Hoje Macau China / ÁsiaPresidente da Coreia do Sul abre à porta à proibição do consumo de carne de cão O Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, abriu ontem a porta a uma proibição do consumo de carne de cão no país, um costume que se tornou uma vergonha internacional, revelou o seu gabinete. “Não terá chegado o momento de considerar prudentemente a proibição do consumo de carne de cão?”, disse Moon ao primeiro-ministro, Kim Boo-kyum, de acordo com a porta-voz presidencial citada pela agência France-Presse. A recomendação foi feita durante uma apresentação do plano para melhorar o sistema de tratamento dos animais abandonados, disse a porta-voz. A carne de cão é um alimento popular na Coreia do Sul, com estimativas de até um milhão de animais consumidos por ano. Mas o seu consumo tem diminuído à medida que os sul-coreanos passaram a ver os cães mais como companheiros do que como alimento. O consumo de carne de cão tornou-se tabu entre as gerações mais jovens e a pressão dos ativistas animais tem aumentado na Coreia do Sul. A indústria de animais de estimação está a crescer na Coreia do Sul, com cada vez mais famílias a viverem com um cão em casa, a começar pelo chefe de Estado. Moon Jae-in nunca escondeu o seu amor por cães e tem vários na sua residência presidencial, incluindo um rafeiro que resgatou depois de tomar posse. Esta adoção foi uma das suas promessas de campanha e Tory tornou-se o primeiro cão a ser levado de um centro de acolhimento de animais para a Casa Azul, o palácio presidencial em Seul. A lei de proteção dos animais da Coreia do Sul centra-se na proibição do abate cruel de cães e gatos, mas não proíbe o seu consumo. As autoridades têm recorrido a este e outros regulamentos de higiene para reprimir as quintas de criação de cães para consumo alimentar e os restaurantes que servem a sua carne antes de eventos internacionais, como os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018.
Pedro Arede Grande Plano MancheteCães acolhidos em edifício industrial levantam questões de saúde pública Fundadora de associação dedicada à protecção dos animais alugou duas fracções num edifício industrial perto da Estrada do Pac On para acolher cerca de 100 cães abandonados. O caso veio a lume após um relato anónimo que considera a situação perigosa para a saúde pública, dado o cheiro “nauseabundo” e a infestação de ratos que surgiu no edifício onde trabalham várias pessoas. O IAM diz estar a acompanhar a situação “de perto” e que não foram detectadas “irregularidades” O cenário é rocambolesco e as queixas sucedem-se há meses. O facto de a recém-criada associação de protecção dos animais “心肝寶貝浪浪義工團” (ainda sem nome em português) ter alugado um espaço num edifício industrial para acolher cães abandonados, tem suscitado apreensão ao nível de eventuais perigos para a saúde pública, mas também quanto às condições em que vivem os próprios animais. O edifício localiza-se nas redondezas da Estrada do Pac On e a fracção em causa alberga cerca de 100 cães, revelou ao HM a fundadora da associação que gere o alojamento, Anita Cheang. De acordo com o relato apresentado ao HM, por uma fonte que pediu para não ser identificada, a situação terá começado “há cerca de seis ou sete meses atrás”, após as duas fracções em causa terem sido arrendadas para albergar cães. Pouco tempo depois, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) terá sido chamado ao local para averiguar a situação, tendo afirmado que tudo estaria dentro da legalidade, dado que os animais têm acesso a água e comida. No entanto, segundo a mesma fonte, com o passar do tempo “o cheiro “nauseabundo foi aumentando” e a qualidade de vida no andar “deteriorou-se bastante”, manifestando-se inclusivamente numa “insuportável” infestação de ratos. “Trabalha ali muita gente e eu vejo nesta situação um caso de perigo para a saúde pública. Além de que, os próprios cães estão em sofrimento. Ouve-se constantemente os cães a ladrar e a agredir-se uns aos outros (…) até porque não vejo cães a sair de lá para ser passeados. Os cães estão lá fechados dia e noite”, partilhou a mesma fonte. Sublinhando ser da opinião de que se trata de um caso de saúde pública e de protecção dos direitos dos animais, o queixoso contou ainda que, após uma segunda visita, o IAM terá dito que não pode intervir porque os animais não se encontram em espaços comuns, mas sim em propriedade privada. “Na minha óptica isto é o mesmo do que alguém ter a música alta em casa e a polícia for chamada a intervir. Por isso, não sei até que ponto haver um cheiro nauseabundo num prédio também não será motivo para se fazer alguma coisa”, partilhou. Escada acima Não é preciso chegar ao segundo andar, onde estão alojados os cães, para se sentir o cheiro. O HM esteve no local, tendo sido possível comprovar que em várias áreas comuns do edifício, incluindo corredores, patamares e escadas, a atmosfera foi efectivamente afectada pela presença dos animais. No mesmo corredor onde estão albergados os animais e onde a luz quase não entra pelo meio de maquinaria e mercadoria amontoada, estão várias empresas, entre as