TNT | Bilhetes a preços exorbitantes no mercado negro

A popular boys band chinesa TNT tem dois concertos marcados para 18 e 19 de Novembro em Macau. Depois da corrida desenfreada aos bilhetes, que rapidamente esgotaram, alguns lugares na Galaxy Arena valem mais de 30.000 yuans e alguns ultrapassam os 50 mil yuans

 

Assim que os bilhetes para os concertos da muito popular boys band chinesa TNT foram postos à venda, a procura foi de tal ordem que rapidamente esgotaram. A banda irá apresentar o espectáculo “Beyond Utopia-One Of A Kind”, nos dias 18 e 19 de Novembro no Galaxy Arena, em jeito de celebração com os fãs do 4.º aniversário do grupo.

Os ingressos foram colocados à venda no sábado, a preços que variaram entre 780 e 2.680 yuans. Importa realçar que o Galaxy Arena é o maior recinto para concertos de Macau, com capacidade para 16 mil pessoas.

Como se tornou habitual em espectáculos de artistas muito famosos, a procura de ingressos continuou mesmo depois de esgotarem, atingindo preços meteóricos. O HM entrou em contacto com uma comerciante de bilhetes do mercado negro que tinha 54 bilhetes para vender para as duas datas. O ingresso mais barato valia ontem 6.200 yuans, enquanto os melhores lugares (mais perto do palco) atingiram 32.000 yuans.

A pessoa que contactámos é apenas uma entre muitas que se dedicam a este negócio paralelo de venda de bilhetes a preços inflacionados para espectáculos lotados. Até ontem à tarde, tinha sete ingressos vendidos. Na oferta da comerciante constavam apenas três lugares na área mais apetecível para os fãs, a plateia em frente ao palco, para o primeiro dia de concerto (18 de Novembro). Para estes lugares os preços são de 13.000, 18.000 e 32.000 yuans. Mas o HM encontrou online outros comerciantes com ingressos a preços que chegavam aos 39.000 e mesmo 55.000 yuans para os primeiros lugares da plateia.

No “menu” que nos foi enviado, os bilhetes para a primeira bancada variam entre 8.100 e 9.600 yuans, enquanto na segunda bancada oscilam entre 6.200 e 6.600 yuans.

Fenómeno pop

Os TNT são compostos por sete jovens, que seguiram as passadas de outra boys band chinesa o grupo TFBOYS. A estreia dos novos meninos bonitos da versão chinesa de k-pop, muitas vezes comparados aos BTS, foi em 2019 atingindo uma fama quase imediata, em particular entre raparigas adolescentes.

A banda é formada por Ma Jiaqi, Ding Chengxin, Song Yaxuan, Liu Yaowen, Zhang Zhenyuan, Yan Haoxiang e He Junlin. O principal cantor da banda, Song Yaxuan, de 19 anos de idade, nasceu na província de Shandong, mas cresceu em Guangzhou, onde frequentou o ensino básico e preparatório. Além da carreira musical, Song já se estreou também como actor.

1 Nov 2023

Trabalho | Mais 20 mil não-residentes até Setembro

Pelo oitavo mês consecutivo, o número de trabalhadores sem estatuto de residente em Macau subiu em Setembro em quase 20 mil desde o início do ano. O aumento de não-residentes dos últimos oito meses surge depois de Janeiro ter registado o nível mais baixo em quase uma década

 

O número de trabalhadores não-residentes aumentou consecutivamente entre Fevereiro e Setembro, com a subida deste segmento populacional e importante fonte de mão-de-obra a crescer em quase 20 mil pessoas desde o início do ano. Segundo dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública, no final de Setembro, a Região Administrativa Especial de Macau tinha 170.286 trabalhadores não-residentes, mais 1.458 do que no final de Agosto e o valor mais elevado desde Junho de 2021.

As estatísticas, divulgadas pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, revelam que Macau ganhou 19.866 não-residentes desde Janeiro, mês em que a mão-de-obra vinda do exterior caiu para menos de 152 mil, o número mais baixo desde Abril de 2014. A cidade tinha perdido quase 45.000 não-residentes (11,3 por cento da população activa) desde o pico máximo de 196.538, atingido em Dezembro de 2019, no início da pandemia.

O sector da hotelaria e da restauração foi o que mais contratou desde Janeiro, ganhando quase dez mil trabalhadores não-residentes, seguido da construção civil (mais 3.629) e dos empregados domésticos (mais 1.862). As novas contratações vieram colmatar estes dois sectores, os mais atingidos pela perda de mão-de-obra durante a pandemia, de onde foram despedidos mais de 17.600 funcionários não-residentes desde Dezembro de 2019.

Anos negros

O secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lei Wai Nong, reconheceu a 3 de Fevereiro que os hotéis locais têm sentido falta de pessoal e garantiu que iria negociar com as empresas ligadas ao turismo para “resolver o problema com que o sector se está a deparar”.

As declarações do governante foram proferidas numa altura em que o número de não-residentes tinha atingido um dos mais baixos níveis da última década. Em Janeiro deste ano, o número de trabalhadores sem estatuto de residente tinha caído para menos de 152 mil, o mais baixo desde Abril de 2014.

As estatísticas de Janeiro culminaram um declínio que se foi acentuando desde o início da pandemia, com a perda de quase 44.700 trabalhadores não-residentes (11,3 por cento da população activa) desde o pico máximo de 196.538 atingido em Dezembro de 2019.

No espaço de três anos, os grupos mais afectados pela perda de vínculo laboral foram, naturalmente, aqueles que mais contribuíram para a população activa, com quase 17.000 trabalhadores do Interior da China, 9.500 das Filipinas e 7.400 do Vietname a perderem o emprego em Macau.

1 Nov 2023

Estacionamento | Ella Lei contra aumento dos preços

A deputada dos Operários considera incompreensíveis os aumentos dos parques de estacionamento porque os rendimentos das famílias não regressaram aos níveis pré-pandemia

 

Ella Lei é contra a subida dos preços nos parques de estacionamentos públicos e apela ao Governo para pensar em alternativas para aumentar a rotatividade dos lugares. A posição foi tomada através de uma interpelação oral partilhada ontem, pelo gabinete da deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

O anúncio da mudança dos preços em alguns dos estacionamentos públicos implica subidas que variam entre uma e duas patacas por hora. A medida, que entrou hoje em vigor, foi justificada com a vontade de aumentar a rotatividade dos estacionamentos.

“De uma forma geral, os residentes acreditam que esta não é a altura certa para aumentar os preços e estão preocupados com o impacto da iniciativa. Os residentes esperam que o Governo adie a medida e oiça mais opiniões da sociedade”, afirma Ella Lei.

“A sociedade também está preocupada porque há dúvidas que um aumento do preço de estacionamento seja eficaz para aumentar a rotatividade dos veículos nos parques de estacionamentos”, acrescentou.

A legisladora criticou ainda a subida dos preços à noite, em lugares como os parques de Nam Van ou Qingmao, por indicar que nesse período há “centenas” de lugares vagos e que a medida só vai contribuir para que os moradores das zonas paguem mais ou tenham de procurar outras alternativas.

Marcha-atrás?

Face ao cenário traçado, Ella Lei pede ao Governo que explique como estudou o assunto e como decidiu, em menos de um mês, que os residentes devem pagar mais em parques de estacionamento, numa altura em que a economia “ainda está em recuperação”.

A deputada indicou também que a medida dá um sinal errado para o mercado privado, que tende a acompanhar os aumentos, e que o Executivo vai criar mais um fardo para as famílias “que ainda não recuperaram os rendimentos da pré-pandemia”.

Ao mesmo tempo, Ella Lei contesta a justificação da necessidade de “aumentar a rotatividade dos parques de estacionamento”, ao apontar que há parques onde vão ser implementados aumentos, apesar de a taxa de utilização ser inferior a 50 por cento. “Se esta é a taxa de utilização, de acordo com os dados oficiais, como é que se pode argumentar com a necessidade de aumentar a rotatividade da ocupação dos lugares de estacionamento?”, perguntou.

Ella Lei destaca igualmente que a política de estacionamento do Governo é contraditória, porque, por um lado, afirma-se que se pretende retirar os veículos dos estacionamentos nas ruas, mas, por outro, há um aumento nos parques de estacionamento.

Finalmente, a deputada questiona o Governo sobre as razões que levaram a que se afastassem outras medidas, como a redução dos passes mensais de estacionamento, a criação de descontos maiores nos parques menos utilizados e a criação das empresas gestoras dos parques de adoptarem meios de pagamento mais diversificadas.

1 Nov 2023

Saúde | Ho Iat Seng reuniu-se com subdirector da Administração Nacional

O Chefe do Executivo pediu o apoio da Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa para aumentar a influência de Macau no sector e a visibilidade no país

 

A Medicina Tradicional Chinesa é a base do desenvolvimento da indústria de big health (saúde abrangente), uma das áreas em que o Governo está a apostar para diversificar a economia. A garantia foi deixada por Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, num encontro com Huang Luqi, subdirector da Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa, que decorreu na segunda-feira.

Segundo a versão partilhada pelo Gabinete de Comunicação Social, Ho Iat Seng indicou que o Governo “está a adoptar activamente a estratégia de desenvolvimento da diversificação adequada da economia, e empenhar-se em desenvolver a indústria de big health, com base na investigação, no desenvolvimento e no fabrico de medicamentos de medicina tradicional chinesa como ponto de entrada”.

O líder do Governo também prometeu que vai “continuar determinado no reforço das capacidades de investigação e desenvolvimento e da formação de quadros qualificados, e impulsionar de forma determinada e desenvolver o sector de medicina tradicional chinesa”. Neste sentido, Ho afirmou que o Governo vai igualmente “aproveitar bem as vantagens das políticas e recursos da construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

Por último, o Chefe do Executivo destacou que espera um aumento da “influência de Macau e da Zona de Cooperação Aprofundada na área da medicina tradicional chinesa” e apontou que para esse objectivo espera contar, “como sempre”, com o apoio da Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa, principalmente no “âmbito da investigação científica”.

Expectativas de Xi

Por sua vez, Huang Luqi destacou que “o Presidente Xi Jinping visitou o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong e Macau, e tem grandes expectativas que Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada impulsionem o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa”.

O subdirector da Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa referiu ainda que vai seguir “as instruções do Governo Central, com o objectivo de impulsionar uma melhor integração entre a medicina tradicional e a moderna, para apoiar Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada a acelerarem o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa”.

Huang Luqi sugeriu ainda ao Governo de Macau o aproveitamento das oportunidades de participar na construção do projecto nacional ‘Uma Faixa, Uma Rota’, através da criação de uma equipa de medicina tradicional chinesa de alta qualidade, que transforme Macau num destino de turismo médico e de saúde.

Além de subdirector da Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa, Huang Luqi é igualmente presidente da Academia de Ciências Médicas Chinesas da China, vice-presidente da Associação para a Ciência e Tecnologia da China e membro da Academia Chinesa de Engenharia.

1 Nov 2023

Lusofonia | Associações pedem aumento de subsídio entre 20 a 30%

Terminado o Festival da Lusofonia, as associações participantes traçaram um balanço francamente positivo. Contudo, mantém-se o problema do financiamento, com dirigentes a pedirem aumentos de 20 a 30 por cento no próximo ano. Amélia António notou menos portugueses nas Casas-Museu da Taipa, concluindo que muitos deixaram o território

 

A música, as cores e os ritmos lusófonos voltaram à zona das Casas-Museu da Taipa quase como os tempos pré-covid, mas, ainda assim, “não foi exactamente um regresso aos bons velhos tempos”, denota Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM). Isto porque “marcaram-se várias iniciativas às mesmas horas e em diversos sítios”, o que levou a um “efeito de dispersão de visitantes que habitualmente estavam na Lusofonia”.

Além disso, continua, segundo a dirigente e advogada, “a não fazer sentido a limitação horária por causa do ruído num sítio onde praticamente não vivem pessoas”, restrição que acaba por “cortar o sentido da festa”.

Tendo em conta que muitas visitantes vieram de Hong Kong para recordar um evento onde gostam de estar quando visitam Macau, Amélia António dá conta da grande ausência de portugueses. “Senti uma diminuição muito grande da comunidade portuguesa. Muita gente foi embora [de Macau].”

