Pensões Ilegais| Angela Leong sugere combate com prémios

Angela Leong sugeriu ao Governo a criação um mecanismo de prémio para quem denunciar a operação de pensões ilegais, como forma de combater totalmente a ilegalidades. Depois de várias fracções do Edifício de Habitação Pública do Lago terem surgido na internet para alugar como acomodação, a deputada lançou um comunicado apelando ao Governo para melhorar os trabalhos de combate contra as pensões ilegais.
Angela Leong, também directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), lembrou que o objectivo de lançar a habitação pública é ajudar as famílias cuja receita é muito baixa e têm necessidades habitacionais. A deputada considera que a sociedade desconfia do rigor das medidas lançadas pelo Governo.
Como o HM avançou ontem, os deputados voltaram atrás na intenção de criminalizar a actividade de pensões ilegais, ainda que tenham passado anos a discutir o assunto. Muito por causa da falta de recursos humanos, dizem, da PSP, que iria ficar a cargo da execução da lei – actualmente é a Direcção dos Serviços de Turismo e as sanções não passam de multas que, geralmente, não são pagas.
“De acordo com os casos encontrados, muitas pensões ilegais estão escondidas em edifícios habitacionais, agora com a descoberta destas no edifício do Lago é óbvio que a fiscalização do Governo tem de melhorar ”, sublinhou a deputada, que também já viu dois apartamentos em seu nome serem utilizados como pensões ilegais. Na altura, Leong disse que arrendava os espaços, na Praia Grande, e que tinha sido uma vítima do problema.
A deputada sugere que o Governo crie um mecanismo de prémio para quem denuncie a operação de pensões ilegais, para que as ilegalidades passem a estar mais visíveis para o combate.

2 Mai 2016

Taipa | Habitação e comércio ao lado do Jockey Club

Faziam parte dos lotes a não ser recuperados pelo Governo por culpas imputáveis à Administração, mas estão finalmente a ser desenvolvidos. Habitação, comércio e equipamentos sociais vão nascer ao lado do Jockey Club, num lote da empresa

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]orres de habitação, comércio e estacionamento e equipamentos sociais. São estas as novas infra-estruturas que estão a ser desenvolvidas em lotes adjacentes ao Jockey Club, junto à Estrada Governador Albano de Oliveira na Taipa. O terreno ainda esteve na lista das concessões caducadas por falta de aproveitamento, mas o Governo voltou atrás por considerar que o atraso não era imputável ao concessionário.
De acordo com informações fornecidas pela Direcção de Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) ao HM, “o prazo de aproveitamento está válido até 24 de Novembro de 2017”. O terreno – com um total de 404,094 metros quadrados – foi concedido por arrendamento à Companhia de Corridas de Cavalos, mas em 1998 foi aprovado um pedido da empresa de Stanley Ho para a desistência de parcelas a favor da Companhia de Investimento Jockey Lda, também administrada na altura pelo magnata do Jogo e por Ambrose So.. Assim, 14.311 metros quadrados do total do terreno foram separados – destes, 13.504 foram entregues à empresa e o restante foi entregue à Administração para integração no domínio público.

Em andamento

No local, onde a construção está já avançada conforme o HM testemunhou, vão nascer quatro torres de habitação, com estacionamento, espaços comerciais e equipamento social. Um despacho do Boletim Oficial, cujo número foi fornecido ao HM pela DSSOPT, revela estas informações e indica ainda que a desanexação foi aprovada “após um longo processo negocial” com o Governo.
O prazo de aproveitamento seriam 42 meses após a sua publicação, em Agosto de 1998. Este ano, o Executivo chegou a colocar os lotes numa lista de terrenos a recuperar devido à sua caducidade sem aproveitamento do terreno. Contudo, o lote integrou a lista dos 16 terrenos a não ser recuperados pelo Executivo por culpas imputáveis ao próprio Governo. “O atraso foi da Administração relativo aos pedidos do concessionário.” Na licença de obra atribuída pelo Executivo, cujo processo – de acordo com o site da DSSOPT – começou em 1992, pode ver-se que a autorização para a obra é de 2015. O edifício não tem nome em Português ou Inglês, sendo conhecido como “星玥”.

Terrenos de Stanley Ho em tribunal

O Executivo ainda não sabe o que vai fazer com os terrenos recuperados recentemente na Avenida de Kwong Tung, na Taipa, entre os edifícios Nam San e Nova Taipa. Isto porque, como frisou a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) ao HM, “ainda estão a decorrer os respectivos processos judiciais”. Os lotes eram de Stanley Ho, que os transmitiu para cinco sociedades diferentes. Os prazos de aproveitamento do local, onde iriam nascer dezenas de edifícios de habitação, expiraram em Outubro de 2014 e Raimundo do Rosário deu, este ano, ordem de recuperação do lote. O local ainda está ocupado com construções precárias e, ainda que tenham sido feitas algumas construções de equipamentos sociais no espaço adjacente aos terrenos, o Executivo não tomou qualquer decisão sobre o caso. “Depois de se recuperarem com sucesso os terrenos, vamos divulgar as finalidades em termos de planeamento a que se destinam”, indicou a DSSOPT.

2 Mai 2016

Templo de A-Má | Pavilhão principal poderá reabrir em Outubro

A Associação do Templo de A-Má afirmou ontem que o pavilhão principal que foi alvo de um incêndio recentemente poderá reabrir em Outubro deste ano.
Segundo o Jornal Cheng Pou, a Associação do Templo de A-Má admitiu que os trabalhos de reparação decorrem “devagar” porque estão à espera de fiscalizações in loco do Instituto Cultural (IC) e do Corpo de Bombeiros (CB), que vão permitir verificar se houve algum problema de estrutura. A Associação diz que a proposta concreta de reparação só pode ser dada a conhecer depois da conclusão desses testes.
O pavilhão principal do Templo sofreu um incêndio em Fevereiro, durante o Ano Novo Chinês, sendo que os artigos de madeira colocados no interior do pavilhão, como o altar, a mesa para o incenso e o painel em madeira foram danificados “gravemente”.  No entanto, a Associação assegura que, logo que o Governo defina a proposta de reparação, a obra pode ser concluída em dois a três meses, pelo que espera que o pavilhão possa ser aberto ao público em Outubro deste ano.  
A Associação disse ainda que os novos materiais a ser usados na obra servirão para a prevenção de incêndios para diminuir a possibilidade de ocorrência de mais incidentes deste tipo. O IC já disse que vai ser a Associação a responsável pelo pagamento das obras.

2 Mai 2016

Casas de Penhores | Associação exclui penhorista que desviou dinheiro

A Associação Geral dos Penhoristas de Macau pediu desculpa pelo “mau comportamento” de um dos novos membros da Associação, proprietário de uma das casas de penhores envolvidas no mais recente caso de alegada burla. Num comunicado à população, a Associação criticou o método de negócio – de depósito de dinheiro a juros – e explicou que expulsou o membro do grupo. Para além do comunicado a Associação não quer prestar mais declarações.
A notícia surgiu através de um comunicado da Polícia Judiciária (PJ) que diz ter recebido mais de 40 denúncias que dizem respeito a uma burla perpetrada por quatro casas de penhores, na zona da ZAPE. Com juros a 12% ao ano, o montante envolvido ultrapassa os 57 milhões de dólares de Hong Kong.
O comunicado da Associação, publicado no Jornal Ou Mun, indica que o proprietário de uma das casas – há dois envolvidos, mas apenas um é membro – “investiu de forma fraudulenta o capital num outro sector de alto risco”. Sem especificar qual, assume-se que sejam salas VIP. Contudo, refere, a burla foi descoberta.
“A falha nos negócios deve ser da responsabilidade do próprio investidor, mas neste caso ele pediu dinheiro emprestado a familiares e amigos do sector. Isto levou a que, com o fecho dos negócios, muitas pessoas fossem prejudicadas”, pode ler-se.

Tabu de penhores

A Associação recusou-se ainda a responder ao HM se há mais casas de penhores a agir incorrectamente. Também um funcionário de uma casa de penhores na mesma zona foi contactado, mas recusou-se a prestar qualquer declaração.
Por unanimidade, o membro foi expulso da Associação, assim como o registo das suas casas de penhores. A Associação explica que todos os membros devem ter os seus negócios e realizar os seus investimentos “conforme as suas capacidades”, sendo que não é correcto pedir “capital a pessoas fora do sector”.
“A nossa Associação não concorda com a angariação de capital através de altas taxas de juro. A responsabilidade, confiança e estabilidade são a natureza essencial dos penhoristas. Pedimos desculpa pelo fecho destas casas de penhores que veio trazer uma má imagem à nossa sociedade”, remata a Associação.
Os dois proprietários estão em fuga, depois de terem fechado as portas de quatro casas de penhores e não terem devolvido o dinheiro aos residentes que lá “depositaram” dinheiro. Estão também incontactáveis.

