Inquérito | Mais de metade desconhece programas de exclusão de acesso aos casinos

A Universidade de Macau concluiu o inquérito encomendado pelo Instituto de Acção Social (IAS) para aferir o grau de consciencialização relativamente ao jogo responsável. Apesar das melhorias a diferentes níveis, a maioria dos inquiridos, entre os quais jogadores, desconhece a existência dos programas de exclusão

Diana do Mar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s pedidos de exclusão de acesso aos casinos têm aumentado de ano para ano, mas muitos ainda desconhecem que a interdição de entrada nos espaços de jogo pode ser requerida (pelo próprio ou por terceiros) à luz da lei que entrou em vigor há cinco anos. Pelo menos, de acordo com os resultados do inquérito sobre o jogo responsável que o IAS encomendou à Universidade de Macau (UM). O estudo mediu, pela primeira vez, o pulso ao nível de consciencialização quanto às medidas de cariz voluntário, de autoexclusão e exclusão a pedido de terceiros, implementadas pelo Governo.

A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) registou, no ano passado, 376 pedidos de exclusão de acesso aos casinos – mais 25 do que em 2016 – atestado uma tendência crescente. Em 2015 foram contabilizados 355 pedidos, contra 280 em 2014 e 276 em 2013, o primeiro ano completo desde a entrada em vigor da lei que condiciona a entrada, o trabalho e jogo nos casinos. Ao abrigo do diploma, o director da DICJ pode interditar a entrada em todos os casinos, ou em apenas alguns, pelo prazo máximo de dois anos, às pessoas que o requeiram ou confirmem requerimento apresentado para o efeito por cônjuge, ascendente, descendente ou parente em 2.º grau.

Os resultados do inquérito – solicitado pelo IAS ao Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da UM – “mostram que 46,1 por cento dos inquiridos estavam conscientes sobre a existência dos programas de exclusão”, ou seja, mais de metade não estava. O documento, recentemente publicado, não refere, porém, a amostra. O HM contactou o IAS mas, até ao fecho da edição, não foi possível obter uma resposta.

Idade legal OK

Pela primeira vez também se tentou perceber se os residentes sabem qual a idade mínima legal para se poder entrar num casino: 78,9 por cento dos inquiridos acertaram na resposta. Dados facultados recentemente pela DICJ indicam que foi recusada a entrada nos casinos a cerca de 430 mil menores de 21 anos ao longo de 2017. Tratou-se do maior número anual desde a entrada em vigor da lei que impede os casinos de contratar ou de permitir o acesso aos espaços de jogo a menores de 21 anos sob pena de incorrerem em sanções administrativas.

Este diploma vai, entretanto, ser revisto. No final do ano passado foi realizada uma consulta pública, cujo documento propõe a interdição de entrada nos casinos aos profissionais da indústria do jogo quando não se encontrarem no desempenho das suas funções para reduzir a probabilidade de se tornarem jogadores problemáticos.

Consciencialização em alta

A primeira conclusão, em termos genéricos, a retirar do inquérito é a da existência de uma maior consciencialização sobre a prática de jogo responsável: Em 2009, antes do lançamento das actividades de promoção do jogo responsável correspondia a 16,2 por cento e, em 2017, a 63,7 por cento. “Globalmente, apuramos, assim, que a taxa de consciencialização cresceu significativamente entre 2009 e 2012. Contudo, desde 2013 a taxa de crescimento começou a abrandar”, lê-se no documento.

Com efeito, os inquiridos estavam, em geral, informados da existência de pelo menos um dos nove centros de tratamento de problemas de jogo, sendo que quase sete em cada dez conheciam a linha aberta que funciona durante 24 horas para aconselhamento.

A percentagem dos jogadores cientes da prática de jogo responsável manteve-se “significativamente mais alta do que a apurada entre os restantes”: 74,1 por cento contra 58,5 por cento. O documento não especifica, porém, a proporção de jogadores no universo dos entrevistados.

Em paralelo, os jogadores foram categorizados em dois grupos com base na frequência e hábito: os ocasionais (que apostavam, em média, menos de uma vez por mês) e os regulares (pelo menos uma vez por mês). “Os resultados indicam que, em média, o número de comportamentos responsáveis antes de iniciarem o jogo indicados pelos jogadores ocasionais era significativamente maior do que os mencionados pelos regulares”, diz o documento.

Tendência idêntica foi sinalizada nos casos em que houve problemas após a prática de jogo: “A percentagem de jogadores ocasionais que procura ajuda profissional junto de especialistas é significativamente mais elevada do que a de jogadores regulares”.

O inquérito permitiu ainda aferir que, por comparação, “os jogadores estão mais conscientes sobre as medidas de promoção do jogo responsável desenvolvidas pelas operadoras” e, “geralmente, mais informados sobre as medidas e políticas do Governo”. No entanto, “o nível de consciencialização e/ou entendimento dos jogadores sobre os impactos negativos decorrentes do vício do jogo e os respectivos centros de aconselhamento não era significativamente maior” quando comparado com os que não tentam a sua sorte.

“Também é de reter que os jogadores mostraram sempre ter uma percepção incorrecta sobre [as] características dos jogos de fortuna e azar [e], por isso, os resultados levam-nos a concluir que as campanhas – que têm sido realizadas todos estes anos – apenas conseguiram consciencializar os jogadores para o conceito de jogo responsável”. Contudo, “não atingiram o objectivo de os dotar de um conhecimento profundo sobre o jogo e os distúrbios subjacentes a uma prática irresponsável”.

Neste sentido, “é notório que o nível de conhecimento nestas duas esferas tem que ser reforçado”, recomenda a UM, apontando que “é aconselhável que nas próximas campanhas se explore e explique mais específica e detalhadamente aos jogadores a natureza do jogo e os distúrbios que lhe estão associados”.

Relativamente à metodologia do estudo, sabe-se apenas, segundo dados anteriormente divulgados, que teve como destinatários os residentes de Macau com idade igual ou superior a 18 anos e que foi realizado entre 21 de Agosto e 3 de Setembro de 2017 através do método de amostragem aleatória e da realização de entrevistas por telefone.

22 Fev 2018

Cabo Verde | Activistas continuam a não confiar no projecto de David Chow

O grupo de activistas cabo-verdianos intitulado Movimentu Korrenti di Ativista continua a ter muitas dúvidas em relação ao empreendimento turístico que o empresário local David Chow quer erguer no Ilhéu de Santa Maria. Apesar de já existir um relatório de impacto ambiental, e de terem sido feitas alterações ao projecto, o grupo queixa-se de falta de informações da parte do Governo

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s alterações que foram feitas ao empreendimento turístico que o empresário e ex-deputado David Chow quer erguer no Ilhéu de Santa Maria, em Cabo Verde, continuam a não agradar ao grupo de activistas cabo-verdianos Movimentu Korrenti di Ativista, que desde o início se insurgiu contra o projecto. Nem a realização de um estudo de impacto ambiental eliminou as incertezas sentidas pelos activistas.

Em declarações ao HM, Ras Munda, representante do grupo, considerou que continuam a não existir informações suficientes sobre um projecto que irá alterar a génese do local e a ligação da população ao meio ambiente envolvente. 

“Quanto ao impacto ambiental, só o futuro da obra responderá a isso. A construção no ilhéu deste complexo é, por si só, um grande atentado contra a natureza, porque a construção gera uma grande complexidade com os bairros periféricos. É preciso ver o ambiente não só como aquilo que tocamos e sentimos, mas também as informações que observamos.”

O grupo alerta para uma grande ausência de informações relativamente aos ganhos que os cabo-verdianos podem obter com este empreendimento turístico.

“Como já avançaram com o projecto, ao menos devem explicá-lo melhor, divulgando da melhor forma o que pensam em termos concretos para o povo, que ao menos passa a ganhar confiança na decisão que tomaram. É preciso dizer em concreto o que é que vamos ganhar com este investimento. Precisamos saber agora se estão preparados para nos avançar com os mesmos números que estão no Boletim Oficial.”

De acordo com o jornal cabo-verdiano A Nação, o casino já não vai ficar situado sobre o mar como estava previsto inicialmente. Esta foi uma das alterações propostas pela Câmara Municipal da Praia. Ao jornal, o vereador do urbanismo Rafael Fernandes garantiu que os pedidos foram bem aceites pela empresa de David Chow, a Macau Legend Development Cabo Verde Resorts SA.