quais uma padaria. No andar de baixo há uma outra empresa dedicada a serviços de transporte e a serviços fúnebres de animais de estimação chamada “Pet Paradise”, que garante nada ter a ver os animais acolhidos por Anita Cheang. Contactada pelo HM, a fundadora da associação revela que o espaço que arrendou já alberga cerca de 100 cães e que esta foi a solução encontrada para continuar a proporcionar uma vida melhor aos animais vadios com os quais se depara na rua ou que precisam de apoio, sobretudo por temer que acabem abatidos, caso permaneçam ao abandono. Afirmando que desde 2015 tem levado uma vida dedicada a ajudar os animais, Anita Cheang, partilha ainda que, antes de alojar os cães na actual morada na zona do Pac On, estes estavam num outro edifício situado em Coloane, do qual teve de sair devido à decisão do proprietário de vender o imóvel. Questionada sobre se considera que albergar os animais nas actuais condições e num edifício industrial pode constituir um perigo para a saúde pública, Cheang admite que o cenário não é o ideal e que está actualmente a procurar um novo espaço para os cães, mas descarta responsabilidades relativamente à infestação de ratos. “De facto, os ratos são muitos e podem afectar a saúde pública, mas não posso usar veneno ou acabo a matar os meus cães. O máximo que posso fazer, e faço sempre que tenho tempo, é limpar todo o piso, incluindo as áreas comuns. Não é razoável pensar que são os cães que atraem os ratos, mas sim que a comida é que é a principal fonte de propagação. Não sei de onde vêm os ratos, mas toda a gente tem o dever de assumir as suas responsabilidades, até porque no mesmo andar existe, por exemplo, uma fábrica de alimentos”, partilhou. Sobre as queixas relativas ao mau cheiro, Anita Cheang aponta que tem vindo a ser recorrentemente multada pelo IAM no seguimento das várias queixas apresentadas. Cheang conta ainda que a pandemia tem dificultado em muito o apoio prestado aos animais, até porque, para além de ter perdido o emprego, as despesas mensais com a alimentação e cuidados médicos dos cães que acolhe “são caras” e dependem maioritariamente do seu investimento pessoal e de doações. “Se tivesse mais recursos claro que já tinha encontrado um espaço melhor para os animais. De qualquer forma, estou ciente que esta é uma morada temporária e que, no futuro, vou mudar-me, até porque devido às queixas, estou certa que não vou conseguir renovar o contrato de arrendamento”, acrescentou. Tudo controlado Em resposta enviada ao HM, o IAM diz ter conhecimento do caso e que, desde o final do ano passado, tem enviado funcionários para garantir que, tanto o bem-estar dos animais, como a saúde pública estão assegurados. “O IAM está a acompanhar de perto a situação do alojamento em questão, que é mantido por um grupo de protecção animal de Macau. Desde o quarto trimestre do ano passado que o IAM tem enviado funcionários mensalmente para inspeccionar se as condições do local estão em linha com o estipulado na Lei de Protecção dos Animais, assim como o bem-estar dos animais. Não foram detectadas irregularidades”, pode ler-se na nota. Por outro lado, o organismo sublinha que a entidade que gere o espaço “deve cumprir as medidas necessárias para evitar impactos na saúde pública”, tendo sido já prestado o devido aconselhamento. “Relativamente ao mau cheiro, o IAM prestou aconselhamento aos responsáveis e indicou medidas para realizarem melhorias das condições sanitárias e continuará a supervisionar este local em questão e outros similares por forma a garantir a saúde pública, o bem-estar dos animais e o cumprimento da lei.” Problema maior Contactada pelo HM, Fátima Galvão fundadora da Masdaw – Associação de Cães de Rua e Protecção dos Animais de Macau, considera que infelizmente este tipo de situações, em que a população acaba por tomar as rédeas no que toca a resgatar e prestar apoio aos animais, são recorrentes no território, acabando por criar situações indesejáveis, sobretudo quando Macau “tem tudo para ser um exemplo” nesta matéria. “Se o Governo tivesse vontade esta situação era resolvida muito rapidamente, inclusivamente envolvendo clínicas particulares para esterilizar os animais. Macau podia dar um exemplo ao mundo. Há tantos terrenos que o Governo está a reaver, que era perfeitamente possível criar um ‘santuário’, vedar um espaço onde os animais pudessem viver e depois colocá-lo à responsabilidade das associações, por exemplo. De facto, não se justifica que as associações tenham de ter os animais em edifícios industriais, não é saudável. Os animais devem viver ao ar livre e de se exercitar. Tudo isto é um contra-senso. É uma pena que, numa terra onde há tanto dinheiro não tenhamos um Governo que tenha vontade de dar um exemplo ao mundo”, referiu. Sobre o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo IAM, Fátima Galvão aponta haver melhorias, mais concretamente um “esforço” para não abater cães e comunicar com as associações que, na maior parte dos casos, tal como acontece na Masdaw, “estão a abarrotar de cães”. Sobre Anita Cheang, que afirma conhecer, a fundadora da Masdaw aponta que “é uma pessoa com um grande coração que vive completamente dedicada aos animais e desenvolve um esforço absolutamente incansável”. “No dia 1 de Janeiro de 2021 às 4 da manhã, a Anita andava a alimentar cães ao frio”, partilhou. Quanto ao futuro, Fátima Galvão espera que o Governo “comece a pensar em fazer alguma coisa por quem tanto faz pelos animais”, arranjando espaços para as associações e envolvendo as mesmas na procura de soluções. AL | Agnes Lam pede esterilização de animais e colaboração com associações Agnes Lam considera que o Executivo deve encontrar soluções para pôr termo ao “círculo interminável em que o Governo captura os animais e, depois, a população é que os salva”. Afirmando ter recebido pedidos de apoio de vários voluntários que não têm capacidade de adoptar cães e gatos vadios e cujos encargos financeiros atingiram um nível “insuportável”, a deputada quer que Governo e população “estejam do mesmo lado”, defendendo planos de esterilização e a criação de zonas de protecção. “Como os residentes não querem que os animais sejam abatidos e o Governo precisa de garantir a sanidade e a prevenção de epidemias na cidade, algumas associações de protecção dos animais apresentaram, há anos, o Programa de esterilização dos gatos e cães vadios (TNR), propondo ao Governo a atribuição de terrenos para criarem zonas de protecção para asilo dos gatos e cães vadios. O Governo poderia continuar a capturar animais vadios e, depois da esterilização, estes seriam colocados nessas zonas de protecção, e as associações responsáveis pela sua gestão e os cidadãos poderiam tomar conta deles e apelar à sua adopção”, defendeu Agnes Lam na passada quinta-feira, na Assembleia Legislativa (AL), durante o período dedicado às intervenções antes da ordem do dia. Para a deputada, caso a actual situação persista “os recursos das associações de protecção dos animais vão acabar por esgotar-se um dia, pois estas têm, constantemente, de salvar os animais do abate”.
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasComo encontrei o amor em 10 dias [dropcap]N[/dropcap]o seu mais recente romance, Andrew Neill leva a sua técnica preferida, a ironia, à perfeição, a começar logo pelo título: «Como Encontrei o Amor em 10 Dias». O leitor mais distraído será levado a pensar tratar-se de um livro de auto-ajuda, que pretende ajudar-nos a encontrar eficazmente o amor, e num curto espaço de tempo. Mas o Amor é um Golden Retriever que fugiu do narrador do livro, John Walmsley, durante uma viagem que fizeram juntos numa carrinha a Pasadena, Califórnia, desde Denver, no Colorado. Numa das paragens que John faz numa Estação de Serviço, perde o Amor. O narrador conta-nos essa história de um modo simultaneamente divertido e reflexivo. «Tivemos sempre problemas em público, Amor e eu. Sempre que o chamava, com um tom mais severo – Amor, vem cá; ou Amor, senta –, caiam sobre mim olhares reprovativos, e nesse dia em que o perdi não foi diferente. Estava a pagar, dentro da Estação de Serviço, quando vejo o Amor sair a correr atrás de algum animal que viu. Deixei de imediato a carteira sobre o balcão, e virei-me a gritar “Amor, volta; Amor, volta”, para espanto das pessoas que estavam na fila, não se coibindo de fazerem comentários.» As reacções dos outros, não à relação entre John e Amor, mas entre John e quem eles julgam que possa ser, é uma constante no livro e sublinha o nosso ponto de vista usual na condenação pronta que fazemos aos outros ou, como Neill escreve: «Antes de tentar compreender, estamos já a condenar. Falar é sempre mais rápido do que reflectir, e muito mais distrativo também. Falar não custa nada e distrai-nos de nós mesmos. Há algum remédio mais eficaz para não pensarmos na merda de vida que temos do que falar mal de alguém ou de alguma coisa?» Evidentemente, Amor é um cão e não é um cão. É, porque se trata do Golden Retriever de John, e não é, porque ao longo do livro é sempre descrito como metáfora do próprio amor que todos nós perdemos na vida. Não só pessoalmente, cada um de nós a perder outro, mas a humanidade, ao entregar-se à fala, a um contínuo e imparável falatório, que tem como motor o mal. Em «Como Encontrei o Amor em 10 Dias», o mal é a fala e esta representa a distração, a falta de reflexão, no fundo, a falta de amor, pois este quer atenção, como a leitura ou a aprendizagem. Assim, o livro pode também ser lido como forma de aprendermos ou reaprendermos o amor, de como voltarmos à atenção perdida, como abandonarmos o mundo do falatório e começarmos a trilhar o caminho do amor. E, neste sentido é também um livro de auto-ajuda, ainda que num sentido mais alargado e talvez menos eficaz do ponto de vista comercial. De qualquer modo, o escritor consegue manter uma tensão contínua ao longo do livro entre realidade e simulacro, no tocante ao género Andrew Neill é conhecido pelas posições polémicas e assuntos delicados que trata nos livros que escreve e este romance não é diferente. Se estais lembrados, já em o «Não Conheço Esse Senhor», que provocou uma enorme celeuma nos EUA, Neill contava de modo irónico a história de um político desde a sua