aviso de que uma acção militar no país seria interpretada como um “acto de agressão contra um Estado soberano e uma ameaça à paz e à segurança internacional”

[dropcap]A[/dropcap]Rússia e a China opuseram-se esta quarta-feira a qualquer acção militar contra a Venezuela, numa altura em que os Estados Unidos querem avançar com uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre a crise venezuelana.

Em Wuzhen (leste da China), o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou que Moscovo, um aliado do Presidente venezuelano contestado Nicolás Maduro, está a trabalhar com todos os países que encaram com preocupação o cenário de uma eventual interferência militar na Venezuela.

Nas mesmas declarações, Lavrov, que se encontrou em Wuzhen com os seus homólogos chinês e indiano, denunciou as tentativas “descaradas” de criar “pretextos artificiais” para uma intervenção militar, como, por exemplo, o argumento de uma operação humanitária.

A administração norte-americana liderada pelo Presidente Donald Trump, que contesta Nicolás Maduro e reconhece o opositor Juan Guaidó como Presidente interino venezuelano, já afirmou que não descarta nenhuma opção, inclusive militar, para lidar com a crise venezuelana.

E o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, já chegou a declarar que “os dias de Maduro estão contados”.

Washington pretende avançar esta semana com a votação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre os últimos acontecimentos na Venezuela e focada na autorização para a entrada da ajuda humanitária naquele país.

É previsível que a Rússia, que como os Estados Unidos e a China é membro permanente do Conselho de Segurança e tem a capacidade de vetar a resolução, rejeite o texto norte-americano.

“Não é por acaso que as autoridades do Brasil, por exemplo, já declararam que não vão participar ou disponibilizar o seu território aos norte-americanos para uma agressão contra a Venezuela”, referiu ainda Lavrov.

 

Palavras ditas

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo também destacou que “nenhum” país latino-americano, incluindo o Grupo de Lima (13 países latino-americanos e o Canadá), expressou publicamente o apoio a uma intervenção militar.

“Acho que os Estados Unidos deveriam ouvir os países da região”, concluiu Lavrov.

As palavras de Lavrov surgem no mesmo dia em que o Senado russo (câmara alta do parlamento) advertiu, numa declaração, que uma intervenção militar na Venezuela seria interpretada como um “acto de agressão contra um Estado soberano e uma ameaça à paz e à segurança internacional”.

O Senado russo também apelou à comunidade internacional e a várias organizações, como a ONU ou o Parlamento Europeu, para apoiarem um diálogo, um processo político pacífico na Venezuela e para evitarem “qualquer tentativa de ingerência externa”.

Já a China, país que é tradicionalmente favorável a uma política externa fundamentada na não-ingerência, frisou que a actual crise política que abala a Venezuela é um assunto interno.

“A questão venezuelana é por natureza um problema interno da Venezuela”, afirmou o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, no seguimento das declarações do seu homólogo russo sobre uma eventual intervenção militar estrangeira.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês também pediu respeito pelas “princípios básicos das relações internacionais” e pela “soberania” dos Estados.

Até à data, cerca de 50 países já reconheceram o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó (que se autoproclamou em Janeiro), como Presidente interino da Venezuela.

Já Maduro conta com o apoio da Rússia e da China. As autoridades chinesas temem que um regime liderado pela oposição venezuelana não pague os milhões de dólares emprestados por Pequim a Caracas.

 

1 Mar 2019

Justiça | Pequim e Macau chegam “a consenso” para transferir condenados

Macau e Pequim vão dar início à cooperação no âmbito da transferência de condenados. A decisão resulta da visita da secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, à capital onde esteve reunida com o ministro da Justiça chinês, Fu Zhenghua

[dropcap]P[/dropcap]equim e Macau chegaram “a consenso” sobre o início à cooperação no âmbito da transferência de condenados, bem como aprofundar o intercâmbio judiciário e jurídico, foi ontem anunciado.

Numa visita à capital chinesa, que terminou ontem, a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, reuniu-se com o ministro da Justiça chinês, Fu Zhenghua, para debater “o início da cooperação no âmbito da transferência de pessoas condenadas”, indicou, em comunicado, o gabinete da secretária.

No encontro foi também estabelecida a necessidade de desenvolver “esforços mútuos para impulsionar e aprofundar a cooperação judiciária entre as duas partes, bem como a cooperação e o intercâmbio no âmbito jurídico”.

