Chefe do Executivo | Sam Hou Fai gastou 2,02 milhões na campanha eleitoral

De acordo com resumo das receitas e despesas da campanha eleitoral, o futuro Chefe do Executivo declarou ter pago os custos com o seu próprio dinheiro, sem recorrer a donativos. Em comparação com a campanha de Ho Iat Seng, Sam Hou Fai gastou quase menos 2,7 milhões de patacas

 

Sam Hou Fai gastou cerca de 2,02 milhões de patacas na campanha eleitoral e o principal custo foi a remodelação do escritório, que custou 596 mil patacas. O montante foi divulgado na sexta-feira, através de um anúncio publicado no jornal Ou Mun.

De acordo com a informação divulgada pelo futuro do Chefe do Executivo, durante cerca de dois meses e meio, o período da campanha e recolha de assinaturas para apresentação da candidatura, a campanha apresentou despesas de quase 2,02 milhões de patacas.

Sam Hou Fai declarou ter sido a única fonte de receitas da campanha, o que significa que não terá recebido qualquer donativo. Durante a campanha também não houve anúncios ou plataformas disponíveis para pedir donativos.

Em comparação com a campanha de 2019 do actual Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, Sam Hou Fai foi mais poupado em praticamente 2,7 milhões de patacas, uma diferença de 57,3 por cento. Em 2019, Ho tinha apresentado como despesas da campanha um orçamento de 4,72 milhões de patacas.

De acordo com o jornal All About Macau, a diferença em termos de gastos pode ser explicada parcialmente com o facto de Sam Hou Fai ter evitado grandes concentrações com a população, tendo apenas realizado uma sessão aberta e cara-a-cara com parte da população, com os participantes a serem escolhidos alegadamente por sorteio. Além disso, foram realizadas cinco arruadas, em que o candidato se fez acompanhar por um forte dispositivo de segurança.

Ao invés, o futuro Chefe do Executivo apostou num formato diferente, ao convidar associações e representantes de grupos profissionais ou comunidades a deslocarem-se ao seu gabinete de campanha, emitindo depois comunicados de imprensa.

Gastos por áreas

Com despesas de 596 mil patacas, o principal gasto declarado por Sam Hou Fai destinou-se à “remodelação das instalações e equipamentos de escritórios”, uma proporção de 29,5 por cento do total dos gastos.

O montante investido em propaganda representa a segunda maior despesa, com um total de 387 mil patacas, uma proporção de 19,2 por cento de todo o orçamento. A terceira despesa mais significativa teve como destino os “serviços de pessoal”, num montante de 370 mil patacas, o que representou 18,3 por cento de todos os gastos.

A campanha de Sam Hou Fai mobilizou cidadãos de diferentes áreas, como a participação de vários membros ligados à associação dos Kaifong nas arruadas, e de pelo menos um jornalista do canal chinês da TDM, na equipa de comunicação do candidato.

Em termos das despesas acima de 100 mil patacas, no resumo das receitas e despesas da campanha consta ainda o pagamento de rendas que atingiu cerca de 223 mil patacas.

11 Nov 2024

Pátio do Espinho | Um museu ao ar livre que acolheu católicos japoneses em fuga

Esther Chan, vice-presidente da Associação de História Oral de Macau, deu ontem uma palestra sobre a história do Pátio do Espinho, situado atrás das Ruínas de São Paulo. A zona tem cerca de dez mil metros quadrados de área e uma história que se relaciona com a fuga de católicos do Japão e a antiga Igreja de São Paulo. Esther Chan participou na recolha de testemunhos orais de moradores do bairro

 

Quem caminhar pelas ruas nas traseiras das Ruínas de São Paulo descobre, escondido atrás de umas pequenas muralhas, um pequeno bairro composto, na sua maioria, por habitações precárias. Este pequeno lugar perdido no tempo chama-se Pátio do Espinho e tem sido alvo do trabalho de pesquisa desenvolvido por Esther Chan, vice-presidente da Associação da História Oral de Macau.

A responsável deu ontem uma palestra, em língua chinesa, intitulada “Memórias de 70 Anos – Pessoas e Acontecimentos no Pátio do Espinho”, tendo ainda protagonizado uma visita guiada ao local. A iniciativa, promovida pela Fundação Macau, visou “aprofundar o conhecimento do público sobre a cultura das aldeias muradas e os pátios de Macau”.

Conversámos com Esther Chan a fim de perceber as origens deste bairro que está situado na zona tampão do Centro Histórico de Macau, protegido pela Lei do Património Cultural. O bairro constitui “a maior e última aldeia murada de Macau, cobrindo uma área de cerca de 10 mil metros quadrados”, estando dividido na zona alta e baixa pela Rua D. Belchior Carneiro, com “diversos estilos arquitectónicos, distintas características históricas e elementos espaciais”.

Em termos históricos, o Pátio do Espinho tem “ligações estreitas com o Colégio de São Paulo”, a primeira universidade ocidental em Macau criada pelos jesuítas e que funcionou junto à Igreja de São Paulo, também conhecida por Igreja da Madre de Deus. Este complexo educacional e religioso, com estreitas ligações aos primórdios da presença portuguesa em Macau, remonta ao ano de 1565.

Esther Chan destaca que “durante a dinastia Ming na China, o Japão era governado por Toyotomi Hideyoshi, que ordenou uma perseguição em larga escala aos católicos no Japão”. Foi aí que se deu a fuga para Macau e o estabelecimento na zona onde hoje se situa o Pátio do Espinho. A responsável destaca que “o velho muro agora situado na zona norte do Pátio do Espinho é parte do Colégio de São Paulo”.

Mas de onde vem o nome pelo qual ficou conhecido este bairro? Segundo Esther Chan, que se baseia em obras já editadas em chinês, a designação terá sido dada pelas plantações de batatas feitas pelos japoneses no local.

Contudo, tendo em conta o nome em chinês e o significado dos caracteres, a vice-presidente da associação considera que o nome “Pátio do Espinho” pode remeter para outra explicação, com eventuais ligações à fuga dos católicos.

“Em primeiro lugar, o caracter chinês “茨” significa colmo; em japonês, “茨” significa espinho ou dificuldade; e ‘Thorn’ também significa ‘espinho’ em português. Tendo em conta as experiências difíceis dos japoneses católicos vividas na altura, penso que “茨林”, que significa ‘Floresta de Espinhos’, faria mais sentido ser descrita como uma situação de um ‘lugar onde se juntaram para sofrer em conjunto'”, explica.

Um lugar de gerações

Saídos os japoneses, foi a vez do Pátio do Espinho se tornar na casa de muitos membros da comunidade chinesa. Primeiro, com os refugiados no contexto da II Guerra Mundial, e depois na fase da chegada dos trabalhadores não-residentes. “No seu pico, o Pátio do Espinho teve cerca de dois mil moradores”, adiantou Esther Chan, que explica que os próprios materiais de construção são um reflexo da passagem do tempo.

“Embora as estruturas habitacionais do Pátio do Espinho não tenham muita qualidade, apresentam alguma estética ligada à cultura popular. Podemos também perceber a passagem de diferentes épocas graças aos vários materiais de construção. Por exemplo, os primeiros edifícios da aldeia eram maioritariamente feitos de tijolo, mas depois, durante a necessidade urgente de habitação, apareceram muitas casas de lata.”

Com a estabilidade económica dos moradores, começaram a surgir pequenos “edifícios de betão armado”. “A mistura perfeita de edifícios antigos e novos na aldeia forma uma paisagem única em Macau”, reflectindo a história do Pátio do Espinho que acompanhou “múltiplas gerações dos residentes de Macau”.

Para a vice-presidente da associação que dinamiza a história de Macau, “quando entramos no Pátio do Espinho parece que regressamos aos anos 80, em que o tempo está parado num lugar”. “Apesar do pátio estar situado no ponto turístico mais movimentado de Macau, tal não perturba a sua tranquilidade. A anterior geração de moradores saiu gradualmente do Pátio do Espinho, mas os antigos residentes ainda guardam boas recordações deste sítio e, frequentemente, regressam à sua casa para se reunirem”, adiantou.

Uma questão de protecção

As estórias dos antigos moradores do Pátio do Espinho foram recolhidas pela Associação da História Oral de Macau, culminando com mais de 600 entrevistas divulgadas em várias publicações. Em 2021, a associação lançou um novo projecto de história oral sobre o lugar, registando as histórias de vida de 20 antigos moradores em 14 artigos. O resultado foi a publicação, em 2022, do livro “A História Oral do Pátio do Espinho”. Este trabalho, escrito em chinês, contou com a participação de Esther Chan.

Questionada sobre a necessidade de preservação do património cultural inerente ao lugar, Esther Chan recorda que, nos últimos anos, os próprios moradores “têm protegido de forma activa a aldeia murada com acções de limpeza e restauro, preservando muitos objectos e relíquias preciosas”.

Além disso, “os residentes do Pátio do Espinho também promovem este lugar de forma activa, na esperança de ali criar uma excelente comunidade cultural”. “Nos últimos dois anos testemunhei pessoalmente os esforços dos residentes, lançando várias actividades como a organização de festas do Festival do Bolo Lunar, workshops sobre ecologia, a realização de mercados de fim-de-semana ou convites a deputados para visitarem o local. Por isso, o Pátio do Espinho é como um museu comunitário que apresenta exposições históricas, em que os moradores mais velhos funcionam como docentes. Como residentes de Macau não podemos ignorar a existência deste lugar precioso”, referiu ainda a responsável, sem esquecer a importância do Templo de Na Tcha como um lugar adorado pelos que ainda ali vivem e por visitantes.

Em Fevereiro do ano passado a necessidade de recuperação do Pátio do Espinho levou o deputado Ngan Iek Hang a interpelar o Governo sobre a matéria. O legislador recordou “a recente cerimónia de reabertura do poço antigo do Pátio do Espinho”, que também terá sido construído por católicos japoneses refugiados.

Segundo Ngan Iek Hang, no Pátio do Espinho viveu a população chinesa “nos finais da dinastia Qing e período republicano”. “As árvores, casas e becos do Pátio albergam memórias da vida dos chineses de Macau, testemunhando a prosperidade e a decadência histórica de Macau, sendo, portanto, o seu valor histórico e cultural extremamente rico”, indicou o deputado da União Geral das Associações dos Moradores de Macau.

O Instituto Cultural tem-se mostrado atento à preservação do bairro, tendo por exemplo realizado, há quatro anos, obras de restauro do muro de taipa na área do Pátio do Espinho.

Além de colaborar com a Associação de História Oral de Macau, Esther Chan é autora do livro “I am Designing my Life”, e é formada em comunicação cultural e de artes visuais, bem como línguas estrangeiras.

11 Nov 2024

Crime | PJ alerta para “desafios” perigosos a circular online

A Polícia Judiciária lançou ontem um alerta para o regresso às redes sociais de conteúdos que desafiam jovens a participar em jogos que implicam lesões auto-infligidas, corte de respiração ou circulação sanguínea. As autoridades pedem atenção a pais e escolas

 

O “Sonho de volta à Dinastia Tang” ou “Desafio de morte em três segundos” são nomes de um jogo que lança desafios perigosos a jovens através das redes sociais. Estes fenómenos tão depressa desaparecem como ressurgem e, segundo um alerta emitido ontem pela Polícia Judiciária (PJ), voltaram a circular recentemente com publicações nas redes sociais.

O “jogo” instiga os jovens a praticar acções específicas como pressionar o peito, afectando os sistemas respiratório e cardiovascular. O fenómeno é global e assume várias formas, mas o resultado é fazer a pessoa perder os sentidos ou entrar em estado de asfixia.

No comunicado divulgado ontem pela PJ, apenas em chinês, é salientado que quem participa nestes desafios arrisca um episódio de isquemia, ou hipoxia, ou seja, o corte de fornecimento sanguíneo ou baixa concentração de oxigénio em tecidos orgânicos. Esta condição é particularmente grave se afectar as células cerebrais, muito sensíveis à falta de oxigénio no cérebro, “podendo provocar danos cerebrais graves, falhas de funcionamento órgãos vitais ou mesmo morte”, referem as autoridades.

Com o regresso deste tipo de conteúdos perigosos, as autoridades apelam aos jovens para darem prioridade à sua segurança e para terem em consideração as consequências destes desafios. A PJ sublinha que a busca de excitação temporária, ou a prática de comportamentos maliciosos, através da imitação de acções perigosas, pode colocar em perigo a vida e conduzir a tragédias. Portanto, quem encorajar outros a participar nos “desafios” pode incorrer em responsabilidade criminal.

Vigilância constante

A PJ também apelou “fortemente” aos pais e responsáveis de estabelecimentos escolares para aumentarem a atenção e vigilância ao comportamento dos jovens, aumentando a consciencialização para a segurança e respeito pela lei.

Na última década, o fenómeno dos desafios perigosos, por vezes letais, correu as redes sociais. Alguns mais aparentemente inócuos, como o “planking”, os desafios de pimentos e molhos picantes, ou o desafio para comer uma colherada de canela, inundaram as plataformas online com vídeos que angariaram milhões de visualizações. Porém, surgiram desafios mais perigosos, envolvendo asfixia e desmaios, com o desafio da “Baleia Azul” a ser o mais insidioso, provocando os jovens a cometer suicídio, depois de se submeterem a desafios progressivamente mais perigosos ao longo de 50 dias.

