Cinema | Mostra de cinema português na Fundação Oriente  

São dez filmes portugueses que compõem o cartaz do NY Portuguese Short Film Festival em Macau. A sexta edição do evento está marcada para os próximos dias 21 e 22 e, de entre filmes premiados a novidades, o programa é do que melhor se faz, em formato curto, no cenário luso

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão filmes curtos, todos feitos em Portugal e que já deram a volta a, pelo menos, meio mundo, os que vão preencher parte do próximo fim-de-semana. A mostra tem lugar na Fundação Oriente e traz a Macau a selecção da VI NY Portuguese Short Film Festival, iniciativa que marca o início da passagem de curtas-metragens portuguesas nos Estados Unidos da América. O objectivo, segundo a organização, é dar a conhecer a nova geração de realizadores numa mostra que passa um pouco por todo o mundo. Do trajecto fazem parte países como Austrália, Senegal, Brasil, China ou Angola, e Macau não fica de fora.

A iniciativa começa no dia 21, às 19h30, com a projecção de “Pronto, era assim”, de Patrícia Rodrigues e Joana Nogueira. A curta é um documentário animado, já amplamente premiada e totalmente produzida com recurso ao stop motion. O argumento versa sobre a história de seis idosos que, sobre a forma de entrevistas, dão voz aos objectos que protagonizam, partilhando as suas histórias de vida em momentos fragmentados que oscilam entre o passado, presente e futuro.

Uma questão de fé

A mostra segue com o filme de Luís Porto, “Deus providenciará”, que traz ao ecrã Maria, uma mulher que vive sozinha no interior do país, numa aldeia recôndita. Personagem de fortes convicções morais e religiosas, vive sozinha e não tem como justificar uma gravidez súbita e indesejada que lhe traz a angústia de como conciliar a exigência da religião com a sua vontade.

Ainda o programa não vai a meio e é a vez de uma pausa na vida de Jorge, a figura que está cansada do quotidiano e que protagoniza “Tenho um rio”, de Ricardo Teixeira. Mas Jorge vai acompanhado pela efemeridade representada por Teresa que o ajuda a enganar a fadiga com momentos de amor.

“Lei da gravidade”, de Tiago Rosa-Rosso, continua a programação e traz uma ficção beckettiana, onde o absurdo toma conta de duas personagens à espera que o seu filme aconteça.

A noite termina com uma curta convidada e que já viu o nome candidato ao Óscar. É “Feral”, de Daniel Sousa que numa produção, novamente, animada, relata uma incursão à infância através de uma criança encontrada na floresta, que tenta a adaptação a uma civilização que lhe é alheia, através dos recursos que sempre conheceu.

Quotidianos desiludidos

“Isa”, de Patrícia Vidal Delgado, abre a sessão do dia 22 de Outubro, às 17h. É a história de uma jovem cabo-verdiana que acredita no teatro para incentivar a discussão social sobre os problemas do bairro.

A tarde continua com o aclamado filme de João Tempera, “O assalto”, e segue com “Prefiro não dizer”, de Pedro Augusto Almeida, que retrata os fragmentos da rotina de quem vive num espaço isolado que rotula e condiciona as opções de vida. Depois, é exibido “Lingo”, realizado por Vicente Niro, que aborda a relação dos indivíduos com as redes sociais e com a restante sociedade, através da personagem homónima.

A iniciativa termina com mais uma película convidada: desta feita, trata-se da obra de Luísa Sequeira, “Os cravos e a Rocha”. A realizadora viaja até 25 de Abril de 1974, altura em que o cineasta brasileiro Glauber Rocha está em Portugal e regista em película “As Armas e o Povo”, um filme em que, com um olhar estrangeiro e particular, rompe com as regras convencionais do modo de se fazer cinema.

18 Out 2016

Vinte anos de transferência são mote para série documental

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão cinco os documentários que sublinham os 20 anos de transferência do território e que tentam abordar as relações entre Macau e Portugal em todas as suas vertentes. A missão está a cargo de Carlos Fraga e Helena Madeira que, a meio caminho de mais uma película, lamentam o fraco emprenho do sangue luso em manter as características no território.
Carlos Fraga e Helena Madeira estão pela quarta vez em Macau para dar continuidade a um projecto totalmente dedicado às características e interacções da região. A sua presença na RAEM deve-se não só à apresentação do segundo “capítulo” da série documental “Macau, 20 anos depois”, como à rodagem de mais “um episódio” dos cinco documentários que integram o projecto de celebração dos 20 anos de transferência.
Tudo começou com um filme que se chamava “Macaenses em Lisboa” conta Carlos Fraga. Com o desenrolar da produção, a equipa sentiu necessidade de filmar o lugar das histórias que tinham ouvido na capital de Portugal e ficaram “fascinados com Macau”, relembra o realizador.
Ao mesmo tempo, o sentimento foi de que faltaria ilustrar “o outro lado, o dos portugueses que cá vivem”. Dentro deste alargamento de concepção, Helena Madeira propõe a realização de um total de cinco documentários em que cada película aborda temas diferentes e a série culminará com Macau, 20 anos, em 2019.

Entusiasmo alheio

Actualmente, a dupla está a filmar o terceiro documentário que trata da portugalidade em Macau. “Dar e Receber – a portugalidade em Macau” é o nome ao filme que pretende abordar o que se tem feito para preservar os traços do outro lado do mundo que continuam presentes no quotidiano local.
O documentário, que está agora em rodagem ,vai precisamente a meio e o balanço deixa já uma percepção de que “é inegável a portugalidade e a presença dos portugueses em Macau” começa por explicar António Fraga, ao mesmo tempo que enfatiza o património imaterial deixado pela presença lusa. No entanto , do que tem percebido é que, esta preservação cultural é, acima de tudo, devida à China. “É este o feedback que estamos a receber com muita evidência e ao mesmo tempo com alguma pena”, expressa o realizador. “Não é pena de que seja a China a entusiasta desta preservação, é antes que Portugal não seja parceiro na tarefa”, desabafa.
No entanto o optimismo também está patente nesta continuidade dos legados lusos na região, sendo que “não se sente muito orgulho por parte das pessoas em fazerem parte dessa tal portugalidade ou empenho em a fortalecer”. A dupla não deixa, no entanto, de frisar que ainda há quem se empenhe a manter a portugalidade em Macau e a Casa de Portugal é o exemplo mais proeminente.

17 Out 2016

Carminho: “Não tenho pele, sou uma intérprete”

A fadista portuguesa Carminho actuou em Macau no sábado no âmbito do Festival Internacional de Música. Horas antes falou do novo disco que sai em Novembro, só com músicas de Tom Jobim, e da vontade de gravar com um músico chinês

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] vinda a Macau concretizou-se, por fim, após uma tentativa falhada de vinda ao território onde se fala português. Carminho, uma das fadistas portuguesas mais conhecidas da actualidade, actuou no Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) e procurou, sobretudo, chegar a um público vasto, que represente o território.

“A expectativa é encontrar um público distinto, uma plateia que represente o lugar onde vou. É um público que muitos deles não ouviram fado antes, ou têm um avô que tinha uns discos em casa. Macau é um lugar único no mundo, porque consegue ter duas culturas numa só, tão distintas, mas manter-se ao longo destes anos com a preservação da língua e de todos estes elementos que reconhecemos nos letreiros e nas ruas.”

Carminho, prestes a celebrar dez anos de carreira, lança em Novembro um álbum que não é de Fado, mas sim de Bossa Nova, só com músicas de Tom Jobim, compositor e músico brasileiro, o qual foi gravado no Rio de Janeiro. “Foi um convite da família de Tom Jobim para fazer um disco com o seu repertório, todo escolhido por mim.” Jacques Morenlabaum é o produtor de um trabalho que conta com participações de Chico Buarque e Marisa Monte.