terra Natal, Gillette, pequena cidade em Wyoming, até Washington DC. Ian Bolden, o político, vai subindo na carreira através de situações e pessoas obscuras, e sempre que era confrontado pelos jornalistas acerca dessas ligações respondia «Não conheço esse senhor», apesar de haver fotos que o desmentiam. Ian Bolden mentia sem pudor, compulsivamente, adiantando as mais bizarras desculpas. A sua táctica mais arrojada, que era usada apenas quando já nada mais restava fazer para acreditarem nele, era a de que estavam a tentar destruí-lo. Diz num programa de televisão a uma jornalista que o entrevista, com um semblante entristecido: «Ellen, eu sei que parece que estou a mentir, que tenho culpa de tudo o que me acusam. Sei muito bem disso. Mas sabe porquê, Ellen, sabe porque todos pensam isso? Porque a teia de intriga que montaram foi muito bem feita. Aqueles que me querem destruir são muito poderosos. E eles sabem bem que eu sou uma pedra nos seus sapatos. Sabem que sou um obstáculo aos seus planos de subjugar o nosso país aos interesses das multi-nacionais.» Neste livro, o aproveitamento dos bens públicos para benefício próprio está tão ligado à prática comum da política, que não deixa de ser incómodo para toda a sociedade, para todo o eleitor, como quando Neill escreve, através de um cartaz que aparece nas mãos de Sherry Smith: «Votar é escolher aquele que te rouba». Em «Como Encontrei o Amor em 10 Dias» o tom é igualmente reflexivo, se bem que mais divertido. A ironia é levada ao extremo do seu rigor, da sua duplicidade. Para não estragar o fim àqueles que ainda não leram o livro, não poderei adiantar muito mais. Termino apenas por dizer que essa viagem de 10 dias no Oeste dos EUA em busca do Amor – e a do dia em que o perdeu – é uma viagem ao nosso quotidiano, ao nosso modo de vida mais próximo. Talvez mais do que «como encontrei o amor em 10 dias», o livro mostre «como acabei de me dar conta de que perdi o amor, em 10 dias». Seja como for, é um livro a ser lido, do melhor de Andrew Neill.
João Santos Filipe SociedadeIAM | Governo não quer animais vadios na rua e justifica-se com saúde pública Para o IAM, os cães e gatos vadios são um perigo para a segurança e saúde públicas e como tal não devem ser libertados. Além disso, o Governo não acredita que os animais vadios estejam em segurança nas ruas [dropcap]O[/dropcap] Governo afastou a possibilidade de capturar animais vadios, esterilizá-los, vaciná-los e devolvê-los às ruas e argumenta que os animais podem constituir um risco para a segurança pública. Esta era uma exigência do deputado Sulu Sou, mas José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), explicou que por lei é proibido a libertar animais vadios sem que haja garantias de segurança. O ‘Plano de captura, esterilização, vacinação e reposição de animais vadios’ é bastante adequado a zonas fechadas com pouca circulação de pessoas, para controlar a quantidade dos animais vadios existentes a longo prazo”, começou por sustentar o presidente do IAM. “Devido à grande densidade populacional e ao intenso trânsito no Território, se esse plano for lançado em Macau poderá causar impactos negativos sobre a segurança e salubridade públicas e o ambiente ecológico, pelo que, o Instituto considera que não há condições”, justificou. Além deste argumento, José Tavares defende que a Lei de Protecção dos Animais impede que haja libertação, quando a segurança para os próprios bichos não está garantida. “Tendo em conta objectivamente o ambiente do Território, a própria segurança dos animais vadios libertados não é efectivamente garantida, portanto, nos termos da ‘Lei de Protecção dos Animais’, é proibida qualquer forma de libertação de animais vadios”, é acrescentado. Segundo a resposta do presidente do IAM, neste momento não existem quaisquer planos para alterar a legislação em vigor, a não ser que haja uma alteração no “ambiente do território” face às ameaças para os animais. 157 adopções A necessidade de um programa de vacinação, esterilização e libertação dos animais vadios começou a ser uma das exigências de associações de protecções dos animais, depois de terem sido postos a circular online vários vídeos em que os funcionários do IAM perseguiam cães e gatos vadios. Segundo a legislação actual, o Governo pode optar por abater os animais que não forem reclamados pelos donos num prazo de sete dias. Contudo, na resposta a Sulu Sou, José Tavares apontou que o abate é sempre a última opção e que só é escolhida por falta de espaço para estes seres-vivos. “Se o animal não for reclamado no prazo de sete dias úteis, o mesmo é considerado perdido a favor do IAM, que lhe pode dar o tratamento que entenda conveniente, inclusive a medida prioritária de procura de um adoptante adequado ou, em último caso, a de lhe pôr termo à vida, por meios humanitários, devido à falta de espaço de recolha”, foi clarificado. Em relação aos dados de adopções, entre Janeiro e Junho deste ano foram adoptados 86 cães e 71 gatos capturados pelo IAM. Cerca de 56 por cento das adopções foram feitas por associações de protecção dos animais e 44 por cento por cidadãos.
