Saúde | IPOR lança livro trilingue em parceria com associações

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]já esta quinta-feira que será lançado, no Instituto Português do Oriente (IPOR), o livro “Guia Lexical Trilingue para a Saúde”. Trata-se de um projecto lançado pela instituição de ensino do português em parceria com a Associação dos Médicos de Língua Portuguesa e a Associação de Cardiologia de Macau.
Em comunicado, o IPOR explica que o livro visa assinalar o Dia do Coração, tendo a obra um total de 5,700 entradas apresentadas em português, chinês e inglês. A língua portuguesa é o idioma de partida.
“Desenvolvido ao longo de um ano e meio, a sua elaboração contou, para além da equipa de coordenação do projecto no IPOR, com os contributos de vasto um conjunto de profissionais da área da saúde, tradutores e também cidadãos, enquanto utilizadores desses serviços, seguindo a dupla perspectiva pela qual se orientaram os trabalhos do Guia”, explica o mesmo comunicado.
O objectivo é que a obra seja lida pelo paciente comum mas também que constitua “uma ferramenta de apoio para estudantes de ciências médicas e, sobretudo, para os profissionais de saúde que diariamente operem em contexto multilingue envolvendo o português, o chinês e mesmo o inglês”.
Com vinte capítulos que abrangem as mais diversas áreas da medicina, o livro faz a “identificação das situações comunicativas mais correntes e frequentes na interacção paciente-médico, bem como do léxico essencial de suporte a essa comunicação ao nível do corpo humano, das doenças mais comuns, dos exames médicos mais utilizados no diagnóstico e dos equipamentos e especialidades médicas que lhes estão associados”.
Com esta obra, o IPOR afirmar ajudar a desenvolver a relação entre o português e o chinês, bem como a promover “a internacionalização da língua portuguesa e a sua afirmação em vários domínios de actividade”.

27 Set 2016

LMA | Um mês com música para todos os gostos

Vêm da Suécia, Canadá, Pequim ou Japão para preencher um cartaz “abrangente” e darem muita música na LMA. A integração do jazz já é um facto e foi ainda anunciada a intenção de iniciar acções de formação na área do som

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Queremos fazer um especial épico este mês”, são as palavras de Vincent Cheong ao HM ao apresentar o cartaz do “Live in October” da Live Music Association (LMA), que quer trazer a Macau mais música e de todo o lado. A diversidade, que vai ocupar o palco do 11º andar do edifício industrial da Av. Coronel Mesquita, é uma “oportunidade para dar a escolher ao público o que quer ver e ouvir”, avança o responsável pelo espaço e homem de vários ofícios ligados à arte do território.
O cartaz abre com o violino de Jaron Freeman, que vem do Canadá, acompanhado por The Opposite of Everything. O dia seguinte é dedicado ao rock japonês e em dose dupla. São os nipónicos Buddhagetta e Touch My Secret. O Japão volta a marcar presença a 21 de Outubro com a música electrónica que leva ao palco Based on Kyoto.
A cena rock de Pequim estará presente no dia seguinte com os Elenore e o seu brit rock. 26 de Outubro é serão de jazz com os suecos Music Music Music e a trazer sons argentinos estarão os norte americanos Cuarteto Tanguero, que prometem uma noite de tango. O mês de música do LMA termina a 29, desta feita com sonoridades do punk electrónico de Pequim pelos Future Orients.

Internacionalizar por aí

A aposta é no sentido de trazer à RAEM mais nomes internacionais. A tarefa não é fácil, mas a LMA está empenhada em concretizar esta missão e Outubro é um ensaio dessa possibilidade. “É um mês em que há muitos festivais, tanto na China Continental como em Taiwan, e nós estamos atentos às bandas que os integram para depois fazermos a nossa proposta para que venham à RAEM”.
Esta é uma forma que facilita, tanto em custos como em logística, a vinda de mais diversidade musical ao território e é uma aposta que Vincent Cheong pretende ganhar. “É bom para todos”, afirma, “porque os músicos também gostam de tocar o mais possível e dar-se a conhecer a outras plateias e, desta forma, é também uma oportunidade de trazer ao público de Macau mais música independente e reconhecida”.

Sons da terra por confirmar

Os músicos da terra não são esquecidos, no entanto ainda não há confirmações. A ideia é que ocupem o palco com o preenchimento de “primeiras partes” dos espectáculos ou com os sons que seguem os concertos e tomem conta da mesa de mistura enquanto DJs. Vincent Cheong refere que a composição do cartaz prevê essa integração “e neste momento só faltam as confirmações porque esta é uma oportunidade para os locais partilharem o palco com nomes internacionais”.
Por outro lado, tendo em conta o panorama actual do que se faz por cá, o responsável pelo LMA considera que esta é uma oportunidade de concretizar uma necessidade, a de “abrir mentes na música da terra, porque é necessário que exista uma maior abertura das bandas locais ao que se faz nos outros sítios e mesmo na cena musical em si”, afirma.

Jazz à porta

Rock punk, electrónica ou música experimental são já géneros que quem frequenta o LMA tem em mente quando olha para um cartaz da casa. Mas o espaço dedicado à música ao vivo não se quer ficar por aí e o jazz é agora uma das prioridades para compor os programas futuros e que começa já a partir de Outubro. “Trazendo jazz achamos que podemos chegar a um outro tipo de audiência”, justifica o programador enquanto adianta que o concerto agendado dos suecos Music Music Music é o pontapé para uma presença mais assídua deste género musical e nada como a presença de “uma banda muito reconhecida” para selar mais uma etapa.
Mas para o futuro não se projecta apenas a continuidade de “meses épicos”. A Associação pretende dar início a uma componente formativa com a realização de workshops. A prioridade no momento está em oficinas de “engenharia de som”. Para Vincent Cheong os profissionais da área não são suficientes em Macau, “muitas vezes quando são necessários técnicos de som para os espectáculo, os que existem já estão ocupados pelo que é fundamental a formação de mais profissionais para que estejam as pessoas certas a fazer o som certo”. Por outro lado, o responsável pela LMA considera que há muitos interessados em aprofundar conhecimentos no que respeita à componente técnico da música e da sua engenharia, mas depois “não há nada no que respeita à formação”.
As portas da casa abrem às 21h30 e os bilhetes têm o valor de 120 patacas, com excepção do espectáculo de dia 29, que por ser duplo, terá o custo de 150 patacas.

26 Set 2016

Pianista de Macau toca com Orquestra Filarmónica da China

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) vai contar com a participação do jovem pianista de Macau Kuok-Wai Lio. Em colaboração com a Orquestra Filarmónica da China, o residente vai interpretar, “com o seu emotivo estilo musical e técnica exímia”, o Concerto para Piano e Orquestra n.º 20 em Ré Menor, K. 466 de W. A. Mozart, de acordo com o Instituto Cultural (IC). O concerto realiza-se no dia 7 de Outubro, pelas 20h00 no Centro Cultural de Macau.
O pianista Kuok-Wai Lio nasceu em Macau em 1989, tendo iniciado os estudos de piano aos cinco anos de idade. Aos oito venceu o Prémio IC. Em 2005, foi distinguido com o 1º Prémio e com o Prémio Especial no âmbito do 6º Concurso Internacional de Piano Chopin da Ásia, em Tóquio, no Japão, vencendo ainda, em 2007, o 1º Prémio no Concurso Internacional de Concerto para Pianistas Fullbright, nos EUA. Aos poucos Kuok-Wai Lio tem vindo a afirmar-se na cena musical, tendo tido múltiplos sucessos internacionais no âmbito de vários concursos de piano.

Fusão musical

A Orquestra Filarmónica da China vai estar sobre a ordens do maestro Li Xincao e interpreta um repertório de fusão entre a Ópera de Pequim, a música clássica austro-alemã e a nova música tradicional da Hungria. Vários temas serão tocados, incluindo o prelúdio sinfónico de Qigang Chen, “Instants d’un Opéra de Pékin”, “que constitui uma extraordinária fusão entre Oriente e Ocidente, entrelaçando a música da Ópera de Pequim e a música sinfónica ocidental”, como indica a organização. “Um concerto diversificado que apresentará ao público uma elegante experiência musical e estilos musicais variados”, garante o IC.
No dia 18 de Outubro é a vez de “Num Jardim Italiano – L’Accademia d’Amore por Les Arts Florissants”, um “concerto altamente aguardado” no âmbito do qual o maestro e cravista internacional William Christie irá dirigir o ensemble Les Arts Florissants e Le Jardin des Voix “para fazer renascer o mundo da música italiana antiga. O espectáculo está marcado para as 20h00 no CCM. Os bilhetes estão já disponíveis.