“Houve uma pequena alteração, até sugerida por nós, em relação à ponte e aos edifícios que eram uma espécie de bungalows, o que não fazia sentido na primeira versão, porque parecia que era um destino turístico de praia e não é. É um turismo de cidade, diferente do que acontece nas outras ilhas. E houve também uma adaptação no ilhéu. O edifício projectado ia demorar muito tempo a ser construído e com um custo acrescido. O edifício emblemático do casino vai ficar com o mesmo aspecto mas ancorado no ilhéu”, explicou o vereador.

Houve também mudanças em relação à ponte de ligação entre a Gamboa e o Ilhéu de Santa Maria. O Movimentu Korrenti di Activista confessou ao HM nunca ter estado contra a realização de obras no local, mas preferia que as mesmas tivessem o cunho da população.

“O projecto foi contestado por nós porque acreditamos que o Governo deveria dar um destino mais sustentável para o ilhéu que tem uma grande importância para os cabo-verdianos. Poderiam ser realizada obras, mas estas deveriam ao menos partir do próprio Governo, com propostas dos cidadãos e com construções mais simples e sustentáveis que respeitavam a dinâmica, a cultura e o ambiente da nossa cidade.”

Os três vectores

O grupo Movimentu Korrenti di Ativista considera que o investimento de David Chow é como lançar uma moeda ao ar sem saber qual dos lados vai cair no chão.

“O Governo e a autarquia estão a pensar que a moeda vai cair da maneira que estão a pensar. Mas de onde vem esta certeza? E se der tudo ao contrário? Será que estes governantes estão preparados para assumir esta responsabilidade?”, questionou o representante do grupo.

Tal como já tinha sido noticiado, os activistas alertam para a possibilidade do empreendimento de David Chow poder atrair mais prostituição e casos de branqueamento de capitais.

“Aos cabo-verdianos que consideraram esta uma boa decisão, devem estar atentos a três dados: a questão do tráfico de drogas, prostituição e lavagem de capital.”

Há também o receio de se gerarem situações de desigualdade ou mesmo exclusão social. “Eles devem pensar [se o projecto] abre a porta para a possibilidade de transformação destas ilhas num paraíso fiscal no continente africano”, rematou o grupo.

22 Fev 2018

Banca | Pedro Cardoso vai deixar o BNU com resultados positivos, mas sem consenso

Ao longo de quase sete anos, o presidente do BNU conseguiu como feitos maiores aumentar os lucros de 373,1 milhões de patacas para 706 milhões e abrir a primeira representação na Ilha da Montanha. Porém, os cortes nos apoios locais, os formulários a pedir dados dos clientes e a crescente burocratização valem-lhe críticas

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]edro Cardoso está de saída do Banco Nacional Ultramarino e para o seu lugar espera-se que entre Carlos Cid Álvares. Quando ocorrer a troca, que deve acontecer durante o Verão, o actual presidente do banco detido pelo Grupo Caixa Geral de Depósitos vai cumprir sete anos na liderança dos destinos do BNU. Para trás, Pedro Cardoso vai deixar, segundo as pessoas ouvidas pelo HM, resultados financeiros muito positivos. Quando chegou à presidência do BNU, em 2011, no ano anterior à sua chegada, o banco tinha fechado 2010 com lucros na ordem dos 373,1 milhões de patacas. Quando sair, o actual presidente deixa um lucro de 706 milhões, ou seja quase o dobro, referente a 2017.

Contudo as polémicas com o preenchimento dos formulários “Conheça o Seu Cliente”, e o consequente congelamento de algumas contas, assim como os cortes recentes do banco, apesar dos lucros recorde no ano passado, impedem um consenso total face à prestação do gestor em Macau.

Aposta no Interior da China

Colega de profissão de Pedro Cardoso e administrador do agora banco Well Link, antigo Novo Banco Macau, José Morgado não tem dúvidas que o actual presidente do BNU vai deixar um legado positivo, muito pelos números apresentados e pela relação com o sector financeiro local.

“A avaliação tem de ser positiva e a forma mais lógica de fazer uma análise é olhar para os resultados que conseguiu. Foram sempre em crescendo. Por outro lado tem uma grande aceitação no mercado financeiro local, muito também pelo facto de se ter dedicado a aprender chinês”, contou José Morgado ao HM.

“Aprendeu chinês, ou pelo menos um pouco, e eu próprio assisti a apresentações que fez em chinês em Xangai. Foi um facto que contribuiu para que fosse muito bem aceite no sector financeiro desta região. Afirmou o carácter regional do banco com a dinamização do escritório da representação em Xangai e com a abertura da sucursal na Ilha da Montanha”, justificou.

Uma opinião semelhante à de José Morgado é partilhada pelo economista Albano Martins. O também presidente da Associação Anima considera que sob o comando de Pedro Cardoso o banco ficou mais profissional, mas também mais burocrático, principalmente junto das empresas.

“A impressão que tenho é que o trabalho do Pedro Cardoso foi positivo. Os resultados e a evolução dos lucros é notória”, disse Albano Martins, ao HM. “O banco tornou-se mais profissional, mas provavelmente terá também ficado demasiado burocrático, é a minha ideia como cliente. Por exemplo, para se ter acesso a uma conta pela Internet no BNU, e estamos a falar do acesso, ou seja não é para fazer transacções online, são necessárias montanhas de papéis que têm de ser preenchidas. O processo poderia ser muito mais facilitado, mesmo com as preocupações de segurança e com a movimentação de capitais”, defendeu.

Outras interpretações

Apesar dos recordes, também há quem considere que o BNU tem acompanhado a tendência de crescimento da banca local e mesmo da instituição, antes da chegada do actual presidente.

“O BNU, independentemente dos presidentes que por lá passam, conseguiu resultados que têm batido recordes nos últimos anos”, começou por constatar Paulo Azevedo, presidente do grupo de comunicação De Ficção.

A mesma tendência nos resultados do banco foi explicada pelo gestor da representação em Macau do banco português BCP, José João Pãosinho, que por motivos de ética profissional se recusou a comentar a prestação de Pedro Cardoso.

“Desde 2003, o BNU entrou numa dinâmica de crescimento apreciável e com o Dr. Pedro Cardoso continuou essa dinâmica. O banco está a recolher os frutos de uma estratégia acertada, quando por volta de 2002 e 2003 apostou no apoio à abertura do mercado do jogo”, apontou José João Pãozinho.

O outro lado do lucro

A notícia da saída do presidente do BNU chegou numa altura em que foi alvo de críticas no âmbito dos cortes a apoios e patrocínios locais, principalmente entre a comunidade portuguesa. Uma medida que muitos acreditam ter sido motivada pela situação financeira difícil do Grupo Caixa Geral de Depósitos.

“O BNU pertence a um grupo em reestruturação em Portugal, e é necessário que actue mais segundo os critérios do grupo e menos por critérios localizados. É natural que por força desse condicionalismo que tenham orientações para adoptar uma postura mais regredida e uma actividade não tão contributiva em termos de ajuda a patrocínios”, considera José Morgado.

Apesar de admitir a possibilidade de existirem orientações superiores, Paulo Azevedo recorda a função que o BNU tem assumido em Macau: “O BNU tem outro tipo de responsabilidade que a restante banca portuguesa não tem e está a divorciar-se disso por causa de cortes que o Grupo Caixa em Lisboa decidiu, sem olhar à natureza histórica de liderança da comunidade portuguesa aqui”, notou.

“Muitas vezes, em Portugal, as decisões tomam-se porque Lisboa está muito longe de Macau e os gestores continuam um bocado divorciados da realidade local. É por isso que é importante que o presidente do BNU dê, de vez em quando, um murro na mesa e defenda o posicionamento do banco. Se o BNU perde a reputação e o crédito junto da comunidade portuguesa são os interesses do banco a médio e longo prazo que ficam prejudicados”, considerou.

Também Albano Martins sublinha a necessidade do banco conservar uma boa imagem junto da comunidade portuguesa e dos clientes.

“Provavelmente não é um corte significativo e é politicamente errado. Se calhar é minimalista em termos de exploração para o BNU, não vai representar muito e, por outro lado, cria uma sensação de mal-estar, porque a comunidade de Macau é diferente da de Portugal”, apontou.

