João Santos Filipe Manchete SociedadeJockey Club | Gatos adoptados com problemas de saúde Entre os 22 gatos adoptados que viviam no Macau Jockey Club, foi detectado um surto de panleucopenia felina, que levou à morte de pelo menos dois animais. Após a informação ter sido tornada pública, a empresa do Macau Jockey Club anunciou a distribuição de um apoio de 5 mil patacas para os adoptantes Entre os 22 gatos disponibilizados para adopção pelo Macau Jockey Club e a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais de Macau, pelo menos oito estavam infectados com panleucopenia felina e dois morreram. A informação foi divulgada pela ANIMA. De acordo com a associação, oito felinos foram diagnosticados com infecções do parvovírus, que é tido como altamente contagioso e perigoso. Entre estes oito, dois morreram e seis estão, ou estiveram, em estado grave, necessitando de receber tratamentos médicos dispendiosos. A detecção de um surto da doença nos gatos que estavam no Jockey Club não é uma surpresa, uma vez que logo no dia das adopções houve três gatos, dos 25 inicialmente disponíveis, que foram diagnosticados com a doença. Por este motivo, apenas 22 gatos foram adoptados durante a campanha. A ANIMA informou também que entre esses 22 gatos apenas dois não apresentaram qualquer problema de saúde. Contudo, houve outros casos em que os felinos tiveram bronquite grave, queda de dentes, apesar de terem apenas um ano, e outras infecções do sistema respiratório. “Lamentamos profundamente o pesado encargo financeiro causado aos adoptantes ou a dor e o sofrimento dos gatos e gatinhos adoptados que faleceram devido ao vírus”, foi indicado. “Prometemos continuar a comunicar activamente com o Jockey Club de Macau, a fim de obter uma compensação pelas despesas médicas incorridas pelos adoptantes”, foi acrescentado. Além dos gatos da adopção promovida pelo Macau Jockey Club e pela ANIMA, Mary Jean Reimer, actriz, advogada e activista pelos direitos dos animais de Hong Kong, também revelou que um dos gatos do Jockey Club que adoptou testou positivo para à panleucopenia felina. Resposta positiva Quando emitiu o primeiro comunicado, a ANIMA ainda não tinha a confirmação de que os tratamentos dos gatos doentes iriam ser pagos pelo Macau Jockey Club. Inicialmente, temeu-se que teriam de ser os adoptantes a pagar os custos. Contudo, ontem, quase 24 horas depois da primeira publicação a relatar os problemas, a administração da empresa concordou em distribuir um apoio de 5 mil patacas por cada gato adoptado. O Macau Jockey Club viu-se envolvido numa nova polémica com os gatos, quando em meados deste mês tentou enviar cerca de 100 felinos para o Interior, para um destino desconhecido e que nunca fui revelado. O envio dos gatos recebeu a aprovação do Instituto para os Assuntos Municipais, que num comunicado até prometeu garantir as condições de saúde dos animais para o transporte para Zhuhai. Todavia, várias associações de protecção dos animais locais mobilizaram-se para impedir este desfecho. Além da campanha de promoção das adopções, também as associações receberam vários dos gatos. Os animais foram criados como bravios no Macau Jockey Club, onde tinham como função caçar ratos, dado que a utilização do espaço pelos cavalos impedia a utilização produtos químicos. No entanto, como não tinham sido esterilizados, os gatos reproduziram-se até chegarem a ser cerca de 100. Agora sabe-se também que tinham desenvolvido várias doenças.
João Luz Manchete SociedadePagamentos | Instituições ensinam idosos a usar telemóveis Um inquérito revelou que mais de três quartos dos inquiridos com mais de 60 anos não sabem fazer pagamentos electrónicos. Nesse sentido, o Governo está a incentivar instituições sociais a organizar cursos e palestras para ensinar idosos a usar aplicações móveis. Além disso, os CTT lançaram descontos para idosos na compra de telemóveis No ano passado, a Associação Geral dos Idosos Respeitosos de Macau efectuou um inquérito sobre o uso de telemóveis por parte de pessoas com mais de 60 anos. Apesar de mais de 90 por cento ter respondido que usava telemóvel, 76,8 por cento admitiu não saber fazer pagamentos electrónicos e 18,6 por cento dos inquiridos afirmaram que os pacotes de dados móveis e os telemóveis são caros, reduzindo ao mínimo o seu uso. As estatísticas foram apresentadas pelo deputado Leong Hong Sai, numa interpelação escrita, em que conclui que “a consciência dos idosos sobre o uso das tecnologias inteligentes” é fraca. Em resposta, o presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai, elencou uma série de medidas destinadas a apetrechar os mais velhos com conhecimentos tecnológicos. Com o intuito de “fomentar a generalização informática”, o IAS tem incentivado instituições sociais “a ensinar os idosos a utilizar equipamentos informáticos, incluindo smartphones, através dos cursos recreativos, workshops, cursos ou palestras”. Hon Wai destacou a utilidade do uso de aplicações como a “Conta Única”, “Localização dos Autocarros” e a “Plataforma de Dados de Saúde de Macau”. Além disso, o presidente do IAS referiu que, para “demonstrar o carinho para com os idosos, os CTT têm vindo a incentivar os operadores de serviços de telecomunicações móveis a lançar benefícios especialmente concebidos para esta faixa etária”. Os planos oferecem “dados ilimitados com velocidade restrita e permitem a compra de telemóveis a preços promocionais”. Estar alerta O presidente do IAS lembrou ainda que a população mais velha pode também inscrever-se em cursos do programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo para aplicações de telemóvel e utilização segura da internet. Hon Wai salientou também o esforço para evitar que a população mais velha seja vítima de burlas. Além das acções de sensibilização em instituições sociais que oferecem serviços a idosos, as autoridades policiais realizaram, no ano passado, 126 “palestras anti-burla”, nas quais participaram mais de 8.300 pessoas. A par disso, no ano passado, “a Polícia Judiciária deslocou-se a restaurantes chineses, recreios, mercados e áreas de vendilhões” para sensibilizar os idosos a estarem atentos a esquemas de burlas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaIlha da Montanha | Queixas de obstáculos à integração Longas filas para atravessar a fronteira, serviços de saúde insuficientes, moradas que não são reconhecidas e cartas que nunca chegam ao destino. São alguns dos problemas dos residentes de Macau em Hengqin, que o deputado Nick Lei espera que o Governo consiga resolver O deputado Nick Lei afirma que existem muitos obstáculos para garantir a integração dos residentes de Macau em Hengqin, e pede às autoridades que tomem novas medidas para melhorar a situação. Ouvido pelo jornal do Cidadão, o deputado ligado à comunidade de Fujian indicou como um dos principais obstáculos a falta de condições para atravessar a fronteira, o que faz com que quem vive em Hengqin, mas trabalha ou estuda em Macau tenha de enfrentar frequentemente filas longas, principalmente durante os feriados ou nas horas de ponta. Como solução para esta questão, o deputado propõe que as autoridades de Macau se coordenem com a Alfândega de Hengqin para instalarem balções ou canais de inspecção automáticos nas fronteiras apenas para residentes de Macau, com vista a aumentar a rapidez da passagem fronteiriça. Em relação aos problemas identificados, Nick Lei aponta também que o centro de saúde do Novo Bairro de Macau, em Hengqin, que começou a funcionar em Novembro do ano passado, não tem serviço regular de colheita de sangue. Outra das falhas identificadas, é o facto de alguns medicamentos disponíveis em Macau não se encontrarem em Hengqin. Os serviços de saúde no bairro para residentes de Macau são assim tidos como insuficientes. Lei revela mesmo que houve residentes que tiveram de vir a Macau receber os tratamentos de saúde necessários, uma vez que não estavam disponíveis em Hengqin. Problemas burocráticos No rol de queixas que consta das declarações prestadas ao Jornal do Cidadão, Nick Lei afirma que vários residentes encontram dificuldades quando têm de declarar a morada na Ilha da Montanha junto dos serviços públicos ou instituições financeiras de Macau. De acordo com o deputado, é frequente que as moradas em Hengqin não sejam aceites nas instituições locais como uma morada reconhecida em Macau. Outra situação frequente, acontece quando a morada na Ilha da Montanha é reconhecida, mas a correspondência nunca chega ao destino. Lei pede assim às autoridades que peçam aos correios do outro lado da fronteira para encontrarem uma forma de ultrapassar este obstáculo. Por outro lado, Lei lamentou que a medida das autoridades do Interior para que os carros com matrícula de Macau autorizados a circular em Hengqin pudessem circular em toda a província de Cantão ainda não tenha saído do papel, apesar de anunciada. Nick Lei compreende que a integração é um processo que leva o seu tempo, mas defende que estes aspectos devem ser melhorados rapidamente, para atrair mais residentes de Macau para Hengqin.