23 Set 2016

Cidade Criativa | Charles Landry dá palestra em Macau Espaço com imaginação O final de Outubro traz a Macau o responsável pela criação do conceito de “cidade criativa”. Um espaço que confere a possibilidade de concepção do tecido urbano por aqueles que o habitam de uma forma sustentável e com recurso à imaginação Porque a sustentabilidade urbana exige criatividade, a próxima edição deste ano das “Palestras de Mestres de Cultura” traz a Macau o britânico Charles Landry, considerado um referência internacional em desenvolvimento urbano e “pai do conceito de cidade criativa”. Landry vai orientar a conversa “Macau: O Efeito Catalisador da Ambição e da Criatividade no Desenvolvimento Urbano Sustentável” , momento em que vai expor casos bem sucedidos de cidades culturais espalhadas um pouco por todo o mundo enquanto exemplo de “cidades criativas”. Para a construção e efectivação do conceito é “fundamental a ambição e a criatividade, a somar aos eventos culturais”, segundo o autor, que considera estes factores necessários à evolução urbana. Landry abre novas perspectivas para todos os interessados no estabelecimento de uma cidade criativa, viva e habitável. Uma nova concepção Charles Landry é uma “autoridade internacionalmente reconhecida no que diz respeito à aplicação da imaginação e criatividade no desenvolvimento urbano”, como afirma um comunicado do Instituto Cultural, que apresenta o orador. Nos finais da década de 1980, Landry renovou o conceito de “Cidade Criativa” a propósito da capacidade de uma cidade gerar condições que permitam às pessoas e organizações pensar, planear e agir com imaginação na resolução de problemas e na criação de oportunidades. Esta ideia, que se transformou num movimento global, levou a uma mudança na forma das cidades pensarem as capacidades e recursos urbanos. O autor tem trabalhado e proferido palestras em mais de 60 países, ajudando a mudar a forma de avaliar e aproveitar as possibilidades de reinventar as cidades. A sua “Tabela da Cidade Criativa” é um instrumento importante para aferir o ecossistema criativo de cada lugar. Das obras que publicou fazem parte títulos como “The Creative City: A Toolkit for Urban Innovators” ou “The Digitized City”. A “Palestra de Mestres de Cultura” deste ano terá lugar no dia 30 de Outubro pelas 15h00 horas, no Salão de Convenções do Centro de Ciência de Macau. O evento conta com entrada livre mas os interessados deverão proceder à sua inscrição. Sofia Mota sofiamota.hojemacau@gmail.com

O final de Outubro traz a Macau o responsável pela criação do conceito de “cidade criativa”. Um espaço que confere a possibilidade de concepção do tecido urbano por aqueles que o habitam de uma forma sustentável e com recurso à imaginação

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]orque a sustentabilidade urbana exige criatividade, a próxima edição deste ano das “Palestras de Mestres de Cultura” traz a Macau o britânico Charles Landry, considerado um referência internacional em desenvolvimento urbano e “pai do conceito de cidade criativa”.
Landry vai orientar a conversa “Macau: O Efeito Catalisador da Ambição e da Criatividade no Desenvolvimento Urbano Sustentável” , momento em que vai expor casos bem sucedidos de cidades culturais espalhadas um pouco por todo o mundo enquanto exemplo de “cidades criativas”. Para a construção e efectivação do conceito é “fundamental a ambição e a criatividade, a somar aos eventos culturais”, segundo o autor, que considera estes factores necessários à evolução urbana. Landry abre novas perspectivas para todos os interessados no estabelecimento de uma cidade criativa, viva e habitável.
Charles Landry é uma “autoridade internacionalmente reconhecida no que diz respeito à aplicação da imaginação e criatividade no desenvolvimento urbano”, como afirma um comunicado do Instituto Cultural, que apresenta o orador.
Nos finais da década de 1980, Landry renovou o conceito de “Cidade Criativa” a propósito da capacidade de uma cidade gerar condições que permitam às pessoas e organizações pensar, planear e agir com imaginação na resolução de problemas e na criação de oportunidades. Esta ideia, que se transformou num movimento global, levou a uma mudança na forma das cidades pensarem as capacidades e recursos urbanos.
O autor tem trabalhado e proferido palestras em mais de 60 países, ajudando a mudar a forma de avaliar e aproveitar as possibilidades de reinventar as cidades. A sua “Tabela da Cidade Criativa” é um instrumento importante para aferir o ecossistema criativo de cada lugar. Das obras que publicou fazem parte títulos como “The Creative City: A Toolkit for Urban Innovators” ou “The Digitized City”.
A “Palestra de Mestres de Cultura” deste ano terá lugar no dia 30 de Outubro pelas 15h00 horas, no Salão de Convenções do Centro de Ciência de Macau. O evento conta com entrada livre mas os interessados deverão proceder à sua inscrição.

23 Set 2016

Mais apoios para o Fórum do Livro de Macau

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]em mil patacas acrescem aos apoios para que os objectivos do Fórum do Livro de Macau em Lisboa sejam atingidos. A “ajuda” vem por parte da Santa Casa da Misericórdia de Macau e foi dada a conhecer por carta à associação promotora do evento, a “Amigos do Livro”. Segundo a associação este é um apoio que “vem contribuir, largamente, para a concretização do orçamento necessário à realização do Fórum do Livro de Macau em Lisboa”.
O argumento que sustenta este apoio é explicado, e prende-se com o facto da Santa Casa assumir “a sua matriz cultural essencialmente portuguesa”, por um lado e por outro porque “não se trata de uma associação recém-criada” mas sim de uma entidade que tem dedicado mais de 30 anos à produção da “maior parte das edições de renome sobre a história, cronologia, cultura e iconografia de Macau, em Português, Chinês e Inglês.”
As cem mil patacas anunciadas juntam-se às 119 mil cedidas pelo Instituto Cultural e que ficaram muito aquém das necessidades essenciais para a produção do Fórum. A Associação Amigos do Livro aguarda ainda a resposta do apoio pedido a uma outra instituição de modo a garantir o orçamento indispensável.

23 Set 2016

Centro de Design de Macau participa em Expo na China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro de Design de Macau (CDM), incubadora de empresas e exposições localizado na Areia Preta e dirigido pelo artista local James Chu, vai participar na Expo das Indústrias China, Japão e Coreia 2016, a qual vai decorrer no Centro de Convenções e Exposições de Shandong-Taiwan, na cidade de Shandong, na China.
O evento começa já na próxima segunda-feira, dia 23, e termina dois dias depois, sendo seu objectivo “promover uma zona de comércio livre entre a China, Japão e Coreia”, bem como “uma cooperação entre os três países”, afirma um comunicado divulgado pelo CDM.
A Expo de Shandong quer ainda “criar uma plataforma de cooperação regional única e inovadora, com vários recursos e políticas”. Esta vai ainda “servir como incubadora de um comércio mais cómodo e trocas ao nível dos investimentos, tecnologia e trocas culturais.”
O CDM vai não só apresentar produtos de design locais mas também vários vídeos de animação, projectos de banda desenhada e mostras em 3D. Sendo a “primeira plataforma a promover Macau enquanto local de desenvolvimento do design”, o CDM visa, com esta participação, “dar a conhecer o desenvolvimento do sector do design de Macau e os negócios das companhias locais de design, por forma a encontrar novas oportunidades de cooperação com parceiros regionais e globais.” Pretende-se ainda que os designers locais possam “expandir os seus negócios para outros mercados”.
Esta não é a primeira vez que o projecto pensado por James Chu busca parcerias internacionais. “No ano passado o CDM cooperou com diversas organizações da China, Hong Kong, Taiwan, Japão, Holanda e países de língua portuguesa, com vista a estabelecer uma rede de contactos para as empresas locais de design”, referiu a entidade no mesmo comunicado.

22 Set 2016

Exposição | Português mostra “Ilha Verde” em Hong Kong

Materiais de construção, desenhos e fotografias acerca do conceito de ilha verde. Uma ideia entre Macau e Hong Kong, que reflecte um conjunto de contradições que remetem para o paradoxo da construção desenfreada e de uma natureza abandonada, dá o mote para a exposição “Green Island” de João Vasco Paiva. Inaugura hoje na RAEHK

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma imersão na paisagem urbana enquanto arranque para a desconstrução de ambivalências é o ponto de partida para a exposição a solo que inaugura hoje na Galeria Edouard Malingue, em Hong Kong. Do criador português João Vasco Paiva, a mostra pretende ser uma apresentação dos últimos trabalhos do artista que reflectem a dialéctica da relação entre espaço urbanizado e espaço natural, numa mistura de paisagens abandonadas e outras excessivamente construídas. joao-vasco-paiva_net
É nesta relação – entre a construção e destruição para um novo nascimento – que se baseia o nome da exposição. “Green Island” (Ilha Verde em Português) remete não só para um marca de cimento da vizinha Hong Kong que data do início do séc. XX, como para a zona norte de Macau, onde há um local com o mesmo nome. O autor parte da ironia das palavras relativamente aos objectos que representam e começa o processo criativo, tanto para a escolha de materiais a utilizar, como para a montagem de todo um discurso à volta do paradoxo urbano e da sua relação dialéctica.
Instalações que usam canalizações são eleitas como objectos esculturais a par de fusão entre plásticos e sacos de cimento. Para além da ligação óbvia ao nome da exposição, esta escolha quer alertar para a situação de cidades que crescem perto de fontes de água, com é o caso de RAEHK e da RAEM, sendo abordado o “equilíbrio delicado entre os ciclos de criação e construção e o seu colapso”, explica a apresentação do evento.
O mais recente trabalho do criador luso integra ainda uma diversidade de meios para atingir da melhor forma os fins a que se propõe. O recurso à interactividade é conseguido através da criação de uma superfície de areia que convida à participação física dos visitantes no contexto expositivo.
Uma série de colagens vai ser mostrada sob o nome “Estudos para uma possível ilha verde” e do seu conteúdo fazem parte uma série de imagens fotográficas que combinam diferentes pontos geográficos, essencialmente da ilha de Lamma, local onde o artista reside, e de pontos dispersos por onde tem viajado.
Desenhos técnicos que explicam a construção em Hong Kong, esculturas e diversas instalações são também mote de reflexão, tanto para o autor como para o público.
Em última análise, “Ilha Verde”, como descrito pelo próprio João Vasco Paiva, “apresenta-se como uma ruína dos dias de hoje, uma paisagem pós-humana, onde as suas características são objectos que carregam em si os traços de humanidade – a humanidade como um componente e factor de tempo “.
João Vasco Paiva nasceu em Coimbra em 1979. Com formação superior nas Belas Artes adquirida no Porto, vive desde 2006 em Hong Kong, onde tem desenvolvido grande parte do seu trabalho e integra já a cena emergente de talentos da região vizinha.

