Festival de Cinema de Cannes adiado para Julho

O Festival Internacional de Cinema de Cannes, em França, foi adiado de maio para Julho, por causa da pandemia da covid-19, anunciou a organização. A 74.ª edição do festival estava prevista para os dias de 11 a 22 de Maio, mas foi remarcada para o período de 06 a 17 de Julho, revelou a direcção do festival, no Twitter.

A hipótese de adiamento do festival já tinha sido avançada na semana passada por alguns ‘media’ especializados, face à evolução da pandemia da covid-19, ao aparecimento de novas variantes do vírus, às medidas restritivas e ao processo global de vacinação.

No ano passado, o festival de Cannes também adiou a edição habitual em maio e transformou o evento numa versão especial de programação, curta, em Outubro. Também o festival de cinema de Berlim fez alterações ao calendário tradicional, dividindo a edição deste ano em dois tempos: em Março acontece o mercado do filme e, em Junho, realizam-se as sessões de cinema.

A 71.ª edição do Festival de Cinema de Berlim estava inicialmente agendada de 11 a 21 de Fevereiro, sendo agora reajustada para março, com o mercado europeu do filme, o mercado de co-produções e os programas Talentos e Fundo Mundial de Cinema, a ocorrerem apenas online, entre os dias 01 e 05.

Em junho, haverá um evento de verão com as sessões de cinema, em sala e ao ar livre.

28 Jan 2021

Arquitecto apela à intervenção de peritos portugueses para salvar Basílica em Goa

O arquitecto Fernando Velho, membro do grupo independente Coletivo de Goa, que defende a conservação de monumentos históricos naquele estado indiano, apelou ontem à intervenção de peritos portugueses para salvar a Basílica do Bom Jesus, ameaçada pelas chuvas. “Era preciso que especialistas portugueses se reunissem com peritos locais e fizessem um relatório” sobre o restauro da Basílica, apelou Fernando Velho, considerando “urgente” a intervenção naquele monumento, considerado património mundial.

O arquitecto indiano, que falava à Lusa após o reitor da Basílica em Goa Velha ter alertado que a igreja está em “grave perigo” de “colapso”, confirmou que a infiltração de água nas paredes ameaça o monumento, depois de o estuque que recobria originalmente a fachada ter sido removido nos anos 1950.

A polémica intervenção deixou a igreja, construída em rocha porosa pouco resistente ao clima húmido indiano, exposta à chuva e às monções. “Nos anos 1950, além de o estuque ter sido removido, houve uma série de outras intervenções, como a adição de lajes de betão e a modificação do telhado”, explicou Fernando Velho, um dos arquitectos consultados pelo reitor da Basílica, o padre Patrício Fernandes. “A integridade da estrutura da Basílica foi afectada”, explicou, e os reforços introduzidos há 70 anos “estão agora a ceder, por causa da deterioração do betão”.

Exposta aos elementos, “a pedra deteriorou-se muito em algumas áreas da fachada, por causa das monções”, explicou o arquitecto. A situação agravou-se devido às alterações climáticas, afirmou. “Por causa do aquecimento global, deixou de haver estação seca e monção na Índia, chove durante o ano todo. Todos os meses chove mais, o que não acontecia antes, e as paredes não têm oportunidade de secar”, disse o arquitecto.

A expansão urbana da vizinha Pangim, capital do estado de Goa, também ameaça o monumento, classificado pela UNESCO em 1986. “O governo de Goa não definiu zonas tampão, obrigatórias pela lei nacional”, disse o arquitecto, denunciando “interesses imobiliários”. “É um problema que não existia no passado, mas com a construção de uma autoestrada muito perto da Basílica e o aumento do betão naquela zona, toda a água é absorvida pela igreja”, lamentou.

Para Fernando Velho, “é urgente rebocar a igreja” e salvaguardar o monumento, considerando que a proteção da Basílica “é um problema transnacional”.

“Era importante ter peritos de Portugal envolvidos, porque o reboco em igrejas também foi feito lá”, disse, recordando que há vários especialistas portugueses que estudaram a Basílica do Bom Jesus. O reitor da Basílica do Bom Jesus disse hoje à Lusa que a igreja construída pelos portugueses no séc. XVI está “em grave risco” de “colapso”, apelando a obras urgentes.

O padre Patrício Fernandes alertou os serviços de conservação de monumentos de Goa (ASI), instando-os a rebocar as paredes da igreja e a fazer obras no telhado, mas segundo o prelado, tem havido resistência em proceder à intervenção. “A maioria das pessoas sempre conheceram esta igreja sem reboco, por isso pensam que era assim originalmente”, explicou.

Construída entre 1594 e 1605, a Basílica do Bom Jesus faz parte de um grupo de igrejas e conventos erigidos pelos portugueses, classificados pela Unesco como Património Mundial, em 1986. A Basílica, um dos monumentos mais visitados em Goa, alberga o túmulo de S. Francisco Xavier, missionário jesuíta canonizado no séc. XVII, conhecido como o “apóstolo do Oriente”.

28 Jan 2021

Teatro e dança na agenda do Festival Fringe para este fim-de-semana

O cartaz da 20ª edição do Festival Fringe prossegue este fim-de-semana com vários espectáculos e actividades que decorrem em vários espaços culturais do território, incluindo a Fundação Rui Cunha ou o Jardim Cidade das Flores, na Taipa. Os bilhetes já se encontram esgotados

 

Este fim-de-semana será repleto de actividades e espectáculos inseridos no cartaz da 20ª edição do festival Fringe, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC). Uma dessas iniciativas acontece este domingo, dia 31, pelas 17h30, na Fundação Rui Cunha, e intitula-se “Fringe Chat”. Nesse dia, críticos do interior da China e de Macau vão discutir com o público e os artistas “as características e os ritmos” do festival.

Até domingo está também patente, no Jardim Cidade das Flores, na Taipa, a “Exposição de Arte para Todos”, que permite ao público expor as suas criações. As portas deste evento fecham às 20h.

Outra apresentação do Fringe que acontece esta semana é a série “Crème de la Fringe: Todos Fest!”, onde se insere o espectáculo “Dança Simbiótica em Plena Expansão”, coreografado por yuenjie MARU, de Hong Kong, e onde participam pessoas com deficiência mental e física, numa demonstração de que “todos podem dançar apesar das suas diferentes capacidades e condições físicas”. Este espectáculo acontece no sábado e domingo às 16h no Centro Cultural de Macau.

Também no sábado e domingo, às 13h, 15h e 17h acontece o espectáculo de marionetas “A Distância entre o Oceano e Nós”, da companhia Puppet Theatre, no primeiro andar do espaço Cooperativa Sem Distância. Todas as marionetas usadas neste espectáculo foram feitas com resíduos marinhos recolhidos na praia, onde a ideia é improvisar histórias sobre o mar. Depois do espectáculo decorre um workshop de produção de marionetas, além de decorrer no local a “Exposição de Marionetas de Resíduos Marinhos”.

Humor em palco

Esta sexta-feira e sábado acontece também o espectáculo de comédia “Uma Luta de Cavalheiros com Trocadilhos e Chá”, de Chan Si Kei. Trata-se de uma “batalha de humor entre o dim sum e os pauzinhos” na Casa de Chá Tai Long Fong que “combina várias formas de arte performativa oral, como conversas cruzadas em chinês, diálogos espirituosos e comédia stand-up, para responder à procura de entretenimento por parte de diversos tipos de público”. O espectáculo é em chinês e acontece às 20h.

Sábado e domingo são também dias para as últimas subidas ao palco do espectáculo “O Enigma da Actriz”, da Associação Brotherhood Art. Este decorre no Cinebrew Bar às 12h, 14h30 e 17h de sábado e às 12h de domingo, contando com dramaturgia e encenação de Ng Ka Wai e Fok Ka Hang. Esta peça teatral foca-se na história de uma actriz que é encontrada morta num bar. A partir daí são identificados cinco suspeitos, que são levados para o local para a investigação. Todos os suspeitos têm uma relação estreita com a falecida e cada um tem um motivo oculto, mas só um deles é o assassino.

No domingo tem também lugar a peça “A Caixinha de Tesouros da Avó”, de Lei Ka Mei, um espectáculo muito virado para as memórias. A história é “adaptada da história de vida da criadora e revela o segredo da caixa do tesouro, contando a história de como uma avó e o seu neto passaram por diferentes fases da vida juntos, buscando transmitir ao público a felicidade de cuidar e ser cuidado”. Esta peça acontece às 11h30 e 15h no edifício dos serviços sociais de Pou Tai.

Na Praça Jorge Álvares está também patente a instalação “Foco para – Libertar”, um projecto de Kathine Cheong e Sueie Che onde o público poderá apreciar as obras criadas a partir das ondas cerebrais de estranhos.

28 Jan 2021

Fotografia | Pandemia é o mote para nova edição do concurso promovido pela Somos!

A Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa lança, em Fevereiro, uma nova edição do seu concurso anual de fotografia, intitulado “Somos – Imagens da Lusofonia”. Em ano de pandemia o tema não podia ser outro e, por isso, são aceites imagens que se subordinem à temática “Alma lusófona em tempos de covid-19”

 

É já a partir do próximo mês que a associação local Somos! lança a terceira e nova edição do seu concurso de fotografia, desta vez com o tema “Alma lusófona em tempos de Covid-19”. Segundo um comunicado divulgado pela associação, as fotografias a concurso devem “ser capazes de espelhar o combate à doença dentro do universo lusófono, as dificuldades enfrentadas, as perdas, as mudanças profundas trazidas pela covid-19, designadamente em termos culturais, mas podem também exaltar actos de altruísmo, de coragem, de resistência, de fé, e de compaixão nestes tempos difíceis”. A inscrição no concurso fotográfico é gratuita e pode ser efetuada através do formulário que se encontra no website da Somos! (www.somosportugues.com) entre 1 e 28 de Fevereiro de 2021.

Desta forma, este concurso “procura documentar através de imagens o combate à doença nas comunidades dos países de língua portuguesa e em Macau, bem como as transformações socio-culturais que originou”.

O júri do concurso irá depois escolher três vencedores, com prémios que variam entre as 3.500 patacas para o último classificado e dez mil patacas para o vencedor. O concorrente que ficar em segundo lugar ganha um prémio no valor de cinco mil patacas. O concurso destina-se a todos os cidadãos dos países e regiões da lusofonia ou residentes de Macau que possuam fotografias de qualidade, e enquadradas com o tema selecionado, tiradas em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Goa, Damão e Diu.

Exposição em Março

Escolhidos os vencedores, a Somos! irá, ainda este ano, organizar uma exposição com as imagens seleccionadas entre os dias 26 de Março e 10 de Abril, com a curadoria do fotógrafo António Mil-homens. O júri é constituído por fotógrafos como Gonçalo Lobo Pinheiro, residente em Macau; José Carlos Carvalho, de Portugal; Raphael Alves, do Brasil; Roy Choi, de Macau e Miguel A. Lopes, de Portugal.

A exposição integra também outras fotografias seleccionadas pelo júri “pela sua relevância ou valor para o tema do concurso fotográfico e para o propósito da Somos!, bem como o papel de Macau enquanto plataforma”.

Uma vez que, o ano passado, não foi realizada a exposição de fotografia relativa à segunda edição do concurso, a associação decidiu adicionar essas fotografias na exposição de Março, bem como “outras relevantes do concurso anterior”.

27 Jan 2021

Exposição | Artesanato de miniaturas no 10 Fantasia a partir sábado

A partir de sábado, o espaço 10 Fantasia, ao lado do Albergue SCM, dá a mostrar “Miniature Art Work by Betty Ng”, uma exposição de artesanato de miniaturas organizada pela Ark-Association of Macau Art, que reduz objectos e conceitos quotidianos para as mais pequenas formas de expressão artística. A mostra estará patente até 19 de Março

 

O tamanho é importante, principalmente para o conceito artístico que Betty Ng vai apresentar a partir do próximo sábado no espaço 10 Fantasia, ao lado do Albergue SCM. “Miniature Art Work by Betty Ng” é uma colecção de artesanato de miniaturas, apresentada pela Ark-Association of Macau Art (AAMA), que faz parte do ciclo “Art Power Jamming”, que organiza um ciclo de exposições na Calçada de São Lázaro desde Agosto do ano passado, uma iniciativa que promete animar o bairro até Julho de 2021.

Com a escala reduzida, a lembrar as evocações de “As Viagens de Gulliver”, as miniaturas de Betty Ng representam objectos e realidades do quotidiano, como carros de comida de rua, vasos e arranjos florais, bancas de mercado com fruta, taças de noodles, dim sum, prendas de casamento e muitas outras miniaturas de situações típicas da região. A exposição vai estar patente ao público até 19 de Março.

“Sempre fui fascinada por objectos microscópicos. Ficava com os olhos colados a miniaturas, a pensar como seria possível atingir tão impressionante realismo, a estudar a beleza e a estrutura dos objectos. Então, comecei a trabalhar com barro nos tempos livres, a usar tinta e utensílios para esculpir pequenos e realísticos miniaturas de comida e flores”, conta Betty Ng, citada em comunicado da AAMA.

Do início, como hobby, até ao estudo online da expressão artística através de miniaturas, Betty Ng começou a visitar exposições do género em Hong Kong e Taiwan e a coleccionar livros sobre o tema.

Tudo é matéria

Tampas de embalagens de pasta de dentes, papel de embrulho, palhinhas e utensílios de espuma de esferovite fazem parte do universo da matéria-prima para as criações de Betty Ng. “A ideia de transformar lixo em expressão artística é algo bastante atraente para mim. A maioria dos meus trabalhos são feitos a partir de material descartado”, confessa. A artista gosta do mistério de tornar irreconhecível objectos como tampas de embalagens de creme para as mãos, frascos de perfume, ou contas de fios ou pulseiras aleatórias.

Desde cedo apaixonada por artesanato, Betty Ng lançou em 2013 a marca “B Handmade” e participou em feiras de arte, exposições e organizou workshops.

A “Miniature Art Work by Betty Ng” é um de sete exposições, no âmbito do “Capítulo da Amizade”, financiada pela Fundação Macau, com o apoio da incubadora da Associação Promotora para as Indústrias Criativas na Freguesia de São Lázaro.

Este ciclo de exposições foi pensado para fornecer uma plataforma de troca e criação entre artistas que exploram diversos meios criativos. Sete mostras, de seis artistas, todos membros da AAMA. Demonstrar a vitalidade e criatividade dos artistas locais é outra das metas do ciclo de exposições.

25 Jan 2021

Morreu o autor francês de BD Jean Graton, criador de Michel Vaillant

O autor francês de banda desenhada Jean Graton, criador da personagem Michel Vaillant, morreu esta quinta-feira aos 97 anos em Bruxelas, revelou a editora Dupuis. “Jean Graton foi o último ‘monstro sagrado’ da época de ouro da banda desenhada franco-belga”, ao lado de nomes como Franquin, Albert Uderzo e René Goscinny, lembrou a editora.

Nascido em Nantes em 1923, Jean Graton conjugou duas paixões ao longo da vida – arte e desporto – vertendo-as para as pranchas da banda desenhada, ao criar em 1957 o automobilista Michel Vaillant, protagonista de uma série de histórias em quadradinhos.

A editora Dupuis descreve Graton como “um verdadeiro embaixador do desporto motorizado”, cuja obra e paixão influenciaram gerações de leitores e criaram um universo que ainda hoje “brilha nas livrarias”.

Graton iniciou o percurso profissional em Bruxelas em finais dos anos 1940, a desenhar caricaturas e publicidade no Le Journal des Sports. A entrada na banda desenhada deu-se na revista Spirou, tendo colaborado depois na revista Tintin, na qual, a 12 de junho de 1957, apareceu pela primeira vez Michel Vaillant.

A propósito do trabalho de Graton na construção desta personagem e do universo automobilístico, no portal Lambiek, dedicado à banda desenhada, lê-se que o autor francês procurava ser rigoroso sobre este desporto e fazia bastante pesquisa, incluindo idas a corridas e encontros com pilotos.

“Jean Graton participou em corridas em quase todo o mundo, fazendo amizade com os pilotos, chefes de equipa e diretores de circuito, acumulando milhares de fotos e documentos que conferem ao seu trabalho prestígio e autenticidade”, justifica a editora Dupuis.

Em 1982, Jean Graton conseguiu a titularidade legal da sua obra e criou a própria editora, Studio Graton, com a participação do filho, Philippe Graton, que se tornou, entretanto, argumentista das histórias de Michel Vaillant.

Jean Graton reformou-se em 2004, altura em que já tinham sido editados cerca de 70 álbuns da série com o piloto. A série, que conta com vários álbuns editados em Portugal, seria retomada em 2012, com novos desenhadores e o argumentista Philippe Graton.

Entre os álbuns da série Michel Vaillant há dois com histórias ambientadas em Portugal – “Rali em Portugal” (1971) e “O homem de Lisboa” (1984) -, aos quais se junta “Um encontro em Macau” (1983). Nas primeiras presenças em publicações periódicas portuguesas, como a Cavaleiro Andante, Michel Vaillant chegou a ser designado Miguel Gusmão.

22 Jan 2021

Fringe | Experiência criativa alia meditação a imagens em movimento

Numa experiência que associa ondas cerebrais a imagens, “Focus to – release” incentiva os participantes a meditar, aproveitando esse momento para criar arte. A curadora do projecto, Kathine Cheong, revelou-se satisfeita com a continuidade do Festival Fringe e com a escolha de locais públicos, como mercados e praças, para a apresentação de espectáculos

 

O festival Macau City Fringe traz ao público a experiência criativa “Focus to – release”, de Kathine Cheong e Sueie Che. Em sessões que duram aproximadamente meia hora, a experiência procura associar ondas cerebrais a imagens em movimento, enquanto promove o bem-estar das pessoas. A actividade decorre no Estaleiro Naval nº2, com sessões entre amanhã e segunda-feira.

“Os participantes escolhem um aroma e depois meditam com taças tibetanas para entrarem num estado de relaxamento. As suas ondas cerebrais são captadas por um dispositivo e as imagens do aroma vão mudar de acordo com o estado de foco ou libertação”, descreve o programa.

Kathine Cheong explicou ao HM que a ideia surgiu no seguimento de um projecto académico de Sueie Che. A designer de media digital no projecto de graduação explorou o uso de ondas cerebrais associado a vídeos de animais, na esperança de captar a atenção das pessoas sobre temas relacionados com a vida. Licenciada em Psicologia, Kathine Cheong considerou interessante associar ondas cerebrais a meios relacionados com a arte.

