Atracções inglesas vão inspirar renovação de Sands Cotai Central

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] concessionária Sands China vai transformar o Sands Cotai Central num hotel inspirado em Londres, que vai ter como nome Londoner, ou seja Londrino, em português. A revelação foi feita na madrugada de ontem, com a apresentação dos resultados das empresa durante o terceiro trimestre.

A empresa desvendou um plano para investir 1,1 mil milhões de dólares norte-americanos na renovação de alguns dos espaços que controla em Macau, nos próximos três anos. Desse valor, cerca de 700 milhões vão ser utilizados na criação do Londoner.

A concessionária aposta em desenvolver mais um hotel inspirado em cidades europeias, depois de já ter construído o Venetian e o Parisian, à imagem de Veneza e Paris.

“Com três hotéis icónicos inspirados em destinos turísticos europeus vamos reforçar o nosso serviços aos clientes e a capacidade de promoção ao nível de marketing. Acreditamos que desta forma nos vamos posicionar para crescer mais depressa do que o mercado em Macau”, afirmou Sheldon Adelson, presidente da empresa.

Entre o investimento de 1,1 milhões consta igualmente um plano para expandir o Hotel Four Seasons com a criação de mais 295 quartos de hotel, numa torre separada. Esta operação terá um custo aproximado de 250 milhões de dólares.

Segundo as informações avançadas na apresentação dos resultados por Sheldon Adelson, as obras vão começar no segundo trimestre do próximo ano e vão durar entre um ano e meio e dois anos para serem finalizadas.

Lucros a subir

Em relação aos lucros no terceiro trimestre do ano, a Sands China, empresa detém a licença de jogo para Macau, viu os lucros crescerem 24,4 por cento para os 403 milhões de dólares-norte americanos. Um valor que tinha sido de 324 milhões no mesmo período do ano passado.

No comunicado de ontem à Bolsa de Hong Kong, Sheldon Adelson definiu o trimestre entre Julho e Setembro deste ano como o melhor desde 2014. O magnata do jogo de 84 anos explicou igualmente que face ao ano passado número de visitantes aos hotéis e casinos da operadora cresceu 26 por cento.

27 Out 2017

Condução | Governo quer reconhecer cartas do Continente

O Executivo está a negociar um plano de reconhecimento mútuo das cartas de condução entre Macau e o Interior da China, que vai permitir a todas as pessoas do Continente conduzirem no território

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s cidadãos do Interior da China vão passar a ter a carta de condução para veículos ligeiros reconhecida em Macau, o que os vai habilitar a conduzir no território. É esta a intenção do Governo, que está a negociar com as autoridades do Continente um plano para o reconhecimento mútuo de cartas de condução.

A medida vai igualmente ser aplicada aos residentes permanentes que queiram conduzir no outro lado da fronteira e foi anunciada, ontem, por Lam Hin San, director da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Trânsito, no final do  Conselho Consultivo de Trânsito.

De acordo com o director da DSAT, a medida visa ajudar os residentes de Macau que querem ter a sua carta reconhecida no Interior da China. O número de pessoas que se propôs a exame de condução no Interior foi de seis mil, ou seja menos de um por cento da população.

“Vai ser uma medida muito benéfica para os jovens de Macau que no futuro vão poder conduzir na zona da Grande Baía”, começou por argumentar Lam Hin San. “As pessoas até vão poder conduzir em Pequim e Xangai”, acrescentou.

O director da DSAT rejeitou ainda qualquer ameaça à segurança na estrada, pelo facto de haver mais pessoas do Interior a conduzir em Macau. Segundo o responsável, o Governo estima que os acidentes aumentem menos de um por cento: “Toda a gente ama a sua vida, ninguém é maluco!”, sublinhou sobre a cautela do Governo com as questões de segurança.

Argumentos não convencem

No entanto, o argumento não convenceu dois dos membros do Conselho Consultivo de Trânsito, que recusaram, por agora, dar o aval à decisão. O responsável sublinhou ainda que os exames de condução no Interior estão cada vez mais rigorosos.

“Os dois membros estão preocupados com o aumento do número de acidentes se vierem os residentes do Interior”, contou.

Por outro lado, Lam Hin San apontou o exemplo de Hong Kong, que já aplicou esta a medida há cerca de três anos: “Tomámos Hong Kong como referência e nos três anos e não vemos grandes problemas. Para nós este exemplo é a prova de que não vai haver problemas”, frisou.

A medida não se aplica a cartas para veículos pesados nem vai permitir a entrada de carros do Interior da China, sem matrícula dupla, em Macau. Por agora, os pormenores sobre as formalidades são escassos, uma vez que, explicou Lam Hin San, as negociações com as autoridades do Interior ainda estão a decorrer.

Também ontem no Conselho Consultivo de Trânsito foi discutida a introdução de um mecanismo nos autocarros que vai permitir contar o número de pessoas dentro dos veículos. O objectivo da proposta passa por ajudar o Governo a perceber se é necessário reforçar as rotas. Ao mesmo tempo, as pessoas também vão ter acesso à informação, através dos dispositivos móveis, para saberem se o autocarro que querem apanhar está cheio.

Parques fecham com sinal n.º 3

Os parques de estacionamento públicos subterrâneos vão passar a encerrar quando for içado o sinal número 3 de tufão ou for lançado o aviso de “storm surge” número dois. Segundo um estudo do Governo, existem 13 parques que podem ser afectados por tufão ou chuvas intensas, pelo que o Conselho Consultivo de Trânsito concorda que os espaços sejam encerrados para evitar que as pessoas fiquem presas. As instalações de retenção de águas destes parques vão igualmente ser aumentados até 1,5 metros. As obras de melhoria devem ficar concluídas até meados do próximo ano.

Condutor pára em passadeira e ataca carro

Um condutor parou o carro bruscamente em cima de uma passadeira e atirou-se, a pé juntos, contra o capot de outra viatura, na zona do Patane. O caso foi revelado ontem nas redes sociais, através de um vídeo captado pela pessoa que conduzia a viatura atacada. Depois do ataque, o agressor deslocou-se aos gritos para a porta do condutor da viatura atacada, altura em que o vídeo acaba. Segundo a data que consta nas imagens, o caso terá acontecido ontem de manhã, por volta das 8h00.

27 Out 2017

Media | Grupo lança Macau News Agency a partir de 1 de Novembro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] grupo Project Asia Corporation lança a 1 de Novembro o projecto Macau News Agency, que pretende operar como uma agência de notícias não intermediada com “notícias ao minuto”, em inglês, confirmou ontem o empresário Paulo Azevedo.

Com o projecto agora apresentado, o grupo de ‘media’ de Macau, dono das revistas Macau Business, Business Intelligence e Essencial Macau, extingue o jornal económico Business Daily e transfere os seus recursos, incluindo cinco jornalistas, para a Macau News Agency.

Paulo Azevedo, que na quarta-feira apresentou o projecto ao Canal Macau da emissora pública TDM, especificou que se trata de uma agência noticiosa, apesar da particularidade de não vender conteúdo a órgãos de comunicação social.

“O nosso consumidor é o leitor normal, o leitor de jornais. Tudo aquilo que vamos oferecer é gratuito, não vendemos nada, não é intermediado. Sejam as nossas histórias, sejam as que compramos a outros parceiros, nomeadamente a agências de notícias – Lusa, Reuters, Bloomberg, France Presse. Compramos, mas depois pomos na nossa linha aberta para qualquer consumidor de jornal”, explicou à Lusa.

Mini- Bloomberg

O empresário e jornalista diz ter sentido que havia “necessidade de avançar com um novo produto em Macau”, já que “não há uma agência de notícias” no território, apenas delegações de agências internacionais.

A Macau News Agency vai manter o pendor económico de grande parte dos produtos do Project Asia Corporation, mas pretende ser mais generalista que o jornal Macau Business Daily, passando a abranger também áreas sociais e culturais.

“[Queremos ser] uma espécie de Bloomberg de tamanho sardinha muito pequenina (…) Com notícias ao minuto, quer nossas, quer globais”, comentou.

Um portal agregador vai juntar todos os produtos do grupo, incluindo a MB.tv, um projecto televisivo online que passa também a contar com três jornalistas fixos. Regularmente, a Macau News Agency – que pode ser visualizada numa página independente – vai receber contribuições de profissionais que trabalham para outros títulos do grupo.

A redacção vai focar-se em produzir conteúdos de Macau, e Azevedo não receia sobreposição com os vários meios de comunicação do território.

“Isso era um problema se fosse um jornal. Já há muitos. Há 14 chineses, cinco portugueses e ainda há três jornais ingleses, e isto é uma cidadezinha pequena. Mas como agência [em inglês] vamos praticamente ser os primeiros”, afirmou.

“[O conteúdo] não será muito diferente [daquele que os jornais produzem]. A única diferença é que antes estávamos a trabalhar com esta mesma equipa para publicar sensivelmente a história que os outros publicam, mais vocacionada para a economia. Mas publicávamos só 24 horas depois, num jornal como todos os outros, e agora seremos praticamente os primeiros. Iremos eventualmente competir a nível de rapidez com a Lusa – mas a Lusa é em português – ou com a Rádio Macau – mas mais uma vez é em português e chinês. E eventualmente com o portal de jogo GGRAsia, mas eles são só da área de jogo”, explicou.

