João Santos Filipe Manchete SociedadeHabitação | Mercado encolhe mais de 50% num ano O mercado da habitação continua em contracção e no espaço de um ano o preço médio do metro quadrado desvalorizou 23,8 por cento. Se a comparação for feita com o período pré-pandemia, os preços caíram 39,5 por cento No início de Maio, o número de transacções no mercado de habitação caiu para menos de metade, com uma redução de 57,6 por cento, em comparação com a primeira quinzena de Maio do ano passado. A informação consta das estatísticas da Direcção de Serviços de Finanças (DSF). Segundo os dados mais recentes, na primeira metade de Maio deste ano houve um total de 78 compras e vendas de habitação, o que contrasta com as 184 transacções registadas nos primeiros quinze dias de Maio de 2024. Esta é uma diferença de 106 negócios. As alterações no espaço de um ano não se ficaram pelo número de transacções, o mesmo aconteceu com o preço médio do metro quadrado. Na primeira metade de Maio deste ano o preço médio da habitação foi de 69.634 patacas por metro quadrado, o que significa uma redução de 23,8 por cento face ao período homólogo, quando o preço médio era de 91.361 patacas por metro quadrado. A redução significa que se uma pessoa pagou, no ano passado, 5,80 milhões de patacas por uma habitação, a mesma casa valeria em Maio deste ano 4,42 milhões de patacas, o que implica uma desvalorização de 1,38 milhões de patacas. No início de Maio deste ano, Coloane foi a região com as casas mais caras, onde o preço médio foi de 90.755 patacas por metro quadrado. Ao invés, na Península de Macau o preço médio por metro quadrado foi de 69.132 patacas por metro quadrado, o mais reduzido. Outras realidades Se a comparação for feita com a primeira metade de Abril deste ano, a redução tanto ao nível do número de transacções como do preço é mais moderada. Em termos do preço da habitação, no espaço de um mês a redução foi de 11 por cento, dado que no início de Abril deste ano o preço médio do metro quadrado foi fixado em 78.204 patacas. Quando se analisa a tendência ao nível do número de transacções, a redução foi de 34,6 por cento, superior a um terço, dado que no início de Abril tinham sido registadas junto da DSF um total de 133 transacções. O número mais recente de transacções foi apenas de 78 compras e vendas, o que significa uma diferença de 55 transacções. As comparações com o período pré-pandemia mostram um contraste ainda mais acentuado. Ao nível do preço do metro quadrado, a comparação com o início de Maio de 2019 mostra uma redução de 39,5 por cento, de 115.071 patacas por metro quadrado para 69.634 patacas por metro quadrado. Tendo em conta estes números, se uma pessoa tivesse comparado uma habitação no início de Maio de 2019 por 5,80 milhões de patacas, essa mesma casa estaria agora avaliada em 3,51 milhões de patacas, uma diferença de 2,29 milhões de patacas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeImobiliário | Dirigente associativo pede imigração para responder a crise A Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau acredita que o território precisa de mais imigrantes qualificados para inverter a contracção do mercado imobiliário. No entanto, Ip Kun Wa ficou desiludido com as Linhas de Acção Governativa por não ter visto um compromisso com a estabilização do mercado O presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, Ip Kun Wa, admite a desilusão com as primeiras Linhas de Acção Governativa do Executivo de Sam Hou Fai, por considerar que faltam medidas para apoiar o mercado imobiliário. A posição foi tomada em declarações prestadas ao jornal Ou Mun. De acordo com o presidente da associação, o Governo precisa de facilitar os requisitos para atrair mão-de-obra qualificada de fora, dado que a imigração é tida como a tábua de salvação para o mercado imobiliário. Na visão do representante, se o território tiver mais pessoas, com forte capacidade de compra, vai aumentar a procura por habitação em Macau. O dirigente associativo também reconheceu que o mercado imobiliário está actualmente numa fase de contracção, devido à falta de confiança dos consumidores que acreditam que se comprarem um imóvel que este vai perder valor nos tempos mais próximos. Todavia, o presidente da associação alertou que, ao contrário de Hong Kong, em Macau não existe um mercado bolsista. Como tal, e dado que o crescimento da economia implica o aumento do consumo, o mercado de imóveis é uma das poucas vias para os residentes investirem as suas poupanças, ganharem maior confiança e ajudarem a desenvolver a economia local. Face a esta visão, Ip Kun Wa considerou que as Linhas de Acção Governativa foram uma desilusão porque apenas contêm “algumas frases ligeiras” sobre a necessidade de permitir a entrada de mais imigrantes e de agilizar os processos de aprovação de novos imigrantes, sem que haja verdadeiramente detalhes. Medidas de longo prazo Em relação às Linhas de Acção Governativa e às propostas para o imobiliário, com excepção da emigração, Ip Kun Wa reconheceu estar céptico, dado que as propostas para promover o desenvolvimento da economia são de longo prazo e, por esse motivo, só se vão reflectir na procura por mais imóveis no longo prazo. Ip Kun Wa lamentou também que o Governo de Macau não se tenha comprometido com medidas para estabilizar os mercados mais essenciais para a economia. O presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau deu o exemplo do Interior, onde considerou que depois dos sinais de apoio do Governo Central ao mercado bolsista, houve sinais de estabilização e recuperação, no que entendeu ser uma política acertada.
João Luz Manchete SociedadeJogo / Receitas | Revisão em baixa não surpreende analistas Os analistas da CreditSights não ficaram surpreendidos com a revisão em baixa da estimativa para as receitas brutas do jogo deste ano, anunciada pelo Governo na terça-feira. A meta mais “conservadora e em linha com a performance do sector” é explicada pela possível queda dos segmentos VIP e massas premium Na terça-feira, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, anunciou aquilo que parecia inevitável: a revisão em baixa das estimativas para as receitas brutas do jogo em 2025. Na proposta de revisão orçamental, o Governo cortou as expectativas em 12 mil milhões de patacas, da estimativa inicial de 240 mil milhões para 228 mil milhões de patacas. A rectificação da performance da indústria não apanhou de surpresa os analistas da CreditSights. Numa nota divulgada ontem, os analistas Nicholas Chen e David Bussey referem que a revisão “não foi uma completa surpresa”, “tendo em conta o fraco registo de receitas brutas mensais desde o início do ano” para cumprir a meta de 240 mil milhões de patacas no fim de 2025. Aliás, a instituição acrescenta que a nova meta prevista “é mais conservadora e em linha com a performance anual do sector até agora”. Apesar dos números encorajadores de turistas que têm visitado Macau este ano, o crescimento do fluxo de visitantes não se tem reflectido nas receitas brutas do jogo, salientam os analistas. “Suspeitamos que isso se deva à maior prevalência de jogadores do segmento de massas, em detrimento de apostadores dos segmentos VIP e massas premium, assim como à subida dos elementos não-jogo”, refere a nota, citada pelo portal GGR Asia. Raios de sol Os resultados dos casinos no mês passado não passaram ao lado da análise divulgada ontem. Os casinos arrecadaram receitas brutas de 21,19 mil milhões de patacas em Maio, o valor mais elevado desde a pandemia, ou seja, desde Janeiro de 2020 quando foram apurados 22,13 mil milhões de patacas. “O robusto registo de visitantes durante os cinco dias de feriados do 1º de Maio”, que suportaram as receitas brutas de Maio foram encarados como um sinal positivo, uma vez que graças ao mês passado a média mensal de receitas brutas subiu para 19,5 mil milhões de patacas, 500 milhões de patacas acima das receitas brutas mensais da nova estimativa do Governo. É também mencionado que o crescimento do número de visitantes ajudou a compensar a redução do montante das apostas. Como tal, os analistas alertam que “o sector do jogo pode ainda correr o risco de não cumprir a nova meta para as receitas se o número de turistas mostrar sinais de enfraquecimento”. Em termos de receita acumulada, nos primeiros cinco meses deste ano registou-se um aumento de 1,7 por cento em relação ao ano anterior, com um total de 97,71 mil milhões de patacas face aos 96,06 mil milhões de patacas registados entre Janeiro e Maio do ano passado. No entanto, o valor ainda está muito longe de 2019 e antes da campanha contra os junkets, quando as receitas entre Janeiro e Maio foram de 125,69 mil milhões de patacas.