“Apercebi-me que, especialmente durante o período da pandemia, as pessoas não têm nada para fazer, só podem ficar em casa, não podem viajar, e mesmo quando ficam em casa por vezes têm de trabalhar, não se sentem realmente relaxadas”, observou Kathine. Assim, surgiu a ideia, de por um curto período de tempo, incentivar ao relaxamento através de meditação, aproveitando esse momento para criar trabalhos artísticos, com imagens em movimento das suas ondas cerebrais.

Durante a experiência, os participantes contam com a presença de uma consultora de saúde e bem-estar que ajuda com a secção de meditação. “Durante a secção de meditação, os participantes usam um detector de ondas cerebrais e sentam-se ou deitam-se no tapete, para relaxarem”, explicou Kathine Cheong. Pela natureza da actividade, o participante acaba por não observar todo o processo.

Há dois tipos de bilhetes disponíveis. Por um lado, o de participante, restringido a maiores de 18 anos. Quem quiser apenas observar o processo criativo pode comprar um bilhete diferente, permitido a partir dos 16 anos. No caso de a sessão ser com audiência é admitido um máximo de seis indivíduos no local. O objetivo é usufruírem da atmosfera e da projecção em directo do vídeo das ondas cerebrais dos participantes.

Os produtos artísticos resultantes da experiência vão posteriormente ser exibidos numa instalação na Praça Jorge Álvares, de 30 de Janeiro a 28 de Fevereiro.

Apostar no local

Esta é a primeira série do programa “Focus to” a ser lançada, mas as autoras esperam fazer mais colaborações com o conceito de ondas cerebrais, aliado a espectáculos, dança ou música. O evento conta com o apoio da Art Jam Cultural Association, criada no ano passado por Kathine Cheong. O objectivo do grupo é “ter uma criação de arte interdisciplinar” que junte música, dança ou outras áreas como a psicologia a meios digitais. Se o contexto da pandemia apresenta dificuldades, a curadora entende que também é uma oportunidade para o auto-conhecimento e perceber o que se pretende fazer.

“Especialmente em Macau, a fronteira está fechada, não podem entrar artistas estrangeiros, não podemos ver actuações do exterior. (…) Podemos aproveitar esta oportunidade para mostrar mais as nossas competências ou conceitos criativos. Também para outras associações, é uma óptima oportunidade para as pessoas verem os artistas e a arte de Macau”, disse.

Kathine Cheong olha também para o Fringe City Festival como uma plataforma para se mostrarem conteúdos em formatos diferentes de outros festivais organizados pelo Instituto Cultural, revelando-se “muito contente” por ter sido novamente organizado este ano. A curadora considera que o cartaz é mais próximo da população de Macau, nomeadamente pela arte ser exibida em frente às pessoas em locais pouco usuais.

“Normalmente, quando vemos espectáculos é sempre no teatro ou na ‘black box’, mas de alguma forma neste festival podem ser vistos no mercado, numa praça normal, ou mesmo um flash mob em áreas diferentes em Macau. Acho que é muito importante e um festival muito especial que se deve continuar a organizar”, frisou.

22 Jan 2021

Escritor Mia Couto testa positivo à covid-19 e apela ao cumprimento de medidas de prevenção

O escritor moçambicano Mia Couto apelou ao cumprimento das recomendações das autoridades de saúde face à covid-19, alertando para implicações “profundíssimas”, após testar positivo para o novo coronavírus.

“Nós temos de conseguir uma resposta e direcção contrária à covid-19, ter respeito pelos outros e acatar essas instruções [de prevenção], tão simples”, dadas pelas autoridades de saúde, disse o autor à Lusa. O escritor moçambicano cumpriu ontem o 10.º dia de isolamento domiciliar, desde que foi diagnosticado positivo para o novo coronavírus, apresentando-se com sintomas leves, entre cansaço e dores musculares.

Mia Couto alertou para as implicações “profundíssimas” da COVID-19 a nível social, económico e humano, além da saúde, considerando que a doença “empurra para uma situação de agonia, solidão e abandono”. “Quando me comunicaram, o medo que me assaltou foi o de um tipo de morte solitária, foi essa a construção que fiz”, contou Mia Couto.

“Nós já temos vacina. Chama-se máscara, chama-se distanciamento. Portanto, temos as vacinas que serão, até daqui a alguns meses, a nossa arma principal”, declarou.

Mia Couto venceu o prémio literário francês Albert Bernard 2020, pela edição francesa da trilogia “As Areias do Imperador”, publicada no ano passado com tradução de Elisabeth Monteiro Rodrigues, foi hoje anunciado pela Fundação Fernando Leite Couto.

“Criado em 1993, este prémio anual, destinado a um autor cuja temática seja África, quer seja do ponto de vista da história, da ciência e da literatura, laureou pela primeira vez um escritor da África Austral. É também inédita a atribuição a um escritor de língua portuguesa”, acrescentou a nota.

O escritor moçambicano, agora distinguida pela Academia Francesa de Ciências do Ultramar, já havia recebido em dezembro, na Suíça, o Prémio Jan Michalski, atribuído pela Fundação Jan Michalski, para distinguir obras da literatura mundial, publicadas em francês.

A trilogia “As Areias do Imperador”, composta pelos romances “Mulheres de Cinza” (2015), “A Espada e a Azagaia” (2016) e “O Bebedor de Horizontes” (2017), centra-se na fase final do Império de Gaza, o segundo maior império do continente, no final do século XIX, dirigido por Ngungunyane (Gungunhana).

21 Jan 2021

FRC | Evento de Ano Novo Chinês marcado para terça-feira

A Fundação Rui Cunha (FRC) organiza na próxima terça-feira, dia 28, um evento sobre o Ano Novo Chinês que se avizinha, intitulado “Fai Chun – Oferta de Papéis Votivos”, em que o público poderá escolher as mensagens de boa sorte escritas em caligrafia chinesa. A actividade é gratuita e decorre entre as 10h e as 16h.

Os votos de boa sorte e prosperidade têm a orientação de 28 mestres calígrafos de Macau, como Ung Choi Kun, Ng Pio (Yum Fung Chan),Yum Wing On, Yuen Wai Sang, Ho Lai Sim, entre outros, que vão estar presentes na galeria da FRC. O evento é organizado em parceria com a Associação dos Amigos de Poesia do Jardim da Flora.

Fai Chun (揮 春) é uma decoração tradicional, frequentemente usada durante o Ano Novo Chinês, que marca a chegada da época primaveril, e que em português se pode traduzir por “Onda de Primavera”. As pessoas colocam os Fai Chun nas portas das suas casas para criar uma atmosfera festiva e jubilosa, já que as frases caligrafadas significam boa sorte e prosperidade. Normalmente, os Fai Chun são escritos à mão, mas as versões impressas são, hoje em dia, mais convenientes e produzidas em larga escala. Podem ser quadrados ou rectangulares e pendurados na vertical ou na horizontal, geralmente aos pares. Não existem apenas na China, mas também na Coreia, Japão e Vietname.

Os Fai Chun tradicionais são de cor vermelha, com caracteres pretos ou dourados inscritos a pincel. Semelhante à cor do fogo, o vermelho foi escolhido para assustar a lendária besta feroz “Nian”, que devorou as colheitas dos aldeões, o gado e até os próprios camponeses na véspera de ano novo. Daí a tradição de proteger as casas com os melhores votos festivos para o ano que se segue.

Segundo o calendário chinês, este é o ano do Búfalo de Metal e começa a 12 de Fevereiro, terminando a 31 de Janeiro de 2022. O búfalo é o segundo signo no ciclo de 12 anos do zodíaco chinês.

21 Jan 2021

Orquestra de Macau | Centro Cultural acolhe Concerto do Dia dos Namorados

A pensar no amor e na brisa primaveril, a Orquestra de Macau apresenta a 26 de Fevereiro o “Concerto do Dia dos Namorados” no Grande Auditório do Centro Cultural, que inclui interpretações de bandas sonoras de clássicos de Hollywood. Ao longo de Fevereiro serão ainda realizados quatro concertos gratuitos de música clássica um pouco por toda a cidade

 

Apesar de todos os constrangimentos o espectáculo vai continuar, sobretudo quando o tema principal é o amor. No próximo dia 26 de Fevereiro, a Orquestra de Macau vai apresentar o “Concerto do Dia dos Namorados – Amor na Primavera”.

O espectáculo, que será dirigido pela Maestrina Principal da Orquestra Sinfónica de Guangzhou, Jing Huan, e o jovem violinista Mengla Huang, irá decorrer no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau pelas 20 horas.

Recorde-se que, de acordo com um comunicado do Instituto Cultural (IC), o concerto contava inicialmente com a participação do maestro Christoph Poppen e a violinista Mayumi Kanagawa. Contudo, os dois artistas não podem deslocar-se a Macau devido às restrições impostas pela pandemia.

Um dos destaques da programa do “Concerto do Dia dos Namorados” vai para a apresentação da obra de Korngold, compositor austríaco naturalizado americano, que ficou conhecido por ter dado vida à banda sonora de inúmeros clássicos de Hollywood.