 

Troca de ideias

Representantes do Departamento de Cooperação Internacional e do Departamento dos Serviços Prisionais do Ministério da Justiça chinês estiveram também reunidos com a delegação da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) para apresentação de ambos os regimes jurídicos alusivos à transferência de condenados e “a situação de cooperação com o exterior” nesta matéria, acrescentou.

Pequim e Macau criaram ainda “um mecanismo de contacto” para o desenvolvimento da próxima fase dos trabalhos, adiantou a mesma nota.

A RAEM tem, actualmente, acordos sobre a transferência de pessoas condenadas com Portugal (assinado em 17 de Dezembro de 1999, pouco antes da transferência do exercício da soberania para a China), com a Região Administrativa Especial de Hong Kong (2005), com a Mongólia (2012) e com a Nigéria (2018).

 

1 Mar 2019

Diplomacia | Ministros da China e Rússia estreitam laços

[dropcap]O[/dropcap] conselheiro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, prometeram esta terça-feira fortalecer a comunicação estratégica e promover a cooperação dentro da reunião de chanceleres da China, Rússia e Índia.

Os ministros anunciaram o reforço das relações na preparação da reunião trilateral dos chanceleres dos três países em Wuzhen, na Província de Zhejiang, leste da China, informa o Diário do Povo.

Ao indicar que este ano marca o 70º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e a Rússia, Wang disse que os dois países devem aprofundar mais a comunicação estratégica e fazer novas contribuições para a paz e o desenvolvimento do mundo.

É de grande importância para China, Rússia e Índia fortalecer a comunicação, coordenar as posições e aprofundar a cooperação em prol da região e do mundo, disse Wang.

A China deseja trabalhar com a Rússia e a Índia unindo forças para alcançar resultados substanciais na reunião dos chanceleres, acrescentou.

Ecoando as observações de Wang, Lavrov disse que é necessário que a Rússia e a China salvaguardem conjuntamente as normas básicas do multilateralismo e das relações internacionais.

Rich Global |Jack Ma em 22º na lista dos mais ricos do mundo

Jack Ma, fundador da gigante chinesa de comércio electrónico Alibaba Group, esteve em destaque na última edição da lista Rich Global da Hurun para 2019. Com um património líquido de 39 mil milhões de dólares americanos, Ma Yun, de 55 anos, e sua família ficaram em 22º lugar na lista, subindo quatro posições. Ma Huateng, presidente e CEO da Tencent, com um património líquido de 38 mil milhões de dólares americanos, ficou em 24º lugar e tornou-se o segundo chinês mais rico da lista deste ano. O presidente do Evergrande Group, Xu Jiayin, tornou-se o terceiro chinês mais rico com um património líquido de 37 mil milhões de dólares americanos, ficando em 26º lugar no Palácio Loong · Hurun Global Rich List 2019, um ranking mundial de bilionários avaliado em dólares.

28 Fev 2019

Por que razão empresas e famílias precisam da China

Por Wei Shang-Jin, Professor de Economia e Finanças na Universidade de Columbia

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China beneficiará de uma normalização das suas relações comerciais com os Estados Unidos, mas é importante perceber que o mesmo também é válido para os EUA. Quando a gigante americana de tecnologia, Apple, reduziu recentemente a sua previsão de vendas, o CEO Tim Cook apontou o declínio das vendas na China – onde a guerra comercial do Presidente Donald Trump está a exacerbar os efeitos de uma desaceleração da economia – como sendo um importante factor de contribuição. A diminuição do desempenho da Apple destaca a importância do mercado chinês nos resultados de muitas empresas dos EUA – e revela os riscos que o proteccionismo de Trump representa para a economia americana.

A verdade é que a Apple vende substancialmente mais iPhones e iPads aos chineses do que as estatísticas de exportação dos EUA sugerem. Da mesma forma, a General Motors vende mais carros na China do que o que está registado nos dados de exportação dos EUA – mais, na verdade, do que nos Estados Unidos e no Canadá juntos. E isso acontece porque essas empresas, como muitas outras, operam na China e vendem directamente aos consumidores chineses. Há muito menos empresas chinesas a vender directamente nos EUA.

Como as empresas americanas aumentaram as suas operações na China ao longo do tempo, as estatísticas do comércio bilateral apenas refletem parcialmente a importância do mercado chinês para a economia dos EUA.

