A cada oito horas é assassinado um menor na Venezuela, diz Observatório 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cada oito horas um menor é assassinado na Venezuela, segundo dados divulgados na terça-feira pelo Observatório Venezuelano de Violência e a Cecodap, uma organização não governamental de defesa dos direitos humanos.

Os dados fazem parte do relatório “Somos Notícia”, correspondente a 2017, ano em que 1.134 crianças ou adolescentes foram assassinados na Venezuela.

O relatório foi feito com base em notícias divulgadas pela imprensa venezuelana, regional e nacional.

“As estatísticas permitem analisar que no ano de 2017, a cada dia, foram assassinadas três crianças ou adolescentes [entre 15 e 17 anos] na Venezuela. A cada oito horas, um menino, uma menina ou um adolescente morreu de forma violenta”, refere o relatório.

Segundo o documento, a violência na Venezuela “não tem limites” e afeta crianças “de todas as idades e ambientes, famílias, comunidades e escolas”.

“Os dados indicam que 76 crianças dos 0 aos 4 anos de idade morreram assassinadas. Nem sequer a sua curta idade ou condição de vulnerabilidade deteve a ação criminosa”, sublinha o relatório.

Outras 125 vítimas tinham entre 10 e 14 anos e 108 homicídios foram classificados como “resistência à autoridade”.

Quanto aos motivos que levaram ao homicídio, em 643 casos foram “ajustes de contas (vingança)”, em 92 o motivo foi roubo e 24 casos relacionam-se com razões passionais dos progenitores.

Ocorreram ainda 21 mortes por “encomenda” e 19 por rixas, entre outras.

Os dados dão conta ainda de que ocorreram 32 casos de homicídio por abuso policial e que 23 menores foram assassinadas no âmbito de protestos sociais ou políticos.

Segundo o Cecodap, na Venezuela, há grupos de criminosos que atraem crianças de 10 a 11 anos de idade para atividades criminosas, seduzindo-as com alimentos e outros produtos escassos no país.

O relatório precisa ainda que 777 menores participaram em roubos no ano de 2017, 141 em assassinatos e 91 estiveram envolvidas com narcotráfico.

Já outras 56 crianças participaram em pilhagens a estabelecimentos comerciais, 20 delas em sequestros, 16 em abusos sexuais e cinco em delitos de violência de género.

Além dos homicídios, 311 crianças foram obrigadas a realizar trabalho infantil, 270 morreram devido à contaminação em hospitais, 205 por má nutrição e 137 transformaram-se em mendigos.

“A pobreza, a inflação, a grave falta de abastecimento e o controlo na distribuição e venda de alimentos têm afetado muito especialmente as crianças e adolescentes, com resultados dolorosos e irreparáveis, como a morte por desnutrição ou doenças, graves casos desnutrição, a perda de tamanho e peso em números consideráveis da população”, explica.

Segundo o relatório, tem havido “situações inéditas” em que as crianças são tiradas da escola “por não terem alimentos ou meios de transporte”.

“A presença de crianças e jovens a procurar comida em caixotes de lixo, a separação porque os pais não podem mantê-las e o aumento de casos de pais que emigram, deixando os filhos sozinhos ou acompanhados por um familiar distante, concretizam situações de desintegração familiar, abandono e deterioração da qualidade de vida e do desenvolvimento das chamadas ‘crianças deixadas para trás”, acrescenta.

3 Out 2018

Nicolás Maduro ordena pagamentos de gasolina e petróleo em criptomoeda

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Venezuela ordenou esta segunda-feira que o pagamento da gasolina, do petróleo e das taxas aeroportuárias para viajantes passe a ser feito através da criptomoeda El Petro.

“Estamos a pôr em marcha o ‘blockchain’ nacional do Petro (…) e hoje entram em funcionamento todos os mecanismos para que qualquer venezuelano possa inscrever-se”, Nicolás Maduro.

O anúncio teve lugar durante um ato transmitido em simultâneo pelas rádios e televisões do país, durante o qual realizou a ativação oficial do “blockchain” (livro branco) do Petro.

Por outro lado, Maduro explicou que a partir de 5 de novembro o Petro passará a estar disponível para venda em bolívares soberanos, a moeda atual venezuelana, em seis casas de câmbio do país.

O Petro poderá ser usado para a compra e venda de bens móveis e imóveis, passagens de avião, reservas de hotéis no exterior e até “um cachorro quente em Nova Iorque”.

A criptomoeda Petro estará respaldada pelas reservas de petróleo, minerais, ouro, diamante, ferro e alumínio, que estão por explorar.

Segundo Nicolás Maduro, segunda-feira, uma vez que foi posto em marcha o novo sistema do Petro, ocorreram “ciber-ataques provenientes dos Estados Unidos, da França e da Colômbia, para tentar tirar de circulação o Petro”.

2 Out 2018

Trump a favor da solução de dois Estados, israelita e palestiniano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou-se ontem pela primeira vez favorável a uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, prometendo apresentar um plano de paz para a região “dentro de dois, três ou quatro meses”.

“Penso realmente que alguma coisa vai acontecer. É o meu sonho conseguir alcançá-la antes do final do meu primeiro mandato”, em Janeiro de 2021, disse à imprensa no início de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Falando à margem da Assembleia-Geral anual da ONU, em Nova Iorque, Trump disse-se convicto “a 100%” de que os palestinianos, que suspenderam todos os contactos com a Administração norte-americana desde que esta reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, no fim de 2017, “regressarão à mesa das negociações”.

“Gosto da solução de dois Estados [para Israel e a Palestina], penso que é o que resulta melhor, é o meu sentimento”, afirmou Trump, sem precisar se é isso que vai propor o plano de paz conjecturado há vários meses no maior segredo por uma pequena equipa liderada pelo seu genro e conselheiro, Jared Kushner.

O anúncio desta proposta dos Estados Unidos, destinada a permitir alcançar “o acordo final” entre israelitas e palestinianos, de acordo com a formulação de Donald Trump, foi diversas vezes adiado.

Até agora, o Presidente republicano absteve-se de apoiar claramente a solução dos dois Estados, ao contrário dos seus antecessores dos dois lados do espectro político e da comunidade internacional.

A linha oficial da Administração Trump consistiu até agora em defender uma solução que obtivesse a aprovação de israelitas e palestinianos, sem apoiar ou rejeitar a solução da coexistência pacífica de dois Estados lado a lado.

27 Set 2018

Marcelo Rebelo de Sousa enaltece “o dinamismo, a energia, a imaginação” e relação com Portugal de João Lourenço

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe de Estado português afirmou na terça-feira partilhar “o juízo universal” sobre o primeiro ano de João Lourenço como Presidente de Angola, “um juízo que sublinha o dinamismo, a energia, a imaginação” com que tem actuado.

Em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião informal da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), num hotel em Nova Iorque, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu também “o momento muito bom das relações bilaterais” entre Angola e Portugal, acrescentando: “Tudo isso, penso eu, é positivo”.

João Lourenço acabou por não participar nesta reunião da CPLP, realizada à margem da 73.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que só contou com a presença de três chefes de Estado: os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, de Cabo Verde, Jorge Fonseca, e da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang.

Questionado sobre o primeiro ano de mandato do Presidente de Angola, que se completa hoje, Marcelo Rebelo de Sousa começou por responder que “um chefe de Estado foge a avaliar outros chefes de Estado”, ainda mais quando se trata de “Estados irmãos, como é o caso do Estado de Angola”.