O “Concerto para Violino em Ré Maior, Op. 35. Korngold“ é a obra-prima do compositor que poderá ser apreciada no Centro Cultural de Macau, sendo composta por três andamentos, cada um dedicado à banda sonora de um filme. “Another Dawn”, “Anthony Adverse” e “The Prince and the Pauper” são os filme incluídos na mostra.

Além de música para cinema, o programa do concerto inclui a Sinfonia N.º 1 em Si bemol Maior, op. 38 de Schumann, a primeira escrita pelo compositor romântico após casar com a sua esposa, Clara. Segundo o IC, a obra é vista como “uma reflexão da ‘Primavera da vida de Schumann’, evidenciando a pureza e a felicidade de um relacionamento romântico”.

Os bilhetes para o “Concerto do Dia dos Namorados – Amor na Primavera” já se encontram à venda. Quem estiver interessado por recorrer à Bilheteira Online de Macau e aos balcões respectivos. Os preços variam entre 150 e 250 patacas.

Para os meus ouvidos

Além do concerto dedicado aos namorados, ao longo de Fevereiro, a Orquestra de Macau vai promover três concertos dedicados à música clássica, todos gratuitos.

O primeiro, intitulado “Expresso Clássico”, terá lugar no dia 6 de Fevereiro no Pequeno Auditório do Centro Cultural e ficará a cargo do Maestro Assistente da Orquestra de Macau, Francis Kan, que irá “guiar o público ao longo de uma viagem pelo mundo da música clássica, através de interacções animadas e intrigantes”. Para requisitar os bilhetes gratuitos é necessária uma inscrição, que pode ser feita no website da Orquestra de Macau.

No dia 20 de Fevereiro, segue-se o concerto “Música no Museu de Arte”, integrado na exposição “Renascer à Brisa da Primavera: Exposição de Arte de He Duoling”, mostra que pode ser vista no mesmo espaço. Durante a actuação, a Orquestra de Macau irá apresentar obras de Shostakovich, o compositor preferido de He Duoling.

No mesmo dia, a Biblioteca da Taipa irá acolher pelas 17h30 o concerto “Música na Biblioteca”, onde serão apresentadas obras ligeiras de Mozart e Boccherini e ainda jogos interactivos, com o objectivo de cativar os mais novos. A entrada para ambos os concertos é livre, não sendo necessária reserva.

Nota ainda para o cancelamento do concerto “Flauta Melodiosa – Tributo a Mozart”, programado originalmente no dia 5 de Fevereiro. Segundo o IC, o cancelamento está também relacionado com a “impossibilidade de os artistas estrangeiros se deslocarem a Macau”, devido à pandemia.

21 Jan 2021

Fotojornalismo | World Press Photo regressa a Hong Kong

De 1 a 21 de Março, a população de Hong Kong vai poder ver presencialmente as fotografias premiadas no concurso anual da World Press Photo, noticiou a Tatler. A galeria Koo Ming Kown vai acolher a mostra de 2020, que inclui fotografias dos protestos em Hong Kong.

Os vencedores foram escolhidos por um júri independente que avaliou mais de 73.996 fotografias, submetidos por mais de quatro mil fotógrafos. Entre os nomeados encontra-se uma série de fotografias intitulada “Hong Kong Unrest”, de Nicolas Asfourni, que inclui a imagem de um homem a segurar um poster em Shatin.

A exposição conta com a organização do Instituto para o Jornalismo e Sociedade da Hong Kong Baptist University, e o apoio do Consulado Geral dos Países Baixos em Hong Kong e Macau. Recorde-se que a exposição passou pela RAEM no ano passado, mas acabou por ser encerrada sem aviso prévio. Na altura, o fecho prematuro foi justificado pela Casa de Portugal com um “problema de gestão interna”, mas levantaram-se suspeitas de pressões políticas.

20 Jan 2021

Exposição | Instituto Cultural quer trazer a Macau trabalhos de Siza Vieira

O Museu de Arte de Macau poderá receber a exposição “In/Disciplina”, com obras dos arquitectos Álvaro Siza Vieira e Carlos Castanheira. O Instituto Cultural contactou a Fundação de Serralves para tornar a mostra uma realidade, mas a pandemia remeteu o processo de volta à estaca zero

 

O Instituto Cultural (IC) pretende trazer para Macau a exposição “In/Disciplina”, que faz a retrospectiva das obras de arquitectura de Álvaro Siza Vieira, vencedor de um prémio Pritzker, e Carlos Castanheira. A exposição esteve patente na Fundação de Serralves, no Porto, entre 19 de Setembro de 2019 e 5 de Janeiro de 2020.

A confirmação foi dada ao HM pelo IC. “O Museu de Arte de Macau (MAM) pretende, no que se refere à exposição ‘Álvaro Siza – In/Disciplina’, exibir, de forma sistemática, as obras arquitectónicas de destaque projectadas por Álvaro Siza em todo o mundo e pretende acrescentar ainda os seus projectos de arquitectura no Interior da China, em Macau e noutras cidades asiáticas.”

Foi, neste contexto, solicitado “ao curador da exposição uma nova escolha de obras”, mas a pandemia veio adiar os planos, não existindo, para já, um calendário concreto. “Devido à situação pandémica, o conteúdo, a dimensão, a duração, e os pormenores dos preparativos da exposição, entre outros, estão sujeitos a uma nova avaliação após discussão com os co-organizadores, pelo que não há mais informações a disponibilizar de momento.”

Do lado da Fundação de Serralves, também existe vontade de colaboração. “Existe todo o interesse na realização da exposição In/Disciplina no MAM, tendo já sido tomadas as providências necessárias para que tal seja possível. A crise sanitária obrigou à reavaliação de alguns aspectos relativos à exposição, nomeadamente as datas de exibição, algo que está a ser analisado pelo IC do Governo da RAEM e por Serralves.”

Mudança de cadeiras

O projecto de expor as obras de Siza Vieira em Macau foi tornado público por Carlos Castanheira numa entrevista ao HM. Confrontado com a resposta do IC, o arquitecto, que assina há muitos anos projectos com Siza Vieira, sobretudo na Ásia, disse estar afastado deste projecto, pelo menos para já.

“Não sei que contactos Serralves tem mantido com o IC, e vice-versa. Esta situação da pandemia tem-nos limitado muito. Não tenho tido contactos com ninguém de Macau, não tem havido razão”, frisou.
Carlos Castanheira recorda que o projecto começou a ser desenvolvido quando Alexis Tam era ainda secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, não afastando a hipótese das alterações se ficarem a dever à mudança de Executivo.

“Perdeu-se muito trabalho feito, mas, pelo que sei, os serviços são os mesmos, assim como a maioria das pessoas. Só nos resta aguardar e ver se esta pandemia nos larga para que a exposição, com um ou outro formato, avance e seja uma realidade”, rematou o arquitecto.

20 Jan 2021

Covid-19 | Morreu Phil Spector, o produtor de “Let it Be” dos The Beatles

O produtor Phil Spector, um dos mais conhecidos da indústria discográfica desde a década de 1960, criador da designada “parede de som” [The Wall of Sound], morreu no sábado aos 81 anos, informaram ontem os serviços prisionais da Califórnia.

Phil Spector, que produziu álbuns como “Lei it be”, dos The Beatles, morreu devido a complicações relacionadas com a covid-19, que contraiu na prisão, segundo aqueles serviços. O produtor musical fora diagnosticado com covid-19 há quatro semanas, e morreu no sábado num hospital para onde fora transferido devido a complicações respiratórias, acrescentaram os serviços prisionais.

Phil Spector ganhou fama na industria discográfica ao produzir trabalhos de Tina Turner, The Beatles e dos Righteous Brothers. Foi o impulsionador da denominada “wall of sound” (“parede de som”), caracterizada por exuberantes orquestrações e instrumentações, com apoio de baixos, que definia como “uma aproximação wagneriana ao rock and roll”.

Em Abril de 2008, Phil Spector foi declarado culpado de ter assassinado a tiro, em 2003, a actriz Lana Clarkson, em sua casa. Um primeiro julgamento, em 2007, fora anulado, por ter sido impossível aos membros do júri chegarem a um acordo.

Mais tarde, em outubro, no mesmo ano, provas apresentadas em novo julgamento foram suficientes para determinar que, a 3 de fevereiro de 2003, Spector assassinara Lana Clarkson, horas depois de a ter conhecido num club de Sunset Strip, em Hollywood, onde aquela trabalhava.

Em 2009, foi condenado a 19 anos de prisão. A acusação retratou Spector como um sádico misógino com um história de três décadas “a jogar à roleta russa com as vidas das mulheres” quando estava embriagado.

18 Jan 2021

Cinemateca | Filmes indonésios em destaque até ao fim do mês

A Cinemateca Paixão anunciou o cartaz do programa “Cinema Asiático Hoje” que decorre em paralelo com as selecções de Janeiro. Ao todo, serão exibidas quatro obras produzidas na Indonésia, que partem em busca da definição de herói, com e sem capa, na aridez do campo, na cidade e com mais ou menos fantasmas

 

Há heróis de capa e espada e outros que acabam por sê-lo para sobreviver, ensombrados. Focado no cinema indonésio, a Cinemateca Paixão anunciou o cartaz do programa “Cinema Asiático Hoje”, mostra que inclui quatro obras focadas na temática do herói, e todas as suas facetas. Os filmes serão exibidos na sala de projecção da Travessa da Paixão até ao final do mês, paralelamente com as já anunciadas selecções de Janeiro.

