Cuidadores informais | Pedidos serviços complementares além de subsídio 

Hetzer Siu e Paul Pun, ligados a associações de cariz social, defendem que o programa piloto de atribuição de subsídios a cuidadores informais deve ir além da mera ajuda financeira. São necessários apoios complementares para que os cuidadores possam ter tempo para si

 

O Instituto de Acção Social (IAS) assegurou há dias, numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, que pretende rever em Novembro as regras do programa piloto de concessão de subsídios a cuidadores informais. No entanto, Hetzer Siu, director-executivo da Macau Special Olympics, e Paul Pun, secretário-geral da Caritas, defendem que é necessário mudar conceitos e criar mais serviços complementares de apoio a quem cuida.

“As famílias no geral estão satisfeitas, sobretudo as que têm portadores de deficiência severa. São pessoas que não saem de casa e um dos pais tem de estar quase sempre em casa. Mas gostariam de ter mais serviços complementares em vez de só receberem dinheiro”, disse o responsável, quando questionado se, com base na sua experiência, as famílias estão satisfeitas com este programa.

“Temos de pensar que estamos a ajudar o cuidador e a pessoa que precisa de ajuda, porque o cuidador precisa de ajuda para fazer as suas próprias coisas”, lembrou Paul Pun. “Houve uma mudança de conceitos na comunidade, o subsídio não é apenas um apoio para o cuidador, acaba por ajudar todos”, referiu, afirmando também que um mero aumento do valor do subsídio poderá não ser suficiente.

“Este não é, actualmente, um programa muito abrangente, porque não estamos a pensar nestas duas pessoas [cuidador e pessoa que necessita de apoio]. Pode não ser necessário aumentar o subsídio, mas talvez sejam necessários mais serviços complementares para os cuidadores”, adiantou o secretário-geral da Caritas.

Números precisam-se

Hetzer Siu destaca também o facto de serem necessários dados que permitam avaliar o funcionamento deste programa piloto. Até porque “o subsídio não cobre todos os casos, apenas as situações mais severas de deficiência e prestação de cuidados a idosos”.

“Ainda não sabemos os números das famílias que necessitam de apoio. Será que há resultados concretos deste apoio? Será que as famílias sofreram alguma alteração [em termos da sua situação económica]? Necessitamos de um relatório para melhorar este programa.”

O director-executivo da Macau Special Olympics alerta que, com o prolongamento da crise económica, devido à pandemia da covid-19, talvez o programa piloto possa continuar por apenas alguns meses para poder progredir.

“O mais importante é analisar se este programa pode continuar a apoiar este tipo de famílias, e por quanto tempo. O subsídio não é um salário, é outro conceito. Se a nossa economia não melhorar, este programa [piloto] deveria continuar por mais um ano ou dois para poder melhorar e para termos mais dados.

Na resposta ao deputado, o presidente do IAS, Hon Wai, assegurou que “em Novembro de 2021, após a conclusão do projecto piloto, o IAS vai proceder à revisão do mesmo através da experiência, nomeadamente no que concerne à apreciação de casos, o instrumento de avaliação, a definição de critérios de avaliação económica e conteúdo concreto da prestação de cuidados”.

19 Ago 2021

AL | Coutinho fala em menor fiscalização do Governo após afastamento de candidatos

Apesar de não comentar a decisão do TUI, José Pereira Coutinho considera que a fiscalização da acção governativa da próxima legislatura vai ficar “desfalcada” após a desqualificação de candidatos às eleições de Setembro. Contudo, o deputado recusa perder a “esperança” e acredita que a Assembleia Legislativa vai continuar a defender os interesses dos residentes

 

O deputado José Pereira Coutinho considera que a desqualificação de candidatos às eleições de Setembro por parte da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) irá resultar numa configuração do plenário que irá desfalcar a fiscalização do Governo.

“É evidente que a fiscalização da acção governativa vai ficar desfalcada porque vai em sentido contrário ao que temos vindo a assistir. Todos nós sabemos que a situação vai mudar. Agora tudo depende do espectro político e da composição que, no futuro, vai existir na assembleia”, apontou ontem Pereira Coutinho por ocasião de uma conferência de imprensa dedicada ao balanço dos trabalhos da legislatura que terminou a 16 de Agosto.

Quanto ao acórdão do Tribunal de Última Instância (TUI) que ditou a inelegibilidade de 21 candidatos por não serem fiéis a Macau e não defenderem a Lei Básica, o deputado recusou-se a tecer comentários, vincando respeitar a decisão e a necessidade de seguir a Lei Básica.

“Não posso dizer se concordo ou não porque o acordão é do TUI, que é um órgão independente da estrutura política da RAEM e, por isso, eu só tenho que respeitar e seguir escrupulosamente a Lei Básica, que é o instrumento constitucional mais importante que há em Macau”, reiterou.

Sublinhando que “nunca faria nada contra a própria consciência”, Pereira Coutinho disse ainda não estar qualificado para comentar o trabalho feito durante a legislatura passada pelos deputados afastados Sulu Sou e Ng Kuok Cheong e que as razões pelas quais não foi também ele desqualificado só podem ser apontadas pela CAEAL. “Não posso ser juiz em causa própria”, acrescentou.

Sobre o trabalho futuro da Assembleia Legislativa (AL), Pereira Coutinho defendeu que é preciso manter a esperança.

“Uma pessoa só perde a esperança se morrer. Há sempre muita esperança e eu sou uma pessoa optimista por natureza e acredito que a AL vai continuar a desempenhar um bom trabalho em prol dos cidadãos de Macau”, referiu.

Está difícil

Sobre a legislatura que passou, Pereira Coutinho apontou ser “cada vez mais difícil” apresentar projectos de lei, apesar de o sistema permanecer inalterado.

“Aquilo que era possível no passado, hoje é impossível. Não obstante o sistema permanecer inalterado e de as leis serem as mesmas. Mudou alguma coisa, mas eu não sei o que é. Nesta legislatura só conseguimos apresentar cinco projectos de lei. Apresentámos outros, mas foram indeferidos (…) vai haver cada vez mais dificuldades de cumprir o disposto do artigo 75.º da Lei Básica, ou seja, apresentar projectos de lei por parte dos deputados”, disse.

O mesmo se passou, referiu, com os debates de interesse público, tendo sido rejeitadas 13 propostas de discussão. Para Pereira Coutinho, o facto de não existir interesse em debater ideias tornou a AL num “carimbo” que serve apenas para aprovar leis.

“Não sei porque é que os deputados da AL (…) não gostam de debater assuntos de interesse público relacionados com questões sociais. A AL tornou-se num carimbo e esse carimbo dá muito má imagem perante os cidadãos de Macau”.

Nos últimos quatro anos, o gabinete de José Pereira Coutinho apresentou, no total, 201 interpelações (185 escritas e 16 orais), 48 intervenções antes da ordem do dia, 11 propostas de debate, 5 projectos de lei e 102 cartas dirigidas ao Chefe do Executivo e aos secretários.

19 Ago 2021

Eleições | Mais desistências e Ou Mun Kong I vai a jogo com três membros

Além da Ou Mun Kong I, a lista Aliança Para a Promoção da Lei Básica de Macau viu os seus membros reduzidos para quatro. Ontem, a CAEAL admitiu ainda haver um plano B para adiar as eleições, no caso de surgir um novo surto da RAEM

 

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) revelou que houve mais dois candidatos a desistirem das eleições de 12 de Setembro. Os demissionários são Ho Ion Kong, cabeça-de-lista da Ou Mun Kong I, e Wong Tit Kuan, da lista Aliança Para a Promoção da Lei Básica de Macau. O anúncio foi feito ontem, depois de mais uma reunião da comissão que coordena as eleições para escolher os futuros deputados.

A lista Ou Mun Kong I era inicialmente liderada por Lee Sio Kuan, que prometeu implementar a campanha eleitoral do “cão louco”. Contudo, Lee foi um dos candidatos vetado pela CAEAL. Agora, com a desistência do novo cabeça-de-lista, a candidatura fica reduzida a apenas três elementos. Caso a Ou Mun Kong I não tivesse sido previamente aprovada, o número fazia com que fosse obrigada a desistir, mas como foi aceite, mesmo que o número de candidatos seja inferior a quatro, pode participar no acto eleitoral.

“Só um candidato é que desistiu, não foi a lista. De acordo com a lei, após a publicação da lista e da confirmação, mesmo que haja uma redução do número de candidatos, a lista não fica prejudicada [e pode participar nas eleições]”, afirmou Tong Hio Fong, juiz e presidente da CAEAL.

Por sua vez, a lista Aliança para a Promoção da Lei Básica de Macau fica reduzida a quatro membros com a saída de Wong, a segunda candidata.

Plano B

Com as eleições a decorrerem em ambiente de pandemia, a CAEAL admitiu que foram estipulados vários planos e não é afastado o cenário de adiar o acto eleitoral.

Segundo Tong, caso se verifique um surto que obrigue a tomar medidas mais drásticas, as eleições podem ser adiadas por um período de 30 dias. Porém, se a situação não se alterar de forma substancial, as eleições vão ser realizadas no dia 12 de Setembro e todos poderão votar, mesmo quem apresentar um código de saúde de cor vermelha. Os pormenores ainda não foram revelados, mas o presidente da CAEAL afirmou que há uma solução pensada.

Por outro lado, a CAEAL apelou à população para não se concentrar no dia das eleições nos locais de voto. Nesse sentido, vai existir informação com o número de pessoas à espera de votar nos diferentes postos.

Campanha limitada

Mas, mesmo sem surto, já há uma grande alteração face a 2017 confirmada: deixa de haver cerimónia de lançamento da campanha eleitoral, que normalmente juntava todas as listas.

Segundo Tong, a medida foi tomada para evitar aglomerações. Contudo, o juiz recusou que haja uma redução do orçamento de 50,8 milhões de patacas, uma vez que os fundos vão ser canalizados para aplicar as restrições pandémicas.

Quanto às campanhas das diferentes listas nos locais públicos, vão ser limitadas no número de pessoas. Segundo a CAEAL, os SSM definiram um limite para os participantes que terá de ser cumprido para evitar aglomerações.

Alterações a programas

No final da reunião de ontem foi ainda confirmado pela CAEAL que todas as listas entregaram as bases do programa político dentro do prazo legal. Os documentos vão estar posteriormente disponíveis para consulta, inclusive através do portal da comissão.

Contudo, Tong Hio Fong admitiu que foi pedido a algumas listas que alterassem os conteúdos apresentados: “Quanto à base do programa político, se mencionaram os sucessos, trabalhos ou contribuições anteriores, isso pode causar uma desigualdade para as outras listas e sugerimos o cancelamento dessas menções”, justificou. “Foram duas ou três listas que tiveram de cortar essa parte”, revelou.

O encontro com os jornalistas serviu ainda para divulgar que há 8.016 eleitores qualificados para votarem “em representação de pessoas colectivas”, ou seja no sufrágio indirecto.

19 Ago 2021

António Trindade, Presidente e Director Executivo da CESL-Ásia: “É em Macau que a gente se entende”

António Trindade considera que só será possível alcançar a sustentabilidade, se Macau for capaz de reter o conhecimento produzido ao longo dos anos. Para o CEO da CESL-Ásia, o Governo deve decidir urgentemente qual o caminho para a diversificação económica. Além disso, defende que a plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa só existe no papel, quando na realidade ainda se impõem “barreiras artificiais”

 

Depois de décadas de experiência acumulada, que posição ocupa hoje a CESL-Ásia em Macau?