8 Nov 2024

Galaxy | Receitas crescem 11% no terceiro trimestre

A casa ganha sempre, mas às vezes ganha menos. Foi o que aconteceu no terceiro trimestre do ano à concessionária Galaxy, que registou uma redução das receitas de 165 milhões de dólares de Hong Kong devido à sorte dos jogadores

 

Entre Julho e Setembro, as receitas da concessionária Galaxy cresceram 11 por cento, para 10,7 mil milhões de dólares de Hong Kong, em comparação com o período homólogo. Os indicadores financeiros do terceiro trimestre do grupo foram divulgados ontem, e a empresa admite que os lucros antes de impostos foram afectados porque os jogadores tiveram mais sorte nas mesas dos casinos.

Apesar do factor sorte, o terceiro trimestre do ano viu as receitas da empresa registarem uma melhoria face ao período homólogo, quando as receitas tinham sido de 9,7 mil milhões e dólares de Hong Kong. Se a comparação for feita com o segundo trimestre deste ano, houve uma redução de 2 por cento, dado que entre Abril e Junho as receitas tinham atingido os 10,9 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Em relação aos lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA ajustado) houve um crescimento de 6 por cento face ao período homólogo para 2,9 mil milhões de dólares de Hong Kong, o que significa que a empresa se tornou mais lucrativa nas suas operações. O EBITDA ajustado é um indicador financeiro que permite avaliar a capacidade de uma empresa de gerar lucros operacionais, não tendo em consideração despesas que não advêm das operações principais.

Quando o EBITDA ajustado mais recente é comparado com o segundo trimestre do ano, o desempenho também sofreu um decréscimo, neste caso de 7 por cento. E a diferença foi explicada com a maior sorte dos jogadores no casino com o mesmo nome da empresa, que terá reduzido os ganhos em 165 milhões de dólares de Hong Kong. “O azar dos jogadores no terceiro trimestre fez com que o nosso EBITDA ajustado tivesse uma redução de aproximadamente 165 milhões de dólares de Hong Kong”, reconheceu Lui Che Woo, presidente do grupo em comunicado.

Olhos no futuro

Com a publicação de alguns indicadores das operações da empresa foi igualmente elaborado um ponto de situação sobre o desenvolvimento do Galaxy Macau e do empreendimento StarWorld.

No que diz respeito às fases 3 e 4 do hotel-casino Galaxy, a abertura do novo hotel de luxo Capella Macau está prevista para meados do próximo ano. Quanto à fase 4, a empresa espera que todos as obras fiquem completas até 2027.

Ainda de acordo com a informação divulgada, a companhia está a preparar alterações no hotel e casino StarWorld, na península de Macau, principalmente ao nível de uma maior oferta de restaurantes e bares. Também no terceiro piso deste edifício, foram instalados terminais digitais de jogo.

8 Nov 2024

Ilha Verde | Novo plano prevê remoção de edifícios industriais

Segundo os planos do Governo, que ainda vão ser alvo de consulta pública, o objectivo passa por tirar da Ilha Verde quase metade das 23 mil pessoas que ali habitam e criar mais zonas verdes

 

Uma área com mais espaços verdes, cultura e maior destaque para as zonas costeiras. É esta a principal direcção do Planeamento de Ordenamento Urbanístico da Ilha Verde, de acordo com a apresentação de quarta-feira do Governo ao Conselho do Planeamento Urbanístico.

Segundo o Canal Macau, o plano prevê, numa primeira fase, a relocalização do matadouro, assim como de outros edifícios e armazéns que funcionam naquela zona. “Vamos também fazer a remoção de armazéns, do matadouro […] Por outro lado, quanto à parte Sul da colina vamos tentar desenvolver a política de diversificação da economia 1+4, para transformá-la noma zona cultural dinâmica”, afirmou Leong Io Hong, chefe do Departamento de Planeamento Urbanístico da Direcção de Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU). “Vamos também tentar melhorar o ambiente do bairro, reduzir a densidade populacional, aumentar os equipamentos de utilização colectiva, os espaços verdes e públicos abertos, assim como a rede viária”, acrescentou.

Ideal para habitação

Em termos de metas concretas, Leong Io Hong revelou que a densidade populacional da Ilha Verde é actualmente de 23 mil pessoas, e que o objectivo passa por proceder a uma redução para 13 mil pessoas, o que equivale a tirar 43,5 por cento da população daquela zona. “Temos uma descida em termos da densidade populacional, por isso vai ser uma área mais ideal para habitação”, destacou o responsável.

O plano prevê também a criação de corredores visuais para a Colina da Ilha Verde, hotéis, espaços desportivos e comerciais e novos acessos para veículos e peões.

Apesar da apresentação do projecto, nesta fase ainda não há uma data prevista para o início das operações de realocação do matadouro e das fábricas da Ilha Verde.

Antes das mudanças avançarem, a próxima etapa passa por integrar o projecto no Plano de Pormenor, que depois vai ser alvo de uma consulta pública. “De acordo com a lei temos de fazer uma consulta pública”, reconheceu Lai Weng Leong, director da DSSCU.

O projecto inclui também centros comunitários para idosos e crianças, e instalações culturais e desportivas. Por sua vez, os conselheiros pediram um maior acesso a trilhos, para que as pessoas possam caminhar para a Colina Verde, como acontece com as Colinas de Mong Há e da Guia.

8 Nov 2024

Jornalismo | Associação denuncia deterioração da liberdade de imprensa

Meios de comunicação barrados de conferências de imprensa, pressões políticas para remover artigos publicados, e a realização de cada vez menos conferências de imprensa. É este o cenário traçado pela Associação de Jornalistas de Macau, que pede a Sam Hou Fai medidas para alterar a situação

 

A Associação de Jornalistas de Macau (AJM) denunciou ontem a existência de sinais de uma “séria deterioração da liberdade imprensa”, devido ao novo sistema de bloqueio do acesso de jornalistas a conferências de imprensa, e por causa da existência de cada vez mais “pressões políticas” para a remoção de artigos publicados.

“A Associação de Jornalistas de Macau está profundamente preocupada com vários casos recentes que revelam sinais de uma grave deterioração da liberdade de imprensa na cidade”, pode ler-se no comunicado divulgado ontem. “Enquanto Macau celebra o seu 25º aniversário da transferência de soberania, a rápida deterioração da liberdade de imprensa e de expressão na cidade tem-se tornado cada vez mais preocupante”, foi acrescentado.

Em causa está o facto de o Governo ter começado a bloquear algumas publicações com menor periocidade de aceder a conferências de imprensa da Administração, ou outras entidades controladas pela Administração, com a desculpa de falta de espaço ou meios. Os critérios da escolha de convite para eventos não foram tornados públicos, mas há casos de meios de comunicação social na mesma situação em que alguns são convidados e outros são bloqueados.

“Esta situação é claramente contrária à ‘liberdade de acesso às fontes de informação’ dos jornalistas, um direito consagrado na Lei de Imprensa de Macau”, foi defendido pela AJM.

Propósitos contrários

A Associação de Jornalistas de Macau defende também que qualquer sistema de registo para participar nas conferências de imprensa deve ser feito com vista a facilitar o contacto entre jornalista e governantes, mas nunca como instrumento de obstrução do acesso à informação.

“Apelamos ao Governo da RAEM que explique publicamente a sua política de tratamento dos direitos de informação dos órgãos de comunicação social. Também esperamos que o Governo da RAEM possa rectificar os métodos que, como se viu nos casos mais recentes, constituem uma ameaça à liberdade de imprensa e ao espírito da lei de imprensa”, foi pedido.

Face às queixas, a associação solicitou ao futuro Chefe do Executivo, Sam Hou Fai uma alteração de paradigma. “Apelamos ao Chefe do Executivo Eleito para reforçar a comunicação com a imprensa e o respeito pela liberdade de imprensa legalmente consagrada. Acreditamos que esta seria uma importante forma para provar ao mundo o sucesso de Macau na implementação de ‘Um País, Dois Sistemas’”, foi requerido.

Muita procura

Entre os eventos mencionados em que algumas publicações mensais e online começaram a ser barradas constam a Abertura Oficial do Ano Judiciário 2024/2025, o Fórum do Património Cultural da Área da Grande Baía, as conferências de imprensa do Conselho Executivo e a cerimónia de abertura da Linha de Seac Pai Van do Metro Ligeiro.

A justificação que tem sido utilizada pelas autoridades aponta para um excesso de procura por parte de órgãos de comunicação social. No entanto, a associação refere que esta prática nunca se verificou nos 25 anos após a transição, e que em vários eventos os jornalistas participantes não foram mais de 10. Além disso, a AJM indica que o Governo tem recursos que permitem realizar conferências em salas com maior capacidade.

Ao mesmo tempo, a associação refere que “observou um número crescente de casos em foi pedido a órgãos de comunicação social a eliminação de artigos por pressões políticas”. Um dos artigos visados abordava a campanha de Sam Hou Fai, embora a origem da pressão política não surja identificada.

Entre as queixas, a associação também aponta que o Governo recorre cada vez mais a comunicados de imprensa para comunicar eventos e acontecimentos importantes, em vez de realizar conferências de imprensa. Esta prática, indica a associação, impede que sejam feitas perguntas e reduz o papel dos jornalistas a meros meios de propaganda.

8 Nov 2024

EUA | Com Trump na Casa Branca, China espera reconciliação

O receio de uma nova guerra comercial existe, mas Xi Jinping espera a reconciliação com os Estados Unidos durante o novo mandato de Donald Trump. O presidente chinês deseja “uma relação sino-americana estável”, com benefícios para os dois países

 

Donald Trump está de regresso à Casa Branca para um segundo mandato como presidente dos Estados Unidos da América (EUA), o que coloca diversas questões sobre o futuro, a começar pelo relacionamento com outra grande potência, a China. Recorde-se que no primeiro mandato de Trump, os dois países protagonizaram uma guerra comercial.

Porém, para já, as palavras de Pequim são de felicitações e esperança de um bom relacionamento nos próximos quatro anos. Ontem, o presidente Xi Jinping felicitou Donald Trump pela vitória nas eleições presidenciais norte-americanas, apelando ao entendimento entre os dois países, após anos de tensões bilaterais, informou a imprensa oficial.

“A história demonstra que a China e os Estados Unidos beneficiam com a cooperação e perdem com a confrontação”, disse Xi Jinping ao presidente eleito dos EUA, citado pela televisão estatal chinesa CCTV. “Uma relação sino-americana estável, saudável e duradoura está em conformidade com os interesses comuns dos dois países e com as expectativas da comunidade internacional”, sublinhou Xi. Estes foram os primeiros comentários do presidente chinês desde a vitória do candidato republicano.

Donald Trump e a rival democrata Kamala Harris prometeram durante a campanha conter a ascensão da China. O magnata republicano prometeu impor taxas de 60 por cento sobre todos os produtos chineses que entram nos EUA.

No entanto, Xi Jinping espera que os dois países “defendam os princípios do respeito mútuo, da coexistência pacífica e da cooperação vantajosa para todos”. Washington e Pequim devem “reforçar o diálogo e a comunicação, gerir adequadamente as suas diferenças, desenvolver uma cooperação mutuamente benéfica e encontrar forma correcta de a China e os Estados Unidos se entenderem nesta nova Era, para benefício de ambos os países e do mundo”, acrescentou.

Xi Jinping e Donald Trump já se encontraram quatro vezes e o presidente eleito dos EUA gabou-se recentemente da sua “relação muito forte” com o líder chinês. Mas a vitória de Donald Trump abre um período de incerteza para as relações económicas sino-americanas, que foram fortemente abaladas durante o primeiro mandato do presidente eleito (2017-2021), quando este desencadeou uma guerra comercial e tecnológica contra Pequim.

A China está a braços com uma recuperação pós-covid difícil, sobrecarregada por fracos níveis de consumo interno e uma grave crise imobiliária, com muitos promotores endividados e preços a cair a pique nos últimos anos. Os principais líderes da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China, estão reunidos esta semana em Pequim, para elaborar um plano de relançamento económico. Muitos analistas acreditam que a vitória de Donald Trump poderá levar os dirigentes chineses a reforçar este programa de medidas, nomeadamente para compensar futuras taxas aduaneiras prometidas pelo republicano.

Uma questão de respeito

Outra reacção do Governo chinês também surgiu na quarta-feira, através de Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. “Respeitamos a decisão do povo americano e felicitamos Trump pela sua eleição como presidente”, reagiu o ministério, num curto comunicado.

Um dia antes da vitória do candidato republicano sobre a democrata Kamala Harris, Pequim reafirmou a sua posição de respeito pelo processo eleitoral norte-americano, que considera “um assunto interno” dos EUA. “A nossa política em relação aos Estados Unidos é coerente. Defendemos a gestão das nossas relações com base nos nossos interesses comuns e na cooperação mutuamente benéfica”, sublinhou Mao Ning.

Alguns especialistas sublinharam que o regresso de Trump ao poder pode levar a dimensão do pacote de estímulo fiscal que está a ser negociado pelos legisladores chineses esta semana, no contexto da reunião da APN, até 20 por cento maior do que estava previsto.