Produzido por Eddie Cahyono em 2014, “Siti” pinta em tons de preto e branco a história de um dia na vida de Siti, uma mulher de 24 anos que “faz das tripas coração” para cuidar do filho, da sogra e do marido, incapacitado após sofrer um acidente enquanto pescava. Isto tudo, enquanto segura dois empregos para conseguir pagar dívidas e suportar a família. Se de dia é vendedora de bolachas em Parangtritis, no Sul da ilha de Java, de noite, Siti trabalha como guia de karaoke. Contudo, novos dilemas impõem-se nesta periclitante ginástica diária, quando o marido de Siti condena a vida nocturna que leva e decide deixar de lhe falar. Siti conhece um polícia disposto a casar com ela e fá-la hesitar.

“Siti” será exibido na Cinemateca na próxima quarta-feira (19h30) e no dia 28 de Janeiro (21h30).
Também da Indonésia, mas fruto de uma co-produção que adicionou contributos franceses, malaios e tailandeses, chega “Marlina the Murderer in Four Acts”, um drama com trejeitos de western que testemunha a vida sofrida de uma viúva que, para se defender, é forçada a matar. Ao longo de um penoso e assombrado caminho de redenção, a ilha de Sumba serve de cenário para quatro actos tão heróicos quanto áridos e desafiantes, onde a figura feminina e os direitos das mulheres estão no centro da equação.

Da autoria da realizadora indonésia Mouly Surya, “Marlina the Murderer in Four Acts” poderá ser visto na Travessa da Paixão no próximo domingo (19h00) e no dia 27 de Janeiro (19h30).

Como na BD

Lançado em 2019, “Gundala” tem o condão de repescar a fórmula de sucesso dos heróis com super-poderes e uniforme a condizer, enquadrando-a com as disparidades sociais, ascensão criminal e dificuldades em arranjar emprego sentidas na pele por uma população de Jacarta cada vez menos esperançosa. Perante um sistema viciado e depois de ter sido atingido por um trovão, Sancaka, órfão que perdeu o pai durante um motim, desenvolve a capacidade de expelir raios eléctricos pelas próprias mãos, decide lutar pelos direitos dos oprimidos, cada vez em maior número e vontade de rebelião.

Inspirado na banda desenhada de sucesso com o mesmo nome lançada em 1981, “Gundala” pode ser visto na Cinemateca Paixão na próxima quinta-feira (19h00) e no dia 29 de Janeiro (19h30).

Por fim, o foco no cinema produzido na Indonésia termina com “The Golden Cane Warrior”, uma epopeia centrada nos conceitos de lealdade, integridade, ambição e traição, onde dois aprendizes de uma poderosa e ancestral arte marcial partem em busca de uma relíquia bélica que caiu nas mãos erradas.

Realizado por Ifa Isfansyah, “The Golden Cane Warrior” será exibido na Cinemateca Paixão na próxima sexta-feira (19h00) e no dia 31 de Janeiro (16h30).

Recorde-se que até ao final do mês, o cartaz da Cinemateca Paixão inclui ainda exibições de obras provenientes dos quatro cantos do globo, com destaque para “Never Rarely Sometimes Always” (EUA e Reino Unido), o filme de animação “Waltz with Bashir” (Israel, França e Alemanha), “Bamboo Theatre” (Hong Kong), “True Mothers” (Japão), “The Woman Who Ran” (Coreia do Sul) e “Undine” (Alemanha e França).

18 Jan 2021

Festival de Veneza | Bong Joon Ho, realizador de “Parasitas”, preside ao júri     

O realizador sul-coreano Bong Joon Ho vai presidir, em Setembro, ao júri do 78.º Festival Internacional de cinema de Veneza, em Itália, anunciou a direcção. “Como presidente do júri – e mais importante, como um eterno cinéfilo – estou pronto para contemplar e aplaudir todos os óptimos filmes seleccionados pelo festival”, disse o realizador de “Parasitas”, em comunicado.

O festival de cinema de Veneza decorrerá de 1 a 11 de Setembro e o júri, que Bong Joon Ho vai presidir, atribuirá vários prémios aos filmes da competição, entre os quais o Leão de Ouro.

Bong Joon Ho, 51 anos, fez os primeiros filmes na década de 1990, contando na filmografia com obras como “Memories of murder” (2003), premiado em San Sebastian (Espanha), “The Host – A criatura” (2006), “Mother – Uma força única” (2009), ambos estreados em Cannes (França).

Em 2013 assinou a primeira produção internacional, com elenco ocidental, com “Snowpiercer – O expresso do amanhã” (2013), seguindo-se “Okja” (2017), o filme que causou polémica por ter estreado em Cannes e apenas na plataforma Netflix.

A consagração internacional deu-se com “Parasitas” (2019), uma comédia, tragédia sul-coreana, reflexão sobre ricos e pobres e diferenciação social, que em 2020 conquistou vários prémios, entre os quais a Palma de Ouro em Cannes, e fez história nos Óscares, porque nunca antes um filme estrangeiro tinha vencido o prémio de melhor filme. “Parasitas” venceu ainda os Óscares de Melhor Realização, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Argumento Original.

18 Jan 2021

Exposição | Galeria At Light reúne artistas lusófonos em “Cor da Vida”

No próximo dia 23 é inaugurada na Galeria At Light a exposição “Cor da Vida”, com obras de artistas lusófonos e curadoria de José Isaac Duarte. A mostra foi organizada a partir de um acervo já existente no território. Para Joey Ho, responsável pela galeria, ligada à associação Arts Empowering Lab, recorda que Macau possui há muito uma ligação próxima com a lusofonia

 

A Galeria At Light, ligada à associação Arts Empowering Lab, inaugura no próximo dia 23 de Janeiro a exposição “Cor da Vida – Exposição dos Artistas dos Países de Língua Portuguesa”, que inclui trabalhos de autores como Damião Porto, Malé, Pedro Proença, entre outros. A mostra, que pode ser visitada até ao dia 6 de Março, tem a curadoria de José Isaac Duarte.

“Havia o interesse de fazer uma exposição de artistas lusófonos na galeria. Tudo foi feito com base em acervos que existem em Macau e montou-se uma exposição com dois artistas de cada país. O resultado é uma pequena amostra da diversidade artística dos países de expressão portuguesa”, contou ao HM.

Sem apontar uma obra de maior relevo, José Isaac Duarte confessou que quis mostrar a diversidade e a cor da arte que se faz nos países de expressão portuguesa. “Naturalmente que é importante uma galeria querer fazer esta exposição. Acho que é importante uma galeria não institucional que queira apresentar artistas lusófonos.”

Joey Ho decidiu avançar para a organização desta mostra dadas as ligações históricas que Macau possui com a lusofonia. “Macau tem uma longa conexão com os países de língua portuguesa. A relação tem incluído também uma partilha a nível artístico. Esta exposição é parte desse movimento e um vislumbre da vitalidade das artes visuais desses países”, disse.

Os artistas

Sem qualquer artista de Macau representado, “Cor da Vida” apresenta trabalhos de conceituados pintores que há muito palmilham o caminho das artes. É o caso de Pedro Proença, nascido em Angola em 1962, devido ao facto de o pai ter sido mobilizado para a Guerra Colonial. Anos mais tarde voltaria para Lisboa e, além de artista plástico, é também escritor, músico e tipógrafo.

No caso de Damião Porto, nascido em Portugal, a sua obra tem uma forte presença figurativa, conforme disse numa entrevista ao portal Minho Digital. “O que fundamenta geralmente o meu trabalho, tanto nas pinturas como nos desenhos é uma forte presença figurativa e, simultaneamente, persegue os limites do expressionismo chegando próximo do informal, ou seja, a neofiguração.”

Natural de São Tomé e Príncipe, Malé, cujo primeiro nome é Eduardo, reside hoje na Batalha, em Portugal. Nascido em 1973, Malé fez os cursos de Design de Equipamento (Escola Secundária de Artes António Arroio, Lisboa, 2000), Artes Plásticas (Escola Superior de Arte e Design, nas Caldas da Rainha, 2006), Formação Artística (SNBA, Lisboa, 1998).

Nomes como Abel Júpiter, Kwame Sousa, Roberto Chichorro e Sidney Cerqueira fazem também parte da mostra, sem esquecer Malangatana Ngwenya, artista plástico e poeta moçambicano que faleceu em 2011.

15 Jan 2021

Exposição | Ilustração e perfumaria recontam lenda da Caixa de Pandora

E se uma imagem tivesse cheiro? Esta foi a base do conceito para “MY.THOLOGY – Pandora’s Box”, um par de ilustrações de Annie Long Jor que inspiraram a criação dos perfumes “Curse” e “Hope”, da autoria de Suki Man. A exposição pode ser visitada no Pace Coffe, na Rua dos Ervanários, até 7 de Fevereiro

 

Quem percorrer a Rua dos Ervanários, nos dias que correm, tem uma pequena feira de rua com banquinhas para passear os olhos e tentar o paladar. Um dos tesouros escondidos, entre cafés, lojas antiguidades e tendas de mahjong é uma banca ao lado do Pace Coffee onde está patente “MY.THOLOGY – Pandora’s Box”, uma experiência sensorial que junta a ilustração e perfumaria num conceito único.