João Santos Filipe Manchete PolíticaParques Industriais | Empresa com lucros de 10 milhões de patacas Apesar dos lucros operacionais da Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau terem piorado face a 2023, os ganhos com juros de capital permitiram melhorar os resultados em cerca de 7 por cento No ano passado, a Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau alcançou lucros de 10,01 milhões de patacas. A informação foi disponibilizada pela empresa no portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos. Os lucros de 2024 representam um aumento de 7,37 por cento em comparação com 2023, quando os ganhos da empresa detida pelo Governo da RAEM tinham sido de 9,33 milhões de patacas. O aumento dos lucros marca uma inversão da tendência de redução face ao período entre 2022 e 2023, quando se registou uma quebra de 71,8 por cento de 33 milhões de patacas dos lucros para 9,33 milhões de patacas. Todavia, nessa altura, a companhia explicou que os lucros de 2022 tinham tido na origem em receitas extraordinárias cerca de 31,8 milhões de patacas, explicados com “transferências de contratos”. No ano de 2024, as principais receitas da Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau ficaram a dever-se ao arrendamento dos espaços no Parque da Concórdia, em Coloane, e Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau, construído na Ilha Verde. No último ano as rendas renderam à empresa 18,18 milhões de patacas, enquanto no ano anterior o montante tinha sido de 18,15 milhões de patacas. Todavia, a grande diferença para o aumento dos lucros aconteceu devido às receitas com os juros de capital que subiram de 5,96 milhões de patacas, em 2023, para 7,30 milhões, em 2024. Mais despesas Os juros gerados pela empresa contribuíram para disfarçar o desgaste dos lucros operacionais, ou seja, a diferença entre os ganhos da empresa com a principal actividade, o arrendamento dos espaços, e as despesas de funcionamento. Como consequência, os lucros operacionais desceram de 4,56 milhões de patacas para 4,03 milhões de patacas. Este “desgaste” ficou a dever-se principalmente ao aumento de despesas totais com os membros da administração e trabalhadores, dado que o peso subiu de 5,80 milhões de patacas para 6,05 milhões de patacas. Em 2024, a empresa manteve o número de trabalhadores, que totalizaram 10 funcionários, mas os custos com salários, que excluem o pagamento dos membros da administração, subiram de 3,85 milhões de patacas para 4,14 milhões de patacas. O pagamento dos membros da administração aumentou de 1,36 milhões de patacas para 1,43 milhões de patacas. No ano passado, Lo Ioi Weng foi substituído como presidente do conselho da empresa por Chan Hon Sang, que tem prevista uma remuneração anual de 1,29 milhões de patacas. A Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau tem como accionistas a RAEM e o Instituto de Promoção de Comércio e do Investimento (IPIM), aos quais entregou 1,09 milhões de patacas em dividendos, o mesmo valor que em 2023. Aposta na diversificação A Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau foi criada em 1993 com o objectivo de atrair investimento e indústrias para o Parque da Concórdia em Coloane. Em 2003, a empresa ficou responsável pela exploração do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau, construído na Ilha Verde, espaço criado com o objectivo de diversificar a indústria do território. A empresa tem assim como objectivo desenvolver e gerir terrenos que ficaram reservados para o desenvolvimento industrial e actividades relacionadas, de acordo com o portal da companhia.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeViolência | Dois feridos no centro de Macau em ataque com faca Ocorreu ontem, ao final da tarde, um ataque com faca no centro histórico de Macau, junto à Travessa dos Anjos, dentro de uma loja de telecomunicações. Segundo informações divulgadas pelo canal chinês da Rádio Macau e jornal Ou Mun, um dos residentes, com 26 anos, foi ferido na zona do pescoço e perdeu a consciência, tendo sido enviado de urgência para o Centro Hospitalar Conde de São Januário. O outro residente, de 29 anos, sofreu apenas um corte no braço esquerdo e foi enviado para o Hospital Kiang Wu para receber tratamento médico, depois de ter sido estabilizado pela equipa de bombeiros que se deslocou ao local. O incidente ocorreu por volta das 18h e suspeita-se que o alegado autor do ataque, também ele residente, teria na sua posse uma faca quando começou uma discussão dentro da loja. Suspeita-se também que o mesmo tenha problemas do foro mental. Quando os agentes das forças de segurança chegaram ao local conseguiram interceptar o homem, tendo a loja sido encerrada de seguida. Até ao fecho desta edição ainda não tinha sido divulgada qualquer informação em língua portuguesa.
João Luz Manchete SociedadeRenovação Urbana | Habitação para troca na Areia Preta concluída A Macau Renovação Urbana revelou ontem a conclusão do complexo habitacional para troca erigido no terreno que esteve destinado ao Pearl Horizon. O complexo é composto por seis blocos que oferecem mais de 2.000 apartamentos, dos quais quase 1.900 já estão escolhidos Ontem foi dado mais um passo para compensar os compradores lesados do projecto de construção Pearl Horizon, na Areia Preta, com o anúncio da empresa de capitais públicos Macau Renovação Urbana que indicou a conclusão do projecto do complexo habitacional para troca, no lote P. Segundo a apresentação no comunicado da Macau Renovação Urbana, o “Pearl Metropolitan é composto por seis blocos de apartamentos, fornecendo 2.064 fracções autónomas. Cada bloco está equipado com quatro elevadores. O parque de estacionamento tem 1.873 lugares para automóveis e 490 lugares para motociclos. Além disso, o “Pearl Metropolitan” tem clubhouse, piscina, ginásio e parque ao ar livre. Para já, os seis prédios estão a ser submetidos a uma inspecção para garantir a qualidade, e a Macau Renovação Urbana garante que vai permitir gradualmente visitas a requerentes da habitação para troca que já escolheram as fracções que desejam. Segundo os dados da empresa, até o fim de 2023, havia um total de 1.923 requerentes qualificados e 1.880 fracções já tinham sido escolhidas. No entanto, 47 requerentes acabaram por não escolher apartamentos, e foram suspensos cinco processos. Terra partilhada O lote P onde esteve prevista a construção do Pearl Horizon tinha uma área total de cerca de 68 mil metros quadrados. Parte deste lote foi aproveitada para a construção da Residência para Idosos, enquanto cerca de 40 mil metros quadrados do terreno servem para a construção da habitação para troca e a construção da habitação para alojamento temporário. A construção do Pearl Metropolitan começou em 2021, e o complexo habitacional foi apresentado como uma resposta às necessidades dos compradores lesados depois de um processo litigioso em que o Governo levou a melhor nos tribunais ao promotor Polytec. A concessão do terreno foi declarada inválida em Janeiro de 2016, por ter sido ultrapassado o prazo para concluir a construção, pelo Chefe do Executivo Chui Sai On. No fim da batalha judicial, o Tribunal de Última Instância, na altura presidido por Sam Hou Fai, deu razão ao Governo.
João Luz Manchete SociedadeSaúde mental | Pedidos critérios para tratamento compulsivo Lam Lon Wai sugeriu a optimização de normas e critérios relativos ao envio de doentes com perturbações mentais para tratamento compulsivo. O deputado argumenta que os trabalhadores da linha da frente enfrentam situações ambíguas que precisam de clareza. Além disso, prevê o aumento dos problemas de saúde e pede reforços a nível dos recursos humanos Lam Lon Wai voltou a interpelar o Governo sobre os desafios que Macau enfrenta em relação à saúde mental da população. Num contexto de registos recordistas de suicídios, e depois de o Governo ter negado recentemente o uso de ferramentas de inteligência artificial numa plataforma de apoio psicológico, o deputado pediu uniformização de critérios e eliminação de “zonas cinzentas” no tratamento compulsivo de pessoas com perturbações mentais. O deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau recorda que Macau “dispõe de legislação sobre saúde mental, para assegurar a implementação adequada do tratamento compulsivo, cuja base legal foi estabelecida antes do retorno de à pátria”. No entanto, “segundo o sector, nas situações urgentes, os trabalhadores deparam-se com muitas dificuldades e obstáculos ao nível da colaboração e da resposta às situações, nomeadamente no âmbito da comunicação e do transporte para o hospital, e os critérios são ambíguos”. Assim sendo, para dar resposta a “casos de alto risco”, Lam Lon Wai pergunta se as autoridades vão optimizar as normas e os critérios do envio de doentes para tratamento hospitalar, ressalvando a necessidade de equilibrar “os direitos e interesses, a segurança do público e as exigências de tratamento”. Para toda a obra Após enaltecer o esforço das autoridades nos últimos anos para elevar o nível da saúde mental em Macau, Lam Lon Wai salientou o alargamento da rede de cuidados comunitários e a formação de “guardiões de vida”. “O Governo criou um grupo de trabalho especializado para unir as associações comunitárias, optimizar o mecanismo de prevenção, reforçar as medidas de emergência e prestar atenção à saúde mental da comunidade”, apontou. No entanto, com o “rápido desenvolvimento socioeconómico”, Lam Lon Wai indica que “as perturbações mentais nos bairros comunitários locais têm aumentado e envolvem pessoas cada vez mais jovens”. O resultado, revelado por um estudo local que o deputado não especifica, é o aumento do número de residentes que enfrentam “desafios ao nível da saúde psicológica e mental”. Para corresponder a este cenário, o deputado pede ao Executivo medidas que aperfeiçoem a distribuição dos recursos humanos, tendo em conta que nos serviços comunitários de reabilitação mental, cada trabalhador é responsável, em média, por 30 casos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAeroporto | Cantão promete mega centro com Macau e Hong Kong Num documento apresentado na segunda-feira, o Governo Popular da Província de Cantão admite que vai ligar Hengqin à rede de comboios de alta velocidade, com a construção do troço entre Hezhou e a Ilha da Montanha O Governo Popular da Província de Cantão tem planos para desenvolver um centro gigantesco de aeroportos que vai incluir Macau e Hong Kong. O projecto consta do “Plano de Acção Trienal para o Desenvolvimento de Alta Qualidade”, que vai entrar em vigor a partir deste ano e se prolonga até 2027. De acordo com o ponto quatro do plano apresentado na segunda-feira, em três anos é esperada a construção de “um centro de aeroportos com classe mundial” que vai passar pela expansão do Aeroporto de Guangzhou Baiyun, a construção da terceira pista do Aeroporto de Shenzhen Bao’an e o início das obras do Novo Aeroporto de Guangzhou. No âmbito deste projecto, as autoridades de Cantão esperam ainda “aprofundar a cooperação no domínio da aviação civil na área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, e apoiar a transformação de Guangzhou na construção de um de centros de aviação internacional e de Shenzhen num centro regional de aviação. O comunicado sobre o plano apresentado na segunda-feira não indica os detalhes de como vai ser feita a coordenação com Macau e Hong Kong a nível dos aeroportos, embora este seja um dos aspectos focados. Além da aviação, o Governo Popular da Província de Cantão aposta numa maior ligação a nível das infra-estruturas de transportes com Macau, que passa por “promover uma melhor integração de Hong Kong e de Macau no desenvolvimento nacional global e melhorar o sistema de transportes rápidos que liga os portos das cidades do Delta do Rio das Pérolas”. O reforço das ligações transfronteiriças com Macau e Hong Kong é um dos principais objectivos destacados. Aposta na Montanha Como parte dos projectos para os próximos três anos, o Governo Popular da Província de Cantão define ainda como meta a expansão do comboio de alta velocidade para a Ilha da Montanha, com a construção do troço entre Hezhou e Hengqin. A maior integração promovida pelas autoridades de Cantão face a Macau e Hong Kong inclui também uma vertente virada para os portos marítimos, definida pela política “um centro, dois pólos”, em que os portos das regiões administrativas vão contribuir para criar uma ligação à principal cidade do Interior. Em termos das rotas marítimas de passageiros, ao contrário do que acontece com as ligações com Hong Kong, os residentes de Macau podem esperar ainda mais, e mais frequentes, ligações com o Interior. Isto porque o plano pretende não só “melhorar o nível dos serviços nas rotas com Hong Kong e