PS | Visita de secretária-geral adjunta com saldo “muito positivo”

Ana Catarina Mendes aproveitou uma visita a Pequim para conhecer a secção do PS em Macau. A secretária-geral adjunta Socialista foi recebida por Alexis Tam e reuniu com o PS e os Conselheiros das Comunidades Portuguesas. Apesar dos “desabafos individuais”, Tiago Pereira traça um balanço positivo

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m encontro “muito positivo” é como Tiago Pereira, secretário-coordenador da secção de Macau do Partido Socialista (PS), descreve a visita de Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do mesmo partido, a Macau, no passado fim-de-semana. A visita, sem agenda oficial, tinha como grande motivação a troca de opiniões da secretária com a secção do PS local.
“[O encontro] correu muito bem. Debatemos sobre a nossa visão em Macau das comunidades portuguesas e sobre a realidade local [dessa comunidade]. Passámos ainda algumas sugestões daquilo que eventualmente consideramos ser proveitoso em termos de política para as comunidades portuguesas em geral e para a comunidade portuguesa de Macau, em específico. E comprometemo-nos também a estar presentes no Congresso do Partido – a decorrer de 3 a 5 de Junho”, explicou Tiago Pereira ao HM.
Ao endereçar o convite na participação do Congresso, Ana Catarina Mendes afirmou serem precisas “todas as vozes”, sendo que será um momento aberto à sociedade” e “terá a participação de militantes e simpatizantes nos vários debates”.

Aviso dado

A visita de Ana Catarina Mendes foi motivo de crítica por parte de alguns militantes na redes sociais, mas Tiago Pereira diz que não passam de “desabafos a título individual”, não sendo representativos da secção local.
“O que aconteceu foi que a secção foi contactada, antes da visita, mas não havia nenhuma agenda estabelecida”, explicou, indicando que aproveitando a presença em Pequim para o Fórum, o partido contactou a secção de Macau por vontade própria.
Sobre a visita, Tiago Pereira garante que “os militantes foram avisados” e que a reunião com a secção se realizou no sábado, não tendo sido possível, por questões logísticas, acontecer na sexta-feira. O secretário do PS Macau diz ainda que a própria secção soube da visita na semana passada.
Questionado sobre o encontro de Ana Catarina Mendes com o Conselho das Comunidades Portuguesas, Tiago Pereira explica que foi algo combinado, em Portugal, quando os Conselheiros, José Pereira Coutinho, Rita Santos e Armando de Jesus, visitaram o país, no início deste mês. Coube também a este órgão agendar as boas-vindas dos representantes do PS, que contou com a presença de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

China amiga

Durante a sua visita, a secretária-geral adjunta frisou que é preciso “ter noção” de que Macau constitui um território “onde os partidos políticos estrangeiros não são uma normalidade”, pelo que “o facto de o PS estar a desenvolver a sua actividade, ter um X número de militantes, mas também um número significativo de simpatizantes diz bem do respeito que conquistaram aqui dentro e da capacidade que têm de passar a sua mensagem”, sustentou.
A representante destacou ainda “a batalha comum” pela divulgação da Língua Portuguesa, “uma causa nas comunidades e no mundo”, e “situações de precariedade” de jovens que emigraram, às quais “é preciso dar resposta”.
“O Partido Socialista foi convidado pelo Partido Comunista chinês para participar no fórum dos representantes de alto nível dos partidos europeus com relações com a China” e, neste âmbito, considerando “fundamental que se mantenha esta boa relação entre a Europa e a China”, “o papel de Portugal é absolutamente decisivo”, sustentou ainda Ana Catarina Mendes, à Agência Lusa.
A dirigente socialista justifica esse papel com “a longa tradição” em Macau, que faz com que seja “a plataforma giratória para [se] poder melhorar as relações entre a Europa e a China”.
“Também creio que nós, Portugal, temos um papel tão mais importante quando vi também com bons olhos que o Governo de Macau está neste momento a apostar muito” na Língua e Cultura Portuguesas, e na sua difusão, e que “temos hoje projectos muito interessantes liderados por portugueses por toda a China, mas que Macau foi essencialmente para isso”, acrescentou.

17 Mai 2016

Tabaco | AL acusada de não querer avançar com revisão à lei

A revisão ao Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo está longe de acontecer. A opinião é de alguns deputados da Comissão que defendem que o Governo sofre muita “pressão” para a não proibição total do fumo. Ng Kuok Cheong defende mesmo que a revisão nunca vai acontecer porque Governo e membros da AL não querem que aconteça

[dropcap dtyle=’circle’]E[/dropcap]m Julho de 2015, Chan Chak Mo, presidente da 2.ª da Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), disse precisar de um ano para ter pronto o parecer sobre o diploma que revê o Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo. Dez meses corridos e não parece que o prazo vá ser estabelecido.
Chan Chak Mo justifica que o grupo de trabalho tem tratado “de outras propostas” sendo que esta revisão “ainda não foi prioritária”. No entanto, diz, está “agendada uma reunião já na próxima semana para discutir esta proposta”.
Para o deputado Ng Kuok Cheong, também membro da Comissão que avalia a revisão à lei, não há dúvidas: poucos são aqueles que querem que esta “revisão vá para a frente”. Note-se que a principal alteração proposta é a proibição total de fumo nos casinos, incluindo nas salas construídas para esses efeitos.
“A AL está a atrasar os trabalhos até levar a que a proposta caia. A verdade é que grande parte das pessoas não está de acordo com esta revisão. E caso ela não seja aprovada na próxima sessão legislativa, que é a última desta legislatura, então cai. Esta é a verdadeira intenção do Governo”, argumentou Ng Kuok Cheong.
Para o deputado há uma movimento claro de “demora nos trabalhos”. “Como existe esta intenção de não a aprovar, os trabalhos são muito demorados”, explicou ao HM, adiantando que “há muitos deputados que estão preocupados com as possíveis consequências da revisão”, no que diz respeito “às receitas do Jogo”.

Batata quente

O membro do grupo acusa ainda os assessores e técnicos da AL de serem contra esta revisão, porque “são contra a proibição do fumo nas salas VIP” e por isso não trabalham de forma eficiente. “Está tudo a ser feito para que não seja aprovada [a revisão]. Os assessores e técnicos justificam que têm de estudar e demoram muito nas suas opiniões. Depois, quando as voltam a entregar ao Governo, argumentam que é preciso estudar mais”, explicou.
Ng Kuok Cheong teme que o Governo “possa alterar a essência da lei e permitir as salas de fumo”. Mas, o cenário mais possível, para si, é a não aprovação da lei. “Eu gostava que fosse definido, mas não sei se vai acontecer, não acredito que os trabalhos terminem até ao final desta sessão, nem sequer da próxima”, rematou, defendendo que a única luz de trabalho e vontade surge dos Serviços de Saúde. “Só eles é que me parecem mais determinados nesta proibição”, apontou.

Um não certo

A concordar com a opinião está também o deputado Leong Veng Chai, que não acredita na aprovação da lei. “Apoio a proibição total, mas não acredito nela”, frisa. A verdade, diz, é que o Governo sofre de muita pressão das seis operadoras do Jogo.
“A discussão vai continuar e não vai conseguir ultrapassar estas questões. A pressão ao Governo é muita, não acredito que seja aprovada”, explicou. O fim dos trabalhos nesta sessão são um cenário longe de acontecer para o deputado. “Nesta sessão não será com certeza, até porque as propostas relativas ao ensino superior e aos condomínios em análise são muito complicadas e vão ocupar o tempo que falta”, acrescentou.
Mak Soi Kun, deputado também membro do grupo de trabalho, é mais optimista, mas também não acredita que seja discutida até ao fim desta sessão. “A Comissão tem em mãos agora propostas muito importantes, como o ensino superior. O próximo passo é o Governo analisar agora as opiniões que foram recolhidas sobre a revisão ao regime. Numa próxima reunião vamos decidir, mas não me parece que seja nesta sessão”, explicou.

13 Mai 2016

“Agente provocador” | Advogados criticam sugestão do relatório de Jogo

O relatório da revisão intercalar do Jogo defende a introdução na lei da figura do “agente provocador” para combater apostas ilícitas, mas especialistas estão contra a medida ou falam de dificuldades na implementação

As autoridades já admitiram a dificuldade de acusar e condenar os autores de apostas ilegais nos casinos, mas a possibilidade de introduzir a figura do “agente provocador” no sistema jurídico do Jogo não parece agradar aos especialistas do sector. A sugestão faz parte do relatório intercalar do Jogo, apresentado esta quarta-feira.
Anstun Mak Heng Ip, advogado, disse ao HM que a figura do “agente provocador” pode instigar a prática do crime. “Estes crimes podem não acontecer numa fase inicial, mas se os agentes provocadores incentivarem, as pessoas cometem esses crimes e podem ocorrer mais casos”, defendeu.
O advogado considera que a ideia é “viável” e que pode de facto ajudar na investigação, mas traz desvantagens para aqueles que, à partida, não iriam cometer o crime. Anstun Mak Heng Ip defendeu que, para rever a legislação, é necessário o consenso social. A figura do “agente provocador” não é usada para combater outro tipo de crimes, sendo que o advogado teme que, na prática, não seja fácil concretizar a medida.
Para Hugo Maia Bandeira, advogado, a possível alteração à lei penal – algo defendido no relatório – para incluir este agente no sector do Jogo não é “uma coisa habitual”. “Esta figura não é muito comum no Jogo. Normalmente nunca é usada”, explicou o advogado, adiantando ainda que em tribunal poderá ser sempre alegada a “vontade condicionada” do suspeito.

À margem

Já Kuok Chi Chong, presidente da Associação de Mediadores de Jogo e de Entretenimento de Macau, diz que os actos ilegais devem ser combatidos, concordando com a figura do “agente provocador”.
“Nós operamos as salas VIP de forma normal e não fazemos [apostas ilegais], portanto se o Governo tomar essa medida não nos vai afectar”, disse, acreditando que a introdução desta é uma questão “sensível” e que as leis têm uma limitação para isso. Kuok Chi Chong não quis comentar se o panorama das apostas ilegais é grave no sector.