22 Set 2016

Literatura | Lisboa recebe Fórum do Livro de Macau

A capital portuguesa vai receber nove dias de literatura de Macau em Língua Portuguesa. O Fórum do Livro de Macau vai levar obras da terra, lançar livros e promover a literatura da RAEM em Lisboa, numa iniciativa da Associação Amigos do Livro, de Rogério Beltrão Coelho

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] “a maior acção de promoção de literatura nascida em Macau nos últimos trinta anos” e tem data marcada de 24 de Outubro a 3 de Novembro, em Lisboa. É o Fórum do Livro de Macau, uma iniciativa da Associação Amigos do Livro, liderada por Rogério Beltrão Coelho, e que pretende ser uma grande feira do livro com obras do território. Um evento “com todos os livros de Macau e sobre Macau em Língua Portuguesa”, afirmou o jornalista numa conferência de imprensa que apresentou ontem o evento e que decorreu na Fundação Rui Cunha.
O acontecimento foi dado a conhecer passo a passo e apresenta uma programação eclética e recheada numa iniciativa que, “em Portugal teve todo o apoio mas que em Macau sofreu de diversas dificuldades”, como afirma Beltrão Coelho.
Se, na terra de Camões, os espaços foram cedidos gratuitamente e as portas se abriram, em Macau o orçamento ficou aquém do solicitado, o que “põe em causa” alguns dos objectivos do evento, nomeadamente o transporte de livros para Lisboa.
O apoio solicitado ao Instituto Cultural (IC) foi de cerca de 400 mil patacas que se concretizaram em 119 mil. A ideia era “apenas cobrir as despesas de deslocação e alojamento de oito pessoas, o lançamento dos três livros que está agendado durante o evento e o transporte dos livros que faltassem”. No entanto, esta baixa nos apoios, apesar de pôr em causa a chegada de alguns títulos, não condicionou aqueles que vão ser lançados, nem que seja “por teimosia” de Rogério Beltrão Coelho.
Quanto às obras que deveriam estar a caminho, “levam-se na mala as que couberem”. No entanto, o presidente da Associação Amigos do Livro lamenta que o IC não tenha colaborado, visto ser a entidade competente para o fazer. Mas, diz, estando a obra feita poderá estar o caminho aberto para que no futuro se recorra a outro tipo de apoios. O objectivo é fazer com que este evento venha a ser regular e anual.
Com uma programação abrangente, que se divide entre palestras e apresentações em diferentes espaços – dos quais se destacam a Delegação Económica e Comercial de Macau, o Centro Científico e Cultural de Macau, o Clube Militar Naval, a Fundação Casa de Macau, o Museu do Oriente e a Biblioteca Nacional de Portugal, o evento integra o lançamento de três livros.
“Espíritos”, de Shee Va, é apresentado a 25 de Outubro por Beatriz Bastos da Silva. “Macau Histórico e Cultural”, do historiador António Aresta, é dado a conhecer no dia seguinte no Museu do Oriente e o mais recente livro de Carlos Morais José, “Arquivo das Confissões | Bernardo Vasques e a Inveja”, é apresentado por Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões, na Delegação Económica e Comercial de Macau, a 31 de Outubro.

Escrito em Chinês

De modo a seguir o princípio de levar o que é escrito em Macau, o Fórum do livro leva a Lisboa a sugestão de obras escritas em Chinês criadas por autores contemporâneos e modernos do território. Para o efeito, o evento conta com a presença da académica Han Lili, para que sejam dados os passos essenciais.
“Primeiro é necessário fazer um levantamento da literatura de Macau escrita em Chinês, depois é necessária a sua leitura e ter uma opinião acerca do seu valor “, afirma Beltrão Coelho, “para que depois seja suscitado o interesse de editoras que os queiram vir a publicar em Português”.
Beltrão Coelho relembra ainda a necessidade de um “fundo de tradução” e diz que Macau deveria ocupar o lugar para que está talhado: corresponder a um centro, por excelência, de tradução de Chinês para Português. Mas tal só é possível, e à semelhança do que já existiu em tempos idos, caso exista um fundo de tradução para que as obras possam ser passadas de língua para língua. “Deveria existir uma verba para isso”, reafirma o jornalista e editor, porque “não faz sentido que tal não exista numa terra como esta”.
O evento contará ainda com uma extensão em Coimbra a 5 e 6 de Outubro dirigida à área do Direito.

21 Set 2016

Macau Original Melodies apoia nova causa solidária

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]elo terceiro ano consecutivo vai ser lançado o álbum “Macau Original Melodies” que conta com a participação de cantores locais e cujos lucros das vendas revertem para a Associação de Síndrome de Down de Macau. Esta iniciativa é financiada pela Fundação Macau, pelo Gabinete dos Assuntos Sociais e Cultura e é produzido pelo músico Hyper Lo e pela SP Entertainment.
A cerimónia de lançamento é no dia 24, às 17h00, no Centro de Convenções e Entretenimento da Torre de Macau.
Artistas como David Chan, Anabela Ieong, Fanny Cheong, Hyper Lo, Cherry Ho, AJ, Josie Ho e José Rodrigues aceitaram dar as mãos para participarem na gravação do álbum. Esta iniciativa que acontece pelo terceiro ano consecutivo já atingiu um importante patamar de reconhecimento pelo impacto social na área dos grupos menos privilegiados.
“Este ano, o grupo continua a espalhar amor e carinho, não se limitando à composição de temas para ajudar a Associação de Síndrome de Down de Macau, mas também dando a oportunidade aos membros da referida Associação de mostrar os seus talentos de diversas maneiras. Como? Convidando os utentes a cantarem um dos dez temas que incluem o disco.”
Os lucros vão reverter para a Associação e o cd estará à venda em lojas locais e de Hong Kong e plataformas de música online.

20 Set 2016

Cinema | Festival Ying E Chi arranca já quinta-feira

Dos filmes locais aos de Hong Kong e passando pelo Japão, são diversas as películas trazidas este ano pelo Festival de Cinema de Macau Ying E Chi. A mostra arranca na quinta-feira na Cinemateca Paixão

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rranca na quinta-feira o Festival de Cinema de Macau Ying E Chi. Da mostra de filmes, aos workshops e conversas, a organização promete mais de uma semana dedicada inteiramente à Sétima Arte na Cinemateca Paixão.
O Festival começa com “The Kids Project”, um filme inserido na categoria Macau Indie Power e realizado por Io Lou Ian. A película da residente local versa sobre o costume de ver as crianças no infantário a seguir ordens de adulto e questiona: então e o que sentem os mais pequeninos? E se pudessem falar por eles? Io Lou Ian traz, então, ao ecrã Ted, um novo professor de Arte que se vê dividido entre o que o reitor da escola quer e o que os alunos sentem.
Licenciada no Instituto Politécnico de Macau, a realizadora já fez três filmes – “The Last Happiness”, “Neighbour” e “Miss Mushroom”, tendo este último vencido o prémio do Júri no Festival Internacional de Filme e Vídeo de Macau em 2012. A sua última curta-metragem, “Give Music a Hug”, foi seleccionada pelo International Student Film Festival da Academia de Cinema de Pequim. the-kids
Seguem-se “Crash” e “Two Sides”, também de realizadores locais. O primeiro é realizado por Hong Heng Fai e retrata a vida de Cai, um homem que se depara com o desaparecimento da mãe, diagnosticada com Alzheimer. A procura começa, mas a mãe de Cai não aparece. Numa noite, a vida do jovem muda para sempre.
Hong Heng Fai foi o director do Horizons Theatre de Macau, estando envolvido na área das Artes já há mais de uma década. Licenciado pela Universidade de Taiwan em Publicidade, o realizador causou sensação com um projecto documental chamado “Rice for THe Dead”, em 2006, e fundou Day Day Studio, em 2014. O primeiro trabalho desta produtora fê-lo saltar para a ribalta, quando “Before Dawn” venceu o Rush48. “Caged”, “In Memory of Her” e “Crash” foram nomeados para o Festival Internacional de Filme e Vídeo de Macau. crash
Já “Two Sides” faz parte do currículo de Benz Wong. Também local, Wong escolhe retratar a melancolia sentida por um jovem que vê a sua avó falecer de um momento para o outro. Mike decide, então, partir à descoberta e escalar o Monte Evereste.
Benz Wong é um realizador freelancer que participou em diferentes produções no Nepal, Japão e Pequim. Conseguiu o prémio de ouro no One-Show Festival com o filme “Man VS Wild”.
“The Kids Project”, “Crash” e “Two Sides” podem ser vistos às 19h30 desta quinta-feira ou às 15h00 de dia 30 de Setembro, na Cinemateca Paixão.

