Morreu Cruzeiro Seixas, um dos últimos surrealistas portugueses

[dropcap]O[/dropcap] artista plástico Artur do Cruzeiro Seixas morreu ontem no Hospital Santa Maria, Lisboa, aos 99 anos, revelou a Fundação Cupertino de Miranda. “A Fundação Cupertino de Miranda lamenta profundamente a perda deste vulto da Cultura Nacional, que apoiou e acompanhou ao longo dos anos”, lê-se no comunicado que a fundação divulgou no Facebook.

Cruzeiro Seixas, um dos nomes fundamentais do Surrealismo em Portugal, é autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na poesia, escultura e objetos/escultura.

Em Outubro tinha sido distinguido com a Medalha de Mérito Cultural, pelo “contributo incontestável para a cultura portuguesa”, ombreando, com Mário Cesariny, Carlos Calvet e António Maria Lisboa, como um dos nomes mais revelantes e importantes do Surrealismo em Portugal, desde finais dos anos 1940.

Cruzeiro Seixas, cuja obra está representada em colecções como as do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Cupertino de Miranda, faria cem anos a 3 de Dezembro.

Artur do Cruzeiro Seixas, nascido na Amadora em 3 de dezembro de 1920, doou a sua colecção em 1999 à Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, onde está situado o Centro Português de Surrealismo e onde está patente uma exposição permanente com as obras do autor.

Actualmente estavam em curso várias iniciativas que assinalariam os 100 anos de aniversário do artista plástico, nomeadamente exposições na Biblioteca Nacional de Portugal e da Perve Galeria, em Lisboa, ambas patentes até Dezembro, e a edição da obra poética de Cruzeiro Seixas, iniciada em Junho e que se estenderá até 2021.

Alguns trabalhos do artista chegaram a estar expostos em Macau, no Clube Militar, numa mostra realizada em 2017 pela Associação para a Promoção das Actividades Culturais.

9 Nov 2020

Cinema | Festival Internacional de curtas de 1 a 8 de Dezembro

A 11ª edição do Festival Internacional de curtas de Macau irá exibir no Teatro Dom Pedro V um total de 160 curtas-metragens e nove vídeos musicais. Além das 40 horas de projecção previstas, estão também pensadas Masterclasses para realizadores, estudantes de cinema e entusiastas da sétima arte

 

[dropcap]E[/dropcap]ntre 1 e 8 de Dezembro, o Teatro Dom Pedro V volta a abrir portas para aquela que é a 11.ª edição do Festival Internacional de curtas de Macau, organizado pela Creative Macau, e que inclui produções locais e internacionais. Ao todo, das 160 curtas-metragens e nove vídeos musicais que constam da programação deste ano, 132 trabalhos finalistas fazem parte da “Selecção Oficial” a concurso nas competições Shorts e Volume.

“O Festival Internacional de Curtas de Macau é realizado com produções curtas locais e internacionais de reduzido orçamento mas de altíssima qualidade. Dos 4.232 trabalhos recebidos, foram constituídas as listas finalistas denominadas “Selecção Oficial” com 132 trabalhos, a serem exibidos de 2 a 7 de Dezembro”, pode ler-se numa nota oficial divulgada pela organização.

No dia de abertura espera-se arrancar gargalhadas à audiência, com a exibição das comédias “Amore, Non È como Pensi” (Itália), de Sergiy Pudich e “Summertime” (França), de Andra Tévy.

Além da “Selecção Oficial”, com 132 filmes a concurso, haverá ainda lugar à exibição de mais 28 trabalhos na secção “Cinema Expandido”, onde se incluem as duas ficções de abertura do festival. Serão também exibidos mais cinco ficções da autoria de realizadores internacionais, onze trabalhos forjados nas Escolas de Cinema da Universidade de Macau, seis na Universidade de Silésia (Polónia) e 13 obras de cinema moderno Iraniano, com a curadoria de Kaveh Jahed.

Das tripas coração

A pensar em realizadores, estudantes de cinema, jovens profissionais e entusiastas da sétima arte, está também prevista a realização de três Masterclasses focadas, não só na melhor forma de produzir filmes de qualidade com um orçamento baixo, mas também princípios de cinematografia e edição.

No sábado, dia 5 de Dezembro terá lugar a Masterclass “Produção de Filmes – Bons Filmes com Orçamento Baixo”, a cargo do realizador e professor académico Pedro Brochado. No dia seguinte, os realizadores e produtores de Macau Fernando Lourenço e Oliver Fá, estarão ao comando da Masterclass “Macau Filmes – De orçamento Zero a ‘algum’ orçamento. A diferença, o semelhante e o progressivo”. Também no domingo, será possível assistir à sessão “Ficção. Estilos – Cenas: Mise-en-scène, Cinematografia, Edição e Som no cinema”, conduzida pelo realizador e argumentista sueco Måns Berthas.

As obras a concurso na “Selecção Oficial” de Shorts estarão a disputar 14 prémios, entre os quais, “Melhor Filme do Festival”, “Melhor Ficção”, “Melhor Documentário” e “Melhor Animação”. Já as obras em competição na “Selecção Oficial” da secção Volume, estarão a disputar os prémios “Melhor Vídeo Musical do Festival”, “Melhor Canção” e “Melhores Efeitos Visuais”.

O Grande Júri de Shorts é constituído por João Francisco Pinto (Portugal/Macau), Julien Dykmans (Bélgica) e Måns Berthas (Suécia). O Grande Júri de Volume é constituído por Lok Kong (Macau) Miguel Khan (Macau) e Ray Granlund (EUA).

9 Nov 2020

Literatura | Obra de José Luís Peixoto lida para milhões na televisão chinesa

Um excerto do livro “Morreste-me” foi recitado no programa “O Leitor”, da CCTV1, estimando-se que tenha alcançado uma audiência de milhões. A leitura ficou a cargo de He Shuai, em homenagem ao seu pai, falecido em Junho e por quem decidiu completar as 100 maratonas iniciadas por ele

 

[dropcap]U[/dropcap]m excerto de “Morreste-me”, obra de estreia do escritor português José Luís Peixoto, foi lida num programa de televisão chinesa, que conta com uma audiência estimada de 250 milhões de espectadores. A informação foi partilhada pelo próprio escritor através de uma publicação nas redes sociais, onde relata ter recebido uma mensagem da tradutora chinesa do livro a reportar o sucedido.

“Ao longo do dia, através de diversos contactos a partir da China, fui-me apercebendo realmente da dimensão e do que estava em causa”, começa por dizer José Luís Peixoto.

O programa em questão consiste na leitura de textos literários por figuras de vários quadrantes da sociedade chinesa, chama-se “O Leitor” e é apresentado por Dong Qing, conhecida apresentadora que, segundo o escritor, entre 2005 e 2017 apresentou todas as edições da gala de fim de ano, “que é o principal programa da televisão chinesa”. Além da transmissão através da estação pública de televisão CCTV1, “O Leitor” é ainda difundido na rádio nacional do país e em múltiplas plataformas online, estimando-se que a audiência televisiva possa alcançar, de forma isolada, 250 milhões de espectadores.

A leitura do excerto da tradução chinesa de “Morreste-me” foi feita por He Shuai, em homenagem ao seu pai, He Ming, falecido em Junho deste ano após lhe ter sido diagnosticado um cancro nos pulmões. Durante a transmissão partilhada também por José Luis Peixoto, e antes da leitura propriamente dita, é possível ver imagens do pai de He Shuai a correr. Isto porque, quando foi diagnosticado com a doença, He Ming decidiu que iria completar 100 maratonas. Contudo, como até à sua morte conseguiu correr 61 maratonas, He Shuai decidiu completar as 100 maratonas em homenagem ao pai.

Segue-se uma leitura emocionada de He Shuai, à qual o escritor não ficou alheio, tendo em conta, não só alguns paralelismos, mas também o alcance inesperado das palavras, entoadas noutro idioma, que fazem parte da obra publicada em 2000 e através da qual José Luís Peixoto se deu a conhecer ao mundo da literatura.

“Neste momento, não posso deixar de recordar o meu pai, que muitas vezes me levava às corridas em que eu participava em criança e em adolescente. Ou, também esse pequeno livro, dedicado à sua memória e escrito com a mágoa do seu desaparecimento, publicado em edição de autor e que, agora, foi lido em chinês para milhões de pessoas da forma que se vê neste vídeo”, partilhou o escritor.

Caminhos inesperados

Reagindo à leitura de He Shuai, José Luís Peixoto mostra-se impressionado com o caminho que a obra tem percorrido, recorda que o primeiro capítulo de “Morreste-me” foi publicado originalmente no DN Jovem e que os restantes capítulos foram escritos à mão, paginados pelo amigo Luís Branco e impressos na gráfica da Escola Politécnica “por setenta contos”.

“Por favor, tentem entender como tudo isto me impressiona profundamente. Em Janeiro próximo, passam vinte e seis anos sobre o dia em que perdi o meu pai. Ao longo deste tempo, essa dor permitiu-me comunicar com gente tão distante como He Shuai”, aponta o escritor.

“Morreste-me”, a obra de estreia de José Luís Peixoto, vai ter a sua primeira edição chinesa em papel no final de Novembro, com a impressão de cerca de 90 mil exemplares.

No seguimento da leitura do excerto, a produção do programa “O Leitor” pediu ao escritor para gravar uma mensagem para He Shuai, para os leitores chineses e ainda para gravar a leitura em português de um excerto de “Morreste-me”, que será transmitida num dos próximos programas.