Chee Meng Tan, professor de economia empresarial no ‘campus’ da Universidade de Nottingham na Malásia e especialista em política externa chinesa, disse à agência Lusa que apesar de Trump ser mais susceptível de impor um custo económico à China, a postura isolacionista do republicano favorece Pequim a nível geopolítico, particularmente na questão de Taiwan.

Trump acusa Taipé de “roubar” a indústria de semicondutores dos EUA e defende que o território deve pagar a Washington pela sua defesa. A ilha é a principal fonte de fricção entre China e EUA.

Renminbi desvaloriza

Amizades à parte, o que é certo é que a moeda chinesa, o renminbi, caiu ontem para o valor mais baixo desde o início de Agosto face ao dólar norte-americano. O forte movimento da taxa de câmbio não se deve tanto à fraqueza do renminbi, mas à forte subida do dólar, que reflecte os efeitos de uma segunda presidência de Trump, que prometeu baixar os impostos e subir as taxas sobre as importações.

A taxa de câmbio ‘offshore’, que reflecte as transações nos mercados internacionais como Hong Kong, era de 7,1980 yuan por um dólar, às 10h30 locais. A moeda chinesa perdeu cerca de 1,5 por cento do seu valor face à moeda norte-americana desde a manhã de quarta-feira, quando começaram a ser conhecidos os primeiros resultados das eleições. Trata-se também de uma descida de 3,17 por cento em relação ao seu último pico, que foi atingido depois de Pequim anunciar um pacote de estímulos económicos, no final de Setembro. É também a primeira vez que o renminbi desceu abaixo das sete unidades face ao dólar, pela primeira vez desde Maio de 2023.

A taxa de câmbio ‘onshore’, que reflecte as transações nos mercados domésticos, acumulou uma queda de 1,07 por cento desde a manhã de quarta-feira, e de 2,34 por cento face ao seu pico mais recente, que remonta igualmente ao final de Setembro. Nessa altura, estava a ser negociada a cerca de 7,1782 por dólar.

O Banco Popular da China (banco central) reduziu ontem em 0,93 por cento, para 7,1659 yuan por dólar, a taxa de câmbio oficial que fixa todos os dias e que é fundamental para a cotação da taxa ‘onshore’, que só pode oscilar num intervalo máximo de 2 por cento.

Uma das possíveis manobras de Pequim, no caso de Trump agravar as taxas sobre produtos chineses, é precisamente permitir a desvalorização do renminbi, o que tornaria mais atractiva as importações chinesas com moedas mais fortes.

As reacções asiáticas

Na Ásia as reacções à vitória de Trump têm-se sucedido. No caso do Japão, o primeiro-ministro confirmou que teve ontem uma conversa telefónica com o vencedor das eleições norte-americanas e que os dois concordaram reunir-se “o mais rápido possível” e fortalecer a aliança. Durante a conversa de cinco minutos, o líder japonês, Shigeru Ishiba, disse que os dois vão combinar encontrar-se o mais rápido possível. Donald Trump, por sua vez, disse esperar falar com Ishiba “cara a cara”.

Além disso, concordaram continuar a discutir activamente o reforço da aliança entre o Japão e os EUA “de muitos pontos de vista”, porque esta não abrange apenas aspectos económicos, referiu Ishiba.

O porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi, sublinhou que a aliança é “a base da diplomacia e da segurança do Japão”, referindo-se à política externa japonesa e à aliança militar em vigor desde 1960, que permite a presença de bases militares norte-americanas em solo japonês, além do compromisso de defesa mútua.

“Continuaremos a nossa cooperação em vários domínios e como parceiros globais com um papel fundamental na manutenção de uma ordem internacional livre e aberta, reforçando simultaneamente a capacidade de dissuasão da nossa aliança”, afirmou Hayashi.

Ishiba, que tomou posse a 1 de Outubro, descreveu o líder republicano como amigável, no final da conversa. “Desejámos um ao outro o melhor para o nosso trabalho”, notou Ishiba aos meios de comunicação social.

A conversa telefónica aconteceu depois de, na quarta-feira, Ishiba ter felicitado Trump pela boa prestação nas eleições contra a democrata Kamala Harris. “Os meus sinceros parabéns a Donald Trump. Estou realmente ansioso para trabalhar em estreita colaboração consigo para fortalecer ainda mais a aliança Japão-EUA e promover um Indo-Pacífico livre e aberto”, disse o primeiro-ministro japonês na rede social X.

O regresso de Trump à Casa Branca pode significar que o líder republicano volte a exigir que o Japão aumente as contribuições por acolher bases norte-americanas.

Destaque ainda para a reacção da Coreia do Sul, com o presidente, Yoon Suk-yeol, a felicitar Trump. “Sob a sua forte liderança, o futuro da aliança entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos da América será melhor,”, reagiu Yoon nas redes sociais, segundo a agência francesa AFP. “Aguardo com expectativa a continuação da nossa estreita cooperação no futuro”, acrescentou.

Em ruptura com o antecessor Moon Jae-in, Yoon adoptou uma linha mais dura com a Coreia do Norte, que possui armas nucleares, ao mesmo tempo que melhorou os laços com Washington, um dos aliados de Seul em matéria de segurança.

No seu primeiro mandato, Trump encontrou-se com o presidente norte-coreano três vezes, começando com uma cimeira histórica em Singapura, em Junho de 2018, mas sem fazer grandes progressos nos esforços para desnuclearizar a Coreia do Norte.

Desde o fracasso de uma segunda cimeira em Hanói, em 2019, Pyongyang abandonou a diplomacia e redobrou os esforços para desenvolver o arsenal militar, rejeitando as propostas de diálogo de Washington. Trump também se encontrou com Kim na fronteira entre as duas Coreias, no final de Junho de 2019, e deu 20 passos em território da Coreia do Norte.

Do lado da Índia, outra grande potência mundial e um protagonista económico a ter em conta, as felicitações chegaram logo no dia da eleição americana. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, felicitou Donald Trump pela “vitória histórica” nas eleições.

“Estou ansioso por renovar a nossa colaboração para reforçar ainda mais a (…) parceria global e estratégica” entre a Índia e os Estados Unidos, declarou Modi nas redes sociais, segundo a agência francesa AFP. “Vamos trabalhar juntos para melhorar a condição dos nossos povos e promover a paz, a estabilidade e a prosperidade no mundo”, acrescentou o chefe do governo ultranacionalista hindu.

Ucrânia | Nato quer discutir com Trump ligações a países

O secretário-geral da NATO anunciou ontem querer discutir com o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, o reforço de laços da Rússia com a Coreia do Norte, o Irão e a China contra a Ucrânia. “Estou ansioso por me sentar com o Presidente Trump e ver como vamos fazer enfrentar conjuntamente esta ameaça”, disse Mark Rutte à chegada à cimeira da Comunidade Política Europeia, que reúne cerca de 40 líderes em Budapeste para debater “as crises” europeias, num contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos.

“Agora que os [militares] norte-coreanos estão destacados na Rússia, vemos que cada vez mais a Coreia do Norte, o Irão, a China e, claro, a Rússia estão a colaborar e a trabalhar em conjunto contra a Ucrânia”, acrescentou.

Rutte manifestou preocupação pelo facto de a Rússia ter recorrido ao apoio da Coreia do Norte em troca de fornecer tecnologia a esse país, o que, na sua opinião, “ameaça o futuro” tanto da Europa como dos Estados Unidos e dos países do Indo-Pacífico. “Estes são novos desenvolvimentos realmente perigosos e temos de falar sobre eles hoje”, reiterou. O responsável da NATO alertou ainda que, “muito em breve, os próprios Estados Unidos também estarão sob a ameaça destes últimos avanços tecnológicos graças ao facto de a Rússia ter dado os seus mais recentes conhecimentos e tecnologia à Coreia do Norte”.

8 Nov 2024

Caso MCB | Leitura da sentença agendada para 26 de Novembro

A ex-presidente do Banco Chinês de Macau, Yau Wai Chu, e o empresário Liu Wai Gui são acusados de liderar a uma associação criminosa que desviou 456 milhões de patacas da instituição financeira

 

A sentença do caso Banco Chinês de Macau (MCB, em inglês) vai ser conhecida no dia 26 de Novembro, pelas 09h30. O agendamento foi feito na terça-feira, numa sessão de julgamento marcada pelas lágrimas de vários arguidos e pelas alegações finais, com o Ministério Público a pedir a condenação de todos os 15 envolvidos.

De acordo com o Jornal Ou Mun, nas alegações finais os representantes do MP argumentaram que os cinco funcionários do banco levados a julgamento, com destaque para a ex-presidente Yau Wai Chu, agiram em conluio para permitir que o empresário Liu Wai Gui obtivesse empréstimos para desviar dinheiro da instituição financeira.

O MP voltou a referir que, entre Setembro de 2017 e Abril de 2022, os arguidos terão sido responsáveis por 13 empréstimos considerados “problemáticos”, que terão lesado o banco em 456 milhões de patacas, resultaram da actuação dos vários arguidos acusados do crime de associação criminosa.

O MP referiu ainda que o caso tem “demasiadas circunstâncias suspeitas”, inclusive a falta de informação interna relacionada com as contas dos clientes a quem eram aprovados empréstimos, o ignorar de relatórios de risco sobre os clientes e dos avisos do departamento de gestão de créditos. A acusação argumentou ainda que os arguidos usaram provas falsas sobre projectos apresentados para justificar os empréstimos, e destacou a existência de várias companhias com a mesma morada e a falta de garantias bancárias.

“Não se trataram de erros ou falhas profissionais, foram verdadeiramente actos criminosos, em que o banco era utilizado como uma máquina de dinheiro”, foi referido pelo Ministério Público.

Fogo cruzado

No que diz respeito à defesa, os relatos do jornal Ou Mun e do Canal Macau, indicam que os arguidos terão utilizado as alegações finais para atirar responsabilidades uns aos outros.

A defesa de Yau Wai Chu recusou qualquer ligação com Liu Wai Gui, além da relação comercial estabelecida através da instituição bancária, de forma a afastar a hipótese de ter sido formada uma associação criminosa. O representante legal de Yau também indicou que a acusação não foi capaz de provar que a arguida lucrou pessoalmente com os empréstimos aprovados, e vincou que o banco não é uma autoridade pública, pelo que não tem recursos para verificar a autenticidade de todos os documentos que recebe.

Por sua vez, a defesa de Liu Wai Gui vincou que a Companhia de Engenharia Junpam, que de acordo com a acusação foi utilizada para receber empréstimos ilegais, era uma das empresas de Macau com melhor reputação e qualidade de trabalho ao nível das decorações de interiores. A defesa reconheceu que houve erros em orçamentos, mas destacou que mesmo durante a pandemia a Junpam teve projectos e que nunca deixou de pagar salários.

Já a defesa de Liu Hai Qin, arguida detida em Coloane e irmã de Liu Wai Gui, afirmou que o erro da cliente foi acreditar no irmão, acabando por ser arrastada para o caso, sem intenções de cometer ilegalidades.

7 Nov 2024

Ponte 16 | Acordo para construção de praça e edifício comercial

A Sociedade Ponte 16 paga 459,86 milhões de patacas à RAEM e vai poder construir na Ponte-Cais 14 uma nova praça, um edifício comercial e explorar o icónico casino-barco Macau Palace, desta feita sem jogo

 

O Governo e Sociedade Ponte 16 chegaram a acordo para a revisão da concessão do terreno onde está o hotel e casino com o mesmo nome, que vai permitir a construção de uma praça e um novo edifício para comércio, na Ponte-Cais 14. A zona vai também ter ancorada de forma permanente o histórico barco-casino Macau Palace.

A informação sobre a alteração da concessão de terreno com a empresa com ligações à concessionária SJM foi divulgada ontem, através do Boletim Oficial. O novo contrato da Sociedade Ponte 16 com o Governo da RAEM foi assinado pelos administradores Daisy Ho, filha do falecido Stanley Ho, e Hoffman Ma. A revitalização da zona faz parte do acordo de concessão com a SJM para exploração do jogo, que entrou em vigor em 2022.

A zona da Ponte-Cais 14 do Porto Interior, junto ao hotel Ponte 16, vai assim receber “uma praça” e um edifício comercial com uma área de construção de 6.437 metros quadrados, incluindo uma área de 2.084 metros quadrados do barco-casino Macau Palace.

Anteriormente, a imprensa de Hong Kong relatou que o barco Macau Palace deverá ser transformado num espaço de comércio com restaurantes, lojas e até um museu sobre “a cultura de jogo”. O Macau Palace foi inaugurado como barco-casino em 1962 e em 1974 foi um dos lugares de filmagem do filme James Bond: O homem da pistola dourada.

Pagamento de 460 milhões

Devido às alterações do aproveitamento do terreno, a Sociedade Ponte 16 pagou 459,86 milhões de patacas à RAEM, e uma caução adicional de 184,34 milhões de patacas. A Sociedade Ponte 16 tem um prazo de 36 meses, o correspondente a três anos, para realizar as obras para revitalização da zona.

O prazo de arrendamento dos terrenos foi estendido até 13 de Fevereiro de 2030, mas pode ser prolongado de forma sucessiva.

Em relação ao hotel construído, a Sociedade Ponte 16 vai pagar uma renda anual de 1,24 milhões de patacas à RAEM. Além disso, pela construção da nova praça e do novo edifício a empresa paga uma renda única de 184,3 mil patacas. Contudo, o valor sobe para 103,2 mil patacas por ano, quando as futuras instalações entrarem em funcionamento. O contrato prevê a possibilidade de as rendas serem actualizadas a cada cinco anos.

