Novo Macau | Scott Chiang chamado a prestar declarações na PSP

O presidente da Associação Novo Macau, Scott Chiang, foi convocado para prestar declarações na Polícia de Segurança Pública, alegadamente devido às manifestações promovidas a 15 de Maio que exigiam a demissão do Chefe do Executivo, na sequência da polémica da doação da FM à Universidade de Jinan

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]cott Chiang foi ontem chamado para prestar declarações às autoridades. O activista pró-democracia afirma ao HM desconhecer os motivos da polícia para a sua convocatória.
Segundo a Rádio Macau, um porta voz do corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP) avançou que o presidente da Novo Macau é acusado de não cumprir a lei que regula as manifestações com a agravação de desobediência à polícia.
O processo estará relacionado com as manifestações de 15 de Maio contra o Chefe do Executivo, organizadas pela Associação a que o activista pela democracia preside, sendo que a PSP continua com as averiguações depois do Ministério Público ter avançado com um processo contra Scott Chiang. O activista revelou ao HM que foram vários os membros da Associação Novo Macau (ANM) convocados pelas autoridades sendo que as mesmas não terão adiantado detalhes. No entanto, Scott Chiang já suspeitava que estaria a ser preparada uma acusação contra si adiantando que “vários membros da ANM foram chamados pela PSP para falar acerca de um caso em determinada data que coincide com a manifestação de 15 de Maio” .
Para o líder da Associação o que está a acontecer é que se “está a fabricar um caso contra aqueles que saíram à rua contra a doação” referindo-se ao recente financiamento por parte da Fundação Macau à Universidade de Jinan de 100 milhões de patacas.
Os números facultados pela Novo Macau revelam que a manifestação agora em causa juntou mais de 3000 pessoas que pediram a demissão de Chui Sai On. Scott Chiang considera ainda evidente que o acto da PSP em convocar membros da Associação visa perseguir quem se opõe a esta doação bem como manifesta uma forma de repressão política de intimidação. “É desanimador ver que a administração não deu qualquer resposta à nossa exigência de reformas e de recuperação da doação, muito menos sobre a demissão” adianta, enquanto que “por outro lado estão a tentar criar um caso contra os denunciantes” afirma o visado.
Scott Chiang considera ainda que “a resposta natural da administração não é focar-se no problema mas perseguir aqueles que o denunciam”. As declarações foram agendadas para esta manhã e só depois das mesmas é que se saberá ao certo a acusação de que é alvo.

Dos recursos públicos

As declarações de Scott Chiang coincidiram com a conferência de imprensa convocada pela Novo Macau para o anúncio de uma consulta pública sobre reformas na Fundação Macau (FM).
Segundo a Rádio Macau, o objectivo é que a atribuição de subsídios seja mais transparente.
“ A estagnação da economia torna o uso apropriado de recursos públicos uma prioridade”, defende o colectivo que lançou ontem e até 30 de Julho uma consulta pública. A intenção é receber sugestões acerca de reformas ao mesmo tempo que pede propostas quanto ao método de votação. O presidente da Novo Macau fala em interesse público: “não deve haver um monopólio de opinião e por isso levamos esta matéria à sociedade em geral” considerando que “o processo de deliberação é tanto ou mais importante que a decisão pública final”. A referida consulta é ainda para perceber se vale a pena “tentar manter os requisitos e a restrições do referendo de 2014 ou se o tornamos mais aberto ao público para que mais pessoas possam participar”, acrescenta.
Em causa está o saber se deverá haver o mesmo grau de integridade utilizado no referendo de 2014 sobre as eleições para o Chefe do Executivo na altura em que se pedia o número dos bilhetes de identidade dos eleitores. A mostra de identidade esteve na origem da constituição como arguidos de alguns membros da organização da votação por violação da lei de protecção de dados.
“Cabe ao público decidir se desta vez as regras poderão ser diferentes bem como diferentes também devem ser as regras da atribuição de subsídios da Fundação Macau” sendo que “as propostas para receber subsídios deviam ser publicas para que a população decida se é, ou não, justo que determinada organização receba, ou não, dinheiro”, remata o activista. Para além da atribuição de dinheiros públicos, Scott Chiang considera ainda que é importante acompanhar a sua aplicação e os relatórios de actividades, sendo que os mesmos devem ser tornados igualmente públicos.

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