De 2000 a 2018, as exportações dos EUA para a China dispararam530% –muito mais do que o crescimento cumulativo de 130% das exportações dos EUA para o mundo em geral. Isto foi um resultado directo da considerável e unilateral liberalização comercial que a China exerceu após ingressar na Organização Mundial do Comércio em 2001, inclusive reduzindo a sua taxa aduaneira aplicada de 30% antes da adesão à OMC, para menos de 6% actualmente. Além disso, aproximadamente metade das importações na China estão sujeitas a tarifas zero se a produção for para o mercado mundial.

O rápido crescimento do PIB da China impulsionou as importações, mas esse crescimento também foi facilitado pela liberalização do comércio e outras reformas pró-mercado. Nenhum país desmantelou mais barreiras ao comércio ou levou a cabo mais reformas pró-mercado do que a China nas últimas quatro décadas.

As reformas orientadas para o mercado, da China, desencadearam uma onda de empreendedorismo e possibilitaram que as empresas do sector privado – tanto nacionais como estrangeiras – prosperassem e, em muitos casos, alcançassem um crescimento mais rápido do que as empresas estatais.

Isto contrasta fortemente com a narrativa promovida por alguns, de que a China ignorou em grande parte ou evitou os compromissos que assumiu quando se juntou à OMC. Se isso fosse verdade, a China simplesmente não teria conseguido crescer mais rapidamente do que 95% dos países do mundo, desde 2001.

Alguns argumentam que, mesmo que as empresas americanas tenham lucrado com o seu acesso ao mercado chinês, o comércio entre os Estados Unidos e a China prejudica os trabalhadores americanos cujos empregos estão expostos à concorrência de baixos salários dos trabalhadores chineses. Mas a disponibilidade de produtos importados baratos provenientes da China reduz os preços não apenas para os consumidores dos EUA, especialmente famílias de baixo e médio rendimento, mas também para as empresas dos EUA, apoiando a criação de empregos. Quase 40% das importações dos EUA provenientes da China são peças e componentes, e produtos intermédios. A redução de custos que essas importações proporcionam às empresas dos EUA ajudam a alavancar a sua competitividade, permitindo-lhes contratar mais trabalhadores.

Segundo a minha investigação realizada com colegas, este efeito de cadeia de fornecimento cria mais empregos do que aqueles que a concorrência directa da China elimina. Enquanto os empregos que se perdem estão concentrados num subconjunto dos sectores de produção, os empregos que se ganham com o comércio com a China estão espalhados por toda a economia, incluindo muitos sectores de serviços modernos. Graças a este efeito de criação de empregos, o comércio dos EUA com a China beneficia 75% dos trabalhadores americanos, mesmo antes de contabilizar o efeito positivo no seu poder de compra e antes de qualquer transferência de rendimentos de vencedores para perdedores.

No entanto, muita gente nos EUA continua a concentrar-se unicamente no papel potencial do comércio aberto na fomentação das perdas de emprego. Quando uma empresa dos EUA demite trabalhadores, o comércio com a China é frequentemente responsabilizado. Mas quando uma empresa americana contrata mais trabalhadores, raramente se ouve falar dos produtos chineses mais baratos que tornaram isso possível.

Algumas pessoas nos EUA estão a pedir uma dissociação entre as economias dos EUA e da China. Se isso acontecer, as empresas americanas que usam produtos chineses perderiam competitividade em relação às congéneres europeias e japonesas, os trabalhadores que empregam poderiam perder os seus empregos e os padrões de vida das famílias americanas de baixo e médio rendimento sofreriam com a subida dos preços de muitos artigos.

Nada disto significa que a China não deveria estar a fazer mudanças. Deveria trabalhar no sentido de reduzir ainda mais as barreiras comerciais, reduzir os subsídios às empresas estatais, aliviar as restrições às empresas estrangeiras que operam no país e fortalecer os direitos de propriedade intelectual.

Mas para que o comércio bilateral seja mais justo e mais eficiente, os EUA também precisam de fazer algumas mudanças. Por exemplo, deveriam reduzir as tarifas elevadas (geralmente na faixa dos 20%) nos têxteis e vestuário, uma categoria importante das exportações chinesas. E deveriam reformar o seu regime antidumping (fundindo-o com o regime antitrust), e mudar regras injustas que, ao imputarem os custos de produção de outros países de custos mais elevados à produção chinesa, colocam os exportadores chineses em desvantagem artificial.