“Mas eu diria que acompanho o juízo universal, que é um juízo que sublinha o dinamismo, a energia, a imaginação, a presença um pouco por todo o mundo, em vários continentes, em tão pouco espaço de tempo do Presidente João Lourenço”, acrescentou, em seguida.

“E, depois, especificamente no que respeita a Portugal, o momento muito bom nas relações bilaterais entre os dois países. Tudo isso, penso eu, é positivo”, concluiu.

Sobre a visita de Estado de João Lourenço a Portugal, marcada para 23 e 24 de novembro, Marcelo Rebelo de Sousa disse: “Serão dois dias intensos de visita de Estado, intensos em termos protocolares, intensos em termos económicos e financeiros, intensos, esperamos, em termos também de acordos a ajustar entre os dois Estados”.

“Intensos até também em termos de sociedade civil. Quer dizer, a sociedade civil empenhada no encontro da comunidade luso-angolana com os dois chefes de Estado e com o Governo de Portugal. Vai ser muito bom”, considerou.

26 Set 2018

PR do Irão acusa indirectamente separatistas árabes em ataque no país

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente do Irão, Hassan Rouhani, acusou ontem separatistas árabes apoiados por um país “da margem sul do Golfo Pérsico” de estarem por detrás do atentado que fez pelo menos 29 mortos em Ahvaz, no sudoeste do Irão.

“Não temos dúvidas sobre a identidade daqueles que fizeram isto, sobre o seu grupo e sua filiação”, disse Rouhani à televisão estatal antes de partir para Nova Iorque, onde vai participar na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Durante a guerra entre o Iraque e o Irão (1980-1988), “aqueles que causaram esta catástrofe (de sábado) (…) apoiaram os agressores e cometeram crimes”, acrescentou Rouhani.

“Enquanto (o antigo Presidente iraquiano) Saddam (Hussein) estava vivo, eles eram os seus mercenários. Em seguida, mudaram de mestres e um dos países da margem sul do Golfo Pérsico” foi responsável por apoiá-los, afirmou o Presidente iraniano, sem nomear nenhum país.

“Todos esses pequenos países mercenários que vemos na região são apoiados pelos Estados Unidos. São encorajados pelos norte-americanos”, acrescentou Rouhani.

O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou a responsabilidade pelo ataque a Ahvaz, mas as autoridades iranianas não parecem levar a sério esta reivindicação.

Críticas a Ocidente

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão anunciou no sábado à noite que convocou diplomatas da Dinamarca, da Grã-Bretanha e da Holanda em Teerão para expressar “o forte protesto do Irão contra o facto de que os seus respectivos países abrigarem alguns membros do grupo terrorista que perpetraram o ataque em Ahvaz.

A Frente Popular e Democrática dos Árabes de Ahvaz reivindicou também o atentado a partir de um canal por satélite, Iran International, baseado em Londres.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano disse que insistiu junto do ministério homólogo britânico que é “inaceitável que o porta-voz (deste grupo separatista) seja autorizado a reivindicar este acto terrorista numa estação de televisão em Londres”.

Teerão também criticou Copenhaga e Haia por serem complacentes como grupo, acusando os dois países europeus de acolherem alguns dos seus membros no seu território

“Esses terroristas comportam-se exactamente como EI”, afirmou a chancelaria iraniana, acusando a Europa de falta de empatia com o Irão quando é tocada por ataques.

Já no sábado, Ramezan Sharif, porta-voz da Guarda Revolucionária Iraniana, acusou os atacantes de estarem ligados a um grupo separatista árabe apoiado pela Arábia Saudita.

De acordo com o mais recente balanço oficial, 29 pessoas foram mortas em Ahvaz, no sábado, por um comando de quatro homens que abriram fogo contra a multidão que assistia a um desfile militar.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também transmitiu as suas condolências aos iranianos afectados pelo ataque em Ahvaz.

Num comunicado, divulgado no sábado pela ONU, Guterres “condenou o ataque de hoje (sábado) na cidade no sudoeste do Irão de Ahvaz”.

A nota acrescentou que Guterres “expressou as suas condolências às famílias das vítimas, ao Governo e ao povo do Irão”, também desejando que “todos os feridos recuperem rapidamente”.

25 Set 2018

Myanmar | Relatório da ONU revela detalhes do genocídio dos rohingya

Relatos de genocídio, violações, tortura e bombardeamentos indiscriminados são algumas das atrocidades denunciadas numa investigação das Nações Unidas aos crimes cometidos pelas autoridades birmanesas contra a minoria rohingya. O relatório apresentado pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU releva provas detalhadas dos “mais graves crimes à luz do direito internacional”

[dropcap style≠‘circle’]Q[/dropcap]uando o exército do Myanmar entrou na aldeia Min Gyi, no Estado de Rakhine na parte oeste do país, colocou em acção um plano genocida contra a minoria rohingya que ficará para a história como uma das mais chocantes atrocidades cometidas neste início de século. Metodicamente, os soldados separam todos os homens da povoação para os colocarem em frente do pelotão de fuzilamento. Depois de dispararem, cortaram friamente as gargantas daqueles que ainda se mexiam.

Depois da matança meticulosa dos homens, a atenção dos militares virou-se para mulheres e crianças. Desta vez, o método e o calculismo foi substituído pelo caos. Famílias foram trancadas em casas regadas com gasolina e queimadas vivas. Crianças que tentaram escapar foram baleadas, algumas jogadas ao rio e outras atiradas para o fogo, incineradas perante a dor incalculável das mães. Mulheres e raparigas foram violadas até à exaustão, mutiladas e mortas.

Estes são alguns dos horrendos detalhes revelados pelo relatório das Nações Unidas sobre as atrocidade cometidas contra a minoria muçulmana rohingya na Birmânia, consideradas “os crimes mais graves à luz da lei internacional”.

As 444 páginas apresentadas esta semana em Genebra pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU são uma compilação dos episódios de barbárie que levaram mais de 750 mil muçulmanos rohingya a fugir para o Bangladesh. O documento serve de base a acusações de genocídio.

Em resposta ao relatório, o Governo do Myanmar negou categoricamente que as forças armadas tenham cometido as atrocidades descritas pelos observadores internacionais. Aliás, as autoridades birmaneses defenderem que as suas tropas se limitaram a reagir aos ataques de militantes rohingya contra a polícia fronteiriça e algumas povoações.

Por seu lado, o painel de observadores da ONU respondeu às autoridades birmanesas referindo que “as explicações apresentadas não fazem sentido”, e que “as matanças foram generalizadas, sistemáticas e brutais”. Aliás, Marzuki Darusman, que liderou a investigação, disse ao Altor Comissariado para os Direitos Humanos que “no centro de todas as violações de direitos humanos analisadas esteve sempre a extrema brutalidade usada pelas forças militares birmanesas”.

“A matança de civis de todas as idades, incluindo bebés, não pode servir de justificação para acções de contra-terrorismo. Não há como justificar a violação de mulheres e raparigas, ou queimar pessoas vivas. Estas acções são um ataque deliberado contra um povo específico”, acrescenta Darusman.

Processo penal

O painel de observadores requereu ao Conselho de Segurança da ONU que os responsáveis por estes crimes sejam julgados no Tribunal Penal Internacional. Um dos acusados deverá ser o líder máximo das forças armadas do Myanmar, identificado como um dos responsáveis pela barbárie. Foi também sugerido ao Conselho de Segurança a imposição de um embargo à venda de armas ao Myanmar, aplicação de sanções a indivíduos específicos, incluindo o congelamento de activos e proibição de viajar. “Qualquer relação com as forças armadas birmanesas, os seus líderes e parceiros de negócios é indefensável”, foi apontado pelo painel de observadores.

