Pintura | “Ma-Boa Lis-Cau”, de Charles Chauderlot, inaugura dia 23

São retratos com algum humor, detalhados, produtos do confronto entre as duas cidades das sete colinas, onde o espectador é impelido a confundir-se apesar das evidências. São as pinturas de Charles Chauderlot que trazem Macau e Lisboa à Creative Macau na quinta-feira

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]São diferentes mas parecem-se”, garante Charles Chaderlot a propósito de Macau e Lisboa. É isto, aliás, que o pintor vai tentar provar na sua próxima exposição de desenhos e litografias na Creative Macau: a visão do artista ao combinar as duas.
“Gosto do sabor especial dos tabacos no meu cachimbo, da mistura dos diferentes tabacos”, garante Chauderlot para ilustrar o espírito desta exposição que, significativamente, intitulou “Ma-Boa Lis-Cau”.
Segundo o pintor, “Macau e Lisboa têm muitos aspectos diferentes como a sua a história e a própria localização. Mas também têm muitas semelhanças, como a cancela chinesa, as igrejas, as pequenas lojas, etc.” Nesta descoberta, Chauderlot retrata diversas cenas das duas cidades, na visão composta delineia entre Macau e Lisboa. chauderlot
Das ruas de Madrid aos recantos inacessíveis da Cidade Proibida, num percurso de pintura ocidental e chinesa com passagens por Lisboa e Macau, onde vive desde 2006, Charles Chauderlot tem um longo percurso na pintura. Nasceu em Madrid, em 1952, no seio de uma família franco-espanhola com uma árvore genealógica cheia de reconhecidos escultores, pintores, arquitectos e gente das Artes.
Começou a pintar aos 11 anos, em Bordéus, com um professor de Belas Artes, até que em 1996 vem pela primeira vez à China e em 1997 muda-se para Pequim onde acaba a pintar em zonas restritas da Cidade Proibida, numa época em que estudava as técnicas de pintura chinesa e desenvolvia capacidades para explorar a pintura a preto e branco.
Em 2006, muda-se para Macau, onde continua a pintar. Um percurso que o levou a expor um pouco por todo o mundo e a participar em várias feiras de arte. Em 2011 o IACM organiza-lhe uma exposição de dois meses e publica um importante catálogo da sua obra. Em 2013, no Museu do Oriente, em Lisboa, Chauderlot também viu a sua obra exposta por cinco meses no contexto das celebrações dos 500 Anos das Relações entre Portugal e a China.
Agora, a sua mais recente exposição inaugura no próximo dia 23 pelas 18h30 na Creative Macau, sendo a entrada gratuita. A organização promete uma tarde de refrescos e animação intermitente. Os trabalhos de Charles Chauderot estarão disponíveis ao público todos os dias, de segunda a sábado, entre as 14h00 e as 19h00 até ao dia 19 de Março.

15 Fev 2016

Chang Kam Pui, director de associação ambiental: “Governo está desligado do sector da reciclagem”

A participação numa conferência da ONU sobre mudanças climáticas trouxe novas ideias a Chang Kam Pui de como promover a protecção ambiental em Macau. Mas o director da Associação de Protecção Ambiental e Gestão de Macau não tem dúvidas: o Governo não tem planeamento, tecnologia, nem consciência para resolver o problema e nem sequer ajuda o sector que ainda se vai dedicando à temática

A vossa Associação, juntamente com outra, participou na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas em Paris no fim do ano passado. Como foi a experiência?  
Ganhámos muito. Quando acabou a conferência e voltámos para Macau, percebemos que Macau, é de facto, pequeno. Não só ao nível da área territorial, mas também ao nível da tecnologia para a protecção ambiental. Noutros países e regiões, as técnicas são desenvolvidas, os métodos e o planeamento utilizados são pioneiros, a educação cívica vai no caminho da sustentabilidade. Só assim se pode avançar para um desenvolvimento ao nível da protecção ambiental. No estrangeiro, é tudo muito avançado, não se faz apenas a promoção da protecção ambiental como em Macau, mas faz-se essa protecção, no âmbito da tecnologia, da economia e dos negócios.

Participou como representante de Macau? Como é que esse trabalho foi conseguido?
Participámos pela primeira vez. Fomos nós próprios a entregar documentos para ingressar na conferência e depois fomos convidados a participar, após uma avaliação. Macau foi uma das regiões que participou como organização observadora. 
 
Quais as principais diferenças que sente entre o que viu na conferência e Macau?

O que vi é que os trabalhos de protecção ambiental de Macau ficam muito atrás de outras organizações internacionais, tanto ao nível do pensamento, como na prática. Vamos a ver e o nosso território é definido como um Centro Mundial de Turismo e Lazer e uma cidade apropriada para viver. Mas será esta definição correcta? Não será demasiado? Sem contar com os países mais distantes, estamos em competição com outros países asiáticos como Taiwan e Japão. Macau não avança na protecção ambiental.

O que poderia fazer o Governo?

Os conhecimentos que adquiri [na conferência] versam sobretudo sobre o uso da energia solar, soluções para [acabar com] a poluição do ar, poluição visual e das águas. Mas a tecnologia utilizada ultrapassa a actual capacidade de Macau – isto a juntar à falta de terrenos, faz com que Macau não consiga avançar para essas resoluções, mesmo que haja profissionais estrangeiros e especialistas em protecção ambiental em Macau. Por exemplo, a energia solar precisa de grandes espaços para se colocarem os painéis solares, algo que não se coaduna com a realidade de Macau. Mas o que é mais de salientar é a educação cívica e a cooperação interdepartamental, porque na conferência observámos que todos os  departamentos dos governos estrangeiros estão bem coordenados: no Japão, por exemplo, as crianças aprendem como proteger o ambiente desde o jardim-de-infância. Um exemplo muito simples é o de colocar caixotes de reciclagem de lixo dentro das escolas, sobretudo nas cantinas, e os próprios professores ensinam directamente como se faz a separação do lixo. Outro exemplo é que os professores pedem aos alunos para trazerem os próprios sacos para festas escolares, para levarem as prendas. Assim, eleva-se a consciência da população, formando-se hábitos de protecção  ambiental.  Tem que se perceber que a protecção ambiental não é algo obrigatório, mas depende da auto-disciplina das pessoas. E é isso que o Governo de Macau precisa de ter como referência para melhorar o ambiente e os trabalhos com ele relacionados.

Como avalia o actual planeamento da protecção ambiental de Macau?

Foi publicado há pouco tempo o Relatório da Situação do Ambiente de 2014 e vi que, na parte sobre a gestão da protecção ambiental, o Governo defende que vai promover a educação, mas fala apenas nos números de actividades de promoção, de participantes… são meramente belas palavras. De forma geral, não existe um planeamento real e completo e é mesmo preciso avançar com esses detalhes no futuro. Como? Primeiro, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) deve coordenar-se com a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) para incluir a disciplina de protecção ambiental nas escolas, porque até agora não existe nem nas escolas primárias, nem secundárias, nem sequer nas universidades. Quem quiser trabalhar na área de protecção ambiental tem de estudar em Hong Kong, Taiwan, Estados Unidos, Canadá ou Singapura, porque Macau não tem um curso específico. Posso dizer que não existe uma base [para a protecção ambiental] em Macau, o que faz com a promoção de protecção ambiental exista, mas sem dar a colher frutos.
 
Esse relatório mostra que a qualidade do ar tem uma tendência de melhoria, comparado com o de 2012 a 2013. A qualidade do ar melhorou realmente ou são, como diz, apenas números?
Os dados são apenas para referência, a melhoria da qualidade de ar depende do que sentimos como cidadãos. Acredito que a maioria da população considera que o ar em Macau é pior agora. A principal fonte de poluição são os gases dos automóveis e, se não se resolver esta questão, a qualidade do ar do território nunca vai melhorar. O Governo tem promovido o uso de carros electrónicos, o que é positivo, mas como existe o problema do trânsito, quanto mais carros pior a situação, porque quando há engarrafamento os gases emitidos pelos automóveis parados são mais poluentes. Neste âmbito, quais são as medidas urgentes da DSPA para resolver essa poluição? Queremos saber. Ao que sei, os gases de automóveis são mais poluentes quando os combustíveis são de má qualidade ou não são usados de forma apropriada. Será que o Governo pode regular melhor o uso de combustíveis, promovendo os de melhor qualidade, pelo menos para diminuir a poluição? É que isso depende da implementação de políticas do Governo.

No ano passado, o sector da reciclagem de Macau manifestou-se contra a falta de apoio do Governo. Qual é a sua opinião face a isto?

Quanto à indústria de protecção ambiental, actualmente em Macau existem apenas micro empresas que reciclam os materiais. Não existe Lei de Protecção Ambiental que as suporte e, mesmo que o Governo implemente instruções, regras ou decretos-lei, não adianta. Em Taiwan, por exemplo, a indústria é completa: a lei regula que as pessoas façam a separação do lixo em casa e depois coloquem nos caixotes de lixo públicos correspondentes, fazendo com que o lixo já esteja separado quando a empresa o vai recolher. As associações começaram a reciclar os papéis e garrafas plásticas para que sejam feitos produtos novamente. Olhando para Macau, as empresas não têm confiança para avançar com trabalhos, porque parece que não temos um verdadeiro sector de reciclagem. O Governo ainda não conseguiu criar um ambiente para a sobrevivência dessas micro empresas. Recentemente, começou a pensar em classificar o sector de protecção ambiental como uma indústria, o que é uma boa notícia, mas até ao momento não houve nenhuma mudança.

Como é que o Governo poderia apoiar esta indústria?

É preciso haver cooperação entre o sector e o Governo, que actualmente estão desligados [um do outro]. O Governo deve criar regras para o sector da reciclagem, compreender como as empresas reciclam materiais… é preciso comunicação. Além disso, poderia aproveitar-se terrenos na Ilha da Montanha, onde Macau arrenda dez quilómetros quadrados, para promover a diversificação desta indústria. Acredito que um a dois quilómetros quadrados especificamente para a protecção ambiental já é suficiente: poderia, por exemplo, haver uma base de formação onde os residentes de Macau poderiam ser formados como especialistas nesta área, onde se poderiam desenvolver produtos reciclados, que pudessem suportar o sector em Macau. Claro que é preciso aceitação e planeamento do Governo. Caso contrário, vai manter-se sempre na fase actual, sem espaço para avançar.

O Governo está a realizar agora uma consulta pública sobre o uso dos sacos de plástico e a proposta sugere o pagamento obrigatório de uma pataca por cada saco. Concorda?
A proposta é positiva, mas a eficácia é incerta. Essa medida foi implementada em Taiwan há muitos anos e falhou porque as lojas de lembranças continuavam a dar sacos gratuitos. Será que o dinheiro pode resolver o problema do lixo? Não me parece. Seja uma ou cinco patacas, os turistas não se importam de pagar quando compram muitas coisas, sobretudo nas lojas de marca e de luxo. Já para os cidadãos, prevejo que a eficácia seja maior entre os idosos, que se importam com poupar dinheiro. O que considero mais importante é o Governo mostrar que confia realmente na protecção ambiental, do que estar a propor esta medida. Sabemos quantos sacos de plástico os organismos públicos utilizaram? Porque é que não se mostra primeiro à população a meta de diminuição no uso de sacos de plástico na Função Pública e depois se sugere aos cidadãos seguirem a mesma medida? O pagamento é apenas um alerta, mas a mudança da situação depende da auto-disciplina de cada um.

12 Fev 2016

Deputada Ella Lei volta a pedir debate sobre cláusulas compensatórias em contratos

É a segunda vez: a deputada Ella Lei quer que o Governo vá ao hemiciclo responder sobre por que não inclui nos contratos públicos cláusulas que permitam indemnizações e sanções. É que o dinheiro continua a sair dos cofres públicos, sem que o Executivo intervenha

A Assembleia Legislativa (AL) aceitou um pedido de debate sobre a inclusão de cláusulas penais compensatórias nos contratos de obras públicas. Apresentada pela deputada Ella Lei, a proposta versa sobre um assunto que tem sido defendido por outros membros do hemiciclo e que visa responsabilizar as empresas quando houver falhas nas obras públicas.
Numa nota justificativa que acompanha o pedido, assinado apenas pela deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), pode ler-se que “o Governo deve incluir as cláusulas penais compensatórias nos contratos de obras públicas, com vista a impulsionar o cumprimento rigoroso dos contratos, por parte dos empreiteiros, nomeadamente quanto aos prazos de conclusão das obras, evitando assim os sucessivos atrasos e excessos de despesas daí recorrentes”.
A deputada relembra que a inclusão destas cláusulas – que iriam fazer com que as empresas tivessem de pagar indemnizações ao Governo em caso de atrasos ou problemas – “é legalmente permitida pela legislação vigente”, sendo que estas foram mesmo propostas pelo Comissariado de Auditoria (CA). Ella Lei evoca, aliás, o CA para lembrar que, actualmente, sem estas cláusulas nos contratos não há muito que o Executivo possa fazer.
“Devido à insuficiência de fiscalização e à falta de mecanismos eficazes de indemnização e sanção, o Gabinete para as Infra-Estruturas de Transportes (GIT) nada pôde fazer, mesmo perante os graves atrasos registados nas obras do metro ligeiro e a falta de entusiasmo dos empreiteiros em envidar esforços para recuperar tempo.”
O metro ligeiro é um dos exemplos mais utilizados pelos interessados na implementação destas medidas, uma vez que ultrapassou não só o orçamento, como o período de construção. Só que em nenhum contrato do metro o Governo incluiu estas cláusulas.