Tanto os EUA como a China ganham com a normalização das relações comerciais bilaterais. Embora as reformas políticas sejam difíceis em qualquer lugar, devido a pressões políticas e interesses particulares, uma estratégia recíproca e equilibrada pode ser a chave para o progresso sustentável em ambos os países. A questão é se os líderes terão a coragem e a sabedoria necessárias para colocarem as relações novamente no caminho certo.

 

© Project Syndicate

28 Fev 2019

Saúde | Taxas de vacinação continuam em alta

[dropcap]A[/dropcap] China manteve uma alta taxa de vacinação, acima de 90 por cento, através do programa de imunidade implementado, informou na segunda-feira Gao Fu, do Centro Chinês para o Controlo e a Prevenção de Doenças (CCCPD), em conferência de imprensa. O programa de imunidade chinês requer vacinações contra doenças como a hepatite B, poliomielite e sarampo infantile, entre outras. De acordo com Gao as vacinas do país são seguras e efectivas. O responsável disse ainda que uma equipa de trabalho foi estabelecida para analisar os programas relacionados com as vacinas expostas durante os últimos anos para garantir soluções efectivas. Gao pediu mais medidas proactivas de prevenção e controlo, incluindo taxas mais altas de inoculação, contra a gripe.

27 Fev 2019

Xangai | Bolsas sobem com adiamento de taxas nas importações

[dropcap]A[/dropcap]bolsa de Xangai, a principal praça financeira da China, fechou ontem a subir 5,6 por cento, para 2.961,28 pontos, horas depois do Presidente norte-americano ter anunciado o adiamento do aumento das taxas sobre importações chinesas.

Este é o valor mais alto dos últimos oito meses.

Shenzhen, a segunda praça financeira do país, avançou 5,59 por cento, para 9.134,58 pontos.

No domingo, Donald Trump escreveu na rede social Twitter que, durante o fim de semana, decorreram “conversações produtivas” entre os Estados Unidos e a China e, por essa razão, irá “adiar o aumento das taxas”, inicialmente marcado para 1 de Março.

Trump disse que se as negociações continuarem a progredir irá encontrar-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, na Florida, para finalizar um acordo.

Responsáveis norte-americanos e chineses reuniram-se no fim de semana para tentar resolver os conflitos da “guerra comercial” que tem estado a afectar os mercados financeiros.

Donald ameaça

O Presidente norte-americano tinha ameaçado aumentar as taxas das importações da China entre 10 por cento a 25 por cento, se os dois lados não chegassem a um acordo.

A China e os EUA aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

Trump e Xi tinham acordado uma trégua de 90 dias, a terminar em 1 de Março, para que as duas nações conseguissem encontrar uma solução para as disputas comerciais.

Washington exige que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as empresas do país em importantes actores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial ou robótica, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas.

Os Estados Unidos querem também mais acesso ao mercado chinês, melhor protecção da propriedade intelectual e o fim da ciberespionagem sobre segredos comerciais de empresas norte-americanas.

 

 

26 Fev 2019

Tensões comerciais são “grande teste” à escala mundial

O impacto da guerra comercial decretada por Washington começa a ganhar novos contornos: desde 2010 que os valores projectados para o crescimento económico global não eram tão baixos

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Organização Mundial do Comércio (OMC) classificou quinta-feira as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) e entre Washington e Pequim como “um grande teste” à comunidade internacional, antecipando “riscos” como o abrandamento económico.

“As correntes tensões entre os principais parceiros comerciais [da OMC] são um grande teste à comunidade internacional e os riscos são reais, assim como os impactos económicos”, declarou o director-geral da OMC, Roberto Azevêdo, em Bucareste, na Roménia.

Discursando no início da reunião informal dos responsáveis pela pasta do Comércio nos Estados-membros da UE, Roberto Azevêdo assinalou que as perspectivas do comércio mundial da OMC, divulgadas há dias, mostraram precisamente um “abrandamento no crescimento económico no primeiro trimestre de 2019”, reflectindo “o número mais baixo desde 2010”.

“Temos, por isso, de fazer tudo o que pudermos para amenizar essas tensões e temos também de pensar como podemos fortalecer as relações comerciais”, salientou o responsável.

A seu ver, isso resolve-se “facilitando as negociações” entre os países, modernizando a própria OMC para “tornar o sistema comercial mais responsável” e ainda promovendo a cooperação “em vários assuntos, como as pescas, a agricultura, a segurança alimentar e o comércio electrónico”.

