Flora Fong Manchete SociedadeCriada associação para promover doação de órgãos Vong Su Sam e Chen Chien Ying decidiram criar uma associação para promover a importância da doação de órgãos, um mês depois de terem sido homologados os critérios de morte cerebral pelo Governo [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi criada oficialmente a 26 de Abril a Associação de Acompanhamento de Dádiva de Órgãos de Macau, dirigida por Vong Su Sam e Chen Chien Ying. A ideia é chamar a atenção do público sobre a doação de órgãos e promover o conhecimento sobre transplantes. A publicação sobre a criação da Associação saiu ontem em Boletim Oficial, onde se pode ver nos estatutos que esta não tem fins lucrativos. Segundo o jornal Ou Mun, os responsáveis pelo colectivo são Vong Su Sam, vice-presidente da Associação Comercial de Macau, e Charles Chen Chien Ying, que foi membro da extinta Comissão para o Reordenamento dos Bairros Antigos e candidato a deputado nas eleições de 2005, tendo sido distinguido com uma medalha do Governo pelos seus “serviços comunitários”. A associação com ainda com a ajuda da advogada Kuong Iok Kao. Regras da vida O Chefe do Executivo homologou em Abril os critérios e regras de definição da morte cerebral, propostos pela Comissão de Ética para as Ciências da Vida, que abre um precedente para o transplante. Estes são, actualmente, feitos fora de Macau, mas a Associação acredita que existem pessoas no território com vontade de doar órgãos depois de mortos, algo que não costuma ser bem visto pela comunidade chinesa. Os líderes da Associação consideram que, devido aos conceitos tradicionais, podem encontrar obstáculos na promoção da doação de órgãos, pelo que pretendem chamar a atenção da população sobre “os conceitos de respeito pela vida e o espírito de grande amor e cuidado”. Os dois esperam ainda que a Associação atraia a participação de mais profissionais da área da saúde.
Flora Fong SociedadeAsia Entertainment Expo deixa Macau [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Asia Entertainment Expo, que acontece em Macau há oito anos, não deverá ter lugar este ano, afirmou o organizador de Hong Kong. A razão é simples: os subsídios do Governo diminuíram “muito” e as receitas podem não cobrir os custos. Kenny Lo, director-executivo da Companhia de Serviços de Exposição Vertical, afirmou ao Jornal Ou Mun que, como o Governo de Macau ajustou o subsídio atribuído à exposição, o montante é muito menor do que o dos anos passados, pelo que a empresa pensa em não organizar a Asia Entertainment Expo no território. Ainda que o responsável tenha explicado que uma exposição profissional não está dependente de subsídios do Governo, diz que é preciso pensar em custos e, se não tem apoio financeiro para atrair mais expositores estrangeiros a Macau, a perda pode ser maior do que o ganho. Kenny Lo disse ainda que não é fácil atrair visitantes profissionais para exposições em Macau, dando como exemplo uma altura em que convidou funcionários do Governo Central para participar numa exposição, mas como estes se mostraram preocupados com o facto de poderem ser vistos como jogadores, o número de participantes desceu para metade. A feira focava-se em servir de plataforma para artistas, elementos da indústria de entretenimento, como luz e som, e comidas e bebidas.
Manuel Nunes Manchete SociedadeConselho do Património aprova nove edifícios para classificação O Conselho do Património Cultural aprovou nove edifícios extra UNESCO que o IC propôs que fossem classificados, sendo que as antigas muralhas da cidade, a antiga farmácia de Sun Yat Sen e a sede do IAS estão entre eles. As obras de recuperação noutro grupo de imóveis foram aprovadas, onde se encontram edifícios da antiga leprosaria [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ove novos edifícios vão integrar a lista do Património Cultural de Macau. Os imóveis foram aprovados ontem naquela que foi a 2ª Reunião Plenária Ordinária de 2016 do Conselho do Património Cultural, que reuniu ontem para discutir a Consulta Pública sobre o primeiro grupo proposto para a Classificação de Bens Imóveis de Macau. A favor da classificação de nove dos dez imóveis propostos no primeiro grupo votaram 16 membros. Assim reuniram parecer favorável do Conselho os Templos Foc Tac Chi do Bairro da Horta da Mitra, da Rua do Teatro , da Rua do Patane) e da Rua do Almirante Sérgio. Também as Antigas Muralhas da Cidade (troço próximo da Estrada de S. Francisco, da Estrada do Visconde de S. Januário e da Igreja da Penha), a Antiga Farmácia Chong Sai, fundada por Sun Yat Sen, a Antiga Residência do General Ye Ting, o Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino e Canil Municipal de Macau e a Casa Azul da Estrada do Cemitério, sede do Instituto de Acção Social, foram também aprovadas. De fora ficou o edifício n.º 28 da Rua de Manuel de Arriaga pois apenas três membros votaram a favor e 13 votaram contra a sua inclusão na lista de monumentos de Macau. A votação foi secreta. Recorde-se que, em Dezembro passado, o IC deu início a um processo de classificação de imóveis considerados de importante valor cultural que não foram incluídos na Lista da UNESCO, daí resultando o primeiro Grupo Proposto para Classificação de Bens Imóveis de Macau. A selecção foi feita com base em sessões da consulta pública, questionários e recolha de opiniões online. Dois milhões em reparações O Instituto Cultural (IC) apresentou ainda uma proposta de edifícios com valor cultural para recuperação em 2016. O documento previa os trabalhos de reparação do muro da entrada do Pátio do Bonzo, de uma das nove casas da antiga leprosaria de Coloane, do edifício das Irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor e do Templo Fok Tak da Rua do Almirante Sérgio (Rua da Praia do Manduco), bem como a substituição do sistema eléctrico do Templo de Sin Fong. Estas obras têm um valor estimado de dois milhões patacas. A proposta passou apenas com recomendações dos conselheiros para o controlo razoável dos dinheiros públicos. Caso os orçamentos sejam ultrapassados, o IC terá de apresentar um relatório explicativo ao Conselho.
Andreia Sofia Silva SociedadeDSEJ vai financiar alunos locais em Shenzen e Dongguan [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vai reforçar os apoios financeiros aos alunos de Macau que frequentam escolas na província de Guangdong, China. Ontem, à margem da Reunião Plenária do Conselho da Educação para o Ensino Não Superior, foi confirmado que mais duas cidades chinesas vão passar a estar abrangidas por este apoio, sendo elas Shenzen e Dongguan. Actualmente, a DSEJ concede apoio financeiro a cinco cidades da província de Guangdong, sendo elas Zhuhai, Zhongshan, Jiangmen, Cantão e Foshan. “Estamos a pensar alargar o nosso âmbito na província de Guangdong, já temos muitas cidades mas queremos estabelecer um protocolo para abranger as cidades de Shenzen e Dongguan”, confirmou Leong Vai Kei, chefe da Divisão de Apoios Sócio-Educativos da DSEJ. Esta medida deverá entrar em vigor já no ano lectivo de 2016/2017, ou seja, a partir de Setembro. Além desta medida ficou decidido o aumento dos subsídios destes estudantes. Cada aluno do ensino infantil irá receber seis mil patacas, enquanto cada aluno do secundário complementar vai receber quatro mil patacas. A DSEJ garantiu que os valores mais elevados no ensino infantil se devem à necessidade de maiores gastos com a educação das crianças nesta fase. Outras ajudas O Governo decidiu aumentar ainda os subsídios de escolaridade gratuita “sob o princípio da prudência financeira” e depois de “ponderada a mudança da taxa de inflação local no ano passado”. A DSEJ teve ainda em conta “a garantia da implementação eficaz de importantes políticas e medidas educativas”. Desta forma o subsídio de escolaridade gratuita passa das actuais 913 mil patacas para 1,3 milhões por turma, enquanto que os subsídios para a optimização dos rácios turma/professor ou professor/alunos passam de 225 mil patacas para 350 mil patacas por turma. O subsídio de propinas passa das 18.400 patacas para 22.800 patacas por aluno. O subsídio de refeições será de 3400 patacas enquanto que o subsídio para a aquisição de material escolar passa de 2200 patacas por aluno para 2900 patacas. Quanto às bolsas especiais, vão aumentar das actuais 4560 patacas mensais por aluno para 6960 patacas. Também a partir de Setembro será introduzido o “Programa de financiamento para as actividades extracurriculares”, sendo que o montante atribuído será de 25 mil patacas por turma. Este programa vai terminar no ano lectivo de 2018/2019, quando “a reforma curricular estiver implementada”. Vagas para Português Em relação às vagas para a atribuição de bolsas especiais, a DSEJ decidiu abrir apenas 30 para quem quer realizar cursos na área da língua e cultura portuguesa. Dentro do grupo é a área com menos vagas. Há mais vagas para bolsas na área das indústrias culturais e criativas, serviço social, aconselhamento psicológico, ensino, enfermagem e cursos de especialização em terapias para pessoas com necessidades educativas especiais. Wong Kin Mou, chefe do Departamento de Estudos e Recursos Educativos da DSEJ, justificou o baixo número de vagas. “Parece que o número de vagas não é muito mas esta é apenas uma das medidas de financiamento à aprendizagem do Português. Temos outro tipo de bolsas especiais para os candidatos a cursos destes”, apontou.