Errar duas vezes

Ella Lei relembra que a “sociedade se mostra a favor” destas cláusulas e critica o Executivo pela inércia demonstrada. “O Governo afirmou repetidamente que ia proceder ao estudo sobre a viabilidade da inclusão e que, para o efeito, alguns governantes até se dirigiram a Hong Kong para troca de experiências. Em Novembro, o Chefe do Executivo disse que estavam em curso negociações e estudos, mas até ao momento ainda não respondeu.”
Da mesma forma, também o GIT fala em estudos, o que fará com que as cláusulas penais compensatórias “não vão ser incluídas no novo concurso para a obra do parque de materiais e da oficina do metro”, obra que motivou justamente os apontamentos do CA e que levou o Governo a tribunal contra a empresa.
Ella Lei volta à carga com o pedido de debate que, em Janeiro de 2015, foi chumbado devido à promessa de estudos do Governo. A deputada pede novamente que os deputados aprovem o debate, para que o Executivo tenha de ir dar explicações à AL. Até porque, diz, “vai haver grandes obras públicas sucessivamente” e “atendendo à imperfeição dos actuais mecanismos de fiscalização, são enormes os gastos de dinheiro público”.
“Assim não nos conseguimos livrar do beco sem saída dos atrasos, excessos de despesa e má qualidade das obras.”
O pedido de debate foi agora traduzido para Português, tendo sido entregue a 26 de Janeiro. Resta agora subir a plenário e esperar pela votação dos deputados.

12 Fev 2016

Novo “ciclo” justifica aumento de capital da Macau Investimento e Desenvolvimento

A injecção de capital na Macau Investimento e Desenvolvimento, S.A. deveu-se à entrada numa fase mais madura do projecto. É a justificação da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) ao HM, que questionou o organismo sobre o aumento em 86% do valor inicial da empresa criada em 2011 e que tem como accionistas a RAEM, com 94%, o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (3%) e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (3%).
Em Janeiro, o HM avançou que a sociedade comercial, que é uma sociedade anónima, passa assim a ter um capital social de quase três mil milhões de patacas, proveniente do erário público. Em resposta ao HM, a DSE explica o motivo.
“O Parque Industrial estava na fase de desenvolvimento e investimento e, concretamente, já entrou num ciclo mais aprofundado [devido] ao desenvolvimento de projectos. Para o  desenvolvimento de longo prazo de projectos, o Parque Industrial tem a necessidade de explorar as suas actividades [consoante] a necessidade do capital social”, começa por dizer a DSE. “Em simultâneo, para a necessidade de desenvolvimento de projectos e de capital social relativa à exploração de actividades em Zhongshan, a Macau Investimento e Desenvolvimento, S.A. procedeu ao aumento do capital social para concretizar os [objectivos] supra-referidos.”
A empresa foi criada precisamente para “promover o desenvolvimento sustentável e os negócios no exterior de Macau”, realizando “projectos de investimento” e para ficar responsável pela exploração e gestão da área da Ilha da Montanha e dos projectos a desenvolver conjuntamente entre a RAEM e a região vizinha.
A DSE relembra que esta Sociedade e a Zhuhai Da Hengqin Investment Co. Limited constituíram, em conjunto, a Guangdong-Macau Traditional Chinese Medicine Technology Industrial Park Development Co., Ltd., como uma entidade para ter a finalidade de funcionar e explorar as actividades relativas ao Parque Industrial.
A autorização de injecção de capital foi promulgada no ano passado, só tendo sido tornada pública em Boletim Oficial em Janeiro. O capital social é de 2,97 mil milhões de patacas, dividido e representado por 296.800 acções ordinárias, com o valor nominal de dez mil patacas cada uma, totalmente subscritas e realizadas em dinheiro.

12 Fev 2016

Terapeutas | Macau sem pedidos do exterior por “falta de interesse”

O Instituto de Acção Social já deu luz verde para a importação de terapeutas estrangeiros, mas até ao momento nenhum pedido foi feito. Associações dizem que condições de recrutamento não são as ideais

O assunto foi debatido, o Governo autorizou, mas o interesse parece ser pouco. Há um ano o Instituto de Acção Social (IAS) deu luz verde para a importação de terapeutas para pessoas com necessidades educativas especiais, mas numa resposta enviada ao HM a entidade confirma que, até ao momento, nenhum pedido foi feito para a introdução de terapeutas não residentes.
Associações contactadas pelo HM explicam o motivo provável: as circunstâncias de recrutamento são pouco atractivas, tanto ao nível do salário, como das próprias condições apresentadas.
Sandra Lio, secretária-geral da Associação dos Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau, explicou que a entidade já publicou anúncios em Hong Kong e Taiwan, mas as respostas têm sido poucas.
“Os terapeutas do interior da China não correspondem às qualificações porque a sua formação diz respeito a trabalhadores na área da reabilitação e essa credenciação não é aceite em Macau. As condições dos terapeutas de Hong Kong são diferentes das de Macau e podem não ter vontade de trabalhar cá. Em Taiwan os salários são muito melhores e podem receber a mesma remuneração e desenvolvimento na carreira na sua terra natal, pelo que não há grandes razões para que optem por trabalhar em Macau. Até porque a habitação pode constituir uma grande carga”, disse Sandra Lio ao HM.
Também Nerissa Lau, presidente da Associação de Surdos de Macau, explicou que são poucos os terapeutas de Hong Kong que querem trabalhar em Macau, sobretudo devido aos baixos salários. O idioma é um factor atractivo, mas a Associação garante que só pode tentar convidar terapeutas de Taiwan.
A responsável frisou ainda que os procedimentos administrativos para recrutar terapeutas no exterior “são complicados” porque envolvem não só o IAS como os Serviços de Saúde (SS) e o Gabinete de Recursos Humanos (GRH). Nerissa Lau espera, assim, que o Governo facilite o processo para que se possa resolver a falta de mão-de-obra na área.

Luta por profissionais

Sandra Lio explicou que a sua associação tem tentado há meio ano recrutar mais terapeutas, mas não consegue, também devido às dificuldades em competir com as condições da Função Pública. Não só não arranjam recursos humanos, como os perdem.
“Quando o Governo abre concursos de ingresso para recrutar terapeutas todos se candidatam, incluindo os da nossa Associação. Estamos carentes de mão-de-obra e os nossos serviços estão suspensos”, apontou.
Para Sandra Lio, o trabalho de terapeuta está numa situação passiva, porque nenhuma instituição do ensino superior criou cursos nesta área. A responsável acredita que só uma aposta na formação local pode resolver as carências de recursos humanos.
Na resposta ao HM, o IAS reiterou que vai fazer uma avaliação contínua sobre os recursos humanos nesta área e que só vai permitir a importação de terapeutas para colmatar lacunas, por forma a não afectar o emprego dos locais e as suas condições de trabalho. O IAS prometeu manter a cooperação com as associações, mas não avançou novas medidas para responder à ausência de candidaturas.

12 Fev 2016

Novo Banco Ásia | Lucros dobram mas “continuam a ser baixos”

José Morgado, presidente da Comissão Executiva do Novo Banco Ásia, garante que a instituição bancária poderia ter tido um melhor desempenho, apesar de ter registado lucros em 2015 de 4,7 milhões, o dobro face a 2014

Os resultados financeiros do Novo Banco Ásia relativos a 2015 foram ontem publicados em Boletim Oficial (BO) e mostram que a instituição bancária, uma subsidiária do Novo Banco em Portugal, registou lucros de 4,7 milhões de patacas, o dobro face a 2014. Apesar disso, os números revelam estabilidade e não um crescimento de maior dimensão como seria desejável, explicou ao HM José Morgado, presidente da Comissão Executiva do Novo Banco Ásia.
“Os resultados continuam a ser baixos, se compararmos com anos anteriores. Obviamente que dobraram o ano passado e isso é sinónimo de estabilidade, mas o potencial na Ásia é bastante maior e estamos a pensar que, de facto, podemos fazer ainda melhor”, disse José Morgado.
A curto prazo, o Novo Banco Ásia pretende manter a estabilidade que tem demonstrado. “Queremos manter a mesma linha de acção até que haja uma melhor definição relativamente àquilo que o Banco pretende fazer.”
Numa altura em que o processo de venda do Novo Banco continua por concluir, o Banco de Portugal escolheu o Deutsche Bank para ser o assessor financeiro deste processo. José Morgado não sabe se este impasse poderá ou não influenciar os planos do Novo Banco Ásia.
“Obviamente que as coisas estão ligadas, mas são um pouco complementares. Nós somos uma subsidiária do Banco em Portugal, nem sequer somos uma sucursal”, apontou.

Venda poderá acontecer

O presidente da Comissão Executiva da instituição bancária referiu ainda que “existem fortes possibilidades do Novo Banco Ásia ser vendido”. “Aparentemente a entidade supervisora europeia está a colocar como hipótese a venda, para que haja um esforço menor de capital numa altura em que o Novo Banco também está num processo de venda. Pelo que tenho lido, vai nesse sentido”, apontou José Morgado ao HM.
“O projecto na China é sempre interessante e, pelo que sei, a actual administração do Novo Banco queria manter esta situação porque a considerava estratégica. Continuo a achar que o projecto asiático tem muito potencial e tanto no passado como no presente existem alguns interessados na aquisição do Novo Banco, por isso pode ser que o processo evolua”, rematou.
Segundo o jornal Diário Económico, os principais bancos de Espanha, como é o caso do Santander, serão os principais interessados no segundo processo de aquisição do Novo Banco, incluindo o Banco Português de Investimento (BPI) e o seu accionista espanhol CaixaBank. O grupo chinês Fosun e a Apollo, gestora de fundos americana, e que já tinham participado na primeira tentativa de venda, poderão também estar na corrida para adquirir o Novo Banco.

12 Fev 2016

Hong Kong | Rixa em Mong Kok associada a movimento “Scholarism”

Começou por ser uma operação policial contra vendedores ambulantes de comida, mas acabou em violentos confrontos entre a população e a polícia, aos quais nem os jornalistas escaparam. A revolta ocorrida na zona de Mong Kok começa a ter contornos políticos, com a prisão de um membro do “Scholarism”

Na noite de terça para quarta-feira viveram-se momentos de terror nas ruas da zona de Mong Kok, em Hong Kong, num violento protesto como não se via desde 2014, ano em que o movimento Occupy Central ocupou o distrito financeiro da região vizinha. Os desacatos começaram com uma operação policial contra vendedores ambulantes, mas depressa grupos de pessoas manifestaram-se de forma violenta, cujos actos culminaram em 90 polícias feridos e dezenas de pessoas detidas, número que poderá aumentar, segundo o Executivo da região vizinha.
A operação da polícia desencadeou protestos entre os comerciantes e frequentadores da zona de Kowloon que, segundo a polícia, acabaram por lançar pedras, contentores e garrafas às forças de segurança. A polícia respondeu com gás pimenta e disparos de aviso.
O subcomandante da polícia de Hong Kong Crusade Yau Siu-kei disse ao jornal South China Morning Post que é provável que o protesto contra a polícia estivesse preparado e organizado porque, assegurou, os manifestantes tinham carros para transportar escudos, capacetes e luvas, entre outros objectos. A polícia já deteve mais de 60 pessoas, acusadas de ataque às forças de segurança, resistência à detenção, alteração da ordem pública e de obstaculizarem o trabalho policial. Os desacatos na rua duraram mais de dez horas, sendo que ontem a policia de Hong Kong ainda patrulhava o local.

