Hoje Macau SociedadeAmbiente | Tarifas diferentes para consumos diferentes, pedem associações * por Angela Ka [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo deve estabelecer um regime de recompensa e punição para cessar o gradual crescimento do consumo da energia. A sugestão é feita por associações de defesa ambiental, que dizem que o exemplo deve vir de cima e, concretamente, do Governo, com uma boa gestão no consumo. As grandes empresas também são visadas já que, sendo das maiores gastadoras também deveriam ser incentivadas a ser as grandes poupadoras, dizem associações. As declarações foram feitas ao Jornal Ou Mun, onde Joe Chan, presidente da Macau Green Student Union frisou que, para as grandes empresas poderem tomar decisões neste sentido, o Governo deve tomar a iniciativa e dar o exemplo. Chan refere que as medidas energéticas que Macau adopta não são sustentáveis. Relembra ainda que, com a pequena dimensão do território, não se justifica o investimento em energia alternativa, sendo que se encontra dependente da compra ao exterior de gás natural e electricidade. “O consumo de energia nos últimos dez anos duplicou, mas como não existe outra saída, o que Macau pode fazer é controlar o aumento do consumo de energia per capita. Ultimamente a consciência da população já aumentou muito, mas o consumo de electricidade comercial tem aumentado, sobretudo no Jogo”, referiu. Chan defende que o Governo “provavelmente não consegue negociar com as companhias” de Jogo porque está ligado a essas receitas por um lado e, por outro, porque não consegue fazer uma gestão correcta do seu próprio consumo de energia. A sugestão da Associação vai no sentido de estabelecer um regime de recompensa e punição para fiscalizar o consumo excessivo dentro das entidades pertença do Executivo. A Associação Energia Cívica, liderada por Agnes Lam, organizou no sábado as Mesas Redondas Cívicas onde também se discutiram medidas de poupança energética. Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam relembrou que o consumo de energia per capita também aumentou em cerca de 30% no ano passado. Lam U Tou frisa que há quatro anos, o Governo procedeu a uma consulta pública sobre a possibilidade da aplicação de tarifas diferentes a entidades de diferentes dimensões, mas o plano foi abandonado. O presidente apelou ainda para o regresso a essa estratégia de execução tarifária. Menos golfinhos brancos O número de exemplares de golfinhos brancos caiu de 87 para 65 exemplares no prazo de um ano. A notícia foi ontem avançada pela imprensa local, que refere dados do relatório do Departamento de Agricultura, Pescas e Conservação da RAEHK. A culpa será da construção de infra-estruturas de grande envergadura nas águas ao largo de Hong Kong, que estarão a pôr em risco a existência da espécie. Os responsáveis pela Sociedade de Conservação de Golfinhos Brancos de Hong Kong receiam o total desaparecimento da espécie num futuro próximo.
Tomás Chio Manchete SociedadeFilhos Maiores | Líder da Associação nega acusações em tribunal O Tribunal Judicial de Base recebeu ontem Lei Yok Lam, do grupo Pais dos Filhos Maiores. Acusada de desobediência qualificada, a idosa nega ter convocado uma manifestação para a AL sem autorização [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omeçou ontem a ser julgada Lei Yok Lam, secretária-geral da Associação Pais dos Filhos Maiores, acusada de desobediência qualificada. A acusação diz que a responsável estava a bloquear as portas da Assembleia Legislativa (AL) juntamente com vários outros membros da Associação, mas esta nega. O caso remonta a Agosto de 2015, quando se realizava na AL uma reunião plenária com Chui Sai On, Chefe do Executivo. Centenas de idosos encontravam-se em frente ao edifício da AL: a Associação diz que era para assistirem à reunião, mas que lhes foi barrada a entrada; o Ministério Público (MP) assegura que os idosos estavam a manifestar-se. O problema gerou conflitos entre a PSP e a Associação, tendo Lei Yok Lam sido detida. Ontem, a acusação voltou a dizer que os idosos estavam a fazer um protesto sem autorização do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e que até empunhavam um cartaz. Na sessão de audiência, a responsável explicou que chegou à AL para assistir ao plenário, porque gostaria de saber se o Chefe do Executivo iria falar sobre os pedidos da Associação, que há anos pede ao Governo a autorização de residência em Macau para os filhos maiores de 18 anos que se encontram no continente, de forma a que o agregado familiar possa estar junto. Troca de acusações Lei Yok Lam diz que foi impedida de entrar pela polícia que, na altura, lhe disse “que tinham deixado entrar 50 idosos no plenário”. A responsável diz que é mentira e afirma que o caos se instalou quando um idoso desmaiou por se sentir mal. A idosa ameaçou então a PSP de que entraria à força às 15h00, hora do plenário começar, se os agentes não a deixassem entrar antes. Uma das testemunhas ontem ouvidas, um chefe da PSP, assegurou ontem no Tribunal Judicial de Base que tinha alertado os idosos “duas vezes” para que saíssem do local, mas que estes “nunca aceitaram”. O agente diz que os idosos forçaram a entrada, quebrando a barreira da polícia, incitados por Lei Yok Lam, pelo que foi esta responsável que foi detida. Lei Yok Lam nega que o tenha feito, tal como nega que tenha convocado os idosos. Diz que só soube da presença do Chefe do Executivo através dos telejornais e outros três idosos, testemunhas, também disseram que chegaram à AL com o mesmo intuito da colega: ver se o líder do Governo iria falar sobre o seu caso. O caso continua hoje, sendo que vai ser disponibilizada uma gravação sobre o momento.
Hoje Macau SociedadeVIP volta a cair mas mantém mais de metade do mercado [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s receitas do jogo VIP de Macau caíram 15,74% no segundo trimestre, em relação aos mesmos meses de 2015, mas continuam a representar mais de metade do sector (51,53%), segundo dados oficiais ontem divulgados. Fazendo as contas ao semestre, os grandes apostadores continuaram também a representar mais de metade das receitas brutas do jogo em Macau (52,8%), ao contrário do que o Governo do território havia anunciado no início do mês. Num comunicado divulgado a 1 de Julho, o gabinete do secretário da Economia do Governo de Macau havia dito que o peso do jogo de massas tinha ultrapassado o VIP no primeiro semestre, representando 53,1% do mercado. As receitas do jogo VIP caíram no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015 (variação homóloga), mas também em relação aos três meses anteriores (-12,45%), segundo os dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau. A fatia do jogo VIP no bolo das receitas dos casinos de Macau já foi superior a 77%, mas tem vindo a diminuir. No conjunto de 2015, representou 55,3%. As receitas dos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo, estão em queda há dois anos. Esta contracção do sector tem sido associada à desaceleração da economia da China e à campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que parece ter afastado da região os grandes apostadores chineses. O executivo de Macau tem defendido e apostado na diversificação do sector, tradicionalmente dependente dos grandes apostadores chineses. No mesmo comunicado divulgado a 1 de Julho, o Governo de Macau disse que há uma “enorme possibilidade” de as receitas dos casinos continuarem a cair no segundo semestre deste ano. As receitas brutas dos casinos de Macau, pilar da economia local, caíram 8,5% em Junho, comparando com o mesmo mês de 2015, para o valor mais baixo desde Setembro de 2010, segundo dados oficiais. Os analistas têm sido consensuais em afirmar que as receitas dos casinos vão estabilizar no segundo semestre de 2016 e interromper o longo ciclo de queda, mas discordam quanto ao momento que isso acontecerá. No início do mês, o Governo de Macau lembrou as suas estimativas no orçamento da região para este ano, menos optimistas do que as dos analistas, que apontam para que as receitas dos casinos sejam na ordem de 200.000 milhões de patacas no final do ano (numa média de 16,6 mil milhões de patacas mensais), uma quebra de 13,3% em relação a 2015. Entre Janeiro e Junho, em termos acumulados, os casinos registaram receitas de 107.787 milhões de patacas, numa média de 17,97 mil milhões de patacas, menos 11,4% do que no primeiro semestre de 2015.
Tomás Chio SociedadePJ recebe 53 queixas sobre cheques sem cobertura [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Polícia Judiciária recebeu mais uma denúncia de um caso de cheques sem cobertura passados a um grupo de pessoas que depositou dinheiro numa empresa. O caso envolve 55 milhões de patacas e, segundo a Macau Concelears, a empresa é a Glory Sky, que se auto intitula como uma empresa de investimento online, ao que o HM apurou, e tem sede em Hong Kong. Os lesados ascendem já às 53 pessoas, cinco delas do interior da China. Disseram à publicação que celebraram contratos de investimento com a Glory Sky e receberam cheques carecas. Segundo a Macau Concealers, os responsáveis desta empresa desapareceram e a sede fechou portas. Os empregados da empresa dizem que os objectos de valor foram retirados e que não conseguem comunicar com o presidente, director financeiro ou sequer com o gerente de operações. Um dos lesados disse à Macau Concealers que celebrou um “contrato de investimento e cooperação” com uma filial da empresa e depois depositou 50 mil patacas a troco de 5% em interesses por cada 60 dias. Outra lesada referiu que já depositou mais de 500 mil patacas há meio ano e nunca teve problemas até Janeiro. A Glory Sky foi criado em 2011 e tem vários negócios em Hong Kong, Taiwan, Xanghai, Zhuhai, Japão e Estados Unidos da América (EUA). A empresa tem seis filiais em Macau. O presidente é da Ilha de Formosa e chama-se Loi Tak Hoi. A empresa tem mais de 20 empregados.
