Encontro | Chui Sai On recebe ATFPM e Conselheiros da Comunidade Portuguesa

Funcionários Públicos de um lado e portugueses do outro, Pereira Coutinho apresenta hoje lista de pedidos a Chui Sai On. Sistema de recolha de queixas, convites e contratação de recursos humanos são os assuntos em destaque

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) e os Conselheiros para as Comunidades Portuguesas (CCP) são, esta manhã, recebidos pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, na sede do Governo.
Em cima da mesa estão pedidos ao líder máximo de apoio à comunidade, conforme indica José Pereira Coutinho, presidente da ATFPM e conselheiro.
“O grupo da ATFPM irá discutir vários assuntos com Chui Sai On. Vamos apresentar um documento para actualizar os rendimentos dos funcionários públicos na ordem dos 4%. Vamos solicitar o ponto da situação para o pedido de aposentação voluntária a partir dos 20 anos na função pública, e pedir também que o Chefe do Executivo reserve terrenos para a construção de habitação para a função pública”, apontou José Pereira Coutinho.
Pensões de aposentação aos agentes das forças de segurança para maior motivação de trabalho e “fazer ver a Chui Sai On que a instituição de um mecanismo de queixas, proposto pelo Governo, não irá resultar”, são outros dos assuntos a serem abordados no encontro de hoje.

Convites dourados

Na qualidade de conselheiros das comunidades portuguesa, explica Coutinho, a os representantes vão “aproveitar o encontro para discutir assuntos relacionados com a comunidade portuguesa”. “Temos vários assuntos, nomeadamente assuntos relacionados com a recente vinda do Secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes”, explicou, ao HM, Pereira Coutinho.
Na lista de afazeres está também um convite a Fernando Chui Sai On. Os Conselheiros querem que o Chefe do Executivo marque presença na Conferência Mista, em Portugal.
“Vamos fazer o convite para se deslocar a Lisboa. Gostaríamos de o ter para a Conferência Mista , deste ano. Se possível que seja conduzida pelo próprio”, indicou, esclarecendo que a edição do ano passado foi presidida por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. São precisos mais resultados, explica Pereira Coutinho, e por isso talvez seja importante que Chui Sai On marque presença.
Mas outros assuntos têm propriedade. Pereira Coutinho explica que serão abordados temas “no âmbito educacional, da formação de quadros, da contratação de especialistas portuguesas para os quadros da Administração, nomeadamente médicos, enfermeiros, magistrados e engenheiros, que possam, de facto, contribuir para o desenvolvimento da RAEM”.
Será ainda apresentado um relatório pormenorizado da mais recente deslocação dos conselheiros a Lisboa. “Vamos expor a Chui Sai On algumas das conversas informais que tivemos com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e o Primeiro-Ministro, António Costa”, rematou.

13 Jun 2016

Trânsito | Discussão para regulamento de capacetes concluída

Está finalmente concluída a discussão da proposta para o Regulamento dos modelos de capacetes de protecção para condutores. A DSAT será a entidade responsável pela aprovação dos modelos, assim como será ela a definir as regras e procedimentos que devem ser respeitados

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Conselho do Executivo concluiu a discussão do projecto de regulamento para os modelos de capacetes de protecção para condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos. Desde o anúncio da intenção até à elaboração deste regulamento que vai obrigar as lojas a vender capacetes que protejam, de forma garantida, a cabeça dos seus utilizadores, passaram quase dois anos.
A “obrigatoriedade de uso de capacetes certificados” tinha sido estabelecida pelo Governo em 2014. Na altura, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse que estava “a ultimar” um regulamento administrativo para estipular os modelos de capacetes com padrões internacionais de segurança, mas nunca mais foram anunciadas novidades.
A proposta, agora terminada, estabelece a competência desta mesma direcção na aprovação de modelos dos referidos capacetes, assim como a definição de regras e procedimentos conducentes à aprovação e as normas técnicas a que os capacetes devem obedecer.
Assim, os capacetes de protecção devem respeitar qualquer uma das normas técnicas constantes do anexo ao regulamento administrativo, ter uma etiqueta para a identificação das normas técnicas adoptadas, colocada pelo fabricante, e não se podem encontrar danificados ou deformados. Caso o capacete possua viseira, deve satisfazer o disposto no nº 3 do artigo 65º da Lei nº 3/2007 (Lei do Trânsito Rodoviário).
O projecto prevê ainda que, proferida a decisão de aprovação, a DSAT deve publicitar no prazo de três dias, nos seus locais de atendimento ao público e no sítio da internet, os modelos de capacetes de protecção aprovados, comunicando-os ao Corpo de Polícia de Segurança Pública. O projecto revoga também a taxa devida pela aprovação do capacete de protecção, no valor de 300 patacas.

Linhas de acção

Antes de entrar em vigor este regulamento, a DSAT tinha lançado em 2014 um documento de “orientações sobre capacetes e respectivo uso pelos condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos”, com o objectivo, diz, “de lembrar os utilizadores sobre a importância do uso de capacetes”.
Mas a realidade era outra e até levou a que Kenny Leong, realizador local conhecido pelos vídeos sarcásticos que faz sobre algumas políticas e medidas do Governo, tivesse produzido uma série de experiências em vídeo, utilizando cinco tipos de capacetes vendidos em Macau, sendo dois deles dos mais comummente utilizados no território. Resultado? Apenas dois – de valor mais elevado e não disponíveis em todas as lojas – conseguiram resistir aos impactos, ainda assim cansando possíveis danos ao seus utilizador.
Actualmente, segundo a informação divulgada pelo Governo, existem cerca de 400 mil capacetes na RAEM e, no ano passado contavam-se quase 250 mil veículos, sendo que destes 52% eram de motociclos.

13 Jun 2016

Seguros | Deputado pede fiscalização para empresas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Zheng Anting pede que o Governo reforce a fiscalização das empresas que não adquirem seguros de trabalho para os seus funcionários. Na sua interpelação escrita, Zheng Anting alerta para o facto de, em caso de acidente de trabalho, o funcionário não vai conseguir receber a indemnização a que tem direito.
O deputado alerta para um aumento ocorrido nos dois anos. Só em 2015 ocorreram mais de 7500 acidentes de trabalho, um aumento de 122 casos face a 2014.
Segundo o Regime de Reparação dos Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, os empregadores têm a obrigação de comprar seguros pelos seus trabalhadores, assegurando que os funcionários são protegidos no trabalho.
No entanto, o deputado Zhen Anting recebeu pedidos de ajuda por parte de alguns trabalhadores contratados a prazo para projectos de construção, alertando para o facto dos patrões não terem aumentado o valor do seguro, apesar de ter aumentado o número de trabalhadores. Caso haja acidentes, estes trabalhadores temporários não podem receber a sua indemnização de forma devida.
“Os empregadores devem comprar seguros de acidentes de trabalho para os seus funcionários, caso contrário, podem ser multados com o máximo de cinco mil patacas por cada trabalhador. Muitos empregados consideram que o valor da infracção é baixo e o efeito dissuasor não é suficiente, o que faz com que os donos continuem a desafiar a lei e a não compram seguros pelos trabalhadores. Como é que o Governo reforça a fiscalização desta situação?”, questionou.
Zheng Anting preocupa-se também com os trabalhadores que sofrem acidentes e que não conseguem pagar as suas despesas, ficando mais desamparados sem uma indemnização. O deputado considera que o Governo deveria dar mais assistência nestes casos.