João Luz Manchete PolíticaEleições | “Soldado de Mao” volta a candidatar-se Wong Wai Man entregou ontem o pedido de reconhecimento da sua lista para concorrer às eleições legislativas, depois da candidatura de 2021 ter sido recusada. O potencial candidato oficializou ontem a sua corrida eleitoral, vestido a rigor, com o emprego e o bem-estar social entre as prioridades políticas O “Soldado de Mao” está de volta. Wong Wai Man foi ontem ao Edifício da Administração Pública entregar à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) o pedido de reconhecimento da propositura de candidatura às eleições legislativas de 14 de Setembro. O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço e rosto da lista Ajuda Mútua Grassroots surgiu com uma indumentária semelhante às fardas dos guardas vermelhos durante a Revolução Cultural e envergando uma mala a tiracolo com a imagem de Mao Tsé-Tung. Esta é a terceira vez que procura entrar no boletim de voto e, desta feita, entregou 395 assinaturas com o pedido de reconhecimento da candidatura da lista que deverá ter seis candidatos. Aparentando uma postura calma, Wong Wai Man afirmou estar tranquilo em relação ao escrutínio das autoridades face aos critérios a cumprir pela sua lista, nomeadamente em relação ao número mínimo de assinaturas suficientes para poder participar no sufrágio. “Não estou preocupado, o meu objectivo é participar no processo eleitoral. Dedico-me à participação cívica e social há cerca de 18 anos. Não preciso de assumir o cargo de deputado, a minha força e energia positiva são maiores do que qualquer deputado”, afirmou o potencial candidato, citado pelo All About Macau. As muitas batalhas “Hoje em dia, em Macau aconteceram muitos casos de suicídio, com pessoas a saltarem para o mar ou do cimo de prédios, ou por enforcamento. Os governantes têm responsabilidades perante esta realidade, assim como os 32 deputados que estão na Assembleia Legislativa”, afirmou Wong Wai Man num vídeo partilhado no WeChat. O aumento de suicídios no território é encarado pelo potencial candidato como uma consequência das dificuldades económicas e de emprego que afecta parte da população. “Se as pessoas tiverem um bom emprego e capacidade económica para pagar as contas, as suas vidas melhoram e as preocupações desaparecem”, comentou. Como tal, o “Soldado de Mao” apontou o emprego como uma das suas prioridades políticas. Além disso, Wong Wai Man prometeu também dar prioridade aos segmentos mais desfavorecidos da população. “Quer ganhe, ou não, o meu desejo é ajudar os mais pobres. Não quero ajudar todos os residentes. Chan Meng Kam e Sam Hou Fai também são residentes e não precisam de ajuda”, destacou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteAmbiente | Macau regista novo máximo de temperaturas em 2024 A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental lançou ontem novos dados relativos ao panorama do meio ambiente no território, no Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2024. Os dados não são animadores: registou-se no ano passado um novo recorde máximo de temperaturas, mais chuva e tufões. Gastou-se mais electricidade e água, produziu-se mais lixo e foi recolhido menos resíduos recicláveis Com Lusa O Governo de Macau, através da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) anunciou ontem que o ano de 2024 voltou a atingir um recorde máximo de temperatura no território, além de que também se registou um aumento de tufões e precipitação. Segundo o Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2024, a temperatura média no ano passado foi de 23,6°C, precisamente o valor que tinha sido atingido em 2019, o mais elevado desde que começaram os registos, em 1952. A temperatura média de 2024 foi 0,8°C mais elevada do que a média climatérica (média de 30 anos, entre 1991 e 2020), de acordo com o documento elaborado pela DSPA. Além disso, Macau registou 42 dias considerados como quentes no ano passado, mais 10,7 dias do que a média climatérica, 29 noites quentes, mais 17,5 do que a média, e 29 dias frios, menos 10,1 dias do que a média. Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) classificam como quentes os dias em que a temperatura máxima é igual ou superior a 33ºC e as noites em que a temperatura mínima é de, pelo menos, 28ºC. Quanto aos dias considerados frios, são aqueles em que a temperatura mínima não excede os 12ºC. “Com o aquecimento global, a ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos é cada vez mais frequente”, sublinhou a DSPA, no relatório. Em 2024, Macau foi afectado por sete ciclones tropicais, conhecidos como tufões, e, pela primeira vez, três ciclones tropicais afectaram Macau em Novembro, o último mês da época dos tufões, que começa em Maio. De acordo com o relatório, a região recebeu no ano passado uma precipitação total de 2.029,2 milímetros, “ligeiramente superior à média climatérica”. A DSPA adiantou também que, desde 1970, o nível do mar em Macau tem subido a uma taxa média de cerca de 3,5 milímetros por ano. Também a nível mundial, 2024 foi o ano mais quente de que há registos e ultrapassou pela primeira vez os 1,5°C acima do nível pré-industrial, avançou em Janeiro o serviço europeu Copernicus. Na semana passada, a Organização Meteorológica Mundial previu que as temperaturas devem continuar a atingir valores recorde até ao final da década. Mais pessoas, mais gastos O relatório da DSPA dá ainda conta de que com a chegada de mais turistas a Macau, houve também mais resíduos e gastos ao nível do consumo de água, por exemplo. “Com a melhoria da economia, o número de visitantes, em 2024, aumentou 23,8 por cento em termos anuais, para quase 35 milhões, tendo recuperado cerca de 90 por cento do nível pré-pandemia. A intensidade turística também registou um certo aumento, tendo o PIB [Produto Interno Bruto] local subido 8,8 por cento. Além disso, houve um ligeiro aumento da população no final do ano.” Desta forma, acrescenta-se, “em relação aos indicadores ambientais, o crescimento económico e da população conduziu à subida das emissões locais estimadas de gases com efeito de estufa, do volume de água facturada, do consumo de electricidade e da quantidade de resíduos sólidos urbanos, comparativamente com 2023”. “Durante a pandemia, houve uma diminuição nos diversos indicadores económicos e ambientais. No entanto, com a melhoria constante da economia, a maioria desses indicadores voltou a subir”, é explicado. No que diz respeito ao volume de água facturada, em milhares de metros cúbicos, em 2023 o registo foi de 89.164 e, no ano passado, 94.123, o que constitui um aumento de 5,6 por cento. No tocante ao consumo de electricidade, em milhões de kW/h, em 2023 foi de 5.740, enquanto que em 2024 o consumo passou para 6.030, mais 5,1 por cento. O relatório destaca também as toneladas de resíduos sólidos urbanos produzidos, que em 2023 foi de 501.512, subindo 5,1 por cento no ano passado, para 526.979 toneladas. Outro dado preocupante ao nível dos resíduos foi a queda, pelo terceiro ano consecutivo, do volume de resíduos recicláveis recolhidos, que passou de uma taxa de 24,5 por cento em 2021 para 21,7 por cento no ano passado. Trocado por miúdos, de todos os resíduos recicláveis gerados em Macau, apenas cerca de um quinto são recolhidos para reciclagem. No relatório, Ip Kuong Lam, director da DSPA, indica que no ano passado, “com a recuperação económica em curso, observou-se uma maior pressão sobre vários indicadores ambientais, ao mesmo tempo que as alterações climáticas se tornaram mais severas”. Apesar dos resultados, o responsável afirmou que os objectivos passam por “incentivar uma maior participação da população nas iniciativas ambientais e concretizando, em conjunto, a visão de construir uma Macau com baixas emissões de carbono”. Uma questão de gases O relatório divulgado ontem pela DSPA dá ainda conta do panorama da emissão dos gases com efeitos de estufa (GEE), tendo-se verificado, no ano passado, um aumento global de “cerca de dez por cento, entre os quais o dióxido de carbono (C02), que representaram 90 por cento”. Destaca ainda a DSPA que “as emissões estimadas de GEE provenientes das diversas fontes registaram subidas face ao período homólogo (2023), exceptuando os resíduos depositados em aterros, tendo os aumentos mais significativos sido verificados nas emissões estimadas provenientes da produção local de electricidade e dos transportes aéreos”. Além disso, é referido que, em 2024, a principal fonte de emissão de GEE e CO2 foram os transportes terrestres, seguindo-se a produção local de electricidade, a incineração de resíduos, o comércio, consumo doméstico e os serviços. “As principais fontes de emissão de CH4 [metano] foram os resíduos depositados em aterros e o tratamento de águas residuais, enquanto este último também foi a principal fonte de emissão de N2O [óxido nitroso]”, destaca-se ainda no documento. A DSPA esclarece, relativamente à tendência da emissão de GEE, que “depois de terem atingido o pico em 2017, as emissões locais de GEE mostraram uma tendência decrescente, ano após ano, tendo alcançado o seu valor mais baixo durante a pandemia”. Porém, com a retoma das actividades económicas e do grande movimento de pessoas, sobretudo “nos últimos dois anos, o volume das emissões estimadas desses gases tem voltado a subir gradualmente”. O ar que respiramos Também no que diz respeito à qualidade do ar os dados não são animadores, pois em 2024 “o número de dias com a qualidade média do ar classificada de ‘bom’ ou ‘moderado’ registado nas seis estações de monitorização da qualidade do ar de Macau chegou a 88 por cento, valor ligeiramente inferior ao de 2023”. Houve, no total do ano, 15 a 34 dias com classificação de “insalubre”, sendo que apenas dois dias obtiveram a classificação de “muito insalubre”. Segundo a DSPA, “os poluentes detectados nas estações de monitorização do ar foram principalmente ozono (O3) e partículas finas em suspensão (PM2,5)”, enquanto “na Estação da Berma da Estrada (Ká-Hó), foi registado o índice mais alto detectado no ano inteiro, classificado de ‘muito insalubre’, sendo o O3 o poluente principal”. No ano passado, Julho foi o mês com melhor qualidade do ar, enquanto os meses de Outubro a Dezembro obtiveram a pior qualificação segundo dados das estações de monitorização do ar de Macau. O relatório revela também que “em termos do cumprimento dos padrões das concentrações de poluentes atmosféricos, em 2024, as concentrações médias anuais de PM10 e PM2,5 registadas nas várias estações de monitorização foram inferiores aos valores padrão”, enquanto “as concentrações médias anuais de dióxido de azoto (NO2) detectadas também se situaram abaixo dos valores padrão, com excepção daquelas medidas na Estação da Berma da Estrada (Macau) e na Estação das Áreas de Alta Densidade Habitacional (Macau)”. Dados mais optimistas revelam-se ainda “quanto às médias diárias de concentrações de dióxido de enxofre (SO2) e às médias máximas diárias de oito horas de concentrações de monóxido de carbono (CO) verificadas nas várias estações ao longo do ano”, pois “ambas ficaram abaixo dos valores padrão”. “Em todas as estações houve registo de as médias máximas diárias de oito horas de concentrações de O3 terem excedido os valores padrão em alguns dias. Em relação às concentrações de poluentes atmosféricos registadas nas estações de monitorização, de um modo geral, as concentrações médias anuais de PM2.5 e de NO2 subiram, enquanto as concentrações de PM10 e de CO desceram”, sendo que “como na Estação da Berma da Estrada (Macau) só em 2024 é que começaram a ser monitorizados o SO2 e o O3, não foram feitas comparações”.
Hoje Macau Manchete SociedadeBurlas | Mais de 1.800 detidos em operação asiática alargada Mais de 1.800 pessoas foram detidas numa operação contra redes dedicadas a burlas montadas na Ásia, envolvendo autoridades da RAEM, Hong Kong, Coreia do Sul, Tailândia, Singapura, Malásia e Maldivas. Em Macau, a Polícia Judiciária revelou a detenção de nove suspeitos, que terão desfalcado 84 vítimas em cerca de 4 milhões de patacas Uma operação, que atravessou sete jurisdições na Ásia, resultou na detenção de 1.858 pessoas ligadas a redes de fraudes e burlas. A operação, que envolveu autoridades de Hong Kong, Macau, Coreia do Sul, Tailândia, Singapura, Malásia e Maldivas, interceptou verbas com origem nos esquemas das redes no valor de 150 milhões de dólares de Hong Kong, disse o superintendente-chefe do departamento de crimes comerciais da polícia de Hong Kong, Wong Chun-yue. Em Macau, de acordo com a Polícia Judiciária (PJ), foram detidas nove pessoas, incluindo três que se fizeram passar por funcionários de atendimento ao cliente da Alipay, indicou o Macau Daily Times. O responsável do Centro de Coordenação de Combate às Burlas da PJ, Cheong Um Hong, revelou que o esquema terá começado em Abril com mais de 400 mil chamadas fraudulentas todas a partir de Macau. Localmente, 84 vítimas foram desfalcadas em cerca de 4 milhões de patacas no esquema da burla do Alipay. A operação da PJ culminou com buscas a dois locais, incluindo um quarto de hotel, onde foram encontrados 16 aparelhos que permitem ocultar a origem das chamadas. Mas, no total, a PJ investigou 78 casos que terão resultado em perdas de cerca de 12 milhões de patacas, no congelamento de oito contas bancárias e em 67 mil patacas confiscadas por suspeitas de terem sido angariadas através de crimes. Abrindo o ângulo A operação conjunta envolveu 9.268 casos de fraude, incluindo compras online, burlas telefónicas, burlas de investimento e fraudes de emprego, com um prejuízo total de 225 milhões de dólares, segundo dados avançados pela polícia de Hong Kong, citada pelo Global Times. No total, foram congeladas 32.607 contas bancárias e interceptados cerca de 20 milhões de dólares em fundos fraudulentos. Os detidos têm entre 14 e 81 anos. Em Março, um director financeiro em Singapura foi enganado através de vídeos falsos, por alguém que se fez passar pelo director executivo de uma multinacional. A vítima transferiu 499 mil dólares para Hong Kong, disse a directora assistente do comando antifraude da polícia de Singapura, Aileen Yap, acrescentando que, através da cooperação transfronteiriça, o dinheiro foi recuperado. Um relatório das Nações Unidas de Abril constatou que os grupos transnacionais de crime organizado no leste e sudeste asiático estão a espalhar operações fraudulentas por todo o mundo. De acordo com o relatório emitido pelo Gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, durante vários anos os grupos proliferaram no sudeste do continente asiático, especialmente nas fronteiras do Camboja, Laos e Myanmar, assim como nas Filipinas, transferindo operações de um local para outro, de forma a escaparem da polícia. Os centros dos esquemas montados em Myanmar, Camboja e Laos são conhecidos por atraírem pessoas para trabalhar, utilizando falsos argumentos. As vítimas de burlas e fraudes ‘online’ incluem também os trabalhadores utilizados nas operações, que enfrentam ameaças, violência e más condições de trabalho. Os funcionários são frequentemente forçados a explorar financeiramente pessoas em todo o mundo, sendo que muitos se encontram presos numa escravidão virtual.