Não é usual que uma investigação a violações de direitos humanos proponha o desmantelamento de hierarquias militares, ou alterações constitucionais para acabar com o domínio político de generais. Ainda assim, o painel de observadores apelou à substituição dos líderes do Tatmadaw (exército birmanês), e aconselhou a supervisão dos poderes políticos e civis das forças armadas e ao fim do controlo apertado do parlamento pelos generais.

A transição de um Governo liderado por militares para um dirigido por civis, que permitiu a ascensão ao poder de Aung San Suu Kyi como Chefe de Estado, foi travada e, de certa maneira, até regrediu desde que a laureada pelo Prémio Nobel da Paz tomou posse. A opinião foi expressa por Christopher Sidoti, um dos observadores responsáveis pelo relatório da ONU. Sidoti acrescentou ainda que “a democracia não pode ser construída com base em alicerces de genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade”.

O caso de Min Gyi

O relatório tornado público esta semana está repleto de descrições de mulheres atadas a árvores pelas mãos, ou cabelos, e subsequentes violações, crianças que correm de casas a arder e que são forçadas a voltar a entrar nas habitações em chamas, uso generalizado de tortura com paus de bambu, pontas de cigarros e cera quente. Existem também relatos de colocação de minas em caminhos usados pela minoria muçulmana na fuga às atrocidades cometidas pelo exército birmanês.

De acordo com o relatório, pelo menos 750 habitantes de Min Gyi morreram na sequência do ataque dos militares. Desde que começaram as “operações”, que duram há mais de dois meses, estima-se que pelo menos 10 mil pessoas tenham sido assassinadas. Esta foi a realidade resultante de mais de 875 entrevistas a vítimas e testemunhas dos mais variados grupos étnicos e religiosos. Imagens de satélite mostram que 40 por cento das povoações no norte do Estado de Rakhine foram totalmente ou parcialmente destruídas.

De acordo com o líder do painel de observadores da ONU, todas as circunstâncias que rodeiam as “operações de liberação” evidenciam intenções genocidas e flagrante desproporcionalidade face a qualquer possível ameaça de militantes radicais. Aliás, o relatório refere que não houve sequer tentativas para identificar possíveis terroristas ou alvos militares, ou mesmo distinções entre militantes e civis.

O sistemático incremento de tropas na região, antes de acontecerem ataques de militantes, revela o envolvimento das mais altas esferas de comando militar e “um plano organizado de destruição com intenções genocidas”.

Aliás, os métodos bárbaros utilizados na campanha contra os muçulmanos rohingya não são novos. Por exemplo, a instrumentalização das violações como táctica de guerra aplicada em Rakhine, tem sido usada pelas autoridades birmanesas há décadas em conflitos com outras minorias no Myanmar. As tropas violam mulheres e raparigas sistematicamente e matam específica e deliberadamente crianças. De acordo com o relatório, oitenta por cento dos casos de violação relatados acontecem em grupo, acompanhados frequentemente pelo assassinato dos filhos da vítima enquanto esta é violada.

O resultado da investigação da ONU mostra também que muitas vezes as mulheres são mordidas na cara, peito ou coxas e mutiladas nos órgãos reprodutivos como forma de serem “marcadas”.

Uma mulher, que foi violada em conjunto com a irmã, contou ao painel de observadores que os soldados lhe disseram que a iriam violar até
à morte. “Vamos matar todos os rohingya, este não é o vosso país”, terá sido uma das frases ouvidas pela vítima.

Morte em crescendo

A missão da ONU conclui que o que aconteceu no Estado de Rakhine foi um desastre que se via a milhas. Depois de décadas de discriminação oficial que limitou o acesso da minoria rohingya à cidadania e à educação, e da disseminação de discursos políticos inflamados por ódio, o desastre humanitário era uma inevitabilidade à espera de acontecer.

Ultranacionalistas e extremistas religiosos têm acentuado o antagonismo racial diabolizando os rohingya como imigrantes “bengalis” que representam um ameaça existencial à identidade budista do Myanmar. Um dos líderes militares que alinha nesta violenta doutrina é o General Min Aung Hlaing, que durante as campanhas de matança referiu que “o problema bengali é um trabalho por terminar”, acrescentando que o Governo estava a “tratar do assunto”.

Tanto as forças armadas como o Governo civil, liderado por Aung San Suu Kyi, têm descrito as acções militares como respostas apropriadas para combater o terrorismo. Como tal, não de estranhar que, além das acusações ao exército birmanês, o relatório da ONU critique o papel passivo de Aung San Suu Kyi no último ano. “Ela não usou a posição de Chefe de Estado, nem a sua autoridade moral, para atenuar ou prevenir o desenrolar dos acontecimentos no Estado de Rakhine”.

21 Set 2018

Costa diz que visitas de alto nível entre os dois governos têm de intensificar-se

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro afirmou ontem que as visitas de alto nível político entre os governos de Portugal e Angola têm de ser menos espaçadas no tempo a partir de agora, evitando a acumulação de assuntos bilaterais por tratar.

António Costa deixou este apelo na conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República de Angola, João Lourenço, no Palácio Presidencial, que se seguiu à assinatura de acordos bilaterais entre os dois países.

Esses acordos assinados pelos executivos de Luanda e de Lisboa abrangeram matérias diversas como um memorando para a regularização de dívidas a empresas nacionais, o fim da dupla tributação nas transacções comerciais, o aumento do número de voos entre os dois países, ou o Acordo Estratégico de Cooperação (2018/2022).

O primeiro-ministro começou por referir que ontem mesmo entregou ao chefe de Estado angolano, João Lourenço, o convite formulado pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, para que visite Portugal em Novembro próximo.

Mas, a este propósito, o líder do executivo português deixou um recado: “É essencial que as visitas entre os dois países não sejam tão espaçadas no tempo, porque depois há muitas matérias que se acumulam por tratar”, disse.

Relações intensas

O último primeiro-ministro de Portugal a visitar Angola foi Pedro Passos Coelho em 2011. Já quanto a Presidentes da República de Angola de visita a Portugal, o último foi José Eduardo dos Santos, em 2010.

“Felizmente”, segundo o primeiro-ministro português, “dentro de dois meses, “já haverá a oportunidade de receber o Presidente de Angola em Portugal”.

Na conferência de imprensa, António Costa defendeu que a assinatura de “11 instrumentos” por parte dos governos de Portugal e de Angola “culmina uma parte importante” dessa sua visita de trabalho de dois dias a Angola.

“O número de instrumentos assinados demonstra a intensidade das nossas relações. Creio que nesta visita ficou bem clara a vontade comum dos dois governos, das respectivas lideranças e dos dois países de prosseguirem em bases sólidas uma cooperação estratégica. Essa cooperação estratégica encontra correspondência clara na nossa sociedade civil, nos nossos agentes económicos”, acentuou o primeiro-ministro português, tendo ao seu lado o Presidente da República de Angola.

19 Set 2018

Líder de Myanmar diz que país podia ter lidado melhor com a crise dos rohingya

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] líder de facto de Myanmar disse hoje que o país podia ter lidado melhor com a crise dos rohingya, num momento em que enfrenta pressões internacionais sobre atrocidades cometidas sobre aquela minoria muçulmana.

“Há, é claro, maneiras pelas quais, em retrospetiva, a situação poderia ter sido melhor tratada”, afirmou Aung San Suu Kyi, no Fórum Económico Mundial da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que se realiza em Hanói, no Vietname.