A empresa tem hoje quase 500 pessoas. No ano passado, tivemos quase 650 milhões de patacas de faturação só com serviços. Do zero a isso, em 30 anos, não é brincadeira, além de que somos uma empresa de referência em Macau. Empregamos muita gente de alto valor. Temos a experiência que poucas empresas no mundo têm em áreas como a gestão de património, de activos e manutenção de operações. Nem toda a gente compreende que a sofisticação de certas operações em Macau é única no mundo. Edifícios como os resorts no Cotai podem ter entre 100 a 150 mil pessoas a entrar e a sair por dia e 20 mil funcionários. Nós operamos uma lavandaria que trata diariamente entre 120 e 130 toneladas de lençóis e roupa, incluindo a lavagem e transporte. No mundo não há nada parecido e isto é de uma sofisticação enorme. Por exemplo, quando o aeroporto abriu em 1996, montámos um sistema de gestão de infra-estruturas, em funcionamento há cerca de 27 anos, que é uma coisa única no mundo. De cada sistema de lâmpadas, motor e peças que compõe uma infra-estrutrura sofisticada como esta, criámos uma base de dados. Isto não é só informação, é conhecimento que acumulamos há 30 anos.

Um dos destaques recentes da CESL-Asia é o lançamento da plataforma Ortux. Em que se materializa esta solução?

Há três ou quatro anos começámos a desenvolver a nossa própria plataforma de apoio e gestão que se chama Ortux e, no fundo, sofistica o tratamento de dados e é útil para o nosso pessoal. O nosso pessoal pode usar a plataforma para gerir equipas e comunicar sobre trabalho que tem de fazer, ajudando a reprogramar o serviço e a oferecer bem-estar a cada pessoa. O nosso sistema tem a diferença de enquadrar as questões financeiras. Esta solução é para ser usada por qualquer pessoa, desde os que asseguram o funcionamento adequado dos espaços, até aos proprietários que precisam saber custos e graus de eficiência.

Como é que essa informação pode ser utilizada para garantir a sustentabilidade das operações ou de um território como Macau?

A nossa experiência não é intangível porque temos a informação. Ao fim de 30 anos, temos milhares de terabytes de informação. O nosso sistema combina tudo e sabe o que pode acontecer em determinadas situações. Isto permite melhorar a qualidade de vida, aumentar o ciclo de vida, a utilidade das infra-estruturas e reduzir custos. Aí entramos na questão sobre o que é a sustentabilidade e como é que ela se consegue alcançar. Temos de usar a experiência acumulada e ter valores éticos. Hoje fala-se muito no desperdício, a questão não é nova. Estamos a gerar informação e temos capacidade para a processar. Há hoje pessoas capazes de analisar os dados e existe muito mais capacidade de computação, o que nos leva à inteligência artificial. Isto traduz-se em projecções que aumentam a sofisticação da previsibilidade e o aumento da qualidade de vida. A informação por si, só serve quem precisa de a utilizar. É um desafio grande porque a inteligência artificial, o Big Data, as cidades inteligentes não resolvem coisa nenhuma. Este é que é o problema.

Considera que o rápido desenvolvimento de Macau tem implicado acções contraproducentes ao nível da sustentabilidade?

É um desafio interessante porque, como sabemos, Macau desenvolveu-se inegavelmente nos últimos anos a nível económico, mas com uma iniquidade muito grande. Mas, quem é que tem acesso aos recursos, aos terrenos, à criação de valor e aos empregos que são úteis? Não estamos só a falar do bem-estar dos funcionários, mas sim da própria sustentabilidade das empresas, porque as empresas que não oferecem perspectivas de carreira, não estão a reter conhecimento e não estão a conseguir aplicar conhecimento no seu desenvolvimento, sobretudo porque Macau é uma terra de serviços.

Em Macau faz-se tábua rasa do conhecimento adquirido, mesmo em situações em que já se deram passos importantes?

Acontece muito porque as pessoas querem esconder o passado. Há dificuldade em lidar com factos. Veja-se, por exemplo, o que se passa, não só em Macau, mas em todas as sociedades modernas com as questões importantes de privacidade e informação. Hoje em dia é impossível fugir a isso. Na minha perspectiva, o Big Data tem um grande potencial de melhoria da qualidade de vida de cada um e não há nenhum trade-off a fazer ao nível da protecção de dados.

Que medidas ou incentivos podem ser criados para tornar Macau mais sustentável?

O maior desafio da sustentabilidade é sempre o Governo e o próprio Governo tem consciência disso. Os maiores contributos para a sustentabilidade e a para qualidade de vida das comunidades são os seus hábitos, a educação, a maneira de consumir, de produzir e acrescentar valor. Nestas comunidades inclui-se o Governo que é o líder principal disto tudo. Isto traduz-se, por exemplo, no facto de o Governo ter reconhecido recentemente a existência de problemas gravíssimos a nível ambiental quando, quem os denunciava anteriormente, eram grupos externos, nomeadamente a própria CESL-Ásia. O Governo diz que estamos a despejar mais de metade dos esgotos para a natureza, ou seja, a cada duas vezes que despejamos o autoclismo, uma vai directa para o mar. Pela primeira vez em 20 anos, o Governo, está finalmente a reconhecer isto. É uma verdade óbvia. A outra questão, também reconhecida pelo Governo, é a necessidade de diversificar a economia. O crescimento passou a significar regressão. Por cada mesa de jogo que se põe a mais em Macau, está-se a tirar produtividade às outras mesas de jogo. Isto é a insustentabilidade da vida real. A maioria das questões da sustentabilidade são resolvidas pelas comunidades e individualmente por cada um de nós, através dos nossos comportamentos.

Como é que se envolve a comunidade nessa mudança de paradigma?

Estamos a falar de qualidade de vida e de assegurar que amanhã a nossa pegada ecológica é menor. Muitos Governos ainda acham que se está a falar de compromissos e sacrifícios, quando é exactamente o contrário. Para isto acontecer, os Governos, as pessoas e as empresas têm de trabalhar em conjunto é o que faz sentido em termos económicos. Macau tem de começar a reter a riqueza que produz, no sentido de desenvolver a sua comunidade. Veja por exemplo os empregos que foram criados em Macau. Há 20 anos não havia muita gente formada em Macau, agora há muitas dezenas de milhares.

O tecido empresarial não é capaz de absorver essas pessoas qualificadas?

Não é só o tecido empresarial, é a sociedade toda. Desde o Governo às empresas. Nós oferecemos carreiras porque estamos a reter conhecimento e experiência e a usar esse conhecimento para acrescentar valor e ser competitivo no futuro e no imediato. Isto é o grande desafio que encontramos em Macau.

Como dever ser concretizada diversificação económica de Macau?

Não há nada mais fatal do que um serviço e o jogo é um serviço que tem que mudar. Temos uma ideia geral de como vamos diversificar e o Governo deu-nos nota do sistema financeiro. Faz sentido porque vai servir a economia da China. A minha opinião ponderada é que a economia de jogo não é a economia de maior valor para Macau. Não tenho dúvidas que a sabedoria indicaria para a necessidade de pegar na ideia da Plataforma, que não é de hoje. A Plataforma existe há pelo menos 500 anos. É aqui, em Macau, que a gente se entende e que e, nos últimos 20 anos, apesar de muitos acharem impossível, foram criados edifícios como os resorts e meteram-se cá 30 milhões visitantes por ano. Alguma coisa altamente sofisticada está a ser feita e isto é um valor intangível que traduz a direcção definida do Governo. Da mesma forma que o Governo criou um sistema de jogo altamente valioso, pode criar outro sistema.

Que outros caminhos podem ser seguidos?

O Governo só tem de definir [o caminho], porque depois é quase impossível errar. O papel que Macau pode ter para acrescentar valor à Grande Baía, basta o Governo definir com a China. Se é para apostar no sector financeiro, é preciso dizer o que não há em Hong Kong, o que falta às empresas chinesas e o que elas precisam que Macau faça é estabelecer vantagens de acesso aos mercados exteriores. E aqui já existe a Plataforma e a Lusofonia. Macau tem que olhar para os dois lados.

Há então a necessidade de apontar um caminho mais claro?

Claro, sem dúvida. Precisamos de uma perspectiva de valor. Em Macau diz-se que a economia é livre, mas não é tão livre como isso. A economia de Macau é dominada pelo jogo, mas o jogo resulta de uma concessão. Se isto acaba temos de encontrar uma solução para saber onde vamos aplicar o conhecimento e as capacidades que temos e com que sentido. Para que o sistema financeiro se desenvolva, vai ter que ser criada uma economia de serviços mais sofisticada e outras infraestruturas.

Porque não há mais empresas a apostar na Plataforma?

Há quantos séculos a actividade económica entre Portugal e a China é negligente, apesar da amizade secular e da criação de tanto valor de cooperação? Alguma coisa os dois beneficiaram, mas é completamente desproporcional ao potencial que isto tem.  Faz algum sentido que para fazer um investimento em Portugal só exista um banco em Macau, o BNU? Ainda hoje não existe infra-estrutura. A Plataforma não existe. Só existe no conceito, mas não é difícil de construir. O Governo tem os mecanismos para gerir as actividades económicas e as empresas chinesas são empresas estatais que funcionam como veículos da política económica. Não é muito difícil liderar um processo e estabelecer uma cadeia de valor nova altamente promissora.

Porque ainda existem estes constrangimentos?

Isto não é um constrangimento. O constrangimento é artificial. O Governo de Macau tem poder e capacidade para estabelecer a Plataforma e diversificar a economia. Deus queria que o faça. Agora, para o fazer tem que ser com a mesma intenção e sabedoria com que estabeleceu o maior e mais sofisticado mercado de jogo do mundo. Os técnicos, engenheiros e advogados que Macau formou nos últimos 15 anos estão a tratar de questões de crime, de cobrança, em vez de estar focados a criar conhecimento para a Plataforma. Alguma coisa tem sido feita no âmbito fiscal, como acordo da dupla tributação com Portugal. Mas isso são coisas pontuais e não contribuem para criar a Plataforma ou servir a economia da Grande Baía.

Depois do investimento no Monte do Pasto, os objectivos têm sido cumpridos apesar da pandemia?

Passámos razoavelmente bem pela pandemia, porque o Monte do Pasto é uma actividade com um nível de sofisticação pouco comum. Exportamos para mercados como o de Israel, onde cumprimos com requisitos de clientes exigentes e padrões religiosos como o Halal ou Kosher. Antes de investir eu próprio tive um debate duro sobre como é que uma empresa que se preocupa com sustentabilidade ia apostar em gado. A conclusão foi muito simples, pois existe a perspectiva de multiplicar valor através da aposta na sustentabilidade alimentar. Escolhemos Macau e começamos a desenvolver a nossa oferta de carne sustentável. Estamos a olhar para as coisas de uma perspectiva completamente diferente e a perguntar qual é o nosso contributo para a Humanidade. O negócio vem depois. No entanto, é impensável não termos autorização para exportar esta carne de alto valor para a China. Se as pessoas de Macau podem comer porque é que as de Zhuhai não podem? Estamos a falar das tais barreiras artificiais que podiam ser facilmente resolvidas.

Na sua opinião, qual o futuro de Macau na Ilha da Montanha, quando até o Chefe do Executivo disse que, em breve, o Governo Central vai dar uma prenda a Macau?

