Hoje Macau Manchete PolíticaSegurança nacional | Governo promete rever leis e reforçar actividades patrióticas O secretário da Administração e Justiça, André Cheong, disse ontem, no hemiciclo, que o Governo vai reforçar a segurança nacional em 2022, através de leis e acções de formação nas escolas e serviços públicos. Durante o debate sectorial das Linhas de Acção Governativas (LAG) para 2022, na Assembleia Legislativa (AL), André Cheong frisou que o Governo vai apresentar a alteração à “lei relativa à defesa da segurança do Estado”, a primeira desde que este diploma entrou em vigor, em 2009. “Ao longo dos 12 anos de execução da lei relativa à defesa da segurança do Estado, a situação da segurança internacional e das regiões vizinhas tem vindo a modificar-se, pelo que as garantias do sistema jurídico do Governo da RAEM para a defesa da segurança do Estado devem também acompanhar a evolução dos tempos no sentido de salvaguardar a soberania, a segurança e os interesses do desenvolvimento do Estado, de modo a prevenir e reprimir eficazmente a intervenção estrangeira e garantir efetivamente os direitos e interesses legítimos dos residentes e a prosperidade e a estabilidade da sociedade”, lê-se no documento. Reforço do patriotismo André Cheong prometeu ainda que para o ano os trabalhadores dos serviços públicos participarão em acções de formação sobre a Constituição e a Lei Básica, a lei relativa à defesa da segurança do Estado, a cultura chinesa, entre outras, com a finalidade “de aprofundar o sentido de identidade nacional dos trabalhadores dos serviços públicos e aumentar a sua capacidade na realização dos trabalhos da ação governativa”. Para 2022, o patriotismo também será reforçado nas escolas e associações através de “diversas actividades de divulgação jurídica centradas na Constituição, na Lei Básica, na lei relativa à defesa da segurança do Estado e nas leis fundamentais relacionadas com a vida quotidiana”.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteNuno Júdice, poeta | A poesia é a relação com a vida “A Estrofe que Dança”, uma antologia de poemas do mexicano Rámon López Velarde é o mais recente projecto editorial de Nuno Júdice, mas o poeta português está a preparar dois novos livros, um inédito e uma antologia poética. Em conversa com o HM, o autor lamentou que a poesia contemporânea tenha esquecido as influências clássicas Acaba de lançar uma antologia de poesia de Ramón López Velarde. Como surgiu a oportunidade de editar este projecto? Conheci a poesia de Velarde no México. Foi o primeiro contacto que tive com a biografia. Na Cidade do México, a Casa da Poesia foi construída no sítio onde viveu. É um espaço que todos conhecem, um centro da poesia da América Latina. [Velarde] interessou-me porque tem, no fundo, um universo com tópicos que passam pela vida na província, pelos costumes camponeses, pela memória da infância, muito ligada à Igreja, e as figuras dessas cidades. Eram, na altura, cidades muito pouco cosmopolitas. Isso tem muito a ver com as minhas memórias do Algarve e dessa relação com uma vida ainda rural. A antologia nasceu do facto de este ano ser o centenário da morte do poeta e por sugestão da embaixada do México para que fizesse esta antologia. Como tenho relações pessoais com o México, e sendo um país de que gosto muito, não foi uma imposição, foi algo que aceitei com muito gosto. Que linha orientadora seguiu para a selecção dos poemas? Velarde tem uma obra relativamente escassa, só publicou três livros, e não foi muito difícil fazer essa selecção. Quis dar um pouco os vários aspectos da sua poesia. Há uma parte que está ligada à influência da poesia sul-americana da época, uma poesia influenciada pelo pan-asianismo francês, com um certo formalismo na escolha do vocabulário, uma escolha muito erudita, mas não incompreensível, como alguns pan-asianos. Depois existem os poemas que se ligam a memórias da sua adolescência, o tempo passado no seminário, e os personagens familiares, pessoas ligadas a uma burguesia rural rica. Ele descreve os interiores das casas, as mulheres que tinham uma sensualidade que o atraía, embora ele fosse religioso. Depois um outro campo de poemas que são inspirados pelos dois amores que teve. São poemas em que esse amor é quase um canto desesperado para atingir o impossível. Quando vai para a Cidade do México já tem uma vida mais cosmopolita, e é a terceira parte da poesia, em que vemos toda a cultura da época, a atracção pelos bailados. A obra de Velarde tem também poemas relativos a esse cosmopolitismo e às mudanças políticas, em que se passa de um momento em que o país vive agitado e entra depois na normalidade. É um poeta muito rico em termos de figuras da sociedade e, ao mesmo tempo, dá-nos um lado biográfico fascinante. Ao lermos Velarde acabamos por compreender o México. Traduzi o poema final, que se tornou numa espécie de poema nacional do México, e onde temos uma visão do país desde a conquista até à actualidade. Esse é um dos grandes poemas do Velarde, embora já não tenha um aspecto mais pessoal da sua vida. Há dois poetas em Portugal que podemos comparar [com Velarde]. Um deles é o Cesário Verde, que dá a visão de uma Lisboa que ainda é campo, mas que já começa a ser uma cidade cosmopolita, e depois João Lúcio, um poeta pouco conhecido em Portugal. É do Algarve e também fala na sua poesia da sociedade do seu tempo. Publicar Velarde em português permite o acesso à poesia sul-americana? É uma poesia ainda pouco conhecida no universo da língua portuguesa? Sim. Têm havido algumas traduções dos grandes poetas sul-americanos da época, mas o mais conhecido continua a ser o Jorge Luís Borges que apaga um pouco todos os outros. Em relação a nós, é o Fernando Pessoa. Julgo que esta tradução pode ajudar a suscitar curiosidade por outros poetas e pela grande poesia da América Latina desde o fim do século XIX. Alguns dos grandes poetas espanhóis são sul-americanos. Publicou no ano passado “O Regresso a um cenário campestre”, depois de ter lançado também um livro de poesia em 2019. Depois desta antologia, planeia escrever um novo livro de poemas? Sim. Estou a preparar uma antologia dos 50 anos de poesia, o primeiro livro é de 1972 (risos). Já lá vai um tempo. Esse livro deve sair em Março ou Abril. Estou também a escrever um novo livro que sairá depois do Verão, lá para Setembro ou Outubro. Está no processo retrospectivo de olhar para tudo o que já escreveu. Como tem sido esse trabalho? Quando se lê tudo o que está para trás às vezes temos a tentação de pôr muitas coisas de lado. Ao longo da minha poesia tenho mantido a escrita sobre os mesmos temas, há um desenvolvimento e uma aproximação dessas realidades que vão amadurecendo com o tempo. Não rejeito nada daquilo que escrevi. É como se fosse um livro que tivesse começado a ser escrito em 1972 e que ainda continua. Fazer esse exercício é como se olhasse para si próprio. Sim. Há por vezes poemas que têm a ver com a época, um bocado mais formais, dos anos 70 e princípios de 80. São mais jogos de palavras. Mas, felizmente, nunca fui muito por esse caminho. Tenho mantido uma linguagem e uma temática muito pessoais. Considera-se um poeta dos sentimentos? Sim. O que talvez distinga a poesia da ficção é esse olhar para dentro. E quando olhamos para dentro há muitas memórias e imagens, lembranças da cultura e do que lemos. Mas o que há também é a relação com a vida. O sentimento tem uma parte importante. Como olha para a poesia que se faz hoje em dia? Há uma nova poesia e poetas importantes que ganharam já um lugar, na poesia feminina, mas também alguns poetas que se têm afirmado neste século. Na minha geração tínhamos muita influência da poesia francesa, e líamos e aprendíamos com a poesia portuguesa do século XIX, com Almeida Garrett, António Nobre, Cesário Verde. Hoje essas marcas culturais já não estão tão presentes. Há um afastamento da cultura mais clássica? Sim. E há também uma maior aproximação ao quotidiano, com uma linguagem mais próxima realidade contemporânea. Já não é uma língua poética como era na minha geração. Falamos de uma “poesia express”, para se ler no rodopio dos dias? Sim, e às vezes o problema é esse, porque depois perde-se. É uma poesia que vai desaparecendo quando a realidade passa a ser outra. Mas esse é o problema em relação à poesia desde sempre. Acha que a poesia tem menos qualidade? Não. A língua portuguesa presta-se muito à poesia, e é uma forma de expressão histórica e natural. Diria que, nesse aspecto, a qualidade da escrita a poesia mantém-se a um nível elevado. Às vezes é só preciso atingir a capacidade de fazer com que o poema permaneça e que comunique. Para mim, um aspecto essencial é que o poema fale com o leitor e que haja um diálogo entre os dois. Isso é o mais difícil. Com as redes sociais e a era digital é mais fácil publicar poesia e ficção sem que haja um filtro? Claro. O poema impresso, o livro, é fundamental. No meu caso, quando estou a ler as provas, percebo o que funciona e o que não funciona. Ver na Internet, num ecrã, há um contacto demasiado directo e não há distância que permita separar o que é bom do que é mau. Esse trabalho sobre a linguagem é fundamental.
Pedro Arede Manchete SociedadeCovid-19 | Alvis Lo rejeita vacinação ou teste obrigatório em crianças No seguimento da aprovação da vacinação a partir dos três anos, o Director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long, garantiu que a apresentação de certificado de vacinação ou teste negativo à covid-19 não será obrigatória para ir à escola, como já acontece na Função Pública. Nova aplicação do código de saúde com função de rastreio já foi descarregada 40 mil vezes Alvis Lo Iek Long, director dos Serviços de Saúde (SSM) assegurou ontem que, apesar da inclusão da faixa etária entre os 3 e os 11 anos no grupo elegível para ser inoculado contra a contra a covid-19, a apresentação de certificado de vacinação ou resultado negativo de um teste de ácido nucleico, não será obrigatória para as crianças irem à escola. Citado pelo canal chinês da TDM-Rádio Macau, o responsável disse que, pela sua natureza, as escolas não podem seguir o exemplo da Função Pública, mas que o aumento das exigências de vacinação será bem-vindo, desde que não vá contra a o princípio da voluntariedade. “Não podemos impor esse tipo de restrições ao nível da vacinação, impedindo assim as crianças [não vacinadas] de ir à escola”, apontou o director dos SSM, referindo-se aos alunos do ensino não superior. Recorde-se que, actualmente, as orientações dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) estipulam que todos os funcionários públicos tenham de apresentar comprovativo de vacinação ou teste de ácido nucleico com resultado negativo feito nos últimos sete dias. Tudo vai bem Sobre a nova aplicação para telemóvel do Código de Saúde, que inclui a funcionalidade de registo de itinerários das população e está actualmente em fase experimental, Alvis Lo revelou que o software já foi descarregado por 40 mil utilizadores desde o seu lançamento a 28 de Novembro. O responsável classificou ainda a resposta da população como “positiva” e salientou que “não foram identificados grandes problemas” com a utilização da aplicação. Paralelamente, acrescentou, está a decorrer um programa de sensibilização que visa os proprietários de estabelecimentos e outras instituições. Questionado sobre a utilização da aplicação de rastreamento será obrigatória para frequentar transportes públicos, Alvis Lo disse que o tópico terá que ser estudado. Recorde-se que a nova aplicação serve para fazer um ‘scan’ a um código QR dos locais frequentados, permitindo assim a entrada no interior dos espaços e registar o percurso dos utilizadores. Relativamente ao alargamento do prazo dos testes de ácido nucleico de 48 horas para sete dias, para entrar em Zhuhai, Alvis Lo referiu que a decisão foi tomada após um “estudo de ambos os lados da fronteira”, lembrando que as medidas anti-epidémicas de Macau são “altamente consistentes” com as restrições impostas pela Comissão Nacional de Saúde.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTurismo | Número de visitantes a subir e CCTV elogia Macau Um “ponto iluminado”. É desta forma que um dos principais órgãos estatais chineses elogiou a RAEM e as medidas de controlo da pandemia A RAEM é um “ponto iluminado” para o turismo, devido à segurança e às medidas aplicadas para controlar a pandemia. Os elogios partiram de um artigo publicado na segunda-feira no canal estatal CCTV, citado pela Reuters, sobre o mercado do turismo do Interior este ano. A região de Macau é assim destacada no que diz respeito às previsões sobre o crescimento do turismo por parte dos cidadãos do Interior. De acordo com as estimativas oficiais, apresentadas pela CCTV, até ao final do ano o mercado do turismo do Interior deverá ser de 25,62 milhões de viajantes, o que representa um aumento de 25 por cento face a 2020, quando o número registado foi de 20,34 milhões de viajantes. No entanto, grande parte dos turistas não viajaram para Macau. De acordo com as estatísticas oficiais, entre Janeiro e Setembro, a RAEM foi visitada por 5,24 milhões de pessoas do Interior. O número de 25,62 milhões de viajantes está muito longe dos níveis pré-pandemia, quando o mercado do turismo do Interior representava um valor superior a 100 milhões de turistas e 255 mil milhões de dólares norte-americanos em despesas nos lugares visitados. Macau tem sido um dos destinos mais afectados com a queda do turismo do Interior. No ano de 2019, o último antes da pandemia, a RAEM tinha recebido 27,93 milhões de turistas do Interior. Em 2020, os visitantes foram “apenas” 4,75 milhões. E o futuro? As estatísticas oficiais não apresentam estimativas para o mercado do turismo no próximo ano. No entanto, a mensagem transmitida é que as viagens podem ser facilitadas, dependendo das medidas de controlo da pandemia adoptadas pelos diferentes destinos. Segundo a CCTV, citada pela Reuters, o ritmo da recuperação em 2022 vai “depender de como cada destino lidar com a pandemia”. Com as medidas restritivas de circulação em Macau e o encerramento ao exterior, tal poderá indicar que o mercado vai continuar a crescer. Macau é uma das poucas jurisdições com uma bolha de viagem com o Interior, que dispensa o cumprimento de medidas de quarentena. Estas só são implementadas quando são detectados casos em regiões específicas ou na própria RAEM. O Governo já mostrou vontade de recuperar entradas ao nível das visitas de excursionistas, suspensas desde o início da pandemia. Esta retoma seria um reforço para o turismo local. Contudo, Ho Iat Seng já indicou que a taxa de vacinação entre a população vai ter de subir para 80 por cento. Por outro lado, o esforço pode implicar que a RAEM vai continuar a exigir quarentenas elevadas a destinos considerados de risco elevado, como é classificado todo o mundo, à excepção do Interior, Hong Kong e Taiwan.