“Scholarism” envolvido

Ontem os confrontos em Mong Kok começaram a estar associados ao movimento “Scholarism”, já que, segundo o jornal South China Morning Post, Derek Lam Shun-in foi preso. Derek Lam Shun-in pertenceu ao movimento Occupy Central e é membro do Scholarism, tendo sido apanhado pela polícia no Aeroporto Internacional de Hong Kong na manhã de ontem, acusado de ter incitado a rixa. Derek Lam Shun-in estaria a viajar para Taiwan para se juntar à família, sendo que os familiares terão regressado a Hong Kong assim que souberam da sua detenção.
Um comunicado publicado pelo “Scholarism” já veio negar esta acusação, dizendo que Derek Lam Shun-in estava em Mong Kok apenas para comprar comida aos vendedores ambulantes. “Ele deixou Mong Kok às 2h15 horas da manhã de terça-feira e não atacou nenhum política ou fez algo violento”, aponta o comunicado, que fala de uma detenção feita sem autorização judicial.
“Estamos profundamente indignados com o facto da polícia prender de forma indiscriminada um estudante, algo que significa um ataque aos direitos da pessoa e à sua liberdade de expressão. Até este momento o advogado não conseguiu contactar Derek de nenhuma forma. Pedimos à polícia que dê declarações sobre a situação do Derek e que autorize a sua libertação imediatamente. Nós, sem medo, vamos usar toda a nossa força para lutar nesta batalha ao lado do nosso membro Derek Lam”, lê-se no comunicado divulgado no Facebook.
Ao HM, Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), acredita que podem existir ligações não directas ao “Scholarism” ou Occupy Central. “Podem existir elementos políticos por detrás do movimento. Não compreendo totalmente toda a situação, mas penso que a política será um dos motivos por detrás do que aconteceu”, disse Scott Chiang, que falou da possibilidade de “um número de pessoas terem recusado utilizar os canais normais para expressar a sua insatisfação e tomaram acções para mostrar ao Governo a sua posição política”.
“Podem ter tomado mais acções pró-activas ou diria violentas…em chinês chamamos de “locais” pró-activos, este tipo de pessoas convenceram-se que o pacifismo já não lhes serve desde o Occupy Central, e perceberam que talvez o facto de terem sido pacíficos fez com que o movimento tenha falhado. Penso que um grupo de pessoas se convenceu que deviam ser mais violentos ao lidar com o Governo, por isso vimos mais jovens a aderir à revolta, pareciam bem preparados. Não diria que já estavam organizados, mas sabiam o que estavam a fazer”, disse o presidente da ANM ao HM.
O South China Morning Post avançou ainda que depois da prisão de Derek Lam foi preso outro homem na zona de Sham Shui Po, sendo que a polícia terá descoberto cinco walkie-talkies em casa do suspeito.
Para além do “Scholarism”, o grupo “Hong Kong Indigenous” estará envolvido no caso, já que o seu líder, Edward Leung Tin-kei, referiu na sua página do Facebook ter sido preso acusado de estar ligado aos acontecimentos de Mong Kok. Edward Leung escreveu ainda que a polícia terá forçado a entrada em casa de outros alegados suspeitos, o que terá resultado na prisão de mais 20 pessoas.

CY Leung rejeita violência

Entretanto, o Chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, já veio condenar os actos de violência, falando dos carros da polícia e de privados que ficaram danificados, para além dos agentes das forças de segurança que foram alancados com diversos objectos mesmo depois de já estarem caídos no chão e feridos.
“Penso que as pessoas poderão ver por si próprias nas imagens da televisão a seriedade da situação. O Governo condena com firmeza estes actos violentos”, afirmou.
Para Scott Chiang, CY Leung vai utilizar este episódio para garantir uma reeleição ao cargo de Chefe do Executivo, em 2017. “CY Leung usou este incidente para ter mais apoio, para que possa ter uma reeleição assegurada” defendeu o presidente da ANM.
Para o académico Larry So, o que aconteceu em Mong Kok não foi apenas por uma questão política. “Não se pode falar de um movimento puramente ideológico, diria que não foi um movimento político quando se transformou numa revolta, sem nenhuma ideia ou objectivo político por detrás disso. Numa primeira fase parecia planeado e organizado, mas não havia uma extensão. Uma mob deste género é irracional é um movimento colectivo”, defendeu.
Para o futuro, Larry So acredita que “mais acontecimentos deste género podem ocorrer, este tipo de descontentamento pode voltar a aparecer junto da sociedade. Se Hong Kong consegue suportar isso? Sim, mas terão de pagar um preço”, rematou. Scott Chiang acredita que “a situação se vai tornar mais polarizada”, frisou.

11 Fev 2016

Templo de A-Má danificado por incêndio

Batiam as cinco e meia da madrugada quando Macau acordou com o sirene dos bombeiros. Uma parte de um pavilhão do Templo de A-Ma, local que acolheu nos últimos dias milhares de pessoas nas tradições do Ano Novo Chinês, ardeu devido, apontam as autoridades, a um curto-circuito. Sem feridos, indica o canal chinês de Rádio Macau, ainda não há dados da dimensão dos estragos.
Em visita ao espaço, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, considera que o “Templo de A-Ma é um património de Macau muito importante” e é “lamentável” que algo como isto tenha acontecido. “O Governo de Macau vai ajudar na reparação do que foi danificado. A Administração está preocupada e atenta à protecção do seu património”, defendeu, indicando que o Instituto Cultural (IC) já tinha alertado, no final do Janeiro, para o cuidado necessário relativamente à queima de incensos.

Inspecção recente

Também em visita, o presidente do IC, Guilherme Ung Vai Meng, explicou à rádio Macau, que a última inspecção ao espaço foi feita no final de Janeiro. “No dia 28, o Instituto Cultural e o Corpo de Bombeiros realizaram uma acção de prevenção de incêndios em todos os templos. O Templo de A-Ma foi o primeiro em que fizemos a inspecção. Na sequência da investigação preliminar do Corpo de Bombeiros, não é muito provável que o fogo esteja relacionado com a queima de incenso e velas. Temos de esperar pelo relatório oficial para saber a verdadeira causa do incêndio. Como estamos a falar de património mundial da UNESCO, lamentamos muito. Vamos informar a Administração Nacional do Património Cultural da China e fazer um relatório para ser enviado”, afirmou, indicando que um relatório sobre o incidente será entregue à Administração Nacional do Património Cultural da China.

11 Fev 2016

Carlos Monjardino: “Tem havido pressão da China” no sector do Jogo

Numa entrevista concedida ao jornal português Público, o presidente da Fundação Oriente diz que hoje “a tendência é para controlar” o sector do Jogo e que Macau é um caso perdido para Portugal “há muito tempo”

O presidente da Fundação Oriente (FO), Carlos Monjardino, disse numa entrevista ao jornal Público que a China tem vindo a tentar controlar o sector do Jogo por forma a reduzir o número de ilegalidades cometidas.
“Em Macau tem havido mais condescendência, mas hoje a tendência é para controlar, tem havido pressão da China que já se notou, pois as receitas do jogo baixaram. Havia quem ganhasse dinheiro ilícito na China e depois vinha a Macau limpar o dinheiro, e isto deixou de se fazer porque essas pessoas foram identificadas em Macau e devidamente repatriadas. Isto baixou brutalmente, em especial as ordens nas chamadas mesas VIP. Mas Macau rapidamente se adaptou convertendo-se para o pequeno e médio jogador sem aqueles problemas. Hoje há cada vez mais gente a jogar, mas com apostas mais baixas. É uma tradição chinesa, que vai ter a competição dos russos que estão a apostar no negócio”, disse ao diário de língua portuguesa.
Referindo que o futuro papel da FO passa sobretudo pela acção cultural, Carlos Monjardino defendeu que Macau é um caso perdido para Portugal “há muito tempo”. “Não há hoje em dia, e falo da Fundação, condições para actuarmos na vida de Macau, sobretudo social, mas também cultural. Na parte cultural levamos a componente portuguesa e trazemos a chinesa. Mas ao nível social, que é um sector particularmente sensível, Macau não necessita de nós e tem aliás mais meios para o fazer”, apontou.
“A Fundação é que tem um papel menos importante na componente social, porque foi assumido pelo governo de Macau. E percebe-se: está mais próximo da população”, defendeu Monjardino, dando o exemplo do Programa de Comparticipação Pecuniária.
“Há episódios caricatos: sou residente não permanente de Macau e, nessa condição, tenho direito a receber um cheque todos os anos, como, aliás, toda a população. Os residentes recebem mais do que os residentes não permanentes. Mesmo assim, recebo 400 euros (4800 patacas) por ano. As autoridades de Macau levam este apoio a sério”, frisou.

A transparência

Monjardino, que nas últimas presidenciais foi membro da comissão política do candidato Sampaio da Nóvoa, falou ainda sobre o facto de não ter sido candidato à presidência da República em 2006 e apontou que o seu percurso em Macau poderia ter contribuído de forma negativa para a campanha.
“Haveria sempre quem falasse no assunto. Mas o meu (percurso), ao contrário de outras figuras que por lá passaram, foi relativamente transparente. Embora, tenha percebido rapidamente que ia ter problemas em Portugal, pois fui relativamente duro em opor-me aos favores aos partidos políticos portugueses. Tomei decisões bastante duras relativamente a quem andou por lá e os partidos não me perdoaram”, disse.
Sobre a Escola Portuguesa de Macau (EPM), que já não é apoiada directamente pela FO, Monjardino lembrou que a escola “é muito válida em termos de promoção da língua portuguesa e pedagógicos, mas em termos de gestão financeira é complicado”.
Sobre o seu futuro à frente da FO, Carlos Monjardino apenas disse que “não é insubstituível”. “Tenho vindo a delegar poder em gente muito capaz e chego à conclusão, com prazer, que não sou insubstituível. Tenho a noção que hoje não tenho as mesmas capacidades de antes”, rematou.

11 Fev 2016

Lançada primeira pedra de empreendimento turístico de David Chow em Cabo Verde

Já arrancaram as obras do empreendimento turístico que David Chow vai construir em Cabo Verde. No seu discurso, o empresário frisou o facto de uma empresa de Macau estar a fomentar as relações com o mundo lusófono

Está lançada a primeira pedra do projecto turístico integrado do Ilhéu de Santa Maria e Gamboa, empreendimento da Macau Legend Development, do empresário local David Chow. Em Cabo Verde, a comitiva fez-se acompanhar não só por membros do Governo cabo-verdiano mas também de Macau, tendo David Chow destacado a importância do seu investimento para o fomento das relações com o mundo lusófono.
“Julgo ser justo realçar que é louvável o facto de uma empresa de Macau poder aproveitar-se do seu papel e, servindo de plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa, poder desenvolver as suas actividades no estrangeiro”, disse o empresário, que referiu ainda a estratégia da China de “Uma Faixa, Uma Rota”.
“Esta iniciativa acaba por confirmar a tão importante posição de Macau como uma das cidades que fazem parte da Rota da Seda Marítima, e que poderá, eventualmente, apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME) de Macau a concretizarem o seu desenvolvimento e cooperação no estrangeiro”, realçou.
Com uma licença de jogo exclusiva por um período de dez anos, a Macau Legend Development investiu cerca de 2,15 milhões de dólares de Hong Kong num projecto que terá casino, restauração, hotéis e outras áreas de entretenimento, estando prevista a sua conclusão daqui a três anos. Para David Chow, “o presente projecto tem condições para uma maior expansão, daí que estamos a contar com o necessário e permanente apoio por parte do Governo cabo-verdiano”.
O empresário, que em Macau detém os espaços Landmark e Doca dos Pescadores, referiu que o projecto nas ilhas de Santa Maria e Gamboa “servirá de exemplo de que as gentes de Macau sabem utilizar as vantagens e a experiência adquirida para promover as suas actividades no exterior, concretizando-se, assim, a tão almejada política de internacionalização”.

Subir de nível

Citado pela agência Lusa, o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, garantiu que o turismo no país vai ser um sector em grande desenvolvimento. “Este é um projecto que vai permitir que o nosso turismo atinja outros patamares. Com outros hotéis em que estão em construção teremos condições de gerar milhares de postos de trabalho nos próximos anos, alavancar mais o desenvolvimento do turismo e conseguir o desenvolvimento de outros sectores como os agro-negócios e a economia marítima”, sustentou.
Referindo que neste momento o país recebe anualmente cerca de 600 mil turistas, José Maria Neves disse que os vários empreendimentos turísticos em construção vão fazer com que o país chegue a um a dois milhões de turistas nos próximos anos. “Este projecto é mais uma pedra fundamental para a construção e transformação de Cabo Verde”, referiu José Maria Neves.
Em Agosto do ano passado, cerca de 40 elementos do movimento cabo-verdiano “Korrenti di Activista” acamparam no ilhéu de Santa Maria em protesto contra a construção do completo, considerando que irá servir sobretudo para trazer ao país “lavagem de capitais, prostituição e turismo sexual”. Na semana passada, o ex-bastonário da Ordem dos Arquitectos (OAC) cabo-verdianos, Cipriano Fernandes, pediu, através de uma petição, a intervenção da Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender o projecto, por considerar que não respeita todos os requisitos legais e que o mesmo deveria ser aberto ao escrutínio público.

11 Fev 2016

Au Kam San, deputado e ex-membro da Associação Novo Macau

Au Kam San fechou a porta. Cansado – e menos tolerante que Ng Kuok Cheong – o deputado abandona o projecto que criou há 20 anos. Agora é tempo de virar a página e apostar noutras áreas, cívicas, aponta. O tempo de deputado poderá também estar a terminar, sendo que chegou a hora de se dedicar à família

Esta semana anunciou a sua saída da Associação Novo Macau (ANM). Já apontou as razões aquando o anúncio, mas não nega que esta decisão representa uma vontade de há muito tempo?
Não acho que a minha saída da ANM deva ser notícia. Acontece que a associação é um grupo que não vai ao encontro daquilo em que acredito e quero. Não é adequado para mim, e por isso sai.