As receitas virão exclusivamente da publicidade, já que as publicações lideradas por Paulo Azevedo não recebem subsídio do Governo, por não serem publicadas numa das duas línguas oficiais de Macau, o português e o chinês. “Se formos mal sucedidos, fechamos”, rematou.

27 Out 2017

Casinos investem em autocarros eléctricos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s seis operadoras de jogo de Macau comprometeram-se a converter 15% da sua frota de ‘shuttles’ em autocarros eléctricos, ou abastecidos por combustíveis renováveis, foi ontem anunciado.

Macau, com cerca de 30 quilómetros quadrados, conta com 40 casinos, distribuídos por seis operadoras de jogo que fornecem transporte gratuito – pensado para os seus clientes, mas que pode ser usado por toda a gente – através de ‘shuttles’, que são frequentemente apontados como um dos principais causadores dos problemas de trânsito da cidade.

Ontem, num comunicado conjunto, as seis operadoras de jogo – Galaxy, Melco, MGM, Sociedade de Jogos de Macau, Sands e Wynn – anunciaram a introdução de “serviços de ‘shuttle’” ecológicos e comprometeram-se, junto do Governo de Macau, que “pelo menos 15% dos autocarros de passageiros de cada operadora vão ser com novas energias/eléctricos até Maio de 2018”.

Segundo o mesmo comunicado, um projecto-piloto com estes autocarros entrou em vigor a 19 de Setembro e está a ser monitorizado.

“Espera-se que o novo serviço de ‘shuttles’ com novas energias/eléctricos vá optimizar os transportes de Macau, melhorar o ambiente geral para residentes e visitantes, e apoiar o desenvolvimento de Macau numa capital mundial de turismo verde”, pode ler-se.

27 Out 2017

Prémios para resultados de excelência em exames de línguas

Residentes que conseguirem bons resultados nos exames de avaliação do conhecimento das línguas portuguesa, inglesa e chinesa vão receber recompensas financeiras

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Governo vai atribuir prémios de mil patacas aos residentes com mais de 15 anos que tiverem resultados de excelência nos testes para avaliação dos conhecimentos de mandarim, português e inglês. O programa piloto, que no futuro poderá abarcar outras áreas, começa no início do próximo mês e foi apresentado ontem, na sede da Comissão de Desenvolvimento de Talentos.

O projecto tem como nome “Programa de Estímulo à Formação e aos Exames de Credenciação dos Quadros Qualificados” e visa “cultivar e promover os residentes a terem diferentes técnicas em diversos domínios”. A iniciativa é organizada pela Comissão de Desenvolvimento de Talentos, Direcção de Serviços de Educação e Juventude e Fundação Macau.

“As mil patacas são um estímulo, um incentivo. É um valor simbólico, mas queremos que as pessoas que fazem estes testes tenham resultados mais elevados”, disse Lei Lai Keng, técnica superior da Comissão de Desenvolvimento de Talentos, durante a conferência de imprensa para anunciar o programa.

De acordo com a responsável, a primeira fase vai começar em Novembro e prolonga-se até 30 de Junho do próximo ano. Neste período, a responsável da comissão revelou esperar que sejam entregues cerca de mil prémios, o que representa um milhão de patacas.

“Para esta estimativa tivemos por base os dados estatísticos das pessoas que realizam os testes. De acordo com as nossas estimativas acreditamos que cerca de mil pessoas vão poder reclamar os prémios”, indicou Lei Lai Keng.

Na avaliação dos conhecimentos de português, os estudantes precisam de atingir o nível DIPLE no exame do Centro de Avaliação de Português Língua Estrangeira (CAPLE) para poder reclamar o prémio. Em relação à língua inglesa, os candidatos precisam de atingir sete valores no exame IELTS, ou 750 pontos no TOEIC.

Finalmente nos dois exames de mandarim, o Teste de Proficiência em Mandarim, da Comissão Estatal dos Trabalhos de Língua, e o Teste de Proficiência e Língua Chinesa, do Instituto Confúcio, os examinados têm de conseguir um resultado nos Nível II-B ou Nível IV, respectivamente.

 

Dinheiro não cobre custos

Os participantes apenas podem candidatar-se ao prémio pecuniário uma vez por cada teste. Contudo, na maior parte dos casos, a recompensa financeira não chega para cobrir o valor de inscrição. Por exemplo, o teste de português tem um custo de 110 euros, ou seja cerca de 1040 patacas. O Teste de Proficiência em Mandarim custa 1000 patacas e o IELTS 2330 patacas. Apenas o TOEIC tem um valor abaixo do prémio, que rondas as 680 patacas.

Por sua vez, Kong Ngai, chefe da Divisão de Extensão Educativa da DSEJ, apontou que como os exames são internacionalmente padronizados, mesmo que sejam realizados fora de Macau, os residentes podem reclamar os prémios.

No futuro, também exames ligado à área da electricidade, mecânica e cozinha poderão igualmente valer prémios: “Temos estado a discutir o projecto no seio da comissão [de Desenvolvimento de Talentos] e pretendemos, no futuro, alargar o âmbito do programa à vertente técnico-profissional”, revelou Lei Lai Keng.

“Neste momento estamos a discutir a possibilidade de os prémios abrangerem as áreas da electricidade, mecânica ou confecção de comidas, ou seja cozinheiros”, acrescentou.

26 Out 2017

Saldo muito positivo nas receitas

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s receitas públicas de Macau subiram 14,5 por cento até Setembro, em termos anuais homólogos, em linha com o aumento da verba arrecadada com os impostos directos cobrados sobre a indústria do jogo, indicam dados oficiais ontem divulgados.

De acordo com dados provisórios disponíveis no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração de Macau fechou os primeiros nove meses do ano com receitas totais de 84.889 milhões de patacas, valor que traduz uma execução de 93,4 por cento.

Os impostos directos sobre o jogo – 35 por cento sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 68.641 milhões de patacas, reflectindo um aumento de 17,5 por cento relativamente ao mesmo período do ano passado e uma execução de 95,5 por cento face ao orçamento autorizado para 2017.

A importância do jogo reflecte-se no peso que detém no orçamento: 80,8 por cento nas receitas totais, 81,03 por cento nas correntes e 92,7 por cento nas derivadas dos impostos directos.

Já as despesas cifraram-se em 49.944 milhões de patacas nos primeiros nove meses do ano, menos 4,9 por cento em termos anuais homólogos, estando cumpridas em 58,6 por cento.

Nesta rubrica destacaram-se os gastos ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) que alcançaram 8.131 milhões de patacas, traduzindo um aumento de 167,3 por cento e uma execução de 53,3 por cento.

Entre receitas e despesas, a Administração de Macau acumulava até Setembro um saldo positivo de 34.945 milhões de patacas, um aumento de 61,9 por cento em relação aos primeiros nove meses de 2016.

A almofada financeira excede em muito o previsto para todo o ano, 5.567 milhões de patacas. A taxa de execução corresponde já a 627,6 por cento do orçamentado.

26 Out 2017

Arquitectos apontam insuficiências de planeamento dos novos aterros

Francisco Vizeu Pinheiro considera que o Governo deveria pensar o planeamento do território mediante dois prazos: 2030 e 2050. O arquitecto, que assina um parecer sobre os novos aterros com Gao Wuzhou e Li Chuanyi, acredita que o actual plano não é sustentável e que a Ilha da Montanha deve ser uma alternativa

[dropcap style≠‘circle’]“S[/dropcap]ugestões do novo planeamento da cidade de Macau” é o nome do parecer que Francisco Vizeu Pinheiro, Gao Wuzhou e Li Chuanyi assinaram e apresentaram na fase de consulta pública sobre o planeamento dos novos aterros, e que foi agora inserido na última edição do Boletim de Estudos sobre Macau, editado pela Fundação Macau. Este trabalho foi desenvolvido pelos três arquitectos na qualidade de membros da Associação dos Arquitectos da Ásia-Pacífico.

Ao HM, Francisco Vizeu Pinheiro defendeu que o actual plano dos novos aterros não é sustentável a longo prazo.

“Vai existir maior capacidade turística e os trabalhadores não residentes vão ter de ser incorporados no mercado de trabalho. Deve ser considerado um cenário a 20 anos e outro para 2050. O Governo só está a fazer planos para 2030 que é um prazo muito curto, porque Macau cresce rapidamente.”

O arquitecto estimou que em 2030 o território tenha cerca de 820 mil habitantes, número que deverá chegar a um milhão de pessoas em 2050.

Para colmatar o longo período de construção dos novos aterros, Francisco Vizeu Pinheiro considera que deve ser criado um sistema de aquisição de terrenos na Ilha de Hengqin.

“O actual plano não é sustentável, vai ficar tudo cheio de habitação se não se resolver o problema. A Ilha da Montanha tem de ser realmente a solução porque os novos aterros demoram muito tempo a construir.”

O arquitecto lembrou que só a zona A dos novos aterros terá 90 mil habitantes, “uma elevada densidade populacional”.

“Tem que se estudar a hipótese de haver habitação em Macau segundo o modelo de compra de terrenos na Ilha da Montanha. Defendemos um novo sistema, porque os aterros destroem o rio e as montanhas e demoram tempo. É mais rápido fazer uma ponte e construir.”

Metro para todos

O parecer da Associação de Arquitectos da Ásia-Pacífico defende ainda a criação de uma rede interligada de transportes, pensada para o futuro.