Hoje Macau Manchete SociedadeLiteratura | Projecto de Macau para a infância chega a Portugal O objectivo da associação Sílaba – Associação Educativa e Literária (Sílaba – AEL) passa por partir de Macau e levar o projecto literário “Dinis Caixapiz” até ao universo dos países de língua portuguesa A responsável pelo projecto literário “Dinis Caixapiz”, nascido em Macau para incentivar a leitura entre os mais pequenos sem esquecer a responsabilidade ambiental, disse ontem à Lusa que a segunda edição tem o mérito de chegar também a Portugal. “Conseguirmos lançar em Lisboa, esse para mim é o grande destaque”, declarou à Lusa Susana Diniz, presidente da Sílaba – Associação Educativa e Literária (Sílaba – AEL), autora da iniciativa. Apesar do ponto de partida deste projecto literário “ser sempre Macau”, porque foi na região chinesa “que foi pensado e criado, com o objectivo de dar uma alternativa de leitura a alunos que aprendem português”, o “Dinis Caixapiz” teve logo desde o início (2024) o objectivo de alcançar o universo dos países de língua portuguesa. Agora, o convite da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), para lançar o projecto, no próximo dia 7 de Junho, na 95.ª Feira do Livro de Lisboa, aproxima a Sílaba – AEL desse propósito. “A ideia é transportar [a iniciativa] para Portugal e depois para as comunidades. Tem de partir de algum lado. Saindo de Lisboa, as portas abrem-se com mais facilidade”, reforçou a presidente da associação. Também a 7 de Junho, a 2.ª edição vai ser lançada em Macau, no Jardim do Consulado-Geral de Portugal, evento integrado nas comemorações de Junho – Mês de Portugal em Macau. Despertar as mentes O “Dinis Caixapiz”, que se propõe a despertar a “curiosidade intelectual e o conhecimento sobre a história e a cultura de Macau e Portugal, através de elementos físicos e conteúdos digitais”, contempla a assinatura trimestral de uma caixa reutilizável com um livro infantil e uma revista produzida pela associação e crianças, de acordo com um comunicado da Sílaba – AEL. Jogos de raciocínio e trava-línguas “para estimular o pensamento crítico”, páginas plantáveis e um áudio-livro, “narrado por vozes conhecidas do mundo literário” são outros conteúdos agregados. “Além disso, a embalagem transforma-se em jogos educativos, com elementos recortáveis, promovendo reutilização e consciência ambiental”, refere ainda o comunicado, indicando dirigir-se a crianças falantes de português ou em aprendizagem, com idades entre os 5 e os 12 anos, a escolas bilingues de Macau e professores de português. Cada edição vai contar com o apoio de um conjunto de curadores responsáveis pela selecção dos livros apresentados, sendo que este ano, a Sílaba-AEL trabalhou com Elisabete Rosa-Machado, da editora independente Poets and Dragons, Helena Alves, gestora no Grupo Leya, e Maria Elisa Vilaça, educadora e artista plástica.
João Luz Manchete SociedadeSupermercados | Queixas de desafios sem precedentes O encerramento de alguns supermercados em Macau são um sintoma dos problemas que o sector está a atravessar. O presidente da Supermarket and Livelihood Food Association of Macau aponta a mudança de padrões de consumo e o aumento de produtos chineses nas prateleiras das superfícies locais, devido aos preços mais caros dos bens importados Depois de terem passado por entre os pingos da chuva durante a pandemia, e mesmo aumentado a facturação, as grandes superfícies de supermercados de Macau atravessam agora um período de fracos negócios e “desafios sem precedentes”. O panorama de dificuldades foi descrito pelo presidente da Supermarket and Livelihood Food Association of Macau, Wong Man Wai. Recentemente, alguns supermercados encerraram, incluindo da cadeia Royal e Tai Fung, em locais como o Jardim Camões e na Areia Preta, com outras lojas a lançarem campanhas de descontos de liquidação total, dando a entender que podem também vir a encerrar. Na óptica de Wong Man Wai, este cenário irá obrigar as cadeias a pensar em fazer ajustes às suas operações para se adaptarem à mudança dos hábitos de consumo da população. Em declarações ao jornal Ou Mun, o dirigente associativo explicou que os consumidores não só compram menos, como são mais selectivos na escolha dos bens face ao “custo-benefício”. “No passado, as pessoas compravam mais produtos importados do estrangeiro, que eram mais caros, mas agora optam por mais produtos diversos do Interior da China”, indicou o dirigente, acrescentando que os preços de bens comprados ao estrangeiro torna-os “invendáveis”. Por essa razão, “as cadeias de supermercado não ousam importar em grande quantidade”. Os dois gumes Com o desaparecimento de produtos estrangeiros e proliferação de produtos nas prateleiras dos supermercados locais, Wong Man Wai refere que os consumidores podem ver esse ajuste como um incentivo a fazer compras em Zhuhai, já que vão comprar de qualquer das formas os mesmos produtos. O responsável salientou também o facto de as grandes cadeias de supermercado terem ficado de fora da campanha Grande Prémio do Consumo. Porém, nem só as lojas estão a sofrer o impacto da pouca confiança dos consumidores, também os fornecedores, especialmente os que operam fora das zonas mais turísticas, estão a sofrer com a redução de 30 por cento. Mas quem está a sofrer mais, segundo Wong Man Wai, são os pequenos e médios fornecedores, que enfrentam riscos de sobrevivência e quebras acentuadas de encomendas. Os custos elevados com recursos humanos e logística dos supermercados desde que começou a corrida aos serviços de entrega ao domicílio foram outros elementos destacados por Wong Man Wai, que coloca os supermercados numa posição difícil para competirem com plataformas de comércio electrónico do Interior da China. O dirigente mencionou também a possibilidade, que foi avançada por vários meios de comunicação, de abertura de um grande supermercado em Gongbei como a “gota d’água” para muitas superfícies em Macau, que podem fechar dentro de um ano.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSaúde | Zhong Nanshan continua a liderar comissão de especialistas O epidemiologista e pneumologista chinês, que se tornou mundialmente conhecido durante a pandemia, vai continuar a presidir à Comissão de Especialistas e Assessores para a Apreciação dos Medicamentos Tradicionais Chineses por mais três anos O epidemiologista e pneumologista Zhong Nanshan vai continuar durante mais três anos a presidir à Comissão de Especialistas e Assessores para a Apreciação dos Medicamentos Tradicionais Chineses. A renovação da nomeação de uma das figuras nacionais mais mediáticas da China durante a pandemia e a implementação da política de zero casos de covid-19 foi publicada ontem no Boletim Oficial. A decisão foi tomada pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultural, O Lam, e vai entrar em vigor no dia 23 de Junho. A comissão especializada tem como funções a autorização, renovação, alteração, suspensão e cancelamento do registo de medicamentos tradicionais chineses e avaliação da qualidade, eficácia e segurança desses mesmos medicamentos. Os pareceres são emitidos por pedido do Instituto para a Supervisão e Administração Farmacêutica (ISAF). A renovação da nomeação não é uma surpresa, uma vez que Zhong Nanshan apenas cumpriu um mandato como presidente, sendo este renovável. Além disso, em Fevereiro deste ano, cerca de dois meses depois da tomada de posse do Chefe do Executivo, o médico do Interior da China foi recebido por Sam Hou Fai, na sede do Governo, na condição de membro da Academia Chinesa de Engenharia, director do Laboratório de Guangzhou, e presidente da Comissão de Orientação do Instituto de Medicina Translacional e Inovação de Macau. Também em 2020, devido ao papel de consultor do Governo de Macau durante o período da pandemia, Zhong Nanshan recebeu a Medalha de Honra Grande Lótus, atribuída por Ho Iat Seng. Nova nomeação Em relação aos restantes membros da comissão, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, optou por não fazer grandes modificações. Zeng Li, reitor da Faculdade de Medicina da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) passa a fazer parte dos 17 membros da comissão. Li vai substituir Michael Yao especialista em medicina chinesa e académico que estava ligado igualmente à MUST. Os motivos da substituição não foram adiantados. Os restantes especialistas nomeados são Liu Liang, Yang Changming, Han Wei, Wang Yitao, Zhang Lei, Yang Zifeng, Du Shouying, Ji Shen, Zhou Hua, Chen Xin, Li Shaoping, Lee Ming Yuen, Yan Ru, Li Jun e Mo Hui.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCooperação | Um olhar sobre a aproximação aos países de língua espanhola A RAEM já vinha fazendo uma aproximação em termos comerciais a Espanha, mas o Chefe do Executivo começou a referir em discursos oficiais a importância da cooperação entre Macau e os países de língua espanhola, além do habitual mundo lusófono. Analistas relacionam estas palavras com o actual panorama das relações entre China e Espanha O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, tem expressado em alguns discursos a importância de a RAEM estabelecer relações económicas e comerciais não apenas com os países de língua portuguesa, mas também com os de língua espanhola. No mês passado, numa ocasião pública, o líder do Governo declarou que o território tem de “receber os amigos estrangeiros para investir em Macau e também concretizar os seus sonhos em Macau”. Sam Hou Fai realçou a área da tecnologia avançada, sublinhando que “podem ser provenientes dos países de língua português e espanhola”, pois “desde que sejam a favor da diversificação económica, são sempre bem-vindos”, acrescentou. De resto, logo a seguir à tomada de posse do novo Governo, Tai Kin Ip, secretário para a Economia e Finanças, realizou, em Março, uma visita a vários países europeus, liderando uma delegação que passou por Espanha, Portugal, Bélgica e Mónaco visando aprofundar “as ligações internacionais e explorar oportunidades de cooperação”, segundo informações oficiais divulgadas na altura. Esta aproximação ao universo de língua espanhola, além da habitual ligação já estabelecida entre a China e o mundo lusófono, pode ter várias origens: a crescente relação entre a China e Espanha, e também a vontade de diversificar a economia por parte da RAEM, dizem analistas contactados pelo HM. “A interpretação que faço da declaração de Sam Hou Fai é muito objectiva e pragmática e pode resumir-se ao projecto de diversificação da economia de Macau, para a qual estão a convocadas empresas e investidores não só de Macau, mas também de países de língua portuguesa. Mas o facto é que as empresas e instituições de países de língua portuguesa não estão a ser eficazes na resposta a essa necessidade de Macau. Portanto, alargar às empresas e às instituições de língua espanhola esse convite para cooperação parece-me lógico”, disse a economista Maria Fernanda Ilhéu, ex-residente de Macau e presidente da Associação dos Amigos da Nova Rota da Seda (ANRS). Segundo a dirigente, “Macau é uma economia de mercado pura, é classificada pela Organização Mundial de Comércio como um Porto Livre com acordos internacionais próprios quer na área económica, comercial, investimento, financeira, turística, saúde, desporto, acordos de relações internacionais com várias organizações. Portanto, os negócios em Macau são muito livres, e a parte do Governo de Macau é promover e enquadrar essa abertura”. “Como diz Sam Hou Fai, todas as empresas e investidores que tragam soluções de diversificação da economia de Macau são bem-vindos”, acrescentou. Para Cátia Miriam Costa, docente