Quando lhe perguntamos se foi fácil despir a pele de fadista, Carminho assume: “não tenho pele, sou uma intérprete”. “O fado é como vivermos num país e quereremos viajar. Nós somos a mesma pessoa, não somos outra pessoa. Como não me sinto com a pele de fadista não me sinto sufocada por ela, tenho a pele de intérprete e posso assumir diferentes linguagens. O Fado é o meu maior amor, é a minha língua mãe. É onde me sinto em paz total, é o que gosto de ouvir. Houve sempre o universo do Fado na minha casa e à minha volta, mas o expressar-me nasceu comigo antes do Fado”, acrescentou.

Carminho assume-se livre nas suas escolhas musicais. “Ao longo deste tempo tive a oportunidade de viajar muito com o Fado. E não só no Brasil, mas em Espanha, por exemplo. Há duetos com outros artistas e são momentos de abertura e de encontro. O Brasil foi outro destino que acabou por acontecer, e é um destino natural por causa da língua. Mas estou sempre aberta a outras experiências, e acho que o Fado sempre me libertou, nunca me prendeu.”

Cantar com músicos chineses

Depois da experiência de gravar um disco no Brasil e de já ter pisado palcos nos Estados Unidos, América Latina, Europa e até Tailândia e Coreia, Carminho admitiu que gostava de gravar com um artista chinês.

“Seria uma experiência interessante, já pensei nisso. É importante conhecer bem a música e estar por dentro de uma linguagem, seja ela falada ou não. Já viajei bastante na China e sei as dificuldades que existem de comunicação básica. Mas depois existe outra comunicação, a dos gestos, dos sorrisos, da empatia. Se houvesse algum artista que me inspirasse, e vice-versa, tinha de ser algo bilateral. Acho que a música não tem limites.”

Com nove anos de canções, Carminho defende que ainda é cedo para comemorar, porque uma década nos palcos é quase nada. “Gosto de pensar que ainda falta muito para os meus dez anos de carreira, para os meus 35 anos. Tudo se vai construindo, até porque não acho que dez anos de carreira seja algo que se comemore, porque é muito pouco.”

Contudo, a realização em cada trabalho discográfico esteve sempre presente. “É sempre bom uma introspecção e retrospectiva do que estamos a fazer. A minha grande alegria é de nunca ter abdicado do que gosto e do que sou, em nenhum momento. Os meus discos, o que eu canto e faço, é fruto do que eu gosto. Todos os meus discos foram o meu melhor naquele momento. Isso é um motivo de grande realização pessoal, e isso também me dá vontade de continuar. dá-me vontade de fazer novos discos, de não ter medo de arriscar.”

A melhor fase dos fadistas

Ao lado de Carminho existe nomes como o de Ana Moura, Mariza, Gisela João, Camané e tantos outros que seguiram o legado que Amália Rodrigues deixou. Mas mesmo com novas vozes e novas formas de interpretação, para Carminho o Fado é uma linguagem viva, que não muda na sua génese.

“Sou da nova geração e há uma nova geração que aí vem. Não há um novo Fado. O Fado continua a andar, se vai por um caminho ou outro…o Fado é uma linguagem viva. Mudou com a Amália, e continua a mudar constantemente, porque os artistas têm um ADN próprio. Interpreto canções que não são Fado, mas eu venho desse ADN e dessa cultura. Os meus discos têm sempre fados tradicionais porque essa é a minha raiz. O Fado tem de ser respeitado e preservado, e não podemos chamar de tudo Fado. O Fado caminha, porque é uma linguagem viva.”

Se hoje os fadistas têm maiores oportunidades de actuação e se viajam mais lá fora, a verdade é que, para Carminho, esta não é a época de ouro do Fado, apesar de crescerem as casas de Fado em Lisboa e deste género musical ser hoje Património Mundial Imaterial da UNESCO.

“É preciso conhecer muito bem o Fado para falar da sua melhor fase. Já houve outras fases de ouro muito grandes, uma fase onde existe a Beatriz da Conceição, a Amália Rodrigues, o Alfredo Marceneiro. Talvez esta seja a melhor fase para os fadistas, porque na altura não se viajava tanto. Mas são poucos os fadistas que viajam muito e que têm uma carreira internacional. Falo da Kátia Guerreiro, Mariza, Ana Moura, Ricardo Ribeiro, e depois há umas viagens. Mas mesmo assim todas estas carreiras têm dimensões distintas, mas é um universo pequeno para o mundo inteiro. Ter uma carreira internacional não é ir cantar lá fora, é estar nos circuitos internacionais”, concluiu Carminho.

17 Out 2016

Tam Chi Chun, encenador de “Sonho de um aroma”: “Gostaria que a RAEM fosse mais competitiva”

É hoje apresentada a primeira ópera de câmara feita em Macau. “Sonho de Um Aroma” está no Teatro D. Pedro V pelas 20h00, no âmbito do Festival Internacional de Macau, para mostrar o quotidiano de uma sociedade que acompanha o romance entre um homem chinês e uma mulher portuguesa no séc. XVI, numa produção a cargo da prata da casa. Tam Chi Chun é o encenador local que participa na iniciativa, que considera representar um marco nas artes feitas no território

Integra a primeira ópera de câmara de Macau e a sua primeira produção…
Todos os anos o cartaz do FIMM engloba a apresentação de óperas vindas de vários locais. Este ano, e para comemorar o trigésimo aniversário do evento, penso que a organização encontrou a data mais adequada para inserir uma ópera local. Até agora, as produções de ópera locais têm sido feitas em colaboração com a China continental e mesmo com outros países, o que também nos tem trazido muita experiência. Mas agora é a “nossa vez”. Por outro lado, apesar de estar a participar nesta primeira produção de ópera enquanto encenador, não sou, nem me vejo, como profissional do género. Acima de tudo, sou encenador de teatro que aplicou os conhecimentos e os desenvolveu neste estilo particular.

A peça que vão apresentar é uma história de amor entre um homem chinês que se apaixona, em Macau, por uma mulher portuguesa. Um reflexo de Macau?
Penso que actualmente Macau mantém essa tradição multicultural, mas mais do que entre Portugal e China, convivemos também com as Filipinas, Indonésia ou Austrália. Nesta história que se reporta a 400 anos, é realmente a interacção entre a China e Portugal que assume maior relevo, mas é também, e acima de tudo, uma viagem à vida quotidiana daquela época e que comporta um forte traço humanista e de representação social.

Quais as expectativas para o futuro das produções em Macau?
Com este primeiro passo e o trabalho que tem sido desenvolvido já se sente que há pessoas que estão muito interessadas em colaborar e que são oriundas de áreas diferentes, desde músicos a dramaturgos. Por outro lado, e neste momento, estamos todos muito nervosos com esta estreia. Temos que o fazer e fazer bem, de modo a que possamos mostrar e representar este salto nas produções locais e poder começar a investir na ópera de câmara local. E este é um espectáculo que, de alguma forma, dita o futuro, por ser o primeiro.

Que desafios maiores encontrou neste projecto?
Sou encenador de teatro e a ópera tem a componente dramática. O que sinto, pessoalmente, é que neste tipo de trabalho as dificuldades de representação estão associadas ao esforço que é exigido, por exemplo a nível do canto. Aqui, os intervenientes em palco são cantores e actores ao mesmo tempo. Como encenador, tenho que conjugar as vozes com os gestos. É muito bonito, mas é um grande desafio. Para interpretar e representar uma ópera é necessário encontrar uma nova linguagem de representação. Há que ter ainda em atenção o uso do palco que, neste caso, também é particular. Encontrar uma linguagem para transferir a ideia musical ao espaço e movimento foi outro desafio em que, aqui, os cantores ainda podem ser encarados como bailarinos porque os movimentos representam e acompanham a música. A ópera precisa de transformar e conjugar diferentes formas de arte e acho que é esta característica multi-artística e de muito rigor que tem contribuído para o estatuto do género.

Como é que aparece a ópera na vida do encenador de teatro?

Não gosto de ópera desde sempre (risos). Há uns anos encarava este género como uma representação aborrecida por ser lenta e, talvez, por não a entender. Agora sinto o oposto. Esta é uma arte que me permite usufruir de uma maior liberdade de encenação. Por outro lado, e ao contrário do teatro realista, por exemplo, na ópera afastamo-nos do mundo real e é criado um mundo mais exagerado acompanhado de vozes lindíssimas. O que mais me impressiona, é que aqui são histórias absolutamente irreais em que a encenação, tenta, de alguma forma, dar um carácter real.