“A linha de metro ligeiro é muito restrita porque basicamente faz a ligação entre as Portas do Cerco, Sai Van e a zona dos casinos. Era preciso servir o centro da cidade e servir a zona do porto interior, onde há também uma alta densidade populacional.”

O arquitecto lembrou também que é preciso garantir a ventilação entre edifícios.

“Falei sobre a disposição de edifícios com paredes que cortam a ventilação. Era importante que, com o planeamento, se preservassem os corredores naturais de ventilação, de acordo com o mapa climático feito por professores de universidades de Hong Kong. Esse levantamento já está feito, o que era preciso era incluir isso no Plano Director do território”, frisou.

Tecnologia anti-inundações

O documento sugere ainda a adopção de uma tecnologia de “desenvolvimento de baixo impacto” para evitar inundações.

“Os terrenos deveriam ser mais permeáveis. A chuva deve penetrar no solo em vez de escorrer toda para os esgotos. Assim muita da chuva intensa não provocaria inundações e ficaria no local sem se concentrar nas zonas baixas.”

Para que este sistema fosse uma realidade, seria necessário criar novas normativas na actual legislação que rege os trabalhos de construção civil.

“É algo low-tech, tinham de ser incluídas normativas de construção civil, o tipo de pavimento tem de ser poroso, mas isso é aplicado a zonas verdes, a zonas de absorção”, rematou Francisco Vizeu Pinheiro.

26 Out 2017

Trabalhadores não residentes a diminuir

[dropcap style≠‘circle’]M[/dropcap]acau perdeu 3.611 trabalhadores contratados ao exterior no intervalo de um ano, contando com 176.666 no final de Setembro, indicam dados oficiais divulgados ontem e que indicam uma queda em dois por cento relativamente ao memo período no ano passado.
De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), disponíveis no portal da Direção dos Serviços para os Assuntos Laborais, Macau registava ainda menos 223 trabalhadores em termos mensais, ou seja, comparativamente a Agosto.
O continente continua a ser a principal fonte de mão-de-obra importada de Macau, com 111.619 trabalhadores (63,1 por cento do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, que ocupa o segundo lugar com 27.878, num pódio que se completa com o Vietname (14.734).
O sector dos hotéis, restaurantes e similares absorve a maior fatia de mão-de-obra importada com 50.126 trabalhadores, seguido do da construção com 30.756.
A construção continua a ser o ramo com a maior queda: no intervalo de um ano perdeu 8.591 trabalhadores.
As actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços agrupavam 13.438 trabalhadores do exterior – menos 90 face a Setembro de 2016 –, dos quais 834 eram trabalhadores da construção civil contratados directamente pelas empresas.
Já o ramo dos hotéis, restaurantes e similares teve mais 680 trabalhadores no mesmo hiato temporal, um aumento que não foi suficiente para compensar a diminuição sentida no sector da construção, que abrandou nomeadamente com a conclusão de novos projectos turísticos.
A mão-de-obra importada equivalia a 45 por cento da população activa e a 45,9 por cento da população empregada, estimadas no final de Agosto.

26 Out 2017

Análise | Futura crise chinesa pode ter consequências severas para Macau

Apesar das taxas de crescimento e do índice de confiança dos consumidores, a China enfrentará no futuro consequências de problemas económicos endémicos que necessitam de reforma. Opacidade do sistema bancário, dívida galopante, taxa de desemprego manipulada podem empurrar o gigante chinês para uma depressão que arrastará Macau se nada for feito

[dropcap style≠’circle’]À[/dropcap] medida que a China se prepara para reformular o seu tecido económico, não se baseando exclusivamente nas exportações, mas optando pela tradicional via da economia sustentada no consumo interno, alguns fantasmas começam a surgir no horizonte. Uma das prioridades de Xi Jinping é a preparação para um abrandamento do crescimento do produto interno bruto (pib) chinês. Outra das grandes políticas das próximas décadas é a criação de uma rede de segurança social que proteja os mais velhos, principalmente tendo em conta o envelhecimento populacional e a diminuição da força produtiva com menos pessoas a trabalhar.

Além disso, existe uma grande opacidade a vários níveis económicos que podem esconder autênticas armadilhas futuras e consequentemente desencadear uma diminuição do consumo interno dos chineses. Ora, estas podem ser más notícias para a saúde financeira e social de Macau devido à óbvia dependência e exposição ao que se passa na China, principalmente ao nível das receitas apuradas pelo sector do jogo e turismo os dois pilares económicos locais.

Para já, a segunda maior economia mundial encontra-se de boa saúde, com indicadores que continuam a desafiar expectativas. Mas até que ponto este crescimento é sustentado?

Albano Martins entende que “a China tem o problema de ter crescido mas não se ter desenvolvido, isto porque o desenvolvimento não implica apenas a componente económica mas também social, cultural, assim como uma série de componentes que são difíceis de medir no espaço chinês”. A opacidade do sector bancário, os números do desemprego que não contabilizam as áreas rurais, o crédito malparado que é um incógnita e a falta de uma rede de segurança social que proteja os mais velhos são alguns dos problemas apontados pelo economista. Se juntarmos a isto uma gigantesca bolha imobiliária, a nebulosa política cambial e uma possível futura queda do consumo interno, temos lenha suficiente para queimar Macau economicamente.

Agora, ok la

Para já, a economia chinesa está de boa saúde com o Partido Comunista Chinês a dar uma lição de capitalismo ao mundo financeiro. Ainda assim, o terceiro trimestre deste ano foi de ligeiro abrandamento do crescimento, como era esperado, à medida que Pequim tenta controlar o mercado imobiliário e a exposição à dívida. Em relação ao período homólogo do ano passado, o terceiro trimestre de 2017 teve um crescimento de 6,8 por cento de acordo com o Instituto Nacional de Estatística.

O número ficou um pouco aquém do previsto pelo governador do Banco Popular da China que havia previsto que o PIB cresceria a uma taxa de 7 por cento na segunda metade deste ano. O abrandamento do crescimento tem sido algo previsto pelos analistas que explicam o fenómeno com o desaceleramento em investimentos imobiliários e construção à medida que cada vez mais cidades tentam limitar os preços do mercado. Outro factor é a campanha de Pequim para controlar empréstimos arriscados, aumentando os custos de acesso ao crédito.

Ao mesmo tempo, aumentam as preocupações com o crescente papel do Estado no crescimento económico, com o investimento público a ultrapassar o privado no passado mês de Setembro. Esta política motivou os alertas do Fundo Monetário Internacional para que Pequim tenha atenção aos métodos usados para fixar as taxas de crescimento económico com estímulos sustentados no aumento da dívida pública.

No discurso de abertura do XIX Congresso do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping prometeu profundas reformas económicas e a abertura dos mercados ao investimento estrangeiro, alterando o paradigma do crescimento rápido para o crescimento de qualidade. Ao mesmo tempo, o secretário-geral expressou vontade de fortalecer as empresas estatais, o que parece enunciar mais investimento público.

“Para não baixar os índices de crescimento o Estado chinês inunda a economia com fundos colossais que substituem a procura que privadamente não existiria, cria procura porque injecta dinheiro no mercado que depois volta a entrar no sistema”, explica Albano Martins.

Impacto demográfico

Um dos factores que pode afectar o consumo interno chinês, assim como a economia de Macau, é o envelhecimento populacional sem a existência de uma rede de segurança social. Mesmo que o turismo e o jogo que alimentam o território não sejam suportados primordialmente por idosos, as faixas etárias mais novas terão custos acrescidos de impostos para fazer face à bomba demográfica que está armada. Seguindo uma tendência mundial, aliado ao aumento da esperança de vida a baixa da natalidade foi um dos resultados óbvios das políticas do filho único.

O académico Newman Lam recorda que “no panorama global, o maior boom de natalidade ocorreu em 1957, o que significa que de 2023 em diante estaremos no pico da crise das reformas”. O docente da Universidade de Macau prevê que “a China ainda vai conseguir seguir a actual onda económica por mais quatro ou cinco anos depois disso, até os problemas começarem a emergir”. Problemas esses que se estenderão a Macau.

“A implicação é simples, quando se tem uma população envelhecida tem-se muito maior percentagem de reformados do que a população activa empregada,  isso vai trazer um maior fardo nas finanças públicas”, explica Newman Lam. O académico acrescenta que esta realidade pode levar “ao aumento significativo dos impostos o que traz um problema maior: o declínio de consumo interno”.

O professor universitário entende que “Macau está a chegar a um ponto em que se nada for feito as consequências podem ser severas. Provavelmente não será nos próximos anos, mas dentro de uma década poderá ser problemático”.

Albano Martins afina pelo mesmo diapasão. “A experiência aqui ensina-me que quando a China tem problemas, Macau tem problemas. É quase imediato”, explica. O economista recorda que “nos anos 90 tivemos uma recessão de vários anos, na sequência do fecho de portas do sistema chinês à vinda de capitais para Macau, o que resultou na morte do imobiliário”. O mercado do jogo VIP também foi severamente afectado.

Dar a volta

“A China precisa de reestruturar a sua economia e Macau tem de fazer o mesmo, ou entramos em declínio”, comenta Newman Lam. O académico defende que o Governo deve dar passos firmes na reestruturação do sector do turismo para preparar um arrefecimento do consumo chinês, algo que tem vindo a ser projectado pelas autoridades.