do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, e especialista em política externa chinesa e em Macau, considerou ao HM que “esta ligação ao espanhol decorre das visitas oficias de alto nível realizadas pelo Governo espanhol à China, ou seja, são decerto uma das consequências da reiterada presença da diplomacia espanhola em solo chinês a um nível muito elevado, reforçando os laços entre os dois países”. A importância do Sul Global É certo que Pequim, nas palavras do Presidente Xi Jinping, tem demonstrado grande interesse à aproximação dos países do chamado “Sul Global”, onde se fala português e espanhol, essencialmente. Para Cátia Miriam Costa, aqui reside também outra explicação para a mudança de paradigma na RAEM na área da cooperação comercial e económica. “Parece-me que os encontros recentes com altos representantes políticos espanhóis tiveram influência nesta decisão, a par de um investimento político cada vez maior da China no Sul Global em que o português e o espanhol são, de facto, as línguas mais faladas.” Para a académica, “a estratégia de usar Macau como ponto de convergência pode estar justificada historicamente pelo seu cosmopolitismo, mas também pelo seu papel tradicional de inclusão das rotas que ligavam a Ásia à América Latina”. Além disso, “acresce a uma perspectiva histórica, uma visão contemporânea para uma região que precisa de diversificação económica e beneficia dessa proximidade a espaços distantes, seja histórica, seja culturalmente”. Cátia Miriam Costa entende, desta forma, que “o espanhol pode se visto como um valor adicional ao português, sem desvirtuar a estratégia de paradiplomacia definida para Macau desde cedo”. Não pode ser ignorada também a inclusão da Guiné Equatorial no Fórum Macau, por consequência da sua entrada para a CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Porém, Cátia Miriam Costa acredita que esta mudança pouco ou nada tem a ver com a inclusão dos países de língua espanhola no discurso oficial de aproximação comercial. “A inclusão da Guiné Equatorial no Fórum de Macau decorre de outra circunstância, a da sua participação enquanto membro da CPLP. Nesse sentido, foi um passo lógico a sua integração na dinâmica do Fórum. Contudo e apesar de poder contar como um elemento positivo nesta aproximação, a alavancagem que a Guiné Equatorial tem no mundo hispânico ou hispano falante é mínima”, apontou. Ases pelos ares Maria Fernanda Ilhéu destacou também o facto de a única ligação aérea directa entre Macau e a Europa será para Madrid e não para Lisboa. “Por acaso, a TAP ou o Governo de Portugal contactaram a Air Macau ou o Governo de Macau manifestando interesse em retomar essa linha aérea? Não sei, mas sei que essa ligação irá contribuir grandemente para reforçar a presença espanhola em Macau, seja no turismo, seja no comércio ou no investimento.” A responsável destaca o factor de complementaridade da rota aérea. “É incompatível a presença portuguesa e espanhola em Macau? Não me parece, mas é competitiva, pode até ser benéfica se souberem colaborar e ganhar escala na Área da Grande Baía, mas Portugal tem de se esforçar mais para a sua presença em Macau não ser uma relíquia histórica.” De resto, a economista não esquece o papel que a política externa portuguesa poderá ter nesta questão, com o afastamento da Huawei em Portugal e uma maior aproximação de Espanha a Pequim nos últimos tempos. “A decisão de Portugal banir a utilização de equipamentos da Huawei diz sobretudo respeito às relações económicas de Portugal com a China Continental e ela é enquadrada por um relacionamento diplomático receoso que o Governo português seguiu de 2019 a 2024, contrariamente ao relacionamento diplomático espanhol. Repare-se que o primeiro-ministro espanhol visitou a China várias vezes nesse período e o Governo português só este ano, em Abril, se fez representar pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros no Fórum de Boao em Hainan, com uma breve passagem por Pequim.” Desta forma, Maria Fernanda Ilhéu entende que entre 2019 e 2024 “o Governo português e a sociedade civil portuguesa foram muito condicionados pela narrativa americana de Guerra Fria e da formação de dois blocos antagónicos, não sabendo manter a linha seguida até 2019 de prosseguir com uma relação com a China suportada pela amizade e confiança de quase 500 anos de cooperação em Macau”. O trabalho necessário Para a economista e presidente da ANRS é preciso ter em conta os investimentos e movimentações empresariais feitos nos últimos tempos para se perceber o posicionamento de Portugal e Espanha neste domínio. “O último grande investimento de uma grande empresa chinesa em Portugal foi registado em 2020, e só agora se está a retomar esse tipo de investimento com o investimento da CALB [produtora de baterias sediada em Sines] que está na fase de implementação e licenciamento. Se virmos o mesmo tipo de investimentos em Espanha de 2020 a 2024 podemos registar cinco grandes investimentos em energia, pela China Three Gorges e pela Huadian; três investimentos no sector dos transportes, pela Geely, pela Chery Auto e pela Envision Group; um grande investimento na agricultura pela Yankuang Beijing Energy e também um grande investimento no sector da saúde pela Worg Pharmaceuticals”. Para a responsável, “muito trabalho terá que ser feito pelo novo Governo português no sentido de desenvolver a cooperação económica portuguesa com a China Continental e com a RAEM, mas ela terá de ser também acompanhada pelo tecido empresarial português”, resumiu.
Hoje Macau Manchete SociedadeTNR | Mais 31.700 pessoas desde fim de ‘covid zero’ No final de Abril, havia quase 183.600 trabalhadores não-residentes no território, o que significa um aumento de 31.700 desde o fim da pandemia. A hotelaria, e a restauração são os sectores que mais recorrem a este tipo de mão-de-obra Macau empregava no final de Abril deste ano quase 183.600 trabalhadores não-residentes, um aumento de 31.700 desde o fim da política ‘zero covid’, em Janeiro de 2023, foi ontem anunciado. Segundo dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), divulgados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, o território tinha 183.568 trabalhadores sem estatuto de residente. Este número representa um aumento de 20,9 por cento desde Janeiro de 2023, quando terminou a política de ‘covid zero’, que esteve em vigor durante cerca de três anos. Nesse mês, os trabalhadores migrantes em Macau, incluindo aqueles vindos da China continental, eram menos de 152 mil, o número mais baixo desde Abril de 2014. Macau, que à semelhança da China seguia a política de ‘covid zero, reabriu as fronteiras a todos os estrangeiros, incluindo trabalhadores não-residentes, a partir de 8 de Janeiro de 2023, depois de quase três anos de rigorosas restrições. O sector da hotelaria e da restauração foi o que mais contratou desde Janeiro de 2023, ganhando 17.424 trabalhadores não-residentes, seguido dos empregados domésticos (mais 4.780) e dos casinos (mais 2.895). A área da hotelaria e restauração foi precisamente a mais atingida pela perda de mão-de-obra durante a pandemia, tendo sido despedidos mais de 17.600 funcionários não-residentes desde Dezembro de 2019. A reboque do turismo A RAEM acolheu, nos primeiros quatro meses de 2025, 13 milhões de visitantes, mais 12,9 por cento do que no mesmo período de 2024 e o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano. A crise económica criada pela pandemia levou a taxa de desemprego a atingir 4 por cento no terceiro trimestre de 2022, o valor mais alto desde 2006. Apesar da subida do número de trabalhadores não residentes, a taxa de desemprego manteve-se em 1,9 por cento no período entre Fevereiro e Abril. A economia de Macau encolheu 1,3 por cento entre Janeiro e Março, sobretudo devido à “alteração do padrão de consumo dos visitantes”, segundo a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos. Foi a primeira vez que o Produto Interno Bruto do território encolheu, em termos homólogos, desde o final de 2022, quando a região começou a levantar as restrições devido à pandemia de covid-19.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEducação | Aumentados subsídios do ensino recorrente A medida foi anunciada através do Boletim Oficial e, de acordo com os dados mais recentes sobre o número de turmas, acarreta um custo extra de cerca de 1,79 milhões de patacas. É a primeira vez, desde 2020, que estes subsídios são actualizados A partir de Setembro, os subsídios atribuídos às escolas com turmas do ensino recorrente vão ser todos aumentados em 3 por cento. A informação foi divulgada ontem através do Boletim Oficial, naquele que é o primeiro aumento deste apoio desde 2020, durante o período da pandemia. Segundo os aumentos decididos pelo Chefe do Executivo, o subsídio atribuído a cada turma do ensino primário vai subir de 899.600 patacas para 926.600 patacas, uma diferença de 27 mil patacas. Em relação às turmas do ensino secundário geral, o valor vai crescer de 1.073.800 patacas para 1.106.000 patacas, um aumento de 32,2 mil patacas. Por fim, no ensino secundário complementar o subsídio vai subir de 1.210.600 patacas para 1.246.900 patacas, uma diferença de 36,3 mil patacas. Os dados da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) mais recentes em relação ao número de turmas são relativos ao ano lectivo de 2023/2024 e indicam que nesse ano havia um total de 56 turmas de ensino recorrente. Entre estas, três turmas eram do ensino primário, enquanto as restantes 53 enquadravam-se no ensino secundário, embora não seja possível fazer a distinção entre turmas do ensino geral ou complementar. Tendo em conta estes dados, a actualização dos subsídios teria um custo extra a nível do ensino primário de mais 81 mil patacas, de 2.698.800 patacas para 2.779.800 patacas. Quanto às 53 turmas do ensino secundário, e assumindo que todas as turmas são do ensino geral, dado que é o valor mais reduzido, a actualização do subsídio vai ter um custo extra de pelo menos 1,71 milhões de patacas, de 56.911.400 patacas para 58.911.400 patacas. Custo de 1,79 milhões Com base nos cálculos apresentados, a medida vai ter assim um custo extra total, considerando o ensino primário e secundário, de 1,79 milhões de patacas. De acordo com as estatísticas da DSEDJ, no ano lectivo de 2024/2025, quando ainda não estavam em vigor os aumentos, existiam cinco escolas a disponibilizar turmas do ensino recorrente no território em diferentes níveis: Escola Primária Oficial Luso-Chinesa Sir Robert Ho Tung, Escola Secundário Luso-Chinesa de Luíz Gonzaga Gomes, Escola Secundária Millennium, Escola Secundária Nocturna Xin Hua, Escola Seong Fan da Associação Comercial de Macau e Escola São João de Brito. Estas escolas eram frequentadas por 976 alunos, um aumento de 10 alunos em relação ao ano lectivo de 2023/2024. O ensino recorrente destina-se às pessoas que por algum motivo não concluíram os estudos e se encontram fora da “idade normal de frequência do ensino regular”. Outras actualizações Além do ensino recorrente, o Executivo apresentou também uma actualização dos subsídios por turma no ensino geral. O aumento foi igualmente de 3 por cento. Como consequência dos ajustamentos, no ensino infantil cada turma passa a ser subsidiada com 1.095.700 patacas, um aumento face às 1.063.800 anteriores. No ensino primário o aumento é para as 1.193.900 patacas, quando até agora o subsídio era de 1.159.100 patacas. Em termos do ensino secundário geral, o subsídio sobe para 1.438.700 patacas das 1.396.000 patacas e no ensino secundário complementar cresce para 1.631.800 patacas, quando antes era de 1.584.300 patacas.