Vizinhos do lado

Além de filmes locais “recomendados e premiados”, como indica a Ying E Chi, este ano o Festival vai buscar “as mais recentes longas-metragens” a Hong Kong. É assim que começa a série “Indie Vision” do Festival.
Tang e Gold são dois artistas forçados a mudar de estúdio para um local onde um amigo de profissão já se instalou antes. Aquilo que começa por ser um documentário à volta dos dilemas que os artistas têm de enfrentar diariamente transforma-se num drama, depois da descoberta de segredos e histórias mal contadas. É “Out of Frame”, de Wai-Lun Kwok, realizador que é também um dos fundadores do Ying E Chi, e que está marcado para as 15h00 desta sexta-feira. reunification
Segue-se, pelas 19h30, a obra de Alvin Tsang, realizador de Hong Kong radicado nos EUA. “Reunification” passa-se em 1982, quando os governos britânico e chinês começam as negociações sobre a transferência de Hong Kong e muitos decidem emigrar devido à insegurança que sentem para o futuro. A história acaba por ser mais do que um filme, já que a própria mãe e irmãos de Tsang emigram para Los Angeles, enquanto ele e o pai ficam em Hong Kong. Quando a família se reúne, as coisas mudaram. “Relações cheias de arrependimentos e traições mostram como foi a pressão sentida pelas famílias de Hong Kong, em termos políticos, económicos e emocionais.”
Esta é a primeira longa-metragem de Alvin Tsang, formado pela Universidade da Califórnia e a viver em Hollywood. Vencedor do IFVA Gold Award, no ano passado, “Reunification” assegura uma carga emocional pesada.

Cinco horas “felizes”

Para dia 25 está agendada apenas uma sessão: é “Happy Hour”, um filme de cinco horas realizado por Ryusuke Hamaguchi, japonês “jovem e talentoso”, como o caracteriza a organização. Nascido em 1978 em Kanagawa, Hamaguchi é formado pela Faculdade de Letras da Universidade de Tóquio. Depois de trabalhar como assistente de direcção de programas de televisão, tem vindo a ganhar reputação em festivais de cinema nacionais e internacionais, constantemente trabalhando em filmes como “The Depths” e “The Sound of Waves”.
Em “Happy Hour”, debruça-se sobre a história de quatro mulheres com a sua própria carreira e família, que são amigas próximas sem segredos umas das outras. Até que um dia, Jun conta um segredo escondido por muito tempo e as mudanças começam a ocorrer no relacionamento entre as mulheres, algo que fica ainda pior quando Jun desaparece.
“Depois de assistir a esse filme, vai sentir-se profundamente preocupado com os sentimentos [nele representados]. São 317 minutos de tensão e intensidade, mas que vão fazer com que se queixe de ser um filme tão curto”, promete o realizador. O filme começa às 15h00.

Isto aqui não é só filmes

A Ying E Chi é uma organização sem fins lucrativos de Hong Kong que existe desde 1997. Foi formada por um grupo de realizadores independentes cujo objectivo é não só promover o cinema, como permitir a inclusão dos cidadãos nesta arte. Surge, em 2010, a sede da associação em Macau e desde há dois anos que acontece o Festival de Cinema.
Este ano não vai ser excepção no que à ideia de aproximar público e realizadores diz respeito. Por isso mesmo, a Ying E Chi convida a masterclasses e conversas pós-visualização, com os realizadores de “The Kids Project” – dia 22 às 19h30 – e de “Out of Frame”, à mesma hora de dia 30. Mas há mais, ainda que estas actividades estejam apenas agendadas para o final de Outubro e início de Novembro.
Mary Stephen chega a Macau para uma aula de “edição criativa”. A editora sino-canadiana colaborou com o realizador francês Éric Rohmer. “É uma oportunidade de ouro para poder desenvolver o sentido de edição”, indica a organização. Jacques Tati é um dos realizadores sobre o qual se vai falar antes de Rohmer e da sua visão do clássico.
Os bilhetes para o Festival de Cinema Ying E Chi estão já à venda e custam entre as 50 e as 80 patacas, sendo possível comprar um passe para todos os dias por 200 patacas. Os bilhetes podem ser adquiridos em www.easyticket-mo.com ou à porta da Cinemateca Paixão, uma hora antes do filme.

20 Set 2016

Filmes | Cinemateca Paixão organiza palestra com Zheng Dawei

Quer saber qual o marketing necessário para vender o seu filme? A Cinemateca Paixão ajuda, com uma palestra proferida pelo Secretário-Geral da Associação da Indústria Cinematográfica de Guangdong já esta semana

[dropcap style≠’circle’]“M[/dropcap]arketing de Cinema: Como Vender a Sua Estória?” é o nome da palestra proferida pelo Secretário-Geral da Associação da Indústria Cinematográfica de Guangdong, Zheng Dawei, organizada pela Cinemateca Paixão. As inscrições já estão online e o vento realiza-se no dia 24, sábado, entre as 15h00 e as 17h00.
Durante a palestra, Zheng Dawei vai falar sobre o processo criativo de argumentos com base nos géneros cinematográficos e analisar elementos-chave de filmes comerciais considerados de grande sucesso. O responsável versa ainda sobre como apresentar a formulação dos pedidos de produção cinematográfica no interior da China, os procedimentos de selecção, análise, avaliação e aprovação de projectos cinematográficos, bem como os fundamentos do mecanismo de partilha das receitas da distribuição de filmes, entre outros.

Currículo com história

Zhen Dawei licenciou-se em Literatura Cinematográfica pelo Instituto de Investigação da Arte da Televisão e Cinema da Academia Nacional de Artes da China (Pequim) e, segundo o IC, possui uma ampla experiência profissional, tanto na linha de frente, como nos bastidores, tendo trabalhado no âmbito da indústria audiovisual ao longo de mais de três décadas na qualidade de produtor, produtor executivo, director e editor-chefe da Estação de Televisão de Guangdong.
Actualmente exerce o cargo de Secretário-Geral da Associação da Indústria Cinematográfica de Guangdong, membro da Comissão de Revisão da Administração de Imprensa e Publicação, Rádio, Cinema e Televisão da Província de Guangdong e da Censura de Produção Cinematográfica da Província de Guangdong. Foi também membro do júri de selecção de projectos cinematográficos de Macau para a Feira de Investimento na Produção Cinematográfica entre Guangdong-Hong Kong-Macau 2016.
Os interessados neste evento podem inscrever-se, gratuitamente, através do “Sistema de Inscrição de Actividades” do website do Instituto, existindo 60 lugares disponíveis.

19 Set 2016

Cinema | “Cartas da Guerra” escolhido para representar Portugal nos Óscares

O filme do realizador Ivo Ferreira sobre a experiência do escritor António Lobo Antunes na guerra colonial foi o escolhido pela Academia Portuguesa de Cinema para representar Portugal na nomeação dos Óscares de Hollywood. “Cartas da Guerra” vai também estar nos Prémios Goya, em Espanha

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]streou pela primeira vez numa sala de cinema de Macau, depois em Portugal e depois transpôs portas para o mundo. Agora está mais perto de Hollywood. Tem sido este o percurso feito pelo filme “Cartas da Guerra”, do realizador Ivo Ferreira, que acaba de ser escolhido pela Academia Portuguesa de Cinema para representar Portugal na nomeação dos Óscares da Academia Americana de Artes e Ciências Cinematográficas, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
Ao HM, Ivo Ferreira disse estar satisfeito com mais um reconhecimento de um filme que já é considerado uma das melhores películas portuguesas do ano. “Fico muito contente, é mais um reconhecimento. Espero que as pessoas comecem a ir mais vezes ao cinema. Esta escolha vem na sequência do que tem acontecido com todas as nomeações e espero que ajude a promover mais o cinema português. Foi um filme que começou com um processo difícil, é merecido para toda a equipa de técnica e artística. Valeu a pena continuarmos.”
Ao jornal Observador, Paulo Trancoso, presidente da Academia Portuguesa de Cinema, explicou que “Cartas da Guerra” acabou por ser o filme escolhido num universo de quatro. “Montanha”, de João Salaviza, “Cinzento e Negro”, de Luís Filipe Rocha e “Amor Impossível”, de António-Pedro Vasconcelos, também foram analisados pelos 250 membros da Academia. Resta agora aguardar as decisões da academia norte-americana de cinema.
Depois de ter sido finalista no prémio Urso de Ouro de Berlim, “Cartas da Guerra” vai também representar Portugal na categoria de Melhor Filme Ibero-Americano, nos Prémios Goya, da Academia Espanhola de Cinema.
“Cartas da Guerra” transpõe para o cinema a história de amor vivida pelo escritor António Lobo Antunes e a sua primeira mulher, Maria José, já falecida. As cartas trocadas durante o período em que Lobo Antunes esteve na guerra colonial, em Angola, foram transformadas no livro “D’este viver aqui neste papel descrito – Cartas da Guerra de António Lobo Antunes”. A organização das cartas esteve a cargo das filhas do casal.
Margarida Vila-Nova, esposa de Ivo Ferreira, desempenha o papel da esposa de Lobo Antunes. Nos restantes papéis estão Miguel Nunes, Ricardo Pereira, Tiago Aldeia, João Luís Arrais e Pedro Ferreira.