A prémio Nobel da Paz é diretamente visada num relatório da ONU, no qual se lamenta que Suu Kyi não tenha usado a sua “autoridade moral” para tentar impedir a campanha do exército e das milícias budistas, que obrigou à fuga de mais de 700 mil rohingyas para o Bangladesh.

A líder de facto de Myanmar disse ainda que os dois repórteres da agência de notícias Reuters, condenados por investigarem o massacre dos rohingya, não foram condenados por serem jornalistas, mas porque violaram a lei.

“Eles não foram presos por serem jornalistas”, mas porque “o tribunal decidiu que eles violaram a lei”, disse, comentando pela primeira vez o julgamento de 04 de setembro, no qual Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, foram condenados por violação da “lei dos segredos oficiais”, uma lei de 1923.

Os dois foram detidos em dezembro e acusados de terem recebido “importantes documentos secretos” de dois polícias que tinham estado colocados no estado de Rakhine, onde as forças de segurança são acusadas de assassínios em massa de rohingya.

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, apelou a 10 de setembro para a criação de um organismo internacional independente para reunir provas sobre os crimes mais graves cometidos contra os rohingyas em Myanmar.

Na primeira intervenção perante o Conselho de Direitos Humanos, Bachelet “saudou os esforços dos Estados para criar um mecanismo internacional independente (…) destinado a recolher, consolidar, preservar e analisar as provas dos mais graves crimes internacionais, a fim de acelerar o processo perante os tribunais nacionais e internacionais”.

Michele Bachelet explicou que o objetivo era de complementar e apoiar o trabalho do Tribunal Penal Internacional (TPI), que já se declarou competente para investigar a deportação da minoria muçulmana e que poderá constituir um crime contra a humanidade.

13 Set 2018

Brasil | Lula renuncia e apresenta Haddad como candidato às presidenciais 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-ministro da Educação Fernando Haddad vai ser o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) às eleições presidenciais do Brasil, na sequência da exclusão pelo Tribunal Superior Eleitoral da candidatura de Lula da Silva.

Impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral de se candidatar ao sufrágio de 07 de outubro, o ex-Presidente brasileiro renunciou à candidatura, que entregou a Haddad, precisamente na data limite determinada pela justiça eleitoral para apresentação de candidatos.

O anúncio foi feito pelo PT junto à sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde o antigo chefe de Estado se encontra preso a cumprir uma pena de 12 anos e um mês de prisão.

Além da aprovação de Fernando Haddad como novo candidato do PT, também a deputada Manuela D’Ávila, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foi admitida como vice-presidente pelo partido, segundo a plataforma de notícias UOL.

Luiz Inácio Lula da Silva reiterou que está a ser vítima de injustiças e que foi impedido de disputar a eleição de outubro, mas realçou a importância da continuidade de seu projeto político com Haddad como candidato, de acordo com o jornal Folha de São Paulo.

A candidatura do ex-presidente do Brasil, que cumpre na prisão uma pena de 12 anos e um mês por corrupção, foi registada pelo PT e depois vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral, com base na lei que proíbe alguém condenado em duas instâncias de concorrer a qualquer cargo eleitoral.

Lula da Silva foi condenado em duas instâncias judiciais, num processo em que foi acusado de ter recebido um apartamento de luxo na cidade do Guarujá da construtora OAS, em troca de favorecer contratos da empresa com a estatal petrolífera Petrobras.


Perfil | Fernando Haddad, o intelectual que sucede a Lula da Silva

[dropcap]O[/dropcap] ex-ministro da Educação e antigo-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, anunciado na terça-feira candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) às eleições do Brasil, é um intelectual que tem a difícil tarefa de ganhar a presidência do país. Haddad nasceu em São Paulo há 55 anos. Em 1983, filiou-se ao PT.

Licenciado em Direito na Universidade de São Paulo, fez depois um mestrado em Economia e um doutoramento em Filosofia, tendo ficado a dar aulas como professor de Ciência Política nesta instituição de ensino superior.

Em 2001, Fernando Haddad foi nomeado subsecretário das Finanças e Desenvolvimento Económico da cidade de São Paulo, sob chefia de Marta Suplicy, cargo que ocupou até 2003. Neste ano foi chamado para trabalhar em Brasília como assessor especial do Ministério do Planeamento e Finanças.

Um ano depois começou a ganhar protagonismo político quando, sob o governo de Lula da Silva, aceitou o convite do então ministro da Educação, Tarso Genro, e assumiu o cargo de secretário-executivo da pasta.

Em 2005 Haddad assumiu o Ministério da Educação, ficando neste cargo até 2012, já no governo de Dilma Rousseff. Então, deixou o lugar para disputar as eleições municipais de São Paulo, que ganhou. Quatro anos depois não conseguiu o mesmo feito, perdendo, na primeira volta, para João Doria, que se candidatou pelo Partido da Social Democracia Brasileira.

Filho de libaneses que emigraram para o Brasil, Haddad assume como ter como grande influência o avô, Cury Habib Haddad, que morreu dois anos antes do seu nascimento. Cury Habib ficou famoso na luta no Líbano contra o domínio francês, após a I Guerra Mundial, segundo relata o jornal Estado de São Paulo.

Intelectual, pensador e académico, o candidato presidencial do PT foi descrito por Juan Arias, escritor e correspondente do El País no Rio de Janeiro, como muito diferente de Lula da Silva.

“Haddad não poderia ser mais diferente de Lula, seja no seu caráter e peculiaridades, quanto na sua biografia. Enquanto Lula se consolidou no sindicalismo, que condicionaria fortemente o partido dele nascido, tornando-se um líder carismático e popular sem outra formação senão a da vida, Haddad é um académico, com vários diplomas, doutorado em Filosofia, especialista em Marxismo e com uma visão mais europeia do que tropical da política”, afirmou o escritor.

O nome de Haddad já vinha a ser avançado há meses como possível substituto de Lula da Silva como candidato do PT às eleições presidenciais de 7 de Outubro. E, como Lula da Silva, também Fernando Haddad não escapou à nuvem de corrupção.

No início deste mês, o ex-governante foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e associação criminosa a propósito de uma investigação que envolve a UTC Engenharia, empresa de construção envolvida na Operação Lava Jato.

Segundo a procuradoria, Ricardo Pessoa, dono da construtora, teria transferido em 2012, sem declarar, 2,6 milhões de reais (cerca de 560 mil euros), para a campanha do então candidato a prefeito de São Paulo.

Impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral de se candidatar ao sufrágio de 07 de outubro, o ex-Presidente brasileiro Lula da Silva renunciou à candidatura, que entregou a Haddad.

A candidatura do ex-presidente do Brasil, que cumpre na prisão uma pena de 12 anos e um mês por corrupção, foi registada pelo PT e depois vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral, com base na lei que proíbe alguém condenado em duas instâncias de concorrer a qualquer cargo eleitoral.

Lula da Silva foi condenado em duas instâncias judiciais, num processo em que foi acusado de ter recebido um apartamento de luxo na cidade do Guarujá da construtora OAS, em troca de favorecer contratos da empresa com a estatal petrolífera Petrobras.

12 Set 2018

Corrupção e violência dominam terceiro debate de candidatos à presidência do Brasil

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] violência e a corrupção, bem como um apelo unânime ao fim do ódio político, marcaram o terceiro debate televisivo entre seis dos candidatos à presidência do Brasil, no domingo à noite.

Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (Partido Democrático Trabalhista, PDT), Geraldo Alckmin (Partido da Social Democracia Brasileira, PSDB), Guilherme Boulos (Partido Socialismo e Liberdade, PSOL), Henrique Meirelles (Movimento Democrático Brasileiro, MDB) e Marina Silva (Rede) foram os candidatos presentes neste debate, que não contou com um representante do Partido dos Trabalhadores (PT).