2 Mai 2016

Advogados de Portugal só exercerão em Macau após exame

A Associação dos Advogados de Macau aprovou na quarta-feira à noite novas regras para a entrada de portugueses no mercado, fixando que terão de ser submetidos ao mesmo exame dos advogados locais, segundo a Rádio Macau. Depois da suspensão, em 2013, do protocolo com a Ordem de Portugal que facilitava a entrada de advogados portugueses nos escritórios de Macau, motivada pelo elevado número de recém-chegados, a associação aprovou em assembleia-geral novas regras que permitem a entrada de profissionais, mas impõem limitações.
Em declarações à Rádio Macau, o presidente da associação, Jorge Neto Valente, explicou que os advogados portugueses que queiram exercer no território terão de se submeter a um exame em Macau, o mesmo realizado pelos candidatos locais, independentemente de terem passado no exame da Ordem dos Advogados portuguesa.

Diferenças que contam

Já em 2014, quando a Associação dos Advogados de Macau discutia os novos requisitos para retomar a admissão no território de profissionais vindos de Portugal, que teria de apresentar à Ordem dos Advogados portugueses, Neto Valente explicou que se pretendia que os profissionais realizassem um curso prévio de três meses, assente sobretudo nas diferenças entre o sistema jurídico de Macau e o de Portugal, com exame final, bem como o estabelecimento de um limite anual do número de novos profissionais oriundos de Portugal.
Ainda não se sabe quando as novas regras entram em vigor, mas Neto Valente explicou à Rádio Macau que a avaliação será feita por um júri composto por advogados bilingues com mais de 15 anos de experiência. Mantêm-se os critérios anteriores que obrigam os advogados portugueses a terem um mínimo de três anos de experiência e a obterem autorização de residência em Macau.
“Vão fazer o exame igual ao dos candidatos locais que se consideram preparados, vão fazer o exame para ingressar na profissão efectiva. É um progresso”, disse à Rádio.

Cartão azul não dá

Neto Valente voltou a salientar a importância de os advogados terem Bilhete de Identidade de Residente e não visto de trabalho, considerando que só assim é assegurada a sua independência. “Não se pode ser advogado com cartão azul, consideramos que não estão garantidas condições de independência económica, haverá condições de dependência de uma entidade que é o patrão do cartão azul e isso não dá suficiente independência ao exercício da profissão por um advogado”, afirmou.
A decisão de suspender o protocolo com a Ordem dos Advogados que anteriormente estava em curso partiu de Macau prendeu-se com o número de recém-chegados, considerado superior às capacidades de absorção do território.

2 Mai 2016

Habitação Pública | Fracções como pensões ilegais

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]árias fracções do Edifício de Habitação Pública do Lago estavam a ser utilizadas como pensões ilegais. Os apartamentos da Taipa estavam a ser publicitados no site Airbnb – um serviço online para alugar acomodação – e foram depois colocados no Facebook. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e o Instituto de Habitação (IH) estão a acompanhar o caso, mas ainda não conseguiram confirmar quais as fracções envolvidas.   
“Uma cama individual”, “um quarto para duas pessoas”, “um beliche”. São estas as hipóteses para acomodação, a ser alugados a preços que variam entre cem e as 500 patacas. Conforme o HM apurou, as informações já foram eliminadas no site.
A este jornal, a DST afirmou que recebeu denúncias de alguns proprietários do Edifício do Lago na terça-feira passada, apontando que pelo menos duas fracções estão envolvidas. O organismo está a investigar o caso e vai manter contacto com o IH. No entanto, a DST diz que ainda não conseguiu perceber quais são as fracções e apela a quem tiver conhecimentos sobre o caso que o denuncie à DST ou ao IH. pensoes facebook 3

Sem fundamentos

O organismo liderado por Helena de Senna Fernandes acrescenta ainda que se houver indícios fortes mostrando que as fracções estão a ser utilizadas como alojamento ilegal, vai, de acordo com a lei, bloquear as fracções. Mas apenas com base nas informações da internet, não há fundamentos para acusação.
Ao canal chinês da Rádio Macau, o IH defendeu que se as ilegalidades forem verdadeiras, vão ser tratadas “com rigor”. Os proprietários de pensões ilegais podem ser multados e a punição máxima poderá ser a cessação de contratos de compra e venda. 
O IH referiu que desde a entrada em vigor da alteração da Lei de Habitação Económica, em Agosto de 2015, foram descobertos 40 casos de ilegalidades, incluindo cinco em que se suspeita sobre o funcionamento de pensões ilegais.   

28 Abr 2016

Operadoras “cautelosas” esperam por nova ponte e mais visitantes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]campanha anti-corrupção continua a ser um dos factores apontados para a quebra das receitas pelas operadoras de Jogo, que assumem que a lei anti-fumo também tem prejudicado o negócio. Todas se dizem confiantes no futuro, principalmente para continuarem com investimentos, ainda que “com cautelas”.
“Um número de factores continuou a influenciar a opinião dos mercados e a afectar as receitas, entre os quais um programa governamental de combate à corrupção na China continental, o abrandamento da economia chinesa, as restrições ao fumo em Macau e preocupações relacionadas com a liquidez e volatilidade nos mercados financeiros”, aponta o Galaxy, secundado na opinião pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM). “O decréscimo das receitas do jogo deveu-se a diversos factores, designadamente o rápido crescimento durante um período prolongado, um certo abrandamento da economia na China e algumas medidas administrativas agora implementadas no país”, indica a empresa de Stanley Ho.
Nos relatórios anuais, ontem publicados no Boletim Oficial, todas as operadoras demonstram quebras nas receitas: as da Melco Crown desceram 28% face a 2014, para 4,16 mil milhões de dólares, e a SJM conseguiu 50 mil milhões de patacas, uma diminuição de 38,7%. Já a Wynn arrecadou receitas líquidas de 19,7 mil milhões de patacas, menos 35,1%. A empresa estima que os custos de construção do seu novo complexo no Cotai sejam de 32 mil milhões de patacas e até Dezembro já investiu 27 mil milhões de dólares de Hong Kong. A Sands de Sheldon Adelson fala em receitas de 54,7 mil milhões de patacas, menos 28,3%.

Pontes e barcos

O número de visitantes de Macau – que registou um decréscimo de 2,6% – é outro dos factores apontados, além do facto de ter havido menos apostas no mercado VIP.
“Houve uma reestruturação significativa no âmbito do mercado VIP que se deveu a uma queda das receitas neste segmento, desafios em relação à liquidez e questões relativas ao seu próprio controlo interno. Isto resultou numa redução no número de promotores de jogo a operar em Macau e contribuiu para o declínio anual de 45% nas receitas VIP”, indica a Galaxy.
A empresa “encontra-se encorajada por comentários positivos do Governo em relação ao futuro do sector”, mas diz-se “cautelosamente optimista face à estabilização do mercado”. A “facilitação dos vistos de trânsito” e a abertura de novos resorts ajuda, bem como o desenvolvimento de infra-estruturas como a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e a vizinha Ilha da Montanha.
“Deverão impulsionar uma nova onda de visitantes a Macau a médio-longo prazo”, afirma a Galaxy, que identifica como “parte crítica” a redistribuição de mesas devido ao limite imposto pelo Governo.
A SJM também partilha da opinião de que as novas-infraestruturas vão ajudar a indústria, mas alerta: “há dificuldade em se prever, com rigor, quanto tempo irá demorar este período de ajustamento”.
No relatório anual, a Melco diz continuar em busca de novas oportunidades na área do jogo “ou demais áreas com esta relacionadas”. A empresa fala ainda de uma expansão na área comercial do City of Dreams, prevista para abrir no primeiro semestre deste ano.
Só a Galaxy, contudo, tem planos para Macau e região vizinha. A operadora faz questão de relembrar que “possui a maior área contígua de terrenos para aproveitamento” e em duas novas fases no Cotai vai ter mais um milhão de metros quadrados, onde vão nascer “empreendimentos mais direccionados para o mercado de massas e famílias”. Em Hengqin, a operadora vai erguer “ um novo centro de lazer e negócios e está a considerar a possibilidade de desenvolver um resort de luxo numa parcela de terreno com 2,7 quilómetros quadrados”.