Além das obrigações de pagamentos e construção, a Sociedade Ponte 16 teve ainda de entregar à RAEM o controlo de cinco lotes do terreno naquela zona com uma área conjunta de 4.425 metros quadrados.

7 Nov 2024

Iao Hon | Obras de fundações e caves na Rua Oito para breve

As obras para as fundações e caves do projecto da habitação pública na Rua Oito do Bairro Iao Hon vão começar em breve. O prédio que será erigido na esquina da Rua Oito do Bairro Iao Hon e da Avenida da Longevidade, está destinado a habitação intermédia, com 30 pisos de altura. As obras de fundações e caves vão custar quase 135,4 milhões de patacas

 

As obras para as fundações e caves do projecto da habitação intermédia na Rua Oito do Bairro Iao Hon vão começar nos próximos dias e a “área da obra vai ser vedada imediatamente”, indicou ontem a Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP).

Uma equipa da DSOP e de técnicos das empresas encarregues da construção visitou a zona para fazer a monitorização integrada dos edifícios e arruamentos envolventes, um trabalho que tem como objectivo garantir a segurança dos edifícios mais antigos nas imediações. Estes trabalhos incluem a inspecção “com recurso a laser scanner 3D, registo fotográfico do estado superficial das paredes exteriores e instalação dos equipamentos de monitorização do assentamento, vibração e inclinação dos edifícios”.

O edifício de habitação pública para a classe intermédia, sem rendimentos para comprar no mercado privado, mas com rendimentos superiores para aceder a habitação económica, será construído no terreno do estado, no cruzamento entre a Rua Oito do Bairro Iao Hon e a Avenida da Longevidade. Recorde-se que no terreno onde irá “nascer” o novo prédio foram demolidos em 2009 quatro edifícios de habitação social Son Lei.

Metros e patacas

Na área em questão, com 1.875 metros quadrados, será erigido um prédio com 30 pisos de altura, um auto-silo público de três pisos em cave. No total, o edifício acrescentará cerca de 250 apartamentos ao mercado da habitação pública e perto de uma centena de lugares de estacionamento, assim como instalações comerciais e sociais.

A obra que vai arrancar com os projectos de revitalização do bairro do Iao Hon vai custar quase 135,4 milhões de patacas. Como é natural, a maior fatia vai para a empresa responsável pela empreitada de construção das fundações e cave, a Companhia de Decoração San Kei Ip que ganhou a adjudicação, por consulta, com a proposta de 119 milhões de patacas.

A elaboração do projecto é da responsabilidade da Companhia de Design e Consultoria Hua Yi Hk, por 5,94 milhões de patacas, enquanto a fiscalização foi adjudicada à Companhia de Consultadoria de Engenharia Kit & Parceiros por pouco mais de 6 milhões de patacas. O controle de qualidade e a monitorização das estruturas periféricas ficará a cargo do Laboratório de Engenharia Civil de Macau por uma verba total de cerca de 4,35 milhões de patacas.

7 Nov 2024

Zona D | Sugerido que aterro se ligue à Taipa

Lei Chan U defende que a Zona D dos Novos Aterros não deveria ser uma ilha, mas uma extensão da zona costeira da Taipa. O deputado da bancada dos Operários considera que a alternativa teria menos impacto na paisagem, com menos problemas na construção de infra-estruturas e maior segurança de navegação

 

A Zona D dos Novos Aterros deveria ficar ligada por terra à Taipa, em vez de ser construído em forma de ilha. Esta é a opinião de Lei Chan U, que lançou a sugestão ao Governo numa interpelação escrita divulgada ontem. O deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) considera que alargar a zona costeira do norte da Taipa traria muitas vantagens. “Esta alternativa reduz as dificuldades de construção de infra-estruturas nesta zona no futuro e o impacto paisagístico, mas também permite manter a largura do canal de navegação entre Macau e Taipa, garantindo a segurança da navegação,” argumenta.

O deputado pediu também que o Governo tenha em conta os problemas de assoreamento que já se verificam no canal entre a Zona C dos Novos Aterros e a Taipa “Apesar dos trabalhos de desentupimento realizados depois de concluída a construção do aterro da Zona C, o fundo do mar ficou quase exposto, com pouca profundidade da água durante a maré baixa, devido à largura muito estreita do canal entre o aterro e a Taipa”, indicou Lei Chan U, acrescentando que no futuro poderá acontecer o mesmo à Zona D.

O legislador recordou o anúncio do Governo, feito a 22 de Outubro, de que estaria para breve o início das obras para construir a Zona D, antes da realização de uma nova medição da profundidade das águas para o aterro, recolha de amostras de lodo para testes, apresentação de propostas para a construção do terminal marítimo provisório e escavação de canal de navegação provisório.

Para a outra margem

Recorde-se que a Zona D será o maior aterro do lado da Taipa, com cerca de 58 hectares, e ficará entre a Ponte da Amizade e a Ponte Governador Nobre de Carvalho. O plano urbanístico dos Novos Aterros, que incluem a construção de seis aterros foi aprovado pelo Governo Central em 2009, num total de 350 hectares. No entanto, o Governo da RAEM pediu a Pequim para desistir do aterro da Zona D em 2020.

O Chefe do Executivo Ho Iat Seng indicou que os custos com materiais para realizar a obra eram demasiado avultados. Mas a construção do aterro também foi criticada pelo secretário Raimundo do Rosário, aquando da apresentação do Plano Director aos deputados. “Entre Macau e a Taipa já está em curso a Zona C e daqui a pouco, se fizermos a Zona D, quase que deixa de haver água”, afirmava Raimundo do Rosário em Setembro de 2020. A intenção do Executivo da RAEM não foi atendida pelo Governo Central.

Finalmente, Lei Chan U pediu ainda ao Governo que lance um estudo para avaliar a necessidade da construção da quinta ponte entre a península e a Taipa.

7 Nov 2024

EUA | Trump regressa à Casa Branca. China espera relação pacífica

Donald Trump ganhou ontem as eleições presidências norte-americanas. O magnata nova-iorquino vai regressar à Casa Branca depois de derrotar Kamala Harris nos principais estados-chave, naquela que apelidou como uma “vitória política nunca antes vista”. A China reagiu ao desejar um relacionamento pacífico entre as duas potências

 

Donald Trump prometeu curar os Estados Unidos da América (EUA), mas não revelou o tratamento. Este foi um dos destaques do discurso de vitória do candidato republicano, que irá regressar à Casa Branca, numa altura em que a vitória estava praticamente garantida com 267 delegados do Colégio Eleitoral, ou seja, 51,2 por cento. Num país onde o Presidente é eleito por sufrágio indirecto, o Colégio Eleitoral é constituído por 538 delegados que representam os 50 estados norte-americanos. Para um candidato se singrar vencedor, precisa de 270 votos.

À hora em que Trump fez o discurso da vitória, já tinha ganho estados decisivos, como a Pensilvânia, Geórgia ou Carolina do Norte, sempre uns passos à frente da democrata Kamala Harris. A Geórgia, estado composto por uma grande população afro-americana, deu a vitória a Trump, atribuindo-lhe mais 16 votos.

Nestas presidenciais destacaram-se os resultados em mais cinco estados-chave, os chamados “swing states”, pelo facto de a vitória costumar oscilar entre o partido republicano ou democrata. Neste ciclo eleitoral, estes estados foram o Arizona, Wisconsin, Pensilvânia, Michigan e Nevada.

“É uma vitória política nunca antes vista no nosso país”, afirmou o magnata nova-iorquino a milhares dos seus apoiantes reunidos no Centro de Convenções de Palm Beach, no estado da Florida, depois de ter acompanhado a noite eleitoral no seu ‘resort’ em Mar-a-Lago.

Falando junto da mulher, Melania Trump, do candidato a vice-Presidente, J.D. Vance, e do presidente da Câmara dos Representantes, o candidato republicano disse que, com esta vitória, irá “ajudar o país a curar-se”.

Por seu lado, J.D. Vance referiu que “sob a liderança do Presidente Trump nunca vamos parar de lutar por vocês”. “Acho que acabamos de testemunhar o maior regresso político da história dos EUA. Depois do maior retorno político da história americana, lideraremos o maior retorno económico da história americana — sob a liderança de Donald Trump”, sublinhou o vice-presidente.

Trump prometeu que os próximos anos irão constituir “a era de ouro para a América”, referindo-se ao período de campanha eleitoral como “o maior movimento político de todos os tempos”.

O Presidente eleito não acrescentou muitos detalhes às promessas políticas feitas durante a campanha, declarando apenas que o país “precisa muito de ajuda”, garantindo que vai “consertar tudo”.

A desilusão dos democratas

A festa fez-se também pelos republicanos junto à Trump Tower, em Nova Iorque. Ainda a contagem dos votos nos ‘swing states’ ia a meio e já três dezenas de eleitores republicanos enchiam o passeio em frente à Trump Tower, cantando vitória antecipada nas presidenciais norte-americanas.

“Tentaram matá-lo, mas não conseguiram. Porque ele é o escolhido. Nós somos o povo e nós escolhemos Donald Trump. O ‘Estado profundo’ [Deep State em inglês] tem de acabar”, gritava uma mulher enquanto erguia uma bandeira com o ‘slogan’ de campanha do republicano: ‘Make America Great Again’.

A polícia estava presente no local e várias grades de protecção foram montadas ao redor do recinto. À Lusa, um eleitor exaltado dizia que Donald Trump tem de “começar a deportação em massa dos imigrantes ilegais o mais rápido possível”. “Fechem a fronteira, isto tem de acabar. Isto não é terra de ninguém”, disse o homem, que se identificou à Lusa como Sergey, misturando palavras em inglês com espanhol.

“Vou sempre apoiar Donald Trump, porque ele tem sido atacado pela imprensa de esquerda. Ele é um ‘outsider’ que tem desafiado o sistema, os democratas, o Congresso e até os próprios republicanos. Todos esses são falsos e ele é verdadeiro. Por isso é que gosto dele”, acrescentou.

A alguns metros de distância, no Rockefeller Center, onde foram montadas telas gigantes para transmitir a contagem dos votos, o ambiente era completamente oposto, com eleitores democratas desiludidos com a prestação da vice-Presidente, Kamala Harris.

Numa noite de vento forte em Nova Iorque, foram muitos os nova-iorquinos que começaram a desmobilizar assim que Donald Trump começou a conquistar vários estados consecutivamente. No público, vários democratas rezavam e outros levavam as mãos à cabeça de cada vez que Trump conquistava mais votos do colégio eleitoral. Em contrapartida, cada vez que Kamala Harris conseguia subir na contagem, ouviam-se aplausos.

Em Nova Iorque, sem surpresas, foi Kamala Harris quem venceu as eleições presidenciais. No entanto, a nível nacional, Donald Trump acabou a noite a declarar vitória.

China espera pacifismo

Talvez ainda com memórias dos anos da guerra comercial sino-americana, a China foi um dos primeiros países a reagir à vitória de Donald Trump, com uma mensagem de esperança sobre uma relação pacífica entre as duas potências. “Continuaremos a abordar e a gerir as relações entre a China e os Estados Unidos com base nos princípios do respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação mutuamente benéfica”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, em conferência de imprensa.

A guerra comercial entre os dois países remonta aos anos do primeiro mandato de Trump na Casa Branca, entre 2017 e 2021. Nesta campanha eleitoral, o candidato ameaçou intensificar esse conflito comercial.

Porém, em declarações à RTP, António Noronha, presidente da Câmara de Comércio Luso-Chinesa, não demonstrou sinais de alarmismo. “Teremos uma relação mais diplomática, uma relação, se calhar, com maior abertura, mas não teremos, com certeza, uma política comercial muito diferente da que temos tido.”

O responsável disse não estar “muito preocupado com a forma como Donald Trump anuncia” por comparação com “o conteúdo das políticas”, que “não serão tão agressivas como as [prometidas] por Kamala Harris, mas serão, sobretudo, políticas proteccionistas”.

“Naturalmente, ‘Europe Last’, e estou convencido que toda esta guerra comercial vai-se manter e vamos ter um sistema proteccionista, onde os EUA vão-se querer proteger daquela contradição que existe em que todos os factores de produção da China são tão distorcidos e subvencionados”, acrescentou.

Volta ao mundo

A Ucrânia foi também um dos primeiros países a dar os parabéns à segunda vitória de Trump. Na rede social X, Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, congratulou Donald Trump por uma “impressionante” “vitória” eleitoral. Zelensky sublinhou que aprecia o “compromisso de Trump com a abordagem ‘paz pela força'” para assuntos globais e que o princípio poderia “aproximar a paz justa na Ucrânia”. “Estou esperançoso que colocaremos isso em acção juntos. Estamos ansiosos por uma era de Estados Unidos da América fortes sob a liderança decisiva do presidente Trump”, disse.

Também o Reino Unido reagiu, com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, a felicitar Trump por aquilo que disser ser uma “vitória eleitoral histórica”. “Estou ansioso por trabalhar consigo nos próximos anos”, disse o primeiro-ministro, acrescentando: “Como aliados mais próximos, estamos lado a lado na defesa dos nossos valores comuns de liberdade, democracia e empreendedorismo”.