10 Jun 2016

Jogo | Governo mantém previsão de queda de 13,35%

O Secretário para a Economia e Finanças confirmou que a quebra nas receitas mantém-se igual às expectativas do Executivo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau mantém a previsão de uma queda das receitas do jogo de 13,35% este ano, disse o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. Segundo o Secretário, citado num comunicado oficial, a diminuição das receitas nos primeiros cinco meses do ano corresponde às previsões do Governo.
“Lionel Leong acrescentou que o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) prevê, para 2016, uma receita do jogo de cerca de 200 mil milhões de patacas, menos 13,35% comparado ao ano transacto, e que os dados dos últimos meses correspondem à previsão do Governo”, lê-se.
Segundo a mesma nota, Lionel Leong afirmou que “o Governo está atento aos dados do corrente mês”, dado que “de acordo com a experiência, mesmo no período de crescimento, a receita do jogo no mês de Junho foi sempre inferior a mais de mil milhões do que a de Maio”, quando houve já uma quebra de cinco mil milhões.
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, quando da apresentação do orçamento da região para 2016, em Novembro último, reconhecendo uma postura cautelosa, avançou que o Governo previa que os casinos encerrem o ano com receitas na ordem de 200.000 milhões de patacas, menos 13,3% do que em 2015.
Segundo o orçamento deste ano, o Governo de Macau prevê fechar 2016 com um ‘superavit’ de 18,213 mil milhões de patacas, apesar da diminuição das receitas dos casinos, a que são aplicados impostos directos de 35%.
As receitas dos casinos de Macau iniciaram em Junho de 2014 uma curva descendente, depois de anos de crescimento exponencial. No conjunto de 2014 caíram 2,6%, em 2015 diminuíram 34,3% e nos primeiros cinco meses deste ano desceram mais 11,9% comparando com o período homólogo. Essa prolongada curva descendente, iniciada em Junho de 2014, resulta de um ‘cocktail’ de factores que analistas imputam aos efeitos da campanha anti-corrupção lançada por Pequim, ao golpe de confiança infligido por uma série de desfalques nas salas de jogo VIP (de grandes apostadores) e ao abrandamento da segunda economia mundial.
A queda das receitas do jogo arrastou o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau, que recuou 20,3% em 2015, naquela que foi a sua primeira contracção anual desde 1999, ano da transferência do exercício de soberania de Portugal para a China.
Os analistas dividem-se quanto à possibilidade de Junho vir a marcar o primeiro mês de crescimento das receitas dos casinos ao fim de dois anos de quedas mensais homólogas consecutivas. Isto depois de a tendência verificada em Maio – mês em que as receitas dos casinos caíram 9,6% – ter sido mais negativa do que o esperado pelos investidores.

David Chow acredita em desenvolvimento de elementos não-jogo

David Chow, proprietário da Macau Legend, afirmou, depois da assembleia geral da empresa, que as receitas do Jogo, deste semestre, não se mostram fortes para impulsionar o próprio sector. A economia global e do interior da China não está saudável, diz o empresário, indicando que como Macau ainda está em fase de ajustamento económico, depois das últimas quedas, o crescimento da economia poderá demorar pelo menos mais um ano. Para David Chow a conclusão da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, aliada à exploração dos elementos não-Jogo e à possibilidade de turistas poderem viajar directamente para Macau a economia irá crescer consideravelmente. Em relação à reconstrução da Doca dos Pescadores, afectada pelo tempo, David Chow explicou que a obra poderá demorar mais tempo que o previsto, estando concluída, em principio, entre Agosto e o final de Setembro. O empresário explicou que vai aproveitar este tempo para adicionar mais elementos não relacionados com o Jogo, como por exemplo, a obra já começada do pavilhão dos dinossauros. Serão, diz, introduzidos mais restaurantes e zonas de lazer, como centros comerciais e centro de convenção, que possam estar ligados aos hotéis.

10 Jun 2016

Casos urgentes de condomínios não precisam de aprovação

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s reparações mais urgentes a serem efectuadas em edifícios não vão necessitar da aprovação de dois terços dos membros do condomínio. É o que consta no Regime jurídico da administração das partes comuns do condomínio, que foi ontem analisado pelos deputados da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL).
“Os casos considerados indispensáveis, como infiltrações, não terão de ser sujeitos à aprovação da assembleia-geral do condomínio, porque não há possibilidade de esperar pela decisão final, dado ser um caso urgente. O responsável das Obras Públicas explicou que qualquer condómino pode apresentar o pedido de reparação urgente por sua iniciativa, porque se for vitima de problema quer resolver o problema”, disse o deputado Chan Chak Mo, que preside à comissão.

Da mediação

Chan Chak Mo referiu ainda que o Instituto da Habitação (IH) poderá ser chamado a analisar o caso. “Há sempre conflitos, porque a vítima pode achar que sim (que é urgente a reparação) e os outros acharem que não, e pode sempre ser pedido o apoio do IH para verificar a situação. A vítima pode achar que é uma infiltração na fachada e outros acharem que é provocada pela sua própria casa”, explicou.
Quanto às obras a realizar nas partes comuns do edifício, como os terraços ou as fachadas, os moradores que não concordarem poderão não pagar as despesas. “Aí há que ter a aprovação de dois terços do condomínio, mas se os condóminos acharem que essas obras têm uma natureza voluptária e não concordarem com elas, e se o tribunal lhes der razão, o restante um terço das pessoas que não concordam podem não pagar. A pessoa pode no futuro pagar a sua quota parte para usufruir dessas inovações”, disse Chan Chak Mo. Um dos exemplos que pode ser dado é a construção de uma piscina no terraço de um edifício.

8 Jun 2016

Governo diz-se em posição passiva face a rendas de escritórios

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) disse que nada pode fazer em relação aos valores dos arrendamentos dos escritórios para os serviços públicos, porque existem sistemáticas trocas de proprietários. O Governo prevê a criação de um complexo perto do Terminal do Pac On para o grupo de forças de segurança, ainda assim, diz, não pode estar em constante alteração dos seus departamentos públicos.
Iong Kong Leong, director da DSF, indicou, numa resposta a uma interpelação do deputado Chan Meng Kam, que apesar dos aumentos das rendas, o Governo prefere ficar nas mesmas instalações por questões de facilidade logística. Há departamentos, diz, que não querem estar sempre a mudar as suas instalações, pois isso traz várias desvantagens à população. Por tudo isto, o Governo está de “mãos atadas”.
Chan Meng Kam argumentou, na sua interpelação, que as despesas de renda da instalações onde estão alojados os serviços públicos devem ser incluídas nas despesas orçamentadas. Só assim, diz, a população terá a noção real da despesas de cada departamento. A DSF diz concordar com a sugestão e o Governo já está a estudar essa hipótese, garante. O departamento acrescentou ainda que actualmente 17 secções públicas estão em escritórios arrendados em edifícios privados, mas que a maioria dos departamentos funciona em prédios públicos.

Mais complexos

Sobre as instalações administrativas governamentais, a DSF referiu que o Governo vai recuperar o terreno O1, situado ao lado do Terminal Pac On, para construir um complexo governamental. O espaço terá multifunções, servindo de escritórios e armazéns. Além disso, o Executivo vai ainda construir outro prédio para o sector da segurança, no terrenos E1 dos Novos Aterros. “Será publicada a informação com a área e calendário de trabalhos o mais depressa possível”, garantiu o director.
As reacções surgem depois de Chan Meng Kam apontar o dedo ao Governo na aplicação do erário público. O deputado considera que são feitos demasiados gastos nos arrendamentos, por isso, é preferível que o Governo construa escritórios para não mais ter de pagar rendas.

8 Jun 2016

Tiananmen | Centenas relembraram o 4 de Junho

Alguns não sabem o que é, mas Macau, Hong Kong e Taiwan não esquecem o 4 de Junho. Houve quem viesse do continente visitar Macau e ficasse no Senado para relembrar as vítimas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lgumas centenas de pessoas juntaram-se no sábado no Leal Senado numa vigília para lembrar as vítimas de Tiananmen, incluindo jovens que nunca tinham ouvido falar do massacre de há 27 anos. Foi o caso de um grupo de três pessoas do Canadá que se passeavam pela praça quando deram de caras com a vigília e os cartazes com fotos de Tiananmen e do massacre ocorrido na noite de 4 para 5 de Junho de 1989 em Pequim.
Uma busca rápida no Google explicou aos três amigos a luta dos estudantes chineses de há 27 anos e optaram por se juntar à vigília, como contaram à Lusa.
Foi também através da internet que Linda, de 25 anos, nascida em Macau, soube o que foi Tiananmen, porque na escola nunca lhe falaram disso, segundo disse à Lusa. Agora, a jovem professora participa na vigília em memória de Tiananmen em Macau há quatro anos.
“Temos de lembrar este dia e a luta dos estudantes por liberdade e direitos”, disse, vincando que é importante fazê-lo também junto dos residentes de Macau, especialmente os mais jovens, que “têm de ser empurrados a lutar pelos seus direitos e a preocuparem-se com a sociedade de Macau”.
“Temos de manter o que temos em Macau, não pode mudar”, sublinhou, considerando que apesar de o território ter um sistema de liberdades diferente e ter muita autonomia, “é uma região da China” e “o sistema está a mudar”.
Já Son, de Macau, mostra ao HM que sabe o que se passou no dia 4 de Junho e não só.
“Na China aconteceram dois grandes incidentes nos últimos 30 anos, um foi a Revolução Cultural Chinesa, outro, claramente, foi o Massacre de Tinanmen. Em 1989 ainda havia muitos académicos que saíram à rua em Pequim, foram 1,5 milhões de manifestantes que tiveram coragem de enfrentar os problemas da China, mas sofreram perseguições de um Governo totalitário, que despedaçou o seu coração patriótico. É assustador”, disse o jovem estudante, que assegura que, sem ter sofrido o evento, consegue sentir-se o medo das pessoas mais velhas sobre o movimento.
Para o jovem, relembrar o Massacre de Tinanmen não é, contudo, apenas uma responsabilidade dessa geração. “Espero que a nossa capacidade possa mudar a atitude dos nossos amigos [que não falam do assunto].”