Macau”, mas também “optimizá-las com alterações em ambos os lados do Estuário do Delta do Rio das Pérolas”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCooperação | Sam Hou Fai aposta em Heilongjiang para diversificar economia Durante um encontro entre o Chefe do Executivo e os representantes de Heilongjiang foram assinados vários memorandos em áreas como indústria, medicina-tradicional chinesa, educação ou comércio O Chefe do Executivo espera que Macau consiga utilizar a base industrial de Heilongjiang para diversificar a economia local. A esperança foi deixada durante um encontro, à porta fechada, entre Sam Hou Fai e Xu Qin, secretário do Comité Provincial de Heilongjiang do Partido Comunista da China e presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Provincial, que decorreu na segunda-feira. De acordo com a versão oficial, Sam Hou Fai destacou que “Heilongjiang possui uma base industrial sólida, com ricos recursos ecológicos” e defendeu que as duas partes devem utilizar as “vantagens diferentes em recursos e indústrias” para reforçar a cooperação, e contribuir para a diversificação da economia de Macau. Como tem defendido nos encontros com representantes do Interior, o Chefe do Executivo indicou também que existe uma perspectiva de cooperação “ampla”, a nível da “economia, comércio, ciência, tecnologia, educação, turismo cultural e desporto” para “injectar uma nova dinâmica na promoção do desenvolvimento da diversificação adequada da economia de Macau”. O Chefe do Executivo apontou também que o Governo da RAEM vai cumprir “o espírito dos discursos importantes do Presidente Xi Jinping”, o que passa por “persistir no princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, desempenhar plenamente o papel de Macau enquanto elo e ponte de ligação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, articular-se activamente com as grandes estratégias nacionais, tais como a iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e a construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Assinatura de protocolos O encontro serviu igualmente para assinar diferentes protocolos, cujos alcances não foram revelados no comunicado que fez o relato da reunião. Os protocolos assinados foram o “memorando de cooperação turística entre o Departamento de Cultura e Turismo da Província de Heilongjiang e a Direcção dos Serviços de Turismo da RAEM”, o “memorando de cooperação entre o Departamento de Comércio da Província de Heilongjiang e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento da RAEM”, o “memorando de cooperação entre o Departamento de Educação da Província de Heilongjiang e a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude da RAEM”. Foram ainda assinados o “acordo-quadro de cooperação estratégica na área da medicina tradicional chinesa entre os Serviços de Saúde da RAEM e a Administração de Medicina Tradicional Chinesa da Província de Heilongjiang”, o “acordo-quadro de intercâmbio e cooperação na área de desporto entre a Administração do Desporto da Província de Heilongjiang e o Instituto do Desporto da RAEM”, o “memorando de cooperação sobre o aprofundamento conjunto do intercâmbio e desenvolvimento da juventude entre a federação da juventude da Província de Heilongjiang e a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude da RAEM”, e o “acordo de cooperação sobre a construção do ‘laboratório conjunto da certificação de qualidade de medicamentos de Heilongjiang e inovação de produtos’ entre a Universidade de Macau e a academia da medicina tradicional chinesa da Província de Heilongjiang”.
Nunu Wu Manchete SociedadeMacau Pass | Milhares de idosos carregaram cartão para descontos Logo pelas primeiras horas da manhã, idosos formaram filas à porta dos serviços para trocar ou carregar os cartões Macau Pass e aceder aos descontos do Grande Prémio do Consumo. Até às 13h, mais de 22.200 idosos já tinham aproveitado os benefícios do programa de incentivo ao consumo Ainda antes de abrir as portas, uma fila com cerca de meia centenas de pessoas formava-se à entrada do centro de serviços da Macau Pass na Areia Preta, anunciando o início de mais uma ronda do Grande Prémio do Consumo, que começou ontem. Antes de arrancar a iniciativa destinada a distribuir cupões de consumo aos residentes, para impulsionar os negócios do comércio local nos bairros afastados dos circuitos turísticos, mais de 10 mil residentes pediram para trocar o Macau Pass para idosos, 6 mil dos quais já tinham o cartão pronto para usar. Os restantes, além dos residentes que quiseram carregar o cartão para aceder ao desconto automático de 300 patacas e começar a beneficiar do desconto de 50 por cento em compras, acorreram às lojas da Macau Pass, assim como aos vários postos de serviços para carregar os cartões. O director dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), Yau Yun Wah, revelou que até às 13h de ontem, mais de 22.200 idosos já tinham aproveitado descontos ao abrigo da iniciativa, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau. O responsável adiantou que o processo estava a decorrer sem problemas. Porém, alguns idosos que esperavam na fila do centro da Macau Pass na Areia Preta indicavam que a abertura mais cedo da loja teria facilitado a vida aos residentes. Uma idosa adiantou à emissora pública que se descolou à loja para receber o cartão novo, mas que o local estava repleto de residentes que queriam carregar o cartão, ver o seu saldo, pedir segundas-vias de cartões, o que resultou numa situação algo caótica. Nas imediações do centro de serviços da Macau Pass na Areia Preta, a fila de residentes obstruiu portas de prédios, lojas e parques de estacionamento. Atenção às fraudes O director da DSEDT afirmou também que o Governo estará atento a actividades fraudulentas durante a campanha de incentivo ao consumo e que foi criado um mecanismo de supervisão em conjunto com as instituições financeiras com aplicações de pagamento para evitar que consumidores comprem algo online para aceder ao sorteio e de seguida cancelem a transacção. Caso sejam detectadas actividades deste género, os residentes serão impedidos de participar no sorteio de cupões para a transacção fraudulenta. O presidente da Associação Comercial de Macau, Frederico Ma Chi Ngai, mostrou-se optimista em relação ao impacto do Grande Prémio do Consumo nos negócios das pequenas e médias empresas. O dirigente da associação que organiza a iniciativa com o Governo adiantou ao canal chinês da Rádio Macau que cerca de uma centena de comerciantes planeia acrescentar uma campanha de descontos ao programa de incentivo ao consumo, e que é esperado que mais comerciantes sigam o exemplo.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMaternidade | Pedida atribuição de abonos de família Face à queda da natalidade, as associações pedem ao Governo de Sam Hou Fai que aumente o número de apoios às famílias. Além do subsídio de nascimento, actualmente de 5.418 patacas, pede-se a criação de um abono de família e a extensão das licenças de maternidade e paternidade A Associação Geral das Mulheres de Macau e a Associação dos Jovens do Povo defenderam a atribuição de abonos de famílias para ajudar as famílias locais a fazerem face aos cada vez maiores encargos financeiros. Através de um comunicado, Loi I Weng, vice-presidente da Associação das Mulheres, indicou que existem actualmente cerca de 23 províncias do Interior a distribuir subsídios. Por exemplo, a cidade Hefei, na província de Anhui, distribui um único abono aos casais com dois ou três filhos, com um valor que vai dos 2 mil renminbis aos 5 mil renminbis. Por sua vez, as autoridades da cidade Jinan, na província de Shandong, distribuem um apoio mensal para as famílias que têm duas ou três crianças de 600 renminbis por criança, até estas perfazerem três anos. Em Macau, Loi I Weng reconheceu que há um subsídio de nascimento, actualmente no valor de 5.418 patacas. Contudo, Loi defende que o valor deve ser aumentado e deve ser ponderada a distribuição de um abono de família, tendo como referência o valor do subsídio para cuidadores ou do subsídio de família dos funcionários públicos, que têm o valor de 2.175 patacas e 940 patacas, respectivamente. Por seu turno, o vice-presidente da Associação dos Jovens do Povo Tam Sio Pang também defendeu a ideia do subsídio para assistência na infância. Ouvido pelo jornal Ou Mun, o responsável da associação subordinada Aliança de Povo de Instituição de Macau sugeriu que o Governo deve seguir a prática da cidade Hohhot, capital da Região Autónoma da Mongólia Interior, que oferece um subsídio único no valor de 10 mil renminbis para os casais que têm um filho. Quando os casais têm dois filhos recebem cerca de 50 mil renminbis ao longo de 5 anos, e se tiverem três filhos recebem 100 mil renminbis ao longo de 10 anos. Outros pedidos Além do subsídio, os responsáveis das associações defenderam que também é importante o Governo lançar outras medidas para criar um “ambiente mais favorável” ao aumento da taxa de natalidade. Loi I Weng sugeriu ao Governo que subsidie as empresas, para estas implementarem medidas laborais de apoio às famílias dos trabalhadores. Além disso, a responsável considera ser necessário o Governo estender a licença de maternidade e paternidade, para que os residentes tenham menos preocupações sobre a natalidade. Tam Sio Pang também quer a extensão da licença de maternidade e paternidade e defende que a licença de maternidade deve ser aumentada para 90 dias, face aos 70 dias actuais. Tam Sio Pang sugeriu ainda que o Governo aumente as vagas nas creches subsidiadas, bem como uma integração gradual dos serviços de cuidados à criança no sistema de escolaridade gratuita.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTrabalho | Leong Sun Iok quer protecção para “falsos colaboradores” O deputado da FAOM alerta para o abuso do regime de trabalho independente, que pode ser usado pelas entidades patronais para evitar obrigações, como a aquisição de seguros O deputado Leong Sun Iok pretende que o Governo apresente novas medidas para proteger os “falsos colaboradores”, ou seja, os trabalhadores que no papel são contratados para uma prestação de serviços independente, mas na prática estão sob a autoridade da entidade patronal. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita, divulgada ontem pelo gabinete do legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). De acordo com o cenário relatado por Leong Sun Iok, está a tornar-se cada vez mais normal em Macau os empregadores recorrerem a falsos colaboradores, dado que “o mercado é limitado e muitas pessoas só conseguem trabalhar desta forma”. Sem opções, os trabalhadores acabam por aceitar as propostas. Em condições normais, os colaboradores prestam um serviço, podendo escolher quando e como trabalham, sendo o mais relevante a apresentação do resultado para o qual foram contratados. No entanto, nas condições relatadas pelo deputado, na prática, os trabalhadores são obrigados a seguir horários de trabalho estabelecidos pelo patrão e as suas instruções, características típicas do regime de trabalhador dependente. Para os patrões, embora esta actuação seja ilegal, o regime tem a vantagem de permitir evitar despesas decorrentes da garantia de direitos laborais. Como tal, Leong Sun Iok pede ao Executivo que “verifique se os empregadores estão a recorrer a esta possibilidade como meio para fugirem às responsabilidades e aos deveres da relação de trabalho”. Mais um estudo O deputado da bancada parlamentar da FAOM pede que se siga o exemplo do Interior da China, de aumento da protecção destes trabalhadores. Para tal, argumenta que é necessário “estudar a forma de assegurar as garantias profissionais dos trabalhadores por conta própria e dos profissionais liberais”, e “incentivar os empregadores a adquirirem seguro de trabalho para os seus trabalhadores com contratos de prestação de serviços”. O membro da Assembleia Legislativa pede também ao Governo que esteja atento ao surgimento das “novas modalidades de emprego”. Na interpelação, é também solicitada a realização de “um inquérito sobre o número e os tipos de trabalhadores por conta própria e de profissionais liberais existentes” no território, para “salvaguardar os direitos e interesses profissionais dos trabalhadores”. Por outro lado, Leong indica que em Macau há sempre contrato de trabalho, independentemente da designação do contrato, quando é exigido ao “colaborador” que esteja “disponível” para desempenhar as funções a pedido do empregador. Por isso, pergunta ao Governo se vai emitir instruções claras e reforçar as acções de divulgação sobre o regime laboral de Macau, para “evitar o incumprimento da lei por parte dos empregadores e salvaguardar os direitos e interesses dos trabalhadores”.