“É preciso que as pessoas desçam à terra e percebam que as coisas funcionam de forma diferente. As atitudes e as posturas de quem decide têm de ter em atenção essas questões”, frisou.

Apesar destas versões, ao HM uma fonte informada sobre os processos de decisão do banco, que não quis ser identificada, garantiu que os cortes se devem exclusivamente a Pedro Cardoso e à vontade do gestor em “apresentar lucros mais positivos todos os anos”.

O HM contactou Pedro Cardoso, mas o presidente do BNU não quis fazer qualquer comentário.

Cartas da polémica

Foi em 2016 que os clientes do BNU começaram a receber cartas com “ameaças” de que seriam impedidos de continuar a ser clientes do banco, se não preenchessem o formulário “Know Your Client”. O documento pedia informação e autorização para transmitir ao Grupo Caixa Geral de Depósitos os dados dos consumidores.

Na altura, o tom da carta gerou críticas por parte de alguns clientes, e também Albano Martins considera que houve um erro na comunicação do banco.

“A comunicação não foi a melhor. Foi uma questão que poderia ter sido colocada de uma outra forma… mas foi a maneira que o banco encontrou de comunicar com os clientes”, afirmou o economista.

“Mas também não é uma nódoa pequenina na comunicação que vai deixar marca no desempenho do Pedro Cardoso, que me parece bastante positivo”, frisou.

Já José Morgado considerou normal a parte do documento em que é referido que sem a assinatura do formulário, o BNU ficaria em posição de cancelar as contas dos clientes.

“A situação consolidada da Caixa, que está ligada à UE, exige que os dados sejam relatados e que os clientes cumpram com as regras do fornecimento deste tipo de informação. Se os clientes não pretendem cumprir, naturalmente que o relacionamento pode quebrar-se. Os bancos não podem actuar fora do contexto dos territórios em que estão”, justificou.

 

Momentos Marcantes

Agosto de 2011: Pedro Cardoso é nomeado presidente do Banco Nacional Ultramarino, substituindo Artur Santos, que estava no cargo há cerca de um ano.

Julho de 2013: Esquema de phishing utiliza nome do BNU na tentativa de enganar os clientes do banco. BNU garante que não houve clientes afectados.

Julho de 2015: BNU e sucursal de Macau do Banco da China assinam protocolo para a promoção de negócios entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Início de 2016: Envio de cartas a pedir aos clientes o preenchimento do formulário “Conheça o Seu Cliente”. No documento as pessoas são avisadas que se optarem por não preencher o formulário que a relação entre as partes será terminada.

Julho de 2016: Abertura da primeira agência em Seac Pai Van.

Finais de 2016: Surgem os relatos das primeiras contas de clientes congeladas pelo BNU devido ao facto dos clientes não terem preenchido o formulário KYC, que autoriza a transmissão de dados pessoais à casa-mãe.

Janeiro de 2017: Abertura da primeira sucursal na República Popular da China, na Ilha da Montanha.

Junho de 2017: BNU anuncia logótipo comemorativo dos 115 anos da instituição, apenas em chinês e inglês.

Setembro de 2017: Banco realiza cerimónia comemorativa dos 115 anos, com a presença do presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo.

Janeiro de 2018: BNU anuncia lucros recorde de 706 milhões de patacas em 2017, com um crescimento de 26 por cento face a 2016.

Janeiro de 2018: Instituição começa uma série de cortes ao nível dos apoios e publicidades em Macau.

Fevereiro de 2018: Anúncio da saída de Pedro Cardoso do cargo de presidente do BNU. Carlos Cid Álvares será o homem que se segue.

22 Fev 2018

Saúde | Idoso de 90 anos morreu vítima de gripe

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) registaram o segundo caso mortal devido à gripe desde que começou o pico desta patologia. De acordo com um comunicado, um idoso de 90 anos dirigiu-se aos serviços de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) no passado dia 12 de Fevereiro por sentir falta de apetite. “O médico procedeu ao diagnóstico, verificando que este paciente estava com polipneia (falta de ar), resultado da gripe B positiva com pneumonia, tendo sido internado no Serviço de Medicina Interna para tratamento.”

Os SS explicam que “a situação clinica melhorou, mas posteriormente manifestaram-se sintomas de pneumonia e choque”, sendo que “a família concordou em desistir da intubação endotraqueal e Ressuscitação cardiopulmonar (RCP)”.

O idoso faleceu ontem de manhã “devido à exacerbação aguda de doença pulmonar obstrutiva crónica e pneumonia”. Além de não ter tomado a vacina contra a gripe, “o paciente possuía antecedentes clínicos relacionados com doença pulmonar obstrutiva crónica e demência”.

Um outro paciente, com 64 anos de idade, também se encontra internado desde o dia 19, tendo sido considerado um caso crítico. Na terça-feira “a sua condição clinica agravou-se, necessitando agora de respirar através de uma máquina de ventilação”. “O diagnóstico deste paciente é influenza A e pneumoconiose com falha respiratória. O paciente também não foi sujeito à vacina”, explicam os SS.

21 Fev 2018

Residentes podem dar sugestões sobre Direitos Humanos

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] terceiro relatório da República Popular da China (RPC) relativo ao mecanismo de Revisão Periódica Universal (Universal Periodic Review – UPR) do Conselho dos Direitos do Homem (CDH) será entregue em Julho deste ano e inclui os relatórios das suas duas Regiões Administrativas Especiais.
A RAEM encontra-se a elaborar o seu relatório que corresponde a 3 páginas do relatório nacional da RPC. O teor do documento abrange o período compreendido entre Janeiro de 2013 e Abril 2018 e pode contar com sugestões da população. Para o efeito, foi elaborado uma plataforma de consulta com as linhas mestras dos temas/assuntos a abordar no relatório e que se coloca ao dispor da população no website do portal do Governo e da DSAJ. Os comentários e sugestões podem ser entregues até 21 de Março de 2018.
De acordo com o comunicado oficial, o mecanismo de Revisão Periódica Universal tem como objectivo uma análise e avaliação periódica das políticas governamentais relativas à promoção e protecção dos direitos humanos, incluindo a aplicação dos principais tratados internacionais sobre os Direitos do Homem pelos Estados- Membros das Nações Unidas.

21 Fev 2018

SJM | Operadora vai continuar a apoiar o território, afirma Ambrose So 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), fundada pelo magnata Stanley Ho, afirmou no jantar de ano novo lunar que a operadora vai continuar a apoiar o Governo e o território.

“À medida que o Governo de Macau continua a liderar um caminho de êxito para a economia e a sociedade, a SJM está pronta a caminhar ao lado de Macau para se transformar num centro mundial de turismo e lazer”, disse Ambrose So, perante dezenas de convidados, incluindo o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam.

O director executivo lembrou que a região administrativa especial chinesa vai beneficiar da iniciativa ‘Uma faixa, Uma rota’ e do desenvolvimento da região da “Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

Sobre o primeiro empreendimento da SJM no Cotai, Ambrose So afirmou que a construção do Grand Lisboa Palace continua.

Em Outubro, o responsável tinha indicado esperar a conclusão do projecto até final deste ano, depois dos atrasos causados pelo tufão Hato, em Agosto, e por um incêndio, em Setembro.

Iniciado em Fevereiro de 2014, o Grand Lisboa Palace tem um orçamento estimado em 36 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Também a administradora-delegada da SJM e deputada à Assembleia Legislativa, Angela Leong, considerou que “Stanley Ho, a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau e a SJM são parte integrante do crescimento e da história de êxito de Macau”.

O contrato de concessão de jogo da SJM, que opera 20 dos 40 casinos em Macau, termina em 31 de Março de 2020.

21 Fev 2018

Línguas | Criados dicionários ‘online’ Português/Chinês e Chinês/Português

Mais um trabalho pioneiro e feito a partir de Macau. Foram lançados, no dia de ano novo chinês, os dicionários ‘online’ Português/Chinês e Chinês/Português. A autoria é de Ana Cristina Alves que contou com a colaboração da também académica Ao Sio Heng. O objectivo foi disponibilizar um instrumento acessível a todos

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s primeiros dicionários ‘online’ Português/Chinês e Chinês/Português agora disponibilizados foram feitos a partir de Macau por Ana Cristina Alves. Demoraram cerca de um ano, e da equipa que o produziu consta uma professora chinesa de português e mandarim.