Além dos concertos organizados pelo Instituto Cultural (IC) e patrocinados por empresas locais, as noites de Lusofonia são marcadas pela romaria pelas habituais barracas decoradas e geridas pelas associações de Macau de matriz lusófona que todos os anos são obrigadas a gerir um magro orçamento de 50 mil patacas. Por isso, Amélia António defende que está na hora de um aumento decretado pelo IC.

“As coisas estão estabilizadas, mas tudo tem de ser gerido com algum cuidado porque os preços dos serviços e dos bens vão aumentando, mas o financiamento vai-se mantendo. Isso exige um equilíbrio cada vez maior da parte das associações para fazerem bom e diferente.”

A dirigente defende “uma subida entre os 20 e os 25 por cento, que poderia cobrir a diferença de preços”.

Quem também pede alterações a este nível é Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses (ADM). “No próximo ano, seria a altura ideal para darem [o Governo] mais [dinheiro] às associações. Falo de um aumento de cerca de 20 ou 30 por cento.”

“É sempre um desafio fazer a festa porque o subsídio não aumentou, mas o custo das coisas sim. É importante que os responsáveis saibam que as associações lutam por causa disto. É apenas 50 mil patacas de subsídio para cada uma das associações. Para termos uma barraca mais apetrechada, com mais elementos culturais, é preciso mais, porque o valor não aumenta há anos”, frisou.

Miguel de Senna Fernandes destaca que “é importante que a RAEM se lembre que sem estas associações não há Lusofonia”.

Questionado se há espaço para inovar ou fazer diferente, o dirigente considera que o público espera exactamente aquele formato que funciona há muitos anos e que se tornou muito popular, indo muito além do espectro da comunidade portuguesa.

“Acho que há sempre espaço para inovação, mas temos de ver em que termos vão ser feitas modificações. Se o formato funciona, será que se deveria mudar? Foram-se ensaiando, ao longo destes anos, ligeiras diferenças e mudanças. A verdade é que este formato funciona e o público espera exactamente isso. Se calhar, não vale a pena mexer assim muito.”

Associação exige sede

Da parte do Núcleo de Animação Cultural de Goa, Damão e Diu, associação liderada por Vicente Coutinho, os desafios para fazer a festa da Lusofonia começam logo ao nível das infra-estruturas. “Nem temos uma sede, pelo que, quando acaba o evento, somos obrigados a deitar fora muito material que poderia ser reutilizado”, lamenta.

Quanto ao financiamento, Vicente Coutinho também se queixa da ginástica financeira a que obriga o orçamento. “É cada vez mais difícil organizar a festa. As coisas ficaram mais caras e esperamos que o Governo, através das seis concessionárias, consiga veicular alguns subsídios para todas as associações de forma equitativa e de acordo com os projectos de cada uma. As cláusulas dos novos contratos de jogo dizem, preto no branco, que devem ser apoiadas as actividades locais.”

Vicente Coutinho frisa que no território ocorrem outros eventos bem mais caros que nada têm a ver com as especificidades locais. “Vemos muito esbanjamento de dinheiro para outras coisas que não têm características de Macau. Os eventos onde se gastam, talvez, rios de dinheiro para contratar artistas que vêm da China, mas aí não se divulga a cultura de Macau.”

Vicente Coutinho entende que o festival da Lusofonia é “um estandarte fundamental de Macau em relação a Pequim ou a Zhuhai”, sendo da “responsabilidade do Governo de Macau ou de Pequim o apoio às associações, que não têm lucro”.

Elias Colaço, antigo dirigente da mesma associação também denuncia a “redução substancial dos apoios às associações”. “Sentiu-se isso ao olhar para as barracas, percebeu-se que faltava algo. As associações só dependem do festival da Lusofonia e têm de ter apoio do Governo. Nota-se que não há dinheiro para que as associações sozinhas suportem custos tão elevados. Quando não há dinheiro fazem-se as coisas com o que se tem, e isso tem resultados.”

Apesar de tudo, Elias Colaço diz que a edição deste ano obteve “resultados altamente positivos”. “Notei uma grande alegria este ano da parte do público, com uma grande adesão, não só das pessoas ligadas às comunidades, mas até da parte da população chinesa que tem aderido à Lusofonia. No ano passado tivemos a prata da casa que deu uma resposta muito positiva, mas o facto de este ano termos tido artistas internacionais foi muito bom. Todos os concertos estavam cheios.”

O residente recorda que “é a própria RAEM que sai beneficiada com o evento”. “Ir empobrecendo a organização é quase como tirar o tapete debaixo dos pés. As associações não têm [recursos], é quase tudo feito com base na carolice de cada um”, destacou.

Moçambique satisfeito

Ângelo Rafael, que dirige a Associação dos Amigos de Moçambique de Macau, também traça um balanço bastante positivo. “Esta foi a primeira edição depois do fim das restrições ligadas à pandemia e tudo correu sem sobressaltos.” O dirigente revela que houve, inclusivamente, espaço para algumas novidades. “Podemos ter novas peças de artesanato que foram um dos grandes atractivos a quem passava pela nossa tenda. O desenho da tenda foi ilustrativo do processo de renovação da Catedral de Nossa Senhora do Livramento, a Catedral de Quelimane, agora transformada em Museu da Cidade, algo que foi também muito elogiado pelos visitantes.”

A associação promoveu ainda a actuação do grupo de danças “Pérolas do Índico”, composto por estudantes moçambicanos e sócios da associação. “Da nossa parte o evento correu muito bem”, rematou.

Recorde-se que esta edição teve como novidade o regresso de artistas estrangeiros, que actuaram a par de bandas locais. Destaque para o concerto de Carlão, ex-vocalista dos portuguese Da Weasel e da banda cabo-verdiana Fogo Fogo.

1 Nov 2023

Justiça | Kong Chi quis ver processos que não lhe pertenciam

Na sessão do julgamento de ontem que coloca Kong Chi, procurador-adjunto do Ministério Público, no banco dos réus, três testemunhas confirmaram que este lhes pediu para consultar processos que não estavam sob a sua alçada. No período da manhã a sessão ficou parada meia hora para se verificar a veracidade dos documentos

 

Três delegados do Ministério Público (MP) confirmaram ontem em tribunal que o arguido Kong Chi, procurador-adjunto do MP, lhes pediu para consultar processos que não estavam sob sua responsabilidade. Segundo a TDM Rádio Macau, uma das magistradas recusou o pedido de Kong Chi, mas como este foi insistente, acabou por ter acesso ao processo em causa. Estas foram as primeiras testemunhas a corroborar a acusação de Kong Chi.

Uma das testemunhas ouvidas foi o procurador do MP Wu Hio que, segundo o canal chinês da Rádio Macau, foi questionado sobre um caso em que Kong Chi lhe pediu informações relevantes em quatro ocasiões diferentes.

A testemunha disse que Kong Chi era seu superior hierárquico e que já se conheciam há muitos anos, sendo que, quando foi questionado, não teve em conta as razões que levaram Kong Chi a pedir o processo emprestado.

Wu Hio explicou que, nos termos da legislação em vigor, o MP deve dar instruções sobre a apresentação dos processos, sendo que o MP, não fazendo mediação jurídica, só notifica os suspeitos se a vítima do caso manifestar o desejo de o resolver mais rapidamente. Wu Hio respondeu ainda a perguntas sobre o mecanismo de controlo interno do MP.

Kong Chi está formalmente acusado da prática dos crimes de corrupção passiva para acto ilícito, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, violação de segredo de justiça e prevaricação.

Numa anterior sessão do julgamento, que decorre no Tribunal de Segunda Instância (TSI), Kong Chi disse pensar que poderia consultar os processos, sendo suspeito de eliminar provas ou objectos mais susceptíveis associados aos casos que poderiam incriminar os suspeitos da prática do crime a troco de dinheiro.

Documentos em análise

No período da manhã a sessão de julgamento ficou marcada por uma breve paragem de meia hora, por ter sido questionada a veracidade da documentação relacionada com o processo pelo próprio presidente do TSI, Tong Hio Fong. Foi ordenada a saída de todos os presentes da sala para verificar a autenticidade dos documentos, tendo o juiz anunciado posteriormente que a Polícia Judiciária (PJ) vai efectuar perícias para confirmar a veracidade dos mesmos e das respectivas assinaturas.

Na mesma sessão, Tong Hio Fong perguntou a Kong Chi e aos restantes três arguidos quais os seus rendimentos mensais, habilitações académicas e situação familiar.

Kong Chi adiantou que ganha 170 mil patacas por mês, e afirmou que o seu irmão mais velho estava viciado em jogo e faliu, necessitando de ser protegido e mantido por si.

O quarto arguido, Kuan Hoi Lon, foi ainda confrontado com perguntas sobre a sociedade de advogados que manteve com a segunda arguida, Chio Sao Ieng. Kuan Hoi Lon respondeu que a arguida era uma espécie de solicitadora, tendo como responsabilidade contactar clientes e procurar casos. Por vezes, adiantou o arguido, Chio Sao Ieng, comunicava com o colega no sentido de perceber se ele poderia defender os casos.

Kuan Hoi Lon adiantou também que os casos sob alçada de Chio Sao Ieng representavam apenas 20 a 30 por cento de todo o trabalho jurídico desenvolvido pelo escritório, focado, na maioria, em processos das áreas civil e criminal. O arguido acabou por revelar que dissolveu a sociedade com Chio Sao Ieng devido à distribuição “injusta” da remuneração pelos processos jurídicos.

31 Out 2023

Creches | Secretária admite falta de formação após morte de bebé

Elsie Ao Ieong U admite que é preciso melhorar a formação do pessoal que trabalha nas creches do território na sequência da trágica morte de uma bebé de quatro meses. O Instituto de Acção Social está a cooperar com a polícia na investigação do caso. Os pais da bebé pedem justiça

 

“Ficámos chocados e muito tristes com o acidente na creche. Queria aproveitar esta oportunidade para enviar as minhas condolências aos pais da bebé”, afirmou ontem a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, em reacção à morte de uma bebé de quatro meses numa creche na Taipa.

A secretária indicou que o Instituto de Acção Social (IAS) está a cooperar com a polícia na investigação ao caso que ocorreu a 19 de Outubro, na creche de Fong Chong da Taipa, subordinada à Associação de Moradores.

Não focando o caso concreto, porque a investigação ainda está em curso, Elsie Ao Ieong U admitiu que o Governo tem de melhorar aspectos ligados à formação especializada dos trabalhadores das creches. “A formação é uma área que precisa ser melhorada. Depois da investigação policial a este caso concreto, vamos avaliar quais as áreas de formação profissional em que existem lacunas”, indicou a secretária, citada pelo canal chinês da Rádio Macau.

A responsável referiu ainda que a morte da bebé serviu de alerta às autoridades para a necessidade de manter a fiscalização e comunicação estreita com as creches e verificar o cumprimento efectivo das instruções do IAS. Aliás, um dos aspectos a investigar é se a creche gerida pelos Moradores cumpriu as instruções do Governo.

Agonia total

Sem se alongar muito sobre o assunto, Elsie Ao Ieong U sublinhou que o IAS está pronto para dar assistência aos pais enlutados.

Na sexta-feira, Betsy Lai, a mãe da criança, publicou no Facebook uma mensagem emocionada dirigida à bebé. Depois de descrever a agonia porque passou desde que recebeu a chamada a informar que a filha não tinha pulso e estava em paragem respiratória, a mãe pediu justiça. “Espero que sejam apuradas provas suficientes para demonstrar que houve negligência na creche, e que sejam aplicadas as merecidas penalizações de acordo com a lei. Por favor, não deixem este caso cair em esquecimento, sem que nada aconteça, sem que se faça justiça”, desabafou, apelando à partilha da publicação.

Segundo a Polícia Judiciária, por volta das 14h30 de 19 de Outubro, os funcionários da creche encontraram a bebé, após a sesta, com a cara arroxeada e sem sinais vitais. Enquanto foram administrados os primeiros socorros, foi chamada uma ambulância que transportou a criança ao Hospital Conde de São Januário onde já chegou sem vida.

A investigação preliminar das autoridades policiais não encontrou indícios de crime ou agressões físicas, mas foram realizados exames para apurar as causas da morte.