Entre a encenação de teatro e de ópera, para onde pende o coração?
Para mim a ópera é uma forma de teatro. Com esta experiência em particular, gostava de no futuro repetir encenações deste género, especialmente aqui em Macau. Outra coisa que me atrai é a possibilidade de juntar outras músicas ao teatro em si. Fazer música em teatro. Não é teatro musical, mas utilizar outros registos, como por exemplo recorrer ao uso de instrumentos que não se limitassem à orquestra. Experimentar a marimba talvez.

Tem formação da Academia de Xangai, trabalhou no continente, passou por Berlim e agora está de regresso à terra onde é director do Teatro Experimental de Macau. Como é que está a ser o regresso a casa?
O que tento encontrar aqui é a minha satisfação pessoal. Claro que gostaria que a RAEM já tivesse um ambiente mais competitivo, mas isso ainda não se encontra. Passei dez anos fora e agora gostaria de me reencontrar aqui em Macau. Voltei para encontrar a minha posição em casa. Mas ainda falta muito. Falta uma educação para a arte. Acho que neste momento, se falarmos de actores, o que se encontra aqui é gente à procura de sucesso, da fama em formato “fast food” e não de um trabalho contínuo e com qualidade. Gostava que isso começasse a mudar.

14 Out 2016

LMA dedica dois concertos ao Drum & Bass e à Electrónica

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Live Music Association vai fechar, mas não sem antes nos dar muita música. Hoje e na próxima sexta-feira a agenda está preenchida no espaço da Coronel Mesquita, com duas festas dedicadas ao Drum & Bass e à música psicadélica electrónica.
No dia 21, a LMA apresenta “Future Psicadelica”. Com organização da International Artists Association (IAA), os Based on Kyoto trazem um concerto integrado na sua tour pela Ásia. Daichi e Dubmarronics, elementos da banda, dividem-se em Dj/produtor e guitarrista, para mostrar o que fazem desde 2006.
“Uma variedade de música que vai do House, ao Ambiente, do Soul à Electrónica” é o que prometem, já que do seu repertório saem não só sons originalmente produzidos, como composições únicas de guitarra e pedais.
Para aquecer antes do concerto, chegam os Djs Ryoma e Burnie, ambos de Macau.
Já nesta sexta-feira, a LMA quer “ligar o Drum & Bass”, com Daniel Power, Turner e Zuju. A partir das 22h00, a “LMA X Unchained – Turn on the Drum and Bass” recebe o DJ Zuju, de Macau. Experiente na área desde 1999, Photon foi “um dos primeiros Djs” a trazer os sons deste género ao território. Membro do grupo electrónico “Doctor”, lançou um álbum experimental em 2004, chamado “OD”.
Segue-se Dj Turner, que chega do Reino Unido e de Xangai, para abrir depois o palco a Daniel Power.
Natural de Londres, Power cresceu na “mais diversa e brilhante cena musical underground”, tendo experiência nos mais diversos estilos de música. Prefere House, Techno e Drum & Bass, o Dj residente no Clib Bang, de Shenzhen, já percorreu vários festivais da China, como o The Bond Art & Music Festival 2015, One Love Music Festival 2015 e o Honeyfest 2015.
A festa continua no dia 22, com Elenore (Brit-Rock), e a 28, com Cuarteto Tanguero (Tango), entre outros espectáculos. Os bilhetes para hoje e para a próxima sexta-feira custam 120 patacas e 150 patacas, respectivamente, com uma bebida de oferta.

14 Out 2016

Bob Dylan ganha prémio Nobel da Literatura

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Prémio Nobel da Literatura foi esta quinta-feira atribuído em Estocolmo a Bob Dylan. O músico norte-americano tornou-se o 113.º escritor a receber o mais cobiçado prémio literário do planeta. “Por ter criado novas formas de expressão poética no quadro da grande tradição da música americana”, foi assim que a Academia Sueca justificou a entrega do Nobel ao cantor norte-americano.
É o primeiro norte-americano a ganhar o prémio desde Toni Morrison, em 1993. Mais relevante, porém, é o facto de, depois de vários anos em que o seu nome foi avançado como possível vencedor, a atribuição do Nobel a Dylan servir como legitimação literária da canção popular, de que o cantor de Blowing in the wind é um dos maiores representantes. Não por acaso, Sara Danius, Secretária Permanente da Academia Sueca, reconhecendo que a distinção de alguém cujo ofício é o das canções pode ser controverso, manifestou a esperança de a Academia não ser criticada pela escolha. “The times they are-a changing, perhaps” (“Talvez os tempos estejam a mudar”), afirmou, citando o título de uma das mais famosas canções de Dylan.
Nascido em Dulluth, no Minnesota, a 24 de Maio de 1941, Bob Dylan foi uma figura fulcral na revolução musical e cultural da década de 1960. Partindo da tradição folk, blues e country americanas, mas transportando-a para uma nova era de convulsão política e agitação social, levou a palavra, como nunca antes, para o centro da criação pop. Assinou 37 álbuns desde a estreia homónima em 1962. Fallen Angels, editado em 2016, é o último até ao momento.
Tecnicamente, esta não é a primeira vez que um músico é distinguido com o Nobel da Literatura. Em 1913, o indiano Rabindranath Tagore recebeu a distinção. Bob Dylan, porém, é o primeiro Nobel da Literatura cujo ofício se centra num campo exterior ao literário. Isso explicará não só a surpresa com que o anúncio do prémio foi recebida, mas também a polémica que se desencadeou, com várias vozes a questionarem a justiça da distinção.
Poucos terão sido mais cáusticos que o romancista escocês Irvine Welsh. “Sou fã de Dylan, mas isto é um prémio nostálgico mal amanhado, arrancado das próstatas rançosas de hippies senis e gaguejantes”, escreveu na sua conta de Twitter. Salman Rushdie não podia estar mais em desacordo. Igualmente no twitter, defendeu o prémio em três frases: “De Orfeu a Faiz, canção e poesia têm estado intimamente ligados. Dylan é o brilhante herdeiro da tradição dos bardos. Uma grande escolha”. Entre uma posição e outra, não falta naturalmente o humor. O escritor americano Jason Pinter, por exemplo, tem uma sugestão a fazer: “Se o Bob Dylan pode ganhar o Prémio Nobel da Literatura, então julgo que Stephen King dever ser eleito para o Rock’n’Roll Hall of Fame”.
O nome a que chegaram os dezoito membros da Academia Sueca foi, porém, consensual. E, apesar de inusitado na história do Nobel, estará de acordo com os critérios vagos, considera a Academia, deixados em testamento por Alfred Nobel para sua atribuição. “Na verdade, a história do prémio literário surge como uma série de tentativas de interpretar um testamento impreciso na sua formulação”, lê-se no site da Academia.
Na nota biográfica emitida pela instituição, acentua-se que as letras de Dylan “têm sido continuamente publicadas em novas edições, sob o título Lyrics. Enquanto artista, é extraordinariamente versátil; tendo estado activo enquanto pintor, actor e guionista”. A nota despede-se apontando que “a sua influência na música contemporânea é profunda, e ele é alvo de um fluxo contínuo de literatura secundária”.
Inicialmente próximo da tradição da canção de protesto de Woody Guthrie, algo aprimorado nos clubes folk extremamente politizados de Greenwich Village, Nova Iorque, Bob Dylan recusou ser preso no altar de “voz de uma geração” a que foi erguido. A sua música e as suas letras, inicialmente primorosos retratos sociais e denúncia política arrancados à história das canções da velha América e à realidade nas ruas que o envolviam, foram ganhando uma nova dimensão à medida que se virava para si próprio e procurava uma expressão indidivual em que a liberdade poética surgia torrencial, surreal, revolucionária tendo em conta o que era habitual até então na música popular urbana – exemplo magistral disso é a sua trilogia clássica da década de 1960, formada por Bringing It All Back Home (1965), Highway 61 Revisited (1965) e Blonde on Blonde (1966). O final da década traria nova inflexão de rumo, com o mergulho nas raízes e nas mitologias da música americana selado nas famosas Basement Tapes gravadas com a The Band em 1967 e editadas em 1975 ou, simbolicamente, no dueto com Johnny Cash, emGirl from the north country, que abre Nashville Skyline (1969).