Um dos chavões mais ouvidos em Macau é o da diversificação económica, algo que terá de sair do plano abstracto se se quiser atacar uma crise vindoura. Nesse aspecto, as teorias económicas colocam o Governo num papel de fomentador da iniciativa privada que ficou debilitada pela falta de liquidez. Neste sentido, Albano Martins entende que caberá ao Governo intervir na economia criando procura e oferta e dinamizar o empreendedorismo chamando os agentes económicos a participarem na vida activa. Porém, o economista alerta que esta intervenção tem de ser feita de forma inteligente, saindo do paradigma de “uma economia que está totalmente nas mãos de um punhado de empresários próximos do poder”, ou seja, longe de “uma diversificação ilusória”.

O economista acrescenta que estes “são períodos temporários em que o Governo tem de injectar dinheiro na economia, esse dinheiro não se vai perder”. Esta espécie de lei de Lavoisier económica só é possível devido aos cofres recheados que a RAEM tem. “Temos centenas de biliões arrecadados, esse dinheiro é para ser posto a funcionar em períodos difíceis”, comenta Albano Martins.

Apesar de haver reservas suficientes para segurar a saúde da economia de Macau durante anos, estas injecções de capital devem ser feitas de forma racional, escapando às lógicas de compadrio entre o sector empresarial e o Governo.

26 Out 2017

SS | Centro Médico Mayo fechado por suspeita de prática de procriação assistida 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde suspenderam as actividades do Centro Médico Mayo (Macau), após terem recebido uma denúncia anónima sobre prestação ilegal de serviços de procriação assistida e efectuado, no passado dia 20, uma inspecção surpresa ao Centro, informaram ontem os SS em comunicado. Os inspectores encontraram “uma divisão oculta e indícios de práticas clinicas ilegais que podem ter causado vítimas”, acrescenta a nota de imprensa.

Na sexta-feira, dois médicos e dois trabalhadores dos Serviços de Saúde acompanhados por elementos do Corpo de Policia de Segurança Pública inspeccionaram as instalações do Centro Médico tendo descoberto, numa sala de reuniões, uma porta dissimulada que efectuava uma ligação a uma outra fracção autónoma do mesmo edifício. Também foram descobertos equipamentos e materiais usados na realização de actos clínicos relativos à procriação assistida, quer nas instalações do Centro Médico Mayo, quer na outra fracção autónoma, diz a nota.

Os Serviços de Saúde, depois de procederem à selagem de equipamentos e materiais diversos, decidiram suspender por 90 dias as actividades do Centro.

25 Out 2017

Fumo junto às paragens de autocarro proibido a partir de 1 de Janeiro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, confirmou ontem que o alargamento das zonas onde é proibido fumar, junto às paragens de autocarro, “será implementado no dia 1 de Janeiro de 2018”. Estas áreas serão definidas a cerca de dez metros das paragens.

Um comunicado oficial aponta que os SS, em cooperação com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) “irão demarcar as áreas de proibição de fumar em mais de 400 paragens de autocarros em Macau, sendo as linhas limites marcadas a cor cinza, semelhante à cor do chão, facilitando assim a identificação das áreas onde é proibido fumar e a aplicação de lei pelos agentes da autoridade”.

Lei Chin Ion referiu ainda que “os cidadãos devem apagar o cigarro antes da entrada nas áreas onde é proibido fumar, de modo a evitar a violação de lei”.

Também a partir do próximo dia 1 de Janeiro de 2018 passa a ser proibida a venda de cigarros electrónicos e os equipamentos electrónicos passam também a ser proibidos em todos os locais onde é proibido fumar, aponta o mesmo comunicado.

25 Out 2017

Tufões | Protecção Civil passa a direcção de serviços

O secretário para a Segurança disse ontem que o Executivo vai criar a Direcção de Protecção Civil e de Coordenação de Contingência como resposta a futuras catástrofes. A lei que regula a sua constituição deverá estar concluída no próximo mês

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] morte de dez pessoas, a ocorrência de estragos visíveis por toda a cidade e os inúmeros feridos registados com a passagem do tufão Hato levaram o Governo a agir na prevenção de catástrofes.

Segundo um comunicado oficial, o Executivo prepara-se para criar a Direcção de Protecção Civil e de Coordenação de Contingência (DPCCC), “a fim de concretizar o funcionamento permanente de protecção civil e melhor responder à eventualidade de uma futura ocorrência de calamidades do género”.

A informação foi veiculada por Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, que falou aos media à margem de um seminário sobre gestão e legislação das áreas marítimas.

O secretário anunciou também que esta nova direcção de serviços ficará sob tutela da Segurança, assim que a lei que regula a sua estrutura e funcionamento “esteja concluída em Novembro e inclua a parte da lei orgânica referente à protecção civil”.

A nova legislação vai “definir com clareza as competências dos elementos da estrutura de protecção civil para permitir reforçar o trabalho de coordenação dos diversos serviços envolvidos, bem como criar um regime disciplinar”.

Até agora os serviços de protecção civil têm funcionado com o Corpo de Operações de Protecção Civil, em coordenação com o Corpo de Bombeiros e Polícia de Segurança Pública, entre outras entidades.

Wong Sio Chak lembrou que, nos últimos meses, o Executivo “procedeu à revisão das operações de protecção civil e coordenação de resgate e salvamento para dar início aos planos a curto, médio e longo prazo”.

Ouvidos internos

Neste momento o Executivo está a auscultar opiniões “junto dos serviços da sua tutela”, explicou Wong Sio Chak, garantindo que o plano preliminar relativo à criação da DPCCC “prevê mobilizar pessoal de serviços de segurança constituído por agentes da corporação”.

Esta nova direcção vai ter como funções “divulgar e educar de forma permanente e contínua [a população] sobre catástrofes naturais e incidentes ligados à segurança como forma de instrução cívica”.

Além disso, a nova direcção “vai servir de apoio quando o Centro de Protecção Civil e Operações de Contingência estiver activado”.

Esta semana o Chefe do Executivo anunciou outras mudanças na forma como o Governo passará a lidar com as catástrofes naturais. À margem de um outro evento público, Chui Sai On referiu que será elaborado um plano a dez anos para a prevenção e coordenação de incidentes do género.

25 Out 2017

Saúde | Medicação Tradicional Chinesa adapta-se à regulamentação em Portugal

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] adaptação da medicina tradicional chinesa às necessidades de regulamentação do mundo ocidental vai estar em foco nas quartas jornadas de cultura de medicina tradicional chinesa, na sexta-feira e no sábado, em Lisboa.

O percurso de modernização das ancestrais técnicas de promoção de saúde, com componentes tradicionais e culturais, e a abertura ao mundo ocidental vai cruzar-se com o debate sobre a regulamentação em Portugal do exercício legal das terapias complementares.

O encontro, promovido pelo Instituto de Medicina Tradicional (IMT), vai decorrer no Centro Científico e Cultural de Macau.

Sob o tema “Da tradição à modernidade”, esta quarta edição conta com o apoio institucional do Parque Científico de Medicina Tradicional Chinesa do Governo de Macau e do Comité para a Promoção e Regulamentação da Medicina Tradicional Chinesa da World Federation of Chinese Medicine Societies.

Em Setembro, no fórum de cooperação de Medicina Tradicional Chinesa, o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, afirmou que um dos objectivos do Governo é melhorar a certificação e regulamentação desta indústria nos próximos anos.

A OMS criou em 2015, em Macau, o centro de cooperação de medicina tradicional chinesa, uma plataforma para a região se afirmar na formação de especialistas e na cooperação internacional.

A produção de medicamentos chineses em Macau registou um crescimento pelo terceiro ano consecutivo, com receitas no valor de 48,70 milhões de patacas, de acordo com dados oficiais de 2016.

Na China, ao longo de 2016, o valor da produção industrial de medicina tradicional foi de 865 mil milhões de yuan, tendo a sua difusão chegado a 183 países e regiões.

25 Out 2017

CRU | Empresa responsável pela renovação urbana já tem estatutos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova empresa que vai levar a cabo os trabalhos de renovação urbana já tem estatutos definidos. As directrizes foram discutidas ontem em reunião do Conselho de Renovação Urbana e garantem que o Governo será o único proprietário. Para evitar conflito de interesses, a direcção da nova empresa não deverá ter negócios ligados ao sector

Foram ontem aprovados, pelo Conselho de Renovação Urbana (CRU),  os estatutos da empresa a ser criada para o planeamento e reconstrução dos bairros e edifícios antigos.

Irá tratar-se de uma firma de capitais públicos em que o único proprietário é o Governo. “Não haverá investidores privados. Na nossa documentação recomendamos apenas que seja o Governo”, disse Alfred Wong, vogal do CRU, aos jornalistas depois da reunião de ontem.

Os dinheiros que vão financiar o projecto serão também essencialmente públicos cabendo à Fundação Macau algum do financiamento da companhia, apontou Alfred Wong.

A empresa a ser criada deve estabelecer a selecção das áreas em que é necessária a renovação urbana “e definir o modo como é que as acções de intervenção vão ser feitas”.

O CRU tem aqui um papel de aconselhamento. “Cabe ao conselho dar algumas sugestões relativas a questões críticas de modo a ajudar a resolver o problema”, disse Alfred Wong. O objectivo, afirmou o vogal do CRU, “é melhorar a qualidade de vida dos residentes”.