31 Out 2023

Ponte do Delta | 36 milhões de passagens fronteiriças em cinco anos

Cinco anos depois da sua inauguração, a Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau aproximou três territórios, proporcionou 36 milhões de passagens fronteiriças, e a travessia de 7,5 milhões de veículos. Até ao fim de Setembro, o total de bens importados e exportados através de Zhuhai pela ponte foi de mais de 718 mil milhões de yuans

 

Desde que foi inaugurada, a 23 de Outubro de 2018, a circulação na Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau (ou Ponte do Delta) tem aumentado, atingindo na actualidade o maior volume de tráfego, muito por culpa das políticas que permitem a circulação de veículos com matrículas das regiões administrativas especiais na província de Guangdong.

Em jeito de balanço, e de celebração do quinto aniversário da inauguração da maior ponte marítima do mundo, o Diário do Povo publicou ontem um artigo a apontar que, desde a abertura, a ponte facilitou 36 milhões de passagens fronteiriças e 7,5 milhões de travessias de veículos. Importa salientar, que mais de metade do tempo desde que foi inaugurada, a Ponte do Delta conheceu pouco tráfego devido à pandemia que eliminou as passagens transfronteiriças durante três anos.

Ao longo deste ano, passaram na ponte 2,35 milhões de veículos. Tendo em conta que a larga maioria das travessias são realizadas por autocarros, é indicado pelo Diário do Povo que mais de 7 milhões das viagens foram feitas por residentes de Macau e Hong Kong. Durante os feriados da Semana Dourada, foram registadas mais de meio milhão de travessias.

Até ao final de Setembro, o volume total de bens importados e exportados que saíram do Interior da China por Zhuhai e que usou a ponte chegou aos 718,75 mil milhões de yuans. Nos últimos cinco anos, a Ponte do Delta foi instrumental no aumento das trocas comerciais, passando o comércio a abranger 230 países e regiões, face a 105 em 2018.

Abraço pelo mar

Enquanto símbolo físico que materializa o conceito do projecto da Grande Baía, a Ponte do Delta é apontada pelas autoridades do Interior da China, Macau e Hong Kong como um ponto fulcral no fluxo de pessoas, capital e mercadorias.

No dia do quinto aniversário da ponte, o Diário do Povo ouviu algumas pessoas que por lá passam. Às 08h, Su Guiping, um guia turístico com 38 turistas da província de Hubei a seu cargo, preparava-se para atravessar a ponte em direcção a Hong Kong para começar uma visita de quatro dias às regiões administrativas especiais. “Muitos turistas querem ver a ponte”, afirmou o guia.

Na manhã de 20 de Outubro, o posto fronteiriço do lado de Zhuhai acumulava uma fila de camiões de mercadorias com destino a Hong Kong. Um dos veículos pesados pertencia à empresa de Zhuhai Haimiao Aquaculture Import and Export, que fornece pescado fresco. O gestor da empresa, Weng Xipeng, indicou que a abertura da ponte permite a chegada à meia-noite a Hong Kong de peixe apanhado à tarde, que chega à mesa dos consumidores no dia seguinte. “A nossa eficiência melhorou significativamente e o produto chega ao consumidor mais fresco”, indicou.

Com 400 mil toneladas de ferro, espalhados ao longo de 55 quilómetros de estrada, quase sete quilómetros em túneis subaquáticos, a Ponte do Delta permite a ligação entre Zhuhai e Macau a Hong Kong em 45 minutos.

31 Out 2023

Hengqin | Autoridades desconhecem alargamento da política de circulação

Os Serviços Administrativos da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin afirmou não ter informações sobre a abertura da fronteira de Hengqin ao programa Circulação de Veículos de Macau na Província de Guangdong. A hipótese foi avançada por um responsável do Governo Municipal de Zhuhai

 

A Direcção dos Serviços Administrativos da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin desconhece a possibilidade de veículos locais utilizarem a fronteira de Hengqin no âmbito do programa Circulação de Veículos de Macau na Província de Guangdong.

O esclarecimento foi prestado numa resposta ao canal chinês da TDM, depois de na semana passada ter sido afirmado que as autoridades de Zhuhai estavam a estudar a possibilidade de o posto fronteiriço da Ilha da Montanha ser utilizado por veículos com matrícula de Macau para circular na província de Guangdong.

“Actualmente, os veículos de Macau viajam para Zhuhai através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. No entanto, estamos a explorar a possibilidade do ponto fronteiriço de Hengqin também abrir as portas a estes veículos, o que aumentaria a conveniência das viagens entre Macau e Zhuhai”, afirmou Peng Su, vice-secretário-geral do Governo Municipal de Zhuhai, de acordo com o portal Macau News Agency, durante um seminário sobre o desenvolvimento industrial da cidade vizinham integrado na Feira Internacional de Macau.

A Direcção dos Serviços Administrativos da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin veio esclarecer que não existe qualquer informação disponível sobre o assunto.

A passagem dos veículos de Macau para Guangdong é actualmente feita pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, no processo que exige marcação prévia e que está limitado a 2 mil utilizações por dia. Além disso, o programa não abrange os veículos que podem entrar em Hengqin, ou seja, um veículo autorizado a circular na Ilha da Montanha não pode entrar em Zhuhai ou no resto da província.

Pontos a melhorar

Os esclarecimentos do organismo da Zona de Cooperação Aprofundada surgiram no dia em que os deputados Ma Io Fong e Wong Kit Cheng, ambos ligados à Associação das Mulheres, emitiram um comunicado a defender a “agilização” do programa Circulação de Veículos de Macau na Província de Guangdong.

Desde Outubro foram introduzidos limites no número de marcações para atravessar a fronteira. Porém, os deputados apontam que mesmo assim “muitos condutores se queixam que com o limite actual ainda é muito difícil conseguir uma vaga nos dias mais concorridos”.

No comunicado conjunto, Ma Io Fong e Wong Kit Cheng apelaram ao Governo para coordenar com as “autoridades relevantes do Interior” e implementar “a segunda fase de optimização do programa”.

Nesta segunda fase, os deputados apelam ao aumento das quotas diárias e dão o exemplo do feriado de quinta-feira, em que se assinala o Dia dos Finados. Segundo os legisladores, para a maior parte dos residentes, apesar de haver vontade de atravessar a fronteira, as esperanças são quase nulas devido à grande procura.

Por último, Wong e Ma afirmam que o trânsito piorou no acesso ao posto fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, porque as autoridades não querem abrir mais canais de circulação, apesar de estarem disponíveis.

31 Out 2023

Trânsito | Mortes em acidentes rodoviários aumentaram até Setembro

Nos primeiros nove meses do ano morreram sete pessoas devido a acidentes nas estradas do território. A marca iguala a mortalidade rodoviária registada em todo o ano de 2022. Também o número de acidentes cresceu mais de 20 por cento

A mortalidade nas estradas de Macau está em crescimento, com os primeiros nove meses de 2023 a registarem sete mortes na estrada. No período homólogo do ano passado, tinham sido declaradas cinco mortes nas estradas, o que significa um aumento de 40 por cento da mortalidade, de acordo com os dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP).

O agravar da mortalidade leva a que o corrente ano, até Setembro, tenha sido tão mortal como todos os 12 meses do ano passado, quando sete pessoas perderam a vida em acidentes rodoviários.

O aspecto comum aos dois anos passa pelo facto de a maioria das vítimas serem do sexo masculino. Nos primeiros três trimestres deste ano morreram quatro pessoas do sexo masculino e três do feminino. No ano passado, até Setembro, tinham morrido quatro homens e uma mulher. Quando é considerado todo o ano passado, houve seis vítimas de acidentes nas estradas do sexo masculino e uma do sexo feminino.

Entre as fatalidades deste ano, três diziam respeito aos condutores dos veículos envolvidos nos acidentes, enquanto outras três eram peões. Além disso, uma das vítimas era passageiro que seguia num dos veículos acidentados. Em comparação, até Setembro do ano passado tinham morridos três condutores, e dois peões, não havendo passageiros entre as vítimas mortais.

O aumento do registo negro não se ficou apenas pelas fatalidades, também houve mais pessoas a precisarem de ser hospitalizadas, depois de estarem envolvidas em sinistros rodoviários.

Até Setembro deste ano, 103 pessoas tiveram de ser hospitalizadas por estarem envolvidas em acidentes de viação. O registo ultrapassa todo o ano de 2022, quando 90 pessoas foram hospitalizadas. Quando a comparação é feita com o período homólogo, houve mais 43 pessoas hospitalizadas, o que representa um aumento de cerca de 72 por cento, face às 60 entre Janeiro e Setembro de 2022.

Em relação aos feridos que não precisaram de ser transportados para o hospital também se registou uma subida de 18 por cento, para 3.360, em comparação com o mesmo período de 2022, quando tinha havido 2.848 feridos ligeiros.

Mais acidentes e multas

O aumento do número de vítimas mortais e feridos reflecte a tendência geral para a ocorrência de mais acidentes nos primeiros nove meses deste ano.

Até Setembro, contaram-se 9.914 acidentes rodoviários, o que significa uma média de 36,4 acidentes por dia e de 1,5 acidentes por hora. O valor reflecte um aumento de 20,8 por cento em relação ao período homólogo, quando tinham sido registados 8.207 acidentes, uma média de 30,2 por dia, e de 1,3 acidentes por hora.

A diferença entre os dois anos pode ser explicada pelo facto de as fronteiras terem reaberto e haver um aumento da circulação de automóveis em Macau. Ao mesmo tempo que crescem os números de fatalidades e acidentes, também o Corpo de Polícia de Segurança Pública tem registado mais violações às leis que regulam o trânsito.

Nos primeiros nove meses do ano, as multas fizeram entrar nos cofres da RAEM 131,2 milhões de patacas, um crescimento de 40 por cento face ao período homólogo, quando as multas tinham gerado 93,8 milhões de patacas.

O dinheiro acumulado até Setembro está também acima de todo o ano passado, quando as infracções rodoviárias contribuíram para o orçamento da RAEM com 125,7 milhões de patacas. Esta diferença explica-se com o facto de as multas aplicadas estarem a ser mais caras, dados que até Setembro deste ano foram registadas 542,5 mil infracções, contra as 570,1 mil infracções de todo o ano passado.

Menos álcool

Uma tendência verificada ao longo deste ano é a redução do número de pessoas a conduzirem sob o efeito do álcool, mesmo se nas últimas semanas tenham sido amplamente noticiados casos como o do agente da polícia que adormeceu na estrada, ou o condutor de 71 anos que atropelou duas pessoas e bateu contra 20 motas e três carros.

Entre Janeiro e Setembro deste ano foram “apanhados” 114 condutores sob a influência do álcool, no que é uma redução de 11,63 por cento face ao período homólogo, quando tinham sido detectados 120 condutores com pelo menos 0,5 gramas de álcool por litro de sangue.

Entre os 114 condutores sob o efeito do álcool, a maioria, 70, acusaram o nível máximo de álcool, ou seja, igual ou superior a 1,2 gramas por litro de sangue, o que faz com que a infracção seja considerada crime. Por outro lado, 26 condutores circulavam com um valor entre 0,8 e menos de 1,20 grama de álcool por litro de sangue e 18 condutores com mais de 0,5 gramas de álcool por litro no sangue, mas menos de 0,8 gramas de álcool por litro de sangue.

Também houve menos pessoas a conduzir depois de consumirem estupefacientes, uma prática que por si só está criminalizada. Até Setembro, ninguém foi apanhado a conduzir sob o efeito de estupefacientes. No período homólogo do ano passado, apenas uma pessoa foi apanhada a conduzir depois de consumir substâncias proibidas.

Telemóvel ao volante

Um aspecto onde houve menos multas foi no número de infracções por uso do telemóvel a conduzir, uma prática generalizada no território. Até Setembro do ano corrente, foram passadas 1.328 multas por utilização do telemóvel ao mesmo tempo que se conduzia. O número mostra uma redução das multas de 7,26 por cento face ao período homólogo, quando foram passadas 1.432 multas.

Todavia, houve um aumento das multas passadas a condutores de motociclos e ciclomotores, de 105 multas para 143, ou seja, de 36 por cento. No pólo oposto foram passadas menos multas a condutores de automóvel, que caíram 10,7 por cento, de 1.327 para 1.185 multas. Apesar da diminuição, a média de multas devido à utilização de telemóvel ao volante, as infracções continuam perto de cinco por dia.