Base de dados bem vista

Paulo Chan, director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), garantiu que está a ser estudada a criação de uma base de dados para as dívidas de Jogo, para além do reforço das empresas junket. Para o deputado Zheng Anting, a medida pode corrigir a imagem negativa do sector e aumentar a confiança dos clientes. Já Kuok Chi Chong garante que tem vindo a discutir o assunto com a DICJ, no sentido de se criar uma base de dados centralizada, defendendo uma regulamentação mais rigorosa para os que querem ser promotores de Jogo. O Gabinete de Dados Pessoais já explicou que a criação da base de dados depende da autorização dos envolvidos para a divulgação dos dados sobre concessões de crédito e as apostas realizadas. Kuok Chi Chong diz que se a base de dados vai apenas acumular informações de promotores e devedores não vai ser difícil de implementar. Apesar de tudo, ficou por explicar como vão ser cobradas as dívidas de Jogo não recuperadas junto dos devedores que vivem no interior da China. Isto porque no continente estas dívidas não são reconhecidas à luz da lei.

13 Mai 2016

Relatório Jogo |Sociólogo diz que já existem conflitos entre locais e TNR

O relatório da revisão intercalar do sector do Jogo revelou que a importação de um avultado número de trabalhadores não residentes (TNR) trouxe inconvenientes aos que são de Macau, algo que deu origem a conflitos do ponto de vista social e cultural. O relatório fala ainda de sentimentos de xenofobia que surgiram nos últimos anos.
O sociólogo Larry So disse ao HM concordar com um cenário que não é novo, referindo que os locais têm receios de que a mão-de-obra importada venha roubar postos de trabalho.
“Existem conflitos que já trouxeram mudanças ao nível da harmonia e causaram sentimentos nos locais que não gostam da vinda de pessoas de fora. Penso que o facto do relatório falar disto mostra que o Governo está seriamente a pensar enfrentar esta questão”, defendeu.
Para Larry So, a queda das receitas do Jogo poderá ter levado as operadoras a recrutar menos TNR nos últimos dois anos, mas isso não resolveu a questão, dado que os TNR continuam a representar uma grande fatia da população.
O sociólogo acredita que não podem existir abusos na importação de TNR, sobretudo por parte dos casinos e defende a introdução de uma proporção adequada de trabalhadores locais e do exterior como forma de diminuir os sentimentos negativos dos residentes.
Larry So considera ainda importante que as operadoras de Jogo determinem o número de trabalhadores para o futuro, para que a actual formação responda a essas necessidades para que se possa diminuir a importação de trabalhadores.

13 Mai 2016

Lei Eleitoral | Temida ausência de candidatos por diminuição de valor de campanha

A proposta de revisão da Lei Eleitoral do Governo sugere uma diminuição do dinheiro para campanha de cinco para 4,5 milhões, mas há quem defenda que deve ser ainda menos, para um máximo de três milhões de patacas. Alguns representantes de associações, contudo, defendem que a redução dos orçamentos pode levar a uma diminuição de novos candidatos ao lugar de deputado.
Segundo o jornal Ou Mun, Lao Cho Chon, da Associação da Nova Juventude Chinesa de Macau, disse que o valor é elevado e pode levar a um tráfico de influências junto dos eleitores.
Lao Cho Chon pensa que um limite de três milhões já é suficiente para cobrir as despesas com a campanha eleitoral, sugerindo o estabelecimento de um limite de orçamento com base no número de eleitores. Caso haja 300 mil eleitores, três milhões de patacas serão suficientes, acredita.
Já Ieong Po I, director da Associação de Ténis dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, considera que os candidatos relativamente “ricos e poderosos” têm feito trabalhos para as próximas eleições, receando que a redução de despesas possa combater a chegada de novos candidatos.
Quanto ao regime de responsabilidade penal das pessoas colectivas, Lei Wen Kong, presidente da Associação de Promoção Jurídica de Macau, sugeriu que a lei possa punir também as entidades sem personalidade jurídica. Lei Wen Kong pensa que os interesses das associações que apoiam os candidatos podem não ser iguais aos interesses de quem quer ser deputado, defendendo que o documento deve esclarecer as responsabilidades caso seja cometido um crime com base nos interesses dos rostos candidatos.

13 Mai 2016

Ensino | Acreditação de cursos obrigatória. UM é excepção

A acreditação das instituições de ensino superior não será obrigatória, mas dos cursos sim. Só a UM poderá ser dispensada pelo GAES desta acreditação e revisão porque, explica o Governo, já está acreditada. Como? “Self Accredit”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]análise à Lei para o Ensino Superior é um saco de novidades diárias e, desta vez, Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) anunciou que a acreditação das instituições de ensino superior não vai ser obrigatória com a nova lei. Isto porque, explica citando o Governo, o “processo é muito complexo e dispendioso”, sendo que só os cursos terão de ser acreditados – todos, menos os da Universidade de Macau.
O presidente do grupo responsável pelos trabalhos de avaliação da proposta do Governo indica que o Executivo vai definir por regulamento administrativo, elaborado três meses depois da aprovação da lei, a avaliação do ensino superior que será feita “em dois tipos”: a acreditação da instituição e dos cursos. A primeira poderá ser feita, se a instituição assim o quiser, através de empresas privadas ou recorrendo ao Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES). Dentro desse tipo de avaliação, esta sim, obrigatória e periódica, é feita uma auditoria à qualidade da instituição. Portanto, as instituições podem não ser acreditadas mas serão sempre avaliadas quanto à sua qualidade.
Esta avaliação é feita por “agências do exterior” que Chan Chak Mo disse não poder revelar. “O Governo não quer divulgar a lista com o nome destas empresas porque isto vai originar problemas para as instituições que vão negociar com esses órgãos do exterior. Se o Governo publicar quais os órgãos do exterior, então estes podem aumentar os custos da avaliação”, argumentou, esclarecendo ainda que, apesar de não ter a confirmação do Governo, esta avaliação deverá ser paga pela própria instituição.

Acreditar e avaliar

O segundo tipo de avaliação corresponde a uma acreditação ou revisão – dependendo do caso – dos cursos disponibilizados pelas próprias instituições. Portanto, todas as escolas de ensino superior terão de passar pelo processo de acreditação de cursos, seja ele uma revisão ou acreditação. Acontece contudo que a Universidade de Macau (UM) já tem a chamada “self accredit”, atribuída por uma “agência do exterior”, fazendo com que esta instituição possa ser dispensada desta obrigatoriedade relativamente aos cursos.
“Só a UM é que tem esta qualificação. Isto é feito através de órgãos da avaliação do exterior. (…) Quem tem esta qualificação então já não precisa de passar pelo GAES. Quem não tem ‘self accredit’ então tem de passar pela avaliação do órgão do exterior, para obter qualificação. E só depois disso é que pode abrir novos cursos e reaver os cursos”, explicou o presidente. “As nove instituições [excluindo a UM] têm de passar pela avaliação do órgão exterior. A UM tem esta qualificação. É um dos tipos de acreditação. Só a UM é que tem. As outras [instituições] podem pedir, depois de aprovação da lei, mas só se quiserem”, argumentou.
Questionado sobre o que é ‘self accredit’ e como é que a UM a conseguiu, Chan Chak Mo afirmou, citando o Governo, que esta qualificação é atribuída depois de uma avaliação em vários aspectos: cursos e espaço, entre outros. Sobre a necessidade de uma nova acreditação à UM o presidente da Comissão não soube responder.
Questionado sobre a falta de participação nos trabalhos de elaboração do regulamento administrativo que vai reger esta avaliação, Chan Chak Mo explicou que a AL não tem capacidade para o fazer.

Novo coordenador-adjunto no GAES

Chang Kun Hong é o novo coordenador-adjunto do GAES. A nomeação foi tornada pública ontem, em Boletim Oficial, assinada pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e é válida por dois anos. Chang Kun Hong é mestre em Administração Pública, pelo Instituto Nacional de Administração da China em colaboração com a Universidade de Pequim. Frequentou também o mestrado de Economia e Gestão da Educação pela Universidade Sun Yat-Sen de Cantão. É licenciado em Direito pela Universidade de Ciência Política e Direito da China e também em Economia pela Universidade de Jinan de Cantão. Entrou para a Função Pública em 1991 como técnico superior da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, passando para chefe da Divisão de Gestão Financeira e Patrimonial deste organismo. Ocupou ainda o cargo de chefe do Departamento de Gestão e Administração Escolar da mesma direcção. Em 2012 entrou para o GAES como técnico superior assessor principal, passando, em 2014, para chefe da Divisão Administrativa e Financeira do Fundo de Pensões.

12 Mai 2016

Químicos | Governo sem acordo sobre legislação

Tem 15 anos mas nunca saiu da gaveta, apesar de prometida pelo Governo. Depois de muitas reuniões, as partes interessadas não chegam a acordo quanto à lista de produtos que a Lei do Controlo de Químicos de Utilização Militar e de Dupla Utilização civil e militar deve incluir

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se Lei do Controlo de Químicos de Utilização Militar e de Dupla Utilização Civil e Militar, ou pelo menos o Governo pretendia que se chamasse. É um projecto de 2001, tem 15 anos e desde 2014 que nada mais se soube dele.
“Esta é uma lei que nunca ninguém percebeu o que aconteceu. Umas vezes o Governo tinha muita pressa em avançar com os trabalhos, depois passava temporadas sem pegar nisto. A verdade é que nunca se chegou a um acordo e a lei ficou arrumada numa gaveta”, começa por explicar ao HM uma fonte conhecedora do processo legislativo.
Recorrendo a documento confidenciais, aos quais o HM teve acesso, percebe-se que esta proposta de lei era uma vontade clara do Governo. “Solicita-se à [Direcção para os Serviços dos Assuntos de Justiça] que seja regulamentado autonomamente em Regulamento Administrativo o conteúdo relativo às sanções administrativas constante do projecto e que sejam enviadas ao [Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça], com a maior brevidade possível, as versões chinesa e portuguesa da proposta de lei (…)”, pode ler-se.
Em Junho de 2006, o Governo explicava que vários departamentos da Administração estavam envolvidos em todo o processo, alguns deles como o antigo Gabinete para os Assuntos do Direito Internacional, o GSAJ, a Direcção dos Serviços de Economia, os Serviços de Saúde, entre outros.
“A questão é que o Governo não conseguiu chegar a acordo com os peritos que faziam parte dos grupos de trabalho. É natural que isto aconteça porque há muitos departamentos envolvidos. Sempre houve”, argumenta a mesma fonte, sem conseguir justificar porque é que a lei nunca avançou. “Não sei responder a isso. Nunca se conseguiu perceber o porquê”, rematou.