Silêncio permanente

Eve e Keith, ambos com 30 anos, ouviram falar de Tiananmen na escola. Os dois são de Hong Kong. De visita a Macau, com um grupo de uma igreja luterana, quiseram juntar-se à vigília “por ser preciso lembrar” e “que mais pessoas saibam” o que aconteceu em Pequim em 1989, quando o exército chinês avançou com tanques para dispersar protestos pacíficos liderados por estudantes, causando um número de mortos nunca oficialmente assumido. Algumas estimativas apontam para milhares.
“Não sabemos se poderá voltar a acontecer, mas é importante não esquecer”, afirmou Keith.
Também da região vizinha chegou uma outra jovem, que não quis identificar-se ao HM. Nunca participou em nenhuma vigília, mas quer, agora, que todos compreendam a situação.
Chan, residente do interior da China em Macau pela primeira vez, também quis falar.
“Partilhei agora no WeChat que estou a participar na vigília do Massacre de 4 de Junho. Todos os meus amigos alertaram-me para ter cuidado e não deram qualquer outra opinião sobre o assunto”, lamenta.
Chan diz que o sentimento de medo sobre o Massacre é grande no interior da China, sendo que “98% das pessoas não sabe o que é o 4 de Junho”. O jovem aplaude as pessoas de Hong Kong, Macau e Taiwan que continuam a recordar o acontecimento, apesar da China não mudar a sua atitude.
Macau e Hong Kong são os dois únicos locais da China onde Tiananmen pode ser publicamente recordado e nas duas cidades realizam-se anualmente vigílias para lembrar as vítimas do massacre. A vigília de Macau foi organizada pela União para o Desenvolvimento Democrático de Macau, dos deputados Au Kam Sam e Ng Kuok Cheong. Este último mostrou-se satisfeito com o número de pessoas presente, apesar de ser inferior ao de anos anteriores e por haver muitos jovens.

6 Jun 2016

Segunda auscultação sobre Centro Histórico ainda este ano

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente do Instituto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai Meng, afirmou que as “Medidas de Gestão do Património Mundial” – ideia apresentada no Plano Quinquenal do Desenvolvimento da RAEM – só podem entrar em vigor em 2020 porque o trabalho é abrangente. Mas a segunda fase da consulta pública sobre o Enquadramento do Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau vai começar ainda este ano.
O IC já concluiu em Fevereiro a consulta pública sobre a classificação patrimonial dos primeiros dez imóveis, sendo que anunciou que prevê concluir a classificação de 30 imóveis até 2018. No entanto, no Plano Quinquenal do Desenvolvimento da RAEM, é apontado que as Medidas de Gestão do Património Mundial só podem ser implementadas em 2020.
Aos média chineses, Guilherme Ung Vai Meng explicou que o âmbito da salvaguarda do património cultural de Macau tem sido um trabalho complexo, desde que entrou em vigor a Lei de Salvaguarda do Património Cultural. “Não sou um super homem, sou apenas um pintor, preciso de estudar enquanto trabalho. No futuro, vamos sempre enriquecer a lista do património cultural”, frisou. “Em Macau, 13% do território é protegido pela Lei de Salvaguarda do Património Cultural e as Medidas de Gestão do Património Mundial são um plano detalhado para a salvaguarda do Centro Histórico”, disse. Guilherme Ung Vai Meng defende que o IC não está a atrasar os trabalhos da elaboração das medidas. Estas demoram porque é “necessário criar um plano completo”.

6 Jun 2016

FAOM | Criticadas consultas públicas no mesmo período

São pelo menos cinco e todas têm data de opinião de um mês. A FAOM diz que há muitos planos e leis que precisam de ouvir a população ao mesmo tempo, o que não só não dá tempo, como causa confusão

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ei Chan U, subdirector da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), considera errada a decisão do Governo de realizar cinco consultas públicas ao mesmo tempo para diferentes planos, considerando que é difícil “retirar do público opiniões com qualidade”.
Em declarações ao jornal Ou Mun, Lei Chan U referiu que se tratam de planos importantes e que o período de consulta é curto, o que faz com que a população não tenha tempo suficiente para compreender o conteúdo de todos eles.
“Embora o Governo queira demonstrar confiança e vontade de elevar a eficácia administrativa junto da sociedade, a verdade é que se nota uma falta de sinceridade e é possível que o Governo não consiga os resultados previstos”, apontou.
O subdirector da FAOM lembrou que uma consulta pública é um processo de recolha de opiniões e fornecimento de informações, pelo que não deveriam realizar-se todas no mesmo período, considerando que tal não é científico nem garante a eficácia do processo. Lei Chan U espera que o Governo possa criar um calendário para este efeito.
Desde Maio e até finais de Julho decorrem cinco consultas públicas sobre o Planeamento dos Serviços de Reabilitação para o Próximo Decénio (2016–2025), Norma de Auditoria, Plano de Desenvolvimento Quinquenal para território (2016-2020), a revisão de Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa e o Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Macau. Todas estas consultas têm uma duração de cerca de um mês.

6 Jun 2016

Exigida mais fiscalização na avaliação de imóveis

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]eong Keng Seng, presidente da Associação de Avaliação da Propriedade de Macau, considera que o Governo deve criar uma regulamentação para o sector relativa ao sistema de licença para avaliadores. O responsável deu como exemplo o caso da Building Agency, que não só recolheu capital de forma ilegal como também fixou preços de casas acima do valor real.
“Em Macau temos licenças para advogados e engenheiros, mas não temos uma licença para os avaliadores de propriedades. Como a qualidade do sector não é suficiente, já que existe apenas alguém que cria a empresa e que oferece um serviço de avaliação aos clientes, isso causa confusão ao sector”, disse o responsável, citado pelo jornal Ou Mun.
Para além de reforçar a fiscalização, Leong Keng Seng defende que o Governo deve criar multas para o sector, as quais deverão culminar com o cancelamento das suas licenças, prática semelhante a Hong Kong.
Leong Keng Seng sublinhou que a prática da Building Agency é comum a todo o sector. “A avaliação de casas tem sido feita por empresas diferentes, e normalmente existe uma diferença de 5%. Caso a diferença seja superior, e como os avaliadores trabalham desta forma, é muito perigoso para o mercado, influenciando o sector financeiro”, referiu.

3 Jun 2016

Telecomunicações | Deputados pedem concessão justa

A Comissão para a Administração Pública volta a reforçar a necessidade de criar um mercado justo no sector das telecomunicações. Os deputados querem que o Governo estude o contrato de concessão atribuído à CTM, para anular o monopólio

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Administração Pública, presidida por Chan Meng Kam, quer que o Governo estude o contrato de concessão dos activos da telecomunicações, ou seja, a prestação de serviços públicos de telecomunicações.
“Em 2009, com a liberalização do mercado, os activos passaram a pertencer ao Governo”, começou por esclarecer de imediato o presidente da Comissão, no final do encontro que decorreu na manhã de ontem. Mas compete à Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) geri-los, de forma exclusiva. A concessão termina este ano, explicou, mas o contrato indica que a concessão poderá ser automaticamente renovada, nas mesmas condições, por outro período de cinco anos, até 31 de Dezembro de 2021.
A Comissão esclarece que não quer que a concessão seja terminada, quer sim que o Governo promova a concorrência justa no sector, dando oportunidade a outras operadoras, por exemplo, de gerir os activos. “Esperamos que o Governo promova a concorrência justa (…) Não pode permitir à CTM que defina os custos de arrendamento da rede às outras operadoras. (…) não é justo para as outras operadoras, não é um mercado livre”, disse Chan Meng Kam.
O Governo comprometeu-se a analisar o contrato de concessão nas próximas semanas até ao novo encontro com a Comissão, ainda neste mês de Junho.

Banda barata

Questionado sobre as tarifas praticadas em Macau – ponto de preocupação da Comissão – Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, quis esclarecer que “exceptuando a banda larga, [os preços dos] serviços móveis normais são próximos dos praticados aqui na região. Alguns são ligeiramente mais altos, outros ligeiramente mais baixos, mas achamos que estamos mais ou menos alinhado”.
O serviço de banda larga tem margem para mudar e baixar os preços . “Foi dito à Comissão que no terceiro semestre deste ano deverá haver uma revisão de baixa”, explicou o Secretário.