Direcção incerta

A proposta definida ontem pelo CRU permite que a presidência da empresa seja entregue a privados ligados ao sector, sendo que não está previsto qualquer mecanismo capaz de salvaguardar possíveis conflitos de interesses.

No entanto, para o vogal do CRU, esta é uma questão que não deve ser descurada. Ter uma direcção ligada a interesses privados pode vir a ser alvo de conflitos e, como tal, há que tomar medidas. “Na minha opinião essa situação não deve acontecer porque poderá dar origem a conflitos e, se isso acontecer, o responsável da empresa tem de se afastar de outros projectos, caso contrário ficaremos preocupados com as críticas da população que possam vir a acontecer”, sublinhou.

Para evitar problemas futuros, o membro do CPU considera a hipótese de ser criado um mecanismo de recrutamento.

O presidente, sugeriu o CRU, pode ser recrutado, não só recorrendo a funcionários que já trabalhem para o Governo, como com a contratação de pessoas de fora dos serviços públicos “desde que mostre ter a experiência requerida para o cargo”, referiu. Os requisitos, no entanto, ainda não estão definidos.

Para já, não há data de criação nem orçamento previsto para esta empresa. “Não temos ainda data para a sua criação e esperamos que esta companhia venha a ser constituída o mais cedo possível”, disse Alfred Wong. Os estatutos definido no CRU vão agora seguir para o Governo para que sejam aprovados e, de acordo com o vogal, só depois é possível proceder à sua constituição, sendo que “talvez o próximo ano, seja uma data razoável”.

História antiga

O Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, confirmou nas LAG do ano passado que estava em andamento a ideia de criar uma empresa privada com capitais públicos. “Em princípio, vai ser uma empresa privada, mas talvez com todo o capital público, ou seja, do Governo. Mas mesmo antes de termos a empresa, não quer dizer que não possamos fazer qualquer coisa. Raimundo do Rosário referia ainda que o Governo já estaria a tratar do assunto mas que ainda não tinha uma equipa especializada para o efeito.

25 Out 2017

HIV | Dezena e meia de casos registados até Setembro

O número de casos de infectados pelo Vírus da Imunodeficiência Humana até o início do passado mês de Setembro, é metade do registado no ano passado. Os dados não significam que exista, efectivamente, uma diminuição da doença, mas apontam para o sucesso das campanhas de rastreio

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m 2016 foram 30 os casos detectados de indivíduos portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV na sigla inglesa). Este ano, e até o início do mês de Setembro, foram 15.

Para o secretário-geral da comissão de luta contra a SIDA, Lam Chong, a redução registada não se traduz numa redução da incidência da doença no território. De acordo com o responsável, o facto de, em 2016, se ter registado o maior número de casos detectados desde 1986 tem que ver com os esforços adicionais na sensibilização da população para fazer o teste. “No ano passado fizemos uma promoção do teste de rastreio muito grande e muitas pessoas puderam ter acesso”, disse aos jornalistas à margem da conferência de imprensa em que foi apresentado o programa de actividades deste ano a levar a cabo pela comissão de luta contra a SIDA. “Não podemos dizer que a incidência do HIV está a diminuir no território, porque para isso precisamos de mais alguns anos”, referiu Lam Chong.

“Como muitas pessoas já fizeram o rastreio de rotina no ano passado, este ano não o foram fazer”, explicou o responsável.

Em 2015 foram cerca de 12 mil testes realizados. O aumento dos números no ano seguinte acaba por ser proporcional ao aumento dos testes feitos. Em 2016 fizeram o teste de rotina cerca de 26 mil pessoas enquanto este ano, e até ao mês de Setembro, foram feitos 18 mil testes de rastreio.

População de risco

No entanto, “a comissão vai continuar a promover a adopção de comportamentos saudáveis, especialmente entre parceiros homossexuais e bissexuais”, disse.

O alvo da promoção tem que ver com os números. Dos 15 casos detectados este ano, 14 são do sexo masculino e 1 do sexo feminino. No que respeita à população, sete dos casos são de homossexuais e outros sete de bissexuais, sendo que um caso não tem origem determinada.

Ainda relativamente aos casos detectados este ano, 12 estão em acompanhamento, dois morreram, e um saiu do território. O secretário-geral da comissão de luta contra a SIDA adiantou ainda que dez destes casos eram de residentes.

Desde 1986 que foram registados um total de 696 portadores de HIV no território. Destes, 269 foram relativos a residentes. Dentro dos casos locais, 116 pessoas tiveram a evolução do vírus para o Síndroma da Imunodeficiência Adquirida e 51 morreram.

Mudança de incidência

Se há dez anos, o HIV incidia essencialmente em indivíduos com hábitos associados ao consumo de estupefacientes, actualmente a causa tem que ver com a adopção de comportamentos de risco entre relações homossexuais e bissexuais.

A faixa etária onde se registam mais casos de infecção por HIV situa-se entre os 30 e os 39 anos.

Entretanto já se encontra em funcionamento desde Junho deste ano a base de dados com os doentes infectados com o vírus, sendo que só é acessível a determinados quadros dos Serviços de Saúde e sob dever de sigilo.

24 Out 2017

Património | IFT e Universidade de Évora assinam acordo

O Instituto de Formação Turística vai ter cursos de mestrado e doutoramento em associação com a Universidade de Évora. À margem da assinatura de protocolo entre as duas instituições, Alexis Tam anunciou que nas Linhas de Acção Governativa sob sua tutela está prevista a formação de jovens para a conservação do património e ambiente

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] oficial, o Instituto de Formação Turística (IFT) e a Universidade de Évora assinaram um protocolo de cooperação institucional do qual irá resultar cursos de mestrado e doutoramento em associação entre as duas instituições. Para já, dois alunos locais vão estagiar durante seis meses na Universidade de Évora e está prevista a elaboração de um curso de mestrado em associação entre as duas instituições. O intercâmbio alarga-se também a docentes, estando previsto a realização de palestras e workshops leccionados por docentes do estabelecimento de ensino português.

A parceria resulta da visita de Alexis Tam a Portugal, em Setembro passado. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura mostrou-se satisfeito com a possibilidade de intercâmbio de alunos e docentes entre as duas instituições. Neste sentido, acrescentou que os cursos de gestão de indústria do jogo e gestão de hotelaria podem ser atractivos para alunos internacionais.

Uma das áreas fulcrais da parceria é a conservação de património, até porque a universidade portuguesa tem em funcionamento um equipamento de excelência nesse ramo. “Temos em Évora o melhor laboratório de conservação e restauro da Europa, vamos fazer alguns cursos nessa área, um mestrado em conservação e gestão do património e receber alunos para fazer estágios”, conta Ana Costa Freitas. A reitora da Universidade de Évora adiantou ainda que foi celebrado um protocolo com a Universidade Cidade de Macau.

Na sequência do acordo assinado, o Laboratório Hercules recebe este ano dois alunos de Macau para fazer um estágio nesta área.

O laboratório é multidisciplinar, e tem na sua equipa quadros formados em química, geociência, história e arqueologia e está equipado com tecnologia de ponta. “A ideia é começarmos com passos pequenos, mas garantindo que vamos cumprir. Assinámos um protocolo para fazer qualquer coisa, não só para assinar”, explica Ana Costa Freitas.

Pontes educativas

Alexis Tam anunciou ainda que a criação do Fórum Cultural, que foi anunciado aquando da sua visita a Portugal, está a avançar a bom ritmo. O secretário adiantou que os responsáveis pela área da cultura de Portugal, China e Hong Kong já confirmaram a presença, sendo que foram endereçados convites ao resto dos governos do mundo lusófono. A primeira reunião dos congéneres das pastas da cultura deve realizar-se em Macau em Junho.

Ainda na área do ensino, Alexis Tam está confiante que pode alargar o leque da parceria. “Daqui para a frente ainda podemos ir a outros países lusófonos, nomeadamente Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Guiné Bissau e Timor-Leste. Temos de exportar os nossos cursos académicos porque hoje em dia temos condições”, afiança. Outra das ideias deste intercâmbio é atrair estudantes internacionais para Macau para frequentarem cursos de mandarim e tradução.

Esta parceria surge num contexto de internacionalização do IFT. “O Governo da RAEM está a investir muito neste instituto, faz parte do plano para sermos um centro de educação na área do turismo”, explica o secretário.

Outra das novidades que surgiram à margem da assinatura do protocolo prende-se com a aposta nas Linhas de Acção Governativa sob tutela de Alexis Tam na sensibilização de jovens para a conservação do património e ambiente.

“Já temos o plano. Eu quero que os nossos jovens conheçam o património de Macau, isso é importantíssimo. Desde pequenos têm de aprender o valor do património mundial e da protecção ambiental”, conta.

24 Out 2017

Tufão Hato | Para os académicos, a culpa não é só de Fung Soi Kun

Um grupo de académicos de Macau esteve em Hong Kong a apresentar estudos sobre a gestão das consequências do tufão Hato. Concluíram que a culpa não foi apenas de um só homem, Fung Soi Kun, mas de todo o Executivo e da falta de reformas adoptadas nos últimos anos

Em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] último relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) veio abalar a reputação de Fung Soi Kun, director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, acusando-o de todos os males ocorridos durante a passagem do tufão Hato pelo território. Contudo, um grupo de académicos de Macau considera que o Governo, no seu todo, falhou nas respostas tardias que deu e na forma como geriu a catástrofe.