Quais são os pontos de discórdia entre o deputado e a ANM que o levaram à saída?
É normal que a nova liderança, por ser tão jovem, tenha ideias diferentes. É normal. Não quero criticar o trabalho que eles desenvolvem, mas não concordo com as suas ideias. É perfeitamente natural que tenha existido esta mudança, mas por mim, não quero continuar a seguir esta ‘regra do jogo’.

Esta nova liderança que, como diz, é tão jovem tem as bases e o conhecimento político que se pretendia quando a ANM foi criada?
Não posso julgar, não quero dizer que eles estão errados ou certos. Para mim não é certo. Não sei qual será o caminho, o novo rumo da associação. Há 20 anos, quando criei a Novo Macau as pessoas também acharam que as ideias eram muito novas e ambiciosas e agora, o talvez estas ideias sejam vistas como conservadoras para os jovens. Há claramente um mudança no comportamento.

Acha que o deputado Ng Kuok Cheong também vai sair da ANM?
É preciso ver que o Ng Kuok Cheong é mais paciente e tolerante que eu. (risos) Eu sou mais agitado e mais impaciente. Não posso falar pelo Ng Kuok, nem saber o que é que ele vai fazer, mas acredito que ele assuma a postura do “os jovens são mais revolucionários, vamos ter paciência”. Ele é assim, eu não. TA11

Voltando aos jovens e à política. A sociedade jovem de Macau está mais atenta ao mundo político? Tem espírito critico?
Existem duas questões importantes. A primeira é a análise do caso de Hong Kong. Depois da transição daquela região para a China, as condições de vida da população piorou em alguns aspectos. Isto fez com que a sociedade, e principalmente os jovens, começassem a lutar por aquilo a que já tiveram direito e deixaram de ter. Assim se justifica os movimentos dos jovens na política, a sua participação é bem maior, o ambiente é diferente. Os jovens sentem-se prejudicados e isso leva-os a sair à rua. O mesmo não aconteceu com Macau. Com a transição passámos de aldeia para grande cidade internacional e a oferta e as condições de vida para os jovens melhoraram muito. Ganharam coisas que não tinham, claro que isto os fez considerar não ser importante a vida na política. Porque o Governo resolve e dá.

Relativamente ao assédio sexual. Apresentou um projecto para legislar que acabou por ser chumbado na generalidade. O maior argumento foi a intenção do Governo em alterar o Código Civil, estando para isso a decorrer uma consulta pública. Acha que é algo que vai acontecer no imediato? Como olha para este chumbo dos deputados?
Lamento imenso que o projecto tenha sido chumbado. Acho que a consulta pública é algo que poderá durar muito mais tempo daquilo que é suposto. Este é um assunto que merece a nossa atenção no imediato. Não podemos esperar, sem saber quanto esperar. Considero que devemos legislar o assédio sexual primeiro e só depois entrar em outros pormenores. A consulta pública do Governo é muito extensa, tem muitos detalhes, abrange outras problemáticas. Isto vai dar muito trabalho, um processo que pode demorar muito tempo. Enquanto isso o assédio sexual não está legislado. Isto é um erro.

Sobre a habitação pública, Au Kam San defendeu que o Governo “favorece o sector imobiliário” através do regime – de sorteio – de atribuição dos imóveis. Acredita que um regime de pontuação seria mais transparente?
Na habitação pública a questão dos solteiros levanta muitas dúvidas. Este tipo de candidatos não sabe quando é que pode ter as suas casas, e sem oferta suficiente os candidatos são obrigados a comprar os imóveis ao privado. Isto está claramente a oferecer o sector do imobiliário. Há um benefício. Concordo com o capitalismo, mas neste caso, em que o mercado do imobiliário não está saudável considero ser necessário implementar um regime transparente, claro, como o regime de pontuação. É preciso um ajustamento do Governo no que se refere ao mercado do imobiliário.

A polémica questão dos terrenos e das suas concessões. Para si a Lei de Terras está errada? Foi aprovada “à pressa”?
Para mim a Lei de Terras não é errada. As falhas que têm não colocam em causa o seu objectivo. Só existem pequenas coisas que podem ser melhoradas. Antes desta nova lei ser aprovada a questão dos 25 anos de aproveitamento já existia, portanto não é uma falha da nova lei. Para mim, a culpa desta grande polémica como é o caso do Pearl Horizon é das concessionárias. Eles sim erraram quando de forma liberada não informaram os compradores da situação em que as construções estavam. Enganaram. As concessionárias enganaram os compradores. Além disso, as agências imobiliárias e os advogados – aquando as assinaturas dos contratos – deviam, e devem, avisar os investidores em que situação se encontra a construção. Para que os compradores fiquem alertados. TA08

Mas também o deputado já apresentou algumas críticas ao Governo…
Sim, tenho, mas também não posso negar que o Governo tem uma postura de abertura quando publica todas as informações possíveis nos sites. O que considero errado é a apreciação dos documentos, ou seja, o Governo diz muitas vezes que pelos processos estarem em tribunal não pode falar, eu acho que pode e devia falar. A decisão do tribunal não está directamente ligada com o caso, ou seja, não afecta mais ou menos se o Governo explicar detalhadamente cada caso. Nos casos como o Pearl Horizon, o Secretário para dos Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, disse, esta semana na Assembleia Legislativa que não pode avançar mais informações. Eu acho que pode e devia. Já chega do “não vamos comentar”.

Pediu ainda esta semana, para o Governo avançar com um estudo sobre o desenvolvimento da economia e a sua diversidade. O Governo não se mostrou convencido..acha que o vai fazer?
O Governo quer criar condições para diversificar a economia, estamos muito presos ao sector do Jogo. Isso não é bom. Acho que devemos apostar, mas saber no que apostar, e por isso é preciso estudar, fazer um estudo sobre quais os sectores em que o Governo devia apostar para atingir a diversidade. Fiz a pergunta ao Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, esta semana. Mas não acredito que o Governo faça este estudo, ele diz que está a tentar apostar e é a sua preocupação. Mas não acho que o estudo faça parte dos seus planos.

O grupo criado por si, Iniciativa para o Desenvolvimento da Comunidade de Macau, nasceu sem cunho à política. Agora, que tem mais tempo para se dedicar a esta associação, ganhará ela uma função mais política?
Não, a associação continuará sem estar ligada à política. Não terá essa função política. O que ela vai promover é a sociedade civil. Terá um trabalho de mais atenção aos assuntos comunitários, às necessidades das pessoas, da sociedade. Agora poderei dedicar-me mais ao trabalho desta associação e ao trabalho também do escritório como deputado, mas são coisas que não se misturam. É importante saber que eu criei esta associação ainda envolvido na ANM. A verdade é que esta última estava a dedicar-se profunda e quase exclusivamente a questões políticas, era tudo nesta área. Achei que estava em falta a área cívica. Por isso é que esta associação foi criada, para colmatar essa lacuna.

E agora, o futuro?
Agora vou-me dedicar mais ao atendimento no escritório de deputado.

Candidatar-se-á nas próximas eleições para a AL?
Pode ser que sim, mas também pode ser que não. (risos). A questão é que estou num momento de conflito interno. Há 20 anos candidatei-me pelo lado pró-democrata, ainda era jovem. Agora no próximo ano, faço 60 anos, estou seriamente a pensar muito na minha família. Já não sou o jovem que era. Talvez esteja na altura de passar mais tempo com a minha família. Tanto eu como o Ng Kuok Cheong estamos numa situação decisiva. Por exemplo, não sei se o Ng Kuok Cheong se vai candidatar, talvez se os jovens assumirem uma candidatura ele se mantenha apenas como orientador nos bastidores, sem se candidatar. Não sei, tenho de pensar.

10 Fev 2016

Habitação | Aproveitar o “obsoleto” pode ser solução, diz especialista

Mais habitação, mais prédios nos novos aterros, um novo tipo de habitação, são inúmeros os pedidos que cheguam ao Governo. Famílias em longas filas de espera, jovens que não conseguem suportar os preços de um empréstimo para habitação. A solução poderá passar, aponta arquitecto, no reaproveitamento dos bairros antigo, com forte acesso ao crédito

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] habitação reina quando Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas se desloca à Assembleia Legislativa (AL). Mesmo sem ir, já se perdeu a conta ao número de interpelações sobre habitação, e a necessidade da mesma, apresentadas pelos deputados. É inegável a problemática e a preocupação da sociedade para com o assunto.
É pedido ao Governo mais habitação, mais lotes e edifícios que acolham famílias, jovens ou não, que tanto esperam pelo seu espaço. “Antes de pensarmos em construir mais, porque não pensamos em gerir o que temos?”, assim começou por defender Mário Duque, arquitecto, em declarações ao HM.
“Muita da habitação social existente assenta em standards de fogos que hoje a população de Macau poderá considerar demasiado exíguos, mas que são perfeitamente ajustados para jovens ou para jovens casais, que mais tarde poderão optar por outras habitações por alteração dos seus recursos ou agregado familiar. Tal habitação só precisa de ser reciclada em vez de ser simplesmente declarada obsoleta tal como aconteceu com o Bairro Fai Chi Kei, que lamentavelmente foi demolido apenas por essas razões”, apontou o arquitecto.
“Há coisa obsoletas que podem ser reutilizadas sem ser necessário o envio de esforços em coisas novas, deixando as obsoletas sem solução”, apontou, sublinhando que dentro do parque imobiliário existente em Macau, “há forma” de reciclar o que existem “em função de novas necessidades”. Característica de grandes metrópoles, como por exemplo Nova Iorque.

Mudar o rumo

Em termos práticos, uma das soluções da questão da habitação poderá passar por aproveitar prédio antigos e, também. por criar condições bancárias para que os interessados em imóveis reaproveitados tenham acesso a crédito, não de 50% como acontece actualmente, mas de 100%, como se de um imóvel novo se tratasse.
“Com dispositivos é possível haver uma regulação entre estas entidades privadas [bancos] e as iniciativas públicas, encontrando produtos financeiros que sirvam aquilo que evita que o Governo tenha de fazer mais habitação pública para determinado estrato social ou grupo etário”, defendeu. São estas possíveis mudanças que com uma “ligeira regulação governamental é possível aferir”, defendeu.
A “revitalização e ocupação” dos bairros antigos – mesmo com as suas condições de construção – iria ser uma iniciativa que poderia beneficiar Macau e o interesse da população jovem. Muitas destas habitações, construídas nos anos 50 e 60 “têm melhores condições que muitas das que foram construídas depois”.

Realidade local

As soluções do arquitecto abrangeriam tanto a habitação pública como social. No entanto, quanto há questão da habitação dos jovens há um ponto importante a ter em conta. “Associado ao modo dos jovens habitar, prendem-se muitas questões relacionadas com desenvolvimento humano”, apontou. O arquitecto explica, ao HM, que é também preciso ter em conta a “realidade local”. Há, explica, muitas famílias em que os pais, apesar de serem proprietários de vários imóveis, preferem manter os filhos em casa e arrendar os seus imóveis com rendas elevadas. Os jovens de Macau vivem para “além da inconsciência”, mantendo-se em casa dos pais durante muito mais tempo. Culturalmente, aponta, os pais preferem que os filhos fiquem mais tempo em casa. É a “cultura local” que é preciso ter “muito em conta”, rematou.

10 Fev 2016

Hélder Beja, sub-director do Rota das Letras: “Vamos ter Bocage neste festival”

Com mais autores de língua inglesa, a quinta edição do festival Rota das Letras mostra que a internacionalização é o caminho a seguir, bem como o reconhecimento aos clássicos autores chineses e portugueses. Hélder Beja garantiu que, a par de Camilo Pessanha, também Bocage será recordado

[dropcap]U[/drocpap]ma ideia pensada desde o inicio transforma-se cada vez mais em realidade. A quinta edição do festival literário Rota das Letras começa também a pensar nos autores ingleses vindos de vários lugares do mundo e com diversos tipos de escrita. Jane Camens, da Austrália, Bengt Ohlsson da Suécia e Jordi Punti de Espanha são alguns dos nomes que provam isso mesmo. Pelo meio, Macau vai receber dois poetas filipinos, Ângelo R. Lacuesta e Mookie Katigbak Lacuesta, por forma a responder a uma das maiores comunidades aqui residentes.

Ao HM, Hélder Beja, sub-director e programador do festival Rota das Letras, fala de um encontro que se irá pautar ainda mais pela diversidade de palavras e de ideias. “Ao fim de duas edições começámos a perceber que era o que fazia sentido, avançar para um modelo que fosse ao encontro dos autores de língua chinesa e portuguesa, mas que se estende a outras nacionalidades”, disse em entrevista.