Wynn e SJM confiantes na estimativa extra-jogo

A Wynn e a SJM afirmaram ontem estar confiantes na proposta do Governo de que as receitas extra jogo cheguem aos 9% até 2020. O valor faz parte do Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM. Ao canal chinês da rádio, Linda Chan, directora de operações da Wynn, confirmou ter confiança em atingir esta meta. Para Angela Leong, directora-executiva da SJM “não é difícil aumentar as receitas” extra jogo até esse número.

28 Abr 2016

Salesianos | Demolição de edifício antigo é “acabar” com história de Macau

O edifício mais antigo do Instituto Salesiano vai ser demolido. A decisão parece não agradar a todos que consideram que a história arquitectónica de Macau se está a perder. Um edifício que está escondido e que não mereceu a atenção do IC, aponta um membro do CPU

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]um caso muito mal contado. É assim que alguns membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) classificam a decisão de avançar com a primeira proposta do Instituto Cultural (IC) para o Instituto Salesiano, onde se fala na manutenção da fachada do edifício que se vê da rua, mas não há qualquer referência ao edifício mais antigo da escola – aquele que outrora recebeu o dormitório e a cantina para os rapazes.
Este edifício tinha inicialmente três andares e foi construído antes de 1922 com uma estrutura de madeira e tijolo. Em 1931, parte do prédio é reconstruído a betão, tendo em atenção a construção inicial e as suas características. Este é o edifício da polémica.
Por partes: um grupo de ex-estudantes do Instituto entregou uma petição à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que a recolheu, para que o novo projecto – há muito pedido pela própria administração do Instituto – contemplasse o edifício mais antigo, mantendo-o ou reconstruindo respeitando as suas características. A petição, entregue no final de 2015, reuniu menos de cem assinaturas.
“O Governo recebeu a petição mas nada fez”, começa por explicar ao HM Lam Iek Chit, membro do CPU, que se mostra contra a decisão do Governo. Lam referia-se ao primeiro projecto apresentado pelo IC que não contemplava o edifício, deixando que o mesmo fosse demolido. salesianos
Opção bastante criticada durante a reunião do CPU, em que vários membros explicaram que o prédio em causa deveria ter sido tido em conta e que uma nova versão da proposta do Governo deveria assumir a sua importância, obrigando o Instituto a mantê-lo ou a reconstruí-lo, respeitando as suas características.

Obrigado, mas não

Em contra resposta, o director do Instituto, Jacob Tu Fu Keng, convidou o Governo e os membros do CPU a visitar o espaço, algo que não está acessível ao comum residente de Macau, que não pode entrar no local sem autorização da administração.
Atendendo ao pedido de alguns membros do CPU, o Governo apresentou uma nova proposta, onde o IC obrigava o Instituto a ceder ao pedido de manutenção ou reconstrução do prédio, respeitando as suas características arquitectónicas. Em reacção, a “equipa de construção do Instituto” e a sua administração entregaram em mãos uma carta ao Governo, à qual o HM teve acesso. Carta esta datada de 18 de Abril, antes da segunda reunião onde foi decidido o futuro do colégio.
“Entre os dias 8 e 11 de Abril, o nosso grupo de reconstrução discutiu de forma franca com os representantes do IC e da DSSOPT. Explicámos o nosso ponto de vista e agradecemos muito que o IC não tenha qualquer exigência em manter o edifício da parte da escola antiga”, escreveu o director, referindo-se ao edifício em causa. “Assim, esperamos que o CPU possa discutir e aprovar novamente o caso do Instituto Salesiano tendo em conta ‘a proposta original’”, pode ainda ler-se na carta.
O director garantiu ainda que prometia manter a “estátua de Santa Maria e um banco que está situado no corredor do edifício”.
Ainda que com algumas vozes contra, a revisão ao projecto não foi aprovada pelo CPU e a “proposta original” foi a opção escolhida.

Uma questão de tempo

“Não concordo, acho que o prédio deveria ficar. Eles podiam arranjá-lo para aumentar o número de salas de aula e até de condições para os alunos mas deixarem estar as suas características”, partilhou ao HM Charles, ex-aluno do Instituto, acrescentando que toda a história do espaço é contada e mantida por aquele prédio, visto o edifício referente ao ensino secundário – o último de todo o espaço – ter sido demolido para ser construído um novo em 1999, com a assinatura do arquitecto Carlos Marreiros.
Tom, também ex-aluno do Instituto, não assinou a petição, mas concorda que o tenham feito. “Acho que é preciso criar as condições para haver mais salas de aulas. Há algumas instalações que têm de ser melhoradas, estão velhas. Não me parece que esta obra possa demorar mais tempo, porque há muito tempo que a ideia de renovação existe”, conta, indicando que já na altura em que era aluno, em 2010, o espaço precisava de obras. “Se for possível manter as características do edifício e ao mesmo tempo melhorá-lo, com certeza que concordo. Aquilo é a nossa história, antes e depois de nós”, argumentou.

Fim do que fomos

“Demolir a parte da escola que tem mais de cem anos é uma profunda perda. Expliquei tudo na última reunião do CPU: pedir à escola que reconstrua conforme as características originais não é difícil, nem coloca em causa o espaço e as metas da [administração] da escola”, apontou Lam Iek Chit.
Apesar do urbanista entender que aquele edifício não está visível à população, não quer dizer “que não se deva manter”. “No futuro as pessoas vão deixar de ter construções que possam [mostrar] o que foram os traços arquitectónicos de Macau”, acrescentou.
Lam não consegue entender como é que o IC não considera necessária a preservação do edifício. Quando quisermos, argumentou, contar a história da religião em Macau não temos arquitectura que a mostre. “Esta mensagem antiga deve ser deixada para o território, para as gerações futuras”, adiantou.

Mal argumentado

Relativamente à decisão final, Lam considera que a argumentação do IC não é suficientemente forte. “Acredito que se, tanto o IC como o CPU, tivessem em conta o acesso do público ao edifício – por não conseguirem ver – não era necessário proteger, mas não pode ser assim, porque aquele edifício faz parte do nosso conteúdo histórico de Macau, faz parte de um todo, é um sítio importante, tem valor, ali foram formados muitos talentos que trabalham agora para Macau”, frisou.
Um dos argumentos apontados na última reunião foi a necessidade de decisão rápida para não prejudicar os alunos e as suas aulas. Questionado sobre o assunto, o urbanista acha que não se justifica.
“Para os outros membros esperar mais dois ou três meses para debatermos o assunto é muito. Nem a escola quer esperar esse tempo. Assim como não quer o edifício. Não posso fazer nada para definir como é que a escola deve ou não fazer. Não está nas minhas mãos”, rematou.
A decisão está tomada. O edifício vai abaixo. O que se segue ainda ninguém sabe.

28 Abr 2016

Jogo | Estudo de avaliação intercalar divulgado em Maio

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) vai publicar o estudo da avaliação intercalar do sector do jogo no próximo mês, anunciou ontem o director do organismo. Paulo Chan explicou que ainda estão a ser recolhidas opiniões, sendo que um dos focos é a discussão sobre as exigências de entrada dos mediadores de jogo com o sector.
Paulo Chan, director da DICJ, disse ao canal chinês da Rádio Macau que o conteúdo do estudo é uma exposição da situação e da realidade do sector actual, sendo que o organismo quer que o sector “se possa desenvolver com mais qualidade”.
Paulo Chan sublinhou ainda que não vai realizar uma consulta pública sobre o estudo, uma vez que este serve como “uma explicação”, uma apresentação do sector. No entanto, vai novamente ouvir opiniões depois da divulgação do estudo, ainda que do sector.
O director foi questionado sobre o aumento das exigências de entrada para os mediadores de jogo, mas disse que não há consenso sobre a medida. Ainda assim, admite, a maioria concorda em aumentar as exigências financeiras para os junket, que passam de cem mil patacas para dez milhões.
O estudo foi feito pelo Instituto de Estudos sobre a Indústria de Jogo da Universidade de Macau, que entregou um relatório preliminar no fim do mês de Setembro do ano passado. O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, chegou a referir que o estudo iria ser apresentado o ano passado. Este servirá de base à renovação das licenças de Jogo, que expiram em quatro anos.

Outras conclusões

Este ano fica ainda concluído o relatório sobre as contas dos promotores de Jogo. Depois de uma análise da empresa de consultoria financeira japonesa Daiwan Securities Group ter indicado que a Wynn e a Melco poderem ter a correr mais riscos devido a casos como a Dore, de onde foram desviados 300 milhões de dólares por uma funcionária, Paulo Chan desvaloriza e diz que esse foi um caso sem precedentes e que é preciso esperar pelo tribunal para esclarecer o problema.
A mesma análise estima ainda que as dívidas incobráveis de promotores de Jogo chegam pelo menos a 30 mil milhões dólares de Hong Kong, mas Paulo Chan diz que não entende como é que a Daiwan conseguiu os dados, ainda que a “DICJ esteja a enviar pessoal de auditoria para verificar as contas dos promotores para fazer o relatório”.