Flora Fong SociedadeFundação Macau volta a justificar-se sobre doação a Jinan [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente do Conselho de Administração da Fundação Macau (FM), Wu Zhiliang, disse ontem no programa “Macau Talk” do canal chinês da Rádio Macau que os recursos financeiros da FM são de Macau e precisam de ser aplicados em “pessoas de Macau”, mesmo que sejam para projectos fora do território. Wu Zhiliang disse ainda que o processo nada tem a ver com tráfico de influências porque tanto a FM como a Universidade de Jinan são “entidades públicas”, ainda que Chui Sai On, Chefe do Executivo, faça parte dos órgãos de gestão das duas entidades. “A Universidade de Jinan é pública e vale a pena confiar, portanto o Conselho de Administração da FM sugeriu ao Conselho de Curadores para decidir a concessão do subsídio. Temos um regime de impedimento rigoroso e todas as decisões são tomadas com deliberações feitas em conjunto”, frisou. O responsável acrescentou que a universidade fez o pedido de apoio para a construção das residências e de um centro de comunicação há meio ano, sendo que a doação de cem milhões de renmimbi representa apenas um terço das despesas. O presidente da FM revelou ainda que há mais dois projectos do continente a requererem apoio do organismo, incluindo uma universidade, mas não revelou o nome. Wu Zhiliang aproveitou ainda para pedir desculpa pela falta de comunicação aquando da divulgação da doação, que foi anunciada primeiro no continente. Dúvidas persistem O deputado Ng Kuok Cheong suspeita que o Chefe do Executivo não tenha cumprido a regra do impedimento durante o processo de aprovação da doação. O deputado lembrou que em 2007 interpelou o Governo sobre o assunto, tendo falado do efeito negativo do tráfico de influências e da ausência de impedimento na FM. Ng Kuok Cheong voltou a pedir novos esclarecimentos junto da AL. Ao Jornal do Cidadão, o sociólogo Larry So falou de um donativo feito “por baixo da mesa”, tendo referido que os membros da FM desempenham várias tarefas e que a medida não corresponde a uma governação transparente. Larry So defendeu que a construção de residências apenas para alunos de Macau e Hong Kong vai diferenciá-los ainda mais face aos alunos do continente. Antigo aluno em desacordo Lei Kuok Cheong, vice-director da Associação Juventude Dinâmica, também antigo estudante da Universidade de Jinan, partilhou na sua página do Facebook que a residência para estudantes de Hong Kong e Macau já é muito melhor do que o alojamento destinado aos estudantes do interior da China. Lei Kuok Cheong explicou que a residência onde ficou tem ar condicionado, mas a outra não. O antigo aluno disse não concordar com a separação dos estudantes nas residências, ao contrário de outros alunos que vieram defender o apoio. Respeito por funcionários em protesto Um funcionário público da tutela do Secretário para Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, disse à publicação Macau Concelears que os trabalhadores dos Serviços de Saúde (SS) podem não ter os contratos de trabalho renovados caso participem no protesto do próximo domingo contra a doação. O funcionário, que não quis ser identificado, falou da existência de um “alerta interno” para que os trabalhadores não protestem. O mesmo aviso fala da possibilidade dos contratos não serem renovados. Em comunicado, os SS já vieram negar essas acusações e dizem tratar-se de “rumores”. O organismo diz “ter respeito pelo direito dos funcionários de participar em actividades públicas, incluindo manifestações, nos tempos livres”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeRamal dos Mouros | Aprovada torre com mais de cem metros Vinte membros do Conselho do Planeamento Urbanístico votaram a favor da construção de uma torre com um limite máximo de 127 metros pela Associação Islâmica de Macau. Especulação imobiliária foi evocada [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cabou o impasse. A zona do Ramal dos Mouros, perto do Reservatório, vai mesmo acolher uma torre habitacional com um limite máximo de altura de 127 metros. O projecto, apresentado pela Associação Islâmica de Macau, concessionária do terreno, foi ontem aprovado por 20 membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), tendo recebido apenas seis votos contra. A Associação entregou entretanto duas novas propostas para o projecto, segundo explicou o responsável dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que visam uma melhor circulação do ar na zona. “Foram apresentadas duas alternativas. A alternativa A visa um edifício a 84 metros de altura do nível médio do mar, com 25 pisos. A alternativa B terá 37 pisos.” Estes novos dados não vão influenciar o limite máximo de altura, não tendo sido confirmado se terá de ser elaborada uma nova Planta de Condições Urbanísticas (PCU) para o projecto. Apesar do longo debate, os membros do CPU acabaram por invocar a longevidade do projecto e até o facto da liberdade religiosa estar consagrada na Lei Básica. A jurista da DSSOPT foi clara. “A construção de um edifício habitacional para fins imobiliários não está de acordo com os fins da Associação. A Lei Básica protege a liberdade religiosa, as associações podem ter património e aceitar doações, mas sempre dentro dos fins para as quais foram constituídas. Essa concessão foi para fins religiosos. Se aquele terreno mantiver o fim primordial, que é a construção da mesquita ou outros edifícios para fins religiosos, estará a respeitar o seu direito real. Quanto ao aspecto especulativo já tenho algumas dúvidas. A Administração respeitará o direito da Associação se esta construir algo para responder aos seus fins.” Onde está a DSPA? Jorge Neto Valente, membro e presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), alertou para a ausência de representatividade dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) na reunião. “Há alguma justificação especial para o facto de hoje a DSPA não estar cá representada? Tem sempre opinião sobre prédios de três e quatro andares e num projecto desta natureza não podemos contar com o seu apoio científico”, apontou. Neto Valente questionou ainda o Governo quanto à apresentação de um projecto de remodelação da mesquita. “Não recebemos qualquer projecto sobre a mesquita”, disse o responsável da DSSOPT. O debate serviu ainda para analisar a questão do trânsito na zona após a construção do projecto, tendo sido falada a possibilidade de construir um viaduto. Rui Leão, arquitecto, falou da abertura de um precedente com esta aprovação. “Se é uma questão de reunir fundos então tem de haver uma quantificação sobre quantas unidades (fracções) têm de ser vendidas para um projecto, para se estabelecer um limite. Os 127 metros dará a possibilidade de todos os concessionários usarem isto como um precedente em terrenos de zonas difíceis para construir. Toda a gente vai querer o máximo”, alertou.
Flora Fong SociedadeSector mostra-se optimista com ligação da gastronomia à UNESCO [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo quer que Macau se transforme na terceira cidade chinesa a pertencer à Rede das Cidades Criativas da UNESCO na área da gastronomia, a seguir a Chengdu e Shunde. A ideia foi avançada esta segunda-feira por Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST), estando prevista uma candidatura no próximo ano. O HM falou com responsáveis de associações e agências de turismo, que concordam com a proposta do Governo, pelo facto da gastronomia local representar uma fusão entre o ocidente e o oriente. O sector da culinária pretende apostar na formação de cozinheiros e na preservação de das gastronomias tradicionais. Manuel Wu Iok Pui, director-geral de uma agência de viagens, disse que apoia a medida porque os produtos turísticos que tem promovido incluem pratos tradicionais, como o frango português e africano ou o Tacho (prato macaense). Manuel Wu Iok Pui diz que se trata de “outro tipo de património imaterial”, que representa a história de Macau. O responsável acredita que Macau pode ter como referência as experiências das cidades de Chengdu e Shunde, falando da necessidade de mais pesquisa de informações por parte de associações e restaurantes, para ajudar na candidatura à UNESCO. Mais protagonismo Ip Sio Man, presidente da Associação de Cozinha de Macau, disse ao jornal Ou Mun que a candidatura deve olhar para a gastronomia internacional que existe no território. Para responder à candidatura a Associação diz estar disposta a formar mais cozinheiros. Sou Wai Leong, director da Associação de Operários Iam Sek Ip Kong Vui (dos estabelecimentos de comidas e bebidas), considera a candidatura “uma honra” para Macau e diz que poderá aumentar o reconhecimento internacional do território. Sou Wai Leng espera que o Governo tome medidas para atrair mais jovens para o sector. Cheong Kin Chon, subdirector da Associação dos Hoteleiros de Macau, considera que gastronomia é um suporte importante para o sector turístico, que pode diminuir a presença do Jogo. Wu Keng Kuong, director da Associação de Indústria Turística, também considera que a gastronomia é “um importante cartão de visita” do sector turístico.