“Do crescimento e da segurança à inovação e à tecnologia, sei que a relação especial entre o Reino Unido e os EUA continuará a prosperar em ambos os lados do Atlântico nos próximos anos”.

Também Mark Rutte, secretário-geral da NATO, deu os parabéns a Donald Trump, e defendeu que “a sua liderança será novamente a chave para manter a Aliança forte”. Na rede social X, Rutte sublinhou que está “ansioso para trabalhar com Trump novamente para promover a paz por meio da força por meio da NATO”.

Viktor Orbán e Netanyahu foram os primeiros líderes mundiais a felicitar Trump, com o primeiro-ministro húngaro a declarar que a vitória republicana foi “o maior regresso na história dos EUA”. “Parabéns ao Presidente Donald Trump na sua grande vitória. Uma vitória bastante necessária para o mundo”, declarou Viktor Orbán.

No caso de Benjamin Netanyahu, a mensagem foi também destinada a Melania Trump, agora de novo primeira-dama. “Queridos Donald e Melania Trump, parabéns neste grande regresso na história! O vosso histórico regresso à Casa Branca possibilita um novo começo para a América e um poderoso novo compromisso para a grande aliança entre Israel e a América. Esta é uma enorme vitória!”

Portugal também deu os parabéns a Trump. Numa mensagem publicada no site da Presidência da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa “felicita o Presidente eleito Donald Trump, desejando-lhe felicidades no novo mandato, na afirmação da relação transatlântica, da democracia e os direitos humanos, a construção da paz e do progresso sustentáveis”.

Na mesma nota, Marcelo recorda que “Portugal foi o primeiro país neutral a reconhecer a independência dos Estados Unidos da América, a importância da comunidade portuguesa neste país, bem como a colaboração durante o seu primeiro mandato, nomeadamente a reunião na Casa Branca em 2018 e durante a pandemia”.

Também Luís Montenegro, primeiro-ministro, destacou esta vitória, recorrendo à rede social X. “Parabéns, Presidente Donald Trump. Estou empenhado em trabalharmos em colaboração estreita, no espírito da longa e sólida relação entre Portugal e os Estados Unidos, a nível bilateral, da NATO e multilateral.”

7 Nov 2024

Wynn | Receitas operacionais crescem 6,3%

Enquanto ainda se desconhece o impacto dos novos estímulos para a economia do Interior, o director executivo da Wynn Macau, Craig Billings, refere que a concessionária teve “uma grande vitória no mercado de massas”

 

Entre Julho e Setembro, as receitas operacionais da concessionária Wynn Macau registaram um crescimento de 6,3 por cento, em comparação com o período homólogo. Os dados foram divulgados ontem de manhã pela concessionária do jogo num comunicado à Bolsa de Hong Kong.

A Wynn Macau apresentou receitas operacionais de 871,75 milhões de dólares americanos, que contrastam com as receitas de 818,79 milhões, do período de Julho a Setembro do ano passado.

Em relação aos primeiros nove meses do ano, as receitas operacionais mostram um crescimento de 25,8 por cento para 2.755,71 milhões de dólares, quando no período homólogo tinham sido de 2.189,82 milhões de dólares americanos.

“Os resultados do terceiro trimestre reflectem uma procura saudável em todos os nossos hotéis, onde se destaca uma grande vitória no mercado de massas de Macau, e ainda um desempenho sólido no mercado não-jogo em Las Vegas”, afirmou Craig Billings, director executivo Wynn Resorts, empresa-mãe da Wynn Macau, em comunicado.

Em relação à Wynn Resorts, o terceiro trimestre mostra que as perdas foram reduzidas para 32,1 milhões de dólares, quando no período homólogo tinham sido de 116,7 milhões de dólares.

Além de Macau, o prejuízo de 32,1 milhões de dólares inclui as operações da companhia fundada por Steve Wynn e Kazuo Okada em Las Vegas, Boston, e o projecto em construção nos Emirados Árabes Unidos, que deve começar a operar em 2027.

À espera de impactos

Na apresentação dos resultados aos analistas, Craig Billings foi questionado sobre os estímulos lançados pelo Governo Central para relançar a economia do Interior e a possibilidade de haver um “impacto positivo” para o mercado do jogo em Macau.

Apesar de se mostrar muito confiante no mercado local, Billings reconheceu que ainda é muito cedo para afirmar que o jogo também vai beneficiar dos pacotes de apoio à economia.

“Ainda é um pouco cedo para afirmar que os estímulos estão a ter um impacto. A procura durante a Semana Dourada de Outubro foi encorajadora e a taxa de ocupação foi de 99 por cento”, reconheceu o director-executivo da Wynn Resorts.

Contudo, Billings não recusou que pode haver um impacto positivo e deu o exemplo de 2016, quando o Governo Central também adoptou várias medidas para fazer face a uma desaceleração da economia. “No passado, e aconselho-vos a olhar para o início de 2016, no que pode ser o exemplo mais recente de estímulos, vemos que houve um impacto positivo bastante substancial, tanto a nível do número de visitantes como das receitas brutas do jogo”, apontou. “Só que nesta altura, ainda é cedo para dizer que se está a verificar o mesmo”, realçou.

6 Nov 2024

Ensino | Universidade Cidade de Macau recebe terreno grátis

O Governo concedeu à universidade do membro do Conselho Executivo e ex-deputado Chan Meng Kam um terreno em Seac Pai Van, que se for avaliado de acordo com o preço mais baixo do último leilão de terras vale 2,58 mil milhões de patacas

 

O Governo concedeu gratuitamente um terreno com 10.696 metros quadrados à Fundação da Universidade da Cidade de Macau, instituição privada controlada pelo membro do Conselho Executivo e ex-deputado e empresário Chan Meng Kam. A concessão gratuita em Seac Pai Van foi reconhecida ontem pela Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), apesar do contrato ainda não ter sido tornado público no Boletim Oficial.

De acordo com um comunicado oficial, o Governo “está a dar seguimento ao procedimento de concessão gratuita e com dispensa de concurso público de um terreno do Estado à Fundação da Universidade da Cidade de Macau”. O terreno tem como destino a “construção dos novos edifícios escolares e “todas as despesas inerentes à construção do novo campus” vão ser “suportadas pela Fundação da Universidade da Cidade de Macau”.

A documentação disponibilizada no portal da DSSCU indica que a concessão foi garantida de forma gratuita e aprovada porque a Fundação da Universidade da Cidade de Macau é entendida pelo Governo como uma “pessoa colectiva de direito privado sem fins lucrativos”, desenvolve “acções na área da formação científica, humana, cultural e técnica, como o ensino e a investigação” e porque a Universidade Cidade de Macau (UCM) pretende aumentar o número de alunos de cerca de 6 mil para 10 mil, nos próximos anos.

O Governo destaca ainda que, em troca, a UCM vai devolver o actual terreno na Avenida Padre Tomás Pereira, na Taipa, onde funcionaram as antigas instalações da Universidade de Macau, antes da mudança para o Campus da Ilha da Montanha. A UCM tinha recebido estas instalações em 2015, também cedidas pelo Governo.

Terra de milhões

O futuro campus da UCM vai ser construído junto ao reservatório de Seac Pai Van, perto de dois edifícios privados construídos nos últimos anos naquela zona, ligados ao grupo Yoho, igualmente responsável pela gestão do hotel Roosevelt, no Macau Jockey Club.

Com 10.696 metros quadrados e uma área bruta de construção de 53.490 metros quadrados, o terreno ocupa mais do dobro da área, mais de cada um dos dois terrenos na Taipa colocados em leilão público pelo Governo no ano passado. Os terrenos tinham como destino a construção de habitação e espaços comerciais, e apenas um dos deles acabou por ser vendido.

O pedido mínimo do Governo por metro quadrado nos leilões públicos era de 240.930 patacas. Se for utilizado o mesmo critério, tendo em conta a área de 10.696 metros quadrados, o valor do terreno atinge quase 2,58 mil milhões de patacas.

6 Nov 2024

DSEDJ | Treino militar para crianças mais caro este ano

A Jornada de Educação da Defesa Nacional, que leva todos os anos milhares de alunos de Macau a receber treino militar no Interior da China, vai custar mais este ano. Até ao início deste mês, mais de 2.300 alunos estavam inscritos para aprender manuseio de armas, competências básicas de estratégia militar e combate corpo a corpo, incluindo com armas brancas

 

A Jornada de Educação da Defesa Nacional deste ano lectivo poderá custar cerca de 3,2 milhões de patacas aos cofres públicos, se o volume de participação for idêntico ao verificado no ano lectivo anterior. Segundo informação facultada ao HM pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), está previsto que “o custo per capita para cada jornada, com a duração de 5 dias (4 noites), do ano lectivo de 2024/2025, seja de cerca de 800 patacas”.

A DSEDJ revelou também que no ano lectivo de 2024/2025, até ao início de Novembro, o número de inscrições superara as “2.300 de alunos de 15 unidades escolares para participar nas jornadas, cuja realização decorrerá até ao fim de Janeiro de 2025”. Porém, todos os anos, mais de 4.000 alunos do 8º ano de escolaridade recebem formação militar no Centro de Formação e Educação para a Defesa Nacional de Zhuhai, elevando o custo da actividade de cerca de 2,8 milhões de patacas no ano passado, para 3,2 milhões de patacas este ano. No ano passado, o custo per capita era de “mais de 700 patacas”.

Camaradas de armas

Desde o ano lectivo de 2008/2009, “a DSEDJ tem vindo a organizar a Jornada de Educação da Defesa Nacional, destinada a todos os alunos do 2.º ano do ensino secundário geral de Macau. As escolas interessadas em participar na Jornada podem inscrever-se junto da DSEDJ.” À semelhança dos anos anteriores, “a DSEDJ não recebeu a inscrição da Escola Portuguesa de Macau”, é acrescentado.

As formações militares são organizadas sucessivamente. Em meados de Outubro, foi a vez de um grupo de alunos da secção chinesa do Colégio Diocesano de São José, que pertence à Associação das Escolas Católicas de Macau, receberam formação militar.

Os treinos envolveram “manuseio de armas, competências básicas de estratégia militar, combate corpo a corpo (incluindo com armas brancas), obedecer a ordens”, simulação de situações de combate e cerimónias de hastear da bandeira nacional.

Numa resposta enviada ao HM no fim de Março, a DSEDJ vincou que os treinos de combate em que participam crianças do 8.º ano de escolaridade têm em vista “ajudar os jovens alunos a criarem, através da aprendizagem e experiência, uma correcta consciência sobre a segurança nacional no seu crescimento, bem como cultivar a capacidade física, a disciplina e o espírito de equipa”.

A participação de escolas de Macau nos campos militares organizados no Centro de Formação e Educação para a Defesa Nacional de Zhuhai não é obrigatória, apesar da larga adesão dos estabelecimentos de ensino do território.

6 Nov 2024

China | Crédite Agricole destaca dificuldades na transição económica

Analistas do Crédite Agricole Economic Research defendem que a economia chinesa está em “transição”, com maior foco na procura interna e no desenvolvimento dos sectores dos serviços. Mas o caminho que a China tem pela frente implica a superação das crises de crescimento e confiança, e a resolução dos problemas do sector imobiliário

 

 

Na mesma altura em que a Assembleia Popular Nacional (APN) reúne em Pequim para discutir novas medidas de estímulo à economia, como a descida das taxas de juro e levantamento de restrições à compra de casa, a unidade de pesquisa económica do grupo Crédite Agricole acaba de emitir uma análise sobre a economia chinesa e actual crise do sector imobiliário.

Respondendo à questão “Será que a crise do sector imobiliário vai enterrar os sonhos de prosperidade da China?”, a analista Sophie Wieviorka, do Crédite Agricole Economic Research, considera, com base na publicação periódica do grupo divulgada na quinta-feira, que “o modelo chinês está em transição”. Partindo do modelo de crescimento “baseado na produção industrial com mão de obra intensiva e na atracção de tecnologia estrangeira”, a China estará a passar para modelo assente na inovação. Trata-se de um modelo que busca o impulso “da procura interna e desenvolvimento de serviços, mas não é uma tarefa fácil”.

Para a analista do Crédite Agricole, “o que torna a transição ainda mais complicada é o facto de coincidir com uma crise de crescimento e de confiança”, pois, no passado, houve “excessos” na economia chinesa, nomeadamente “uma bolha de sobreinvestimento – nomeadamente no sector imobiliário – em vias de se esvaziar”.

Neste sentido, depois de um “forte ajuste dos volumes de transacções e novas construções”, verifica-se uma quebra de preços no sector imobiliário, lê-se no documento de análise periódica, que denota a existência de uma “espiral deflacionista” com “impacto negativo nas famílias, que em média tem 70 por cento do seu património investido no sector imobiliário”.

Neste sentido, a analista entende que as autoridades chinesas estão, nesta fase, a tentar “restabelecer a confiança na economia, incentivando os cidadãos a comprar imóveis em vez de poupar e pagar dívidas”.

Porém, o caminho para sair da crise do imobiliário, marcada pela queda da Evergrande, deverá ser “longo e penoso”, denota a analista, pois há que ter em conta “o processo de absorção do stock de imóveis construídos e não construídos, anos de construção excessiva e de excessos especulativos”.