O PT ainda não indicou um candidato à Presidência da República, depois do Tribunal Superior Eleitoral ter barrado a candidatura do ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva às eleições presidenciais, marcadas para 07 de outubro, com a segunda volta a realizar-se três semanas depois, no dia 28.

Também Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), manteve-se ausente por estar hospitalizado desde quinta-feira, depois de ter sido esfaqueado numa ação de campanha em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais.

Todos os candidatos presentes lamentaram o ataque ao político e pediram a pacificação da sociedade brasileira no primeira parte do debate, divido em blocos compostos por perguntas, respostas e comentários dos participantes.

No primeiro bloco, quase todos os candidatos abordaram propostas dos adversários, indicou o jornal Estadão, à exceção de Guilherme Boulos, que enfrentou diretamente Meirelles, ex-ministro da Economia. “O compromisso da minha candidatura é enfrentar privilégios. O senhor vai enfrentar privilégios da sua turma?”, questionou Boulos.

No segundo bloco, os temas em destaque foram a corrupção que abala o país, a Operação Lava Jato e a condenação do ex-Presidente Lula. O terceiro bloco trouxe ao debate o aumento dos salários no sistema judicial e os problemas de saneamento básico do país.

Já no quarto bloco, os candidatos responderam a perguntas de internautas, onde as desigualdades salariais entre homens e mulheres e a crise no sistema dos Correios estiveram em destaque.

Marina Silva lembrou o ataque a Bolsonaro e apostou numa campanha de paz, em que defendeu a união do Brasil e a necessidade de preservar a cultura indígena no país. A candidata sublinhou ainda importância da educação, chamando a “atenção principalmente do eleitorado feminino”, de acordo com uma análise do Estadão.

Já Álvaro Dias destacou a corrupção e as falhas do sistema. “Hoje, é o ano novo da comunidade judaica e lembro que esse é o País das crenças e das religiosidades. Somos muitos Brasis dentro de um grande Brasil e devemos nos respeitar. O ódio cega a inteligência. A raiva e a inteligência alimentam a violência (…) O Brasil precisa abrir o olho”, afirmou.

Alckmin sublinhou a necessidade de pacificação e união, que relacionou com as questões da educação e da segurança. “Os brasileiros já têm problemas demais. Não podemos ter um próximo Presidente para ter mais problemas. O Brasil já errou. Já erramos e vimos as consequências. Estamos preparados para fazer um grande esforço em torno da reforma tributária, da mudança política, da reforma do Estado para que o País se encontre”, declarou.

Ciro Gomes apresentou-se como a mudança, e destacou o desemprego e a violência contra a mulher. “O Brasil não pode se manter com 13 milhões de desempregados” disse o candidato do PDT. Gomes acrescentou que os eleitores “devem observar mais para decidir o voto”.

Meirelles disse concorrer à presidência pelo desejo de melhorar a vida dos brasileiros, e defendeu que tirou o país da maior recessão da história, enquanto ministro da Economia de Temer. “É só me chamar que trarei as respostas”, sublinhou.

Já Boulos frisou a “invisibilidade dos pobres”, ao mesmo tempo que afirmou ser o único candidato capaz de restaurar a solidariedade, por não ter “o rabo preso”.

O debate, já considerado “morno” pelos partidos, teve um grande destaque na rede social Twitter, na qual os internautas foram questionados sobre o impacto da ausência de Jair Bolsonaro. De acordo com uma sondagem da plataforma Ideia Big Data, a maioria das respostas indicou que a ausência do candidato não teve nenhum impacto. O debate foi promovido pela TV Gazeta, jornal O Estado de São Paulo e rádio Jovem Pan.

10 Set 2018

Obama apela ao voto em novembro para se “recuperar uma certa sanidade” nos EUA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama (2009-2017) aproveitou a sua segunda intervenção pública em dois dias para apelar ao voto dos democratas nas eleições de novembro para se “recuperar uma certa sanidade” no país.

“Quando há um vazio em nossa democracia, outras vozes preenchem essa lacuna, mas a boa notícia é que em dois meses temos a oportunidade de restaurar uma certa sanidade no nosso sistema político”, disse Obama durante numa ação de campanha realizada no sábado na cidade californiana de Anaheim.

O ex-Presidente dos Estados Unidos enfatizou a importância de participar das eleições para recuperar a maioria no Congresso norte-americano, o que prejudicaria enormemente o espaço de manobra do atual Presidente, Donald Trump.

“Este é um momento chave em nossa história e a realidade é que, se não dermos um passo em frente, as coisas podem piorar”, alertou Obama perante as quase 750 pessoas que se reuniram para ouvir seu discurso naquele que foi o seu primeiro ato oficial na campanha pelo Partido Democrata.

Na sexta-feira, Obama tinha criticado o silêncio dos republicanos sobre os excessos do seu sucessor, Donald Trump, num discurso inflamado que visou mobilizar os democratas para as eleições de novembro.

“O que aconteceu com o Partido Republicano?”, questionou Obama, numa intervenção perante milhares de estudantes na Universidade de Ilinóis, criticando os eleitos que se refugiam em “declarações vagas de desaprovação quando o Presidente faz qualquer coisa de escandaloso”.

Barack Obama referiu-se, então, pela primeira vez, desde que saiu da Casa Branca, ao Presidente norte-americano, Donald Trump, chamando-o pelo seu nome.

“A maior ameaça para a nossa democracia não é Donald Trump (…), é a indiferença, o cinismo”, afirmou, num discurso muito aplaudido.

Na sua intervenção, o ex-Presidente dos Estados Unidos criticou os ataques repetidos do seu sucessor contra a independência da justiça e a liberdade de imprensa, e também apelou ao voto nas legislativas de novembro.

“Nesta escuridão política vejo um despertar de cidadãos em todo o país”, disse Barack Obama, assinalando que “o que está em jogo” nas próximas eleições “é muito maior” do que qualquer rivalidade política.

Reagindo ao discurso de Obama, Donald Trump assumiu que adormeceu ao ouvi-lo falar sobre o atual clima político.

“Ouvi-o, mas adormeci. Descobri que ele [Barack Obama] é muito bom para dormir”, ironizou Trump, numa ação de campanha no estado do Dakota do Norte.

9 Set 2018

New York Times revela resistência interna na Casa Branca

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]New York Times publicou na quarta-feira um artigo anónimo de um destacado responsável da Administração Trump que explica porque e como se esforça, com outros, para lutar por dentro contra as “piores tendências” do Presidente norte-americano. Donald Trump reagiu imediatamente, classificando o texto como “cobarde” e criticando duramente a atitude do jornal nova-iorquino, enquanto a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, exigiu ao autor do texto que se “demita”.

Um destacado quadro da Casa Branca revelou num texto no editorial do jornal que um amplo grupo de funcionários que trabalham para o Presidente se esforça conjuntamente para anular algumas das suas políticas que consideram mais gravosas.
O artigo do funcionário da Sala Oval, que permaneceu no anonimato, começa por sublinhar que o maior desafio que Trump enfrenta é que “muitos funcionários seniores da sua Administração estão a trabalhar diligentemente, por dentro, para frustrar parte dos seus objectivos e das piores tendências”.

Esta é a primeira vez que o Times, que diz querer proteger a identidade da fonte para evitar a sua expulsão da Administração, publica um artigo de opinião de uma fonte que mantém o anonimato e que desvenda uma corrente contra o mandatário norte-americano dentro do próprio Governo. “Então o fracassado New York Times tem uma coluna anónima? Dá para acreditar? Anónima. O que quer dizer cobarde. Uma coluna cobarde”, reagiu Donald Trump durante uma reunião na Casa Branca com dezenas de deputados de todo o país.