8 Nov 2020

TIMC | Música, Yoga e cine-concertos são as novidades do festival que arranca dia 13

Sob o tema dos Neons, a edição deste ano do festival This Is My City traz um cartaz diverso que vai muito além dos concertos com músicos locais. Uma das novidades é a realização de cine-concertos, que não são mais do que clássicos do cinema mudo musicados por artistas locais. Em ano de pandemia, a organização do festival decidiu incluir uma vertente de saúde e bem-estar com um programa de yoga

 

[dropcap]E[/dropcap]stá aí a nova edição do festival This is My City (TIMC) que, dedicada ao tema dos Neons, promete uma diversidade de conteúdos e apresentações ao grande público. Entre os dias 13 e 22 de Novembro, haverá espaço para a melhor música que se faz em Macau, mas não só: estão previstas exposições multimédia, actividades ligadas à prática do Yoga e ainda cine-concertos, onde clássicos do cinema mudo ganham uma nova roupagem musical composta por músicos locais. No total, são mais de 30 artistas que integram esta iniciativa.

A organização decidiu fazer “uma aposta exclusiva nas criações locais”, uma vez que estamos “num ano extraordinário” marcado pela pandemia. O TIMC divide-se em dois blocos e o primeiro começa já no próximo fim-de-semana, nos dias 13 e 14, no palco da discoteca D2, na Doca dos Pescadores. A noite de sexta-feira será dedicada ao Rock e à música independente, com a participação de bandas como os Pixels, Ryan Carroll, Trainspotters, ARI, Party Animals e o DJ Lobo Ip.

Os 澳門 Pixels são um “projecto que, por admiração e talento, interpreta alguns dos temas da irónica banda de rock alternativo americana Pixies”. Já Ryan Carroll “é conhecido entre a comunidade local por tocar um pouco por todo o lado e representar o conceito de one-man show”, explica a organização.

Depois destes concertos segue-se um longo DJ Set, primeiro com os Trainspotters. Trata-se de um “colectivo que, por carolice, se dedica às melhores escolhas de música independente”.

No sábado, dia 14, é o dia de apresentar “o melhor da música Funk que se faz por cá”. Primeiro sobe ao palco o músico ARI com os Party Animals, seguindo-se o DJ Set de Lobo Ip. Nestes dois dias, as portas do D2 abrem às 22h30 e os bilhetes custam 180 patacas, com direito a duas bebidas.

Musicar o cinema mudo

Uma das novidades do TIMC deste ano passa pela introdução do cinema, mas de uma forma original. “Na continuidade da aposta em conteúdos originais, o grande destaque do TIMC 2020 é a apresentação de duas sessões de cine-concertos”, aponta a organização, que não são mais do que a exibição de “clássicos do cinema mudo que marcaram o início da sétima arte e que até hoje se destacaram internacionalmente”.

Para dar uma nova roupagem a estes clássicos, a organização do TIMC “desafiou os músicos locais a compor e a interpretar os acompanhamentos sonoros, tendo em consideração a adaptação da personalidade dos artistas aos conteúdos das películas”.

Esta iniciativa arranca a 21 de Novembro com a exibição da longa-metragem “The Goddess”, de 1934, realizada por Yonggang Wu e interpretada pela icónica actriz Ruan Lingyu. A película que marca o fim dos últimos dias do cinema mudo vai ser sonorizada pelo projecto Faslane e pelo artista Akitsugu Fukushima.

A 22 de Novembro serão exibidas seis curtas-metragens “seleccionadas pela sua estética e relevância na história do cinema mudo”. São elas “Alice in Wonderland” de Cecil Hepworth & Percy Stow, de 1903 musicado pela pianista Frog.W, “The Dancing Pig” (1907) musicado por Paulo Pereira, “Vormittagsspuk” (Ghosts Before Breakfast) de Hans Richter (1928) acompanhado por Rui Rasquinho, “Le Voyage sur Jupiter” (Voyage to Jupiter) de Segundo de Chomón de 1909 com música de Iat U Hong, “La Grenouille” (The Frog), de 1908, também realizada por Segundo de Chomón, que vai ser musicada por Dickson Cheong.

Caligrafia e Yoga

Na segunda parte do festival, o TIMC propõe-se ainda apresentar uma outra novidade, desta vez associada à saúde e bem-estar. “A promoção de hábitos saudáveis de vida é também uma das características que diferenciam o TIMC de 2020 e é traduzida com a criação de um programa dedicado ao Yoga. Num ano marcado pela pandemia a ideia é alertar para a importância de manter a saúde e contribuir para a saúde pública”, anuncia a organização.

Desta forma, as sessões de Yoga acontecem nos dias 20, 21 e 22 com os instrutores Rita Gonçalves, Lily Li e Valentina. Estas sessões serão acompanhadas pelas Taças Tibetanas de Gil Araújo.

Além desta vertente ligada ao bem-estar, o TIMC traz também iniciativas ligadas à caligrafia oriental e ocidental com dois calígrafos que vão fazer uma performance com as suas técnicas. As imagens do espectáculo serão manipuladas pelo VJ Os Wei, tendo acompanhamento musical do DJ A Long. Os Wei é também protagonista de uma instalação de fotografia que será inaugurada dia 20, sendo que nesse dia a banda Concrete Lotus actua ao vivo. No dia seguinte é a vez do Live Music Association acolher a after-party do TIMC.

O cartaz encerra-se com mais uma vertente, onde a participação da população é o objectivo principal. Desta forma, será realizada uma open call onde os Neons são o tema principal, em que a população “é desafiada a pegar nos telefones e ir em busca dos emblemáticos Neons que caracterizam esta ‘nossa’ idade e publicar as suas fotos com o hashtag #timcneonhunt2020”.

As imagens vão ser projectadas ao longo do segundo bloco de eventos, de 20 a 22 de Novembro, nas Oficinas Navais 2. “O objectivo passa por recuperar o imagético que caracteriza Macau e fazer um tributo aos Neons que resistem e a quem ainda se dedica à sua produção”, conclui a organização.

5 Nov 2020

Casa de Portugal | 6ª edição do Festival de Marionetas começa este sábado

[dropcap]É[/dropcap] já este sábado, dia 7, que arranca mais uma edição do Festival de Marionetas, uma iniciativa da Casa de Portugal em Macau (CPM). Diana Soeiro, coordenadora da CPM, disse ao HM que esta sexta edição se realiza apenas com artistas locais, sendo dois deles artistas da CPM, tal como Elisa Vilaça e Sérgio Rolo. Este apresenta o espectáculo “Mini-mini-mini circus” em que “trapezistas, malabaristas, contorcionista e outros artistas brilham como as estrelas nas capas das revistas”, onde a personagem Rodolfo “nos guia durante a função deste circo que é seu de coração”. Já Elisa Vilaça apresenta o espectáculo “O Sonho”, com uma história em torno da personagem Mariana, e em que todas as marionetas foram feitas por si. Este espectáculo acontece no sábado às 17h15 no auditório da Casa Garden.

No sábado, acontece o espectáculo “Mommy’s time”, de Ronald Un, “um jovem e talentoso artista de teatro local que nos leva ao mundo do livro ilustrado e aos pensamentos da mãe nessas novas interpretações que evocam a nossa imaginação”. Por sua vez, o espectáculo “What are we thinking” [O que estás a pensar?] é feito com base no livro escrito e ilustrado por Chi-Wai Un, um conhecido ilustrador e designer gráfico local.

“What are we thinking” é um espectáculo que “descreve os pensamentos de crianças e o sonhar acordado como um fenómeno comum entre adultos e idosos, não sendo exclusivo das crianças”.

À excepção do espectáculo de Elisa Vilaça, todos os restantes decorrem no jardim da Casa Garden. Diana Soeiro assegura que “não havendo fala, todas as peças são destinadas a um público de todas as nacionalidades e são para todas as idades”.

5 Nov 2020

FRC | Sessão recorda “Request”, popular programa da antiga Rádio Vila Verde

[dropcap]A[/dropcap] Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta, na próxima quarta-feira, às 18h30, mais uma edição da iniciativa “Serões com História”, desta vez dedicada ao programa “Request”, da antiga Rádio Vila Verde, muito popular no seio da comunidade macaense. Henrique Manhão, presidente da Casa de Macau nos EUA, será um dos oradores e irá partilhar “muitas memórias e curiosidades, apoiadas em fotos e áudios da época, reconstruindo mais um retrato da história viva de Macau e das suas gentes”.

Este programa de discos pedidos começou nos inícios dos anos 50 e, inicialmente, era transmitido apenas uma vez por semana, mas depressa passou a ser transmitido duas vezes por semana, dado o seu sucesso junto dos ouvintes.

Os locutores portugueses que colaboravam eram João (Johnny) Reis e Nuno de Senna Fernandes, enquanto que a emissão em inglês estava a cargo da senhora Hydman e uma outra de apelido Leitão. As duas canções mais populares da noite eram o “ Happy Birthday” e “Congratulations”. A moderação desta sessão estará a cargo de José Basto da Silva, presidente da Associação dos Antigos Alunos da Escola Comercial Pedro Nolasco (AAAEC), promotora da iniciativa.

5 Nov 2020

Pintura | Exposição de He Duoling amanhã no Museu de Arte de Macau

É inaugurada amanhã, no Museu de Arte de Macau, a exposição de um dos pintores cimeiros da arte contemporânea chinesa, He Duoling. A mostra, intitulada “Renascer à Brisa da Primavera: Exposição de Arte de He Duoling” será recebida pela música da Orquestra de Macau

 

[dropcap]D[/dropcap]e Chengdu chega amanhã a Macau a pintura de um dos artistas contemporâneos chineses mais marcantes da actualidade, He Duoling, para uma exposição que será inaugurada no Museu de Arte de Macau, com a organização conjunta do Instituto Cultural (IC) e do He Duoling Art Museum.
A inauguração, marcada para as 18h30, será abrilhantada por uma performance ao vivo da Orquestra de Macau.