Num cenário pós-covid-19, em que a economia chinesa sofreu, tal como o resto do mundo, é preciso “tranquilizar as famílias afectadas pela crise da covid-19 e pelo mercado de trabalho pouco dinâmico, nomeadamente para os jovens.

Algumas das medidas já anunciadas pelas autoridades pretendem, segundo a mesma análise, apoiar o sector imobiliário, nomeadamente “um novo fundo que permite às cidades comprar directamente as casas devolutas, proporcionar injecções de liquidez para apoiar os promotores e os bancos e reduzir as taxas de juro das actuais e novas hipotecas para restaurar algum poder de compra para as famílias”.

As dívidas locais

Ainda no que à crise do imobiliário diz respeito, Sophie Wieviorka recorda que em Julho deste ano, quando se realizou na capital chinesa a 3ª sessão plenária do 20º Comité Central do Partido Comunista Chinês, “não foram anunciadas quaisquer reformas de relevo”, mas a analista destaca uma: o facto de o IVA, imposto sobre o consumo, passar a ser cobrado directamente pelas províncias e autarquias, o que reflecte “duas mudanças estruturais” na economia.

Uma é a “redução substancial dos recursos próprios das autarquias locais” que procuravam obter lucros com a venda de terrenos. Assim, verifica-se “o fim de um modelo de tributação baseado na promoção imobiliária”, bem como uma “descentralização da política fiscal, com o Governo Central a comprometer-se a ser mais transparente e generoso com as províncias chinesas, que suportaram a maior parte do custo do investimento nas últimas duas décadas e que têm uma dívida enorme”.

Porém, a analista do Crédite Agricole recorda que “a carga fiscal é relativamente baixa na China e as reformas que estão a ser discutidas há anos, como, por exemplo, a introdução de um imposto sobre o património, ainda não avançaram”.

As reuniões da APN decorrem até sexta-feira, mas, para já, sabe-se que o Comité Permanente da APN analisou na segunda-feira um projecto de lei do Conselho de Estado (Executivo) que visa permitir o aumento dos limites de endividamento dos governos locais, para “substituir as dívidas ocultas existentes”.

“Os legisladores analisaram um projecto de lei do Conselho de Estado sobre o aumento dos limites de endividamento das administrações locais, para substituir as dívidas ocultas existentes”, afirmou a agência noticiosa oficial Xinhua, em comunicado, sem dar mais pormenores.

Um dos problemas económicos que o país enfrenta é a “dívida oculta” das administrações locais e regionais, que observadores estimam ultrapassar o equivalente a 9 biliões de dólares.

A polémica reforma

Sophie Wieviorka destaca também outra medida saída das sessões partidárias de Julho: a segunda reforma do sistema de pensões, pois o país enfrenta o envelhecimento da população.

Assim, a China “decidiu aumentar a idade legal de reforma”, mas apenas no próximo ano e de forma faseada durante 15 anos, para “evitar descontentamento social”. Assim, a reforma para as mulheres passa dos 60 para os 63 anos, enquanto nos homens vai dos 55 para os 58 anos. Para as mulheres com trabalhos manuais, a reforma deixa de acontecer aos 50 para ser uma realidade aos 55.

Para a analista, esta “reforma impopular” reflecte a política do filho único que vigorou durante anos na China, em que se verificou uma “gestão desastrosa da população”. O que se passou nos últimos anos é que as famílias procuraram poupar para a reforma, limitando o consumo. Isso “é o contrário do objectivo de passar para um regime de crescimento mais auto-sustentado”.

Proteccionismo preocupa

Se o “ambiente [económico] interno é pouco animador”, no estrangeiro a China depara-se com a “ameaça emergente do proteccionismo, nomeadamente dos Estados Unidos da América, Canadá ou União Europeia (UE), de que são exemplo o aumento das tarifas de importação de carros eléctricos chineses e restantes matérias-primas como aço ou alumínio.

Para o Crédite Agricole, “a China continua a depender, nesta fase, do comércio externo para apoiar a sua produção industrial”. “Aí reside o problema: quanto mais a economia chinesa abranda, menos produção interna o país absorve e mais precisa do resto do mundo como mercado de exportação para os seus excedentes de produção. Mas os parceiros e rivais comerciais já não estão dispostos a trocar empregos por produtos baratos. Presa nesta situação de círculo vicioso, a China não tem outra opção senão reformar radicalmente a sua economia, estando a lutar para o fazer”, pode ler-se na publicação.

Importa referir que na segunda-feira a China recorreu da decisão final da UE junto da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a aplicação de tarifas compensatórias sobre os veículos eléctricos chineses. Segundo a Xinhua, a China “opõe-se firmemente às medidas finais da UE de impor elevadas tarifas aos carros eléctricos chineses, apesar do grande número de objecções levantadas por ambas as partes, incluindo os Estados-membros da UE, a indústria e o público”.

6 Nov 2024

Jogo | Receitas de Outubro atingem valor mais alto desde pandemia

Com uma média diária de 671 milhões de patacas em receitas brutas, Outubro foi o melhor mês para os casinos desde o início da pandemia. O mercado de massas terá alcançado “as receitas mais elevadas de sempre”

 

Os casinos registaram em Outubro as receitas brutas mais elevadas desde o início da pandemia, ao atingirem os 20,79 mil milhões de patacas, de acordo com os dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). O montante fica abaixo do registado em Janeiro de 2020, quando as receitas brutas do jogo tinham atingido os 22,13 mil milhões de patacas.

Apesar da barreira dos 21 mil milhões de patacas não ter sido ultrapassada, como chegou a ser previsto pelo banco de investimento JP Morgan Securities (Asia Pacific), Outubro foi o melhor mês do ano para as concessionárias. Até agora, o melhor registo tinha sido Maio, quando as receitas foram de 20,19 mil milhões de patacas.

Para os resultados de Outubro contribuíram os feriados no Interior da China para celebrar a Semana Dourada, o que fez com que o início do mês fosse uma época alta para o turismo.

Em comparação com o período homólogo, Outubro representou um crescimento das receitas de 6,6 por cento, face às receitas de 19,50 mil milhões de patacas. Contudo, se a comparação for feita com 2019, em Outubro as receitas tinham chegado aos 26,44 mil milhões de patacas, o que representa uma diferença de 5,65 mil milhões de patacas, face aos níveis actuais.

Em termos agregados, as receitas nos primeiros dez meses do ano atingiram 190,14 mil milhões de patacas, um crescimento de 28,1 por cento, face ao período entre Janeiro e Outubro de 2023.

Massas entusiasmam

Após terem sido anunciados os resultados, um relatório do banco de investimento JP Morgan Securities (Asia Pacific), citado pelo portal GGR Asia, indica que Outubro terá registado “as receitas mais elevadas de sempre” ao nível do mercado de massas. “As receitas brutas de Outubro sugerem que a indústria gerou as receitas do segmento de massas – incluindo as slots – mais elevadas de sempre na história de Macau, recuperando para 113 por cento do recorde pré-covid”, foi apontado.

O relatório destacou também que as receitas foram as mais altas em quase cinco anos: “O mês de Outubro registou o maior volume de receitas em 57 meses”, pode ler-se no documento assinado pelos analistas DS Kim, Shi Mufan e Selina Li, da JP Morgan.

“As receitas brutas do jogo cresceram 7 por cento face ao período homólogo e 20 por cento em comparação com o mês anterior, para o máximo pós-pandemia de 20,8 mil milhões de patacas, ou 671 milhões de patacas por dia em Outubro, representando uma recuperação de 79 por cento em relação ao período pré-covid”, foi acrescentado.

5 Nov 2024

Xangai | Macau promove produtos lusófonos em Xangai

A delegação é composta por 39 empresas de Macau e vai promover produtos locais e lusófonos na Exposição Internacional de Importação da China. Nos primeiros nove meses, as exportações dos países lusófonos para a China atingiram 109,1 mil milhões de dólares

 

Uma delegação de 39 empresas de Macau vai promover produtos locais e lusófonos na 7.ª edição da Exposição Internacional de Importação da China, em Xangai, entre hoje e domingo, anunciaram ontem as autoridades.

Com dois pavilhões temáticos, criados pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), as 39 empresas vão promover “produtos alimentares e bebidas produzidos em Macau, de marcas de Macau e dos países de língua portuguesa, bem como serviços profissionais no âmbito da tributação, tradução, consultoria de investimento”, entre outros, indicou em comunicado o IPIM.

Ao mesmo tempo, vai participar também uma delegação de cerca de 40 empresários, nas áreas de finanças, comércio electrónico, convenções e exposições, tecnologia, turismo, restauração, logística e lazer.

Subordinada ao tema “Nova Era, Futuro Compartilhado”, a sétima edição da Exposição Internacional de Importação da China vai juntar, em mais de 420 mil metros quadrados, cerca de 300 empresas de todo o mundo.

Exportações a subir

A promoção de produtos lusófonos vai ser realizada, após a revelação de que as exportações dos países lusófonos para China cresceram 2,4 por cento para o nível mais elevado do sempre.

As exportações atingiram 109,1 mil milhões de dólares, o valor mais elevado para o período entre Janeiro e Setembro desde que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) começou a apresentar este tipo de dados dos Serviços de Alfândega da China, em 2013.

Os dados divulgados na sexta-feira mostram que a subida se deveu sobretudo ao maior fornecedor lusófono do mercado chinês, o Brasil, cujas vendas cresceram 2,8 por cento, para 91,2 mil milhões de dólares, um novo máximo para os primeiros nove meses do ano.

As vendas de mercadorias de Angola para a China aumentaram 2,2 por cento para 13,5 mil milhões de dólares, enquanto as exportações de Portugal subiram 8,9 por cento para 2,33 mil milhões de dólares.

Na direcção oposta, os países lusófonos importaram mercadorias no valor de 65,1 mil milhões de dólares da China, um aumento anual de 17,9 por cento e um novo recorde para os primeiros nove meses do ano.

O Brasil foi o maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, com importações a atingirem 55,1 mil milhões de dólares, seguido de Portugal, que comprou à China mercadorias no valor de 4,64 mil milhões de dólares.

Ao todo, as trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 174,2 mil milhões de dólares entre Janeiro e Setembro, mais 7,8 por cento do que em igual período de 2023 e um novo máximo para os primeiros nove meses do ano.

5 Nov 2024

Atletismo | Falha administrativa trava recorde mundial em Macau

Lorna Loi fez a parte dela, mas a Associação Geral de Atletismo de Macau esqueceu-se de pedir aos árbitros internacionais para certificarem os resultados. Apesar do erro, o Chefe do Executivo vai agraciar a associação com a Medalha de Mérito Desportivo, pela “competência” mostrada ao longo dos anos

 

No ano passado, a atleta local Lorna Hoi Hong bateu o recorde mundial da meia-maratona para pessoas com deficiência auditiva. Contudo, o recorde não deverá ser reconhecido pelo Comité Internacional de Desporto para Surdos, porque a Associação Geral de Atletismo de Macau (AGAM) não recolheu as assinaturas dos árbitros na prova.

Segundo os resultados oficiais da meia maratona de Macau, Lorna percorreu a distância de 21,1 quilómetros em 1h24m34, tirando quase três minutos ao recorde actual de 1h27m25. Esta marca foi alcançada pela atleta alemã Nele Alder-Baerens, em Junho de 2016, na cidade de Stara Zagora, na Bulgária.

Após bater o recorde, a atleta enviou o registo para o Comité Internacional de Desporto para Surdos, que lhe pediu a confirmação do tempo, num documento oficial com a assinatura dos árbitros e emitido pela AGAM. A atleta pediu o documento à AGAM, esperou maias de meio ano e concluiu que não havia documento, porque a associação não tinha recolhido as assinaturas dos árbitros.

Para piorar a situação, o Comité Internacional modificou as regras, pelo que vai deixar de reconhecer recordes que não sejam comunicados, e comprovados com as assinaturas, no espaço de um mês.

A situação deixou a atleta numa situação de desespero e foi partilhada numa publicação nas redes sociais: “Até as oportunidades raras dos atletas de Macau baterem recordes mundiais são impedidas. Por isso, de que vale os atletas locais treinarem no duro e durante tanto tempo?”, questionou.

Trancas na porta

O facto de a situação se ter tornado pública, levou a que o Instituto do Desporto (ID) viesse a público prometer que vai fazer tudo para que a situação se resolva, e que o Comité Internacional de Desporto para Surdos reconheça a marca de Lorna Hoi.

“Neste momento, o trabalho mais importante é recolher todos os documentos. O Instituto do Desporto apoia a atleta na comunicação com o Comité Internacional e vamos explicar a situação”, afirmou Luís Gomes, presidente do ID. “Esperamos que o Comité Internacional possa ter em conta esses factores objectivos e aceite os resultados finais da nossa atleta. Vamos fazer todos os nossos esforços para lidar com este caso”, acrescentou.

Luís Gomes deixou também um recado para a AGAM, realçando que espera que a associação garanta os direitos e interesses dos atletas, de forma a poder emitir resultados certificados rapidamente.

Após a situação ter sido relatada em vários órgãos de comunicação social locais Lorna Hoi Hong fez mais uma publicação a afirmar que o ID não teve responsabilidade no não reconhecimento dos resultados. A atleta prometeu ainda tentar bater novamente o recorde no próximo mês, com a edição deste ano da Meia-Maratona Internacional de Macau.