14 Out 2016

Produção local “The Eco War II” pré-estreia amanhã

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se “The Eco War II – The Dark Empire” e tem uma pré-estreia amanhã, no Centro de Ciência de Macau pelas 19h00. É o novo filme do realizador local John Chung e foca-se no ambiente, sendo uma sequela do primeiro “Eco War”, estreado no ano passado no Cinema Wing Lok.
“Depois do sucesso anterior, que acabou por se tornar o filme local mais visto em Macau, a Associação de Voluntários para a Criatividade Cultural e Artes convidou a mesma produção e actores para este filme, tendo convidado também outros artistas locais”, indica a organização.
Do filme, patrocinado pela Fundação Macau e co-produzido pela Wing’s Film and Production e a SP Entertainment, fazem parte os locais Hyper Lo, Josie Ho e Jonna Kou, a quem se juntam agora Cherry Ho, Vanus Ng, Kane AoIeong, Kyla Ma, Kayaku Sou e Boris Wong, entre outros residentes de Macau.
A película, de ficção científica, concentra-se no ambiente e a organização assegura que tem uma mensagem a passar. “O filme não só tem como objectivo aumentar a consciência do público sobre a protecção ambiental e a redução da poluição, como também versa sobre o equilíbrio entre os sonhos e a realidade. Queremos trazer à audiência um filme de grande qualidade que tem tanto de entretenimento, como de educacional.” hibrido-filme
O filme que será apresentado esta sexta-feira é apenas um “preview” de toda a película, já que ainda não está completo. A entrada é livre, mas os lugares são limitados.
-se no ambiente, sendo uma sequela do primeiro “Eco War”, estreado no ano passado no Cinema Wing Lok.
“Depois do sucesso anterior, que acabou por se tornar o filme local mais visto em Macau, a Associação de Voluntários para a Criatividade Cultural e Artes convidou a mesma produção e actores para este filme, tendo convidado também outros artistas locais”, indica a organização.
Do filme, patrocinado pela Fundação Macau e co-produzido pela Wing’s Film and Production e a SP Entertainment, fazem parte os locais Hyper Lo, Josie Ho e Jonna Kou, a quem se juntam agora Cherry Ho, Vanus Ng, Kane AoIeong, Kyla Ma, Kayaku Sou e Boris Wong, entre outros residentes de Macau.
A película, de ficção científica, concentra-se no ambiente e a organização assegura que tem uma mensagem a passar. “O filme não só tem como objectivo aumentar a consciência do público sobre a protecção ambiental e a redução da poluição, como também versa sobre o equilíbrio entre os sonhos e a realidade. Queremos trazer à audiência um filme de grande qualidade que tem tanto de entretenimento, como de educacional.”
O filme que será apresentado esta sexta-feira é apenas um “preview” de toda a película, já que ainda não está completo. A entrada é livre, mas os lugares são limitados.

13 Out 2016

“Lost in the Mobius – Taiwan・Macau” abre amanhã no Armazém do Boi

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omeça amanhã no Armazém do Boi uma exposição que junta as obras de artistas locais e de Taiwan, num projecto que começou já em 2014. “Lost in the Mobius – Taiwan・Macau” abre esta sexta-feira ao público e está patente até dia 20 de Novembro.
A mostra juntou oito grupos de artistas que usaram “pensamentos reflexivos” para desenvolver os seus trabalhos, cujos tópicos assentam precisamente na Formosa e na RAEM. Todos fazem uma retrospectiva para perceber a ramificação, a sobreposição e a intersecção de diferentes traços da história passada e dos tempos “colonialistas” das regiões e da forma como as culturas se desenvolveram na modernidade.
“Repensando nas questões da identidade face ao ambiente através destas obras, esta exposição resume e explora a nossa posição e ligação à constante globalização e desenvolvimento urbano na Ásia”, indica a organização.
O “Dia o Julgamento Final” e o “Renascer” são dois temas assentes nas obras de Yves Etienne Sonolet, Lee Tzu-Ling, Bianca Lei, Ng Fong-Chao Noah, Chen Po-I, Eric Fok, You Don’t Know Me At All (Ciou Zih-yan, Ni-Hsiang, Chen Chun-Yu), Kimoto Ko (Chu Yin Hua, Hsu Tzu Han, Lin Kuan Yen) e Lee Pei-Yu, que se relacionam “com a história, cultura, sociedade e economia tanto da Formosa, como de Macau”.
O projecto começou oficialmente em 2014 e, no início, parecia “haver muito poucas ligações entre o desenvolvimento de Taiwan e Macau”. No entanto, as ligações existem e remetem para centenas de anos atrás.
A mostra conta com uma cerimónia de abertura no sábado, às 16h00, e tem entrada livre.

13 Out 2016

Lai Sut Weng apresenta primeira exposição individual

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]artista local Lai Sut Weng inaugura hoje a sua primeira exposição, a solo, no Macau Art Garden sob o nome “Interposition – Works by Lai Sut Weng”. Recém-licenciada pela Escola de Artes Visuais do Instituto Politécnico de Macau, e já vencedora do Prémio de Artes Plásticas da Fundação Oriente em 2014, Lai Sut Weng tende a tratar os edifícios por tu, numa representação da sua desconstrução em que planos, linhas e cruzamentos representam um mundo maior, o do quotidiano humano na sua dimensão e interacção espacial.
Na apresentação da artista, na Galeria Arte Periférica, Lai Sut Weng introduz o seu trabalho enquanto representação das “vistas de ruas e os arredores do lugar onde nasceu e foi criada”, em que Macau, as suas misturas e transformações são fortemente exploradas. “As minhas pinturas retratam a aparência desta pequena cidade, explorando também a sua constante mudança.”
Por outro lado, e face às constantes mutações do espaço que a viu nascer e crescer, o abandono e o vazio são também uma forte componente do seu trabalho, em que “vemos sempre algumas antigas instalações abandonadas, esquecidas no tempo, mas preservando, contudo, vagos vestígios de vida dos seus antigos habitantes”. afa
Das particularidades das suas obras, Lai Sut Weng sublinha que os quadros, “vistos de longe”, permitem apercebermo-nos dos cenários, mas à medida que nos aproximamos, “vemos as coisas ficarem desfocadas em blocos de diferentes tons e cores”. E é esta imprecisão e ambiguidade que, de alguma forma, “representa a indiferença e a ignorância das pessoas perante o seu meio ambiente – e, principalmente, a sua própria cultura”, questão a que a artista não é alheia.
Lai Sut Weng quer, ao mesmo tempo, alertar para a contemporaneidade acelerada em que “os edifícios e a história estão a ser demolidos em detrimento do desenvolvimento económico”.
São estas paisagens que estarão expostas até 6 de Novembro, numa iniciativa da Art For All Society (AFA), que conta com a curadoria de Lai Sio Kit, para “permitir que estas as paisagens urbanas e históricas se tornem mais conhecidas para as pessoas, que poderão assim revisitar aquilo que já esqueceram”.