Em causa está, desde logo, a incerteza nas relações comerciais entre os Estados Unidos e a UE.

 

Em cima da mesa

Em meados de Janeiro passado, a Comissão Europeia apresentou um anteprojecto que irá ser proposto aos Estados Unidos, ainda sem data definida, para a eliminação das tarifas aplicadas aos produtos industriais, sem contar com a área agrícola, e a redução das barreiras, no que toca ao cumprimento de requisitos técnicos, para trocas comerciais entre os dois continentes.

O documento vem no seguimento de uma reunião realizada em Julho do ano passado, em Washington, entre os presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual foram divulgadas medidas para apaziguar o conflito comercial, mas os anúncios foram vagos.

Já esta segunda-feira, a Comissão Europeia disse que dará uma resposta “rápida e adequada” se os Estados Unidos concretizarem a ameaça de aumentar as tarifas alfandegárias sobre a importação de automóveis europeus.

Antes, no domingo passado, o secretário norte-americano do Comércio, Wilbur Ross, apresentou oficialmente ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um documento sobre a indústria automóvel que poderá permitir a cobrança de novas taxas alfandegárias sobre as importações de automóveis e peças da UE.

Também de incerteza é feita a relação comercial entre os Estados Unidos e a China.

Donald Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, concordaram uma trégua de 90 dias em 1 de Dezembro de 2018, o que significou a suspensão temporária do aumento de 10 por cento para 25 por cento nas tarifas norte-americanas sobre produtos chineses no valor de 200 mil milhões de dólares.

25 Fev 2019

Digressão do Sporting em 1978 abriu porta “grande” para a China

Por João Pimenta, da agência Lusa

[dropcap]V[/dropcap]alter Onofre, guarda-redes na equipa do Sporting Clube de Portugal que há quarenta anos fez uma digressão pela China, que aproximou dois países então sem relações diplomáticas, recorda sentir-se em Pequim como um “animal no zoológico”.

“Todos olhavam para nós: trazíamos roupas coloridas, cada um tinha o seu estilo, enquanto [os chineses] pareciam todos iguais”, descreve assim, o ex-futebolista, Pequim no verão de 1978.

Portugal e China não tinham ainda relações diplomáticas, mas quatro anos antes, a Revolução dos Cravos tinha derrubado o regime fascista do Estado Novo, tornando inevitável a aproximação ao país asiático, que se começava então a libertar da ortodoxia maoísta.

“Nós tínhamos acabado de sair do fascismo, e viemos para um país que era do mais puro socialismo que existia. O mais igualitário que havia”, recorda Onofre à agência Lusa. “Roupa, cortes de cabelo, todos de bicicleta; era igual para toda a gente: homens ou mulheres”, realça.

A Revolução Cultural (1966-76), radical campanha política de massas lançada pelo fundador da China comunista, Mao Zedong, estava ainda fresca. Durante aquela década de caos, dezenas de milhões de pessoas foram perseguidas, presas e torturadas, sob a acusação de serem “revisionistas”, “reaccionárias” ou “inimigos de classe”, forçando a sociedade chinesa a uma homogeneidade quase absoluta.

A digressão do SCP foi promovida pela Associação Democrática de Amizade Portugal-China, uma organização criada pelo Partido Comunista de Portugal (Marxista-Leninista), o único grupo político português reconhecido então pelo Governo chinês.

Um alto funcionário chinês comparou então o Sporting com a equipa de pingue-pongue americana que foi a Pequim em 1971, abrindo caminho à histórica viagem do presidente Richard Nixon à China, em Fevereiro do ano seguinte.

“Os americanos, que jogaram com uma bola pequena, abriram uma pequena porta. Os portugueses jogaram com uma grande bola e abriram uma porta grande”, disse o presidente da Associação Chinesa de Amizade com os Países Estrangeiros, Wang Bingnan.

O Sporting, que acabara de ganhar a Taça de Portugal, frente ao FC Porto, venceu a selecção chinesa por 2-0 e nos dois outros jogos que disputou na China, ganhou um e empatou outro.

O futebol chinês era ainda uma modalidade amadora e a seleção do país, que não estava sequer inscrita na FIFA, era composta sobretudo por operários. “Primeiro a Amizade, Depois a Competição”, era, aliás, o lema que regia o desporto na China.

Ainda assim, “os jogadores chineses corriam sempre atrás da bola” e “davam trabalho exactamente por isso”, descreve Onofre, que recorda a viagem, desde Portugal, como uma “aventura”.