João Santos Filipe SociedadeIAM | Governo não quer animais vadios na rua e justifica-se com saúde pública Para o IAM, os cães e gatos vadios são um perigo para a segurança e saúde públicas e como tal não devem ser libertados. Além disso, o Governo não acredita que os animais vadios estejam em segurança nas ruas [dropcap]O[/dropcap] Governo afastou a possibilidade de capturar animais vadios, esterilizá-los, vaciná-los e devolvê-los às ruas e argumenta que os animais podem constituir um risco para a segurança pública. Esta era uma exigência do deputado Sulu Sou, mas José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), explicou que por lei é proibido a libertar animais vadios sem que haja garantias de segurança. O ‘Plano de captura, esterilização, vacinação e reposição de animais vadios’ é bastante adequado a zonas fechadas com pouca circulação de pessoas, para controlar a quantidade dos animais vadios existentes a longo prazo”, começou por sustentar o presidente do IAM. “Devido à grande densidade populacional e ao intenso trânsito no Território, se esse plano for lançado em Macau poderá causar impactos negativos sobre a segurança e salubridade públicas e o ambiente ecológico, pelo que, o Instituto considera que não há condições”, justificou. Além deste argumento, José Tavares defende que a Lei de Protecção dos Animais impede que haja libertação, quando a segurança para os próprios bichos não está garantida. “Tendo em conta objectivamente o ambiente do Território, a própria segurança dos animais vadios libertados não é efectivamente garantida, portanto, nos termos da ‘Lei de Protecção dos Animais’, é proibida qualquer forma de libertação de animais vadios”, é acrescentado. Segundo a resposta do presidente do IAM, neste momento não existem quaisquer planos para alterar a legislação em vigor, a não ser que haja uma alteração no “ambiente do território” face às ameaças para os animais. 157 adopções A necessidade de um programa de vacinação, esterilização e libertação dos animais vadios começou a ser uma das exigências de associações de protecções dos animais, depois de terem sido postos a circular online vários vídeos em que os funcionários do IAM perseguiam cães e gatos vadios. Segundo a legislação actual, o Governo pode optar por abater os animais que não forem reclamados pelos donos num prazo de sete dias. Contudo, na resposta a Sulu Sou, José Tavares apontou que o abate é sempre a última opção e que só é escolhida por falta de espaço para estes seres-vivos. “Se o animal não for reclamado no prazo de sete dias úteis, o mesmo é considerado perdido a favor do IAM, que lhe pode dar o tratamento que entenda conveniente, inclusive a medida prioritária de procura de um adoptante adequado ou, em último caso, a de lhe pôr termo à vida, por meios humanitários, devido à falta de espaço de recolha”, foi clarificado. Em relação aos dados de adopções, entre Janeiro e Junho deste ano foram adoptados 86 cães e 71 gatos capturados pelo IAM. Cerca de 56 por cento das adopções foram feitas por associações de protecção dos animais e 44 por cento por cidadãos.
João Santos Filipe SociedadeIAM | Cidadãos perturbam trabalhadores que apanham cães vadios O Presidente de Associação de Macau para a Melhoria Social e da Subsistência alerta que os cães vadios podem atacar pessoas. Do outro lado, a associação de protecção dos animais MASDAW defende que os cães devem ser esterilizados em vez de abatidos [dropcap]H[/dropcap]á cidadãos que estão a impedir que os trabalhadores do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) capturem cães vadios, acção motivada pelo facto de os animais serem abatidos caso não sejam reclamados pelos donos. A informação foi divulgada ontem pelo jornal Exmoo, que ouviu Chan Pou Sam, presidente da Associação de Macau para a Melhoria Social e da Subsistência (Macao Association of Social and Livelihood Enhancement, em inglês). De acordo com Chan, entre os perigos está o facto de os animais serem selvagens, o que pode fazer com que facilmente ataquem as pessoas que se aproximem ou transeuntes. É por este motivo que o responsável defende o trabalho realizado pelos funcionários do IAM. À mesma publicação, o presidente da associação revelou que houve casos em que os funcionários do IAM tiverem de pedir auxílio à polícia para procederem à captura dos animais vadios e que as pessoas que impedem as acções de captura podem ter de assumir responsabilidades resultantes deste tipo de condutas. Chan Pou Sam, próximo do deputado Mak Soi Kun, apontou também que existem duas formas pelas quais os cães surgem nas ruas. Por um lado, explicou, muitos destes animais são utilizados para “proteger” estaleiros e sucatas, o que faz que se aventurem nas ruas e que procriem com outros cães selvagens. Segundo Chan, este tipo de “fonte” do problema é cada vez menos frequente. Por outro lado, o problema é igualmente impulsionado pelas famílias que abandonam animais na rua. O presidente da Associação de Macau para a Melhoria Social e da Subsistência refere que há cada vez mais animais abandonados por residentes, situação agravada pelo facto de haver frequentemente quem os acabe por alimentar. Ao mesmo tempo, como os animais são alimentados e tratados, acabam por se reproduzir o que aumenta a dimensão do problema. MASDAW contra Em resposta a estas declarações, a Associação para os Cães de Rua e o Bem-Estar Animal Em Macau (MASDAW) emitiu um comunicado, através das redes sociais, em que defende que o dinheiro da população não deve ser utilizado para “assassinar” animais. Segundo as MADSAW, as pessoas que tratam dos cães e gatos selvagens estão a contribuir para uma “sociedade melhor” e os animais são vítimas de “políticas desadequadas”. A associação defende assim que em vez de se abaterem os animais capturados se deve implementar uma política de esterilização e libertação de novo nas ruas. A MASDAW considera ainda que a importação de animais deve ser ilegalizada e que as lojas de animais devem passar a disponibilizá-los para adopção, em vez de vendê-los. Segundo dados fornecidos pelo IAM ao deputado José Pereira Coutinho, em resposta a uma interpelação escrita, em Maio foram abatidos 23 gatos e 17 cães.