“Queremos posicionar o festival como sendo verdadeiramente internacional, para conseguirmos estar a par de outros festivais e fazer parcerias. A ideia de responder a outras comunidades existe, mas não é a dominante. Queremos trazer autores de outras proveniências e tornar o festival cada vez mais rico”, apontou Hélder Beja.

Para fazer esta edição, a direcção do festival decidiu desafiar Rui Zink e Lolita Hu, autores convidados de anteriores edições, para serem “padrinhos” e escolherem alguns escritores. Foi Rui Zink, por exemplo, que propôs o nome de Bengt Ohlsson.

“Vamos abrir a discussão a outras nacionalidades e a outras literaturas, que também são bastante ricas. Na Europa do Norte são mais conhecidos pelos trillers, por exemplo, e isso pode ser um processo importante para Macau”, garantiu Hélder Beja.

Parcerias a caminho

Se no início caminhava sozinho para construir um evento que une várias culturas, hoje o Rota das Letras é cada vez mais contactado por outras entidades do meio literário para parcerias e participação de escritores. Foi o que aconteceu com Jordi Punti e Owen Martell, por exemplo. “É uma coisa que nos vem acontecendo cada vez mais, e são solicitações que não implicam investimento da parte do festival. Com diferentes nuances conseguimos encontrar uma forma inteligente de internacionalizar o festival, sem queimar muitos recursos”, explicou o sub-director do evento.
Do lado luso, o destaque vai para Matilde Campilho, a jovem autora que foi a que mais livros vendeu no Festival Literário do Paraty, no Brasil. Nascida em Lisboa, Matilde viveu no Rio de Janeiro e os seus poemas ousam misturar palavras em inglês com o português de Portugal e do Brasil.

“Antes de ela ter o brilharete em Paraty já tínhamos pensado nela. Quando as notícias do Paraty saíram, tomámos uma decisão. Há uma nova geração de poetas da qual ela é apenas uma das representantes, mas acho que faz sentido. Ela é a grande estreia da literatura dos últimos anos”, confessou Hélder Beja.

Apostar nos clássicos

A quinta edição do Rota das Letras vai recordar Camilo Pessanha, autor intimamente ligado a Macau, com a presença de Paulo Franchetti, Daniel Pires e Pedro Barreiros, académicos que estudaram os poemas de Pessanha. Mas a ideia é lembrar também o poeta português Bocage.

“Bocage esteve em Macau e estamos a preparar alguma coisa, que vamos avançar em breve. Vai haver Bocage neste festival”, garantiu Hélder Beja.

Lembrar os clássicos será uma nova aposta do Rota das Letras. “Não pensamos em fazê-lo todos os anos, mas quando houver um motivo muito óbvio iremos fazê-lo. O festival tem de ter esse papel, mas temos de trazer para o presente autores que estiveram em Macau ou que têm uma relação com Macau, e que estão um pouco caídos no esquecimento. Vamos fazer esse trabalho para o Pessanha e Bocage, por exemplo, mas também para outros autores de língua chinesa”, disse o sub-director.

Luís de Camões, autor também ligado a Macau, será também recordado com o espectáculo de António Fonseca, que fará um monólogo com os poemas de Os Lusíadas. “O festival volta às artes de palco, o ano passado não teve em português, este ano vai ter com um monólogo. É notável poder ver um homem que decorou os Lusíadas todo. Acho que vai ser um momento bonito deste festival”, considerou.

O regresso ao Fado

Depois dos concertos de Camané e Aldina Duarte, a direcção do Rota das Letras sentiu que tinha de regressar ao tradicional Fado, com a presença de Cristina Branco. “Tínhamos de voltar ao Fado, e em cinco edições vamos ter três com Fado. O maior desafio é inovar, mas também diversificar. Do lado chinês tivemos uma movida mais jovem o ano passado, mas para o ano podemos trazer de novo um rapper ou um cantor de intervenção, por exemplo”, referiu.

Prestes a estabelecer uma parceria com o Festival Literário Internacional de Hong Kong, o Rota das Letras cada vez mais atravessa fronteiras, mas ainda não atingiu a desejada maturidade. “Ainda há muito para fazer, acho que o festival caminha para a maturidade, mas ainda não chegou lá. O festival precisa de uma estrutura que acompanhe o festival ao longo do ano, ainda mais profissionalizada”, rematou Hélder Beja.

10 Fev 2016

José Tavares, presidente do ID: “Não podemos manter a mentalidade de há 20 anos”

O Instituto do Desporto está a entrar numa nova fase. Herdou actividades e estruturas do IACM e a organização do Grande Prémio de Macau e está decidido na aposta na alta competição. Uma conversa onde o presidente do organismo, José Tavares, pede mais iniciativa aos privados, chama os casinos à responsabilidade e sonha com o desfile olímpico

Como está o desporto de Macau?
Completamente diferente. Estamos na terceira fase de desenvolvimento.

Que fases são essas?
A primeira foi o longo percurso desde a fundação em 1987 para internacionalizar as associações locais. A segunda, os jogos e o investimento na formação de pessoal e construção de instalações. A terceira é esta: o pós-jogos, o legado. Com a nova rede de instalações pudemos dar acesso ao público pela primeira vez e não apenas a associações como antes.

Como se consubstancia esta terceira fase?
Elevar o Desporto Para Todos, completamente esquecido na fase jogos e trabalhar a sério o desporto de alta competição. No fundo, encetámos uma política de desenvolvimento desportivo e de sensibilização do público para a prática desportiva e o prazer de assistir a provas. Algo que falhou no período dos jogos. No futuro, se quisermos ter sucesso em organizações desportivas, temos de ter público.

O Instituto adquiriu recentemente novas competências. Que significado têm?
Representam uma oportunidade para reestruturar, para evoluir. Tínhamos três departamentos: financeiro, desenvolvimento desportivo e instalações, hoje temos cinco. Adicionámos o Centro de Formação para atletas e o Departamento de Grandes Eventos que engloba o Grande Prémio e os outros eventos que já organizamos. De resto, herdámos do IACM várias piscinas e quintais desportivos, o Fórum de Macau e o desporto de lazer.

O que significa esta reestruturação?
O desenvolvimento de atletas de elite e maior atenção ao Desporto Para Todos que são desenvolvidos em paralelo para alargarmos a base de recrutamento.

E qual é o papel do departamento de desenvolvimento desportivo?
Passa a dar mais importância ao dia a dia das associações, aos campeonatos locais e ao desenvolvimento do Desporto Para Todos.

E o de alta competição?
Passa pela formação de atletas, que já está em operação, e o centro de estágio que será fundamental neste enquadramento.

Para quando podemos esperar esse centro?
(sorri) Vão ter de perguntar às Obras Públicas. A obra pode demorar uns três anos mas o projecto já está para aprovação na DSSOPT há outros três. Aguardamos…

Onde é que vai ficar localizado e como vai ser?
O centro vai ficar perto do Dome e terá acomodação para 350 atletas. Vai ter dormitórios, quartos privados para treinadores, cantina e o centro de medicina desportiva passará também para lá.

Qual foi a base de estudo para a sua concepção?

Foi entre o ID e a Universidade de Pequim, que é um dos grandes centros de treinos na China. Mas também fomos a Singapura e a Hong Kong recolher informações. Depois ajustámos à nossa dimensão.

Qual o principal objectivo do Centro?
Um dos objectivos fundamentais é a formação específica para atletas de elite com condições para chegarem ao topo das competições internacionais.

E que modalidades serão privilegiadas?

Numa primeira fase wushu, karaté e taekwondo pelos bons resultados. Depois as outras modalidades e quem pretender um programa de treino intensivo, além do treino das selecções e a oportunidade de trazer atletas de nível internacional para estagiar e assim aumentar o nosso nível.

Qual a necessidade de prover alojamento para os atletas locais?
Há muitos vícios. Não levam a prática a sério, não levam a vida que um atleta deve levar e nós queremos adaptá-los a um ambiente de treino sistemático, com alimentação regrada e hábitos de treino.

O Grande Prémio de Macau está agora nas vossas mãos. Sentem-se preparados?
Temos uma “pool” de recursos humanos do mais especializado que há; os que vieram do antigo gabinete do Grande Prémio e os que já cá estão e que beneficiaram do tal processo de formação que levou aos jogos. Tenho a certeza que o 63º Grande Prémio vai ser um grande sucesso.

E a imprensa? Há várias queixas do tratamento no Grande Prémio…
Já tomei nota. Vocês vão ver as diferenças. Eu sei que as instalações são insuficientes mas o tratamento vai ser diferente. De facto, o assunto estava maltratado. Logo a começar pela alimentação. Quem ali trabalha o dia todo precisa de outro de tipo de apoio. De resto, estamos receptivos a sugestões.

A integração no Comité Olímpico Internacional é um assunto encerrado?
Não. Tem de ser trabalhado constantemente mas em “low profile”. O antigo presidente fechou-nos a porta mas esperamos que este tenha outra visão das coisas. Parece mais aberto do que o anterior pelo que não devemos perder a esperança. Em que termos, vamos estudar. Membros efectivos ou não, é pouco importante. O que queremos é participar nas provas. Ainda acredito no dia em que vamos ver os nossos atletas na marcha Olímpica.

E quanto à organização de grandes provas internacionais como os Jogos de 2005? Há planos nesse sentido?
Tudo é possível. Mas não há planos. Como sabem, há menos eventos desse género. Os Jogos da Ásia Oriental desapareceram e depois que sobra? Para os Jogos Asiáticos não temos estrutura, nem vamos ter. Para fazer o mesmo não vale a pena. Tem de ser algo com mais impacto. Estamos atentos a eventos que Macau nunca tenha organizado.

De que tipo?

Provas de modalidade única. Um campeonato de atletismo, provas em recinto coberto como voleibol, basquetebol… temos tantos pavilhões.

Há planos?

Não há planos. Da nossa parte, claro que não há planos. As associações têm de desenvolver os processos de candidatura, não nós. O ID apoia mas as associações têm de ter a iniciativa. As pessoas ainda estão no processo do ID ter de fazer tudo… mas hoje em dia não é assim. Nós não nos podemos substituir às associações.

Há falta de iniciativa das associações?
Numas sim, noutras não. Mas temos de ser claros: qual é a associação de Macau com capacidade para organizar um mundial? Nenhuma, ou muito poucas.

De Futsal?…
Pode ser, já organizámos o asiático mas depois a associação não pegou mais no assunto. Também lancei a proposta ao Venetian, a ideia de organizar um Troféu Mundial por convites…

E o que aconteceu?

Ninguém acreditou no projecto. Podia ser a nossa versão do Rugby 7. Um evento destes no Venetian? Durante três dias?… Ia ser uma festa.

Porque não se faz no Dome?
Pode ser mas alguém tem de ter a iniciativa, não nós. As pessoas têm de mudar a cassete. O Instituto tem mais que fazer. Primeiro devemos salvaguardar os interesses locais: promover o desporto para todos e a saúde pública que antes não fazíamos. Não podemos manter a mentalidade de há 20 anos. Os tempos mudaram, a política mudou. Podemos incentivar a associação e já o fizemos. Falámos varias vezes com vários responsáveis do Venetian e ninguém quis saber… Isto é um evento caro e não pode ser sempre o Estado a pagar tudo.

Mas os casinos dizem que já pagam os impostos…
Não é bem assim. Está no contrato. Para além dos 40% eles sabem que têm de promover a diversificação do entretenimento. E vai ser um assunto a ter em conta para a renovação dos contratos. Por isso, no caso do Venetian, eles não param de fazer eventos. Mas depois sai boxe… Eu até percebo… tem impacto em Las Vegas mas para nós pouco diz. Eles têm de fazer um “branding” para Macau. Têm um pavilhão de 15 mil lugares… maior do que o Dome.

Por falar em Dome, podemos chamá-lo de elefante branco?
Não. Está a ser usado. Há muitas modalidades a treinar lá.

Mas não é uma instalação cara demais para treinos?
Quando se construiu pensou-se na festa, não no futuro. Bem pensado e tinha características de multiusos mas não foi o caso. Tivemos de o adaptar para treinos, temos bancadas que só atrapalham… mas é muito importante para Macau como para acolher as celebrações da passagem de soberania a cada cinco anos.

Quanto custa manter o Dome por mês?
Cerca de um milhão.

Não é dinheiro a mais para festas e treinos?
A manutenção de instalações é sempre cara. No caso, a festa de cerimónia de passagem de soberania necessita de um mês de preparação. Quanto custaria alugar o Venetian durante esse período? Macau precisa de um lugar para estes eventos sem pedir favores a ninguém. Além disso, não são apenas treinos, também é utilizado pelo público.

E a pista de gelo?
Está arrumada. Não serve. Foi uma má ideia. A humidade gerada ia dando cabo da estrutura e tivemos de parar. Para além disso, imagine, cá fora estão 40 graus e a pista tem de estar a menos cinco. Só para baixar a temperatura do espaço era um consumo de energia absolutamente incomportável.