A mostra, intitulada “Renascer à Brisa da Primavera: Exposição de Arte de He Duoling”, é constituída por um conjunto de 48 peças, entre esboços e pinturas a óleo, pintadas em diversos períodos.

Além da ligação entre as cores e temas subtis das telas de He Duoling com a música, a cargo da Orquestra de Macau, quem marcar presença amanhã na inauguração vai receber um conjunto de “cartões requintados com poemas inspirados em pinturas, e ainda terão a oportunidade de receber cartazes autografados e comprar álbuns assinados das suas pinturas”.

Como destaques na mostra do pintor de Chengdu, o IC realça uma série de obras como “A Casa com Sobreloja”, “Zhai Yongming”, “Torre do Labirinto”, “Lebre”, “Floresta Russa”, “Casa sem Telhado”, entre outras.

Bilhete de identidade

A linguagem artística de He Duoling centrou-se em expressões de beleza, em mais de quatro décadas de criação, tanto através de uma perspectiva mais realista típica dos primeiros tempos de carreira, como pela atmosfera etérea de contornos esbatidos dos últimos anos de produção artística.

Formado no Instituto de Belas Artes de Sichuan, He Duoling é uma das figuras da pintura chinesa contemporânea em termos de projecção internacional, com uma presença em galerias de todo o mundo que lhe valeu a fama desde os anos 1980.

Conhecido pelos óleos de nus femininos e imagens de minorias em cenários campestres, em particular do sudoeste da China, o pintor faz parte de uma geração de virtuosos que catapultaram a pintura chinesa para o panorama internacional.

Além do traço muito próprio, He parece retirar algum prazer das provocações óbvias às correntes mais mainstream da arte contemporânea. Por exemplo, em 2007 estreou uma exposição intitulada “Youth 2007” que retratava corpos nus de costas viradas para o público, expondo o traseiro. As imagens afastaram-se da crueza da pornografia, ou do cartoon, e deixam a audiência na ambiguidade perante o que estão a ver.

Apesar de por vezes He Duong se aproximar de temas aparentemente grosseiros, a subtileza do seu traço não abre margem para ofensa e apenas transmite felicidade e liberdade. Esta linha ténue levou o pintor ao reconhecimento internacional, marcando presença em bienais e grandes exposições, como os famosos “Salons de Paris” no Museu do Louvre, às exposições de belas artes no Museu de Arte de Fukuoka, no Japão, e em galerias de renome no mundo inteiro.

A exposição pode ser visitada no Museu de Arte de Macau, na Avenida Xian Xing Hai, NAPE, diariamente entre as 10h e as 19h, com excepção à segunda-feira. A entrada é gratuita.

4 Nov 2020

Moda | Katty Xiomara e Pé de Chumbo procuram mais oportunidades a Oriente

Katty Xiomara e Pé de Chumbo, fundada pela designer Alexandra Oliveira, são duas de três marcas portuguesas que se apresentam em Hong Kong e Macau na próxima semana. A presença a Oriente é ainda mais importante em contexto de pandemia, asseguram. Enquanto que Katty Xiomara traz peças “sob um conceito femininamente desportivo”, Alexandra Oliveira traz peças quase tricotadas sobre o corpo, sem recorrer ao habitual tecido

 

[dropcap]C[/dropcap]hegam pela mão da Moda Nova Global, empresa sediada em Hong Kong que quer mostrar o que de melhor se faz na moda portuguesa. Susana Bettencourt, Katty Xiomara e Pé de Chumbo, marca da designer Alexandra Oliveira, pretendem desbravar novos caminhos no mercado de moda a Oriente com a realização de um desfile em Hong Kong na próxima semana, dia 11.

Ao HM, Katty Xiomara revelou mais detalhes da colecção “Be Bold”, que assenta nos conceitos da moda desportiva feminina. “É uma escolha de peças específicas para testar o mercado e a reacção do público. A paleta de cores é ampla, mas o preto está sempre presente como uma linha de contorno que une as peças.”
Katty Xiomara, estilista portuguesa nascida na Venezuela, mas radicada no Porto, espera que esta mostra em Hong Kong “seja uma boa forma de dar a conhecer a marca e que consiga estabelecer alguns laços representativos que sirvam como porta de entrada neste mercado”.

Em contexto de pandemia, Hong Kong pode tornar-se uma espécie de boia de salvação, num ano em que não se realizaram feiras e em que houve “uma diminuição drástica das vendas”.
“Hong Kong traça uma linha de esperança. É agora um ponto mais estável e com maior controlo sobre a pandemia, onde parece existir mais normalidade na rotina diária das pessoas”, frisou Katty Xiomara.

Esta não é a primeira vez que a marca Katty Xiomara chega à Ásia, pois já realizou desfiles em Tóquio e Xangai. “Temos uma grande afinidade pelo mercado asiático”, assegura a designer.

Estão também previstas apresentações em Macau e na China, ainda sem data marcada. “A nossa marca não é massiva, por isso a dimensão do mercado não é o mais importante. Macau possui uma magia diferente da qual podemos beneficiar”, disse.

Esperar para ver

No caso da Pé de Chumbo, serão mostradas peças da colecção “Planet Earth”, mais viradas para o Verão e para um Inverno com algum tempo quente. Com a Pé de Chumbo Alexandra Oliveira introduziu um novo conceito de fazer moda, em que as linhas se vão construindo em torno do corpo, sem tecidos. Cada peça tem, portanto, o seu tempo próprio de confecção.

“Como é a primeira vez que estamos em Hong Kong e como se trata de uma colecção para venda directa, estamos a pôr peças de Verão e mais leves para o Inverno, pois em Hong Kong faz um tempo mais quente”, explicou ao HM.

Para a Pé de Chumbo, estar em Hong Kong é uma total novidade e também uma oportunidade para escapar à crise. “Tivemos esta oportunidade e aproveitámos. Mas é também uma porta de entrada para o mercado asiático, algo que é difícil de conseguir. Já vendemos em Pequim, mas como vendemos através de feiras e não com uma representação local, se o cliente não vai à feira perdemos o cliente”, assegura. Alexandra Oliveira assume que não conhece nada do pequeno mercado de moda em Macau.

A Pé de Chumbo tem algumas colecções inspiradas nos trajes japoneses ou chineses, mas o mercado é, para a marca, algo inatingível. Para chegar ao cliente chinês, a marca apenas costuma fazer uma alteração dos tamanhos.

“Em todos os contactos que tivemos com clientes chineses eles seleccionaram a mesma colecção que estamos a vender. Não varia muito em relação ao que vendemos para a Europa. Mas é um contacto muito lento, nunca tivemos muita experiência [com estes clientes]”, acrescentou.

No caso de Katty Xiomara, “poderão existir pequenos ajustes” ao cliente asiático. No entanto, a marca promete “manter sempre o espírito e conceito europeu que nos caracteriza”. “Não pretendemos ser uma marca estrangeira que mimetiza aquilo que já é feito pelas marcas locais”, frisou a designer.

“Estar atenta”

Para Katty Xiomara, é importante olhar a forma como os chineses e os asiáticos no geral “observam e vivem a moda”. “Já existe um punhado de nomes reconhecidos, mesmo no Ocidente. Por um lado, isso dificulta a nossa entrada, pois existirá uma maior concorrência. Mas, por outro lado, facilita porque denota-se uma maior abertura para marcas novas que surgem fora dos grandes aglomerados e grupos de luxo. Até há bem pouco tempo eram as que geravam maior procura por parte do mercado asiático”, adiantou a estilista.

Alexandra Oliveira quer, sobretudo, chegar às lojas e ao grande público. “Temos muita coisa em stock. Nestes meses vendemos muito para Itália e EUA, e quando tudo isto fechou ficámos com algumas encomendas paradas. Isto [a vinda a Hong Kong] veio abrir um pouco a possibilidade de vendermos”, rematou. O HM tentou também chegar à fala com a designer Susana Bettencourt, mas a marca nunca respondeu ao nosso pedido de entrevista.

3 Nov 2020

Cinemateca Paixão | Cartaz de Novembro “espreita” Festival de Cinema de Hong Kong

O mês de Novembro da Cinemateca Paixão é fortemente influenciado pela edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, em particular com a exibição do filme de abertura do evento “Keep Rolling”, documentário sobre a cineasta Ann Hui. Os restantes sete filmes dividem-se entre autores de Taiwan, Turquia, Palestina, Estados Unidos e França

 

[dropcap]O[/dropcap] cartaz de Novembro da Cinemateca Paixão é composto por oito filmes de várias proveniências e estilos. Três das obras que vão ser exibidas na Travessa da Paixão integram o programa da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong. A começar pelo documentário de abertura do evento na região vizinha, “Keep Rolling”, focado na vida e obra da cineasta Ann Hui, um dos nomes cimeiros da sétima arte produzida em Hong Kong.

O documentário, realizado por Man Lim Chung, será exibido na Cinemateca Paixão nos dias 13 e 15, às 19h, e 21, 24 e 28 às 21h30.

O cinema de Taiwan continua bem representado na programação, com duas películas “i WEiR DO” e “Dear Tenant”, esta última também integrada no cartaz do festival de cinema da região vizinha. “Dear Tenant” é um drama familiar, realizado e escrito por Yu-Chieh Cheng, que começa e acaba com mortes no papel de catalisador da acção. O personagem principal (Lin), depois do falecimento do namorado, fica a tomar conta do filho e da mãe do falecido (Sr.ª Chou), num misto de prolongamento da relação através de terceiros e solidariedade.