Doutorada em Filosofia da História e da Cultura Chinesa, Ana Cristina Alves disse à agência Lusa que quando lhe foi feito o desafio pensou que “não iria ser capaz”, pois à data leccionava na Universidade de Macau e “não tinha tempo”.

“Mas logo me foi dito que teria a equipa de informática da Porto Editora a trabalhar comigo e, ao fim de um ano o trabalho estava feito, em menos tempo do que aquele que me davam”, salientou a autora de vários livros e manuais sobre a língua e cultura chinesas.

O facto de o desafio ter sido “bastante aplacado” pela colaboração que lhe chegava do Porto, foi no “trabalho de pesquisa” na tradução para chinês moderno das entradas que lhe chegavam de Portugal que encontrou as “maiores dificuldades”.

“Foi uma pesquisa enorme pois cada entrada tem vários sentidos e havia que verificar quais eram as oportunas para cada uma delas”, explicou a docente, vincando que o trabalho feito foi no “sentido de criar um dicionário que seja básico e essencial, para os contemporâneos”.

Palavras para todos

E prosseguiu: “não se trata de um dicionário erudito, mas sim para comunicação, em que tanto os estudantes, turistas e empresários o possam utilizar”.

Para a autora dos livros “A Sabedoria Chinesa” (2005), “A Mulher na China” (2007) e do manual Chinês/Português e Português/Chinês (2010), a preparação do dicionário informático representou “um desafio muito diferente”, dada a sua “experiência ser no campo teórico, de ensino e na preparação de manuais”, recorrendo à metáfora para explicar de que modo teve de se readaptar para que a obra surgisse.

“Para o efectuar tive de despir um pouco o meu lado teórico e académico para ir ao encontro das necessidades práticas da nossa sociedade”, descreveu Ana Cristina Alves cujo critério da escolha levou a que a obra publicada obrigasse a que “25 mil dessas entradas fossem retiradas, ficando só as expressões essenciais”.

Ajuda local

A parte do dicionário feita em Macau contou ainda com outra ajuda “preciosa” da universidade local, ficando a revisão a cargo da colega chinesa Ao Sio Heng, professora de português e chinês de iniciação.

Agitada pelo “nervoso miudinho” que a acompanhou na coordenação do dicionário, a especialista confessou à Lusa que para conseguir dar resposta ao trabalho houve dias em que teve de “acordar às 02:00 para traduzir e depois ir dar aulas”.

E com a obra a ser lançada em Portugal no dia em que se assinala o Ano Novo Chinês é de um maior investimento na cultura chinesa que a autora do livro de investigação “Culturas em Diálogo. A Tradução Chinês-Português” (2016) fala.

“Os chineses gostam muito da língua deles e os carateres são uma das características da sua cultura e pode ainda muito ser feito em termos de dicionários etimológicos, de provérbios, adágios e aforismos”, desafiou.

Nos dicionários hoje disponibilizados no ‘site’ Infopédia.pt constam mais 25.500 entradas e cerca de 36.500 traduções.

21 Fev 2018

WildAid preocupada com vendas de barbatanas de tubarao

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] organização não governamental WildAid está preocupada com o crescimento do mercado de barbatanas de tubarão em Macau, em contraste com o que acontece no Interior da China. Segundo um relatório publicado na semana passada com o título “Sharks in Crisis: Evidence of Positive Behavioral Change in China as New Threats Emerge”, há uma nova tendência para o desenvolvimento de novos mercados, nomeadamente em Macau, Hong Kong e Tailândia.
“Em 2016, pela primeira vez, Macau ultrapassou o Interior da China no topo das reexportações de barbatana de tubarão com origem em Hong Kong, registando um aumento de 62 por cento de 88.029 quilograma, em 2015, para 143.396 quilograma, um ano depois”, pode ler-se no relatório.
Entre as razões apontadas para este crescimento está o desenvolvimento do sector do turismo, após a liberalização do jogo, assim como o crescente hábito dos locais consumirem barbatana de tubarão: “Os locais estão a consumir barbatana de tubarão nos restaurantes, onde estes pratos são servidos de forma regular, assim como nos banquetes tradicionais: estima-se que 70 por cento dos banquetes de casamento em Macau incluam barbatana de tubarão”, é revelado.
“Também os 30,95 milhões de turistas que visitaram Macau, em 2016, são um dos públicos-alvo: muitos sites dedicados ao turismo promovem restaurantes famosos pela sopa de barbatana de tubarão, encorajando os turistas a experimentarem os pratos”, é explicado.
No Interior da China, segundo os dados do Governo Central, houve uma tendência diferente, com o registo de uma quebra de 80 por cento no consumo de barbatana de tubarão, assim como uma redução de 81 por cento nas importações e venda de barbatana de tubarão em Pequim, Xangai e Cantão, entre 2010 e 2014.

21 Fev 2018

Ponte HZM tem capacidade para suportar super-tufões e sismos de magnitude 8

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ponte do Delta, com uma vida útil de 120 anos, pode aguentar sismos de magnitude 8 e super-tufões. A garantia foi dada pelo engenheiro Yu Lie, vice-director da Autoridade da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, que trabalha no projecto desde os preparativos em 2004.

“À medida que a ponte fica pronta para a abertura, as expectativas das pessoas crescem em termos da sua função para o transporte e como pode isso beneficiar a população”, afirmou o engenheiro Yu Lie, sustentando que “não vai ser apenas uma via de transporte”, mas também “uma ligação social, económica, cultural e turística entre as três zonas”, sublinhou, citado pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

Segundo vários ‘media’, a ponte tem data de abertura prevista para 1 de Julho, dia em que se assinala o aniversário da transferência de Hong Kong para a China.

“O nosso país é muito forte na construção de pontes”, disse Yu, apontando que “esta ponte destaca as conquistas da China em termos de tecnologia, equipamento, investigação e representa também um novo futuro”. Além de aumentar a integração no Delta do Rio das Pérolas, é também considerada uma das infra-estruturas vitais no âmbito da Rota da Seda Marítima do século XXI.

Su Yi, diretor adjunto da Autoridade da Ponte, afirmou que os governos das três cidades estão a debater pormenores relativos às autorizações de circulação, autocarros de ligação ou planos de emergência.

A Direcção dos Serviços para os Assuntos do Tráfego (DSAT) anunciou, na semana passada, que 600 veículos de Macau vão poder circular entre o território e Hong Kong.

De acordo com estimativas das três zonas, o volume diário de tráfego na ponte deve atingir os 29.100 veículos em 2030 e 42 mil em 2037, enquanto o volume diário de passageiros pode vir a rondar os 126 mil e os 175 mil, respectivamente.

21 Fev 2018

Licenças do IACM. Renovação até ao final do mês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s titulares das licenças anuais emitidas pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) têm até ao final deste mês para as renovar, sob pena de pagarem uma taxa adicional pelo atraso, sendo que a caducidade da licença implica a cessação da actividade em causa.

O IACM recorda que mesmo os que se encontram isentos da taxa carecem de efectuar a renovação da respectiva licença anual dentro do prazo definido. Ao IACM compete a atribuição de uma série de licenças, como para vendas a retalho, afixação de publicidade e propaganda ou relativas a animais.

21 Fev 2018

Emprego | Governo das Filipinas alerta para propostas de trabalho fraudulentas

As autoridades filipinas lançaram um comunicado a denunciar o caso de uma empregada em Macau a quem foi oferecida uma proposta de trabalho no Interior da China. No Continente, a trabalhadora nunca foi paga e os patrões ficaram-lhe com o passaporte e o telemóvel

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Departamento do Trabalho e Emprego das Filipinas lançou um alerta para o facto de uma mulher filipina, em Macau, estar a oferecer a conterrâneas falsas propostas de emprego no Interior da China. Segundo as autoridades filipinas, foi registado um caso em que uma empregada se despediu do emprego em Macau depois de ter recebido uma proposta para trabalhar no Interior. Já no Continente, a empregada acabou por não ser paga, apesar de lhe terem prometido um salário mensal de 7.500 yuans, e ainda viu os patrões ficarem-lhe com o passaporte e o telemóvel.

“Os trabalhadores filipinos e os turistas que procuram trabalho em Macau devem ter muito cuidado quando aceitam ofertas de emprego de outros filipinos para supostamente trabalharem no Interior da China”, pode ler-se no aviso publicado pelo departamento em causa.