15 Set 2016

Livro | Tribo na Amazónia dá mote para obra de José Manuel Simões

“Deus Tupã” é o mais recente livro de José Manuel Simões. Uma história onde a ficção e a realidade se entrelaçam num misto de simbolismo e misticismo, que vem da vivência com uma tribo da Amazónia. Dois anos com os pitiguares culminam nesta obra, lançada no dia 22, às 18h30, no Consulado de Portugal

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Manuel Simões, professor na Universidade de São José, apresenta na próxima semana o seu oitavo livro, “Deus Tupã”. Uma história que mistura realidade e ficção ao longo de cerca de 200 páginas. Aqui podemos “encontrar a história do Brasil, de Portugal e do mundo”, como revela o autor ao HM.
O livro nasceu depois de, em 2001, José Manuel Simões ter vivido durante dois anos com uma tribo brasileira, os pitiguares. Já antes havia tentado uma aproximação com esta e outras tribos da Amazónia, mas as coisas não tinham resultado bem. Quis o destino mudar-lhe o rumo da história.
“O episódio que aconteceu de seguida mudou tudo, inclusivamente o rumo da minha vida”, conta. Quando andava a rodear a tribo, na tentativa de se aproximar, caiu uma avioneta naquela zona. Fui prestar auxílio aos dois ocupantes, que teriam morrido se não estivesse lá naquela altura. Depois deste episódio, os índios passaram a olhar-me de maneira diferente, como se eu fosse um mensageiro enviado por Deus.”
Foi então que José Manuel Simões decidiu pôr tudo para trás das costas e ir viver a “aventura da sua vida” no meio da selva, com os índios. Foi desta experiência que resultou o seu mais recente livro, “Deus Tupã”. “O nome surge porque é desta forma que a tribo dos pitiguares se referem a Deus, à entidade divina. Tupã quer dizer trovão e foi o Padre António Vieira que fez esta analogia, para lhes explicar a dimensão da divindade.”
Durante dois anos partilhou os seus dias com esta comunidade e garante que pouco mudou em 500 anos. Até à modernidade.
“Depois da chegada da televisão, pouco depois de eu lá estar, a vida mudou completamente”, explica o professor que viveu com lá numa altura em que o então Presidente do Brasil Lula Da Silva lançou os programas “fome zero” e “electricidade para todos”. Aí, o autor presenciou como é que a caixinha mágica pode influenciar a vida de uma comunidade. “Viam televisão e passaram a querer ter mais coisas: arroz, massa, sapatos e roupa. Mudaram mais em três anos que em 500 de existência.” O livro demorou cerca de um ano a escrever. “Neste momento já estou a acabar um outro livro, que irá sair no próximo ano”, indica ainda José Manuel Simões.

Outros caminhos

A apresentação de “Deus Tapuã” acontece na quinta-feira, dia 22, no Consulado Geral de Portugal em Macau, pelas 18h30. O académico escreveu várias biografias, entre elas uma que não foi autorizada pelo cantor espanhol Julio Iglésias.
“Falei com ele, fui ter com ele à sua casa em Miami e as coisas correram bem, mas não deu autorização para que eu publicasse a biografia, porque não queria assumir a paternidade de um rapaz que é a cara chapada dele”, indica, referindo-se a uma história antiga entre o cantor e uma bailarina portuguesa. Escreveu a biografia de David Byrne dos Talking Heads, de quem é fã. “Fiquei muito satisfeito porque soube que ele pediu para traduzirem o livro e sei que gostou.”
A biografia dos Delfins é outra da qual se orgulha, “porque acabou por criar com Miguel Ângelo uma relação muito próxima”, conclui.

14 Set 2016

CCM | “Visor do Cinema Asiático” chega a Macau em Outubro

Mais de uma dúzia de filmes de mais de uma dezena de países. O “Visor do Cinema Asiático” vai estar em Macau no mês que vem para mostrar histórias que chegam aos grandes ecrãs da China ao Afeganistão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]utubro é mês de filmes asiáticos. É o que promete o Centro Cultural de Macau (CCM), que traz ao território o festival “Visor do Cinema Asiático”. Mais de uma dezena de filmes de diversos países esperam por si, naquele que garante ser um evento para todos os públicos.
O “Visor do Cinema Asiático” decorre de 21 a 30 de Outubro e apresenta uma selecção de 13 filmes oriundos de mais de dez países, numa exibição que mostra “os mais recentes trabalhos produzidos na Ásia”. Esta edição explora temáticas ricas, das histórias “negras, enternecedoras e apaixonantes aos retratos mais emocionantes e controversos”.
A mostra inclui filmes como “Depois da Tempestade”, uma história que aborda os laços familiares num remake assinado pelo multipremiado realizador japonês Kore-eda Hirokazu. Segue-se o filme palestiniano “O Ídolo”, baseado na vida de Mohammad Assaf, um cantor de casamentos em Gaza que se tornou mundialmente conhecido depois de ter vencido o concurso “Ídolos” árabe em 2013. “Dheepan”, vencedor da Palma de Ouro do festival de Cannes 2015, um olhar sobre a vida de um grupo de refugiados cingaleses em França, e “O Lamento”, um filme de suspense aclamado pela crítica e aplaudido pelo público da edição do Festival de Cinema de Cannes deste ano, são duas das outras películas em exibição.

Documentários em dose dupla

Mas o Festival abre ainda espaço para a obra “Faces do Paquistão”, com uma dupla de documentários: “Uma Rapariga no Rio: O Preço do Perdão”, que chama a atenção para a crise de direitos humanos das mulheres paquistanesas, e “Canção de Lahore”, ambos realizados por Sharmeen Obaid-Chinoy, cineasta vencedora de dois Óscares, serão mostrados, sendo que haverá espaço para ‘visitas guiadas’ a alguns dos países mais fechados e difíceis de visitar do mundo.
“Debaixo do Sol, filmado na Coreia do Norte, e “Imagem a Imagem”, que transporta o público para o Afeganistão, são dois documentários que desvendam mistérios através de imagens captadas secretamente, assegura o CCM.
Mas nem só de filmes se faz um festival e, por isso, a 23 de Outubro está prevista uma tertúlia onde será debatida a forma como o cinema espelha a sociedade, “explorando e aprofundando os tópicos representados em quatro arrojados filmes incluídos no programa”, indica a organização.
Os bilhetes já estão disponíveis nas bilheteiras do CCM e na Rede Bilheteira de Macau a vários preços.

Os filmes

“Depois da Tempestade” (Kore-eda Hirokazu, Japão) – 21/10 às 19h30
“O Ídolo” (Hany Abu-Assad, Palestina) – 22/10 às 16h00
“Mustang”(Deniz Gamze Ergüven, Turquia, França, Alemanha) – 22/10 às 19h30
“An” (Kawase Naomi, Japão) – 23/10 às 16h00
“Debaixo do Sol” (Vitaly Mansky, Coreia do Norte, Rússia, Alemanha, República Checa, Letónia) – 23/10 às 19h30
“Tharlo” (Pema Tseden, China) – 26/10 às 19h30
“Tsukiji: Terra das Maravilhas (Naotaro Endo, Japão) 27/10 às 19h30
“Dheepan” (Jacques Audiard, França) – 28/10 às 19h30
“Faces do Paquistão” (Sharmeen Obaid-Chinoy, Paquistão e EUA) – 29/10 às 16h00
“Thanatos, Bêbado” (Chang Tso-Chi, Taiwan) – 29/10 às 19h30
“Imagem a Imagem” (Alexandria Bombach, Mo Scarpelli, Afeganistão) – 30/10 às 16h00
“O Lamento” (Na Hong-jin, Coreia) – 30/10 às 19h30

13 Set 2016

Fotografia | World Press Photo chega à Casa Garden no final do mês

Chega no final do mês à Casa Garden a exposição World Press Photo. O vencedor deste ano é um fotógrafo australiano, com uma imagem de refugiados, tema que marca grande presença nesta edição do concurso. Mas a China também fez as delícias das objectivas e um fotógrafo do continente venceu um segundo prémio