28 Abr 2016

BNU | Aumento dos lucros em 2015

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s lucros do Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Macau alcançaram 443,3 milhões de patacas no ano passado, mais 15,1% do que em 2014, revelou à Lusa o presidente-executivo do banco, Pedro Cardoso. Pertencente ao grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BNU teve em 2015 um crescimento próximo da média dos últimos anos (cresceu 16% anualmente desde 2012) num “enquadramento económico claramente menos positivo face [ao ano anterior”, sublinhou Pedro Cardoso.
Segundo Pedro Cardoso, o segmento do sector do jogo e da hotelaria no BNU tem “uma importância assinalável” e “teve uma evolução menos positiva, claramente, em 2015” mas que “foi claramente compensada pela evolução positiva dos outros segmentos”.
“Temos aí um negócio importante (…) que em 2015 muito se ressentiu da evolução do sector do jogo”, admitiu Pedro Cardoso que, porém, não quis quantificar esse impacto, dizendo apenas que foi “razoável”. A estratégia do BNU passa pela segmentação do mercado, com enfoque na fidelização de clientes, e a “evolução bastante positiva” dos segmentos que estão para além do jogo ditaram o resultados de 2015, explicou.
Neste contexto, destacou o segmento das Pequenas e Médias Empresas (PME) e o do retalho. Segundo os resultados do exercício de 2015 que revelou à Lusa – e que são publicados no Boletim Oficial de Macau – o volume de negócios do banco cresceu 21,6%, tanto em termos de crédito como de depósitos.
A liquidez também se manteve “muito sólida”, com um rácio de transformação “de apenas” 53,1% (semelhante à do ano anterior). A margem financeira aumentou 22,6% e mesmo com o impacto no sector do jogo, os proveitos líquidos de comissões também cresceram 3,6% no seu conjunto, com destaque para o aumento em 9,5% no volume de vendas dos cartões de crédito e de 25% no dos cartões de débito.

Mais casas

Considerando que 2015 foi um “ano bastante positivo” para o banco, Pedro Cardoso afirmou que 2016 será “o ano de consolidação de uma série de projectos”. Em 2016, o BNU vai abrir mais duas agências em Macau, as primeiras desde 2013, e passará a ter um total de 20 no território.
O BNU fechou 2015 com 213 mil clientes (tinha 205 mil no final de 2014) e está neste momento perto dos 220 mil, quase um terço da população de Macau. Os resultados do BNU Macau representaram 43% da actividade internacional da CGD em 2015.
Sobre a situação da economia de Macau, Pedro Cardoso disse ter “uma visão bastante positiva para o futuro”, “de afirmação de Macau como centro de turismo e lazer” e “da capacidade do território se diversificar ainda mais na actividade económica”. Pedro Cardoso acrescentou que as infra-estruturas que estão a ser construídas em Macau e em redor da região, em especial a ponte que vai ligar Macau, Hong Kong e a China continental terão “um impacto muito significativo” na atracção de turistas e Investimento.

Negócio da lusofonia

Os negócios do BNU com clientes ligados aos países lusófonos cresceram 153% no ano passado. “Demos passos muito significativos e muito positivos em termos de utilização da plataforma financeira única que o grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem nos países de expressão portuguesa. O nosso volume de negócio com clientes neste espaço geográfico cresceu 153% em 2015″, disse Pedro Cardoso, presidente-executivo do banco. Segundo explicou, trata-se de clientes de Macau ou chineses que “estão a investir ou têm projectos de investimento ou actividade em países de expressão portuguesa ou vice-versa, clientes de países de expressão portuguesa que têm investimentos em Macau ou na China continental”. No caso específico de clientes apenas de Portugal, o volume de negócio do BNU cresceu 395%, disse Pedro Cardoso, que não avançou com outros números. “Esta é uma das áreas em que o BNU tem uma claríssima vantagem competitiva face à concorrência e obviamente é nesta área que estamos a crescer de forma ainda mais acelerada e mais acentuada face ao crescimento global do banco”, acrescentou. O BNU vai continuar a criar essa ponte entre a China e a lusofonia a partir de Macau, mas também a partir da própria China, com a abertura de uma agência na província de Guangdong (adjacente a Macau), no final deste ano ou no início de 2017.

27 Abr 2016

Medicina |Academia em andamento e “não faltam” recursos humanos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) confirmaram que a futura Academia de Medicina de Macau será administrada através de uma cooperação entre os SS e a Comissão de Formação de Médicos Estagiários. As autoridades informaram ainda que actualmente não existe qualquer problema em relação aos recursos humanos.
A resposta surge em reacção a uma interpelação escrita da deputada Melinda Chan, que questionava como é que o Governo irá proteger a saúde e os direitos dos profissionais da área e, ao mesmo tempo, garantir a qualidade do trabalho, se não contratou mais ninguém. A deputada colocou ainda em causa a qualidade dos serviços, no futuro, visto o Governo ter vontade de “usar um hospital como se fossem dois”.
O director dos SS, Lei Chin Ion, explicou que, para coordenar o desenvolvimento dos serviços de higiene e de saúde a longo prazo, os SS já elaboraram um plano geral relativamente aos recursos humanos. Actualmente 59 médicos estão a frequentar formação especializada e 60 frequentam um curso avançado de prática clínica. O director explicou ainda que os SS vão contratar mais 42 médicos neste ano. 

Formar e cuidar

Em Fevereiro, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, avançou com a medida da criação da Academia de Medicina, que ficará na dependência dos SS. Lei Chin Ion explica que esta Academia tem como objectivo formar profissionais de saúde de qualidade. O Governo, diz, está a negociar com Hong Kong para uma partilha de experiências e instruções e procura assessores e especialistas para acompanhar a criação da futura instituição. O director confirmou que os trabalhos de alteração à organização e funcionamento dos SS já começaram.
As autoridades vão ainda contratar cerca de 120 enfermeiros durante este ano, sendo que 70 podem já começar a trabalhar na segunda metade de 2016, fazendo parte da actual equipa de 188 enfermeiros.
Relativamente ao objectivo de “usar um hospital como se fossem dois” Lei Chin Ion defendeu que até ao momento não se registou qualquer situação de falta da mão-de-obra.

27 Abr 2016

Plano Quinquenal | Plano Director só em 2020

O Governo garantiu que o plano director do território não deverá estar concluído antes de 2020, apesar das promessas feitas apontarem para a necessidade da sua implementação já em 2017

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]A Lei do Planeamento Urbanístico entrou em vigor em 2013 e, à data, o Governo apontou para a necessidade de implementação do Plano Director entre três a cinco anos, ou seja, até 2017. Contudo, esse calendário não deverá ser cumprido, pois o Executivo admitiu ontem, na apresentação do projecto do Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM, que antes de 2020 será difícil Macau ter um plano director.
“Não é possível incluir todos os projectos num plano a cinco anos, este é apenas um plano genérico e depois teremos planos específicos, tal como o planeamento urbanístico, que é um plano específico. Antes de 2020 temos de finalizar o plano director até à sua versão definitiva. Tudo irá depender das investigações, não podemos garantir a 100% que será finalizado até 2020”, disse Lei Ngan Leng, assessora do gabinete do Chefe do Executivo e vogal da Comissão para a Construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer.
Vários arquitectos afirmaram ontem ao HM que a ausência de um plano director que defina as regras para o urbanismo do território já levou a várias falhas e vai originar situações ambíguas na área da construção e planeamento.

Hospital mesmo atrasado

Conforme o HM já tinha noticiado, o Complexo Hospitalar das Ilhas só deverá estar pronto depois de 2019. “Iremos acelerar a construção de diversas obras do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. Prevê-se que sejam concluídas em primeiro lugar em 2019 as obras de construção do edifício do Instituto de Enfermagem e do Edifício de Residências do Pessoal. A construção do Complexo Hospitalar, do edifício de apoio logístico, do edifício do laboratório central e do edifício da administração e multi-serviços serão concluídos sucessivamente depois de 2019 conforme o volume das obras”, lê-se no projecto. Inicialmente a data apontada foi 2017.
No Plano Quinquenal propõe-se ainda o aumento das receitas provenientes do sector extra jogo de 6,6% para 9% em 2020. Questionada sobre a eventualidade destas previsões serem baixas, Lei Ngan Leng garantiu que os valores foram analisados com as operadoras e com uma equipa de várias pessoas, podendo ser alterados caso seja necessário.