João Luz Manchete PolíticaMNE | Sam Hou Fai reúne-se com a Vice-Ministra Hua Chunying O Chefe do Executivo recebeu na sede do Governo a Vice-Ministra dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, a quem pediu apoio na expansão das relações com o exterior. Sam Hou Fai apontou aos mercados de língua portuguesa, de língua espanhola e do sudeste asiático O Chefe do Executivo recebeu no domingo na sede do Governo da RAEM uma comitiva de representantes do Governo Central liderada pela Vice-Ministra dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, segundo um comunicado divulgado na noite de domingo pelo Gabinete de Comunicação Social. Durante a reunião, Sam Hou Fai e Hua Chunying trocaram impressões sobre a implementação da diversificação adequada da economia de Macau, nomeadamente através do fortalecimento e da “expansão ainda maior das relações com o exterior”. O Chefe do Executivo realçou a “grande riqueza histórica e cultural” de Macau, trunfos que permitem que o território sirva como “uma plataforma de comunicação e cooperação entre o país e o exterior”. Em relação às metas do Governo, Sam Hou Fai adiantou que irá “fortalecer e expandir as suas relações com o exterior, especialmente os mercados de língua portuguesa, de língua espanhola, do sudeste asiático”, de forma a promover “ainda mais a diversificação adequada da economia de Macau”. Para atingir tais objectivos, o líder o Governo da RAEM afirmou esperar “que o Ministério dos Negócios Estrangeiros possa dar apoio durante o processo”. Habitat natural Além do secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, também o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China na Região Administrativa Especial de Macau, Liu Xianfa, participou na reunião, a quem Sam Hou Fai agradeceu pelo “apoio em todos os assuntos relacionados com o exterior”. O Chefe do Executivo sublinhou também que Macau é “uma sociedade próspera, estável, pacífica e harmoniosa”, e “um exemplo bem-sucedido da implementação de “Um País, Dois Sistemas”. A notoriedade internacional de Hua Chunying subiu consideravelmente durante o período em que foi porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. No fim de Maio do ano passado, o Conselho de Estado anunciou a sua nomeação como Vice-Ministra dos Negócios Estrangeiros.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteHistória | Lara Reis, professor do Liceu de Macau, recordado em Lisboa O antigo professor do Liceu de Macau Fernando Lara Reis foi recordado nas “Conferências da Primavera”, do Centro Científico e Cultural de Macau, pela historiadora Celina Veiga de Oliveira. Natural de Leiria, Lara Reis lutou na I Grande Guerra Mundial e viveu na Avenida da República, na vivenda que hoje alberga a casa da Cruz Vermelha de Macau Fernando Lara Reis nasceu em 1892 e faleceu em 1950. Ao longo de uma vida recheada de acontecimentos e testemunhos históricos, o homem natural de Leiria foi militar e professor no Liceu de Macau, acabando por fazer do território a sua casa. A vida de Lara Reis foi recordada recentemente nas “Conferências da Primavera” do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) pela historiadora Celina Veiga de Oliveira, ela própria antiga docente no território. Na sessão, a historiadora, que venceu o Prémio Identidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) de 2024, recordou o “professor, benemérito, impulsionador das artes”, e dono de “um conhecimento invulgar”. “Era natural de Leiria e viveu em Macau até à sua morte. Frequentou o liceu de Leiria, o Colégio Militar, ingressando depois na Escola do Exército. Na I Grande Guerra Mundial esteve em Elvas, tendo partido depois para Angola, em 1915, quando se enfrentava a ameaça alemã sobre as colónias portuguesas em África. Em 1917 embarcou para França, integrando o Corpo Expedicionário Português, como observador-aviador.” Lara Reis nunca foi piloto como desejava, tendo dedicado grande parte da sua vida ao ensino e a Macau. “Em 1919, Lara Reis foi dar aulas para o liceu de Macau. Aproveitou para fazer uma longa viagem de circum-navegação, saindo de Portugal, de Lisboa, indo até aos Estados Unidos da América, atravessou todo o território e depois foi para o Japão, descendo para Hong Kong e até Macau. Foi professor, em Macau, de desenho, trabalhos manuais e ginástica até ao fim da vida”, destacou Celina Veiga de Oliveira. A historiadora levou para a sessão alguns testemunhos escritos deixados por outras figuras de Macau que escreveram sobre Lara Reis, nomeadamente Monsenhor Manuel Teixeira no livro “Liceu de Macau”. Este referiu nunca ter encontrado “nenhum professor que tivesse servido o liceu com maior dedicação”. “Era um professor metódico, rigoroso, cuja formação militar não foi alheia certamente a estas características. O que verdadeiramente sobressaía era a sua veia artística, pois Lara Reis preocupava-se sempre em apurar o sentido estético dos alunos e abrir os seus horizontes mentais. Isto no tempo em que Macau era uma pequena cidade. Sempre que era possível, fazia excursões culturais com os alunos a Hong Kong, e em Macau levava-o a visitar exposições que ele organizava e também exposições de artistas portugueses e estrangeiros que ele patrocinava”, recordou. Celina Veiga de Oliveira destacou ainda as palavras deixadas pelo escritor Henrique de Senna Fernandes numa entrevista, sobre “uma das maiores qualidades de Lara Reis”, que “além do rigor e da disciplina, era a consideração pelos alunos, não distinguindo ricos dos pobres”. O professor Lara Reis foi “um entusiasta promotor de festas que serviam para a obtenção de propinas destinadas a alunos carenciados”, e a “ele se deve a iniciativa da criação da Associação Escolar do Liceu, de que foi o primeiro presidente”. Esta associação organizou no antigo Canídromo “festas desportivas do fim do ano em que os alunos executavam os mais difíceis exercícios”. Obra feita em Macau A historiadora destacou também “outro aspecto da dedicação ao território” por parte de Lara Reis. O leiriense “participou na I Grande Guerra Mundial e tal levou-o a interessar-se por todos os que foram incorporados nesse conflito, tendo fundado a Liga dos Combatentes da Grande Guerra e mandado construir no Cemitério de S. Miguel Arcanjo o monumento onde repousam os corpos dos combatentes”. Além disso, “outra faceta da sua personalidade era o gosto pelas viagens, pois não tinha família e, assim, partiu para o mundo”. “Visitava museus, escolas de arte e fotografava tudo o que via, tendo criado um espólio com 32 volumes que é hoje património de Leiria”. Celina Veiga de Oliveira não esqueceu a antiga vivenda “Sol Poente”, localizada na zona da meia-laranja, nomeadamente a Avenida da República, e que foi a casa de Lara Reis, mais tarde doada à Santa Casa da Misericórdia de Macau para ali “ser instalada uma clínica anti-cancerosa que foi a primeira instituição do género no espaço colonial português”. Hoje essa vivenda serve de casa à Cruz Vermelha de Macau, sendo que nas suas paredes pode encontrar-se uma pedra com a seguinte mensagem: “Neste edifício legado pelo rotário Fernando Lara Reis à Santa Casa da Misericórdia de Macau, foi instalada por iniciativa do Rotary Clube de Macau o primeiro centro de luta anti-cancerosa desta cidade no dia 15 de Abril de 1951.” “Mudança de ares” Quando Fernando Lara Reis vai para Macau, os tempos políticos são conturbados, com a agitação política que se vive na China depois da queda do império e a revolução republicana de 1911. “Nos anos 20 viveram-se no território as ondas de choque nacionalistas vividas em Cantão que, por vezes, assombravam o pacato enclave português, mas que nunca mexeram com o quotidiano. A Administração portuguesa garantia uma aparência de normalidade, e eram habituais as festas no Natal, Ano Novo Chinês, as festividades religiosas da comunidade católica e da população chinesa.” Celina Veiga de Oliveira lembrou que, no final da década de 20, Lara Reis decidiu transferir-se para Goa, uma viagem que só iria acentuar a sua pertença a Macau. “No fim dos anos 20, ele sentiu que estava na altura de mudar de ares e pediu para ser transferido para o Liceu Afonso de Albuquerque, em Pangim, e esteve lá entre 1941 e 1945, aproveitando para conhecer a Índia, e conheceu todo o país. Este interregno goês serviu para reforçar as saudades de Macau, para onde regressou em 1945 retomando a actividade liceal. Em 1948 foi a Portugal pela última vez, com licença graciosa e já doente, escolhendo Macau para ser a