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m refugiado atravessa a fronteira da Sérvia com a Hungria, perto de Horgoš. É Agosto de 2015, dia 28. E, além do homem que carrega um bebé e de um grupo de pessoas que tentam atravessar a fronteira antes que esta feche, está também Warren Richardson. O fotógrafo capta o momento e a imagem vale o primeiro prémio do World Press Photo do ano de 2015.
Agora, a famosa fotografia chega a Macau, juntamente com as outras vencedoras, entre as quais se encontra também a de um fotógrafo chinês. Aquela que é a 59ª edição do concurso anual chega à Casa Garden a 30 de Setembro, numa organização da Casa de Portugal.
Richardson – que também ganhou o primeiro prémio na categoria de Notícias Locais – é fotógrafo freelancer, actualmente a residir em Budapeste, na Hungria. Ao júri da competição explicou como foi captada a imagem.
“Acampei com os refugiados durante cinco dias na fronteira. Chegou um grupo de cerca de 200 pessoas, que se instalaram debaixo de árvores ao longo da cerca. Enviaram em primeiro lugar mulheres e crianças, depois pais e homens mais velhos. Devo ter estado com eles cerca de cinco horas e jogámos ao gato e ao rato com a polícia toda a noite. Tirei a fotografia por volta das 3h00 da manhã e não podia usar flash para não atrair a polícia. Por isso, usei apenas a luz da lua.”
Para Francis Kohn, presidente do júri e director de fotografia da Agence France-Presse, foi o suficiente. “Assim que vimos esta fotografia percebemos logo que era importante. Tinha muito poder pela sua simplicidade, especialmente o simbolismo do arame farpado. Achámos que teria praticamente tudo para permitir uma imagem visual do que estaria a acontecer com os refugiados. Acho que é uma fotografia muito clássica e ao mesmo tempo intemporal. Retrata uma situação e a forma como foi captada é clássica no sentido mais lato do mundo.”
Já Zhang Lei captou uma nuvem de poluição sobre Tianjin, na China, em Dezembro do ano passado, quando a cidade esteve sob alerta vermelho e as escolas pararam de funcionar devido ao intenso fumo industrial. Zhang Lei venceu a categoria de “Contemporary Issues – Primeiro Prémio de Singulares”.
A China serviu ainda de tela para mais prémios. Com a lente virada para Shanxi, o canadiano Kevin Frayer venceu a Categoria de Daily Life, ao captar um homem idoso a empurrar um carrinho perto de uma fábrica de carvão.

Português premiado

Entre os premiados está também o português Mário Cruz, com a fotografia de um rapaz do Senegal que habita um colégio interno conhecido como os ‘daaras’. Aqui, as crianças são ensinadas a falar Árabe e sobre religião, mas as pobres condições fazem com que as crianças sejam muitas vezes prisioneiras, passem fome e vivam num local onde os seus direitos não são respeitados. Muitas vezes são traficadas. A fotografia de um jovem atrás das grades valeu ao português o primeiro prémio na Categoria de Histórias de Assuntos Contemporâneos.
Entre refugiados, o Estado Islâmico e temas mais suaves, como o desporto, o World Press Photo – a principal competição do mundo para fotógrafos de imprensa, fotojornalistas e fotógrafos documentais – atraiu 5.+775 fotógrafos de 128 países. No total, foram apresentadas a concurso 82.9151 imagens e o júri atribuiu prémios em oito categorias temáticas a 42 fotógrafos de 21 nacionalidades: Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Irão, Itália, Japão, México, Portugal, Rússia, Eslovénia, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Síria, Turquia e EUA.
As fotografias premiadas são apresentadas numa exposição que passa por mais de uma centena de cidades de mais de 45 países e regiões. É vista por mais de “3,5 milhões de pessoas em todo o mundo” e Macau não escapa ao percurso. De 30 de Setembro a 23 de Outubro, na Casa Garden, a exposição tem entrada livre.

12 Set 2016

Dj japonesa actua no Kam Pek e em evento de meditação

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] japonesa Yumii chega em dose dupla a Macau este final de semana. Directamente de Tóquio, e depois de ter passado recentemente no Festival Boom, em Portugal, a DJ vai agarrar-se aos pratos no bar Kam Pek e no YogaLoft Macau.
Primeiro num tom mais “festivo”, como indica a organização, Yumii vai pôr toda a gente a mexer nesta sexta-feira no bar Kam Pek. A DJ junta-se aos locais Hi-Tech Tribe e DJ Gordon para oferecer “música um pouco mais ritmada e festiva, mas com a mesma sensibilidade feminina e estética tribal/étnica”. Yumii apresenta-se com um estilo musical “profundo, meditativo e imbuído de deep electrónica”. Dependendo da atmosfera, a DJ assegura que pode mudar para funky lounge, deep house dance, tribal fusion e até uma “mistura imprevisível de ritmos animados”.

Acalmar o corpo

Meditação e relaxamento são as palavras de ordem do estúdio de Yoga dirigido por Rita Gonçalves durante o mês de Setembro e, para acalmar as festividades do dia anterior, Yumii apresenta-se no estúdio no Leal Senado. O Yoga Loft é, assim, palco do “primeiro concerto de música ambient/chill out” com Yoga do território já amanhã.
Pelas 17h00, os interessados têm a oportunidade de participar numa sessão de meditação “sentada e deitada”. Enquanto a professora e gerente do estúdio, Rita Gonçalves, guia os participantes com a sua voz, a DJ Yumii toca alguns sons iniciais, ficando depois o resto da sessão a seu cargo.
Os organizadores convidam os participantes a “deixar que a música os leve e que os sons da natureza pintem uma imagem na sua mente, ao mesmo tempo que a música liberta a alma”. Rita Gonçalves optou por uma sessão sem posturas de yoga, para que mais pessoas em Macau possam fazer parte desta experiência, que diz ser “muito especial”.
O evento tem lotação limitada e custa cem patacas, podendo as inscrições ser feitas através da página do Facebook do Yoga Loft. Yumii também é terapeuta de Reiki e está disponível este domingo para fazer tratamentos ao custo de 350 patacas, no mesmo local.
Agora em Macau para terminar a tourneé do Verão, Yumiko Watanabe já esteve em diversos festivais de música de dança alternativa, como “Boom” (Portugal), “Universo Parallelo” (Brasil), “Transahara” (Marrocos)”, “Psy-Fi ”(Holanda) ou “The Experience Festival” (Tailândia), mas também colabora com vários professores de yoga em contextos mais íntimos, criando bandas sonoras para aulas desta modalidade. Os residentes de Macau Rita Gonçalves e Ryoma Ochiai são os organizadores das duas iniciativas. O Kam Pek abre às 23h30 e a festa tem entrada livre.

9 Set 2016

Kino|Festival de cinema alemão estreia em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] melhor do cinema alemão vai animar a Cinemateca Paixão. É o KINO, que se estreia em Macau com cartaz de luxo entre 8 e 16 de Outubro. Wim Wenders é o realizador de destaque e Doris Dörrie vai marcar presença e estar em conversa com o público.
Do programa, que conta com a organização da Associação Audiovisual CUT e do Instituto Goethe de Hong Kong, constam oito sessões que integram sete películas e uma maratona de curtas-metragens.
O ecrã abre no dia 8 de Outubro com uma palestra que conta com o crítico de cinema local Leong I On, à qual se seguirá a projecção de “Babai” de Visar Morina. O evento começa as 15h00 e o filme às 16h30.
Do programa destacam-se as exibições de “Paris, Texas” e “Asas do Desejo”, películas icónicas dos anos 80 que contam com a assinatura de Wim Wenders. O último é ainda o filme escolhido para fechar a primeira edição do KINO em Macau.
A passagem de Doris Dörrie pela edição local do KINO não se regista apenas no ecrã. Além da projecção de “Fukushima, Mon Amour”, a mais recente realização da cineasta, está agendada uma conversa com o público para que a autora do filme premiado possa partilhar experiências e responder a questões dos interessados. Theresa Von Eltz, Neele Leana Vollmar e Christian Schwochow são também nomes a ter em conta para a semana do cinema alemão com os filmes “4 Kings”, “The Pasta Detectives” e “Bornholmer Straße”, respectivamente.

Curtas para o fim

A programação termina a 16 de Outubro com a rubrica “Short Export 2016”, que integra dez curtas-metragens. A compilação pretende abordar não só os temas que marcam a actualidade como proceder à sua apresentação sob diferentes linguagens visuais. Do documentário à comédia, a exploração da diversidade das formas de ver os diferentes temas vão encher o ecrã.
Os bilhetes já estão à venda na Cinemateca Paixão, Livraria Pin-to ou através da Easyticket.

8 Set 2016

Macaense faz investigação sobre crioulo da terra

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]lisabela Larrea está a fazer um doutoramento sobre Comunicação Intercultural e que versa sobre a Identidade Macaense e o Patuá. Para a autora, esta recolha permite revelar muito da história deste crioulo que apareceu no século XVI e que está em risco.
Para reunir informação sobre este passado cultural, a macaense tem feito entrevistas e pesquisa sobre o assunto. O objectivo é reunir informação para que o Patuá não desapareça. A autora acredita que cabe também à sua geração desenvolver este trabalho de recolha e compilação, por se tratar da identidade cultural de um povo. O objectivo: deixar um legado escrito, para as gerações futuras.
A curiosidade despertou quando em 2007 Elisabela Larrea fez um documentário que se chama “Filhos da Terra” e que versa sobre a identidade de Macau. Depois disso, continuou a estudar o assunto e, como entretanto o Patuá foi classificado pela UNESCO como língua em risco de desaparecer, “uma coisa levou à outra”.