Regulamento sobre Centro Histórico

No projecto do Plano Quinquenal ontem apresentado foi referido que a consulta pública sobre o “Plano de salvaguarda e gestão do Centro Histórico de Macau” deverá ser feita até 2017, sendo que o regulamento administrativo desse mesmo plano deverá ficar concluído entre 2018 e 2020.

Dois meses para consulta pública

O projecto do Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM para os próximos cinco anos estará em consulta pública nos próximos dois meses, mas são poucas as novidades apresentadas no documento que, no fundo, pouco varia daquilo que tem vindo a ser anunciado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, nas Linhas de Acção Governativa (LAG).
Lei Ngan Leng, assessora do gabinete do Chefe do Executivo, garantiu que este plano não deve, aliás, ser dissociado dos últimos relatórios das LAG. “Um plano quinquenal terá certamente pontos em comum com as LAG por se tratarem de linhas de desenvolvimento. As LAG são planos anuais, enquanto que este plano é para ser implementado a médio prazo.”
Na conferência de imprensa de ontem os jornalistas questionaram os responsáveis do Governo pela ausência de dados concretos sobre as medidas e intenções anunciadas. O Governo descarta problemas.
“Não precisamos de ter muitos indicadores concretos no plano porque apenas traça objectivos”, disse Lei Ngna Leng.
Por forma a tornar Macau num Centro Mundial de Turismo e Lazer, o Governo quer cumprir sete objectivos principais nos próximos cinco anos, tais como o “desenvolvimento estável da economia global” ou a “elevação constante da qualidade de vida dos cidadãos”. Há depois “oito grandes estratégias de desenvolvimento e a sua implementação”, nas áreas da política, cultura e economia. O Governo quer atingir estes objectivos em quatro fases diferentes.

27 Abr 2016

Macao Water preocupada com canalizações privadas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Macao Water está preocupada com as condições de salubridade das redes privadas de abastecimento de água. A nota saiu da reunião, a primeira, do Grupo de Ligação a Clientes da empresa, ocorrida ontem e contou com a presença de elementos do Governo.
Num comunicado, a Macau Water alerta para o facto de que nas suas acções de inspecção foram detectadas um número assinalável de canalizações privadas em mau estado de manutenção. “Canos velhos e corroídos que, inclusivamente, podem ameaçar a saúde dos residentes”, informa a empresa.
“Muito preocupada com a situação”, como afirma a Macao Water, a empresa garante ter discutido com os representantes do Governo presentes na reunião, nomeadamente a directora para os Assuntos Marítimos e da Água, Susana Wong, acerca de soluções possíveis para a resolução do problema. Mas a responsável também espera que “os donos dos edifícios, as empresas gestoras dos condomínios ou os agentes registados cumpram as suas obrigações e façam um trabalho melhor na manutenção das redes de água”, já que a empresa “nada pode fazer em relação às redes particulares”.
Para obviar os problemas, ou parte deles, a Macao Water montou, em 2010, uma equipa de trabalho para fazer reparações nas canalizações logo imediatamente antes dos contadores. De acordo com a informação prestada, ”os custos são repartidos e a parte que cabe aos privados é debitada nas contas de água do prédio”. Todavia, têm sido encontradas muitas dificuldades, seja pela forma como os canos estão instalados, ou outro tipo de limitações.

27 Abr 2016

Ng Lap Seng | Novo Macau quer CCAC a investigar caso

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau tem jurisdição para investigar o caso de alegada corrupção em que está envolvido Ng Lap Seng e é isso que a Associação Novo Macau quer. Um pedido de investigação sobre a matéria foi ontem entregue ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC).
“Depois da detenção em Outubro do ano passado, um tribunal dos EUA e o Gabinete de Fiscalização Interna da UN tornaram pública a queixa e os factos descritos nesses documentos sugerem que Macau tem jurisdição sobre o caso”, indica a Novo Macau num comunicado enviado aos média.
O empresário e representante político de Macau foi formalmente acusado pela justiça norte-americana de conspiração e suborno, num caso que envolve o ex-presidente da assembleia-geral da ONU John Ashe. É acusado de participar num esquema de subornos a dirigentes da Organização das Nações Unidas (ONU) durante três anos.
O dinheiro servia para conseguir o apoio de Ashe para a construção de um “centro de conferências milionário” para a ONU em Macau, usando Francis Lorenzo, o embaixador das Nações Unidas na República Dominicana, para transferir esses pagamentos. Ashe e Lorenzo foram igualmente acusados.

Das origens

A Novo Macau diz que os documentos mostram claramente que “os fundos para os subornos tiveram origem em Macau” e relembra que o caso envolve a empresa San Kin Ip, de Ng Lap Seng, que também já apareceu listada nos Panama Papers e que está registada em Macau.
“Pedimos que o CCAC investigue se a San Kin Ip beneficiou ilegalmente [do apoio] por ter mostrado documentos falsos que indicavam a necessidade do centro [em Macau] a um banco de investimento”, refere a Novo Macau, que indica que, apesar de os actos de Ng Lap Seng “caírem no âmbito do [Regime de Repressão dos Actos de Corrupção no Comércio Externo], não podem ser” tidos como crime devido à inexistência da lei na altura. Tal motiva críticas da Associação, que pede a revisão do diploma.
“O CCAC deveria cumprir as obrigações de Macau sob a Convenção contra a Corrupção da UN, permitindo não existir limites”.

Autoridades ouvidas

Após as notícias da detenção de Ng Lap Seng, Chui Sai On foi instado a comentar o caso, mas o Chefe do Executivo disse “desconhecer” a situação. “Não tenho conhecimento sobre a questão. Contudo, segundo as informações que tive do Conselho para o Desenvolvimento Económico, o senhor Ng Lap Seng – que é membro – pediu dispensa da reunião do dia de hoje [Setembro de 2015]. De resto, não tenho mais dados em mão. Portanto, não vou responder à vossa pergunta”, disse Chui Sai On, na altura. No entanto, o Relatório Anual da Comissão Europeia sobre Macau do ano passado indica que as autoridades participaram até no inquérito levado a cabo pelas autoridades dos EUA, que detiveram o empresário. “Em 2015, Macau colaborou num inquérito relativo a dois funcionários das Nações Unidas acusados de aceitar subornos de um promotor [de Macau]”, pode ler-se. O HM tentou obter esclarecimentos da parte do Governo, mas devido à hora tardia não foi possível. Ng Lap Seng é consultor do Conselho para o Desenvolvimento Económico e fez parte da Comissão que elege o Chefe do Executivo e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Mas sobre o caso o líder do Governo nunca falou, dizendo apenas “estar a acompanhar as notícias”.

27 Abr 2016

Dore | Lesados rejeitam devolução de 20% do investimento

A Dore apresentou uma proposta a duas pessoas para pagar apenas 20% do investimento que por elas foi feito na sala VIP de onde foram desviados milhões de dólares. A ideia é fazer o mesmo com todos a quem falta devolver o dinheiro, mas os lesados não querem

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]empresa de junkets Dore apresentou uma proposta para devolver 20% do investimento que foi colocado na sala VIP do casino Wynn e cujos investidores ficaram sem o dinheiro. Estes não concordam com a proposta e consideram ser necessária uma nova negociação com a empresa.
Ip Kim Fong, porta-voz dos investidores, afirmou ontem ao HM que foi contactado pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), através do advogado da Dore, com uma proposta de recuperação do investimento. Contudo, na prática, a empresa estava disponível a devolver apenas 20% do dinheiro investido a cada lesado. Algo que o porta-voz classifica como “irracional”.
“Isto não é uma resolução do problema. Por exemplo, quem investiu um milhão, só pode recuperar 200 mil dólares. Ninguém aceita receber apenas 20% do seu dinheiro investido”, argumentou.
Ip explicou ainda que, até ao momento, a proposta foi apresentada a dois lesados, os quais já disseram discordar dela ao advogado que representa a empresa. O porta-voz prevê que a proposta possa vir a ser apresentada a todos lesados, mas defende que não pode existir pressão para que os mesmos a aceitem.

Sem controlo

O representante referiu ainda que uma funcionária da DICJ afirmou que o organismo supervisiona a empresa de junkets mas “não tem como controlar as decisões de como indemnizar aos lesados”.  O HM tentou perceber junto da DICJ como é que funciona a situação, mas até ao fecho desta edição não conseguiu resposta.
Até ao final do mês passado mais de 40 investidores receberam o dinheiro investido, sendo que cerca de 60 deles ainda não conseguiram recuperar o dinheiro, que ascende a mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong e que terá sido desviado por uma funcionária da empresa.
Ip Kim Fong adiantou que existem ainda outros investidores que ainda não foram contactados por parte da Dore.