Acho que o Chefe do Executivo está a querer dar um sinal positivo para o futuro e a assumir um compromisso de que as coisas vão melhorar. Hoje a situação é stressante, na medida em que estamos aqui fechados, mas a vida em Macau é uma maravilha. O Chefe do Executivo está a dizer que há um futuro em Hengqin, mas vai ter de dizer que futuro é esse. Hengqin é uma infra-estrutura para um processo de criação de valor que nós, na nossa economia, e o Governo, temos de fornecer, principalmente, à economia chinesa, atraindo os agentes externos que se queiram relacionar. A ideia de Hengquin representa o compromisso assumido sobre a diversificação económica e a redução do peso que o jogo tem na utilização dos recursos de Macau. Ficamos à espera que o Chefe do Executivo nos diga o que precisa de nós, onde vamos poder acrescentar valor e quem serão os nossos clientes.

18 Ago 2021

Vacinas | Macau aguarda instruções da China sobre terceira dose

O Governo está focado na administração das duas doses de vacinas contra a covid-19, relegando para segundo plano a toma da terceira dose, dependente de instruções das autoridades do Interior da China. Quanto à entrada de estrangeiros no território, o Centro de Coordenação diz ainda não ser oportuna

 

O Centro de Coordenação e Contingência do novo tipo de coronavírus mostra-se prudente quanto à possibilidade de administrar uma terceira dose da vacina contra a covid-19. “Há estudos que dizem que a terceira dose da vacina é segura e eficaz. No Interior da China, foram feitos os dois primeiros estudos a maiores de 18 anos e o resultado também foi positivo. Estamos ainda à espera do resultado do terceiro ensaio clínico”, adiantou Tai Wa Hou, coordenador do programa de vacinação.

O responsável frisou que “mesmo no Interior da China ainda não começou a ser administrada a terceira dose”. “Como não houve instruções, os Serviços de Saúde (SSM) vão continuar a esperar pelos resultados ou instruções emitidas pelas autoridades de saúde da China para discutir essa possibilidade.”

Quanto ao segmento demográfico que poderá levar a terceira dose, o responsável adiantou que a prioridade pode incidir sobre quem tem alta exposição ao público ou baixa imunidade”.

Numa altura em que o território apresenta uma taxa de vacinação de 45 por cento, as autoridades consideram que ainda é cedo para permitir a entrada de estrangeiros ou alterar o período de quarentena.

“Ainda não é tempo oportuno [para abrir o território à entrada de estrangeiros], porque apenas ultrapassamos uma nova ronda da pandemia, a situação ainda não é totalmente estável. Não temos 100 por cento de segurança de que Macau não venha a ter qualquer caso na comunidade. Não temos qualquer plano, neste momento, para a entrada dos estrangeiros”, referiu Leong Iek Hou, coordenadora do centro.

A responsável disse mesmo que “uma gestão fechada é crucial para prevenir o surto na comunidade”, tendo referido que, dos 63 casos de covid-19 confirmados, 15 testaram positivo no período de quarentena. Apenas seis tiveram uma recaída, sem relação com anticorpos e confirmados com testes PCR, sendo que “a maioria dos casos foram confirmados antes da vacinação”.

Até às 16h00 de 17 de terça-feira foram administradas 565.105 doses da vacina, num total de 311.761 pessoas vacinadas. Deste grupo, 56.578 pessoas receberam com a primeira dose da vacina e 255.183 completaram as duas doses.

Zonas abertas

Desde a meia-noite de hoje estão abertas as zonas com código de saúde vermelho e amarelo por onde passaram os quatro residentes infectados. O último teste de despistagem à covid-19 foi feito ontem às 14h, sendo que, por volta da meia noite foram divulgados os resultados: todos os testes foram negativos.

Além da alta hospitalar concedida a dois pacientes com covid-19, respeitantes ao 52º e 59º casos, foi ainda registado um evento adverso considerado grave associado à vacina MRNA/BioNTech.

O caso diz respeito a uma paciente de 27 anos que recebeu o diagnóstico de miocardite depois de, na noite de 13 de Agosto, ter sentido sintomas como palpitações, aperto no peito, falta de ar e cansaço. No dia 16 de Agosto a paciente dirigiu-se ao Hospital Kiang Wu e ainda está internada em situação estável. O caso está a ser analisado pelas autoridades.

18 Ago 2021

Acidente | PJ aponta para hipótese de suicídio no Galaxy

A Polícia Judiciária apontou possíveis indícios de suicídio no caso do trabalhador que morreu no estaleiro de obras da Galaxy depois de cair de uma altura de 28 metros. Apesar de não existir videovigilância, o cenário de homicídio foi afastado. A DSAL assegura que o local e corredor de onde caiu o homem respeita todas as regras de segurança

 

Um dia depois de um trabalhador da construção civil ter morrido no estaleiro de obras da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort, a Polícia Judiciária (PJ) considera existirem indícios que apontam para a tese de suicídio.

Numa conferência de imprensa conjunta da polícia e da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), o porta-voz da PJ reportou que, no decorrer da investigação foi excluída, para já, a possibilidade de se tratar de homicídio. Isto, dado que não foram encontrados sinais de violência no local e por ter ficado provado que não se encontravam outras pessoas no corredor aéreo da obra, no momento em que o homem de 31 anos caiu de uma altura de 28 metros.

Segundo a PJ, a maior dúvida reside no facto de ninguém ter visto o homem a aceder ao corredor, nem existirem registos do momento por não haver câmaras de videovigilância no local. Além disso, a PJ argumentou ainda que o local é “seguro” e que, chegado ao corredor com 1,02 metros de largura, “normalmente não é possível cair”.

Recorde-se que, segundo o empreiteiro da obra, não haveria trabalhos de construção no tecto da estrutura, que o falecido estava incumbido de realizar tarefas ao nível do chão, e não lhe foi pedido para fazer qualquer instalação eléctrica no primeiro andar. A polícia adiantou ainda que não ficou claro porque razão o trabalhador estaria no local de onde caiu.

Finanças em cima da mesa

A reboque da tese de suicídio, a PJ revelou ainda estar a investigar a situação financeira do funcionário que já trabalhava em Macau há quatro anos, os últimos dois anos no estaleiro de obras da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort.

A PJ apontou também que, ao chegar ao hospital para onde o homem foi transportado, o médico responsável confirmou que o trabalhador já não apresentava sinais de vida e que trazia vestido o equipamento de segurança, bem como um cinto de segurança reforçado com arnês.

O porta-voz da DSAL reiterou que, no decorrer da investigação, ainda não é possível saber como é que o homem acedeu a um dos corredores aéreos da obra que está normalmente destinado a tarefas de manutenção.

Além disso, a DSAL assegurou que todas as normas de segurança estavam a ser cumpridas no local. No entanto, a retoma do trabalho no estaleiro só irá acontecer após inspecção ao estaleiro de obras.

18 Ago 2021

Grande Baía | Zhuhai quer abrir extensões de laboratórios de referência

As autoridades de Zhuhai aprovaram legislação que permite abrir extensões dos laboratórios nacionais de referência instalados em Macau. Além disso, a inovação regulamentar irá permitir que projectos de investigação científica financiados por fundos de Zhuhai sejam conduzidos em Macau e Hong Kong

 

Nem só de vistos e imobiliário se faz a integração regional. A Comissão de Assuntos Legislativos do Comité Permanente do Congresso Popular Municipal de Zhuhai aprovou legislação com o intuito de aprofundar a cooperação científica e tecnológica entre a cidade e as regiões administrativas especiais.

Com a entrada em vigor do regulamento de promoção da inovação científica e tecnológica na Zona Económica Especial de Zhuhai, passa a ser possível abrir na cidade vizinha extensões dos laboratórios de referência nacionais que estão instalados em Macau, como por exemplo o Laboratório de Referência do Estado da Ciência Lunar e Planetária e o Laboratório de Referência do Estado da Internet das Coisas da Cidade Inteligente.

Além disso, investigadores e instituições científicas de ensino superior de Macau e Hong Kong, assim como empresas privadas, vão ter direitos de propriedade, uso e pesquisa de projectos financiados por fundos de Zhuhai, desde que os projectos não sejam relativos a segurança nacional ou de interesse público, apontaram as autoridades do Interior sem especificar.

É também referido que o departamento de inovação científica e tecnológica de Zhuhai irá aprofundar a cooperação com a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico e o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia.

Todos juntos

A ideia das autoridades é acelerar a cooperação de Zhuhai com as regiões administrativas especiais através de laboratórios conjuntos e atrair capital e talentos de Macau para projectos inovadores. Por outro lado, os responsáveis municipais da cidade vizinha pretendem construir um centro de intercâmbio científico e tecnológico entre países de língua portuguesa e a China, tendo Macau como plataforma, para a transferência de conhecimento tecnológico e cooperação científica.

No sentido de fomentar o interesse empresarial e individual serão também estabelecidos prémios para distinguir “resultados notáveis e grandes contribuições de inovação científica e tecnológica”, informaram ontem as autoridades de Zhuhai em comunicado.

O volume do investimento em ciência e inovação no município vizinho corresponde a 3,15 por cento do seu PIB, o segundo mais elevado de Guangdong.

18 Ago 2021

Censos | Deputados sublinham importância e apelam à cooperação da população

Os legisladores destacam a importância de preencher correctamente os formulários e de fornecer informações que serão utilizadas pelo Governo na definição das políticas para os próximos 10 anos

 

Os deputados Ma Chi Seng, nomeado pelo Chefe do Executivo, e Wong Kit Cheng, eleita pela via directa, apelaram ontem à participação dos residentes no Censos 2021, que se encontra a decorrer desde 7 de Agosto. Ao jornal Ou Mun, os legisladores do campo tradicional apontaram que a recolha de informação é essencial para definir as políticas para os próximos 10 anos.

Para Ma Chi Seng, líder do think thank Grande Pensamento (Grand Thought, em inglês), a recolha de informação vai permitir ao Executivo orientar as políticas de habitação, transportes, serviços sociais e saúde, para ir ao encontro das aspirações dos residentes.

Segundo o deputado da família tradicional Ma, a pandemia trouxe novos desafios para todos e os censos ganham especial importância por permitirem pensar melhor nas soluções políticas e económicas.

Como forma de incentivar a população a preencher os censos através da internet, o Governo está a sortear 200 patacas em carregamentos da plataforma MPay ou de cupões de compras de supermercado para quem optar por esta forma. No total, vão ser atribuídas 20 mil patacas, ou seja 200 prémios por dia. Esta medida recebeu elogios do deputado Ma, que considera ser uma maneira de levar as pessoas a participarem mais activamente e a cumprirem as suas responsabilidades cívicas.

Esforço colectivo

À mesma publicação, também a deputada Wong Kit Cheng sublinhou a necessidade de os cidadãos participarem activamente e de forma honesta no preenchimento dos censos.

Contudo, a mensagem de Wong focou principalmente o Executivo, a quem pediu que utilize da forma mais eficaz os dados que vão ser recolhidos, principalmente para contrariar a quebra na natalidade. “Recomenda-se que o Governo faça uma boa utilização dos dados para formular medidas que encorajem a fertilidade a curto, médio e longo prazo e que implemente medidas de apoio às famílias”, vincou.

Na visão da deputada apoiada pela Associação Geral das Mulheres, o Governo tem ainda de trabalhar mais afincadamente para resolver o “problema das famílias que não estão dispostas a ter filhos”.

Finalmente, Wong Kit Cheng destacou a responsabilidade que o Executivo enfrenta para formular políticas correctas de habitação, construção urbana e definição de zonas com espaços para as diferentes necessidades da população.

Segundo Wong Kit Cheng, o Governo não se pode esquecer que tem como missão criar um ambiente em que a população possa trabalhar “em paz” e ter acesso a habitação própria.