Depois da morte da Srª Chou, um outro filho enlutado regressa do exterior e apercebe-se que a mãe deixou a casa onde habitava a Lin. Disputas de herança e suspeitas de homicídio adensam o drama de “Dear Tenant”.

As quatro sessões previstas para a exibição da obra de Yu-Chieh Cheng estão todas esgotadas.
Também realizado em Taiwan, e igualmente com as sessões esgotadas na Cinemateca Paixão, “I WeirDO” representa uma dupla estreia. É o primeiro filme asiático filmado com um iPhone e a primeira longa-metragem realizada por Ming-Yi Liao.

A narrativa de “I WeirDO” assenta na relação entre duas pessoas cujo dia-a-dia é mercado por perturbações obsessivo-compulsivas.

Paraíso e pereiras

Também tirado do cartaz do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong chega “It Must Be Heaven”, do mestre palestiniano Elia Suleiman, que venceu o prémio do júri do Festival de Cannes em 2002 com “Divine Intervention”.

Na linha do autor, “It Must Be Heaven” é uma comédia que segue as pisadas conceptuais de Jacques Tati, com um toque de Buster Keaton, com o próprio Suleiman a lançar-se numa viagem, com paragens em Paris e Nova Iorque, em busca de pontos comuns com a Palestina. O elenco conta ainda com François Girard e Gael García Bernal.

“It Must Be Heaven” será exibido amanhã, sexta-feira, e nos dias 11, 13 e 19, às 21h30. As sessões das 19h estão agendadas para os dias 10, 12 e 17 de Novembro, estando disponíveis bilhetes para todas as exibições.

O cartaz de Novembro da Cinemateca Paixão é completado pelos filmes “Last Letter”, uma produção chinesa realizada pelo japonês Shunji Iwai, por “Light of My Life”, o mais recente filme realizado pelo norte-americano Casey Affleck e “The Wild Pear Tree”, um drama da autoria do turco Nuri Bilge Ceylan.

Finalmente, a programação deste mês da cinemateca tem como destaque “O Mágico”, uma animação francesa de 2010 que arrebatou uma série de prémios internacionais. Realizado por Sylvain Chomet, “O Mágico” é baseado num guião de Jacques Tati que nunca chegou a sair do papel, que tem como base a vida de um ilusionista que tenta sobreviver num mundo artístico que vota a sua a magia ao esquecimento.
“O Mágico” é exibido no sábado e no dia 22 às 19h30, e no dia 14 de Novembro às 21h.

2 Nov 2020

Polónia | Cheong Kin Man na Semana de Arte de Poznan 

[dropcap]“T[/dropcap]he Etymology of a Dream” é o nome do vídeo de Cheong Kin Man que integra a Semana de Arte de Poznan, na Polónia, que começou esta semana. O artista de Macau, actualmente radicado na Alemanha, junta-se assim a um grupo de artistas asiáticos que mostra o seu trabalho dentro do projecto “Life dimension in art”. O objectivo é revelar “as reflexões dos artistas da Ásia sobre a pandemia do novo coronavirus”. O vídeo de Cheong Kin Man constitui, assim, “uma metáfora da mentalidade”, onde se “desconstroem algumas imagens de intimidade para deixá-las depois serem reconstruídas tal como foram num sonho”.

“The Etymology of a Dream” não é mais do que uma tentativa de recordar a vida como era no período pré-pandemia e como somos hoje enquanto seres humanos. “Ainda se lembram de onde estavam no Ano Novo Chinês de 2020? Onde estavam no regresso do Ano Novo Lunar? Uma reunião familiar, ou bebendo e rindo com amigos? Lembram-se de onde estavam? Nova Iorque, Munique, Banguecoque (…) Quando a memória retrocede, o tempo passou depressa e parece um sonho que tivemos na noite passado”, descreve uma nota de imprensa.

A Cheong Kin Man juntam-se artistas como os Group Y2K, de Taiwan, Vermont Coronel Jr. das Filipinas, Yuree Kensaku, da Tailândia, Duyi Han, da China / Nova Iorque, KHAIRULLAH RAHIM, de Singapura, e Cowper Wang, de Taiwan.

29 Out 2020

Polónia | Cheong Kin Man na Semana de Arte de Poznan 

[dropcap]“T[/dropcap]he Etymology of a Dream” é o nome do vídeo de Cheong Kin Man que integra a Semana de Arte de Poznan, na Polónia, que começou esta semana. O artista de Macau, actualmente radicado na Alemanha, junta-se assim a um grupo de artistas asiáticos que mostra o seu trabalho dentro do projecto “Life dimension in art”. O objectivo é revelar “as reflexões dos artistas da Ásia sobre a pandemia do novo coronavirus”. O vídeo de Cheong Kin Man constitui, assim, “uma metáfora da mentalidade”, onde se “desconstroem algumas imagens de intimidade para deixá-las depois serem reconstruídas tal como foram num sonho”.

“The Etymology of a Dream” não é mais do que uma tentativa de recordar a vida como era no período pré-pandemia e como somos hoje enquanto seres humanos. “Ainda se lembram de onde estavam no Ano Novo Chinês de 2020? Onde estavam no regresso do Ano Novo Lunar? Uma reunião familiar, ou bebendo e rindo com amigos? Lembram-se de onde estavam? Nova Iorque, Munique, Banguecoque (…) Quando a memória retrocede, o tempo passou depressa e parece um sonho que tivemos na noite passado”, descreve uma nota de imprensa.

A Cheong Kin Man juntam-se artistas como os Group Y2K, de Taiwan, Vermont Coronel Jr. das Filipinas, Yuree Kensaku, da Tailândia, Duyi Han, da China / Nova Iorque, KHAIRULLAH RAHIM, de Singapura, e Cowper Wang, de Taiwan.

29 Out 2020

UM | Romance de Henrique de Senna Fernandes foi tema de palestra online 

“Crescer e Amadurecer na Macau do Século XX: Amor e Dedinhos de Pé, de Henrique de Senna Fernandes, como duplo Bildungsroman” é o tema da palestra online ontem proferida por Rogério Miguel Puga, da Universidade Nova de Lisboa. O académico abordou o crescimento pessoal e a mudança social dos dois protagonistas do romance do autor macaense, Chico Pé-Fede e Vira Pau Osso

 

[dropcap]N[/dropcap]o ano que marca o décimo aniversário da morte de Henrique de Senna Fernandes, considerado um dos maiores romancistas macaenses, a Universidade de Macau (UM) voltou a recordar a sua obra “Amor e Dedinhos de Pé” através de uma palestra online destinada a alunos de mestrado. “Crescer e Amadurecer na Macau do Século XX: Amor e Dedinhos de Pé, de Henrique de Senna Fernandes, como duplo Bildungsroman” é o nome da palestra ontem proferida por Rogério Miguel Puga, académico da Universidade Nova de Lisboa, no âmbito da iniciativa “Palestras Interdisciplinares – Rostos de Macau”.

O professor universitário abordou essencialmente a evolução pessoal e social dos dois protagonistas de “Amor e Dedinhos de Pé”, Victorina Vidal [Vira Pau Osso] e Francisco Frontaria [Chico Pé-Fede], explicado pelo termo “duplo Bildungsroman” que, na crítica literária, significa que estamos perante um “romance de formação”.

Trata-se de “um romance que acompanha a educação formal do protagonista desde que nasce até à fase adulta e isso acontece em ‘Amor e Dedinhos de Pé’. Por isso é que se chama ‘duplo Bildungsroman, porque há dois protagonistas”, explicou Rogério Miguel Puga ao HM.

No romance, Francisco Frontaria “cai e atinge o fundo do poço, perdendo a sua fortuna e indo para a cidadela, o bairro chinês”. Pelo contrário, Victorina Vidal “passa do anonimato para ser uma mulher rica e poderosa de Macau”.

“Ele era um estroina e tinha de sofrer”, destaca Rogério Miguel Puga, que considera que o romance de Henrique de Senna Fernandes acarreta quase “uma lição moral judaico-cristã de disciplina no que diz respeito a ele”. “A doença de dedinhos de pé, de que ele sofre e que ela depois trata, metaforiza quase um ritual de passagem de Francisco para se tornar um homem responsável”, acrescenta o académico.

Sociedade de fachada

Mas “Amor e Dedinhos de Pé” não é apenas um olhar sobre o desenrolar de duas personagens. É também um livro que traz uma mensagem à sociedade de Macau, defende Rogério Miguel Puga. “Leio uma auto-crítica no romance. No inicio do século XX a sociedade de Macau era muito conservadora mas existiam doenças sexualmente transmissíveis. Havia todo o mundo da prostituição, era uma sociedade de fachada que não era bem aquilo que aparentava ser. É muito interessante esse exercício de auto-crítica, quase de carnavalização da sociedade.”

O personagem Francisco Frontaria “é vítima dessa sociedade conservadora que o renega para o bazar chinês”, enquanto que Victorina Vidal “passa de uma mulher controlada pela família para alguém que herda uma fortuna de familiares de Xangai, tornando-se uma mulher independente que depois recebe Francisco em sua casa e o trata”.

“Ele [Francisco Frontaria] passa pela Macau portuguesa e católica e pela Macau chinesa, para depois se reerguer refeito, homem. Os percursos deles [de Francisco e Victorina] são idênticos: ele cai e ela ascende, mas ela ascende para o poder ajudar, e ajuda-o. Eles depois acabam unidos. Há depois a questão da auto-imagem da mulher, do crescimento interior, são características fundamentais do romance. Há uma ordem inicial, o caos e a desordem e depois a ordem é reposta”, descreve o académico.

“Amor e Dedinhos de Pé” tem também “uma dimensão etnográfica”, uma vez que o leitor encontra “uma descrição do carnaval em Macau, de vários usos e costumes da sociedade macaense e isso também é muito interessante”, aponta Rogério Miguel Puga.