Mais denúncias sobre Lojas de Penhores

Chau Wai Kuong, director da Polícia Judiciária (PJ), disse ao canal chinês da Rádio Macau que, até ontem, a PJ já recebeu mais 40 denúncias sobre o caso das casas de penhores. Dois lesados são do interior da China. As autoridades referiram que já estão a investigar o caso como crime de burla, onde estão envolvidos mais de 57 milhões de dólares de Hong Kong. A PJ indica que ainda não deteve ninguém. Tal como noticiado, desde 2007 que quatros casas de penhores na zona da ZAPE angariavam clientes para depositar dinheiro, obtendo juros de 12% ao ano. Em Fevereiro as portas destas lojas fecharam e até então os lesados não conseguem contactar com os proprietários.

27 Abr 2016

Órgãos | Aprovados critérios para a morte cerebral

Indicadas como sendo “um marco no desenvolvimento da Medicina em Macau”, estão criadas as novas regras para definir a morte cerebral. Foram ontem homologadas pelo Chefe do Executivo e entram em vigor daqui a quatro meses. Lei Chin Ion vai ficar responsável pelos exames necessários

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo já aprovou os critérios para a morte cerebral, depois de uma proposta da Comissão de Ética para as Ciências da Vida. Um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, e assinado pelo Chefe do Executivo, indica que as novas regras entram em vigor no final de Agosto e são apenas a base para os transplantes.
Em Fevereiro, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura e também presidente da Comissão de Ética, garantiu que os critérios de morte cerebral iriam ser publicados em breve. As regras, afirmava ainda o responsável respondem “à necessidade do desenvolvimento da Medicina em Macau, sendo por isso um marco no desenvolvimento do transplante de órgãos” no território. Macau recorde-se, nunca fez transplante de órgãos, sendo que os pacientes que precisem de transplantes são enviados para hospitais das regiões vizinhas.
De acordo com o despacho, as novas regras para definir a morte cerebral “requerem a demonstração da perda irreversível das funções do tronco cerebral” e, ao mesmo tempo, “têm de se verificar condições como o conhecimento da causa e irreversibilidade da situação clínica, estado de coma profundo com ausência de resposta motora à estimulação dolorosa em qualquer parte da área dos pares cranianos, ausência de respiração espontânea, (…) ausência de hipotermia, de perturbações metabólicas ou de factores medicamentosos que possam ser responsabilizados pela supressão das funções referidas nas alíneas anteriores”, pode ainda ler-se no despacho.
Num comunicado, os Serviços de Saúde (SS) explicam que nos casos de coma com causa desconhecida, a determinação da morte cerebral não poder ser efectuada. As novas regras vêm também alterar o próprio conceito de morte em Macau: de cardíaca e pulmonar passa também a poder ser detectada no sistema nervoso central. “[Isto] vai ajudar a promover o desenvolvimento das actividades de transplante de órgãos em Macau, concede à família [um maior] alívio e racionaliza o uso dos recursos médicos”, indicam os SS.

Das orientações

É a Lei Chin Ion, director dos SS, que compete emitir as directrizes sobre os exames específicos e a metodologia para a determinação da morte cerebral.
Foi em Novembro do ano passado que a Comissão de Ética aprovou internamente as directrizes e as propôs ao Governo, depois de se ter reunido duas vezes. Esta Comissão existe desde os anos 1990, mas só agora os trabalhos deram frutos: a justificação? A complexidade da questão.
“Uma vez que a morte cerebral envolve os direitos humanos juridicamente protegidos, nomeadamente direito à vida e autonomia, também são de importância crucial e rigorosa a definição dos critérios científicos e os procedimentos que a possam determinar”, indica um comunicado enviado ontem à noite pelos SS.
O Boletim Oficial dá ainda conta que as novas regras entram em vigor daqui a 180 dias, sendo que os médicos e equipas envolvidas no transplante de órgãos ou tecidos podem pedir escusa ou impedimento.
Como o HM avançou no final do ano passado, mais de duas dezenas de pessoas saíram de Macau para poderem receber transplantes, sendo que os SS assumiram na altura não reunir condições” para activar o sistema de transplante na RAEM. O fígado é o órgão mais procurado, mas os SS não avançavam na altura quantos dadores registados existem em Macau ou sequer se há no território médicos especialistas para efectuar as operações. A definição destas regras é apenas um primeiro passo, uma vez que, como indicam os SS, as regulamentações para o transplante de órgãos – onde se inclui a dádiva e a colheita – “serão publicadas oportunamente”.

26 Abr 2016

Guangdong | Duas residentes burladas na compra de imóveis

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]uas residentes de Macau foram burladas num processo de compra de dois imóveis em Zhogshan, na província de Guangdong, estando o caso em processo judicial. Segundo o jornal Ou Mun, as duas residentes, de apelidos Choi e Chong, decidiram comprar dois imóveis para fins comerciais na zona de Tan Chau em Zhongshan, com o auxílio de uma agência imobiliária de Zhuhai. Enquanto uma queria residir e fazer negócios na cidade chinesa, a outra queria apenas fazer um investimento. Cada compra foi de 800 mil yuan.
Quando Choi se decidiu pela compra sabia que outra pessoa já tinha pago um depósito, mas o agente explicou que o pré-pagamento que Choi iria fazer era mais elevado do que o depósito, pelo que ficaria com o espaço reservado. Ao jornal Ou Mun, Choi disse que todos os pagamentos e negociações foram feitos fora do horário normal de funcionamento da agência.
Em Setembro de 2014, quando assinaram os contratos, descobriram que os imóveis comprados eram, na verdade, lugares de estacionamento e que era essa a descrição que constava nos contratos. O agente garantiu que a concessão para imóveis com fins comerciais é de 50 anos, sendo de 70 anos para lugares de estacionamento. O mesmo agente deu-lhes garantias de forma verbal de que não haveria qualquer problema.

Lei omissa

Após o regresso a Macau, e depois de verificadas as escrituras, as duas mulheres decidiram questionar as autoridades da China sobre o processo de venda. Aí foi-lhes dito que as garagens nunca teriam outra finalidade, tendo as proprietárias decidido avançar com o caso para tribunal no continente.
Choi e Chong exigiram o reembolso do dinheiro, sendo que o vendedor dos imóveis não aceitou. Tanto as autoridades de Zhuhai como de Zhogshan afirmaram não poder tratar do caso, confirmando que há muitos casos semelhantes a ocorrer no interior da China sem consequências, por se tratar de uma lacuna na lei.
O caso foi parar ao tribunal em Novembro de 2014, tendo vencido na Primeira Instância. Contudo, o vendedor decidiu apresentar recurso. Outro residente de Macau também terá sido vítima num caso semelhante e o território também nada pode fazer.

26 Abr 2016

Estaleiros de Coloane podem ruir “em breve”. DSAMA realoja moradores

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m dos estaleiros da vila de Coloane poderá cair em breve, admitiu a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA). O organismo pediu aos moradores que vivem ao lado dos estaleiros de construção naval para deixarem as suas casas temporariamente, sendo que o Governo já lhes garantiu residências temporárias.
Segundo o canal chinês da Rádio Macau, os Bombeiros receberam uma chamada ontem de manhã que indicava que um dos estaleiros do Lei Chi Ven, de nome “Lok Hap”, vai ruir em breve. As Obras Públicas já tinham previsto o risco de queda e por isso, o acesso foi bloqueado. Neste momento, a DSAMA realojou cinco famílias.
Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, também foi ontem ao terreno para acompanhar a situação com representantes do Instituto Cultural (IC). “O Governo já arranjou assistentes sociais para ajudar os residentes e vai discutir com os departamentos das Obras Públicas sobre o caso” defendeu.
O Secretário sublinhou ainda que o Governo já conseguiu a propriedade dos três estaleiros e planeia a revitalização do local, que espera que possa ser concluído dentro de dois anos.
Uma das famílias disse aos média chineses que estaria “a viver em casa de familiares” e que não sabia quanto tempo teria de esperar para que a solução fosse resolvida.
A DSAMA e a Direcção dos Serviços dos Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) já tinha pedido ao responsável do estaleiro que fizesse a manutenção do espaço, sendo que este chegou a garantir ao Governo que o iria fazer “a curto-prazo”, mas até hoje nunca mais houve novidades.