Tomás Chio Manchete SociedadeIec Long | Pedida acusação de Edmund Ho, Ao Man Long e Carion ao MP Duas associações concordam que Edmund Ho, Ao Man Long e Jaime Carion deveriam ser investigados e trazidos à justiça por causa da troca de terrenos da Iec Long. Uma das associações entregou mesmo uma carta de acusação ao Procurador. O relatório do IC sobre o caso chega daqui a dois meses e o proprietário só restitui parte do dinheiro gasto nas obras de preservação [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]grupo Iniciativa para o Desenvolvimento Comunitário de Macau entregou uma carta de acusação ao Ministério Público (MP) sobre o caso da permuta dos terrenos da Fábrica de Panchões Iec Long. A carta acusa o ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho, o ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long e o ex-director das Obras Públicas, Jaime Carion, de prevaricação e abuso do poder. A Associação Novo Macau pediu também na sexta-feira que sejam apurados e trazidos à justiça os responsáveis envolvidos no caso. A Associação também considera que o MP deve investigar os mesmos responsáveis que o grupo da Iniciativa acusa. Na carta divulgada pela Iniciativa considera-se que o relatório de investigação do Comissariado contra a Corrupção não meramente reflectiu que “a gestão dos terrenos pelo Governo no início do estabelecimento da RAEM era estranha e desordenada”, mas também que o caso aconteceu “devido à enorme transferência de lucros entre as figuras envolvidas”. Foi Jaime Carion quem assinou a ordem de permuta, mas o relatório aponta reuniões com o Secretário e até o ex-procurador da RAEM, Ho Chio Meng. Lucros e manipulações A Associação considera que o caso só “aconteceu com manipulação humana a fim de obter lucros”. Portanto, salientando os artigos do Código Penal, acusa Edmundo Ho, Ao Man Long e Jaime Carion, mas também os membros administradores da Sociedade de Desenvolvimento Predial Nossa Senhora da Baía da Esperança por burla. A carta já foi entregue pela Associação na sexta-feira, dia em que a Novo Macau levou a cabo uma conferência. Caracterizou o caso da Iec Long como “uma extorsão” e pediu que se recuperem os recursos públicos gastos. A Novo Macau fala em injustiças nas trocas de terrenos, mas também abuso de poder, corrupção e erros administrativos. Crimes que, defende, só podiam ter sido cometidos pelos dirigentes da altura, onde se inclui o ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho. Sou Ka Hou, da Novo Macau, disse ao Jornal do Cidadão que o relatório do CCAC é um verdadeiro chumbo à Lei de Terras, que tem causado polémica na sociedade, e que só prova que o poder discricionário de um Chefe do Executivo dá origem a negócios “feitos por debaixo da mesa”. A Novo Macau diz ainda que o caso demonstra apenas uma parte pequena das ilegalidades que aconteceram dentro do Governo e de conluio entre empresários e Executivo no passado. Ng Kuok Cheong, deputado eleito pela Novo Macau mas agora separado do grupo, também assina por baixo das declarações feitas. Numa interpelação, questiona se o Governo tem intenção de prosseguir com acusações de fraude no MP e como é que vai fazer para receber o dinheiro dos terrenos. * com Angela Ka [drocap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Cultural (IC) tem de entregar um relatório sobre a preservação feita na Fábrica de Panchões Iec Long daqui a dois meses. A ordem é do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que o disse numa reunião do Conselho do Património Cultural, onde ficou ainda a saber-se que o proprietário da Fábrica terá de restituir apenas parte do dinheiro gasto na conservação. “O IC vai ter de apresentar um plano de actividades sobre [as obras] e o relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). O relatório vai ser entregue por Ung Vai Meng e temos de encontrar o proprietário para recuperar o dinheiro”, frisou Alexis Tam. A forma como foi feita a preservação da Fábrica incomodou o CCAC, que indicou que o IC deveria ter falado com o proprietário para que este fizesse a preservação da fábrica antes de gastar dinheiro do erário público. Na sexta-feira, Guilherme Ung Vai Meng, presidente do IC, explicou que a entrada do instituto na fábrica mesmo sem interesse do proprietário se deveu a situações que punham a população em risco. “Podia ficar comprometida a vida da população. O IC teve de actuar. Havia mosquitos, ácido sulfúrico e carvão para o fabrico de explosivos. Tendo em consideração a ordem pública, o IC e a PJ entraram no local”, disse. Os líquidos inflamáveis foram, depois, levados para Seac Pai Van em contentores e para “um local sem moradores”, onde foram queimados. O responsável admitiu que o IC não fez um trabalho “muito preciso” na procura do proprietário da fábrica, mas relembra também que quase todas as casas recuperadas são propriedade do Governo. “Tomámos a iniciativa de reparar porque as casas estavam em ruína e porque o espaço estava a ser utilizado para ‘war games’. Mas também, das 16 casas que arranjamos, só uma não é propriedade do Estado. Daí que só tenhamos que pedir o dinheiro por uma”, frisou Ung Vai Meng, não sabendo, para já, indicar qual a percentagem dos cinco milhões que tem de ser devolvida. Museu no horizonte A conclusão da investigação do CCAC face à troca de terrenos da Iec Long com o Governo, que mete o ex-Procurador, o Secretário Ao Man Long, e o ex-director Jaime Carion, indica que o acordo para a permuta de terrenos feito em 2001 está errado em vários princípios, que vão desde violações “graves à lei”, a falta de competência do director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e a um cálculo de valores de terrenos prejudicial à RAEM. Agora, a ideia é preservar o local até ao mínimo detalhe, sendo que o IC já manifestou querer integrar a Iec Long no segundo grupo de bens imóveis a ser classificados “em breve”. Desde 2013 que “o IC tem feito imensas obras de reparação dentro da Iec Long” e foi nesse ano que teve “conhecimento do problema e tentou corrigir a questão [da degradação], mas não havia lei” do Património e o local, diz Ung Vai Meng, “estava em circunstâncias caóticas”. O presidente do IC mostrou-se satisfeito por ter levado a cabo os trabalhos, porque “se não os tivesse feito tudo teria sido demolido”. O instituto quer tornar o local um museu que mostre exactamente como se fabricavam os panchões: para isso baseou-se em livros sobre a história da fábrica, dialogou com os moradores da zona e recolheu utensílios e móveis para o espólio do património. De tutela em tutela O caso da permuta de terrenos da Iec Long envolveu a Shun Tak Holdings, que trocou um terreno de 99 mil metros quadrados com a Sociedade da Baía da Nossa Senhora da Esperança, que se dizia dona dos lotes da Fábrica. Sem autorização para tal, resta saber se os edifícios Mandarim Oriental e One Central estão em risco por estarem a ocupar um local cujo proprietário não era a Sociedade. Advogados dizem que não, mas numa resposta dada ao HM, o CCAC diz que “a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes está a realizar a análise e o estudo aprofundado do caso” e vai acompanhá-lo “e resolver o assunto em conformidade com a legislação em vigor”. Já Alexis Tam, questionado na sexta-feira sobre a eventual existência de fraude, disse apenas que essa situação não cabia à sua tutela. “Compete a outros serviços públicos proceder a processos de acção judicial”, rematou.
Hoje Macau SociedadeNice | Cidadãos atropelados por camião nas comemorações do Dia da Bastilha Comemorava-se o Dia da Bastilha e era anunciado o final do estado de emergência quando Nice viu as comemorações transformadas em pânico e cadáveres. Um camião irrompia pela multidão dentro somando mais um ataque à liberdade e uma labareda ao medo [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]elo menos 84 pessoas morreram e existem 18 pessoas em estado crítico depois do atentado da passada quinta-feira, em Nice, França. O incidente ocorreu perto do Hotel Negresco, no Passeio dos Ingleses, onde uma multidão passeava nas ruas para festejar o feriado nacional do 14 de Julho, Dia da Bastilha, quando um camião irrompeu por entre a multidão. Somam-se ainda 50 vítimas com ferimentos ligeiros e mais de uma centena “implicados”. Segundo o jornal “Le Figaro” a documentação encontrada no camião que avançou contra a multidão indica que o autor do atentado era franco-tunisino e tinha 31 anos. O mesmo jornal escreve que o homem estava sozinho no camião. Miguel Cunha, natural de Paredes de Coura e a viver em Nice há quatro anos contou ao jornal Público o cenário que testemunhou: “quando nos estávamos a encontrar, olho para o outro lado e só vejo pessoas a voar”, conta o português, ainda em choque. “Pareciam moscas a voar. Foi horrível. A rua estava cheia de pessoas, de famílias. Toda gente tinha saído, havia concertos”, continua, explicando ter visto o camião parar “uns 30 metros à frente”, antes de ainda se terem ouvido tiros. “Não foram os tiros que o pararam, ele parou antes. Deve ter tido algum problema. Ainda vi uma pessoa a tentar subir ao camião e a puxar o homem para fora.” O camião, conta o emigrante, já vinha a atropelar pessoas desde trás. “Dizem que vinha em ziguezague para chegar a mais pessoas mas nos últimos 30 metros, o que eu vi, ele já vinha em linha recta e a abrandar. Não devia vir a mais de 50 km/h.” Mais três meses de estado de emergência O ataque acontece quando François Hollande tinha acabado de anunciar que o estado de emergência, que vigora desde os atentados de Paris, em Novembro do ano passado, ia ser levantado a partir de 26 de Julho. O Presidente francês já anunciou que irá prolongar o estado de emergência por mais três meses. François Hollande dirigiu-se ao país ainda durante a madrugada, depois de reunir com o gabinete de crise em Paris e sublinhou que “não se pode negar o carácter terrorista deste ataque”. Hollande classificou o atentando como uma “monstruosidade” de uma “violência absoluta”, destacando o número de crianças mortas. Ao volante A organização terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou o atentado de Nice. O assassino que transformou um camião de 19 toneladas numa arma, matando pelo menos 84 pessoas, é “um soldado do Estado Islâmico, que agiu em resposta aos apelos para tomar como alvo os cidadãos dos países da coligação que combate o EI”, afirmou a agência noticiosa desta organização que controla território na Síria e no Iraque. Continuam no entanto a pairar dúvidas – Mohamed Lahouaiej Bouhlel, o francês de origem tunisina que conduzia o camião, nunca deu sinais de se ter radicalizado, nem deixou qualquer indício de lealdade para com o Estado Islâmico. “Até aqui, o EI nunca reivindicou de forma oportunista a autoria de atentado, embora o tivesse podido fazer muitas vezes”, analisa, em declarações ao Le Monde, o jornalista David Thomson, especialista em jihadismo. Para o Governo de Paris, não há dúvida que se trata de terrorismo. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, declarou no sábado, após uma reunião do gabinete de crise governamental, que o autor do atentado “parece ter-se radicalizado muito rapidamente”. “Pelo menos é o que se entende, através dos primeiros elementos da investigação”, afirmou, citado pela AFP. Doente mas culpado Um psiquiatra de Sousse, na Tunísia que atendeu Mohamed Lahouaiej Bouhlel em 2005, quando este teve um episódio de depressão, disse à revista L’Express que recorda um jovem de 19 anos, que foi à consulta com o pai, porque tinha problemas escolares e de adaptação familiar. “Sofria de uma alteração da realidade, do discernimento e de problemas do comportamento: tinha um princípio de psicose”, recordou o psiquiatra Chemceddine Hamouda. “Nada no seu comportamento permitia antever este massacre. Estes problemas, se não forem tratados durante anos, podem levar a uma esquizofrenia. Mas recuso categoricamente a ideia de que não possa ser responsabilizado pelo acto. Uma tal violência precisa necessariamente de endoutrinação, um delírio de radicalização em paralelo com os seus problemas psicológicos. Não é o acto de um louco, é um acto premeditado”, afirma categoricamente o psiquiatra à L’Express. Solidariedade Internacional O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem de condolências ao seu homólogo francês. Na mensagem, citada pela Lusa, o Presidente afirma que “foi com grande consternação” que recebeu a notícia “do hediondo atentado ocorrido esta noite em Nice, que teve lugar, para mais, num dia tão especial para França” – o feriado nacional em que se evoca a Tomada da Bastilha, que marcou o início da Revolução Francesa, em 1789. “Os meus pensamentos estão com as dezenas de vítimas e com os seus familiares, com todos os franceses, em solidariedade fraterna neste momento de dor e de angústia. Em meu nome e no de todos os portugueses, envio as mais sentidas condolências ao Presidente François Hollande e a todo o povo francês”, acrescenta Marcelo Rebelo de Sousa. O primeiro-ministro um comunicado a repudiar o ataque e a informar que os consulados e a embaixada estão a trabalhar para procurar portugueses. “O Governo português repudia e condena veementemente este atentado, que, mais uma vez, ataca a França e todos os europeus”, diz num curto comunicado. Na mesma mensagem, António Costa lamenta as vítimas e manifesta “total solidariedade para com França e os franceses”. Obama foi citado pela AFP numa declaração em que condena “aquilo que parece ser um horrível ataque terrorista”. “Estamos solidários com a França, o nosso aliado mais antigo, neste momento em que enfrenta um ataque”, disse o Presidente norte-americano, citado pela AFP, oferecendo ajuda do seu país para apurar responsabilidades neste caso. A nova primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, segue também os “terríveis acontecimentos” de Nice, segundo um porta-voz do executivo com sede em Downing Street, que acrescentou que o novo Governo, empossado há um dia, se sente “chocado e inquieto”. “Estamos prontos a ajudar todos os cidadãos britânicos e a apoiar os nossos parceiros franceses”, acrescentou a mesma fonte, citada pela AFP.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Visitantes gostam menos de jogo e mais de compras. Património não encanta Vieram cá por causa das compras, da comida e do património, deixando de lado o jogo. Os turistas têm os três primeiros itens como foco para uma visita ao território, ainda que o património esteja a desiludir [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]ompras, gastronomia e património foram os principais motivos pelos quais os visitantes escolheram Macau no primeiro trimestre do ano, com o jogo a figurar em quarto lugar, indica um estudo do Instituto de Formação Turística (IFT). Segundo o Índice de Satisfação dos Turistas de Macau, as três principais motivações que levaram à escolha de Macau como destino foram as compras (25,9%), a gastronomia (25,3%) e os locais classificados como Património Mundial (18,4%), ainda que este tenha também desiludido. Fora do pódio das principais atracções para os visitantes ficou o jogo, com apenas 10% – contra 13,7% nos primeiros três meses do ano passado. Globalmente, a satisfação dos turistas de Macau desceu ligeiramente em termos anuais homólogos, fixando-se em 69,6 pontos (contra 69,7 nos primeiros três meses de 2015), mas aumentou face ao quarto e último trimestre de 2015 (quando foi de 67,8). Olhando para o desempenho de cada uma das dez áreas relacionadas com o turismo, que compõem o índice global, verifica-se que foram os eventos que granjearam o nível mais elevado de satisfação (78,9 numa escala em que o máximo corresponde a 100), seguindo-se os transportes (74,2) e os casinos (72,9). A pontuação dada aos três sectores subiu entre Janeiro e Março relativamente ao período homólogo do ano passado, sendo que os casinos registaram o seu nível de satisfação mais elevado desde 2010 (73,1). Melhor classificação foi dada também aos hotéis (70,3) e às atracções não ligadas ao património (71). Em contrapartida, o nível de satisfação dos visitantes diminuiu nas restantes cinco componentes: imigração (68,8), lojas (66,8), guias e operadores turísticos (65,3), restaurantes (64,3) e património (63,6). Dos dez sectores analisados o património foi o que teve a pior pontuação. A maioria dos inquiridos deslocou-se a Macau principalmente para férias e lazer (94,3%), para visitar amigos e familiares (3,1%) e em negócios (2,1%). Seis em cada dez entrevistados (63,1%) já tinham estado em Macau. No ano passado, o território foi o destino escolhido por 30,71 milhões de visitantes, menos 2,57% face a 2014, registando a primeira queda anual desde 2009.
Joana Freitas Manchete SociedadeColoane | Achados arqueológicos mostram actividade humana há 4000 anos Pedaços do Bronze, do Neolítico e de dinastias anteriores ao período em que se pensava que Macau começou a existir. Achados arqueológicos em Coloane abrem a porta a um território onde a actividade humana e industrial começou há milhares de anos [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau descende de uma indústria diversa de panchões, fósforos e tinturia. A hipótese já era conhecida, mas agora as escavações arqueológicas que estão a ser feitas na Rua dos Estaleiros, em Coloane, podem prová-lo. O Conselho do Património Cultural apresentou resultados dos achados arqueológicos, que indicam actividade humana e até industrial em Macau desde há quatro mil anos. E uma presença que passa por várias dinastias. “Encontrámos em Macau quatro períodos históricos. [Isto] é único, foi só agora. Vestígios de há quatro mil anos e diferentes camadas culturais e períodos históricos”, começou por dizer Cheng, técnica superior do Instituto Cultural (IC). “Encontrámos tanques para guardar água e uma substância química, que não sabíamos o que era. Enviámos para a Universidade de Zhongshan para determinarem. Havia uma substância 30% acima da água natural, o que mostra actividade humana e até industrial e que pode ajudar a desvendar o desenvolvimento [fabril]”, explicou, dizendo que ter como referência as regiões vizinhas ajudou a entender os achados. Além de fragmentos do Neolítico (3000/4000 anos) e do Bronze (2500/3000 anos), também se encontraram objectos da Dinastia Qing e de outras. Rica herança “Os arqueólogos encontraram quartzo, que data de três a quatro mil anos, que deve ser do período em que o homem começou a utilizar e fabricar acessórios. Encontraram potes e fragmentos da idade do Bronze. Lareiras da dinastia Tang e Song. Macau começou em meados da dinastia Ming, mas isto mostra que já antes havia actividades humanas, o que é uma descoberta de grande relevância.” Foram dois anos de escavações, investigações e estratégias de preservação em 680 metros quadrados de terreno que não está totalmente escavado. Divididas em três fases, as escavações passaram a pente fino o campo de futebol, basquetebol e o parque de estacionamento da Rua dos Estaleiros. Especialistas dizem que “não se pode fazer as escavações todas de uma vez”, frisou o IC, e a protecção vai ser feita em “local adequado”, mas também no próprio sítio. “Não vamos agora fazer profundas escavações, porque acreditamos na mesma zona ainda há artefactos”, frisou Cheng. Os achados que foram encontrados e puderam ser movidos, foram-no, mas tanques e lareiras, por exemplo, vão ficar tapados com um “enchimento leve” e, por isso, não vão estar expostos ao público. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura e presidente do Conselho do Património, frisou que a ideia é que as próximas gerações possam fazer um trabalho melhor de preservação. “É uma descoberta muito importante para o Governo, ter uma civilização muito antiga [aqui] e uma herança cultural muito rica”, frisou Alexis Tam, acrescentando que vieram especialistas portugueses e da Holanda ajudar nas investigações. “Mostra que havia actividade humana em Macau e a preservação é o foco. Temos de saber como preservar e, por isso, não vamos recomendar qualquer actividade comercial nesta zona.”