A proposta foi apresentada através de uma filipina com o apelido Ciabacal, que está ligada a uma recrutadora chinesa chamada Fancy. Segundo as informações das autoridades filipinas, Fancy é proprietária de um estabelecimento com o nome MMC Entreprises, localizado na zona do Mercado Vermelho, que recruta de forma clandestina empregadas filipinas e vietnamitas para trabalharem no Continente.

Esta é uma situação que não é nova e os membros da comunidade em Macau ouvidos pelo HM recomendam muito cuidado a quem considerar responder a propostas no Interior da China.

“Não ouvi falar dessa situação em concreto, mas conheço outras com amigos de amigos, que ocorreram em Macau. É um tema que tem sido muito discutido entre a comunidade e mesmo o Consulado das Filipinas tem alertado para estas situações”, afirmou Ana Fivilia, representante da Associação Bisdak, ao HM.

“O caso típico é surgirem propostas tentadoras do Interior da China com bons salários. Mas, depois, quando se aceita o emprego e se começa a trabalhar, as pessoas não são pagas e os benefícios prometidos não se concretizam”, apontou.

Na dúvida, recusar

Por sua vez, Rodantes, membro do movimento Couples For Christ (CFC) Global em Macau defende que a melhor forma de lidar com estas situações é não aceitar propostas de emprego do Continente.

“É muito complicado trabalhar no Interior da China. Há alguns anos houve casos de algumas pessoas a trabalharem em Macau que foram levadas pelos patrões para o Interior da China. Nessa altura houve muitas queixas sobre as condições de trabalho encontradas do outro lado da fronteira”, recorda Rodantes.

“Temos noção das condições que encontram no Interior da China e já deixámos avisos aos membros da comunidade. Mesmo que haja ofertas com um salário muito bom, nós recomendamos que não aceitem”, frisou.

Segundo a lei das Filipinas, os cidadãos só podem trabalhar no estrageiro quando aceitam propostas de emprego através de agências reconhecidas pelo próprio Governo. Contudo, para evitar o pagamento de taxas e a demora do processo, há cidadãos que entram nos países onde desejam trabalhar como turistas e tentam encontrar empregos por si.

“A procura de emprego com visto de turista é uma situação que, apesar dos esforços os Governos de Macau e das Filipinas, não conseguem controlar. Por uma questão de segurança recomendamos que as pessoas só venham para Macau através das agências reconhecidas pelas autoridades”, explicou Rodantes.

O representante da CFC Global em Macau alerta também que este tipo de problemas não é exclusivo dos cidadãos filipinos e que acontecem igualmente com imigrantes da Indonésia e do Vietname.

21 Fev 2018

Novo Macau | Sulu Sou pede solução rápida terminal das Portas do Cerco

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] terminal de autocarros das Portas do Cerco está em funcionamento numa localização temporária desde Agosto e, de acordo com Sulu Sou, aquela zona está também caótica desde a mesma data.

O deputado suspenso, e com ligações à Associação Novo Macau, apela ao Executivo uma solução temporária eficaz e não a que está a ser aplicada. De acordo com Solu Sou, além de não se saber ainda nada acerca do planeamento daquela zona nem a agenda para a reactivação do terminal que ficou danificado com a passagem do tufão Hato pelo território, os “remendos” que têm vindo a ser utilizados não surtem, efeito. É necessária uma solução abrangente e imediata, aponta Sulu Sou.

21 Fev 2018

Turismo | Número de visitantes excedeu as expectativas

Cerca de 660 mil pessoas entraram em Macau até segunda-feira. As imagens das multidões a tentar atravessar a fronteira em Gongbei ou a preencherem o Leal Senado e a Rua do Campo inundaram as redes sociais e levaram ao velho debate sobre a capacidade de Macau para receber tanta gente. Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, garante que há espaço para todos

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]odos os anos o cenário repete-se, mas desta vez o Ano Novo Chinês trouxe ainda mais pessoas a Macau. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), entraram em Macau cerca de 660 mil pessoas até segunda-feira, um aumento de 9,2 por cento em relação ao ano passado. Do continente chegaram 484 mil pessoas, mais 16,8 por cento.

A Polícia de Segurança Pública (PSP) registou, até às 11 horas de ontem, a entrada de 141 mil pessoas, sendo que a principal fronteira utilizada para entrar em Macau continua a ser nas Portas do Cerco.

Em declarações ao HM, a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, disse que os números vão além das suas expectativas. “Este ano, por causa do bom tempo, os números estão além das nossas expectativas. Mesmo assim estamos bem preparados para receber um grande número de turistas.”

Nas redes sociais circularam várias imagens de milhares de pessoas a cruzar as ruas adjacentes à zona do Leal Senado e das Ruínas de São Paulo, sem esquecer a notória dificuldade em atravessar a fronteira. Ainda assim, Helena de Senna Fernandes considerou que o caos ainda não chegou ao território e que as autoridades têm conseguido manter a situação controlada.

“Esta é a época em que todos os chineses estão a viajar. Acho que esta situação não acontece apenas em Macau mas também em Hong Kong, onde também entrou muita gente. Em todo o país há muitos chineses a viajar em viagens domésticas. Mas estamos preparados para receber grandes multidões nesta época do ano. A polícia e outros departamentos públicos estão preparados para receber multidões. A polícia tem de utilizar medidas de controlo no centro da cidade, e mesmo com muita gente não tivemos problemas”, afirmou a directora da DST.

Helena de Senna Fernandes fez também referência às multas aplicadas aos taxistas, que, segundo a Macau News Agency, chegaram ao número de 254 violações entre os dias 14 e 19 de Fevereiro. “Houve taxistas multados mas penso que a nossa cidade é de hospitalidade, e vamos continuar a fazer o nosso melhor para receber os muitos turistas que nos visitam de diferentes partes do mundo.”

E a qualidade?

Nas redes sociais a partilha de fotografias com as multidões gerou novamente o velho debate sobre a capacidade do território para receber tão grande número de pessoas.

Quem vive cá evita ir às zonas mais turísticas, conforme relatou Nuno Caladçada Bastos, um dos residentes que partilhou as imagens da multidão. Nuno alerta, sobretudo, para a má qualidade do turismo que possa advir desse factor. “Acho que a experiência destas pessoas não deve ser muito agradável, a travessia das fronteiras para Macau são bastante complicadas de fazer. Acho que Macau tem capacidade mas precisava de arranjar outras fronteiras. Mantenho mais ou menos as mesmas rotinas, se bem que fujo das zonas mais turísticas, como o Leal Senado ou as Ruínas de São Paulo, mas também não é um sítio onde vá com frequência. Não vou lá fazer nada, as coisas são mais caras, e acabamos por não andar muito nos pontos turísticos. Quem for tem uma experiência super- desagradável.”

Nuno Calçada Bastos considerou também que o território ainda não tirou partido da abertura do novo terminal marítimo da Taipa, porque mantém os velhos problemas em termos de circulação viária, autocarros e obras nas vias públicas. “Por enquanto isso ainda não está a acontecer, porque continuamos a ter um problema com as estradas e a má gestão de obras, e os autocarros que causam engarrafamentos à cidade toda. Os transportes não estão bem planeados para facilitar a circulação de pessoas. Obviamente que o novo terminal da Taipa traz alguma facilidade. Mas Macau é uma grande cidade, as pessoas não se podem queixar, só tem coisas a melhorar.”

Apesar de esta ser uma época em que os residentes aproveitam para viajar para outros destinos, Helena de Senna Fernandes adiantou que não existe um problema de excesso de pessoas. “A maioria das pessoas de Macau mostram a sua hospitalidade para os turistas. Claro que é sempre difícil nesta altura, porque é uma época com muita concentração de pessoas. Mas acho que os residentes compreendem e acho que temos de agradecer aos residentes que têm ajudado a dar uma sensação de hospitalidade aos turistas”, rematou.

21 Fev 2018

Idosos | Académico pede mais esforços na implementação de Previdência Central

Até 2036 a percentagem da população dependente, ou seja crianças e idosos, vai aumentar para 38,6 por cento. Por essa razão, e principalmente devido a envelhecimento, o académico Tang Kai Hong defende num artigo académico a necessidade de um maior empenho para a implementação total de Regime de Previdência Central

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau tem de lidar com o problema do envelhecimento da população e criar de forma urgente um Regime de Previdência Central universal e colocar mais recursos humanos nesse objectivo. Esta é a conclusão de um estudo elaborado pelo académico Tang Kai Hong, num artigo publicado na Revista da Administração Pública e Governação, em Journal of Public Administration and Governance.