O ciclo de palestras da UM prossegue no próximo dia 11 de Novembro com Leonor Diaz de Seabra, que irá falar do tema “Macau e Brasil: Contactos Culturais”. Mónica Simas, da Universidade de São Paulo, fala no dia 26 de Novembro de “A Quinta Essência, de Augustina Bessa Luís: imaginários do passado de Macau em circulação”.

29 Out 2020

UM | Romance de Henrique de Senna Fernandes foi tema de palestra online 

“Crescer e Amadurecer na Macau do Século XX: Amor e Dedinhos de Pé, de Henrique de Senna Fernandes, como duplo Bildungsroman” é o tema da palestra online ontem proferida por Rogério Miguel Puga, da Universidade Nova de Lisboa. O académico abordou o crescimento pessoal e a mudança social dos dois protagonistas do romance do autor macaense, Chico Pé-Fede e Vira Pau Osso

 

[dropcap]N[/dropcap]o ano que marca o décimo aniversário da morte de Henrique de Senna Fernandes, considerado um dos maiores romancistas macaenses, a Universidade de Macau (UM) voltou a recordar a sua obra “Amor e Dedinhos de Pé” através de uma palestra online destinada a alunos de mestrado. “Crescer e Amadurecer na Macau do Século XX: Amor e Dedinhos de Pé, de Henrique de Senna Fernandes, como duplo Bildungsroman” é o nome da palestra ontem proferida por Rogério Miguel Puga, académico da Universidade Nova de Lisboa, no âmbito da iniciativa “Palestras Interdisciplinares – Rostos de Macau”.

O professor universitário abordou essencialmente a evolução pessoal e social dos dois protagonistas de “Amor e Dedinhos de Pé”, Victorina Vidal [Vira Pau Osso] e Francisco Frontaria [Chico Pé-Fede], explicado pelo termo “duplo Bildungsroman” que, na crítica literária, significa que estamos perante um “romance de formação”.

Trata-se de “um romance que acompanha a educação formal do protagonista desde que nasce até à fase adulta e isso acontece em ‘Amor e Dedinhos de Pé’. Por isso é que se chama ‘duplo Bildungsroman, porque há dois protagonistas”, explicou Rogério Miguel Puga ao HM.

No romance, Francisco Frontaria “cai e atinge o fundo do poço, perdendo a sua fortuna e indo para a cidadela, o bairro chinês”. Pelo contrário, Victorina Vidal “passa do anonimato para ser uma mulher rica e poderosa de Macau”.

“Ele era um estroina e tinha de sofrer”, destaca Rogério Miguel Puga, que considera que o romance de Henrique de Senna Fernandes acarreta quase “uma lição moral judaico-cristã de disciplina no que diz respeito a ele”. “A doença de dedinhos de pé, de que ele sofre e que ela depois trata, metaforiza quase um ritual de passagem de Francisco para se tornar um homem responsável”, acrescenta o académico.

Sociedade de fachada

Mas “Amor e Dedinhos de Pé” não é apenas um olhar sobre o desenrolar de duas personagens. É também um livro que traz uma mensagem à sociedade de Macau, defende Rogério Miguel Puga. “Leio uma auto-crítica no romance. No inicio do século XX a sociedade de Macau era muito conservadora mas existiam doenças sexualmente transmissíveis. Havia todo o mundo da prostituição, era uma sociedade de fachada que não era bem aquilo que aparentava ser. É muito interessante esse exercício de auto-crítica, quase de carnavalização da sociedade.”

O personagem Francisco Frontaria “é vítima dessa sociedade conservadora que o renega para o bazar chinês”, enquanto que Victorina Vidal “passa de uma mulher controlada pela família para alguém que herda uma fortuna de familiares de Xangai, tornando-se uma mulher independente que depois recebe Francisco em sua casa e o trata”.

“Ele [Francisco Frontaria] passa pela Macau portuguesa e católica e pela Macau chinesa, para depois se reerguer refeito, homem. Os percursos deles [de Francisco e Victorina] são idênticos: ele cai e ela ascende, mas ela ascende para o poder ajudar, e ajuda-o. Eles depois acabam unidos. Há depois a questão da auto-imagem da mulher, do crescimento interior, são características fundamentais do romance. Há uma ordem inicial, o caos e a desordem e depois a ordem é reposta”, descreve o académico.

“Amor e Dedinhos de Pé” tem também “uma dimensão etnográfica”, uma vez que o leitor encontra “uma descrição do carnaval em Macau, de vários usos e costumes da sociedade macaense e isso também é muito interessante”, aponta Rogério Miguel Puga.

O ciclo de palestras da UM prossegue no próximo dia 11 de Novembro com Leonor Diaz de Seabra, que irá falar do tema “Macau e Brasil: Contactos Culturais”. Mónica Simas, da Universidade de São Paulo, fala no dia 26 de Novembro de “A Quinta Essência, de Augustina Bessa Luís: imaginários do passado de Macau em circulação”.

29 Out 2020

História | Blogue Macau Antigo, de João Botas, celebra 12 anos de existência 

[dropcap]O[/dropcap] blogue do jornalista João Botas, intitulado “Macau Antigo”, celebra 12 anos de existência com algumas novidades em termos de conteúdos, além de estar prevista a realização de um passatempo, anunciou o autor do projecto em comunicado. O passatempo prevê a oferta de livros sobre a história de Macau, esperando-se ainda novidades em termos de publicações.

Haverá “revelações sobre o hotel Hing Kee, que, ao contrário do que tem sido escrito até hoje, não foi o primeiro hotel do tipo ocidental no território”, aponta João Botas. O jornalista promete também escrever sobre as “memórias de uma família russa que fugiu à Revolução Bolchevique de 1917 e que na década de 1930 visitou Macau”, além das “impressões de uma aristocrata / princesa soviética que visitou Macau, juntamente com o marido, no final do século XIX”.

João Botas pretende também escrever sobre “um conceituado zoólogo britânico que viveu em Hong Kong na década de 1960 e que aceitou o convite para ‘revisitar’ as fotografias que tirou em Macau nos anos quentes (1966 e 1967) da revolução cultural chinesa”.

O blogue “Macau Antigo” terá também imagens inéditas ou raras da primeira versão do Hospital S. Januário inaugurado em 1874 ou “curiosidades sobre a indústria dos panchões e empresas de navegação da ligação marítima entre Macau e Hong Kong no século XIX”, entre outros assuntos.

Com cerca de cinco mil posts, o blogue tem, em média, 500 visitas por dia, que está quase a atingir os dois milhões de visitantes. A maioria dos leitores é originária de Portugal (25%), Macau (16%), EUA (14%) e Brasil (10%), perfazendo mais de 1 milhão de visualizações de página. Destaque ainda para Rússia (9%), Alemanha (4%), Hong Kong (2º), Itália e França (<1%).

28 Out 2020

Casa Garden | Salão de Outono regressa este sábado e inclui arte performance

O Salão de Outono está de regresso à Casa Garden. A exposição que reúne vários trabalhos de artistas locais será inaugurada no sábado às 18h30. Este ano, além de revelar os formatos artísticos mais tradicionais, o Salão de Outono apresenta também ao público uma performance. Em ano de pandemia, esta foi a edição que registou o maior número de submissões de sempre

 

[dropcap]A[/dropcap] Fundação Oriente (FO), em parceria com a associação Art for All Society (AFA), volta a organizar uma nova edição do Salão de Outono, que este ano celebra os 11 anos de existência. Tratando-se de uma mostra plural, onde todos os formatos artísticos têm lugar, o público poderá ver trabalhos de autores mais ou menos consagrados no panorama da arte de Macau.

Nomes como Alexandre Marreiros, Alice Kok (que é também curadora da exposição), Armelle de Lainsecq ou Crystal W. M. Chan, entre outros, fazem parte do conjunto de 50 artistas que este ano decidiram apresentar os seus projectos para integrar o Salão de Outono. No total, poderão ser vistas 82 obras. Os trabalhos seleccionados incluem pintura a óleo, aguarela, desenho, gravura, escultura, fotografia, arte digital, vídeo e instalação.

Ao HM, Alice Kok afirma que este foi o ano com mais candidaturas submetidas. “Este ano tivemos o maior número de trabalhos candidatos em 11 anos de realização do Salão de Outono. É mais ou menos o mesmo número de obras, mas tivemos mais artistas a candidatarem-se. Uma das razões prende-se com o facto de as pessoas não poderem sair de Macau e dedicarem-se mais ao seu trabalho.”

A curadora aponta ainda que a maior parte das obras analisadas pelo júri foi realizada este ano, o que mostra que 2020 “tem sido um ano especial para todos devido à pandemia e também para os artistas, que reflectem sobre tudo aquilo que está a acontecer no mundo”. “Pensamos mais sobre a forma como vivemos e como existimos e penso que isso naturalmente se reflecte na produção artística”, frisou Alice Kok.

Performance como novidade

Alice Kok destaca o facto de esta edição do Salão de Outono “ter uma maior abrangência ao nível dos formatos artísticos” em relação aos anos anteriores, e uma das novidades é precisamente a performance de uma artista coreana a residir em Macau que será revelada ao público este sábado, durante a inauguração.

“Em chinês chamamos-lhe ‘a arte do comportamento’. É algo muito específico, onde o artista usa o seu corpo como o meio para realizar o trabalho, utilizando certos comportamentos”, explicou a curadora, que continua a considerar o mais importante a exploração de “todo o tipo de formatos artísticos, desde os mais tradicionais aos contemporâneos”.