sua última morada”, recordou. Celina Veiga de Oliveira recordou também as palavras de Orlando Cardoso, que no artigo “Macau e o Oriente na vida de Lara Reis” falou do homem que se deslumbrou com Macau “a partir do momento em que, às 8 horas da noite de 23 de Outubro de 1919, avistou pela primeira vez o Farol da Guia, um pouco antes de se instalar no ‘New Macao Hotel’ e sorver de sentidos atentos os sons, os cheiros e as luzes desta porta de uma imensurável e fantástica Ásia que ele iria descrever até à exaustão”. Esses testemunhos de Lara Reis constam “num notável conjunto de livros de viagens que jazem praticamente inexplorados em todas as suas potencialidades de investigação nas prateleiras do Arquivo Distrital de Leiria”, e que foram investigados pelo próprio Orlando Cardoso. No mesmo artigo, este refere um texto do jornal “Notícias de Macau” de 17 de Janeiro de 1950, sobre Lara Reis: “O professor austero e adorado; o turista tenaz e minucioso; o militar que combateu e consagrou a memória dos que a seu lado tombaram no campo da luta; o amigo sincero e firme; o companheiro amável e bem humorado; o cavaqueador que, por si só, era pessoa para sustentar, durante horas, a animação da conversa em qualquer meio social; o celibatário ferrenho que, apesar disso, não desdenhava toda e qualquer oportunidade de desferir os seus galanteios, sempre gentis e inconsequentes a qualquer palminho de cara que lhe desse no goto”. Tendo em conta os poucos estudos que existem sobre Lara Reis e o espólio que deixou, Celina Veiga de Oliveira deixou uma sugestão: “que o CCCM obtenha o índice detalhado do arquivo de Leiria, de modo a que seja possível a pesquisa para eventuais investigadores interessados”.
Hoje Macau Manchete SociedadeDemografia | População macaense em São Francisco supera a de Macau Um estudo divulgado por uma investigadora chinesa conclui que, actualmente, a população de macaenses e luso-asiáticos a residir na área da Baía de São Francisco, nos Estados Unidos, é maior do que a de Macau “Há cerca de 70 mil macaenses e luso-asiáticos a residir em São Francisco, o que é mais do que o número em Macau”, afirmou em declarações à Lusa a investigadora Leong Wong Un Na, que apresentou na quinta-feira passada na Universidade de Macau, o livro “Macanese and Luso-Asian in the San Francisco Bay Area”, de 1940 a 1950, um título que resulta da sua tese de doutoramento. De acordo com os últimos censos realizados em Macau, em 2021, apenas 13.021 residentes em Macau possuíam ascendência portuguesa, representando 1,9 por cento da população total. Os dados revelam ainda que 6.668 pessoas, 1 por cento da população total, tinha ascendência chinesa e portuguesa, características normalmente utilizadas para definir a comunidade macaense. Já o Portuguese-American Leadership Council of the United States dá conta de uma população total de 1.454.262 com ascendência portuguesa. Segundo Leong, os macaenses, alguns dos quais tinham partido para várias regiões da Ásia no século XIX, os luso-asiáticos e os portugueses na Ásia, emigraram para os Estados Unidos a partir de Macau no século XX, devido a razões políticas e económicas, escolhendo como destino principal a zona da Baía de São Francisco, na Califórnia. A questão da língua Leong Wong Un Na, uma chinesa que cresceu em Macau e diz manter uma relação estreita com a comunidade macaense, tem muitos familiares residentes em São Francisco, incluindo os pais e irmãos. Os macaenses e luso-asiáticos imigrados em São Francisco, concluiu Leong, não foram logo reconhecidos como portugueses quando chegaram aos Estados Unidos e foram mesmo discriminados durante décadas pela própria comunidade portuguesa que aí foram encontrar. Na mesma altura em que o Partido Comunista estava a tomar o poder na China, “os macaenses e os luso-asiáticos, quando imigraram para lá [São Francisco], não podiam participar nas organizações criadas pelos portugueses de Portugal”, apontou Leong Wong Un Na. “Alguns dos descendentes de portugueses que vieram da Ásia não falavam português fluente, por isso os portugueses oriundos de Portugal diziam que, se não sabiam português, não eram portugueses”, explicou. Leong descreve no seu livro não apenas como está organizada a comunidade de macaenses e luso-asiáticos que vive actualmente na área da Baía de São Francisco, como as origens e traços culturais da comunidade portuguesa aí residente e mesmo as características arquitectónicas que imprimiram na envolvente urbana. A investigadora concluiu que os macaenses e luso-asiáticos de São Francisco “mantêm hábitos ainda bem vivos em Macau, como a cozinha macaense e a religião católica”.
João Luz Manchete SociedadeEconomia | Grande Prémio do Consumo começa hoje A campanha de incentivo à economia comunitária Grande Prémio do Consumo arranca hoje. Por cada plataforma de pagamento electrónico usada para comprar algo com valor superior a 50 patacas, são dadas três hipóteses para ganhar cupões de desconto para gastar no fim-de-semana. Os portadores de Macau Pass para idosos podem receber hoje 300 patacas em desconto imediato A nova ronda do Grande Prémio do Consumo arranca hoje e termina a 1 de Junho, com o objectivo de estimular o comércio e os negócios de pequenas e médias empresas nos bairros da cidade. A iniciativa organizada pelo Governo, em conjunto com a Associação Comercial de Macau, pretende “promover o ambiente de consumo local, aumentar a confiança no mercado de consumo, bem como melhorar ainda mais a exploração dos estabelecimentos comerciais das zonas comunitárias”, descreve a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), numa altura em que espaços comerciais encerrados se tornou um cenário comum por toda a cidade. A partir de hoje, quem fizer durante os dias da semana uma compra superior a 50 patacas através do telemóvel terá três oportunidades por semana para ganhar cupões de desconto electrónicos que podem ser utilizados no sábado e domingo seguinte. Se o utente tiver mais de uma aplicação móvel de pagamento, com autenticação de nome real, poderá participar na iniciativa com as aplicações aceites no programa. Ou seja, se o residente utilizar o Mpay, a aplicação BOC Macau, ou BNU Pay, que geram códigos QR para efectuar pagamentos, pode participar com todas as aplicações e por cada uma obter até três cupões de desconto. Os cupões de desconto, que este ano terão o valor máximo de 200 patacas, podem ser usados para comprar algo que tenha até o triplo do valor do desconto, ou seja, proporciona um desconto de um terço do valor do produto. Nesta ronda, será também permitido juntar mais do que um cupão, mantendo o valor do desconto em um terço. Os descontos apurados durante a semana expiram se não forem utilizados no sábado e domingo seguintes nas mais de 20 mil lojas físicas de Macau que os aceitam. Passar cartão A maior novidade desta ronda prende-se com os benefícios de desconto imediato para consumo de idosos que podem ser utilizados todos os dias durante o decorrer da actividade. A partir de hoje, os portadores do cartão Macau Pass para idosos podem obter benefícios de desconto imediato no valor de 300 patacas através do carregamento do cartão, em mais de 120 postos de serviços indicados em Macau. Além disso, podem também ganhar os cupões de descontos electrónicos através das plataformas de pagamento móvel, “desfrutando de dois tipos de benefícios”. Porém, os descontos imediatos de consumo proporcionados pelo cartão trazem benefícios acrescidos. Além de poderem ser utilizados todos os dias durante a campanha, sem limite máximo de utilização diária, proporcionam descontos de 50 por cento. Quando um idoso comprar mercadorias ou serviços no valor total de 600 patacas com o cartão Macau Pass para idosos, só terá de desembolsar 300 patacas do seu próprio dinheiro. O cartão pode ser carregado em mais de 400 postos de carregamento, incluindo centros de serviços da Macau Pass, lojas de conveniência, lojas comerciais e grandes cadeias de supermercados. Os descontos não podem ser utilizados para pagar água, electricidade, gás natural, combustíveis, serviços de telecomunicações, serviços de transporte transfronteiriço, serviços médicos, serviços prestados por instituições públicas. Também não podem ser usados em casinos, bancos, seguradoras e outras instituições financeiras, casas de penhores, supermercados de grande escala, administração de propriedades, instituições de ensino, parques de estacionamento, táxis, parquímetros, instalação de máquinas de venda automática.