“A constituição de um Regime de Previdência Central é uma política muito importante, especialmente numa altura em que Macau tem uma sociedade cada vez mais envelhecida. O Governo deve lidar de forma urgente com a construção de um Sistema de Previdência Central”, pode ler-se nas conclusões do académico Tang Kai Hong.

“Neste momento, o Governo ainda não anunciou uma calendarização para levar avante a sua determinação de implementar um sistema [obrigatório]. Desta perspectiva, a implementação de um fundo de previdência ainda está uma fase experimental, não há um implementação total dessa determinação, por isso, o Governo precisa de dedicar mais recursos para a implementação total do sistema de previdência central”, considera.

No entanto, o académico alerta para a necessidade do sistema gerar retornos positivos para os trabalhadores, ao contrário do que diz acontecer em Hong Kong. Segundo o académico, na região vizinha os pagamentos aos pensionistas, após as contribuições, têm ficado aquém das expectativas.

“Em Hong Kong, mais de 10 anos depois de terem sido estabelecidos os fundos de previdência, há críticas que os retornos dos fundos sãos baixos e que os custos de gestão são caros, o que faz com que falhem na função de proteger os trabalhadores”, explicou. “Há vozes que propõem mesmo que o Governo [de Hong Kong] faça uma revisão profunda do modelo adoptado ou que termine mesmo com a política”, frisou.

O regime de Previdência Central Não-Obrigatório entrou em vigor no início do ano. Na discussão na Assembleia Legislativa que resultou na aprovação do documento, foi explicado que o regime não seria obrigatório imediatamente, devido às pressões para as Pequenas e Médias Empresas. Na altura, o Governo comprometeu-se a torná-lo obrigatório, dentro de três anos.

População mais velha

A preocupação com esta questão para o académico parte de um problema há muito identificado pelo Governo da RAEM: a população está a ficar cada vez mais velha.

Segundo os números da população de 2016, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu para 59.383, ou seja um aumento de 48,6 por cento face a 2011. Este valor representava, em 2016, 9,1 por cento da população e tem tendência par aumentar.

Também de acordo com os dados compilados por Tang Kai Hong, com base nos número oficiais, o número de cidadãos que dependem de outrem para sobreviver vai aumentar. Ou seja o número de pessoas com mais de 65 anos e as crianças, que ainda são novas para entrar no mercado do trabalho. Em 2016 a média da idade população era de 39,3 anos e o rácio de dependência ficava situado em 14 por cento. Porém, em 2036, estima-se que a dependência suba para 38,6 por cento e que a média da idade atinja os 45,5 anos.

20 Fev 2018

José Chui Sai Peng quer uniformização de calendários para quotas na ponte HZM

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] deputado José Chui Sai Peng defendeu, em declarações ao jornal Ou Mun, que os prazos das 600 quotas que serão atribuídas para os veículos de Macau para a circulação na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau devem ser uniformizados. Chui Sai Peng disse não compreender as razões do Executivo para ter decretado datas diferentes para a aplicação destas quotas.

Chui Sai Peng questionou se esta diferença estará relacionada com os diferentes regulamentos que existem para a renovação das quotas dos veículos nas duas regiões, ou até com o facto do Governo ter pago uma parte mais pequena do projecto em relação ao que foi pago pelas autoridades de Hong Kong e Zhuhai.

Na visão do deputado e primo do Chefe do Executivo, a existência de datas diferentes pode estar relacionado com o facto da RAEM ser “um pequeno accionista” neste projecto, com menos poderes de negociação.

Chui Sai Peng considerou também que estas diferenças podem causar um incómodo aos condutores por existirem diferentes datas de renovação das quotas.

Macau vai ter direito a 600 quotas para veículos locais circularem entre a cidade e Hong Kong através da nova ponte que liga os dois territórios e Zhuhai, foi anunciado esta terça-feira.

Destas 600 quotas de circulação, 500 têm validade de um ano e 100 de seis meses, enquanto as 300 quotas a atribuir a veículos de Hong Kong têm validade de três anos. Esta distribuição resulta de um consenso entre os governos das duas regiões administrativas especiais da China, indicou a Direção dos Serviços para os Assuntos do Tráfego de Macau (DSAT).

Entretanto, a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) emitiu um comunicado onde alerta os condutores para o facto de “terem de adquirir previamente um seguro de acordo com a legislação de cada uma das três jurisdições, na área da correspondente região, conforme a sua pista de condução, antes de entrarem na ponte”.

De acordo com as leis em vigor, “os valores mínimos do seguro para os veículos automóveis ligeiros por cada acidente é de 1.5 milhões de patacas”.

“Os cidadãos devem planear antecipadamente a sua agenda, adquirindo um seguro na área da correspondente região, antes de entrarem na ponte. As seguradoras locais poderão ajudar na aquisição do seguro automóvel para as outras duas regiões. As associações do sector segurador das três regiões criarão uma página electrónica temática sobre o seguro automóvel para a travessia da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e divulgarão informações mais detalhadas no futuro próximo”, adiantou a AMCM.

20 Fev 2018

Serviços de Saúde | Disponibilizados mais locais para vacinação no Kiang Wu e MUST

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esde ontem que os residentes têm mais opções de locais para levarem as suas vacinas. De acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde (SS), estarão também disponíveis postos de vacinação no CHCSJ, no Hospital Kiang Wu, nas consultas externas do Hospital Universitária de Ciência e Tecnologia e nas Clínicas dos Operadores, com vacinação gratuita e sem marcação.

Os SS apontam que desde os finais de Janeiro que se regista uma subida da taxa de vacinação “com uma média de cerca de 400 residentes por dia, tendo ultrapassado uma média de 4,000 residentes por dia aquando do período de pico”. Tal causou “um grande impacto no funcionamento dos postos de vacinação”, explica o comunicado.

Nos últimos dias “os centros de saúde têm registado uma descida para uma média de cerca de 700 residentes por dia”. Os SS já têm um total de 165 mil vacinas disponíveis, sendo que 127 mil residentes já foram vacinados. O pico da gripe deverá manter-se nas próximas semanas, existindo a possibilidade “de ocorrência de uma segunda onda de gripe após os feriados de novo ano chinês”.

20 Fev 2018

Instituto Cultural | Ministério Público guarda casamata

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar de no passado o Instituto Cultural ter emitido um parecer em que defendeu a protecção da Casamata no Alto de Coloane, o Governo recusa avançar se tem algum tipo de planos para uma futura reutilização do espaço ou abertura ao público.

Após o relatório elaborado pelo Comissariado Contra a Corrupção que defendeu a recuperação pelo Governo da RAEM do terreno onde está a antiga construção de origem portuguesa, o HM questionou se havia já tinha sido elaborado algum projecto para o espaço.

No entanto, o IC recusou fazer qualquer comentário, com base no facto do caso estar a ser acompanhado pelo Ministério Público, a pedido do Chefe do Executivo. “Considerando que o “Relatório de investigação sobre construção no Alto de Coloane” se encontra na posse do Ministério Público da RAEM para efectuar sindicâncias e ser acompanhado, o IC, por conseguinte, não expressa quaisquer comentários neste momento”, foi a posição oficial emitida.

20 Fev 2018

Canídromo | Governo deve evitar polémica, diz deputada Song Pek Kei

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s formas apontadas para o reaproveitamento do canídromo depois de ser desactivado têm sido várias e dirigidas a diferentes finalidades. Mas, o que é que vai ao certo ocupar aquela zona ainda não é de conhecimento público, nem do próprio Governo e deve ser pensado com muita cautela. A ideia é deixada pela deputada Song Pek Kei que questiona o Executivo acerca de como vai seleccionar as estruturas que vão ocupar aquele espaço. “Há quem fale em parques de estacionamento, zonas de lazer e o próprio Governo já avançou que pensa construir ali quatro escolas”, refere a deputada em interpelação oral. No entanto, as necessidades são muitas e o Executivo deve encontrar forma de não causar polémica com as escolhas que faz. Para Song Pek Kei é essencial que se comece a tratar disso pois o contrato de concessão com a Yat Yuen estás prestes a terminar.