João Luz Manchete PolíticaEleições | Ron Lam entrega pedido de candidatura, ainda sem lista A Sinergia de Macau entregou ontem o pedido de constituição de candidatura para as legislativas. Sem confirmar se será cabeça de lista, Ron Lam disse que quer continuar a ser uma ponte entre o Governo e a população. Sobre o seu primeiro mandato, Ron Lam confessou sentir-se impotente, apesar do esforço para demonstrar as suas opiniões A Associação da Sinergia de Macau entregou ontem à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) o pedido de constituição da comissão de candidatura para as eleições legislativas. A associação liderada pelo presidente Johnson Ian e pelo vice-presidente e deputado Ron Lam entregou também cerca de quatro centenas de assinaturas de apoio à candidatura. Apesar de confessar que gostaria de continuar a dar voz à população, para já a Associação da Sinergia de Macau ainda não tem uma lista formada, facto que Ron Lam justificou com os recursos limitados e falta de tempo. “Em relação a quem será o cabeça de lista, a nossa equipa irá ainda discutir, mas acredito que há quem queira que eu mantenha o meu lugar no hemiciclo. Mas é importante obedecer à decisão da equipa”, indicou. Em relação ao seu primeiro mandato de deputado, que está prestes a terminar, Ron Lam confessou alguma frustração entre o empenho, as suas expectativas e como não se reflectiram na realidade política. “Apliquei-me no trabalho legislativo com esforço, participei em todas as reuniões e expressei as minhas opiniões, mas os resultados não corresponderam ao que esperava”, disse. Para a outra margem Em declarações no Edifício da Administração Pública, Ron Lam defendeu a importância de fazer chegar ao Governo as diferentes opiniões da população, missão que o deputado e potencial candidato admite querer continuar a desempenhar. Aliás, a opinião pública percepcionada pelo deputado e as sugestões que resultam de consultas públicas do Executivo continuam a apresentar grandes discrepâncias. Ron Lam argumenta que estas diferenças fazem com que a governação não tenha correspondência com os desejos e expectativas da população para o desenvolvimento social. “Esperamos continuar a desempenhar com eficácia o papel de ponte entre a sociedade e o Governo, reflectindo as opiniões da população. Esperamos também que o Executivo decida mais políticas, de forma séria e humilde, em conformidade com a vontade popular”, afirmou Ron Lam. O deputado deu como exemplo de situações em que o Executivo voltou atrás depois de opiniões públicas, a que deu voz, a suspensão das obras que iria erigir uma estátua gigante da deusa Kun Iam em Coloane. “Apesar de muitas vezes não conseguirmos fazer melhor, noutras conseguimos que as autoridades sigam pelo caminho que apontamos”. O mesmo não se verificou recentemente com as alterações à forma de atribuição do cheque pecuniário, onde Ron Lam afirma ter faltado a comunicação entre o Governo e a sociedade, nem sequer através de consulta pública. CAEAL | Aliança do Bom Lar entrega propositura de candidatura A Aliança de Bom Lar entregou ontem à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) o pedido de constituição da comissão de candidatura, com 500 assinaturas. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a mandatária da comissão de candidatura da Aliança de Bom Lar é Iong Weng Ian, que também é presidente do conselho fiscal da Associação Geral das Mulheres de Macau. Segundo a apresentação, a Aliança de Bom Lar pretende lutar por uma melhoria dos direitos de mulheres e crianças, sendo que, numa segunda fase, vai ouvir e recolher as opiniões sociais para elaborar o programa político e organizar a lista de candidatos às próximas eleições para a Assembleia Legislativa.
João Santos Filipe Manchete PolíticaNova Esperança | Entregue pedido de candidatura com 500 assinaturas Com um total de 500 assinaturas, a lista Nova de Esperança teve como porta-voz o deputado José Pereira Coutinho que afastou o cenário de ser desqualificado das eleições. Por desvendar ficou o tabu sobre a posição de Rita Santos na lista A lista Nova Esperança do deputado José Pereira Coutinho, ligada à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), entregou ontem o pedido de reconhecimento da comissão de candidatura com 500 assinaturas. No entanto, ainda não foi desta que foi quebrado o tabu sobre a posição de Rita Santos na lista que deverá participar no sufrágio de 14 de Setembro. “Eu estou na lista, mas tenho de respeitar os meus colegas, que estão aqui atrás. Nós ainda estamos a ultimar o encadeamento da lista, porque o objectivo, como disse, é ter uma voz da lista de Novas Esperanças e um resultado muito satisfatório”, afirmou José Pereira Coutinho. “Ela [Rita Santos] vai estar na lista. Agora como é que ela vai estar é que eu ainda tenho que falar com os meus colegas, mas vai estar”, assegurou. Antes de entregar o pedido de reconhecimento de constituição da comissão da candidatura, e apesar de várias listas de um espectro mais crítico do Governo terem sido desqualificadas em 2021, Coutinho considerou que estas vão ser as eleições mais difíceis dos últimos anos: “Não, não é bluff, é de facto difícil, porque vai haver mais listas, e as listas são fortes”, justificou. “Hoje em dia, aquelas listas tradicionais têm um peso muito importante porque elas têm uma grande capacidade financeira que pode movimentar os edifícios. E não digo movimentar os barcos nem os carros, são mesmos os edifícios, com seus alicerces, que conseguem ser movimentados no espaço de duas semanas”, atirou. “A lista vai ter uma luta muito renhida, mas espero que as pessoas tenham consciência que votar é um acto muito importante”, acrescentou. Sem medos Até 6 de Junho, as listas têm de entregar o pedido de reconhecimento da comissão de candidatura. Após este processo, se tudo estiver conforme a legislação aplicável, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) reconhece a comissão de candidatura e as listas podem apresentar os seus candidatos. Os nomes dos candidatos são depois submetidos a um processo político, conduzido pela Comissão de Defesa da Segurança do Estado, presidida pelo Chefe do Executivo, e na qual também participam representantes do Interior, como assessores, que tem poderes para vetar os nomes apresentados. A decisão é final e não admite recurso judicial. No entanto, ontem, José Pereira Coutinho desvalorizou a possibilidade de ser desqualificado, apesar de reconhecer ser crítico do Governo. “Ah não, eu acho que não [vou ser desqualificado]. O facto de ser crítico não significa que não sou patriota, eu também sou patriota, de modo que nós temos trabalhado sempre para o bem de Macau e para o bem dos cidadãos de Macau”, opinou. “Confiante!”, concluiu. Maior transparência Sobre a concorrência de outras listas, Coutinho defendeu a necessidade de as autoridades assegurarem que as eleições vão decorrer com transparência, não só para garantir que os resultados são justos, mas também para não ser transmitido um mau exemplo para os jovens de Macau. O deputado criticou igualmente a postura de várias associações, sem mencionar nomes, que acusou de terem aproveitado o facto de estarem a ajudar o Governo a distribuir aos idosos o cartão no âmbito do Carnaval do Consumo para recolher assinaturas para as comissões de candidaturas. Segundo Pereira Coutinho, vários idosos declararam o apoio a outras comissões de candidatura, sem terem consciência do que estavam a fazer, quando pretendiam apoiar a Nova Esperança. Em 2021 a lista Nova Esperança foi a terceira força mais votada, com um total de 18.323 votos.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteOrçamento 2025 | Governo retira 12 mil milhões às estimativas das receitas do jogo A previsão avançada em Novembro pelo Executivo, que apontava para 240 mil milhões de patacas de receitas brutas dos casinos em 2025, foi revista. O Governo prevê agora que as receitas tenham uma quebra de 12 mil milhões de patacas, obrigando à revisão orçamental apresentada ontem por André Cheong Foram ontem divulgados, pelo Conselho Executivo, os dados relativos à revisão do Orçamento para este ano, que acontece devido à previsão em baixa do montante das receitas brutas do jogo, de que dependem, em larga escala, a economia local e as receitas públicas. Assim, se inicialmente o Executivo estimava que as receitas brutas do jogo seriam, este ano, de 240 mil milhões de patacas, esse valor baixa agora para 228 mil milhões, ou seja, menos 12 mil milhões. Em relação à estimativa média mensal, são previstos agora 19 mil milhões de patacas em receitas brutas, porque “a situação não é como a prevista”. Na apresentação de ontem, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, e também porta-voz do Conselho Executivo, referiu que “após estudo e análise da actual conjuntura económica global e da situação efectiva da exploração do sector do jogo desde o início do corrente ano até ao presente momento, propõe-se que a estimativa anual das receitas brutas do jogo seja reduzida de 240 mil milhões de patacas para 228 mil milhões de patacas, servindo assim como a base principal das receitas financeiras do orçamento alterado, e que as rubricas de receitas orçamentais pertinentes sejam adequadamente ajustadas”. Em Novembro do ano passado, quando Ho Iat Seng estava prestes a deixar o cargo de Chefe do Executivo, as previsões para as receitas brutas eram de 240 mil milhões, tendo em conta a versão inicial da proposta de Orçamento para 2025. Na altura, a previsão representava um aumento face ao que tinha sido estimado para 2024, que situava as receitas brutas dos casinos em 216 mil milhões de patacas, um aumento de 11,1 por cento. Face às receitas brutas do jogo em 2023, a estimativa para 2025 traduzia-se num aumento de 31,1 por cento. Importa destacar que a nova previsão abaixo do esperado constitui um aumento anual de apenas 0,5 por cento nas receitas brutas, quando os números iniciais se traduziam num crescimento anual de 5,8 por cento. Nos primeiros cinco meses deste ano, as receitas do jogo subiram apenas 1,7 por cento em termos anuais para 97,7 mil milhões de patacas. Garantia de equilíbrio Na resposta aos jornalistas, a subdirectora dos Serviços de Finanças, Ho Silvestre In Mui, disse que os novos cálculos se basearam nos dados fornecidos pela Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) em contraste com as despesas públicas do primeiro semestre. “Nesta proposta de lei orçamental fizemos uma análise em relação à conjuntura global e tivemos em conta um modelo diferente quanto ao consumo dos turistas em Macau. Fizemos considerações gerais para essas estimativas e, de acordo com a DICJ, de Janeiro a Abril do corrente ano, em média, por mês, foram cerca de 19 mil milhões e houve um aumento para 21,1 mil milhões (de receitas brutas). Devido a essa situação com as receitas brutas do jogo, há uma redução em relação ao ano passado, não se atingindo as 20 mil milhões [de receitas brutas de jogo, em média], pelo que na segunda metade do ano haverá incertezas.” “Neste orçamento pretendemos ter um balanço na despesa e receita. Após uma avaliação à primeira metade do ano, podemos fazer uma avaliação tendo em conta o montante das 19 mil milhões de patacas, e conforme a actual despesa da RAEM, conseguimos obter um orçamento mais equilibrado”, acrescentou. Em termos gerais, e segundo a nota explicativa apresentada por André Cheong, o valor total da receita do orçamento ordinário integrado da RAEM para o ano económico de 2025 passa a ser de 116,5 mil milhões, quando antes se esperava uma receita na ordem das 121 mil milhões de patacas, e tal deve-se “à previsão da redução das