Hoje Macau SociedadeANIMA | Efectuado pedido público de ajuda financeira A Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA) fez um pedido público de apoio financeiro à sociedade na rede social Facebook. Na publicação, é também pedida a doação de diversos materiais que possam servir no apoio dado a cães e gatos recolhidos da rua. Na publicação lê-se que a ANIMA tem, actualmente, dívidas superiores a um milhão de patacas, tendo ainda pagamentos em atraso a clínicas veterinárias ou fornecedores de alimentos. A ANIMA descreveu que os apoios podem ser concedidos através de donativos ou participação no programa de apadrinhamento mensal ou anual de animais, em que cada pessoa gasta cerca de 100 patacas por cada animal. O apoio também pode chegar à associação através da colocação de uma caixa de recolha de donativos em espaços comerciais. Na mesma publicação, lê-se ainda que a ANIMA continua a tentar resolver o défice financeiro em que se encontra desde a pandemia, quando os apoios financeiros dos casinos baixaram de forma significativa. É ainda referido que nos últimos seis meses a ANIMA salvou cerca de 60 animais.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteANIMA | Associação de defesa dos animais celebra 20 anos de existência A Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA celebrou na segunda-feira 20 anos de existência. Albano Martins, presidente honorário e co-fundador da associação, recordou ao HM os principais momentos de uma entidade votada a lutar pela sobrevivência. O fecho do Canídromo e o grande apoio de Edmund Ho foram pontos altos da vida da ANIMA Fez esta segunda-feira 20 anos que a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais de Macau foi criada pelo economista Albano Martins, Fátima Galvão, hoje à frente de uma outra associação de defesa dos direitos dos animais, a MASDAW, e Regina Pais. Estava dado o primeiro passo para aquela que é hoje uma das mais importantes associações de defesa dos animais de Macau e, pelo menos, a que tem maior reconhecimento internacional pelo sucesso obtido com o encerramento do Canídromo. O presidente honorário da ANIMA Albano Martins, hoje a residir em Portugal, recorda ao HM a vontade de melhor defender os direitos de cães e gatos através de uma entidade que recebeu todo o apoio do então Chefe do Executivo, Edmund Ho. “O grande pai da ANIMA foi Edmund Ho, porque foi a pessoa que, comigo, desde o início, nos deu apoio, abriu-nos todas as portas e fez isso de forma completamente voluntária e como amigo dos animais. A ANIMA, sem o apoio de Edmund Ho, nunca teria sobrevivido.” Albano Martins não tem dúvidas de que sem o primeiro Chefe do Executivo da RAEM também não seria possível encerrar o Canídromo, há muito conhecido pelas más condições em que mantinha os galgos utilizados nas corridas. O fecho das instalações aconteceu em 2018. “Todo o apoio recebido pelo Edmund Ho para acabar com o Canídromo foi fundamental para conseguirmos ter sucesso.” Sem dúvida que o encerramento do Canídromo, em 2018, foi a grande luta da ANIMA e, pelo menos, a que levou a associação a adquirir reconhecimento internacional. Mas a ANIMA continua a lutar para que em Macau a adopção de animais seja cada vez mais prevalente. “Outra grande luta nossa é conseguir que as pessoas adoptem animais e, ao mesmo tempo, que os abrigos dos animais não sejam uma espécie de saco do lixo daqueles que ninguém quer. O abrigo dos animais é o segundo maior inferno depois da rua, e em alguns casos é pior do que os animais andarem na rua. Não é o caso da ANIMA.” Duas décadas depois, Albano Martins afirma que “há uma maior consciência da defesa dos direitos dos animais”, apesar das particularidades locais. “Macau é uma terra de forte emigração, e há muita gente que não consegue aperceber-se dos problemas que são pequenos para eles, mas que são grandes para nós como associação. Além disso, em muitas zonas da China os animais não são considerados da mesma forma como nós os consideramos em Macau. Sobrevivência financeira A viver em Portugal há três anos, Albano Martins tem hoje a perspectiva de que a vida de uma associação como a ANIMA seria bem mais difícil se estivesse sediada em terras lusas, com menores ou nenhuns apoios financeiros. Ainda assim, a preocupação do presidente honorário sobre a saúde financeira da associação continua a existir, tendo em conta a necessidade de um orçamento anual de quase dez milhões de patacas. “Na prática a ANIMA tem de sobreviver com 4,5 milhões de patacas durante o ano, pois as 500 mil patacas [da Fundação Macau] só são dadas no final do primeiro trimestre do ano seguinte. O orçamento é muito superior. Muitas vezes temos facturas de dois e três meses para pagar, e ainda mais os salários. A minha preocupação continua a ser grande em relação à ANIMA, mas o que recebemos do Governo de Macau e da Fundação Macau (FM) não tem comparação com o pouco que iríamos receber, e nem ousamos pedir, em Portugal.” Albano Martins não deixa de apontar o dedo à FM por manter um escrutínio tão apertado face a uma entidade que nunca falhou nas contas. “Os apoios (da FM) são dados, mas as regras são outras e é tudo muito mais burocrático. São-nos concedidas 500 mil patacas, mas que só são dadas no ano seguinte, apesar de a ANIMA entregar as contas certas, auditadas, e nunca ter tido nenhum problema. Não faz muito sentido que uma organização que durante tantos anos sempre teve o apoio da FM e sempre justificou a utilização dos seus fundos, continue a ser vista pela fundação como as outras associações que não cumprem as regras.” Com a pandemia as contas da ANIMA agravaram-se, uma vez que as concessionárias de jogo, a sofrer com uma enorme quebra de receitas, deixaram de apoiar a associação como antes. “A ANIMA era fortemente apoiada pela Wynn Resorts, cujo ex-presidente [Steve Wynn], sócio honorário e vitalício da ANIMA, dava-nos às vezes o dinheiro necessário, cerca de um milhão [de patacas], ou menos. Os casinos davam mais 200 ou 300 mil patacas por ano e hoje dão 50 mil, quando dão.” Albano Martins não tem dúvidas de que a quebra de receitas da indústria do jogo deixou a ANIMA “mais vulnerável”. “A população não é rica, e as dificuldades de uma associação como a nossa não são fáceis de resolver numa cidade como Macau”, salientou. Não sair de cima O economista lamenta que a ANIMA não tenha conseguido, nos últimos 20 anos, resolver a questão da concessão do terreno, que permanece temporária. “Tentámos ao máximo resolver os problemas dos animais, mas não conseguimos. A prova disso é que não conseguimos ainda ter a concessão definitiva de um terreno cuja concessão temporária foi dada à ANIMA. As Obras Públicas inventam sempre problemas. É um terreno no fundo do Cotai que deve valer milhões, e haverá muita gente que não está interessada que a ANIMA seja a sua detentora. Mas as pessoas devem saber que se a ANIMA desaparecer, todos os seus activos vão para o Governo de Macau. Nunca consegui resolver esse problema e a ANIMA também não vai conseguir, porque parece que toda a gente chuta para o lado e ninguém chuta para a frente”, acusa. Nesse terreno, bem perto do novo Hospital das Ilhas, são acolhidos os cães que a ANIMA resgata da rua, enquanto os gatos estão num outro terreno cuja renda custa aos cofres da associação 35 mil patacas por mês. Vencida a luta para encerrar o Canídromo, a ANIMA chama ainda a atenção para a necessidade de encerrar o Macau Jockey Club. Albano Martins entende que “não é difícil acabar com as apostas” em corridas de cavalos, pois “estas estão a morrer”. “A última decisão do Governo de prolongar a concessão do terreno a essa empresa foi uma asneira, porque não há praticamente apostas. Há uma corrida por semana e não se consegue perceber porque o Governo não consegue terminar [a utilização] daquele espaço e criar uma zona para a população. É irracional, e do ponto de vista da economia de Macau, e é absurdo [manter a concessão].” Nota de optimismo O presidente honorário da ANIMA acredita que no futuro o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) vai conseguir melhorar a situação dos animais de rua, embora defenda que “haveria muitas coisas que poderiam ser alteradas sem ser necessário uma grande despesa por parte da Administração pública no sentido de melhorar o controlo do número de animais no território e do número de abandonos”. “A ANIMA tem dado muito apoio ao IAM para que os animais dos canis sejam adoptados sem que sejam liquidados. Mas o esforço é grande demais para uma organização como a nossa, que ao fim de um mês não tem dinheiro para pagar salários”, lamenta. Fátima Galvão recorda “tempos de muita unidade” e “entusiasmo” para criar a primeira associação de defesa dos direitos dos animais, numa altura em que o número de abates variava entre os 800 e 900 por ano, em 2003 e 2004. “As pessoas que fundaram a ANIMA estavam muito envolvidas na protecção dos animais e acabámos por dar muita força uns aos outros”, confessou ao HM. “A situação da protecção dos animais era complicada e o número de animais abatidos era imenso, uma verdadeira tragédia”, recorda.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePortugal | ANIMA quer proibição de corridas de galgos Albano Martins, presidente honorário da ANIMA, está novamente na luta pela proibição das corridas de galgos em Portugal, juntamente com outras associações internacionais de defesa dos animais. A petição, dirigida às autoridades portuguesas, já conta com quase 40 mil assinaturas A ANIMA está de regresso à luta pelo fim das corridas de apostas com galgos, conhecidas por perpetuarem os maus-tratos e exaustão física aos animais. “Salve os galgos de Portugal” é o nome da petição promovida pela associação sediada em Macau, na figura de Albano Martins, presidente honorário da instituição, e por Stefania Traini, presidente e fundadora da associação italiana Pet Levrieri Onlus, bem como Christine A. Dorchak, presidente e conselheira-geral da GREY2K, nos EUA. A petição, que já conta com quase 40 mil assinaturas, é dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, Assembleia da República e António Costa, primeiro-ministro português. “Em Portugal, e apesar do artigo 13 do Tratado de Lisboa, que declara que os animais não humanos são seres sensíveis, a indústria das corridas de cães foi autorizada a estabelecer-se. Há evidências claras de que a corrida é agora uma actividade sistemática com interesses económicos na sua essência”, lê-se na petição. O documento pede a implementação de “legislação específica” para parar “o comércio de cães inocentes”, proibindo totalmente as corridas. Actualmente, aponta a petição, os galgos são tratados “como coisas para apostas”, sendo “usados, abusados e depois descartados”. “Eles são rotineiramente importados, comprados e vendidos por milhares de euros cada. De facto, já existem mais de vinte canis portugueses de corrida. Nessas instalações, cães delicados são criados e treinados de maneira desumana, sendo-lhes negada assistência médica quando estão feridos e muitas vezes destruídos quando não são mais úteis”. Antes da pandemia, e após ter conseguido fechar as portas do Canídromo em Macau, em 2018, Albano Martins arregaçou as mangas e iniciou a sua luta pelo fim das corridas também em Portugal. O projecto voltou agora em força. Mais e mais problemas O texto da petição é claro: com mais corridas aumentaram os problemas relacionados com os maus-tratos dos animais, como é o caso de “um número maior de cães abandonados, o uso de métodos de treino forçados e cruéis e a disseminação de substâncias dopantes”. É preciso também contabilizar “custos sociais” envolvidos “em termos de corrupção moral e desperdício de dinheiro público”, uma vez que “o abandono de cães em condições físicas e psicológicas devastadoras é um problema que afecta toda a comunidade, assim como a disseminação de circuitos de apostas