13 Out 2016

Cinema | Creative Macau organiza simpósio sobre produção local e regional

Tracy Choi, Emily Chan e Maxim Bessmertny sentam-se à mesa este fim-de-semana para analisar a indústria do Cinema na China, juntamente com convidados de fora. O simpósio “Produção e Distribuição de Filmes Internacionais na China”, da Creative Macau, tem entrada livre e acontece no MAM

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Creative Macau organiza este sábado um simpósio sobre o Cinema na China, numa sessão que junta especialistas da área. Marcado para todo o dia 15, o simpósio “Produção e Distribuição de Filmes Internacionais na China: Exploração do Potencial de Shenzhen como um Mercado Cinematográfico”, que se debruça também sobre o mercado de Macau, tem entrada livre e acontece no auditório do Museu de Arte de Macau.
A partir das 10h00, José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) e também membro do Fundo das Indústrias Culturais, abre o evento. Em 2003, um ano depois de ter integrado o IEEM, o Instituto criou a Creative Macau – Centro de Indústrias Criativas e é precisamente sobre estas indústrias que Sales Marques faz algumas observações, na abertura do encontro.
A manhã passa depois ao ponto da ordem do dia: o cinema. Com Lorence Chan Ka Keong – da Associação Áudio-Visual CUT e júri do Sound And Image Challenge Festival – como moderador, He Yun explora, das 10h15 às 10h50, a situação ‘win-win’ para os filmes comerciais para as películas experimentais.
He Yun trabalha na indústria do cinema, como promotora e distribuidora, há mais de dez anos, tendo também sido curadora de festivais. Em Macau, fala de como “o cinema comercial nutre o mercado dos filmes experimentais e traz um impacto positivo ao desenvolvimento” desta indústria. Shenzhen será o exemplo a seguir, dado o seu desenvolvimento nos últimos 30 anos.
Até às 11h25 é a vez de Leo Li, cujo discurso versa sobre as novas tendências na indústria chinesa do Cinema. “Actualmente, está ainda numa fase inicial e as grandes produtoras estão a ser confrontadas com o impacto dos filmes independentes. Mas esta influencia traz cada vez mais talentos, bem como mais formas de distribuição e maiores audiências”, resume, no comunicado enviado pela organização, o manager da Film Division of Hepai movie and TV production Co. Ltd, que trabalhou na Shenzhen Film Distribution e na Shenzhen Film Investment Co. Ltd..
A manhã continua com Yang Ying, que fala de como Shenzhen poderá tornar-se o próximo centro de produção cinematográfica. Realizadora e empresária, Yang Ying trabalha também em televisão e rádio.

Cá de dentro

A tarde é dedicada também aos realizadores locais, que apresentam diferentes perspectivas sobre a indústria. Com moderação da reconhecida cineasta local Tracy Choi, o simpósio arranca novamente às 14h00, com Joyce Yang, membro da Hong Kong Film Critics Society, cujo discurso versa sobre o desenvolvimento do cinema em Shenzhen, Hong Kong e Macau.
Às 14h40 é tempo de Emily Chan, natural de Macau e realizadora. “From Zero to One – The Film Development in Macau” vai fazer uma retrospectiva da indústria local nos últimos dez anos e falar também dos apoios do Governo.
O seminário termina com Maxim Bessmertny que, das 15h15 às 15h50, fala sobre o passado, o presente e o futuro da realização. “Como é que a indústria tem potencial para aprender do passado e focar-se em assuntos contemporâneos” é a resposta que o realizador local, formado na NYU Tisch School of The Arts, quer dar. Maxim Bessmertny venceu o Kodak Gold Award para melhor curta-metragem com “Tricycle Thief” no ano passado.

13 Out 2016

Pintura | Exposição da Lusofonia abre hoje no Clube Militar

Inaugura hoje a “Exposição de Pintura Lusófona 2016” na Galeria Comendador Ho Yin, no Clube Militar. É a segunda edição do evento e traz a Macau, mais uma vez, um “quase filho da terra”. José Vicente chega para tratar essencialmente da logística associada à produção, num evento que conta com 27 trabalhos vindos de nove países da lusofonia e que traz a Macau nomes conhecidos e novidades na arte contemporânea

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Vicente vem, desta vez a Macau, não como curador, mas sim para prestar um serviço à Associação de Promoção de Actividades Culturais (APAC), entidade responsável pela exposição que inaugura hoje no Clube Militar e que é dedicada à arte que se faz na lusofonia. Este é um evento que traz não só artistas portugueses mas de toda a lusofonia, informa com satisfação o responsável, enquanto descreve o processo pelo qual normalmente passa até chegar às obras que traz a esta ou outras exposições que têm feito parte do seu CV.
“A APAC está com a produção executiva do evento e vim, apenas, dar o apoio necessário à produção da exposição”, explica ao HM. “Tive, mais uma vez, oportunidade de ter conseguido estar com todos os artistas que aqui são representados, de conviver dentro do atelier, aquele sítio especial onde o mundo acaba porque só existe aquele lugar”, explica enquanto adianta que é naquela intimidade que o também curador “se sente mais à vontade para trabalhar”.
José Vicente tem ligações a Macau desde 2001 e tudo começou com uma exposição no Hotel Mandarim “ainda o mar batia naquelas paredes”. O laço fechou-se, mas com isso marcaram-se muitos retornos sempre no sentido de “trocar culturas”. Se, por um lado, tudo começou com o trazer artistas de Portugal para se darem a conhecer por cá, com o tempo, os projectos foram mudando. Agora, José Vicente traz artistas lusófonos e dedica-se à prata da casa.

Mudar não quer dizer piorar

As mudanças que o curador tem vindo a assistir desde 2001 no território têm sido mais que muitas, e se, no início, “as exposições eram muito viradas para a comunidade portuguesa, esse facto não era intencional mas sim algo que acabava por acontecer espontaneamente”. Com o tempo e “de porta aberta para toda a gente” começou-se a registar uma cada vez mais afluente vaga de público da terra que não só demonstrou curiosidade, como passou a registar uma crescendo de interesse pelo que vinha de além mar.
“O que fazemos é para os locais, sejam eles de que nacionalidade for, porque a arte é para ser para todos”, afirma José Vicente.
Relativamente aos artistas locais, o curador relembra a título de exemplo a exposição da lusofonia do ano passado em que fizerem parte da sua selecção obras de Ung vai Meng, presidente do Instituto Cultural. “Estas exposições têm esta característica essencialmente agregadora e esta, que está a inaugurar, é mais um exemplo disso.
São muitos anos e muitas as diferenças que José Vicente tem assistido na RAEM. No entanto, “a mudança não tem que ser obrigatoriamente negativa, pode trazer desenvolvimentos positivos, sendo que é fundamental que se tenha em mente a sustentabilidade desse crescimento”, explica.
A arte, por seu lado, tem acompanhado este crescimento. E não só em Macau, mas na Ásia.
“O que se faz por cá é cada vez mais visto em todo o lado porque o crescimento traz diferença, a diferença traz novos pontos de vista e isso traz outro imaginário e outra criatividade.”
O evento que inaugura hoje traz Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Timor Leste, S. Tomé e, claro, Macau. Da casa estará representado o reconhecido Ieong Tai Meng, de Moçambique Malangatana e de Portugal João Paulo. A exposição conta com entrada livre e estará patente até 23 de Outubro.

12 Out 2016

Albergue SCM relança “Famílias Macaenses” de Jorge Forjaz

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Albergue SCM planeia lançar novamente a obra “Famílias Macaenses”, de Jorge Forjaz. O livro foi apresentado pela primeira vez ao público em 1996, durante o II Encontro das Comunidades Macaenses, mas o espaço dirigido por Carlos Marreiros quer reavivar uma memória que diz ser fruto de um “árduo trabalho”.
Foi em 2011, de acordo com um comunicado do Albergue SCM, que Jorge Forjaz foi convidado a vir a Macau partilhar uma reflexão sobre o seu trabalho e o impacto que teve na comunidade. Após a conferência, Carlos Marreiros desafiou o autor para uma nova etapa: a revisão e actualização da primeira edição de “Famílias Macaenses”. Um desafio que agora se concretiza.
“Após cinco árduos anos de trabalho, o resultado monumental está à vista e ultrapassou largamente o que esperávamos do autor. A segunda edição de ‘Famílias Macaenses’ é uma revisão geral da obra, actualizada em quase todos os capítulos e sub-capítulos, acrescentada com 80 novos capítulos e ilustrada com mais de três mil fotografias, numa edição em cinco volumes, mais um volume de índices, que incluirá todos os nomes citados ao longo da obra”, indica o Albergue.
Na obra original reúne-se “pela primeira vez” toda a família macaense dispersa inicialmente pelo imenso território da China (Hong Kong, Cantão, Xangai, Harbin), Japão (Kobe, Nagasaki, Tóquio, etc.), Tailândia, Singapura, ou, mais tarde, pelo Brasil, Canadá, E.U.A., Austrália e Portugal.
“A recepção que tal obra teve junto das comunidades macaenses foi extremamente positiva”, indica a organização.
O Albergue SCM admite, contudo, que o projecto editorial implica um “enorme esforço financeiro”, pelo que o espaço está a pedir ao interessados em adquirir o livro que o encomendem através de email (creativealbergue@gmail.com).
A previsão é que a obra seja lançada no próximo Encontro das Comunidades Macaenses em Macau, de 26 de Novembro a 2 de Dezembro.