Joana Freitas SociedadeRecluso do EPM faleceu no hospital público [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]orreu um recluso do Estabelecimento Prisional de Macau na passada semana, depois de problemas de coração. Um comunicado da prisão dá conta da morte de um homem, a 14 de Julho, que teve arritmia. Apesar de ter sido “submetido a tratamento cardíaco” no Hospital Conde de São Januário, o homem acabou por morrer “após socorros infrutíferos”. Os Serviços de Saúde ainda não sabem a verdadeira causa da morte. O recluso, de apelido Ieong, tinha 42 anos e estava preso por ofensa grave à integridade física. Foi condenado a um ano e três meses de cadeia. “Conforme o registo clínico elaborado pelo médico do nosso Estabelecimento Prisional, o recluso tinha vários problemas de saúde, nomeadamente, Lupús Eritematoso Sistémico, Hemiplegia, Epilepsia (em Março de 2016) e doença renal na fase terminal. Necessitava de ser submetido a tratamento clínico prolongado, a consultas médicas no hospital e a Hemodiálise. A fim de reforçar a observação clínica e facilitar o acesso ao tratamento, o recluso foi deslocado e internado na enfermaria do Estabelecimento Prisional, porque o mesmo necessitava de ir três vezes por semana ao hospital, para efectuar o tratamento de hemodiálise”, pode ler-se no comunicado da prisão. Ieong tinha dito que estava a sentir dores no peito por volta das três da manhã e a enfermeira detectou, de facto, algo irregular. O médico encaminhou-o para o hospital público. Eram cinco quando lá chegou, onde já o esperavam familiares. Por volta das sete faleceu. “O momento da morte do recluso Ieong deu-se durante o período de visita dos familiares, portanto este estava acompanhado pela sua família. A Direcção dos Serviços Correccionais irá acompanhar os assuntos posteriores, prestando apoios necessários aos familiares do falecido”, remata o EPM. J.F
Joana Freitas SociedadeMuseu do GP abre em 2018 com cinco pisos e figuras de cera [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s 300 milhões de patacas que o Governo vai investir no novo Museu do Grande Prémio vão ajudar a criar aquele que pretende ser “o único museu deste género no mundo”. Isso mesmo disse Alexis Tam na sexta-feira, dia em que anunciou que a intenção é que o novo espaço esteja pronto em 2018. O museu vai passar de um único piso para todo o edifício do Centro de Actividades Turísticas. A remodelação de cinco andares, casas-de-banho, esgotos e decoração vai chegar aos 300 milhões de patacas, num preço “proposto por engenheiros e arquitectos” ao Executivo. “Este edifício [do Centro de Actividades Turísticas] não está a ser bem aproveitado e pode tornar-se um museu temático único no mundo. Vamos ter carros, figuras de ídolos em cera, actividades para pais e filhos, zonas de filme e zonas interactivas”, frisou o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, na semana passada, à margem de uma reunião do Conselho do Património. “Vai no sentido desta marca atrair mais turistas e até poder prolongar a estadia dos visitantes em Macau.” O orçamento de 300 milhões é “apenas uma referência”, disse o Gabinete de Alexis Tam em comunicado, e o projecto deverá ir a concurso público para o ano. O objectivo é que fique pronto em 2018, altura do 65º Grande Prémio de Macau.
Tomás Chio SociedadePJ detém duas pessoas por sequestro e morte de homem [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]homem que foi encontrado morto sem roupa na plataforma de um edifício na ZAPE terá sido vítima de um crime de usura e ofensa à integridade física. A Polícia Judiciária (PJ) emitiu um comunicado onde indica que duas pessoas admitiram estar envolvidas no caso que envolvia o morto. Além disso, a fracção de onde o homem terá “caído” é uma pensão ilegal. O caso remonta à semana passada, quando o corpo nu de um homem foi encontrado no pódio de um edifício do Centro Internacional. Na altura, a PJ indicou que o homem saltou de uma casa de banho de uma fração de terceiro andar. A PJ referiu agora ao Jornal Ou Mun que, antes de morrer, o homem foi visto a jogar num casino da ZAPE depois de ter recebido 20 mil patacas de empréstimo de um grupo criminoso. O homem perdeu todo o dinheiro em poucas horas e foi, então, levado para o apartamento pelo grupo, que pediu o dinheiro aos pais da vítima, do interior da China. Estes recusaram pagar, mesmo após terem recebido um vídeo do filho onde este foi despido e violentado. O homem não conseguiu que os pais pagassem a dívida e viu, como única escolha, fugir do local. Terá sido aí que decidiu saltar da janela do apartamento, tendo acabado por morrer. Na última sexta-feira, dois homens do interior da China, um de apelido Wong e outro de apelido Ng, admitiram ter capturado e batido no homem. Foram mandados ao Ministério Público, depois de terem fugido para o continente e regressado por medo das represálias na China. A PJ ainda deteve mais sete envolvidos. Uma mulher do Vietname está envolvida no caso, mas não se sabe ainda se terá ligação com o grupo, visto ser apenas a proprietária da fracção onde funcionava a pensão ilegal.
Tomás Chio SociedadeNovo museu do Grande Prémio vai custar 300 milhões [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo vai realizar uma reestruturação das actuais instalações do Museu do Grande Prémio de Macau, estando previsto um orçamento de 300 milhões de patacas para um projecto que deverá estar concluído em Novembro de 2018. Quanto ao concurso público, deverá ser realizado no próximo ano, disse a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, citada pelo Jornal do Cidadão. Helena de Senna Fernandes justificou os custos com a necessidade de reorganização das salas e da estrutura do Centro de Actividades Turísticas, onde actualmente funciona o museu. A responsável explicou que a mesma estrutura funciona sem alterações há cerca de 20 anos, sendo necessária uma expansão das estruturas e ainda a introdução de mais viaturas para a exposição. A directora da DST afirmou ainda estarem a ser feitos contactos com mais entidades no sentido de introduzir algumas novidades no museu, como é o caso de vídeos em 3D, entre outros atractivos. Como o actual edifício contém salas para conferências e exposições, a directora prevê que as obras poderão afectar o seu normal funcionamento, sendo que, nesse período, o Centro de Actividades Turísticas estará fechado ao público. Este é um dos espaços mais frequentados por grupos de turistas que diariamente visitam Macau inseridos em excursões. Vinho em Coloane? Numa resposta a uma interpelação escrita, Helena de Senna Fernandes dizia que uma das intenções do Governo era mudar o Museu do Vinho para Coloane, de forma a promover outras zonas de Macau como turísticas. Em declarações ao HM, contudo, a Direcção dos Serviços de Turismo explica que a questão ainda está a ser estudada. “De momento ainda decorre um processo de análise interna sobre o assunto, pelo que mais informações sobre este projecto serão anunciadas mais tarde”, frisou o organismo.
Tomás Chio Manchete SociedadeSeac Pai Van | Empresário queixa-se a Governo para acelerar projecto Mais um empresário a dizer que não vê qualquer avanço na aprovação de um projecto para um lote em Seac Pai Van. O prazo termina em cinco anos, diz [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]ecil Chao Sze-Tsung, empresário da construção civil e director da Cheuk Nang Holding, de Hong Kong, disse ao jornal Ou Mun que adquiriu um terreno na zona de Seac Pai Van em 2005, mas que até agora o Governo ainda não deu qualquer avanço face à aprovação do projecto. A concessão do terreno irá terminar daqui a cinco anos, alertou o empresário, que espera que o Executivo possa acelerar o processo. O terreno está pensado para receber um complexo de prédios habitacionais, um centro comercial e hotéis, um investimento que deverá rondar as oito mil milhões de patacas. O empresário alega que entregou o projecto em 2006 mas, passados dez anos, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) continua a falar em “falta de recursos humanos para que o processo não avance”. Outra das explicações dada pela DSSOPT, segundo o empresário, prende-se com a necessidade de dar prioridade à construção de habitações públicas e empreendimentos de Jogo. Cecil Chao Sze-Tsung referiu ainda que já entregou o relatório de impacto ambiental e outros documentos adicionais, mas a planta de condições urbanísticas continua por aprovar. O empresário defendeu ao Ou Mun que o investimento estrangeiro visa construir projectos de qualidade em Macau, mas que o Governo nada faz quanto a isso. A Cheuk Nang Holding já terá enviado várias cartas ao Governo a pedir a celeridade do projecto, mas nunca recebeu respostas. Cecil Chao Sze-Tsung disse ainda temer que o seu projecto não fique concluído antes do fim do prazo de concessão do terreno, frisando que não é correcto o Governo reaver os pedaços de terreno dos empresários que os queiram desenvolver. O empresário adiantou que já fez vários investimentos em todo o mundo e que nunca teve de esperar uma década para ver um projecto aprovado, nem mesmo no interior da China.