receitas brutas de jogo”, explicou a subdirectora da DSF. O corte é de 4,56 mil milhões de patacas. Além disso, adiantou a responsável, só a redução no imposto arrecadado sobre o jogo, devido à quebra nas receitas brutas, traduz-se em menos 450 milhões de patacas para a Administração. De destacar também que a despesa orçamental no âmbito do PIDDA [Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração] é revista para cerca de 19,587 mil milhões de patacas. Despesa orçamental sobe 2,5 por cento devido a educação e apoios sociais O Governo assegura que, na proposta de Orçamento para este ano, a construção de um novo campus da Universidade de Macau (UM) na Ilha de Hengqin irá contribuir, em parte, para o aumento da despesa, na ordem dos 2,5 por cento, bem como “o aumento do orçamento em relação aos subsídios atribuídos aos grupos vulneráveis e ao investimento em investigação e desenvolvimento científico e tecnológico”. Na proposta orçamental apresentada ontem, está inscrita uma verba aproximada de 1,7 mil milhões de patacas para a construção do novo campus da UM, adiantou a subdirectora dos Serviços de Finanças (DSF). Além disso, ao nível do investimento científico e tecnológico foi aditado o montante de 340 milhões de patacas “para investimentos no âmbito da ciência e tecnologia, como a aquisição de aparelhos de laboratório, para satisfazer a medida e políticas do Governo da RAEM”, frisou Ho Silvestre In Mui. “Para a construção está prevista uma despesa de cerca de oito mil milhões de patacas. Como o campus é construído na Ilha de Hengqin, o custo deve ser calculado em renminbis, o que faz cerca de sete mil milhões. Este é o dado que conseguimos facultar neste momento”, disse a responsável. Reforço para apoios No que diz respeito aos apoios sociais, a proposta de Orçamento para este ano revela um aumento de 2,86 mil milhões de patacas nas despesas previstas, como forma de reforço desses apoios. No total, a subida das despesas é de 2,5 por cento, para 116,2 mil milhões de patacas. Quanto à elaboração do Orçamento para o próximo ano, está a ser preparado e a palavra de ordem é a contenção. “Já estamos a elaborar o Orçamento para o ano de 2026, e todos os serviços do Governo da RAEM precisam de ponderar mais sobre as suas despesas, especialmente tendo em conta a conjuntura actual. Na fase de elaboração orçamental tomamos uma atitude prudente e rigorosa quanto às despesas”, disse a subdirectora da DSF.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Receitas com o valor mais alto desde a pandemia Maio é um mês de época alta, devido à Semana Dourada, e este ano não foi diferente com as receitas a crescerem 5 por cento face ao ano passado. O facto de haver mais um dia de fim-de-semana também terá contribuído para os números acima do esperado Os casinos registaram receitas brutas do jogo de 21,19 mil milhões de patacas em Maio, o valor mais elevado desde a pandemia. Os dados foram anunciados no domingo pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Em Janeiro de 2020, antes da pandemia, as receitas foram de 22,13 mil milhões de patacas. Depois desse período, o recorde anterior foi estabelecido em Outubro do ano passado, quando as receitas se fixaram nos 20,79 mil milhões de patacas. O valor mais recente de 21,19 mil milhões de patacas significa um aumento de 5 por cento em relação a Maio do ano passado, quando as receitas atingiram 20,19 mil milhões de patacas. Em termos mensais, o crescimento das receitas de jogo foi de 12,4 por cento, dado que em Abril as receitas foram contabilizadas 18,86 mil milhões de patacas. Em termos de receita acumulada, nos primeiros cinco meses deste ano registou-se um aumento de 1,7 por cento em relação ao ano anterior, com um total de 97,71 mil milhões de patacas face aos 96,06 mil milhões de patacas registados entre Janeiro e Maio do ano passado. No entanto, o valor ainda está muito longe de 2019, o período pré-pandemia e antes da campanha contra os junkets, quando as receitas entre Janeiro e Maio foram de 125,69 mil milhões de patacas. Melhor do que o esperado Após serem conhecidos os resultados, o banco de investimento JP Morgan Securities (Asia Pacific) considerou que o valor de 21,19 mil milhões de patacas ultrapassou “confortavelmente” a generalidade das previsões dos analistas, que previam um crescimento de 2 por cento face a Maio do ano passado. “Recorde-se que a fasquia não era baixa, ou seja, as expectativas dos analistas já tinham sido ajustadas em alta – de um valor inicial de menos 1 por cento em termos anuais para mais 2 por cento – para reflectir a forte Semana Dourada e este crescimento é impressionante, tendo em conta as adversidades em curso”, escreveram os analistas DS Kim e Selina Li, da JP Morgan Securities (Asia Pacific), citados pelo portal GGR Asia. “Este resultado traduz-se numa taxa de recuperação de 82 por cento em relação ao período pré-Covid, a melhor taxa desde o fim das restrições pandémicas”, foi acrescentado. Por sua vez, Vitaly Umansky, analista na Seaport Research Partners, explicou que este aumento se deve ao facto do mês ter tido mais um dia de fim-de-semana, face ao ano anterior ou seja, dias em que existe tendência para as receitas serem mais elevadas. De acordo com o relatório da Seaport Research Partners, citado pelo portal GGR Asia, Umansky explicou que “em comparação com os dias da semana”, os dias do fim-de-semana geram receitas 20 por cento mais elevadas. “O Festival dos Barcos-Dragão foi mais cedo este ano, começou a 31 de Maio, em vez de acontecer em meados de Junho, como no ano passado”, acrescentou.
Hoje Macau Manchete SociedadeIIICF | Fórum divulga índice de infra-estruturas na lusofonia Um fórum internacional, que irá decorrer em Macau entre 10 e 12 de Junho, vai divulgar o Índice de Desenvolvimento de Infra-estruturas nos Países de Língua Portuguesa. No ano passado, foram realçadas as reformas implementadas por Portugal para melhorar o ambiente de negócios Vem aí mais uma edição do Fórum e Exposição Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas (IIICF, na sigla em inglês), que se realiza entre 10 e 12 de Junho na Cotai Expo do The Venetian Macao, de acordo com um comunicado do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM). Durante o evento será divulgado, pelo terceiro ano consecutivo, a versão integral do Índice de Desenvolvimento de Infra-estruturas nos Países de Língua Portuguesa. Em 2024, o Brasil e Angola foram os países de língua portuguesa com a cotação mais alta no índice, que avalia o ambiente, a procura, a receptividade e os custos para o desenvolvimento de infra-estruturas. Quanto mais alta for a pontuação, melhor será a perspectiva da indústria de infra-estruturas de um país e maior será o grau de atractividade para as empresas se empenharem no investimento, construção e operações nesta área naqueles territórios. Portugal e Guiné Equatorial foram em 2024, entre os países lusófonos, na perspectiva do relatório chinês, aqueles com a melhor pontuação no subíndice de desenvolvimento relacionado com os custos operacionais e de financiamento. O documento destacou “a série de reformas implementadas pelo Governo português para melhorar o ambiente de negócios” e a aprovação, em Dezembro de 2023, do Programa Nacional de Investimentos até 2030 como factores que deram “um novo impulso” às infra-estruturas. Estradas do futuro O Brasil foi o país que mais se destacou nos subíndices da procura, que junta factores como procura e mercado potencial, e da receptividade local e entusiasmo de curto prazo no investimento de infra-estruturas, calculado, por exemplo, com base no valor dos novos contratos. Já Moçambique, liderou entre os lusófonos no subíndice associado ao ambiente, que agrega factores políticos, económicos, soberania, factores de impacto no mercado, bem como os cenários empresariais e industriais. O relatório de 2024 assinalou “uma subida moderada” nos custos de construção nos mercados de língua portuguesa e alertou para os “consideráveis obstáculos” que os países enfrentam no “desenvolvimento sustentável de infra-estruturas de elevada qualidade”. A última edição do IIICF terminou com a assinatura de 38 acordos, os maiores dos quais envolveram projectos em Angola e Brasil. O ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação de Angola, Carlos dos Santos, disse na altura à Lusa que chegou a acordo com a empresa estatal chinesa China Road and Bridge Corporation para construir a primeira autoestrada do país, com as obras estimadas em 2,5 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros). Também no IIICF de 2024, o grupo brasileiro de concessão de infra-estrutura, transportes e serviços CCR assinou um acordo com uma empresa chinesa para o projecto de engenharia da extensão de uma linha de caminhos-de-ferro em São Paulo, no sudeste do Brasil, avaliado em cinco mil milhões de yuan (611 milhões de euros).
João Santos Filipe Manchete PolíticaDesemprego | Taxa de residentes em 2,5 por cento entre Fevereiro e Abril A taxa de desemprego geral manteve-se em 1,9 por cento entre Fevereiro e Abril. No entanto, tanto para residentes como não-residentes, a taxa de desemprego manteve em níveis idênticos ao período anterior Entre Fevereiro e Abril, a taxa de desemprego de residentes foi de 2,5 por cento, de acordo com os dados publicados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Segundo a DSEC, o valor do desemprego de residentes manteve-se num nível idêntico em comparação com o período de Janeiro a Março, apesar de haver mais residentes empregados. “O grupo dos residentes desempregados era composto por 7.400 pessoas. Entre os residentes desempregados à procura de novo emprego, a maioria trabalhou anteriormente no ramo de actividade económica das lotarias e outros jogos de aposta, no ramo da construção e no ramo do comércio a retalho”, escreveu a DSEC, num comunicado divulgado dna sexta-feira. “Além destes, o número de residentes desempregados à procura do primeiro emprego permaneceu nos 10,2 por cento dos residentes desempregados, face ao período precedente”, foi acrescentado. Ao mesmo tempo, a taxa global de desemprego, que inclui também os não-residentes, foi de 1,9 por cento, mantendo um nível idêntico ao período entre Janeiro e Março. Entre Fevereiro e Abril, a população activa em Macau era de 380,6 mil pessoas, um crescimento de 1.500 pessoas face ao período anterior, e a população empregada de 373,2 mil, um aumento de 1.400 pessoas. “Destaca-se que o número de residentes empregados (281.900) subiu 1.700 pessoas”, escreveu a DSEC. Para estes números contribuiu o facto de as áreas do imobiliário, comércio por grosso e a retalho terem contratado mais trabalhadores, apesar do jogo ter menos trabalhadores. Subemprego a subir Em relação ao subemprego, ou seja, pessoas que trabalham menos horas pagas do que pretendiam, o cenário ficou pior nos últimos meses, não só para residentes, como para não-residentes. “A taxa de subemprego global (1,4 por cento) e a taxa de subemprego dos residentes (1,8 por cento) aumentaram ambas 0,2 pontos percentuais, em relação ao período anterior” indicou a DSEC. “O número de residentes subempregados (5.200) subiu 700 pessoas, face ao período anterior”, foi adicionado. A DSEC indica também que “a maior parte dos residentes subempregados pertencia ao ramo de actividade económica da construção e ao ramo do comércio a retalho”. “Em comparação com o período de Fevereiro a Abril de 2024, a taxa de actividade dos residentes (61,4 por cento) decresceu 0,9 pontos percentuais, enquanto a taxa de desemprego dos residentes (2,5 por cento) e a taxa de subemprego dos residentes (1,8 por cento) se mantiveram”, foi completado.