Joana Freitas Manchete SociedadePanama Papers | Macau com deputados, delegados da CCPPC e empresários na lista Deputados da AL, delegados de Macau na Conferência Consultiva do Povo Chinês, muitos nomes da Associação Comercial de Macau. Empresários da área do Jogo, um de cada uma das empresas de autocarros e até portugueses. A lista das off-shores de Macau, em tudo legais, foi ontem revelada [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de 300 nomes individuais e dezenas de empresas de Macau estão listados nos chamados Documentos do Panamá, do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa). Neles constam nomes de pelo menos três deputados, juntamente com nomes conhecidos do território. Apesar da polémica causada pelos documentos e da descrição associada ao site ser “onde os ricos escondem a sua fortuna”, a existência de contas off-shore não é algo ilegal. A criação de empresas off-shore não é ilegal, mas, como refere o economista Albano Martins, há um motivo real por trás da constituição destas: a fuga aos impostos. “Mesmo num sistema como o nosso, em que a tributação é pequena, as pessoas, na maior parte dos casos, não querem pagar nada. Esse mecanismo facilita imenso o branqueamento de capitais, facilita imenso a fuga de capitais ao fisco. Por alguma razão se utiliza esse mecanismo e há de certo modo uma anuência mundial por parte das autoridades no sentido de permitir que isso aconteça”, disse à Rádio Macau. O seu a seu dono Na lista surgem os nomes dos deputados Vong Hin Fai, Ma Chi Seng e Angela Leong (ver secção abaixo). Os dois primeiros, nomeados pelo Governo para ocupar os assentos da Assembleia Legislativa, detêm uma empresa cada um. Vong Hin Fai, que já disse ontem à Rádio Macau ter tudo perfeitamente legal e ter, inclusive, declarado a empresa, é accionista na Perfect Talent Group desde 2004. A empresa está sediada nas Ilhas Virgens Britânicas (IVB) e continua activa, à semelhança da Asia York Enterprises onde Ma Chi Seng é accionista desde 2013 e que tem sede nas ilhas Seychelles. Vong Hin Fai não está sozinho: na mesma empresa constam nomes de outros três residentes de Macau, como é o caso de Leong Kam Chun. Este, por sua vez é accionista numa empresa activa nas IVB, a Top Festival Investments, desde 2002. Leong Kam Chun foi presidente e administrador da Comissão Executiva da TDM de 2011 a 2014. Nos documentos não faltam nomes de representantes de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. É o caso de Lao Ngai Leong, Sio Tak Hong e de Ng Lap Seng, agora detido por alegada corrupção nos EUA. Sio Tak Hong, empresário responsável pelo empreendimento de luxo previsto para o Alto de Coloane, que está a causar polémica, é director do Southside Medical Centre desde 2006. Já Lao Ngai Leong, que é em Macau vice-presidente do Conselho de Administração da Associação Comercial, foi director da Yue Yang Investments desde 2002, empresa nas IVB agora dissolvida. O empresário Ng Lap Seng aparece como accionista da Go Luck (desde 2004) e como o único nome ligado à South South News, a empresa que se especifica em actividades da ONU, organização envolvida no caso de corrupção por que responde o empresário. Ng Lap Seng sempre apareceu, como o HM apurou, como “apoiante da empresa” . Nos documentos analisados pelo HM surgem ainda nomes de candidatos a deputados nas eleições de 2013. É o caso de Au Ka Fai, que se candidatou ao lado de Ho Ion Sang e Wong Kit Cheng, é accionista desde 2001 na Forever Net Limited, das IVB. É ainda supervisor da Associação Comercial de Macau e pertence à Associação Geral dos Moradores de Macau. E também de Wong Seng Hong, candidato pela lista de Angela Leong que era accionista da Mega Choice desde 2007, uma empresa actualmente “defunta”. Segue-se ainda o nome de Daniel Tse Chi-Wai, do Conselho de Administração da Universidade de Macau (como accionista na Ryan International). Jogo, autocarros e construção Membros da direcção da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) aparecem citados nos documentos, que têm causado celeuma em alguns países. Além de Angela Leong, directora-executiva da operadora e deputada, surge Louis Ng Chi Sing, director-executivo e COO da empresa, e Ambrose So, director-executivo e CEO. Angela Leong aparece ligada a duas empresas constituídas nas Ilhas Virgens Britânicas, em 2000 e 2001, ainda activas: a Yue Man Group Limited e a Champion Power Property. Da primeira, fazem também parte Ambrose So e Louis Ng Chi Sing. O empresário Ng Fok é outro dos visados. Na lista, o responsável pelo Hotel Presidente surge como accionista da Join Winner Investments Limited desde 2005, com Ricardo das Neves Lopes, que foi membro da Comissão de Apoio ao Desenvolvimento Turístico do Governo e que faz parte da empresa de autocarros TCM, bem como Tam Kit I, outro dos nomes na Join Winner. Mas a TCM não é a única empresa de autocarros cujos administradores têm empresas listadas nos Documentos do Panamá. Todas têm. Liu Hei Wan, vice-presidente da Transmac, aparece como director da San Fok Lei, empresa activa das IVB, desde 2007. Da Nova Era, surge o vice-administrador Kwok Tong Cheong, director de duas empresas com uma longa lista de participantes – a HK Macau Limited e a HK Macau Investments (Tianjin) (ver caixa). Na primeira é director desde 1997 e na segunda, agora defunta, desde 2000. Conforme analisado pelo HM, nos documentos da ICJJ não faltam empresários ligados à construção e associações representativas desse sector no território. É o caso de Tong Kuok Meng, vice-presidente da Macau General Association of Real Estate, accionista de uma empresa na Samoa desde 2014, e de Leong Su Sam, vice-presidente da Associação Geral do Imobiliário e da Associação Comercial. Surgem ainda nomes como o de Chan Siu Hung, da Associação de Beneficência Tong Sing Tong e vice-presidente da Associação Comercial de Macau, também ligado ao jogo VIP, como accionista da Genius Union Consultant desde 2007. Esta empresa das IVB surgia, em 2013, também ligada à deputada Angela Leong. A longa lista inclui ainda nomes como o de Pansy Ho, June Ho, Queenie Ho e Joanna Ho, Catherine Ng, que recebeu do Governo a medalha de mérito industrial, e Fred Ma. Miguel Wu Ka I, o empresário de Macau ligado a um dos casos conexos de Ao Man Long. O sócio de Pedro Chiang foi condenado como autor de dois crimes de corrupção activa, sendo-lhe atribuída uma pena única de três anos de prisão. Mas é director desde 2005 da Supertimes Far East, activa nas IVB. Nomes portugueses também não faltam na lista, como o de António dos Santos Menano, do Conselho Legal de Administração da MGM e delegado do Governo junto da Air Macau, Fernando Reisinho, que foi representante da EDP Ásia na CEM, e Edgar Silva Pedruco, que foi inspector da Direcção de Coordenação de Jogos, que surge como accionista da Top Marcus das Seychelles desde 2005 e da Leon Entertainment Group. [quote_box_left]Nos documentos não faltam nomes de representantes de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. É o caso de Lao Ngai Leong, Sio Tak Hong e de Ng Lap Seng, agora detido por alegada corrupção nos EUA. Estão também o antigo administrador da TDM Leung Kam Cheung e Daniel Tse Chi Wai, da Universidade de Macau, além de deputados como Ma Chi Seng, Vong Hin Fai e Angela Leong[/quote] As empresas da RAEM Entre as mais de duas dezenas de empresas listadas nos Panama Papers, destacam-se a HK Macau Limited, surgida em 1997 nas Ilhas Virgens Britânicas. Esta tem, entre os directores, Kwok Tong Koi, director da Associação Comercial de Macau, e Kwok Tong Cheong, vice-administrador da Nova Era, e Joanna Ho, actualmente directora financeira do “The 13”. A maioria dos membros desta empresa desempenham a mesma função na HK Macau Investments (Tianjin), esta já dissolvida. Extensa é a lista também da Macau Prime Property Group, desde 2005 e que conta maioritariamente com empresários de Hong Kong. Esta divide-se em outras empresas, com o mesmo nome, onde é alterado apenas a localização: HK, Macau, China. Upbest Macau Land Company, Macau Winning e RCG Macau são outras das empresas listadas, bem como a MCHem Pharmaceutical Macau. Mulher e filho de Ngan In Leng nos papéis A mulher e o filho de Ngan In Leng, empresário e um dos cinco representantes de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) que apresentou um bilhete de identidade de Singapura para registar em seu nome duas firmas off-shore, também aparecem listados nos documentos ontem tornados públicos. A mulher, Chan Wai Ian, e o filho, Ngan Iek Chan, são accionistas da Taurine Group, uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas activa desde 2005. Ngan In Leng foi o fundador da falida companhia aérea Viva Macau, sendo o segundo membro do CCPPC a quem foi descoberta dupla nacionalidade, algo não reconhecido pela China.
Flora Fong Manchete SociedadeCanídromo | Debate mostra concordância face a encerramento [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m debate convocado pela Lótus TV sobre os galgos mostrou que residentes, moradores e membros de associações estão a favor do encerramento do Canídromo. O debate contou com a presença de Albano Martins, presidente da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais. A televisão convidou a Associação de Jogo Responsável e a União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), que consideram que a melhor opção é o encerramento do espaço para que este não afecte mais os moradores e possa ser utilizado para outro tipo de infra-estruturas. Albano Martins passou no canal um som gravado por moradores numa manhã na zona do Canídromo, onde se prova que o ruído atingiu níveis tão altos que a própria Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) confirmou que faz com que os moradores não consigam dormir. Albano Martins voltou a referir que as pistas de corrida são antigas e provocam muitos acidentes, relembrando ainda que cerca de 30 galgos são enviados para a eutanásia mensalmente. A ANIMA frisou ainda as más condições a que os galgos estarão sujeitos. Sam Keng Wan, chefe do Departamento de Assuntos Sociais dos Kaifong, mostrou-se surpreendido com as afirmações porque, diz, “não ouviu muito falar sobre as más condições dos galgos”, mas sim do ruído e do mau cheiro que “geram muitas queixas dos moradores”. O responsável relembrou ainda o resultado de um inquérito feito no final do ano passado pelos Kaifong que mostra que metade de entre 900 moradores inquiridos espera o fecho do espaço da Yat Yuen ou a mudança deste para outro sítio, enquanto que 35% preferiam que o local se transformasse num local de habitação pública. Dinheiro que não chega Mais uma vez, Albano Martins voltou a relembrar que o Canídromo paga menos 15% de impostos do que qualquer outra operadora de jogo, o que já levou o Governo a perder milhões de patacas em rendimentos. Por exemplo, no ano passado, as receitas de todo o ano foram apenas o que é ganho pelos casinos em quatro horas. O responsável dos Kaifong frisou que o inquérito mostra que o Canídromo “não ajuda o turismo de Macau” nem faz Macau ganhar dinheiro. “Será que o Canídromo contribui na verdade? Visitámos o espaço num fim de semana descobrimos que apenas cem pessoas entraram lá, a maioria idosos ou pessoas de meia idade. Havia turistas mas apenas ficaram meia hora”, disse. Sam Keng Wan considera que qualquer tipo de apostas na comunidade afecta os idosos e adultos, pelo que devem sair dos espaços com habitação, como aliás foi prometido pelo Governo. Para Billy Song, director da Associação de Jogo Responsável, as “fracas” receitas do Canídromo não lhe dão o direito de ocupar um espaço público tão grande em Macau. O responsável defende que existe uma necessidade urgente de usar melhor o terreno e sugere a reconstrução de um edifício com instalações públicas ou para transportes. Sam Keng Wan mostrou ainda receio de que o Governo não consiga negociar com a Yat Yuen este ano, depois de ter renovado até Dezembro a concessão, uma vez que ainda não saiu o estudo encomendado pelo Governo para justificar o encerramento. Já Billy Song quer que o Governo se prepare bem já neste momento, não pensando apenas nos problemas “quando o contrato estiver quase a expirar”. Ouvintes que ligaram para o programa disseram concordar com o encerramento do espaço, sendo que um deles referiu que o local poderia transformar-se num museu sobre as corridas de galgos. Albano Martins defendeu ainda que, assim que o Governo decida o fecho do espaço, a ANIMA pode ajudar a enviar os galgos para outros países dentro de um ano. Isso porque em Hong Kong, Austrália e Estados Unidos já foram feitos pedidos de adopção de animais do território.