Como avalia o legado de Manuel Silvério?
Foi um dos pioneiros na criação do ID e liderou o desenvolvimento desportivo até chegar a presidente. Trouxe os jogos da Ásia Oriental e preparou-nos. Deu um grande contributo até aos jogos. Mas depois as coisas seguiram noutro sentido por causa do vazio que referi na área do Desporto Para Todos.

Com o Grande Prémio surgem também a os subsídios dos pilotos locais. Existem queixas sobre a ponderação de resultados, argumentando que valorizar o GP em 60% por contrabalanço com as provas internacionais é demais. Qual a sua posição?
Primeiro ponto: os pilotos têm de perceber que a prova mais importante tem de ser a de Macau. O subsídio vem de Macau. A carreira internacional é uma actividade profissional…

Mas o piloto pode ter azar…
É um subsídio. Tem normas. Foi discutido pelas partes envolvidas na decisão. Os pilotos têm de demonstrar que são bons nesta prova. Nós somos o único governo no mundo a apoiar pilotos. Até acho que estamos a dar demais. Um piloto leva um milhão, dois… e os outros? Há atletas que suam todos os dias e não levam tanto. O desporto automóvel é um luxo e eles têm de perceber que não são a prioridade. Podemos discutir os 60% e passar a 50 mas uma coisa é certa: o GP de Macau vai ter de continuar a contar mais do que as outras provas.

Há cada vez mais interessada na prática de Skate. Onde estão as rampas dos Asiáticos Indoor?
Não sei. Nalgum armazém, mas também não teríamos um espaço para as montar. De facto, há para aí uma dúzia de pessoas que estão interessadas e vieram falar connosco. Dissemos-lhes para montarem uma associação mas nunca mais apareceram, não querem assumir. Têm de ser os privados a regulamentar a actividade, não somos nós. Estamos dispostos a apoiar mas tem de haver iniciativa.

E quanto à ginástica. A China tem das melhores atletas do mundo. Também se diz termos equipamento arrumado algures.
Não é bem assim. Foi adquirido para a inauguração do fórum e foi sendo utilizado em diversas ocasiões, mas hoje está desactualizado.

Há planos para desenvolver a ginástica ?
Há cerca de três anos, o deputado Si Ka Lon, que está à frente da Associação de Ginástica, veio falar connosco pois queria dar um grande impulso à modalidade. Achámos muito bem – mas atenção porque quem dá a formação básica, à ginástica infantil, somos nós – e dissemos que poderíamos continuar a assegurar a base mas o resto teriam de ser eles. Concordou. Nessa altura ainda tínhamos a esperança de contarmos com pavilhão de Mong Há – não veio a acontecer por razões que são públicas – e propusemos-lhes que arranjassem um espaço. Disse-nos que ia tentar um num edifício industrial e nunca mais apareceu.

E o ID apoiava o aluguer do espaço?
Claro que sim. Comprometemo-nos a pagar o aluguer.

Para que vai servir o Fórum?
Este ano herdámo-lo com alugueres já marcados até Novembro. Depois vai servir para dar condições mais dignas às competições de andebol, voleibol e basquetebol que têm falta de espaços.

Os clubes de futebol queixam-se de falta de condições, do mau estado dos campos, sugerem a substituição dos relvados por sintéticos. Qual a vossa posição?
Estamos a propor à Universidade de Macau a criação de um novo relvado sintético e a negociar o relvado que eles já detêm mas, no caso deste, parece-me que só nos vão dar durante algumas horas porque também precisam dele.

E substituir os relvados por sintéticos?
Não. Como dirigente desportivo não posso defender isso. Temos de os preservar. Se quisermos ter aqui um jogo a sério com equipas internacionais temos de ter relvados. Criar novos relvados artificiais, isso sim, estamos a tentar.

Há clubes que entendem não se justificar tantas divisões no futebol. Faz sentido reduzir?
Um certo sentido. Já houve redução há uns 15 anos atrás. Mas se cortarmos a 3ª divisão estamos a marginalizar a maioria dos jogadores. Se calhar até são os que vão ver os jogos.

Porque é que as equipas de futebol de 11 têm de participar na bolinha para acederem ao futebol de 11?
Isso vai ter de perguntar à associação.

E fará sentido integrar campeonatos de Macau nos da China?
Seria um erro político. Os nossos campeonatos são reconhecidos pelas organizações internacionais, portanto não faz sentido deixarmos os nossos campeonatos para participarmos nos dos outros.

Que legado gostava de deixar no desporto de Macau?
Estruturas de apoio aos atletas. O primeiro programa que lancei foi o de apoio aos atletas de elite e de formação para os profissionais reformados para que eles possam dedicar-se ao desporto com um plano de retirada. Neste, inclui-se formação académica integral com pagamento de propinas (100 mil patacas) para além da manutenção do subsídio mais alto como atleta profissional enquanto durar o período de formação académica.

Qual o seu desejo para o desporto de Macau ?

Que os nossos atletas tenham as mesmas condições que os lá de fora. O plano de apoio para os prémios, por exemplo, mudou. Foi elevado para o dobro, mudámos o escalonamento e equipáramos os prémios entre paralímpicos e os outros. Outra novidade é que os atletas medalhados podem nomear não apenas o seu treinador, que já recebia, mas também os da formação que os ajudaram na sua evolução.

As pessoas de Macau gostam de desporto?
Gostam mas há falta de espírito de sacrifício. Eu vejo os atletas de Hong Kong com sucesso porque dão tudo, porque se sacrificam, mas os nossos, às vezes, desistem a meio. É o ambiente da terra, o facilitismo.

4 Fev 2016

Novo Macau quer saber detalhes do “consenso” sobre acordos de extradição

A Associação Novo Macau (ANM) pretende que o Governo preste esclarecimentos do conteúdo dos acordos de extradição assinados com Hong Kong e China, no âmbito da “lei da assistência judiciária inter-regional em matéria penal”.
Em conferência de imprensa realizada ontem, Jason Chao, vice-presidente da ANM, referiu uma entrevista dada pelo Secretário para a Segurança ao canal ATV de Hong Kong, onde Wong Sio Chak garantiu que os governos já chegaram a um consenso sobre a questão dos infractores em fuga. Contudo, Jason Chao referiu que a sociedade ainda não conhece os detalhes deste “consenso.
O vice-presidente referiu que o Conselho Executivo publicou informações sobre a legislação em Dezembro do ano passado onde ficou garantido que vão ser seguidos os “critérios internacionais”, sendo que, nas cláusulas excepcionais, a parte referente à “dupla punibilidade” pode ter potenciais lacunas.
“Estas cláusulas dizem que caso os factos relacionados com os pedidos de assistência judiciária em matéria penal sejam constituídos no interior da China, ou em crimes de natureza militar que prejudiquem os interesses de defesa do país, o artigo da dupla punibilidade não será aplicado, ainda que nas duas regiões (Macau e Hong Kong) os actos não sejam considerados crimes”, defendeu Jason Chao.
O vice-presidente da ANM acha que os residentes de Macau poderão ser acusados de “crimes de natureza militar ou de prejudicar os interesses de defesa do país”, podendo os respectivos julgamentos ser transferidos para o continente.

Exemplos de fora

“Muitos advogados que defendem os direitos humanos no interior da China foram presos ultimamente, sendo que a maioria foi acusada do crime de incitamento à subversão do poder do país. Isso mostra que as autoridades chinesas estão a abusar desse crime para tentar regularizar a perseguição política”, apontou Jason Chao.
O Governo ainda não deu qualquer resposta ao pedido feito pela ANM em Setembro último quanto à divulgação do conteúdo dos acordos de extradição já discutidos. Jason Chao defende que o desaparecimento dos livreiros em Hong Kong pode levar a que os residentes dos dois territórios se preocupem com a questão de passagens transfronteiriças fora dos canais normais, frisando que os processos antes da aprovação da lei devem ser transparentes.
Flora Fong
flora.fong@hojemacau.com.mo

4 Fev 2016

Escola Portuguesa | Mudanças internas e externas para este ano

A Fundação Escola Portuguesa de Macau (EPM) irá ser alvo de alterações, conforme adiantou, à Rádio Macau, José Luís Sales Marques, membro do conselho de administração. “Neste momento, a fundação tem um presidente, que é Roberto Carneiro. É provável que, na sequência, destes novos estatutos venha a haver uma actualização da própria direcção da Fundação. Haverá uma nova direcção, não sei exactamente quando, mas é previsível que isso venha a acontecer, até resultante dessa nova composição”, afirmou o também economista.
Assim, existirá uma alteração na constituição dos instituidores da EPM. “Isto quer dizer que a fundação, que antes tinha três instituidores – Fundação Oriente, Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) e Ministério da Educação de Portugal –, passa a partir de agora ter dois, a APIM e o Ministério da Educação de Portugal. A Fundação Escola Portuguesa de Macau passa a ser uma parceria apenas entre duas entidades, uma de Portugal e uma de Macau”, acrescentou à rádio.
O número de membros, do conselho de administração, manter-se-á, mas o quinto elemento passará a escolhido por ambas as partes, ou seja, pela APIM e o Governo português. Os estatutos prevêem igualmente a criação de um conselho de curadores, que “vai reflectir os diversos interesses e sensibilidades da sociedade de Macau”, assim como “eventualmente alguma participação portuguesa”, o que “será muito importante para apontar os caminhos presentes e futuros da fundação”.

Mais espaço

Nas mesmas declarações, Sales Marques indicou ainda que há uma forte possibilidade de que as obras de ampliação e melhoramento do edifício da instituição de ensino possam arrancar este ano. “Espero bem que sim, que seja neste novo ano do Macaco (…). É um processo, não são apenas alguns melhoramentos ou alterações. Podem implicar, como está na cabeça de todos os que têm acompanhado esse processo, a demolição de uma parte das actuais instalações e a construção de um novo bloco. Não temos ainda um valor, não temos ainda sequer uma estimativa de quanto é que poderá custar, mas a Fundação e a própria escola trabalharão no sentido de que tudo o que for necessário introduzir seja feito da forma mais eficiente possível”, adiantou Sales Marques, em declarações à Rádio Macau.
O economista marcou ainda presença naquela que foi a primeira visita do subdirector do gabinete de ligação do Governo Central da República Popular da China na RAEM, Chen Si Xi, às instalações da EPM, a convite da APIM. HM/Rádio Macau

4 Fev 2016

Ex-sócio de associação de médicos de língua portuguesa denuncia uso indevido de dinheiros públicos

José Gabriel Lima, médico e ex-sócio da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau, acusa a entidade de ter usado de forma indevida dinheiros públicos na realização de um congresso em 2011. Rui Furtado, ex-presidente, nega tudo

A única lista candidata à direcção da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau (AMLPM), encabeçada por Jorge Sales Marques, vai hoje a votos, mas persistem problemas advindos da anteriores direcção. José Gabriel Lima, médico vogal do Conselho Fiscal da AMLPM, enviou uma carta ao HM onde acusa a anterior direcção, liderada por Rui Furtado, de usar de forma indevida dinheiros públicos.
“A existência da AMLP veio a conduzir a um clima de grande conflitualidade perante questões graves que foram fruto do modo como foram utilizados donativos ou subsídios de entidades públicas durante a I Conferência Internacional de Medicina de Macau-China e Países de Língua Portuguesa, que teve lugar em Novembro de 2011”, escreveu o médico na carta.
José Gabriel Lima fala de “actos” cometidos durante o congresso, tais como a “falta de critérios nos convites efectuados”. A carta fala da inclusão de “membros de família e amigos pessoais” de médicos, “a atribuição generosa de ‘pocket money’ muito acima do que é praticado em idênticas situações, a entrega de dinheiro em cash, o pagamento de passagens em classe executiva a pessoas que viajaram e o facto de terem sido desdobradas em viagens de classe económica para permitir ou facilitar a inclusão dos cônjuges no passeio turístico a Macau”. josé gabriel lima
José Gabriel Lima garante que depois destes actos as contas não foram aprovadas pelo Conselho Fiscal, tendo os valores sido chumbados em assembleia-geral de Junho de 2012. Para além disso, houve uma demissão dos órgãos sociais e marcação de novas eleições marcadas para daí a três meses.