O regresso dos turistas e o apelo para que se punam cada vez mais as pessoas que param no meio das estradas para tirar as fotografias perfeitas para partilhar nas redes sociais parece ter levado à imposição de mais sanções.

Até Setembro deste ano, houve 1.827 multas justificadas com o facto de as pessoas atravessarem as estradas fora das passadeiras, um aumento de 161 por cento em comparação com o período homólogo (700 multas).

Contudo, as multas até Setembro por atravessar a estrada fora das passadeiras ganham maior relevância quando os dados são comparados com o ano passado. Entre Janeiro o fim de Dezembro do ano passado, o total de multas tinha sido de 914.

Mais pessoas sem carta

Nos primeiros nove meses deste ano, foram também identificadas mais pessoas a conduzir sem carta de condução com um total de 115 ocorrências. A média é praticamente de 10 pessoas apanhadas por mês a conduzir sem carta, no que representa um aumento de 2,68 por cento face ao mesmo período do ano passado, quando foram registadas 112 ocorrências.

Entre os condutores que circulavam sem habilitação legal, 75 conduziam ciclomotores e motociclos e 40 automóveis. Em comparação, no ano anterior, 54 tripulavam automóveis e 58 ciclomotores e motociclos.

Em relação aos ciclomotores e motociclos foram detectados 11 casos em que seguiam nestes veículos passageiros com menos de seis anos, o que contraria as exigências legais. As ocorrências registaram um aumento de 120 por cento face a 2022, quando não tinham sido identificadas mais de cinco.

Os números do trânsito

Janeiro a Setembro 2023 Janeiro a Setembro 2022

Número total de Acidentes 9.914 8.207

Mortes 7 5

Feridos Hospitalizados 103 60

Feridos Ligeiros Não Hospitalizados 3.360 2.848

Acidentes com peões 335 302

Montante em Multas 131,6 milhões 93,8 milhões

31 Out 2023

929 Challenge | Três ‘startups’ lusas nos primeiros lugares

As ‘startups’ portuguesas Glooma, Bedev e Fykia Biotech arrecadaram no sábado o primeiro, segundo e terceiro lugares, respectivamente, na competição “929 Challenge”

 

As ‘startups’ portuguesas Glooma, Bedev e Fykia Biotech arrecadaram no sábado o primeiro, segundo e terceiro lugares, respectivamente, na competição “929 Challenge”, em Macau.

A Glooma apresentou uma luva que detecta o cancro da mama precocemente, a Bedev mostrou o desenvolvimento de dispositivos médicos com recurso à impressão 3D, enquanto a Fykia Biotech deu a conhecer a investigação de microalgas com aplicações na saúde, cuidados da pele e agricultura, destacando-se entre os oito projectos de empresas finalistas avaliados pelo júri e potenciais investidores.

“É fantástica, nesta edição, a qualidade dos projectos apresentados em áreas que são muito importantes em termos de sustentabilidade, como a saúde, a biotecnologia e agricultura, incluindo alimentação”, disse à Lusa um dos co-fundadores e coordenadores do “929 Challenge”, José Alves.

“Portanto, isto é extremamente motivante para o concurso e para os patrocinadores e os organizadores. A competição, de facto, está a consolidar-se e está a demonstrar que existe espaço em Macau para se fazer mais nesta área de empreendedorismo entre a China e os países de língua portuguesa”, salientou o também director da Faculdade de Gestão da Universidade Cidade de Macau (CityU).

Para Marco Rizzolio, co-fundador e coordenador da competição 929 e também da CityU, nesta edição deu-se “um grande salto”, já que “pela primeira vez, estiveram no painel de juízes ‘venture capitals’ a assistir aos projectos”. “Isso é um grande salto porque no final de contas, mais do que uma competição, queremos que estes projectos recebam dinheiro para poder evoluir para outros níveis”, frisou o responsável.

Vitória de Cantão

Divididas em duas categorias, 16 equipas finalistas, oito ‘startups’ e oito de universidades chinesas e lusófonas, disputaram a final da terceira edição desta competição sino-lusófona.

Entre as universidades, o primeiro lugar coube à chinesa Guangdong University of Science and Technology (Universidade de Ciência e Tecnologia de Guangdong) com um projecto de óleos de alimentação para aquacultura, seguida pela Universidade de Macau com obrigações verdes para investir em projectos sustentáveis e compensar emissões de carbono. Em terceiro lugar ficou a Guangdong Polytechnic University (Universidade Politécnica de Guangdong) com um plano para proteger trabalhos digitais de piratas informáticos.

Ao todo, a edição deste ano registou mais de 1.500 participantes em mais de 280 equipas de nove países lusófonos e da China. O montante total dos prémios foi de 180 mil patacas e 40 mil patacas em serviços e ferramentas da Alibaba.

O concurso tem a organização conjunta do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) e de várias universidades e instituições da região administrativa especial chinesa.

30 Out 2023

Saúde | Recrutamento de oito médicos portugueses em curso

O director dos Serviços de Saúde indicou que estão a ser ultimados os processos de recrutamento de oito médicos portugueses para trabalhar em Macau. Foi inaugurado o Edifício de Especialidade de Saúde Pública, que acrescenta 160 camas de isolamento e 80 enfermarias

 

O sistema de saúde de Macau será reforçado com oito médicos portugueses, indicou na sexta-feira o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo. “Quando visitámos Portugal reunimos com a Associação dos Médicos de Portugal e procurámos saber se havia médicos qualificados aptos a prestarem serviços em Macau. Durante o processo recebemos 12 candidaturas e oito cumpriram os requisitos. Estamos na fase de completar os processos de documentação de identidade”, revelou o responsável, citado pelo Canal Macau da TDM.

As declarações foram prestadas à margem da cerimónia de inauguração do Edifício de Especialidade de Saúde Pública dos Serviços de Saúde, infra-estrutura adjacente ao Centro Hospitalar Conde de São Januário e que tem como objectivo reforçar o sistema de resposta a doenças transmissíveis.

O Edifício de Especialidade de Saúde Pública está localizado no lote de terreno entre a Estrada Nova e a Estrada do Visconde de S. Januário, e tem uma área bruta de construção de cerca de 30.900 metros quadrados.

O edifício de oito andares “dispõe de 80 enfermarias de isolamento de alta qualidade, 160 camas de isolamento, das quais 10 são camas para cuidados intensivos, onde os utentes podem receber tratamentos de oxigenação por membrana extracorpórea (artificial pulmonar), ventilador e hemodiálise”.

A nova estrutura está equipada com uma “sala de reanimação, bloco operatório de pressão negativa, sala de exame imagiológico com tomografia axial computorizada (TAC) e laboratório clínico capaz de tratar amostras infecciosas”.

Ligação umbilical

Segundo um comunicado dos Serviços de Saúde, o edifício “foi concebido de acordo com as normas de prevenção e controlo de doenças transmissíveis da Organização Mundial de Saúde”. Para tal, está apetrechado com “sistema de filtragem de ar de alta eficiência, sistema de desinfecção por raios ultravioletas, controlo de pressão negativa e de fluxo de ar nas enfermarias, instalação de dois canais nas três zonas, bem como sistema inteligente de vigilância central e de rastreamento de doentes”.

Além disso, a nova unidade é composta por duas passagens superiores que ligam ao átrio do Centro Hospitalar Conde de São Januário e ao Alojamento dos Trabalhadores de Emergência de Saúde Pública, “proporcionando aos doentes um melhor apoio médico e uma boa gestão do pessoal em circuito fechado durante a epidemia”.

Alvis Lo ainda salientou que “apesar do fim da epidemia, a ameaça de doenças transmissíveis a nível mundial continua a existir”, razão pela qual é necessária “máxima vigilância e elevar constantemente a capacidade de resposta a diversas doenças transmissíveis”. A cerimónia de inauguração foi conduzida por Ho Iat Seng e pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U.

30 Out 2023

Trabalho | Taxa de desemprego desceu 0,1% entre Julho e Setembro

A taxa de desemprego entre Julho e Setembro fixou-se em 2,4 por cento. A maioria dos desempregados durante o período em análise era dos sectores do jogo, construção civil e restauração, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos

 

A taxa de desemprego fixou-se em 2,4 por centro entre Julho e Setembro de 2023, nível que representou uma redução de 0,1 pontos percentuais face ao período anterior entre Junho e Agosto. Os dados foram revelados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

No período em análise, a taxa de desemprego dos residentes foi de 3,1 por cento, valor que a DSEC indicou ser “idêntica à do período transacto”. No que diz respeito à taxa de subemprego, ou seja, as pessoas que trabalham menos horas pagas do que pretendiam, houve uma diminuição de 0,2 pontos percentuais, para 1,6 por cento.

Entre Julho e Setembro, a população activa em Macau totalizou 378.300 pessoas, com a taxa de actividade a situar-se em 68,2 por cento. A população empregada totalizou 369.300 pessoas e o número de residentes empregados correspondeu a 286.800 pessoas, mais 3.300 e 1.700, respectivamente. A população desempregada era composta por 9.100 indivíduos, menos 200 em comparação com o período entre Junho e Agosto.

Os dados indicam também que o desemprego está principalmente relacionado com os sectores da construção e do jogo. “Entre os desempregados à procura de novo emprego, a maioria trabalhou anteriormente no ramo de actividade económica da construção, no ramo das lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos e no ramo dos hotéis, restaurantes e similares”, revelou a DSEC.

O número de desempregados à procura do primeiro emprego representou 12,3 por cento do total da população desempregada, baixando 0,4 pontos percentuais.

Querer trabalhar mais

Por sua vez, a população subempregada fixou-se em 5.900 pessoas, menos 800, em relação ao período anterior. A maior parte da população subempregada pertencia ao ramo de actividade económica da construção, o que significa que estes trabalhadores encontram menos trabalho do que procuram.

Quando é feita uma análise do desemprego por sector, houve um aumento do número de empregados no sector das lotarias, outros jogos e actividade de promoção de jogos (71.000), assim como na hotelaria (26.100) e no comércio a retalho (36.000). Por ramo de actividade, a criação de empregos foi de 2.500, 1.800 e 1.500, respectivamente.

No entanto, no sector da educação houve menos 2 mil empregos, sendo o número total de cerca de 18.800 empregos. A mediana do rendimento mensal da população empregada fixou-se em 18.000 patacas no terceiro trimestre do corrente ano, mais 1.000, em termos trimestrais.

30 Out 2023

Óbito | Ho Iat Seng expressa condolências à família de Li Keqiang

O Chefe do Executivo da RAEM expressou condolências pela morte do ex-primeiro-ministro Li Keqiang e destacou o papel significativo que desempenhou para o desenvolvimento nacional e a atenção que sempre prestou ao bem-estar da população de Macau. Em 2016, Li visitou o território e presidiu à conferência ministerial do Fórum Macau

 

O antigo primeiro-ministro Li Keqiang morreu na sexta-feira em Xangai vítima de um ataque cardíaco súbito. No sábado, o Chefe do Executivo da RAEM expressou “profundas condolências à família” do ex-governante chinês. Em declarações à comunicação social, Ho Iat Seng realçou a capacidade de liderança de Li Keqiang, assim como o “extraordinário contributo para o partido, para o desenvolvimento económico e a melhoria do bem-estar do povo”.

O Chefe do Executivo não esqueceu a atenção que o ex-primeiro-ministro dedicou a Macau durante os seus mandatos, e a forma como procurou sempre compreender e ajudar o desenvolvimento de Macau e o bem-estar da sua população. “Li Keqiang apoiou fortemente o Executivo da RAEM na governação de acordo com a lei, na aplicação bem-sucedida do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ com características de Macau, no desenvolvimento económico e na melhoria do bem-estar da população”, acrescentou o governante local.

Ho Iat Seng vincou ainda que o falecimento de Li Keqiang “é uma enorme perda para o partido e o país”, e que será para sempre recordado pelo contributo que deu para o desenvolvimento nacional e para o bem-estar do povo chinês.

Impulso à plataforma

Em Outubro de 2016, Li Keqiang visitou Macau enquanto primeiro-ministro da República Popular da China. Durante a estadia no território, presidiu à 5.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP) e traçou o rumo da RAEM e do Fórum Macau num discurso que haveria de reforçar o propósito da instituição.