João Luz Manchete PolíticaEducação | Marcelo e Ho aplaudem cooperação no ensino superior Ho Iat Seng e Marcelo Rebelo de Sousa participaram na abertura da Conferência do Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa. Os governantes destacaram o papel da cooperação das instituições de ensino superior na divulgação da língua portuguesa, na formação de quadros qualificados e na preparação para os desafios da era pós-pandémica O Instituto Politécnico de Macau e o Instituto Politécnico de Setúbal recebem até sexta-feira a 11.ª Conferência do Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa (FORGES), transmitida simultaneamente na internet para países e regiões de língua portuguesa, para o Interior da China e para Macau. O evento tem como objectivo “aproximar toda a comunidade académica, em especial decisores da política educativa, membros dos órgãos de gestão das instituições de ensino superior, administradores, docentes e investigadores”, com o intuito de reflectir sobre os principais temas estruturantes do ensino superior, assumindo-se como espaço de cooperação, partilha, aprendizagem e investigação de referência”. Ao longo desta semana, até sexta-feira, o evento vai reunir investigadores e instituições de ensino superior de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor. No discurso de abertura, o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, começou por afirmar que o formato da conferência online se “enquadra perfeitamente no tema ‘A Cooperação no Ensino Superior dos Países e Regiões de Língua Portuguesa Perante os Desafios Globais’”. O Chefe de Estado agradeceu a hospitalidade do Instituto Politécnico de Setúbal e o “empenho particular do Instituto Politécnico de Macau”, e afirmou que o Ensino Superior tem de estar à altura dos desafios que o Mundo tem pela frente. O Presidente português destacou o desempenho das instituições académicas durante as fases mais difíceis da pandemia, principalmente em termos de resposta científica, pedagógica e de apoio social aos estudantes e o serviço à comunidade. Mas também minimizando o impacto da pandemia, contribuindo com conhecimento importante para a testagem, criação de equipamentos e sensibilização para a vacinação. “Como académico que sempre fui e serei, a dimensão mais importante da minha vida, mas também como Presidente da República Portuguesa, quero testemunhar-vos a solidariedade, em torno dos valores que são os nossos e são os vossos”, afirmou realçando o empenho das instituições, “no sentido de recomeçar e ressurgir neste período, quase, quase, quase pós-pandémico”. O papel que lhe cabe Por seu lado, Ho Iat Seng garantiu que Macau assumirá o papel de servir de “plataforma sino-lusófona, aprofundando os intercâmbios e a cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. O Chefe do Executivo assinalou que o Governo da RAEM apoia a cooperação profunda com os Países de Língua Portuguesa no ensino superior e na formação de quadros qualificados. Assim sendo, o governante garantiu que serão dadas condições para o “intercâmbio de professores e alunos, de organização conjunta de cursos conferentes de grau académico e de construção conjunta de laboratórios de investigação e a formação de mais quadros bilingues em chinês e português”. O evento junta mais de 500 participantes, vindos de mais de 60 instituições de ensino superior e instituições dos países e regiões de língua portuguesa.
Pedro Arede Manchete PolíticaTalentos | Comissão não esclarece exclusões por nacionalidade A nova lei de captação de talentos que se encontra em consulta pública prevê a exclusão de indivíduos de “determinadas nacionalidades”. A Comissão de Desenvolvimento de Talentos recusou-se a especificar ao HM os países excluídos e vincou que a medida tem como referência a experiência das regiões vizinhas, nomeadamente Hong Kong A Comissão de Desenvolvimento de Talentos (CDT), entidade responsável por submeter a consulta pública o novo Regime de Captação de Quadros Qualificados, escusou-se a esclarecer as nacionalidades que podem justificar a exclusão de candidatos que pretendam trabalhar em Macau. Recorde-se que no capítulo referente aos factores de ponderação, a nova lei prevê, sem especificar, que algumas nacionalidades possam servir de argumento para excluir candidatos. “O Programa de Captação de Quadros Qualificados não é aplicável a indivíduos de determinadas nacionalidades (caberá aos serviços competentes a apreciação e imposição de restrições)”, é referido no documento que está em consulta pública até 24 de Dezembro. Questionado pelo HM sobre os países a que se refere o novo regime e as razões para introduzir as restrições, a Comissão de Desenvolvimento de Talentos, limitou-se a dizer que a medida está em linha com as práticas de outros países e regiões. “O facto de prever a não aplicabilidade do programa a indivíduos de determinadas nacionalidades tem por referência a experiência adquirida em programas semelhantes praticados por outros países e regiões, cabendo futuramente aos serviços competentes proceder à apreciação desta matéria”, pode ler-se na resposta enviada ao HM. Sobre a possibilidade de a medida ser considerada discriminatória, dado que pode resultar na exclusão de talentos necessários a Macau, não pela sua qualificação profissional, mas devido à proveniência dos quadros qualificados, a CDT não respondeu directamente, mas acrescentou que a sua principal inspiração foi o “Quality Migrant Admission Scheme”, de Hong Kong. “Tomando como referência as experiências das políticas de captação dos quadros qualificados das outras regiões, também existem restrições dirigidas a determinados destinatários, como o ‘Quality Migrant Admission Scheme’ de Hong Kong, que também não é aplicável aos cidadãos de certos países”, acrescentou o organismo. De referir que o “Quality Migrant Admission Scheme” não é aplicável a nacionais do Afeganistão, Cuba, Laos, Coreia do Norte, Nepal e Vietname, não constando no regulamento do plano qualquer explicação adicional sobre a matéria. Como água Na resposta enviada ao HM, a Comissão de Desenvolvimento de Talentos vinca que o novo Regime de Captação de Quadros Qualificados “irá prever critérios de notação que sejam abertos e transparentes”, assentando sobretudo em factores de ponderação como a habilitação académica, qualificação profissional ou credenciação sectorial, experiência profissional e realização pessoal. “Os indivíduos provenientes de outros locais podem apresentar a sua candidatura e aqueles que satisfaçam os requisitos essenciais, de acordo com a sua classificação e pontuação atribuída, poderão preencher as devidas quotas”, apontou a CDT. Recorde-se que o novo regime de captação de talentos prevê três programas de diferentes níveis, designados como “quadros altamente qualificados”, “quadros de excelência” e “quadros altamente especializados”. Entre as principais metas está a necessidade de desenvolver as áreas da saúde, finanças modernas, tecnologia de ponta e cultura e desporto para construir a zona de cooperação de Hengqin e colmatar lacunas de recursos humanos. O número total de quotas anuais de todos os programas não deve exceder as mil.
Hoje Macau Manchete SociedadeVacina da Sinopharm aprovada para crianças a partir dos 3 anos O Governo aprovou a vacinação para maiores de três anos com a vacina inactivada da Sinopharm. A informação foi revelada através de um despacho do Chefe do Executivo, publicado ontem em Boletim Oficial (BO). “A vacina inactivada é aplicável às pessoas com idade igual ou superior a três anos e inferior a 60 anos e às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos com boas condições de saúde e maior risco de exposição”, pode ler-se no despacho. Por outro lado, a vacina contra a covid-19 da BioNTech, baseada no RNA mensageiro (mRNA), continua apenas aplicável a maiores de 12 anos, é dito na mesma nota. Dado que o despacho entrou ontem em vigor, os pais ou encarregados de educação das crianças incluídas no intervalo etário podem proceder de imediato à marcação da vacina. Em comunicado, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus lembra que os menores de 18 anos que pretendem administrar a vacina contra a covid-19 devem obter o consentimento dos pais ou tutores. Seguir o exemplo A decisão das autoridades de Macau, vem no seguimento do anúncio da inclusão das crianças entre os 3 e os 11 anos no lote de elegíveis para a toma da vacina, tanto no Interior da China, como em Hong Kong. Recorde-se que na sexta-feira, o Centro de Coordenação indicou que a taxa de vacinação em Macau atingiu os 70 por cento, uma percentagem que inclui pessoas inoculadas com a primeira e segunda dose, mas que “continua baixa” entre os idosos. Isto, tendo em conta que a percentagem de habitantes com as duas doses tomadas é de 58,96 por cento. O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus indicou que a taxa de vacinação mais baixa se verifica a partir dos 60 anos: 57,8 por cento entre os 60 e os 69 anos, 37,1 por cento entre os 70 e os 79 anos e 12,2 por cento no grupo de pessoas com idade igual ou superior a 80 anos. As maiores taxas de vacinação concentram-se entre os 20 e 29 anos (91,4 por cento), entre os 30 e os 39 anos (94 por cento) e entre 40 e 49 anos (97,8 por cento). Na mesma ocasião, Centro de Coordenação aproveitaram para frisar que “o risco de ocorrência de doença grave e até mortal”, nesse grupo etário, “após a infecção por covid-19 é 100 vezes maior do que o normal” e que os idosos que não foram vacinados “apresentam um risco de infecção grave e de morte nove vezes maior do que os idosos que foram vacinados.