3 Jun 2016

Nova proposta para agências de emprego este ano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) referiu, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que ainda está à espera de mais opiniões de associações e do sector laboral para avançar com a revisão do licenciamento das agências de emprego, por forma a melhor controlar a situação de pessoas que procuram trabalho na qualidade de turistas. Uma nova proposta de lei deverá, contudo, ser apresentada ainda este ano.
Wong Chi Hong, director da DSAL, referiu que o Governo tem vindo a estudar o assunto e que as propostas até agora apresentadas incluem “vantagens e desvantagens”.
O organismo governamental já tinha apresentado uma proposta ao Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) e, depois de ter recolhido opiniões do lado dos patrões e empregados, a DSAL está agora a alterar a proposta, para que a possa apresentar novamente este ano.
Ella Lei questionou o Executivo sobre as medidas a adoptar para dificultar a procura de emprego por parte de estrangeiros, exigindo ainda um aperfeiçoamento do sistema de importação de mão-de-obra.

3 Jun 2016

Deputado quer lista de responsáveis de departamentos públicos

[dropcap style=’circle’]O[/drocpap] deputado Si Ka Lon interpelou o Governo sobre a necessidade de elaborar uma lista de nomes de funcionários públicos com autoridade nos departamentos públicos. Tudo para que haja uma classificação das responsabilidades, já que, segundo Si Ka Lon, há sempre desculpas para que queixas e pedidos dos cidadãos não tenham o devido seguimento.
O deputado lembrou que, a partir de 1999, alguns departamentos governamentais passaram as responsabilidades para outros departamentos quando foram detectados problemas. Si Ka Lon deu como exemplo a construção do novo hospital, já que os Serviços de Saúde (SS) afirmam que são os departamentos de Obras Públicas que têm conhecimento da fase do projecto e não sabem em que fase está a construção e vice-versa.
O deputado, parceiro político de Chan Meng Kam na Assembleia Legislativa, considera que o Governo deve elaborar esta lista, numa altura em que está a proceder à fusão de vários departamentos, para que a população possa saber quais os funcionários que de facto têm responsabilidades neste campo.
“Os departamentos não podem apresentar a desculpa de que, na hora de tratar as queixas, os problemas são tratados por outros departamentos”, apontou. Si Ka Lon referiu ainda que o Governo pode simplificar processos administrativos, tendo dado como exemplo o que já acontece em Cantão. Na cidade chinesa vizinha existe uma plataforma online, um serviço one-stop, que trata de todas as queixas de vários serviços do Governo.

3 Jun 2016

Comércio Externo | Lei que facilita entrada de mercadorias pronta

Está assinado o parecer da revisão à Lei do Comércio Externo. Introduzido o documento aduaneiro internacional, Macau facilita, assim, o processo de entrada de mercadorias. O diploma segue agora para aprovação na especialidade

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá concluído e assinado o parecer final da alteração à Lei do Comércio Externo. A 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) concordou com as alterações finais apresentadas pelo Governo e assinou, na manhã de ontem, o parecer à alteração da lei que vem facilitar o processo de entrada de mercadorias no território.
Em nota justificativa, o Governo explica que a revisão vem prever as operações a coberto do Livrete ATA, documento aduaneiro “internacionalmente reconhecido como um dos documentos das operações do comércio externo”, incorporando-se o respectivo regime no sistema jurídico do mesmo comércio.
Com esta revisão, explica a Comissão, estes documentos aduaneiros internacionalmente usados podem aumentar a celeridade, ficando incorporados no sistema do comércio externo e completando “ainda mais” a integridade e sistematização do regime do comércio externo do território. Acção que, explica ainda o grupo de deputados, vai atrair “exposições estrangeiras para Macau ou de convenções e exposições itinerantes internacionais, facilitando a internacionalização da indústria das convenções e exposições de Macau, explorando o espaço do mercado internacional e elevando o desenvolvimento sustentável desta indústria”.

Mais harmonia

Com a revisão da lei é ainda revogado o artigo que diz respeito ao recurso contencioso, para evitar a repetição ou alguma eventual  “desarmonia na competência para a apreciação” deste recurso. Sendo que com a aprovação da lei irá aplicar-se directamente a Lei de Bases da Organização Judiciária e as demais normas jurídicas que regulam a competência  para a apreciação do recurso contencioso.
Foram ainda introduzidas as disposições gerais do regime de trânsito, fixando o prazo da licença de dez dias, que nunca poderá ser ultrapassado. A Comissão frisa ainda que as mercadorias mais sensíveis devem ser rigorosamente controladas.
O diploma sobe agora a plenário para votação em especialidade, não estando ainda agendada.

2 Jun 2016

Aviação | AACM diz que “é cedo” para discutir exclusividade do espaço aéreo

O presidente da Autoridade de Aviação Civil disse que este não é o momento certo para abrir o mercado aéreo a mais uma companhia. Simon Chan já tem em mãos o relatório da Mega Maldives Airlines e diz que a legislação dos drones está a caminho

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]imon Chan, presidente da Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM), confirmou no programa Macau Talk, do canal chinês da Rádio Macau, que “é cedo” para discutir a abertura do mercado de aviação. A AACM não tem o direito de interromper as operações comerciais já em curso, defende, pelo que a possibilidade ainda não está em cima da mesa.
“Para uma abertura do mercado precisamos de analisar o risco de investimento, a qualidade dos serviços e a competitividade”, apontou Simon Chan, referindo que o Governo ainda tem uma concessão de quatro anos para cumprir com a Air Macau. A AACM diz ainda que não há uma direcção para que exista outra empresa de aviação no mercado, à semelhança do que já aconteceu com a Viva Macau, que acabou falida.

Maldives na mão

O presidente da AACM confirmou ainda que já recebeu o relatório sobre o incidente ocorrido com a companhia Mega Maldives Airlines. A empresa terá explicado que teve problemas com o avião e necessitou de mais tempo para procurar peças e reparar o aparelho, tendo isso essa a razão que levou a empresa a não divulgar o horário certo da partida do voo.
Segundo Simon Chan, a Mega Maldives Airlines já indemnizou os passageiros e voltou a referir que a AACM não é o órgão responsável sobre essa área, por não ser uma entidade ligada ao Turismo.
Em Março deste ano um voo da Mega Maldives Airlines com destino a Palau sofreu atrasos sucessivos, o que levou a que 200 passageiros tenham sido obrigados a ficar em Macau vários dias. Muitos desses turistas, do interior da China, desistiram da viagem.

Drones na calha

Em relação aos drones, Simon Chan voltou a referir que está a ser preparada a legislação para a operacionalização destes aparelhos de captação de imagem e vídeo, por forma a evitar que sejam operados em espaços perigosos, como é o caso do aeroporto. Simon Chan lembrou, contudo, que já existem normas sobre a matéria no Código Civil.

Mais estacionamentos

Questionado sobre a expansão do aeroporto, Simon Chan disse que a actual pista de aterragem é suficiente para aviões de grande dimensão. Com uns actuais 24 lugares, o aeroporto vai ter um novo planeamento e reorganização dos espaços, os quais vão sofrer um aumento, disse o presidente da AACM.

2 Jun 2016

Votação para afixação de publicidade traz dúvidas na Lei dos Condomínios

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]O Governo quer encontrar um equilíbrio.” É assim que Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), explica, aos jornalistas, o impasse do artigo que diz respeito à afixação de tabuletas e reclamos do Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns do Condomínio.
O artigo refere-se à afixação deste tipo de publicidade na fachada dos prédios ou segundo e terceiro pisos, assim como as renovações das actuais licenças. Até ao momento, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) atribuiu 20.575 licenças, das quais 18.513 correspondem a licenças de lojas no rés-do-chão, incluindo espaços destinados à habitação ou estacionamento, e ainda a lojas com publicidade em que não houve deliberação da Assembleia Geral do condomínio do prédio. No total, existem ainda 1400 licenças atribuídas para afixação em pisos que não o rés-do-chão e partes comuns.
Actualmente o que acontece é que para afixação em áreas comuns do condomínio a Assembleia Geral responsável teria de aprovar com 2/3 dos votos. Agora, dita a proposta, “a autorização para afixação (…) depende da deliberação da assembleia geral do condomínio, tomada por votos que representem mais de metade do valor do total do condomínio (…)”. Isto é, apenas com 50% dos votos a decisão estará tomada.
No caso das lojas do rés-do-chão, o proprietário pode afixar mas se a Assembleia Geral não concordar poderá convocar uma reunião para votar na autorização ou não. Algo que não agrada à Comissão pois, como explica Chan Chak Mo, poderá trazer situações que prejudicam as empresas, maioritariamente as Pequenas e Médias (PME) que se instalam neste tipo de lojas.
“Imaginem que uma assembleia decide com o proprietário da loja que ele pode colocar publicidade na fachada do prédio por dez mil patacas. Tudo corre bem. No final de um ano uma nova assembleia decide que essa mesma publicidade custará cem mil patacas. Se for um prédio de seis proprietários, basta três estarem de acordo”, exemplificou, indicando que o problema não é a autorização mas sim a possibilidade de não permitir a afixação ao empresários.
“O Governo assume que não quer prejudicar as PME, mas ao mesmo tempo está a diminuir os patamares. (…) Disse que vai tentar encontrar um equilíbrio”, garantiu o presidente.
Por último, é definido ainda na nova proposta, que todas as licenças já permitidas continuam tal como estão, sendo que só em caso de troca de proprietário é que deve ser feito um novo pedido para aplicação. Questionado ainda pelos jornalistas sobre o pedido da Comissão para anular o artigo anterior, referente à criação de um fundo especial, Chan Chak Mo disse que só na reunião de hoje se irá debater o assunto, contudo o Governo assume que este Fundo trará “maior flexibilidade”, havendo várias vantagens na criação do mesmo.