O governante descreveu Macau como “uma ponte intangível” entre a China e os países de língua portuguesa. “Esta (ligação invisível entre China, Macau e PLP) é uma ponte transoceânica ainda maior, porque liga línguas e culturas e por isso tem um carácter único. (…) O Governo Central apoia totalmente a cooperação entre a China e os PLP através desta grande plataforma que é a RAEM”, afirmou Li Keqiang.

Além de apontar os futuros desígnios da RAEM, o primeiro-ministro indicou que o Governo Central iria implementar um conjunto de 18 medidas destinadas a estreitar laços institucionais, económicos e culturais entre a China e os PLP, com Macau no centro.

Numa visita com uma agenda carregada de simbolismo e importância, Li assistiu a uma apresentação sobre o projecto de construção da ponte Hong Kong–Zhuhai–Macau, inaugurou o edifício do complexo do Fórum Macau e ainda teve tempo para visitar as Ruínas de São Paulo.

30 Out 2023

Morte de Li Keqiang enluta nação chinesa | “A prioridade deve ser as pessoas”

Talvez por ter proferido frases como estas, Li Keqiang está a ser celebrado pelo povo chinês que reconhece as qualidades que exibiu enquanto governante, nomeadamente a sua capacidade de trabalho, defesa das reformas económicas e extraordinária aposta no desenvolvimento científico, que terá valido à China o seu primeiro Nobel da Medicina

 

O ex-primeiro-ministro chinês Li Keqiang morreu na sexta-feira passada, aos 68 anos, de ataque cardíaco. Li, que ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 2012 e Março deste ano, sofreu um ataque cardíaco na quinta-feira e, “apesar de todos os esforços para o salvar, morreu às 00:10 de 27 de outubro “, informou a emissora CCTV.

O Governo chinês expressou as suas “profundas condolências”. “Expressamos as nossas profundas condolências pela morte do camarada Li Keqiang na sequência de um ataque cardíaco súbito”, declarou Mao Ning, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa regular.

Nas redes sociais chinesas, as palavras-chave relacionadas com a morte de Li só na Weibo tiveram mais de mil milhões de visualizações em apenas algumas horas. Nas partilhas sobre Li, o ícone para “gosto” foi transformado numa margarida, uma flor comum nos funerais chineses, e muitos internautas escreveram “descansa em paz”. Outros consideraram a sua morte uma perda, afirmando que Li trabalhou arduamente e contribuiu muito para o país.

Likonomics em acção

Nenhum primeiro-ministro chinês antes dele apresentara no currículo uma licenciatura em Direito e um doutoramento em Economia, ambos pela Universidade de Pequim. Li começou por assumir a missão de corrigir o desequilíbrio económico causado pela implementação de um pacote de estímulo de 4 biliões de yuans (572 mil milhões de dólares) em 2008, utilizado pelo seu antecessor numa tentativa de gerir a crise financeira mundial.

Também por isso, Li Keqiang tem sido recordado positivamente pelas suas tácticas económicas, conhecidas como “Likonomics”, que incluíam esforços de desalavancagem, reformas estruturais e estímulos moderados. Enquanto primeiro-ministro, de 2013 a 2013, Li enfrentou muito mais desafios do que os seus antecessores, incluindo um ambiente externo hostil, a resistência de grupos de interesses e condições político-sociais complexas.

Abordável e pragmático, Li conduziu a segunda maior economia do mundo através de um período difícil durante a sua década como primeiro-ministro, fazendo um esforço incansável para reformas orientadas para o mercado, procedimentos governamentais simplificados e um melhor ambiente de negócios para empresas privadas e estrangeiras.

No ano em que Li tomou posse como primeiro-ministro, Pequim aprovou o histórico documento de reforma, que prometia deixar o mercado desempenhar um papel decisivo na afectação de recursos e que descrevia em pormenor o roteiro da reforma.

A economia continuou a expandir-se, apesar de um ritmo mais lento de uma média de 5 a 6 por cento na última década, aproximando-se do limiar de um país de elevado rendimento. No seu discurso no Congresso Nacional do Povo, em Março de 2022, prometeu que “a política de abertura da China não mudaria, tal como o curso dos rios Yangtze e Amarelo não será invertido”.

Segundo a Xinhua, “Li tomou medidas para manter o crescimento económico estável, realizar reformas, promover o ajustamento estrutural, melhorar os meios de subsistência das pessoas, prevenir riscos e manter a estabilidade. Esforçou-se activamente para expandir a procura interna efectiva, manter os principais indicadores económicos dentro de um intervalo adequado e basear-se na inovação para optimizar e melhorar as estruturas industriais”.

Além disso, ainda segundo a Xinhua, “avançou sistematicamente com reformas para desenvolver a economia socialista de mercado, estabelecendo um equilíbrio adequado entre o governo e o mercado. Isto permitiu que o mercado desempenhasse um papel decisivo na afectação dos recursos e que o governo desempenhasse melhor o seu papel, promovendo assim um mercado eficiente e um governo funcional”.

Tempos difíceis

No entanto, algumas das suas políticas foram abandonadas à medida que a segunda maior economia do mundo tem vindo a inclinar-se mais para a segurança desde o início do segundo mandato de Xi em 2018, uma vez que o presidente deu prioridade à luta contra a corrupção, à protecção do ambiente, à segurança nacional e ao controlo do coronavírus, por vezes em detrimento do desenvolvimento económico.

Pequim também teve de lidar com a guerra comercial lançada pela administração Trump, que levou a China a adoptar a chamada estratégia de dupla circulação, confiando mais no mercado interno e na tecnologia para o crescimento, sob restrições dos EUA.

“Os acontecimentos fizeram descarrilar parte da agenda [de Li] nos últimos 10 anos, mas o seu pensamento ainda é muito relevante hoje”, disse Bert Hofman, director do Instituto da Ásia Oriental da Universidade Nacional de Singapura. “Li sempre me pareceu muito empenhado no desenvolvimento da China, intelectualmente curioso, com um conhecimento muito sofisticado da economia chinesa e da forma como a China poderia aprender com as boas práticas internacionais em matéria de gestão económica”.

Victor Gao, vice-presidente do Centro para a China e Globalização em Pequim, disse que Li também pressionou “muito” pela inovação tecnológica e “enfatizou” o crescimento da fintech, permitindo que as empresas utilizassem toda a extensão da lei. “A sua ênfase no Estado de Direito foi muito importante”, afirmou. “Penso que continuaremos a avançar na direcção que ele definiu para toda a nação”.

A importância de ser sincero

Li também se dedicou a delegar mais poderes de Pequim, reduzindo as aprovações governamentais e reforçando o ambiente empresarial. O fundador da Mei KTV, Wu Hai, escreveu uma carta aberta em 2015 criticando o ambiente empresarial da China, acabando por receber uma resposta directa de Li. “A carta que escrevi foi impressa e estudada dentro do governo e amplamente discutida nos meios de comunicação estatais, o que desencadeou um clímax de melhoria do ambiente empresarial na altura”, disse Wu, que descreveu Li como um “líder muito admirável” com um “grande coração”.

Antes de se tornar primeiro-ministro, Li era conhecido pelo seu chamado índice Li Keqiang, que adoptava uma combinação de indicadores – incluindo o volume de carga dos caminhos-de-ferro, o consumo de eletricidade e os empréstimos bancários – para medir o pulso à economia chinesa.

Durante a pandemia do coronavírus, Li fez várias avaliações honestas da situação económica que ressoaram junto do público em geral, ao mesmo tempo que se comprometeu a estabilizar a economia. Em Maio de 2020, afirmou que a China tinha 600 milhões de pessoas com um rendimento mensal de 1000 yuan (137 dólares), uma afirmação surpreendente que divergia dos dados oficiais publicados anteriormente. “É apenas o suficiente para cobrir a renda mensal numa cidade chinesa de média dimensão. Agora estamos a enfrentar uma pandemia. Depois da pandemia, a prioridade deve ser a subsistência das pessoas”, disse Li em Pequim, na altura.

Segundo a Xinhua, “para melhorar o bem-estar da população, Li dedicou esforços para resolver questões importantes no domínio do emprego, da educação, da habitação, dos cuidados de saúde e dos cuidados aos idosos”.

A ciência como factor de desenvolvimento

Li Keqiang ficou também conhecido pelo seu apoio à investigação científica, para apoiar o crescimento nacional. No final de Fevereiro, semanas antes de se reformar, Li discutia a importância da investigação com o matemático chinês de renome mundial Yau Shing-Tung, que se reformou de Harvard no ano passado para ensinar a tempo inteiro na Universidade de Tsinghua, com “o objectivo de ajudar a China a tornar-se uma potência matemática dentro de uma década”. “Li acreditava que a inovação e o desenvolvimento da ciência e da tecnologia requerem o apoio fundamental da ciência básica, cuja base é a matemática, a que chamou a coroa da ciência natural”, segundo a Xinhua.

O apoio de Li à comunidade científica remonta ao seu tempo de vice-primeiro-ministro, de 2008 a 2013. Liu Dunyi, director fundador do Centro de Micro Sondas de Iões Sensíveis de Alta Resolução (SHRIMP) de Pequim, especializado na datação de rochas, incluindo o solo lunar, recordou a visita de Li ao laboratório em Agosto de 2009. “Li foi o único líder nacional que o nosso laboratório tinha recebido.

Fui incumbido de lhe apresentar o nosso laboratório. Ele ouviu-me e fez muitas perguntas aos outros colegas”, disse Liu, acrescentando que Li também falou com cientistas de topo sobre as alterações climáticas. “Antes de se ir embora, encorajou-nos a trabalhar arduamente para fazer avançar a ciência e a tecnologia no nosso país e reconheceu os nossos esforços”. “Foi o antigo primeiro-ministro que impulsionou o aumento do financiamento, do espaço no campus e do recrutamento para a Academia Chinesa de Ciências Geológicas”, disse ainda Liu.

Mais dinheiro para o saber

Durante o mandato de uma década de Li como primeiro-ministro, a partir de 2013, as despesas de investigação e desenvolvimento da China aumentaram de 1 bilião de yuan, ou seja, menos de 2 por cento do seu produto interno bruto (PIB) de 2012, para mais de 3,08 biliões de yuan ou 2,54 por cento do PIB em 2022. A China também gastou um recorde de 202 mil milhões de yuans em investigação fundamental no ano passado, ocupando o segundo lugar a nível mundial, a seguir aos Estados Unidos.

Um ano depois de assumir o cargo de primeiro-ministro e principal responsável económico da China, Li convidou Marcia McNutt, na altura editora-chefe da revista Science, para uma reunião em Pequim. “O facto do primeiro-ministro chinês querer reunir-se comigo enviou fortes sinais de como a China está a encarar a ciência como fundamental para o seu bem-estar futuro”, escreveu McNutt, geofísica, num editorial para a Science intitulado “Li and Me”, contando o encontro que tiveram em 2014.

O encontro de meia-hora acabou por durar 70 minutos e abordou questões que vão desde o programa espacial chinês, as alterações climáticas e a protecção ambiental, até à educação e à cooperação científica internacional, disse McNutt, que é actualmente presidente da Academia Nacional das Ciências dos EUA. “A investigação científica atingiu o estatuto de estrela de rock na China”, escreveu. “Se o resultado a longo prazo for que os jovens mais talentosos da China se tornem investigadores para encontrar soluções ambientais, todos ganharemos”.

Numa nota de acompanhamento, também publicada na mesma edição da Science, Li afirmou que “o desenvolvimento das energias renováveis e a conservação da energia e dos recursos podem contribuir para o crescimento do PIB, preservando o ambiente”. McNutt disse que ficou “muito impressionada com o seu domínio do inglês, ao ponto de corrigir o tradutor, e com o seu fascínio pela ciência”, disse. “Admirava a relação estreita que o Primeiro-Ministro Li mantinha com Bai Chunli, o presidente da Academia Chinesa das Ciências (CAS). Foi essa relação que fez com que a ciência chinesa se tornasse o sistema de classe mundial que é hoje”.

Li afirmou em 2015 que “a profundidade da investigação científica fundamental determina a vitalidade da inovação de um país”. Durante uma visita ao Instituto de Física do CAS nesse ano, Li encorajou os cientistas a prosseguirem uma investigação mais original, apelando a que transformassem “Made in China” em “Created in China”.

Em 2016, disse numa conferência nacional que, apesar das pressões financeiras, o investimento público em investigação científica não podia ser reduzido, apelando a que fosse aumentado.