João Luz Manchete PolíticaSinergia | Governo acusado de ter critérios distintos da população A Associação Sinergia de Macau considera que as alterações Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico não estão em linha com as pretensões da população, e definiu como “simulações” as sessões do Governo para ouvir as opiniões das associações A Associação Sinergia de Macau atacou o Governo por aplicar critérios que não vão ao encontro das pretensões da população nas restrições do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico. As opiniões foram defendidas pelo deputado Ron Lam, da associação, e o presidente Johnson Ian. Ao portal HK01, Ron Lam argumentou que as novas limitações no acesso ao cheque apresentam uma grande diferença face ao que são as opiniões da população. O deputado recordou que no passado as opiniões expressas pretendiam que o Governo tornasse o programa mais eficaz, ao alterar aspectos como o facto de nos últimos três anos cerca de 79 milhões de patacas deste plano terem ficado por levantar. Este aspecto, deve-se ao facto de haver cidadãos a viver no exterior que muitas vezes morrem sem que esses óbitos sejam comunicados às autoridades locais, muitas vezes porque se perderam as ligações com o território. Lam entende que este era um dos aspectos que a população queria ver alterado, e não a restrição adoptada. Ron Lam ainda criticou o Executivo por ter aplicado as mudanças “à pressa” o que só veio causar mais polémica: “O Governo estava com pressa e aplicou uma medida brusca, sem fazer qualquer consulta pública, havendo apenas movimentações de bastidores o que leva a população a questionar a Governação”, atirou. “As consultas com as associações locais foram simuladas, o que apenas gerou mais críticas e provocou mais polémicas desnecessárias”, acrescentou. O deputado atacou igualmente o facto de vários residentes a trabalharem em Hong Kong deixarem de receber o cheque. Lam compreende que a mudança visa poupar recursos, mas afirmou ser incompreensível que pessoas que mantêm “ligações estreitas” com Macau sejam afectadas desta forma. O legislador afirmou que o Governo precisa de explicar muito bem esta exclusão. Maior participação Por seu turno, Johnson Ian também apontou que as alterações ao plano deviam ter sido realizadas através de meios de consulta à globalidade da população. Numa opinião publicada no jornal Son Pou, Ian defendeu que a falta de uma consulta pública levou a que várias opiniões não fossem ouvidas, principalmente sobre o facto de o cheque ser entendido por grande parte da população como uma medida relacionada com o bem-estar geral. Johnson Ian indicou ainda que o Governo deve tomar uma posição clara quanto ao futuro do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico, uma vez que o Executivo está sempre a destacar que é uma medida provisória e não permanente. Além disso, Johnson Ian criticou o facto de o Governo não ter revelado dados sobre quantas pessoas vão ser afectadas pelas novas limitações e quanto dinheiro pode ser poupado. Para o presidente da associação faltam dados para analisar o impacto das novas limitações.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteDSAL | Número de acidentes laborais sofre quebra ligeira em termos anuais Os dados relativos aos acidentes de trabalho ocorridos no ano passado revelam estabilidade em relação a 2023: cerca de cinco mil pessoas, 5.095, sofreram acidentes no trabalho, número ligeiramente inferior às 5.293 vítimas de 2023, enquanto o número de vítimas mortais decorrentes desses incidentes se manteve numa dezena Foto: Gonçalo Lobo Pinheiro Dados divulgados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) mostram como no espaço de um ano, entre 2023 e 2024, o panorama dos acidentes de trabalho se manteve estável, verificando-se até uma quebra ligeira no número de ocorrências e o mesmo número de mortos. Segundo o relatório relativo a 2024, um total de 5.095 trabalhadores sofreram acidente de trabalho, sendo que a principal causa foi a “queda de pessoas”, que representou a fasquia de 25,4 por cento do total de incidentes, seguindo-se o “entalamento num ou entre objectos”, que representou 19,3 por cento de todos os incidentes, e ainda a “marcha ou choque em objectos”, com 16,1 por cento. Segundo o relatório da DSAL divulgado no ano passado, houve 5.293 vítimas de acidentes de trabalho em 2023, sendo que quase todas as ocorrências (5.253) resultaram em incapacidade temporária de trabalho. Apenas 30 casos resultaram em incapacidade permanente da pessoa, sendo que 10 pessoas faleceram. No ano passado, a DSAL registou também o mesmo número de mortes por acidentes de trabalho, sendo que um caso está associado a uma alegada “infracção à legislação sobre segurança e saúde ocupacional”. “Todos os casos mortais foram remetidos aos órgãos judiciais para devido tratamento, e, posteriormente, a DSAL fará o ajustamento dos dados de acordo com as sentenças proferidas”, lê-se no relatório relativo a 2024. A DSAL diz proceder a investigações a todos os incidentes laborais ocorridos, tendo aplicado, no ano passado, multas a duas entidades por “infracções à legislação relativa à segurança e saúde ocupacional”, em casos que envolveram dois trabalhadores. Além disso, foram aplicadas multas a 43 pessoas por infracções ao Regime Jurídico da Reparação por Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, envolvendo 303 trabalhadores no total. Mais homens que mulheres O relatório apresenta também dados mais específicos sobre os acidentes de trabalho ocorridos no ano passado. Assim, dos 5.095 casos, 5.063 resultaram em incapacidade temporária, sendo que 557 trabalhadores conseguiram voltar ao serviço no mesmo dia da ocorrência do acidente destaca a DSAL. Porém, um total de 22 pessoas acabaram mesmo por ficar com incapacidade permanente. Destaca-se o número de pessoas que foram atingidas nas mãos (1.336), seguindo-se os acidentes na zona dos pés com 894 ocorrências, várias partes do corpo com 831 casos, e acidentes na zona do tronco com 743 casos. Os dados estatísticos mostram ainda que os homens dominam no tocante às vítimas: assim, houve, em 2024, 255 vítimas com idade compreendidas entre os 16 e os 24 anos. Nesta faixa etária, 165 homens sofreram acidentes de trabalho por oposição a 90 mulheres. Os números sobem nas pessoas com idades compreendidas entre os 25 e 44 anos, em que houve 2.719 ocorrências, atingindo 1.568 homens e 1.151 mulheres. Dos 45 aos 64 anos houve 1.908 ocorrências, tendo, desta vez, atingido mais mulheres do que homens: 1.188 face a 720 trabalhadores do sexo masculino. Destaque para a ocorrência de 213 casos de acidentes de trabalho envolvendo pessoas em idade de reforma, ou seja, com 65 anos ou mais, em que 120 mulheres foram afectadas em contraste com 93 homens. Os dados de 2024 olham também para o tipo de profissão em que ocorreram mais acidentes: dominam os “empregados administrativos”, com 1.318 casos, seguindo-se o “pessoal dos serviços, vendedores e trabalhos similares”, com 1.207 casos, e ainda os “trabalhadores não qualificados” com 1.219 ocorrências. Houve ainda 413 ocorrências no grupo de “trabalhadores da produção industrial e artesãos” e ainda 196 em “operadores de instalações de máquinas, condutores e montadores”. Na categoria de “técnicos e profissionais de nível intermédio” foram registados 420 incidentes de trabalho. Vamos por partes Se olharmos para os números de acidentes de trabalho tendo em conta o ramo de actividade económica, observa-se que dominam as “actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços”, com relação, portanto, ao sector do jogo e entretenimento, com 1.512 casos ocorridos no ano passado. Segue-se acidentes nos “Hotéis, restaurantes e similares”, com 1.293 casos, e ainda 414 incidentes na área dos “transportes, armazenagens e comunicações”. No sector da construção civil, verificaram-se 374 acidentes. De frisar que os dados de 2023 são também semelhantes no que diz respeito à actividade económica onde ocorreram mais acidentes de trabalho e em termos do género dos trabalhadores, com 52 por cento de homens e 48 por cento de mulheres afectados. Houve, em 2023, uma maior incidência de acidentes de trabalho em idades compreendidas entre os 25 e os 44 anos, representando 53,6 por cento, enquanto que nas idades compreendidas entre os 45 e 64 anos, a percentagem de acidentes baixou para 37,2 por cento. O relatório da DSAL relativo a 2023 mostrava ainda que as “actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços” (29,5 por cento), os “Hotéis, restaurantes e similares” (23,2 por cento) e “Transportes, armazenagem e comunicações” (10,8 por cento) ocupavam as três primeiras posições relativamente ao número total de vítimas de acidentes de trabalho. No que se refere às profissões, os “Trabalhadores não qualificados” (26 por cento), o “Pessoal dos serviços, vendedores e trabalhadores similares” (24 por cento) e os “Empregados administrativos” (22,9 por cento) ocuparam as três primeiras posições em relação ao total de vítimas de acidentes de trabalho. Acção e reacção O relatório da DSAL relativo aos acidentes de trabalho de 2024 revela ainda que foram realizadas 3.550 visitas de inspecção a diferentes locais de trabalho, como estaleiros de construção, estabelecimentos industriais e comerciais, que resultaram em 395 recomendações de melhoria e na aplicação de multas em 10 situações devido à falta de segurança. No ano passado, foram ordenadas quatro suspensões do funcionamento de estaleiros no contexto da verificação do estado de segurança e saúde ocupacional, a consequência mais grave depois da aplicação de multas ou acções de sensibilização. A DSAL salienta também que, no ano passado, foram realizados 404 seminários para diferentes sectores e tipos de trabalho, que contaram com a participação de 17.148 pessoas. No tocante a cursos sobre a segurança e saúde ocupacional, foram realizadas formações para a obtenção do cartão de segurança ocupacional na construção, com 26.590 participantes, e que resultou na emissão de 25.069 cartões. Já os “cursos de formação sobre segurança em trabalhos específicos na construção civil” tiveram 3.167 participantes, tendo sido emitidos 2.895 certificados. Noutra área importante para a economia local, a hotelaria e restauração, participaram 25.965 participantes nos “cursos de formação para obtenção do cartão de segurança ocupacional na hotelaria e restauração”, com a emissão de 25.020 cartões.
João Luz Manchete SociedadeNuclear | “Ocorrência” em Taishan sem fugas radioactivas Os Serviços de Polícia Unitários foram ontem notificados de “uma ocorrência na Central Nuclear de Taishan” que aconteceu na terça-feira, quatro dias depois de uma comitiva da RAEM, liderada pelo secretário para a Segurança, ter visitado a central que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau. O incidente foi classificado de nível 0, numa escala de 1 a 7 O Gabinete da Comissão de Gestão de Emergência Nuclear da Província de Guangdong notificou ontem os Serviços de Polícia Unitários (SPU) de uma “ocorrência na Central Nuclear de Taishan” que aconteceu na passada terça-feira. O incidente ocorreu quatro dias depois de o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, ter liderado uma comitiva de representantes de serviços da RAEM numa reunião com responsáveis da Central Nuclear de Taishan e uma visita às instalações da central que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau. De acordo com a comunicação enviada aos SPU, a “ocorrência foi classificada como incidente operacional de nível 0”, na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES) que vai de 1 a 7. As autoridades esclarecem que as ocorrências entre os níveis 1 e 3 são qualificados como incidentes, os entre 4 e 7 são acidentes, enquanto o nível 0 é “considerado como um desvio que não se inclui na INES e serve essencialmente para a correcção de desvios e retorno de experiências”. Motor de arranque De acordo com os SPU, na terça feira, quando a unidade 1 da Central Nuclear de Taishan mudou do transformador assistido por painel (transformador secundário) para o transformador de fábrica (transformador fabril), o motor a diesel de emergência foi activado automaticamente devido a uma falha de ligação que atrasou a junção do portão. Após a detecção da falha, foi efectuada uma inspecção ao local, que confirmou “que tudo estava correcto”, o funcionamento do motor a diesel foi suspenso e o fornecimento de energia eléctrica retomado. As autoridades garantem que “a unidade manteve o funcionamento seguro e estável, com três barreiras de segurança intactas e nenhuma substância radioactiva libertada para o exterior, não tendo afectado a segurança da central, do seu pessoal operacional, da população vizinha e o ambiente adjacente à central”. A Empresa Conjunta de Energia Nuclear de Taishan comunicou atempadamente o sucedido à entidade nacional de supervisão e controlo e iniciará o feedback das experiências internas. Num comunicado divulgado na quarta-feira pelos SPU, o comandante-geral Leong Man Cheong realçou “o sentido de responsabilidade da parte de Guangdong nos trabalhos de resposta a emergências nucleares e a atitude científica e rigorosa no trabalho baseado na segurança”.