“Saímos ao meio-dia de domingo de Lisboa, chegamos aqui na terça-feira: foram três ou quatro paragens. Na altura tivemos que contornar o Vietname [a guerra tinha acabado poucos anos antes], não podíamos sobrevoar”, revela.

O antigo jogador lembra-se de visitar a Muralha da China e o Palácio de Verão, dois ex-libris da China, mas o que mais o impressionou foi a paisagem humana.

“No final dos turnos, na avenida junto à praça Tiananmen, eram milhões de pessoas a sair das fábricas de bicicleta. E havia um outro carro que tinha que se desviar, porque eles iam direitos, naquela tranquilidade deles”, conta.

A entrevista à Lusa decorreu em Pequim, para onde Onofre regressou, no ano passado, agora como treinador de futebol numa escola pública da capital chinesa.

A pobre e isolada China que o português conheceu no verão de 1978 converteu-se, entretanto, na segunda maior economia do mundo, alargando a classe média em centenas de milhões de pessoas, num ritmo sem paralelo na História moderna.

A paisagem urbana acompanhou as vertiginosas transformações: os típicos becos e bairros operários da capital chinesa foram arrasados para dar lugar a arranha-céus envidraçados e blocos de apartamentos.

“Desse tempo, reconheço apenas a praça Tiananmen: à volta, tudo é diferente. Olho e penso: estou noutro mundo”, conta Valter Onofre. “Eu sei que estive aqui”, acrescenta, “mas é difícil de acreditar”.

14 Fev 2019

Países europeus são hoje mais prudentes em relação à China, diz Carlos Gaspar

O investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), Carlos Gaspar, considera que os países europeus estão a reavaliar a estratégia e investimentos chineses, adotando uma “posição mais prudente” do que no passado.

“Há uma reavaliação da estratégia chinesa”, por parte de Portugal e dos seus parceiros europeus, destacou o analista, em entrevista à agência Lusa por ocasião dos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre Pequim e Lisboa, que se celebrou a 8 de Fevereiro de 1979. Segundo o investigador, a União Europeia identificou “padrões” nos investimentos chineses que “mereceram resposta por parte das autoridades”.

Carlos Gaspar, antigo assessor de dois Presidentes portugueses para o Extremo Oriente, dá como exemplo o caso da Alemanha, que, no ano passado, impediu as empresas chinesas de tomarem conta da rede eléctrica nacional, para demonstrar que “está em curso uma posição mais prudente em relação à estratégia de investimentos chinesa do que existia no passado”.

O investigador sublinhou que “esta mudança radical” ainda não é claramente visível, mas existe e está a condicionar as relações entre a Europa e a China. “Portugal e os seus parceiros [europeus] vão ter de garantir um certo número de condições de segurança estratégicas, designadamente, autonomia nos domínios de tecnologia, que vão marcar uma separação em relação à República Popular da China”, como está a acontecer com o 5G, reforçou.

Outro sinal deste “reenquadramento das relações” é a Comissão Europeia ter decidido que devem ser criados mecanismos de avaliação dos investimentos externos em função da segurança nacional europeia e de cada país.

África é palco de competição

Salientando que Portugal, “como os outros países, tem de defender os seus interesses”, o especialista do IPRI notou que a China “é um competidor” em África e que Portugal deve procurar aliados. “Na África austral, Portugal tem relações especiais com Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, tem uma grande comunidade na África do Sul, tem de procurar aliados para sustentar as suas posições e tem de ter uma posição realista”, aconselhou.

Por outro lado, considerou que os países africanos “têm uma visão muito aguda do que é a sua soberania e a sua independência” e que estas são mais importantes do que o dinheiro.

Para o investigador, “a China está a projectar um modelo alternativo de organização da política internacional que é a negação da ordem liberal que Portugal e os seus aliados europeus defendem”, o que leva a uma nova perspetiva.

Se inicialmente havia um grande empenho em garantir a integração da China como um parceiro responsável na política internacional, agora o objetivo é garantir que o país respeita e se submete às regras internacionais, nomeadamente, em termos comerciais e económicos.

A partir da instalação do Presidente Xi Jinping no poder (2013), “há uma nova estratégia da China, é uma estratégia de uma grande potência reconhecida como tal e a única que pode pôr em causa a preponderância dos EUA”, referiu Carlos Gaspar, notando que a elite chinesa tem uma “enorme confiança” e instrumentos políticos, económicos e militares para projetar o seu poder e o seu modelo económico e social internacionalmente.