Hoje Macau Manchete PolíticaDiplomacia | Paulo Rangel tem encontro com Sam Hou Fai na sexta-feira O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros visita a China esta semana, numa deslocação de quatro dias que inclui contactos com representantes do Governo chinês e uma passagem por Macau. A agenda de Paulo Rangel inclui um encontro com Sam Hou Fai e a visita à Escola Portuguesa de Macau O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, começa amanhã uma visita à China que irá incluir uma passagem por Macau e Hong Kong, na sexta-feira, o último dia da passagem pela China. Na RAEM, o político português irá encontrar-se com representantes de associações, instituições de ensino e empresários portugueses e fará uma visita à Escola Portuguesa de Macau. Paulo Rangel vai reunir-se igualmente com o Chefe do Executivo da RAEM, Sam Hou Fai, e com os conselheiros das Comunidades Portuguesas eleitos pelo círculo da China (China, Coreia, Japão, Singapura e Tailândia). O programa oficial da visita de Paulo Rangel termina com uma visita à exposição “Estórias Lusas”, iniciativa dedicada à comunidade portuguesa, no Museu de História de Hong Kong. Casa da partida Porém, antes de rumar a Macau, a agenda do chefe da diplomacia portuguesa arranca amanhã em Pequim, pelas 10h, com um encontro com o director-geral do Departamento Internacional do Partido Comunista Chinês, o ministro Liu Jinchao, indica uma nota divulgada na sexta-feira pelo Ministério tutelado por Rangel. Segue-se uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e um encontro com o reitor da Beijing Foreign Studies University, Jia Wenjian. Ainda na capital chinesa, Paulo Rangel dará uma palestra na Beijing Foreign Studies University (BFSU) subordinada ao tema “Língua e Cultura Portuguesa”. No dia seguinte, já em Haikou (sul da China), o ministro português intervém no “Boao Forum for Asia 2025”, a conferência anual realizada na província chinesa de Hainão que visa promover e aprofundar o intercâmbio, a coordenação e a cooperação económica entre a Ásia e outras partes do mundo. Ainda na quarta-feira, Paulo Rangel tem previsto um encontro bilateral com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding XueXiang. O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros participa igualmente na quinta-feira na sessão plenária do “Boao Forum for Asia 2025” e tem agendados encontros bilaterais.
João Santos Filipe Manchete PolíticaHengqin | Sam Hou Fai pede mais esforços e espírito de reforma A prioridade para concretizar o desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada passa pelo estudo do espírito dos discursos de Xi Jinping. Esta é uma das quatro expectativas apresentadas pelo Chefe do Executivo para a Zona de Cooperação Aprofundada A aprendizagem do conceito “Macau + Hengqin”, apresentado por Xi Jinping, é a prioridade no âmbito do desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Cantão e Macau, em Hengqin. A meta foi traçada por Sam Hou Fai, Chefe do Executivo e co-Chefe da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada, durante a mais recente reunião de trabalho, que aconteceu no sábado. Sobre a “próxima fase do desenvolvimento” da Zona de Cooperação, Sam Hou Fai apresentou quatro “expectativas” para orientar os trabalhos. A primeira passa por “aprender e implementar com seriedade a importante abordagem ‘Macau + Hengqin’” apresentada pelo Presidente Xi Jinping, e “compreender profundamente as suas ricas conotações e requisitos práticos, envidando com todos os esforços para criar uma nova conjuntura da Zona de Cooperação”. Na versão oficial da reunião emitida pelo Governo de Macau não é explicada a “importante abordagem”, nem são indicadas concretamente as “conotações” e “requisitos práticos”. Como segunda expectativa, Sam pediu aos membros da comissão “mais esforços para a reforma e inovação” da Zona de Cooperação, e vontade de “explorar com coragem as políticas inovadoras e a convergência de regras e mecanismos, para ultrapassar as restrições do desenvolvimento de Hengqin”. Também neste aspecto, não foram detalhadas as “restrições” que têm sido encontradas. Como terceira expectativa, o líder do Governo de Macau pediu um reforço da capacidade de trabalho e vontade para “alcançar avanços”. Por último, Sam considerou que Macau tem de reforçar o apoio às autoridades do outro lado da fronteira, para promover “novas conquistas em todas as vertentes”. Balanço positivo Olhando para o trabalho dos últimos três anos, Sam Hou Fai considera que foram alcançados “progressos positivos” e que “o nível de integração entre Hengqin e Macau tem melhorado gradualmente”. O Chefe do Executivo também defendeu que o papel da Zona de Cooperação como sustento do “desenvolvimento diversificado da economia de Macau torna-se cada vez mais evidente”. Por sua vez, o Governador da Província de Guangdong, Wang Weizhong, o outro co-Chefe da Zona de Cooperação Aprofundada, afirmou que a comissão vai “empenhar-se em desenvolver as ‘quatro novas’ indústrias, potenciar o Parque Industrial de Design de Circuito Integrado Guangdong-Macau em Hengqin, o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa, o Parque Industrial de Comércio Electrónico Transfronteiriço e o Parque Industrial de Inovação Hengqin-Macau”. Além disso, apontou como trabalhos prioritários, o reforço da “divulgação e promoção das políticas preferenciais e o planeamento e a introdução de projectos industriais” , bem como a atracção de “mais quadros qualificados com ideias inovadoras, capital, empresas e residentes de Macau para animar o ambiente de negócios da Zona de Cooperação”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteContratação pública | Novo regime “está no bom caminho”, diz advogado Marco Caldeira, advogado e professor auxiliar convidado da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, defende que a proposta de lei de contratação pública, em análise na especialidade no hemiciclo, está “no bom caminho”, no que diz respeito à tentativa de “promover a transparência e concorrência e apostar na digitalização”. O tema foi discutido na última semana no Centro Científico e Cultural de Macau A proposta de lei de contratação pública, actualmente em análise na especialidade na primeira comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL), foi um dos temas abordados nas “Conferências da Primavera”, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), na última semana. O autor da palestra, o advogado e docente Marco Caldeira, teceu elogios ao diploma pela sua tentativa de reforma e inovação em vários aspectos. “Embora não sendo perfeita, a proposta de lei em discussão justifica-se pela necessidade de actualizar legislação que foi aprovada há quatro décadas. Trata-se de uma proposta que parece apontar no bom caminho, havendo um esforço de codificar o regime, promover a transparência e a concorrência e apostar na digitalização”, defendeu o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) ao HM. Além disso, Marco Caldeira entende que o diploma, e o conteúdo proposto pelo Governo, visa “seguir aquilo que são as boas práticas adoptadas na Europa e no Ocidente, em geral”. “É também muito louvável o facto de a proposta ter sido elaborada na sequência de um procedimento sério e participado de consulta pública, que deu oportunidade aos operadores económicos e entidades contratantes de identificarem deficiências na legislação vigente e apresentarem sugestões”, acrescentou Marco Caldeira. Na sessão do CCCM, o docente da FDUL apontou ainda ser “louvável a preocupação [demonstrada, no diploma] com a concorrência e transparência dos procedimentos”, e também “o foco na formação na utilização de bases de dados, bem como a aposta na centralização”. O docente entendeu ainda que, nesta proposta de lei, o regime português “pode ajudar, pois a prática seguida em Portugal, e as evoluções legislativas, têm ensinamentos úteis que, com as devidas adaptações, podem ser transpostos para Macau”. Pontos positivos Na apresentação no CCCM, Marco Caldeira destacou vários aspectos positivos da actual proposta de lei, nomeadamente “a determinação expressa da inaplicabilidade a certos contratos”, ou o facto de estarem estabelecidos “princípios fundamentais da contratação pública”. Exige-se, ainda, com a nova lei, “qualificações aos candidatos e concorrentes” de concursos públicos, existindo também “a clarificação e uniformização dos tipos procedimentos de contratação pública”. Cria-se, assim, um “regime de contratação centralizada”, além de se regulamentarem “critérios de adjudicação” nos concursos, prevendo-se ainda a criação de um website exclusivo para a área da contratação pública. Marco Caldeira chamou ainda a atenção para a real necessidade deste diploma, pois a contratação pública estava legislada com diplomas variados, incluindo dois decretos-leis de 1984 e 1985, que estabeleciam, respectivamente, o regime de despesas com obras e aquisições de serviços, e o processo de aquisição de bens e serviços. Tais diplomas estavam “desfasados da realidade” de Macau, mesmo que o decreto-lei de 1984 tenha sido revisto em 2021, considerou o docente. Marco Caldeira considerou também que o processo de revisão deste diploma tem sido “moroso”, pois a consulta pública realizou-se entre 6 de Novembro de 2018 e 4 de Janeiro de 2019, tendo sido elaborado um relatório posterior, mas a verdade é que a proposta de lei está em análise na especialidade desde Dezembro de 2023, tendo sido votada na generalidade a 11 de Janeiro do ano passado. O que tem de mudar Na mesma sessão, o causídico e professor universitário realçou ainda os pontos já abordados pela primeira comissão permanente da AL quanto às mudanças necessárias para legislar na área da contratação pública. Impunha-se “consagrar expressamente os princípios jurídicos fundamentais, como a economia, eficiência e eficácia, bem como a publicidade e transparência”, existindo ainda “uma falta de regulação das políticas de contratação pública”. Havia ainda a “necessidade de promover a transparência nos procedimentos de contratação pública” e assegurar “uma maior protecção da concorrência leal”. Verificava-se também “a falta de regulamentação rigorosa e explícita sobre a composição e funcionamento das comissões de avaliação das propostas” submetidas a concurso público, além de haver “falta de exigências explícitas sobre as qualificações e capacidades dos candidatos e concorrentes nos procedimentos de contratação”. Outras lacunas apontam para a “insuficiência de