Pedro Arede Eventos MancheteRota das Letras | Festival literário decorre entre 3 e 5 de Dezembro A 10.ª edição do Rota das Letras realiza-se de 3 a 5 de Dezembro e conta com a participação de José Eduardo Agualusa e João Morgado. Deolinda da Conceição e o papel da mulher na literatura de Macau é o tema de abertura do festival literário, que inclui lançamento de obras, representações, concertos e exposições O festival literário, Rota das Letras, está de volta a Macau entre os dias 3 e 5 de Dezembro e, como já vem sendo habitual, terá na Casa Garden uma base para homenagear e interagir com autores, apresentar novas obras e providenciar uma série de eventos que vão desde workshops de literatura infantil e concertos, às artes de palco, passando por exposições de fotografia e escrita. José Eduardo Agualusa e João Morgado marcam presença virtual no evento. Em foco na abertura daquela que é a 10.ª edição do festival literário do território, estará a escritora macaense, Deolinda da Conceição, que dará o mote para se descortinar sobre o papel da mulher na literatura e na sociedade de Macau. No centenário do nascimento da escritora macaense, o Rota das Letras leva ao palco principal do evento uma série de escritores, académicos e tradutores para “celebrarem a sua vida e obra”. Além disso, pode ler-se numa nota oficial, será levada à cena uma performance baseada no seu livro de contos, “A Cabaia”. A produção, a cargo do grupo de teatro experimental “Artistry of Wind Box” será exibida nos dias 4 e 5 de Dezembro, na Galeria da Livraria Portuguesa. Entre os escritores que vão participar na edição deste ano do Rota das Letras, destaque para o angolano José Eduardo Agualusa, que falará virtualmente e a partir do exterior, da obra “Paraíso e de Outros Infernos”, um livro de crónicas que vai passar agora a ter edições em língua chinesa e inglesa. Também à distância, mas com o apoio da tecnologia, o escritor português João Morgado irá marcar presença para apresentar a obra “Contos de Macau”, uma colectânea que resulta da anterior passagem do autor pelo Festival Rota das Letras, em 2017. Entre as obras não editadas pelo Rota das Letras que serão apresentadas no palco da Casa Garden, destaque para “Farol”, da escritora chinesa Wang Yixin, “Amor Incondicional”, romance de ficção científica assinado por Leong Sok Kei, “Eu Desenho a Minha Vida”, da escritora e designer Un Kei; “Desenhando a Minha Cidade”, antologia poética de Arthur Ng, “Para Além da Memória”, do arquitecto André Lui e “Retratos de Luso-Asiáticos do Sri Lanka, do também arquitecto João Palla. O segundo dia do festival, terminará com uma sessão de poesia, organizada pela associação “Macau Outersky Poets”, que será também responsável por realizar um workshop de literatura infantil. A iniciativa será conduzida por Jojo Wong, vice-presidente da associação. Outras paragens De Macau para Praga, o centésimo aniversário do nascimento de Jorge Listopad, escritor, crítico literário e encenador, dá o mote para levar o Rota das Letras até Praga, capital da República Checa, onde Joaquim Coelho Ramos, director do IPOR nos últimos três anos, ficará a cargo de homenagear o autor. Passando para o palco, estão previstas seis representações da peça “Por Confirmar”, baseada na obra “A Alma Perdida”, da escritora polaca Olga Tokarczuk, Prémio Nobel da Literatura em 2018. Todas as sessões, ainda sem data, terão lugar no terraço do edifício Bela Vista, na Residência do Cônsul de Portugal em Macau. A encenação é da responsabilidade do grupo de teatro “Cai Fora”. Ao longo de duas noites do festival, o Art Garden vai ainda acolher uma performance da autoria de Isaac Pereira (texto) e François Girouard (música) intitulada “Não-Querer-Saber-de-Nunca-Saber-para-Onde-Ir”. No quadrante musical, haverá lugar para um concerto da banda “Work Tone” e dos vocalistas Gabriel e Maria Monte, sendo que a ocasião servirá também para a cantora portuguesa estrear em Macau canções do seu mais recente trabalho, o EP “Laços”. O concerto está agendado para a noite de 4 de Dezembro na sede da associação “Art For All”. Já no campo das artes plásticas, serão apresentadas duas exposições. A primeira, reúne trabalhos vencedores do concurso de fotografia organizado pela Macau Closer, “Uma Estranha Familiaridade”. A segunda, dá pelo nome de “Visto com os Pés, Escrito com os Olhos” e materializa-se numa mostra de trabalhos de fotografia e escrita de Carlos Morais José e Rosa Coutinho Cabral, que estiveram recentemente presentes no Festival Literário de Óbidos (Folio). De acordo com a organização do Rota das Letras, o programa detalhado do festival será divulgado nos próximos dias.
João Luz Manchete SociedadeSegurança | Criminalidade violenta subiu quase 20% até Setembro Durante os primeiros nove meses de 2021, a criminalidade violenta em Macau aumentou 19,5 por cento, incluindo homicídios, rapto e ofensas corporais graves. Os crimes informáticos, burlas e infracções de taxistas foram os delitos que mais aumentaram Ao longo dos primeiros noves meses de 2021, a Polícia de Macau instaurou 8.802 inquéritos criminais, mais 24,1 por cento em relação ao período homólogo do ano passado, de acordo com o balanço da criminalidade divulgado ontem. No resumo das estatísticas do crime, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, evidenciou “a manutenção da casuística do crime cibernético”, e a subida de crimes relacionados com a troca ilegal de moeda. O responsável justifica as tendências com o “aumento do número de turistas entre Agosto e Setembro, período anterior ao registo de casos epidémicos e, bem assim, da frequência do uso e do tempo que as pessoas despendem nas redes sociais”. Entre os delitos com maior impacto social, destaque para a subida da criminalidade violenta, com o registo de 202 delitos violentos entre Janeiro e Setembro de 2021, face a 169 no mesmo período do ano passado, representando um aumento de 19,5 por cento. Neste capítulo, as autoridades realçam os pontos em comum dos três homicídios cometidos no período em análise. Todos estiveram relacionados com troca ilegal de moeda e tanto as vítimas como os suspeitos são oriundos do Interior da China. Todas as vítimas são mulheres “que exerciam a actividade de troca ilegal de moeda, foram mortas em quartos de hotel por indivíduos de sexo masculino que se fizeram passar por “clientes” e que, em seguida, roubaram os pertences da vítima”. Além destes fios condutores, é também mencionado que os três casos foram resolvidos com a ajuda sistema “Olhos no Céu”, apontado como determinante para resolver cerca de 30 por cento de todos os crimes. Como tal, o secretário para a Segurança afirmou que vão ser instaladas mais 300 câmaras, que devem entrar em funcionamento em 2023. Quanto aos crimes de natureza sexual, a tendência mais preocupante verificou-se no número de violações, com o aumento de 18 para 25 casos, uma subida de 38,9 por cento. Mais de metade das violações registadas ocorreram em quartos de hotel e, segundo as autoridades, 70 por cento das vítimas estaria em estado de embriaguez. Wong Sio Chak afirmou a este propósito que foram “reforçadas as inspecções nos locais de entretenimento e arredores destes”, assim como os esforços de sensibilização para a segurança pessoal. Os crimes de abuso sexual de crianças, que foram uma das manchas do ano passado, desceram 16,7 por cento para 15 casos nos primeiros nove meses de 2021, em comparação com o período homólogo de 2020. Património desprotegido Além da retoma ligeira dos crimes de usura, um clássico das estatísticas criminais do território, com o aumento de 5,3 por cento, as burlas dispararam para 987 casos, um crescimento de 47,1 por cento. A mesma tendência foi seguida pela falsificação de documentos que, com um total de 343 crimes registados, aumentou 54,5 por cento e pelas ocorrências de fogo posto, que subiram 47,8 por cento para 34 casos. Até agora, foram resolvidos 24 casos, entre os quais 12 provocados de forma dolosa devido a razões emocionais, vingança e embriaguez, e oito causados por pontas de cigarro. Depois das fortes restrições fronteiriças impostas pelas medidas de combate à pandemia, as rotas de tráfico de drogas foram interrompidas e o crime evoluiu adaptando-se à nova realidade. Nos primeiros nove meses de 2021, as autoridades registaram 64 casos de tráfico de droga, o que representou uma subida de 20,8 por cento. As substâncias apreendidas foram, principalmente cocaína, metanfetamina (Ice), canábis e suas substâncias psicoactivas (THC). Face às referidas restrições fronteiriças, “os grupos de tráfico de droga começaram a recorrer aos pacotes postais para traficar drogas para Macau”, aponta Wong Sio Chak. Maldita internet Até agora, 2021 está a ser marcado pelo crescimento exponencial dos crimes informáticos, com um total de 744 casos nos primeiros três trimestres do ano, representando uma subida de 279,6 por cento. Uma prática que se tornou particularmente frequente foi o furto de dados de cartões de crédito. Wong Sio Chak destaca as operações conjuntas das autoridades das duas regiões autónomas especiais que desmantelaram quatro associações criminosas, com mais de 50 membros interceptados, um montante aproximado de 7 milhões de patacas. Também as burlas online aumentaram, nomeadamente os “namoros” e “investimentos” com casos a aumentarem 50 por cento e 18,8 por cento, respectivamente, causando um prejuízo total de quase 60 milhões de patacas. Outro destaque negativo no período em análise refere-se às infracções cometidas por taxistas, 133 casos, que aumentaram 143 por cento. Entre os delitos as autoridades destacaram a cobrança excessiva, recusa de tomada de passageiros, regateio do preço e comportamentos indevidos, desrespeitosos ou indelicados por parte de taxistas.
Pedro Arede Manchete PolíticaAL | Comissão quer rever medidas de apoio aos desempregados A Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública preteriu outros temas para se focar exclusivamente nas medidas de apoio aos desempregados. Numa altura em que a taxa de desemprego é de 3,9% e muitos recém-licenciados estão sem trabalho, os deputados querem saber que medidas vai tomar o Governo e se o regime de incentivos e formação criado em 2004 vai ser revisto Das várias cartas colocadas ontem em cima da mesa pelos deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, apenas uma foi seleccionada enquanto tema a debater nos próximos tempos: o apoio aos desempregados. Para os membros da Comissão, face à subida da taxa de desemprego, fixada actualmente em 3,9 por cento, o aumento dos casos de suicídio e do número de recém-licenciados que não consegue entrar no mercado de trabalho, urge perguntar ao Governo que medidas vão ser tomadas para colmatar a situação e, por consequência, se o Regulamento dos Incentivos e Formação aos Desempregados em vigor há 17 anos vai ser revisto. “Este regulamento foi criado em 2004 e (…) estamos a constatar que há mais desemprego em Macau. Por isso, queremos saber quais as medidas de apoio que o Governo vai conceder aos desempregados e se o regulamento vai ser ou não alvo de revisão ou actualização, porque queremos também acompanhar o ponto de situação dos finalistas e desempregados”, explicou ontem Zheng Anting, que preside à Comissão de Acompanhamento. Questionado especificamente sobre os tópicos a abordar com o Governo em futuras reuniões, o secretário da Comissão, Lei Chan U, apontou que os deputados estão “preocupados com a eficácia [geral] do regulamento”, nomeadamente com os montantes dos subsídios, os “mecanismos de elevação de competitividade dos trabalhadores” e os apoios a desempregados com deficiência física ou comportamental ou dificuldades de integração no mercado de trabalho. O secretário partilhou ainda que, a reboque da pandemia, segundo um relatório do Fundo de Segurança Social (FSS), em 2020, foram recebidos 14.820 formulários de pedidos de ajuda para a atribuição de subsídios de desemprego e concedidos apoios a 5.339 candidatos, num montante de 52 milhões de patacas. O valor representa um aumento de 2,6 vezes relativamente ao ano anterior. Fica para a próxima Durante a reunião de ontem, foi também sugerido pelos deputados o acompanhamento de outros temas, como a formação de talentos, as carreiras da função pública, mecanismos e legislação afecta à zona de cooperação em Hengqin, a atracção de investimento, medidas de apoio ao sector cultural e artístico e o desenvolvimento das quatro indústrias apontadas para a diversificação económica de Macau. Contudo, após votação, ficou decidido que, a breve trecho, a Comissão irá abordar apenas o tema das medidas de apoio aos desempregados por ser uma questão complexa e premente. “Estamos a ver que o ponto de situação do desemprego implica vários serviços públicos e até o FSS. Não sabemos se a situação do desemprego ainda se vai agravar mais e, por isso, queremos acompanhar os assuntos, um por um, para podermos tomar conhecimento das medidas a adoptar pelo Governo. Só depois é que vamos acompanhar outro assunto”, justificou Zheng Anting.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPensões | Deputados querem reforma obrigatória de trabalhadores idosos Os deputados do sector comercial e financeiro querem que o privado tenha um regime de reforma forçada, como na função pública. O objectivo é evitar o despedimento de trabalhadores mais velhos e encarar a reforma como a celebração de uma nova vida Wang Sai Man, Chui Sai Peng, Kou Hoi In e Ip Sio Kai querem que seja estabelecida uma idade de reforma, para que as empresas não tenham de despedir os funcionários. A ideia foi apresentada ontem na Assembleia Legislativa pelo deputado Wang Sai Man. “Face à necessidade de garantir a segurança no trabalho e a renovação dos recursos humanos, os empregadores só podem recorrer ao despedimento sem justa causa para despedir os trabalhadores idosos, afectando a relação laboral harmoniosa entre trabalhadores e empresas”, afirmou. Segundo Wang, estes despedimentos acabam por transformar “a reforma, que devia ser um momento para celebrar uma nova fase da vida, num cenário de usar e deitar fora”. O legislador sugeriu que o sistema de reformas da função pública fosse referência, nomeadamente a obrigatoriedade de passar à aposentação quando atingida uma idade limite. Presidente da AL apoia Durante a sua intervenção, Wang Sai Man mencionou falar em nome de Chui e Ip, no entanto, na conclusão do discurso afirmou tratar-se de um pedido conjunto dos quatro deputados do sector comercial e financeiro, o que implica que a medida tem apoio do presidente da AL, Kou Hoi In. A menção não causou alarido nem qualquer protesto de Kou. “O que falta é definir uma idade para a reforma na Lei das relações de trabalho, e que seja a mesma na função pública e no sector privado”, apelou. “Nós, os quatros deputados do sector comercial e financeiro, apelamos ao Governo para estudar o estabelecimento de um regime que defina bem a idade da reforma, aperfeiçoando a legislação, com vista a consolidar a base em prol de Macau”, acrescentou. Além da questão da relação laboral, os deputados acreditam também que um regime de reforma é benéfico para, o que dizem ser, o início de uma nova fase na vida. “Um regime humanizado com a definição da idade da reforma permite que os seniores usufruam duma vida nova e de liberdade num ambiente mais seguro e adequado”, concluíram. Online | Ma Io Fong quer jornais a transmitir energias “positivas” Ma Io Fong considera que os órgãos de comunicação social online são a principal fonte de informação dos jovens e que, por isso, devem transmitir “energias positivas”. Segundo o deputado apoiado pela Associação das Mulheres, esta responsabilidade é uma forma de consolidar a formação dos mais jovens para se integrarem na Grande Baía e no desenvolvimento social. “Os meios de comunicação online são a fonte de informação com que os jovens mais contactam. Sugiro aos diversos sectores da sociedade e aos órgãos de comunicação social que assumam a sua grande responsabilidade, e que, em conjunto, aumentem e ajudem a reunir energias positivas, com vista a fornecer informações positivas aos jovens, a promover a formação de valores éticos e bons costumes, e a criar, em conjunto, um lar saudável para o crescimento dos jovens”, apelou. Estudo de políticas | Ella Lei arrasou falta de dados Ella Lei criticou o Governo devido à falta de dados sobre desemprego ou habitação na altura de discutir políticas novas, apesar dos muitos estudos encomendados. “Nos últimos dois anos, quando a sociedade pretendeu discutir com o Governo algumas políticas, este ignorou ou rejeitou tal solicitação, com o pretexto de falta de dados”, recordou. “E, muitas vezes, o Governo até pede à sociedade para lhe facultar dados sobre desemprego, procura de emprego, trabalhadores em férias não remuneradas e necessidades e habitação”, indicou. “Os serviços públicos responsáveis pelo estudo das políticas gastam anualmente avultados montantes do erário público para incumbir instituições de efectuar pesquisas e estudos […]. Então, aquando da discussão, porque é que o Governo alega sempre ‘não ter informações’? Isto é totalmente incompreensível!”, apontou. Função Pública | Deputado alerta para trabalho depois do expediente Lei Leong Wong, deputado ligado à comunidade de Fujian, recebeu queixas de funcionários públicos devido a contactos de chefias no horário pós-laboral com pedidos urgentes de trabalho. “Embora o uso de mensagens instantâneas possa aumentar a eficiência de trabalho, aumenta ao mesmo tempo o volume de trabalho dos funcionários, especialmente no período fora do horário de expediente e nos feriados, porque têm de tratar com frequência das ordens de superiores”, relatou Lei. “Como nestas circunstâncias não estão reunidas condições para o cálculo de trabalho extraordinário, caso a situação seja comum e contínua, os direitos e o descanso dos trabalhadores são afectados”, acrescentou. Segundo Lei Leong Wong, muitas mensagens chegam aos funcionários depois das 23h ou 00h e, mesmo para tarefas não urgentes, requerem resposta imediata.