Tudo em ordem

A hipótese de Macau ser um território sem lei que permita a entrada, troca ou qualquer outro acto que envolva produtos químicos, incluindo armamento, é afastada pelo advogado José Filipe Salreta, que explica ao HM que existe legislação em vigor.
“Não é verdade que Macau não tenha um regime jurídico relativo ao controlo de produtos químicos tóxicos – a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Utilização de Armas Químicas e sobre a sua Destruição entrou em vigor a 20 de Dezembro de 1999, nos mesmos termos e condições em que a República Popular da China se encontra a ela externamente vinculada”, explicou.
Na sequência da Lei do Comércio Externo, de 2003, foi ainda proferido um despacho do Chefe do Executivo, Chui Sai On, que proíbe a importação, exportação e trânsito pela RAEM de produtos químicos. “O mesmo sujeita ainda a condicionamento (e a autorização da DSE) a importação, exportação e trânsito pela RAEM”, indica.

Leis e afins

Não seria questão se a lei não fosse necessária para colocar “em prática o próprio conteúdo das Convenções”, conforme explica um outro jurista que preferiu não se identificar.
Questionado sobre o assunto, o comentador Arnaldo Gonçalves defende que criar a lei “faz sempre sentido”. Esta é essencial para aplicação correcta das convenções e do anexo à Lei do Comércio Externo. “Não é um mero acto do Chefe do Executivo a mandar aplicar (…) ele não manda aplicar de uma forma cega, tem de verificar, por exemplo, o nível de desenvolvimento do território, ou as condições de operacionalidade dos serviços competentes”, explicou. “Não há volta a dar, enquanto não houver um consenso de Macau em relação às matérias interditas a Convenção não se pode aplicar”, indica.
Caso fosse, seria aplicada de uma forma cega, sem avaliação da real situação de Macau. Em termos práticos, Macau está numa situação indefinida. “Há uma lacuna legal, um vazio que tem de ser preenchido”, rematou Arnaldo Gonçalves.
O HM tentou obter uma reacção do Governo, mas até ao fecho desta edição não foi possível.

12 Mai 2016

Pensões ilegais |DST contraria deputados e Governo e diz-se aberta a criminalização

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]Direcção dos Serviços de Turismo (DST) disse ontem estar aberta à criminalização das pensões ilegais, depois dos deputados que analisam a proposta de lei neste âmbito terem decidido recuar na intenção de criminalizar a actividade. Os deputados disseram ao HM não ter sido pressionados, mas concordar com o “Governo”, que diz que é mais complicado punir os criminosos sem as sanções administrativas.
Contudo, a DST vem agora dizer que está “aberta” a ouvir opiniões sobre a questão. “Neste momento, o Governo quer saber a tendência da sociedade, se quer criminalização ou não, e não fecha a porta à discussão, tendo uma atitude aberta sobre a criminalização”, disse Chan Lou, chefe do Departamento do Licenciamento e Inspecção da DST, garantindo que vai pensar em todas medidas que resolvam o problema.
As declarações surgiram no programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau, depois de uma mulher ter ligado para a queixar-se de não lhe ser possível fazer nada face a um problema com uma pensão ilegal: a ouvinte revelou que descobriu que o seu inquilino tornou o apartamento arrendado por ela numa pensão ilegal, mas como a mulher não tem testemunhas, quando pediu para terminar o arrendamento foi-lhe pedida uma compensação por causa do contrato estar ainda em vigor. A mulher diz que não conseguiu evitar o problema por causa da lei actual não criminalizar a actividade, sendo que o seu apartamento ficou apenas bloqueado como punição, sem que verdadeiro autor fosse sancionado.

Em análise

O responsável da DST disse que a alteração da lei não vai impedir todos os casos de acontecer e Chio Song Un, chefe da Divisão de Relações Públicas do Departamento de Operações da Polícia de Segurança Pública, garantiu apenas que tem acompanhado as investigações de combate às pensões ilegais e que está a analisar as sugestões sobre a criminalização. Mas o responsável voltou também a frisar o que já foi anteriormente dito pela Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, que está a discutir a lei na especialidade e cujo relatório refere que a desistência na criminalização se justifica com o facto de que esta poderia ocupar mais recursos humanos da polícia.

12 Mai 2016

Habitação Social | Relatório defende flexibilização nas candidaturas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Habitação (IH) publicou ontem o relatório final da consulta sobre a revisão do Regime Jurídico da Habitação Social. O documento mostra que a maioria das opiniões está de acordo com a sugestão de flexibilidade em relação às restrições do património dos idosos, das famílias dos beneficiários de habitação económica e dos que usufruem do Regime de Bonificação de Juros de 4%. O IH prometeu avançar com a legislação nesse sentido.
Actualmente os elementos dos agregados familiares beneficiários da habitação económica, do Regime de Bonificação de Juros de 4% e do Regime de Bonificação de Juros de Crédito Concedido para Aquisição de Habitação Própria não podem apresentar a candidatura à habitação social, excepto se o presidente do IH autorizar excepções.
O documento da consulta propõe que se permita a candidatura sem necessidade de pedir uma excepção ao IH, autorizando a candidatura dos membros de famílias (que não sejam proprietários) que residiram nas habitações económicas. Promete-se flexibilidade entre oito a dez anos após a entrega das chaves das fracções.
No que toca ao problema dos idosos que ultrapassaram o limite de património e que não preenchem os requisitos para candidatura a uma habitação social, mas cujo rendimento é inferior ao limite mínimo da Lei de Habitação Económica, à qual também não se podem candidatar, o IH propõe que sejam flexibilizadas as restrições. A maioria das opiniões concorda com a medida do IH, mas há quem levante objecção por considerar que os idosos continuam a ter capacidade de trabalho. Há quem também questione se esta medida poderá causar pressão nos recursos do instituto.

Pontos e rendas

Além disso, o organismo vai conjugar dois factores de pontuação – “Deficiência física ou mental ou doença permanente” e “Apoio aos idosos”.
Outro ponto apresentado no documento da consulta é a definição dos “agregados familiares com rendimento superior ao limite máximo determinado”. Quanto à saída das “famílias ricas” da habitação social, o IH irá ponderar se estes arrendatários têm ou não capacidade para suportar as rendas dos edifícios do mercado livre.
Caso os rendimentos dos arrendatários sejam superiores ao limite máximo, mas não possuam capacidade para suportar as rendas dos edifícios privados do mercado livre, estes poderão continuar residir nas habitações sociais, mas necessitam de pagar o dobro da renda. Caso os rendimentos dos arrendatários sejam superiores a uma determinada percentagem do limite máximo e possuam capacidade para suportar as rendas dos edifícios privados do mercado livre, propõe que devam sair e devolver a habitação social no prazo de um ano, pagando os arrendatários, durante este período, o dobro das rendas.

11 Mai 2016

Dados Pessoais | Revisão não acontece este ano. Reestruturação, talvez

Vasco Fong disse que sim, mas afinal não. A revisão da Lei de Protecção de Dados Pessoais não será feita este ano. Um processo demorado e que exige muito estudo é a justificação dada pelo coordenador. A transformação do seu gabinete em Comissariado está nas mãos do Governo

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o final do ano passado, Vasco Fong, coordenador do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), avançou que em 2016 o grupo de trabalho iria avançar com a revisão da Lei de Protecção de Dados, por esta “não se adequar” aos tempos actuais. Cinco meses corridos e Vasco Fong volta atrás com o que disse.
“Não vamos rever a lei este ano”, afirmou, ontem, o coordenador numa conferência sobre o balanço dos trabalhos do GPDP durante o ano passado.
A lei tem erros, admite, mas para uma revisão é preciso fazer estudos e analisar partes importantes, algo que ainda não está concluído. “Temos de estudar, são várias partes e grandes (…) ainda não temos esses estudos [para avançar com a revisão]”, explicou, admitindo que se podem “verificar algumas desactualizações” na actual lei. “Mas não conseguimos concluir [os trabalhos para a revisão] este ano. Quando [acontecer], óptimo. Em 2016 não vamos arrancar com a revisão da legislação”, garantiu.
Questionado sobre as desactualizações sentidas na aplicação da actual lei em vigor, Vasco Fong explica que não existe um equilíbrio entre a legislação e o desenvolvimento da tecnologia. É preciso ainda, explica, rever a tabela das sanções, pois o valor destas não está equilibrado. “Actualmente não se consegue distinguir a gravidade das infracções. Temos de melhorar”, afirmou.

À espera do sim

Relativamente à reestruturação do Gabinete, que pode transformá-lo em Comissariado, o coordenador explica que todos os processos legislativos para que tal aconteça estão feitos, faltando apenas a resposta do Governo.
“Já entregámos ao Governo”, esclareceu, mostrando muita vontade, sua e da equipa, que a alteração aconteça o mais rápido possível. “Queremos que seja implementado o mais rápido possível. [Actualmente, o Gabinete] tem algumas limitações quanto às colaborações internacionais”, indicou Vasco Fong, admitindo que por vezes a opinião do organismo não é tida em conta por este não ser uma “entidade independente”. “Tudo está preparado, só falta a resposta do Governo”, explicou. “Só depende da agenda do Executivo”.
“Sou um optimista quanto a esta decisão. É uma tendência mundial, há um destaque e [uma maior] importância [face] à protecção dos dados pessoais. Cada vez mais damos atenção a esta matéria. Temos de acompanhar a tendência”, rematou o coordenador.

Em análise

Sobre os documentos confidenciais com informações pessoais dos pacientes do Hospital Conde de São Januário, despejados na via pública o ano passado, e da investigação a decorrer sobre a presença de uma câmara de vigilância no balneário feminino da Piscina do Estoril, Vasco Fong explica que os casos ainda estão em investigação.
“O caso da câmara no balneário feminino é uma lição muito importante quanto ao uso da vigilâncias dos espaços. Apesar da segurança é preciso mais consideração pelo ambiente”, alertou.
Para o ano fica também a legislação sobre o armazenamento de grande volume de dados, vulgarmente conhecido por ‘Big Data’. “Essa é outra tarefa que temos. Estamos numa era da tecnologia”, adiantou, explicando que apesar da legislação não acontecer este ano, o Gabinete “está a acompanhar de perto o assunto e as tendências mundiais”.