ilegais”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteANIMA | Zoe Tang eleita presidente da associação para os próximos dois anos Billy Chan está de saída do cargo de presidente não executivo da ANIMA após dois anos de mandato marcados por alguns conflitos internos. Sem conseguir reunir consensos, Billy Chan passou a testemunho a Zoe Tang, que fala da “pior situação” financeira de sempre da ANIMA devido à situação pandémica “A ANIMA é a minha segunda casa”. É desta forma que Zoe Tang fala ao HM do novo compromisso que estabeleceu com a associação de defesa dos direitos dos animais que conseguiu manter o seu legado desde a saída de Albano Martins, hoje presidente honorário. As eleições para os novos órgãos dirigentes da ANIMA decorreram no passado domingo e resultaram na eleição de Zoe Tang como presidente não executiva, assinalando a saída de Billy Chan do cargo. “Trabalho na ANIMA há mais de dez anos e espero continuar a dinamizar o objectivo da criação da ANIMA, para que continuemos a providenciar serviços para os animais de rua com a mesma filosofia [do início do projecto]. Não apenas eu, mas os candidatos da lista que estão na minha equipa, sendo que alguns colegas trabalham também na ANIMA há muitos anos”, apontou. Para já, a missão da lista eleita é desenvolver “campanhas específicas e actividades sociais ou culturais, com o compromisso de providenciar tratamentos adequados que preservem a dignidade dos animais abandonados”. Para os cães e gatos abandonados, a ANIMA quer continuar a disponibilizar serviços de veterinário. Zoe Tang diz-se disposta a continuar o trabalho de muitos anos apesar dos desafios que a esperam. “Nas eleições de 2020/2021, assumi a posição de CEO e vice-presidente, o que não é um trabalho fácil. Por vezes, trabalhei mais de 20 horas diárias a tratar de assuntos relacionados com a ANIMA. Mas, felizmente, esse trabalho sempre teve o apoio da minha equipa”, assumiu. A associação depara-se com severas dificuldades financeiras, à semelhança de outras associações de defesa dos direitos dos animais. Encontrar dinheiro para as actividades diárias continua a ser um dos grandes desafios. “O apoio da nossa sociedade e o financiamento das operações, sobretudo para pagar comida para os animais, despesas médicas e manutenção do canil e gatil são os nossos grandes desafios. Com o desenvolvimento da pandemia, não apenas nós, mas todos os negócios enfrentam as mesmas difíceis questões.” O financiamento dos casinos, grande apoio para muitas actividades de cariz social, também diminuiu. “As doações baixaram de 400 ou 300 mil patacas para apenas 80 mil patacas por casino e no ano passado nem todos os casinos fizeram donativos. Felizmente, recebemos 70 por cento das cinco milhões de patacas, ou seja, 3.5 milhões, da Fundação Macau (FM), há duas semanas, o que vai permitir pagar as nossas dívidas de Janeiro que são, aproximadamente, de 1.6 milhões de patacas. São despesas relacionadas com veterinários, salários de dois meses dos funcionários e fornecimento de comida para os animais.” A ocorrência de um novo surto veio piorar a situação, já de si débil. “Os subsídios da FM de cinco milhões de patacas não são suficientes para a ANIMA se manter este ano. O nosso orçamento para 2022 é de cerca de 8.8 milhões de patacas. A nossa situação financeira nunca foi tão má, e estes três anos têm sido difíceis para todos nós porque não paramos de trabalhar para salvar animais.” Zoe Tang recorda que, no início deste ano, chegou a ser anunciado que a ANIMA ia deixar de resgatar animais abandonados na rua devido a dificuldades financeiras, mas um mês depois retomaram o trabalho habitual. “Não temos escolha”, confessa. Terreno à espera Questionada sobre a concessão do terreno que a ANIMA ocupa na zona do Pac On, um dossier que se arrasta há muito tempo, a presidente não-executiva revela outra situação de difícil resolução. “Estamos à espera da concessão definitiva, mas temos uma área com cães que deve ser destruída antes que o processo avance. Temos nesse local cerca de 33 cães e, se não encontrarmos um sítio para a sua deslocação, ou se não pudermos pagar por um terceiro abrigo, o processo não irá para a frente. O Governo sabe disso”, frisou Zoe Tang. Para os próximos meses, a ANIMA vai continuar a apostar nos mesmos mecanismos de recolha de fundos, de sócios ou adoptantes. A pandemia originou o cancelamento de muitas actividades. “Acredito que a ANIMA vai ficar numa melhor situação depois da pandemia, mas agora enfrentamos uma situação muito séria. Apelamos a todas as pessoas que nos ajudem com os custos operacionais”, rematou. A aposta de Zoe Tang à frente da associação passa, acima de tudo, por mais acções educativas de consciencialização sobre os direitos dos animais. Além disso, é esperada “uma solução que possa reduzir o número de cães e gatos abatidos pelo Canil Municipal”, tendo em conta que a ANIMA sempre trabalhou de perto com o Instituto para os Assuntos Municipais. “Temos feito vistorias às casas dos candidatos que querem adoptar um animal do Canil Municipal, para garantir que a casa é segura o suficiente para receber um novo animal e para aconselhar o adoptante nos cuidados a ter. A adopção suave é uma das muitas soluções para as quais a ANIMA tem ajudado.” Actualmente, a associação tem à sua guarda cerca de 400 cães e 300 gatos. “Estes números vão manter-se inalterados por muito tempo, pois a seguir a uma adopção há outro animal que precisa ser resgatado. Temos ainda mais de 500 cães e gatos abrangidos pelo Programa Especial de Protecção Animal. São animais que vivem fora do nosso abrigo, na rua ou em estaleiros, mas que estão sob responsabilidade de voluntários.” Mesmo recebendo comida e tratamentos, cabe à ANIMA financiar estes cuidados. “Reformas eram necessárias”, diz Billy Chan Ao fim de um mandato de dois anos, Billy Chan está de saída do cargo de presidente não executivo da ANIMA, sendo substituído por Zoe Tang, que até então liderava a comissão executiva da associação de defesa dos direitos dos animais. Ao HM, Billy Chan fala em alguns problemas internos. “Houve muitos acontecimentos e tempos desafiantes na ANIMA nos últimos dois anos. As reformas eram necessárias para manter a continuação do trabalho e permitir o desenvolvimento sustentável da associação.” Além disso, “ocorreram conflitos entre membros da equipa”. “Diria que não fui bem-sucedido a convencer os membros da direcção mais seniores, incluindo Albano [Martins], destas mudanças. Disponibilizei-me como voluntário para a direcção, incluindo outros voluntários, mas não consegui um consenso. Não fui tido em conta para este novo mandato”, adiantou. Ao HM, Albano Martins confirma a existência de problemas internos. “Propus Zoe Tang como presidente. O mandato terminou no final de 2021 e as coisas foram-se arrastando até às novas eleições. O Billy sairia porque era vice-presidente há muitos anos, mas fez questão de ser presidente. Poucas reuniões de direcção foram realizadas, havia uma comissão executiva para as decisões não serem bloqueadas.” “Esperava que o Billy apresentasse uma lista de consenso, mas pelos vistos ele nem contactou os colegas. Nos últimos meses senti que havia uma espécie de atrito, porque o Billy Chan, que é não executivo, queria começar a interferir na vida da comissão executiva. É ainda meu dever fomentar o aparecimento de uma lista, mas as pessoas não queriam trabalhar com ele. Duas trabalhadoras que eram membros da comissão executiva pediram a demissão em Junho, porque as interferências dele levantaram muitos problemas e as pessoas não se sentiam confortáveis”, acrescentou. FM dá 5 milhões Mesmo que a Fundação Macau (FM) tenha atribuído um subsídio para este ano no valor de cinco milhões de patacas, a vida financeira da ANIMA continua a não ser fácil. “A tranche do ano passado, de 500 mil patacas, só foi entregue em Maio [deste ano], ou seja, muito tarde. A ANIMA foi acumulando muitas dívidas e as pessoas sentem muito stress. Uma lista única é importante, mas o Billy não fez contactos. Ele não está a par das questões da ANIMA, que são muito complexas.” Sobre a continuação do trabalho com Zoe Tang, Albano Martins fala de uma “boa solução”, mas lamenta que “no final dos últimos meses [do mandato] houvesse tentativas de controlo da parte executiva por uma pessoa que não era da área executiva”. A associação tem agora na direcção membros que são trabalhadores da ANIMA, o que permite garantir a fiscalização do trabalho feito pela restante equipa. Questionado sobre a situação da ANIMA com o panorama de surto pandémico, Albano Martins mostra-se apreensivo. “A situação vai piorar. Se houver trabalhadores infectados, quem vai tomar conta dos animais? Pela política de zero casos do Governo, as pessoas são enviadas para casa. É o Instituto para os Assuntos Municipais que vai fazer esse trabalho? É preciso bom senso em tudo isto”, rematou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAnima | Dificuldades financeiras levam à suspensão de resgate de animais Com cerca de 700 animais nos abrigos e dívidas de 2,4 milhões de patacas, a associação está a promover uma nova campanha para aumentar as doações financeiras e adopções As grandes dificuldades financeiras levaram a Anima – Sociedade Protectora dos Animais de Macau a suspender praticamente o serviço de resgate de animais. Em causa, está uma redução muito significativa dos apoios recebidos nos últimos anos do sector privado, devido aos efeitos da pandemia. Segundo a informação divulgada pela associação, no final de Janeiro havia uma dívida acumulada de 2,4 milhões de patacas, restando em caixa 70 mil patacas. “Sabemos que muitas empresas estão com dificuldades e não nos podem apoiar como acontecia antes. As empresas ainda nos apoiam, com doações e voluntários, mas há uma grande diferença”, explicou Billy Chan, presidente da Anima, ao HM. “As dificuldades das empresas prolongam-se há dois anos e é natural que quem nos apoia não o consiga fazer como no passado. E isso nota-se a nível das nossas finanças”, acrescentou. As dívidas acumuladas estão relacionadas com a comida para os animais resgatados, despesas com veterinários e até salários dos funcionários dos abrigos. Perante este cenário, a Anima teve de optar por suspender o serviço de resgate de animais. Segundo os dados da associação, só no ano passado foram resgatados 197 gatos, 128 cães e 41 hamsters, coelhos, chinchilas, tartarugas, pássaros, entre outros. Contudo, o número de animais acumulados nos abrigos torna-se incomportável. “Temos 700 animais acumulados nos nossos abrigos. O número é muito superior à nossa capacidade, os abrigos estão cheios e isso consome os nossos recursos muito rapidamente, quer seja ao nível de dinheiro como de tempo”, afirmou Billy Chan. “O assunto não é novo. Mas está a ficar pior, e a redução do financiamento torna tudo mais grave”, vincou. Nova campanha Para tentar reduzir o número de animais nos abrigos, a Anima lançou no mês passado uma campanha para aumentar as adopções e também pedir mais financiamento junto da população. Segundo o presidente da associação, uma das grandes prioridades é aumentar o número de adopções, para também permitir que se salvem mais animais. Quanto mais animais deixarem o abrigo, mais vagas haverá para que outros sejam resgatados. Para Billy Chan, os primeiros resultados foram animadores: “Acho que nos primeiros dias as pessoas se têm envolvido na campanha e mostram que não querem que a Anima encerre”, reconheceu. Contudo, realçou que ainda se está muito longe de encontrar uma solução para o problema. Quanto ao financiamento público, e através da Fundação Macau, o presidente da Anima realçou que tem sido cumprido. “Nos últimos dois anos cumpriram sempre e ajudaram-nos. Foi muito importante. Esperamos que a situação se mantenha neste ano, caso contrário os nossos problemas vão ser muito maiores”, reconheceu.