Defesa de identidade

“Acho que a minha geração também tem de ter responsabilidade de documentar e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que não deixemos o Patuá desaparecer. Claro que nunca será uma língua para ser falada no dia-a-dia, porque é muito difícil de aprender, mas pelo menos devemos recolher toda a informação possível, para que fique documentado. Já há poucos a falar este dialecto, por isso temos de ser rápidos.” Importante também é não só perceber o que pode a população em geral fazer, mas o que pode e deve o Governo fazer para evitar o desaparecimento definitivo deste pedacinho de identidade cultural, diz Elisabela Larrea, que afirma ter ideias muito precisas sobre várias possibilidades.
“Ceder um espaço ao teatro em Patuá, para que pudessem ter um sítio fixo para desenvolverem várias actividades, nomeadamente workshops de teatro. Uma peça por ano no Centro Cultural não chega para garantir a sobrevivência, é preciso mais”, diz, referindo-se ao grupo Dóci Papiaçam de Macau.
Defender o Patuá, na opinião de Elisabela Larrea “não é defender uma língua, é muito mais do que isso”.
“É uma maneira de ser, de estar. É a cultura, as raízes de um povo. É isto que dá a identidade cultural às pessoas, que lhe dá o sentimento de pertença e é isso que quero continuar a estudar e a documentar para que fique registado e nunca seja esquecido.”
O inquérito está a ser levado a cabo online, em www.zh.surveymonkey.com/r/teatropatua. Os resultados deverão ser conhecidos para o próximo ano.

8 Set 2016

Yao Jingming | Nova obra sobre intercâmbio literário entre Portugal e China

O mais recente livro de Yao Jingming, em Chinês, aborda a “História dos intercâmbios literários entre a China e Portugal”. Estão lá os primeiros portugueses, escritores ou missionários, que escreveram sobre a China e as suas gentes

[dropcap style≠’circle’]Y[/dropcap]ao Jingming despiu a pele de poeta, tradutor e professor universitário para contar a história dos autores portugueses que, ao longo de 500 anos, escreveram sobre a China. Em a “História dos intercâmbios literários entre a China e Portugal” cabem os relatos de viagens e também os escritos literários sobre o País do Meio, feitos por escritores ou missionários. A obra foi apresentada o mês passado na Feira Internacional do Livro, em Pequim, estando apenas disponível em Chinês simplificado.
Ao HM, Yao Jingming falou de um livro que aborda “o tempo primórdio dos contactos feitos entre chineses e portugueses, relatados em obras escritas por portugueses, que nem sempre são consideradas literárias”. Excertos da “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto (obra do século XVI), ou de Álvaro Semedo, padre jesuíta que escreveu sobre o império chinês, podem ser encontrados.
“Os portugueses sempre escreveram muito sobre a China, o carácter dos chineses, os seus usos e costumes. Mas os chineses deixaram poucas coisas sobre Portugal”, concluiu Yao Jingming.

A importância de Macau

Yao Jingming adianta ainda que Macau assume uma posição de destaque, por ser ponto de passagem de vários escritores. “Apesar de não existirem provas suficientes sobre a vida de Camões em Macau, este facto merece ser abordado e investigado. É uma passagem um pouco lendária, mas porque se tornou uma lenda? Falei então da passagem de Camões, falei da imagem da China na sua epopeia, onde falou da grande muralha e dos chineses, apesar de nunca ter estado na China.”
Há ainda a análise a Camilo Pessanha e ao seu paradoxo. “Falei da sua tradução das elegias chinesas. Ele próprio adorava muito a língua chinesa e a tradução, mas desvalorizava a música. Também quis analisar esse aspecto paradoxal.”

Faltam obras de chineses

Olhando para a história, o poeta e tradutor não deixa de lamentar que ainda haja tanto por escrever e tanto por partilhar. “Queria abrir uma porta para que essa história de intercâmbio literário fique mais estreita. Mas intercâmbio não será talvez o termo mais ideal para esta relação, porque é uma relação um bocado estática, não é dinâmica. Cada um faz as suas coisas.”
Macau “é uma prova disso”, considera o autor. “Chineses e portugueses convivem num espaço tão apertado, mas que ligação existe? É um intercâmbio bastante superficial entre as comunidades. Macau, a nível do país, é a mesma coisa. O intercâmbio ainda não é profundo.”
Yao Jingming gostaria ainda de ver mais autores chineses a escreverem sobre Portugal. “Há mais escritores portugueses que escreveram sobre a China do que chineses a escreverem sobre Portugal e os portugueses. Uma coisa que lamento é o facto de, até ao momento, não ter sido publicado nenhum livro de um autor chinês a analisar como é Portugal e como são os portugueses. Não há um livro sério sobre este tópico.”
Não há ainda planos para a tradução deste livro em Português, o qual poderá ser também publicado em Macau. A obra de Yao Jingming faz parte da colecção “História dos intercâmbios literários entre a China e países estrangeiros”, como é o caso do Reino Unido, Estados Unidos ou países de língua espanhola.

8 Set 2016

Festival da América Latina continua com penúltimos dias de filmes

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] a penúltima semana. O Festival da América Latina, da Association for the Promotion of Exchange Between Asia-Pacific and Latin America (MAPEAL), continua hoje, amanhã e sexta-feira com um filme por dia na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla inglesa), depois de duas semanas em que diversos filmes foram parar ao grande ecrã. Antes do final, marcado para o dia 15 de Setembro, há ainda tempo para ver películas da Venezuela, México e Chile.
Já hoje, às 19h00, é hora de “El Manzano Azul”. O filme da Venezuela é realizado por Olegario Barrera e conta a história de Diego, um miúdo de 11 anos que cresce na cidade, com sérias carências afectivas. Vai para a aldeia, onde passa algum tempo de férias com o avô Francisco, nos Andes Venezuelanos. Mas Diego só viu o avô algumas vezes e, a juntar-se a isto, o ambiente em que passa as férias é diferente do que está habituado: não há televisão, nem telemóvel. Não há luz eléctrica e está frio. Mas há um segredo, numa macieira, que pode mudar para sempre a vida de Diego.

Mar e céu

Amanhã, o cinema é dedicado ao México, com “En El Ombligo del Cielo”. Carlos Gomez Oliver conta, neste filme do qual é realizador, a história de dois estranhos que se cruzam no telhado de um edifício. Uma jovem empresária passa um fim-de-semana inteiro com um homem das limpezas no prédio onde trabalha. O terraço serve como mais do que um espaço físico e passa a ser também um local de partilha e de reflexão, com os dois estranhos a partilharem histórias de vida.
Chega a vez, na sexta-feira, de “El Boton de Nácar”, directo do Chile e dirigido por Patricio Guzman. O oceano. A história da humanidade que ele contém. E uma viagem ao universo. “El Botond e Nácar” versa sobre dois misteriosos botões escondidos no fundo do mar, na fronteira com o Chile. Estes carregam uma memória consigo e até a voz de tantos que viveram antes de nós.
Todos os filmes estão marcados para as 19h00 e têm entrada gratuita. O ciclo de cinema latino da MAPEAL estende-se até 15 de Setembro, com filmes do Brasil, Venezuela, Chile, Equador e Colômbia, entre outros.

7 Set 2016

MGM | Oitava edição do Oktoberfest chega dia 13 do mês que vem

Os bilhetes para mais um festival tradicional do Oktoberfest alemão em Macau começam a ser vendidos no dia 12 deste mês. A Hogl Fun Band vai actuar no evento do MGM e promete lançar ao vivo a canção “Nei Ho, Macau!”. Haverá ainda um dia dedicado à família

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá a chegar aquela altura do ano em que o MGM se transforma num Oktoberfest em ponto pequeno mas com tudo aquilo que existe no evento verdadeiro, que anualmente se realiza em Munique, na Alemanha. A oitava edição arranca dia 13 de Outubro, sendo que os bilhetes estão disponíveis a partir do dia 12 de Setembro.
Para este ano a animação promete acontecer com a ajuda da banda Hogl Fun, que compôs o tema “Nei Ho, Macau!”, que significa “Olá Macau!”. Segundo as contas do MGM, os 11 dias do evento deverão contar com cerca de cem mil pessoas, mais de 96 mil litros de cerveja e ainda mais de 21 mil quilos de porco e outros tantos quilos de frango assado e pretzel. O evento realiza-se, como já é habitual, em colaboração com o Consulado-geral da Alemanha em Hong Kong e Macau e com a Associação Comercial Alemã, bem como com o Governo local.

O dia da família

Uma das novidades apontadas para este ano prende-se com a realização do Dia Especial para a Família, o qual decorrerá no dia 22 de Outubro, entre as 11h00 e as 15h00. Neste período vão ser disponibilizadas bebidas sem álcool e a tradicional música e comida. A Spaten, uma das mais conhecidas cervejas alemãs, será servida no The Vista, o espaço do MGM com panorâmica sobre o Delta do Rio das Pérolas.
O Oktoberfest começou a ser organizado há cerca de 200 anos e no início servia apenas para os cidadãos de Munique se divertirem às portas da cidade aquando da realização dos casamentos reais, bem como para promover as cervejas típicas. Hoje é um dos eventos mais conhecidos em todo o mundo, que atrai milhares de turistas à cidade. Música tradicional, raparigas com saias coloridas e coletes justos, salsichas e enormes canecas de cerveja estão garantidas.
O bilhete para o Oktoberfest no MGM terá tudo isso pelo preço de 160 patacas, o qual inclui uma cerveja ou outra bebida. Crianças até aos nove anos não pagam entrada. O evento decorrerá entre as 13h00 e as 20h00, sendo que o número de mesas disponível é limitado. O Festival encerra portas no dia 23 de Outubro.