Culpados premiados

Apesar de o ID ter indicado a Associação Geral de Atletismo de Macau (AGAM) como culpada pela situação, o facto não foi impeditivo para Ho Iat Seng anunciar ontem que vai agraciar a associação com a Medalha de Mérito Desportivo.

De acordo com a justificação para a medalha, a “Associação de Atletismo de Macau, desde a sua criação, tem vindo a promover activamente o desenvolvimento do desporto de Atletismo em Macau, trabalhando em estreita colaboração com o Governo da Região Administrativa Especial de Macau para apoiar a construção da Cidade dos Desportos”, foi explicado.

A mesmo fonte completou que a AGAM transformou a Maratona Internacional de Macau (quando também se corre a meia maratona) e a Corrida Internacional dos 10 quilómetros de Macau “em eventos desportivos de renome internacional” e que a associação “obteve excelentes resultados em vários eventos, demonstrando a competência de Macau no atletismo”.

5 Nov 2024

Pequim | Sam Hou Fai instruído a manter “Um País, Dois Sistemas”

Sam Hou Fai chegou de Pequim com instruções para a implementação “firme e inabalável” do princípio “Um País, Dois Sistemas”. O Chefe do Executivo eleito indicou que as leis de segurança nacional vão ser optimizadas, e que o tema é prioritário para o futuro Governo, a par da diversificação da economia e do bem-estar da população

 

O próximo líder do Governo da RAEM regressou de Pequim no sábado, onde recebeu na sexta-feira a nomeação do Governo Central e instruções do Presidente Xi Jinping. A cerimónia decorreu no salão de Fujian do Grande Palácio do Povo, na capital chinesa, com o primeiro-ministro Li Qiang a entregar a Sam Hou Fai o decreto do Conselho de Estado para nomeação como Chefe do Executivo do VI Governo da RAEM.

Na chegada a Macau, o Chefe do Executivo eleito fez um resumo dos dias em Pequim numa conferência de imprensa à chegada ao aeroporto de Macau, e revelou “sentir-se profundamente honrado e consciente da enorme responsabilidade que a nomeação do Governo Central implica, e manifestou-se extremamente grato pela confiança e o apoio do Governo Central”.

Na capital chinesa, Xi Jinping “reiterou que o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ vai ao encontro dos interesses e a base da população”, começou por dizer Sam Hou Fai, ressalvando que “a segurança nacional é fundamental e muito importante para o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’. Por isso, Sam Hou Fai afirmou que o seu Executivo irá “defender bem a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento do Estado”. Nesse sentido, o responsável garantiu que, “no futuro, os mecanismos legais da segurança nacional devem ser optimizados ainda mais, fazendo melhorias tendo em conta as mudanças e as diferentes situações, no sentido de consolidar a barreira da segurança nacional para evitar qualquer erro”.

“Vamos criar condições para gradualmente promover os respectivos trabalhos em prol do desenvolvimento económico, inclusivamente o posicionamento atribuído pelo nosso país ‘Um Centro, Uma Plataforma e Uma Base’. Temos de potenciar essas vantagens para maximizar as oportunidades”, continuou.

Sam Hou Fai salientou ainda a necessidade de privilegiar a qualidade da vida da população, ter em atenção a recuperação da economia, após a pandemia, com destaque para “grupos mais desfavorecidos” e pequenas e médias empresas.

Em busca dos cinco

Em relação aos membros do próximo Governo, Sam Hou Fai não desvendou nomes, nem se mantém ou reformula a equipa. Mas traçou um perfil dos elementos da próxima liderança, incluindo a necessidade de “serem fiéis à Região Administrativa Especial de Macau e à República Popular da China”.

Além do “amor à pátria e a Macau”, deve ser alguém que conheça “a conjuntura nacional”, “assuma um papel de servidor à população”, “tenha espírito de equipa” e seja “corajoso, para fazer face às dificuldades e desafios”, resumiu Sam, acrescentando ainda a integridade como uma característica que valoriza.

O futuro líder indicou também que irá ouvir mais opiniões durante o período de formação da equipa do seu Governo e que “prevê entregar a lista dos titulares dos principais cargos ao Governo Central, ainda em Novembro”.

Sam Hou Fai foi eleito, em 13 de Outubro, com 394 votos do colégio eleitoral de 400 membros e será o primeiro Chefe do Executivo a falar português.

Nascido em 1962 na cidade vizinha de Zhongshan, o magistrado completou a licenciatura em Direito pela Universidade de Pequim, tendo frequentado posteriormente os cursos de Direito e de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Coimbra. O mandato do actual Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, termina em 19 de Dezembro, estando prevista a posse do novo líder em 20 de Dezembro, dia em que se assinala o 25.º aniversário da constituição da RAEM. Com Lusa

5 Nov 2024

Medalhas de mérito | Governo entrega distinções no final do mês

Leonel Alves, ex-deputado e advogado, e Miguel de Senna Fernandes, advogado e dramaturgo dos Dóci Papiaçám di Macau são os membros da comunidade macaense distinguidos este ano com medalhas de mérito. Destaque ainda para a nova distinção que será entregue à Santa Casa da Misericórdia de Macau

 

Prestes a deixar o Governo, Ho Iat Seng escolheu os novos medalhados de mérito da RAEM, numa lista divulgada ontem. Destaca-se, desde logo, o reconhecimento do trabalho feito por duas personalidades da comunidade macaense, o antigo deputado e advogado Leonel Alves, que obteve a Medalha de Honra Lótus de Ouro. Porém, esta não representa uma estreia de Alves no quadro de medalhados, pois em 2001 recebeu a Medalha de Mérito Profissional e em 2019 a Medalha de Lótus de Prata.

Formado em Direito pela Universidade de Lisboa, onde deu aulas, Leonel Alves tem feito uma longa e bem-sucedida carreira em advocacia, dedicando-se, ao longo de 40 anos, “a diversas actividades de interesse público”, destaca o Executivo numa nota justificativa sobre a medalha atribuída.

Leonel Alves desenvolveu ainda um intenso trabalho político, nomeadamente na qualidade de membro da Comissão Preparatória da RAEM ou como vice-presidente do Conselho Consultivo da Lei Básica. Além de ter sido deputado durante mais de três décadas, Leonel Alves é membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) desde 2005 e membro do Conselho Executivo da RAEM.

Destaque ainda para o seu contributo na produção de diversas leis em vigor, tal como o projecto de criação do Comissariado Contra a Corrupção e a revisão da Lei de Terras. Foi co-proponente do projecto de lei de alteração da lei sobre arrendamento, do projecto de alteração da lei sobre acesso à Justiça, “permitindo, de forma inovadora, que qualquer pessoa em Macau tenha direito à assistência jurídica de advogado em qualquer processo”.

O Governo destaca também a sua ligação a entidades associativas, tal como a presidência da assembleia-geral da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM), ou ainda o facto de ter sido membro fundador do movimento associativo macaense denominado “Macau Sempre”.

No caso de Miguel de Senna Fernandes, também advogado, a obtenção da medalha de mérito deve-se sobretudo ao seu trabalho na preservação da cultura macaense, por ser um “transmissor de manifestações do Património Cultural Imaterial Nacional”, tendo promovido “acções de salvaguarda” durante mais de 30 anos.

“Actualmente, está em curso o processo da recomendação da sua candidatura ao sexto Lote de Transmissores Representativos das Manifestações do Património Cultural Imaterial Nacional. É também compositor, arranjador e produtor musical, produzindo trabalhos desta área para o seu Grupo de Teatro”, lê-se ainda.

Ao HM, Miguel de Senna Fernandes diz-se “honrado” com a distinção, por se tratar “de um reconhecimento de um trabalho desenvolvido há vários anos”. “É sempre bom quando se desenvolve um certo tipo de trabalho e ele é reconhecido. Tenho pessoas ao meu lado, o grupo de teatro, e agradeço ao apoio dos Dóci também, e comungo esta medalha com eles. A minha actividade foca-se no teatro e área sociocomunitária e agradeço também à Associação dos Macaenses”, acrescentou.

Uma super irmandade

A SCMM obteve a Medalha de Honra de Lótus de Ouro, a mais elevada. A história da instituição remonta aos primórdios de Macau e ao estabelecimento dos portugueses no território. Para o Governo, a atribuição da mais alta medalha de mérito justifica-se pelo facto de ser uma “venerável instituição de caridade local com uma longa história, que presta uma vasta gama de serviços de assistência, amplamente reconhecidos, e que abrangem lar de idosos, creche e Centro de Reabilitação de Cegos”.

Trata-se de “uma instituição sem fins lucrativos dedicada à promoção da coexistência harmoniosa das comunidades chinesa e portuguesa e à transmissão da cultura e dos valores católicos da comunidade portuguesa de Macau”. A SCMM celebra este ano 455 anos de existência, continuando “a ter uma influência expressiva nas áreas de serviços sociais e de intercâmbio cultural”, com destaque para o Núcleo Museológico da Santa Casa.

Recorde-se que a SCMM foi galardoada pela RAEM com a Medalha de Mérito Altruístico em 2002. O Governo considera ainda que os serviços prestados pela entidade “são reconhecidos por todos os sectores sociais”, sendo “essenciais para a promoção do desenvolvimento harmonioso e estável da sociedade, e em particular, na consolidação da relação amigável entre a China e Portugal”.

Outra instituição pública ligada à saúde distinguida com uma medalha foi o Centro Hospitalar Conde de S. Januário dos Serviços de Saúde (CHSCJ), fundado em 1874. O Governo destaca a actual oferta em termos de cuidados de saúde, com mais de 1.000 camas hospitalares, 29 especialidades e 24 subespecialidades médicas, “oferecendo serviços abrangentes de consulta externa, emergência e internamento”. “Ao longo destes 150 anos, o CHSCJ tem dado grandes contributos para a protecção da saúde e da segurança dos residentes”, é ainda destacado.

Entre os galardoados deste ano, destaque também para a Associação de Hotéis de Macau, que recentemente foi presidida por Luís Herédia. Ao HM, Luís Herédia afirmou que a distinção traduz o desempenho da associação no “apoio determinante ao sector, mantendo uma qualidade elevada do padrão de serviços”.

“Os hotéis são uma parte do ciclo da experiência de cada turista, sendo crucial o acolhimento com segurança e conforto e ainda que haja uma qualidade alargada e diversificada da oferta de serviços e de produtos. Em conjunto, a associação oferece garantias dessa oferta aos vários mercados e segmentos”, acrescentou ainda Luís Herédia.

Lam, Pio e amigos

A Comissão de Designação de Medalhas e Títulos Honorífico decidiu atribuir a medalha Lótus de Ouro de Honra a Peter Lam Kam Seng, membro do Conselho Executivo, da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo e presidente do conselho de administração da Macau Renovação Urbana SA.

Para o Governo, Peter Lam destaca-se por ter “participado, ao longo destes anos, activamente nos assuntos públicos e sociais”, tendo “promovido o desenvolvimento educativo e económico em prol do bem-estar da população”. Salienta-se o trabalho de planeamento e concepção de novas zonas residenciais no bairro do Iao Hon e “o apoio à constituição de uma comissão de condomínio para o início da reconstrução do bairro”. É também referido o trabalho no projecto do Novo Bairro de Macau em Hengqin. Peter Lam também não é um estreante nesta distinção, tendo sido galardoado pela RAEM com a Medalha de Mérito Industrial e Comercial e a Medalha de Honra Lótus de Prata, em 2001 e 2009, respectivamente.

Frederico Ma Chi Ngai obteve a Medalha de Mérito Profissional. Frederico Ma é doutorado em Economia pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, pertence ao 14º Comité Nacional da CCPPC, e é membro do Conselho Executivo e da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo.

É referido pelas autoridades que “desde 2000 tem participado activamente nos assuntos sociais com funções nas várias associações principais, incluindo as de juventude”. “Tem-se esforçado para promover o desenvolvimento tecnológico de Macau e estimular a conjugação da investigação com a divulgação científica, para auxiliar na construção de Macau como cidade central do centro internacional de inovação tecnológica da Grande Baía”.

Frederico Ma recebeu, em 2011, a Medalha de Mérito Industrial e Comercial em 2011.

O deputado Iau Teng Pio obteve a Medalha de Mérito Educativo pelo trabalho enquanto sub-director da Faculdade de Direito da Universidade de Macau. Iau Teng Pio tem feito também um destacado trabalho político ao ser membro do 14º Comité Nacional da CCPPC, membro do Conselho Executivo e da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo.

O deputado “tem estado profundamente empenhado no campo da educação há mais de 20 anos, ensinando principalmente Direito do Processo Penal, Direito Penal, Direito do Processo Civil e Direito do Processo Administrativo. É autor de várias obras jurídicas e artigos académicos. Foi docente em várias instituições no Interior da China, sendo repetidamente convidado para ministrar formação dos talentos sobre o Estado de Direito e abordar temas como o regime jurídico de Macau e o mecanismo de resolução de litígios comerciais de Macau”, é referido no comunicado divulgado ontem pelo Gabinete de Comunicação Social.

Para as autoridades, “os seus esforços não só melhoraram a qualidade do ensino jurídico, mas também promoveram a formação de talentos bilingues locais, contribuindo, por isso, para o desenvolvimento do ensino jurídico em Macau”.