Andreia Sofia Silva SociedadeANIMA | Parte do subsídio pago em 2022 obriga a novo pedido de apoios A Fundação Macau não aceitou antecipar dez por cento do subsídio atribuído à ANIMA, no valor de 500 mil patacas, montante que só será pago no próximo ano. O que vai obrigar a associação de defesa dos direitos dos animais a pedir mais donativos para suportar despesas deste ano O montante de 500 mil patacas que a Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA esperava receber este ano da Fundação Macau (FM) só será entregue no próximo ano, o que deixa a associação com dificuldades financeiras. Segundo contou ao HM Albano Martins, presidente honorário da entidade, a FM recusou o pedido de retenção de dez por cento do subsídio atribuído habitualmente. “Precisávamos das 500 mil patacas até Dezembro. Assim vamos ter de pedir apoio a muita gente”, confidenciou o responsável. No entanto, Albano Martins está confiante na obtenção de fundos. “Fazemos milagres há muitos anos e temos hoje bem mais força, graças [à questão] dos galgos”, acrescentou. Numa publicação feita este domingo no Facebook, Albano Martins escreveu “não ter outra escolha se não pedir aos bons amigos chineses da ANIMA que sei terem capacidade de nos ajudar”. “Apenas peço a cada um 40 mil patacas e todos os quatro garantiram o seu apoio imediato. Outro membro também perdoou um empréstimo de mais de 200 mil patacas que era suposto ser pago pela ANIMA este ano.” A mesma publicação dá conta do sucesso de recolha de fundos, que dura há alguns meses. “A ANIMA é tão bem considerada pela nossa comunidade e pelos nossos amigos internacionais que, em poucos dias, obteve 460 mil patacas, mais uma dívida perdoada de 40 mil patacas e vários outros montantes.” Donativos ajudam Na sexta-feira, Albano Martins alertou para a débil situação financeira da ANIMA. “Pela primeira vez nos nossos 18 anos de existência, a ANIMA não foi capaz de pagar a tempo os salários dos seus funcionários, o que habitualmente acontece no dia 26 de cada mês. Felizmente, um bom amigo chinês, e também meu amigo de longa data, que doou dois milhões de patacas entre 2015 e 2020, decidiu novamente fazer-nos uma doação de 300 mil patacas. O dinheiro estará disponível a 1 de Dezembro.” Segundo Albano Martins, o doador deseja manter-se no anonimato. Além do apoio, uma mulher, de apelido Ieong, fez um donativo de 30 mil patacas, completando o montante necessário para pagar os salários. “Com este dinheiro e o nosso balanço, de cerca de 208 mil patacas, podemos pagar os salários de Novembro, de cerca de 355 mil patacas, algumas contas de veterinário de Setembro, no valor de 108 mil patacas, e um restante montante de 74 mil patacas relativo a fornecedores, do mês de Outubro”, frisou.
João Luz SociedadeANIMA | Angariação de fundos não tapa buracos de orçamento A Sociedade Protectora dos Animais de Macau, ANIMA, continua a atravessar dificuldades financeiras, apesar da campanha de angariação de fundos, que começou no dia 7 de Agosto, e que até agora apurou quase 1,35 milhões de patacas. Com o passivo que transitou de anos anteriores a rondar 1 milhão de patacas, a juntar às despesas mensais, a associação precisa de cerca de 150 mil patacas para não comprometer as contas de Setembro. Todos os meses, a ANIMA precisa de 800 mil patacas por mês para pagar salários, despesas de veterinário do mês transacto, comida para animais também do mês anterior, rendas e despesas como electricidade e combustíveis para veículos da associação. Os crónicos problemas de finanças da ANIMA foram agravados pelas novas de atribuição de fundos pela Fundação Macau, um dos factores que levou à organização da campanha de angariação de fundos, apesar de o presidente não executivo, Billy Chan, ter perdoado 500 mil patacas das 800 mil que emprestou à associação em 2020. Com gastos que não abrandam e fundos que diminuem, a ANIMA continua a travessia difícil para evitar cortar serviços. Até agora, os principais doadores da campanha de angariação de fundos são o público em geral e 80 mil patacas de três operadoras de jogo (Galaxy, Melco e MGM), valores que ficam aquém dos doados em anos anteriores.
Andreia Sofia Silva SociedadeAnimais | Associações em difícil situação financeira A ANIMA começa hoje uma nova campanha de recolha de fundos, em princípio até ao final do ano, que inclui sorteios com prémios. Ao HM, Albano Martins, presidente honorário da associação, conta que os fundos vão servir para a associação pagar as contas a partir de Setembro, depois do apoio da Fundação Macau. “Esta campanha é para tentar dar uma ajuda à ANIMA e ver se conseguimos ainda outros fundos.” Ainda assim, Albano Martins referiu não estar “confiante de ter apoio dos casinos”. “No ano passado ficou provado que os casinos vinham reduzindo substancialmente os apoios. Numa situação normal tínhamos mais de 2,5 milhões de apoio dos casinos, e no ano passado tivemos, no total, entre 400 a 500 mil patacas. A situação do jogo não alimenta grandes esperanças à ANIMA”, acrescentou. Também Fátima Galvão assegura que a Masdaw está “numa situação financeira péssima”. “Nós nem apoios temos, a não ser das pessoas que gostam de animais. A nossa situação está muito má. Temos mais de 700 mil patacas de défice. Vamos ter de fazer campanhas de recolha de fundos e estamos a preparar eleições, que vão ser em breve. A nova direcção de certeza que vai entrar com muita vontade de trabalhar e de lutar pela melhoria das condições de vida dos animais, sobretudo dos cães”, rematou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Preços do transporte aéreo de animais duplicaram Nos dias que correm, quem quer viajar a partir de Macau com animais de estimação pode pagar cerca de 100 mil dólares de Hong Kong. Associações como a ANIMA e a Masdaw dão algum apoio e dizem que os preços quase duplicaram A pandemia da covid-19 e as restrições de viagens levaram a um enorme aumento do custo de transporte aéreo de um animal, o que faz com que muitas pessoas permaneçam em Macau à espera de melhores tempos para viajar e melhores preços. O alerta é dado por dois dirigentes de associações de defesa dos direitos dos animais. Albano Martins, presidente honorário da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais de Macau, é uma dessas pessoas. “Com as fronteiras fechadas as coisas tornam-se extraordinariamente difíceis. Temos casos de muitas pessoas que querem ir-se embora com os seus animais, eu sou uma dessas pessoas. Não consigo transferir os meus animais e por isso ainda estou em Macau, à espera de uma janela de oportunidade para usar o aeroporto de Hong Kong.” Se já é difícil viajar no geral, com animais “as coisas tornam-se quase impossíveis”, disse Albano Martins ao HM. “O transporte tornou-se extraordinariamente caro, e a saída de um animal custa hoje provavelmente o dobro do que numa situação normal. Isto por causa da pandemia, das restrições, dos custos das viagens. Se levarmos um animal como bagagem acompanhada pagamos menos, se levarmos como carga chega-se a pagar quase 100 mil patacas por animal.” Igual opinião tem Fátima Galvão, membro da direcção da Masdaw (Associação para os Cães de Rua e o Bem-Estar Animal em Macau). “Há pessoas que ficaram em Macau mais tempo para poderem levar os seus animais, e houve outras que enviaram primeiro os animais, mas pagaram fortunas. Conheço uma pessoa que pagou 105 mil dólares de Hong Kong para enviar a cadela para Inglaterra, e outra que pagou 65 mil dólares de Hong Kong para enviar para a Rússia”. A Masdaw não recebeu muitos animais devolvidos por causa desta situação, mas auxiliou residentes com o transporte. “Ajudamos pessoas que não tinham meios de levar os animais consigo, nomeadamente para as Filipinas, porque os aviões não transportavam animais. Recebemos dois animais nessas condições, mas um deles está numa família de acolhimento, vai ser adoptado e vai para o Canadá.” Uma dor de cabeça Alastair Pullan diz ter sofrido “a experiência mais stressante” da sua vida com o transporte de dois cães e um gato para o Reino Unido, depois de ter sido despedido do espectáculo “House of Dancing Waters” em Junho. Depois de realizar testes aos animais, que confirmaram boas condições para viajar, Alastair Pullan deparou-se com preços muito elevados. “Planeava viajar pela British Airways, mas [uma empresa de transporte de animais] disse-me que a companhia aumentou o seu preço pelo transporte dos animais em 500 por cento. Isso significa que o custo da viagem variava entre 50 a 200 mil dólares de Hong Kong. As outras companhias aéreas estavam a seguir esta tendência e a rota era agora impossível de fazer devido aos custos”, contou ao HM. Depois de uma tentativa falhada com a Eva Air, o britânico acabou por marcar uma viagem pela Qatar Airways, que obrigou a quarentena de duas semanas em Hong Kong. Os seus animais viajaram de ferry para Hong Kong, graças ao apoio de amigos, e em Paris a viagem para o Reino Unido foi de automóvel. O custo foi de cerca de 20 mil dólares de Hong Kong e exigiu “muita papelada”. “Toda a viagem custou 50 mil dólares de Hong Kong e se não tivesse recorrido ao Go Fund Me [plataforma de crowdfunding] não teria conseguido”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeANIMA fecha 2020 com prejuízos de 1.2 milhões de patacas A ANIMA fechou o ano passado com um prejuízo de 1.2 milhões de patacas, que na prática passou a cerca de 700 mil patacas devido ao perdão de algumas dívidas e suspensão de projectos para os quais não houve dinheiro. A maior parte das despesas está relacionada com cuidados a animais, já que os resgates continuaram a ser muito superiores às adopções 2020 voltou a ser um ano financeiramente difícil para a Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA, que fechou as contas com um prejuízo de cerca de 1.2 milhões de patacas. Segundo os relatórios consultados pelo HM, e que foram aprovados na última assembleia-geral da associação, a 29 de Maio, os prejuízos baixam para cerca de 700 mil patacas devido a “actividades de anos anteriores que já estavam contabilizadas [e que foram retiradas do balanço]”, explicou Albano Martins, presidente honorário da ANIMA, ao HM. Um dos exemplos é uma obra no sistema de esgotos, no valor de 200 mil patacas, que foi perdoada pelo empreiteiro. O projecto foi executado, mas acabaria por não ser autorizado pelo Governo. “Fez-se uma limpeza do balanço pois não há dinheiro para acabar essas obras que foram pagas parcialmente e foram interrompidas, e também porque houve dívidas de trabalhos feitos no passado que foram perdoadas”, acrescentou. “Ficámos com muitas dívidas por pagar que serão pagas gradualmente, talvez cerca de 25 mil patacas mensais nos próximos dois ou três anos”, disse ainda Albano Martins. Algumas das dívidas dizem respeito a donativos, como é o caso dos montantes de 500 e 800 mil patacas emprestadas por dois membros da direcção. As despesas correntes da ANIMA, em 2020, foram superiores a 10.3 milhões de patacas, com um rendimento corrente total de 9.1 milhões de patacas. Só em cuidados com animais, a associação gastou 3.3 milhões de patacas, face às 3.2 milhões gastos em 2019. As despesas em 2019 foram de 9.6 milhões de patacas. A associação diz ter apoiado a comunidade “com comida para animais, medicamentos, esterilizações, assistência veterinária e acomodação”. Só em comida a ANIMA gastou 1,2 milhões de patacas, enquanto a facgtura da electricidade foi de 159 mil patacas face a 115 mil em 2019. Os custos com funcionários ascenderam às 5 milhões de patacas, quando em 2019 foram de apenas 4,6 milhões. Em relação ao terreno em Coloane que a ANIMA ocupa, ainda não há resposta do Governo. “Apresentámos um pedido para a concessão gratuita do terreno como única forma de resolver definitivamente os problemas levantados pelas autoridades. Não temos ainda a concessão final.” Resgates superiores às adopções Apesar de, o ano passado, terem sido adoptados 180 animais, mais 19 do que no ano anterior, os salvos voltaram a ser bem mais: 458 face aos 391 cães e gatos capturados em 2019. Foram ainda esterilizados 124 animais, incluindo os que estão nos abrigos e os que vivem na rua. Tal “contribuiu, mais uma vez, para a situação de sobrelotação do abrigo”. A ANIMA assume não poder “melhorar a qualidade do trabalho” com esta situação. “O rácio de animais saídos relativamente a animais entrados foi de 0.97, 0.98 e 0.90, valor longe do nosso objectivo de 2. Contudo, houve uma melhoria no valor do rácio dos gatos, dado o maior número de adopções”, aponta o relatório. Albano Martins confirmou também que a Fundação Macau aceitou que a verba de cinco milhões de patacas possa ser usada em várias actividades da ANIMA e não apenas no pagamento de salários e dos tratamentos dos animais. A primeira tranche, de 2,5 milhões de patacas, já foi paga, enquanto que a segunda tranche será paga este ano com uma redução de dez por cento. “Enviámos uma carta a pedir a antecipação da segunda verba, que não vai ser de 2.5 milhões de patacas, uma vez que dez por cento ficam retidos e só serão dados no próximo ano, mediante apresentação do relatório e contas. A ANIMA sempre entregou os seus relatórios e sairá prejudicada com isso”, concluiu o activista.