Hoje Macau Manchete SociedadeIA | Coimbra e Macau lançam laboratório sobre nutrição Nutrição, saúde e longevidade serão os focos de estudo do laboratório que será criado pela Universidade Politécnica de Macau e a Universidade de Coimbra. Gestão e saúde e prevenção de doenças crónicas serão prioridades para o laboratório que irá recorrer a ferramentas de inteligência artificial A Universidade Politécnica de Macau anunciou a criação de um laboratório conjunto com a Universidade de Coimbra que irá usar inteligência artificial (IA) para estudar a ligação entre a nutrição e a “longevidade saudável”. Num comunicado divulgado na quarta-feira, a Universidade Politécnica de Macau disse que o laboratório dedicado à nutracêutica vai concentrar-se em aplicar a IA nos “cuidados de saúde, nutrição de precisão, prevenção de doenças crónicas e gestão da saúde”. A nutracêutica é uma combinação de nutrição e farmacêutica e estuda os potenciais efeitos positivos para a saúde dos componentes presentes em alimentos. O novo laboratório vai “aproveitar ao máximo as vantagens das duas universidades nas áreas da inteligência artificial, ciências da saúde e tecnologia nutricional”, defendeu a Politécnica. O acordo prevê a investigação interdisciplinar com especialistas das duas universidades para transformar os resultados em “soluções técnicas de ponta” e “aplicações inovadoras”, sublinha no comunicado. A Politécnica garantiu ainda que o laboratório vai “formar talentos de alto nível para a indústria da saúde de Macau [e] promover o desenvolvimento de tecnologia através da cooperação com a indústria”. Sementes a germinar A área da saúde e bem-estar foi apontada como um dos quatro sectores em que o Governo de Macau quer apostar para diversificar a economia, altamente dependente dos casinos e turismo. Por outro lado, a Politécnica defendeu que a criação do laboratório representa “um novo marco na cooperação educacional entre a China e os países de língua portuguesa”. A nova instituição vai promover “a investigação científica e a inovação na área da saúde inteligente em Macau e em Portugal e apoiar a cooperação científica e tecnológica entre a China e Portugal”, referiu. O acordo para a criação do laboratório foi assinado, em Macau, pelo reitor da Politécnica, Marcus Im Sio Kei, e pelo reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão. Em Junho de 2024, Falcão disse à Lusa, numa visita a Macau, que a instituição portuguesa e a Politécnica tinham lançado um duplo doutoramento em tecnologias de informação. O doutoramento nasceu no anterior ano lectivo e “está a começar a dar os primeiros resultados”, com 18 estudantes, “divididos entre portugueses e chineses”, disse então o reitor da Universidade de Coimbra.
João Santos Filipe Manchete PolíticaComparticipação Pecuniária | Apoio só para quem passa 183 dias em Macau A decisão anunciada ontem afasta os reformados que vivem em Portugal, e fora do Interior da China, do acesso ao Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico. Os residentes que vivem e trabalham em Hong Kong ficam também excluídos A partir deste ano, os residentes da RAEM só vão ter acesso ao Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico se passarem, pelo menos, 183 dias por ano em Macau. As alterações ao apoio conhecido como cheque pecuniário, de 10 mil patacas para residentes permanentes e de 6 mil patacas para não-residentes, foram anunciadas ontem pelo Conselho Executivo. Três grupos vão ficar isentos da obrigação de passar 183 dias em Macau para receber o cheque: os residentes com menos de 22 anos em 2024 e em que um dos pais cumpre os requisitos para receber o cheque; os beneficiários da pensão de invalidez e os beneficiários do subsídio de invalidez. Além da isenção para estes três grupos, há outras oito situações em que os residentes podem ter acesso ao cheque, mesmo que não passem 183 dias em Macau ao longo do ano. É o que acontece quando os residentes frequentam o ensino superior fora do território; quando estão internados num hospital fora da RAEM, quem têm mais de 65 anos e vive no Interior da China ou, mesmo tendo menos de 65 anos, apresentam razões de saúde que justifiquem a permanência no Interior da China. São abrangidos pelas excepções os residentes que trabalham fora de Macau para um empregador registado no Fundo de Segurança Social e os residentes fora da RAEM que sejam responsáveis pela subsistência do agregado familiar. A estas juntam-se ainda o exercício de funções oficiais fora de Macau; o registo do domicílio, trabalho ou estudo na Zona de Cooperação Aprofundada; e ainda o trabalho prestado nas cidades de Grande Baía, à excepção de Hong Kong que é deixada de fora. Sobre a exclusão da RAEHK, André Cheong indicou que o objectivo do Governo é que os jovens vão para o Interior da China desenvolver as carreiras profissionais, para se integrarem no desenvolvimento nacional, e que Hong Kong não é uma prioridade. No caso das oito excepções, o tempo passado fora de Macau é contabilizado para efeitos dos 183 dias. Por exemplo, se uma pessoa só esteve em Macau 10 dias em 2024, mas passou 180 dias a estudar num curso de ensino superior em Portugal, então conta como se tivesse passado 190 dias em Macau e tem acesso ao cheque. Na mesma lógica, se não tiver passado qualquer dia em Macau, mas tiver justificação para a ausência de 183 dias, também é contabilizado e tem acesso ao cheque. No entanto, os indivíduos abrangidos pelas excepções têm de apresentar um pedido para que os dias sejam contabilizados, sob pena de ficarem de fora da primeira fase de distribuição do cheque, que começa a 15 de Julho e se prolonga até 13 de Agosto. Os pedidos podem ser apresentados a partir de 18 de Junho até 31 de Dezembro de 2028, um prazo de três anos. Reformados em Portugal excluídos Com esta medida, os reformados residentes da RAEM que vivem em Portugal, e outros países, deixam de ter acesso ao cheque. A partir de agora, apenas os reformados que se encontrem no Interior da China vão ter acesso ao apoio. O mesmo acontece com os residentes espalhados pelo mundo, quando a entidade patronal não tem ligações a Macau. Face a estas alterações, André Cheong indicou que a aposta passa por atribuir o apoio a quem tem uma ligação “mais estreita” com Macau: “Mudámos algumas condições de acesso a esse montante. Queremos distribuir os recursos públicos limitados aos residentes de Macau e às pessoas que têm uma ligação mais estreita, para que possam sentir directamente que as suas dificuldades em Macau são aliviadas com esse plano”, afirmou ontem o secretário. “Quem vive noutros países podem não sentir essas dificuldades, porque as situações dos países podem ser muito diferentes”, acrescentou. Sobre o facto de o apoio continuar disponível para reformados no Interior da China, André Cheong recusou haver discriminação entre os residentes: “Não é discriminação, é uma decisão política”, atirou. Além disso, o Governo afirmou ter adoptado no acesso aos cheques os critérios da lei do Regime de Previdência Central Não Obrigatório, uma possibilidade que tinha sido avançada pelo Chefe do Executivo, durante as Linhas de Acção Governativa, quando revelou que ia rever o Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico. Todos ouvidos De acordo com as justificações de André Cheong, que além de secretário é porta-voz do Conselho Executivo, limitar a distribuição dos cheques visa “optimizar a utilização dos recursos públicos” e responder “aos diversos sectores da sociedade” que pediram ao Governo para fazer uma revisão do plano. O Governo justificou as alterações com a falta de recursos e a vontade de canalizar verbas para os apoios sociais como a pensão de invalidez, pensão para idosos, ou os subsídios de nascimento, o que deixa antever a expectativa de que as receitas da RAEM vão entrar em queda, devido ao encolher do sector do jogo em comparação aos anos pré-pandemia. Sobre as opiniões recolhidas para a tomada desta decisão, o Governo não explicou quem foi ouvido. Todavia, André Cheong defendeu que o Executivo teve em conta todas as opiniões, mesmo sem consulta pública. “A nossa forma de auscultar as opiniões não se restringe a um meio, foi feita por vários canais, como associações, órgãos de comunicação social, meios de comunicação social, em papel e electrónico, bem como opiniões das redes sociais e na internet”, vincou. “Acho que em relação a esta decisão auscultámos plenamente as opiniões, que foram vastas, muitas pessoas de diferentes meios apresentaram opiniões e, tendo em conta as opiniões, apresentámos esta decisão”, acrescentou. Consulta online Os residentes que pretendam saber se vão receber o cheque podem consultar a informação no portal www.planocp.gov.mo/pt/. No caso de estarem excluídos do cheque, mas preencherem as condições de uma das oito excepções, este portal pode igualmente ser utilizado para aceder às plataformas que permitem fazer o pedido para receber o cheque e fazer a entrega da documentação necessário. Os pedidos podem ser feitos entere 18 de Junho de 2025 e 31 de Dezembro de 2028.
Hoje Macau Manchete PolíticaMNE | Sistema chinês pode ser referência para lusofonia O principal representante diplomático da China em Macau, Liu Xianfa, defende que o sistema político chinês pode ser referência para o desenvolvimento dos países de língua portuguesa. O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros considera que a China e os países lusófonos devem “aprender uns com os outros” O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau, Liu Xianfa, considera que o sistema político chinês pode ser uma referência para os países de língua portuguesa. O representante diplomático da China na RAEM disse que a “modernização com características chinesas” não é apenas “o único caminho correcto” para o país, mas que “também fornece sabedoria para a modernização da humanidade”. Liu Xianfa sublinhou que “o povo chinês superou inúmeros obstáculos e desafios no caminho da modernização com características chinesas”. O sistema político da China “oferece uma forte garantia institucional para a modernização, porque tem muitas vantagens”, referiu o diplomata. “Somos como um jogo de xadrez, todos com os seus esforços” a contribuir para o desenvolvimento chinês, explicou o comissário. Liu defendeu que a China e os países lusófonos podem “aprender uns com os outros”, nomeadamente usando Macau como uma plataforma. O comissário defendeu também que, desde a transição de administração de Portugal para a China, em 1999, “Macau inaugurou o melhor período de desenvolvimento da sua história”. Liu falava durante a cerimónia de abertura de um fórum de grupos de reflexão entre a China e os países de língua portuguesa, que vai decorrer até amanhã na Universidade de Macau (UM). O que deus quiser No mesmo evento, a directora do Instituto de Economia Industrial da Academia Chinesa de Ciências Sociais admitiu que o sistema político chinês “tem desvantagens ou dificuldades”. “Não nos podemos esquecer dos efeitos nefastos causados à natureza” pelo rápido desenvolvimento da China nas últimas décadas” lamentou Shi Dan. “Se não conseguirmos resolver os problemas da poluição, nunca seremos um país desenvolvido”, alertou a académica. Em 2023, a UM e o Supremo Tribunal da China criaram um centro de estudos judiciários e jurídicos sino-lusófono para promover a ideologia do líder chinês, Xi Jinping. Na altura, o reitor da UM, Song Yonghua, disse que um dos objectivos do Centro de Estudos Judiciários e Jurídicos da China e dos Países de Língua Oficial Portuguesa é “a investigação e promoção do Pensamento de Xi Jinping”. Em 2022, o congresso do Partido Comunista Chinês, que se realiza a cada cinco anos, aprovou uma série de emendas à carta magna do partido, entre as quais a inclusão da ideologia do actual líder. O chamado “Pensamento de Xi Jinping” inclui uma ênfase na autossuficiência, controlo político e elevação do estatuto global da China, ao contrário das reformas económicas de Deng Xiaoping que abriram a China ao mundo, nos anos 1980.