No Fórum Económico Mundial de 2014, em Tianjin, Li promoveu pela primeira vez a sua campanha de empreendedorismo e inovação em massa. Os governos locais a todos os níveis aderiram – subsidiando incubadoras e parques de inovação, e criando fundos de capital de risco para permitir que as “microempresas” prosperassem na sua jurisdição. “Li desempenhou um papel fundamental na promoção da transferência de tecnologia e no fomento do empreendedorismo. Políticas como a de permitir que os cientistas lancem uma start-up abriram caminho para o rápido desenvolvimento da China nos últimos anos”, disse o cientista.

Nobel no topo do bolo

Li sublinhou repetidamente a importância de dar mais autonomia aos investigadores e de reduzir a burocracia administrativa, especialmente no que diz respeito ao financiamento. “Li concentrou-se mais na forma como a ciência e a tecnologia poderiam servir o desenvolvimento económico e social”, disse outro cientista do CAS.

Enquanto primeiro-ministro chinês, Li partilhou a emoção da comunidade científica quando Tu Youyou ganhou o primeiro Prémio Nobel da Medicina da China, em 2015, pelo seu trabalho sobre o medicamento anti-malária artemisinina, baseado na antiga medicina herbal chinesa. “O prémio de Tu é um reflexo do progresso da China em ciência e tecnologia e da enorme contribuição da medicina tradicional chinesa para a saúde humana, mostrando o crescente poder nacional e a influência internacional da China”, escreveu Li numa carta de felicitações à Academia de Ciências Médicas Chinesas, onde trabalha Tu Youyou.

O partido e a glória

Segundo a Xinhua, uma nota fúnebre, emitida conjuntamente pelo Comité Central do PCC, pela Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo (CNP), pelo Conselho de Estado e pela Comissão Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, refere que “Li foi um excelente membro do Partido Comunista Chinês, um soldado comunista leal e de longa data e um revolucionário proletário excepcional, estadista e líder do Partido e do Estado”.

Depois de se reformar do cargo de liderança, “Li continuou a defender firmemente a liderança do Comité Central do PCC, o papel central do camarada Xi Jinping, a preocupar-se com o avanço da causa do Partido e do país, e a defender firmemente os esforços do Partido para melhorar a conduta, construir a integridade e combater a corrupção. A vida de Li foi uma vida revolucionária, laboriosa e gloriosa, dedicada a servir de todo o coração o povo e a causa comunista”, refere a nota obituária, acrescentando que a sua morte é uma grande perda para o Partido e o Estado. “Glória eterna ao camarada Li Keqiang!”, conclui a nota obituária.

 

Uma vida…

Julho de 1955 Li Keqiang nasce em Dingyuan, província de Anhui, no leste da China.

Março de 1974 Entra parta a Brigada de Dongling, comuna de Damiao, condado de Fengyang, em Anhui, como jovem instrutor.

Maio de 1976 Torna-se membro do PCC.

1976-1978 Chefe do Partido na Brigada Damiao.

Março de 1978 e Fevereiro de 1982 Li estuda no Departamento de Direito da Universidade de Pequim entre, onde foi director da União dos Estudantes.

Após Fevereiro de 1982 Li foi sucessivamente secretário do Comité da Universidade de Pequim da Liga da Juventude Comunista da China (CYLC), membro do Comité Permanente do Comité Central da CYLC, director do Departamento Escolar do Comité Central da CYLC e secretário-geral da Federação dos Estudantes de Toda a China, membro suplente do Secretariado do Comité Central da CYLC, membro do Secretariado do Comité Central da CYLC e vice-presidente da Federação da Juventude de Toda a China, e chefe do Comité de Trabalho Nacional dos Jovens Pioneiros Chineses.

Março de 1993 Desempenha as funções de primeiro membro do Secretariado do Comité Central do CYLC, presidente da Universidade Juvenil de Estudos Políticos da China e membro do Comité Permanente do 8º CNP.

Após Junho de 1998 Li foi sucessivamente secretário-adjunto do Comité Provincial de Henan do PCC, governador interino de Henan e, mais tarde, governador de Henan; secretário do Comité Provincial de Henan do PCC e governador de Henan; e secretário do Comité Provincial de Henan do PCC e presidente do comité permanente do Congresso Popular Provincial de Henan.

Dezembro de 2004 Secretário do Comité Provincial de Liaoning do PCC e, mais tarde, simultaneamente, presidente do comité permanente do Congresso Popular Provincial de Liaoning.

Outubro de 2007  Eleito membro do Bureau Político do Comité Central do PCC e da sua comissão permanente.

Março de 2008 Nomeado Vice-Primeiro-Ministro do Conselho de Estado e desempenhou as funções de Secretário-Adjunto do seu Grupo de Líderes do Partido. Foi responsável pelo trabalho quotidiano do Conselho de Estado. Ajudou a responder à crise financeira internacional, a acelerar a reestruturação económica, a aprofundar a aplicação da estratégia de desenvolvimento regional coordenado, a promover a conservação de energia, a redução das emissões e a protecção do ambiente, e a promover a reforma dos sistemas médico e de saúde.

Novembro de 2012 Reeleito membro do Bureau Político do Comité Central do PCC e da sua comissão permanente.

Março de 2013 Nomeado Primeiro-Ministro do Conselho de Estado.

Outubro de 2017 Reeleito membro do Bureau Político do Comité Central do PCC e da sua comissão permanente.

Março de 2018 Reconduzido no cargo de primeiro-ministro do Conselho de Estado.

Março de 2023  Li deixa de ser o primeiro-ministro.

27 de Outubro Li Keqiang morre devido a um súbito ataque cardíaco.

30 Out 2023

GPMacau | Poucos pilotos de matriz lusófona na 70.ª edição

Apesar do Grande Prémio de Macau ter um número superior de corridas e de participantes este ano, dado que as celebrações do 70.º aniversário se prolongam em dois fins de semana de corridas, o contingente de pilotos de matriz lusófona no Grande Prémio de Macau é o mais pequeno de sempre desde o início dos anos 1980

 

“São poucos mas bons”, mas são apenas cinco os pilotos de matriz lusófona da RAEM que irão alinhar nas onze corridas do Grande Prémio. A Taça de Carros de Turismo de Macau – China Touring Car Championship conta com a presença de André Couto e Filipe Souza, sendo que este último já afirmou publicamente que esta será a última vez que disputa o evento enquanto piloto, dado que já cumpriu o seu objectivo de vencer a Corrida da Guia.

Ainda nas corridas de Turismo, Jerónimo Badaraco vai alinhar na TCR Asia Challenge, e caso termine nos oito melhores classificados ainda poderá participar no segundo fim de semana na Corrida da Guia Macau – TCR World Tour, ao passo que Rui Valente tem presença confirmada no Desafio do 70.º Aniversário do Grande Prémio de Macau, uma corrida que acolhe os carros do novo troféu bimarca Toyota/Subaru.

Num ano de muitas ausências, e um pouco contra a corrente, o jovem Tiago Rodrigues, o actual líder do Campeonato da China de Fórmula 4, vai estrear-se no evento na Corrida de Fórmula 4 de Macau, a prova principal do primeiro fim de semana do evento.

Ausências várias

De fora ficarão muitas caras conhecidas do desporto motorizado local, principalmente pelas dificuldades em colocar projectos de pé. Junio Pereira, que se tinha estreado em 2021 nestas andanças, já tinha revelado ao HM no início do ano que dificilmente iria competir este ano. Depois de ter subido ao pódio na Corrida Macau Roadsport Challenge em 2022, Sabino Osório Lei confirmou que não conseguiu concretizar os seus planos de correr este ano, enquanto Delfim Medonça Choi também teve a mesma sorte, ele que estava apostado em correr na TCR Asia Challenge.

Por motivos pessoais, Célio Alves Dias estava fora de Macau quando foram disputadas as corridas de qualificação do AAMC, e assim, ficou impossibilitado de alinhar nas provas de qualificação da Corrida Macau Roadsport Challenge. Luciano Lameiras, outro piloto que também subiu ao pódio em Macau, e o veterano Eurico de Jesus, figuras habituais do Grande Prémio, não constam das listas de inscritos publicadas na passada quarta-feira.

Sem um programa desportivo definido para este ano, após a MG ter colocado em pausa o seu projecto no automobilismo, Rodolfo Ávila é outra das ausências notadas em pista na edição deste ano. Porém, o campeão do TCR China em 2021 terá um primeiro fim de semana bastante ocupado como chefe de equipa, visto que terá de liderar a formação de quatro carros da Asia Racing Team na Corrida de Fórmula 4 de Macau.

Nenhum de Portugal

A exemplo dos dois primeiros anos da pandemia, 2020 e 2021, não viajará nenhum piloto de Portugal para participar no evento, nem nos automóveis nem nas motas. Com oito presenças no Grande Prémio de Motos de Macau, incluindo um sétimo lugar na edição do ano passado, André Pires não foi convidado para a edição deste ano, para enorme desgosto do piloto de Vila Pouca de Aguiar. Sheridan Morais, terceiro na prova do ano, também não irá comparecer, o que colocará um ponto final a uma presença ininterrupta de pilotos portugueses na prova de motociclismo de Macau que durava desde 1986.

O HM sabe do interesse de pilotos de Portugal em participar no evento, em provas de automóveis, mas a obrigatoriedade de terem de participar em provas de qualificação no Interior da China e a tardia publicação dos regulamentos das várias corridas terão arrefecido esse interesse.

27 Out 2023

Táxis | Líder associativo alerta para a falta de motoristas

O presidente da Associação de Mútuo Auxílio de Condutores de Táxi revelou ao HM que não existem motoristas suficientes em Macau para os 500 táxis que o Governo pretende colocar em circulação. Outro dirigente associativo considera a base de licitação elevada e uma barreira à participação de investidores particulares

Depois do anúncio do concurso público para emitir 10 licenças para transporte de passageiros em táxis, que podem resultar na atribuição de alvará a 500 novos táxis, o sector reagiu em bloco.

Em declarações ao HM, o presidente da Associação de Mútuo Auxílio de Condutores de Táxi, Tony Kuok, apontou que o volume de veículos que vão entrar ao serviço irá levar a uma “correria louca para contratar taxistas”.

“Em termos práticos, julgo que serão necessários 1.000 condutores para estes 500 táxis e Macau não tem esse volume adicional de profissionais. Isso irá resultar numa competição feroz entre empresas para atrair taxistas, por exemplo, oferecendo rendas de táxi mais baratas e melhores benefícios”, indicou.

Tony Kuok entende que, neste momento, existem em Macau motoristas suficientes para a frota de táxis em operação, depois da saída de circulação de centenas de veículos durante a pandemia.

Além do aumento da frota, o representante argumentou que quando os novos táxis estiverem prontos para operar muitos motoristas vão estar em idade de reforma. Além disso, afirmou que os profissionais mais jovens têm tendência para trabalhar pouco tempo no sector e procurar outras saídas com melhores rendimentos, como serviços de entrega take-away.

Classe de elite

O vice-presidente da Associação das Taxistas de Macau, Tai Kam Leong, também está preocupado com a escassez de mão-de-obra, mas apontou as “culpas” à atribuição de demasiadas licenças de uma só vez, considerando que a emissão progressiva seria mais eficaz para o sector.

A acérrima competitividade para contratar motoristas, assim como os elevados preços que se perspectivam para comprar uma licença e operação dificultam o processo.

O preço base de concurso para cada licença é de 2,5 milhões patacas, sem contar com o pagamento dos impostos do selo de licença e de alvarás. Além disso, as sociedades concorrentes têm de prestar ainda uma caução de 3,5 milhões de patacas para entrarem no concurso público.

Fontes citadas pelo jornal Ou Mun lamentaram os elevados custos e critérios corporativos para entrar no concurso (nomeadamente a exigência de 5 milhões de patacas como capital social), factores apontados como barreiras à participação de motoristas individuais e de micro-investidores.

As mesmas fontes traçaram um futuro em que o sector ficará cada vez mais concentrado em menos empresas, afectando a competição no mercado e a qualidade do serviço.