A partir do tema recorrente da pandemia, presente na vida de todos, a ilustradora Annie Long Jor decidiu juntar a imagem à perfumaria, com a ajuda de Suki Man. Apesar de Macau se manter como um porto de abrigo, sem casos positivos de covid-19, as famílias separadas e a “impossibilidade de viajar e sair para ver exposições” obrigaram à clausura o que acabou por inspirar a criação artística.

“O tema desta exposição é baseado numa história que todos conhecemos, a lenda da Caixa de Pandora. Na mitologia, quando Pandora abre a caixa liberta todas as maldições e assustada, fecha-a de imediato, deixando lá dentro a esperança”, conta ao HM Annie Long Jor. A ilustradora viu na lenda um reflexo de tudo o que se passou.

“Na sequência do que a pandemia nos obriga a passar, com todo o mal e separação de famílias, parece que as pragas e maldições saíram da caixa.” Porém, na versão de Annie Long Jor, a ilustração conta outra história, com a caixa a permanecer aberta e a esperança libertada. “Acho que é uma história boa para começar 2021, é o que precisamos para o nosso futuro e para lidar com este ano”, vaticina a artista.

Este foi o mote para os dois desenhos, que representam “Curse” (maldição) e “Hope” (esperança), aos quais correspondem dois perfumes da autoria de Suki Man. “Como sou muito fascinada por esta história e por mitologia, pensei numa forma de a melhorar, com toda a energia positiva que conseguir colocar no projecto”, conta a ilustradora.

Próximos capítulos

O plano original da dupla de criadoras era servir esta mostra como um aperitivo para algo mais alargado. Nesse sentido, Annie Long Jor revela-se esperançada de que ainda durante este ano possa mostrar a Macau o segundo capítulo de mitos ilustrados e perfumados. Quanto às narrativas, a ilustradora levanta a ponta do véu e adianta que está a “pensar em histórias e personagens, como Cupido, e outras figuras mitológicas”.

A exposição pode ser vista até 7 de Fevereiro, de segunda-feira a domingo, na Rua dos Ervanários entre as 12h e as 19h. “Esperamos que as pessoas apreciem em simultâneo as ilustrações e os perfumes. Essa é a parte que achamos mais interessante. Cada um tem as suas próprias memórias e personalidade. Gostaríamos que o público misturasse o que vê ao que cheira e que, a partir daí, construísse um novo espaço no seu imaginário”, aponta a ilustradora.

14 Jan 2021

Livros | IIM lança obra sobre o missionário Júlio Massa

O Instituto Internacional de Macau apresenta na próxima, terça-feira, dia 19 de Janeiro, o livro “Júlio Augusto Massa – Missionário pensador”. Segundo uma nota oficial divulgada ontem, aquele que é o 12º. volume da colecção “Missionários para o Século XXI”, da autoria do prof. António Aresta, constitui uma biografia do missionário transmontano de Freixo de Espada à Cinta, que chegou a Macau em 1935, tornando-se depois sacerdote e professor interino do Liceu de Macau, leccionando português e latim.

Fundador do jornal “O Clarim”, o Pe. Júlio Massa era também “um pensador com grandes afinidades com o existencialismo cristão, entrelaçado com as paisagens exteriores da vida”, que teve sempre Macau no seu imaginário, tendo deixado poemas escritos.

Além de contar com transcrições de alguns desses poemas, o livro “Júlio Augusto Massa – Missionário pensador” conta ainda com testemunhos dos seus alunos, o padre Américo Casado e Eduardo Francisco Tavares, entre outros reunidos e recordados pelos membros da Associação dos Antigos Alunos do Seminário de S. José de Macau e por muitas outras pessoas.

No dia do lançamento, a apresentação ficará a cargo de Tereza Sena, investigadora de História, havendo ainda lugar para uma mensagem em vídeo da presidente da Câmara do Freixo de Espada à Cinta, Maria do Céu Quintas, terra natal do Pe. Júlio Massa.

13 Jan 2021

Festival Fringe sai à rua para ensinar Macau a dançar

Integrada na 20.ª edição do Festival Fringe, a série “On Site” arranca já na próxima semana, focada em levar a dança contemporânea às ruas de Macau. Para o director artístico da iniciativa, Mao Wei, esta é uma boa forma de ensinar “o que é um espectáculo de dança”. Os nove programas previstos incluem ainda workshops, espaços de conversa, espectáculos de dança, jogos e actuações improvisadas

 

“Porque é que as pessoas querem ir ao cinema ver filmes e não querem ir ao teatro assistir a um espectáculo de dança contemporânea, inclusivamente quando os bilhetes são mais baratos?”

A pergunta é de Mao Wei, director artístico da iniciativa “On Site”, uma série de espectáculos dedicados à dança contemporânea, que marcam o início da 20.ª edição do Festival Fringe na próxima semana.

Para Wei, uma iniciativa como o “On Site” é extremamente importante para Macau, sobretudo porque “a adesão à dança contemporânea em Macau é muito mais lenta do que nos países americanos ou europeus”.

“As pessoas não têm o hábito de ir assistir a um espectáculo de dança, nem conhecimento para deslindar o que significa ‘contemporâneo’ neste contexto. Na minha opinião isto acontece porque, muitas vezes, as pessoas não sabem o que é um espectáculo de dança, nem o que se passa dentro de uma sala de espectáculos”, disse ontem Mao Wei ao HM, antes de uma conferência de imprensa que serviu para detalhar a programação da série “On Site”.

Por isso mesmo, a iniciativa inclui nove programas que prometem transplantar dançarinos de Macau e da China, dos palcos para a malha urbana da cidade. Além de espectáculos de música e dança, estão ainda previstos workshops de prática corporal, espaços de conversa, jogos e actuações improvisadas onde todos podem participar.

“Viajante do Corpo” é uma dessas performances que vai tomar as ruas de Macau em quatro geografias diferentes, nos dias 22 e 23 de Janeiro. Sem iluminação ou cenografia, o Largo de S.Domingos (11h do dia 22), o Largo do Pagode do Bazar (15h do dia 22), o Jardim da Fortaleza do Monte (11h do dia 23) e o terraço da Ponte 9 (15h do dia 23) farão de palco para as interpretações de peças de dança executadas por Lin Ting-Syu, bailarino indicado para o Prémio Artístico Taishin, Yang Shih Hao, artista de roda acrobática, o Ghost Group, grupo de dança contemporânea e outros artistas.

Para Tracy Wong, curadora da iniciativa “On Site”, “Viajante do Corpo” é a “introdução ideal para quem não sabe nada de dança contemporânea”, porque, além de ser uma experiência única ao ar livre, tem o condão de aglutinar diferentes estilos de dança.

“No teatro só é possível ver o corpo dos artistas, a forma como ele pressente as emoções e o significado dos movimentos. Mas quando levamos o espectáculo para a frente de edifícios ou vistas e Macau, há uma química diferente (…) é possível apercebermo-nos do panorama geral e sentir o momento por inteiro, o céu, talvez os pássaros e as pessoas à volta”, partilhou com o HM.

Improvisos e prazos de validade

Agendado para as 15h00 do dia 21 de Janeiro, a iniciativa baseada no conceito de improvisação “ImprovFlashMob”, pretende propõe que o público se junte ao músico local Bruce Pun, para dar corpo ao som e improvisar danças no largo de S. Domingos.

Aberta à criatividade dos particiantes está também a iniciativa “Open Space”, prevista para os dias 22 e 23, e que será um espaço de dança livre ao som de música contemporânea, que ficará, uma vez mais, a cargo de Bruce Pun.

Já para “aqueles que depois dos espectáculos ficaram interessados em saber como é que os artistas desenvolvem o corpo ou o próprio conceito artístico”, explica Tracy Wong, estão previstos três workshops entre as 20h30 e as 22h00 dos dias 19, 20 e 21. As sessões ficarão a cargo de Dong Jilan, Wang Peixian e Allen Zhou.

Outro dos destaques, desta vez debaixo do tecto das Oficinas Navais Nº1 do Centro de Arte Contemporânea de Macau, é o espectáculo “Um Passo para o Teatro: Prazo de Validade”. Com espectáculos agendados para as 20h00 dos próximos dias 22 e 23, a ideia passa, segundo a curadoria, “por abordar a necessidade de aproveitar o momento e de não pensar demasiadamente no futuro”. Conceito que ganha novos contornos, quando enquadrada no actual contexto da pandemia.

“A pandemia levou-nos a pensar muito sobre distanciamentos e que tudo na vida tem um prazo de validade, quer seja a comida que compramos ou os telemóveis que usamos. Não vale a pena pensar quando é que isto vai acabar.

Ninguém sabe. É como um relacionamento. É impossível saber durante quanto tempo consegues manter uma relação. Escolhemos este espectáculo para fazer as pessoas pensar sobre o que é o prazo de validade e o que vem depois disso”, explicou Tracy Wong.

Ao longo de toda a iniciativa será ainda possível participar no jogo “Pegadas On Site”, em que os participantes poderão recolher autocolantes que podem ser trocados por bilhetes para o espectáculo “Um Passo para o Teatro: Prazo de Validade” e para o evento “Espaço de conversa”, onde é possível interagir com artistas.