regulamentação e transparência nos procedimentos de avaliação e adjudicação”, ou “falta de regulamentação explícita sobre situações de apresentação de propostas com um preço anormalmente baixo”. Era ainda necessário “aperfeiçoar o regime sancionatório e de fiscalização”, bem como apostar na “regulamentação que promova o desenvolvimento da contratação electrónica”. Diz o Executivo Olhando para a nota justificativa sobre a proposta de lei, submetida pelo Executivo à AL, lê-se que um dos grandes motivos para a sua apresentação foi mesmo a dispersão legislativa que se verificava e o desajustamento face à actual realidade. “A parte nuclear desses diplomas foi elaborada em meados dos anos 80 do século passado, encontrando-se em vigor há mais de 30 anos. Uma parte significativa do disposto nos outros diplomas legais já apresenta uma evidente divergência relativamente às necessidades do desenvolvimento socioeconómico actual de Macau, à eficiência da gestão da Administração pública e ao reforço da transparência e fiscalização”, lê-se. Segundo o Executivo, “dado que a contratação pública envolve a utilização do erário público, torna-se essencial rever esses regimes, a fim de ir ao encontro das necessidades da sociedade dos nossos dias”. Assim, nesta proposta de lei, “regulamenta-se, de forma integrada, o processo e regime de despesas com obras e aquisições de bens e serviços”, mantendo-se algumas disposições de uma lei de 1999, por se entender que “as disposições relativas ao regime de empreitadas de obras públicas têm um elevado grau de especialização e se apresentam ainda eficazes”. Pretende-se, com a nova lei da contratação pública, “garantir a justiça, imparcialidade na avaliação das propostas”, definindo-se “expressamente critérios de ajudicação e determinando-se de forma rigorosa as normas de conduta dos trabalhadores e membros das comissões de abertura e avaliação de propostas” submetidas a concurso, para que “excerçam as suas funções de forma imparcial e íntegra”. Prevê-se, assim, “que as entidades contratantes devem publicitar, de forma adequada, os elementos informativos relativos aos procedimentos de contratação pública”. São eles “os que estão relacionados com o concurso público, os esclarecimentos prestados, a rectificação de documentos, a prorrogação do prazo para a apresentação de propostas, as causas para a não adjudicação, a decisão de anulação do procedimento e a decisão de adjudicação”. A fim de garantir a concorrência leal, o Governo quer garantir que todas as entidades interessadas em participar num concurso tenham “o mais amplo acesso” a todos os procedimentos, proibindo “todos os actos, acordos ou práticas susceptíveis de impedir, falsear ou restringir a concorrência”. Além disso, existe o “princípio da imparcialidade”, que determina que “o programa de procedimentos, caderno de encargos ou outros documentos, elaborados pela parte contratante, não podem conter qualquer cláusula destinada a favorecer ou prejudicar um determinado interessado”.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteRota das Letras | Valério Romão apresenta “Mais uma Desilusão” este domingo “Mais uma Desilusão – Primeira incursão de um novelista na criação poética” é o nome do evento em que Valério Romão, escritor e tradutor, apresenta o seu novo e primeiro livro de poesia, ou escrita poética. “Mais uma Desilusão” é um livro que reflecte sobre o Portugal de hoje, um país com várias crises, da económica à existencial, em que o autor se estreia numa nova forma de escrita. A apresentação começa às 16h no Antigo Matadouro, na Barra Valério Romão gosta de Portugal, mas já não sabe muito bem porquê. Não entende o sentimento por um país que está permanentemente em crise, seja política ou económica, desde há vários anos, e que 50 anos depois do 25 de Abril de 1974, quando caiu a ditadura do Estado Novo, ainda está à procura de se encontrar. A identidade do português nem sempre é a mais optimista, e falta estratégia ao país para se encontrar e ter uma existência mais saudável. Todas estas ideias podem ser encontradas no novo livro de poesia de Valério Romão, “Mais uma Desilusão”, recentemente lançado em Portugal com a chancela da Abysmo e que será apresentado este domingo no âmbito do festival literário Rota das Letras, no Antigo Matadouro, na Barra. Macau não é uma novidade para Valério Romão, por ser um território que o acolheu para uma residência literária, ou para anteriores participações no Rota das Letras. Apesar disso, o regresso faz-se sempre com curiosidade. “Espero poder falar do meu mais recente livro, e como é um festival internacional, com forte presença de escritores chineses, quero conhecer o trabalho dos outros e alargar um pouco os horizontes”, confessou ao HM. “Não sei se a cultura chinesa tem uma influência declarada no meu trabalho, mas certamente tem uma influência devida. Os escritores são, normalmente, produto das suas experiências, do que colheram e viveram. Nesse sentido, a cultura chinesa tornou-se central, na medida em que mostra uma forma de pensar diferente, estranha e às vezes incompreensível. Mas estimula-me sempre uma curiosidade tremenda”, adiantou. Novos territórios Voltando ao livro, Valério Romão assume que “quis explorar um novo mundo na escrita, sobretudo na forma”, depois de ter brindado os leitores com romances onde a família é tema central, como “Autismo” ou “O da Joana”, que pertencem a uma trilogia. “As ideias andavam na minha cabeça há algum tempo, mas essa forma de escrita, que algumas pessoas chamam de poesia e outras, prosa poética, sim, foi uma novidade. Despir a pele de romancista foi algo natural, porque mesmo na minha escrita em prosa utilizo muito a metáfora, a comparação e figuras de estilo, e a ironia também. Muito do que está em ‘Mais uma Desilusão’ pode ser visto nos meus romances e contos anteriores, nessa prosa, mesmo que de forma embrionária”, confessou. País em chamas Valério Romão mostra, na escrita, a desilusão para com Portugal. “Não acho que ofereça grandes condições de vida. Estamos a recondicionar o país nos serviços, numa espécie de ‘tailandização’ para explorar tudo o que possamos dos turistas que vêm cá, mas depois não há apostas estratégicas. Não vejo grande liderança nacional que nos possa conduzir, nem sinto que haja ideias que, daqui a uns anos, nos possam levar para outro sítio. Se estivermos noutro sítio, e melhores, daqui a 30 anos, será mais por carolice e desenrascanço, que são tipicamente portugueses, do que propriamente por planeamento”, defendeu. O autor entende que os portugueses são pessimistas, com pouca auto-estima, e com uma maior tendência para a melancolia do que para outro tipo de sentimentos mais alegres. “Só conseguimos olhar-nos ao espelho se alguém nos colocar o espelho à frente. E é importante [que essa análise] seja feita por historiadores, escritores, poetas, músicos. Temos a tendência a achar que somos os melhores e, ao mesmo tempo, os piores do universo, tendo uma auto-estima frágil e uma imagem distorcida, para o bem e para o mal, de nós próprios”. Com “Mais uma Desilusão”, Valério Romão não quer “fazer um exercício de reflexão nacional”, tratando-se apenas de um “exercício de reflexão privada”. “Espero que contribua para mais conversas e reflexões”, aponta. Sobre a identidade do português, “é demasiado tudo, é muito mediterrânico, mas ao mesmo tempo tem o Fado nos genes, então mais depressa vai para o Fado do que para o Samba”. Portugal está na cauda da Europa em termos geográficos e, para Valério Romão, esse pode ser um dos factores para a crise existencial do país. “A classe política é um reflexo da nossa população e tem de melhorar quando nós, como país e portugueses, melhorarmos também. Isso tem a ver com os anos da ditadura, com o estarmos entre o Atlântico e a Europa central, com o estatuto periférico da Europa. Essa recuperação não se consegue em 50 anos [de democracia], talvez em 100, mas falta a educação também.” O autor, que considera que, actualmente, “é pouco sexy falar de educação, por parecer haver uma ditadura da opinião pouco esclarecida”, mas, para si, “a educação é mesmo o elevador do indivíduo e dos povos”. “As pessoas têm dificuldades económicas e até existenciais. Nos anos 90 toda a gente queria enviar os filhos para a faculdade, porque achavam que isso dava garantia de um futuro garantido, mas nesta altura percebemos que essa garantia não existe.” O autor frisou ainda que “estamos numa altura em que existe um sentimento anti-ciência, anti-academia, em que se suspeita de tudo o que vem da academia”. “Estamos no paradoxo, em que achamos que a tecnologia nos dá acesso à árvore das patacas e em que, por outro lado, considerarmos que a ciência não serve para nada, sobretudo as ciências sociais”, disse ainda. Em “Mais uma Desilusão”, Valério Romão confessou não ter sentido “grande diferença enquanto autor na escrita deste livro”. “Segui o roteiro que estava a ser imposto, a forma estava a adequar-se ao conteúdo, e vice-versa. Sou bastante livre quando escrevo um livro, no sentido em que acabo por não ter grandes regras antes de o começar, e não tenho grandes regras quando o estou a escrever”, rematou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEdifício Fong Nam | Incêndio leva três residentes ao hospital Um homem foi transportado sem sinais vitais para o Centro Hospitalar Conde São Januário, na sequência de um incêndio no Edifício Fong Nam, no Istmo de Ferreira Amaral Um homem com cerca de 70 anos foi ontem transportado em estado grave para o hospital, devido a um incêndio ocorrido no 15.º andar do Edifício Fong Nam, no Istmo de Ferreira Amaral. O residente foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros (CB) na casa-de-banho, sem sinais de respiração ou ritmo cardíaco, e levado para o Centro Hospitalar Conde São Januário. Além do homem, outras duas moradoras, uma com 74 anos, e outra com 51 anos, tiveram igualmente de ser hospitalizadas, mas encontram-se fora de perigo e numa situação considerada estável. A moradora de 74 anos terá sofrido uma queda, depois de ter inalado fumo que subiu até ao 21.