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeResidentes pedem reabilitação urgente da zona norte do território Chui Sai On deixou uma promessa no recente Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM: reabilitação urbana, que vai ser feita até 2020, com prioridade para a zona norte. Quatro residentes contam como é viver numa área com a mais alta densidade populacional do território, onde os edifícios estão degradados e onde há muito pouco para fazer [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]zona norte já não é o que era e, ao mesmo tempo, continua a ser o que sempre foi, com a agravante de que os anos têm passado por ela. Apesar dos novos condomínios que têm surgido na Areia Preta com piscina, jardins, ginásio e parques de estacionamento, a verdade é que ao lado continuam a existir velhos prédios onde vivem famílias com baixos rendimentos. Há até novos projectos culturais a nascer em muitos edifícios industriais vazios e foi criado, há um ano, o Centro de Design de Macau numa antiga fábrica da Areia Preta. Mas nos bairros da Ilha Verde, Iao Hon e Toi San persistem problemas sociais e as velhas áreas habitacionais. Hoi, Iong, Cheong Kai e Samantha são de diferentes gerações, mas todos vivem e trabalham na área de Toi San, bem perto das Portas do Cerco. Os mais velhos já não se imaginam a sair dali, apesar de viverem em casas degradadas. Os mais jovens ambicionam sair para outras áreas de Macau quando deixarem a casa dos pais. Ao meio-dia, Hoi está sentado com o seu amigo Cheong num jardim na zona de Toi San e assume: “estou habituado a viver aqui”. “Uma vez tentei ir viver para a Taipa, mas é muito caro”, contou ao HM. Hoi pode ser considerado um idoso com sorte: mora num prédio com elevador, o que lhe permite sair de casa com mais facilidade. Nem todos os vizinhos podem dizer o mesmo, já que o espaço habitacional de Toi San continua a ser marcado por prédios degradados de cinco andares construídos nos anos 70. Quando questionamos Hoi sobre aquilo que o Governo deve fazer para reabilitar a zona norte, este pede novos edifícios que consigam manter o sentido de comunidade. “Aqui há muitos edifícios de cinco andares, então se for construído um edifício maior todos podem ficar juntos e isso será melhor para os moradores. Quando construírem aqui espero que façam isso em vez de construírem de novo prédios mais baixos. A renovação dos prédios já devia ter sido feita porque agora pode ser mais caro. Se não for feito agora há risco dos edifícios caírem”, defendeu. Uma zona suja Iong vende incenso no mercado de rua ali perto e duvida que Chui Sai On consiga cumprir a promessa que deixou no seu Plano Quinquenal do Desenvolvimento da RAEM. “Não gosto de viver aqui, porque é tudo muito sujo. Há pessoas a mais a viver aqui. Edmund Ho não conseguiu mudar esta zona e Chui Sai On já vai no segundo mandato e ainda não fez nada. Até eu morrer não sei se consigo ver uma mudança nesta zona”, contou a mulher que faz dos incensos o seu negócio. O que faz mais falta numa zona marcada por anos de desleixo e ausência de manutenção dos edifícios e espaços públicos? “É preciso mais jardins, há poucos edifícios novos aqui, estes têm mais de 40 anos. É urgente renovar isto porque há muitos ratos a subir pelas escadas e isso afecta muito as pessoas que vivem aqui.” Umas bancas mais à frente está Cheong Kai, que vende peixe seco. Há dez anos que tem o seu negócio em Toi San, mas vive na Areia Preta. “Trabalho aqui há dez anos e assisti às mudanças nesta zona, porque antes havia muito tráfico de droga aqui e prostituição também. Agora está melhor, está mais calmo.” Para ela, a reabilitação da zona norte deve passar pela reconstrução de novos edifícios, de preferência de habitação pública. “Quero mais habitação pública aqui, mesmo nestes prédios o preço é de dois milhões por fracção, o preço é muito alto e os jovens não conseguem comprar casa. A reabilitação deve passar pela construção de habitação pública”, referiu Cheong Kai. O seu filho está na lista de espera para obter uma fracção económica. Ainda assim, a vendedora faz elogios ao Chefe do Executivo. “Acho que Chui Sai On está a fazer um trabalho melhor e está mais preocupado com os residentes, comparando com o anterior mandato.” Samantha é uma jovem que está prestes a licenciar-se em Turismo pelo Instituto de Formação Turística (IFT) e mora com os pais num apartamento em Toi San. Também ela gostaria de sair dali um dia. “Estou a pensar mudar para outra zona, por causa da qualidade de vida. Mais longe do que isso, estou a pensar mudar-me para Macau mas não para tão longe. Penso que os meus vizinhos não gostam muito de viver nestas zonas, na maioria são famílias pobres e penso que gostariam de sair daqui e gostariam de aumentar os seus salários. Não podem mudar, não têm dinheiro para isso”, assegura. O que pode então o Executivo fazer para modificar a zona? “Há muito lixo nestas ruas e há muitos edifícios velhos. O Governo poderia reconstruir ou recuperar. Depois há a questão da segurança, porque a zona norte é muito perto da fronteira com a China e vemos que há muitos turistas a entrar aqui todos os dias. Preocupo-me com as questões da segurança, porque muitas vezes oiço que há aqui tráfico de droga e casos de roubo”, referiu Samantha. “O Governo poderia fazer um novo planeamento e reconstruir muitas das áreas. Deveria definir a zona norte em várias áreas e dar apoio para a reconstrução dos prédios antigos”, rematou a jovem. “O trabalho de comunidade é muito importante” Poucos conhecerão a zona norte e os seus problemas melhor do que Paul Pun, secretário-geral da Cáritas. É nesta área que vivem as famílias com baixos rendimentos e com problemas sociais, sendo que muitas delas recorrem aos serviços da organização. Contactado pelo HM, Paul Pun alerta para a necessidade de reabilitação que continue a unir as pessoas. “O Governo poderia criar mais instalações recreativas. Em segundo lugar há que melhorar as condições de espaço e do ambiente, há que haver uma preparação psicológica para essa mudança, porque se essas pessoas tiverem de mudar para outras casas têm de saber para onde vão mudar. Aqui o trabalho de comunidade é muito importante para estas pessoas”, assegurou. Paul Pun alerta ainda para o perigo que é viver em muitas das casas, como aquelas que existem em Toi San. “Os prédios de cinco andares estão deteriorados e em muitas áreas é inseguro viver. Penso que dentro de cinco anos aquelas casas vão ficar ainda piores, porque foram construídas nos anos 70. Se o Governo quer mudar esse ambiente precisa de construir um novo ambiente habitacional. Muitas dessas pessoas gostariam de viver noutras zonas, mas também há quem queira ficar. Aí temos de lhes dar mais opções na mesma zona, para que possam ficar na mesma área.” O secretário-geral da Cáritas, que já foi candidato a um lugar de deputado para a Assembleia Legislativa pela via directa, alerta para as mudanças do tecido sócio-económico que têm vindo a ocorrer nos últimos anos. “Na zona norte vivem, na sua maioria, as famílias mais pobres. Mas hoje em dia as coisas estão diferentes, porque os ricos e os pobres já vivem na mesma área. Os mais ricos vivem em prédios com todo o tipo de infra-estruturas, têm piscinas, jardins. Há grandes diferenças entre esses grandes prédios e o resto da sociedade. Tem de haver um trabalho de comunidade para os que são mais ricos e para os que não são tão ricos. Claro que o Governo tem de dar prioridade aos que não têm tão boas condições económicas e criar espaços recreativos, sítios para fazerem as suas compras, mais mercados, com bons serviços. Na zona norte devia haver mais jardins, os jardins não são grandes o suficiente. No novo planeamento não podemos pôr simplesmente grandes edifícios, temos de reservar espaço para parques e jardins”, acrescentou Paul Pun. Falta o Plano A arquitecta Maria José de Freitas assume “conhecer bem a zona norte da cidade”, os seus “constrangimentos” e a falta de espaços verdes e zonas onde as pessoas possam viver. “O que vejo e assisti nos últimos anos foi um incremento da parte de construção. Quando ouvi falar dos aterros da Zona A parecia que essa área iria complementar a falta de espaços verdes que deveriam ser proporcionados à população em alternativa aos constrangimentos do dia-a-dia. Encontramos vários pontos onde o Governo poderia dinamizar esses casos”, apontou ao HM. Contudo, Maria José de Freitas lança o alerta: sem um Plano Director será difícil fazer um planeamento integrado na zona norte. Aquando da apresentação do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM, o Executivo admitiu que antes de 2020 esse Plano Director poderá estar feito. “Falta articular uma vontade para que essas zonas verdes existam. Só um Plano Director é que pode articular tudo da melhor forma, ele não existe. Então vão-se fazendo coisas avulsas e a população continua a ficar carente de espaços verdes”, apontou a arquitecta. Kaifong | Edifícios antigos no Iao Hon são uma “bomba” O chefe da Comissão de Assuntos Comunitários da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong), Chan Ka Leong, realizou uma visita aos bairros do Antigo Hipódromo Areia Preta e Iao Hon, juntamente com a Associação de Confraternização dos Moradores do Bairro. Segundo o jornal Ou Mun, as associações apelam ao Governo que resolva os “potenciais perigos” existentes e que implemente um calendário para a renovação urbana. As associações visitaram vários edifícios antigos no bairro do Iao Hon, tendo verificado que a maioria dos prédios tem problemas graves como a queda de cimento e degradação da estrutura interna. O jornal refere que em Abril houve incidentes que causaram feridos na rua. Os Kaifong realizaram ainda uma visita a uma casa de um morador com 90 anos. O residente, de apelido Ho, disse que há muitos ratos no edifício, que mordem os moradores e as roupas. Ho referiu que o ambiente é “mau” com frequentes infiltrações de água e o bloqueio das canalizações. Chan Ka Leong criticou o facto de muitos edifícios antigos terem falta de reparação e manutenção, o que causa vários perigos e insegurança. O responsável diz que os estes prédios são como “bombas” para a comunidade e não devem merecer a ignorância do Executivo. Chan Ka Leong defende ainda que o Governo deve reforçar a fiscalização dos edifícios e que leve a cabo reparações, mesmo que não seja possível contactar os proprietários.