13 Jan 2021

Museu do Louvre com quebra de 72% de visitantes em 2020

O Museu do Louvre, em Paris, o maior e mais visitado do mundo, sofreu uma quebra de 72% de visitantes em 2020, com 2,7 milhões de entradas face às 9,6 milhões registadas em 2019, segundo números oficiais.
Museu do Louvre com quebra de 72% de visitantes em 2020

Devido à pandemia de covid-19, o Museu do Louvre esteve fechado durante seis meses, e a forte quebra de turistas estrangeiros levou a uma descida inédita de visitas num espaço museológico que chegou a receber 10,2 milhões de pessoas em 2018, o recorde absoluto.

A perda de receitas no museu ascende a 90 milhões de euros, tendo o Estado francês prestado um apoio de 46 milhões de euros.

Com as viagens internacionais praticamente paralisadas, o Louvre ficou privado dos turistas americanos, chineses, japoneses e brasileiros que habitualmente o procuram, rondando 75% das entradas, mas a frequência do turismo nacional subiu para os 84%.

Na mesma linha, o Palácio de Versalhes, na região de Paris, um dos espaços culturais mais visitados em França, que em 2019 recebeu 8,2 milhões de visitantes, desceu para cerca de dois milhões no ano passado, enquanto o Museu d’Orsay teve uma queda de 77% comparando com 2019, e o Centro Cultural Pompidou registou menos 72% de visitantes.

Devido à incerteza que as circunstâncias da pandemia geraram, muitas exposições importantes abriram, mas ficaram sem público pouco depois, como a dedicada aos artistas renascentistas Donatello e Miguel Ângelo, no Louvre, ou a dedicada ao modernista Henri Matisse no Centro Pompidou.

12 Jan 2021

A desconhecida “Aldeia Portuguesa” em Jacarta, Indonésia

Fotos e artigo – Ritchie Lek Chi, Chan

A Indonésia sempre passou uma imagem de que está cheia de histórias sobre a era do domínio ultramarino chinês e holandês, dominado por holandeses ou indonésios a lutar pela independência. Muitas pessoas não sabem, que o primeiro país europeu a contactar a Indonésia foi Portugal, e que tinha uma boa relação com a dinastia Sudanesa da época. Os portugueses deixaram muitos vestígios culturais depois de passarem pela Indonésia, o que prova que os portugueses chegaram ao Sudeste Asiático durante a Idade Média e utilizaram-no como base para explorar e expandir as suas rotas marítimas até à costa da China e ao Leste Asiático. Essas histórias sempre despertaram o interesse de estudiosos, media e exploradores estrangeiros, que fazem o possível para descobrir preciosos materiais históricos nesta área.

A partir da “Descoberta Geográfica”

Este artigo apresenta a “Aldeia Portuguesa” localizada no norte de Jacarta, perto do maior porto de carga da Indonésia – Tanjung Priok. Esta pequena aldeia reflete o envolvimento dos portugueses no Sudeste Asiático e os feitos históricos dos dois impérios marítimos de Portugal e da Holanda a competir por colónias no Sudeste Asiático.
A Aldeia Portuguesa tem uma história de mais de 360 ​​anos e foi incluída na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1999. Os residentes locais chamam a aldeia de Kampong Tugu, “kampong” significa “aldeia”, “tugu” significa “estela de pedra”. O nome chinês mais simples é “Aldeia Tugu”.

Durante a “Grande Descoberta Geográfica” da Idade Média, a Indonésia foi um importante ponto de trânsito entre a Europa e o Extremo Oriente e também um dos principais campos de batalha das potências europeias para competir pela fonte de especiarias. Siga a rota dos portugueses de Goa a Malaca, depois à Indonésia e finalmente a rota ao norte. Podemos constatar que a história da “Aldeia Tugu” está intimamente relacionada com a Aldeia Portuguesa em Malaca e a Macaense em Macau. Este é um tema fascinante. Explorar três etnias mistas que vivem em lugares diferentes, mas com a mesma origem, o que também fornece um importante material histórico para o estudo dos portugueses medievais que vieram para o Sudeste Asiático e áreas costeiras da China.

Entrada como não conquistador

Em 1963, o historiador de Macau, Padre Manuel Teixeira publicou “MACAU E A SUA DIOCESE” em Lisboa. Neste artigo, muitas páginas são usadas para descrever em detalhe a sociedade “macaense” em Batávia (Jacarta).

No início do artigo podemos ler que “Os portugueses nunca se instalaram na Batávia. Era é uma colónia holandesa conhecida como a ‘Rainha do Oriente’. Se os portugueses nunca entraram na Batávia como conquistadores então são prisioneiros de guerra e mercadores (Nota 1)”. Por outras palavras, os portugueses vieram para Jacarta e estabeleceram apenas como prisioneiros de guerra e mercadores, não como os holandeses que viveram na Batávia como conquistadores.

No início do século XV, depois do navegador chinês Zheng He fazer sete viagens para o Ocidente, a carreira de navegação da China foi interrompida devido à Dinastia Ming que fechou ao mundo, sem contactos com países estrangeiros. Após oitenta anos, por volta do final do século XV, foi substituído pelo surgimento das “Grandes Descobertas Geográficas” europeias. Portugal, como pioneiro desta tendência entusiástica, abriu as portas ao mistério do Extremo Oriente com fortes veleiros, duras crenças religiosas e uma grande procura de especiarias e ouro. O navio de três mastros de Portugal contornou o perigoso Cabo da Boa Esperança na África do Sul, romperam as ondas do Oceano Índico e alcançaram Goa, na Índia e outros pequenos países da Indochina. Depois chegaram a Malaca, na Malásia, e viajaram ao longo do estreito de Sunda até às ilhas pontilhadas da Indonésia. A populosa Ilha de Java era uma paragem obrigatória.

Especiarias, negócios e missão

De 1511 a 1526, os portugueses só vinham esporadicamente às áreas costeiras da China para realizar comércio marítimo com mercadores chineses (Nota 2). Nesta época, os chineses ainda não tinham imigrado para este “país das dez mil ilhas” em grande número (Nota 3). A frota portuguesa partiu de Malaca para explorar e aterrar em algumas ilhas e portos indonésios ao longo da rota oriental, de forma a compreender melhor o transporte marítimo nesta área, obter mais recursos de especiarias e ao mesmo tempo promover a fé católica pelo caminho.

O Padre Manuel Teixeira publicou um artigo “A Diocese Portuguesa de Malaca” no Boletim eclesiástico da Diocese de Macau em 1957, no capítulo XVIII, “Os Jesuítas nas Molucas”, pode-se compreender que os jesuítas seguiram a rota dos portugueses, o seu poder em expansão e atividades missionárias em algumas ilhas. Além disso, de destacar também “Jesuítas na Ásia” (Nota 4), escrita pelo falecido sinólogo português José Maria Braga em Hong Kong. O conteúdo deste livro é mais detalhado, lista as ilhas e portos controlados pelos portugueses na Indonésia naquela época.

A maioria das relíquias culturais na Indonésia

De acordo com os dados recolhidos até agora, os locais onde os portugueses comercializavam e espalhavam as actividades religiosas na Indonésia são aproximadamente os seguintes: Aceh em Sumatra, Cirebon em Java, Banten e Sunda Kelapa em Jacarta, Ilhas Banda, Ilhas Flores, Solor, ilha principal das Molucas, Halmahera, a segunda maior cidade das ilhas Molucas, Ternate, Seram, Damer, Ambon, Papua Nova Guiné e Timor, que são familiares aos cidadãos de Macau (Timor) etc.,  Halmahera, a segunda maior cidade das ilhas canadianas, Ternate, Seram, Damer, Ambon, Papua Nova Guiné e Timor que os cidadãos de Macau conhecem bem.

Notas :

1.《Macau e a sua Diocese》, P. Manuel Texeira,  Agência Geral, Lisboa, 1963, P. 85;
2. “Uma breve discussão sobre as características das primeiras relações entre a China e Portugal 1513-1643”, Zhuang Guotu, “Revista de Cultura”, Vol. No. 18, p. 4-8;
3.Wikipedia, a enciclopédia livre “Indonésio Chinês”, 1. História: 1.4 período colonial holandês, 1.4.1 O primeiro favor dos holandeses;
4. Jesuítas na Ásia, 1998, publicado em conjunto pela Fundação Macau, Universidade de Macau e Instituto Politécnico de Macau, o autor José Maria Braga é um académico português nascido em Hong Kong;
5. Asia Oceania: Portuguese Heritage Around the World: Architecture and Urbanism》, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon, 2011.

*Artigo publicado no Macau Daily Newspaper em 8 de Novembro de 2020

12 Jan 2021

Escultura | Creative Macau acolhe trabalhos de Eloi Scarva e Chan Un Man

A partir de quinta-feira o espaço da Creative Macau inaugura a exposição “Capsule Formation & Asymbiotic Germination”. A mostra, que inclui trabalhos escultóricos dos artistas Eloi Scarva (Macau) e Chan Un Man (China), pretende ser uma alegoria ao confinamento que o mundo atravessa, procurando novas vias de ligar o Homem à natureza

“Co-existimos neste espaço colectivo abrigados de uma pandemia mundial, redescobrindo a nossa moradia com diferentes olhos, de quem não tem liberdade, numa cela a céu aberto de uma escala absurda, calculamos as nossas prioridades, reflectimos na nossa irmandade e questionamos o futuro”.