Menos casos, menos investigações

Dados divulgados pelo GPDP indicam que durante 2015 foram registados 1834 casos, menos 102 do que no ano anterior. Em 2014 foram investigados 194 casos e, no ano passado, 155, dos quais 18 foram alvo de sanções e 63 sujeitos a um aviso escrito por parte do Gabinete. Por falta de provas foram 69 casos encerrados e nove queixas foram retiradas pelo titular dos dados. Dos 155 casos, 13 correspondem a entidades públicas, mas que Vasco Fong não soube dizer quais.

11 Mai 2016

Regime de Construção | Revisão de textos na “íntegra” volta a atrasar revisão

Mais de 30 anos, duas consultas públicas e dois anos depois do prazo inicial para entrar em processo legislativo, o Regime Jurídico de Construção Urbana continua sem data para entrega à AL. A DSSOPT diz estar a rever os textos na íntegra novamente devido a “complicações”. Sabe-se que a lei vai “estabelecer prazos mínimos de garantia da qualidade das obras”, mas não são especificados quais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo está a rever totalmente os textos do Regime Jurídico da Construção Urbana e as Normas da Natureza Administrativa do mesmo Regime, mas continua sem data para apresentar os diplomas à Assembleia Legislativa (AL). Numa resposta à deputada Kwan Tsui Hang, o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) fala de complicações e não especifica se o prazo para a qualidade das obras vai ser mais longo que cinco anos – uma das razões que motivou a revisão.
“Dada a complexidade do conteúdo e a amplitude da proposta de lei do Regime Jurídico da Construção Urbana e do projecto das Normas de Natureza Administrativa [desse] Regime, com o objectivo de aperfeiçoar os respectivos textos, a [DSSOPT] está a verificá-los novamente na íntegra e a proceder às devidas alterações”, começa por explicar Li Canfeng. O director do organismo diz ainda que só depois deste trabalho os documentos revistos vão ser enviados à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça, “para se proceder aos trabalhos de análise jurídica”.

Historial longo

O Regime foi aprovado há mais de 30 anos, como relembra Kwan Tsui Hang na interpelação entregue ao Governo, onde refere ainda que o diploma “já não se coaduna com as necessidades do desenvolvimento social”. Em 2009 e 2010, o Executivo lançou duas consultas públicas sobre o Regime, constantemente admitindo a necessidade de revisão deste. Em 2014, e depois de muita insistência dos deputados, o director substituto da DSSOPT, na altura Shin Chung Hong, avançava que na primeira metade de 2015 deveria arrancar o processo legislativo.
Um dos principais problemas com a desactualização do Regime prende-se com o facto de os construtores terem de dar apenas uma garantia de cinco anos para as fundações e estruturas principais dos edifícios. O Governo ainda sugeriu o aumento deste prazo, tendo depois decidido por mantê-lo por dez anos, naquilo que foi “uma decisão que nunca foi justificada junto do público”, como referiu Kwan Tsui Hang.
A deputada dá como exemplos situações não só em edifícios privados, mas também na habitação pública, como a queda de azulejos, enferrujamento das canalizações e fendas nas paredes. E quer saber se vão ser incluídos prazos de garantia obrigatórios maiores que o actualmente estipulado e se os proprietários serão obrigados a reparar eventuais construções sem qualidade. Li Canfeng é vago na resposta.
“O acabamento das paredes exteriores e as paredes não estruturais não são consideradas estruturas principais. A proposta de lei irá estabelecer os prazos mínimos de garantia da qualidade das obras, mas as questões de pormenor devem constar nos contratos de adjudicação de obras e de compra e venda de fracções”, explica o director.
Li Canfeng diz ainda que dentro deste prazo de garantia o construtor assume a responsabilidade de prestar o serviço de manutenção, mesmo que o dono da obra seja substituído.

Para quando?

A entrega dos regimes revistos ao hemiciclo continua sem data, com o director da DSSOPT a dizer que vai “submeter com a maior brevidade possível” a proposta de lei à apreciação do Conselho Executivo. Só depois deste passo é que o documento poderá dar entrada na AL. “Vamos envidar esforços para submetê-los imediatamente à discussão” do hemiciclo, promete Li Canfeng.
Já Kwan Tsui Hang relembra que a sessão legislativa vai terminar em breve sem que este diploma tenha chegado às mãos dos deputados.

10 Mai 2016

Jinan | Antigos alunos e Alexis Tam defendem doação. Novo Macau sai à rua com mais dois grupos

De um lado apoia-se a doação de cem milhões de renminbi. Do outro, três associações falam de uma concessão de dinheiro feita por “debaixo da mesa”. A Novo Macau e mais duas associações vão sair à rua no domingo

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Jinan convocou uma conferência de imprensa este domingo para defender a atribuição de cem milhões de renminbi pela Fundação Macau (FM). Numa declaração publicada nos jornais de língua chinesa, a Associação, juntamente com mais seis associações de estudantes de outras faculdades e de áreas como Medicina, Gestão, Comunicação e Jornalismo, defende a doação feita para a construção de residências de estudantes.
“A Universidade de Jinan pediu à FM um subsídio de mais de cem milhões de patacas, sendo atribuídas 50 milhões em dois anos. Todo o processo corresponde aos regulamentos normais. Sendo nós uma associação de antigos alunos, apoiamos completamente que o Governo da RAEM ajude a formar talentos e conceitos na carreira de educação”, lê-se na declaração.
As associações comprometem-se a criar um grupo especializado para fiscalizar a aplicação do dinheiro, prometendo comunicar com a universidade. As entidades também esperam que estas medidas beneficiem os estudantes de Macau.
A Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Jinan é presidida por Ma Iao Hang, também ele membro do Conselho de Curadores da FM, responsável pela aprovação de subsídios superiores a 500 mil patacas. Ma Iao Hang é também subdirector do Conselho Geral da Universidade de Jinan, desempenhado os papéis de quem pede o subsídio, aprova e recebe. Chui Sai On, Chefe do Executivo, também é vice-presidente deste Conselho Geral e preside ao Conselho de Curadores da FM. A Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Jinan é também contemplada com apoios financeiros da FM.

Alexis Tam “apoia” donativos

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, disse ontem à margem da reunião para o Conselho do Desenvolvimento Turístico que “apoia” a doação de cem milhões de reminbi feita pela Fundação Macau (FM) à Universidade de Jinan, na China.
“A Universidade de Jinan tem ajudado muito à formação de quadros de Macau e nos últimos 30 ou 40 anos formou cerca de 20 mil pessoas. Há muitos anos Macau não tinha nenhuma universidade. Também sabemos que o Governo da RAEM tem investido muito no ensino superior incluindo instituições do ensino superior públicas e privadas. Para construir um laboratório ou uma faculdade de medicina custa muito mais do que cem milhões. O valor [atribuído] é razoável e temos de agradecer à universidade. Para nós, cem milhões a serem investidos no ensino superior não é um montante elevado”, apontou.
O Secretário negou também que esteja em causa um conflito de interesses, algo de que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, está a ser acusado pela Associação Novo Macau.
“Não tem nada a ver com conflito de interesses, mas não me compete explicar. A FM já disse que o procedimento de doação é legal. Este ano a Universidade de Jinan celebra 110 anos de existência e o montante não é assim tão elevado. Pelo que percebi a associação dos alunos de Jinan e a FM já têm um mecanismo para fiscalizar este montante e temos que pensar que isso é legal e correcto”, rematou o Secretário.

Carta entregue

Com argumentos contrários, três associações entregaram ontem uma carta na sede do Governo. Cloee Chao, directora da Associação Love Macau, suspeita que a atribuição do subsídio foi feita “por debaixo da mesa”, apelando ao Governo para cumprir as promessas de uma governação transparente e que faça um bom uso dos cofres públicos.
A Associação Mútua de Armação de Ferro de Macau e a Associação de Activismo para a Democracia, liderada pelo activista Lee Kin Yun, entregaram cartas à FM, que apelam a uma explicação sobre os critérios de atribuição de subsídio para universidades fora de Macau, pedindo ainda a retirada do apoio financeiro.

Novo Macau sai à rua no próximo domingo com mais duas associações

“O que sei é que se não fizermos pressão o Governo não faz nada.” São estas as palavras de ordem de Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), que justificam a decisão de sair à rua em protesto já no próximo domingo. A manifestação acontece depois de uma petição online, lançada na sexta-feira à noite, que apela à saída do Chefe do Executivo depois da doação de cem milhões de yuan pela Fundação Macau (FM) à Universidade de Jinan.
O Chefe do Executivo faz parte da vice-presidência da universidade e do Conselho de Curadores da FM e a falta de uma resposta à petição parece não ser suficiente para os pró-democratas.
Para os membros da Associação não existiu por parte do Governo, mesmo depois das reacções da FM e do Gabinete do Porta-Voz do Governo, uma “resposta construtiva”. Por isso, no próximo domingo, pelas 15h00, decorrerá o protesto com início no Tap Seac que levará os manifestantes até à área junto à Assembleia Legislativa (AL).
“Precisamos de tomar mais acções para mostrar ao Governo que as pessoas de Macau preocupam-se de forma real com a questão da corrupção dos dirigentes dos altos cargos”, apontou o presidente da Associação, mostrando-se insatisfeito com as justificações dadas pelo Executivo.
As expectativas são altas. Scott Chiang espera que, tal como aconteceu, em 2014, durante a manifestação contra o Regime de Garantias para os Titulares dos Altos Cargos, a população de Macau reaja e adira com a mesma intensidade. “Conto com milhares de pessoas [na rua]”, admitiu ao HM.

Todos juntos

Ao que o HM apurou, mais duas associações se juntaram à Novo Macau, a Love Macau, de Cloe Chao, e a Iniciativa para o Desenvolvimento Comunitário, de Ng Kuok Cheong.
A petição, que terminou pela meia-noite de ontem, acusava o Chefe do Executivo de “fraca integridade” e de “alegado envolvimento em corrupção”, estando em causa uma situação de claro “conflito de interesses”.
Algo negado pelo próprio Governo, que argumenta que Chui Sai On foi “convidado para desempenhar as funções de vice-presidente do Conselho Geral da Universidade de Jinan, não recebendo qualquer remuneração ou interesses, pelo que não existe tráfico de influências”. A petição já contava com mais de duas mil assinaturas.