Filipa Araújo SociedadeComissão de Turismo e Lazer assume coordenação de Plano Quinquenal [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]a Comissão para a Construção do Centro de Turismo e Lazer, presidida por Chui Sai On, Chefe do Executivo, que vai ficar com a responsabilidade de coordenar e acompanhar a execução do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM. O anúncio foi feito por Lei Ngan Leng, assessora do Gabinete do Chefe do Executivo, que explicou, em comunicado, que serão criados “grupos de trabalho especializados que irão efectuar o acompanhamento e a materialização do plano”, sendo que ainda vão ser auscultadas as opiniões “dos peritos e académicos”, bem como “a ponderação da fiscalização e avaliação por parte da população”. No passado domingo, o Gabinete de Estudos das Políticas, responsável pelos trabalhos da recolha de opiniões relativamente ao Plano Quinquenal, reuniu com a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, a Associação Geral das Mulheres de Macau, a Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau e a Federação da Indústria e Comércio das diversas zonas do território. Durante a sessão de recolha de opiniões alguns representantes “traduziram o desejo de ver o Governo estudar a criação do mecanismo de fiscalização do Plano Quinquenal e de revisão da sua execução”. Para os representantes é preciso criar indicadores de execução mais “meticulosos” e criar uma calendarização dos trabalhos. Foi ainda apontada a necessidade de elaborar legislação contra o monopólio e que proteja os direitos e interesses dos consumidores. Outros aperfeiçoamentos As atenções foram também focadas no apoio e promoção do desenvolvimento das pequenas e médias empresas (PME), para equilibrar o desenvolvimento das actividades extra-jogo por parte das concessionárias e o espaço de sobrevivência destas empresas. Num comunicado à imprensa, o Governo explica ainda que as associações apresentaram sugestões relativamente ao aperfeiçoamento das políticas dos recursos humanos e à consolidação do mecanismo de regresso dos quadros qualificados do exterior, dando prioridade à formação dos quadros qualificados das indústrias emergentes. Reforçar o controlo de veículos, aperfeiçoar as políticas de gestão de transportes e a promoção de formas de deslocação amigas do ambiente foram ainda pontos discutidos na sessão.
Manuel Nunes SociedadeG2E com foco em e-sports e diversificação extra-jogo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), exposição e conferência de entretenimento da Ásia, vai celebrar o seu 10º Aniversário de 17 a 19 de Maio de 2016 em Macau, no Venetian. Esta edição apresenta um alinhamento renovado de eventos com especial enfoque nas oportunidades de networking e aprendizagem, sendo que o plano quinquenal de Macau, nomeadamente a “promoção da a diversificação económica” e o estabelecimento de uma “Plataforma da Regional Cooperação” vão definir os procedimentos da conferência. Assim, a promoção e desenvolvimento do sector “extra-jogo” é um dos destaques, levando em linha de conta o objectivo do Governo de elevar os 6,6% actuais de receitas dos operadores para além jogo para os 9%. Deste modo, para atender à necessidade do Governo e estar a par do que a organização define como “um ambiente em rápida mudança na Ásia”, a exposição vai incorporar mais elementos “não-jogo” este ano, onde se incluem temas como Resorts Integrados (RI) e retalho. Neste capítulo, as conferências vão tentar esclarecer como o retalho tem vindo a trabalhar a par do jogo e da transformação do novos RI. Jogo online Os e-sports também farão parte do menu numa conferência apresentada por Borislav Borisov, COO da Ultraplay, onde se irão explorar tópicos relacionados com este fenómeno em crescendo e até que ponto as apostas poderão possibilitar retornos assinaláveis para os operadores da região. A Zona iGaming vai mesmo ser ampliada para mais do dobro do espaço, em relação à edição do ano passado, do qual 65% será preenchido por novas empresas. Além disso, a cimeira de jogo on-line, que se realizará no último dia do evento, apresentará ideias para a exploração deste tipo de jogo. Também Aaron Fischer, responsável do Departamento de Pesquisa sobre Consumo e Jogo da CLSA, um grupo de corretagem e investimento, dará uma palestra onde irá debater o panorama do jogo na Ásia. As conferências contarão ainda com a presença do Director da Inspecção de Jogos, Paulo Chan, que fará o discurso de abertura sob o tema “Transformações em Condições Mutantes”. O programa inclui também a primeira edição dos Asian Gaming Awards, um evento destinado a reconhecer operadores, reguladores, fornecedores e prestadores de serviços e as suas contribuições para a indústria.
Andreia Sofia Silva SociedadeTurismo | David Chow critica Plano de Desenvolvimento. Consulta começa a 23 O Governo apresentou ontem o futuro Plano de Desenvolvimento de Turismo, mas o empresário David Chow terá criticado algumas medidas ao nível das infra-estruturas e recursos humanos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Conselho para o Desenvolvimento Turístico reuniu ontem pela primeira vez este ano e o encontro serviu, sobretudo, para a apresentação do futuro Plano de Desenvolvimento do Turismo, o qual será ultimado esta semana. O processo de consulta pública terá início no próximo dia 23. O empresário David Chow, membro do Conselho, terá mostrado desagrado com algumas medidas apresentadas pelo Executivo num encontro à porta fechada. Cá fora David Chow não prestou declarações e recusou fazer comentários ao HM, mas tanto o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, como Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST), comentaram as críticas apresentadas. “Posso admitir que um membro não ficou satisfeito com o nosso trabalho sobretudo em relação à promoção de algumas infra-estruturas no sector do turismo, achando que não estamos a responder às necessidades”, disse Alexis Tam. As críticas de David Chow, director-executivo da Macau Legend Development, proprietária da Doca dos Pescadores e Macau Landmark, incidiram também na área dos recursos humanos. “O sector turístico precisa de muita mão-de-obra e já falei com ele e prometi que o Governo vai trabalhar de forma mais activa”, disse Alexis Tam, que garantiu contactos com a tutela da Economia e Finanças. “O que podemos fazer na minha área é criar um bom ambiente turístico em Macau. Temos de criar mais produtos turísticos”, frisou o Secretário. Helena de Senna Fernandes explicou que David Chow “não mostrou desagrado em relação ao plano mas apenas sobre alguns tópicos, em termos de recursos humanos e a colaboração (em termos de turistas) entre Macau e Zhongshan”. Números razoáveis Helena de Senna Fernandes e Alexis Tam mostraram-se satisfeitos com o número de turistas verificado no primeiro trimestre. “Fizemos um balanço dos primeiros três meses do ano e até finais de Março conseguimos ter o mesmo número de turistas com um ligeiro aumento de 0,6%, mas também temos resultados positivos em termos do número de hóspedes nos hotéis e pessoas que ficaram em Macau para além de um dia. O interior da China sofreu um decréscimo nos primeiros três meses mas houve um resultado positivo com países internacionais”, disse a directora da DST. “Realizamos uma reunião há pouco tempo e já falei com o sector do turismo, e ouvindo as suas vozes parece-me que a situação não está assim tão má como imaginávamos”, referiu Alexis Tam. “Posso admitir que desde Janeiro a Março registou-se uma ligeira quebra no número de turistas, mas vamos ter ainda este ano mais trabalhos e acções promocionais e acredito que vamos atrair mais turistas para Macau. Temos muitos recursos a nível turístico”, rematou. O encontro também serviu para falar do evento dedicado ao Wushu que será realizado em Macau em Agosto deste ano.
Tomás Chio Manchete SociedadeHello Kitty Land substituído por dois metros de resíduos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]terreno que vai receber o parque temático Hello Kitty Land está cheio de lixo. Isso mesmo confirmou a Direcção dos Serviços da Protecção Ambiental (DSPA) ao jornal Ou Mun, indicando que nestes momento existe uma colina de dois metros de altura e dez de comprimento de resíduos. O organismo diz que já pediu ao responsável do lote para resolver o assunto, limpando o espaço, mas a verdade é que a situação se mantém. O terreno, situado na zona do Cotai, perto da Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, começou a ser pouso de lixo no final do ano passado. Inicialmente o monte de entulho estava coberto por uma cobertura de plástico negro, mas com as chuvas essa protecção ficou danificada, estando agora a descoberto, correndo o risco de cair e ter ainda um maior impacto sobre o ambiente. O terreno é de Angela Leong e a DSPA diz que não recebeu qualquer queixa sobre o caso, ainda que tenha enviado funcionários para investigar e acompanhar a situação. A direcção indicou que já foi pedido à proprietária para limpar o espaço de forma a cumprir as instruções de controlo de poluição. Há cinco anos na calha, ainda não há qualquer resposta do Governo face à aprovação do projecto da Hello Kitty no Cotai, como disse no ano passado Angela Leong. O terreno é um dos que pertence à lista dos 16 terrenos não aproveitados mas que não integram o âmbito da declaração de caducidade.
Flora Fong SociedadeViolência doméstica | Previsão de mais pedidos de ajuda [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Vong Yim Mui, acredita que o número de pedidos de ajuda a vítimas de violência doméstica vai aumentar de forma gradual, quando a proposta de Lei de Combate e Prevenção da Violência Doméstica entrar em vigor. Ao jornal do Cidadão, a presidente explicou que no ano passado foram registados 80 casos de violência doméstica. A Assembleia Legislativa (AL) vai votar na especialidade a proposta da lei no próximo dia 20. Vong Yim Mui afirmou que espera que a proposta seja aprovada, permitindo que a lei entre em vigor 120 dias depois, ou seja em Setembro ou Outubro. Relativamente ao processo de formação dos agentes policiais, capacitados para tratar dos casos da violência doméstica, a responsável afirmou que o IAS já está totalmente preparado, adiantando que já foi criado um mecanismo de cooperação entre seis serviços públicos. Sobre o assunto, o vice-presidente do IAS, Au Chi Keong, disse que a formação irá continuar em Junho e Agosto, para que mais agentes compreendam os casos de violência doméstica e a própria lei. Desde Janeiro existem 20 novos casos de pedidos de ajuda, sendo que em mãos o IAS tem cerca de 121 casos. No entanto, Vong Yim Mui considera que o número “não mostra toda a situação da violência doméstica em Macau”. Com a aprovação da lei, as instituições públicas e os serviços sociais terão a obrigação de avisar o IAS de todos os casos, algo que vem mostrar uma situação mais real.