Salomé Fernandes SociedadeAnima contesta junto dos Serviços de Finanças rejeição para visitar Canídromo Apontando motivos de segurança, os Serviços de Finanças recusaram o pedido da Anima para fazer uma visita ao Canídromo. Sem concordar com os argumentos apresentados, a associação vai enviar uma carta ao secretário da tutela A Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) rejeitou o pedido de visita ao Canídromo submetido pela ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais de Macau no mês passado, invocando razões de segurança. Em reacção à resposta, Albano Martins, presidente honorário vitalício da associação, considera não haver “qualquer tipo de problema”, argumentando que as instalações são seguras. Como tal, a Anima envia hoje uma carta ao secretário para a Economia e Finanças a contestar a decisão. A organização planeava visitar as instalações do Canídromo na próxima semana, dia 26 de Março, para assinalar o segundo aniversário do dia em que os últimos galgos abandonaram o espaço. O Director da DSF, Iong Kong Leong, alegou motivos de segurança para rejeitar o pedido. “A fim de evitar potenciais riscos que possam pôr em causa a segurança do público, não é adequada a cedência da área do canil”, diz a carta. A DSF indica que o contador de água foi removido pelos serviços de obras públicas em articulação com o plano de reconstrução do antigo Canídromo Yat Yuen, e que a área ainda não está aberta ao público. De acordo com a resposta, os serviços não fazem manutenção diária da área do canil, mas apenas “reparação parcial as partes perigosas”. “Não tem sentido nenhum do ponto de vista de saúde pública ou de segurança, o que eles dizem. Posso garantir que as instalações são mais seguras do que muitos edifícios que existem em Macau, porque eu estive lá quase nove meses a trabalhar”, disse Albano Martins ao HM. Espaço para agradecer O pedido da Anima foi também enviado ao Instituto do Desporto, que terá dado luz verde à iniciativa, desde que as regras de saúde pública fossem cumpridas. Albano Martins considera a resposta da DSF “muito esquisita”, frisando que o objectivo era apenas celebrar o dia em que o espaço ficou disponível para uso público, algo que “nunca aconteceu”. Recordou assim que “tal como dizia a Anima no passado, dificilmente haveria qualquer tipo de projecto para entrar nos próximos anos”. A associação vai protestar a rejeição com uma carta enviada ao secretário para a Economia e Finanças. “Para nossa surpresa, invocando razões de segurança, a DSF recusou ceder o espaço por meio dia. Iríamos seguir as regras dos SSM neste período de pandemia e o evento seria uma boa forma de agradecer a todos os que ajudaram o Governo e a Anima a alcançar um êxito quase único”, observa a carta. Albano Martins explica que a resposta negativa da DSF chegou a pouco mais de uma semana do evento. “A Anima tem tudo preparado e aguardava apenas resposta positiva a este nosso pedido”, refere, acrescentado que perante o tempo que demorou a resposta “solicitar à DSF uma mudança de atitude não seria pragmático”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeANIMA | Fundação Macau dá cinco milhões, mas apenas para salários A Fundação Macau já informou a ANIMA de que irá conceder um apoio de cinco milhões de patacas, mas apenas para os salários dos funcionários, deixando de parte as despesas com os animais. Albano Martins promete contactar de novo Wu Zhiliang e diz que a decisão dá pouco espaço de manobra à associação A Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA vai receber um novo apoio financeiro da Fundação Macau (FM) mas este não é suficiente para cobrir todas as despesas. Segundo contou Albano Martins, presidente honorário da ANIMA, ao HM, a FM promete atribuir cinco milhões de patacas mas este dinheiro apenas pode ser utilizado com os salários dos funcionários. A ANIMA pediu cerca de seis milhões de patacas mas esperava uma maior flexibilização no uso do dinheiro. “Quando fizemos o pedido propusemos que fosse dividido entre salários e as despesas com os animais. A FM fixou só para salários, o que nos cria um enorme problema. O nosso orçamento fica rígido e a decisão da FM é tecnicamente difícil de aceitar.” Nesse sentido, Albano Martins promete contactar hoje o presidente da FM, Wu Zhiliang, para que a situação possa ser contornada. “O dinheiro é suficiente para os salários, mas o nosso orçamento para este ano é de quase 10 milhões de patacas. Teremos de explicar que a decisão não é a mais saudável do ponto de vista de quem trabalha com um orçamento. Teremos sempre de devolver à FM o dinheiro que não usarmos”, acrescentou. Relativamente aos apoios financeiros dos casinos, a ANIMA vê-se obrigada a fazer novos contactos. “Estamos de tal modo apertados que não temos outra solução se não contactá-los novamente. Mas vamos levar com os pés, porque eles deram o apoio no final do ano passado, não vão dar dinheiro agora no primeiro semestre.” Visita ao Canídromo A ANIMA mantém o plano de fazer uma actividade de recolha de fundos para fazer face às despesas, mas a mesma será adiada para 21 de Julho deste ano, quando se celebra a data da intervenção do Governo no processo de encerramento do Canídromo. Este mês, dia 26, irá decorrer uma actividade de convívio para lembrar os dois anos do encerramento completo do antigo espaço de corridas de galgos. Já foram enviadas cartas a várias entidades públicas a pedir autorização para esta actividade. “A ANIMA gostaria, com a imprensa e diversos convidados locais, incluindo adoptantes de galgos e os seus animais, e o próprio IAM [Instituto para os Assuntos Municipais], de fazer uma visita na manhã desse dia a todas as instalações dos canis do Canídromo e registar esse grande acontecimento colectivo de todos através de fotos e vídeos”, lê-se na carta enviada à Direcção dos Serviços de Finanças, que tem responsabilidade de gestão do espaço. Na mesma carta, a ANIMA recorda que o processo de retirada dos animais “poderia ser feito com mais tempo”. “Vestimos a camisola das preocupações do Governo e dessa forma em apenas seis meses após o início da operação de embarque (26/09/2018) realizámos todos os galgos fora do Canídromo”, lê-se ainda.
Andreia Sofia Silva SociedadeANIMA | Faltam 79 mil patacas para pagar salários de Fevereiro A Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA continua a sua campanha de recolha de fundos para se manter em actividade. Segundo uma nota publicada nas redes sociais por Albano Martins, presidente honorário vitalício, a associação “continua a lutar arduamente para sobreviver”, necessitando agora de 79 mil patacas para pagar os salários de 32 funcionários relativos ao mês de Fevereiro. “Conseguimos em 25 dias obter donativos de cerca de 812 mil patacas e um empréstimo de 50 mil patacas. Com este dinheiro pagámos aos funcionários, as contas de Dezembro e os salários de Janeiro. Agora é tempo de pagar os salários dos funcionários de Fevereiro e depois as contas de Janeiro”, escreveu Albano Martins. “Infelizmente reduzimos o número de funcionários, de 37 para 32, pois não conseguimos garantir o pagamento dos seus salários. Não podemos reduzir mais funcionários devido à nossa enorme actividade, esta é a nossa prioridade”, aponta a mesma nota. O 13º mês de ordenados relativos ao ano passado, e os empréstimos concedidos, serão pagos quando a ANIMA “tiver outros fundos”. Quanto ao apoio habitual concedido pela Fundação Macau (FM), só será obtido em Março, mas ainda não é certo. “Poderemos receber o apoio da FM em Março, mas se não recebermos ficaremos em sérias dificuldades”, descreveu Albano Martins.
Andreia Sofia Silva SociedadeANIMA | Encontrados mais três gatos mortos no bairro do Iao Hon A ANIMA encontrou ontem mais três gatos mortos na Rua Seis do bairro de Iao Hon, na zona norte da península de Macau. A associação ligada à protecção dos direitos dos animais adiantou nas redes sociais que um dos corpos já se encontrava em decomposição. Tanto a polícia como os responsáveis do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) foram chamados ao local, onde também foram resgatados sete outros felinos, reencaminhados para as instalações do IAM. Esta segunda-feira foram encontrados, no mesmo bairro, mas na Rua Dois, outros três gatos mortos. A entidade liderada por José Tavares afirmou que, neste caso, uma gata estava grávida e que não se registaram sinais de traumas ou fracturas nos animais. Foi, por isso, excluída a possibilidade de maus tratos ou de queda. No entanto, o IAM afirmou também que há indícios de morte em circunstâncias suspeitas pelo que o caso foi qualificado como crime de crueldade contra animais, estando a ser investigado pelas autoridades. Segundo a lei de protecção dos animais em vigor, o crime pode levar a uma pena de prisão de até um ano ou pagamento de uma multa de 120 dias. Desde Dezembro que foram encontrados 11 gatos mortos, cinco deles nos últimos dias só na zona do Iao Hon. A ANIMA tem neste momento a decorrer uma campanha de angariação de fundos dadas as dificuldades financeiras que enfrenta. Segundo informação divulgada pela associação, a campanha começou há 20 dias e já permitiu pagar os salários de todos os funcionários relativos ao mês de Janeiro, o que corresponde a 370 mil patacas. No total, a ANIMA conseguiu 809 mil patacas. A campanha vai continuar até o apoio concedido pela Fundação Macau ficar garantido.
João Santos Filipe Manchete SociedadeANIMA tenta organizar evento para angariar fundos e fazer face a despesas A ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais de Macau está a estudar a possibilidade de realizar um evento para celebrar o segundo aniversário do dia em que os últimos galgos deixaram o Canídromo. A iniciativa ainda está a ser equacionada, depende da aprovação dos Serviços de Finanças e do Instituto do Desporto, mas tem como objectivo a angariação de fundos. “Se os Serviços de Finanças e o Instituto do Desporto nos derem autorização para abrirmos as instalações do Canídromo, vamos comemorar os dois anos em que o Canídromo ficou sem animais, a 26 de Março”, afirmou Albano Martins, presidente honorário da associação. “Vamos comemorar o dia em que os últimos animais foram para a ANIMA e para famílias de acolhimento, antes de serem enviados para a Austrália”, acrescentou. O plano prevê assim um convívio com as pessoas que adoptaram galgos da antiga pista de corridas de cães, mas não só. “Queremos que as pessoas possam visitar o espaço de manhã, levar os animais que foram adoptados e depois fazer um evento de convívio. À noite, queremos terminar o dia com um evento de recolha de fundos, com sorteios, rifas e actividades semelhantes”, informou. “É o que estamos a pensar para sermos mais activos a recolher fundos”, sublinhou. O encerramento do Canídromo foi um marco na actividade da associação, que conseguiu arranjar destino para os mais de 500 galgos. Só neste processo, a ANIMA gastou do seu orçamento um milhão de patacas. “Não recebemos nada do Canídromo, porque não queríamos que as pessoas ficassem a pensar que tínhamos feito aquela acção para receber dinheiro”, esclareceu o presidente honorário. “Também do Governo recebemos zero e gastámos um milhão com coisas como o transporte de animais para as clínicas, visitas de veterinários… Foi pago do nosso bolso”, vincou. “Recebemos uma medalha [de reconhecimento] no final do ano de 2019… Enfim, não paga dívidas”, desabafou. Após um ano que terminou com prejuízos de 2,25 milhões de patacas, a ANIMA está a correr atrás do prejuízo para fazer face a todas as despesas relacionadas com os 900 animais pela qual está responsável, enquanto aguarda por eventuais apoios da Fundação Macau. Donativos de 640 mil patacas Até ontem, a associação, que fez uma campanha a apelar ao envio de donativos, tinha recolhido cerca de 640 mil patacas. O montante foi utilizado para pagar salários e a fornecedores. “Foi um montante que deu para pagar os salários, dá para pagar as despesas com os fornecedores do mês passado e sobram cerca de 80 mil patacas. Destas, 50 mil são para pagar um empréstimo que tivemos de fazer, caso não conseguíssemos arranjar outra forma de financiamento”, explicou Albano Martins sobre o montante recolhido. No ano passado, a ANIMA resgatou 161 cães, entre os quais 34 do canil do Instituto dos Assuntos Municipais, 197 gatos, sendo que 38 estavam à guarda do Governo, e 100 animais de outro tipo, como tartarugas ou hamsters. No mesmo período, o IAM abateu 122 cães e 30 gatos.