Os estudos foram apresentados no último sábado no âmbito da conferência anual da Associação de Ciência Política de Hong Kong, que reuniu dezenas de oradores de Macau e da região vizinha no Hang Seng Management College, instituição localizada nos Novos Territórios.

O tufão Hato foi um assunto amplamente abordado no painel “Linguagem e Políticas relacionadas com o tufão em Macau”, onde participaram nomes como Bill Chou, Brian Ho, Newman Lam e Eilo Yu.

Eilo Yu, professor da Universidade de Macau (UM), apresentou o estudo “Crise de gestão em Macau, a reforma do sector público e a integração com o continente: as implicações do tufão Hato”, e concluiu que a culpa de todos os estragos foi de Fung Soi Kun, mas não só.

“Vi muitos voluntários a limpar as ruas no dia seguinte. Eu próprio fui uma das vítimas e fiquei sem água durante vários dias. Mas o Governo parecia não estar a explicar às pessoas o que tinha acontecido. Vários funcionários públicos disseram-me que não sabiam o que fazer e que não estavam a receber indicações ao nível da coordenação”, disse na sua apresentação.

Eilo Yu afirmou que aquilo que se viu nas ruas entre a tarde de quarta-feira e a sexta-feira foi resultado da ausência de reformas nos últimos anos.

“O Governo tem tentado reformar a Função Pública, mas não resolveu ainda o problema da falta desta cooperação entre departamentos. A crise do Hato mostrou que falhamos na comunicação.”

O docente da UM frisou que tem existido, nos últimos anos, uma “ausência de reformas”, sem esquecer “os problemas de longa data do Governo. “A Administração falhou ao não fazer melhorias constantes e ao não promover uma cooperação interdepartamental”.

Eilo Yu apontou sobretudo o dedo ao facto de existirem diversos conselhos consultivos sem que existam resultados práticos das suas reuniões.

“Durante o mandato de Chui Sai On houve tentativas de realização de reformas e foram criadas comissões, que são presididas pelos secretários. Reúnem cerca de duas vezes por ano e não vemos mudanças significativas a acontecer.”

Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau, presidiu ao painel e concluiu, no final, que “a coordenação [no seio do Governo] é muito pobre desde o início da RAEM”. “Tem piorado [nos últimos tempos] e agora ninguém toma decisões.”

Sobre a vinda do exército chinês, o ex-secretário adjunto da Educação do Governo de Vasco Rocha Vieira lembrou que “não devemos colocar pressões” sobre essa questão, uma vez que noutros países são comuns as situações de ajuda internacional.

Não fazer nada

Newman Lam, também docente da UM, falou sobre o “Desenvolvimento económico e político de Macau à luz das recentes mudanças”, onde o tufão Hato também foi abordado.

À margem da palestra, Newman Lam confessou ao HM que o tufão Hato não representa um ponto de partida em termos de uma mudança social mais profunda, mas fez as pessoas darem um murro na mesa.

Newman Lam

“As pessoas estão descontentes com o Governo há muito tempo. Mas uma das características da mentalidade das pessoas de Macau é a capacidade de perdoar, embora pense que com o tufão Hato algo aconteceu e esse perdão não aconteceu porque morreram dez pessoas. É um grande número e isso tornou-se indesculpável”, confessou.

Newman Lam aponta directamente o dedo a Chui Sai On, Chefe do Executivo.

“O Chefe do Executivo tem estratégias para nada fazer. Penso que foi tardio [nas respostas que deu]. Mas as queixas sobre a má performance do Governo não são de agora, o tufão é que forçou as pessoas a ver isso. De repente percebeu-se que, se continuarmos a ignorar o facto do Governo não agir, podemos ter consequências severas.”

Brian Ho, também da UM, abordou a “Gestão de Tufões em Macau” e falou sobretudo da inacção do Chefe do Executivo.

“O Chefe do Executivo fez um pedido de desculpas público um dia depois da tempestade, mas anunciou a saída do director dos SMG, Fung Soi Kun. Foi uma decisão tomada de forma muito veloz e rápida”, considerou o docente, para quem a passagem do Hato “trouxe a necessidade de compreender a questão da gestão de crises no território.

A central e a poluição

Eilo Yu deixou bem claro que Macau não consegue sobreviver sem uma boa cooperação com as autoridades de Guangdong. Impõem-se, no entanto, alternativas: seria possível construir mais uma central eléctrica em Coloane, para que o território produzisse 81 por cento da sua electricidade?

O projecto iria levantar outras problemáticas. “Será que deveríamos ter a nossa própria central eléctrica? Onde ficaria essa estação? Macau é um pequeno território mas precisamos de uma grande central eléctrica. Temos três centrais, deveríamos ter mais uma em Coloane? E como ficaríamos em termos de poluição? Esta é a interrogação que se impõe.”

Eilo Yu

A melhor solução é fortalecer actos com os nossos vizinhos. “Mais do que melhorar a nossa capacidade de auto-suficiência, temos de pensar em como melhorar a nossa comunicação com a China. Existe uma agência em Guangdong que lida com desastres naturais e unidades de emergência. Temos de nos coordenar com essa unidade no futuro.”

Albert Wong, um investigador independente e consultor, fez referência ao facto do Governo ter criado, dias após a tempestade, a Comissão para a Revisão do Mecanismo de Resposta a Grandes Catástrofes e o seu Acompanhamento e Aperfeiçoamento, quando, na verdade, já tinha criado um grupo de trabalho muito semelhante em 2012.

O mesmo orador lembrou que “os sinais de tempestade foram içados muito tarde”, tendo referido ainda as diferentes posturas do sector do jogo.

“Uma das concessionárias, a Melco Crown, doou milhões de patacas e organizou grupos de voluntários de entre os seus funcionários para ajudar a limpar as ruas. Já a Galaxy chamou voluntários para a limpeza das suas piscinas.”

Albert Wong

Um impacto que “não deve ser subestimado”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] passagem do tufão a dias das eleições legislativas (ocorridas a 17 de Setembro) poderá ter determinado alguns dos resultados, mas dois académicos que participaram na conferência anual da Associação de Ciência Política de Hong Kong não estabeleceram uma ligação directa entre estes dois acontecimentos.

Segundo o estudo de Albert Wong, investigador independente de Macau, as eleições “representavam a única oportunidade que os cidadãos tinham para exprimir as suas posições na política local”. Contudo, “o impacto do tufão não pode ser subestimado”.

Bill Chou, actualmente a dar aulas na Universidade Chinesa de Hong Kong, apresentou o trabalho “As eleições para a Assembleia Legislativa no rescaldo da crise do tufão Hato”. Em declarações ao HM, Bill Chou, que fez este estudo em parceria com outros académicos, defendeu que os resultados não dependeram directamente do tufão, muito menos da qualidade da acção governativa do Governo.

Verificou-se “um paradoxo”, uma vez que os resultados eleitorais “não dependem do desempenho do Governo, mas sim das políticas de união do Governo chinês em termos de mobilização de grupos de interesses e organizações nas eleições. Este é o ponto principal”.

“Os candidatos de Fujian [Si Ka Lon e Song Pek Kei] foram os mais pró-activos na ajuda nas ruas, mas não tiveram um bom resultado nas eleições. Há outros candidatos que estavam a competir com este campo de Fujian, uma vez que, para muitos deles, era quase impossível obterem um assento”, exemplificou.

Para Bill Chou, se as eleições legislativas dependessem do desempenho do Governo, as associações do campo tradicional, como é o caso da Federação das Associações dos Operários de Macau, ou a União Geral das Associações de Moradores (Kaifong) também teriam maus resultados, o que não foi o caso.

“Se a performance do Governo tivesse influência, o campo mais tradicional não teria tantos votos, porque trata-se do campo mais próximo do Executivo. A imagem dessas associações iria ficar prejudicada”, rematou.

De frisar que a FAOM conseguiu eleger dois deputados pela via directa, enquanto que Mak Soi Kun arrecadou mais de 17 mil votos.

23 Out 2017

Reciclagem | Sustentabilidade passa por cooperação regional

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau está no caminho da sustentabilidade, mas as dificuldades, associadas com as características próprias do território, ainda são muitas. Por limitações ligadas à falta de espaço, a solução para problemas como a reciclagem passa pela cooperação regional. A ideia foi deixada pelo presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, à margem do Fórum Económico “Cidades Sustentáveis”, uma iniciativa integrada na 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa). “Não temos espaço no território para tratar os lixos e o aterro está praticamente cheio” afirmou José Tavares. Para o responsável, Macau pode até “fazer uma primeira triagem antes de enviar o lixo para os sítios específicos e estes serem depois reutilizados”, apontou o responsável.

No entanto, “a questão é que não temos capacidade nem espaço aqui e o projecto tem de ser regional. Sou apoiante disso”, sublinhou o presidente do IACM.

José Tavares garantiu ainda que o novo mercado de Saec Pai Van vai ter as portas abertas no próximo ano apesar dos atrasos causados pelos estragos com a passagem do tufão Hato pelo território.