2 Jun 2016

AL | IACM admite rever regras de gestão dos cemitérios

O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais vai rever a lei de 2003 referente à gestão dos cemitérios. Pereira Coutinho pede o reconhecimento automático de sepulturas concedidas há mais de um século

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo quer melhorar a gestão dos cemitérios e vai rever a actual legislação, em vigor desde 2003. A garantia foi dada pelo responsável do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), ontem no segundo dia de plenário da Assembleia Legislativa (AL) dedicado às respostas aos deputados.
“O IACM está a elaborar diferentes textos para optimizar a gestão dos cemitérios, porque isso consta no último relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC)”, apontou o vice-presidente do organismo, Lei Wai Nong.
O deputado José Pereira Coutinho, que no debate falou da existência de “razões estruturais que estão a constituir obstáculos”, explicou ao HM que a nova lei deve fazer o reconhecimento automático de sepulturas que foram concedidas a herdeiros há várias décadas.
“Há sepulturas perpétuas que foram concedidas há mais de um século e que permitem que as ossadas de herdeiros e familiares sejam aí colocadas. Desde a implementação deste regulamento que o IACM deixou de reconhecer a posse dessas sepulturas por parte dos familiares. Como é que se pode exigir a essas pessoas comprovativos com mais de um século? Se calhar naquela altura os procedimentos eram diferentes. Isto tem de ser resolvido. No nosso gabinete de atendimento [aos cidadãos] temos vários casos, porque a solução é pôr em tribunal. Isso significa que o regulamento administrativo não está a dar resposta a esses casos”, referiu o deputado. “É preciso um reconhecimento automático dessas sepulturas. Se os actuais herdeiros conseguirem provar que essas pessoas são os seus antepassados, esse regulamento tem de permitir isso”, adiantou.
Para além de rever a legislação sobre a gestão de cemitérios, o IACM promete continuar a reagir às conclusões do mais recente relatório do CCAC, que fala da aplicação de leis obsoletas.
“O CCAC alertou para a necessidade de alterar regulamentos municipais e o IACM está atento. Temos dado início a diferentes trabalhos e há seis regulamentos aos quais estamos a dar a devida atenção. Vamos produzir novos regulamentos para dar resposta às opiniões do CCAC e essas alterações visam oferecer aos cidadãos um mercado mais liberalizado”, apontou o vice-presidente do instituto.
Os deputados mostraram-se preocupados com a falta de fiscalização após a liberalização verificada nos mercados, depois da permissão de venda de produtos frescos fora desses locais. Os responsáveis do IACM garantiram que têm cerca de 90 fiscais para resolver eventuais problemas de segurança alimentar.

1 Jun 2016

Governo afasta criação de cotas para emprego de deficientes

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]ong Yin Mui, presidente do Instituto de Acção Social (IAS), garantiu ontem na Assembleia Legislativa (AL) que o Governo não pondera a criação de cotas para facilitar o acesso dos portadores de deficiência ao emprego na Função Pública.
“Essa é uma questão complexa que precisa ser abordada com outros serviços. Segundo dados disponíveis em relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Banco Mundial, quanto à fixação de cotas para o emprego, é referido que essas medidas não tiveram resultados satisfatórios. A Organização Mundial do Trabalho (OMT) também fez um estudo e concluiu que a fixação de medidas obrigatórias não trouxe resultados satisfatórios e essa medida foi eliminada”, disse Vong Yin Mui.
Uma interpelação da deputada Chan Hong chamava a atenção para o facto de apenas 73 portadores de deficiência trabalharem na Administração, o que representa apenas 0,2% do total de funcionários. “Parece que estamos a subestimar [o trabalho dos deficientes], mas não é o caso”, disse a presidente do IAS. “Temos de ter medidas para tratar de forma igual os deficientes. Hoje em dia em Macau a situação de emprego [destas pessoas] não é má, temos muitas medidas para apoiá-los, as grandes empresas estão receptivas aos deficientes e contratam, considerando que o desempenho [deles] é bom e conseguem assegurar muito bem o seu trabalho. Centenas de deficientes estão a trabalhar bem”, acrescentou Vong Yin Mui.
Vários deputados alertaram para o facto dos deficientes perderem os seus apoios assim que obtêm um emprego, mas Vong Yin Mui garantiu que o IAS reduz o subsídio gradualmente. “Foi dito que os deficientes, quando obtêm um emprego, perdem o seu subsídio, mas nós só cortamos os montantes consoante a sua capacidade. Não vamos cortar de imediato a pensão ou o subsídio, vamos reduzir pouco a pouco para que consigam sobreviver à custa do seu próprio esforço”, rematou.

1 Jun 2016

Lei Básica | Alguma da legislação vigente viola mini-constituição de Macau

Há leis que violam a Lei Básica. A Lei de Terras e a futura Lei de Ensino Superior são alguns exemplos dados por advogados. É preciso mudar o sistema e antes da aprovação das leis verificar se estas estão a cumprir a mini-constituição de Macau, dizem

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á leis que violam a Lei Básica, a base jurídica de Macau? “Sim, isto acontece”, começa por afirmar o deputado José Pereira Coutinho, quando questionado sobre a possibilidade.
O artigo 25 da Lei Básica que diz que “os residentes de Macau são iguais perante a lei, sem discriminação em razão de nacionalidade, ascendência, raça, sexo, língua, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução e situação económica ou condição social”. E é precisamente este artigo que mais violações sofre.
“Esse artigo está constantemente a ser violado”, defende Pereira Coutinho. “A Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica – aprovada na especialidade no passado dia 20 do presente mês – é um exemplo disso, excluindo casais do mesmo sexo. Aqui é violado o princípio da igualdade de tratamento”, exemplifica.
Para a advogada Manuela António este exemplo levanta algumas dúvidas, sendo passível de diversas interpretações. “Acho que é discutível (…) acho que é possível defender que não [viola], mas também acho possível defender que sim [viola]”, afirma. A razão é simples. “Durante dezenas e dezenas de anos, tínhamos o princípio consagrado também na nossa lei [portuguesa], e na Europa em geral, da igualdade entre os sexos e não era admitido casamentos homossexuais. Também tínhamos este princípio, que está na Lei Básica. É um princípio do Direito dos países ocidentais portanto, dos Estados Unidos, da Europa em geral. Como se sabe, em grande parte destes países ainda não são aceites os casamentos entre pessoas do mesmo sexo”, argumenta.
É preciso entender, frisa, que não é uma violação do princípio da igualdade, por que este é baseado “no respeito pelas diferenças”. “Acho que a igualdade não é tratar toda a gente por igual, é sim, tratar igual o que é igual”, sublinhou.
Pessoalmente, e apesar de admitir que se possa fazer outra interpretação, Manuela António afasta a possibilidade de violação da Lei Básica nesta lei. Mas alerta: o mesmo não acontece quando se fala da Lei de Terras.

Aos olhos de todos

“A alteração à Lei de Terras, a lei vigente, viola de forma clara a Lei Básica”, diz a advogada. Mas, mais do que isso, é a interpretação errada que se está a fazer da lei em causa. “Acho que há confisco. A Lei Básica diz que se vai proteger e respeitar a propriedade privada (artigo 6º) e isso não está a acontecer. A interpretação que se está a fazer, ou alguns artigos da lei em causa, é uma violação à Lei Básica”, aponta a advogada.
Manuela António vai ainda mais longe afirmando que “alguns comportamentos da Direcção de Obras Públicas relativamente a certos aproveitamentos de terrenos e certas áreas são violações à Lei Básica”. A advogada explica ainda que é tão óbvia esta violação que até o Gabinete do Governo Central da RAEM se mostrou contra esta alteração mais recente à Lei de Terras. “(…) Porque não aceita que se tenha feito uma lei que tenha violado a Lei Básica”, acusa.