Flora Fong Manchete SociedadeBiogás | Especialistas descrentes na produção de energia O Governo quer avançar com produção de energia com recurso a resíduos alimentares, mas necessita de um terreno. Especialistas não acreditam no plano [dropcap style=’circle’]R[/dropcap]aymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), revelou numa entrevista ao jornal All About Macau que o organismo vai analisar a possibilidade de produzir energia biogás recorrendo aos resíduos alimentares garantindo que para atingir esse objectivo vai ser necessário um terreno com cerca de 20 mil metros quadrados. Raymond Tam confirmou que, no final do ano passado, a DSPA recebeu o relatório referente ao estudo dos resíduos alimentares, o qual foi elaborado por uma empresa de consultadoria em 2014. O relatório sugere ao Governo o uso dos resíduos alimentares para a produção de energia biogás, sendo essa viabilidade elevada. O documento também refere que esse projecto pode ajudar a diminuir a pressão da Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau. Responsáveis de associações ambientais disseram ao HM que não consideram a ideia científica por não existirem terrenos suficientes nem a tecnologia apropriada para esse projecto. Ho Wai Tim, director da Associação de Ecologia de Macau, apontou que a medida pode não agradar aos residentes. “Não se optou pela produção de energia a biogás no passado porque o Governo não quis ocupar recursos preciosos como os terrenos, já que estes estão destinados à habitação pública. Se for preciso um terreno de 20 mil metros quadrados não temos escolha, só poderá ser um terreno para resíduos”, apontou. Ho Wai Tim afirmou que, nos últimos cinco anos, a DSPA tem promovido o uso de equipamentos de tratamento de resíduos alimentares em escolas, hotéis e mercados, onde os resíduos são tratados nos sítios onde são produzidos. O director da Associação de Ecologia de Macau prefere que se adoptem outras medidas. “Será que só é viável porque é a empresa de consultadoria que diz? A DSPA considera isso mesmo viável? Penso que a ideia do director não é científica nem prática”, acusou. Das consequências/h4> Ho Wai Tim disse que a máquina de destruição de resíduos alimentares na central de incineração também não está a usar a tecnologia de biogás, duvidando que a ideia tenha sido apresentada “apenas porque o novo director lidera os trabalhos”. Ho Wai Tim disse considerar a mudança “demasiado flexível”, defendendo que a energia a biogás irá trazer maus cheiros e afectar a população. Chang Kam Pui, director da Associação de Protecção Ambiental e Gestão de Macau, explicou que cada país tem diferentes modelos tecnológicos para produzir energia a biogás, pedindo ao Governo para analisar a tecnologia mais adequada para o território. O responsável considera que a disponibilidade de um terreno de 20 mil metros quadrados vai depender do planeamento dos novos aterros. Contudo, Chang Kam Pui não está optimista quanto a esta questão, já que a falta de areias tem levado a atrasos na zona A. Raymond Tam despreocupado com aumento de resíduos Na mesma entrevista ao jornal All About Macau, o director da DSPA disse que não se preocupa com o problema da saturação na Central de Incineração de Resíduos Sólidos, considerando que o volume de resíduos poderá diminuir pelo facto da economia estar numa fase de abrandamento. A DSPA está, contudo, a estudar o aumento da capacidade da central, para que o volume máximo de tratamento chegue às duas mil toneladas.
Andreia Sofia Silva SociedadeA partir de hoje telemóveis são proibidos nas salas VIP [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]utilização de telemóveis nas salas de grandes apostadores dos casinos de Macau passa a ser proibida a partir de hoje, para evitar a possibilidade de apostas por via telefónica, que dificultam a identificação da origem do dinheiro. “Para evitar desentendimentos desnecessários e exterminar actos irregulares, o Governo decidiu, a partir da próxima segunda-feira, proibir a utilização de telemóveis nas mesas do jogo”, disse o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, citado num comunicado oficial. Esta medida visa “evitar que alguém aproveite a facilidade de utilização de telemóveis nas mesas de jogo para apostas via telefónica, particularmente quando nestas apostas são difíceis de comprovar a identidade do apostador real e a fonte de capital”. O Governo sublinha que “é por isso que, na maior parte das cidades desenvolvidas, é proibido a aposta via telefónica”, como aliás também acontece no território. As apostas via telefone são proibidas em Macau, mas o Governo local “tem facilitado” a utilização de telemóveis nas mesas de jogo aos clientes das salas VIP dos casinos, “através do regime de inscrição e respectivas instruções”. Em 2014, depois da imprensa local e internacional mencionar apostas por telefone, o Governo desmentiu a sua existência nos casinos. Agora, contudo, diz que a permissão do uso de telemóveis “leva à dúvida de apostas via telefónica”, pelo que o Governo optou agora pela proibição dos telemóveis nas mesas dos grandes apostadores. Segundo o mesmo comunicado, Lionel Leong “garantiu que o Governo está determinado em racionalizar o funcionamento e ordem dos casinos”. Legalizem por favor Billy Song, director da Associação de Jogo responsável de Macau, disse discordar da medida. Ao canal chinês da Rádio Macau, Billy Song explicou que as apostas via telefone são legais em casinos de outras regiões, defendendo que a proibição vai diminuir o negócio das salas VIP e levar clientes a apostar noutros países. O deputado José Pereira Coutinho disse ao jornal online On.CC que as apostas por telefone não são regulamentadas pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), alertando para os “riscos” no sector VIP. Coutinho diz que este é um “remédio” aplicado depois do fecho sucessivo de salas VIP e do abrandamento do sector. Um estudo da City University of Hong Kong, divulgado em Março, conclui que as salas VIP “continuam a ser, até hoje, dominadas por tríades”, que abandonaram os métodos violentos e funcionam com uma estratégia empresarial. O mesmo estudo referia que as novas restrições impostas pela China, no âmbito do combate à corrupção, “criaram um mercado para as apostas por baixo da mesa”. Um alto funcionário da polícia explicou aos autores do estudo que alguns apostadores que não querem expor a sua identidade “jogam à distância através de telefones”. “É ilegal mas ninguém o tenta regular”, disse o entrevistado.
Andreia Sofia Silva SociedadeFSS | Estudo alerta para riscos vindos da queda do Jogo Um estudo da Willis Towers Watson alerta para o facto da quebra das receitas dos casinos representar um factor de instabilidade para o Fundo de Segurança Social, sugerindo um plano para o aumento “gradual” das contribuições [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se “Estudo alargado – Regime da pensão para idosos antecipada” e é mais uma análise que faz um velho alerta ao Governo em relação à estabilidade financeira do Fundo de Segurança Social (FSS). A consultora Willis Towers Watson considera que este deve ponderar a possibilidade de “realização de um aumento do montante das contribuições de forma gradual, até atingir um nível objectivo, podendo pensar em definir um plano de vários anos”, sendo que desta forma “é mais fácil aceitar pelos diversos sectores da sociedade”. Isto porque a consultora alerta para as consequências a curto prazo da queda das receitas do Jogo ao nível da pensão para idosos. “Recentemente a indústria do Jogo tem vindo a encontrar-se numa situação de abrandamento, pelo que o FSS precisa de ajustar o montante da dotação do Governo. É um bom exemplo para verificar que a receita única pode trazer ao FSS factores instáveis”, pode ler-se no relatório. “No futuro, na sequência do sucessivo aumento do montante da pensão e dos outros benefícios devido à inflação, a manutenção do nível de contribuições dos empregadores e trabalhadores pode resultar em receitas do FSS mais desprezíveis. A origem das receitas do FSS ficará cada vez mais única até que pode surgir uma total dependência do Governo”, alerta a consultora. A Willis Towers diz que o Fundo deve fazer um estudo sobre o método de financiamento entre as contas individuais de previdência e o regime de pensão para idosos, além de avaliar o nível suportável de contribuições por diversos sectores da sociedade sobre estes dois regimes. Olhar para “inflação acumulada” O relatório considera que o “actual método de cálculo da pensão antecipada para idosos já atinge a equivalência relativa”, mas pede que seja adoptados novos métodos para a actualização das reformas. “Sugeríamos ao FSS que adopte a inflação acumulada como a base do mecanismo do aumento da pensão para idosos”, aponta a consultora, sem esquecer denominadores como o Índice de Preços do Consumidor (IPC) ou o Produto Interno Bruto (PIB). “O FSS precisa de introduzir um mecanismo regulador do aumento do regime de pensão para idosos, decidindo regularmente o aumento e a margem de aumento das pensões em conformidade com alguns indicadores. Assim pode-se aumentar a transparência do regime”, pode ler-se. A consultora diz que o aumento da pensão para idosos pode ser ajustado sempre com base na inflação, evitando a necessidade da redução do montante da pensão caso haja deflação em Macau. A Willis Towers Watson refere que com este sistema “o FSS vai perder a iniciativa de controlo do montante da pensão”, pelo que deve ser analisada “a política de benefícios de longo prazo do Governo, para garantir que o mecanismo seja coerente com as Linhas de Acção Governativa”.
Andreia Sofia Silva SociedadePlano Quinquenal | Associações também pediram mais detalhes [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo esteve reunido com responsáveis da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e com a Associação Comercial de Macau (ACM) para obter reacções ao Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM. Mas, segundo dois comunicados oficiais, os representantes das associações exigiram mais “detalhes” ao Governo. Do lado da FAOM foi pedido um “aperfeiçoamento do Plano Quinquenal, relativamente à construção do metro ligeiro, o controlo do número de veículos, o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa, o número dos trabalhadores não residentes, a política sobre a atribuição das mesas do jogo, a responsabilidade social das empresas, a supervisão do sector do jogo, entre outras”. As nove associações da FAOM estiveram representadas através de 26 pessoas, incluindo o vice-presidente da Assembleia Legislativa (AL) e vice-presidente da FAOM, Lam Heong Sang. Já a ACM esteve representada pelo seu presidente, Kou Hoi In, também deputado nomeado à AL. Os seus representantes defenderam que “o projecto do Plano Quinquenal deve abordar mais sobre ‘Um Centro’, propondo os âmbitos a serem reforçados e melhorados, nomeadamente, no tocante ao apoio ao desenvolvimento das indústrias em Macau, o fomento da indústria de processamento tradicional e o aperfeiçoamento dos diplomas e regulamentos legais atrasados das indústrias”. Foi ainda pedido o “aperfeiçoamento dos diplomas e regulamentos legais relacionados com a gestão de obras, atracção de investimentos estrangeiros, melhoria do ambiente de negócios das pequenas e médias empresas, aprovação de trabalhadores não residentes, escassez de lugares turísticos de lazer, entre outros.”