7 Set 2016

LMA | Haroula Rose apresenta hoje “Here The Blue River”

Tem temas que servem de banda sonora a séries como “How I Met Your Mother” ou a filmes como “Still Alice”. Haroula Rose está em Macau para apresentar o novo álbum. Hoje, na LMA

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se Haroula Rose e é tida como uma das bandas-sensação da música Indie, Folk e Ambient. A cantora e produtora que divide o seu tempo entre Los Angeles e Chicago chega a Macau para actuar hoje, na Live Music Association (LMA).

Haroula Rose é escritora e realizadora, além de se dedicar a tempo inteiro à música. Em 2009 lança o seu primeiro EP, “Someday”, seguido de dois álbuns: “These Open Roads” (2011) e “Here The Blue River”, este lançado este ano e que a cantora vem apresentar à LMA.

Haroula Rose é ainda conhecida pela sua participação em diversas bandas sonoras de filmes e séries. É o caso de “How I Met Your Mother”, a série cómica que conta com singles da norte-americana de ascendência grega, e “American Horror” ainda os filmes “Still Alice” e “For a Good Time”.

O seu novo álbum, “Here The Blue River”, cujo título é inspirado num poema de Ralph Emerson, incide sobre o facto de nada durar para sempre, como a própria cantora indica no seu website.

“É sobre como as nossas relações são também como nos relacionamos com eles próprios, com a natureza, como tentamos compreender os mistérios à nossa volta. Como é que, como seres humanos, o nosso impulso é criar e destruir coisas”, revela Haroula, que admite que o CD demorou a ser lançado, não só porque estava também a trabalhar em filmes, mas também porque a cantora tentava “encontrar que história queria contar”.

Boas notas

No álbum, colaboraram Jim White, Zac Rae e Luke Top, nomes que já se juntaram a Alanis Morisette, Gnarls Barkley, Cass McCombs, entre outros.

As críticas são positivas face ao trabalho de Haroula Rose, com Donald Gibson, da revista musical No Depression, por exemplo, a caracterizar a jovem como “alguém que canta com o espírito de uma alma cigana, sempre à procura de significado ou uma semente de verdade em cada momento”.

Haroula Rose esteve em Guangzhou e Xi’An e toca agora no território, num concerto marcado para as 21h30 na LMA. Os bilhetes estão à venda a cem patacas, se comprados antecipadamente na Livraria Portuguesa ou no Macau Design Center, ou 120 patacas à porta.

6 Set 2016

Carlos André participa na próxima sessão de “Conversas sobre o livro”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Fundação Rui Cunha patrocina mais uma vez “Conversa sobre o livro” com o título “Percursos inesperados de um leitor”. O orador convidado para dinamizar a sessão é o Professor Carlos André, que trocou Coimbra por Macau em 2012.
A iniciativa é promovida pela Associação Amigos do Livro em Macau e vai acontecer na próxima quarta-feira, no espaço da fundação
Ler um livro é uma experiência pessoal. Cada um interpreta as palavras escritas de acordo com a sua experiência de vida e os seus gostos pessoais. “Cada leitor tem o seu percurso; alguns percursos são mais ortodoxos, outros nem tanto”, refere o comunicado da Fundação Rui Cunha. As opiniões variam consoante as correntes; as que defendem que uma leitura deve ser escolhida com critério; outros defendem exactamente o contrário. A surpresa e o inesperado são por vezes os maiores aliados de uma leitura com prazer.
O convidado de cada sessão dá o seu contributo e partilha a sua experiência. Nesta intervenção o professor é convidado a intervir com o seu percurso que, segundo a mesma fonte, ” é o de quem descobriu a leitura por aquilo que ela é, etimologicamente, um simples prazer de juntar sinais e deles fazer palavras com sentido e na sucessão delas apreender histórias”.
Através da leitura descobrem-se histórias e é possível fazer um percurso “onde cada etapa é um capítulo; que talvez nada tenha a ver com o capítulo seguinte”.

Paixão lusófona

O orador convidado para esta palestra é uma figura conhecida da escrita, pelo seu contributo em vários planos mas sobretudo na área da literatura Latina e Portuguesa. Envolveu-se activamente em acções de cooperação com países lusófonos como é o caso de Moçambique, Timor, Brasil e Angola. Macau valeu-lhe particular atenção. Deslocou-se pela primeira vez a este território em 1984, acabando sempre por voltar, até se ter estabelecido em 2012.
Desempenhou vários cargos tendo sido membro fundador da Associação Internacional de Lusitanistas, da qual foi, depois, Vice-Presidente e Secretário-Geral-Tesoureiro. Foi Director da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (2006-2013) e Coordenador do Pólo de Leiria da Universidade Católica Portuguesa. É Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (em licença especial) e foi “Visiting Professor” nas Universidades da Ásia Oriental, Macau (1984), Hamburgo e Gottingen (1992/1993) e Poitiers (1994 e 1996). É membro da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Filologia. E desempenha actualmente o cargo de Coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa, do Instituto Politécnico de Macau.
Até ao fim do ano, a Associação Amigos do Livro em Macau assegurará mais duas “Conversas sobre o livro”, com intervenções do Prof. Yao Jiming com o tema “Imagens Constantes na Poesia Clássica Chinesa” e do Prof. Peter, Cheng Wai Ming sobre “Literatura chinesa moderna”.
Tal como acontecerá na próxima quarta-feira, a Fundação Rui Cunha assegurará, em todas as sessões, a tradução simultânea para cantonense.

5 Set 2016

A volta ao mundo a pedalar

Dois homens, o mesmo sonho: percorrer o mundo de bicicleta. Um é chinês o outro português. Quis o destino que se cruzassem. Eric Feng pedalou da China até Portugal onde lhe roubaram a bicicleta. Depois de encontrá-la Hernâni ajudou-o e quis devolvê-la. O reencontro aconteceu agora no Império do Meio

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m 2012 o chinês Eric Feng decidiu concretizar um sonho, unir o seu país, China, a Portugal. Porquê? Porque sempre teve uma grande paixão pelo navegador Zheng Hen, natural da sua cidade natal Kunning. Como em Portugal há um outro navegador com feitos históricos, decidiu juntar o útil ao agradável e fez uma viagem de bicicleta como símbolo de união entre estes dois países. Tudo correu bem até à sua chegada a Portugal, após ter pedalado mas de 18 mil quilómetros e de ter atravessado dez países. Quando estava em Sines, durante a noite roubaram-lhe a “fiel companheira” de duas rodas. Apresentou queixa na polícia, mas teve mesmo de seguir viagem com uma bicicleta emprestada por um português chamado Hernâni, que fazia parte de uma rede de apoio a ciclistas. “Ainda esteve em minha casa em Almada e depois seguiu viagem”, diz o português. Podia ter sido o fim desta história, mas não foi. Já quando estava na China a bicicleta foi encontrada. A questão era como trazê-la de volta. É aqui que a vida dos dois se volta a cruzar.
Hernâni é um português que gosta de aventura e que, aproveitando a reforma, decidiu organizar uma grande viagem. “Ele falou comigo e manifestou vontade de reaver a bicicleta. Eu estava na altura a preparar a minha grande viagem de volta onde pretendia unir locais de interesse em comum com Portugal e ofereci-me para a levar”. Simples! “Avisei-o que ia demorar pois antes de chegar ao Oriente ainda ia a Marrocos, ao Golfo Pérsico, ao Irão e à Índia”. Durante dois anos e três meses pedalou a bicicleta do “amigo”. Foram 23 mil quilómetros bem contadinhos.
Das peripécias
Hernâni Cardoso partiu de Guimarães no dia 20 de Maio de 2014 e chegou à fronteira do Vietname com a China no dia 25 de Agosto de 2016. Mas a bicicleta do amigo que lhe serviu de transporte durante uma grande parte do percurso, não resistiu a um acidente no norte da Índia. “Fui abalroado por um camião do exército Indiano na berma da estrada e embora tivesse substituído algumas peças, a bicicleta não aguentou”. Mesmo assim continua, “ainda resistiu a Kuala Lumpur e a Malaca onde comprei outra”. Foi então que a despachou para a China.
O certo é que três meses depois, “já eu tinha andado pela indonésia, Singapura, Malásia, Tailândia, Myanmar e Camboja e ninguém sabia onde parava a bicicleta”. Após muitos telefonemas, foi encontrada e enviada para uma amiga do Eric em Kuala Lumpur. Foi ela que a trouxe para Kunming.”
Depois de entregue só faltava mesmo os dois amigos voltarem a encontrar-se. “Quando cheguei à casa dele a reacção foi extraordinária. Recebeu-me de braços abertos juntamente com a sua família e alguns amigos”. Hernâni vai ficar mais uns dias.
Esta volta ao mundo era um sonho de criança e “quando me vi reformado tive a noção que não ia ficar parado em casa à espera que a morte chegasse. Vendi tudo, carro, mobílias, casa e decidi viajar”. Foi a concretização de um sonho de menino.

2 Set 2016