12 Out 2016

Lusofonia | Escola do Alentejo mostra construção de instrumentos musicais

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se Ofício das Artes (OFA), é uma escola profissional de música localizada na cidade alentejana de Montemor-o-Novo e vem a Macau participar no Festival da Lusofonia, que se realiza entre os dias 21 e 28 de Outubro. O convite foi feito pela Casa de Portugal em Macau (CPM) e o objectivo é mostrarem ao público o curso de construção de instrumentos musicais, um dos poucos existentes em Portugal.
Ao HM, Daniel Garfo, presidente da OFA, explicou aquilo que vão mostrar nas Casas-Museu da Taipa. “Estabelecemos contacto com a CPM no sentido de avançarmos com o workshop de construção de cavaquinhos. A construção de instrumentos é-nos especial, por ser um dos cursos que leccionamos na OFA, bem como o único curso de Luthiers (profissionais que trabalham na construção de instrumentos) na Península Ibérica. No festival da Lusofonia e na feira de artesanato será possível adquirirem instrumentos novos e criados manualmente e podem ainda assistir à construção de instrumentos ao vivo”, referiu o também docente de Música.
O objectivo da escola alentejana é fixar pontes com Macau e, a partir do Festival da Lusofonia, internacionalizar o projecto OFA. “Acreditamos que esta parceria é benéfica para estreitarmos relações com a CPM e iniciarmos novos projectos em conjunto, conhecer novos parceiros e manter a tradição portuguesa em Macau.”
Com a CPM está ainda a ser pensado o projecto “Here Comes the Sun”, que visa angariar fundos para ajudar alunos dos países de língua oficial portuguesa a estudar na OFA. “Pretendemos envolver não só os portugueses e cidadãos dos PALOP a viver em Macau como a sociedade de Macau no geral, fazendo uma apresentação musical com alguns dos professores e alunos da OFA com o conhecido músico santomense Guilherme de Carvalho e com Beatriz Nunes, vocalista dos Madredeus”, adiantou o presidente da escola.
Daniel Garfo disse ainda que está na calha a concretização de um projecto de intercâmbio de jazz entre alunos portugueses e de Macau. “Queremos dar visibilidade a este projecto, estreitar relações com Macau e atingir o nosso objectivo primordial de angariar fundos para ajudar os alunos carenciados. Quem sabe possamos ajudar alunos de Macau a estudar jazz na OFA”, rematou Daniel Garfo.

12 Out 2016

Lusofonia | Três milhões para a festa que traz HMB, Don Kikas e Os Tubarões

As cores, sons e sabores dos países lusófonos vão animar a zona das Casas Museu da Taipa de 20 a 23 de Outubro. O evento, que este ano custa três milhões de patacas, continua a querer ser um marco na agenda turística local

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sítio é o do costume e a data marcada é de 20 a 23 de Outubro. É a 19.ª edição do Festival da Lusofonia que aí vem e que está orçamentada em três milhões de patacas. Esta edição promete trazer, mais uma vez, os sons dos quatro cantos do mundo que têm em comum a ligação lusa.
À semelhança das edições anteriores, um dos pontos fortes do evento é a realização de espetáculos que juntam artistas locais a outros, oriundos dos países que integram a edição. Das nações integrantes fazem parte Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O anfiteatro das Casas Museu da Taipa vai receber desde a Tuna Macaense, à capoeira brasileira, danças e cantares portugueses, performances e fados, entre artistas locais e outros convidados, de modo a mostrar as raízes desta “comunidade imensa que é a comunidade lusófona”.
De destaque, para a organização, são espectáculos de música e dança de artistas lusófonos ou os de música ligeira de artistas de Macau. Entre os nomes em cartaz estão agendados, para dia 21, a actuação de Don Kikas que vem de Angola, Knananuk de Timor e os Latin Connection, que representam Goa, Damão e Diu.
Vindos de Portugal estão os HMB e de Cabo Verde “Os Tubarões”. “Os Garimpeiros” de Moçambique também cá chegam e todos têm concertos agendados para o dia 22 das 20h00 às 23h00. A fechar a edição está Margareth Menezes, do Brasil, Tino Trimó da Guiné-Bissau e Tonecas Prazeres de São Tomé e Príncipe.

Comes e bebes

O petisco não falta e o Jardim Municipal do Carmo e o Largo homónimo voltam a ser palco dos chefs que ali vão mostrar a gastronomia dos países da lusofonia. Feijoadas do Brasil, moambá de Angola ou cachupa de S. Tomé são só algumas das iguarias que os interessados vão poder pôr à boca durante o evento. A acompanhar a edição vai ainda estar no ar a Rádio Carmo , uma edição especial que acompanha, em directo, convidados, visitantes e actividades.
Relativamente à edição do ano passado – cujo orçamento estava situado nos 3,3 milhões de patacas – os números deste ano são inferiores porque o “Instituto Cultural (IC) poupou essencialmente na publicidade, tendo agora uma maior divulgação online”, explica o responsável. O programa está preparado para acolher cerca de 20 mil pessoas, “mais ou menos o mesmo número do ano passado”, segundo a apresentação por parte do IC realizada ontem.
Porque é um evento a pensar em todos, para o mais pequenos estão disponíveis passeios de pónei e espaços especiais com a realização de workshops a eles dedicados.
Também para todos estão, como em anos anteriores, a ser preparados torneios de jogos tradicionais e matraquilhos com direito a prémios monetários aos melhores classificados e uma pequena aventura num simulador do Grande prémio. À festa justam-se vários stands de exposições que integram o que se faz nos países com ligação a Portugal.

Acessos mais fáceis

O Festival da Lusofonia acontece desde 1998 e tem como objectivo a promoção e divulgação das culturas e costumes dos países lusófonos bem como a homenagem às comunidades de expressão portuguesa sendo que faz parte das metas do IC “transformar o festival num marco das efemérides locais de modo a que se concretize enquanto ponto da agenda turística da região”.
De modo a facilitar o acesso ao local, tema que tem vindo a ser polémico, o IC garante que está em comunicação com a Direcção dos Assuntos de Tráfego, de modo a que esta estabeleça as devidas medidas para o aumento da frequência dos transportes públicos enquanto decorre o festival. Por outro lado, e para os que pretendem aceder à zona das Casas Museu da Taipa de carro, estará disponível o silo perto da zona do Carmo.

7 Out 2016

Tuna Macaense comemora 80 anos com novo álbum

Os 80 anos foram em 2015 mas a festa da Tuna Macaense é hoje, com o lançamento do sexto álbum do grupo na Fundação Rui Cunha. O grupo promete crescer num futuro próximo e continuar a “cantar Macau”