João Santos Filipe SociedadeGoverno vai estudar utilização de cães-guia no território [dropcap]A[/dropcap]té ao final do ano o Governo vai atribuir a realização de um estudo para medir a viabilidade de utilizar cães-guia no território. A novidade foi avançada ontem por Choi Sio Un, chefe do Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social, no final da reunião plenária da Comissão para os Assuntos de Reabilitação. Segundo os dados apresentados no final do encontro de ontem de manhã, do total de 125 medidas previstas para o período de 2018 a 2020 no âmbito do Planeamento de Serviços de Reabilitação, 53 estão concluídas e 51 estão em implementação. Faltam por isso começar a desenvolver 21 medidas e é neste campo que vai ser feito um estudo para a implementação de cães-guias em Macau. Estes cães permitem conduzir pessoas que sofram de deficiências visuais. “Entre as medidas que ainda temos para começar a implementar está um estudo sobre a implementação de cães-guias para pessoas com dificuldades visuais”, disse Choi Sio Un. “Actualmente não temos muitos pormenores sobre o estudo, mas temos esperança que fique concluído até ao final de 2020 e que seja atribuído ainda este ano”, acrescentou. 2,6 milhões de viagens Já entre os trabalhos realizados no âmbito do Planeamento de Serviços de Reabilitação constam o aperfeiçoamento dos serviços de testes auditivos dos bebés, aumento do número de vagas dos serviços de intervenção precoce, mudança das instalações do Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica para o Centro de Saúde da Ilha Verde, entre outros. No que diz respeito ao centro de avaliação, Choi Sio Un destacou que a mudança vai permitir aumento o número de sessões de avaliação, de forma a poder medir as capacidades destas crianças com necessidades especiais. Também no encontro foram divulgados os dados do número de viagens de autocarro nos transportes públicos com recurso ao cartão para pessoas portadoras de deficiência, que permite viajar de forma gratuita. Assim desde Abril do ano passado 2,6 milhões de viagens de autocarros foram feitas com recurso a esse cartão.
Diana do Mar Manchete SociedadeAté 200 cães devem ser transferidos hoje para Coloane Os primeiros galgos devem chegar hoje a Coloane. Porém, se a mudança gerar queixas, nomeadamente devido ao ruído, os cães regressam ao Canídromo e a Yat Yuen arrisca uma multa entre 20 mil e 100 mil patacas por cada animal [dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]ntre 100 e 200 galgos devem deixar hoje o Canídromo com destino às novas instalações num terreno privado na Cordoaria, em Coloane. Isto de acordo com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) que está confiante de que o realojamento temporário vai ser bem-sucedido, embora advirta para as consequências com as quais a Yat Yuen terá de arcar caso os vizinhos do Asilo Vila Madalena se queixem, por exemplo, do barulho. No entanto, segundo noticiou ontem a TDM, citando a Anima, a mudança dos animais foi entretanto adiada. Até ao fecho desta edição, não havia informações oficiais sobre o adiamento. “Vamos autorizar a saída de 100 e tal a 200 cães para testar se funciona ou não”, afirmou na segunda-feira o presidente do IACM, em declarações à margem da cerimónia do 69.º aniversário da implantação da República Popular da China. “A gente julga que [o plano de realojamento temporário] vai ser viável”, mas “se não for”, ou seja, “se houver muitas queixas”, os cães “voltam ao Canídromo”, esclareceu José Tavares. O presidente do IACM tem confiança, porém, que a mudança não levante problemas, particularmente porque o Governo exigiu à Yat Yuen medidas para minimizar o impacto, como a instalação de equipamentos de isolamento acústico, dado que o barulho é um dos principais receios por parte dos moradores do lar, que fica paredes meias com o futuro abrigo dos galgos. “Em princípio acreditamos que vai dar”, até porque “os cães estão muito mais calmos e não ladram como [os moradores do Asilo Vila Madalena] pensam”, observou José Tavares, na véspera de uma vistoria a Coloane, prevista para o dia de ontem, para verificar “se está tudo em condições”. “Julgo que as coisas podem ser ultrapassadas”, realçou. O presidente do IACM não descarta, contudo, a possibilidade de o plano de realojamento temporário em Coloane fracassar e, por conseguinte, de avançar com pesadas multas contra a Yat Yuen por abandono. “Se não funcionar, os cães voltam ao Canídromo e damos continuidade ao processo [contra a Yat Yuen] por não ter conseguido arranjar um local para colocar os cães”, indicou. “Até agora, houve