26 Abr 2016

Jogo | Melco e Wynn “correm mais riscos” com promotores de junket

Uma análise da Daiwan Securities diz que as duas operadoras de jogo estão mais expostas à possibilidade de dívidas de junkets por terem uma maior fatia do segmento VIP do jogo

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Melco e a Wynn são as operadoras de Jogo que correm mais riscos de estarem sujeitas a dívidas com junkets. A análise é da Daiwan Securities Group e foi ontem avançada pela agência de notícias Bloomberg.
A empresa de consultoria financeira japonesa explica que a crescente fiscalização do Governo – principalmente depois dos casos de desvio de dinheiro de salas VIP dos casinos – faz com as operadoras tenham mais “mais riscos e mais responsabilidades”. A análise do especialista Jamie Soo, da Daiwan de Hong Kong, considera que a Wynn e a Melco são as operadoras que enfrentam maiores riscos no negócio dos promotores, por terem “as maiores receitas VIP”. São estas salas que reúnem a atenção dos junket.
“Os promotores de jogo, que emprestam grandes fatias de dinheiro aos grandes apostadores, continuam a enfrentar pressões na operação, tendo pelo menos 30 mil milhões de patacas em dívidas e isto sendo conservador”, considera o analista, citado pela Bloomberg. “Este problema continua a ser um grande problema em Macau e está entre os factores-chave para o sucessivo encerramento e fusão das empresas de junket.”
A Daiwan dá como exemplo o caso da Dore, a sala VIP da Wynn de onde foram desviados mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong por uma funcionária, e diz que é possível que mais casos como este aconteçam dada a quebra das receitas do jogo.
Recentemente, o Governo deu conta que queria aumentar o capital inicial para a abertura de empresas promotoras precisamente para acabar com esta situação: de cem mil patacas, a proposta é que suba para dez milhões. São as operadoras que têm a responsabilidade de supervisionar e reportar actividades suspeitas relacionadas com os junket que possam acontecer dentro dos seus casinos.

26 Abr 2016

Urbanismo | Especialistas confirmam falhas por ausência de plano director

Um plano que teima em não chegar. O Governo avisou: eram precisos pelo menos três anos para criar um plano director. Enquanto não existe, Macau vai crescendo sem regras e com erros. Arquitectos anseiam o plano director que irá facilitar, articular e evitar muitos problemas

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]uito se fala num plano director e na necessidade de o ter, sendo que a própria Lei do Planeamento Urbanístico define esse mesmo plano como ponto obrigatório. Mas Macau continua sem o ter, o que, para arquitectos ouvidos pelo HM, traz muitos erros no desenvolvimento da cidade.
Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, indicou que no final deste ano seria apresentado o plano director, três anos depois da entrada em vigor da Lei do Planeamento Urbanístico. Muito tempo para quem acha que este é um plano essencial para o território.
“Este plano [director] irá prevalecer sobre todos os planos de pormenor. A própria lei consagra a necessidade de existir um plano director em Macau, que deve ser revisto de cinco em cinco anos. É algo muito claro”, começou por defender Maria José de Freitas, arquitecta, ao HM.
Em termos práticos o “plano director é o que articula todas as partes e todas as zonas da cidade, os sistemas de tráfego, o desenvolvimento social, os números de escolas, a segurança, as infra-estruturas médicas. É um plano tão abrangente e vasto que vai responder pela funcionalidade do território inteiro, e isso é prioritário que esteja consignado”, explicou ainda a arquitecta, para quem “faz todo o sentido” que um dia haja uma “vontade política” e que se “ande com este plano para a frente, colocando-o em prática”. Macau “há muito que espera por este plano”.

Ausência preocupante

A inexistência deste plano leva Macau a “um lado menos diverso, menos dinâmico”, aponta o urbanista Diogo Teixeira. “Em termos práticos de evolução da cidade, do trabalho dos arquitectos, dos promotores imobiliários, sem um plano director as decisões podem ser sujeitas a uma análise caso a caso e isto afasta-se dos critérios objectivos de decisão. Deixa uma margem mais alargada para quem toma a decisão, mas por outro lado, quem é sujeito a estas decisões não sabe com que linhas se cose”, explicou.
Isto pode dar lugar a “algumas tentativas de influenciar decisões”, algo que é “preocupante”. “Nem sempre os interesses de uma empresa ou indivíduo coincidem com os interesses da sociedade”, alertou. Por isso, um plano director vem “defender melhor estes interesses comuns”. Algo que não acontece enquanto o “plano não estiver em vigor”, garantiu ainda o coordenador do curso de Arquitectura da Universidade de São José (USJ).

Desorganização social

Uma questão que até pode não parecer importante para o dia-a-dia dos residentes de Macau, mas é. A falta deste plano director tem uma implicância directa no quotidiano da sociedade. “Por exemplo, o impacto que podem ter os novos aterros, os fluxos de pessoas [lá] gerados e de trânsito, e quais as consequências que esses fluxos podem trazer. Se fosse estudada à partida, os residentes saberiam com o que tinham de contar. Tudo seria mais articulado”, explicou Maria José de Freitas, frisando que actualmente parece “que surgem ideias avulsas, aqui e acolá, que não estão articuladas entre si”.
Tal como Chui Sai On, Chefe do Executivo, afirmou na semana passada durante plenário na Assembleia Legislativa (AL), actualmente as construções são analisadas e projectadas por zonas, por não existir este plano director. Olhando para o calendário da Administração, neste momento é suposto estar a decorrer um estudo “sobre estratégias e desenvolvimento urbanístico”, da responsabilidade do Gabinete do Secretário para os Transportes e Obras Públicas. Segundo a mesma direcção, deve ser apresentado no segundo semestre do presente ano.

Ordem na terra

Em declarações ao HM, Manuel Wu Iok Pui, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico, explica que neste momento o “desenvolvimento do território acontece caso a caso”, cenário que seria diferente caso já existisse um plano director.
“Actualmente, com a falta de instruções e informações do plano director, numa mesma zona de construção pode surgir um edifício de 60 metros e ao lado um de 80 metros. Aqui não há violação da lei, mas o plano director irá controlar estes comportamentos. Só seguindo a lei há uma maior flexibilidade das construções, com o plano tudo seria mais homogéneo”, apontou.
Para o membro do CPU é preciso que o Governo elabore o plano director “o mais depressa possível”. Opinião também partilhada por “muitos membros do CPU que defendem que o plano director possa ser dividido em diferentes fases e discutidas em Conselho”. Assim, explica, não era necessária a discussão projecto a projecto, mas sim do próprio plano director.
Concordando com a arquitecta Maria José de Freitas, Manuel Pui Ferreira considera que Macau sofre de problemas por não ter este plano, dando como exemplo o tão polémico projecto da zona Ramal dos Mouros. “É verdade que o projecto pode ser construído respeitando as três leis [de Terras, do Planeamento Urbanístico e de Salvaguarda do Património], mas o problema é: esta zona é apropriada para receber um edifício com 127 metros?”, argumentou, frisando que o plano director iria trazer a Macau essa resposta.

Um cenário diferente

Na possibilidade de existir um plano director a funcionar neste momento, explica o membro do CPU, estava ao acesso dos interessados e profissionais directamente ligados ao sector, por exemplo, “o movimento do ar que se faz sentir na zona do Reservatório”. Apontamentos importantes para a construção, que actualmente “não existem”.
Também o desenvolvimento de Coloane seria facilitado com o plano director. “Caso [o plano] existisse, tínhamos acesso aos pormenores de toda a área, sabendo quais as montanhas que podem ou não receber construções”, explicou.
Um plano director “resolveria ainda questões ligadas ao trânsito, ao movimento populacional e à própria economia da zona”, rematou, frisando que actualmente só se “desperdiça tempo e recursos humanos” na discussão de cada caso, quando poderia existir um plano geral.

Altamente necessário

Para Larry So não há dúvidas. “Um planeamento de todo o território é muito necessário, para melhorar a coordenação do desenvolvimento e compreende as desvantagens de cada zona”, explicou o comentador político e ex-docente do IPM.
Questionado sobre os três anos decorridos desde a aprovação da lei, Larry So considera que este período é “demasiado longo”, mas não tem esperança nas palavra de Raimundo do Rosário e acha que a apresentação do plano não acontecerá ainda este ano. “Isto porque até mesmo o líder do Governo[Chui Sai On] tem esta ‘filosofia’ de que o avanço plano deve acontecer devagar, parece que não há uma urgência neste trabalho”, criticou.
A criticar ao Chefe do Executivo está também Au Kam San, deputado da AL, que apontou que Chui Sai On deve ter mais “atenção ao que diz”, pois o seu discurso sobre este assunto pode levar a algumas más interpretações.