Pedro Arede Manchete SociedadeAlbano Martins alerta para o risco de fecho da ANIMA Depois de um ano atípico que resultou em dívidas de 2,25 milhões de patacas, Albano Martins aponta que os 32 funcionários e os cerca de 900 animais a cargo da Anima podem ficar em “maus lencóis” caso o financiamento da Fundação Macau não chegue em breve. O representante da associação diz ainda que, apesar de se prestar um serviço público, na hora de ajudar pouco é o reconhecimento O presidente honorário vitalício da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA), Albano Martins, considera que a associação corre o risco de fechar portas caso os fundos da Fundação Macau não cheguem em breve. Isto, tendo em conta que em 2020 a Anima fechou o ano com um défice de 2,25 milhões de patacas. “Perante as dívidas que temos apuradas do ano passado, de 2,25 milhões de patacas, o que é que fazemos? Temos de pagar agora em Janeiro. Além disso, ainda falta pagar os salários das pessoas que trabalham, os veterinários e a alimentação dos animais”, partilhou Albano Martins com o HM. “Se não houver resolução em Janeiro a Anima vai ter que fechar e entregar os animais todos ao IAM e o Governo que resolva o problema, porque nós somos uma associação de utilidade pública”, acrescentou. Olhando em retrospectiva para 2020, marcado pela pandemia, Albano Martins lembra que foi um “ano mau” porque apesar de a Fundação Macau ter financiado a associação com 5 milhões de patacas destinadas a despesas correntes, “os casinos cortaram no apoio”, passando a ser de cerca de 80 a 100 mil patacas, quando em anos anteriores foi, nalguns casos, de 400 ou 500 mil patacas ou de 1,3 milhões no caso do Wynn. O responsável explicou ainda que, após enviar pedido de subsídio à Fundação Macau em Julho de 2020, recebeu ontem a resposta do presidente do organismo, Wu Zhiliang, a revelar que o conselho de curadores “só se reúne em Fevereiro” pelo que “não há hipótese de os apoios chegarem” em Janeiro. “Ao menos pediu imensa desculpa. O problema é que as desculpas não servem para pagar contas”, apontou Albano Martins. O responsável lembra ainda que existem 32 pessoas a trabalhar na Anima, das quais 16 trabalhadores não residentes (TNR) e que a cargo da associação estão actualmente cerca de 900 animais, além dos animais apoiados fora de portas. Contudo, defende, “não há hipótese nenhuma de reduzir o pessoal”. “A Anima ajudou sempre a recolher animais de rua. Era suposto termos apenas 80 ou 90 animais e ficámos com 400 cães e 300 gatos. Não é para brincar. Além disso, como são animais antigos, porque nós não matamos, eles vão viver connosco toda a vida. [Se a Anima fechar] estes animais e o pessoal que trabalhava Anima vão ficar em maus lençóis”. A ferros Se por um lado, não há dúvidas quanto ao “serviço público” prestado pela Anima, por outro, na hora de contribuir financeiramente para a missão da associação, “o reconhecimento é tirado a ferro e fogo” e é fácil dizer que é possível sobreviver com menos verbas. “Nós prestamos um serviço público, mas quando é altura de nos ajudarem toda a gente é capaz de dizer que cinco milhões para a Anima é muito dinheiro. O nosso orçamento era 11 milhões. Já reduzimos para 10 milhões e agora para 2021 reduzimos ainda mais para 9 milhões. Estamos a reduzir o mais possível, mas não conseguimos fazer mais”, vincou Albano Martins. O responsável faz ainda questão de sublinhar que a Anima “não mistura a actividade política com a actividade animal”, ao contrário de outras associações que têm o apoio financeiro de um deputado. “Temos conhecimento de uma associação que deve ter cerca de 80 animais e 15 pessoas a trabalhar, que recebeu um subsídio de quatro milhões de patacas, não do Governo, mas de um deputado. Nós temos 16 tratadores para muitos mais animais”, desabafou.
Andreia Sofia Silva SociedadeANIMA | Associação quer apoio da Fundação Macau já este mês As dificuldades financeiras da ANIMA continuam e, neste momento, a associação de defesa dos direitos dos animais depara-se com um défice de 2,7 milhões de patacas. Nesse âmbito, foi feito um pedido urgente à Fundação Macau (FM) para que a associação possa obter ajuda financeira, contou Billy Chan, presidente da ANIMA, ao HM. “Habitualmente candidatamo-nos aos apoios da FM no início de cada ano e já informamos a FM para ver se podem aprovar o nosso pedido mais cedo, para ver se nos podem depositar o dinheiro já em Janeiro, para que possamos ter algum dinheiro em caixa para pagar as dívidas dos últimos meses. Continuamos à espera de resposta.” A ANIMA pediu cinco milhões de patacas, um valor semelhante ao que foi pedido o ano passado, mas não tem a certeza se o seu pedido de urgência será atendido. “O ano passado a FM deu-nos apoio no início do ano mas este ano não sei como vai ser, porque a situação financeira em Macau e no mundo tem vindo a piorar. Se a FM aprovar o orçamento para 2021 e o nosso apoio penso que podemos resolver a nossa situação, caso contrário vamos precisar de mais dinheiro todos os meses.” Funcionários despedidos Sem novos encontros com responsáveis dos casinos para a tentativa de obtenção de donativos, a ANIMA viu-se obrigada a despedir alguns funcionários para cortar nas despesas. “Todo o orçamento de 2021 foi revisto e tentámos cortar algumas despesas, por exemplo relacionadas com os recursos humanos. Começamos em Novembro a despedir algumas pessoas mas isso não ajudou.” Os despedimentos podem mesmo não ficar por aqui, assegura Billy Chan. “Este ano talvez precisemos de cortar com mais pessoal e encontrar diferentes canais de financiamento, novos métodos para obter donativos. Pode levar algum tempo até isso ser concretizado.” A última vez que a ANIMA reuniu com responsáveis dos casinos foi em meados de Agosto e Setembro do ano passado, mas até agora as respostas têm sido nulas. “Desde aí que as coisas têm estado mais complicadas”, rematou o responsável.
Andreia Sofia Silva EntrevistaBilly Chan, presidente da ANIMA: “Ter patrocínios vai ser cada vez mais difícil” Com a saída de Albano Martins da presidência da ANIMA, Billy Chan, engenheiro civil, assume agora as rédeas da associação de defesa dos direitos dos animais. Até ao final do ano a ANIMA precisa de 1.5 milhões de patacas para se manter à tona, mas Billy Chan mantém um discurso optimista em relação à obtenção de apoios. O novo presidente da ANIMA quer promover a cooperação com outras associações para que juntos possam dialogar melhor com o Governo [dropcap]C[/dropcap]omo nasceu a sua paixão pelos animais? Há cerca de 12 ou 13 anos recebi um e-mail a pedir ajuda por causa de um cão que não conseguia andar. Senti uma mudança porque nunca tinha recebido nada do género, nem por parte de amigos. Fiquei curioso e liguei a um amigo que é fisioterapeuta, e naquela altura fomos a casa da pessoa que me pediu ajuda e descobrimos que tinha entre 10 a 20 cães em casa. Estava tudo uma confusão e os animais estavam muito magros. Nessa noite fizemos um tratamento ao animal. Repetimos o tratamento durante cinco noites e o dono depois disse-nos que o cão já conseguia andar. Senti-me muito bem com isso. Aí percebi que há pessoas que amam mesmo os seus animais. Comecei a trabalhar com estas pessoas e a ajudá-los, e eram pessoas que faziam parte da direcção da ANIMA. Foi a partir daí que decidi começar a ajudá-los e a trabalhar com eles. Descobri que é uma coisa com muito significado e agora tenho a oportunidade de liderar estes assuntos. A ANIMA não foi uma coisa que apareceu de repente. Mas porque decidiu ter funções de gestão na associação e não ter uma posição apenas como voluntário? Na altura, quando me convidaram, precisavam de ter mais opiniões por parte da sociedade. A ANIMA costumava ser uma associação com muitos estrangeiros, expatriados e portugueses, mas não havia muitos chineses, particularmente locais, e queriam que nós fizéssemos esse trabalho de chegar mais à sociedade. Agora temos mais pessoas a participar. Também temos mais ligações a outros grupos da sociedade. Pelo menos mais locais percebem o que é a ANIMA. Mas as minhas primeiras impressões foram essas, queríamos que a associação fosse mais local. Esse objectivo já foi atingido? O nosso trabalho é muito conhecido, mas a colaboração que temos com outras associações de defesa dos animais não funciona muito bem. Ainda estamos a trabalhar de forma individual. Não digo que isso seja bom ou mau, mas se queremos ser uma das mais importantes associações de Macau devemos cooperar com as restantes. Mas há associações que são pró-Governo ou que têm uma posição diferente em relação à protecção dos direitos dos animais. Estamos todos a trabalhar na protecção dos direitos dos animais, mas a forma como abordamos os problemas é diferente. Por exemplo, nós nunca colocamos os animais em jaulas, mas há associações, devido à falta de recursos, que adoptam outros métodos. Todas as associações estão a colocar todos os seus esforços em prol da defesa dos direitos dos animais, mas quando levamos a cabo uma campanha ou quando discutimos com o Governo algum assunto, estas acções não são suficientemente fortes. Se tivéssemos uma espécie de aliança com outras associações teríamos uma posição mais forte para falar com o Governo. Com o fecho do Canídromo a ANIMA assumiu um papel de destaque. Considera que está mais preparada para discutir com o Governo face a outras associações? Refere-se a privilégios? Não, refiro-me ao facto de o Governo poder ouvir melhor a ANIMA em relação a outras associações devido ao trabalho já realizado. Se olharmos do ponto de vista do apoio financeiro essa interpretação é correcta. As outras associações não recebem apoio financeiro do Governo. Mas em termos de políticas e discussão de leis, não vejo que a ANIMA seja tratada de forma diferente. A Fundação Macau alterou os critérios de concessão de subsídios. Até que ponto isso pode afectar a ANIMA? Temos vindo a ser patrocinados pela Fundação Macau nos últimos anos. Têm apoiado muito as nossas acções e acho que compreendem a nossa situação. Acredito que quando nos aproximarmos do fim do ano as respostas vão aparecer. Mantenho-me optimista em relação ao apoio do Governo. A ANIMA está sempre a lutar pelo financiamento. Como está a situação financeira neste momento? Albano Martins é o nosso presidente honorário e continua a dar-nos apoio em muitas áreas. Neste momento ele está mais focado nos patrocínios. Nos últimos meses temos reunido com representantes de casinos e estamos a ver como podemos obter patrocínios. Temos visitado também muitas pessoas. Mas falando do financiamento para este ano, recebemos o dinheiro da Fundação Macau e alguns patrocínios individuais, mas continua a não ser suficiente. Ainda faltam três meses para o final do ano e estamos a confirmar os donativos junto de algumas pessoas que nos prometeram apoio. Albano Martins acredita que conseguimos sobreviver, mas, de novo, ter patrocínios no futuro vai tornar-se cada vez mais difícil. Por isso temos de nos preparar. Como? A primeira forma é obtermos mais patrocínios, mas isso nem sempre é sinónimo de dinheiro. Pode também ser ajuda de pequenas entidades. Vamos tentar obter patrocínios de residentes e temos de arranjar uma forma de reduzir as despesas. Neste momento temos colegas a tempo inteiro e em part-time, gastamos dinheiro em vacinas e outro tipo de tratamentos. Também ajudamos outras pessoas que cuidam de animais. Mas estamos mais focados nas grandes tarefas da ANIMA. Mas voltando ao financiamento, a pandemia dificultou