23 Out 2017

MIF | Banco Sol vai abrir em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] banco angolano SOL pretende abrir, “nos próximos dias”, um escritório de representação em Macau, disse aos jornalistas o presidente do conselho de administração, Coutinho Nobre Miguel. “Pensamos que nos próximos dias podemos contar aqui [em Macau] com um escritório de representação para, de facto, permitir que possamos estudar melhor o mercado asiático, procurar explorar as oportunidades que oferece e a partir delas apoiar o nosso tecido empresarial angolano”, afirmou, referindo-se em particular às micro e pequenas e médias empresas.

Coutinho Nobre Miguel falou à margem do Fórum Económico “Cidades Sustentáveis”, uma iniciativa integrada na 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa), evento que tem Angola como “país parceiro”.

Trata-se da segunda manifestação de interesse por parte de um banco angolano no território em menos de uma semana, após o anúncio de que o BIC Angola vai apresentar, no próximo mês, um pedido para se instalar em Macau.

A entrada de Macau na agenda da internacionalização do banco SOL, estabelecido em 2001, surge no quadro do desígnio atribuído por Pequim a Macau como uma plataforma económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.

23 Out 2017

MIF | Evento concretiza o papel do território enquanto plataforma

A Feira Internacional de Macau volta a sublinhar o papel do território como ligação entre o continente e os países da lusofonia. Foram assinados 67 protocolos em que o mercado português e da América Latina reforçam a colaboração com empresas locais

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 22ª edição da Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa), culminou mais uma vez na assinatura de uma série de protocolos que permitem agilizar as relações comerciais e de investimento entre a China e os países da Lusofonia, tendo o território como plataforma de ligação. No total foram 67 documentos, entre protocolos e memorandos de colaboração, que, tendo empresas locais como mediadoras garantem, não só a presença de mais relações com Macau, como representam uma porta aberta para o mercado chinês.

O leite Terra Nostra é um exemplo. O protocolo foi assinado na sexta-feira e a parceria é feita com uma empresa sediada em Macau. “Com esta colaboração vamos avaliar a possibilidade de começarmos a vender o nosso leite de pastagem no território”, disse ao HM Ana Gonçalves, representante da BEL Portugal, empresa responsável pela distribuição do produto.

No entanto, é o mercado chinês que está na mira. “Achamos que se trata de um produto com um grande potencial de aceitação no mercado do continente e Macau, por ter uma ligação especial com a lusofonia, é uma porta de entrada para esse efeito”, referiu a responsável.

Por outro lado, o leite Terra Nostra, considera Ana Gonçalves, vai ao encontro das tendências dos consumidores em procurar cada vez mais produtos naturais. A China não é excepção e “em grandes cidades como Xangai e Pequim, onde as pessoas vivem com a poluição todos os dias, ter a oportunidade de que se está a consumir um produto natural que vem de um lugar saudável pode ser um factor relevante”, considera.

Mais que um continente

Dos protocolos assinados, o Brasil também marcou uma forte presença na MIF. Lígia Lui é sino brasileira e veio à feira internacional formalizar a colaboração no sector da consultadoria entre o grupo que lidera e uma empresa com sede em Macau e representação no continente.

A ideia é que, “através de Macau, exista uma ponte entre a China e o Brasil que possa ser expandida a outros países lusófonos”, apontou ao HM.

O território representa, para Lígia Liu, “uma verdadeira plataforma”. “Já temos vários projectos em andamento que incluem a promoção de negócios e de investimento”, sublinhou.

A medicina chinesa já é um produto exportado para o Brasil e o investimento na cultura é uma prioridade. “Temos trabalho feito no que respeita à tradução de livros académicos chineses para português para que mais países lusófonos possam entender a China e a sua forma de pensamento”, explicou Lígia Liu.

Já Carolina Valente, presidente da Federação Ibérico Americana de Jovens Empresários (FIJE) quer levar as relações com a China mais longe, “não só aos países da lusofonia como a todos os que integram a América Latina e mesmo a Espanha e a Andorra”, referiu a representante da federação.

O continente é um mercado que não pode ser descurado nos dias de hoje. “Tanto na importação como na exportação temos com a China um grande espaço para que os negócios passam ser promovidos e há cada vez mais países a querem fazer negócio com o continente. Nós, que também temos um mercado imenso, somos igualmente vistos como um alvo pelas empresas chinesas”, disse.

Macau representa a ligação óbvia até porque “fortalece, cada vez mais, a relação com os países de língua portuguesa”, rematou Carolina Valente.

Brilhante Dias faz balanço “muito positivo”

[dropcap style≠’circle’]”O[/dropcap] balanço é muito positivo” disse o secretário Estado para a Internacionalização de Portugal, Eurico Brilhante Dias aos jornalistas à margem do Fórum Económico “Cidades Sustentáveis”, uma iniciativa integrada na 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa). Para o governante português, o evento fez com que fosse possível” cumprir com os objectivos fundamentais” e reforçou o papel do território na ligação entre Portugal e China. “O primeiro objectivo alcançado foi o de reforçar o sinal claro de que Portugal percebe a identidade particular da Região Administrativa Especial de Macau e que está disposto a reforçar a cooperação também no âmbito trilateral, na sequência do memorando firmado pela China e Portugal”, referiu Eurico Brilhante Dias aos jornalistas. O secretário de Estado considera ainda que a presença de Portugal na 22.ª edição da MIF foi mais relevante do que nas edições anteriores. “É a maior representação externa no quadro dos países de língua portuguesa aqui na MIF e este ano com uma dimensão que, além do factor numérico, tem um elemento qualitativo que, devo dizer, é muito interessante”, referiu. “Além dos produtos de tradição onde se encontram os agro-alimentares, temos hoje um leque de serviços bastante mais sofisticados que oferecemos ao mundo”, rematou.

23 Out 2017

Hotel 13 procura financiamento de quase dois mil milhões

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]bras por concluir, dificuldades de financiamento, projecto atrasado até, pelo menos, 31 de Março do próximo ano, e incerteza sobre a autorização para instalar mesas de jogo. É esta a situação do Hotel 13, que procura gerar 1,96 mil milhões de dólares de Hong Kong com três operações financeiras, incluindo empréstimos. O ponto de situação foi feito pela empresa 13 na passada quinta-feira à noite, num comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong.

Desde Julho de 2017 que as obras do Hotel 13 estão paradas por falta de financiamento. Neste momento, estima a empresa, o projecto está concluído a 90 por cento, mas por falta de verbas não é possível concluir os trabalhos. Por essa razão a companhia anunciou três operações financeiras com o objectivo de garantir um financiamento de 1,96 mil milhões de dólares de Hong Kong.

As operações são a oferta de mais acções aos actuais accionistas, a um preço com descontos que chegam a 87 por cento face ao preço do mercado, e dois empréstimos. Com a primeira operação a empresa quer gerar pelo menos 973 milhões e com os empréstimos: 740 milhões e 250 milhões, respectivamente.

Raízes do problema

As dificuldades no acabamento do projecto são explicadas três factores: dificuldades no processo de emissão das licenças necessárias para o hotel, redução da quota para a importação de trabalhadores não-residentes e, finalmente, melhoria da fase número dois do exterior do edifício, que, segundo a empresa, está por concluir.

Outro dos pontos mais relevantes do comunicado é o facto da empresa 13 ter um princípio de acordo com uma das seis operadoras do território para instalar mesas de jogo no hotel. O nome da operadora não é revelado, mas o princípio de acordo foi assinado em Abril de 2008, e a última confirmação da vigência do mesmo data de Fevereiro deste ano.

“É esperado que o acordo formal seja assinado entre as duas partes dependendo, entre outras coisas, do Operador Licenciado [concessionária do jogo] obter a aprovação do Governo de Macau para que o Hotel 13 possa ter actividades de jogo”, é explicado no documento.

No entanto, a própria empresa 13 admite que o processo envolve uma grande incerteza: “a autorização para instalar e operar um casino no Hotel 13 depende da aprovação do Governo de Macau, por isso o sucesso da operação é incerto”, é apontado.

23 Out 2017

Transportes | Primeiras carruagens de metro ligeiro a caminho de Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]gora é de vez. Espera-se a qualquer momento a chegada das primeiras composições do metro ligeiro a Macau. De acordo com informação veiculada pela Lusa, as carruagens foram enviadas do Japão na sexta-feira sendo eminente a sua chegada ao território.

Em comunicado, o Gabinete para as Infraestruturas de Transportes (GIT) informou que vão ser realizados “todos os trabalhos de ensaio do sistema” de modo a coordenarem-se com a meta de entrada em funcionamento em 2019.

Prevê-se que as carruagens cheguem à Estação do Oceano do metro ligeiro no início de Novembro.

Prometido há vários anos, o metro ligeiro, que sofreu uma série de atrasos e derrapagens orçamentais, divide-se entre a linha da Taipa e a da península de Macau. Segundo as previsões oficiais, a primeira deve estar concluída em 2019, mas a segunda ainda não tem data.

As carruagens do comboio do metro ligeiro têm 11,8 metros de comprimento, largura de 2,8 metros, altura de 3,8 metros e pesam cerca de 15 toneladas.

Considerando que é necessário passar por algumas artérias principais do centro da cidade durante a entrega, a equipa de construção já começou a proceder à simulação do transporte, de modo a garantir a sua segurança e fluidez na realidade.

O Governo de Macau celebrou, em 2011, com a Mitsubishi Heavy Industries um contrato para a prestação dos serviços de fornecimento dos comboios e do sistema do metro ligeiro por 4,6 mil milhões de patacas.