Dinheiro devolvido

José Gabriel Lima acabaria por se afastar da AMLPM em Agosto de 2012 “com o propósito de demarcar-se do que se passava e para a salvaguarda do direito ao bom nome”, falando da “recusa ao diálogo por parte da direcção da associação, com impedimentos do legítimo acesso dos associados à acta da assembleia-geral”.
Segundo o médico, a associação teve de “passar a vergonha de ser intimida” a devolver centenas de milhares de patacas à Fundação Macau (FM) e Serviços de Saúde (SS)
A carta de José Gabriel Lima faz ainda referência à polémica das eleições ocorridas esse ano, em que Jorge Humberto foi candidato e se queixou da falta de acesso a uma lista actualizada de sócios para realizar a campanha. Recentemente o Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão a Jorge Humberto e anulou o recurso apresentado por Rui Furtado.
José Gabriel Lima considera que esse caso levou a uma “violação da cultura de honestidade que constitui as bases do exercício da profissão médica”. Sobre as eleições de hoje, o médico espera mudanças. “Desejo que quem venha a liderar os destinos da AMLPM lute pelo prestígio seriamente abalado da medicina de matriz portuguesa nestas paragens”, escreveu.
Ao HM, José Gabriel Lima garantiu que a divulgação desta carta no dia das eleições prende-se apenas com a denúncia de “coisas que não estavam bem”. “Foi toda uma sequência da minha renúncia e da eleição de Jorge Humberto, em que as coisas não foram muito transparentes. Achei que tinha de marcar uma posição”, explicou.

Rui Furtado nega tudo

Confrontado com a carta pelo HM, o presidente cessante da AMLPM, Rui Furtado, negou todas as acusações. “As contas foram aprovadas, não houve utilização indevida de dinheiros públicos, todos os actos do congresso foram decididos em reunião de direcção, e portanto não houve má gestão dos dinheiros. O que se passou é que houve uma queixa anónima para os SS e para a FM, sendo que pelos vistos neste momento já se conhece o autor da carta. Entregámos a gestão do congresso a uma empresa que nos disse que, como já tinham passado dois ou três meses, não tinha documentos. Então não conseguimos comprovar algumas das contas que iam ser apresentadas à FM, pelo que foi essa a razão por que tivemos que devolver o excesso do montante”, apontou Rui Furtado.
O médico aponta o dedo a José Gabriel Lima, a quem acusa de ser “talvez o principal responsável das dificuldades que a associação teve enquanto existiu e existe”. “Ninguém se apoderou de dinheiros públicos e as contas estão à vista de toda a gente. Limito-me a esperar e ver se tomaremos algumas medidas nos meios legítimos contra essa carta”, rematou o presidente cessante da AMLPM.

4 Fev 2016

Trânsito | Relatório defende partilha e licença especial para veículos

Um relatório elaborado por quatro funcionários públicos, vencedor de um concurso dos SAFP, defende a partilha de veículos e implementação de uma licença especial de utilização. O documento diz que o Governo deve ir além do aumento de lugares nos parques de estacionamento

[dropcap]U[/dropcap]m relatório elaborado por quatro funcionários públicos defende que o Governo deve atingir três objectivos para melhorar o sistema de transportes em Macau. Intitulado “Como melhorar o ambiente de trânsito em Macau para se articular com o posicionamento de centro mundial de turismo e lazer”, o documento venceu o concurso “plano sobre criatividade dos funcionários públicos no trabalho”, promovido pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP).

Tong Chon Kit, Chao Pou Chu, Chan Iok Teng e Chan Weng Kei, que trabalham na Direcção dos Serviços das Forças de Segurança, defendem a criação de uma licença especial para a posse de veículos, segundo o documento ao qual o HM teve acesso. “Quanto à limitação do aumento de carros, podemos adoptar uma “licença para possuir um veículo”, regulando o número de residentes que precisam desta licença através de um sorteio. Podemos ainda estabelecer o sistema de “sobretaxa de licença de veículos”, sendo que os condutores que cumprirem a lei poderão ter uma diminuição dos impostos. Pelo contrário, os condutores que violem a lei terão de pagar mais”, pode ler-se.

Os autores acreditam que o Executivo pode ainda “estabelecer o plano de desistência dos veículos para reduzir o número de carros”, sendo que, para os condutores que possuírem a licença especial e queiram desistir de conduzir podem ter uma “compensação pecuniária”. Estas medidas poderiam, para os autores, “acelerar o processo de diminuição de veículos”.

O relatório aponta ainda para a necessidade de implementar o conceito de “partilha de veículos”, o que “poderia reduzir o número de carros nas ruas e melhorar a situação de transporte”. Os funcionários públicos acreditam que poderiam ser criados cursos no ensino superior para que “possamos ter especialistas que dominem (a área do trânsito e transporte)”.

Compensar os taxistas

Ao nível do transporte público, o relatório pede que o Governo faça uma consulta pública sobre o assunto, frisando a necessidade de criar políticas para atrair condutores.

“Em relação ao crescimento do nível dos serviços de transporte, deve ser feita uma formação a condutores de forma unificada e estabelecer algumas medidas para assegurar as suas regalias e atrair mais condutores para o preenchimento de vagas”, lê-se.

Quanto aos táxis, os autores garantem que com mais compensações os taxistas poderão fazer um melhor trabalho. “Pode ser feita uma melhoria do sistema de táxis através do estabelecimento de uma compensação para os taxistas, uma monitorização dos táxis e uma maior formação. Com estas medidas a fiscalização dos táxis será melhor e podemos melhorar o fenómeno da violação da lei”, refere o documento.

Os funcionários públicos acreditam que não basta analisar o número de lugares disponíveis nos parques de estacionamento para melhorar o trânsito. “O problema de transportes em Macau é muito sério e para resolver este problema o Governo deve fazer mais esforços e insistir, em vez de apenas aumentar os lugares nos parques de estacionamento. Esta não é uma solução fundamental”, conclui o relatório.

Os prémios foram conhecidos em Setembro e foram membros do júri os docentes Wang Jianwei, da Universidade de Macau (UM), Lou Shenghua, do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Helena Lo, do Instituto de Formação Turística (IFT).

4 Fev 2016

Semana Dourada | Governo espera o mesmo número de turistas de 2015

Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, diz esperar cerca de um milhão de turistas em Macau durante a Semana Dourada. Apesar da já elevada taxa de ocupação hoteleira, especialistas do sector garantem que o consumo no sector do retalho pode baixar e antevêem problemas com os táxis

É já para a semana que as ruas de Macau vão voltar a encher-se por ocasião da Semana Dourada do Ano Novo Chinês do Macaco, mas o número de turistas não deverá ser superior ao registado em 2015. A garantia foi dada ao HM por Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST).
“A nossa expectativa é termos o número de visitantes semelhante ao ano passado. Mesmo que haja um aumento deve ser muito leve, na ordem de 1%, na melhor das hipóteses. Este vai ser um ano difícil para fazer previsões, estamos optimistas, mas também temos uma postura mais conservadora”, apontou.
Helena de Senna Fernandes garantiu que o território está preparado para acolher um número elevado de visitantes. “Não esperamos muitos mais turistas, e neste momento temos infra-estruturas suficientes, mas há sempre possibilidades para melhorar. Temos estado a trabalhar com a polícia e a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) para saber quais as áreas em que podemos melhorar”, revelou.
Para este Ano Novo Chinês o objectivo é atrair turistas de longa duração. “Estamos a fazer todos os possíveis para que os turistas fiquem mais dias. Macau tem muitas atracções nesta quadra festiva e estamos a envidar todos os esforços para tentar fazer com que as pessoas fiquem por mais tempo. Esse vai ser o nosso alvo este ano e também para o futuro”, disse Helena de Senna Fernandes.
Também Anthony Wong, docente do Instituto de Formação Turística (IFT), não espera grandes alterações. “Espero o mesmo número de turistas este ano. Se olharmos para o número de turistas em 2015 (por comparação a 2014), o decréscimo foi pouco”, disse.
Frederick Yip Wing Fat, presidente da Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau, garantiu ao HM que a maioria dos quartos de hotel de Macau já estão reservados entre o terceiro e o sétimo dia do Ano Novo Chinês. Tendo em conta a realização de concertos, Frederick Yip Wing Fat espera um aumento de turistas na próxima semana, mas não muito elevado.
Manuel Wu Iok Pui, director-geral da agência Macau Explorer Cultural Travel, e membro do Conselho do Planeamento Urbanístico, confirmou que o terceiro dia do Ano Novo Chinês vai ser o feriado com mais visitantes.
“As reservas dos quartos de hotel vão estar cheias, e mesmo que este ano não seja tão bom como nos anos passados, Macau ainda é um dos locais preferidos para viajar”, explicou.

Mais abusos de taxistas

Anthony Wong acredita que no sector do retalho o consumo de produtos de luxo pode sofrer uma quebra, estimando que, para os casinos, esta semana não trará grandes mudanças.
“O tipo de jogadores mudou e há menos jogadores no sector VIP e mais jogadores no mercado de massas. Pode verificar-se um decréscimo, vão continuar a jogar, mas não como nos anos anteriores. Os casinos vão continuar a sofrer no Ano Novo Chinês”, defendeu.
Em termos de capacidade de acolhimento, o docente do IFT considera que “não houve grandes melhorias, no geral”. “As coisas não mudaram muito em termos de infra-estruturas, desde que haja o mesmo número de turistas a visitar Macau, os mesmos problemas vão continuar a verificar-se. Provavelmente o excesso de tarifas cobradas pelos taxistas vai continuar a ser um fenómeno comum”, disse.
Também Frederick Yip Wing Fat diz que os abusos cometidos pelos taxistas deverão aumentar. “Quando há mais turistas não podemos excluir a possibilidade de que mais facilmente as ilegalidades aconteçam. Só podemos esperar que os turistas ajam da melhor forma porque sei que as autoridades policiais também têm sido rigorosas a combater o problema”, referiu.
Apesar disso, o presidente da Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau acredita que Macau ainda não atingiu um ponto de saturação. “Não considero que haja grandes problemas entre os visitantes e os cidadãos, porque as fases em que recebemos um grande número de turistas não acontecem sempre. Apenas entre o terceiro e o sétimo dia do Ano Novo Chinês haverá um movimento maior”, considerou.

Especialistas pedem melhores infra-estruturas

“É possível aumentar a qualidade”

Manuel Wu Iok Pui considera que o sector do turismo pode focar-se em atrair mais visitantes oriundos do sudeste asiático, para além do interior da China. “Agora existem muitos voos baratos entre países do sudeste asiático e Hong Kong, e a vontade de visitar Macau aumentou por causa disso. Recentemente conheci muitos turistas que chegaram a Macau por via destes voos baratos”, frisou.
“É possível aumentar a qualidade de turismo em Macau. É necessário melhorar as instalações públicas, bem como realizar mais actividades características dos bairros comunitários. Temos uma grande quantidade de turistas mas não são de qualidade. É importante atrair turistas com um nível cultural maior, porque isso também afecta os cidadãos locais”, apontou.
Frederick Yip Wing Fat defende que, para Macau ser considerado um destino turístico internacional, terá de melhorar o serviço gratuito Wifi Go e distribuí-lo por mais locais no território. O responsável disse ainda que a parada do Ano Novo Chinês a realizar-se na zona norte pode ser uma boa actividade para afastar os turistas do centro da cidade. “As actividades podem distribuir os visitantes para outras zonas, que podem estar em roteiros turísticos promovidos pela DST. Acredito que os turistas escolhem passear por essas zonas e não apenas no centro”, rematou.
Manuel Wu Iok Pui destacou a realização do Festival de Luzes, defendendo a realização de mais workshops de artesanato e história para os turistas. “Estas actividades podem revelar um outro lado de Macau e não afectam a vida dos cidadãos”, disse.

3 Fev 2016

Tribunal | Rejeitado prolongamento da concessão do Pearl Horizon

O Grupo Polytec viu rejeitado o recurso apresentado no Tribunal Administrativo (TA) contra o Executivo sobre a possibilidade de prolongar a concessão do terreno onde iria nascer o edifício Pearl Horizon. Os juízes entenderam que o concessionário não cumpriu na totalidade o regulamento do contrato, nem reuniu condições para a renovação da concessão do terreno.
O tribunal considerou que mesmo que o Grupo Polytec tenha declarado que o aproveitamento do terreno tenha sido feito antes da alteração de finalidade do terreno, em 2006, apenas concluiu “partes” desse aproveitamento nesse ano mas não na totalidade conforme os requisitos. Por isso, o tribunal considerou que o Grupo Polytec não reunia condições para ter acesso a uma concessão definitiva do terreno.
O TA entendeu ainda que, segundo a nova Lei de Terras, uma concessão temporária só tem condições para ser renovada quando ocorrer uma fusão de concessões temporária e definitiva, garantindo que o caso do Pearl Horizon não corresponde a esta situação. O tribunal lembrou ainda que durante a discussão sobre a nova lei na Assembleia Legislativa (AL) os legisladores defenderam a posição de não renovação por forma a reforçar a supervisão do terreno, pelo que a razão apontada pela Polytec foi “improcedente”.
Em Março de 2015 o Grupo Polytec pediu ao Chefe do Executivo o prolongamento da concessão e a utilização do terreno, algo que foi rejeitado em Novembro do ano passado. A 18 de Dezembro, dias antes do fim do prazo de concessão, a Polytec entregou uma intimação ao TA visando o Chefe do Executivo e o Secretário para a tutela quanto ao prolongamento da concessão.