Os Censos 2021 estão a decorrer desde o dia 7 de Agosto e prolongam-se até 21 de Agosto. As pessoas podem optar pelo preenchimento através dos agentes da Direcção de Serviços de Estatística e Censos, pelo telefone ou através da internet e plataformas móveis.

Versão portuguesa com inconsistências

Os cidadãos podem preencher os censos online em chinês tradicional, simplificado, português ou inglês. No entanto, no que diz respeito à Língua de Camões existem algumas inconsistências na linguagem. Por exemplo, na pergunta quatro do formulário é perguntado quantos visitantes/familiares passaram a noite em casa do agregado. Contudo, as opções de resposta são sim e não. Só depois surge um campo que permite quantificar o número de visitantes.

18 Ago 2021

Grande Prémio de Macau | Associação promove nova exposição em Outubro 

Entre 27 de Outubro e 13 de Novembro vai ter lugar uma nova exposição de trabalhos artísticos sobre o Grande Prémio de Macau. A entidade promotora da mostra, a Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, enviou ontem uma nova carta ao Governo sobre o pedido de classificação do circuito da Guia como Património Mundial da UNESCO

 

Chama-se “O Circuito da Guia como Património Mundial da UNESCO” e é o tema da nova exposição organizada pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, agendada para os dias 27 de Outubro a 13 de Novembro na galeria Ritz, no Largo do Senado, sede da Direcção dos Serviços de Turismo.

Ao HM, José Luís Estorninho, presidente da direcção, adiantou que os detalhes ainda estão a ser ultimados, sendo que este ano a mostra deverá contar com cerca de 20 artistas. Esperam-se trabalhos na área das artes plásticas e visuais, incluindo fotografia.

“Tem sido um sucesso. Mas temos ainda de ver os apoios que vamos ter, porque estamos numa fase de pandemia e as coisas estão um pouco incertas”, referiu.

A associação promoveu também, há dois anos, uma exposição de carros ao ar livre, que deverá repetir-se novamente este ano, bem como a realização de uma palestra sobre o Grande Prémio de Macau e a importância histórica do Circuito da Guia. Devido à pandemia, este evento deverá acontecer online.

Silêncio total

Foi em 2018 que a associação entregou um pedido, junto do Governo, para que o Circuito da Guia seja classificado como património mundial pela UNESCO. Mas até à data não houve qualquer resposta das autoridades, o que obrigou a entidade a entregar ontem uma nova carta ao Instituto Cultural.

José Luís Estorninho assume que esta será uma luta difícil. “Há muitos concorrentes para a classificação por parte da UNESCO e não é fácil, Macau não é exclusivo. Entregamos hoje [segunda-feira] uma nova carta ao Governo para sabermos o ponto de situação do nosso pedido. Esta decisão não cabe apenas a Macau, mas também às autoridades de Pequim.”

No comunicado ontem divulgado na sua página de Facebook, a associação voltou a frisar que “o prestigiado circuito citadino da Guia é uma referência internacional associado ao Grande Prémio de Macau, considerado como o maior evento automobilístico de Macau e um dos maiores do mundo”.

Na mesma nota, é referido que a proposta feita ao Executivo “tem naturalmente a ver com o valor histórico do circuito da Guia enquanto palco do maior evento automobilístico do género no mundo, com relevante importância no que respeita ao seu contributo no desenvolvimento turístico e económico da cidade de Macau”.

17 Ago 2021

Cotai Galaxy | Queda de altura de cinco andares faz mais um morto

Um trabalhador da construção civil morreu ontem de manhã no estaleiro da obra de expansão do Cotai Galaxy Resort, depois de cair de uma altura equivalente a um 5.º andar. Na sequência do acidente, a DSAL enviou uma equipa para o local e suspendeu os trabalhos a mais de dois metros de altura

 

Um trabalhador não-residente morreu ontem depois de ter caído de uma altura equivalente a um 5.º andar no estaleiro das obras da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort. Por volta das 09h10 de ontem, o Corpo de Bombeiros recebeu uma chamada a reportar a queda de um operário que estaria a trabalhar num local com altura equivalente a um quinto andar. Segundo noticiado nos meios de comunicação social em língua chinesa, o homem de 31 anos, oriundo do Interior da China, estaria a usar um cinto de segurança reforçado com arnês, estando ainda por apurar a causa do acidente, de acordo com informação prestada pela Polícia Judiciária.

As autoridades informaram ainda que, segundo o empreiteiro, não haveria trabalhos de construção no tecto da estrutura e que o falecido estava incumbido de realizar tarefas ao nível do chão, e não lhe foi pedido para fazer instalação eléctrica no primeiro andar. A polícia adiantou ainda que não ficou claro porque razão o trabalhador estaria no local de onde caiu.

A mesma fonte reportou que o trabalhador, portador de blue card, apresentava um quadro clínico onde constava uma severa hemorragia nas costas, múltiplas fracturas e não tinha pulso quando os bombeiros o socorreram. O homem foi transportado de ambulância para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, onde foi declarado o óbito.

DSAL no local

Uma equipa da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) deslocou-se ao estaleiro para apurar as circunstâncias em que ocorreu o acidente e para dar início à investigação, ordenando à construtora que interrompesse de imediato todos os trabalhos realizados a uma altura de dois metros do solo.

Em comunicado, a DSAL reiterou que “a vida e segurança dos trabalhadores é preciosa” e que, “de acordo com o Regulamento de Higiene no Trabalho da Construção Civil de Macau, as empresas construtoras estão obrigadas a conduzir avaliações de segurança dos locais de trabalho, a formular procedimentos de segurança e a supervisionar os trabalhadores” para assegurar que as medidas de segurança são postas em prática.

Além de expressar “grande preocupação” com o acidente, a DSAL apresentou “as suas mais profundas condolências à família do falecido” e prontificou-se a prestar assistência no acompanhamento de um eventual pedido de indemnização por acidente de trabalho.

Este não é o primeiro acidente fatal no estaleiro da Galaxy. Em Março do ano passado, três pessoas morreram esmagadas pela queda de uma plataforma, nas obras de construção da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort.

Outras quatro pessoas ficaram feridas e foram socorridas no local pelos bombeiros e transportadas para um hospital. Os falecidos eram também trabalhadores não-residentes, com 19, 40 e 52 anos.

17 Ago 2021

DSAL | Governo encontrou emprego para 414 pessoas com mais de 55 anos

A DSAL ajudou mais de quatro centenas de pessoas com mais de 55 anos a encontrar emprego nos primeiros cinco meses do ano. Por outro lado, o IAS negociou com empresas de cariz social o preenchimento de 22 vagas com trabalhadores do mesmo segmento demográfico

 

Entre Janeiro e Maio deste ano, a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) encontrou emprego para 414 pessoas com mais de 55 anos. Os dados foram revelados em resposta a interpelação escrita de Lei Chan U, legislador ligado aos Operários de Macau.

“Entre Janeiro e Maio de 2021, foram contactados 2.112 indivíduos com idade igual ou superior a 55 anos, tendo 1.094 pessoas estado presentes na entrevista das quais 414 obtiveram emprego com sucesso”, respondeu Hon Wai, presidente do Instituto de Acção Social, com base nos dados da DSAL.

O Governo diz ainda estar comprometido em arranjar colocação no mercado de trabalho para os idosos com “capacidade de trabalho e que pretendam encontrar emprego”.

Para responder às solicitações laborais deste sector da sociedade, o IAS lançou também o Programa de Apoio Financeiro para a Promoção do Emprego dos Idosos através da Empresas Sociais. O programa tem como objectivo “incentivar as organizações não governamentais a criarem postos de trabalho adequados à população sénior”. Para já, foram gerados 16 postos de trabalho a tempo inteiro e seis a tempo parcial, num total de 22 postos de trabalho.

Os 22 empregos estão “apalavrados”, mas os 16 postos a tempo interior só começam a ser ocupados durante o trimestre em curso. No caso dos seis trabalhores a tempo parcial, segundo a resposta de Hon Wai, as vagas ficam disponíveis a partir de Outubro.

Outro incentivos

Além do regime de empregos, a DSAL diz que passou a disponibilizar um balcão para atender a população com mais idade que procura de emprego e que este estrato da população tem prioridade no atendimento. “Foi designado pessoal para proporcionar, de forma personalizada e grátis, apoio ao emprego aos idosos, incluindo a realização da conjugação de emprego, a prestação de informações sobre trabalho, a orientação profissional, entre outros”, foi explicado.

Na resposta ao deputado dos Operários, o presidente do IAS explicou ainda que a DSAL criou subsídios para apoiar a contratação de desempregados de difícil colocação, que são definidos com base na idade ou na falta de qualificações profissionais.

Numa altura em os efeitos económicos da pandemia persistem e que parte dos negócios locais foram obrigados a fechar nas últimas semanas, a DSAL e o Fundo de Segurança Social estão ainda a trabalhar num grupo para propor alterações ao “Regulamento dos Incentivos e Formação aos Desempregados”.

17 Ago 2021

TNR | Associações querem limitar trocas de emprego e falam em “especulação”

Os salários de empregadas domésticas subiram de 4 mil para 7 mil patacas com restrição de entrada de estrangeiros. A associação de agências de emprego e Wong Kit Cheng querem que o Governo tome medidas para impedir que o mercado se torne caótico

 

A troca de emprego e os consequentes aumentos salariais dos trabalhadores não-residentes (TNR) em tempos de pandemia estão a causar insatisfação. De acordo com um artigo publicado no jornal Ou Mun, nas associações tradicionais há quem acuse os trabalhadores de “especulação” e de trazerem “o caos para o mercado”.

Antes da pandemia, o Governo e a Assembleia Legislativa fizeram uma lei que impede que os TNR procurem emprego em Macau, se estiverem no território com visto de turista. Com a proibição da entrada de estrangeiros em Macau, devido às medidas de controlo da pandemia, a falta de mão-de-obra generalizou-se. Ao mesmo tempo, os TNR que perderam o emprego ficaram impedidos de encontrar novos trabalhos, porque a lei exige que saiam da RAEM antes de mudarem de posição.

As alterações legislativas e a pandemia levaram a que os salários de empregados domésticas subissem para montantes perto das 7 mil patacas, quando antes se ficavam por 4 mil patacas.

No entanto, como posteriormente o Interior da China passou a permitir a entrada de estrangeiros vacinados, os TNR começaram a aceitar novos empregos. Circunstância que motiva queixas das forças tradicionais, que entendem que os TNR estão a aproveitar a medida para aceitarem empregos com salários mais elevados.

Impedir a especulação

Ao jornal Ou Mun, Ao Ieong Kuong Kao, presidente da Associação de Agências de Emprego para Trabalhadores Estrangeiros de Macau, considerou que a autorização para os TNR entrarem na China é positiva, porque permite lidar com a falta de mão-de-obra. Contudo, o também vice-presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau acusou vários TNR de fazerem tudo para não terem o contrato de trabalho renovado, para poderem mudar de emprego, rumando ao Interior, em busca de salários mais elevados.

Ao Ieong Kuong Kao afirmou ainda que os TNR estão a abusar do sistema, para poderem especular, e que as famílias não têm capacidade para pagar a subida dos salários de 4 mil patacas para 7 mil patacas. O responsável defende assim que as autoridades de Macau e do Interior se devem coordenar para impedir as entradas e saída frequentes dos TNR e limitar trocas de emprego.

O vice-presidente da associação ligada à comunidade de Fujian defendeu ainda que o Governo deve impedir que findo os contratos, os TNR sejam impedidos de mudar de emprego, sem o cumprimento de um “período de nojo”. A medida seria implementada para impedir que os trabalhadores possam ter aumentos.