João Luz Manchete SociedadeGoverno anuncia taxa de 70%, duas doses estão abaixo de 59% O centro de coordenação anunciou na sexta-feira que Macau atingiu 70% de taxa de vacinação, percentagem que contempla o número de habitantes que tomaram pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19. A percentagem de habitantes com as duas doses tomadas é de 58,96% O centro de coordenação de contingência anunciou na sexta-feira que Macau atingiu uma taxa de vacinação de 70 por cento, e que a “taxa de vacinação do grupo de pessoas alvo” era de 78,8 por cento. “A taxa de vacinação em Macau continua a aumentar e o Centro de Coordenação agradece a toda a população o apoio e a colaboração prestada no Programa de Vacinação”, acrescentou o organismo encarregue de combater a pandemia. Estes eram os números tendo em conta o total de habitantes inoculados com, pelo menos uma dose, às 11h de sexta-feira. O mesmo centro anunciava que às 16h do dia anterior haviam sido “administradas 877.412 doses da vacina, num total de 477.861 pessoas vacinadas, das quais 72.117 com a primeira dose da vacina, 402.310 pessoas e 3.434 pessoas completaram as duas e três doses da vacina respectivamente”. Feitas as contas, a percentagem de habitantes que haviam completado a vacinação fixava-se em 58,96 por cento. Aliás, no mesmo comunicado onde se dá conta da taxa de 70 por cento, é sublinhado que “a taxa de vacinação dos idosos em Macau continua baixa”, com as autoridades a apelarem à imunização, o mais rapidamente possível, deste segmento demográfico, especialmente “as pessoas que tenham idade superior a 60 anos”. É ainda argumentado que a investigação científica demonstra que a “ocorrência de doença grave e até mortal entre os idosos, após a infecção por covid-19 é 100 vezes maior do que o normal”. Grupos de risco Na parcela demográfica de risco mais elevado, o centro de coordenação deu conta que entre as pessoas com idades dos 60 aos 69 anos, cerca de 57,8 por cento tinha levado, pelo menos, uma dose da vacina. As coisas pioram com o avançar da idade. No grupo entre os 70 e 79 anos de idade, apenas 37,1 por cento tinha tomado, pelo menos, uma dose da vacina, enquanto no grupo com 80 anos ou mais, a percentagem era de 12,2 por cento. Neste caso, as autoridades não descriminam a proporção dos que foram vacinados com duas doses da vacina. Na sexta-feira, foi registado um caso adverso dois dias depois da inoculação da segunda dose da vacina mRNA da BioNTech. Por volta das 21h, um homem de 22 anos recorreu ao no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário queixando-se de dores no peito, dores de cabeça e febre. Um electrocardiograma revelou alterações anormais, incluindo níveis de troponina T cardíaca “significativamente elevados”, indiciando lesão miocárdica. O paciente foi diagnosticado com miocardite, foi internado na sexta-feira à noite e, depois de tratado, as dores no peito diminuíram, apresentando condição clínica normal. Desde o início da vacinação em Macau, as autoridades registaram nove casos adversos graves em mais de 877 mil doses administradas.
Pedro Arede Manchete SociedadePaulo Pun defende espaço para migrantes expressarem opiniões Depois do CPSP ter levado 16 pessoas para a esquadra por participarem em actividades públicas afectas às presidenciais filipinas, Paul Pun considera que é preciso encontrar formas para os TNR expressarem opiniões e exercerem direitos civis e políticos. Mesmo que seja dentro de portas. “Se não for possível expressar opiniões, o resultado pode ser negativo”, alerta o responsável da Cáritas Macau O secretário-geral da Cáritas Macau, Paul Pun, considera que é preciso encontrar soluções para que os trabalhadores não residentes (TNR) possam expressar opiniões e exercer direitos cívicos e políticos em Macau. Caso os trabalhadores migrantes “se mantenham sempre calados”, o resultado “pode ser negativo”, a nível psicológico e social, apontou o responsável ao HM. A posição de Paul Pun surge depois de, no início do mês, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) ter “convidado” 16 pessoas da comunidade filipina a prestar depoimentos na esquadra, por estarem envolvidas em actividades públicas relacionadas com as presidenciais de 2022 do país, nas Ruínas de São Paulo e nas imediações da Torre de Macau. Para o secretário-geral da Cáritas, apesar de os TNR serem encorajados a não expressar opiniões políticas e a entregar-se apenas ao trabalho, importa não esquecer que o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos prevê que todas as pessoas têm o direito de expressar as suas convicções sobre assuntos políticos e civis. Para Paulo Pun, essa é inclusivamente uma forma de contribuir para a harmonia social. “Existe a ideia de que os TNR vêm aqui para trabalhar e não para ser cidadãos normais como os outros residentes, mas a verdade é que eles são cidadãos do mundo, quer estejam nas Filipinas ou em Macau”, começou por dizer. “Estas pessoas estavam apenas a demonstrar as suas preocupações, neste caso a apoiar um candidato às eleições do seu país. Macau não é um bom lugar para expressar este tipo de opiniões e vê, no geral, a vinda destas pessoas apenas na perspectiva laboral e não para ‘perturbar’ a harmonia social. Mas a verdade é que as pessoas têm o direito de expressar as suas opiniões e, para mim, isso é uma forma de exercer ou contribuir para essa harmonia”, partilhou com o HM. Pontos de fuga Por isso mesmo, Paul Pun defende que devem ser criadas alternativas para que os trabalhadores migrantes tenham a oportunidade de expressar opiniões e exercer os seus direitos, mesmo que isso tenha de acontecer em privado. “O Governo local não encoraja este tipo de manifestações públicas, caso contrário não tinha encaminhado [para a esquadra] os migrantes que manifestaram a sua opinão, certo? Por isso, acho que deveriam existir grupos cívicos para permitir aos trabalhadores reunirem e vocalizarem as suas preocupações. Mesmo que seja dentro de portas, deve ser possível que se juntem para exercerem os seus direitos”, sublinhou. Para Pun, se os TNR “se mantiverem sempre calados e não puderem expressar opiniões”, o resultado pode ser “negativo”, até porque através destas manifestações “é possível aprender” e “compreender melhor a sua forma de pensar”. Recorde-se que, no seguimento das detenções, está a decorrer uma investigação que pode implicar a violação ao direito de reunião e manifestação e ainda a utilização do símbolo da RAEM na produção de materiais de promoção do candidato presidencial Ferdinand Romualdez Marcos Jr.. Em resposta ao HM, o CPSP recusou ter havido qualquer detenção e sublinhou que as 16 pessoas foram apenas ouvidas como “assistentes na investigação”.