No Salão de Outono “é muito importante mostrar o panorama artístico local e estamos focados em explorar o que está a acontecer em Macau, o que está a ser discutido e experimentado, e também quais os temas que estão a ser abordados”.

“Como curadora considero isto mais importante do que pensar unicamente em atrair o público”, disse ainda. Ideia semelhante tem Ana Paula Cleto, delegada da FO em Macau.

“O Salão de Outono que tem desde o seu início um princípio ou filosofia que é promover e dar a conhecer ao público o que se vai fazendo no campo da arte em Macau. Concorrem artistas que podem ser de qualquer nacionalidade desde que vivam e trabalhem em Macau. Tentamos sempre que haja sempre um certo equilíbrio entre os artistas mais conceituados, até para dar qualidade à própria exposição e depois também escolher o que de melhor aparece junto de artistas menos conhecidos, com objectivo de os promover.”

Ana Paula Cleto destaca os trabalhos de Alice Kok ou de Lai Sio Kit, “um pintor ainda jovem, mas que já venceu o prémio da FO e é sem dúvida um artista que tem vindo a evoluir de uma forma incrível nos últimos tempos”.

A mostra conta também com a presença de Kit Lee, “uma artista que faz essencialmente vídeo arte e que já é conceituada, faz um excelente trabalho”, bem como o arquitecto Francisco Ricarte, que se apresenta nesta edição do Salão de Outono com um trabalho fotográfico.

Música da casa

Ao contrário dos dois anos anteriores, em que o Salão de Outono procurava também trazer a Macau pedaços de música e literatura, a pandemia obrigou a organização a convidar os artistas locais.

“Nos últimos dois anos juntámos uma componente musical e até literária ao Salão de Outono, porque no fundo é um acontecimento em que vários tipos de arte se podem encontrar. Este ano com a pandemia tínhamos programado a vinda de um músico português, que não pôde vir. Mas vamos ter jazz e um DJ depois da abertura da exposição e da entrega do prémio.”

Outra alteração prende-se com o adiamento, para o próximo ano, do festival de vídeo arte, uma vez que o curador não pôde deslocar-se a Macau.

Além da inauguração, que acontece no sábado a partir das 18h30, será também anunciado o vencedor do 8.º Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas. Este terá a oportunidade de visitar Portugal para um programa de intercâmbio artístico de um mês.

28 Out 2020

IC | Atribuídas quatro bolsas de investigação na área da história de Macau

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) atribuiu quatro bolsas de investigação na área da história de Macau a três investigadores de universidades do interior da China e um investigador português. O trabalho de Pedro Manuel Sobral Pombo, doutor em Antropologia, intitula-se “Macau, do oceano aos arquivos. Documentação sobre Macau e as suas rotas marítimas do século XIX em arquivos no oceano Índico” e versa sobre “os trabalhadores chineses contratados e exportados de Macau para o Ultramar no século XIX”.

Outro dos projectos escolhidos é o “Catálogo de Transportes Marítimos em Macau 1700-1833”, do investigador Paul Arthur Van Dyke, doutorado em História pela Universidade do Sul da Califórnia e actualmente professor catedrático da Universidade Sun Yat-Sen. Zhou Daming, doutorado em Etnologia pela Universidade Sun Yat-Sen, ganhou uma bolsa para realizar o “Estudo sobre os Imigrantes em Macau após 1999”.

O quarto investigador a ganhar uma bolsa do IC é Zhao Xinliang, com o projecto “Estudo sobre as Finanças Públicas de Macau na Era Moderna (1844-1911)”. Este projecto tem como objectivo “a realização de um estudo aprofundado sobre as mudanças e a evolução das finanças públicas da Administração Portuguesa de Macau durante o período de transformação da cidade (1844-1911), bem como a sua relação com o intercâmbio cultural entre Macau, a China e outros países”.

28 Out 2020

IFFAM | Maxim Bessmertny e Sam Leong em destaque nos prémios “Project Market”

“The Darter”, de Sam Leong, e “Marlin”, de Maxim Bessmertny, fazem parte do cartaz de 14 filmes seleccionados para a quinta edição dos prémios “Project Market”, do Festival Internacional de Cinema de Macau, que acontece entre os dias 3 e 5 de Dezembro

 

[dropcap]A[/dropcap] quinta edição dos prémios “Project Market”, que integram o Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa) está de regresso entre os dias 3 e 5 de Dezembro e já são conhecidos os 14 filmes seleccionados para a competição. De Macau, destacam-se as produções “The Darter”, de Sam Leong, e “Marlin”, de Maxim Bessmertny.

Destaque ainda para os filmes “Ash Valley”, de Shu Zhu; “Death’s Bride”, de Antonio Morales; “Fellow Travelers”, de Haolu Wang e “Mars Express”, de Jérémie Perin, entre outros.

Segundo a organização do IFAAM, esta é uma competição que acontece “num período desafiante” e pretende ser “um encontro entre culturas, apresentando uma série de filmes que revelam “um elevado nível de talento e que misturam vários elementos da Ásia e do mundo ocidental”.

Os projectos seleccionados concorrem a prémios pecuniários, sendo o mais elevado o de “Melhor Projecto”, no valor de 15 mil dólares americanos. O prémio mais baixo, no valor de cinco mil dólares americanos, é o “Espírito de Macau” [Macau Spirit Award], que visa “reconhecer o projecto que melhor integra as diferentes culturas” e que tem como objectivo de “celebrar a natureza glamourosa e inclusiva de Macau”. Além dos prémios pecuniários, os realizadores têm a oportunidade de se conhecerem e partilharem experiências. Ao seleccionar estes 14 filmes, o júri teve a preocupação de juntar “talentos já estabelecidos e interessantes novos realizadores”. De frisar que, devido à pandemia, esta edição dos prémios realiza-se online.

Regresso de Mattie Do

Depois de ter participado na primeira edição dos prémios “Project Market”, Mattie Do está de regresso com “Entaglement”, um filme com pinceladas de horror e mistério. Eric Khoo, já distinguido no Festival de Cinema de Cannes, também foi seleccionado com o filme “Prisoners of the Pacific”, onde trabalhou na qualidade de produtor. Junxiang Huang foi o realizador da película. Por sua vez, Christopher Doyle é também um dos nomes presente na lista dos 14 filmes com a comédia “Peaches”, realizada por Jenny Suen.

A ficção científica ganha espaço em filmes como “Fellow Travelers”, produzido por Camille Gatin e realizado por Haolu Wang. “Fellow Travelers” é uma adaptação do conto de Alastair Reynolds, autor britânico nascido em 1966.

Simon Jaquemet “explora a intersecção das emoções humanas e inteligência artificial” com o filme “Electric Chid, enquanto que o francês “Jérémie Perin” traz um filme de ficção científica e género noir intitulado “Mars Express”. Já Shu Zhu apresenta o seu primeiro filme “Ash Valley”, depois de uma série de bem sucedidas curtas-metragens.

Konstantina Kotzamani é outra das realizadoras presentes na lista dos filmes seleccionados para os prémios “Project Market”, com o seu filme de estreia “Titanic Ocean”. Romeo Candido, realizador e produtor filipino e canadiano, integra esta lista com “The Dragon Returns”, um filme que nos traz uma história de fantasia: Bruce Lee é chamado para uma missão importante, a de salvar o seu velho amigo Chuck Norris da prisão.

27 Out 2020

Colecções de três estilistas portuguesas mostradas em Hong Kong em Novembro

[dropcap]C[/dropcap]olecções das estilistas portuguesas Katty Xiomara, Susana Bettencourt e Alexandra Oliveira vão ser mostradas em Hong Kong, em Novembro, num desfile promovido pelo distribuidor local das marcas, disse à Lusa o responsável da organização.

A empresa Moda Nova Global, sediada em Hong Kong, que representa as três designers portuguesas de moda, no território, organiza um desfile em 11 de novembro, com profissionais do setor da moda, para promover a visibilidade das marcas portuguesas na região administrativa especial chinesa.

“Há um nicho na Ásia para as marcas portuguesas”, disse à Lusa o empresário Manuel Oliveira, responsável da empresa.

Para assistir ao desfile, que se realiza num restaurante no centro da cidade, foram convidados “potenciais compradores, lojas ‘online’ e ‘boutiques'”, com o objetivo de “abrir mercado para as marcas portuguesas”.

A iniciativa, que deverá realizar-se mais tarde também em Macau e na China continental, ainda sem data marcada, vai contar com peças das coleções “Be Bold”, de Katty Xiomara, “Planet Earth”, da Pé de Chumbo, a marca da estilista Alexandra Oliveira, e “Super Humano – Hora de mudar”, de Susana Bettencourt.

27 Out 2020

Armazém do Boi | Shi Wenhua expõe trabalhos em vídeo inspirados na cianotipia

O artista chinês radicado em Boston utiliza técnica de impressão fotográfica do século XIX para produzir imagens em tons de ciano que servem de base a vídeos exploratórios sobre a tecnologia e os novos tempos. Intitulada “Blue on Blue”, a exibição integrada no EXiM 2020, estará patente até 6 de Dezembro

 

[dropcap]H[/dropcap]á tons de azul que o próprio azul parece desconhecer. Pelo menos para Shi Wenhua, artista da diáspora chinesa radicado em Boston, onde é professor na Universidade de Massachusetts. Inaugurada na passada sexta-feira no Armazém do Boi, “Blue on Blue” é uma exposição integrada no Festival de Vídeo Experimental de Macau (EXiM 2020), onde o artista propõe uma abordagem poética às suas criações em vídeo, baseadas em imagens produzidas através de uma técnica impressão fotográfica em tons de azul, chamada cianotipia.