Andreia Sofia Silva SociedadeAPOMAC | Francisco Manhão mostra vontade de sair A APOMAC celebra 15 anos de vida e Francisco Manhão admite sair daqui a três anos quando houver novas eleições. Manhão pede mais lares de idosos e prioridade aos naturais de Macau no acesso às casas públicas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) precisa de renovação dos corpos dirigentes. Quem o diz é Francisco Manhão, actual presidente, que admitiu ao HM não se candidatar a um próximo mandato, daqui a três anos, caso haja alguém disposto a concorrer. “Precisamos de sangue novo para nos podermos modernizar. Quando terminar o mandato terei 70 anos e gostaríamos de ter sangue novo para nos substituir. Se não houver alguém que apresente uma lista teremos de continuar para manter a APOMAC com vida”, contou ao HM. Manhão traça um “balanço muito positivo” dos 15 anos de vida da Associação e garante que hoje os idosos têm boas condições de vida. “De um modo geral os idosos estão bastante bem devido aos subsídios e à compensação pecuniária. Tudo isto somado dá a cada pessoa uma média de cinco mil patacas por mês. A única coisa que mais me preocupa é a falta de lares para a terceira idade. O Governo deve ponderar e mandar construir mais lares”, pediu. Outro pedido que a APOMAC faz ao Executivo é a necessidade de dar prioridade aos naturais de Macau no concurso de acesso a fracções públicas. “Neste momento a maior preocupação está na atribuição de habitação social, porque um natural de Macau e residente permanente não tem uma prioridade em relação aos emigrantes no concurso para a habitação social e isso é lastimável.” O aniversário celebrou-se na passada sexta-feira com um jantar onde estiveram presentes Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, e representantes do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC e do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. O inexplicável No seu discurso, Francisco Manhão deixou outros recados. “As nossas instalações já se podem considerar exíguas, a isto se deve o aumento acelerado do número de associados, passando de 250 nos primeiros anos para 1300 em 2007, o que nos obrigou a ter que suspender a admissão de novos sócios desde aquela data, isto para evitar a queda da qualidade dos serviços prestados.” A APOMAC alerta ainda para o atraso na construção do novo hospital público. “As questões das habitações sociais e económicas também foram objectos da nossa preocupação devido ao inadequado estudo e planeamento que se vem arrastando, assim como as questões do meio ambiente, de trânsito rodoviário e dos transportes públicos, sem esquecer, ainda, a gravosa situação do nosso hospital público, a que se junta, ainda, o inexplicável atraso verificado com o projecto de construção do hospital público nas Ilhas”, referiu o presidente da Associação.
Filipa Araújo Manchete SociedadeEconomistas não acreditam em 9% de aumento de receitas extra-jogo A meta é clara: até 2020 o Governo quer que 9% das receitas dos casinos sejam provenientes de actividades extra-jogo. Lionel Leong não esconde que tem pela frente um trabalho de Hércules. Já os economistas dizem ser “quase impossível” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo quer mas nem o próprio Secretário para a Economia e Finanças acredita. Uma “tarefa” que não será “fácil”, é como Lionel Leong classifica a meta de aumentar as receitas das actividades extra-jogo das concessionárias de 6,6% – valor actual – para 9%, até 2020. Economistas contactados pelo HM também não parecem muito convencidos. “Apesar do Governo acreditar que se vai alcançar esta meta, é necessário o esforço conjunto das diversas partes [e sublinho] não ser uma tarefa fácil”, explicou o Secretário aos jornalistas, na semana passada, à margem de uma cerimónia pública. Apesar da dificuldade apresentada, o Governo está “convicto de se conseguir esse objectivo”, sendo que até as concessionárias do Jogo “já manifestaram” essa confiança. Mas, será assim? “Na realidade penso que o que o Secretário disse é inteiramente verdade, é muito difícil. Porque esta meta tem efectivamente a ver com a diversificação da economia e nós todos sabemos que isso não é tarefa fácil”, começa por admitir o economista José Luís Sales Marques. No entanto, é bom, diz, que “em parte o Governo tenha apontado para um objectivo e que o próprios reconheçam que não é uma meta fácil de atingir. Isto mostra alguma garra, alguma ambição no sentido positivo de se concretizar a diversificação económica”. Por outro lado, é preciso existir uma “estratégia bastante mais clara e objectiva, do que aquela que se tem vindo a ter até agora”, explica o economista ao HM. “Isto quer dizer que a diversificação económica passa por objectivamente aumentar a contribuição de sectores que não o Jogo na composição do Produto Interno Bruto (PIB).” À sua frente, o Governo tem um trabalho a cumprir: o de estimular os outros sectores, que na maioria são as pequenas e médias empresas (PME). No fundo, “o que estamos a pedir é que as PME, nas suas diversas actividades, dêem um contributo mais substancial ao PIB”, nota Sales Marques. Para isso é preciso olhar para o funcionamento deste tipo de empresas, para as suas áreas de actuação, sem esquecer a necessidade de “estimular” as PME, para que possam funcionar melhor e mais produtivamente. “Isto passa, claro, por questões que estejam relacionadas com o capital, com o financiamento, com a utilização das tecnologias e, também, e neste caso particular de Macau, pela qualidade da mão-de-obra”, argumenta o economista. Ver para perceber Para Sales Marques, é essencial olhar “para as coisas com muito realismo e ver efectivamente que Macau tem de ter uma mão-de-obra mais qualificada”. Sem esquecer o esforço na educação e formação que o Governo tem feito, que, diz, “não tem sido suficiente”. “É preciso que Macau tenha uma maior abertura para entrada de profissionais em vários sectores, para trabalharem no território. Profissionais estes que possam contribuir para a diversificação da nossa economia e com a sua experiência nos ajudem a formar no trabalho os seus companheiros locais”, explicou o economista, que se mostrou a favor da formação dos talentos de Macau. “Os talentos fundamentalmente têm duas componentes, uma ligada à sua formação e educação e outra ligada ao processo produtivo, porque aqui não basta saber, é preciso saber fazer. E este é o segredo da produtividade”, frisou. É impensável Em termos práticos, a proporção do aumento das receitas terá de ser de 30%. Lionel Leong explica que “se as receitas totais das concessionárias do Jogo forem de cem patacas, então as receitas das actividades extra-jogo são de 6,6 patacas, enquanto as receitas das actividades do Jogo são de 93,4 patacas”. “Assim, se daqui a cinco anos, conseguirmos um aumento das receitas das actividades extra-jogo de 6,6 patacas para nove patacas, isto significa que na realidade a proporção de aumento é superior a 30%”, clarificou. Tal como o Secretário, também Albano Martins confirma a necessidade de um aumento de 30%. “Para chegarmos aos 9% é preciso que a esta indústria do extra-jogo cresça 30% num ano. Isto é quase impossível. O que significa que o Governo tem noção que uma alternativa ao Jogo não vai acontecer nos próximos 20 anos”, defendeu o economista. O verdadeiro desafio está em “arranjar alternativas ao Jogo”, se estas alternativas “não surgirem pela própria mão do sector”, com actividades diferentes do Jogo. “Só o próprio Jogo tem esta capacidade”, apontou Martins, frisando que as concessionárias devem apostar em eventos que modernizem e convenções. “Tem acontecido, mas tirando isto não se faz mais nada”, explicou, adiantando que para a diversificação é preciso “muito tempo”. “Para crescer até 9% é preciso muito. Isto tecnicamente é quase um objectivo impossível de atingir. Não vai ser nada fácil diversificar e é bom que o Secretário tenha essa noção.” Optimistas precisam-se Para o comentador Arnaldo Gonçalves, as declarações de Lionel Leong são “razoáveis” e “acertadas” e este é um assunto que recolhe unanimidade de observadores e economistas. “Macau tem uma dependência crónica em relação ao Jogo, que nos últimos 15 anos não foi ultrapassada. Não se vê aparecer um outro sector económico, ou um conjunto de actividades económicas que possam compensar essa dependência crónica. No campo dos desejos, todos queríamos que esta dependência não fosse intensiva, mas a verdade é que ela continua a existir”, explica. Para Arnaldo Gonçalves, as actividades inovadores e culturais não podem ser uma alternativa ao Jogo. “O que é que estas actividades gerem em relação ao lucro? Dão espaço para fazer artigos para Macau, mais nada”, frisou, reforçando que o território não tem um produto que seja seu ou uma marca que possa ser comercializada para fora. Em contrapartida, o economista Joey Lao sente-se bastante optimista quanto à meta colocada pelo Governo. “Considero o objectivo bastante razoável”, apontou, defendendo que Macau já começa a dar sinais desse mesmo crescimento. O economista não esconde que é um “desafio” para o Governo e concorda com o Secretário, mas diz que é algo exequível.