Recurso é possível

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, disse que a Polytec ainda tem 30 dias para recorrer da decisão junto do Tribunal de Segunda Instância (TSI), lembrando que só pode decidir o aproveitamento do terreno quando estiverem concluídos todos os procedimentos judiciais.
Questionado sobre quais serão as condições aquando da abertura de um novo concurso público para o terreno, Raimundo do Rosário apenas referiu que vai tratar o caso segundo a Lei de Terras.
3216P6T1
Mais de 50 proprietários de fracções do Pearl Horizon estiveram ontem a protestar junto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, pedindo encontros com os responsáveis. Segundo o canal chinês da TDM, o encontro chegou a acontecer, mas devido ao facto de terem ficado insatisfeitos com a decisão do tribunal e a resposta da DSSOPT, muitos moradores ficaram sentados no chão até anoitecer.
Também à TDM o responsável do Grupo Polytec, Alan Chan, garantiu que estão a ser ouvidas opiniões jurídicas, não tendo sido feitos mais comentários.

3 Fev 2016

Centro de doenças | Alguns moradores falharam visita do Governo

Alguns dos moradores que estão contra a construção de um novo centro de doenças infecto-contagiosas junto ao hospital S. Januário optaram por não visitar as instalações a convite do Governo. Cheong, porta-voz dos residentes garante que estão à espera de reunir com Alexis Tam

A visita organizada pelos Serviços de Saúde (SS) às unidades de isolamento do hospital Conde de São Januário e ao novo Centro de Saúde Pública em Coloane passou ao lado de alguns moradores que estão contra a construção do centro de doenças infecto-contagiosas. Os residentes de um de quatro edifícios localizado junto ao futuro centro optaram por não estar presentes, segundo confirmou ao HM Cheong, porta-voz de um movimento criado no Facebook e que conta com o apoio da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Cheong garantiu que alguns residentes optaram por esperar pelo encontro com Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, em vez de conhecerem de perto as instalações. Esta reunião ainda não tem data para acontecer, disse Cheong, que simplesmente disse “não ser o momento certo” para visitar as instalações de saúde. O grupo está ainda a ponderar entregar uma carta à Organização Mundial de Saúde (OMS), caso o encontro com o Secretário não seja frutífero.
Os SS reservaram os dias de sexta-feira e segunda-feira para alunos, pais e directores do Colégio Santa Rosa de Lima, enquanto que o domingo ficou reservado para os moradores, que foram notificados da visita por carta.

Sem reservas

Segundo um comunicado dos SS, o reitor do Colégio de Santa Rosa de Lima, Ieong Chi Chau, terá dito que “até ao momento não recebeu nenhuma opinião negativa ou de contestação apresentada pelos pais dos alunos sobre a construção do edifício de doenças transmissíveis”.
Para além disso, o reitor do colégio disse que a visita “permitiu conhecer melhor os procedimentos de execução dos trabalhos de prevenção e controlo de doenças transmissíveis”, tendo sugerido aos SS que “reforce a divulgação das respectivas informações ao público”.
Cerca de 20 professores e trabalhadores da secção chinesa e da creche do colégio visitaram as instalações, tendo o director dos SS, Lei Chin Ion, garantido que o Governo pretende fazer um esforço “na actualização e aquisição de materiais e na criação de instalações provisórias” caso surja uma nova epidemia no território.

3 Fev 2016

Rota das Letras | Cristina Branco vem a Macau em Março

A fadista portuguesa Cristina Branco é um dos nomes confirmados para os espectáculos do festival literário Rota das Letras, a par de João Caetano e Yao Shisan. De Portugal chega ainda António Fonseca para interpretar Os Lusíadas no Teatro D.Pedro V

[dropcap]A[/dropcap] área dos espectáculos do festival literário Rota das Letras vai pautar-se por uma mistura plena das culturas chinesas e portuguesa. O nome de Cristina Branco, uma das mais conhecidas fadistas da nova geração, vai actuar no Centro Cultural de Macau (CCM) no dia 12 de Março. Para além disso, o músico de Macau João Caetano dará um espectáculo em conjunto com Yao Shisan, artista folk chinês que ficou conhecido do grande público com a publicação do single “Blind” em 2011. As suas músicas são cantadas no dialecto da sua terra natal, Guiyang, da província chinesa de Guizhou, enquanto que as letras “reflectem situações do quotidiano, salpicadas de grandes doses de um humor perspicaz”.

Cristina Branco começou a sua carreira na música na década de 90, tendo sido uma das artistas a mudar a forma como o Fado é cantado nos dias de hoje. Para a organização do Rota das Letras, a fadista “definiu o seu percurso, no qual o respeito pela tradição e o desejo de inovar andam de mãos dadas”. Cristina Branco já gravou letras e poemas de Luís de Camões, Fernando Pessoa, David Mourão-Ferreira ou José Afonso, para além de compositores internacionais como Paul Éluard ou Léo Ferré.

Outras músicas

Ainda nos palcos, o Rota das Letras assinala o 400º aniversário da morte de Tang Xianzu, dramaturgo da dinastia Ming, e traz a ópera chinesa Pavilhão das Peónias, uma das mais famosas, com o grupo de Ópera Cantonesa de Foshan. No dia 6 de Março o público poderá assistir a uma adaptação da ópera Pavilhão das Peónias, no Teatro D.Pedro V.
Ainda neste icónico espaço haverá lugar para o teatro luso. António Fonseca vai interpretar o texto de Os Lusíadas, do escritor português Luís de Camões, em duas horas e meia de espectáculo. António Fonseca levou quatro anos a decorar os mais de oito mil versos que compõem a mais importante obra de literatura portuguesa, tendo estreado o espectáculo em 2012.

O espectáculo de ópera chinesa terá lugar às 20h00 e os bilhetes custam 50 patacas, podendo ser adquiridos na Livraria Portuguesa ou no Edifício do Antigo Tribunal a partir dos dias 15 e 29 de Fevereiro. O espectáculo de Os Lusíadas tem entrada livre e começa às 19h30. Os lugares são limitados a um máximo de dois bilhetes por pessoa, podendo ser adquiridos nas mesmas datas e lugares acima descritos. Já os espectáculos de música custam 150 patacas.

3 Fev 2016

Jogo | Cali Group fechou mais duas salas VIP em Janeiro

A associação Forefront of Macau Gaming confirma o fecho de mais duas salas VIP operadas pelo Cali Group, que também opera salas em Manila, Filipinas. Analistas corroboram tendência do fecho de mais salas, com Grant Govertsen a estimar uma queda do sector VIP em 12%

Ieong Man Teng, líder do grupo Forefront of Macau Gaming, confirmou ao HM o fecho de duas salas VIP da empresa junket Cali Group, as quais operavam no casino do Grand Lisboa e do City of Dreams. Desde 2012 que o grupo opera quatro salas VIP em Macau, sendo que as restantes continuam a funcionar no MGM e no Galaxy.
O líder da associação que luta pelos direitos dos trabalhadores do jogo revelou ainda que uma parte dos funcionários das salas deverão trabalhar nas salas que o Cali Group já opera em Manila, capital das Filipinas. Aqueles que não quiserem mudar-se para as Filipinas serão despedidos.
Segundo Ieong Man Teng, o Cali Group funcionará com base no modelo de investimento com “depósitos em dinheiro” semelhante à Dore, mas como o sector VIP está em quebra, os juros mensais baixaram de 1,5% para 1%.
O HM contactou três analistas que não se mostraram surpreendidos com a notícia. Grant Govertesen, analista do Union Gaming Group, apontou uma baixa no sector VIP de 12% para este ano.
“Duas salas é obviamente um número muito pequeno se tivermos em conta toda a Macau, mas estimamos que para 2016 haja o fecho de mais salas ou mesas. Prevemos que o sector VIP sofra uma quebra de 12% em 2016”, disse o analista, falando de um crescimento no mercado de massas para este ano. “As receitas de 2016 vão ser mais estáveis do que em 2015”, revelou.
Para o economista Albano Martins, o fecho das duas salas do Cali Group são reflexos do ano que ainda agora chegou ao fim.
“Parece-me normal que no início do ano haja ainda reflexos de coisas decididas no ano anterior, e no primeiro trimestre deste ano ainda irá cair muita coisa que foi decidida o ano passado”, apontou ao HM.
Albano Martins lembrou que as novas regras adoptadas pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) para a operação dos junkets pode ditar alguns encerramentos.
“É natural que algumas dessas salas acabem por fechar porque acredito que as autoridades vão ser muito mais pró-activas em termos de fiscalização e alguns desses promotores não vão satisfazer os requisitos mínimos das autoridades e vão ter necessariamente que fechar. Qual é o reflexo que isso pode ter no Jogo? Nunca será positivo em termos de receitas, será sempre negativo em termos de receita bruta gerada ao longo do ano. Vamos ver como é que isso não põe em causa o que se diz do facto do Jogo estar a estabilizar. O comportamento do primeiro trimestre pode-nos indicar se de facto está a estabilizar ou não. Dois meses não é representativo, por isso vamos aguardar até Abril”, explicou.

Investir nas Filipinas

Tal como o Cali Group, muitas empresas junket estarão a jogar todos os trunfos em novos mercados de Jogo, como é o caso das Filipinas. Ainda assim, Grant Govertsen garante que o negócio ainda não tem o sucesso que Macau já registou.
“As Filipinas estão a capturar estas mesas e salas VIP, mas penso que o casino nas Filipinas não está a ter um extraordinário desempenho, e talvez os junkets venham a perceber que transferir as operações para Manila pode não trazer grandes mudanças para o negócio”, apontou.
Kuok Chi Chong, presidente da Associação de Mediadores de Jogo e Entretenimento de Macau considera que o fecho das duas salas é normal.
“O Cali Group fechou duas salas VIP em Macau, porque sabemos que agora os negócios não são bons e precisam de cortar nos custos, bem como fazer uma melhor distribuição dos funcionários. Esta empresa criou o negócio das salas VIP em Manila, então é normal que queira diminuir o investimento em Macau e aumentá-lo nas Filipinas”, apontou ao HM.

Malditos vistos

Kuok Chi Chong lembra ainda que há uma tendência cada vez mais visível do fecho de salas VIP, mas garante que tudo depende da procura do mercado nos próximos tempos.
“No estrangeiro há uma menor exigência em termos de vistos de viagem para os turistas do interior da China. Em Macau é mais difícil. Este factor pode fazer com que uma parte dos clientes optem por se divertir fora de Macau”, disse.
O presidente da associação considera ainda que é necessário analisar “de forma racional” a questão da proibição do tabaco e a sua influência no sector VIP. Kuok Chi Chong citou uma notícia publicada no interior da China sobre o aumento do número de fumadores, o que pode originar um conflito para quem visita Macau.
“Se esta situação continuar é possível que os jogadores deixem Macau para procurarem entretenimento noutros locais, onde há uma maior liberdade para fumar”, rematou.

2 Fev 2016

Ieong Man Teng deixa liderança da Forefront of the Macau Gaming

Tudo começou com uma manifestação contra a introdução de croupiers não residentes em 2013. Foi também em 2013 que se tornou conhecido, ao candidatar-se a um lugar de deputado à Assembleia Legislativa (AL) ao lado da Associação Novo Macau. Ieong Man Teng liderava o grupo Forefront of Macau Gaming há mais de dois anos, mas no final de Janeiro decidiu abandonar o cargo. O porta-voz dos croupiers escreveu na sua página do Facebook que vai abandonar todos os trabalhos ligados à associação.
“Eu não tenho capacidade para continuar nesta posição, para além de ter muitos problemas à minha volta. Por favor perdoem a minha incompetência”, escreveu, garantindo que vai continuar a lutar pelos direitos dos trabalhadores do Jogo.

Muita pressão

O HM não conseguiu chegar à fala com o ex-líder, mas Lei Kuok Keong, vice-presidente do grupo, garantiu que Ieong Man Teng deixou a liderança por razões pessoais. O ex-líder publicou no Facebook uma carta do Tribunal Judicial de Base (TJB) sem explicar a que caso se refere, mas Lei Kuok Keong fala da existência de pressões. “Em Macau posso dizer que existe perseguição política. Estou envolvido em três casos, acredito que ele estará envolvido em mais”, revelou.
De frisar que a antiga secretária-geral da associação, Cloee Chao, também deixou o lugar em Março do ano passado, alegando sofrer pressões. Para Lei Kuok Keong, “cada um tem um limite para aguentar a pressão”, considerando que Ieong Man Teng tem sido dos líderes mais atingidos.
“Todos sabemos que Ieong Man Teng trabalha sempre no turno da noite e é mais fácil ter problemas emocionais ou familiares. E nos últimos anos os movimentos dos funcionários foram frequentes, acredito que a pressão dele tenha atingido o limite”, apontou Lei Kuok Keong.
Para já, a Forefront of Macau Gaming promete continuar o trabalho, estando já agendada uma reunião para finais deste mês.

2 Fev 2016