Joana Freitas Manchete SociedadeIec Long | Caso “chocante” e críticas sobre inércia do Governo Deputados pedem uma investigação mais profunda.Advogados consideram que a retirada dos terrenos permutados não tem consequências para a Shun Tak e um especialista do Centro “Um País, Dois Sistemas” diz existir uma violação à Lei Básica [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m caso absurdo, chocante e que viola a Lei Básica. As repercussões do relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) sobre a troca de terrenos entre Governo e Iec Long já se fizeram sentir. Para o deputado Si Ka Lon o caso é “absurdo” e foi “o mais potente desde o retorno de Macau à pátria”. O número três de Chan Meng Kam no hemiciclo aplaude a iniciativa do CCAC e questiona a “inconsciência” encontrada no caso. “Uma empresa e um director das Obras Públicas é que negoceiam uma troca de um terreno destes e só 16 anos depois da transferência é que se sabe? Ninguém nunca reparou nisso? Onde está a supervisão?”, atira o deputado. Kwan Tsui Hang concorda, descrevendo o assunto como “chocante”, pelo facto dos documentos nunca terem sido verificados por outra pessoa. A deputada também aplaude o CCAC e diz que o Governo deve retirar os terrenos trocados sem autorização. Algo que não é fácil. Uma das questões prende-se precisamente com a troca de terrenos entre os proprietários da Iec Long e outras empresas. Uma delas é a Shun Tak, que pagou 500 milhões de dólares de Hong Kong à Sociedade de Desenvolvimento Predial da Baía Nossa Senhora da Esperança em troca de 99 mil metros quadrados de terreno para a construção do Mandarin Oriental e dos prédios do One Central. O problema é que a Sociedade não tinha autorização para ceder o que quer que fosse. Para mais tarde O advogado Chio Song Meng considera que os empreendimentos da Shun Tak não serão afectados pelo facto do acordo ter sido agora considerado nulo pelo CCAC. Contudo, em declarações ao Ou Mun, alerta que entre a Shun Tak e Sociedade é provável que ocorra um processo. Também o advogado Miguel de Senna Fernandes aponta que o relatório do CCAC não tem qualquer efeito legal, portanto “tudo depende da posição do Governo”. Se o Governo decidir que os terrenos já permutados são nulos, a consequência será grande, avisa ao mesmo jornal. O HM tentou perceber junto das Obras Públicas se há algum tipo de consequência, mas não foi possível até ao fecho desta edição. Entretanto, sabe-se que Raimundo do Rosário fica responsável pela anulação de acordo. O Chefe do Executivo determinou que o Secretário para os Transportes e Obras Públicas vai ser o responsável pelo acompanhamento da anulação do acordo sobre a permuta de terrenos e pelas consequências dessa anulação. Num comunicado, Chui Sai On indica que “há algumas questões que importa resolver” e é preciso que “a legalidade seja reposta”. Lei Básica em risco Num comentário feito pelo Coordenador do Centro de Estudos “Um País, Dois Sistemas” do Instituto Politécnico de Macau, Leng Tiexun, no Jornal Ou Mun, este considera que o caso viola a Lei Básica. O responsável relembra que o artigo 7º da Lei Básica indica que os solos e os recursos naturais são propriedade do Estado, excepto os que forem propriedade privada antes do estabelecimento da RAEM. Portanto, diz, não se pode produzir nova propriedade privada depois de 1999, “senão é uma directa violação da Lei Básica”. No caso da Fábrica de Panchões, todo o terreno ocupado pela fábrica foi considerado como propriedade privada, mas de facto só algumas partes do terreno o eram, relembra. Um dos responsáveis da Sociedade da Baía Nossa Senhora da Esperança é Sio Tak Hong, também membro da Conferência Chinesa e do Conselho Executivo local. É também presidente-fundador da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun, ao lado de Mak Sui Kun, vice-presidente da mesma associação. Questionado sobre o paradeiro de Sio Tak Hong, o também deputado respondeu que não sabia se este estava em Macau. Mak Soi Kun disse apoiar o Governo, mas afirma que o relatório do CCAC “é uma descrição básica do caso e a informação fornecida é parcial”, pelo que não é conveniente fazer comentários. Pereira Coutinho rejeita culpas de Carion O relatório do CCAC é claro: as trocas ilegais de terrenos foram feitas pelo ex-director das Obras Públicas, Jaime Carion, que representou a RAEM nesse sentido. O ex-responsável não reagiu ainda ao relatório, tendo-se mostrado sempre incontactável, mas o deputado José Pereira Coutinho não gostou da acusação. “O CCAC levanta algumas questões cuja responsabilidade põe nos ombros do ex-director da DSSOPT. Acho anedótico estar a culpar um ex-director, é uma forma simplista e fácil de sacudir a água do capote dos actuais dirigentes. Como ele já está aposentado é mais fácil acusar porque já não faz parte da família. Não acredito que se ele ainda fosse o director da DSSOPT o CCAC teria a coragem de o culpabilizar. Não aceito de maneira nenhuma que ele assuma a responsabilidade total, quando se trata de matéria de terrenos. Lau Si Io (Secretário a partir de 2007) está no activo e deveria ser ouvido e investigado. Na Lei de Terras já há muitos deputados [que o querem ouvir], eu próprio. Se ele fez alguma promessa que não está a ser cumprida tem de ser apontada a responsabilidade disciplinar”, frisou aos jornalistas. IC vai “acelerar” classificação da Fábrica O Instituto Cultural (IC) assegura concordar com as ideias deixadas no relatório e admite que vai acelerar a classificação da Fábrica de Panchões Iec Long. Para o instituto, acusado pelo CCAC de ter gasto cinco milhões de patacas em preservações que não eram da sua responsabilidade – e que levaram a um “embaraço” – a infra-estrutura tem grande importância. Mas o organismo também frisa que vai ter atenção às acusações de falta de cumprimento da lei. “A Fábrica possui um valor cultural importante, sendo um dos objectos do levantamento do património cultural. O IC irá acelerar a recolha de provas das informações relevantes e dar o início ao procedimento de classificação da Fábrica segundo as condições”, diz. “O IC irá, segundo as sugestões emitidas pelo CCAC e em conformidade escrupulosa com a Lei de Salvaguarda do Património Cultural, tratar adequadamente os trabalhos de conservação e a responsabilidade e atribuição das partes envolvidas na reparação.” As ruínas da Iec Long são das melhores preservadas “em larga escala no sul da China”, mas o local foi abandonado após o encerramento, em meados de 80. Até agora, o IC reparou um total de 16 edifícios, sendo que a oficina para produzir panchões, as paredes reforçadas contra explosões e o armazém “estão basicamente bem preservadas”. Em 2014, o IC assegura que enviou dois ofícios aos proprietários, mas apenas para exigir que estes cuidassem das plantas e ervas a mais.
Andreia Sofia Silva SociedadeUepay | Esperadas mais entidades para pagamentos online O economista Albano Martins considera que podem surgir mais instituições financeiras viradas para pagamentos online, à semelhança da recém criada Uepay. Um sinal de “modernização” do mercado, aponta [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mercado financeiro local tem, pela primeira vez, uma instituição financeira virada para pagamentos online. A Uepay começa a funcionar com um capital social de 20 milhões de patacas e estará agora sujeita às regras de funcionamento a definir pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM). Na prática, quem optar por pagamentos via internet poderá usar esta plataforma pela primeira vez no território, já que nunca antes a AMCM terá recebido pedidos para o estabelecimento deste tipo de instituições financeiras, confirmou o HM. Para o economista Albano Martins, mais instituições como esta vão surgir. “Sei que pelo menos há mais um grupo de interessados, mas a verdade é que isso é provável de acontecer, sobretudo quando há casinos e muitas transacções via internet e é preciso assegurar alguma segurança. Há outras sociedades que estão a pedir abertura ao Governo para fazer esse tipo de operações. Isso é sinal de que o mercado está a desenvolver-se.” Sinais de progresso O economista fala de um “sinal de modernização”. “O mercado financeiro de Macau é muito velho e não tem nada de novo, os próprios instrumentos que foram criados, como bancos de desenvolvimento, nunca apareceram, e é pela primeira vez uma lufada de ar fresco num sistema muito tradicional. É provavelmente um sinal de modernização.” Até agora alguns bancos facilitavam os pagamentos e transacções online mas não existia ainda uma instituição virada apenas para este segmento. O despacho publicado em Boletim Oficial alerta para o facto da Uepay Macau Sociedade Anónima ter apenas “como objecto social a prestação de serviços de pagamento através de internet e telemóvel”. Esta deve ainda “adoptar os estatutos previamente aprovados pela Autoridade Monetária de Macau e exercer a sua actividade pelas condições fixadas”. Albano Martins referiu ainda que existe um quadro legal para o estabelecimento deste tipo de instituições financeiras, nomeadamente o Regime Jurídico do Sistema Financeiro.
Andreia Sofia Silva SociedadeEdifício de Doenças | Moradores dizem que demolições são “perigosas” As demolições que estão a ser feitas para a construção do Edifício de Doenças Infecto-Contagiosas são “perigosas”, diz o porta-voz dos moradores, que teme pela segurança das crianças do jardim-de-infância [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]Estão contra a construção do Edifício de Doenças Infecto-Contagiosas e também consideram “perigosas” as demolições que estão a ser feitas para a sua construção. É esta a posição dos residentes que moram junto ao hospital Conde de São Januário, confirmou ao HM o seu porta-voz, Anderson Cheong. “Pensamos que as demolições são perigosas. Foi publicado um artigo no jornal Ou Mun em que especialistas de construção afirmam que é muito perigoso demolir os edifícios e destruir a montanha perto da zona residencial. Os edifícios podem colapsar ou sofrer outro tipo de incidentes. Não sei o que vai acontecer às crianças que estão no jardim-de-infância e que brincam ao ar livre”, apontou. O porta-voz acusou o Governo de “ter mentido este tempo todo”. “Já mostramos várias evidências mas não somos ouvidos e apenas insistem naquilo que acham que é correcto. Vários deputados já disseram que o Governo não está a agir de forma correcta, mas tudo continua. Começaram a demolir edifícios sem nenhum aviso.” Segurança garantida Os Serviços de Saúde (SS) divulgaram ontem um comunicado onde afirmam que a demolição completa dos edifícios deverá ficar concluída num prazo de 120 dias, tendo sido feitas a vedação da área. “Os SS salientam que as obras serão realizadas de forma a que a segurança dos residentes daquela área e da população em geral seja garantida e apelam aos residentes para que prestem a maior atenção à sua segurança no acesso à referida via, durante a execução das obras de demolição.” O Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) vai dar prioridade à demolição dos edifícios junto à via entre a porta traseira do edifício Ka On Court e a Estrada de São Francisco. No mesmo comunicado, o Governo volta a frisar a importância do projecto. “Apesar de algumas decisões políticas serem difíceis de obter consentimento de todos os residentes, é grato que a maioria dos residentes compreende e apoia o plano de construção do Edifício das Doenças Transmissíveis.” Quanto à histórica muralha localizada no local, os SS garantem que está em bom estado de conservação. “Estas ruínas possuem um valor histórico precioso. Entre Abril de 2013 e Julho de 2014, o Instituto Cultural (IC) procedeu ao trabalho de reparação e presentemente esta muralha está em boas condições. No planeamento de construção do edifício de doenças transmissíveis, tomou-se em consideração os diferentes aspectos da muralha. O IC estará atento à protecção das condições da muralha durante as diferentes fases das obras”, conclui o Executivo.