10 Mai 2016

Governo quer proibir todos os empregados de entrar em casinos

[dropcap style=’circle’]K[/dropcap]u Lap Man, assessor da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), afirmou que o organismo vai rever a Lei de Condicionamento de Entrada, Trabalho e Jogo nos Casinos, por forma a proibir os trabalhadores de todos os casinos de jogarem. Actualmente apenas é proibido ao funcionário jogar nos casinos da operadora para a qual trabalha.
Segundo a imprensa chinesa, a notícia foi avançada no âmbito de um seminário realizado no Instituto Politécnico de Macau (IPM), que teve como tema a alteração aos regimes jurídicos do Jogo. Para além de proibir o acesso dos funcionários às mesas de todos os casinos, a DICJ vai ainda rever o regime geral da actividade publicitária, por forma a alterar as multas aplicadas a anúncios de jogo ilegal e outras medidas provisórias.
Dívidas em conflito
No mesmo seminário foi ainda discutida a impossibilidade de se recuperar dívidas de Jogo pelo facto de, no interior da China, o sistema não admitir a legalidade do jogo, ainda que tal seja aceite não só em Macau como em Hong Kong e Taiwan.
Wang Changbin, professor do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do IPM, apontou que a China continental admite a legalidade da indústria de Jogo de Macau mas não as dívidas, existindo um conflito entre as leis de Macau e do interior da China.
Jiang Lan, secretária-geral do Centro Internacional de Arbitragem de Nanshua, da China, revelou que para facilitar a execução de dívidas de Jogo no interior da China, estas transformaram-se em activos ou transferência de capital, por forma a contornar a lei vigente. Jiang Lan sugeriu que o Centro Internacional de Arbitragem pode ajudar a resolver os casos em parceria com Macau, admitindo a possibilidade das dívidas de Jogo contraídas em Macau serem aceites na China.
Charlie Choi, tido como fundador do site Wonderful World, que divulgou documentos de identificação de devedores, e actualmente presidente da Associação de Informações dos Jogos de Macau apontou que muitos promotores de Jogo não conseguiram recuperar os empréstimos e mudaram os seus negócios para o estrangeiro, o que trouxe um choque ao sector de Macau. Charlie Choi acredita que deve ser elaborada uma lei que proteja os direitos de promotores de Jogo, sugerindo a criminalização de situações de empréstimos excessivos.

9 Mai 2016

Lei Eleitoral AL | Revisão sugere proibição de candidatura fora de Macau e condenação das associações

Acabar com a possibilidade de deputados de Macau se poderem candidatar a cargos fora do território e possibilidade de condenar as pessoas colectivas em casos de corrupção eleitoral. Uma proposta do Governo em consulta pública que quer que as ilegalidades na campanha sejam punidas até se feitas lá fora, mais fiscalização e menos dinheiro para campanha

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]revisão da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa (AL) sugere que os deputados de Macau não possam candidatar-se a cargos políticos fora do território e que as associações possam ser condenadas. São as principais alterações propostas pelo Executivo, que se baseiam em casos concretos.
O documento não cita nomes, mas refere um caso que aconteceu no ano passado e que “suscitou muito interesse na sociedade” devido à questão da “dupla fidelidade”. O caso é o de José Pereira Coutinho, deputado da AL que se candidatou em 2015 à Assembleia da República portuguesa como cabeça de lista pelo círculo fora da Europa do partido Nós, Cidadãos.
“Para evitar a questão da dupla fidelidade” não se podem candidatar a deputados em Macau os titulares de cargos políticos num país estrangeiro e “durante o mandato para que foram eleitos em Macau, os deputados não podem assumir cargos políticos noutro país”, sugere a Administração, que acrescenta ainda que esta é uma forma de aperfeiçoamento do papel dos deputados e sobre a acumulação de funções.

Associações condenadas

Depois do caso mais polémico de corrupção nas eleições de 2013 – que levou à condenação de dois funcionários da Aliança de Povo de Instituição de Macau, base dos deputados Chan Meng Kam, Song Pek Kei e Si Ka Lon – o Governo quer que também as associações possam ser condenadas. A ideia já tinha sido defendida aquando da revisão da Lei Eleitoral em 2008, mas nunca chegou a acontecer. Agora, o Executivo quer que Macau cumpra realmente a Convenção da ONU, não só cá dentro, como no exterior. O Executivo propõe a introdução de um regime de responsabilidade penal colectiva que abranja actos cometidos também fora do território e a “consulta de leis avulsas”.
Apesar das arriscam poderem vir a ser condenadas caso se prove que houve compra organizada de votos, os deputados só perdem o mandato se forem directamente condenados.
“Conforme a lei vigente, [a condenação de pessoas ligadas à candidatura] não vai tirar-lhe o mandado. Mas, se após investigação ou decisão judicial, [ficar provado que] este crime não foi praticado só por uma pessoa, mas por uma associação, já é outra questão”, defende o adjunto do Comissariado contra a Corrupção, Lam Chi Long, citado pela TDM.
Contudo, nem esta revisão à lei poderá evitar totalmente casos como o da Associação de Chan Meng Kam: a proposta do Governo dita que a associação só possa ser condenada como pessoa colectiva apenas se a pessoa por ela responsável estiver envolvida. Se o crime for cometido apenas por um membro ou trabalhador não conta.

Propaganda definida

Apesar de admitir que, desde a data da publicação da data das eleições até ao início da campanha decorre um período de proibição de campanha durante seis meses que não é exactamente respeitada, o Executivo diz que não vai poder mudar as regras, para que o ruído das campanhas na rua não seja ainda maior para os cidadãos. Ao invés disso, vai aumentar o controlo e rever o limite dos gastos dos deputados.
“Verificam-se diversos tipos de actividades suspeitas de propaganda que são difíceis de distinguir, particularmente [se] são actividades normais das associações ou de campanha eleitoral”, indica o documento. Exemplo disso é a distribuição de produtos alimentares ou de prendas “em embalagens com a imagem do candidato”, começa por explicar. “Propomos que seja mantida a norma que determina o período de campanha eleitoral e vamos adoptar medidas que definam, com clareza, as actividades de propaganda, introduzir entidades de apoio às candidaturas (…) a fim de fiscalizar a legalidade da propaganda e reforçar a fiscalização às contas, revendo de novo o limite máximo das despesas eleitorais.”
O dinheiro gasto não tem subido além dos 10% do limite total nas eleições anteriores, mas o Executivo prevê um limite de 4,5 milhões de patacas para as eleições do próximo ano, menos 1,1 milhão do que em 2013.
A própria lei terá normas que vão definir os conceitos de propaganda e campanha eleitoral, para que as entidades de apoio “consigam distinguir” estas das normais actuações associativas e os deputados terão de enumerar numa declaração quem são estas entidades. Estas, se tiverem dúvidas, devem enviar um pedido para a Comissão dos Assuntos Eleitorais da AL a questionar se determinadas acções podem ser consideradas propaganda antecipada e só depois de autorização é que podem avançar com elas. Algo comum como almoços e jantares terão de ser declarados, de forma a perceber se vão ajudar a angariar votos.
Entre as propostas do Governo estão ainda alterações ao regime de criação e funcionamento da Comissão de Assuntos Eleitorais da AL, que considera aumentar o número de membros e incluir figuras do Ministério Público. A revisão à lei está agora em consulta pública, que decorre até 5 de Junho.

Deputados não estão muito optimistas com revisão

A proposta do Governo desaponta o deputado Ng Kuok Cheong, devido à ausência de conteúdo sobre o aumento de lugares de deputados directos. Já a sugestão de melhorar a regulamentação das actividades de campanha desagrada a Mak Soi Kun e à associação que apoia o deputado Chan Meng Kam.
Ao Jornal do Cidadão, Ng Kuok Cheong disse que o ponto crítico da revisão da lei deveria ter sido o aumento de lugares para deputados eleitos pela população e a diminuição dos indirectos e nomeados, para que a sociedade “valorize mais a importância da eleição”.
“Caso a eficácia de eleições directas seja reprimida a longo prazo, o público vai preferir aceitar prendas e interesses”, disse, criticando que a revisão não faz avançar o regime democrático.
O Executivo propõe que as entidades de apoio aos candidatos tenham de notificar a Comissão de Assuntos Eleitorais da AL sobre as actividades que pretendem realizar durante a campanha eleitoral, algo que o deputado Mak Soi Kun considera “irrealista”.
“Macau é uma sociedade de associações, é muito comum uma pessoa ter mais de dez cargos. Quando um amigo me apresenta a hipótese de ser presidente honorário, aceito-o e depois esqueço. Se a associação me ajudar na promoção, como é que poso fazer a declaração?”
Mak Soi Kun também não considera bom que o Governo controle as actividades regulares de associações por causa das eleições.
Chan Tak Seng, presidente da Aliança do Povo de Instituição, que tem apoiado os deputados Chan Meng Kam, Song Pek Kei e Si Ka Lon, duvida do efeito da medida para a redução de “propaganda irregular” ainda que concorde com o facto de as ilegalidades de entidades de apoio não serem imputadas aos deputados. “Os pais podem não conseguir controlar o que os filhos fazem.”
Chan Tak Seng disse que quando chegar 2017, os responsáveis da Aliança serão candidatos, mas durante a campanha eleitoral, vai ser preciso continuar a participar em actividades e lidar com os pedidos de ajuda.
O deputado Ho Ion Sang considera que as novas medidas ajudam a melhor fiscalização de actividades de campanha eleitorais, combatendo a compra de votos de forma ilegal e promovendo a justiça. No entanto, acredita que “existe sempre pessoas que desafiam lei”, portanto considera que a lei deve ser aperfeiçoada constantemente.