Encostar à parede

Um outro exemplo é a existência da norma na Lei de Terras que diz que não é possível, neste momento, – ao contrário do que acontecia há 40 anos – que se construa num terreno em que “parte propriedade perfeita e outra parte é terreno arrendado”, isto implica a uniformização do regime jurídicos, isto é, ou “passa tudo a concessão ou a propriedade perfeita”.
O que acontece é que numa propriedade perfeita, em que o dono do terreno quer construir um prédio, o território vem dizer que há uma parte que tem que ser concedida ao Governo para, por exemplo, arruamentos, e para que não haja uma parte de propriedade perfeita e outra concessão, então o Governo “transforma o terreno todo numa concessão”. “Isto é, o proprietário é espoliado do seu terreno todo e vai ficar apenas a arrendatário. Esta é a uma interpretação que se faz a esta lei. Isto é um espólio”, acusa. “É um acordo forçado, porque caso o proprietário não queira, não lhe dão autorização para construir. Há diversas entidades a trabalhar para violar a Lei Básica e a fazer construções que não são aquelas que estão nem no espírito, nem na [própria] Lei Básica. No fundo estão a existir expropriações disfarçadas sem compensação”, frisou.

Todos iguais

Aprovada na generalidade e concluída a análise na especialidade, a Lei para o Ensino Superior será outro regulamento a violar a Lei Básica. Em termos simples: determina esta lei que sejam realizados estágios para os alunos, sejam eles residentes da RAEM ou não. Questionado sobre a possível remuneração, o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) explica que os estagiários podem ser remunerados, mas só os residentes, nunca os não residente para “não violar” a Lei Laboral.
Segundo a Lei Básica, contudo, no artigo 43º, “as pessoas que não sejam residentes de Macau, mas se encontrem na RAEM, gozam, em conformidade com a lei, dos direitos e liberdades dos residentes de Macau”, previstos nos capítulo III, sobre os Direitos e deveres fundamentais dos residentes, onde está também incluído o artigo 25º.
“Sim, aqui pode ser encontrada uma ilegalidade”, começa por explicar Óscar Madureira, advogado. Acontece que a ausência da remuneração é discriminatória. “[Nesses] alunos, a única coisa que os distingue é uma formalidade jurídica, que é o facto de serem residentes ou não de Macau, mas isto não deveria ser suficiente para excluir uns de serem remunerados, ou para privilegiarem uns em detrimento de outros”, explica ao HM.
No fundo, os estagiários estão a ser avaliados para cumprir os requisitos para as respectivas licenciaturas, mas não são tratados da mesma forma. “Parece que há uma violação do princípio de igualdade”, frisa.

Oscilações ilegais

Pereira Coutinho avançou com outro exemplo de violação da Lei Básica: a imposição de impostos aos trabalhadores da Função Pública. “Isto viola a Lei Básica no artigo 98º, que diz que os salários e os rendimentos nunca podem ser inferiores à data do estabelecimento da RAEM”, acusa. “Portanto se à data dos estabelecimento da RAEM eu tiver dez mil patacas e sobre esse valor forem retirados 200 patacas de imposto profissional, o valor de salário será menor. Houve quem se tivesse manifestado, acusando a violação da Lei Básica, neste artigo”, acrescentou.
O deputado diz que, aquando da implementação do Regime de Providência, em 2007, surgiram muitas “situações onde se põe em dúvida a constitucionalidade”. Por exemplo, “os magistrados conseguiram manter as suas pensões de aposentação. Isto é, se o magistrados e funcionários da Função Pública recebiam pelo mesmo sistema de regime de pensões, porque é que para uns deu-se um sistema menos protector e para outros se manteve o regime? Isto volta a violar o artigo 25º da Lei Básica”, frisa.
Questionado sobre o uso de jurisprudência, Pereira Coutinho diz que tudo é “esquisito em Macau”. “Nunca nenhum juiz solicitou a interpretação da constitucionalidade das normas na aplicação de casos concretos. Sobre isto acho que o Governo devia intervir, reformando a Lei de Bases da Organização Judiciária, aumentando o número de juízes e permitindo o recurso aos titulares dos principais cargos”, apontou.

Soluções à porta

Para Miguel de Senna Fernandes, advogado, a solução para estes possíveis erros passa por se declarar a lei que viola a mini-Constituição como ilegal. “Estamos perante um fenómeno muito semelhante à inconstitucionalidade. No fundo a Lei Básica é a Constituição. Portanto terá que haver um impulso processual de forma a que a lei seja anulada, revogada”, explicou.
Para Manuela António a forma “mais simples de resolver é não fazer leis que violem a Lei Básica”, sendo que é Pequim, diz, que tem competência para resolver as possíveis violações.
Pereira Coutinho diz que é um “assunto que precisa de ser estudado com muito cuidado”, admitindo necessárias mudanças. Há falta de um Tribunal Constitucional, poderá ser, diz, implementado um sistema de fiscalização sucessiva das leis aprovadas pela Assembleia Legislativa (AL), antes da promulgação do Chefe do Executivo e da sua publicação em Boletim Oficial. “Fica muito mau para Macau que, depois da aprovação do Chefe do Executivo, se venha a detectar que existem normas que violam a Lei Básica. É preciso arranjar um sistema para verificar esses possíveis erros no período entre a aprovação da AL e antes do promulgação do Chui Sai On”, sugeriu.
José pereira Coutinho diz-se cansado de avisar, nos últimos dois anos, os deputados das Comissões Permanentes da AL para esta questão. “Ninguém que saber, porque muitos deles não têm formação jurídica, não sabem da importância da constitucionalidade das leis de acordo com a Lei Básica e é por isso que acham que não é importante”, rematou.

1 Jun 2016

Ella Lei teme que queixas na Função Pública levem a represálias

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada indirecta Ella Lei teme que os funcionários públicos sejam alvo de represálias aquando da apresentação de uma queixa no próprio departamento onde trabalham. Mas o Governo voltou a garantir uma comissão independente.
“O Governo referiu que já lançou o processo de consulta e que vai ser criado um mecanismo de queixas, mas os funcionários públicos não pensam dessa forma. Se for exigido aos funcionários apresentar queixa directamente nos seus serviços é como dizerem para eles não apresentarem queixas. Não me parece uma situação viável. Deve criar-se um mecanismo para que os funcionários públicos não sejam alvo de represálias, porque podem estar envolvidos assuntos que dizem directamente respeito ao queixoso, ou podem estar envolvidas situações de injustiça para com os trabalhadores”, defendeu a deputada.
José Pereira Coutinho considerou que a situação das queixas apresentadas está “num impasse”. “A moral é baixa no seio da Função Pública. Muitos serviços públicos estão a explorar os funcionários e as queixas apresentadas estão num impasse”, disse.

Mediação a caminho

Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), voltou a referir a criação de uma comissão independente para tratar as queixas apresentadas. Como o HM já tinha avançado, o mecanismo de tratamento de queixas dos funcionários públicos chega na segunda metade deste ano. Foi precisamente numa resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei que Kou Peng Kuan adiantou a segunda metade deste ano como a data prevista para a implementação deste mecanismo com essa tal comissão independente.
“Para os funcionários que se mostrarem preocupados com o seu trabalho teremos de definir métodos para tratar as suas queixas e a comissão terá de ter uma postura neutra para tratar essas opiniões. Vamos avaliar se as queixas têm a ver com os superiores hierárquicos e depois vamos ver como pode ser resolvido o conflito”, disse ontem.
O Governo efectuou consultas junto dos serviços públicos, trabalhadores da Função Pública e respectivas associações para apresentar o conteúdo da proposta de lei sobre o mecanismo. Esta é uma lei prometida há mais de três anos e tem vindo a ser pedida por deputados e funcionários, uma vez que actualmente, em caso de queixas, os trabalhadores da Função Pública têm de recorrer aos seus superiores, o que nem sempre é vantajoso, nomeadamente se os conflitos se derem entre eles.

1 Jun 2016

Qualidade das obras públicas a cair, admite Raimundo do Rosário

Raimundo do Rosário assume que a fiscalização às obras públicas é um problema porque faltam recursos humanos para o efeito. Ainda que a responsabilidade seja “sempre” dos empreiteiros, o Secretário admite que a qualidade tem vindo a cair e diz estranhar se não houvesse problemas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Ella Lei aproveitou ontem a presença do Governo na Assembleia Legislativa (AL) para questionar Raimundo do Rosário sobre a qualidade da obras públicas, que para a deputada é “má”. O Secretário da tutela admitiu que, nos últimos 15 anos, a qualidade das obras públicas tem diminuído e até piorou.
“Deixei Macau durante 15 anos, houve uma queda na qualidade das obras púbicas (…) Mas o primeiro a assumir a sua responsabilidade é o construtor. Isto piorou, claro”, disse.
Para o Secretário, a solução passa pela fiscalização do empreiteiro, mas facto é, diz, que há falta de recursos humanos para esse efeitos. “Antigamente tínhamos engenheiros e arquitectos [que faziam a fiscalização], mas agora não temos pessoal para isso. Temos de contar com as empresas de fiscalização. (…) Temos de contratar mais pessoal. Temos de pagar mais, para ter mais pessoal”, explicou, adiantando que neste momento o Governo conta apenas com 80 pessoas para fiscalizar as obras. “Estranho é se não houvesse problemas”, frisou.