João Luz Eventos MancheteTeatro | “Projecto d’ Homens” estreia hoje na BlackBox do Antigo Tribunal A companhia d’As Entranhas Macau apresenta hoje e amanhã no Antigo Tribunal a peça “Projecto d’ Homens”. O HM falou com Vera Paz, responsável pela encenação, direcção artística e dramaturgia, sobre os momentos que antecedem as pancadas de Molière, a adaptação de um guião que passou a ser interpretado a três línguas e a desconstrução de estereótipos A horas do último ensaio geral antes da estreia de “Projecto d’ Homens”, Vera Paz confirmava que tudo estava a postos para a première hoje às 20h30 na BlackBox do Antigo Tribunal. Em vez de nervosismo, a actriz que tomou as rédeas dramatúrgicas da adapção da peça apresentada em Portugal em 2017, prefere falar do sentimento de responsabilidade que, “à medida que os anos passam, fica cada vez maior”. “Projecto d’ Homens”, que será apresentado também amanhã no mesmo lugar e hora, tem a duração de uma hora ao longo de um acto único sem interrupção, onde três actores se desdobram enquanto protagonistas, actores secundários e figurinos, numa performance que alia a fisicalidade e monólogos e diálogos em português, inglês e cantonês. Angústias, pensamentos, amores e desamores são elementos emocionais que atravessam a narrativa, exorcizando os demónios das crises de meia idade. Em palco vão estar Jorge Vale, Kelsey Wilhem e Machi Chon. Antes do ensaio geral, a encenadora descreveu ao HM o processo que culmina mais logo em palco. “Gostei muito desta experiência. Eles são muito generosos, não são actores profissionais. Os actores amadores têm a particularidade de se entregarem e amarem, de facto, aquilo que estão a fazer. Para mim, foi uma descoberta com eles, um crescendo de confiança, de segurança de parte a parte e fomos construindo assim”, conta. Na impossibilidade de trazer a Macau o formato original de “Projecto d’ Homens”, devido a todas as complicações originadas pela covid-19, a peça foi adaptada com grande entrega dos actores. “Os monólogos foram escritos pelos actores e adaptados por mim. Não têm uma componente biográfica, mas realidade e ficção tocam-se”, conta. A mulher do leme Desta vez, Vera Paz não estará em palco, assumindo a direcção artística, dramaturgia e encenação. “A minha experiência profissional é principalmente como actriz, mas herdei este projecto do encenador de Portugal. A encenação é totalmente nova e o guião totalmente diferente. Apenas o conceito se mantém (o que é isto de ser homem).” Seguindo o método criativo d’As Entranhas, a improvisação é preponderante num processo sem guião estruturado à partida, mas composto em colaboração com os actores. Além disso, sem tradução simultânea e com três línguas em palco, a peça será um reflexo da cidade. “Macau também é esta realidade que todos conhecemos, este lost in translation, mas onde existe uma identidade própria”, descreve a encenadora, confessando que a confluência de línguas foi uma opção assumida. “Com certeza que haverá algo que irá escapar a quem não domine as três línguas. Mas o espectáculo também tem uma componente plástica e visual bastante forte, muito física. Portanto, acho que isso não será um problema”, explica Vera Paz. No que diz respeito ao guião, à mensagem, cada personagem chega ao palco da Blackbox com viagens diferentes e respectivas crises com variações diversas de revolta e angústia. No rescaldo do movimento #Metoo e num mundo ainda intensamente dividido e desigual, Vera Paz não considera que “Projecto d’ Homens” seja uma afirmação. “Não acho que seja um manifesto, acho até que é mais um anti-manifesto, que pretende mais levantar questões do que dar respostas”, afirmou. Durante uma hora, além de angústias e inquietações masculinas, “Projecto d’ Homens” põe em causa clichés, desconstrói estereótipos, por vezes espelhando-os, expondo as entranhas de um tema eterno e sem resolução.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Governo apresenta aplicação para registar itinerários Era para ser voluntária e assim será no período experimental. Mas, Leong Iek Hou deixou ontem o aviso: a aplicação de registo de percurso pode tornar-se obrigatória. Segundo o Executivo, as informações sobre o trajecto “apenas” ficam registadas numa aplicação do telemóvel e o acesso depende do consentimento do utilizador O Governo apresentou ontem uma aplicação para telemóvel que vai registar o percurso de todos os cidadãos. A instalação do software será voluntária, numa primeira fase, mas, ao contrário do prometido em conferências anteriores, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, avisou que há grandes probabilidades de passar a ser obrigatória. Durante a fase experimental será voluntária e vai ter três funções: servir de código de saúde, registar o percurso dos utilizadores e o cruzar o percurso dos utilizadores com o de infectados e casos de contacto próximo. A última funcionalidade permite detectar se o utilizador é um caso de contacto próximo, alterando automaticamente a cor do código de saúde, o que irá implicar a realização de teste de ácido nucleico e obrigatoriedade de cumprir quarentena. “Pretendemos através desta aplicação saber que pessoas estiveram em contacto com infectados e contactos próximos. É uma aplicação para acelerar a eficácia do combate à epidemia”, justificou Leong Iek Hou. Segundo Leong, os estabelecimentos vão ter um código QR único. Assim, quando o utilizador digitalizar esse código, a informação sobre a localização vai ser guardada no telemóvel, onde fica durante 28 dias. Após esse prazo, o Governo diz que o registo é eliminado. Também numa primeira fase, a informação sobre o percurso não pode ser acedida pelas autoridades sem o consentimento do utilizador, mesmo em caso de infecção. “Após o consentimento do infectado, o seu percurso é carregado no sistema e pode ser utilizado para comparar com o percurso de outros utilizadores”, informou. “É uma aplicação que, por agora, tem como função auxiliar as pessoas a registarem o seu trajecto. Esta informação é muito importante para combater a epidemia”, justificou. Obrigações de excepção Em caso de “surto grave”, as autoridades não afastam a possibilidade de aceder ao registo do percurso de infectados. O cenário foi admitido por Leong, que afirmou depender da “situação real”. A aplicação entrou numa fase experimental e já pode ser utilizada nas instalações dos Serviços de Saúde (SSM), no Grande Prémio de Macau e no Festival de Gastronomia. Dependendo do período experimental, o sistema poderá ser alargado a outros espaços como “estabelecimentos de comes e bebes”, que terão o seu código QR único. Também por agora, é possível usar o código de saúde normal, mas o Governo já antevê o encerramento do site. “A manutenção do site para declaração de saúde vai depender da utilização. Se as pessoas vão na maioria utilizar a aplicação, então vamos desligar o website”, explicou a médica. No caso de haver cidadãos sem telemóveis, os SSM estão a estudar a instalação de máquinas em estabelecimentos comerciais, e outros espaços afins, para registar a identidade dos clientes, assim como as horas a que entraram e saíram. Descontos só com registo A partir de 11 de Dezembro os utilizadores do Macau Pass só podem gozar do desconto de três patacas caso associem o cartão à sua identidade. Se viajarem de forma anónima, perdem o desconto actualmente em vigor e têm de pagar seis patacas, tal como acontece quando o transporte é pago com dinheiro vivo. O registo para associar o documento de identificação ao Macau Pass arranca a 27 de Novembro e pode ser feita no portal www.macaubusreg.com.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEleições | Secção do Partido Socialista vai escolher nova direcção José Rocha Diniz, secretário-coordenador, pediu para deixar a direcção e os socialistas vão ter de eleger um novo representante. O prazo das candidaturas termina a 26 de Novembro A secção do Partido Socialista (PS) vai escolher uma nova direcção no dia 3 de Dezembro, em Assembleia Eleitoral que vai acontecer entre as 18h e 22h no Clube Militar. A convocatória já foi anunciada e as eleições surgem depois de José Rocha Diniz, actual secretário-coordenador, ter pedido para abandonar o cargo. “Não tenho intenções de me candidatar. Fui eu que pedi para fazerem eleições, porque já estou no cargo há mais de 20 anos [ndr. com uma interrupção] e, por isso, não tenho intenção de me candidatar a nada, a absolutamente a nada”, afirmou Rocha Diniz, em declarações ao HM. De acordo com o secretário-coordenador, a decisão já havia sido tomada há vários meses, mas devido à pandemia só nesta altura foi possível avançar para um novo acto eleitoral. “Entendi que queria deixar a direcção há vários meses. Só que com a pandemia havia dificuldades, portanto, e, apenas por isso, as eleições só vão poder ser realizadas agora”, indicou. “Mas as eleições vão acontecer porque eu pedi para deixar de estar na direcção”, sublinhou. Até à manhã de ontem, a mesa da Assembleia Geral da secção de Macau do Partido Socialista ainda não tinha recebido qualquer candidatura. Os interessados têm como data limite para avançarem as 23h59 de 26 de Novembro, ou seja, na próxima sexta-feira. “Ainda não recebi nenhuma candidatura”, confirmou Tiago Pereira, presidente da mesa. De acordo com os dados avançados, nesta altura, há mais de 20 militantes activos na secção do PS de Macau. O número representa uma quebra face ao passado. “Tivemos alguns militantes que saíram de Macau. Não foi propriamente nos últimos tempos, porque a grande maioria saiu ainda antes de 2020. As saídas não estão propriamente relacionadas com a pandemia”, acrescentou o presidente da mesa. Um dever As eleições de Dezembro podem marcar uma mudança na história mais recente da secção local do PS. Incentivado a fazer um balanço sobre os seus mandatos, Rocha Diniz optou por focar que tudo se tratou de um dever. “Não faço balanço nenhum, é uma realidade local e não posso fazer um balanço. Sou militante do Partido Socialista e cumpri uma obrigação”, apontou. “É uma obrigação, nem quero entrar em considerações se foi, ou não, uma experiência gratificante”, acrescentou. As eleições para a secção local acontecem a pouco mais de um mês das Legislativas de Portugal, agendadas para 30 de Janeiro. No Consulado de Portugal em Macau, o acto deverá ocorrer entre os dias 29 e 30 de Janeiro. Questionado se as eleições locais podem ter impacto no acto para a Assembleia República, Rocha Diniz deixou antever uma menor participação da comunidade portuguesa face a actos anteriores, mas por motivos diferentes. “O que vai afectar a votação é a saída de muitos portugueses de Macau, militantes e simpatizantes do PS. Saíram durante a pandemia e isso é que vai afectar”, argumentou. O ainda secretário-coordenador desvalorizou a importância dos votos dos portugueses em Macau para os resultados em Portugal. “Quando Mário Soares venceu a primeira eleição em Portugal, perdeu em Macau com uma margem superior a 90 por cento. Os votos em Macau são sempre muito poucos”, explicou. As urnas de Macau são contabilizadas no círculo fora de Europa, que elege dois dos 230 deputados que vão constituir a Assembleia da República. Os actuais deputados eleitos por este círculo são José Cesário (PSD) e Paulo Porto (PS).
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteAna Bárbara Pedrosa, escritora: “Ser mulher é irrelevante no que escrevo” Com apenas dois romances lançados, Ana Bárbara Pedrosa é considerada uma das novas vozes da literatura portuguesa. O HM conversou com a escritora no FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos sobre o seu último romance, “Palavra do Senhor”, onde a autora fez um exercício de desconstrução de uma série de dogmas presentes na Bíblia O seu percurso como escritora é muito recente. Como surgiu esta oportunidade? Simplesmente escrevi um romance, enviei-o para a editora que o quis publicar, neste caso o “Lisboa Chão Sagrado” [2019]. O processo de edição foi relativamente rápido. Já publiquei, entretanto, outro, “Palavra do Senhor”, depois da pandemia, o que me tem permitido um maior contacto com os leitores. Penso que tem uma premissa que agarra, que é a hipótese: “E se de Deus escrevesse um romance?” Em “Palavra do Senhor” abordou a questão da religião, que gera sempre algum debate, nomeadamente a relação de Deus com Maria, que é repensada. Porque decidiu enveredar por aí? Não houve propriamente uma decisão ponderada, não tive muito tempo para pensar no assunto. Os escritores têm sempre aqueles livros na cabeça, que sabem que um dia vão pegar, aqueles temas. Eu também tenho isso, temas que ainda não agarrei por, talvez, não ser o momento, por achar que não tenho a maturidade necessária para escrever a narrativa que vou formando na cabeça. No meu caso, “Palavra do Senhor” não teve nada disso. Tinha acabado de publicar, uns meses antes, “Lisboa, Chão Sagrado”, e tinha começado uma outra narrativa, mas houve uma altura em que comprei o volume do Frederico Lourenço, a nova edição do Novo Testamento, da Quetzal. Um dia sentei-me para ler os quatro evangelhos do Novo Testamento e pensei que um crente terá sempre de ter um problema, porque o que está ali é a palavra que deve ser lei, uma questão de dogma, mas a verdade é que essa palavra se contradiz em minudências. Por exemplo: Maria saiu do túmulo em silêncio ou de lado? Há duas versões. Há pormenores em que se denota que aquilo que é dito como uma verdade divina tem, na verdade, erros humanos, ou tem uma interpretação. Partindo dessa premissa, como começou o trajecto para a criação literária? Pensei que a única forma de o problema se resolver era que esse Deus, essa entidade de que todos os crentes falam, mas que nunca deu [sinal] de si, dissesse qual era a verdade, estabelecesse a última versão das várias versões em que os crentes têm acreditado. A minha abordagem à Bíblia, aqui, não é uma coisa religiosa, no sentido em que não proponho uma nova leitura, mas a questão da abordagem literária, o interesse pela história. Da mesma forma que existe literatura de ficção científica, aqui interessou-me fazer uma coisa diferente e entrar nessa cabeça que nos está vedada em termos de história, porque há quem diga coisas em nome de um Deus que nunca falou, e na História nunca existiu. A partir do momento em que se parte para o “E se?”, é para começar a escrever. Quando se cogita “o que será ser esse Deus, que nunca falou, mas