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]eis de Outubro foi a data marcada para lançar o sexto álbum da Tuna Macaense em jeito de comemoração do seu 80º aniversário. O local é a Fundação Rui Cunha e o momento promete uma pequena actuação por parte da Tuna, como forma de agradecimento pelo apoio tido ao longo dos anos.
A alegria e orgulho sentem-se nas palavras de Jorge Russo, nome pelo qual é conhecido o presidente da Tuna Macaense, ao falar do CD que é lançado hoje. “É um conjunto de 16 temas compostos propositadamente para assinalar a data e cantados em Português e Patuá”, refere o representante ao HM.
Tinha data marcada para o ano passado, visto a Tuna “ter tido início em 1935”, mas, devido a problemas técnicos, a gravação do disco só foi possível no passado mês de Abril.
O agrupamento tem atravessado gerações e Jorge Russo faz parte dele desde 1990. Passou pela administração portuguesa da actual RAEM, sentiu as mudanças da transição e hoje assume que “a actividade da Tuna Macaense actualmente é muito melhor do que antigamente”.
Se no passado faziam parte do repertório, essencialmente, temas instrumentais que misturavam os sons de bandolins, violas e cavaquinhos, actualmente acresce à sonoridade uma preocupação com a composição das letras. “Antes das transição, o pouco que era cantado era em Português e as nossas apresentações eram mais restritas”, refere Jorge Russo, enquanto justifica que a actividade da Tuna, antes da transição do território, era limitada a convites pontuais feitos por parte do então governo luso.
Depois de 1999 “mudou muita coisa e para melhor”, salienta. “Começamos a cantar em mais locais e a ter uma actividade mais livre, por um lado, e por outro começamos a trabalhar com as línguas que se falavam cá e a compor letras em Patuá, Cantonês e mesmo Mandarim, o que foi de encontro aos desejos da população.”
Outra opção foi adoptar temas de origem inglesa às línguas da terra. “As pessoas ouviam coisas que conheciam, mas na sua língua, e foi assim que a Tuna foi adquirindo mais popularidade nos últimos anos entre a população local”, explica Jorge Russo.
Mais do que a linguagem, é conteúdo que Jorge Russo pretende dar às canções da Tuna. É um “cantar Macau”, em que as palavras e as sonoridades pretendem transportar para os palcos “as ruas de Macau, as suas pessoas, o património e a história da terra de modo a conservar as memórias”.

Futuro risonho

Actualmente a Tuna é composta por apenas seis elementos. No entanto, o reduzido número de músicos não é factor desmoralizante para o presidente do grupo musical. A Tuna Macaense já está em processo de renovação com a recente colaboração com os alunos do curso de Música do Instituto Politécnico de Macau. A ideia é que no próximo ano estes pupilos integrem a formação e, desta forma, tragam a desejada continuidade à Tuna Macaense. Tudo isto porque, para Jorge Russo, as dificuldades “não são assim muitas e o grupo conta com o apoio do Governo e autonomia de espaço, o que ajuda no seu bom funcionamento”.
O lançamento do CD que comemora as 80 primaveras da Tuna Macaense tem lugar hoje, às 18h30, na Galeria da Fundação Rui Cunha e conta com entrada livre.

6 Out 2016

MAM inaugura hoje exposição de Yuen-yi Lo

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se “Lidando com Objectos – Fragmentos Desenhados por Yuen-yi Lo” e é a mais recente mostra artística da Montra de Arte de Macau, dedicada a promover o talento local. Organizada pelo Museu de Arte de Macau (MAM), a exposição convida o público a fazer uma visita e observar as estórias que fluem desta série de trabalhos, e a sentir as imagens, os sons, odores e texturas dos objectos expostos.
Natural de Macau, Yuen-yi Lo, estudou Design de Comunicação e Belas-Artes em Hong Kong, Itália e Reino Unido e participou em exposições individuais e colectivas no Reino Unido, Hong Kong, Macau e Taiwan, dedicando-se actualmente à criação artística, à escrita e ao ensino. Os seus trabalhos são sobretudo desenhos a lápis e etropologia visual e centram-se em textos, grafismos e objectos usados. A artista escreve também sobre arte e cultura, feminismo e história oral, com indica uma nota do Instituto Cultural (IC).
Yuen-yi Lo publicou diversos artigos relacionados com arte e vida no periódico de Hong Kong “Mingpao”, sendo que 76 deles foram compilados e publicados no livro “Desenhando a Escrita”. Entre as suas outras obras incluem-se “Mensagens de Amor ao Longo dos Séculos: 21 cartas a Artistas parisienses”, “Um Quarto” e “Um Diário de Nushu, Escrita Feminina”, entre outros.
Yuen-yi Lo considera que na arte tradicional ocidental o desenho a lápis tem sido “periférico”, mas foi esta técnica que adoptou como núcleo do seu trabalho, explorando assim as suas funções e significado na arte contemporânea.
“Ao desenhar objectos usados do quotidiano retenho os traços de antigas experiências e recordações. Nas palavras do francês Jacques Derrida, a percepção é recordação, pelo que as pessoas desenham para se recordarem o que se passou ou o que em breve passará”, diz a autora, citada pelo IC.
A mostra abre às 18h30, no MAM, com entrada livre. Yuen-yi Lo estará apresente, apresentando as obras expostas. “Lidando com Objectos – Fragmentos Desenhados por Yuen-yi Lo” está patente até 20 de Novembro.

6 Out 2016

STOMP actuam no Venetian até domingo. Falámos com quatro ‘stompers’

Vêm de diferentes backgrounds, mas é isso que os ajuda a tornar STOMP único. Phil Batchelor, Ian Vincent, Adrien Rako e Dominik Schad falam do espectáculo que já correu continentes com ritmos feitos de objectos comuns e que, asseguram, são contagiantes

[dropcap style≠’circle’]“S[/dropcap]TOMP” é uma celebração de música e movimento, usando objectos do dia-a-dia. É, pelo menos, assim que Ian Vincent explica ao HM o conceito por trás do espectáculo que decorre no Venetian até dia 9 de Outubro. De bolas de basquetebol a vassouras, STOMP junta dançarinos e bateristas com perfomers de todos os tipos de arte com a habilidade para criar música com tudo aquilo que não é um instrumento.
Actualmente, há cinco companhias STOMP em espectáculos à volta do mundo, mas numa entrevista exclusiva com quatro dos principais dançarinos que trouxeram o espectáculo a Macau – Ian Vincent, Phil Batchelor, Adrien Rako e Dominik Schad – o HM ficou a perceber um pouco mais sobre o espectáculo que, em 25 anos, foi visto por mais de 12 milhões de pessoas em seis continentes.
Cada pessoa tem um papel diferente e varia consoante o espectáculo, o que permite que “cada um traga uma diferente personalidade” para o palco. Algo que ajuda a transformar o espectáculo, especialmente se estiver parado num local por diversos dias, como é o caso de Macau.
“Todas as noites a estrutura do espectáculo é a mesma, mas a vibe é diferente por causa de haver diferentes pessoas encarregues de diferentes momentos e deixarem o seu próprio carácter mostrar-se. É, por isso, um sentimento diferente todas as noites.”
Phil Batchelor, director em tour, explica ao HM que o espectáculo não tem um guião, ainda que a ordem por que é conduzido seja a mesma. “Começamos sempre com vassouras e acabamos sempre com bidões. A música do espectáculo está escrita, cerca de 75% do show está planeado, mas o resto depende de nós e dos nossos momentos pessoais em palco. Há lugar para improvisar e fazer os nossos próprios solos.”
Se for ver os STOMP, fique a saber que quando vir um solo, tudo o que sai da pessoa naquele momento é inventado – ou sentido – na altura. “Permite ter movimentos únicos”, assegura Batchelor.
Para os shows, os ‘stompers’ praticam duas horas antes de cada espectáculo, como nos diz Dominik, mas esse ensaio mais a sério não é o que lhes dá exactamente a prática que precisam.
“É já parte de cada um dos ‘stompers’ estar sempre a tocar em algo, a usar objectos como bateria e a fazer barulho com tudo o que temos à nossa volta. Estamos constantemente a colocar em prática o ‘fazer barulho’ de uma forma harmoniosa, transformar esse barulho em música.”
É “inconvencional”, como acrescenta Phill Batchelor, que explica um pouco mais dos bastidores. Não fosse ele o manager em tour do grupo.
“Fazemos as audições por fases, estilo ‘Factor-X’ até conseguirmos ser seleccionados. Depois aprendemos entre oito a nove horas durante seis semanas todo o show”, diz, acrescentando que todos os que compõem os STOMP vêm de diferentes backgrounds, como dança e música, é há até quem não tenha formação em qualquer uma destas artes. “Basta ter um bom sentido rítmico.” E porquê?
“O show é a transformação de objectos que se tornam instrumentos, por isso não podemos assumir que é igual a um baterista sentar-se atrás de uma bateria. Não é igual a andarmos no palco a varrer com uma vassoura a um ritmo determinado e com mais sete outras pessoas, a fazer a nossa própria música.”
Todos eles sabem diferentes papéis no espectáculo, caso seja necessário substituírem-se, havendo no total 12 pessoas – oito delas em palco.