Mais na manga

A fiscalização e vistoria das obras públicas foi o ponto mais discutido pelos deputados. José Pereira Coutinho foi um dos legisladores que aproveitou o momento para dizer ao Governo que é preciso perceber porque é que a qualidade das obras públicas chegou a este estado. Esta vertente – da fiscalização e vistoria – é a mais importante, diz.
“Há 16 anos que estamos a ter muitos problemas, temos de perceber porque é que há má qualidade nas obras públicas. A vistoria tem de ser feita de melhor forma. O Governo tem de assumir uma maior responsabilidade (…)”, argumentou o deputado, indicando que a possibilidade de implementação de um seguro nas obras públicas poderá evitar casos de fuga às responsabilidades em causa de erros. O deputado quis saber que trabalhos estão a ser feitos nesta vertente.
Em resposta à deputada Ella Lei, Raimundo do Rosário indicou que o Governo tem vindo a “reforçar a supervisão dos serviços de fiscalização adjudicados, exigindo o cumprimento rigoroso dos respectivos contratos e que as eventuais situações que obstem ao normal andamento das obras sejam tempestivamente transmitidas ao dono da obra”.
O Secretário garantiu ainda que “todo o quadro jurídico que regula esta matérias está a ser objecto de avaliação e, se tal se justificar”, o Governo irá introduzir novas medidas que assegurem uma “melhor qualidade das obras públicas”.
Apesar de ser da responsabilidade dos proprietários dos edifícios a contratação de técnicos para a vistoria dos mesmos, a cada cinco anos, Raimundo do Rosário admite que muitos não cumprem com as suas obrigações. O Governo “concorda que se imponham medidas que visem reforçar a vistoria aos edifícios, por forma a melhorar o acompanhamento dos trabalhos relativos aos edifícios que carecem de reparação ou se encontram degradados e promover a sua reparação, sensibilizando os proprietários para a sua conservação e o cumprimento das suas obrigações”.
O Secretário frisou ainda que, sempre que uma obra é terminada, é realizada uma vistoria nos dois anos seguintes. Se durante esse prazo existir algum problema é sempre pedido ao construtor e empreiteiro que assumam a responsabilidade, frisa ainda.
A qualidade das obras em habitações públicas tem sido posta em causa, depois de aparecerem sacos de cimento vazios dentro de paredes ou azulejos de prédios novos a cair.

31 Mai 2016

Táxis | Governo diz “não” a paragem em linhas amarelas

O Governo não vai permitir que os táxis parem em zonas sinalizadas com linhas amarelas. A proposta era de Au Kam San mas foi rejeitada pela DSAT. Existem pontos de tomada e largada de passageiros próprios e Raimundo do Rosário nem quer mais responder a perguntas sobre o Regulamento dos Táxis por não ser um assunto da sua exclusiva responsabilidade

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo não vai voltar atrás. Os táxis não poderão parar nas linhas contínuas amarelas para apanha ou entrega de passageiros. A ideia não é nova, mas o deputado Au Kam San voltou a reforçar o pedido ontem, em sessão de pergunta-resposta, na Assembleia Legislativa (AL).
“(…) No caso de permitir aos táxis tomar e largar os passageiros nas vias principais, estes poderão causar um impacto muito grande ao trânsito, pelo que torna-se necessário equilibrar racionalmente as necessidades dos diferentes utentes rodoviários”, explicou o presidente da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, Lam Hin San, perante a argumentação do deputado pró-democrata.
“A maioria das pessoas apoia a revisão do Regulamento dos Táxis para combater as irregularidades, no entanto, é preciso resolver o uso abusivo das linhas contínuas amarelas e garantir a sobrevivência dos taxistas que cumprem a lei, para que possam prestar melhores serviços aos cidadãos e turistas”, alertou Au Kam San, frisando que em “90% das principais artérias de Macau existem locais com linha contínua amarela para proibir a tomada e largada de passageiros”.
Em contra resposta, o Governo explicou que foram estabelecidos postos de tomadas e largadas de passageiros destinados aos táxis. Locais, aponta, com alta procura ou concentração do serviço.
Lam Heong Sang aproveitou também o momento para questionar o Governo sobre a situação dos táxis em geral. O deputado acusou a Administração de não apresentar soluções para o verdadeiro problema. “[O Governo] não diz como vamos resolver as questões. O ponto crucial é o taxista, tudo recai sobre os taxistas (…) Temos que encorajar os taxista a honrar a sua classe”, argumentou.
“O que espero ouvir da boca do Governo é o lançamento de uma medida de encorajamento à classe. Quero que o Governo se dedique mais a esta classe de profissionais. (…) Parece uma caça ao rato. É ou não é possível implementar medidas para reformar os táxis , para elevar a imagem do sector?”, frisava.
Também a deputada Chan Hong aproveitou o momento para questionar o Governo sobre as alterações possíveis à revisão do Regulamento dos Táxis, calendarização de trabalhos e outros termos técnicos. Disse a deputada ser necessário acalmar a sociedade que muito “preocupada” está com a problemática. Também o deputado Zheng Anting juntou-se às declarações da legisladora e sublinhou a necessidade de não avançar com a aplicação do agente à paisana, visto a Polícia de Segurança Pública (PSP) ser suficiente no combate às irregularidades dos serviços de táxis. O deputado Ho Ion Sang reforçou o pedido de calendarização de trabalhos.
Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, presente na AL, disse compreender as questões, garantido passar, aos três serviços envolvidos nos trabalhos legislativos – DSAT, Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça e PSP – as opiniões do hemiciclo. O Secretário não quis responder a qualquer questão por não ser um assunto só da sua competência.

31 Mai 2016

“Fracasso” nas medidas de reconversão de edifícios industriais leva a novos incentivos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, voltou ontem a frisar, na sessão plenária na Assembleia Legislativa (AL), que a manutenção das medidas de reconversão dos edifícios industriais não é necessária. Em resposta a uma interpelação da deputada Angela Leong, o Secretário reforça a pouca eficácia das medidas, lançadas em Abril de 2011.
“Durante o período experimental de três anos, registaram-se apenas 15 pedidos, sendo que só dois foram aprovados. Uma vez que os resultados não foram satisfatórios, foi decidido não prorrogar o prazo das medidas em causa”, afirmou Raimundo do Rosário. Neste momento, indica, depois dos três primeiros anos de experimentação, a análise dos pedidos está a ser feita “tendo como referência a Lei de Terras e a Lei de Planeamento Urbanístico”.
Assumindo o insucesso das medidas, que já tinha sido admitido pelo Governo como justificação para acabar com este plano, Raimundo do Rosário disse não considerar necessária a sua manutenção, pelo que caberá ao Conselho para a Renovação Urbana, recentemente criado, estudar outras medidas e incentivos que “eventualmente despertem um maior interesse por parte dos proprietários daqueles edifícios”.
Rosário frisou ainda que não existem edifícios para fins industriais que acima de rés-do-chão possam ser “usados para fins comerciais ou de escritórios”. “Não é possível”, diz.
Neste momento existem 12 pedidos apresentados ao Governo, sendo que sete ainda não apresentaram os projectos de arquitectura, três estão em apreciação e a dois já foi dada a luz verde.

31 Mai 2016

Quem são as novas gerações das associações de Operários e Moradores?

Duas das associações mais antigas de Macau continuam a ter jovens para prosseguir o caminho que começou a ser traçado há décadas. Não é o dinheiro que os faz entrar na União Geral das Associações dos Moradores ou na Federação das Associações dos Operários: é o trabalho junto das comunidades ou a possibilidade de chegar mais facilmente a um lugar na Função Pública. Mas também há quem tenha ambições políticas

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]oncorrem a uma vaga assim que acabam de sair da universidade e apenas ambicionam ganhar experiência até chegar ao almejado lugar na Função Pública. Outros querem de facto ajudar os residentes com maiores necessidades, esses que diariamente recorrem às associações para terem a ajuda que não conseguem junto do Governo. Também há aqueles que querem um dia chegar à Assembleia Legislativa (AL) e ter algum tipo de poder político e social, por isso a ambição acompanha-os a partir do momento em que começam a trabalhar.
Estes são alguns dos perfis que podem ser traçados das novas gerações de jovens que decidem aderir à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM, também conhecidos como Kaifong). Três jovens com quem o HM falou garantem que o salário não é o principal chamariz para se trabalhar neste tipo de associações, já que é pouco maior do que as 15 mil patacas mensais. Os atractivos são outros.