de quem todos têm uma opinião”, e escrever o que ele acha e o que pode ser verdade ou mentira dentro da história contada. Depois foi muito divertida a questão de dirigir o primeiro olhar sobre as coisas, mas também de criá-las. Naquele capítulo em que falo da criação dos dinossauros, estou a criá-los. O problema deste livro não é um imbróglio religioso. Não tenho muito interesse [nesse tema]. É religiosa? Fui criada como católica, mas sou ateia. É uma coisa que acho da vida, não tenho paciência nenhuma para os dogmas, mas como instrumento literário é uma coisa muito forte. É um livro escrito na primeira pessoa e eu gostei muito de ser essa personagem. A linguagem do romance está injectada com algum sentido de humor. Foi um instrumento para descomplicar a temática? Não quis, mas foi surpreendente porque depois de o livro sair toda a gente me falou do sentido do humor dele. Quando o entreguei [à editora] achava que estava a entregar um livro sério. Tenho tendência para fugir para a piada e se calhar é natural criar alguns cenários humorísticos. Terá sido isso que aconteceu, sem ter essa intenção. Mas é bom que os leitores possam ter esse sentido. Há um ridículo de um Deus que está sempre a fazer asneiras. Se olharmos para a história do planeta e da humanidade, ao assumirmos que há um Deus que criou tudo isto e que ama os humanos, também é inevitável pensar nos erros. Tive uma dificuldade acrescida neste livro. Qual foi? Como partia da história do planeta, tive de encaixar isso no sentido de um fio condutor da narrativa. Estava a criar os dinossauros, mas a seguir tinha de os matar. Tive de fazer esta criatura toda poderosa a brincar, a experimentar, e depois a fazer isso com as personagens humanas. E há depois a questão da paixão por Maria em que eu inverto o paradigma, pois ela passa a ser o cerne da religião e Jesus o instrumento. Ao contrário do que a religião católica nos conta. Aí, a Maria é um útero fértil, não existe como pessoa. Mas existem versões que dão um papel mais importante a Maria. Mas não são canónicas, e nunca é um papel pessoal, mas de fêmea. A função reprodutora de Maria. Sim, e engravidar de um Deus sem permissão é quase uma violação divina. A verdade é que Maria foi uma mãe que perdeu o filho para a construção da Igreja. O tempo que passa com Jesus acaba por ser muito reduzido, porque ele tem a missão de construir a Igreja. Para uma mãe, não parece um rumo feliz. Pretende explorar mais esta tema no futuro? Nunca pretendo nada depois de um livro. Posso recuperar alguma coisa, mas a partir do momento em que ele é entregue para edição a ideia fica aí. Para mim, a temática não é religiosa, mas sim a construção de uma personagem, o “e se?”. Pode falar da próxima obra depois de “A Palavra do Senhor?” Prefiro não falar até as coisas estarem decididas. Escrevi algo que está na gaveta e acho que daqui a uns meses vou recuperar. Como é o seu processo de escrita? Como decide “é isto” e não outra coisa? Varia muito. Escrevi o “Lisboa, Chão Sagrado” em dois meses. Mas primeiro tive uma ideia, escrevi 20 páginas, e acho que vou incluir isso num quarto livro, que já escrevi há uns anos, mas que está péssimo. Com o “Palavra do Senhor” reescrevi uma parte. Escreve crónicas no jornal digital “A Mensagem” e também no Observador. Como salta para este tipo de escrita, onde decerto aborda outros temas? Os temas da crónica também estão no romance, as ligações entre pessoas, que é o que me interessa mais no romance, tanto do ponto de vista da escrita como da leitura. Claro que um romance é um projecto mais ambicioso, com mais dúvidas e que demora muito a planear. E nunca se tem certeza de nada. A crónica apanha um momento fugaz. Há quem a considere uma das novas vozes femininas da literatura portuguesa… Não sou uma voz feminina, sou uma voz literária. Acontece muito isso, ninguém diz a um homem que é um autor masculino, aparece sempre como neutro. A questão de ser mulher é irrelevante naquilo que escrevo. Não escrevo sobre mulheres. O que me interessa na literatura é ser o outro, e não me interessa ser outras mulheres, por exemplo. Como é a sua relação com o leitor? É evidente que, a partir do momento em que se escreve com a intenção de publicar, é essencial respeitar o leitor. Às vezes, mais na poesia, naquele tipo de escrita mais fragmentária, parece-me que a criação assenta mais em apontamentos individuais que não têm o objectivo de contar uma história. Às vezes parece uma vaidade de palavras, como se escrever complicado fosse bom. Em Portugal há isso, no Brasil nem tanto. Não cumpre o jogo da comunicação, é pretensioso. Claro que ao escrever também me interessa comunicar com o leitor.
Sérgio Fonseca Desporto Grande Prémio de Macau MancheteAntevisão | Grande Prémio marcado pelo segundo ano consecutivo por restrições transfronteiriças As restrições de entrada em Macau fazem com que pela primeira vez desde 1954 o Grande Prémio seja disputado sem qualquer estrangeiro. E como o azar de uns é a sorte de outros, nestas condições especiais Charles Leong pode tornar-se no primeiro piloto de Macau a vencer de forma consecutiva a principal prova do Grande Prémio Para os mais críticos e astutos na arte de maldizer, esta será mais uma edição de chacha, com uma chama em que nada se aproxima das edições de outros tempos. Infelizmente, as limitações fronteiriças não permitem muito mais que isto, embora haja um consenso generalizado no paddock que muito mais poderia ter sido feito no campo desportivo. Em termos de imagem para o exterior, independentemente da qualidade das corridas e dos seus intervenientes, a verdade é que Macau vai mais uma vez passar uma mensagem de resiliência e o Grande Prémio, que no tempo da administração portuguesa resistiu a tufões, ameaças de morte, crises políticas, financeiras e sociais, mantém-se de “pedra e cal” após o regresso à Pátria Mãe e a sua honrosa continuidade mantém-se sem sair beliscada. Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 Com uma lista de inscritos que em tudo se assemelha à vista em 2020, e pelo que assistimos no ano passado, teremos novamente um duelo entre os jovens locais Charles Leong, vencedor na estreia da Fórmula 4 no Circuito da Guia, e Andy Chang. Qualquer outro resultado, que não a vitória de um destes dois, será uma surpresa. Se Leong ganhar, será o primeiro piloto de Macau a vencer por duas vezes a prova rainha do Grande Prémio. Corrida da Guia Macau O 50.º aniversário da Corrida da Guia merecia, pelo menos, a presença da MG, pois existe o risco de um domínio fácil dos Lynk & Co oficiais de Ma Qing Hua e Jason Zhang, vencedor da controversa Corrida da Guia no passado. Os dois pilotos da Teamworks vão igualmente disputar o título do TCR Asia nas ruas de Macau, tendo Zhang 22 pontos de vantagem sobre Ma. Felizmente, Andy Yan (Honda), Lo Sze Ho (Hyundai) e Filipe Souza dão garantias de que o resultado não está decidido à partida. O piloto macaense, um dos três representantes de Macau na prova, vai tentar, pelo menos, conquistar um resultado no pódio, algo que nenhum piloto do território conseguiu em 49 edições Taça GT Macau Talvez a única das corridas cuja qualidade dos participantes melhorou ligeiramente de um ano para o outro. O vencedor da corrida Leo Ye Hongli (Porsche) está de volta, assim como o vencedor da primeira edição, Darryl O’Young (Mercedes). A estes, há que juntar o segundo classificado do ano passado, Marchy Lee (Aston Martin), o segundo classificado de 2013, Alexandre Imperatori (Porsche), o terceiro classificado de 2020 e campeão chinês de resistência, David Chen (Audi), Taça GT Grande Baía A chegada de mais carros da classe GT4 ao outro lado das Portas do Cerco, a que se juntam os carros que ainda sobram da defunta Taça Lotus, permitem uma grelha de partida colorida, com oito marcas diferentes. Sem os dois vencedores anteriores desta corrida presentes, Chang Chien Shang (BMW) seria o favorito, se Kelvin Leong Ian Veng (BMW), que se estreia nesta corrida, não estivesse à partida. Taça de Carros de Turismo de Macau A corrida volta ao formato utilizado de 2014 a 2016, apenas para carros de cilindrada 1600cc. Sem os dois primeiros classificados da pretérita edição, apesar de não ter a melhor máquina, – essa será provavelmente o Chevrolet Cruze do local Ryan Wong – o veterano português Rui Valente (MINI) assume-se como um dos favoritos à vitória, assim como Célio Alves Dias (MINI), que num dia bom pode discutir pódios. Ainda entre os macaenses, destaque para a presença de Sabino Osório Lei (Ford), que já provou ser capaz de subir ao pódio, e do estreante Junio Pereira (Ford). Taça Challenge Macau Separados dos congéneres de motorizações de 1600cc, os “monstros” com cilindradas acima de 1950cc correrão a solo e um pódio sem pilotos de Macau seria como uma hecatombe. Wong Wan Long (Mitsubishi) quererá repetir as vitórias de 2013 e 2020, mas os pilotos de matriz portuguesa poderão ter uma palavra a dizer. Jerónimo Badaraco (Mitsubishi) regressa a uma corrida que conhece após ter conquistado o troféu dos 1600cc Turbo no ano passado e Luciano Lameiras (Mitsubishi) dominou as corridas de treino em Zhaoqing no Verão. Delfim Mendonça Choi (Mitsubishi) trocou de carro este ano e já mostrou que pode acompanhar os mais experientes rivais. O traquejado Eurico de Jesus (Honda) vai tentar a sua sorte com uma viatura completamente diferente das restantes. Factos: Este não é o primeiro Grande Prémio em que os estrangeiros não foram convidados a participar. A primeira edição, em 1954, também só permitiu a participação de pilotos de Macau e Hong Kong, apesar do interesse de pilotos de outras paragens. A Corrida da Guia celebra a sua 50.ª edição, com uma corrida de 12 voltas no domingo. A primeira edição, disputada em 1972, teve 53 voltas ao Circuito da Guia, – Este é o segundo ano consecutivo em que não haverá pilotos portugueses residentes em Portugal à partida em nenhuma das corridas. A última vez em que se registou um período tão longo de ausência de representação da “metrópole” durou de 1966 a 1986, A nova Taça Challenge Macau mais não é que a antiga corrida Macau Road Sport Challenge que se disputou de 2008 a 2016 Curiosidades: Os prémios monetários a atribuir nas seis corridas são todos iguais este ano. Os vencedores das corridas levam para casa HK$ 16,000, os segundos classificados HKD$ 11,000 e os terceiros classificados HK$ 6,000. Rob Huff, Edoardo Mortara, Alessio Picariello ou Juju Noda (a filha de 15 anos do ex-piloto de F1 Hideki Noda) foram alguns pilotos que terão ponderado participar no evento, mesmo sabendo da obrigatoriedade da quarentena. A prova deste ano vai ser marcada pela estreia de três construtores automóveis chineses no Circuito da Guia: Dongfeng Honda, GTMC (GAC Toyota Motor Co) e Changan Automobile. A Avon será a fornecedora de pneus exclusiva da Taça GT Macau, Corrida da Guia e Taça GT Grande Baía. Esta será a primeira vez que a marca inglesa equipa pneus de uma prova internacional de TCR e a primeira desde há quase uma década de corridas de carros GT3.
Hoje Macau China / Ásia MancheteImprensa | China e EUA comprometem-se a diminuir restrições sobre jornalistas O clima de tensão entre os dois países está a diminuir. Nas vésperas da cimeira virtual entre Xi e Biden, saiu um acordo que visa aliviar as restrições impostas aos órgãos de comunicação social de ambas as nações A China e os Estados Unidos concordaram em aliviar as restrições para trabalhadores de órgãos de comunicação social dos dois países, reflectindo uma ligeira diminuição das tensões entre os dois lados. O jornal oficial chinês em língua inglesa China Daily noticiou que o acordo foi alcançado antes da cimeira virtual de terça-feira entre o Presidente da China, Xi Jinping, e o homólogo dos Estados Unidos, Joe Biden. Ao abrigo deste este acordo, os EUA vão emitir vistos de entradas múltiplas de um ano para trabalhadores de órgãos de comunicação social chineses e iniciarão imediatamente um processo para tratar de questões sobre a “duração das acreditações”, apontou o China Daily. A China vai retribuir ao conceder tratamento igual aos jornalistas dos EUA, assim que as políticas norte-americanas entrarem em vigor, e ambos os lados vão emitir vistos para novos candidatos “com base nas leis e regulamentos relevantes”, acrescentou. Em declarações à agência de notícias Associated Press (AP), o Departamento de Estado norte-americano disse que a China se comprometeu a emitir vistos para um grupo de jornalistas dos EUA “desde que sejam elegíveis, de acordo com todas as leis e regulamentos aplicáveis”. “Também vamos continuar a emitir vistos para jornalistas [chineses] que são elegíveis, de acordo com as leis dos EUA”, apontou a mesma fonte, citada pela AP. A China também se comprometeu a aumentar o prazo de validade dos vistos dos jornalistas norte-americanos actualmente a trabalhar no país asiático, dos atuais 90 dias para um ano. “Numa base recíproca, estamos comprometidos em aumentar a validade dos vistos emitidos para jornalistas da RPC [República Popular da China] para um ano também”, de acordo com o comunicado do Departamento de Estado. Ambos os lados também vão oferecer vistos de entradas múltiplas, indicou. Ano difícil No ano passado, os EUA cancelaram 20 vistos emitidos para funcionários de órgãos oficiais chineses e exigiram aos restantes um registo como agentes estrangeiros, entre outros regulamentos. A China retaliou através da expulsão de jornalistas que trabalhavam para órgãos norte-americanos e restringiu severamente as condições para aqueles que continuaram a trabalhar no país. O novo acordo surgiu como “resultado de mais de um ano de difíceis negociações sobre o tratamento dos órgãos de comunicação em ambos os países”, disse o China Daily. O Departamento de Estado disse que permaneceu em consulta com os jornais afectados, bem como outros órgãos que enfrentam falta de pessoal devido às decisões do Governo chinês. “Estamos gratos por os correspondentes poderem retornar à China para continuarem o trabalho. Congratulamo-nos com este progresso, mas vemo-lo apenas como um passo inicial”, apontou, em comunicado. O Departamento de Estado acrescentou que vai continuar a trabalhar para expandir o acesso e melhorar condições para os órgãos norte-americanos e estrangeiros na China. “Continuaremos a defender a liberdade de imprensa como um reflexo dos nossos valores democráticos”, afirmou o Departamento de Estado.