º andar. Já a residente de 51 anos, foi levada para o hospital, depois de ter sofrido um ataque de pânico. O alerta para o incêndio foi dado por volta das 11h, por um outro morador, após ter sentido cheiro a queimado e ter visto fumo na sua habitação. De acordo com o jornal Ou Mun, quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local do incêndio teve de utilizar ferramentas para abrir a porta e entrar na habitação em chamas. Após o combate ao fogo com mangueiras de água, os bombeiros levaram ventoinhas para a habitação para remover o fumo. A casa afectada pelas chamas tem três quartos e suspeita-se que o incêndio tinha começado num deles, onde um armário ardeu por completo. Os restantes quartos e a cozinha não sofreram danos de maior, apesar de um candeeiro ter derretido com o calor das chamas. A investigação preliminar não conseguiu determinar ainda a origem do incêndio. O incidente fez também com que cerca de 10 moradores tivessem de abandonar as suas habitações e aguardar pelo socorro no rés-do-chão do edifício. Sete em um mês Com o incêndio de ontem, contabilizam-se, no espaço de um mês, sete incêndios em edifícios de habitação com necessidade de retirar os moradores do edifício. O início desta semana foi particularmente propenso a acidentes, com dois incêndios no domingo. Um ocorreu no Edifício Hoi Fu, que levou a que duas pessoas tivessem de ser hospitalizadas devido à inalação de fumos. Nesse mesmo dia, teve lugar outro fogo no Edifício Jardim Iat Lai, embora sem feridos. Todavia, a série negra começou a 24 de Fevereiro, quando as chamas atingiram o Edifício do Lago, o que fez com que dois moradores tivessem de ser transportados para o hospital. Houve ainda 18 moradores que tiveram de deixar temporariamente as suas casas. Este fogo ficou marcado pelo facto de o alarme de incêndio não ter funcionado, o que levou a alertas de alguns deputados, como Lo Choi In. No entanto, o pior incidente aconteceu no Edifício Jardim Cidade Nova (também denominado San Seng Si Fa Un), na Avenida Tamagnini Barbosa, no bairro do Toi San, em que três pessoas tiveram de ser transportadas para o hospital, duas crianças e uma empregada doméstica, com queimaduras no corpo.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Estímulos ao consumo na China podem trazer benefícios A indústria do jogo de Macau poderá beneficiar do mais recente pacote de estímulos ao consumo anunciados pelo Governo Central no domingo. O analista Vitaly Umansky da Seaport Research Partners prevê que a médio prazo os estímulos aumentem a confiança dos consumidores e impulsionem os resultados dos casinos de Macau, em especial no segmento de massas Macau poderá beneficiar dos estímulos ao consumo anunciados no domingo pelo Governo Central, com um reflexo directo das receitas dos casinos, na perspectiva do analista Vitaly Umansky, da Seaport Research Partners. “O Governo chinês anunciou recentemente planos ambiciosos para impulsionar o consumo e melhorar a confiança dos consumidores. Estas iniciativas políticas deverão contribuir para aumentar as receitas de Macau”, referiu o analista sénior num comunicado divulgado na quarta-feira. Apesar de o pacote de estímulos não incluir a distribuição directa de dinheiro aos cidadãos, Vitaly Umansky considera que as medidas não só eram esperadas devido ao fraco consumo interno, como podem ajudar a melhorar a procura e confiança dos consumidores, seguindo a primeira ronda de estímulos e apoio ao mercado imobiliário de Setembro do ano passado. “Esperamos que, a médio prazo, estas medidas ajudem a apoiar o crescimento da procura em Macau. A melhoria da confiança dos consumidores e a expansão das carteiras dos consumidores deverão apoiar a longo prazo o crescimento da base de clientes de massa de Macau”, afirmou o analista, citado pelo portal GGR Asia. Calor da noite A nota da Seaport Research Partners realça que, apesar de o segmento premium ter demonstrado alguma resiliência à crise depois de terem sido levantadas as restrições no combate à pandemia, o mercado base de massas, composto por jogadores que gastam menos, continuou abaixo das previsões dos analistas. O cenário é ainda mais pessimista tendo em conta o mercado dos apostadores que não pernoitam em Macau, com Vitaly Umansky a salientar que mesmo o negócio das excursões de um dia vindas de Guangdong, sem pernoita, tem sido mais forte para Hong Kong do que para Macau. A postura positiva de Pequim em relação a Macau, que inclui a expansão das políticas de facilitação de vistos para viajar para a RAEM, foi também destacada pela Seaport Research Partners como uma ajuda para o crescimento económico de Macau no futuro, embora ressalvando o fraco impacto a curto-prazo. Enquanto ainda não são conhecidos os contornos concretos das medidas, o Governo Central anunciou, para já, que o pacote de estímulos tem como objectivos revitalizar a procura interna, aliviar os encargos financeiros dos consumidores, com destaque para os sectores da habitação, automóveis, turismo de idosos e indústrias emergentes ligadas à inteligência artificial. Segundo a agência Xinhua, Pequim pretende também promover o aumento de salários, nomeadamente aperfeiçoando o mecanismo de ajuste do salário mínimo, e expandir fontes de rendimento através da estabilização do mercado de capitais e da emissão de mais títulos de obrigações concebidos para investidores individuais.
João Santos Filipe Manchete PolíticaComércio | Lao Ngai Leong quer mais veículos vindos de Hong Kong Com o comércio local a perder cada vez mais receitas para o Interior, o membro da Assembleia Popular Nacional por Macau sugere que o território aceite mais viaturas de Hong Kong, para ajudar à recuperação dos negócios as pequenas e médias empresas O membro da Assembleia Popular Nacional por Macau, Lao Ngai Leong, sugere a atribuição de mais quotas para veículos de Hong Kong podere circular em Macau, para compensar as pequenas e médias empresas (PME), pelas perdas das receitas para o Interior. A proposta foi apresentada durante uma sessão para aprender o “espírito das duas sessões”, realizada Associação de Federação e Comercial União de Shun De de Macau, na quarta-feira. Durante a sessão, de acordo com o Jornal do Cidadão, Lao Ngai Leong abordou os problemas do comércio local, provocados pelo consumo cada vez mais frequente dos residentes do outro lado da fronteira. Contudo, Lao destacou que a questão é mais abrangente e que tem vantagens, dado que “também as pequenas e médias empresas começaram a consumir mais no Norte”. Apesar deste cenário, o também empresário espera que os veículos de Guangdong possam circular cada vez mais perto de Macau, para visitarem o território e aumentar o volume de negócios das PME. No entanto, o político avisou a população local da necessidade de ter maior capacidade para aceitar o aumento de tráfego nas estradas de Macau. A sugestão foi apresentada numa altura em que os residentes de Hong Kong tendem a consumir cada vez mais no Interior, em especial em Shenzhen, onde os preços são mais baratos do que na RAEHK ou em Macau. A reconhecer a realidade Em relação às PME dos bairros comunitários, o deputado reconheceu a existência de dificuldades acrescidas, dado que os novos turistas de Zhuhai não ficam, nem compram nessas zonas. Lao Ngai Leong defendeu assim que o Governo tem de criar outras atracções nos bairros e atribuir maior apoios ao comércio local, para atravessar esta fase complicada. Apesar das dificuldades, o empresário defendeu que a economia de Macau está a “recuperar relativamente bem depois da pandemia” e que é a “obrigação de todos os sectores aproveitarem as políticas preferenciais do Governo Central”. O político afirmou igualmente que “as PME devem revitalizar-se e criar novo valor, para serem mais competitivas”. Lao contou ainda que a sua empresa de comida no Interior começou a trabalhar com universidades para criar novos produtos e a seguir as novas tendências de consumo, pedindo ao comércio local que siga este exemplo.
João Santos Filipe Manchete PolíticaNAPE | FAOM pede abertura de Centro de Saúde A conclusão de edifícios para escritórios da Administração no NAPE é vista pelo deputado da FAOM, Leong Sun Iok, como a oportunidade para abrir novas instalações de saúde, numa zona que afirma ter pouca cobertura Leong Sun Iok defende a abertura de um Centro de Saúde público no NAPE, após a construção dos novos edifícios da Administração. O pedido faz parte de uma interpelação escrita do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Segundo o legislador, actualmente, os residentes do NAPE são servidos pelo Centro de Saúde do Tap Seac, que tem uma das maiores coberturas da RAEM e maior número de utentes. No entanto, Leong indica que a capacidade do centro de saúde é limitada pelo que em 2027 vai surgir uma oportunidade para resolver o problema. “De acordo com a área de cobertura dos centros de saúde, actualmente, os residentes da zona do recebem serviços médicos e de saúde no Centro de Saúde de Tap Seac. No entanto, com o aumento da população verificado nos últimos anos, há uma necessidade urgente de um novo centro de saúde na zona do NAPE”, afirmou o deputado. “Com a conclusão, em 2027, dos edifícios de escritórios públicos nos lotes 25 e 12 no NAPE, espera-se que a oportunidade seja aproveitada para abrir o novo Centro de Saúde, para colmatar esta lacuna e aliviar a pressão sobre o Centro de Saúde de Tap Seac”, é acrescentado. O deputado defende que os edifícios pensados como escritórios para a Administração possam ser reconvertidos para expandir a rede de clínicas do território. Leong Sun Iok lamenta também que actualmente os residentes do NAPE apenas se possam deslocar ao Tap Seac, por considerar que as opções são limitadas. Além disso, aponta a falta de serviços de saúde, mesmo privados, naquela zona. “Como não existem actualmente instituições médicas públicas no NAPE, e são poucas as clínicas privadas, é difícil satisfazer as necessidades médicas e de cuidados de saúde dos residentes naquela área”, atira. Tap Seac com limitações Por outro lado, Leong Sun Iok destaca as limitações do Centro de Saúde do Tap Seac, apesar de admitir que estão identificadas e que os Serviços de Saúde têm planos para melhorar os espaços para as consultas. Na interpelação, o deputado recorda também que o Plano para uma Macau Saudável tem como pilares da política de saúde a detecção preventiva das doenças mais graves e o aprofundar da cooperação com as clínicas privadas. Por isso, e no caso de não haver planos de abertura de uma clínica, Leong Sun Iok questiona o Governo sobre como vai concretizar a política de detecção preventiva das doenças mais graves no NAPE, assim como a possibilidade de serem instalados equipamentos naquela zona. Na interpelação, Leong Sun Iok elogia ainda o desenvolvimento dos serviços médicos nos últimos anos, que considera que têm contribuído para melhorar a vida da população.