26 Out 2023

Novo Bairro | Preço das casas fixado em contrato com Zhuhai

O contrato da compra do terreno do Novo Bairro de Macau pelo Governo da RAEM em Zhuhai impede que os apartamentos sejam vendidos aos residentes a menos de 30 mil renminbis por metro quadrado

 

O Governo de Macau está obrigado a cobrar um preço mínimo de 30 mil renminbis por metro quadrado nas fracções construídas no Novo Bairro de Macau. A revelação foi feita pelo presidente do Conselho de Administração da Macau Renovação Urbana, Peter Lam Kam Seng.

No início da sessão, Lam foi questionado pelo deputado Leong Sun Iok sobre o facto de o preço anunciado para a venda das fracções na Ilha da Montanha estar estabelecido nos 30 mil renminbis por metro quadrado. Leong indicou que o preço é caro, face aos outros montantes cobrados em Zhuhai, e que sem um ajustamento o projecto pode falhar o objectivo de atrair os residentes para habitar no Novo Bairro de Macau.

Na resposta, Peter Lam avançou que não há possibilidades de reduzir o preço, devido ao contrato assinado entre Macau e Zhuhai, para a venda do direito de exploração do terreno na Ilha da Montanha.

“Segundo o contrato assinado com a Direcção de Serviços de Recursos Naturais de Zhuhai não podemos ajustar o preço de venda das fracções no Novo Bairro de Macau, para acompanhar os preços dos imóveis das zonas vizinhas”, esclareceu o presidente da Macau Renovação Urbana. “Não podemos reduzir o preço para menos de 30 mil renminbis por metro quadrado, porque já ficou estabelecido no contrato assinado com Zhuhai e temos de respeitar o espírito do contrato”, acrescentou.

Peter Lam também informou que o terreno na Ilha da Montanha teve de ser adquirido por Macau a Zhuhai, não se tratando de uma oferta, ou de um arrendamento. Porém, não indicou o preço cobrado pelas autoridades da região vizinha, no âmbito do contrato assinado a 9 de Abril de 2020.

“Preço ideal”

Quando questionado sobre o facto de os preços serem mais caros do que os praticados em outras zonas de Zhuhai, mais populares, o presidente da empresa de capitais públicos defendeu que face aos materiais utilizados o “preço é ideal”.

“Quando as pessoas fizerem uma visita às fracções vão achar que o preço é ideal. Uma casa com dois quartos custa cerca de 2,6 milhões de renminbis, se tiver três quartos custa 3 milhões e tal”, vincou o presidente da empresa. Peter Lam destacou também o tipo dos materiais utilizados na construção, muitos deles com origem em Macau, assim como azulejos importados de Portugal.

Por outro lado, Lam Kam Seng indicou que as fracções vão ser complementadas com vários serviços, como escolas, restaurantes, bancos, serviços de correio entre outros. Por isso, o responsável insistiu estar muito confiante face à venda das quatro mil fracções. Contudo, Lam também desdramatizou o cenário das vendas ficarem abaixo do esperado: “Não faz mal porque este é um projecto para melhorar a vida da população”, vincou.

26 Out 2023

Fujian | Ho Iat Seng insiste no caminho da diversificação económica

Em Fujian, o Chefe do Executivo deixou de fora a indústria do jogo do que considerou as “quatro indústrias principais” e prometeu “novas conquistas” ao implementar “as políticas e medidas dadas pelo Governo Central”

 

O Chefe do Executivo descreveu a política 1+4 como definidora das “quatro indústrias principais” do território, onde se incluem as áreas de “big health” (cuidados de saúde abrangentes, em português), finanças modernas, tecnologia de ponta e convenções, exposições e comércio, e cultura e desporto. As declarações foram prestadas em Fujian, no âmbito da 4.ª Reunião da Cooperação Fujian-Macau, e Ho Iat Seng deixou promessas de “novas conquistas”.

Segundo Chefe do Executivo, o Governo “vai implementar, de forma eficaz, as políticas e medidas dadas pelo Governo Central”, “aproveitar as vantagens do apoio da Pátria” e concretizar o “posicionamento de Um centro, Uma plataforma e Uma base, ao mesmo que se integra activamente na construção conjunta da Uma Faixa, Uma Rota,” e promove o desenvolvimento da Grande Baía e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau”. Com este caminho, Ho Iat Seng aponta que território caminha para “alcançar novas conquistas”.

Nesta marcha, o representante da RAEM destacou a cooperação com Fujian, no que diz respeito ao “papel de plataforma entre a China e os países de língua portuguesa” e disse haver espaço para “explorar, em conjunto com Fujian, o mercado dos países de língua portuguesa”.

Ho Iat Seng considerou ainda que Macau e Fujian, em conjunto, podem contribuir para “a modernização com características chinesas e a revitalização da nação chinesa”, através da expansão da “sólida base” de cooperação.

Navegação conjunta

Por sua vez, Zhou Zuyi, secretário do Comité Provincial de Fujian do Partido Comunista Chinês, desejou que o encontro de quarta-feira seja “novo ponto de partida”, considerou que “ambas as partes devem agarrar as oportunidades de negócio da iniciativa Uma Faixa, Uma Rota” e “melhorar ainda mais o mecanismo de cooperação bilateral, e a integração no desenvolvimento nacional”.

Zhou destacou igualmente que “com a implementação aprofundada da construção da Grande Baía, a cooperação entre Fujian e Macau, enfrenta um conjunto de oportunidades sem precedentes”.

O secretário do Comité Provincial de Fujian sugeriu ainda que as duas regiões devem reforçar a cooperação para a “construção de uma nova plataforma de inovação tecnológica, e da cooperação nas áreas da medicina tradicional chinesa, de Big Health e da economia digital e entre outras”.

Zhou Zuyi terminou o discurso com um convite a Macau para “navegar em conjunto para o mar” e promover a cooperação no âmbito da Rota da Seda.

26 Out 2023

Estudo | Profissionais de saúde queixam-se de stress devido demasiado trabalho

Um estudo conclui que cerca de 30 por cento dos profissionais de saúde de Macau sentem stress por desempenharem um leque alargado de tarefas, incluindo “trabalhos desnecessários”. Cerca de 30 a 40 por cento destes profissionais diz ainda sentir stress por fazerem trabalhos que vão além das suas competências

 

Os profissionais de saúde de Macau sentem stress por terem de desempenhar tarefas além das que lhe são habitualmente atribuídas ou por terem de fazer trabalho desnecessário. Esta é uma das conclusões mais relevantes do estudo “Análise sobre os Tipos e as Causas do Stress do Papel dos Profissionais de Saúde de Macau: Numa Perspectiva das Relações nos Locais de Trabalho”, da autoria de Ao Io Weng, coordenador-adjunto da Comissão de Juventude da Federação das Associações dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. O estudo em causa foi publicado na edição de Setembro da revista Administração, publicação da responsabilidade da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP).

Lê-se no estudo que “cerca de 30 por cento dos profissionais reconhecem que sentem stress derivado do conflito de papéis, em virtude de, por exemplo, fazerem trabalhos desnecessários ou de satisfazerem exigências de outros que não são uniformes”.

Enquanto isso, “há também 30 a 40 por cento dos profissionais que reconhecem que sentem stress decorrente da sobrecarga de papéis, ou seja, a natureza ou a carga de trabalho excede as suas competências”. No entanto, acrescenta o autor, “a grande maioria dos profissionais de saúde conhece muito bem o posicionamento do seu papel”, sendo que menos de dez por cento diz sentir stress por não perceber muito bem quais as funções fundamentais que tem de desempenhar.

Uma vez que as origens do stress no local de trabalho podem advir do mau relacionamento entre colegas, por exemplo, o estudo revela que “uma pequena parte, 10 a 20 por cento, dos profissionais de saúde entrevistados reconhece a existência do problema da hostilidade no local de trabalho”.

Este trabalho foi feito com base em 308 questionários válidos, sendo que 78 por cento dos inquiridos são mulheres e 22 por cento homens. Em termos de profissão, predominam os enfermeiros, representando 51,6 por cento dos entrevistados, seguindo-se os médicos, com 26 por cento. Relativamente à idade, os profissionais dos 31 aos 40 anos constituem 33,1 por cento de todos os inquiridos, seguindo-se os trabalhadores de saúde dos 41 aos 50 anos com uma fatia de 29,9 por cento.

A maioria dos participantes no inquérito está habilitada com licenciatura, representando 49,4 por cento, enquanto os com mestrado ou superior representam 29,5 por cento.

Conflitos “não são vulgares”

O autor dá conta que, até à data, não tinham sido publicados muitos estudos sobre as condições de trabalho dos profissionais de saúde no território, apontando para o facto de que “com o desenvolvimento socioeconómico de Macau nos recentes anos, a procura de serviços de saúde por parte dos cidadãos aumentou”. Além do aumento do volume de trabalho devido ao maior acesso à saúde, “se acrescentarmos o impacto da pandemia, os profissionais de saúde têm enfrentado maiores desafios decorrentes do trabalho”.

Tendo em conta os dados apontados, o autor sugere que seja “intensificada a comunicação com o superior hierárquico e entre os colegas por ocasião da planificação das actividades” a fim de “definir objectivos de trabalho que equilibrem as expectativas de todas as partes”, reduzindo situações de stress provenientes de conflitos laborais ou do desempenho de múltiplas tarefas.

Ao Io Weng destaca que “os comportamentos hostis no sector de saúde não são vulgares”, mas há que tomar medidas, nomeadamente a identificação, por parte das autoridades, “das razões pelas quais parte dos profissionais de saúde têm comportamentos hostis”.

Sugere-se a criação de normas contra situações de discriminação no local de trabalho, “por forma a serem defendidos os direitos e os interesses físicos e mentais dos trabalhadores”. Para tal, “talvez possa tomar-se como referência a prática noutros territórios, seguindo o exemplo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, no sentido de desenvolver normas contra a discriminação consagradas na Lei Básica”.

Devem ainda, segundo o autor do estudo, “tomar-se uma pluralidade de medidas que aliviem o stress do papel dos profissionais de saúde”. Pede-se ainda que “seja intensificado o apoio logístico aos profissionais de saúde por parte das instituições de saúde, no intuito de reduzir o tempo e a energia gastos no desempenho de tarefas fora da sua especialidade”.

Devem também ser “definidos critérios racionais” para as tarefas, além de se proceder a uma avaliação do trabalho distribuído a cada profissional. Tudo para “evitar desigualdades na carga de trabalho e na distribuição desadequada resultante das relações no local de trabalho”.

Salários importam mais

Ao Io Weng dá ainda conta que, nos últimos anos, “a comunidade tem prestado bastante atenção às pressões de trabalho e às pressões sobre o moral dos trabalhadores”. Assim sendo, o responsável considera que o Governo tem procurado dar resposta a muitas das questões, “investindo recursos para aperfeiçoar as condições de trabalho destes profissionais e para responder ao aumento contínuo da procura de serviços de saúde”.

São apresentados exemplos como “a construção de um novo hospital (Complexo dos Cuidados de Saúde das Ilhas, no Cotai) e a contratação de mais pessoal de saúde”.

O autor dá conta que “algumas associações do sector da saúde e deputados expressam as suas opiniões junto do Governo no sentido de actualizar as regalias e as remunerações do pessoal de saúde da Administração, com vista à elevação do moral daqueles profissionais”.

Ao Io Weng entende que, no que diz respeito ao bem-estar físico e psicológico dos profissionais de saúde, a sociedade dá mais atenção às infra-estruturas e remunerações, sendo que “condições relativas às relações e à cultura [existente] no local de trabalho) são aquelas a que a mesma pouco atende”.

“No contexto em que os recursos financeiros públicos são limitados, torna-se claro que a pretensão de aliviar as pressões sobre o pessoal de saúde mediante o incremento das despesas públicas não é uma alternativa de preferência”, conclui ainda o autor deste trabalho.

26 Out 2023

Cartaz do Grande Prémio com “gigantes do desporto automóvel”

A organização do 70.º Grande Prémio de Macau, que arranca em 11 de Novembro, prometeu ontem a participação de “jovens estrelas do mundo” e de “gigantes do desporto automóvel”, num evento marcado pelo regresso das provas internacionais.

Numa conferência de imprensa em que o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Mohammed Bem Sulayem, salientou a importância do acordo para o regresso a Macau das Taças do Mundo de Fórmula 3 e GT da FIA nos próximos três ano, a organização sublinhou também que, após os constrangimentos devido à pandemia de covid-19, o território “volta uma vez mais a centrar a atenção do mundo, reforçando a sua imagem e reputação internacional”.