Joana Freitas Manchete SociedadeJinan | Governo diz que subsídio da Fundação Macau “beneficia” a RAEM A atribuição de mais de cem milhões de patacas à Universidade de Jinan foi tão polémica, que Governo e Fundação vêm esclarecer a situação: não há troca de interesses, garantem, já que a universidade formou dezenas de talentos da Função Pública. E o facto de Chui Sai On ser presidente do Conselho de Curadores da Fundação e vice-presidente da Universidade não é relevante [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Não há troca de interesses.” É o que garante tanto o Governo, como a FM face às críticas de que ambos têm sido alvo pela atribuição de cem milhões de yuan – 123 milhões de patacas – à Universidade de Jinan, na China continental. A polémica reside no facto de Chui Sai On, Chefe do Executivo, ser vice-presidente da Universidade e ser também presidente na Fundação Macau (FM), tal como outros membros de ambas as instituições. Mas o Executivo descarta qualquer problema. “O Chefe do Executivo foi convidado para desempenhar as funções de vice-presidente do Conselho Geral da Universidade de Jinan, não recebendo qualquer remuneração ou interesses, pelo que não existe tráfico de influências, tal como tem sido acusado”, começa por indicar um comunicado do porta-voz do Governo, Vitor Chan. Universidade dos nossos De acordo com registos de um canal de conteúdos online que se especializa em tradução de notícias da imprensa portuguesa para chinesa, o Média José, vários directores e funcionários da Administração graduaram-se nesta universidade: é o caso da Chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, O Lam, e dos assessores do gabinete, Lei Ngan Leng, Kou Chin Hung, Lei Peng Si, Lo Lai Heng e Wu Kan. A lista de ex-estudantes conta ainda com Leong Heng Teng, porta-voz do Conselho Executivo, Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública, o chefe do Gabinete de Estudo das Políticas, Lao Pun Lap, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, e os subdirectores, Kuok Cheong U e Cheang Seng Ip, e o chefe do Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Externos, Fung Sio Weng. O Governo não indica nomes, mas admite que “os alunos de Macau formados pela Universidade de Jinan estão dispersos pelos vários sectores do mercado local e é natural que muitos deles tenham ingressado na Função Pública para servir a sociedade.” Toma lá, dá cá A atribuição de mais de cem milhões de patacas partiu directamente da FM, que tem, ao mesmo tempo, diversos membros que fazem parte da lista do Conselho de Administração da Jinan, como o HM apurou no site da universidade. Além de Chui Sai On, que é presidente do Conselho de Curadores da Fundação, também Ma Iao Hang, Liu Chak Wan e Lei Pui Lam – representantes de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês – fazem parte da lista do Conselho, desempenhando neste caso os papéis de “doadores” e “beneficiários”. Ainda assim, tanto o Governo, como a Fundação descartam conflitos de interesse e asseguram que tudo não passa de rumores e acusações infundadas. E apresentam dados. “A contribuição da Universidade de Jinan à formação de quadros de Macau justifica-se por dados: desde a sua criação, a universidade já formou cerca de 20 mil alunos de Macau. Até Novembro de 2015, havia 1976 alunos de Macau que estudavam na Universidade, o que representa 33,7% do total dos alunos de Macau no ensino superior do interior da China. Desde 1999, a Universidade de Jinan realizou um total de 27 cursos de formação no território, tendo formado mais de dois mil alunos locais. A Universidade tem vindo a aplicar uma política de preferência de apoio aos alunos de Macau, tendo isentado, até meados dos anos de 90, o pagamento de propinas. Hoje em dia, as propinas pagas pelos alunos de Macau são iguais aos alunos do interior da China, o que é diferente dos outros alunos do exterior. Dos alunos oriundos do exterior que beneficiam das bolsas de estudo da Universidade de Jinan, 30% são alunos de Macau”, descreve a Fundação, acrescentando que tanto a universidade, como a Fundação “são ambas instituições públicas que prosseguem o interesse público, pelo que nunca pode dizer que existe a chamada transferência de interesses”. A Fundação diz ainda que “nada a impede” de conceder subsídios a entidades do exterior que requeiram financiamento a projectos que “beneficiem o desenvolvimento de Macau”. Nem mesmo o período de contenção económica que foi implementado pelo próprio Governo. “A FM efectuou este ano um controlo orçamental a fim de acompanhar a política financeira do Governo, mas o seu financiamento dedicado aos sectores de serviço social e de educação não foi nada reduzido. Em 2015, o financiamento da FM à construção e ao aperfeiçoamento das infra-estruturas dos ensinos básico e superior de Macau totalizou mais de 1500 milhões de patacas, o que justifica que o subsídio concedido à Universidade de Jinan nada afecta o apoio contínuo da Fundação a actividades dos residentes, associações ou instituições de Macau.” Rigor Como relembra o porta-voz do Governo, neste caso, o financiamento da FM à Universidade serve para “apoiar a construção do edifício para o ensino na área da Comunicação Social no campus de Cantão e duas residências para estudantes de Hong Kong e Macau no novo campus do distrito Panyu”, instalações que “beneficiam os estudantes locais”. Para a Fundação, o apoio à Universidade “traduz, ao fim e ao cabo, um investimento de longo prazo na formação de quadros locais, o que vai beneficiar finalmente Macau”. Também o Executivo diz que é “dever” do território “retribuir à pátria e contribuir para o desenvolvimento do país” e que “nem se pode comparar” as normais instituições de ensino superior com aquelas que formam talentos qualificados para Macau. O Governo garante ainda que “existe um mecanismo de fiscalização adequado no qual será garantido que os fundos concedidos sejam utilizados somente no objectivo definido”. Petição | Novo Macau exige saída de Chui Sai On A Associação Novo Macau (ANM) lançou uma petição online no sábado, aberta a toda a população, onde pede a saída de Chui Sai On do cargo de Chefe do Executivo no seguimento da doação de cem milhões de yuans à Universidade de Jinan, em Cantão. Os pró-democratas acusam Chui Sai On de “fraca integridade” e de “alegado envolvimento em corrupção” por ter sido concedido o montante por parte da Fundação Macau (FM). Chui Sai On não só preside ao Conselho de Curadores da FM, considerado o órgão mais importante, como faz parte da vice-presidência do Conselho da própria Universidade de Jinan. A ANM exige uma reacção do Governo e volta a pedir “a revisão da lei para que a Assembleia Legislativa possa discutir todos os projectos públicos que ultrapassem um determinado montante”. Segundo Scott Chiang, presidente da Associação, o objectivo da petição – que pede ainda que o Governo recue na atribuição do subsídio – é “mostrar a frustração e o descontentamento da população face a uma doação, que não foi consentida, por parte da Fundação Macau à Universidade de Jinan, na China”, indica a Rádio Macau. “Não temos nada contra esta universidade em particular, mas o processo de doação não foi transparente face aos cortes no orçamento e no apoio a outras universidades locais”, acrescentou à Rádio Macau Scott Chiang. “Em Maio de 2014, Chui disse: ‘Não dou benefícios a mim próprio para além da minha obesidade. Essa promessa está vivamente na memória de todos os residentes de Macau. No seguimento do Regime de Garantias, o Governo não emendou a fraqueza do sistema e continuou a estar aberto a abusos, já para não mencionar a sua incompetência para lidar com questões do dia-a-dia’”, lê-se no texto da petição, que pode ser assinada em nome individual ou colectivo, contendo um espaço para sugestões a ser entregues ao próprio Chui Sai On. Nas redes sociais, o descontentamento tem sido geral, com diversos activistas a partilhar foto-montagens irónicas do Chefe do Executivo, como uma em que Chui Sai On dá uma medalha de mérito a si próprio. A Associação pede uma resposta do Executivo em 48 horas – que termina esta segunda-feira. Se não houver uma resposta do Governo, promete outras medidas, como manifestações na rua. Até ontem ao fecho desta edição, a petição contava com duas mil assinaturas, segundo contagem da Novo Macau. A.S.S./J.F. As justificações “O apoio à Universidade de Jinan traduz, ao fim e ao cabo, um investimento de longo prazo na formação de quadros locais, o que vai beneficiar finalmente Macau”. Fundação Macau “O Gabinete do Porta-voz apela a um tratamento racional do assunto”. “Cada vez há mais jovens com oportunidade de frequentar o ensino superior. No entanto, não se deve comparar a importância dos estabelecimentos de ensino superior que formam quadros qualificados para Macau, dentro e fora do território. As opiniões relativas a este tipo de comparação são desnecessárias”. Porta-voz do Governo
Filipa Araújo Manchete SociedadeEnsino Superior | Financiamento a público e privado proveniente de um único Fundo O mesmo fundo vai beneficiar instituições de ensino público e privado, sendo que o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura vai deixar de transferir dinheiro neste sentido. São algumas das decisões da Lei do Ensino Superior, que determina também um prazo para acabar as licenciaturas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s universidades e instituições de ensino superior, sejam elas públicas ou privadas, vão ser financiadas através do mesmo Fundo do Ensino Superior, a criar depois de aprovada a proposta para a Lei do Ensino Superior. Na passada sexta-feira, Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), grupo que está a estudar a proposta de lei na especialidade, informou que o Governo vai criar este mesmo Fundo para financiar estas instituições, centralizando os financiamentos e terminando de vez com os apoios atribuídos pela Secretaria de Alexis Tam, da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura. “Depois da aprovação desta lei, [o financiamento] será através do Fundo [do Ensino Superior]. Actualmente, o Gabinete do Secretário [Alexis Tam] também está a conceder apoio financeiro. Depois da aprovação da lei, no prazo de 90 dias será criado o Fundo”, explicou o deputado, adiantando ainda que a lei entrará em vigor nesse mesmo período, depois de aprovada na especialidade pelo hemiciclo. Ainda assim, não é claro se este será o único meio de financiamento das instituições. Durante a sessão, o grupo discutiu ainda questões relacionadas com o património das universidades públicas, ponto que levantou algumas dúvidas, pois existia uma “contradição” na lei, relativamente à venda de imóveis que possam constituir receita das instituições. O grupo considera que o Governo deve esclarecer o que é património das instituições e o que é do Governo. Mais e bons Em discussão estiverem ainda pontos relacionados com as condições de acesso ao ensino superior, que vêm determinar que, aos indivíduos maiores de 23 anos e que não possuam as condições de acesso previstas na lei, possa ser facultado o acesso a cursos de ensino superior, desde que demonstrem capacidade para o efeito, nomeadamente através da aprovação em exame especial de acesso. Actualmente esta possibilidade só é atribuída a pessoas maiores de 25 anos. A Comissão também discutiu a questão do Regime de Prescrição. É determinado, na proposta, que um aluno a frequentar uma licenciatura de quatro anos tenha de a fazer no máximo em seis anos. Caso isto não aconteça a matrícula do aluno prescreve e o mesmo não poderá mais frequentar o curso. “O aluno não pode frequentar mais aqueles curso, pode [um ano depois] frequentar a mesma universidade mas num curso diferente. Ou o mesmo curso mas em outra instituição”, explicou o presidente, indicando que se o Governo está a pagar, os alunos têm de se mostrar produtivos.
Tomás Chio SociedadeUniversidade do Interior da China recebeu cem milhões A Fundação Macau (FM) subsidiou a Universidade de Jinan, no interior da China, em cerca de cem milhões de reminbis, que será usado para ajudar à construção de dois edifícios de residência para os estudantes de Macau e Hong Kong. Vai ainda ser construído um edifício “pedagógico de comunicação social”. O canal chinês da Rádio Macau questionou a FM sobre o assunto, tendo esta explicado que concedeu o financiamento pelo facto da instituição do ensino superior ter 300 alunos de Macau, sendo uma base importante para a formação de talentos locais. A FM referiu ainda que pretende apoiar os trabalhos de formação para que se promova um melhor ambiente de investigação. A Universidade de Jinan já terá formado 20 mil residentes. Um comunicado oficial explica que o montante será pago até 2017, sendo que o “edifício pedagógico de comunicação social” deverá custar cerca de 150 milhões de reminbis, enquanto que as duas residências para estudantes deverão custar 142 milhões. Um comunicado da universidade referiu que Chui Sai On, Chefe do Executivo, apoiou a concessão do apoio, sendo também membro do conselho da direcção da universidade. No entanto, os alunos de Macau pagam propinas mais elevadas do que os estudantes do continente. A FM concedeu também 400 mil patacas à Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Jinan para a realização de actividades, conforme consta no Boletim Oficial.