as coisas, porque os casinos também atravessam um mau período. Na primeira metade do ano normalmente obtemos o dinheiro da Fundação Macau e conseguimos sobreviver com ele. Mas na segunda metade do ano dependemos mais dos recursos dos casinos, e até agora os casinos ainda têm de confirmar quanto é que nos podem dar. Mas vamos acompanhar essa questão. Quanto dinheiro necessitam até Dezembro? Cerca de 1.5 milhões de patacas. A Fundação Macau já nos apoiou este ano. Procuramos ter a ajuda dos casinos e chegar a mais pessoas que nos possam ajudar. É importante que as pessoas saibam a situação em que estamos. Se não obtiverem o dinheiro, quais são as alternativas? Sem dinheiro não conseguimos fazer nada. Como alimentamos os animais, e fazemos outras coisas? Podemos sempre tentar chegar às pessoas para que nos emprestem dinheiro, ou junto dos bancos, mas não é uma solução definitiva. Em relação à concessão definitiva do terreno onde estão situados, em Coloane, acredita numa resolução em breve? Existe a questão dos esgotos que têm de estar ligados ao edifício da ANIMA. Temos um projecto para resolver esse problema, e por isso é que o assunto da concessão ainda não está concluído. Espero que esse trabalho fique feito este ano, mas ainda não sabemos se o Governo não vai alterar a sua posição. Só depois de concluído o projecto dos esgotos é que falaremos com o Governo para termos a concessão definitiva do terreno. Como presidente qual é a sua estratégia principal para os próximos anos? Não vão haver grandes mudanças. Vamos continuar a trabalhar como temos feito e penso que até agora conseguimos mostrar que a ANIMA faz um bom trabalho. No entanto, também precisamos de resolver algumas coisas. Uma delas é algo urgente, porque temos 800 animais nas nossas instalações. Estamos a 200 por cento da nossa capacidade (risos). Temos um grande número de animais e há coisas que não conseguimos fazer tão bem, como acções educativas ou discutir com o Executivo questões relacionadas com a lei de protecção dos animais. Quero reduzir o número de animais que temos nas nossas instalações. Não falo em abatê-los, mas podemos ter mais adopções ou dá-los temporariamente a famílias de acolhimento. Dessa forma poderíamos libertar parte das nossas instalações e ter menos despesas. As acções de educação são muito importantes e também queremos passar mais tempo nas escolas a falar com os alunos. Também queremos tornar a ANIMA mais local e ser mais cooperante com outras associações. Mas voltando ao financiamento, não nos devemos focar nas grandes entidades ou indivíduos. Steve Wynn, por exemplo, é um dos parceiros da ANIMA, Edmund Ho, ex-Chefe do Executivo também. A ANIMA pretende manter esses nomes, mas trabalhar mais com associações locais? Sim. Essas duas personalidades têm-nos apoiado muito no passado. Albano Martins mantém contacto com Steve Wynn sobre aquilo que se passa na ANIMA, o que está a mudar, mas também sobre o financiamento no futuro. Também mantemos contacto com Edmund Ho para o informar sobre o que se passa e também pedimos ajuda de várias formas. Essa ajuda faz as coisas funcionarem, mas temos de ter uma boa relação com diferentes entidades e temos de continuar a manter esta postura. A ANIMA tem como objectivo o fim das corridas de cavalos. Que acções estão a ser planeadas? Actualmente temos três grandes preocupações: a campanha para o fim das corridas de galgos em Portugal, o fim das corridas de cavalos e o encerramento do Matadouro. Ainda não lançámos nenhuma campanha sobre estes dois assuntos, estamos a fazer um levantamento da situação. Penso que neste momento não posso falar muito sobre isso porque estamos apenas no começo, mas esperamos avançar com algo em breve. Em relação à lei de protecção dos animais, quais os problemas que se mantém e que deveriam ser resolvidos? Antes da lei ser implementada a ANIMA sempre deu sugestões e apoiou esta lei. Mas quando o diploma foi implementado os comentários da ANIMA não foram tidos em conta e actualmente dizemos ao Governo que a lei não é suficiente. Tem muitas questões que não são práticas e faltam muitos detalhes. Por exemplo, temos poucos casos de abusos de animais, e a lei até determina pena de prisão para quem pratica esses actos. Mas como é que podemos acusá-las. Há também problemas com as lojas de animais, pois a lei não é clara. Como é que as lojas põem os animais em jaulas? Quem é que pode comprar um cão? Se comprar um cão e abandoná-lo, amanhã posso comprar outro sem problema. A lei funciona mais do ponto de vista da sociedade e menos do ponto de vista do bem-estar animal. Como assim? Se eu abandonar um animal na rua, estou a cometer uma ilegalidade, mas se o deixar no Instituto para os Assuntos Municipais já não. Temos de olhar para os animais e a sua relação com as pessoas. No futuro teremos a oportunidade de falar com o Governo sobre isto, mas se nos juntarmos a outras associações será melhor. Acredita numa boa relação com o Governo de Ho Iat Seng? Não sei dizer (risos). Neste momento estamos a trazer mais pessoas para a direcção, personalidades ou pessoas com posições de liderança na sociedade. Queremos pluralidade e assim teremos uma melhor ligação com o Governo. Temos de rever a lista dos membros da direcção. Até agora a nossa lista é muito boa comparando com outras associações, mas de tempos a tempos temos de fazer uma actualização.
Salomé Fernandes Manchete SociedadeAnima | Carta dirigida a António Costa pede fim de corridas de galgos e greyhounds Aliada a outras organizações de protecção dos animais, a Anima envia hoje uma carta ao Primeiro-Ministro de Portugal a apelar ao fim das corridas de galgos e “greyhounds”. Além das condições degradantes a que os cães são votados, os activistas alertam para a potencial criminalidade associada ao jogo [dropcap]“A[/dropcap]s leis gerais de protecção animal não são suficientes para evitar os inúmeros problemas associados às corridas de cães. O comércio de cães inocentes deve parar e é necessária legislação específica”, apela uma carta endereçada ao Primeiro Ministro de Portugal, António Costa. A carta, que vai ser enviada hoje, é assinada por Albano Martins, da Anima, bem como por representantes de outras três organizações de protecção dos animais – a Liga Portuguesa dos Direitos do Animal (LPDA), a Pet Levrieri e a GREY2K USA Worldwide. Estas associações pediram já ajuda ao Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, para que seja aprovada legislação que proíba as corridas de galgos e “greyhounds” em Portugal. Abordam agora outra figura política, referindo que a 10 de Março pediram aos grupos parlamentares – incluindo o do Partido Socialista – para apoiarem a iniciativa mas que ainda não receberam resposta. No documento a que o HM teve acesso, indica-se que a indústria das corridas de cães foi autorizada apesar de o artigo 13 do Tratado de Lisboa apontar que os animais não humanos são sensíveis, e que se tornou uma actividade sistemática com interesses económicos. “Os galgos e os ‘greyhounds’ estão agora a ser tratados como ‘coisas’ para apostas, usados e abusados e depois descartados. São habitualmente importados, comprados e vendidos por milhares de euros cada”, pode ler-se. As associações apontam que existem mais de vinte canis portugueses de corrida, onde os cães são “criados e treinados de maneira desumana”, acrescentando que quando são feridos lhes é negada assistência e que são muitas vezes destruídos quando deixam de ser úteis. Plataformas de jogo Os remetentes da carta apontam ainda para informações de que as corrida de cães em Portugal “envolvem o uso de dopagem e métodos de treino cruéis com coleiras eléctricas e exploração física extrema até à própria morte”. Comentando o abandono crescente destes animais confirmado por organizações de bem-estar animal, a nota indica que muitos não conseguem ser salvos. E é lançado um alerta: “como se está perante jogo, é importante observar que novas plataformas para actividades criminosas estão a ser criadas”. As associações argumentam que é preciso parar qualquer tentativa de regulamentar ou autorizar corridas informais de cães, porque isso normalizaria a actividade. Além disso, alertam para o facto de que o uso de galgos e “greyhounds” para finalidades de jogo pode contribuir para a “insensibilidade” da sociedade sobre o bem-estar animal. “Presenciar os ferimentos graves e as mortes que os animais de corrida frequentemente enfrentam faria com que os espectadores, incluindo crianças pequenas, os considerassem como meros objectos a serem sacrificados em nome do entretenimento”. A carta é acompanhada de uma lista de 80 entidades que apoiam a iniciativa. Entre elas a Masdaw, de Macau.
Pedro Arede SociedadeAbrigos da Anima severamente afectados pela passagem do Higos [dropcap]O[/dropcap]s abrigos da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA) destinados a cães e gatos ficaram ontem severamente danificados pela passagem do tufão Higos, afectando, no total, 700 animais. O prejuízo total dos estragos deverá situar-se entre as 400 e as 500 mil patacas, apontou ontem ao HM o ex-presidente da Anima, Albano Martins. O objectivo passa agora por reparar os estragos, o quanto antes, e angariar fundos para as reparações. “Pelo que vi, o valor dos estragos deve situar-se entre as 400 a 500 mil patacas. Era bom que conseguíssemos angariar esse valor. Até numa zona mais resguardada houve uma porta que foi arrancada”, começou por dizer Albano Martins. “Fomos afectados no abrigo dos cães e no paraíso dos gatos. Só no primeiro temos cerca de 400 animais e no abrigo dos gatos temos 300 animais”, acrescentou. Essencialmente, explicou Albano, os estragos resultaram da queda de árvores que destruíram várias estruturas, como vedações e telhados que acabaram arrancados. Além disso, houve também zonas que ficaram inundadas porque as árvores obstruíram as canalizações de saída das águas. “Muitas casas individuais dos animais foram destruídas”, vincou. Apesar de admitir ser ainda difícil fazer um ponto de situação, o ex-presidente garante que “nenhum animal ficou ferido”. Sobre o tufão Higos, que motivou o içar do sinal 10 durante a madrugada de ontem, Albano afirma que a Anima não foi apanhada de surpresa, apesar da intensidade inesperada. “Quando saímos ontem [terça-feira] deixámos tudo preparado. Já sabíamos que havia tufão e, portanto, o pessoal já tinha alinhado quem vinha, sendo esperado um tufão de nível 8. No entanto, as medidas que tomámos, tomaríamos também para um tufão de nível 10, que foi o que acabou por acontecer”, explicou. Sobre a reparação que está a ser feita, as dificuldades são muitas, sobretudo no que toca à remoção de árvores e limpeza de entulho. Tendo em conta que os animais não podem sair do espaço “porque não têm alternativa”, o objectivo imediato passa agora “por limpar e dar mais decência ao espaço para os animais ficarem bem”. Ajuda preciosa Já Zoe Tang, representante da Anima, espera que, através da campanha de angariação de fundos, o organismo consiga reunir “pelo menos 400 mil patacas”. Até porque, antecipa, este ano, devido à situação gerada pela covid-19, a Anima “vai passar dificuldades adicionais”, porque não existe a mesma ajuda por parte dos casinos. Tang espera ainda que possam “aparecer mais voluntários” para ajudar nos trabalhos de reparação, estimando que sejam necessárias três semanas, para retirar as árvores tombadas nas instalações da Anima. Após a passagem do Hato, recorda, foi necessário um mês, para reparar os estragos.