Através desta técnica descoberta no século XIX e que permitia reproduzir, em tons de ciano, fotografias de forma pouco dispendiosa e cópias de projectos, também conhecidas como blueprints, a obra de Shi exposta no Armazém do Boi resulta da reprodução sequencial de várias capturas, frame a frame, que pretendem levar a audiência numa viagem, não só sensorial, mas também retrospectiva da própria utilização dos média. Do palpável ao menos palpável, que é como quem diz, da imagem fixa ao vídeo projectado e distorcido, impossível de agarrar.

“Neste trabalho, o artista pretende levar o público numa viagem no tempo, que vai desde os ‘memes’, largamente massificados nos dias que correm, até ao centenário período da cianotipia, passando pela animação fotográfica e o vídeo em alta definição. Essencialmente, podemos assistir aqui a uma viagem retrospectiva sobre o desenvolvimento da imagem, onde os meios não materiais são transformados em imagens tangíveis, em papel, através de ferricianeto de potássio e efeitos de raios ultravioleta”, descreve Bianca Lei, curadora da exposição, através de uma nota oficial.

Exemplo disso é a instalação “Point of No Return”, criada a partir de três canais vídeo e um processador electrónico, que tem como missão distorcer o conteúdo audiovisual original em “linhas e padrões abstractos”.

De acordo com a curadoria, a obra em o condão de nos mostrar que “a tecnologia está a conduzir-nos para um novo e enigmático mundo”.

Pontos de vista

Procurando chamar a atenção para os problemas colocados pelo rápido desenvolvimento urbano, Shi Wenhua apostou também na irreverência do ponto de vista a partir do qual as imagens da obra “Water Walk” foram captadas. Isto porque, de visita ao Lago Este de Wuhan, o artista resolveu fixar duas câmaras aos remos de um barco para, ao ritmo padronizado do seu movimento, captar imagens dentro e fora de água daquela região, outrora povoada por montanhas e agora pejada de construções em altura.

“A paisagem que aparece no vídeo contrasta brutalmente com a imagem descrita na canção que acompanha a obra e que faz parte da infância do artista. Esta obra foi gravada com duas câmaras GoPro agarradas aos remos do barco, enquanto este se move no Lago Este de Wuhan (…), criando quase que um padrão respiratório na audiência, através da alternância de imagens captadas dentro e fora de água, repetidamente”, aponta Bianca Lei.

“Blue on Blue” estará patente no Armazém do Boi até ao dia 6 de Dezembro, de terça-feira a domingo, entre as 12h e as 19h. A entrada é livre.

26 Out 2020

Fotografia | Macaense José Neves expõe no Canadá, Alemanha e Escócia

Fotografias de José Neves tiradas em Macau e no Camboja vão ser exibidas em três exposições internacionais ao longo do mês de Novembro, em países como o Canadá, Alemanha e Escócia. Sem grandes oportunidades para expor em Macau, o fotógrafo aproveitou concursos online para mostrar ao mundo aquilo que a sua objectiva capta

 

[dropcap]O[/dropcap] trabalho fotográfico do macaense José Neves foi seleccionado para três exposições internacionais, que decorrem no próximo mês de Novembro. Uma das exposições intitula-se “Your Best Shot” e acontece na Edinburgh Stills Gallery, na Escócia, entre os dias 5 e 7 de Novembro. Em Berlim, as imagens de José Neves podem ser vistas na mostra “Best of Black & White”, na BBA Gallery, entre os dias 13 e 15 de Novembro. “Powerful Lighting” acontece na Gora Gallery na cidade de Montreal, no Canadá, entre os dias 19 e 21 de Novembro.

Ao HM, o fotógrafo confessou que, sem grandes hipóteses de expor em Macau, tentou a sorte em concursos online recorrendo ao imaginário que captou na última viagem que fez e a fotografias de Macau. No Camboja, a pobreza acabou por se impor como tema dominante.

“Estive meio ano no Camboja só a fotografar”, contou. “Fotografei aldeias e captei a situação em que as crianças se encontram lá. O país tem muita corrupção e basicamente eles não têm nada. Nem dinheiro para comprar livros. As escolas inundam na época das chuvas”, descreveu.

Inicialmente, José Neves tinha como objectivo apoiar estas populações com o seu trabalho. “Antes de chegar ao Camboja tinha uma ideia de abordar essa situação de pobreza. Quando lá cheguei fiquei genuinamente em choque com a situação em que o país se encontra e queria que essas obras ajudassem a reflectir sobre o assunto e também chamar a atenção para o que se está a passar lá. [Pensei] que pudesse dar algum tipo de ajuda a essas pessoas”, disse.

Uma fusão

José Neves, que trabalha com projectos mais comerciais direccionados para o mundo da moda, acabou por apresentar também imagens ligadas às artes ou à figura feminina, aplicando várias técnicas de fotografia para criar uma fusão.

“Fotografo a figura feminina por uma questão de beleza. É um tema que tenho abordado bastante”, acrescentou.

Não é a primeira vez que José Neves vê o seu trabalho exposto lá fora. Ainda este mês, entre os dias 1 e 10, o fotógrafo marcou presença no “Storytelling PhotoFest” em Bucareste, Roménia. Em Junho, o imaginário do fotógrafo local chegou a Espanha na exposição “My Photoshoot Shot”, na Spain Valia World Gallery, entre os dias 19 e 21. Entre 2017 e 2018, José Neves expôs também em Singapura, Grécia e Holanda.

Por cá, o fotógrafo conta no currículo com a participação no Salão de Outono, um evento anual organizado pela Fundação Oriente e Art for All Society e que revela alguns dos talentos locais na área das artes, e que abre este ano no próximo dia 31 de Outubro.

22 Out 2020

Festival | Ex-gestora da Cinemateca Paixão regressa ao novo cinema alemão 

A CUT Co. Lda volta a juntar-se ao Instituto Goethe, em Hong Kong, para trazer o KINO – Festival de Cinema Alemão a Macau entre os dias 6 e 16 de Novembro. A edição deste ano do festival homenageia três cineastas do chamado Novo Cinema Alemão, como é o caso de Margarethe Von Trotta, Wim Wenders e Rainer Werner Fassbinder

 

[dropcap]A[/dropcap]pesar de ausente das operações de gestão da Cinemateca Paixão, a Cut Co. Lda continua a trazer para Macau algumas das iniciativas a que habituou os amantes do cinema aquando da gestão do espaço. Prova disso é a realização de uma nova edição do KINO – Festival do Cinema Alemão, que, em parceria com o Instituto Goethe de Hong Kong, acontece entre os dias 6 e 12 de Novembro. Nomes como Wim Wenders, Margarette Von Trotta e Rainer Werner Fassbinder vão estar em exibição.

Ao HM, Rita Wong, responsável da Cut, explicou que a exibição do KINO em Macau se faz em condições mais favoráveis do que em Hong Kong, uma vez que, devido à pandemia, grande parte dos filmes foram exibidos online.

“Estamos numa situação difícil este ano e muitos festivais foram cancelados. A situação de Macau é mais estável e temos sorte em poder organizar um festival de cinema de pequena escala. Temos 12 filmes, mas vamos exibi-los apenas uma única vez. Mas em termos do número de filmes a escala não é assim tão pequena, pois estamos a trazer um festival abrangente para o público de Macau.”

Desta forma, o KINO “vai continuar a acontecer na sua forma física tendo em conta a situação da cidade, exibindo um total de 12 filmes alemães, sendo que seis deles são novos trabalhos que cobrem uma variedade de assuntos”.

O programa da edição deste ano “continua o compromisso de ter uma sessão Director-in-Focus, que apresenta três grandes filmes de Margarethe Von Trotta em fases diferentes, sendo esta uma das mais significantes cineastas e a única mulher cineasta no período do Novo Cinema Alemão”.

Von Trotta começou a fazer produções independentes na década de 70. Hoje, com 78 anos, a cineasta já escreveu e realizou mais de 10 filmes, incluindo títulos como “Marianne and Juliane (1981), Rosa Luxemburg (1986), Rosenstrasse (2003) and Hannah Arendt (2012).

A cineasta procurou ter nos seus filmes personagens femininas que não só quebram os estereótipos tradicionais em torno do género, mas também exploram aspectos espirituais, intelectuais e independentes ligados ao universo feminino.

O KINO aborda também o trabalho de Wim Wenders e apresenta o documentário “Desperado”, lançado em Julho deste ano como celebração dos 75 anos do realizador. Será também exibido o filme “Faraway, So Close!”, que venceu o Grande Prémio do Júri no Festival de Cinema de Cannes em 1993.

“Temos uma sessão com Wim Wenders que, claro, é um ícone. Na primeira edição do KINO em Macau exibimos os filmes de Wim Wenders na sessão Director-in-Focus e, desta vez, não queríamos repetir os filmes que já tínhamos exibido. Seleccionámos dois filmes e um deles é novo, penso que é bom para o novo público que virá ao festival”, explicou Rita Wong.

Fassbinder regressa

Os filmes do realizador Rainer Werner Fassbinder estão também de regresso a Macau, depois da exibição na Cinemateca Paixão em 2018. O filme de abertura do KINO é “Enfant Terrible”, realizado por Oskar Roehler que conta a história do realizador que faleceu muito jovem, em 1982, com apenas 37 anos.

O filme de Roehler começa com o filme de estreia de Fassbinder, “O Amor é mais Frio do que a Morte”, de 1969, até “Querelle”, feito em 1982. “Mesmo que o público tenha visto os seus filmes na sessão Director-in-Focus do KINO Macau 2018, podem, desta vez, conhecer mais sobre este talento do cinema sob outras perspectivas. O que é mais emocionante na exibição de ‘Enfant Terrible’ é que se trata da estreia do filme na Ásia depois da sua exibição mundial no Festival de Cinema de Cannes”, lê-se na nota da Cut. “Estamos muito orgulhosos em ter esta estreia a nível asiático”, acrescenta Rita Wong.