10 Fev 2019

Economia | Actividade manufactureira volta a contrair em Janeiro

Apesar da ligeira subida do índice de gerentes de compra, 49,5 pontos no mês passado, contra 49,4 em Dezembro, o gigante asiático não evitou uma segunda contracção consecutiva da indústria manufactureira, com as pequenas e médias empresas a serem as principais vítimas da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos

[dropcap]A[/dropcap]actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se, em Janeiro, pela segunda vez consecutiva, segundo dados oficiais ontem divulgados, numa altura de disputas comerciais com os Estados Unidos e desaceleração da economia do país.

O índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) subiu para 49,5 pontos, no mês passado, uma melhoria de 0,1 ponto, face a Dezembro, mas que não evita uma contracção.

Quando se encontra acima dos 50 pontos, este indicador sugere uma expansão do sector, abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção da actividade. O índice é tido como um importante indicador mensal do desenvolvimento da segunda maior economia do mundo.

Os principais afectados foram as pequenas e médias empresas (47,2 e 47,3 pontos, respectivamente), enquanto as grandes empresas resistiram à desaceleração económica e à guerra comercial com Washington, registando uma expansão, de 51,3 pontos.

No entanto, outros sectores económicos apresentam dados positivos.

O PMI não manucfatureiro subiu para 54,7 pontos, depois de ter expandido, em Dezembro, 53,8 pontos.

Parte deste aumento deve-se ao crescimento do sector dos serviços, que representa já mais de metade do Produto Interno Bruto do país, e cuja expansão se fixou nos 53,6 pontos, mais 1,3 ponto do que no mês anterior.

Contudo, a contracção no setor manufatureiro é um resultado natural da quebra da procura doméstica e global.

Em 2018, por exemplo, as vendas de automóveis na China caíram 5,8 por cento, em termos homólogos, para 22,35 milhões de veículos, no primeiro declínio anual desde 1990.

As vendas de ‘smartphones’ caíram 8 por cento, no terceiro trimestre de 2018, em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo a Counterpoint Research, unidade de investigação para o sector tecnológico. E, em Dezembro passado, as exportações chinesas caíram 4,4 por cento, face ao mesmo mês de 2017, segundo dados das alfandegas chinesas.

 

Ritmo brando

A economia da China, a segunda maior do mundo, cresceu 6,6 por cento, em 2018, ou seja, ao ritmo mais lento dos últimos 28 anos.

Analistas prevêem que a economia registe um declínio acentuado, ao longo da primeira metade do próximo ano, reflectindo o pleno efeito das taxas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos.

A ascensão ao poder de Donald Trump nos EUA ditou o espoletar de disputas comerciais, com os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

Os EUA temem perder o domínio industrial global, à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes actores em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

 

1 Fev 2019

Economia | Comércio entre a China e os países de língua portuguesa subiu 25,3% em 2018

[dropcap]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa cresceram 25,3 por cento em 2018, pelo segundo ano consecutivo, atingindo 147,35 mil milhões de dólares.

Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados ontem no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 105,5 mil milhões de dólares – mais 30,2 por cento – e vendeu produtos no valor de 41,84 mil milhões de dólares – mais 14,4 por cento comparativamente a 2017.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 110,8 mil milhões de dólares, mais 26,5 por cento. As exportações da China para o Brasil atingiram 33,73 mil milhões de dólares, reflectindo um aumento de 15,3 por cento; enquanto as importações totalizaram 77,07 mil milhões de dólares, mais 32,2 por cento em termos anuais.

Com Angola, o segundo parceiro lusófono da China, as trocas comerciais cresceram 24,2 por cento, atingindo 27,7 mil milhões de dólares. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 2,23 mil milhões de dólares – menos 2,7 por cento – e comprou mercadorias avaliadas em 25,5 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 27,2 por cento.

Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo dos países de língua portuguesa, o comércio bilateral cifrou-se em 6,01 mil milhões de dólares – mais 7,2 por cento – numa balança comercial favorável a Pequim. A China vendeu a Lisboa bens na ordem de 3,76 mil milhões de dólares – mais 8,2 por cento – e comprou produtos avaliados em 2,24 mil milhões de dólares, ou seja, mais 5,5 por cento relativamente ao registado em 2017.

 

1 Fev 2019