Salomé Fernandes Manchete SociedadeAnima | Billy Chan eleito para assumir a presidência da associação Assume a presidência da Anima consciente de que a protecção dos animais é uma área com desafios. Billy Chan, que já foi vice-presidente, frisou o trabalho feito pela associação ao longo dos últimos anos. Albano Martins considera que foi “a escolha ideal” [dropcap]B[/dropcap]illy Chan foi a pessoa escolhida para ocupar o cargo de presidente da Anima, cargo anteriormente ocupado por Albano Martins, noticiou a TDM Canal Macau. As eleições realizaram-se no sábado. Ao HM, o novo presidente descreve que “a protecção animal em Macau nunca vai ser um trabalho fácil”. De entre os trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos anos, destacou que “a Anima tem salvo muitos animais”, apontando para um número superior a dez mil, nomeadamente ao ajudá-los a encontrar casa e assegurar que estão de boa saúde. Um caminho que quer manter. Apesar de já estar ligado à associação, a nível pessoal sente que a posição que passa a ocupar “é muito desafiante”. Quando questionado sobre os principais desafios que a Anima enfrenta, a resposta é curta e grossa: “recursos”. Mas para além de temas como a necessidade de espaço para cuidar dos animais, Billy Chan também entende serem precisas mudanças no sentido de as pessoas compreenderem que os animais “devem fazer parte da sociedade humana” e ser protegidos. Para além disso, reconheceu a importância da ajuda dada por Albano Martins e espera que se mantenha no futuro, para assegurar uma transição suave nos trabalhos da Anima. “Agora a posição dele é presidente honorário vitalício”. Uma ligação para a vida “São pessoas que conhecem a Anima desde longa data, da Comissão Executiva são quase todos eles trabalhadores da Anima. Portanto, conhecem já os meandros dos problemas que a Anima defronta”, descreveu Albano Martins, acrescentando que Billy Chan já foi vice-presidente da associação e “é uma pessoa cuidadosa, pragmática, defensora dos direitos dos animais desde longa data e a escolha ideal nesta fase”. Enquanto presidente honorário vitalício, Albano Martins fica agarrado à Anima para toda a vida. Nos próximos meses, vai passar os dossiers e apoiar as pessoas que vão assumir as funções que desempenhava. “Ainda há muitos trabalhos que eu tenho que fazer por detrás, até termos a máquina toda preparada para poder executar isso. (…) Mas a responsabilidade será da Anima”, observou. Uma das questões que tem em mãos este mês é a apresentação do pedido de subsídio à Fundação Macau para 2021, em três línguas. Quanto ao papel de liderança, mostrou confiança de que “pessoas jovens com o tempo vão lá chegar”, frisando que têm muito presente o quão fundamental é seguir o que está previsto no código de ética.
Andreia Sofia Silva EntrevistaAlbano Martins, economista e presidente da ANIMA: “[Processo da Nam Van] foi a minha grande frustração” Quatro décadas em Macau chegaram para Albano Martins erguer a maior associação de defesa dos animais, fechar o Canídromo, trabalhar como economista ao lado de grandes personalidades. Sai com a sensação de dever cumprido, mas descontente com a saída da Sociedade de Empreendimentos Nam Van, onde foi director financeiro. “Foi uma decisão errada”, assume [dropcap]O[/dropcap] futuro da ANIMA preocupa-o, agora que se prepara para deixar o território? Preocupa-me a capacidade da ANIMA poder encontrar fundos para sobreviver. Durante vários anos fui eu que, através de pessoas importantes de Macau, consegui fundos. A Fundação Macau estabilizou nos 5 milhões de patacas, mas não há garantia de que não volte atrás, e a ANIMA tem um orçamento que dificilmente é inferior a 10 milhões por ano. Temos meses em que chegamos a ter 150 mil patacas de despesas com veterinários, nem dinheiro temos para ter um veterinário connosco, porque a nossa clínica está transformada num abrigo para animais. Esse é o maior problema, porque a ANIMA tem jovens dedicados que podem fazer esse trabalho. Estamos bem organizados e trabalhamos melhor do que muitas organizações e empresas. O problema é a capacidade para chegar aos fundos. Durante muitos anos, quando não havia dinheiro, eu próprio fazia donativos. Já pus na ANIMA mais de um milhão de patacas. Temos outra situação que incomoda, porque tivemos pessoas prepotentes que nos arranjaram problemas. Como por exemplo? Temos um terreno que ninguém queria, que nos foi dado há muitos anos com uma licença temporária de um ano. Tivemos uma guerra com o anterior secretário [para os Transportes e Obras Públicas], Lau Si Io, que nos congelou a licença do terreno. Houve alguma intimidação, disseram que tínhamos de sair, com o pessoal e os animais. Quando nos telefonaram disse que íamos pôr todos os cães e gatos em frente à sede do Governo. Recuaram imediatamente. Neste momento, temos um grande apoio do secretário Raimundo do Rosário. Quando ele entrou para o Governo a primeira coisa que ele fez foi dar de novo uma licença temporária, por um ano. E depois disse-nos que íamos trabalhar para ter uma licença definitiva. Acredita que vão mesmo ter essa licença? O secretário diz estar a trabalhar nisso. Sempre esperei que essa licença surgisse antes de me ir embora, porque sou eu o único que conheço o processo todo, que é muito complicado. Tem algum nome para o substituir? Tenho um nome pensado, por experiência, mas vamos ter uma reunião na próxima semana e se passo agora o nome para a imprensa vai parecer que vou forçar uma pessoa da minha responsabilidade. A ANIMA já está madura para escolher [o novo presidente]. Embora termine o meu contrato com a Nam Van em Fevereiro, tenciono ir-me embora definitivamente de Macau em Junho do próximo ano, mesmo vindo cá de três a três meses só para ajudar a ANIMA. Parte de Macau com a sensação de dever cumprido? Há sempre coisas que podiam ser feitas. Estive 10 anos na Autoridade Monetária onde fiz muitas coisas que não existiam cá, como o primeiro centro de formação de bancários. Consegui que as estatísticas tivessem PIB trimestral, porque naquela altura nem PIB anuais nos chegavam, ou chegavam com um ano e meio de atraso. Houve algumas coisas de que tenho algum orgulho, como por exemplo a constituição das sociedades anónimas com três pessoas. Isso surgiu com um artigo que escrevi, que o Governador gostou muito, quando disse que para formar uma sociedade anónima levava o meu cão, os meus gatos para formar as 10 pessoas necessárias para formar uma sociedade anónima, que eu não conhecia. Passados dois dias, o Governador mandou-me um projecto de lei para que o número baixasse para três sócios necessários. E isso ainda hoje se mantém. A luta pelos direitos dos animais foi sem dúvida a sua grande bandeira. Estou em Macau desde 1981, a luta pelos direitos dos animais começa em 2003. Nunca me tinha passado pela cabeça que não houvesse associações de defesa dos direitos dos animais. E só em 2003 é que uma pessoa me chamou à atenção para isso. Havia pessoas que estavam há 10 anos a tentar construir uma associação e não conseguiam. A primeira coisa que fiz foi pagar 20 mil patacas a um escritório de advogados, foi o meu primeiro donativo para a ANIMA. Mas nunca fui membro da direcção. Porquê? Sempre achei que uma coisa era apoiar a associação e outra coisa era armar-me em esperto porque era o fundador, a pessoa que estava por detrás [do projecto]. Fiquei no conselho fiscal, mas fui acompanhando a associação. Em 2007 a então presidente da associação, uma neta de Stanley Ho, apareceu no escritório cheia de problemas porque estava a gastar muito dinheiro. De facto, gastou porque não fazia campanhas, pois era uma senhora rica e achava que o dinheiro não tinha valor, quando percebeu já tinha posto na associação quatro ou cinco milhões de patacas. Eu disse que arranjava quem a substituísse, mas nunca consegui, essa foi a grande batalha. Espero que finalmente, no próximo mês, haja uma direcção onde eu não esteja. Em todos estes anos alguma vez o acusaram de má gestão de fundos ou teve outros dissabores na gestão da ANIMA? Nunca tive uma situação desse tipo na ANIMA. Na associação não podemos receber dinheiro sem passar recibos, não contamos caixas de donativos sem ser à frente de duas pessoas. Tive uma crítica de uma pessoa no passado, mas era uma crítica do tipo “você é um ditador”. Mas aí, acho que até tinha razão. Sente-se um “ditador”? Nós temos regras próprias e percebo que haja choques, e houve muitos neste período. Um deles é a ideia de que as associações de defesa dos animais têm o dever de recolher todos os animais da rua. Isso é tecnicamente impossível, e a ANIMA criou um Código de Ética que diz que só recolhemos animais que estão em perigo. Mesmo assim, temos mais de 400 cães e mais de 300 gatos. Nós não matamos, é uma das nossas vitórias, e está no Código de Ética. O animal só é abatido se estiver muito doente e mesmo assim é preciso um veterinário confirmar e dois membros da direcção aprovarem. Em Hong Kong matam-se mais animais do que o Canil Municipal de Macau, porque só ficam com os animais adoptáveis. Olhando para trás, como encara a forma como lidou com os diversos governantes que estiveram à frente do Executivo de Macau? De todos os governantes houve uma pessoa que ainda hoje tem uma relação belíssima comigo, me deu força e disse: “Albano, vamos pôr Macau no mapa das cidades que são amigas dos animais”. Essa pessoa é Edmund Ho. Foi ele que deu milhões de patacas para construir a ANIMA, o terreno foi dado na sua governação e sempre nos auxiliou quando tínhamos um problema. Depois da saída de Edmund Ho as coisas foram mais complicadas, mas no final do último mandato conseguimos uma maior proximidade com o Governo que não nos hostilizou, mas não tinha a vertente virada para a protecção dos animais. Ainda hoje, Edmund Ho é nosso amigo e tenho reuniões com ele. Às vezes, ajuda através de amigos que dão apoio à ANIMA. O actual Chefe do Executivo poderá continuar a apoiar a ANIMA? Não conheço Ho Iat Seng, nunca tive uma conversa com ele. Mas, felizmente, conheço os casinos e a maior parte deles têm apoiado. O problema é que este ano, com o coronavírus e as receitas a caírem a pique, é muito complicado, por isso é que vou continuar a apoiar a ANIMA até Junho do próximo ano. O pior que poderia acontecer, e os nossos estatutos preveem isso, era todos os nossos activos irem para o Governo caso não tenhamos capacidade monetária. Essa seria uma derrota. Conheceu também Stanley Ho e teve uma relação profissional com a STDM e SJM. Fale-me desse período. Vim para Macau convidado para o então Instituto Emissor de Macau por duas pessoas que me conheciam da faculdade. Saí depois para um projecto onde conheci o Stanley Ho. Não o conheci muito, só nas reuniões. Tive algumas questões privadas, assuntos que têm a ver com questões familiares que não posso revelar. Tive uma relação simpática com ele, mas era um conhecido de Stanley Ho. Na Sociedade de Empreendimentos Nam Van, ele era o presidente do conselho de administração e eu era director financeiro e ex-director adjunto e tinha essa relação com ele, mas não mais do que isso. Como surgiu a oportunidade de ir para a Sociedade de Empreendimentos Nam Van? Estava na Autoridade Monetária há 10 anos e, nessa altura, surgiu o empreendimento do Fecho da Baía da Praia Grande. Nesta zona à volta escoavam todos os esgotos, tudo