João Luz Eventos MancheteCinema | Propaganda do Estado Novo analisada em seminários A Casa Garden é anfitriã de uma série de seminários que mostram como o Estado Novo usou o cinema para impor uma imagem de Portugal enquanto país pluricontinental e multirracial. “Azuis ultramarinos – Re-imaginar o império pela análise das projecções (anti-) coloniais no cinema” é o resultado de anos de pesquisa da académica Maria do Carmo Piçarra Na próxima quarta-feira, a partir das 18h30, realiza-se a segunda parte de uma série de quatro seminários sobre o papel do cinema na propaganda usada pelo Estado Novo para transmitir uma imagem positiva do exercício do poder nas antigas colónias, incluindo no Oriente. Com o título “Azuis ultramarinos – Re-imaginar o império pela análise das projecções (anti-) coloniais no cinema”, e apresentação da académica Maria do Carmo Piçarra, os seminários estão divididos em quatro partes. A primeira decorreu ontem, e as próximas serão apresentadas na próxima quarta-feira, a partir das 18h30, e nos dias 1 e 9 de Dezembro à mesma hora. Além da possibilidade de serem seguidos online, através do Zoom, os seminários serão transmitidos em directo na Casa Garden. As quatro sessões resultam de anos de pesquisa da investigadora da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. “Estes seminários são quase uma síntese de uma década e meia de pesquisas, em que andei por arquivos militares, da cinemateca, museu de etnologia, para perceber como o Estado Novo usou o cinema para veicular um determinado tipo de propaganda”, conta ao HM Maria do Carmo Piçarra. No grande ecrã era transmitida uma narrativa estatal, que o espectador recebia, pela via do entretenimento, e assumia como sua, sem se aperceber que o discurso lhe estava a ser incutido. A produção audiovisual da máquina de propaganda do Estado Novo só começou a promover a realização de filmes no Oriente a partir de 1951, sobretudo documentários. “Em relação a Macau, o discurso era um bocadinho sobre o exotismo e as particularidades do território. Já sobre Goa, os filmes davam muito enfoque à questão dos templos e à suposta aceitação do regime português da diversidade religiosa”, conta a investigadora, que aponta também a intensificação da propaganda nos retratos de Timor-Leste. A caminho de Oz Em Macau, e nas restantes colónias a Oriente, Maria do Carmo Piçarra destaca na produção fílmica desta época dois grandes nomes: Ricardo Malheiro e Miguel Spiegel. Em 1952, estreava “Macau, Cidade do Nome de Deus”. Na locução do filme documental, Fernando Pessa apresentava a cidade desta forma: “Na placidez das águas dos mares do sul da China, animadas pelo exotismo dos seus barcos e rodeadas pelo encanto das suas ilhas e costas verdejantes e coloridas, ergue-se uma velha e maravilhosa cidade portuguesa, rica de colorido e ineditismo, e diferente, muito diferente de todas as outras cidades portuguesas. Essa cidade é Macau, terra de colinas e outeiros, de jardins de sonho e frondoso arvoredo com um governo português que conta quatrocentos anos.” Era desta forma complacente que se apresentava o território. “Joia do Oriente”, de Miguel Spiegel é outro exemplo do tipo de produção que fez durante o período de pré-guerra colonial. Estes filmes mostravam as colónias portuguesas, também em África, “focando as especificidades de cada uma, mas também sempre com a ideia luso-tropicalista de que o colonialismo português era diferente, mais brando, de aceitação da diversidade cultural, racial e religiosa”, conta. No entanto, a académica recorda que eram produzidos outro tipo de filmes, altamente controlados pelas autoridades. “Por um lado, havia vontade de promover as ofertas turísticas de territórios como Macau, Angola, Moçambique ou Timor. Por outro lado, nunca se queria mostrar (em Macau isso é óbvio) os bairros onde viviam pessoas em situações de grande pobreza”, afirma Maria do Carmo Piçarra. A académica encontrou nos arquivos de Macau referências expressas, por exemplo, a locais onde era proibido filmar, acrescentando que “havia sempre alguém do Centro de Informação e Turismo, destacado para acompanhar as equipas de rodagem quando iam fazer a repérage[escolha dos locais de rodagem] dos sítios em que se podia filmar”. Estas produções privadas, muitas vezes estrangeiras (em particular de Hong Kong), eram escrutinadas até ao limite. As próprias histórias não podiam retratar aspectos negativos das colónias. Em Macau, tudo era controlado. Delegados do Centro de Informação e Turismo faziam relatórios detalhados sobre a produção, que iam parar às mãos do Governador, e que incluíam mesmo informação sobre os hotéis onde as equipas de produção ficavam instaladas. Com organização do Centro de Investigação para Estudos Luso-Asiáticos, Fundação Oriente e Universidade de Macau, o ciclo de seminários será ministrado em português e a entrada é livre. De frisar que as próximas sessões deste seminário, ou seja, da segunda à quarta sessão, serão transmitidas exclusivamente online, via Zoom. As ligações para as sessões podem ser consultadas neste link.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSaúde | Comunidade filipina em situação frágil devido a baixa literacia Um estudo elaborado por académicos do Instituto de Enfermagem do Hospital Kiang Wu conclui que a comunidade filipina na RAEM está menos informada sobre cuidados de saúde do que compatriotas seus que trabalham noutras regiões A comunidade Filipina em Macau tem grandes dificuldades em obter informação, conhecimentos e cuidados médicos. Esta é uma das conclusões de um estudo elaborado pelo Instituto de Enfermagem do Hospital Kiang Wu, publicado em Outubro na revista científica Healthcare. No documento intitulado a “Literacia em Saúde entre os Trabalhadores Domésticos Filipinos em Macau”, os académicos Cheong Pak Leng, Wang Hui, Cheong Wan e Lam Mei Ieng estudaram os conhecimentos da comunidade, na perspectiva da literacia em saúde. Este conceito diz respeito à capacidade de acesso a informação, à sua compreensão e utilização de forma a promover e manter um estado de boa saúde. Os 379 questionários válidos feitos na comunidade filipina de empregadas domésticas mostram que a maioria “não tem capacidade de aceder, compreender, avaliar e comunicar as suas necessidades face a diferentes situações do estado de saúde”. Os dados apurados demonstraram também que a proporção de indivíduos com conhecimentos para responder adequadamente ao estado de saúde é de 37,4 por cento em Macau, dado é inferior ao das comunidades filipinas em regiões como o Myanmar, Vietname, Indonésia, Cazaquistão, Malásia e Taiwan. Os mais novos são os que estão menos atentos às questões de saúde e que menos conhecimentos têm. Porém, esta tendência é vista pelos autores como generalizada em grupos com poucas qualificações académicas. Sobre os factores que contribuem para a baixa literacia, um dos principais é a falta de conhecimentos de chinês e inglês a um nível mais elevado. Em relação a este aspecto, os investigadores detectaram uma relação que explica que quanto melhor inglês falam, mais preparadas as pessoas se mostram. Contudo, o domínio do chinês é um desafio, porque apenas seis inquiridos disseram ter um bom nível. Ao mesmo tempo, 337 consideram o seu chinês “pobre”, enquanto 36 afirmaram ser “razoável”. Condições de vida complicadas O inquérito foi composto por 12 perguntas sobre a dificuldade ou facilidade a completar determinadas acções, como chamar uma ambulância, obter informações sobre o programa de vacinação de Macau ou pedir apoio caso sofram problemas mentais como depressão ou excesso de stress. A acção que levantou mais problemas à comunidade de trabalhadores domésticos foi o conhecimento sobre as vacinas necessárias em Macau, com 45 por cento dos inquiridos a considerar muito difícil obter a informação. Este foi um ponto destacado pelos autores, uma vez que o inquérito foi feito numa altura de pandemia. Os académicos sublinharam ainda que a população inquirida vive em condições de pobreza, com 39,6 por cento a sobreviver com um salário entre 4.001 e 4.500 patacas. Ainda mais abaixo, 36,7 por cento aufere rendimento igual ou inferior a 4.000 patacas, e apenas 17,4 por cento afirmou receber mensalmente um salário acima de 4.501 patacas.
Nunu Wu Manchete PolíticaTaiwan | Políticos locais apoiam as posições de Xi Jinping Tina Ho, Kou Hoi In, Liu Chak Wan e Chui Sai Peng foram alguns dos políticos que vieram a público apoiar o Presidente Xi Jinping, após a conferência com Joe Biden, e a defender a inevitabilidade da reunificação com Taiwan Um grupo de políticos e personalidades de Macau apoiou publicamente Xi Jinping e declarou total intransigência face a movimentos independentistas de Taiwan. A posição de representantes de forças tradicionais foi tomada ontem num artigo no jornal Ou Mun, na sequência da cimeira online entre Xi Jinping e Joe Biden. Tina Ho, presidente da Associação Geral das Mulheres e irmã do Chefe do Executivo, sublinhou que a reunificação com Taiwan é uma certeza absoluta. De acordo com a dirigente, tudo vai ser feito para que a reunificação pacífica se torne uma realidade. A histórica dirigente da Associação Geral das Mulheres afirmou que os residentes devem explicar a todos os compatriotas “o sucesso” do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, que no seu entender é um exemplo que Taiwan vai querer seguir, impulsionando a reunificação. Também Liu Chak Wan, membro permanente do Comité Nacional do CCPPC, indicou apoiar totalmente o Presidente Xi, e destacou a mensagem contra qualquer força separatista que vise cortar o cordão umbilical entre Taiwan e a China. Liu vincou também que os próprios EUA se mostraram contra a independência da Ilha Formosa, mostrando respeitar os três comunicados, ou seja, os documentos que defendem a existência de uma única só China e que permitiu reestabelecer as relações diplomáticas entre os dois países. Por sua vez, a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) também manifestou o apoio total a Xi Jinping, com o vice-presidente, Fong Ka Fai, a afirmar que o destino da China passa pela reunificação com Taiwan, que considera inevitável. Fong destacou ainda que a maioria da população de Taiwan, assim como de Hong Kong e Macau, almeja a reunificação e que quem promover a divisão do país vai ser punido severamente. “Player” internacional Kou Hou In, presidente da Assembleia Legislativa, veio também a público tomar uma posição sobre as conversações entre os presidentes da China e dos Estados Unidos da América. Segundo o líder do órgão legislativo da RAEM, apresentado no artigo como presidente da Associação Comercial de Macau, após a transferência da soberania, Macau tornou-se num agente internacional com a responsabilidade de promover a reunificação, ao mesmo tempo que desempenha um papel positivo na construção de uma relação saudável entre a China e os EUA. O presidente da AL manifestou ainda total apoio a Xi nas políticas necessárias para a reunificação e para conduzir as relações com os EUA. Finalmente, o deputado José Chui Sai Peng considerou que a conversa entre os dois países foi honesta e que a relação bilateral saiu valorizada. Chui Sai Peng destacou igualmente que os EUA entendem que uma relação saudável entre os dois países é positiva para a ordem global.