O mote é dado por Eloi Scarva, numa nota enviada pela organização. Através da sua obra, criada especialmente para a exposição “Capsule Formation & Asymbiotic Germination”, o artista de Macau pretende, a partir da mistura entre o cimento e material orgânico, como folhas, criar objectos arquitectónicos com o condão de “enclausurar uma síntese” da actual situação de Macau, marcada pelo enclausuramento e a pandemia.

O resultado, após a recolha de materiais um pouco por todo o território, são cápsulas que apresentam Macau fechada “dentro de uma prisão de cimento, polimero e aço” e na forma de “objecto-metáfora da actual situação nacional”.

Para Lúcia Lemos, coordenadora da Creative Macau, espaço que acolhe a exposição a partir de quinta-feira, o trabalho de Eloi tem o condão de “abordar o tema do confinamento e os sentimentos que isso desponta, mas observando, contudo, a natureza”.

“O Eloi resolveu criar esculturas em cimento e incluir elementos da natureza, como folhas, materiais orgânicos e outros feitos pelo homem. A ideia é juntar dois elementos numa situação drástica, à semelhança daquilo que o mundo está a sofrer. Nesse sentido, talvez as pessoas possam virar-se para dentro, de forma a estarem mais próximas da natureza”, partilhou com o HM.

Chan Un Man é o outro artista cujos trabalhos poderão ser vistos no espaço da Creative Macau. No caso de Man, explica Lúcia Lemos, apesar de abordar também a temática da natureza, as suas esculturas exploraram igualmente “o que é artificial”. “As esculturas, em si, são em madeira e depois encrostadas numa base de madeira com acrílico também como suporte”, acrescentou.

Subjacente está também a ideia da “germinação”, ou seja, da semente como génese das árvores, de onde se extraiu a madeira para as obras.

Equilibrios e forças

Outra das temáticas abordadas pelo artista chinês, Chan Un Man, prende-se com a ligação das suas obras ao místico e ao sagrado, sobretudo pelo facto de os troncos e madeira que acabou por usar na produção das peças, estarem originalmente destinados à criação de esculturas sagradas no Japão.

“Tive muita sorte (…) por ter comprado essa madeira para criações futuras. Dado que a madeira tinha uma missão sagrada, decidi dar-lhes vida, esculpindo-as”, apontou Chan Un Man numa nota oficial da organização.

Em comum, explicou Lúcia Lemos ao HM, através das suas obras, os dois artistas partilham a ideia de “procurar, no mundo em que vivemos, estar junto da natureza, com a certeza de que o progresso é irreversível”. “Os trabalhos de Eloi Scarva e Chan Un Man estão relacionados com todo esse equilíbrio e forças”, sublinhou ainda a responsável.

A exposição “Capsule Formation & Asymbiotic Germination” tem inauguração agendada para quinta-feira às 18h30 e pode ser vista até ao dia 27 de Fevereiro.

12 Jan 2021

Críticos americanos votam “Vitalina Varela” como quarto melhor filme de língua estrangeira

O filme “Vitalina Varela”, de Pedro Costa, foi votado o quarto melhor de língua estrangeira do ano pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos. O anúncio, que colocou “Vitalina Varela” atrás do romeno “Collective”, de Alexander Nanau, do brasileiro “Bacurau”, de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e do russo “Beanpole”, de Kantemir Balagov, foi feito através da conta de Twitter da organização, depois da reunião dos 55.º prémios anuais.

Segundo a votação, “Collective” reuniu 38 pontos, enquanto “Bacurau” e “Beanpole” conseguiram 36 pontos ‘ex aequo’, seguindo-se “Vitalina Varela” com 32 pontos.

O filme de Pedro Costa foi ainda o terceiro classificado na categoria de melhor cinematografia, com o director de fotografia Leonardo Simões a ser superado por James Richards (de “Nomadland”) e Shabier Kirchner (de “Lovers Rock”). “Nomadland”, de Chloé Zhao, foi o grande vencedor destes galardões, tendo conquistado também as categorias de melhor filme, melhor realização, e melhor actriz, atribuído a Frances McDormand.

De acordo com a sociedade de críticos, o processo foi conduzido por um sistema de votação ponderada, com os participantes a votarem nas suas três escolhas para cada categoria (três pontos para a primeira escolha, dois para a segunda e um para a terceira). “O nomeado com mais pontos e que apareça na maioria dos boletins de voto vence”, explicou a sociedade.

Reconhecimento internacional

Candidato português à nomeação para Óscar de Melhor Filme Internacional, “Vitalina Varela” teve estreia mundial em Agosto de 2019 no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, onde arrecadou os principais prémios: Leopardo de Ouro e Leopardo de melhor interpretação feminina.

Desde então, tem sido exibido e recebido vários prémios em diversos festivais internacionais de cinema, além de ter aparecido em múltiplas listas de melhores do ano. A publicação especializada Variety colocou-o, há dias, em 19.º na lista de possíveis candidatos ao Óscar de Melhor Filme Internacional.

Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava “Cavalo Dinheiro”, acabando por incluir parte da sua história na narrativa, dando-lhe depois protagonismo no filme seguinte. A narrativa centra-se numa mulher cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião.

Em Locarno, Pedro Costa explicou que os filmes sobre a comunidade cabo-verdiana não são documentários: “Estamos a fazer algo um pouco mais épico”, com base numa relação que existe há 25 anos. “Falo de pessoas que vivem hoje no esquecimento, dormem nas ruas, são torturados. O cinema pode protegê-los, de certa forma vingar uma parte desta situação, porque pode ser exibido em qualquer lado”, disse.

11 Jan 2021

Projecto mao-mao quer fazer espectáculos com poesia de trabalhadores chineses

O escritor Valério Romão integra, juntamente com o poeta José Anjos, Pedro Salazar, Paula Cortes e Sandra Martins o projecto mao-mao, que dá uma roupagem musical a poemas escritos por trabalhadores de fábricas chinesas. Depois do lançamento de dois vídeos online o grupo quer dar concertos em Portugal, revelando, através da música e das palavras, um outro mundo da China dos dias de hoje

 

Muito antes de conhecer Eleanor Goodmand pessoalmente, em Macau, já o escritor Valério Romão tinha tido contacto com a colectânea de poemas escritos por trabalhadores chineses, intitulada “Iron Moon: An Anthology of Chinese Worker Poetry”. Daí até musicar e tocar em palco alguns desses poemas foi um pequeno passo.

Depois de um vídeo lançado em Dezembro, e de estar agendado o lançamento de um outro ainda este mês, o projecto mao-mao pretende dar concertos em Portugal assim que a pandemia da covid-19 permitir mais deslocações e espectáculos. O grupo mao-mao é composto por Valério Romão, que traduziu alguns poemas da versão inglesa para português, José Anjos, musico e poeta, Paula Cortes, Sandra Martins e Pedro Salazar.

Ao HM, Valério Romão confessou ter ficado “muito impressionado com a força daqueles poemas”. “Tivemos um apoio pontual do Fundo das Artes do Ministério da Cultura e conseguimos montar um espectáculo com base nas poesias destes trabalhadores, que são tão inesperadas quanto a força que têm”, adiantou. Além do apoio institucional do Ministério da Cultura em Portugal, os mao-mao contam também com a ajuda do departamento cultural da APIOT – Associação para a Igualdade de Oportunidades no Turismo.

Neste projecto, Valério Romão destaca os poemas de Xu Lizhi, um trabalhador da FoxConn, onde são produzidos os produtos da Apple, que cometeu suicídio aos 24 anos. “Era um daqueles trabalhadores migrantes que existem aos milhões na China, com condições muito precárias. O nome da antologia é retirado de um verso de um poema dele e revela muito bem a força daquela poesia, o desespero e as condições em que os trabalhadores vivem.”

“Não sendo uma poesia estritamente documental é impossível não ver nela uma leitura muito crua e honesta e com muita força da realidade deste mundo globalizado”, acrescentou Valério Romão.

A outra China

“Filho” é o nome do tema de apresentação dos mao-mao e foi composto a partir de um poema de Chen Nianxi, trabalhador mineiro nascido em 1970 na província de Xianxim. Este tema fez parte do primeiro vídeo do projecto divulgado nas redes sociais em Dezembro, tendo sido gravado na Escola de Mulheres – Oficina de Teatro em Agosto do ano passado.

Para Valério Romão, o projecto Mao-Mao acaba por mostrar um outro lado da China contemporânea que nem sempre os portugueses e os ocidentais, no geral, conseguem ver, apesar das notícias diárias que enchem os media.

“Vai ajudar, de certa forma, a humanizar o desconhecido, porque a China é ainda o outro lado do mundo. Vai ajudar a compreender também de onde vêm as coisas que se compram muito baratas. É importante que as pessoas percebam isso, que haja essa percepção de que as condições de trabalho não são iguais em todos os lugares do mundo.”

Valério Romão defende que os poemas musicados de “Iron Moon” revelam uma realidade semelhante à de muitos ocidentais, que se deparam com difíceis condições de vida, baixos salários e condições precárias de trabalho.

“Embora estes poemas não tenham sido, de todo, alvo de tentativas de silenciamento, de certa forma mostram uma face menos bonita da China contemporânea, apesar do lustro das suas cidades cosmopolitas, gigantes e aparentemente super modernas. Tudo isso tem um custo e esse custo muitas vezes não aparece no enquadramento da fotografia que a China passa para o resto do mundo”, rematou.

11 Jan 2021