As medalhas deste ano destacam também figuras e entidades do sector empresarial, nomeadamente Chan Chak Mo, deputado e presidente da Future Bright Holding, a quem foi atribuída a Medalha de Honra Lótus de Ouro; a Associação Industrial de Macau, com a Medalha de Honra Lótus de Prata, a par do Banco Luso Industrial.

No sector dos transportes foi dada uma medalha à Sociedade de Transportes Colectivos de Macau, S.A., concessionária de serviço público de autocarros e que pertence ao grupo da Nam Kwong desde 2010. A empresa “foi estruturada a partir da antiga Companhia de Transporte de Passageiros entre Macau e as Ilhas, que prestou aos residentes o serviço público de autocarro desde 1974”. Nos últimos anos, a TCM “tem feito inovações na renovação de veículos, através da introdução de novas tecnologias e de instalações sem barreiras”, além do esforço “na redução da emissão de gases poluentes”.

As medalhas são atribuídas “a individualidades e entidades que se notabilizaram por feitos pessoais, contributos para a sociedade ou serviços prestados à RAEM”, estando a cerimónia da sua atribuição agendada para 29 de Novembro, às 16h, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau.

Todos os medalhados

Lótus de Ouro

Irmandade da Santa Casa da Misericórdia

Centro Hospitalar Conde de São Januário dos Serviços de Saúde

Leonel Alberto Alves

Lam Kam Seng

Chan Chak Mo

Lótus de Prata

Associação Industrial de Macau

Banco Luso Internacional, S.A.

Medalha de Mérito Profissional

Kong Chio Fai

Ma Chi Ngai

Ieong Tou Hong

Zhang Zongzhen

Chao Weng Hou

Medalha de Mérito Industrial e Comercial

Sociedade de Transportes Colectivos de Macau, S.A.

Laboratórios Ashford, Lda

Boardware Sistema de Informação Limitada

Medalha de Mérito Turístico

Associação de Hotéis de Macau

Medalha de Mérito Educativo

Escola Secundária Pui Ching

Escola Tong Sin Tong

Iau Teng Pio

Mak Pui In

Medalha de Mérito Cultural

Henrique Miguel Rodrigues de Senna Fernandes

Medalha de Mérito Altruístico

Kong Su Kan

Lee Chong Cheng

Chan Ka Leong

Medalha de Mérito Desportivo

Associação de Atletismo de Macau

Medalha de Dedicação

Choi Sio Un

Medalha de Serviços Comunitários

Hoi Choi Han

Título Honorífico de Valor

Equipa de Astronomia da Escola Pui Tou

Xu Ziheng

Leong Pok Hei

Ung Man Kit

Wong Tsan Ying

5 Nov 2024

GP | Foco na F1 não impede grande armada Audi em Macau

A Audi está a preparar a todo o vapor a entrada no Campeonato do Mundo de Fórmula 1 em 2026, tendo praticamente cessado todas as outras actividades da marca no desporto automóvel a nível mundial. Contudo, e um pouco contra a corrente, a casa de Ingolstadt vai regressar em força ao Grande Prémio de Macau este mês de Novembro

 

 

Desde 1981, a Audi Sport tem representado o lema “Vorsprung durch Technik” no desporto motorizado internacional. Seja no Campeonato Mundial de Ralis, Pikes Peak, Turismos, DTM, corridas de GT, protótipos de Le Mans, Fórmula E ou, mais recentemente, no Rali Dakar, a Audi conquistou inúmeras vitórias e títulos importantes. Com o ex-Ferrari Mattia Binotto ao leme do projecto da Audi F1, que herdará muito do que actualmente constitui a equipa Sauber, a administração do construtor germânico optou por abandonar todas as outras disciplinas onde estava envolvida para se concentrar nesta cara e exigente aventura. Todavia, dado o interesse de clientes privados nas disciplinas de GT e Turismo e a representatividade da marca em alguns pontos do globo, como na Ásia, não é surpreendente, embora hoje em dia invulgar, ver dez carros Audi a competir no Circuito da Guia este ano.

“O Grande Prémio de Macau é sempre o ponto alto absoluto do calendário asiático e, este ano, em conjunto com as nossas equipas clientes, reunimos uma forte formação para a Taça GT, que representa todo o espectro do pool global de pilotos da Audi Sport”, afirmou Alexander Blackie, Director da Audi Sport customer racing Asia.

A marca do Grupo Volkswagen tentará novamente conquistar a Taça do Mundo na RAEM, feito que apenas alcançou em 2016, quando o belga Laurens Vanthoor celebrou aquela inesquecível vitória com o seu Audi R8 LMS GT3, com as quatro rodas viradas para o ar. Para isso, trouxe dois dos seus pilotos sob contrato na Europa para enfrentar as rivais BMW, Mercedes-AMG e Porsche.

“Com Ricardo Feller e Christopher Haase, temos dois profissionais de topo da Europa a competir pelo quinto título da Taça GT para a Audi. Com James Yu e Adderly Fong, contamos com dois talentos locais altamente qualificados, representando a Audi Sport Asia na nossa maior corrida ‘em casa’. Com centenas de milhares de fãs ao longo do famoso Circuito da Guia todos os anos, a atmosfera é sempre electrizante”, referiu Alexander Blackie. “Mal podemos esperar para começar,” acrescentou.

Um dos quatro Audi R8 LMS GT3 inscritos na sétima edição da Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA será alinhado pela FAW Audi Sport Asia Racing Team. Este exemplar, que será conduzido por Ricardo Feller, simboliza a parceria entre a FAW (First Automotive Works) e a Audi na China. Esta é uma “joint venture” estratégica que desde o primeiro dia visa a produção e comercialização de veículos Audi no gigante mercado chinês. A colaboração começou em 1988, tornando a Audi numa das primeiras marcas premium ocidentais a estabelecer uma presença local robusta na China. Recentemente, as duas marcas criaram a Audi-FAW NEV Company, uma joint venture destinada à produção de veículos eléctricos da Audi numa nova fábrica localizada em Changchun.

Várias frentes

A Audi também terá uma presença relevante na Corrida da Guia, prova que venceu pela primeira vez em 1996, por intermédio do alemão Frank Biela. Numa corrida em que enfrentará equipas oficiais e semi-oficiais da Link & Co, Hyundai e Honda, a marca dos quatro anéis – que representam a união das quatro marcas que formaram a Auto Union em 1932: Audi, DKW, Horch e Wanderer – contará com os serviços do inglês Rob Huff, para tentar triunfar novamente no território e com um carro que é especialmente eficaz nas curvas e contracurvas do circuito urbano de Macau.

“O Rob Huff é sinónimo do Grande Prémio de Macau e, incrivelmente, está a uma vitória de se tornar o primeiro a atingir um total de dez vitórias no circuito. Estamos muito contentes por ele voltar a tentar aumentar o seu recorde de vitórias com um Audi RS 3 LMS”, explicou Alexander Blackie, optimista quanto às possibilidades de um Audi vencer na última prova da temporada de 2024 do FIA TCR World Tour.

Para além da presença na Taça GT Macau e na Corrida da Guia, a Audi terá ainda um carro a competir na Taça GT – Corrida da Grande Baía. O piloto de Macau, Miguel Lei, vai conduzir um Audi R8 LMS GT4, assistido pela Liwei World Team, nesta corrida.

1 Nov 2024

MGM | Receitas líquidas do terceiro trimestre sobem 14%

A MGM China anunciou ontem lucros operacionais de 1,98 mil milhões de dólares de Hong Kong no terceiro trimestre, mais 5,3 por cento face a 2023, mas menos 18,8 por cento em relação ao trimestre anterior. As receitas brutas do segmento de massas cresceram anualmente 46 por cento, e ficaram a 157 por cento dos níveis de 2019

 

Com Lusa

A concessionária MGM China divulgou ontem os resultados do terceiro trimestre, reforçando a tendência de ultrapassar os limites de recuperação da indústria do jogo. Entre Junho e Setembro, a concessionária registou lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, em inglês) acima de 1,98 mil milhões de dólares de Hong Kong (HKD), total que representou um aumento anual de 5,3 por cento, mas uma descida de 18,8 por cento face ao trimestre anterior.

De acordo com a comunicação do grupo à bolsa de valores de Hong Kong, a MGM China apurou cerca de 7,25 mil milhões de HKD no período em análise, valor que se traduziu num aumento anual de 14 por cento, mas uma redução de 8,9 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, quando as receitas chegaram aos 7,96 mil milhões de HKD.

A concessionária voltou a sublinhar os progressos de performance face ao período pré-pandémico. A média diária de hóspedes nos hotéis do grupo subiu 65 por cento em termos anuais e atingiu 157 por cento dos níveis de 2019. A tendência de superação verificou-se também nas mesas de jogo, com a média das receitas brutas diárias a subir 40 por cento em termos anuais, ficando a 129 por cento dos níveis de 2019. No cômputo geral das receitas brutas (incluindo máquinas de slot), a MGM China registou um aumento anual de 46 por cento e atingiu 180 por cento dos níveis pré-pandémicos.

De volta à acção

Tendo em conta os nove primeiros meses do ano, o EBITDA do grupo ascendeu a 6,93 mil milhões de HKD, representando uma subida de 37,4 por cento em relação ao período entre Janeiro e Setembro de 2023, quando alcançou 5,04 mil milhões de HKD. Já as receitas totalizaram 23,46 mil milhões de HKD nos três primeiros trimestres do ano, também um valor superior ao mesmo período do ano anterior: 17 mil milhões de HKD.

“Estamos muito satisfeitos por ver a recuperação em Macau, juntamente com o desenvolvimento da diversificação da cidade. Estamos empenhados em transformar Macau num destino turístico global e diversificado através dos nossos compromissos de concessão”, afirmou o presidente e director executivo da MGM China, Kenneth Feng.

O responsável salientou também os investimentos do grupo para melhorar as suas propriedades. “Estas iniciativas incluem a renovação de villas do MGM Macau e a conversão de alguns quartos do MGM Cotai em suites. Estamos também a preparar o lançamento do nosso espectáculo de residência ‘Macau 2049’ para o final deste ano e mantemos o empenho em melhorar a estadia dos nossos clientes”, apontou Kenneth Feng.

1 Nov 2024

Caso MCB | Alegações finais na terça-feira

A sessão destinada à audição das testemunhas abonatórias ficou marcada pelo depoimento da mãe do arguido Liu Wai Gui, que tentou ajoelhar-se no tribunal e pedir clemência ao colectivo de juízes

 

De coração partido, a tentar ajoelhar-se e a pedir clemência. Foi desta forma que a mãe do arguido Liu Wai Gui depôs em tribunal na quarta-feira, em mais uma sessão do julgamento do caso do Banco Chinês de Macau (MCB, em inglês). De acordo com o relato feito pelo Canal Macau, numa sessão dedicada a ouvir as testemunhas abonatórias, foi ouvida a mãe de Liu Wai Gui (arguido que está desaparecido) e também da arguida Liu Hai Qin (detida em Coloane).

A mãe dos dois afirmou perante o tribunal que nem o filhou ou a filha tinham feito alguma coisa de ilegal. Apesar disso, reconheceu desconhecer o paradeiro daquele que é um dos principais arguidos, e indicou ainda que há cerca de um ano que não tem notícias dele, não tendo havido qualquer contacto.

Num depoimento feito no dialecto de Putian, uma cidade de Fujian, a mãe definiu os seus filhos como “respeitadores”. Sobre a filha, Liu Hai Qin, a progenitora afirmou que ela abdicou de se casar, para poder tomar conta dos pais.

Contudo, o depoimento ficou marcado pelo desespero da mãe, que tentou ajoelhar-se e pedir clemência aos colectivo de juízes, antes de ser amparada pelos funcionários judiciais.

Segundo a tese da acusação, a associação criminosa liderada pelos arguidos Yau Wai Chi e Liu Wai Gui criou empresas fictícias, com a ajuda de familiares e amigos, como a Companhia de Engenharia Junpam, para pedir empréstimos junto do banco para obras que nunca foram realizadas ou que tinham um custo inferior ao dos empréstimos pedidos. Aprovados os pedidos de empréstimo, as verbas eram distribuídas pelos diferentes membros da associação, o que terá causado perdas de 456 milhões de patacas ao banco.

Alegações a 5 de Novembro

Na sessão de quarta-feira, foram igualmente ouvidas outras testemunhas abonatórias, como um amigo da ex-directora do jornal Hou Kong, Bobo Ng, que é suspeita de ter estado ligado a uma empresa utilizada para desviar dinheiro do banco. Bobo Ng, que se encontra detida em Coloane, e o arguido Liu Wai Gui teriam uma relação de grande proximidade.

Segundo o amigo de Bobo, a empresária era uma pessoa “decente, honesta e amiga do seu amigo”. Esta testemunha sublinhou também que Bobo Ng era uma pessoa em quem se podia confiar, mas que seria muito ingénua porque “confiava em demasiado nas pessoas”.

A quarta-feira serviu igualmente para agendar as alegações finais para 5 de Novembro, a próxima terça-feira. No entanto, o colectivo de juízes deixou antever um total de 10 horas para estas alegações, o que pode significar que apenas um dia não será suficiente para todo o processo.

O caso tem como principal arguida Yau Wai Chu, antiga presidente do MCB, que nas sessões anteriores afirmou a sua inocência face a todas as acusações.

1 Nov 2024