uma suspensão do processo porque deram a ideia de que havia condições de pedir novamente a recolha dos cães para outro sítio que, em princípio, a gente julga que vai ser viável”, explicou José Tavares. Ao abrigo da Lei da Protecção dos Animais, a Yat Yuen incorre numa multa que oscila entre 20 mil e 100 mil patacas por cada galgo. “Vamos ver como é a situação e pensar na devida altura”, afirmou o presidente do IACM, quando questionado sobre o montante a ser aplicado no caso em concreto. Se tudo correr bem, em linha com as expectativas, os mais de 500 galgos devem permanecer em Coloane até ao Verão do próximo ano. “Segundo a ANIMA [Sociedade Protectora dos Animais], há um plano de adopção até Junho ou Julho do próximo ano”, avançou o presidente do IACM, indicando que esse prazo poderá ser encurtado “até Março ou Abril” dependendo do destino para onde serão enviados os galgos. Ao lado de Santa Sancha O Chefe do Executivo, Chui Sai On, também se pronunciou sobre a transferência dos galgos para um terreno privado ao lado de um lar de terceira idade. “Não considero que é uma má decisão”, afirmou. Sem responder directamente se aceitaria que mais de 500 galgos fossem colocados ao lado da sua casa, Chui Sai On insistiu na ideia de que a lei é igual para todos. “Se houver ruído vamos agir de acordo com a lei”, afirmou, prometendo fiscalizar a mudança no sentido de garantir que “não vai afectar a vida normal dos idosos”. “Não precisam de estar preocupados”, disse, assegurando que o Governo age de “forma imparcial” na execução da lei e descartando ainda qualquer tipo de pressão relativamente a este assunto. Queixa em análise no CCAC O Comissário contra a Corrupção, André Cheong, afirmou ontem que “não vai demorar muito” para ser conhecido o resultado relativamente a uma queixa sobre a forma de “tratamento e alojamento dos galgos”, apresentada no início de Agosto. Na base da queixa estarão acusações tecidas por Zoe Tang – antiga representante da ANIMA – sobre a gestão dos 500 galgos no Canídromo e a suspeita de que alguém estaria a lucrar, em teoria ilicitamente, com o tratamento dos animais.
João Santos Filipe Manchete SociedadeHác Sá | Cães estão a morrer e há suspeitas de envenenamento Nas últimas duas semanas, mais de sete cães morreram na zona de Hác Sá e há suspeitas que na origem dos óbitos esteja o envenenamento devido aos produtos utilizados para o controlo dos mosquitos. No entanto, ao HM, o IACM nega essa possibilidade Na zona de Hác Sá morreram mais de sete cães no espaço de duas semanas e há suspeitas que os óbitos estejam a ocorrer por envenenamento. O primeiro caso foi relatado numa rede social, quando uma mulher decidiu levar o seu animal para um tranquilo passeio por aquela zona. Durante a volta o animal sentiu-se mal e foi levado para um clínica veterinária. Horas depois estava morto. A Associação para os Cães de Rua e o Bem-Estar Animal em Macau (MASDAW), através da responsável Fátima Galvão, revelou ontem ao HM mais seis casos semelhantes. “Protegemos muitos cães vadios naquela zona [Hác Sá] e todos andavam bem dispostos por vários locais, como estaleiros, locais de obras, entre outros. Mas, há cerca de 10 dias, alguns cães começaram a emagrecer e a perder o apetite, como foi o caso da cadela Marble, a quem foi detectada febre da carraça”, revelou Fátima Galvão. “Estou a trabalhar com animais vadios desde 1999 e vi muitos a morrerem com febre da carraça. Mas nunca vi nada assim. Nunca vi animais a desfazerem-se em sangue. A Marble estava toda desfeita por dentro e o mais estranho é que estamos a falar de animais que eram saudáveis há cerca de um mês. Estes não são os sintomas de febre de carraça”, acrescentou. Para Fátima Galvão, há suspeitas que os animais estão a ser envenenados por alguma substância espalhada na zona. Isto porque nas proximidades do local onde morreu a Marble, segundo um trabalhador daquela área, morreram outros cinco cães, no espaço de quinze dias. Também outros cães seguidos pela MASDAW, pertencentes à matilha da cadela Marble, apresentaram sintomas de envenenamento. Contudo, os animais foram salvos por tratamentos com transfusões de sangue. A autópsia à Marble afasta o cenário de envenenamento por raticida, mas não por outros produtos. “Quando um animal ingere raticida os valores do fígado, analisados através do sangue, surgem alterados. Mas neste caso, as análises não acusaram sintomas de raticida. O envenenamento terá de ser por outra substância”, contou Fátima Galvão. IACM nega responsabilidade Na redes sociais falou-se da possibilidade do envenenamento ser causado pelos produtos