O autor do texto esclarece que os seus esforços para anular algumas das iniciativas de Trump não partem de uma “resistência popular da esquerda”.

“Queremos que a Administração tenha êxito e queremos que muitas das políticas tenham eco e que os EUA sejam mais seguros e prósperos”, concretiza a fonte, sublinhando que o grupo de funcionários actua contra as políticas de Trump porque o presidente continua a actuar “em detrimento da saúde da República”. “Por ela, muitas das pessoas designadas por Trump juraram fazer o possível para preservar as nossas instituições democráticas”, sublinha.

No texto refere-se que a raiz do problema da actual Administração norte-americana é a falta de moralidade do Presidente e sustenta-se que, apesar de ter sido eleito como representante do partido republicano, não defende as ideias dos conservadores, como a liberdade de pensamento ou a liberdade do mercado.

7 Set 2018

Brasil | Lula da Silva recorreu ao Supremo Tribunal para disputar eleições

O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva, preso desde Abril, apresentou um recurso na terça-feira ao Supremo Tribunal Federal, depois do Supremo Tribunal Eleitoral ter negado a sua inscrição como candidato às presidenciais de Outubro

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]equipa de advogados do ex-chefe de Estado anunciou que interpôs o recurso na sequência do Tribunal Superior Eleitoral ter decidido que a lei conhecida como “Ficha Limpa”, que foi aprovada pelo próprio ex-Presidente em 2010, impede que Lula concorra ao cargo, uma vez que foi condenado em segunda instância. A Justiça proibiu também o antigo chefe de Estado de aparecer na campanha eleitoral como candidato, mas autorizou a presença da sua figura na campanha desde que não se apresente como tal.

Os advogados argumentam que o tribunal eleitoral se recusou a atender um pedido do Comité de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para que se respeitem os direitos políticos do ex-Presidente, incluindo o direito de contestar as eleições, conceder entrevistas à imprensa e manter contacto com os membros do Partido Trabalhista (PT).

Por esta razão, os advogados de Lula já apresentaram um recurso à ONU para que a organização se pronuncie sobre a recusa das autoridades brasileiras em acatarem a determinação do Comité dos Direitos Humanos, que pediu ao Brasil que permita ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva de exercer todos os seus direitos políticos como candidato enquanto estiver na prisão.

De acordo com a defesa, a decisão do Comité da ONU deve vincular a Justiça brasileira, que é signatária de tratados internacionais que reconhecem a competência deste Comité das Nações Unidas.

Substituto de Lula

Caso os novos recursos sejam rejeitados, o PT só tem até 11 de Setembro para apresentar um novo candidato que, segundo dirigentes do partido, seria Fernando Haddad, que foi na terça-feira indiciado pelo Ministério Público por suposta corrupção relacionada com a sua campanha nas eleições municipais de 2012.

Haddad, apontado como provável substituto de Lula como candidato do PT à presidência do Brasil, é acusado de receber 2,6 milhões de reais (quase um milhão de euros à taxa de câmbio de então) de uma construtora “para pagar uma dívida na campanha eleitoral de 2012”, o que lhe permitiu garantir o lugar de prefeito de São Paulo, segundo um documento do MP publicado na terça-feira.

Se não anunciar um novo candidato no prazo estipulado, o partido fica fora da disputa eleitoral, cuja primeira volta está marcada para 7 de Outubro

6 Set 2018

Israel fecha passagem de acesso à Faixa de Gaza

[dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]srael voltou a encerrar a passagem de Erez, ponto de acesso à Faixa de Gaza, devido a confrontos registados no terminal de trânsito, anunciou hoje o Exército israelita.

O ponto de passagem de Erez vai ficar fechado até que os estragos sejam reparados, acrescentou o Exército de Israel que não especificou qualquer data para a reabertura do terminal.

De acordo com os militares israelitas vai ser autorizado “apenas” o trânsito de material humanitário, caso venha a ser necessário.

De acordo com o Exército de Israel “centenas de desordeiros” palestinianos participaram em atos de violência na terça-feira lançando pedras que provocaram estragos nas instalações do terminal.

A passagem de Erez tinha sido reaberta no passado dia 27 de agosto depois de ter sido mantida encerrada durante uma semana.

O território da Faixa de Gaza, enclave situado entre Israel o Egito e o Mediterrâneo, encontra-se submetido a um bloqueio terrestre e marítimo pelos israelitas desde 2008.

Os cerca de dois milhões de habitantes dependem, em grande medida, da ajuda internacional.

A fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito está quase sempre encerrada.

Controlado pelo Hamas, o enclave tem sido palco de manifestações de palestinianos junto à barreira de separação desde 30 de março e que exigem o fim do bloqueio e a devolução de terras aos palestinianos, perdidas em 1948.

Pelo menos 172 habitantes da Faixa de Gaza foram atingidos a tiro pelos soldados israelitas desde março.

5 Set 2018

Número de alunos de português aumenta 18% na Califórnia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de alunos matriculados em cursos de língua e cultura portuguesas aumentou 18% na Califórnia no novo ano letivo, de acordo com dados preliminares da Fundação Luso-Americana para a Educação.

No ano letivo 2018/2019, que acaba de começar, deverá ser ultrapassada, pela primeira vez, a fasquia dos dois mil alunos de português, de acordo com informações fornecidas à Lusa pelo professor Diniz Borges, um dos encarregados pelo protocolo assinado entre a Fundação Luso-Americana para a Educação (LAEF, na sigla inglesa) e o Instituto Camões para coordenar o ensino da língua portuguesa na Califórnia.

Os dados referem-se a cursos no ensino primário e secundário, abrangendo escolas privadas e públicas.

“Nos últimos quatro anos foram criadas cinco escolas comunitárias e abriram-se cursos em três escolas do ensino secundário”, avançou o responsável, que coordena o protocolo com o professor José Luís da Silva.

Só neste ano escolar, a Califórnia terá mais duas escolas secundárias a ensinar português, em Ceres, Vale de San Joaquin, com duas professoras e 270 alunos.

Abriu também uma nova escola comunitária na cidade de Tracy, junto das montanhas que separam o vale da zona da baía de São Francisco.

Duas outras zonas “estudam a possibilidade da criação de escolas portuguesas”, Manteca no norte e Chino no sul, na zona de Los Angeles.

De acordo com Diniz Borges, foram ainda criados cursos em faculdades comunitárias, como é o caso da College of the Sequoias em Visalia, no Vale de San Joaquin, e da Universidade Estadual da Califórnia em Fresno, que vai abrir o semestre de outono de 2018 com quatro cursos de língua e cultura portuguesas.

As últimas estatísticas oficiais da Modern Language Association, referentes a 2016, apontavam para cerca de dez mil alunos de português em todo o território dos Estados Unidos no ensino pós-secundário.

Outros “cursos inovadores” estão abertos na CSUS em Turlock, na Universidade Estadual da Califórnia em San Diego e nas universidades da Califórnia em Santa Barbara e Berkeley, além do distrito escolar de Hilmar.

Está ainda a ser registado um crescimento nos cursos ministrados pela comunidade de origem brasileira no norte da Califórnia.

O incremento do número de alunos deve-se, segundo o professor, ao “trabalho constante da comunidade” após a assinatura do protocolo, que se refletiu na aposta em contactos com as entidades de ensino, aproximação às escolas comunitárias, formação de professores e criação de um plano estratégico para o ensino da língua e cultura portuguesas.