Também a deputada Wong Kit Cheng, da Associação Geral das Mulheres, pediu ao Governo que encontre um sistema para identificar o que definiu como os “chefes das especulações”, ou seja, os trabalhadores que mais vezes esperam pelo fim do contrato para mudarem de posição e terem aumentos salariais.

Controlar os part-times

Wong Kit Cheng mostrou-se ainda preocupada com as famílias que contratam empregadas domésticas em regime de tempo parcial, uma vez que legalmente os TNR estão impedidos de fazer qualquer outro tipo de trabalho.

A deputada e candidata às próximas eleições pede assim ao Governo que promova uma campanha entre os TNR para saberem que incorrem numa ilegalidade, alertando para as consequências das suas acções.

Por sua vez, também Ao Ieong Kuong Kao revelou estar preocupado com a nova tendência e apontou que os TNR estão desprotegidos, porque não têm seguros para o efeito. Ao indicou que a tendência de fazer limpezas em part-time é comum entre empregadas filipinas e vietnamitas, mas que estas estão a correr riscos desnecessários.

17 Ago 2021

Covid-19 | Espaços de entretenimento reabrem esta quarta-feira

A variante Delta chegou a Macau, mas o Governo não pondera, para já, reduzir a quarentena para quem vem do estrangeiro, porque lá fora o risco de contaminação é “muito maior”. Ontem, foram também apresentadas novas orientações para quem apresenta sintomas

 

A partir das 00:00 de amanhã os espaços de entretenimento voltam a poder abrir portas. O levantamento das restrições impostas a 5 de Agosto, e que implicaram o encerramento de bares, discotecas ou salas de dança foi anunciado através de um despacho do Chefe do Executivo, publicado em Boletim Oficial.

O anúncio foi depois comentado na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia: “Amanhã atingimos 14 dias sem casos novos e as pessoas que estão na zona vermelha e nas observações médicas nos hotéis, depois de serem testadas mais uma vez e apresentarem resultados negativos, passam a ter um código verde”, afirmou Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. “Os 14 dias significam que não houve mais casos positivos e que não há a situação de uma transmissão na comunidade, o que vai resultar num levantamento das medidas de controlo”, acrescentou.

O levantamento das medidas não significa que todas as pessoas em quarentena possam sair já dos hotéis e outros espaços designados. Os 14 dias são contados a partir do momento em que se acredita que houve o contacto próximo com os casos infectados ou com as amostras ambientais.

Macau registou quatro infecções de covid-19 da variante Delta, o que levou à imposição de quarentenas de 21 dias, além de uma autogestão, ou seja, quando a pessoa volta à comunidade, de sete dias. No entanto, neste capítulo, para quem vem do estrangeiro, zona considerada de alto risco, não se esperam grandes mudanças, mesmo que o critério de incubação para as infecções locais com a variante Delta seja de apenas 14 dias.

“Em Macau conseguimos dominar o risco de contaminação. Logo após os casos da variante Delta fizemos muitos trabalhos, como uma testagem maciça e as quarentenas para os contactos próximos”, começou por justificar Leong Iek Hou, sobre a dualidade de critérios. “No estrangeiro a propagação na comunidade nunca parou e o risco de contaminação é muito mais elevado do que as pessoas nas zonas amarelas e vermelhas em Macau. No estrangeiro há muitos casos, e o risco é muito maior”, considerou.

Novos critérios

Também ontem, o Governo anunciou novas orientações para lidar com quem apresenta potenciais sintomas de infecção. De acordo com Tai Wa Hou, médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), dependendo dos sintomas, as pessoas passam a ser classificadas em três níveis baixo, médio e alto.

Se uma pessoa apresentar sintomas ligeiros, como apenas tosse ou dor de garganta, então deve fazer a marcação de um teste dentro de 24 horas. O exame pode ser feito nos postos comunitários, ou nos hospitais Conde São Januário, MUST e Kiang Wu, e os resultados aguardam-se em casa.

No nível médio, ficam aqueles que apresentam sintomas ao mesmo tempo que contactos próximos ou depois de terem estado em contacto com pessoas com sintomas. Neste nível, ficam também os que têm contacto com pessoas de risco elevado e trabalham em posições de atendimento à população. Nestas duas situações, é necessário fazer um teste rápido, sem ter de ficar na fila.

O nível mais elevado é classificado de alto risco e aplica-se a trabalhadores das fronteiras que tiveram contacto com pessoas infectadas ou que apresentaram sintomas graves. O tempo de contacto tido em conta é de 28 dias. Nesta situação, é pedido às pessoas que se dirijam urgentemente aos hospitais e que aguardem pelos resultados.

Quem relatar sintomas passa a apresentar um código de saúde amarelo, que só é convertido em verde depois de um teste com resultado negativo.

16 Ago 2021

Afeganistão | Avanço dos talibãs era previsível, diz ex-porta-voz da ISAF

O major-general Carlos Branco, ex-porta-voz da ISAF no Afeganistão, disse à Lusa que o avanço das forças talibãs em vários pontos do país já era previsível em virtude da retirada negociada dos militares norte-americanos.

“O que está a acontecer agora é um avanço militar dos talibãs que era previsível. Aliás, altas entidades militares dos Estados Unidos já tinham manifestado em diversas ocasiões que as forças de segurança afegãs não estavam em condições para confrontar de forma vitoriosa os talibãs”, disse à Lusa o major-general Carlos Branco, sublinhando que a retirada devia ter ocorrido após a primeira década do conflito.

“Tudo o que está a acontecer agora, do meu ponto de vista, não é novidade. Mas, se tudo isto poderia ter sido evitado? Claro que podia se os norte-americanos, na devida altura se tivessem empenhado em promover um diálogo intra-afegão e isso não aconteceu nem foi estimulado porque os norte-americanos estavam convencidos que iriam conseguir sempre uma vitória militar”, afirmou.

Na análise do ex-porta-voz da International Security Assistance Force (ISAF) a retirada dos Estados Unidos não é desorganizada e foi planeada com antecedência apesar de se terem verificado momentos de descoordenação, nomeadamente a saída de Baghran, que foi coordenada pelas forças afegãs.

Por outro lado, frisa, os acordos para a retirada dos Estados Unidos foram assinados em fevereiro de 2020 e que, por isso, houve muito tempo para fazer o planeamento sendo que toda a operação decorreu segundo um plano previamente estabelecido.

Tratou-se, desta forma de uma retirada das forças norte-americanas e de outros contingentes, nomeadamente, a retirada do contingente inglês que fez a passagem de testemunho com bastante antecedência.

Mesmo assim, o major-general Carlos Branco refere que os Estados Unidos “jogaram sempre de forma errada” porque pretendiam uma solução militar e não uma solução política e sobre esta questão levanta dois aspetos.

“Uma é a solução política entre os Estados Unidos e os talibãs que foi o que aconteceu e o que no fundo o que Washington fez foi negociar os termos de uma saída, com uma série de condições, sobretudo no que diz respeito ao comportamento dos talibãs como o de não aceitar a entrada de elementos da Al-Qaida ou de qualquer outra organização terrorista. Outra coisa foi a solução política entre os afegãos e isto foi difícil”, explica.

Do ponto de vista mundial, indica que “há coisas muito mais perigosas atualmente em termos de segurança global” do que o Afeganistão mas sublinha que do ponto de vista geoestratégico é uma derrota para os Estados Unidos porque os norte-americanos pretendiam levar a cabo um plano de hegemonia global.

O Afeganistão é uma porta de entrada na Ásia Central e é uma fonte inesgotável de recursos minerais: petróleo e gás natural cujos oleodutos e gasodutos são controlados na maioria dos casos pela Federação Russa.

O Afeganistão – se existissem condições securitárias – seria uma possibilidade capaz de canalizar o gás e o petróleo através do Paquistão para portos no Índico e deste ponto de vista, nota, sublinhando que “é uma derrota para os Estados Unidos” porque Washington acaba por perder influência política, económica, militar e cultural na Ásia Central.

“Isto não se concretizou, sobretudo do ponto de vista militar em que as bases que tinham no Tajiquistão, Uzbequistão, Quirguistão, nesta altura não as têm. A Federação Russa e a República Popular da China que viram sempre com muita apreensão a presença norte-americana naquela zona conseguiram exercer uma diplomacia de persuasão para que as ex-repúblicas soviéticas na Ásia Central não alinhassem com os Estados Unidos”, recorda.

16 Ago 2021

Apostas desportivas | Advogados defendem nova legislação

Os advogados Pedro Cortés e Luís Machado defendem, num artigo publicado no portal Lexology, que Macau deve ter um novo quadro regulatório sobre apostas desportivas, que possibilite a entrada no sector de mais operadoras e crie uma nova fonte de receitas de jogo

 

As autoridades de Macau devem rever a legislação relativa às apostas desportivas. É esta a ideia deixada pelos advogados Pedro Cortés e Luís Machado no artigo “Sports betting in Macau – opportunity to change the games” [Apostas desportivas em Macau – oportunidade para alterar os jogos], publicado no portal Lexology.

“Os recentes desenvolvimentos no mercado de apostas desportivas em todo o mundo, especialmente nos EUA, podem ter impacto no que deveria ser a diversificação das oportunidades de jogo disponibilizadas pelas operadoras de jogo de Macau”, pode ler-se.

Os autores do artigo defendem que as operadoras têm feito uma “sensata interpretação” da lei em vigor, destacando o exemplo do campeonato do mundo da FIFA em 1998. “É agora tempo de introduzir uma nova lei e rever a actual legislação das apostas desportivas, expandido o número de operadoras bem como os desportos onde as apostas são permitidas.”

Desta forma, “uma nova política” e também “um novo regime legal” podem “prevenir os residentes e turistas de Macau de apostarem em plataformas legais estrangeiras e ilegais”.

Numa altura em que o sector do jogo enfrenta o problema da quebra de receitas devido à pandemia, que afastou visitantes do território, Pedro Cortés e Luís Machado acreditam que as apostas desportivas podem “constituir uma nova fonte de receitas para a região, diversificado o mercado de jogo e, de certa forma, trazer novos tipos de negócios a Macau, incluindo empresas de tecnologia (um mercado com crescimento expectável nos próximos anos)”.

Fracas receitas

O artigo, publicado na quinta-feira, recorda o facto de o segmento das apostas desportivas no território representar uma fatia “insignificante” no “bolo” das receitas do jogo. No ano passado, as apostas em jogos de futebol e basquetebol registaram apenas 543 milhões de patacas, enquanto que no primeiro trimestre deste ano foram de 151 milhões.

No entanto, destacam os autores, as quantias envolvidas nestas apostas “foram mais significativas”, ou seja, 5,731 milhões de patacas no ano passado e 1,725 milhões nos primeiros três meses deste ano.

Os advogados recordam também que a pandemia acabou por causar um impacto menos significativo nesta área. “Apesar de estes valores poderem parecer insignificantes, comparando com os obtidos pelos jogos de casinos, as apostas desportivas não foram afectadas pela pandemia da mesma forma que foram os casinos”.

Os juristas referem também a última revisão contratual entre o Governo e a concessionária Macau Slot Co Ltd., que entrou em vigor no passado dia 6 de Junho, e que introduziu “um desenvolvimento importante – a alteração de um modelo exclusivo de concessão, operado por uma única entidade, para um modelo de concessão que permite mais do que uma concessionária nas lotarias desportivas”. O primeiro contrato firmado com a Macau Slot data de 1989 sendo que, em 1998, aquando do campeonato do mundo de futebol, a concessionária conseguiu autorização para explorar apostas desportivas nesse segmento.