9 Mai 2016

Ensino Superior | Estágios vão existir, mas remuneração só para residentes

A proposta de Lei para o Ensino Superior define a realização de estágios, dependendo da opção curricular de cada curso, mas nada diz relativamente a remunerações ou duração. O Governo explica que depende do plano curricular, mas uma coisa é certa: estudantes não residentes não podem receber pelo trabalho
A análise à proposta de Lei para o Ensino Superior continua a ferro e fogo. Desta vez, na tarde de ontem, a 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) debateu a participação dos alunos em actividades académicas, a realização dos estágios e a matrícula e inscrição nos cursos. Mas, apesar do debate há perguntas que continuam sem respostas.
“Não falámos sobre isso, não questionamos o Governo sobre isso”, começou por explicar Chan Chak Mo, deputado e presidente da Comissão, quando questionado sobre a duração e remuneração dos estágios.
O artigo referente aos estágios apenas define que as entidades de ensino superior devem assegurar a realização destes “em condições de higiene e segurança”. Não podem ainda ser cobrados, aos estudantes, quaisquer despesas adicionais pela realização do estágio.

Pagar ou não pagar

Questionado sobre as possíveis remunerações, Chan Chak Mo respondeu um “não sei”. O presidente da Comissão indicou que esses assuntos não foram discutidos durante a reunião, sendo que vai ser seguida a Lei Laboral.
Da lado do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), a situação é também afastada. “Se um estagiário pode ser pago ou não, não é matéria a ser tratada neste projecto de lei”, explicou Sou Chio Fai, coordenador do organismo. “Tudo isto depende. Se for um aluno local, de Macau, [a remuneração] do estágio dependerá da vontade da empresa (…) Se o aluno não for local, então quer dizer, todas as pessoas têm de cumprir a lei”, adiantou.
A Lei Laboral é clara: além de não contemplar a questão dos estágios, define que qualquer trabalhador tem de ser remunerado, desde que esteja legal no território. Os estudantes de fora têm permissão de permanência para estudar cá, mas não para trabalhar.
“Quando [alguém] está a trabalhar aqui em Macau e recebe um salário e não tem a qualidade de trabalhador, então é uma violação à lei”, esclareceu Chan Chak Mo, acrescentando que “um trabalhador de fora, sem cota e sem [Blue Card] que está a receber um salário é um trabalhador ilegal”.
Relativamente à duração dos estágios, o Governo explicou que tudo dependerá dos planos curriculares de cada curso. Planos estes, explica Sou Chio Fai, que terão de ser aprovados “por agências especialistas do exterior”. “Por acaso não temos o curso de Medicina, mas esse curso tem mais horas de estágio do que outro curso, como por exemplo, Comunicação Social”, explicou.

Desistências finais

A Comissão discutiu ainda o artigo que se refere à matrícula e inscrição nas instituições de ensino superior. Quando questionado sobre a possibilidade de congelamento de matrícula, Chan Chak Mo afastou a hipótese. “Se interromper o curso por um longo período de tempo, quando quiser voltar os seus conhecimentos já não estão actualizados, sem conseguir acompanhar a evolução do tempo”, argumentou, defendendo a tese proposta pela lei, de suspensão definitiva da matrícula.

6 Mai 2016

AL | Criminalização de pensões ilegais impediria sanções e traria obstáculos

Os deputados asseguram não ter sido pressionados pelo Governo para mudar de ideias face à criminalização das pensões ilegais. A questão está em obstáculos que surgiriam se a actividade fosse crime.
Tal como o HM avançou a semana passada, apesar de, durante anos, terem insistido na necessidade de criminalizar as pensões, um parecer da Comissão para os Assuntos da Administração Pública recente dava conta que os deputados vão deixar de insistir nesta matéria. Da Comissão, apenas um discorda da mudança.
“Não houve nenhuma pressão do Governo. Este problema influencia negativamente a imagem turística, mas o Governo tem alguns pontos a considerar: como [a maioria] dos criminosos não é de Macau, podem ser passadas multas na mesma, só que eles já deixaram o território e não voltam cá, pelo que a punição é inútil”, começa por dizer ao HM Zheng Anting, acrescentando que criminalizar esta actividade não vai resolver o problema.
Ella Lei concorda. A deputada considera mesmo que criminalizar vai ser “ainda menos eficaz” do que manter a medidas administrativas – se for para criminalizar, o Governo tem de parar as sanções actualmente aplicadas aos proprietários de pensões ilegais pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). O crime leva ao envolvimento do tribunal e, apesar de admitir que a taxa de pagamento tem sido “muito baixa”, Lei frisa que o Executivo tem “mesmo de considerar esta questão”.

Como está, está bem

Wong Kit Cheng não quis comentar, tendo referido ao HM que tudo o que está no relatório serviu de base à mudança de ideia dos deputados. Entre vários pontos, o relatório frisa que “a Comissão, depois de ouvir os esclarecimentos do Governo, deixou de insistir na criminalização, passando a exortar os serviços envolvidos a focarem-se mais nos resultados da resolução de problemas no pressuposto de se manterem as medidas administrativas vigentes”.
Deputados como Zheng Anting não estavam disponíveis para falar e Angela Leong, que recentemente sugeriu a atribuição de prémios a quem denunciasse estas pensões ilegais, não se encontrava Macau. Ao HM, só José Pereira Coutinho, também da Comissão, disse discordar da mudança. O deputado não assinou o parecer, porque está em Portugal.
“É de facto um retrocesso ao processo de combate às pensões ilegais e a criminalização era a melhor solução face aos efeitos pouco dissuasórios das sanções administrativas”, frisou ao HM.
Um dos problemas apontados por Pereira Coutinho é ser a DST a punir os infractores, algo que iria mudar com a criminalização.
“Na última reunião em que participei ficou combinado com o Governo que a fiscalização e a instrução de inquéritos contra os proprietários das pensões ilegais seria da competência da PJ, ao invés de ser a DST, que não tem surtido quaisquer efeitos. Além de que os inspectores da DST não estão vocacionados para este [trabalho].”
Zheng Anting descarta que haja problemas em manter a DST porque, quando o organismo vai ao local, “a PSP participa nestas acções de combate”. Ella Lei também diz que existirem medidas administrativas como o corte de electricidade ou água e as sanções é melhor do que não existir nada, o que iria acontecer se o caso tivesse de ir para tribunal.
Zheng Anting acrescenta: se o Governo criminalizasse esta actividade e não conseguisse levar os criminosos a tribunal, “poderia passar por dificuldades na execução da lei”.
No relatório, contudo, apontava-se a sobrecarga dos actuais recursos humanos e logísticos da PSP como justificação para mudar de opinião.

6 Mai 2016

AL | Violência doméstica é votada este mês na especialidade

Depois de um longo caminho, a proposta de lei sobre a violência doméstica vai ser votada este mês. No mesmo dia, para além das alterações ao Estatuto dos Notários, o hemiciclo ouve a argumentação para três pedidos de debate – táxis, Coloane e custos das obras públicas são as personagens principais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]proposta de Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica vai ser discutida e votada no próximo dia 20. Depois de nove anos de trabalhos, pareceres, discussões e opiniões, a proposta chega ao patamar final de discussão e votação na especialidade. Definida como crime público, a proposta de lei tem trazido muita polémica à praça pública e vai, finalmente, ser analisada na fase final.
Se aprovada, a lei deveria entrar em vigor 120 dias após a sua publicação em Boletim Oficial, que normalmente acontece na semana seguinte à aprovação no hemiciclo. No entanto, a necessidade de formar mais polícias do que o inicialmente previsto poderá levar o Governo a alargar o prazo para a entrada em vigor, mas recentemente o Governo assegurou que deverá entrar em vigor no último trimestre do ano.
No mesmo dia é ainda discutida e votada na generalidade a proposta de alteração do Estatuto dos Notários Privados, que esta semana deu entrada no hemiciclo. As principais alterações previstas são a mudança das regras de acesso às funções de notário privado e o regime de concurso. Relativamente à elegibilidade, a proposta de lei do Governo propõe que apenas se possam candidatar ao curso de formação para notários privados advogados com mais de cinco anos consecutivos de exercício de funções de advocacia na RAEM.
Está ainda sobre a mesa a proposta de que só se possam candidatar às funções de notário privado os advogados que não tenham sido suspensos preventivamente nem condenados em processo disciplinar pela Associação dos Advogados de Macau, em pena superior à de censura.
O hemiciclo irá discutir e votar, no mesmo dia, três propostas de debate. Depois de três pedidos de debate sobre a edificação do centro de doenças contagiosas terem sido aceites (ver caixa), os deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting pedem para discutir a revisão ao Regulamento dos Táxis, o deputado Au Kam San quer colocar Coloane e a sua preservação no centro de outro debate e, por fim, o pró-democrata Ng Kuok Cheong acredita que a transparência nos processos de adjudicação de obras e bens e serviços devem ser o tema alvo de uma discussão com os representantes do Executivo. Só se forem aprovados no dia 20 é que estes temas vão poder ser alvo de debate no hemiciclo, em data ainda a anunciar.

Edifício de doenças em debate dia 17

O pedido de debate relativamente à construção do Edifício de Doenças Infecto contagiosas será discutido já na próximo dia 17 deste mês, em sessão plenária da Assembleia Legislativa. Os pedidos de debate foram apresentados em três vezes, pelos deputados Au Kam San, Song Pek Kei e Si Ka Lon e Leong Veng Chai. O debate está subordinado à localização proposta para a construção do edifício. Para os deputados este deve ser construído apenas junto ao hospital das Ilhas a não numa zona habitacional onde a densidade populacional é elevada. “O Governo deve alterar o projecto de construção do edifício de doenças infecto-contagiosas, mudando a sua localização. Deve passá-lo do local original, ao lado do hospital Conde de São Januário, para as proximidades do Hospital das Ilhas, por forma a corresponder aos desejos dos residentes, a diminuir o impacto para a população de Macau e a minimizar os riscos de propagação caso ocorra algum surto de doenças infecciosas”, argumentou Leong Veng Chai.

6 Mai 2016

Imposto | Chan Meng Kam pede mais fiscalização em casas arrendadas

O deputado Chan Meng Kam interpelou o Governo sobre a necessidade de aumentar a fiscalização sobre o pagamento das contribuições prediais em casas arrendadas. O deputado pediu ainda a possibilidade de diminuir essa contribuição.
Chan Meng Kam escreve que os proprietários das casas devem declarar à Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) a contribuição predial das casas que arrendam, mas o Governo não terá recebido pagamentos de cerca de seis mil fracções. Dados da DSF revelam que há cerca de 35 mil fracções registadas para arrendamento, mas segundo os Censos de 2011 mais de 41 mil apartamentos estão a ser arrendados.
O deputado eleito pela via directa suspeita, assim, que muitos dos proprietários não cumpram a sua obrigação de declaração do arrendamento e do pagamento do imposto, sendo que muitos casos podem envolver pensões ilegais, alerta.
Chan Meng Kam defende ainda uma redução da contribuição predial por forma a encorajar mais proprietários a pagar o respectivo imposto. O deputado quer saber se o Executivo vai estudar essa possibilidade. Para Chan Meng Kam, o Governo deve reforçar as penalizações para aqueles que não fazem as declarações dos imóveis no prazo exigido, pedindo que seja dada a possibilidade aos senhorios de voluntariamente fazerem os pagamentos e analisarem as vantagens de pagarem essa contribuição.