Tufão Hato | Templos e igrejas afectados quase recuperados

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural informa que os trabalhos de recuperação e limpeza dos templos e igrejas de Macau que foram danificados pela passagem do tufão Hato pelo território se encontram bem encaminhados. As obras seguiram uma ordem de prioridade sendo que no primeiro lote estão incluídos 18 edifícios onde se procedeu à remoção de destroços perigosos, reparação de instalações eléctricas e recuperação de fachadas exteriores. O segundo lote compreende 28 projectos de limpeza e reforço estrutural e também está perto da conclusão. O terceiro lote, com trabalhos ainda em curso, prevê a recuperação de 24 edifícios que necessitam de restauro mais especializado.

Economia | Taxa de inflação fixa-se nos 1,14 por cento

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Índice de Preços no Consumidor (IPC) aumentou sobretudo devido à subida nos índices de preços das secções da educação (+7,14 por cento) e de bebidas alcoólicas e tabaco (+5,08 por cento). Nos últimos 12 meses que terminaram em Setembro, a taxa de inflação ficou nos 1,14 por cento, quase metade do valor registado em 2016. No ano passado, a taxa de inflação de Macau foi de 2,37 por cento, a mais baixa desde 2009, ano em que se fixou em 1,17 pontos percentuais. Segundo as mais recentes projecções do Fundo Monetário Internacional, a taxa de inflação de Macau deve fixar-se em 1,5 por cento este ano e 2,2 pontos em 2018.

23 Out 2017

Think | Nova plataforma online visa promover debate entre jovens

Chama-se “Think – Just for Youth” e é uma plataforma a funcionar no Facebook que visa aumentar a consciência cívica dos jovens, pela via do debate de matérias sociais e políticas. Alguns dos membros fazem parte da Associação Nova Juventude Chinesa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]firmam não ter pretensões políticas, pelo menos para já. Com mais de 1500 gostos na página de Facebook, a plataforma “Think – Just for Youth” pretende levar os jovens, maiores ou menores de idade, a debaterem as questões da actualidade de Macau, sejam do foro social ou político.

O projecto, que surgiu pouco antes das eleições legislativas, conta com um total de 20 membros, muitos deles também ligados à Associação Nova Juventude Chinesa.

Chan Chi Weng, que conversou com o HM sobre este projecto, é um deles, mas assume que a plataforma “Think – Just for Youth” não está directamente ligada à associação.

“Alguns membros são da associação, mas se existe uma ligação directa à Associação Nova Juventude Chinesa, temos de questionar. Temos membros desta associação mas temos muitos membros da sociedade.”

“Tivemos como objectivo principal começar esta plataforma para que haja uma maior ligação com os jovens e também com os adolescentes, para que tenham um espaço onde possam discutir e expressar as suas ideias e pensamentos”, contou Chan Chi Weng, que também é membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários para a Zona Norte.

A página vai sendo actualizada com a ajuda de nove membros a quem cabe a responsabilidade de lançar os temas de debate, incluindo a publicação de vídeos. Alguns deles são gravados na rua, em jeito de vox-pop sobre os mais variados temas. Pode ser a eleição de Agnes Lam para a Assembleia Legislativa ou o aumento das tarifas dos autocarros, por exemplo.

Para Chan Chi Weng, esta participação online pode levar o Governo a melhorar a implementação de diversas políticas.

“Temos nove conselheiros que fazem o trabalho principal. Depois temos alguns membros que fazem pesquisa, que acompanham a parte de produção dos vídeos. Tentam levantar algumas questões online e também promover discussões sobre esses assuntos”, apontou um dos responsáveis pelo projecto.

Política logo se vê

É difícil a Chan Chi Weng explicar se, daqui a quatro anos, a “Think – Just for Youth” poderá ou não gerar um candidato para as eleições legislativas. O objectivo não é, para já, esse.

“As próximas eleições são daqui a quatro anos e não podemos ter a certeza de que vamos ‘formar’ alguém que possa vir a ser candidato. Seria muito prematuro afirmar que vamos desenvolver essa acção. O objectivo principal desta plataforma é fazer com que as pessoas estejam mais consciencializadas das questões sociais, que haja mais discussão no seio dos jovens. Talvez no futuro alguém possa ser um candidato através desta plataforma. Iríamos ficar muito orgulhosos”, explicou um dos fundadores.

Ainda que a “Think – Just for Youth” tenha um olho mais social do que político, Chan Chi Weng também denota uma maior participação cívica dos jovens, algo que se verificou nas últimas eleições.

“Há mais jovens a participar e a discutir este tipo de assuntos. Temos mais meios para falar, nas redes sociais por exemplo, ou nas actividades [que vamos organizando]. Isto é muito importante, porque são os jovens de hoje que vão governar Macau no futuro”, concluiu Chan Chi Weng.

23 Out 2017

Economia | Félix Pontes critica a fraca relação comercial entre Macau e CPLP

O estreitar de relações comerciais entre Macau e os países lusófonos é um dos chavões mais ouvidos quando se discute o comércio externo do território. Porém, os números da balança externa não revelam essa realidade. O economista António Félix Pontes realça esta falha e mostra-se favorável à abertura de linhas de crédito para fomentar os negócios

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] economista António Félix Pontes defende que Macau deve “criar condições”, como facilitar o financiamento de projectos, perante a “dimensão frustrante” do comércio com os países de língua portuguesa, que “em nada” reflecte as expectativas das manifestações políticas.

“É um facto indesmentível que o relacionamento comercial entre Macau e os países de língua portuguesa tem tido uma dimensão frustrante, não traduzindo em nada as expectativas emergentes das frequentes manifestações políticas nesse sentido”, disse à Lusa Félix Pontes, interveniente na sexta-feira num fórum económico integrado na Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês), que terminou ontem.

“Os números são insignificantes, são ridículos. Temos de ser realistas e falar verdade e com seriedade”, afirmou, salientando que o saldo acumulado “nestes últimos três anos, até Agosto, vai em 1,6 mil milhões de patacas negativos para Macau”.

Além disso, observou, o número de parceiros comerciais no universo lusófono é reduzido: a título de exemplo, entre Janeiro e Agosto, Macau exportou apenas para quatro dos oito países de língua portuguesa (Portugal, Moçambique, Brasil e Angola).

“Quando há um grande défice têm de se criar instrumentos para tentar reverter a situação”, enfatizou Félix Pontes, actualmente presidente do Instituto de Formação Financeira depois de, em 2015, se ter aposentado ao fim de 35 anos ao serviço do antigo Instituto Emissor de Macau e da Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

Crédito às exportações

“Há que criar condições”, como “facilitar o financiamento de projectos, seja de exportação [ou] de investimento”, sustentou o economista à margem da MIF.

“O seguro de crédito pode desempenhar uma função importante, […] porque acarreta muitas vantagens para os exportadores, mas também a concessão de linhas de crédito. A China já fez o seu papel: tem linhas de crédito para todos os países, está a ter retorno – não só financeiro, mas também em termos políticos”, argumentou.

Neste âmbito, saudou o acordo, firmado na quinta-feira, entre a seguradora de créditos portuguesa Cosec e a AMCM, que lança as bases para criar “uma agência de crédito à exportação para apoiar empresas que pretendam operar nos países lusófonos”. Porém, espera que “não fique no papel”, à semelhança de outros assinados no passado.

Independentemente de ser uma seguradora governamental, como existe em Hong Kong ou na China, ou uma agência de crédito à exportação, igualmente com suporte do governo, Félix Pontes defendeu a aposta com “maior urgência” na criação efectiva, porque, ao cobrir os riscos políticos, faz com que os empresários “tenham menos relutância” particularmente em relação a novos mercados.

“Os exportadores de Macau têm a percepção de que os países africanos de língua portuguesa e Timor-Leste são países de elevado risco. Grande parte dos empresários locais considera que pelo menos alguns acarretam elevados riscos e têm razão”, explicou Félix Pontes, indicando que “na classificação de risco de países da OCDE grande parte dos países africanos de língua portuguesa e Timor-Leste está no grau 5 a 7, que é o máximo”.

“Até o Brasil, neste momento, também acho que está no nível 5 ou 6 e, portanto, os empresários têm uma certa retracção em exportar”, embora alguns também reconheçam que existem “muitas oportunidades”, acrescentou.

Para Félix Pontes, há uma série de políticas que Pequim tem proporcionado, como o CEPA (Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau) ou a iniciativa global “Uma Faixa, Uma Rota” que “criam imensas oportunidades para as empresas de Macau actuarem como intermediárias” entre a China e os países de língua portuguesa.

No entanto, perante os riscos políticos e comerciais, é “determinante” que tenham à sua disposição um mecanismo de seguro de crédito – o que já ocorre em grande parte das jurisdições em todo o mundo” –, dado que “continuam numa situação de desvantagem competitiva nesse capítulo comparativamente às de Hong Kong e da China”.

Em paralelo, Félix Pontes defendeu a concessão de linhas de crédito à exportação pela AMCM aos bancos centrais africanos de língua portuguesa e Timor-Leste: “Creio que seria benéfico para se enveredar definitivamente para um certa diversificação da economia de Macau”.

“Desde que cheguei a Macau em 1980 que já se falava da diversificação, mas, no entanto, só fica no papel ou então em meras manifestações políticas”, frisou.

23 Out 2017