16 Ago 2021

LGBT | Casal gay de cidadãos de Taiwan e Macau casou sexta-feira

Um casal homossexual composto por um cidadão de Taiwan e outro de Macau contraiu matrimónio em Taipé na sexta-feira, após vencer um processo histórico, que anulou a interdição a casamentos com estrangeiros de territórios onde o casamento ‘gay’ é ilegal. A Associação Arco-Íris de Macau destacou a importância do momento e felicitou o casal

 

O histórico nó está dado. Na sexta-feira, um residente de Macau e um cidadão de Taiwan casaram-se, oficializando o primeiro matrimónio entre um cidadão da Formosa e um estrangeiro natural de um território onde o casamento gay não é reconhecido legalmente, depois de uma intensa batalha judicial.

Recorde-se que Taiwan tornou-se em Maio de 2019 o primeiro território da Ásia a legalizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, a lei estipula que os taiwaneses podem casar com estrangeiros do mesmo sexo, desde que sejam provenientes de um país onde o casamento homossexual é também permitido.

Ting Tse-yen e o seu parceiro, Leong Chin-fai, de Macau, intentaram uma acção judicial contra esta restrição e acabaram por ganhar o processo. A excepção atribuída pelo tribunal só se aplica ao casal, sendo que outros casais estrangeiros do mesmo sexo terão que abrir processos semelhantes.

“Esta é uma primeira vitória. Outros casais estrangeiros ainda não podem casar-se e nós pedimos total reconhecimento”, disse Ting, de 29 anos. “Esperamos que isto torne o Governo ciente da necessidade de igualdade”, afirmou Leong, de 33 anos. A decisão que ordena ao Governo o registo do casamento entre pessoas do mesmo sexo foi proferida em Maio pelos tribunais.

Dois anos de noivado

A boa nova foi recebida com jubilo pela Associação Arco-Íris de Macau. Anthony Lam, que preside à associação de defesa dos direitos LGBT no território, afirmou que a notícia do matrimónio deixou todos os membros da Arco-Íris “entusiasmados e animados”.

“Tanto quanto sabemos, este foi o primeiro casamento do género em Taiwan, de natureza interjurisdicional entre pessoas do mesmo sexo”, acrescentou o activista.

Reconhecendo que em Macau não foram feitos progressos em direcção à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a associação salienta que o casamento é um direito e uma opção pessoal. “Cada indivíduo tem a liberdade de escolher se quer casar, e ter o direito a fazê-lo quando desejar”, refere Anthony Lam.

Além de salientar o marco histórico que representa o matrimónio entre Ting e Leong, por trazer para a ribalta casos de pessoas que estão em situação semelhante, a Associação Arco-Íris de Macau desejou ao casal “uma maravilhosa vida conjunta, repleta de amor”.

Importa recordar que em 2019, os dois homens solicitaram que o seu casamento fosse registado, mas o pedido foi rejeitado. “Esperámos dois anos e finalmente podemos casar-nos”, disse Ting.

O casal foi co-fundador de uma associação que visa ajudar mais de 100 taiwaneses cujos parceiros vêm de países onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é legal, incluindo a China continental, o Japão, a Tailândia e o Vietname.

“O casamento é um direito humano básico e é inimaginável que, por ser originário de um determinado país, o parceiro seja discriminado”, disse a advogada do casal, Victoria Hsu. A ilha está na vanguarda dos direitos dos homossexuais. Em 2019, 200.000 pessoas participaram da Marcha do Orgulho de Taipé para celebrar a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Desde a entrada em vigor da lei, cerca de 6.000 casais oficializaram a sua união.

16 Ago 2021

Ensino | Alunos e docentes têm de chegar 14 dias antes do início das aulas

Alunos, docentes e funcionários do ensino não superior que vivam em Macau, Zhuhai e Zhongshan devem voltar aos seus locais de residência 14 dias antes do início das aulas. Foi anunciada uma campanha de vacinação nas escolas para alunos entre os 12 e os 17 anos. Reabertura de espaços de diversão continua sem data

 

Os Serviços de Saúde (SSM) anunciaram que os alunos, professores e funcionários do ensino não superior que vivam em Macau, Zhuhai e Zhongshan estão obrigados regressar aos respectivos locais de residência 14 dias antes do início das aulas em Macau, agendadas para Setembro

A medida anunciada na sexta-feira, no decurso da conferência de imprensa diária dos SSM continua a estar relacionada com o novo surto de covid-19 detectado no dia 3 de Agosto em Macau que resultou, até ao momento, na confirmação de quatro casos da variante Delta, dois dos quais, os pais da família, detectados pelas autoridades de Zhuhai.

“Temos muitos alunos, professores e funcionários que passam pelas fronteiras de Macau todos os dias”, vindos de Zhuhai, Zhongshan e outras localidades, afirmou, segundo a agência Lusa, Kong Chi Meng, subdirector dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ).

Aqueles que tenham regressado a Macau depois de 6 de Agosto, provenientes de regiões localizadas fora da província de Guangdong, estão obrigados a fazer um teste de ácido nucleico até cinco dias antes do início das aulas e a apresentar o código de saúde com resultado negativo, indicou o mesmo responsável.

Por seu turno, os alunos do ensino superior deverão regressar às aulas em formato ‘online’, mas as medidas serão idênticas, caso passem a ser presenciais, acrescentou Kong Chi Meng.

Só com autorização

Durante a conferência de imprensa, o coordenador do plano de vacinação, Tai Wa Hou, anunciou também que será lançada uma campanha de apelo à vacinação nas escolas no início do ano lectivo, dedicada principalmente aos alunos entre os 12 e os 17 anos.

Apontando, segundo um comunicado pelo Centro de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, que faltam ainda definir os detalhes concretos em que decorrerá a vacinação das escolas, o responsável frisou, contudo, que esta só poderá acontecer mediante a autorização dos encarregados de educação.

De acordo com Tai Wa Hou, dado que “o serviço de vacinação será realizado durante o horário escolar” e que os encarregados de educação estarão a trabalhar nesse momento, está a ser analisado a nível jurídico, a melhor forma de os alunos menores apresentarem o termo de consentimento devidamente assinado pelos encarregados de educação.

O coordenador do plano de vacinação revelou igualmente que ainda não há data para a reabertura dos espaços de diversão e desporto, encerrados desde o passado dia 5 de Agosto. Para Tai Wa Hou, os espaços só voltam a receber visitantes quando o risco de contágio por covid-19 em Macau for nulo.

“Depende muito da situação nos próximos dias. Temos que fazer uma avaliação genérica e integral de todos os factores de prevenção e controlo da pandemia. Se o risco já não existir e já for possível voltar à normalidade então, em princípio, a medida de encerramento poderá ser levantada”, disse o responsável segundo o canal português da TDM-Canal Macau.

Transfusões | Centro passa a ter serviços de vacinação

A partir de hoje, o Centro de Transfusões de Sangue passa a disponibilizar serviços de vacinação dedicados exclusivamente a dadores. Desta feita, para os dadores de sangue que não necessitem de pagar pela vacinação será disponibilizada apenas a vacina da Sinopharm, devendo os interessados deslocar-se ao Centro de Transfusões de Sangue, de segunda a sexta-feira, das 09h30 às 18h00, sábado entre as 10h00 às 17h30 e domingo, entre as 11h00 às 16h30.

16 Ago 2021

Galaxy | Receitas do segundo trimestre mantêm tendência positiva

Na primeira metade do ano, a Galaxy acumulou lucros de 947,1 milhões de dólares de Hong Kong, resultado que contrasta com as perdas de 2,86 mil milhões de dólares de Hong Kong do primeiro semestre de 2020. O CEO do grupo realça que este foi o quarto trimestre consecutivo de recuperação

 

A Galaxy Entertainment Group divulgou ontem os resultados do segundo trimestre do ano, de onde se retira um cenário oposto ao vivido no ano passado. Feitas as contas, nos primeiros seis meses do ano a operadora amealhou 947,1 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) em lucros, número que contrasta com os prejuízos de 2,86 mil milhões de HKD do primeiro semestre de 2020.

Em termos de receitas brutas, nos primeiros seis meses de 2021 a operadora de jogo apurou 9,48 mil milhões de HKD, o que representa um crescimento de 65,8 por cento, face aos 5,71 mil milhões de HKD de igual período do ano transacto.

Quanto às receitas apuradas pelo segmento não-jogo, nomeadamente hotéis e centros comerciais, no primeiro semestre deste ano verificou-se um crescimento de 104,6 por cento, para quase 1,39 mil milhões de HKD, em relação aos primeiros seis meses de 2020.

No comunicado que acompanhou os resultados à bolsa de valores de Hong Kong, o presidente da Galaxy, Lui Che Woo, dá particular ênfase ao facto de o período entre Abril e Junho ter marcado o quarto trimestre consecutivo de ganhos, apesar dos esporádicos surtos de covid-19 na província vizinha.

Quanto às receitas líquidas, a Galaxy reportou 10,66 mil milhões de HKD no primeiro semestre de 2021, o que representou uma subida de 71,3 por cento em relação aos 6,22 mil milhões de HKD de igual período de 2020.

As casas de grupo

Sem surpresa, a performance do grupo ficou a dever-se aos resultados do Galaxy Cotai, que vem trilhando um caminho de recuperação gradual, desde que a pandemia contaminou a economia global. No primeiro semestre de 2021, o resort do Cotai acumulou receitas líquidas de 7,23 mil milhões de HKD, o que representou um crescimento de 88,4 por cento em relação aos quase 3,84 mil milhões de HKD correspondentes ao período análogo do ano passado.

Na península, a principal propriedade do grupo, o Hotel StarWorld, acumulou no primeiro semestre deste ano receitas líquidas de 1,95 mil milhões de HKD, mais 79,6 por cento verificadas nos primeiros seis meses de 2020.

13 Ago 2021

Economia | “Situação vai continuar no próximo meio ano”, Jorge Neto Valente

O empresário Jorge Neto Valente defende que, a curto prazo, as perspectivas económicas são “muito más” e que a situação se deve arrastar, pelo menos, por mais seis meses. Para o sócio da fábrica de máscaras criada em 2020 em Macau, o novo surto prova que “é preciso ter capacidade de produção local”

 

A reboque do prolongamento da pandemia e do surgimento de novos casos de covid-19, o empresário Jorge Neto Valente considera que o tecido empresarial de Macau está a atravessar um “momento difícil” e não vê melhorias no horizonte dos próximos seis meses.

“Há muitas empresas a entrar em falência e outras que vão entrar (…) muito em breve. A situação está mesmo muito má, porque os turistas são praticamente inexistentes, a pandemia piorou e as poupanças que as pessoas tinham estão a chegar ao fim. Portanto, o ciclo é bastante mau. A curto e a médio prazo, as perspectivas são muito más e toda a gente concorda que a situação vai continuar assim, pelo menos, nos próximos seis meses, se não for mais”, apontou ao HM.

Apesar de referir que, face ao novo surto de covid-19, as empresas de Macau estão a colaborar plenamente com todas as regras e medidas de contingência implementadas pelos Serviços de Saúde, Neto Valente afirma que, do ponto de vista comercial há “um grande problema”. Isto, quando passados praticamente dois anos, as empresas continuam a “sofrer muito”, sem que haja uma perspectiva para o final das consequências da pandemia.

Para o empresário, a incerteza dos tempos e a realidade do novo contexto deve servir para motivar as empresas a puxar pela capacidade de adaptação, independentemente de o vírus poder vir a ser controlado ou de ser adoptada uma política fronteiriça mais flexível.