A Califórnia é “o primeiro estado norte-americano com semelhante projeto”, garantiu Diniz Borges, sendo que o plano estratégico juntou entidades dos ensinos público e privado, entidades políticas e líderes da comunidade de origem brasileira e macaense.

Além do ano letivo, o programa de ensino inclui dois projetos durante o verão, um curso da LAEF com meia centena de jovens e o programa Startalk do distrito escolar de Hilmar, com cerca de 100 crianças.

A adesão da comunidade e das entidades públicas a este plano estratégico cria “todas as probabilidades” para que o ensino da língua e cultura portuguesas tenha “um contínuo crescimento” anual, considerou Diniz Borges,

4 Set 2018

Governo apoiado pela ONU declara estado de emergência em Trípoli, capital da Líbia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Acordo Nacional da Líbia, apoiado pela ONU em Tripoli, declarou hoje o estado de emergência na capital, após uma semana de intensos combates entre milícias rivais, os piores desde o início da guerra civil, em 2014.

“Exige-se a adoção de todas as medidas militares e civis para garantir a segurança da população e proteger tanto a propriedade privada como as instalações e instituições públicas vitais”, explicou o Governo de Acordo Nacional (GNA) em comunicado.

Na nota, o executivo dirigido por Fayez al-Serrakh anuncia a formação de um gabinete de crise para gerir o estado de emergência e adverte as partes em conflito de que terão de enfrentar as consequências se tentarem aproveitar a ocasião para avançar nos seus objetivos.

Os combates, que já fizeram 50 mortos, mantêm encurralados sem acesso a eletricidade e água corrente milhares de civis, entre os quais várias centenas de migrantes amontoados em centros de detenção.

Nos últimos dias, a violência intensificou-se, com a entrada no conflito de milícias procedentes de outras cidades, em particular das cidades-Estado de Misrata e Zintan e das localidades de Tarhouma e Zawia, esta última um dos núcleos das máfias que fazem tráfico de pessoas na Líbia.

Os últimos a juntar-se aos esforços em favor de um acordo foram os membros do Conselho de Anciãos da Líbia, que formaram uma célula de emergência para tentar fazer com que todas as partes concordem em negociar.

Os combates, que mataram 20 civis e fizeram mais de 200 feridos, começaram no passado domingo numa zona densamente povoada do bairro meridional de Salehdin, próxima do antigo aeroporto internacional de Tripoli, o ponto estratégico cobiçado pelas partes em conflito.

3 Set 2018

Trump ameaça excluir Canadá da nova versão do NAFTA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu ontem que não existe uma “necessidade política” de incluir o Canadá na nova versão do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA).

A declaração de Trump surge dias depois de Washington ter conseguido alcançar um novo acordo comercial com o México, o outro signatário do NAFTA.

“Não há necessidade política de manter o Canadá no novo acordo do NAFTA. Se não fizermos um acordo justo para os Estados Unidos, depois de uma década de abuso, o Canadá estará fora”, disse Trump, numa mensagem publicada na rede social Twitter, citada pelas agências internacionais.

Os Estados Unidos e o México alcançaram no passado dia 27 de agosto um novo acordo comercial para rever o NAFTA.

Trump afirmou que esperava que o Canadá também aderisse à revisão do NAFTA, mas também admitiu que estava disposto a seguir apenas com um acordo bilateral com o México.

Na sexta-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Chrystia Freeland, e o representante do Comércio Exterior norte-americano, Robert Lighthizer, informaram que não tinham alcançado um acordo, mas que existiria uma nova ronda de conversações na próxima quarta-feira.

“As conversações foram construtivas e fizemos progressos (…). A nossa equipa irá encontrar-se com a ministra [Chrystia] Freeland e os seus parceiros na quarta-feira da próxima semana”, informou Lighthizer.

Desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2017, Trump caracterizou o NAFTA, protocolo firmado em 1994, como um acordo “desastroso” para os Estados Unidos.

2 Set 2018

Afeganistão | Líder do Estado Islâmico morto em ataque norte-americano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]utoridades afegãs e oficiais norte-americanos informaram no domingo que um ataque dos Estados Unidos no leste do Afeganistão matou um dos principais líderes do Estado Islâmico, noticiou ontem a agência Associated Press. O porta-voz da presidência afegã, Shah Hussain Martazawi, disse no domingo que o ataque na província de Nangarhar, no leste do país, matou o comandante do Estado Islâmico Abu Sayeed Orakzai, um dos principais líderes do grupo extremista. O porta-voz das forças norte-americanas no Afeganistão, o tenente-coronel Martin O’Donnell, explicou que as forças norte-americanas lançaram um ataque antiterrorista no leste do Afeganistão no sábado, que visava um “líder de uma organização terrorista”, sem fornecer mais detalhes sobre a operação.
Uma organização ligada aos Estado Islâmico que surgiu no Afeganistão em 2014 tem vindo a realizar vários ataques contra as forças de segurança e a minoria xiita do país.
Mesmo com o apoio dos Estados Unidos e da NATO, as forças de segurança afegãs têm enfrentado sérios problemas para combater o Estado Islâmico e os combatentes extremistas talibãs.

28 Ago 2018

Vaticano | Papa aconselha terapia para crianças com tendências homossexuais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]papa Francisco recomendou aos pais o recurso à psiquiatria assim que estes se apercebam de tendências homossexuais dos filhos durante a infância, noticiou ontem a agência de notícias France-Presse (AFP). “Quando [a homossexualidade] se manifesta na infância, a psiquiatria pode desempenhar um papel importante para ajudar a perceber como as coisas são. Mas é outra coisa quando ocorre depois dos vinte anos”, respondeu o papa a um jornalista, a bordo do avião que o transportava da Irlanda para Roma. Questionado sobre o que diria aos pais com filhos homossexuais, o representante máximo da Igreja Católica afirmou que lhes pediria “que rezem, que dialoguem e que entendam, mas que não condenem”. Por fim, defendeu que o “silêncio nunca será uma cura” porque, sublinhou, “ignorar um filho ou uma filha com tendências homossexuais revela falta de paternidade ou maternidade”.

28 Ago 2018

Crime | Ex-núncio acusa o Papa de conhecimento de abusos sexuais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ex-núncio nos Estados Unidos Carlo Maria Viganò pediu a renúncia do Papa, assegurando que Francisco conhecia desde Junho de 2013 as acusações de abusos sexuais sobre o cardeal Theodore McCarrick, sancionado em Junho pelo pontífice.
O arcebispo Viganò, de 77 anos, escreveu uma carta de 11 páginas publicada ontem por alguns meios de cariz conservador em vários países, na qual o prelado acusa outros membros da Curia de formarem um ‘lobby gay’ e de encobrirem as acusações contra o cardeal norte-americano. A carta baseia-se em acusações pessoais e o prelado não aponta qualquer documentação ou prova.
O embaixador do Vaticano escreve que Francisco conheceu o caso a 23 de Junho de 2013, porque ele próprio o comunicou “e continuou a encobrir o cardeal ex-arcebispo de Washington, McCarrik”. Em Junho passado, McCarrik, de 88 anos, foi afastado do colégio cardinalício e o Papa argentino “ordenou a sua suspensão do exercício de qualquer ministério público, assim como a obrigação de permanecer em casa que lhe será destinada para uma vida de oração e penitência”.
Viganò explica que em 2013 foi o mesmo pontífice quem lhe perguntou: “Como é o cardeal McCarrick?, ao que o informou que aquele “corrompeu gerações de seminaristas e sacerdotes e que o papa Bento XVI o mandou retirar-se para uma vida de oração e penitência”. Informou também que havia informação de tudo na Congregação para os Bispos.
Francisco passou 90 minutos no sábado a falar com oito vítimas de abuso, incluindo duas que foram forçadamente dadas para adopção quando nasceram, porque as mães não eram casadas. São alguns dos milhares de adoptados irlandeses, cujas mães solteiras foram forçadas a viver em casas de trabalho.