Uma Alegria

O KINO – Festival de Cinema Alemão será exibido nas salas do Cinema Alegria e no Macao Cardinal Newman Center for Culture and Performing Arts, um novo local que “proporciona um ambiente sereno para a exibição dos quatro grandes filmes do festival – incluindo ‘System Crasher’, ‘Rosa Luxemburg’, ‘Marianne and Juliane’ and ‘Faraway, So Close!’”.

Após a exibição das películas, o público poderá participar em conversas sobre as mesmas com a presença de críticos de cinema como Quinton Tang, de Macau, ou Joyce Yang, de Hong Kong. Derek Lam, académico ligado à área do cinema, também estará presente. “Do We All Have the Banality of Evil? — Hannah Arendt’s Philosophy”, “Theatre and Rainer Werner Fassbinder”, “Literature — Peter Handke and Wim Wenders”, e “Judith Kerr’s World of Picture Books” serão os temas destas conversas.

A Cut recorda que esta edição do KINO “é a primeira apresentada desde o fim das suas operações na Cinemateca Paixão”. “Estamos gratos pela continuação do apoio do Instituto Goethe de Hong Kong para que o KINO Macau pudesse acontecer novamente. É um desafio organizar um festival de cinema com a falta de salas, financiamento e patrocínios, mas felizmente que existe um grupo de vigorosos e diligentes entusiastas do cinema que trabalham lado a lado para atingir os melhores resultados e enfrentar os desafios”, acrescenta a Cut. Numa edição marcada pela diversidade, espera-se também que o KINO seja mais interactivo com o seu público, confessou Rita Wong.

22 Out 2020

Lisboa | Ai Weiwei na Cordoaria Nacional em 2021

[dropcap]U[/dropcap]ma exposição com obras inéditas do artista e activista chinês Ai Weiwei, que juntará lado terreno e lado espiritual do autor, vai ser inaugurada a 4 de Junho de 2021, na Cordoaria Nacional, em Lisboa, anunciou ontem a produção.

“Rapture” será o título desta exposição – a primeira individual do artista em Portugal – cujas obras originais estão a ser produzidas no país, explorando técnicas tradicionais locais, revisitadas por Ai Weiwei, revelou o artista numa conferência de imprensa, na presença do curador da mostra, Marcello Dantas, e do director da promotora Everything is New, Álvaro Covões.

Esta mostra, que ocupará duas alas da Cordoaria até 28 de Novembro do próximo ano, também irá conter alguns dos trabalhos mais icónicos do artista, mundialmente conhecido pela oposição ao regime chinês e pelas mensagens no seu trabalho sobre questões fortemente políticas, e em defesa dos direitos humanos.

“Estou aqui estabelecido há alguns meses, e a aprender com a cultura local e o artesanato”, disse Ai Weiwei, que tem trabalhado em Portugal, numa propriedade no Alentejo, onde o projecto está a ser desenvolvido.

O título da exposição reúne duas dimensões da vida e obra do artista chinês: o seu lado carnal, ligado a uma dimensão terrena, de abordagem da realidade e da actualidade, do sensorial, do sequestro dos direitos e liberdades; e uma dimensão espiritual, ligada ao transcendente, à cultura, ao êxtase e à fantasia, como explicou o curador.

21 Out 2020

IC | Quatro novas produções contam com apoio do Centro Cultural

De entre 52 projectos, foram seleccionados quatro para serem comissionadas pelo Centro Cultural de Macau. As produções abrangem vários temas, desde um espectáculo para bebés, a um musical que conta a história de pessoas a viver no Ikea

 

[dropcap]O[/dropcap] Centro Cultural de Macau está a comissionar quatro novas produções, que foram escolhidas de uma lista de 52 projectos, comunicou o Instituto Cultural. Com um orçamento de cerca de dois milhões de patacas, a iniciativa apresenta-se como uma plataforma para criadores e associações artísticas, incentivando a produção local no âmbito das artes performativas. As produções escolhidas devem ser apresentadas em 2021 e 2022.

Vão ser levados a palco em auditórios do Centro Cultural uma criação para bebés proposta pela coreógrafa Choi Weng Teng e pela produtora CK Chan, uma produção dramática encenada por Harry Ng, bem como uma peça que será levada a cena pelo grupo de Dança Teatro MW, dirigido por Tracy Wong e Mao Wei. O grupo de trabalhos seleccionados inclui ainda um musical concebido por Mok Keng Fong, EK Wong, Annette Ng e Mabina Choi.

O regulamento do concurso definia que pelo menos metade dos membros criativos da produção deveriam ser residentes locais, e que os espectáculos deviam ter entre 60 e 120 minutos. Os serviços de apoio disponibilizados pelo Centro Cultural abrangem custos de produção até 490 mil patacas. As propostas foram submetidas no início do Verão, e a decisão final aprovada por um painel de júris.

O objectivo da iniciativa passa por “enriquecer o panorama cultural com trabalhos que exalem vitalidade e relevância tanto para a sociedade como os tempos em que vivemos, providenciando oportunidades de desenvolvimento artístico para as companhias e artistas locais”, a par da oferta de novos produtos culturais.

Dar vida aos espaços

O musical que se encontra entre as propostas seleccionadas fala de personagens que vivem no Ikea. O guião é sobre quatro pessoas que estão em áreas diferentes, e aborda “como vivem as suas vidas, que problemas enfrentaram, e como se encontraram e decidiram viver secretamente em conjunto no Ikea”, explicou Annette Ng ao HM, apontando que o guião deve ficar completo no final do ano.

A falta de dinheiro da população para comprar uma casa, e a reacção das pessoas às zonas de exposição na loja do Ikea, que exemplifica como se pode decorar os espaços, estiveram na origem da ideia.

Nomeadamente por haver quem fique nas áreas de exposição das divisões das casas, aí se sente e durma.
“Penso que o público de Macau está mais interessado na produção musical (comparativamente à dança contemporânea ou espectáculo dramático) porque é muito mais divertido, com música, dança e um enredo agradável”, respondeu a coreógrafa.

O grupo de teatro de dança MW foca-se na geração que se encontra entre os 25 e os 35 anos, e como enfrentar as dificuldades que surgem numa altura caracterizada tanto por força como fragilidade. Tracy Wong descreveu que se por um lado este intervalo de idades é uma “época dourada” em que tanto o corpo como a mente estão a ficar maduros, por outro lado surgem várias responsabilidades. “Enfrentam-se muitos problemas e é preciso fazer escolhas”, apontou a produtora.

O espectáculo inclui nove dançarinos e um músico. Tracy Wong, que vai coreografar e também dançar, explicou que o estilo escolhido para a música ao vivo foi rock porque a sua energia “é muito adequada” para a mensagem que se quer transmitir, que ainda assim aponta como sendo positiva.

20 Out 2020

IC | MAM expõe trabalho de pintores que evocaram Macau nas suas obras 

Foi ontem inaugurada, no Museu de Arte de Macau, a exposição “Deambulações pela Paisagem: Colecção do Museu de Arte de Macau”. O público poderá ver várias obras de artistas que retrataram o território através da sua pintura até Agosto de 2021

 

[dropcap]C[/dropcap]onhecer a forma como Macau foi retratada na pintura de vários autores ao longo do tempo é o que propõe o Museu de Arte de Macau (MAM) na sua mais recente exposição. “Deambulações pela Paisagem: Colecção do Museu de Arte de Macau” é o nome da mostra que estará patente até Agosto de 2021 e que reúne “as pegadas artísticas deixadas em Macau por artistas de diferentes períodos e regiões”, revelando “as paisagens históricas da cidade entre os séculos XVII e XXI”. Para o Instituto Cultural (IC), será possível aos visitantes ter “uma visão geral de criações artísticas subordinadas ao tema de Macau nas eras moderna e contemporânea”.

A exposição é composta por três secções, sendo a primeira subordinada ao tema “Imagens Topográficas: Gravuras dos Séculos XVII a XIX”. Tratam-se de gravuras produzidas com base em imagens topográficas originais, mostrando as paisagens de Macau através destes “registos fiéis”.

A secção número dois intitula-se “A Sombra de Chinnery: o Artista, os seus Companheiros e Discípulos” e apresenta obras de George Chinnery, considerado o pintor ocidental mais influente do Sul da China durante o século XIX.

Podem também ser vistas obras dos amigos de Chinnery que viveram em Macau, como Thomas Watson, William Prinsep e Auguste Borget, bem como do seu discípulo de Macau, Marciano Baptista. Estas obras servem como um registo das suas memórias da cidade e da sua preciosa amizade, descreve o IC.

A secção número três dá pelo nome de “Traços de Arte Moderna: Trabalhos dos séculos XX a XXI” e apresenta obras de 12 artistas da Europa, Estados Unidos, Japão, Hong Kong e Guangdong. São trabalhos que “oferecem perspectivas mais diversas na sua representação de Macau”. Um total de 160 obras de arte estarão expostas.

Concertos e workshops

Além da exposição, o MAM associa-se à Orquestra Chinesa de Macau (OCHM) na apresentação de um concerto integrado no ciclo “Concertos em Museus” da Orquestra, a ter lugar sábado, dia 24 de Outubro, pelas 16h.

Além disso, os artistas Ung Vai Meng, ex-presidente do IC, e James Wong vão dar workshops de desenho e de pintura em prato de porcelana a todos aqueles que são “Amigos do MAM”, além de estarem programadas também visitas guiadas. Estas iniciativas decorrem a partir do final deste mês e estão sujeitas a inscrição, com vagas limitadas.

19 Out 2020