Joana Freitas Manchete SociedadeIec Long | CCAC considera nula permuta de terrenos com Governo e fala em violação à lei Violações graves à antiga Lei de Terras, competências ultrapassadas e um acordo nulo. É conhecida a conclusão da investigação do CCAC face à troca de terrenos da Iec Long com o Governo, numa história tão complexa que mete o ex-Procurador, o Secretário Ao Man Long, o ex-director Jaime Carion e muitas empresas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]acordo que o Governo fez com os proprietários da antiga Fábrica de Panchões Iec Long é nulo e viola a lei. A conclusão é do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que diz que o acordo para a permuta de terrenos feito em 2001 está errado em vários princípios, que vão desde violações “graves à lei”, a falta de competência do director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e a um cálculo de valores de terrenos prejudicial à RAEM. “O CCAC verificou algumas práticas da Administração Pública que violaram manifestamente o princípio da legalidade”, começa por apontar o organismo liderado por André Cheong. “As formas, os procedimentos e os princípios da permuta de terrenos estão previstos expressamente na antiga Lei de Terras, mas os adoptados na permuta do terreno da Iec Long desviam-se gravemente do disposto na lei. O [acordo] firmado pelo director da DSSOPT e pelo representante da Sociedade da Baía da Nossa Senhora da Esperança não está em conformidade com o disposto na antiga Lei de Terras.” Entre as falhas apontadas, estão o facto do director nem sequer ter exigido à Sociedade a apresentação do documento comprovativo dos seus direitos sobre todo o terreno da Fábrica de Panchões e o facto do valor do terreno da Iec Long incluir coisas que não devia. “Inclui não só o valor das parcelas que constituem propriedade privada e das aforadas, mas também o valor das arrendadas já devolvidas ao Governo, das parcelas vagas e das parcelas da propriedade do Estado. [Tudo] foi deduzido do prémio, o que violou manifestamente a igualdade das prestações consagrada na antiga Lei de Terras.” Contornos de novela O caso da troca de terrenos da Iec Long, na Taipa, voltou à baila em 2015, quando a Macau Concelears deu a conhecer que o Governo e os donos do terreno da Iec Long tinham celebrado um acordo onde o Executivo se comprometia a conceder um lote na Baía de Nossa Senhora da Esperança, na Taipa, com 152 mil metros quadrados, em troca do terreno da fábrica, com 28 mil. A ideia do Governo era construir um parque temático no local e, depois de diversas sugestões e desacordos, o Executivo finalmente cedeu outros lotes. Foi em 1950 que o terreno da Fábrica foi concedido por arrendamento a Tang Kun Hong e Tang Ming Hong, proprietários da Iec Long, para que pudessem continuar a actividade. Na década de 1980, o Governo decide retirar a concessão devido ao declínio da indústria. Com a “fábrica parada”, não fazia sentido os terrenos estarem nas mãos dos empresários. O terreno da fábrica contava, contudo, com mais de 3200 metros quadrados de lotes privados, que pertenciam aos dois proprietários. Cada um deles acaba por passar essa parte, igualmente dividida, a herdeiros. Estes, por sua vez, acabam por fazer negócio com outras empresas, entre as quais a Companhia San Tat. O desejo de trocar os terrenos da Iec Long por outros continua e os titulares apresentam por mais do uma vez sugestões: primeiro pedem um terreno na ZAPE, que o Executivo rejeita, propondo a troca de um no Pac On. Mas o tamanho inferior leva a que os concessionários desistam da troca e apresentem, em 1997, um projecto de reaproveitamento de todo o terreno da Iec Long: no local querem construir 11 edifícios de habitação e comércio, mas tal não é autorizado pelo Governo. No mesmo ano, em Dezembro, os proprietários voltam a pedir um terreno da Baía de Nossa Senhora da Esperança. No ano seguinte, o Executivo aceita dar três lotes com pouco mais de nove mil metros quadrados e os proprietários não querem. Dedo de Procurador O caso começa a ficar mais complicado quando o herdeiro de um dos proprietários, Kong Tat Choi, passa não só a ser titular de parcelas privadas no terreno da Iec Long, mas é-o também de um outro lote na Taipa. O BT27, na Rua de Fat San e Rua de Bragança, foi concedido em 1989 para a construção de um prédio de habitação. Quatro anos depois, Kong Tat Choi passa o lote à Companhia de Investimento e Fomento Predial Samtoly. Nesse mesmo ano, o Governo aceita uma alteração no plano de aproveitamento desde que a Samtoly pagasse 87 milhões de patacas de prémio adicional. “A Samtoly pagou a primeira prestação, bem como outras três prestações, no entanto recusou-se a pagar a última prestação do prémio vencida em 1995, no valor de 14,1 milhões de patacas.” Um conflito de pagamento leva a que os proprietários da Iec Long peçam ao Governo para ter “em consideração a resolução da disputa no processo da permuta do terreno da Fábrica de Panchões Iec Long”. O conflito dá-se porque os donos de dois lotes ao lado do BT27 pagaram “muito menos” do que a Samtoly para a alteração do projecto. A empresa pede para pagar menos, mas o Governo rejeita e a Samtoly passa ao ataque em tribunal porque não só não viu o preço do prémio do seu terreno reduzir, como não se viu satisfeito o pedido de permuta dos proprietários da Iec Long. E é aqui que entra o Ministério Público (MP). Em 1999, pede às Obras Públicas o processo do BT27 e pede ao organismo que fixe um novo prémio “mais razoável” para a Samtoly, de forma a existir uma conciliação das duas partes. A DSSOPT diz que a empresa pode ser isenta do pagamento da última prestação de 14,1 milhões e ser restituída de 12,5 milhões e, em 2000, o Procurador convoca uma outra reunião onde se decide que, como os donos do BT27 e da Iec Long são os mesmos, a questão passa a ser resolvida no processo de permuta de terrenos da Fábrica. “O Secretário para os Transportes e Obras Públicas aceitou a proposta do Procurador e no processo de negociação sobre a permuta do terreno da Baía de Nossa Senhora da Esperança, além do terreno da Iec Long é tida em consideração a restituição do prémio do Lote BT27”, explica o CCAC. A Samtoly vê a DSSOPT sugerir a restituição de 66 milhões de patacas, contando com o pagamento da última prestação, e o terreno da Iec Long a ser avaliado em 136 milhões. O Secretário concorda e os titulares do terreno da Iec Long e os representantes da Samtoly dizem à DSSOPT que qualquer negociação e assinatura de documentos sobre a permuta do terreno na Baía de Nossa Senhora da Esperança ficaria a cargo da Sociedade de Desenvolvimento Predial Baía da Nossa Senhora da Esperança. É neste contexto que o director da DSSOPT assina em 2001 um acordo para a permuta de um terreno com 152 mil metros quadrados na Taipa, para construção de um complexo turístico e habitacional pela Sociedade. A empresa tem de pagar prémio, mas desse são deduzidos 428 milhões de patacas. Não acaba aqui É no ano seguinte que a Shun Tak entra na história. Em Fevereiro de 2002, a Sociedade da Baía pede a divisão do terreno no local homónimo em duas parcelas: uma delas, a A – com 99 mil metros quadrados – para ser entregue à empresa Shun Tak para a construção de um hotel. O Governo autoriza e a Shun Tak paga 500 milhões de dólares à Sociedade para poder desenvolver o terreno. Mas a Shun Tak não fica satisfeita e, três anos e um requerimento conjunto com a Propriedades Sub F depois, consegue que o Governo ceda à parceira uma área de mais de 18 mil metros quadrados nos NAPE para a construção de um hotel e habitação. Em troca, cede o mesmo espaço ao Governo na parcela A da Baía Nossa Senhora da Esperança. Não chega e, em 2006, a Shun Tak apresenta outro pedido, que não é aceite pelo Executivo: a troca do resto da parcela A, agora com 80 mil metros quadrados, por um terreno no Cotai com 65 mil metros quadrados, para a construção de um casino, hotéis e comércio. O ano passado, depois de ter sido dado a conhecer o caso, alegações de falta de transparência, transferência de interesses e dívidas ocultas do Governo foram imediatamente levantadas. Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, pediu ao CCAC que começasse uma investigação. A conclusão chega agora e não é meiga, sendo que a única empresa que fica com alguma coisa deste negócio é a Shun Tak. “O [acordo] não constitui instrumento legal através do qual o Governo possa conceder ou prometer a concessão de terrenos, face à sua desconformidade com o disposto na antiga Lei de Terras (…) e porque violou o disposto na antiga Lei de Terras, tornando-se assim impossível que se considerem quaisquer efeitos jurídicos relativamente à permuta ou ao compromisso da permuta daquele terreno. Não é possível considerar que o mesmo configure um contrato de concessão legalmente vinculativo. Poderia considerar-se a possibilidade de o [acordo] ser considerado informal na perspectiva da sua natureza jurídica, mas, ainda assim, tal acordo informal dificilmente pode constituir fonte de direitos ou deveres jurídicos, devido à impossível concretização do respectivo objecto”, frisa o CCAC. O organismo aponta o dedo directamente às Obras Públicas, para dizer que a responsabilidade é deles e é “iniludível neste caso”. Diz ainda que o “dever de fundamentação” não foi cumprido pelo Governo em algumas decisões. Por exemplo, a sugestão do procurador na restituição à concessionária do Lote BT27 de mais de 60 milhões, sem qualquer indicação que justificasse esta mudança e o valor do terreno da Fábrica, que passou de 42,4 milhões para 136 milhões “sem fundamentação”. Apesar do terreno na Baía de Nossa Senhora não ter concedido nos termos da lei – o que impedia a Sociedade de dividir o terreno e ceder as parcelas divididas, “os procedimentos da concessão [à Shun Tak] foram realizados em conformidade com o disposto na antiga Lei de Terras. E, ao abrigo do contrato de concessão, a Shun Tak já concluiu o aproveitamento do terreno”, tendo até o hotel entrado já em funcionamento. As caras envolvidas Sociedade de Desenvolvimento Predial Nossa Senhora da Esperança: tem como administradores Sio Tak Hong, membro de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, presidente-fundador da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau e membro do Conselho Executivo e da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, e Tat Choi Kong, membro do quadro da Universidade de Macau e da Câmara de Comércio Director das Obras Públicas: Jaime Carion, agora reformado Secretário para os Transportes e Obras Públicas: Ao Man Long, agora preso por 29 anos e meio por corrupção Procurador da RAEM: Ho Chio Meng, agora detido preventivamente, por acusações de corrupção Shun Tak: Pansy Ho Propriedades Sub F: Daisy Ho À espera de mais O Chefe do Executivo, Chui Sai On, já reagiu ao relatório, tendo admitido que já incumbiu entidades de continuar a dar acompanhamento ao caso. Uma dessas entidades é