“Não adivinho o futuro, mas, como empresários (…) o que temos de fazer é adaptar-nos à realidade actual e sobreviver num novo contexto através da experiência adquirida. Mesmo que o sector recupere um pouco e que os turistas comecem a voltar (…) temos de saber como vamos sobreviver perante um futuro em que o sistema fiscal tem menos receitas económicas”, defendeu.

Receita da casa

Jorge Neto Valente, também sócio de uma fábrica de máscaras criada no ano passado em Macau, apontou ainda que o novo surto local de covid-19 veio provar a importância da capacidade de produção dentro de portas. Sobretudo, quando o surgimento de novos casos implica alterações às regras de passagem fronteiriça e, consequentemente, constrangimentos ao nível do abastecimento de mercadorias no território.

“Este último surto veio provar que é preciso ter capacidade de produção local. Mal surgiram os novos casos, no dia seguinte, houve uma corrida aos testes de ácido nucleico e (…) à compra de máscaras”, começou por explicar.

“Sentimos, desde logo, que houve mais procura [por máscaras]. O problema que se põe é que [como se viu], quando há surtos, não se consegue importar nada porque os próprios condutores de camiões de mercadorias ficaram imediatamente condicionados a nível fronteiriço pela obrigatoriedade de apresentar testes de ácido nucleico com a validade de 12 horas”, partilhou com o HM.

13 Ago 2021

Covid-19 | Quarentena e teste para contactos próximos de infectados 

Quem esteve em contacto próximo com dois dos quatro infectados com covid-19 deve fazer quarentena de dois dias e dois testes de ácido nucleico em três dias. Os residentes infectados foram interrogados pela Polícia Judiciária e divulgaram novas paragens dos seus percursos, incluindo duas lojas de telemóveis no Fai Chi Kei e Rua Coelho do Amaral

 

O Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus decretou novas medidas para quem esteve em contacto próximo com dois dos quatro infectados do recente surto local de covid-19. Os funcionários e clientes da sede do banco ICBC, no edifício Landmark, vão ter de fazer dois testes no período de três dias. Já os funcionários que trabalham no oitavo andar do edifício da Associação Geral das Mulheres vão ser sujeitos a quarentena por apenas duas noites, além de realizarem o mesmo número de testes. Os funcionários da recepção que trabalham no terceiro andar do edifício da Administração Pública também estão sujeitos às mesmas regras.

Entretanto, foram divulgadas novas informações quanto ao percurso de dois dos quatro infectados, que foram interrogados pela Polícia Judiciária (PJ).

No dia 31 de Julho ambos entraram em duas lojas de telemóveis, da CTM, situada no edifício The Praia, no Fai Chi Kei, e da Hutchinson, na Rua Ferreira do Amaral. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, um dos infectados estava de baixa para acompanhamento de doente e terá feito deslocações nos dias 29 e 31 de Julho.

“Foi através do interrogatório [da PJ] que os dois pacientes se conseguiram lembrar do seu percurso, mas ainda vamos tentar apurar se haverá mais informações nos próximos dias. Os dois pacientes não tinham certeza das suas deslocações nesses dias e pedimos a colaboração dos agentes da PJ para um só interrogatório. Se houver necessidade, vamos convidar os agentes para nos ajudar”, referiu Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação.

A responsável não conseguiu adiantar se a informação foi ocultada propositadamente. “Segundo a lei, qualquer pessoa que oculte informação de propósito, causando a transmissão do vírus, tem de assumir as responsabilidades.

Há normas claras sobre isso, mas será que as duas pessoas ocultaram a informação? Ainda estamos a analisar.”
A responsável frisou que a implementação de um “código de deslocação segura” poderia ser “uma boa solução” para saber os percursos de pessoas de contacto próximo com infectados.

UM com teste negativo

Entretanto, o edifício da Administração Pública fechou ao público, abrindo portas na segunda-feira após a desinfecção completa. Cerca de 600 funcionários públicos que trabalham neste edifício já foram testados. Também o edifício da Associação Geral das Mulheres fechou portas.

Um funcionário da Universidade de Macau (UM) esteve, no dia 27 de Julho, no mesmo restaurante que um dos quatro infectados, incidente que o levou a fazer o teste de ácido nucleico na quarta-feira, com resultado negativo. Numa nota de imprensa, a UM informa acompanha a situação e que irá adoptar novas medidas preventivas caso seja necessário.

Tai Wa Hou, responsável pelo programa de vacinação, adiantou que 40 por cento dos funcionários públicos foi vacinado. Sobre as eleições, agendadas para 12 de Setembro, Leong Iek Hou referiu que a Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa foi contactada, mas nada foi dito sobre um possível adiamento.

 

Burla | PJ alerta para chamadas de falso funcionário dos SSM

A Polícia Judiciária (PJ) alertou ontem para uma alegada burla telefónica em que um falso funcionário dos Serviços de Saúde entra em contacto com as vítimas dizendo que “um documento importante dos Serviços de Saúde ainda não foi levantado”. Num comunicado divulgado ontem, a PJ diz que o caso foi reportado por um cidadão que, ao ouvir a gravação em cantonês e mandarim, desligou de imediato a chamada. “Até ao presente, a PJ não recebeu nenhuma queixa relacionada com uma situação deste tipo. Contudo, os burlões mudam sempre as formas de actuação, pelo que a PJ alerta os cidadãos para prestarem a maior atenção e tomarem medidas preventivas”, pode ler-se na mesma nota.

Testes | Leong defende participação de médicos privados

O deputado Leong Sun Iok considera que, na eventualidade de novas rondas de testagem em massa da população, o Governo deverá requisitar o contributo de profissionais de saúde do sector privado. Citado pelo jornal Ou Mun, o deputado sugere ainda que antes que seja necessária uma nova ronda de testagem, o Executivo deve dar formação a estes profissionais, reduzindo assim a pressão acumulada dos trabalhadores da linha da frente do sector público que mostraram ser “em número insuficiente”.

13 Ago 2021

Reserva financeira | Ng Kuok Cheong pede plano de combate à pandemia

Ng Kuok Cheong quer saber se o Governo vai traçar um plano, com limites e critérios, de utilização de verbas da reserva financeira para fazer face às consequências da pandemia. Perante o novo surto, o deputado defende ainda que o apoio financeiro dedicado aos serviços sociais deve ser reforçado, ficando de fora de eventuais medidas de austeridade

 

Face ao surgimento de novos casos de covid-19 em Macau e as consequências sociais e económicas daí resultantes, o deputado Ng Kuok Cheong defende que o Governo deve elaborar um plano focado na utilização de verbas da reserva financeira para combater a pandemia.

Através de uma interpelação escrita o deputado argumenta que, dado que em 2020 e 2021 o Executivo já utilizou vários “milhares de milhões de patacas” da reserva financeira para o Fundo de Apoio ao Combate à Epidemia, é necessário traçar limites máximos de levantamento anual de verbas e critérios para a concessão de novas rondas de apoio à população. Além disso, questiona Ng, caso a utilização de verbas exceda o valor estipulado, como será resolvida uma eventual crise de finanças públicas.

Por escrito, Ng Kuok Cheong mostrou ainda preocupação com o facto de o aumento de casos do foro social, como problemas emocionais e de violência doméstica decorrentes da pandemia, poderem entrar em rota de colisão com a política de contenção de despesas do Governo.

“Os trabalhadores da linha da frente dos serviços sociais afirmam que desde o início da pandemia, o apoio às actividades do Instituto de Acção Social (IAS) diminuiu, apesar de o número de casos a precisar de assistência ter duplicado devido à pressão económica”, sublinhou o deputado.

Alertando o Governo para o facto de a taxa de desemprego esconder a degradação do nível de vida de muitos residentes, que viram os salários reduzidos ou estão em regime de licença sem vencimento, Ng Kuok Cheong alerta o Executivo para a boa utilização dos “preciosos” recursos financeiros existentes. Isto, com o objectivo de criar medidas mais “eficazes e humanas” destinadas à estabilização das condições de vida da população, da economia e das redes de apoio social.

“O Chefe do Executivo afirmou por diversas vezes que as despesas com o bem-estar social não vão diminuir. De que mecanismos dispõem as autoridades para avaliar as necessidades dos serviços sociais e as lacunas que possam existir a nível de recursos durante a pandemia, evitando assim o impacto das medidas de austeridade fiscal?”, questionou Ng Kuok Cheong.

Segundo os dados publicados na terça-feira pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), a Reserva Financeira da RAEM era de 658,924 mil milhões de patacas em Junho, ou seja, mais 286 milhões face a Maio. Já os activos, depósitos e contas correntes representaram mais de 309 mil milhões de patacas, estando os títulos de crédito fixados em 180,348 mil milhões de patacas.

13 Ago 2021

Riccardo Cordero, escultor: “A minha escultura pode ser como a caligrafia”

Riccardo Cordero, escultor italiano, é um dos nomes que integra o cartaz da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau. A sua peça intitula-se “Chacra” e só estará exposta na praça do Tap Seac no final deste mês. Cordero foi também um dos artistas escolhidos para expor na China por ocasião dos Jogos Olímpicos de Inverno, no próximo ano

 

Como surgiu a oportunidade de participar nesta bienal?

Em 2005 foi a primeira vez que expus um trabalho na China. Fui convidado para o Parque de Esculturas de Xangai e também fui a Guilin, onde também expus uma grande escultura. Já fiz muito trabalho na China, onde tenho recebido, na maioria, convites privados. Fui um dos vencedores de uma competição para os Jogos Olímpicos (JO) de Inverno, que serão em Pequim no próximo ano.

Que projecto vai desenvolver para os JO?

Hoje [quarta-feira] recebi algumas imagens da fábrica onde está a ser produzida a escultura. É muito grande, tem cerca de 17 metros de altura. Estamos em permanente contacto porque para mim é muito complicado ir à China nesta altura, por causa da covid-19. Mas ao mesmo tempo recebi um convite de Qiu Zhijie [curador da bienal de Macau] e isso foi um pouco surpreendente, porque não sabia nada sobre ele. Contactei um amigo que tenho na China e ele ajudou-me a falar com a assistente do curador. Eu disse que ia fazer um projecto na China mas eles mantiveram a ideia inicial, e então tive de alterar um pouco [a peça], porque nunca faço duas esculturas absolutamente iguais.

Então o trabalho exposto em Macau é semelhante ao que será exposto na China?

Sim. São um pouco diferentes, a escultura exposta na China é muito maior. Fiquei muito feliz por receber este convite, porque fui a Macau há alguns anos. Gostei muito, foi divertido ver os nomes das ruas em chinês e em português.

Foi ao Venetian? O que achou?

Não queria acreditar. Fui a Las Vegas, há uns anos, e penso que é outra Las Vegas na China. Fiquei muito surpreendido, mas achei muito engraçado. Gostei de estar um dia ou dois, como se fosse uma piada.

Como descreve as esculturas que serão expostas na China?

Duas ou três pessoas da comissão técnica, em Pequim, gostaram muito do meu trabalho e isso deixou-me muito feliz. O nome da minha escultura em Macau é “Chacra”, que é algo muito importante para o corpo, para garantir o equilíbrio. A escultura sugere um pouco isso, as pessoas podem entrar dentro da escultura e trabalhar em torno dela, como se fosse um monumento. A ideia é que as pessoas possam participar na escultura, no seu volume, no espaço. Na escultura exposta na China a ideia é semelhante, como um objecto que surge de outro planeta, e aparece naquele lugar. A escultura sugere que as pessoas podem vê-la como um verdadeiro símbolo, e não como um monumento.

Como se descreve como escultor para o público chinês?