20 Fev 2018

Erro médico | Só um caso detectado em 2017

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Comissão do Erro Médico, que entrou em vigor a 26 de Fevereiro do ano passado, tratou de 82 atendimentos, sendo que, segundo um comunicado, 73 foram “uma mera consulta ou assuntos de natureza administrativa, que não são competência da comissão nem satisfaziam as condições para requerer a perícia”.

Apenas um caso dos nove que foram alvo de perícia técnica foi considerado erro médico, sendo que três “foram indeferidos por não satisfazerem as condições legalmente previstas”, um ainda está a ser alvo de perícia, cinco casos originaram a emissão de relatórios e quatro “não constituem erro médico”.

No ano passado foram realizadas 50 reuniões, tendo sido efectuadas pela comissão um total de 24 audiências e uma inspecção in loco a um hospital. Foram formulados “32 pedidos de acesso a processos clínicos e informações, dirigidos às várias instituições que incluem hospitais público e privado, centros de saúde, clínicas de medicina ocidental e de medicina tradicional chinesa”.

Foram também convidados pela comissão “peritos para presenciar nas reuniões e prestar apoio ou emitir parecer por escrito, num total de sete pessoas”.

Foi também celebrado um protocolo, em Dezembro do ano passado, com a Associação Médica da Província de Guangdong.

20 Fev 2018

Património | Sugerida mudança de local do consulado-geral de Portugal

Um ouvinte do programa matinal do canal chinês da Rádio Macau sugeriu a mudança de local do consulado-geral de Portugal em Macau, para que o actual espaço passe a ser uma atracção turística. Leong Wai Man, vice-presidente do Instituto Cultural, disse que, a longo prazo, irão pensar no uso turístico deste tipo de infra-estruturas

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] programa matinal de ontem do canal chinês da Rádio Macau destinou-se a debater o património de Macau, tendo contado com a presença de Leong Wai Man, vice-presidente do Instituto Cultural (IC). Durante o programa, um ouvinte sugeriu a mudança de instalações do consulado-geral de Portugal em Macau, para que este local passe a receber a visita permanente de turistas e cidadãos.

A vice-presidente não deu uma resposta concreta sobre este assunto, tendo apenas declarado que, no passado, o IC recebeu várias opiniões sobre a abertura ao público de infra-estruturas históricas utilizadas por serviços públicos. Leong Wai Man disse que, no futuro, o Governo vai ter isso em conta, mas que será sempre um trabalho a longo prazo.

Contactada pelo HM, Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, considerou que esta sugestão é pouco viável.

“O edifício do consulado é propriedade do Estado português, não é nenhum edifício da RAEM, cedido ou alugado. Não vejo que isso tenha alguma viabilidade, além de que é um edifício que, por dentro, está arranjado para funcionar com escritórios e não tem qualquer interesse nos seus interiores. O interesse do edifício está na construção em si, que é relevante.” O cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno, não quis fazer qualquer comentário sobre este assunto.

Em estado de ruína

Durante o programa, a vice-presidente do IC adiantou que os trabalhos do organismo, que recentemente conheceu a sua nova presidente, Mok Ian Ian, visam não apenas proteger o património mas também garantir a sua dinamização.

Um outro ouvinte criticou o IC por não ter protegido alguns espaços históricos, tal como o restaurante Lok Kwok, localizado na avenida Almeida Ribeiro. O IC foi também criticado por ter deixado muitos espaços em ruínas ou num estado de degradação.

A vice-presidente sublinhou que o IC tem comunicado com os proprietários privados para que façam obras de revitalização e preservação dos edifícios. Em relação às ruas das zonas antigas, a responsável adiantou que é necessário fazer uma avaliação das ruas que possam ser consideradas património.

Leong Wai Man defendeu que, caso sejam protegidas todas as ruas sem uma avaliação prévia, a medida acabará por não surtir o efeito desejado.

 

Desilusão quanto ao plano para gestão do centro histórico

Chan Ka Leong, vice-presidente do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, ligado aos kaifong, disse ao Jornal do Cidadão que está desiludido quanto ao plano de salvaguarda de gestão do património, uma vez que, passados quatro anos, o documento de consulta pública continua a ter falta de informações. O responsável defendeu que os conteúdos não estão devidamente aprofundados e que há uma grande incerteza em relação ao desenvolvimento do centro histórico. “Qual é o próximo passo a ser tomado pelo Governo? Quais os trabalhos que serão feitos entre o IC e as Obras Públicas?”, questionou.

20 Fev 2018

Ano Novo Chinês | Festividades transformam-se com o tempo e abrangem o planeta

É a grande festa da China. Esta sexta-feira são dadas as boas vindas ao Ano do Cão. A tradição conserva-se, mas adaptada aos tempos de hoje. As prioridades já não são as mesmas e até os envelopes vermelhos deixaram de ser em papel. O Ano Novo Chinês deixou de ser uma coisa do oriente e é comemorado um pouco por todo o mundo

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] a altura sagrada para qualquer chinês. A primeira lua anuncia a chegada de mais um ano. Dia 16 é a vez do ano do cão dar entrada. Os vermelhos e dourados enchem as ruas, os caracteres de felicidade e as laranjeiras em miniatura adornam qualquer entrada de casa que se preze. Mas, apesar das tradições serem incontornáveis há muitas mudanças em curso e a tecnologia é a grande responsável.
Se há uns anos, a maior migração do mundo que levava ao reencontro da famílias chinesas nas províncias natais era demorado, agora as viagens são rápidas e os destinos começam a ser outros que não a família.
De acordo com a agência de notícias Xinhua, há um número crescente de chineses que escolhe viajar em vez de retornar às cidades onde nasceram.
Num relatório divulgado pela China Tourism Academy são já cerca de 6,5 milhões de chineses que escolheram ir para o estrangeiro durante as férias do Festival da Primavera. As reservas contabilizadas apenas num dos sites de viagens confirmam que os destinos abarcam 68 países e incluem a Tailândia, o Japão, Singapura, Vietname, Emirados Árabes Unidos e países do norte da europa.
Ainda assim, e de acordo com a Administração Nacional de Turismo da China, são esperadas 385 milhões de viagens internas, principalmente voos domésticos, sendo que a receita de turismo aumentará para 476 mil milhões de yuans, um acréscimo de 12,5 por cento em relação ao ano passado.
Em 2018, a corrida de viagem do Festival da Primavera começou em 1 de Fevereiro durará até 12 de Março, com mais de 390 milhões de passageiros a circularem nos comboios nacionais.

Ecrã vermelho

Os hongbao, envelopes vermelhos com dinheiro que constituem o presente a oferecer a familiares e amigos durante o ano novo chinês também já não são o que eram. As ofertas financeiras continuam a ser dadas mas a forma é outra.
Basta um clique no ecrã do telefone para a missão estar cumprida e o depósito estar feito em conta, no país que tende a ser o primeiro a abolir o dinheiro físico.
Um relatório divulgado pela gigante chinesa da Internet, a Tencent, refere que o WeChat, a aplicação mais usada no continente, só no ano passado, foi o meio para enviar cerca de 46 mil milhões de envelopes vermelhos electrónicos nos cinco dias que antecederam o ano novo em 2017. Este ano a tendência é a que o número aumente.
Também a alimentação está a sofrer mudanças não tanto no conteúdo mas na forma de ir para a mesa. De acordo com a Xinhua, a carne de porco, o frango, os vegetais, a lagosta, o caranguejo e as frutas são alimentos que, conforme as regiões fazem parte do cardápio do ano novo mas as horas na cozinha já podem ser dispensadas. Mais uma vez, um ligação no WeChat e a tradição vem parar ao prato já devidamente pronta a comer.

Da China para o mundo

O ano novo chinês já há muito que deixou de ser exclusivamente celebrado na China. Partilhado pelos chineses em todo o mundo, é também uma data já festejada por muitos que de alguma forma se interessam pela cultura do país do Meio. Já são mais de 400 as cidades que assinalam a data, em mais de 130 países e regiões, avança a agência Xinhua.
Países como a Malásia, Singapura, Maurícias e mesmo o pequeno Suriname na América Latina já decretaram o primeiro dia do ano lunar como feriado.