cheirava mal. E houve um projecto para reordenar aquilo que foi assumido por uma sociedade, com interesses diversos, de chineses, portugueses. Era um projecto em que havia um empreiteiro geral, mas havia vários lotes de terreno e era preciso que alguém montasse toda a parte financeira. Desde o início, até agora, fiz toda a parte financeira da Sociedade sozinho. A Nam Van já perdeu a concessão de vários terrenos em tribunal. Essa foi a grande frustração da minha vida naquela Sociedade. Ver quem fez todas essas estradas, esses lagos, os parques de estacionamento todos, perder 13 lotes de terreno porque o Governo, ao longo desses anos, não fez o plano para que a Sociedade fizesse o desenvolvimento. Como poderíamos reordenar se não tínhamos o espaço reordenado? O Governo fez uma nova Lei de Terras e esqueceu-se desse pormenor, e a Sociedade não reparou nisso. Olho para esse processo e é uma grande injustiça. O Governo não vai dar as terras, mas pelo menos vai ter de indemnizar, e esse é o processo que está em curso nos tribunais. A pessoa que, durante estes anos todos, distribuiu os custos e está dentro desse processo tem o contrato terminado em Fevereiro de 2021. Como é possível? Foi uma decisão errada, mas quem decide que assuma a responsabilidade. Está então confiante que a Nam Van ganhe nos processos por indemnização. Se houver pessoas da Sociedade capazes de explicar tudo em tribunal, terá de ganhar. Acreditamos que os tribunais têm de estar do lado da razão. Não é pelo facto de a Sociedade ter cortado a minha relação laboral em Fevereiro que vou dizer o contrário. A responsabilidade disto tudo é do Governo, da burocracia e da incapacidade de resolução. Se a Nam Van ganhar, o Governo vai perder biliões de patacas. Lamenta que os sectores financeiro e económico não estejam tão desenvolvidos como poderiam estar? Claro. Acho que depois de tudo aquilo que criámos quando fui para Macau o mercado não se desenvolveu. O mercado financeiro de Macau tornou-se numa pequenina aldeia, não está vivo. Quando já estava na Sociedade de Empreendimentos Nam Van, Edmund Ho era o presidente da Associação de Bancos de Macau e pediu-me para ser o secretário-geral da associação. Eu disse que tinha de ser alguém a tempo inteiro. E todos os bancos me apoiavam, mas os ingleses disseram que não podia ir a tempo parcial. Apesar do grande esforço do Félix Pontes na formação bancária, o sistema financeiro não se modernizou, não houve progressos nenhuns. É simplesmente incrível. Falta, sobretudo, conhecimento.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeANIMA | Albano Martins vai mudar-se para Portugal Quase 40 anos depois de ter chegado a Macau, Albano Martins vai regressar a Portugal. A decisão surge na sequência de uma cirurgia mal executada que resultou na perda da visão num olho, “reduzindo drasticamente” a capacidade de trabalho. O economista abandona assim a presidência da Anima e o cargo que ocupa na Sociedade de Empreendimentos Nam Van [dropcap]A[/dropcap]lbano Martins vai regressar a Portugal, deixando assim a presidência da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA) e o cargo de director financeiro da Sociedade de Empreendimentos Nam Van. A decisão foi anunciada na passada sexta-feira pelo próprio no Facebook e surge na sequência de uma cirurgia mal sucedida ao nariz que realizou em Janeiro e que resultou na perda de visão no olho direito. Além disso, segundo a publicação, o contrato de trabalho que tem com a Sociedade de Empreendimentos Nam Van vai expirar em Fevereiro de 2021, tendo a decisão sido comunicada “há alguns dias”. Por estes dois motivos, Albano Martins revela que não tem outra escolha senão rumar a Portugal, aproveitando para estar mais tempo com a família. “A minha capacidade de trabalho em Macau foi drasticamente reduzida. Chegou o momento de estar mais tempo em Portugal, com a minha família, a minha mulher que me apoiou durante tanto tempo, permitindo-me ficar em Macau junto da ANIMA, mesmo depois do seu regresso em 2007, os meus filhos, netos e amigos, incluindo todos os meus animais”, referiu Albano. Apontando que “chegou a altura de se envolver mais nas principais frentes de combate que existem em Portugal”, através do apoio a organizações locais que lutam por causas ambientais, Albano Martins não vai deixar, contudo, de suportar a ANIMA. “Estarei sempre a apoiar a ANIMA, organização da qual tenho orgulho de ser fundador, juntamente com outras duas pessoas”, pode ler-se na publicação. Apesar da ausência, Albano Martins assegurou ainda ao HM que vai continuar a “vir três vezes por ano [a Macau] enquanto não tiver a certeza que a Anima sobrevive”. O próximo presidente da instituição será eleito no próximo mês de Julho. Em jeito de remate, Albano Martins deixa ainda um conselho à futura direcção. “Sigam à risca o nosso Código de Ética se querem sobreviver neste ambiente complicado e, por vezes, intimidador! Sejam fortes, persistentes e organizados”. A existência do Código de Ética é um dos pontos destacados pelo actvista. “Nós não matamos [animais] e essa é uma das nossas grandes vitórias. Existia a ideia de que as associações tinham de recolher todos os animais da rua, mas isso é impossível. O nosso Código de Ética diz que apenas podemos recolher os animais de risco”, disse ao HM. Ao HM, o responsável adiantou já ter um nome em mente para o substituir, que será lançado na reunião que a ANIMA terá na próxima semana. Para a história Albano Martins esteve no comando da ANIMA nos últimos 17 anos, tendo fundado o organismo a 11 de Dezembro de 2003. “Em 2003, não me passava pela cabeça que não houvesse em Macau associações de defesa dos direitos dos animais”, confessou. Nesse ano, o economista fez o primeiro de muitos donativos para a ANIMA: 20 mil patacas para pagar ao escritório de advogados que oficializou a criação da ANIMA. Desde então, entre as várias batalhas que travou enquanto presidente, o destaque vai para o encerramento em 2018 do canídromo de Macau, cujas instalações eram dedicadas às corridas de galgos. Para além da libertação de mais de 500 animais, a acção que resultou de uma campanha de vários anos, valeu também a Albano Martins o prémio 2019 Greyhound Leadership Award, da GREY2K USA. Relativamente ao terreno onde a associação opera, Albano Martins recorda “pessoas prepotentes que nos deram alguns problemas”, referindo os constrangimentos criados pelo ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io. Mas com Raimundo do Rosário no cargo, o presidente da ANIMA tornou-se optimista quanto à resolução do processo do terreno. “Sempre achei que a licença [definitiva de ocupação do terreno] surgisse antes de me ir embora”, lamentou. Recorde-se ainda que desde a sua fundação e até Março de 2020 a ANIMA salvou mais de 4.800 animais, a grande maioria cães (2.242) e gatos (2.303). Os restantes salvamentos foram de pássaros (142), coelhos (56), hamsters (54), tartarugas/cágados (31), cobras (22), esquilos (7), chinchilas (5), uma ave de aviário e ainda uma marmota. No combate pelos direitos dos animais, Albano Martins confessou que sempre manteve uma grande amizade com o primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Edmund Ho, que deu todo o apoio para o funcionamento da associação. Albano Martins, que trabalhou no Instituto Emissor de Macau no início da década de 80, assume o “orgulho” de alguns projectos e lutas, dando o exemplo da permissão para criar sociedades anónimas com apenas três pessoas. Quanto ao convite para a Sociedade de Empreendimentos Nam Van, surgiu quando começou a ser pensado o projecto de revitalização da zona do Fecho da Baía da Praia Grande. Depois da polémica Lei de Terras que retirou os terrenos concessionados à empresa, Albano Martins espera um desfecho diferente relativamente às indemnizações que a empresa pede. “Se a Nam Van ganhar, o Governo vai perder biliões de patacas”, rematou.
Andreia Sofia Silva SociedadeMatadouro | Alertas para contas opacas e reavaliação ilegal de terreno Albano Martins, presidente da ANIMA, alerta para a forma pouco transparente como o conselho de administração do matadouro apresenta as contas e finta prejuízos com constantes reavaliações do terreno público onde opera [dropcap]O[/dropcap] conselho de administração do matadouro faz uma gestão de contas pouco transparente e reavalia o terreno onde opera como manobra contabilística para contornar a realidade de ter 21,6 milhões de patacas de prejuízos acumulados, algo que levanta questões legais. A acusação é do economista e presidente da ANIMA, Albano Martins. “Como os prejuízos excedem metade do capital, de acordo com Código Comercial, os accionistas da [Matadouro de Macau SARL] têm de entrar com mais dinheiro. Para evitar isso, reavaliaram o activo [terreno], subindo-o, fazendo com que a situação líquida entrasse outra vez nos eixos. Isso é o que chamo ‘engenharia contabilística’ muito malfeita”, refere. Ao HM, o presidente da ANIMA acrescentou que, quando o terreno é reavaliado, “só há uma entidade pública e o resto é privado”. “Isso significa que a entidade pública está a pagar por conta dos outros. O terreno é reavaliado e entra como se fosse toda a gente a meter o dinheiro.” Segundo os dados debatidos esta terça-feira na Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa (AL), o terreno foi reavaliado pela primeira vez em 2009, pelo valor de 38 milhões de patacas, e em 2018 pelo valor de 50 milhões. Num artigo de opinião publicado no Jornal Tribuna de Macau em Dezembro do ano passado, Albano Martins fez as contas. O conselho de administração do matadouro “fez isso [a reavaliação do terreno] em 2010 depois de ter verificado que no final do ano anterior o capital já estava comido em mais de metade. Reavaliou o activo em 38.047.022,00 patacas, o suficiente para que a situação líquida passasse de 19.572.251,00 de patacas (abaixo dos 40 milhões de capital social) para 56.624.405,00 patacas”. Em 2018, “voltou de novo a fazer a mesma engenharia. A reavaliação passou a 50.446.254,00 patacas, mas os prejuízos continuaram a ser mais de metade do capital social. Ora, esse exercício engenhoso de criação de riqueza artificial fez a sua situação líquida disparar para 70.277.670,00 patacas”, lembrou o presidente da ANIMA no mesmo artigo. Estas acções foram levadas a cabo quando o presidente do conselho de administração do matadouro era Lei Wai Nong, actual secretário para a Economia e Finanças. Um primeiro alerta O facto de os deputados da AL terem debatido, pela primeira vez, as contas do matadouro significa, para Albano Martins, que algo possa ser alterado. “Mesmo que não se preocupem nada com a questão da saúde animal nem mesmo com a diversificação da economia, vão-se preocupar decerto com o facto de aquele empreendimento não dar dinheiro ao Governo. Nem em termos de lucro, porque é uma empresa, nem em termos de impostos. Ocupa uma área importante para a comunidade e [os deputados] deveriam estar preocupados com isso.” Apesar das cartas enviadas pela ANIMA ao Instituto para os Assuntos Municipais e à secretaria para a Economia e Finanças a exigir o encerramento do matadouro, até agora as respostas foram poucas. Albano Martins contou ao HM que apenas lhe foi garantido que as águas sujas do matadouro não iam parar ao rio, mas o presidente da ANIMA diz receber relatos de que a poluição é uma constante.