utilizados pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais no controlo dos mosquitos. Fátima Galvão admitiu ao HM que tinha equacionado essa hipótese, mas diz que, até ao momento, não tem provas que lhe permitam considerar é essa a situação que está efectivamente a acontecer. “Já tinha pensado que talvez fossem os produtos do IACM. Após os comentários que li, as suspeitas tornaram-se mais fortes. Mas a verdade é que não temos provas. Vamos tentar contactar o IACM para perceber se é esse o caso”, disse Fátima Galvão. A responsável da MASDAW fez ainda questão de sublinhar que o trabalho do IACM no controlo dos mosquitos é fundamental para a saúde pública. Ao HM, o IACM recusou ser responsável pela morte dos animais. Segundo o organismo, só a partir de Abril é que o “organismo vai começar a fazer o trabalho de controlo e extinção de mosquitos”. O IACM explicou ainda que no controlo dos mosquitos utiliza quatro substâncias: um composto organofosforado, aprovada pela Organização Mundial de Saúde, Cipermetrina, Permetrina e S-Bioallethrin. Sobre a segunda substância, o IACM não avançou explicações, em relação à Permetrina, justifica que é um composto que não fica retido no corpo humano. Finalmente, sobre a S-Bioallethrin, afirma que é segura para humanos e animais.
Hoje Macau China / ÁsiaFestival Yulin | Consumidores de carne de cão defendem a sua festa Embora mais discreta, a festa de Yulin abriu e os cães são devorados como sempre. Alguns locais não percebem onde está o problema. E sentem-se no direito de comer o que muito bem lhes apetece. [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] festa da carne de cão mais popular da China começou nesta quarta-feira, com barracas cheias de cães refogados ou salteados, e uma população determinada a defender suas tradições diante da incipiente ameaça de proibição. Este evento gastronómico ocorre anualmente na cidade de Yulin pelo solstício de Verão, em 21 de Junho. E, todo o ano, causa polémica no estrangeiro e no país. A associação americana Humane Society International afirmou, no mês passado, que as autoridades chinesas proibiriam a venda de carne canina durante esta edição. Mas, nesta quarta-feira, os talhantes cortavam pedaços de carne de cão e salteava-os em woks tradicionais. Os vendedores exibiam as carcaças amareladas dos cães mortos e despedaçados, com os rabos esticados e os dentes de fora. No restaurante de Yang, os clientes pedem macarrão de arroz para o café da manhã, mas ao meio-dia exigem carne de cão. “Durante a festa, as nossas vendas aumentam nove vezes. E não tenha dúvida de que sempre conseguimos ter o suficiente”, afirma Yang, com a esperança de vender seis por dia durante o festival. Segundo associações de defesa dos animais, as autoridades chegaram a um acordo com os vendedores, autorizando duas carcaças por barraca. Mas alguns vendedores ultrapassam essa cota. Polícia por ali “A proibição não atinge todo o comércio de carne de cão. Mas a festa parece menos grandiosa do que no ano passado, com menos cães sacrificados nessa indústria cruel”, declarou à AFP Irene Feng, da ONG Animals Asia. A cada ano, mais de 10.000 cães costumam ser abatidos para esta festa em condições atrozes, segundo os defensores dos animais: alguns, a marretadas, e outros, queimados vivos. Muitos polícias estavam posicionados do lado de fora do principal mercado de cães da cidade. Segundo Liu Zhong, proprietário de uma loja de ervas medicinais, a polícia vigia “muito de perto” a actividade no mercado de Yulin. Alguns comerciantes vendem cães às escondidas, directamente nas suas casas ou em outros lugares, relata. “É só um pouco mais discreto” do que no ano passado, comentou Liu, que parou de comer carne de cão há dez anos e tem sete cães como animais de estimação. Alguns donos de restaurantes modificaram os seus rótulos de “carne de cão” para “carne saborosa”. Um chegou a cobrir com papel amarelo a palavra “cão”. Outros vendedores intercalam pedaços, como fígado, com outros produtos como língua de vaca ou pata de porco. Todos os anos, morrem na China de 10 a 20 milhões de cães para consumo, de acordo com a Humane Society International. Apesar de não ser ilegal, comer carne de cão é minoritário e suscita uma oposição crescente. Para Li Yongwei, morador de Yulin, não há nada de estranho. “Qual é a diferença entre cão, frango, novilho e porco?”, pergunta. “Faz parte da cultura local. Não se pode impor uma escolha às pessoas. Assim como não se pode forçar alguém a ser cristão, budista, ou muçulmano”, considera Li. “O que as pessoas comem é da conta de cada um”, completa.