Raimundo do Rosário, que vai perceber os desenvolvimentos advindos da falta de vinculação jurídica da troca dos terrenos. O líder do Governo admite ainda que o CCAC vai agora investigar eventuais indícios criminais, “por exemplo de corrupção ou burla” e põe em cima da mesa a instrução de um processo disciplinar caso “se verifique infracção disciplinar cometida por funcionário público”. A DSSOPT diz apenas estar a fazer uma análise do caso e o HM não conseguiu estabelecer ligação com Jaime Carion, na altura director do organismo. Sobre as eventuais infracções penais neste caso o CCAC diz não ter “nesta fase” quaisquer comentários a fazer. Decisões que pesam O acordo de permuta “não está em conformidade com o disposto na antiga Lei de Terras e, do ponto de vista jurídico, tem por base um objecto impossível. Não é legalmente vinculativo para o Governo, sendo nulo” “O Governo não tem qualquer encargo para com a Sociedade de Baía da Nossa Senhora da Esperança ou quaisquer outras empresas a nível de concessão de terrenos” “Desde a sua celebração em 2001, o [acordo] nunca foi publicado no Boletim Oficial, o que viola a antiga Lei de Terras” Nem o acordo, nem o processo “foram remetidos à Comissão de Terras” “Todas as parcelas da Iec Long são propriedade do Estado” “Uma vez que o terreno na Baía de Nossa Senhora da Esperança não foi concedido nos termos da lei, a Sociedade da Baía da Nossa Senhora da Esperança não podia dividir o terreno e ceder as parcelas divididas. [Mas] os procedimentos da concessão [à Shun Tak] foram realizados em conformidade com o disposto na antiga Lei de Terras. E, ao abrigo do contrato de concessão, Shun Tak já concluiu o aproveitamento do terreno e construiu neste terreno um complexo constituído por um hotel e por uma área residencial, sendo que tal hotel já entrou em funcionamento” IC gasta cinco milhões em conservação que “não devia” O CCAC atira ainda críticas face à conservação da Fábrica de Panchões, que custou aos cofres do Instituto Cultural (IC) mais de cinco milhões de patacas. Para o organismo, as reparações feitas de 2009 a 2015 deveriam ter sido paga pelos proprietários da Iec Long. “Nas acções de conservação da Fábrica, o IC não exerceu de forma plena as competências que o regime jurídico lhe atribui, dando origem a situações de incumprimento da lei e de embaraço. O IC suportou as despesas resultantes de trabalhos de reparação e reordenamento, mas nos documentos disponibilizados pelo IC não se encontra fundamento que justifique o facto de tais despesas terem sido adiantadas pelo IC e também não se constata que o IC tenha cobrado ao ‘proprietário’ o montante de mais de cinco milhões de patacas entretanto despendidos.” O CCAC acrescenta ainda que a abertura do procedimento de classificação da Fábrica como património “é necessária e premente”, até porque já foram feitas as conservações. O organismo critica ainda o IC por não ter pedido quaisquer informações junto dos serviços de Obras Públicas sobre a propriedade da fábrica, ainda que tenha pedido ao proprietário autorização para lá entrar. Cronologia 1950: concedido terreno a Tang Kun Hong e Tang Ming Hong, proprietários da Fábrica 1986: Administração portuguesa declara a rescisão dos contratos 1995: proprietários pedem a permuta entre os terrenos da Iec Long e um terreno situado na ZAPE. Governo não aceita, mas admite dar um terreno no Pac On. Proprietários não querem 1997: proprietários da Iec Long apresentam um projecto de concepção de reaproveitamento de todo o terreno, pretendendo construir 11 edifícios de 42 pisos, destinados a habitação e comércio. Não recebem autorização Dezembro 1997: proprietários pedem novamente permuta do terreno por um da Baía de Nossa Senhora da Esperança 1998: Governo aceita permuta em troca dos direitos e interesses sobre o terreno da Iec Long. Mas a área de 9417 metros quadrados era diferente da fábrica, pelo que não é firmado qualquer acordo 2000: Procurador convoca uma reunião com a DSSOPT onde se decide que, como os donos do BT27 e da Iec Long são os mesmos, a questão é resolvida no processo de permuta de terrenos da Iec Long. O Secretário aceita 2000: Terreno da Iec Long é avaliado em 136 milhões de patacas e é calculado um prémio do terreno de troca. Proposta merece a concordância do Secretário e a DSSOPT continua as negociações Novembro de 2000: os titulares do terreno da Iec Long e os representantes da Samtoly dizem à DSSOPT que qualquer negociação e assinatura de documentos sobre a permuta do terreno na Baía de Nossa Senhora da Esperança ficaria a cargo da Sociedade de Desenvolvimento Predial Baía da Nossa Senhora da Esperança 2001: director da DSSOPT e representante da Sociedade firmam acordo sobre a entrega de um terreno na Baía de Nossa Senhora da Esperança com 152 mil metros quadrados para construção de um complexo turístico e habitacional. A empresa tem de pagar prémio, mas desse são deduzidos 428 milhões de patacas 2002: Sociedade da Baía da Nossa Senhora da Esperança pede ao Governo a divisão do terreno na Baía de Nossa Senhora da Esperança em duas parcelas – uma com 99 mil metros quadrados e outra com 53 mil. A empresa pede ao Governo para autorizar a cedência da maior parcela à Shun Tak, para a construção de um hotel 2002: Governo aceita e a Shun Tak paga 500 milhões de dólares de Hong Kong à Sociedade da Baía da Nossa Senhora da Esperança 2005: Shun Tak e Propriedades Sub F apresentam um pedido de concessão conjunto para um terreno na zona B dos NAPE, com 18.363 metros quadrados, para construir um hotel e residências. Em troca davam parte da sua parcela A do terreno na Baía da Nossa Senhora da Esperança 2006: Governo concede por arrendamento à Propriedades Sub F um terreno com 18.344 metros quadrados nos NAPE. A Shun Tak abdica do mesmo espaço mas na parcela A
Sofia Margarida Mota SociedadeEquipa da UM pioneira na descoberta de efeitos de artemísia [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma equipa de investigação da Universidade de Macau (UM) é pioneira na descoberta dos efeitos da artemísia contra danos induzidos por stress oxidativo e identifica ainda o mecanismos de acção desta planta. O resultado foi anunciado em comunicado de imprensa, que congratula a equipa liderada por Zheng Wenhua e que saiu da Faculdade de Faculdade de Ciências da Saúde da UM. O estudo constitui o primeiro relatório mundial sobre o efeito neuroprotector da artemísia e confere à planta um forte potencial de aplicação clínica, nomeadamente no que respeita ao tratamento de distúrbios do sistema nervoso central, adianta a UM. O desenvolvimento de medicamentos nesta área tem tido um crescimento significativo devido aos fenómenos recentes de envelhecimento populacional e incidência de doenças neurodegenerativas. A maioria dos projectos, porém, terão ficado pelo caminho dada a dificuldade em ultrapassar a barreira sangue-cérebro sem efeitos secundários insuportáveis. As propriedades anti-malária da planta forma alvo do prémio Nobel da Medicina em 2015, pelos estudos conduzidos por Tu Youyou, sendo agora aprovada enquanto medicamento com a capacidade de transpor a barreira hemato-cefálica sem consequências graves. A propriedade neuroprotectora da artemísia abre um novo capítulo na pesquisa farmacológica deste composto sendo que, para Zheng Wenhua, o caminho a trilhar ainda é de muito trabalho para que se possam efectivamente proceder a aplicações clínicas. As descobertas foram publicadas nas revistas da especialidade Free Radical Biology and Medicine e Redox Biology, sendo que ambas as publicações lideram a credibilidade na pesquisa de radicais livres, endocrinologia e metabolismo, remata a UM.
Tomás Chio SociedadeKaifong pedem avaliação de fumos de fábrica na zona norte [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Ho Ion Sang interpelou o Governo sobre a necessidade de fiscalizar as emissões de fumo causados por uma fábrica da responsabilidade do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e que está localizada na zona norte, na Avenida General Castelo Branco. O fumo, que provém das máquinas de queima de betume, está a gerar o descontentamento dos moradores e o deputado exige a publicação de um relatório de impacto ambiental destas emissões. O também presidente da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM, ou Kaifong) referiu que os moradores se queixam da existência de maus cheiros e fumos tóxicos na zona, sendo que muitos deles pedem a mudança de localização da fábrica, pelo facto da zona norte ser uma área com elevada densidade populacional. Para Ho Ion Sang devem ser criadas novas instruções para que se possa definir a distância ideal entre a localização de fábricas de betume e as zonas residenciais, revendo os regulamentos já existentes. O processo de produção de betume é altamente tóxico e lança gases para a atmosfera que podem causar doenças como a pneumonia, asma ou cancro da próstata, alertou Ho Ion Sang, que deseja que o Governo avalie o impacto que esta produção está a ter junto dos moradores. Para já, o Executivo já referiu que não há um calendário para a mudança de localização da produção de betume, o que levou o deputado directo a questionar quais os planos futuros e quais as melhorias que vão ser introduzidas para melhorar a saúde e o bem-estar dos moradores.
Sofia Margarida Mota SociedadeAperfeiçoamento contínuo | Tribunal dá razão à DSEJ [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tribunal deu razão à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) relativamente a um processo levantado por um Centro de Educação a quem foi rejeitada a participação no Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo, que confere aos cidadãos de Macau o direito a um subsídio aplicado em formação. O Tribunal de Segunda Instância dá razão à direcção, depois de ter sido detectado que alguns alunos não assistiam aos cursos organizados pelo referido centro. Com a suspeita de que haveria violação da lei, a DSEJ denunciou o caso à Polícia Judiciária (PJ). Em Março de 2014, a PJ remeteu o processo ao Ministério Público visto os responsáveis do Centro de Educação serem também suspeitos da prática dos crimes de burla e de falsificação de documentos. Em Abril de 2014, o centro educativo requereu, de novo, à DSEJ a participação no Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo 2014 a 2016, mas esta decidiu indeferir o pedido tendo em conta as infracções verificadas e pelo mesmo se encontrar sob investigação. O caso foi alvo de recurso, que chegou ao Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Por rejeição deste, o caso arrastou-se, então, até ao TSI. Segundo o acórdão deste tribunal, durante a investigação do caso, verificou-se que o centro educativo em causa recebeu os subsídios atribuídos pelo Governo a alunos que não compareceram às aulas e inscreveu pessoas que não tinham vontade de frequentar cursos. Os recorrentes não contestaram ou negaram os factos de que foram acusados.