26 Abr 2016

Idosos | Criado grupo interdepartamental para a terceira idade

O Governo já tinha falado da criação de um grupo focado apenas na protecção aos idosos e ontem oficializou-o. Este vai promover acções com vista a concretizar esse objectivo

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois de assumir a necessidade de existir um grupo interdepartamental para discutir os assuntos dos mais velhos, o Governo oficializou ontem, em publicação no Boletim Oficial, a criação do Grupo Director Interdepartamental do Mecanismo de Protecção dos Idosos de Macau. Este grupo de trabalho terá como principais funções organizar, coordenar e promover as acções visando concretizar as metas da política do mecanismo de protecção dos idosos.
O envelhecimento da população de Macau é um problema que Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, tem em mãos à espera de resolução. Vagas nos lares, incentivos às famílias que a seu cargo têm os seus familiares, apoios na área da saúde e habitação, entre outros, são apenas alguns dos objectivos do Governo, apresentados nas Linhas de Acção Governativa (LAG).
Em termos práticos, o grupo, presidido pelo próprio Alexis Tam, irá criar e promover políticas e medidas a curto, médio e longo prazo, respeitando o Plano Decenal de Acção dos Serviços de Apoio a Idosos, anunciado recentemente pelo Governo. A cooperação interdepartamental assume também funções de assegurar a execução eficaz das respectivas políticas e medidas do plano.

Todos por eles

O grupo irá ainda realizar uma avaliação faseada das medidas e apresentar “projectos de ajustamento e de optimização do enquadramento da política do mecanismo de protecção dos idosos da RAEM, tendo em conta a evolução do envelhecimento demográfico e o desenvolvimento social do território”, conforme indica o Governo.
Pretende ainda atrair a participação das associações e instituições de solidariedade, das organizações não governamentais e de outras entidades privadas de Macau, “na implementação do mecanismo de protecção dos idosos”. Como último ponto, este grupo irá ainda ter a responsabilidade de transmitir a Chui Sai On, Chefe do Executivo, o andamento de todos os trabalhos. Deste colectivo fazem parte representantes, directores e presidentes do Instituto de Acção Social, da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, dos Serviços de Saúde, da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, do Instituto Cultural, do Instituto do Desporto, do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social, da Academia do Cidadão Sénior do Instituto Politécnico de Macau, da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, do Instituto de Habitação e da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego.

26 Abr 2016

Imobiliário | Mais de 6% das habitações estão desocupadas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) revelou que 7,3% do total de fracções de Macau estão vazias, tanto ao nível comercial, como habitacional. Numa resposta ao deputado Ho Ion Sang, o organismo indica ainda que vai lançar um índice sobre os preços do imobiliário.
A DSEC explica que a taxa geral de imóveis desocupados – ao nível de habitações e imóveis comerciais – foi de 7,3% em 2015, havendo 18.862 fracções desocupadas. Nos dados fornecidos pela DSEC, havia 14.058 habitações desocupadas em 2015, uma taxa de 6,5%. Ieong Meng Chao, director da DSEC, indicou contudo que há informação insuficiente sobre a área total dos imóveis, bem como sobre imóveis antigos, pelo que o organismo governamental “ainda não tem condições completas” para lançar estatísticas sobre quanto é a área total dos imóveis desocupados.
Ho Ion Sang, também presidente da União Geral das Associações de Moradores (UGAMM, ou Kaifong), interpelou o Governo sobre a criação de um índice para o mercado imobiliário de Macau, de forma a que haja “mais transparência” no sector imobiliário. Na resposta, a DSEC diz que vai concluir os trabalhos sobre o índice para os preços do imobiliário ainda este ano, sendo que “já pediu a algumas associações académicas para elaborar” estes dados.

25 Abr 2016

DSPA | Macau com maior consciência ambiental, mas ainda há falhas

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]om uma pontuação máxima de dez valores, o nível de satisfação ambiental de mil residentes fixa-se em 5,1. É o que explica, em comunicado, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), que indica contudo que há mais consciência ambiental por parte dos cidadãos.
A DSPA inquiriu 1001 residentes, cuja satisfação foi mais alta do que em 2014, que não ultrapassou os 4,9 pontos. Em destaque, apontam os resultados do inquérito, os cidadãos consideram que a “qualidade do ar” deve ser melhorada. “A emissão dos gases de escape de veículos é considerada pelos cidadãos como o principal factor de produção de poluição do ar, sendo o segundo a emissão dos fumos oleosos dos estabelecimentos de comidas”, aponta o documento.
Também o indicador de responsabilidade ambiental aumentou, de 6,61 pontos, em 2014, para 6,82 em 2015, mostrando um maior reconhecimento por parte dos residentes sobre questões ambientais.
“Os cidadãos consideram que a protecção ambiental é principalmente da responsabilidade do Governo e nada tem a ver com os cidadãos, mostrando com isto que devem ser reforçados, persistentemente, a determinação e o sentido de responsabilidade dos cidadãos no que se refere à realização das acções ambientais”, refere a DSPA.

Assim, assim

Também as acções ambientais aumentaram, apesar de o relatório mostrar que ainda é preciso um “reforço contínuo”. Reduzir ou reutilizar os sacos de papel, de plástico e sacos com fecho hermético foi a acção mais mencionada pelos entrevistados, seguindo-se pela opção “levar o ser próprio saco ecológico quando fazem compras fora” e “reutilizar os recursos hídricos, tais como na recolha das águas residuais para limpar o chão, nas descargas sanitárias ou na rega de flores”.
Ainda assim, aponta a direcção, a taxa de execução pelos cidadãos é relativamente baixa face à recolha selectiva dos resíduos. Em queda está a taxa de reciclagem de resíduos, reflectindo “que os cidadãos não têm vontade de dispensar o seu tempo para praticar os actos de recolha selectiva dos resíduos”.

25 Abr 2016

Deficiência | Críticas à falta de acessibilidade. Governo defende revisão

Macau não está preparado para os deficientes motores. As queixas são dos próprios portadores de deficiência que falam em barreiras que enfrentam diariamente. O território não é um espaço que aposta na integração e acessibilidade. Governo diz que vai rever condições

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]aquela que foi a primeira sessão de consulta pública sobre o Planeamento dos Serviços de Reabilitação da RAEM até 2025, que aconteceu sábado passado, muitos portadores de deficiência criticaram a falta de pontos com acessibilidade em Macau. Para estes residentes, o território não está a considerar esta classe de pessoas com necessidades diferentes. Por sua vez, o Governo reagiu com a promessa de uma revisão à situação denunciada.
Segundo o Jornal do Cidadão, a sessão serviu para auscultar opiniões dos próprios portadores de deficiência. Durante o encontro vários utilizadores de cadeiras de rodas criticaram as instalações pouco acessíveis do território. És-lhe difícil, apontaram, apanhar autocarros, ir aos bancos, ir a casas de banho de estabelecimentos públicos – e sobretudo as dos serviços do Governo.
Um residente presente, de apelido Kuok, exemplificou que “os utilizadores de cadeiras de rodas não conseguem usar a casa de banho do Centro de Saúde da Areia Preta”, problema que não é mencionado, nem como proposta a melhorar, no documento da consulta pública. O portador de deficiência motora explicou ainda que “uma parte dos autocarros de Macau têm as placas para ajudar a entrada e saída de cadeiras de rodas, mas por norma os condutores não ajudam os utilizadores a entrar nos autocarros”.
Kuok criticou ainda que na realidade os portadores de deficiência motora não conseguem apanhar autocarros. É preciso, apontou ainda, melhorar os passeios de Macau, portanto espera que o Governo melhore todas as condições do território.
Um outro participante da reunião, de apelido Fong, criticou o planeamento por este não considerar as verdadeiras necessidades dos utilizadores. “Só cria um ambiente com estruturas, mas não está preocupado com a necessidades reais dos portadores de deficiência, nem com o conceito de princípio de integração”, apontou.

Promessas futuras

Choi Sio Un, chefe do Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social (IAS), respondeu que o Governo vai rever a situação da acessibilidade em Macau, a curto prazo. O representante espera concluir até ao próximo ano a elaboração das directrizes que vão regulamentar os pontos acessíveis nos espaços privados e públicos, para que possam ser implementados já em 2017 ou 2018. 
No que toca a autocarros, Lo Seng Chi, chefe do Departamento de Gestão da Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT), disse que o Governo está a pensar em criar uma esquema de marcação que pode punir as empresas de autocarros caso não ajudem os portadores de deficiência. Esta medida pretende, apontou, aumentar a qualidade de serviços prestados pelas companhias. O assessor principal do grupo interdepartamental deste planeamento, Kuok Kin Fun, sugeriu ainda que o Governo crie um cargo de “Responsável do departamento de acessibilidade”, que terá como funções coordenar as instalações de cultura, lazer, desporto e pontos turísticos.

25 Abr 2016