6 Mai 2016

Plano Quinquenal | Deputados criticam ausência de dados

O Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM foi ontem apresentado aos deputados. Todos eles, incluindo os nomeados e eleitos pela via indirecta, se queixam dos poucos dados estatísticos e falta de políticas concretas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados da Assembleia Legislativa (AL) puderam ontem apresentar as suas opiniões sobre o Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM para os próximos cinco anos, que está actualmente em consulta pública. Mas as críticas foram superiores aos elogios – slogans a mais, dados e políticas a menos foram as acusações feitas a Lau Pun Lap, director do Gabinete de Estudos de Políticas, e Lei Ngan Leng, assessora do gabinete do Chefe do Executivo, Chui Sai On.
“O conteúdo do Plano é muito familiar, muito idêntico ao relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG)”, começou por dizer o deputado directo Au Kam San. “Só estou a ver objectivos abstractos e vagos, não vejo um conteúdo concreto. Enquanto Plano Quinquenal deve definir os projectos que de facto vão ser concretizados num determinado prazo. O seu teor é como se fosse um slogan. Tenho a certeza que daqui a cinco anos não vamos ter o metro ligeiro concluído”, afirmou.
A deputada Ella Lei alertou para a falta de políticas de protecção ambiental. “Não sei porque é que o Governo não reforçou o conteúdo na área da protecção ambiental. Não há dados concretos, sobretudo em relação aos diplomas que o Governo pretende legislar no futuro”, alertou. “Estamos preocupados se o Governo vai conseguir concretizar o Plano Quinquenal, porque nunca deixou de elaborar planos e muitos deles para serem concluídos até 2020, mas vemos que a taxa de execução é baixa. O metro é um exemplo”, indicou Ella Lei.
O deputado Ho Ion Sang lembrou que a própria população levanta dúvidas sobre a implementação deste Plano na totalidade. “Trata-se de um progresso do Governo mas temos de fazer uma corrida contra o tempo, porque já estamos em meados de 2016. Como é que conseguimos uma taxa de execução de 70%? Muitos residentes estão preocupados que este plano consiga ser executado e concretizado. Há uma falta de equilíbrio porque alguns capítulos e há apenas alguns slogans.”

Não se compara

Chui Sai Peng, deputado indirecto e primo do Chefe do Executivo, falou da necessidade de ligar as obras ainda em andamento com o projecto. “Muitas das obras ainda não estão concluídas e não podemos comparar este Plano ao Plano Quinquenal do nosso país. Neste Plano não vemos um sistema estatístico e espero que o Governo possa fazer esse trabalho, porque os indicadores são importantes para a nossa sociedade”, referiu.
Já o deputado indirecto Chan Iek Lap falou da ausência de medidas concretas na área da saúde. “Não vejo em concreto quais as medidas que vão ser adoptadas. Vai apostar na formação dos médicos do sector privado para que a qualidade seja elevada? Vejo que o Governo pretende aperfeiçoar o regime de licenciamento e promover o regime de acreditação profissional, mas não vejo medidas concretas, como a autorização dos que trabalham no privado possam ter a oportunidade de aceder ao sistema público”, referiu.
Já Ng Kuok Cheong frisou que o Plano de Desenvolvimento Quinquenal nada fala da implementação do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo. “Não vejo qualquer referência ao processo de desenvolvimento político, só fala da criação de órgãos municipais sem poder político, mas não diz como é que os seus membros vão ser seleccionados.”
Lau Pun Lap admitiu que “há insuficiências”, as quais “não vão de encontro às expectativas dos deputados e dos residentes”. “Mas entendo que este projecto e o seu modelo top design são importantes. Queremos recolher mais opiniões”, disse apenas.

Angela Leong pediu fim do limite de 3% de crescimento de mesas

A deputada Angela Leong, também administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), deixou ontem uma mensagem clara ao Executivo na sessão de opiniões sobre o Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM. Para Angela Leong, o Governo deve deixar cair o limite de 3% de crescimento das mesas de jogo por forma a aumentar a competitividade das concessionárias.
“Quanto ao número de mesas, o Governo sublinhou que vai garantir um aumento nunca superior a 3% por ano, mas estamos a enfrentar cada vez maiores pressões e ninguém consegue garantir que o sector do Jogo terá sempre um desenvolvimento satisfatório. Na revisão intercalar dos contratos será que o Governo pode introduzir um mecanismo flexível para o aumento das mesas de Jogo?”, questionou. “Os objectivos definidos são razoáveis mas tem de considerar a questão da competitividade”, lembrou a deputada eleita pela via directa. angela leong
A deputada aproveitou ainda para falar do seu projecto de construção do parque temático da Hello Kitty, o qual deverá ser construído num dos 16 terrenos que o Governo decidiu não recuperar. “O Governo vai tentar até 2020 elevar as receitas do sector não jogo em 9%. A minha empresa tem desenvolvido muitos estudos e trabalhos e promovido vários planos em cooperação com a Associação Comercial de Macau, porque a SJM adquire os seus produtos em Macau. A construção de um parque temático torna-se uma tarefa muito importante”, apontou.
No Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM o Executivo propõe uma diminuição de 4% do número de residentes a trabalhar nos casinos sem formação superior, dados com os quais Angela Leong concorda. “Vamos tentar reforçar a taxa de trabalhadores com formação universitária e concordo que no futuro deve haver mais trabalhadores locais”, disse.

Chui Sai Cheong quer legislar ensino técnico-profissional

O deputado Chui Sai Cheong alertou para a necessidade de se legislar já este ano sobre o ensino técnico-profissional, por forma a melhorar a formação de quadros qualificados. “Não vejo (medidas) para que os quadros, após a formação, possam integrar-se no futuro desenvolvimento da RAEM. Não concordo que o diploma seja concluído em 2018 porque o ensino técnico-profissional é muito importante. Seria melhor ter esse trabalho concluído este ano.”

Vong Hin Fai defende construção do campus da Justiça

O deputado nomeado Vong Hin Fai disse que “não há muitos indicadores” no Plano de Desenvolvimento Quinquenal e alertou para o facto deste documento não ter qualquer informação sobre o futuro campus da justiça, anunciado no tempo em que Florinda Chan era Secretária para a tutela. “Em relação ao edifício dos tribunais, sabemos que organismos como o Ministério Público, o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) ou o Comissariado de Auditoria (CA) estão instalados em edifícios comerciais. Tendo em conta o estatuto desses serviços públicos e a sua dignidade, onde vão ser instalados no futuro?”, questionou.

Questionadas medidas sobre aterros e habitação

A habitação e o planeamento dos novos aterros foram as áreas que levantaram mais dúvidas junto dos deputados, que mais uma vez pediram dados sobre o aproveitamento dos terrenos e sobre as futuras habitações públicas.
“Como é que o Governo vai reaver os terrenos que estão ligados à corrupção? Para isso é necessário um plano bem definido. Como é que vai ser implementada a política de terrenos? Como vamos proteger as colinas em Coloane?”, questionou Ng Kuok Cheong.
Ho Ion Sang perguntou quantas casas públicas é que vão ser disponibilizadas à população nos próximos três anos. “Dispomos de muitas fracções no mercado privado e vão haver mais de dez mil fracções privadas, porque é que não podemos através do Plano Quinquenal permitir à população conhecer com mais clareza a situação do mercado?”, apontou.
Já Zheng Anting abordou o planeamento dos novos aterros. “O Governo poderia avançar mais dados sobre a habitação pública. As obras estão a decorrer nos novos aterros e sabemos que o Governo conseguiu reaver alguns terrenos desaproveitados, mas ainda há uma grande área de terrenos por desenvolver. Não há dados sobre isso”, rematou.

5 Mai 2016

Lei de Defesa dos Consumidores vai sair em breve, garante CC

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]han Hong Sang, vogal do Conselho de Consumidores (CC), assegurou ontem que a proposta de Lei de Protecção dos Direitos dos Consumidores está já na última fase e vai entrar em processo legislativo em “breve”. Depois de Wong Kit Cheng ter questionado o atraso da lei, que há dois anos está a ser elaborada, e de ter frisado que a lei teria de ser inutilizada caso não fosse entregue nesta sessão legislativa, o responsável do CC veio a público assegurar que tal não vai acontecer.
Chan Hong Sang frisou que o novo diploma vai dar mais força ao CC, que neste momento é apenas um órgão para receber queixas.
“Neste momento, o CC ainda não tem competências para investigação e esta lei vai dar esta competência, garantindo um trabalho de avaliação do Governo sobre o mercado”, sublinhou o vogal ao canal chinês da Rádio Macau.
Chan Hon Sang considera este diploma como uma ferramenta para combater o comércio desleal e de maior punição contra ilegalidades, que actualmente não existem em Macau, sendo que “a lei também garante os direitos do público à transparência, especialmente no processo de contrato, preço e aquisição”.
A deputada Wong Kit Cheng já tinha apontado que o facto desta lei não conter o combate ao monopólio iria contra a intenção de defender os consumidores, mas o Executivo – que já se tinha comprometido com a entrega da lei no primeiro trimestre – considera que devem ser dois diplomas separados a conter esses direitos.