Os jovens, cara da FAOM
Os jovens, cara da FAOM

Associações como estas funcionam como polvos cheios de tentáculos há mais de 30 anos e continuam a ter forte influência social e política. Não faltam interessados na casa dos 20 e 30 anos para continuar um trabalho de associativismo iniciado há décadas. A FAOM e a UGAMM estão representadas no hemiciclo, possuem escolas, creches, centros e associações mais pequenas, recebem queixas dos residentes, têm centros de acompanhamento de idosos e lideram a lista das entidades que recebem subsídios do Governo.
“A primeira razão pela qual os jovens entram nestas associações é para terem algum tipo de poder, esse é o primeiro objectivo”, contou ao HM Isabel Cheong, secretária-geral do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, ligado aos Kaifong. “Nas associações não se ganha muito dinheiro, porque o salário pago é semelhante ao de um recém-licenciado. Quem entra aqui tem algum ambição e vontade de ter poder e ser conhecido, mas também de aprender mais e trabalhar junto da sociedade”, referiu.
Isabel Cheong estudou Jornalismo na China continental e chegou a trabalhar no jornal Ou Mun, mas depressa se fartou do ritmo frenético da profissão e do facto de ter de se deslocar diariamente a trabalhos de agenda. Um dia candidatou-se a uma vaga de trabalho nos Kaifong.
“Trabalhei em vários escritórios do deputado Ho Ion Sang e também no escritório central. Sempre trabalhei junto da comunidade. Até que em 2010 o deputado Ho Ion Sang e outros membros pensaram em criar este centro para discutirmos políticas e medidas, para termos um trabalho mais político. Então fui recomendada para trabalhar aqui”, explica Isabel Cheong.
Tal como todos os jovens da sua idade, Isabel começou do zero e fez todo o tipo de trabalhos. “Faço trabalho administrativo aqui e também estou na área de promoção de políticas para serem discutidas. Antes não tínhamos muitas pessoas e eu fui uma das primeiras a chegar. Agora a equipa é maior, temos cinco departamentos e um deles é só para pensar em temas a debater junto da sociedade e políticas para serem propostas ao Governo”, adiantou.
A jovem dos Kaifong
A jovem dos Kaifong

Já Ian Man Chit entrou na FAOM em 2008 através de um estágio. Estudou Política numa universidade chinesa e hoje estuda Direito na Universidade de Macau. “Há pessoas que entram na FAOM ou noutras associações porque querem de facto ajudar a melhorar a sociedade, mas muitos também querem concretizar os seus próprios interesses. Muitos querem desenvolver as suas capacidades aqui e não se importam muito com o facto do salário ser baixo. Há pessoas que querem entrar para depois terem mais oportunidades noutros sítios. Aqui podem ter uma formação para depois facilitar a entrada na Função Pública”, referiu.
A colega, Ng Nga Teng – que se licenciou na área das Relações Laborais em Taiwan – assegura: “Há várias situações. Há pessoas que entram porque há muitos cargos aqui e podem ter trabalho. Outros querem mesmo participar nas questões da sociedade e ajudar as pessoas. Muitos têm mesmo o sonho de ser políticos. Esse sonho existe, mas a maioria só quer um emprego.”

Formação para ser político

Na área política a máquina está bem oleada para formar jovens que poderão um dia ser potenciais candidatos à AL e integrar as listas, conforme os dirigentes assim decidirem. Do lado da FAOM, Kwan Tsui Hang já deu mostras de querer sair do hemiciclo e já estão a ser pensados nomes para lhe suceder. Os membros mais novos participam com frequência em acções de formação sobre política, com a participação de académicos convidados.
“Não sei quem é que se vai candidatar (nas eleições legislativas de 2017) mas os Kaifong estão sempre a formar novas pessoas para serem deputados. Quando Ho Ion Sang decidir sair já vão existir pessoas que podem avançar para uma candidatura. Há sempre cursos de formação com convites de especialistas em política para formar essas pessoas para a vida política”, explicou Isabel Cheong ao HM.
Ela própria já foi uma das formandas. “Em 2009 o deputado Ho Ion Sang foi eleito mas na altura as pessoas achavam que ele era novo e não confiavam muito no seu trabalho. Reconhecemos esse problema e apostámos no trabalho de formar as pessoas cada vez mais cedo, para que também comecem a aparecer mais cedo, para que a sociedade também os conheça.”
Isabel Cheong até põe a hipótese de um dia se candidatar, mas afirma ter de pensar, porque é uma decisão que não parte só dela. “No futuro gostava de experimentar esta área”, garante. Também Ian Man Chit gostava de chegar ao hemiciclo, mas diz que não se importa de continuar a fazer o que faz actualmente, em prol dos outros.
“Primeiro tem de se respeitar a vontade da própria pessoa, mas o mais importante é o que a pessoa em causa pensa sobre os residentes. Deve ser alguém com muita experiência a lidar directamente com as pessoas e ver os seus problemas. Essas são as condições básicas para uma pessoa ser escolhida. Somos um grupo dos operários e temos de ter a capacidade de fazer tudo, não podemos trabalhar apenas pelos direitos dos trabalhadores mas em todas as áreas. Para ser deputado temos de deixar a família para trás, sem horários.” O pensamento é transversal.
“Penso ser candidato à AL, mas é um processo complicado, porque a Ella Lei começou por ser assistente dos deputados e teve de adquirir muita experiência até lá chegar. Isso depende da própria associação, não é uma escolha pessoal. Não me importo qual será o meu cargo, pode não ser a AL, desde que possa ajudar as pessoas”, acrescentou Ian Man Chit.

Mais deputados directos

Apesar de estarem ainda muito longe de chegarem ao topo, estes jovens já têm as suas ideias políticas bem definidas. O aumento de deputados directos no hemiciclo é um objectivo defendido por Isabel Cheong e Ian Man Chit.
“Há muitos deputados na AL que só fazem coisas para os seus interesses pessoais e não quero que essa situação continue. Para mim um deputado tem muita responsabilidade e trabalhos e não é uma escolha fácil. Actualmente há falta de igualdade social. Há muitos empresários na AL, o que faz com que Coloane continue a não ser protegida”, defendeu o jovem da FAOM.
Ng Nga Teng, que decidiu entrar na Federação depois de assistir a um seminário sobre sindicalismo em Taiwan, pede que seja implementada a Lei Sindical em Macau. “A FAOM está a desempenhar o papel de sindicato, temos 70 associações e há sempre esse objectivo de ajudar os trabalhadores. Macau precisa mesmo de uma Lei Sindical, porque sem ela não há uma plataforma de negociação”, remata a jovem.

Os caminhos paralelos de Ella Lei e Wong Kit Cheng

Ella Lei foi eleita em 2013 pela FAOM pelo sufrágio indirecto, já que a FAOM continuou a ter os deputados Kwan Tsui Hang e Lam Heong Sang nos assentos directos. Wong Kit Cheng, que é vice-presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau, foi a número dois da lista de Ho Ion Sang, dos Kaifong. O percurso das deputadas até chegarem à AL foi semelhante ao de Isabel Cheong, Ian Man Chit e Ng Nga Teng.
“Comecei por participar na União Geral dos Estudantes durante a universidade e foi aí que comecei a ter mais contacto com os problemas da sociedade. Depois fui para a Associação das Mulheres porque queria discutir mais políticas e defender os direitos destas”, referiu Wong Kit Cheng ao HM. A deputada ainda chegou a trabalhar como enfermeira no Hospital Conde de São Januário.
“A minha entrada para a AL foi uma decisão de todos, porque a associação tem formado jovens para participar nas políticas, temos tentado encontrar pessoas para continuar esse trabalho. Conheci enfermeiras que também estavam ligadas a estes assuntos e incentivaram a minha candidatura, foi uma oportunidade”, assegura a número dois de Ho Ion Sang. ella lei
No caso de Ella Lei, a deputada indirecta entrou para a FAOM através de um simples estágio, quando ainda estudava na universidade, no curso de Administração e Gestão Pública. “Na altura não sabia nada, mas comecei a perceber melhor o trabalho de um deputado e achei que era significativo e desafiante”, contou. Foi recepcionista num dos centros da associação, tratou dos casos mais fáceis, lidou com muitas queixas de residentes. Ella Lei estagiou nos anos de 2002 e 2003, quando a economia atravessava uma fase má e quando houve o fecho de muitas fábricas.
“Falei com pessoas analfabetas que precisavam de ajuda para assinar contratos, submeti queixas ao Governo. Chegou a um ponto em que queria contribuir para a sociedade de uma forma mais activa e queria ter mais responsabilidades. No processo de candidatura ganhei o apoio dos meus colegas, porque claro que não foi apenas uma decisão pessoal”, rematou a deputada.

30 Mai 2016