Da primeira vez que falei do meu trabalho na China fiquei um pouco surpreendido. Participei em dois ou três simpósios, onde estavam muito curiosos sobre aquilo que eu fazia. Não foi fácil explicar o meu trabalho porque talvez a mentalidade seja um pouco diferente. Talvez tenham um sistema diferente para compreender e falar da arte. Fizeram-me muitas perguntas. Mas em termos gerais gostei muito de trabalhar na China, acho que são muito técnicos, muito cuidadosos.

Porque diz que há uma maneira diferente de os chineses olharem para o panorama artístico? Acredita que há de facto diferenças se compararmos, por exemplo, com os europeus?

Talvez as intenções, em termos de compreensão, não sejam assim tão diferentes. Mas é diferente a forma de falar, de comunicar. Quando falo aqui em Itália, na Alemanha, na Europa, do meu trabalho, uso várias palavras e as pessoas compreendem aquilo que eu digo. Quando falo do espaço, do tamanho dos meus trabalhos, compreendemo-nos mutuamente, porque temos um background [semelhante] nas nossas mentes. Quando falo para chineses, eles fazem-me perguntas muito especificas. Não apenas sobre o tema, que é muito importante para eles, pois começam por me perguntar o que é que aquilo representa. Na China têm interesse em compreender se represento determinada figura ou não.

Há quem defenda que Macau tem potencial para ser uma Veneza na Ásia, e ter um conjunto de eventos culturais na rua. Concorda?

É difícil responder a essa pergunta. Mas espero que sim. Acho muito interessante a ideia de colocar em Macau um sistema de arte. É bom começar com esta bienal. A minha escultura, quando estiver terminada, será colocada numa praça [Praça do Tap Seac]. Houve alguns problemas, relacionados com tufões, e a minha escultura só será colocada em finais de Agosto.

Quando percebeu que a escultura iria fazer parte da sua vida, e não outro tipo de expressão artística?

Essa é uma velha história. Comecei na escola primária a desenhar, era muito bom estudante nessa área. Fui para o Liceu Artístico, o meu pai era escultor de ornamentos, e quando decidi ir para esse liceu ele ficou um pouco preocupado, tendo sugerido que fosse para arquitectura. Comecei a fazer uns trabalhos de arquitectura quando ainda estava no liceu. Não era mau, mas não gostava. Então decidi que queria ir para a Academia de Belas Artes e aí fui obrigado a escolher logo no início, e comecei logo na escultura.

Quais as principais ideias ou mensagens que estão por detrás dos seus trabalhos?

O problema com as mensagens é que eu não acredito muito nisso. Penso que há de facto uma mensagem em cada trabalho e eu participo nisso, mas ao mesmo tempo tenho vindo a mudar as minhas ideias, quase como um click. É o mesmo na vida, vamos mudando algumas coisas, mas mantemos [o mesmo caminho]. Tenho mudado a forma de explicar o meu trabalho. Já fiz trabalhos figurativos, abstractos, mais naturalistas, porque penso que esse é um privilégio do artista: ser completamente livre. Não preciso de demonstrar nada. Gosto de ser eu próprio. Na vida vamos mudando e o trabalho é bom quando acompanha a vida. É uma benção podermos mudar. Claro que há uma fórmula que é mantida, uma linha, mas vamos alterando algumas coisas.

Com estas presenças na China acredita que a sua carreira pode ter um maior impulso internacional?

Sem dúvida. Sempre fui fascinado pela China e pelo Japão desde jovem. Sempre gostei do seu sistema de escrita, da caligrafia. E a minha escultura pode ser um pouco como a caligrafia. Normalmente não faço coisas pesadas e grandes, são esculturas abertas, com presença no espaço. Tive contacto com o movimento futurista em Itália e penso que essa é uma das ideias para eu trabalhar, esse dinamismo. Também gosto muito de viajar pelo mundo e viver várias experiências, portanto este momento [a pandemia] agora é muito mau para mim.

A caligrafia chinesa tradicional tem então um grande significado para si.

Sim, claro, gosto muito. Para um italiano, o desenho que vemos na caligrafia dá uma sugestão. No meu caso, uma sugestão forte vem de um desenho feito no espaço.

Gosta de fixar objectos num determinado espaço.

A ideia é que haja movimento, gravidade, dinamismo. Quando começo a montar uma escultura, faço por exemplo um círculo, e vou pondo partes. No fim disso tudo, as pessoas são obrigadas a participar no processo da escultura, porque completam um círculo. É como seguir um caminho. Gosto muito que haja essa participação. Em Macau, por exemplo, espero que a escultura não seja assim tão pequena, porque gosto que as pessoas entrem dentro dela.

 

De Turim para a China 

O círculo que se pode ver na obra “Chacra”, de Riccardo Cordero, é como se fosse uma praça de uma praça, proporcionando a quem a vê diferentes perspectivas. Com esta escultura, o artista quis representar o centro do espírito humano e também a memória de um mercado público de alimentos que foi transferido para dar lugar à Aldeia Olímpica na cidade de Turim. Nascido em 1942, foi nesta cidade que Riccardo Cordero frequentou o Liceu Artístico e depois a academia das belas artes, onde se graduou em 1965. A primeira vez que expôs o seu trabalho aconteceu em 1960, numa exposição organizada pela Sociedade Promotora das Belas Artes de Turim. Além dos trabalhos na China, Cordero já expôs em vários países da América Latina e da Europa, tal como Alemanha e França.

13 Ago 2021

Homem detido por fotografar debaixo de saias tem 4.200 imagens

Um cozinheiro foi detido por tirar fotografias por baixo da saia de uma mulher, dentro de um elevador localizado perto da Praça de Ferreira do Amaral. O homem, que admitiu ser viciado nesta prática, desde o final de 2020, armazenou, em menos de um ano, 4.200 imagens em três dispositivos diferentes

 

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) deteve na passada terça- -feira um residente de Macau com 40 anos por suspeitas da prática do crime de devassa da vida privada. Em causa, está o facto de o homem, cozinheiro de profissão, ter captado imagens de forma clandestina por baixo da saia de uma mulher, enquanto viajava num elevador localizado na Rua de Sintra, juntamente com um grupo de amigas. De acordo com o relato apresentado pela vítima no seguimento da queixa efectuada às autoridades, enquanto viajava de elevador na segunda-feira, uma das amigas suspeitou do comportamento anormal por parte de um homem que se encontrava no mesmo espaço.

A amiga ainda indagou o homem sobre o que estaria a fazer mas não obteve resposta. Ao saírem do elevador, a amiga partilhou o seu receio com a vítima que, de imediato, foi atrás do homem. Quando o alcançou pediu-lhe para mostrar a galeria de imagens do smartphone, mas não conseguiu ver qualquer imagem suspeita. A vítima insistiu com o homem e, no momento em que ameaçou ligar à polícia, o homem fugiu.

No decurso da investigação e recorrendo às imagens recolhidas pelas câmaras de videovigilância, o CPSP conseguiu localizar o suspeito na sua residência, situada na Rua de João de Araújo, onde viria a ser detido na terça-feira. Confirmado, ficou igualmente que, após ter sido abordado pela vítima, o suspeito pegou no carro para concretizar a fuga.

A culpa é da internet

Durante o interrogatório, o homem confessou o crime, admitindo igualmente que o vício de fotografar clandestinamente partes íntimas de mulheres, teve início em 2019 quando começou a interessar-se por vídeos pornográficos que encontrou online e cujo tema visava precisamente o registo fotográfico por baixo de saias.

Inspirado pela receita que encontrou online, no final de 2020, o cozinheiro decidiu começar a fotografar mulheres de saia clandestinamente, tendo escolhido a zona da Praça de Ferreira do Amaral para actuar. Segundo o porta-voz do CPSP, o suspeito escolheu a Praça de Ferreira do Amaral “por haver muitas mulheres de saia naquela zona da cidade”.

No decurso da investigação, o CPSP apreendeu na residência e no veículo do suspeito, dois smartphones e um tablet. Armazenadas nos três equipamentos estavam, no total, 4.200 imagens da mesma índole, captadas pelo homem desde o final de 2020. Dessas, quatro fotografias dizem respeito à vítima que apresentou queixa.

O caso seguiu para o Ministério Público (MP), onde o suspeito vai responder pela prática do crime de devassa da vida privada. A confirmar-se a acusação, o cozinheiro pode ser punido com pena de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias.

12 Ago 2021

Educação sexual | DSEDJ não aborda homossexualidade

Os Serviços de Educação afirmaram ao HM que a criação de valor sexual e de consciência de género correctas passa por ensinar os alunos a aceitarem as diferenças entre os dois sexos e a construir relações humanas saudáveis. A Comissão da Luta contra a Sida apontou que o aumento de infecções por HIV resultantes de contacto homossexual é uma tendência que “não pode ser ignorada”

 

Sem fazer referência ao tema da homossexualidade, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) afirmou que a formação de valores sexuais e da consciência de género correctas passa por ensinar os jovens a aceitar as diferenças entre sexos, a aceitarem-se a si próprios e a construir relações humanas saudáveis.

A resposta vem no seguimento da apresentação feita pelo organismo, aquando da 1.ª reunião de trabalho da Comissão de Luta Contra a Sida, realizada a 22 de Julho em articulação com os Serviços de Saúde (SSM) e o Instituto de Acção Social (IAS).

Na ocasião, o director dos SSM, Alvis Lo Iek Lo, apontou que o “acréscimo de casos de infecção por contacto do mesmo sexo” é uma tendência que “não pode ser ignorada”. Por seu turno, Chan Ngai Hong, chefe do Centro de Educação Moral da DSEDJ afirmou que, tendo em vista a promoção da educação sexual, foram realizadas actividades pedagógicas preventivas, que tinham como objectivo “apoiar os alunos a criar valor sexual e consciência de género correctos”.

Questionada, neste contexto, sobre o significado da criação de uma “consciência de género correcta”, a DSEDJ respondeu assim:

“Em articulação com as necessidades de trabalho da Comissão de Luta Contra a Sida, compete à DSEDJ promover e fiscalizar o trabalho relativo à saúde sexual dos jovens. A DSEDJ apresentou, principalmente, os trabalhos relativos à formação dos valores sexuais e da consciência de género nos alunos, cujo conteúdo envolve ensinar aos alunos como construir uma relação humana saudável, aceitar as diferenças entre os dois sexos e o respeito mútuo, compreender as mudanças físicas e psicológicas, aceitar-se a si próprios e respeitar as mudanças dos outros durante o seu crescimento, etc.”, pode ler-se numa nota enviada ao HM.

No âmbito da educação para a prevenção da Sida, a DSEDJ assegurou ainda ter promovido acções para passar aos alunos, “conhecimento sobre a transmissão da Sida, como cuidar dos pacientes com esta doença, como recusar o preconceito e a discriminação”.

Em alerta

Recorde-se que das 34 infecções por HIV registadas entre residentes de Macau até Junho de 2021, 23 foram causadas por contacto homossexual ou entre pessoas transgénero.

A estatística revelada pela secretária-geral da Comissão de Luta contra a Sida, Leong Iek Hou, aquando da 1.ª reunião de trabalho de 2021 do organismo, contabiliza ainda que, dos 34 casos registados entre Janeiro e Junho deste ano, 29 dizem respeito a homens e cinco são mulheres.

Apesar de Macau ser uma região de baixa incidência, Alvis Lo afirmou que face à tendência crescente de infecções por HIV resultantes de contactos homossexuais, os SSM vão alargar os serviços de prevenção e controlo da Sida a este grupo.

12 Ago 2021