27 Ago 2018

Arquivado processo de Steve Wynn contra agência Associated Press

 

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m juiz do Estado do Nevada arquivou o processo de difamação do magnata do jogo Steve Wynn contra a agência noticiosa Associated Press, que divulgou relatórios policiais que denunciavam assédio sexual contra duas mulheres. O juiz do Tribunal Distrital do Condado de Clark emitiu um comunicado na quinta-feira argumentando que a divulgação dos relatórios foi uma decisão correcta por parte da Associated Press (AP).
O advogado de Wynn, Lin Wood, disse na sexta-feira que vai apelar para a Suprema Corte do Nevada. Wood argumentou que informações adicionais deveriam ter sido incluídas na reportagem da AP para permitir que os leitores chegassem às suas próprias conclusões sobre a verdade.
Contudo, o juiz do Tribunal Distrital do Condado de Clark afirmou que na altura em que os relatórios foram divulgados, Fevereiro, era impossível saber a identidade das mulheres porque essa informação tinha sido ocultada pela polícia de Las Vegas que se recusou a fornecer mais detalhes.
As acusações de assédio sexual por parte de Steve Wynn começaram após uma investigação do jornal norte-americano Wall Street Journal, que denunciou casos de assédio sexual a muitas mulheres. Desde então, grupos de accionistas, bem como funcionários actuais e antigos da empresa, apresentaram acções judiciais contra o bilionário e contra o conselho de administração.
Steve Wynn negou veementemente as acusações que o jornal relatou, tendo renunciado ao cargo de presidente da empresa a 6 de Fevereiro. O multimilionário que começou como proprietário de um pequeno grupo de salas de bingo no nordeste dos Estados Unidos e construiu um império do jogo com o seu nome, em que se incluem os casinos Mirage e Bellágio, em Las Vegas, e dois casinos Wynn, em Macau.
O conselho de administração da Wynn Resorts nomeou Matt Maddox como novo presidente.

27 Ago 2018

Família de Zeca Afonso rejeita trasladação para Panteão Nacional

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]família do compositor José Afonso rejeitou a proposta da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) de trasladação dos restos mortais do músico para o Panteão Nacional.
“José Afonso rejeitou em vida as condecorações oficiais que lhe haviam sido propostas. Foi, a seu pedido, enterrado em campa rasa e sem cerimónias oficiais, em total coerência com a sua vida e pensamento. Por isso, apesar da meritória intenção que inspira a proposta, é a sua vontade que deve ser respeitada” refere uma nota divulgada pela família do criador de “Grândola, Vila Morena”. A nota, assinada por Pedro Afonso, um dos quatro filhos do músico, adianta que “a família considera fundamental a salvaguarda e fruição da obra de José Afonso e a defesa dos seus direitos de autor, contando para tal com o superior envolvimento do Estado Português e da SPA, nomeadamente para que se garanta a recuperação e preservação das gravações originais”.
Em comunicado divulgado na terça-feira, a SPA defendeu a trasladação dos restos mortais de José Afonso para o Panteão Nacional, em Lisboa considerando que “é este o tributo e é esta homenagem que Portugal deve a quem como mais ninguém o soube cantar em nome dos valores da liberdade, da democracia, da cultura e da cidadania”.
Em Maio de 1983, o músico foi homenageado pelo município de Coimbra, tendo recebido a Medalha de Ouro da cidade. Na ocasião o então presidente da câmara, Mendes Silva, agradeceu a José Afonso a quem se dirigiu tendo afirmado: “Volta sempre, a casa é tua”. O compositor retorquiu: “Não quero converter-me numa instituição, embora me sinta muito comovido e grato pela homenagem”. Também nesse ano, o então Presidente da República, António Ramalho Eanes, atribuiu a José Afonso a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusou-se a preencher o formulário.
Em 1994, o Presidente da República, Mário Soares, tentou condecorar postumamente José Afonso com a Ordem da Liberdade, mas Zélia Afonso recusou, alegando que o músico não desejou a distinção em vida e também não seria condecorado após a sua morte.

24 Ago 2018

Facebook | Banidas contas ligadas à Rússia e Irão por manipulação

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rede social Facebook identificou e baniu 652 páginas, grupos e contas ligadas à Rússia e ao Irão por manipulação coordenada que incluía a partilha de material político. A remoção das páginas, grupos e contas resultaram de quatro investigações – três envolvendo o Irão e uma envolvendo a Rússia -, indicou a empresa norte-americana na terça-feira, através do seu fundador e CEO, Mark Zuckerberg. As campanhas de manipulação tinham como alvo os Estados Unidos, o Reino Unido, países da América Latina e do Médio Oriente. A rede social revelou ainda ter informado os Governos dos Estados Unidos e do Reino Unido. O Facebook intensificou significativamente a fiscalização da sua plataforma desde o ano passado, quando foi tornado público que agentes russos realizaram com sucesso operações de manipulação política naquela rede social, com o objectivo de influenciar a eleição presidencial norte-americana de 2016.

23 Ago 2018

Pelo menos dez ministros australianos demitiram-se

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]elo menos dez ministros australianos demitiram-se, avançou ontem a Agência France Presse (AFP), um novo golpe para o primeiro-ministro Malcom Turnbull, que venceu na segunda-feira uma votação interna do Partido Liberal pela liderança do Governo. Malcolm Turnbull obteve 48 votos, contra 35 do ministro do Interior, Peter Dutton, que, entretanto, renunciou ao cargo, embora se mantenha como deputado.
A divergência surgiu na segunda-feira, quando o primeiro-ministro anunciou que ia renunciar à tentativa de promulgar a legislação de redução de emissões de gases com efeito de estufa, reconhecendo que o fazia por falta de apoio no parlamento.
Para Nick Economou, analista político da Universidade Monash, em Melbourne, os deputados do Partido Liberal estão a abandonar o primeiro-ministro com receio que Turnbull conduza o partido a uma derrota esmagadora nas eleições legislativas de Maio de 2019.
Entretanto, outros nove ministros apresentaram a demissão. De acordo com a AFP, Malcom Turnbull ainda só aceitou o pedido de dois: a de Peter Dutton e a da ministra do Desenvolvimento Internacional, Concetta Fierravanti-Wells.
Ainda assim, o primeiro-ministro afirmou ontem que outros ministros “garantiram inequivocamente lealdade e apoio”.

Réplicas políticas

Malcolm Turnbull assumiu a chefia do Governo, em Setembro de 2015, ao afastar o antecessor Tony Abbott, membro do mesmo partido.
Foi durante o Executivo de Abbott que a Austrália se comprometeu a reduzir as emissões em 26 por cento em relação ao nível de 2015 e até 2030 para lutar contra o aquecimento climático. Um objectivo considerado, na altura, insuficiente pelos opositores. Este objectivo foi oficializado em Dezembro de 2015 no âmbito do Acordo de Paris.
A Austrália atravessa um período de grande instabilidade política desde que o primeiro-ministro John Howard perdeu o poder em 2007, após mais de 11 anos no cargo. No próximo mês, Turnbull fará mais de três anos como primeiro-ministro, tornando-se o líder com maior longevidade no cargo desde John Howard.

23 Ago 2018