5 Mai 2016

Fundador da Viva Macau usou dupla nacionalidade para criar off-shore

A China continental não aceita a dupla nacionalidade, mas o fundador da falida Viva Macau utilizou-a para criar duas empresas off-shore, revelam novos documentos do Panamá

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]empresário de Macau Ngan In Leng escondeu ter nacionalidade de Singapura, mesmo sendo membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). A China continental não reconhece a dupla nacionalidade.
A notícia é avançada pelo jornal South China Morning Post com base nos Panama Papers. Ngan In Leng é foi o fundador da falida companhia aérea Viva Macau e usou o cartão de identidade de Singapura, que obteve no final do ano 2000, para proceder ao registo de duas off-shore, que criou com membros da sua família.
Ngan In leng é o segundo membro do CCPPC que se descobre que detém nacionalidade estrangeira. Antes, soube-se também por via dos chamados Papéis do Panamá que o magnata do imobiliário Lee Ka-kit, vice-presidente da Henderson Land Development, havia declarado nacionalidade britânica na hora de constituir firmas off-shore.
Ngan In Leng não revelou a sua identidade de Singapura ao Registo de Empresas de Hong Kong que, ao contrário das plataformas offshore secretas, torna detalhes públicos online. Em vez de utilizar o seu bilhete de identidade de Macau, facultou aos funcionários da Mossack Fonseca fotocópias do seu documento de Singapura, cuja data de emissão é de Dezembro de 2000, apenas um ano depois da transferência do exercício de soberania de Macau de Portugal para a China.
Ngan, que foi promovido de membro da CCPPC para o seu núcleo duro em 2013, é visto como um unificador da comunidade de Fujian em Macau, tendo-se tornado mais discreto depois da falência, em 2010, da Viva Macau, que fundou e presidiu. A Viva Macau, uma companhia de baixo custo, começou a operar em 2006 ao abrigo de um acordo de subconcessão com a Air Macau. Em 2010, contudo, o Governo revogou a sua licença na sequência de cancelamentos de voos devido a problemas financeiros, sendo que a empresa ainda detém muitas dívidas.

5 Mai 2016

Recusada entrada a residente de HK por “pôr a RAEM em risco”

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais um visitante viu-lhe ser recusada a entrada em Macau, por “poder pôr em risco a RAEM”. O caso aconteceu no Dia do Trabalhador, feriado, e o residente de Hong Kong acredita que a razão para a recusa se deve ao facto de pertencer a uma associação activista na região vizinha.
Lau Hoi Lung publicou na terça-feira na sua página do Facebook uma notificação de recusa de entrada em Macau, explicando o que aconteceu. O dia 1 de Maio é sempre considerado uma data sensível, reconhece Lau, que apanhou barco de Hong Kong para Macau e chegou ao Terminal Marítimo do Porto Exterior, tendo sido parado quando estava a passar o serviço automático da fronteira. No e-channel, um agente dos Serviços de Alfândega levou-o para um quarto querendo “saber o que vinha Lau fazer a Macau”.
O residente explicou que planeava fazer parte de um ensaio do espectáculo de casamento de um amigo no território. Mas o homem esperou duas horas no terminal e a Polícia de Segurança Pública (PSP) decidiu entregar-lhe uma notificação de recusa de entrada, por “existirem fortes referências em como pretendia entrar na RAEM para a prática de actos que, pela sua natureza, podiam pôr em risco a segurança ou ordem públicas da RAEM”. A autoridade exigiu-lhe que regressasse de volta a Hong Kong “imediatamente”.
Lau Hoi Lung declarou na sua página do Facebook que é membro do grupo Land Justice League e do Liber Research Community da região vizinha e acredita que a recusa de entrada tem a ver com o seu papel nestas associações, onde faz estudos e textos para movimentos sociais em Hong Kong. hk_facebook
“Parece-me que o âmbito da lista negra [de recusa de entrada] é abrangente. Só descobri depois que uma das manifestações do Primeiro de Maio foi contra a hegemonia do sector imobiliário e a justiça sobre os terrenos. E digo que apoio totalmente e penso que qualquer cidade deve lutar por isso”.
O residente de Hong Kong conseguiu entrar em Macau no dia seguinte, pelo Terminal Marítimo da Taipa, pelo mesmo serviço automático.
A história tem vindo a repetir-se: em feriados ou dias mais sensíveis, deputados, jornalistas e activistas de Hong Kong são constantemente proibidos de entrar no território, ainda que muitas vezes se prove que venham a Macau com outros propósitos. Recentemente, uma dançarina de Taiwan teve de voltar para a Formosa, porque tinha na parte detrás do seu passaporte um autocolante onde estava escrito “Taiwan is my country”. A mulher perdeu o trabalho que tinha no território, mesmo depois de assegurar que poderia arrancar o autocolante.
A PSP já defendeu ao HM que a decisão da recusa de entrada de qualquer pessoa acontece segundo as leis e processos em vigor. Apesar de Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança, já ter assegurado que Macau “não tem uma lista negra”, as autoridades falam nesse documento.

5 Mai 2016

Susana Chou aparece nos “Papéis do Panamá”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, figura como directora de uma empresa constituída há 30 anos, mencionada no caso dos chamados “Papéis do Panamá”, que expôs um sistema de evasão fiscal. Segundo uma base de dados do jornal Sunday Times, que compilou uma lista de empresas no Panamá montadas pela Mossack Fonseca e os seus associados a partir dos “Papéis do Panamá” e de acordo com o registo de empresas naquele país, Susana Chou aparece como directora da “Katanic Investment S.A.”, uma sociedade anónima, com sede no país e criada em Dezembro de 1985.
Contactada pela agência Lusa, a antiga presidente da AL de Macau afirmou, citada pela sua porta-voz, que a Katanic Investment S.A. é “uma subsidiária como outras que a Novel Secretaries Limited tem em várias partes do mundo. É uma empresa legal”, frisou.
A Katanic Investment S.A. tem na sua estrutura o director e o secretário da Novel Secretaries Limited, empresa criada em 1979 e com sede em Hong Kong, Ma Mang Yin como director e tesoureiro, e Ronald Chao Kee Young também como diretor. A Novel Secretaries Limited é uma subsidiária do grupo Novel, dedicado ao sector têxtil, da família de Susana Chou.
Natural de Xangai, Susana Chou foi a primeira presidente da AL. Radicada em Macau há mais de 40 anos, é ainda representante dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

5 Mai 2016

Arrendamento | Maioria defende limite da lei com base na inflação

A deputada Song Pek Kei garante que a maioria dos autores da lei das rendas defende a criação de um limite com base na inflação, sendo que o limite de 29,25% com base na usura foi defendido “por alguns deputados”. Cheang Chi Keong, que falou em “consenso”, não deu explicações

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]final a maioria dos deputados que colocou no hemiciclo o projecto de Lei de Alteração do Regime Jurídico de Arrendamento previsto no Código Civil parece inclinar-se mais para a fixação de limites na renda com base na inflação e no Índice de Preços do Consumidor (IPC) do que na usura, prevista no Código Civil. A garantia foi dada pela deputada Song Pek Kei ao HM, quando questionada sobre a origem da ideia de fixar esse limite em 29,25%, calculado com base na cobrança de juros legais.
Song Pek Kei referiu que a “maioria” dos deputados, não só os autores da proposta como os membros da Comissão que a analisam na especialidade, prefere utilizar a fórmula que consta na proposta de lei, que determina que será o Chefe do Executivo a definir por despacho o limite máximo do aumento de uma renda, com base no IPC, inflação e situação do mercado imobiliário.
A deputada admitiu contudo ter sugerido o aumento com base na usura, tal como Gabriel Tong e mais “alguns dos nove deputados”. “Só sugerimos à Comissão que poderíamos basear-nos no mecanismo da usura, mas nunca foi nossa intenção avançar com esta ideia, nem foi uma discussão com um resultado. Nunca dissemos que o limite da renda deveria ter como base a cobrança dos juros legais três vezes, nem que 30% deveria ser o limite”, explicou. Song Pek Kei referiu que pode ser incluída uma outra percentagem com a qual a população concorde.
Na reunião da semana passada, o deputado Cheang Chi Keong garantiu que já tinha sido atingido o consenso e que a percentagem de 29,25% deveria ser o caminho a seguir. Alguns dos proponentes da lei, como foi o caso de Leonel Alves ou Kwan Tsui Hang, negaram que tenha sido discutida qualquer proposta nesse sentido. Ontem, Cheang Chi Keong não quis prestar esclarecimentos.
“Deviam colocar essa questão à deputada Song Pek Kei. O que disseram os proponentes não tem nada a ver com a Comissão. A questão deve ser colocada aos proponentes, porque é que me coloca essa questão a mim? Hoje só vou responder a questões sobre o mecanismo de arbitragem. Se eles refutam isso então peçam a eles para responder”, frisou.
O também presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa garantiu que a criação do mecanismo de arbitragem para as rendas é para continuar, prometendo um centro isento em termos de constituição de membros para que a população possa confiar neste serviço.

COMENTÁRIO – Um deputado incomodado

Na política haverá coisas mais incómodas do que outras, mas ditam as regras da boa educação e do bom senso que não se devem dizer más palavras, gritos ou terminar entrevistas de forma abrupta, práticas que muitos dos entrevistados por esse mundo fora gostam de fazer. O entrevistado é, por norma, uma pessoa com funções públicas que deve responder a perguntas. Um jornalista é formado e pago para fazê-las, em nome do interesse público.
Os temas incómodos podem ser muitos, mas o que verdadeiramente parece incomodar o deputado Cheang Chi Keong é a usura. Os 29,25%. Uma ideia que ele afirmou ser algo para inscrever numa lei e que afinal já não é e que ninguém sabe porquê. Ontem eu e duas colegas dos meios de comunicação social de Língua Portuguesa queríamos esclarecer este ponto da proposta de lei de rendas e a resposta mostrou uma tremenda falta de educação.
“Hoje só discutimos o mecanismo de arbitragem. Não vou responder às questões que não abordem o mecanismo”, disse o deputado. Quando confrontado, não escondeu a irritação: “Estou a dar a palavra a esta colega que está à minha frente, não a si”.
Cheang Chi Keong é um deputado que preside a uma Comissão que reúne para analisar leis à porta fechada e que tem de responder a perguntas dos jornalistas no final. Já na semana passada decidiu terminar a reunião quando ainda havia duas perguntas para fazer. O motivo? A usura. “Estou cansado”, referiu.
Se houve alguém que propôs um limite de aumento de rendas superior à inflação e aos valores do mercado, isso deve ser revelado. Não me choca a falta de educação mostrada pelo deputado, choca-me o facto de faltar às suas responsabilidades enquanto membro do hemiciclo de Macau. É pelas pessoas que está sentado aí, senhor deputado.

4 Mai 2016