Vermelho no mundo

Entretanto, e um pouco por todos os continentes, as festividades têm sido assinaladas das mais diversas formas.
Londres foi uma das capitais a iniciar os bons auspícios em 2018. Com um calendário rico em actividades, o ano do cão já é conhecido de muitos. Se no ano passado, as comemorações do ano novo chinês na Praça Trafalgar, no centro de Londres, atraíram mais de 700 mil visitantes de vários países, este ano o feito tende a repetir-se.
Por outro lado, nada como entrar no novo ano com promessas de novos negócios. A capital britânica já chamou as boas fortunas com um jantar que reuniu cerca de 400 homens de negócios ingleses, promovido pela Câmara do Comércio.
Também Madrid já fez saber na passada segunda-feira que a capital espanhola se vai vestir de vermelho e dourado para comemorar as festividades orientais.
A porta-voz das autoridades madrilenas, Rita Maestre apresentou o programa das festas ao embaixador da República Popular da China no país, Lyu Fan num evento realizado no Centro Cultural Chinês. No total, é quase um mês de celebrações que vão até 11 de Março.

Para locais e curiosos

Vivem na capital espanhola cerca de 53.000 chineses que “atraem a atenção dos madrilenos cada vez mais curiosos acerca dos seus costumes”, refere a Xinhua. Exposições, desfiles, dança e gastronomia vão encher Madrid para levar a cultura de cá aos de lá.
Em Nova Iorque o Empire State Building já foi iluminado em honra do festival da Primavera com os tons auspiciosos locais e assim vai estar até à chegada do ano do cão.
As artes não passaram ao lado, e a cidade da maçã foi palco da abertura de uma série de exposições dedicadas a artistas chineses que ali vivem. A ideia é aproveitar a época festiva e a presença de há já várias gerações de chineses nos Estados Unidos, para dar a conhecer os novos olhares de artistas que vivem e crescem em ambientes multiculturais. De acordo com a Xinhua, a iniciativa decorre pelo segundo ano consecutivo em parceria com a Academia de Belas Artes da China. O objectivo é construir uma plataforma de partilha para os estudantes e artistas.
A América Latina não fica de fora nas festividades e nem com o carnaval o ano do cão fica esquecido. Com relevância menor, também o Brasil, essencialmente através de actividades promovidas pela embaixada da China no país, deva aos seus algumas tradições O Ta Chi espalha-se nas ruas de Brasília, acompanhado de iguarias do oriente.
Na argentina a comunidade chinesa é a quarta maior comunidade estrangeira que reside no país. Uns regressam a casa todos os anos, mas outros ficam e é lá, com o novos vizinhos e amigos que comemoram o ano novo.

20 Fev 2018

Ponte HZM | Macau terá direito a 600 quotas para veículos locais

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau vai ter direito a 600 quotas para veículos locais circularem entre a cidade e Hong Kong através da nova ponte que liga os dois territórios e Zhuhai, foi ontem anunciado.

Destas 600 quotas de circulação, 500 têm validade de um ano e 100 de seis meses, enquanto as 300 quotas a atribuir a veículos de Hong Kong têm validade de três anos. Esta distribuição resulta de um consenso entre os governos das duas regiões administrativas especiais da China, indicou a Direção dos Serviços para os Assuntos do Tráfego de Macau (DSAT).

Os veículos particulares transfronteiriços não comerciais com quotas “podem entrar, com frequência ilimitada, nas duas regiões, através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, segundo o comunicado.

Os veículos particulares de Hong Kong sem quota de circulação podem participar no plano “Park & Ride”, que lhes permite circular na ponte, mas não entrar na cidade de Macau. Estes veículos têm de ficar estacionados no auto-silo leste do posto fronteiriço da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, com três mil lugares, mediante marcação prévia.

Após ultrapassadas as formalidades de entrada em Macau, os passageiros desses veículos podem entrar na cidade através de um serviço de autocarros públicos ou de outros meios de transporte autorizados.

Iniciado em dezembro de 2009, o projeto, com uma extensão total de 55 quilómetros, inclui uma ponte principal de 22,9 quilómetros e um túnel subaquático de 6,7 quilómetros.

A 8 de janeiro, o jornal China Daily, que citou fontes não identificadas, tinha noticiado que a nova ponte podia abrir em maio ou junho próximos, dependendo dos trabalhos de construção dos postos fronteiriços em Zhuhai e Hong Kong.

14 Fev 2018

Economia | Agência Fitch aumenta rating de Macau para AA

A agência de notação financeira subiu o rating do território e destaca a prudência do Executivo, ao nível da despesa pública. A Fitch considera que as reservas acumuladas pelo Governo são suficientes para reduzir os riscos da dependência do turismo do Interior da China

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cautela do Governo e a acumulação de fundos através dos impostos durante a crise do jogo fez com que a agência de notação financeira Fitch subisse o rating da dívida da RAEM para AA de AA-, com uma perspectiva estável. Segundo o comunicado de ontem da agência, os fundos acumulados nas reservas de Macau são mais do que suficientes para reduzir os riscos ligados à dependência do turismo do Interior da China e à reduzida base económica, ou seja o pequeno número de empresas geradoras de emprego.

De acordo com a escala adoptada pela agência americana, o nível AA representa um crédito “com muita qualidade”, em que as instituições apresentam um risco “muito pequeno” de não pagarem as suas dívidas. Segundo esta escala da agência, as entidades classificadas com AA têm uma capacidade de pagamento de dívidas que “não é significativamente vulnerável” a acontecimentos com um impacto negativo para a economia.

“A almofada fiscal continuou a aumentar [em 2017]. Macau é a única região avaliada pela Fitch que não tem qualquer tipo de dívida soberana, enquanto a dívida média dos Governos avaliados com rating AA cresceu para 42 por cento do PIB em 2017”, justifica a agência.

“Além do mais, um gestão prudente das despesas permitiu uma acumulação substancial de uma almofada fiscal. A Fitch estima que as reservas fiscais representassem aproximadamente 137 por cento do PIB no final de 2017, o equivalente a 5,6 vezes o orçamento para 2018”, é acrescentado.

A Fitch acredita que caso o Governo deixasse de ter qualquer receita e mantivesse o actual nível de despesa pública ano após ano, só daqui a cinco anos e seis meses ficaria sem dinheiro.

Em resposta à subida da avaliação, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) emitiu um comunicado onde sublinha o compromisso com o controlo da despesa pública: “O Governo da RAEM continuará a seguir o princípio da manutenção das despesas dentro dos limites das receitas, como princípio de gestão financeira prudente e a aperfeiçoar o estabelecimento do regime de gestão dos recursos financeiros, assegurando o desenvolvimento sustentável das finanças da RAEM”, é prometido.

Ainda de acordo com os dados oficiais, até finais de Novembro de 2017, os valores totais da Reserva Financeira da RAEM cifraram-se em MOP487,1 mil milhões, dos quais, a reserva básica representava MOP128,0 mil milhões e a reserva extraordinária MOP359,1 mil milhões.

Elogio às finanças públicas

Para a Fitch a força das finanças da RAEM é o “corolário” de Macau enquanto destino turístico internacional e do jogo, assim como do facto da região ter o monopólio na região da Grande China.

Em relação a este ano, a agência acredita que Macau vai gerar um superavit nas contas públicas de 35 por cento do PIB, superior aos 33 por cento do ano passado.

“Nos últimos 15 anos as contas públicas de Macau foram sempre positivas, incluindo durante 2015, quando houve o choque nas receitas do jogo, que caíram 34 por cento”, é referido.

Por outro lado, a agência destaca os activos no exterior detidos por Macau, no final do ano passado, atingia um valor que representava 176 por cento do Produto Interno Bruto.

14 Fev 2018

Mulher detida por tentativa de fogo posto no antigo tribunal

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia Judiciária deteve uma mulher de 32 anos por suspeita de tentativa de fogo posto, junto ao edifício do Antigo Tribunal. Segundo o jornal Ou Mun, a PJ recebeu ontem pelas 9h30 uma denúncia sobre a mulher em questão.

Depois de investigar o caso, as autoridades identificaram uma residente de 32 anos e foram à suposta habitação da mulher. Durante a primeira abordagem, a suspeita mostrou-se muito agitada. Foi preciso a intervenção da família para que a residente se acalmasse e fosse levada para o Hospital Conde São Januário. A detida foi depois transportada para o Edifício da Clínica Psiquiátrica, já na Taipa. Segundo as informações fornecidas pela PJ, as autoridades recomendaram aos órgãos judiciais que tomem medidas para garantir a segurança da mulher e da população, tendo em conta a condição psíquica da residente.

14 Fev 2018