Pedro Arede Manchete PolíticaApoios | Ho Iat Seng diz que “não pode depender tudo do Governo” e afasta mais dinheiro este ano O Chefe do Executivo afastou ontem a possibilidade de injectar qualquer montante adicional nos cartões de consumo até ao final do ano, pediu desculpa aos idosos e deixou um aviso: “não pode depender tudo do Governo”. Sobre o alargamento do prazo dos testes à covid-19 para sete dias nas fronteiras, Ho Iat Seng apontou que “falar é fácil” e que é preciso controlar bem a pandemia numa altura em que a China regista novos surtos O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng foi ontem peremptório ao afirmar que até ao final do ano, o Governo não vai voltar a injectar mais dinheiro nos cartões de consumo. Durante a sessão plenária dedicada a responder às perguntas dos deputados acerca do Relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2022, Ho Iat Seng avisou ainda que a injecção de capital não é “ilimitada” e que “não pode depender tudo do Governo”. Respondendo a uma questão lançada por Ella Lei, deputada ligada aos Operários, o Chefe do Executivo começou por apontar que, até ao final do ano, há montantes por utilizar afectos à ronda ainda em vigor do cartão de consumo e pediu a compreensão da população. Até porque, desde o início da pandemia, já saíram mais de 100 mil milhões de patacas dos cofres do Governo para esse e outros fins relacionados. “Este ano não o vamos fazer, porque o cartão de consumo tem uma validade e não podemos injectar capital de forma ilimitada. Estamos quase no final do ano e ainda há valores excedentes que as pessoas não utilizaram”, começou por explicar Ho Iat Seng. Sublinhado que, tanto o governo como os residentes estão a sofrer uma “grande pressão” devido à pandemia, o Chefe do Executivo pediu a “compreensão de todos”. “Já pagámos quase 110 mil milhões de patacas para injectar nos cartões de consumo e suportar despesas”. No seguimento da ideia, Ho Iat Seng avisou ainda a população que o Governo não pode ser a solução para todos os problemas e o responsável por dispensar dinheiro sempre que há dificuldades. “Não pode depender sempre tudo do Governo. Se uma pessoa está em dificuldades claro que temos garantias e protecção para os residentes, mas tem de haver uma compreensão mútua entre o Governo e a população. Não se pode pedir dinheiro sempre que acontece qualquer coisa”, explicou o governante. Ho Iat Seng reforçou ainda a impossibilidade de conceder mais verbas à população no curto prazo, dada a queda abrupta das receitas dos casinos e lembrou que a leitura que é possível fazer da taxa de desemprego excluí os trabalhadores em regime de licença sem vencimento. “Será que quando uma pessoa não trabalha um dia temos logo de ir compensar esse dia de trabalho?”, atirou. Pedido de desculpas Apesar de Ella Lei também ter pedido explicações acerca da ausência do subsídio de previdência central de 7.000 patacas destinado aos idosos no orçamento para 2022, somente quando respondeu a José Pereira Coutinho sobre este assunto Ho Iat Seng referiu nada poder fazer porque não está “acima da lei”. Ainda assim, o governante fez questão de dirigir um pedido de desculpas aos idosos. “Esta questão tem a ver com a lei e não está relacionada com o facto de não querermos dar as 7.000 patacas aos idosos. Como Chefe do Executivo tenho de cumprir a lei e não tenho o poder para (…) abusar dos meus poderes”, começou por dizer. “Temos de ter saldo positivo para atribuir esse dinheiro aos idosos. O deputado está sempre a falar em responsabilização e [naturalmente] não vou pedir ao secretário para violar a lei e ser acusado pelo deputado. Peço desculpa aos idosos de Macau, mas é a lei”, acrescentou. Vamos persistir Durante a sessão de perguntas e respostas sobre as LAG, o Chefe do Executivo afastou também a possibilidade de vir a alargar, a breve trecho, o prazo de apresentação do resultado negativo do teste de ácido nucleico das actuais 48 horas para sete dias, com o objectivo de cruzar as fronteiras entre Macau e o Interior da China. Em resposta à deputada Ella Lei, Ho Iat Seng disse estar ciente da enorme vontade da população nesse sentido e dos benefícios que isso traria para Macau, mas apontou que a actual situação epidémica da China não é estável e que é necessário manter as medidas actuais. “Não há rosas sem espinhos. Se volta a haver surtos em Macau, os residentes voltam a estar impedidos de sair de Macau. Muitas pessoas falam em aumentar o prazo para sete dias, mas falar é fácil. Nem no Interior da China está a ser possível levantar todas as restrições. Estamos todos a sofrer, mas o Governo quer controlar bem a pandemia. É o único método”. Sobre a reabertura das fronteiras, Ho disse que o Governo tem muita vontade de agir, mas que a questão é mais complexa do que aparenta ser. “O poder não está connosco. O Governo quer agir (…) e estamos constantemente a aplicar esforços e em diálogo com as diferentes regiões e zonas afectadas para permitir o levantamento de restrições”, assegurou. Cibersegurança | Ho considera que jovens de Macau são imaturos “Temos de sensibilizar os jovens para se protegerem melhor. Como não são muito maduros é fácil serem induzidos a praticar actos ilegais”, afirmou ontem Ho Iat Seng, em resposta a um deputado nomeado, Kou Kam Fai, a propósito dos riscos que os mais jovens correm online. O deputado e director da Escola Secundária Pui Ching afirmou que é preciso consciencializar a população para os perigos da Internet, necessidade sublinhada pelo facto estatístico de que mais de 90 por cento dos jovens entre os 6 e os 17 anos consome conteúdos online. Devido à exposição aos perigos online, o Chefe do Executivo afirmou que o Governo tem dado “grande atenção” ao fenómeno, inclusive através de campanhas de sensibilização dirigidas aos mais novos e vulneráveis e integrando no Código Penal crimes como pornografia de menores, introduzido com uma iniciativa legislativa que entrou em vigor em 2017. Referindo as medidas de introdução de leis no ordenamento jurídico da RAEM, Ho Iat Seng afirmou que “é o Governo que domina esse trabalho, mas cabe às escolas e aos pais educarem e sensibilizarem as crianças”. O governante defendeu ainda que é responsabilidade dos pais analisar e decidir o que é permitido aos filhos quando acedem à internet. Saúde | Chefe do Executivo quer residentes tratados em Macau A necessidade de sair de Macau para receber tratamento médico é algo que Ho Iat Seng quer resolver com a entrada em funcionamento do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. “Esperamos que os nossos doentes sejam tratados em Macau. Estou confiante porque vamos ter um centro hospitalar de renome e uma boa equipa da área de saúde”, apontou ontem o Chefe do Executivo, respondendo às questões da deputada Wong Kit Cheng. Um dos trunfos do Governo é a parceria com a Peking Union Medical College Hospital, entidade que irá participar na exploração, gestão e prestação de serviços do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, e na formação de profissionais de saúde. Neste aspecto, Ho Iat Seng afirmou que pretende atrair jovens de Macau que tenham completado o curso de medicina no exterior para estagiar no Hospital das Ilhas, realçando que no complexo não será aplicado o mesmo modelo de funcionalismo público. Porém, o governante deixou uma garantia: “Quanto a equipamentos, vamos comprar os melhores do mundo para que o hospital esteja bem apetrechado”. Seguindo a toada argumentativa de que o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas contribuirá de forma decisiva para a reforma do sector da saúde no território, Ho Iat Seng afastou a possibilidade de criar um seguro de saúde universal. A insuficiência de médicos no sector privado foi a razão apontada pelo líder do Governo. De momento, saem dos cofres públicos 10 mil milhões de patacas para despesas da área da saúde. Fatia orçamental que Ho Iat Seng prevê fazer crescer com a entrada em funcionamento do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. “Pretendemos promover a indústria Big Health, assim como prestar serviços de saúde subsidiados pelo Governo. Mas, com esta envergadura, não podemos depender apenas de recursos do erário público”, apontou o Chefe do Executivo.
Pedro Arede Eventos MancheteLivraria Portuguesa acolhe exposição de livros de artista Da pintura à banda desenhada, passando pela escultura, fotografia e arquitectura, a Livraria Portuguesa alberga a partir de sexta-feira uma exposição de livros de artista com trabalhos de mais de 50 autores portugueses e locais. Do conjunto de obras que, muitas vezes, não eram para ser ou serviram de base para criações artísticas, destaque para produções de Julião Sarmento, Blaufuks, Rusty Fox e Chong Hoi A partir de sexta-feira, a Livraria Portuguesa acolhe uma exposição dedicada a livros de artista, que junta cerca de 68 obras de mais de 50 autores portugueses e locais. Organizada pela Associação Cultural 10 Marias, a segunda edição da “Book Hop” em Macau vai exibir publicações independentes, de pequena escala, únicas ou que tenham servido de esboço para criações artísticas ou profissionais, nas mais diversas áreas, como a escultura, a pintura, a banda desenhada ou a arquitectura. Depois de em 2018, a 1.ª edição do evento no território ter servido, sobretudo, para mostrar o que era feito em Portugal na área, a exposição que pode ser apreciada na galeria da Livraria Portuguesa até 5 de Dezembro pretendeu integrar mais artistas locais, especialmente de matriz chinesa. “A exposição que fizemos em 2018 foi essencialmente para mostrar o ‘estado de arte’ daquilo que se fazia em Portugal ao nível dos livros de artista. Trouxemos para Macau a maior parte dos livros e entrámos em contacto com alguns artistas locais como o Carlos Marreiros, o Alexandre Marreiros, o Konstantin Bessmertny, entre outros. No fundo, arranjámos um núcleo aqui de Macau, mas mais ligado à lusofonia digamos assim”, começou por explicar ao HM o curador da Book Hop, Paulo Côrte-Real. “Da edição passada para esta (…) temos agora muito mais artistas locais connosco, especialmente chineses. Isto para nós é importante porque há uma diferença em termos de pensamento e de abordagem aos assuntos, entre as pessoas de Macau de matriz portuguesa e de matriz chinesa. Integrá-los neste evento é uma boa maneira de juntarmos toda a gente”, acrescentou. A exposição conta com a participação de artistas portugueses como Julião Sarmento, Daniel Blaufuks, João Louro, Leonor Antunes, Pedro Valdez Cardoso, Pedro Pousada, Alexandre Baptista, João Miguel Barros e artistas locais como Chong Hoi, Alan Ieon, Rusty Fox, Jack Wong, Tang Kuok Hou, Yolanda Kog ou Yang Sio Maan. Sublinhando que um dos objectivos da curadoria passa por “ir buscar o maior número possível de disciplinas”, Paulo Côrte-Real destaca a presença do recém-falecido artista multidisciplinar e “internacionalmente reconhecido”, Julião Sarmento, os trabalhos fotográficos de Rusty Fox e Daniel Blaufuks e as criações de João Louro e Pedro Valdez Cardoso nas áreas do desenho e da escultura. De referir ainda, a obra de “corte e colagem” feita a partir de revistas dos anos 20 da autoria do Anonymous Art Project. Faz-se caminhando Para Paulo Côrte-Real, o facto de existir uma exposição em Macau dedicada aos livros de artista pode contribuir para “abrir os horizontes” e fazer com que “mais pessoas percebam que um livro pode ser uma obra de arte”. “Há pessoas que não fazem ideia que este tipo de objectos pode ser exposto. Tendo cuidado e construindo o conceito como uma ‘obra de arte’, um livro ou um caderno pode até acabar exposto na parede como uma pintura. Pode ser que mais tarde se aventurem a fazer também as suas criações”, acrescentou. Sobre a exposição propriamente dita, o curador aponta que tanto a disposição como a sequência em que vão ser apreciadas as obras está ainda ser definida, mas a organização poderá respeitar motivações temáticas, cronológicas ou cromáticas. Entre os exemplares expostos, haverá ainda obras originais e outras reproduções de edições inferiores a 300 exemplares. Perante o apoio demonstrado pelos artistas locais à iniciativa, agora em maior número, no futuro a ideia será levar mais autores locais, sobretudo de matriz chinesa, para Portugal, numa evolução de sentido inverso relativamente às origens do Book Hop, cuja primeira edição portuguesa aconteceu em Coimbra, no Centro de Artes Visuais. “Com a inclusão de mais artistas locais queremos virar o conceito ao contrário, ou seja, em vez de trazermos os artistas portugueses até Macau, queremos dar a conhecer os artistas de Macau a Portugal. Estamos a começar a pensar nisso e na forma de concretizar esta ideia”, rematou o curador, apontando para a possibilidade de isso acontecer já no próximo ano.