Tomás Chio SociedadeCasas-Museu | Associação alerta para protecção de ecossistema Se por um lado até pode ser boa ideia a revitalização das Casas-Museu da Taipa, por outro há o alerta para o ambiente e as preservação de espécies. Fica no ar a sugestão de revitalização de zonas antigas [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]oe Chan, responsável da Associação Macau Green Student Union, alertou o Governo sobre o projecto de desenvolvimento das Casas-Museu da Taipa, que, diz, deve ter em conta a protecção ambiental e das espécies que ali habitam. As declarações foram feitas ao Jornal do Cidadão e derivam dos anúncios do Governo acerca da criação de uma área dedicada à cultura e ao lazer nesta zona. Para Joe Chan, o Executivo não pode resumir uma decisão destas a um único dirigente, como é Alexis Tam, mas sim ser ponderando e recorrendo à recolha de opinião pública. A preocupação com o equilíbrio ecológico que rodeia as Casas é ainda referido como fonte de alertas de longa data. O dirigente associativo menciona obras no local, como mote de intervenção por parte de várias associações. Joe Chan adianta ainda que, apesar das promessas antigas por parte do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais em promover a diversificação biológica daquela zona, até hoje a situação de ameaça de espécies que pode advir do presente projecto de requalificação ainda não foi mencionada. O número de aves consideradas raras tem vindo a diminuir, diz Joe Chan, que considera este um fenómeno causado pela realização de actividades lúdicas no local. O dirigente dá ainda como exemplos o Festival de Luz, que traz poluição e barulho prejudiciais à ecologia, ou o Festival de Lótus, onde as flores, depois de exibidas, são abandonadas. Joe Chan não discorda do desenvolvimento daquela zona sendo que, não tendo informação suficiente acerca dos projectos que ali habitarão, defende que há que ter cuidado com o impacto ambiental. Por outro lado considera que é necessário revitalizar zonas e bairros antigos da RAEM, para que festivais, como o da Luz, poderiam mudar de sítio. Preservar é ordem Agnes Lam, membro do Conselho para as Indústrias Culturais, menciona ao mesmo jornal que a elaboração de um projecto artístico necessita de ter em conta as características da zona em que se insere. Alertando o Governo para o uso de um modelo único de desenvolvimento turístico aplicado a diferentes áreas, a ex-candidata a deputada diz que, sem ele, só se registarão perdas. Para a Taipa, considera que devem ser tidos em conta os aspectos como o romantismo, a tranquilidade e uma fuga onde se possa respirar ar mais puro, representando o desenvolvimento do local “uma ameaça a estas características”.
Joana Freitas SociedadeHospital lança serviços de psiquiatria ao domicílio [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] serviço de psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário vai lançar este mês serviços ao domicílio. O anúncio é feito pelos Serviços de Saúde (SS), que explicam que estes serviços servirão doentes psiquiátricos “severos” e que representem potenciais riscos, mas que rejeitam ser tratados e também aos pacientes que necessitam de acompanhamento a longo-prazo. A equipa é composta por um médico e um enfermeiro especialistas, por um terapeuta ocupacional, um psicoterapeuta clínico, um assistente social e um auxiliar de terapeuta, além de peritos que darão resposta às necessidades de avaliação às pessoas com problemas mentais severos. A ideia é que “os pacientes recebam o mais cedo possível tratamento e acompanhamento”, frisam os SS, indicando que o horário de prestação de serviços vai de segunda a sexta-feira. “A equipa de prestação de serviços psicológicos comunitários irá acompanhar os casos através de um modelo de gestão que envolve um responsável de caso, estabelecendo em conjunto com o indivíduo e a família o plano de tratamento e de reabilitação. Em consonância com todas as unidades comunitárias de prestação de serviços, o sistema de apoio individual para casos de reinserção possibilitará serviços de acompanhamento via telefónica, visitas e entrevistas domiciliárias, serviços extensivos ao exterior de avaliação e tratamento, disponibilização de grupos para tratamento / suporte, tratamento em grupo, consultas externas diferenciadas, hospital de dia e serviços de internamento”, indica o organismo.
Joana Freitas SociedadeMais de dez novos casos de SIDA de Janeiro a Maio [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau registou 12 novos casos de infecção pelo vírus da SIDA só nos cinco primeiros meses deste ano, todos eles em residentes locais. Os dados são da Comissão de Luta contra a doença e mostram mais casos do que três casos do que os registados no primeiro semestre do ano passado. Lam Chong, secretário-geral da Comissão, referiu na primeira reunião de trabalho do grupo terem sido registados 12 novos casos de infecção desde Janeiro a Maio. Todos os casos ocorreram “através de contacto sexual”. Há ainda um caso onde não foi possível determinar a origem da infecção. A chefe da Divisão de Tratamento da Toxicodependência e Reabilitação do Instituto de Acção Social, Lei Lai Peng, assegura que os trabalhos de prevenção da SIDA junto dos toxicodependentes estão bem encaminhados. Também os serviços de metadona, diz, “estão a funcionar bem”, levando a que Macau esteja a conseguir acompanhar 174 doentes, com uma taxa de presença de 87%, “um indicador de taxa de presença mais alta do que aquela que é exigida pela ONU”. “A Comissão apoia continuadamente as organizações não públicas na implementação de programa relativos à prevenção da toxicodependência e à sua reabilitação, através da trocas de seringas e serviços extensivos ao exterior, além de ter sido reforçada a implementação no trabalho relativo à prevenção de doenças infecto-contagiosas e aos programas de educação sexual destinados aos adolescentes de risco”, pode ler-se num comunicado da Comissão. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura presente na reunião, frisou que a implementação de “diversos projectos e medidas de prevenção e controlo” permitiu baixos níveis na taxa de infecção de VIH em Macau. A ONU, recorde-se, sugeriu a erradicação da SIDA em 2030, tendo o território implementado medidas nesse sentido. Uma delas foi a expansão de locais para se fazerem testes rápidos da doença.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeRota da Seda | Macau “sem nada para oferecer”, defende Arnaldo Gonçalves Arnaldo Gonçalves vai falar da estratégia “Uma Faixa, Uma Rota” no próximo dia 25, na Polónia. O académico diz não conseguir encontrar um posicionamento estratégico nesta iniciativa da China. Só depois da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai poderá revelar algum potencial, admite [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] RAEM está bem atrás em relação a Hong Kong no que diz respeito à participação na estratégia da China “Uma Faixa, Uma Rota”. Quem o diz é Arnaldo Gonçalves, académico que irá abordar o assunto no 24º Congresso Mundial de Ciência Política, a ter lugar a 25 de Julho na cidade de Poznan, Polónia. “Macau tem de ter massa crítica para investir neste projecto. É provável que Hong Kong tire partido disso porque tem ligação à infra-estrutura ferroviária e viária que vai ligar ao centro da China. Hong Kong tem capital financeiro e ‘know-how’, tecnologia e especialistas para se poder envolver nisso e há um esforço grande de associações empresariais. O que Macau pode oferecer? Até agora ainda não percebi o que é que Macau pode oferecer. O que é que as Pequenas e Médias Empresas (PME) têm em termos de capacidade para o projecto? Só depois da ponte [Hong Kong-Macau-Zhuhai] estar construída é que se podem criar sinergias, mas antes disso não estou a ver que algo aconteça. E isso ainda vai demorar uns anos”, disse ao HM. Quanto à estratégia apresentada pelo presidente chinês Xi Jinping há três anos, Arnaldo Gonçalves vai falar de algumas “fragilidades” de que padece esta iniciativa. Iniciativa que, para o académico, depende da boa vontade de outros parceiros. “A China tem dinheiro e apresenta a ideia de que tem capacidade económica para isto e infra-estruturas ferroviárias. Mas esses são países encostados no espectro da Ásia Central, em que as populações vivem ainda no tempo do nomadismo e têm um atraso em termos de desenvolvimento. A questão é essa: o que é que cada uma dessas repúblicas pode ter a ganhar com o projecto, em termos de acesso à riqueza e iniciativas de desenvolvimento”, explicou. Desconfianças russas Arnaldo Gonçalves vai ainda chamar a atenção para o facto da Rússia não olhar com bons olhos para a estratégia “Uma Faixa, Uma Rota”. “Essa aproximação não é bem vista da Rússia, junto das empresas, milionários e das grandes empresas de extracção do petróleo, porque olham com suspeição esta aproximação à China. A China, ao desenhar este projecto, está a pôr em causa a comunidade euro-asiática, lançada por [Vladimir] Putin há alguns anos. Essa é uma comunidade económica, europeia, mas de países que faziam parte da União Soviética. É o grande projecto de Putin e que vai de alguma forma confrontar e pôr em causa esta estratégia. Os dois têm falado sobre a forma de haver complementaridade.” Segundo Arnaldo Gonçalves, a China tem de fazer um esforço de mostrar as vantagens desse projecto, além de provar que não está a criar uma zona de influência, “uma esfera proto-imperial sobre esses países”, numa suspeição que existe em “algumas cabeças”. Arnaldo Gonçalves vai presidir ao painel “China na encruzilhada entre o nacionalismo e o regionalismo”, estando prevista a apresentação da palestra “A condução pela China da estratégia ‘Uma Faixa, Uma Rota’”. O congresso é organizado pela Associação Internacional de Ciência Política e terá convidados de todo o mundo.