Nesta edição do Grande Prémio de Macau, que vai custar 260 milhões de patacas e realizar-se em seis dias, em vez dos habituais quatro, as primeiras corridas estão marcadas para 11 e 12 de Novembro, com as restantes agendadas de 16 a 19 de Novembro.

Verschoor de regresso

Para a corrida da Fórmula 3 há a registar “uma lista de inscritos com jovens estrelas do mundo das categorias juniores do automobilismo”. Richard Verschoor, dos Países Baixos, vencedor da corrida em 2019, regressa à categoria vindo do campeonato de F2, para defender o título.

Para além de ser realçado o regresso de Dan Ticktum, que se pode tornar no único triplo vencedor na história desta corrida, há outros que regressam à F3 oriundos da F2, e que importa destacar, segundo a organização: “o promissor piloto checo Roman Stanek” e os pilotos da Red Bull Júnior Team, Zane Maloney e Isack Hadjar.

Na Taça GT há um outro sublinhado para o grupo de pilotos que procuram a sua primeira vitória em Macau. Jules Gounon, que venceu as últimas três 12 Horas de Bathurst, actual vencedor das 24 Horas de Daytona e bicampeão das 24 Horas de Spa.

Mas há mais: o ex-campeão do DTM Sheldon van der Linde, pela BMW, Kevin Ester e Thomas Preining, pela Porsche, e o brasileiro Daniel Serra a tentar dar a primeira vitória da Ferrari na Taça do Mundo de GT da FIA este ano. Contudo, estes terão de se bater com antigos vencedores da corrida: Laurens Vanthoor, Augusto Farfus e Raffaele Marciello, Maro Engel e Eduardo Mortara.

Uma palavra ainda para a participação na Taça de carros de Turismo de Macau de dois pilotos locais: o vencedor em 2000 do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, André Couto, num Honda, e o vencedor da Corrida da Guia Macau do ano passado, Filipe Sousa, num Audi.

As duas corridas da FIA terão lugar de 16 a 19 de Novembro, com o formato a incluir duas sessões de treinos livres de 40 minutos e duas sessões de qualificação para a Fórmula 3, bem como duas sessões de treinos de 30 minutos seguidas de uma única qualificação com a mesma duração para os carros GT.

As corridas terão 10 e 15 voltas para a F3 e 12 e 16 para os carros GT. O vencedor do Grande Prémio de Macau será designado também como o vencedor da Taça do Mundo de F3.

Venham mais cinco

São cinco as corridas programadas para 11 e 12 de Novembro: Macau Asia Fórmula 4, Taça GT – Corrida da Grande Baía, TCR Asia Challenge, Macau Roadsport Challenge e uma outra que se encontra ainda em processo de negociação. De 16 a 19 de Novembro vão realizar-se seis corridas: Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 da FIA, Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA, Corrida da Guia Macau – TCR World Tour Final, Grande Prémio de Motos de Macau – 55.ª Edição, Taça de Carros de Turismo de Macau e Desafio do 70.º Aniversário de Macau. Cada uma das seis operadoras de casinos em Macau concedeu um patrocínio de 20 milhões de patacas.

26 Out 2023

Ho Chio Meng | Penhorado descapotável e contas com 24,5 milhões

No final do julgamento de 2017, Ho Chio Meng foi condenado a pagar ao Gabinete do Procurador do Ministério Público cerca de 75,9 milhões de patacas. A “factura” inclui dívidas a título pessoal e dívidas de responsabilidade solidária com os restantes condenados

Duas contas com cerca de 24,5 milhões de patacas e um automóvel da marca BMW do ex-Procurador da RAEM, Ho Chio Meng, foram alvo de penhora, para pagar as dívidas ao Gabinete do Procurador do Ministério Público. O anúncio foi feito pelo Tribunal Judicial de Base e prende-se com o caso julgado em 2017, que resultou na condenação de Ho ao cumprimento de uma pena de 21 anos de prisão.

No final do mediático julgamento, além do cumprimento da pena no Estabelecimento Prisional de Coloane, o primeiro procurador da RAEM foi igualmente condenado a pagar ao Gabinete do Procurador 75,9 milhões de patacas. Entre o valor total, 18,4 milhões de patacas eram pagos apenas por Ho Chio Meng e os restantes 57,5 milhões de patacas solidariamente com os restantes condenados, os empresários Ho Chiu Sun, irmão do procurador, Wong Kuok Wai, Mak Im Tai, Lei Kuan Pun e a então amante Wang Xiandi.

No âmbito da tentativa de recuperar o montante devido, o gabinete do actual procurador tem movido várias acções contra os bens de Ho Chio Meng, e a penhora mais recente visa duas contas bancárias.

Na primeira conta bancária, Ho tinha praticamente 9 milhões de patacas a que se juntam 14,5 milhões de patacas de outra conta, ambas depositadas no Banco Nacional Ultramarino.

Além do dinheiro, entre os bens penhorados está também um automóvel descapotável da marca BMW, modelo 330CI Convertible de duas portas, que foi produzido entre Dezembro de 1999 e Novembro 2006, e que tinha um preço original que variava entre 400 mil e 500 mil patacas. A nível mundial foram produzidas cerca de 277 mil unidades.

Finalmente, a penhora inclui “mobílias, enfeites, esculturas, notas comemorativas, moedas de prata e outros 34 itens”, que se encontram à guarda do próprio Ministério Público.

Sempre a perder

Não é a primeira vez que o Gabinete do Procurador do Ministério Público move penhoras ao património de Ho Chio Meng.

Anteriormente, um imóvel em nome do procurador e da mulher, um apartamento de luxo no Edifício Villa de Mer, avaliado em 8,19 milhões de patacas, foi utilizado para pagar as dívidas de 75,9 milhões. O mesmo aconteceu com 13,6 milhões de patacas que, logo no acórdão de condenação, foram “declarados perdidos” a favor da RAEM.

O primeiro Procurador da RAEM foi condenado em 2017 a uma pena de prisão de 21 anos pela prática de 1092 crimes pelo Tribunal de Última Instância. Ho Chio Meng era acusado de 1536 crimes, mas devido a prescrições, conversão de crimes múltiplos em continuado e absolvições, a sentença apenas deu como provados 1092, dispensando 444 crimes.

26 Out 2023

Justiça | Kong Chi rejeita que licença sem vencimento fosse tentativa de fuga

O arguido afirmou que a licença serviu para acompanhar a mãe que sofre de depressão e vive no Interior. O procurador-adjunto lamentou também a incapacidade de produzir certas provas por estar preso e sem acesso ao telemóvel pessoal

 

O procurador-adjunto, Kong Chi rejeitou a ideia de que a licença sem vencimento que começou a gozar em Fevereiro de 2022 indiciava uma tentativa de fuga. As declarações foram prestadas na terça-feira, durante mais uma sessão do julgamento que decorre no Tribunal de Segunda Instância.

De acordo com o relato da sessão reproduzido pelo jornal All About Macau, Kong Chi foi questionado por Lau Io Keong, advogado de defesa, se tinha feito o pedido para gozar uma licença sem vencimento de forma a poder fugir, por saber que estava a ser alvo de uma investigação.

Na resposta, Kong indicou que esteve afastado do trabalho devido a uma necessidade familiar, dado que a sua mãe enfrentava uma depressão. Kong Chi complementou que nesse período esteve no Interior. “Por fim consegui controlar a situação da minha mãe… nunca tive qualquer intenção de ‘desaparecer’”, respondeu o arguido.

A licença de vencimento foi aprovada pelo Procurador da RAEM, Ip Son Sang, em Janeiro de 2022, e começou a vigorar no mês seguinte. Apesar dos vários contactos para que a razão da licença sem vencimento de Kong Chi fosse explicada, o Ministério Público não se pronuncia sobre este aspecto.

Desde o estabelecimento da RAEM, que Kong Chi foi o único procurador-adjunto a gozar de uma licença sem vencimento de longa duração sem uma justificação oficial.

Limitações da prisão

Durante a sessão de terça-feira, Kong Chi abordou também o facto de não ter conseguido produzir várias provas para as afirmações que tem proferido, como aconteceu com a origem de 720 mil patacas, encontradas num cofre. Sobre esta dificuldade, Kong indicou que se deve ao facto de estar em prisão preventiva, o que o impede “de fazer muitas coisas”.

O procurador-adjunto argumentou também que sem o telemóvel pessoal, que foi apreendido, apesar da ajuda dos advogados, não consegue contactar pessoas para serem testemunhas ou para obter certas provas para sustentar as suas declarações. Ainda assim, o arguido indicou que mesmo que não consiga realizar a prova, não é impossível provar as suas declarações.

Contudo, em relação à acumulação de riqueza, Kong Chi afirmou que ainda antes de entrar para o Ministério Público trabalhou no departamento de tradução jurídica, onde tinha um índice salarial de 485 pontos. Nesse sentido, Kong apelou ao colectivo de juízes para considerar o seu percurso profissional e a acumulação de riqueza ao longo dos anos.

Kong Chi é acusado de 89 crimes, incluindo associação criminosa, corrupção, abuso de poder e violação de segredo de justiça. O Ministério Público acusa o procurador-adjunto de ter bens no valor de 14 milhões de patacas com origem desconhecida.

26 Out 2023

Táxis | Base de licitação de licenças fixado em 2,5 milhões de patacas

O Governo abriu ontem o concurso público para 10 licenças para transporte de passageiros em táxis, que podem resultar na atribuição de alvará a 500 novos táxis. A base de licitação para as licenças é de 2,5 milhões de patacas e as empresas concorrentes têm de prestar uma caução de 3,5 milhões de patacas

 

A Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ontem a abertura do concurso público que poderá acrescentar 500 veículos à frota de táxis que opera em Macau. O anúncio publicado ontem no Boletim Oficial estipula que “serão atribuídas dez licenças gerais para o transporte de passageiros em táxis, tendo cada sociedade adjudicatária direito a requerer a atribuição de alvará afecto à licença a um máximo de 50 táxis que preencham os requisitos legais, num total de 500 táxis gerais”. As licenças terão uma validade de oito anos, a contar da data da emissão.

Os interessados podem submeter propostas até às 17h de 23 de Novembro, que serão abertas na manhã do dia seguinte no edifício da DSAT. O preço base de concurso para cada licença é de 2,5 milhões patacas, além do pagamento dos impostos do selo de licença e de alvarás.

As sociedades concorrentes têm de prestar ainda uma caução de 3,5 milhões de patacas, através de depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução.

O Governo não abria um concurso público para atribuir licenças de táxis desde 2018. Nessa altura a validade das licenças também era de oito anos, mas os preços por uma licença variaram entre pouco mais de 810 mil patacas e 988 mil patacas.

O candidato perfeito

O anúncio da DSAT estipula os requisitos que os concorrentes têm de preencher, afastando do concurso candidaturas individuais. Assim sendo, é exigido que as concorrentes tenham sede social e estabelecimento comercial na RAEM, e capital social de, pelo menos, 5 milhões de patacas.

Como é natural, as empresas devem ter como “objecto social exclusivo a exploração da actividade de transporte de passageiros em táxi”, e não terem sido declaradas falidas, a menos que tenham sido reabilitadas, nem terem contribuições, impostos ou multas relativas a transporte de táxi por pagar.

O Governo afastou também a possibilidade de admitir a participação de consórcios no concurso e limitou a atribuição de apenas uma licença a uma empresa, que só poderá apresentar uma proposta. Além disso, as empresas concorrentes não podem ser titulares ou co-titulares de mais de 300 alvarás de táxi.

Em relação aos critérios de adjudicação, a DSAT revelou ontem que o preço das licenças terá um peso de 40 por cento, o “projecto sobre a exploração do transporte de passageiros em táxi” 50 por cento, e o “plano de frota de veículos de exploração” 10 por cento.

No passado mês de Julho, a frota de táxis em operação em Macau totalizava 1.593 veículos, dos quais 1.293 eram táxis normais (táxis pretos) e 300 táxis especiais (exclusivos para marcações através de telefone ou aplicações móveis). O volume da frota nessa altura contrastava com o período em que havia mais táxis em circulação, em 2019, quando circulavam mais de 1.900 táxis em Macau.

26 Out 2023