Arte pura

“STOMP” é também um caso onde aqueles que eram dançarinos se transformam em bateristas e quem andava a fazer barulho nas baterias, se transforma em dançarino. E, no fim, “todos se transformam em ‘stompers’”, como explica Batchelor. Pegando no seu próprio exemplo, o manager diz que bastou ver o espectáculo para ficar viciado.
“Achei que era uma loucura, vê-los a tocar bateria, mas sem ser com bateria”, partilha com o HM, admitindo que “a dança não era algo que saía naturalmente”, mas com a inclusão nos STOMP tudo mudou.
Já o caso de Adrien, acabado de integrar o grupo depois de ter tido um contrato em Amesterdão, é bem diferente. Algo que comprova a diversidade do grupo.
“Era dançarino e ainda sou. Trabalhei como dançarino, professor e coreógrafo e fiz as audições quando estava em Londres, à procura de trabalho. Vi uma publicidade que dizia ‘se não consegues evitar estar sempre a fazer ritmos, anda e experimenta’ e pronto. Achei super interessante a ideia de estarmos sempre a mexer-nos, que gosto realmente, ao mesmo tempo que fazemos música.”
O alemão Dominik confessa ao HM que conseguiu, com este espectáculo, subir ao palco de uma forma diferente daquilo que sempre fez e Ian, enquanto sorri, assegura ter encontrado as suas paixões.
“Eu era baterista, estudei Música e tinha até uma banda. Vi o espectáculo algumas vezes, porque os STOMP são muito populares na Alemanha e tinha até um vídeo do grupo, quando era criança. Era um fã e, por ser um baterista, sempre senti falta de estar à frente no palco. Sentar-me lá atrás, no canto a tocar bateria não era suficiente para mim, que sempre quis estar a mexer-me mais e a interagir com o público. E os STOMP são o local ideal para isso”, explica Dominik ao HM.
“Eu cresci como dançarino, mas também baterista. A minha família é muito musical e, apesar de estar a estudar dança, ouvi falar da audição. Mas a minha história é estranha, porque fiz a audição completamente sozinho na Sidney Opera House: fiz o que eles fizeram, mas sozinho”, diz Ian, enquanto ri. “Os STOMP para mim são basicamente os dois grandes amores da minha vida juntos como um trabalho.”
E, se tinha como hobby tocar bateria, a verdade é que Phil Batchelor está nos STOMP porque queria mais do que o que a vida lhe oferecia. “Adorava tocar bateria, mas fui para a universidade e tirei Business Management e Computer Science. Enquanto estava a tirar o curso fui ver os STOMP em Londres, quando trabalhava lá. Pensei logo que era espectacular e comecei a contemplar a hipótese de que, talvez, o curso que estava a tirar não era exactamente o que queria fazer. Candidatei-me depois de um espectáculo para fazer uma audição.”
Perguntaram-lhe se tinha sentido de humor, se trabalhava arduamente e se tinha ritmo. Respondeu a tudo que “sim” e, garante-nos, não mentiu.
“Não, sim, não [menti] (risos). Esqueci-me da audição, acabei o curso e fui-me embora de Londres. Um dia depois de chegar à minha terra natal chamaram-me para Londres. Fui para uma audição nova só porque sim e aqui estou.”
Dez anos depois, Phil Batchelor e Ian Vincent continuam nos STOMP, depois de terem começado ao mesmo tempo. Estão quase sempre em tour, mas asseguram que conseguem contornar bem o facto de não pararem num sítio apenas.
“Quando temos intervalos conseguimos ver as vistas, é fixe”, diz Ian. “É fixe, claro. Quando penso no trabalho de agente imobiliário que tinha em Londres, das 8h00 às 20h00, todos os dias, seis dias por semana. Eu tenho isso como referência: se achar que está difícil aqui e começar a ficar frustrado penso logo nesse tempo e obrigo-me a ver que este é o trabalho mais divertido que posso ter”, acrescenta Phil Batchelor.
Os tempos livres dos STOMP são cheios de criatividade, como confessa Ian, que conta ao HM algumas das peripécias depois das luzes do palco se apagarem.
“Eu adoro fotografia e consigo fazer isso. Conseguimos todos fazer coisas criativas, como filmes e música. Todos nós. Fizemos um filme em Pequim, só por divertimento. E pequenos projectos, como composição de música. Tentamos fazer algo sempre juntos, além dos espectáculos.”

Vai ficar à espera?

Descrito como “um espectáculo com ritmos contagiantes, rotinas espectaculares e inovadoras e quase telepatia entre os dançarinos”, STOMP é “o derradeiro encontro entre o urbano e o primitivo” no que à dança e ao ritmo diz respeito. Parados em Macau desde o dia 23 de Setembro, o espectáculo vai até dia 9 de Outubro – pelo que só tem até domingo para comprar os bilhetes, que vão desde as 180 às 780 patacas.
Esta é a primeira vez que estes ‘stompers’ estão em Macau, mas já sentem que o território está mais inclinado para o jogo, algo que os faz lançar um desafio ao público local: “há comédia, música e dança. Há tanta coisa de que as pessoas que vêm ver o espectáculo gostam e que experienciam. Se procuram algo que é fora do normal, do que pensa, venham ver-nos”, diz Phil Batchelor, logo ajudado por Ian Vincent: “É tão divertido.” E para todas as idades. No Venetian, até 9 de Outubro.

5 Out 2016

Música | Clockenflap regressa com Chemical Brothers, Die Antwoord e George Clinton

Mais de um dezena de bandas vão subir aos palcos do Clockenflap este ano, num alinhamento que conta com nomes como os Chemical Brothers, Die Antwoord e Sigur Rós. A música reina durante três dias, num festival que se estende a todos os géneros

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]maior festival de música das redondezas está de volta a Hong Kong em Novembro. Este ano, o Clockenflap tem no alinhamento The Chemical Brothers, Die Antwoord e Sigur Rós, só para mencionar alguns. E o cartaz não está ainda fechado. transferir
Depois de um 2015 com “mais de 60 mil” festivaleiros, o Clockenflap promete mais música e arte no “Harbourfront” de Kowloon de 25 a 27 de Novembro, com bandas que vêm de todas as partes do mundo. A organização anunciou recentemente a presença dos The Chemical Brothers.
A banda do Reino Unido, que já cá anda desde os anos 1980, sobe ao palco principal do festival no último dia, domingo. Com seis álbuns e duas dezenas de singles no topo das preferências, Tom Rowlands e Ed Simons chegam ao Clockenflap para aquele que será “o único concerto” da banda na Ásia. O duo de música electrónica, “reconhecido em todo o mundo por sets ao vivo de cortar a respiração”, promete uma “performance a não perder”, onde a música vai fazer-se acompanhar de imagens psicadélicas e um festival de luzes.

De África com loucura

O Clockenflap apresenta ainda os Die Antwoord. Directamente da África do Sul, os “freaks” da cena musical que junta o Rap e as ‘raves’ sobem ao palco no segundo dia do evento. O bizarro duo toca pela primeira vez em Hong Kong, onde mostrará o que faz de melhor: a veneração e a paródia à contra-cultura Afrikaans. Com o quarto álbum a caminho e passados sete anos desde a sua estreia, Die Antwoord (“A Resposta”, em Português) afastam-se de tudo o que é comercial e comummente aceitável.
“Misturam rap com rave, visuais especiais e letras afiadas, são o antídoto perfeito para o veneno que é o ‘mainstream’”, escrevem na apresentação da banda. die_antwoord_insta
Da Islândia chegam os Sigur Rós, que regressam a Hong Kong e trazem consigo novo material. Classificados como uma banda de “post-rock”, prometem aquela que será “a sua mais épica performance de sempre”.

Do Hip Hop ao Funk

Blood Orange (Reino Unido), Fat Freddy’s Drop (Nova Zelândia), George Clinton and Parliament Funkadelic (EUA), Mad Professor (SFSF). Entre sexta-feira e domingo, o Hip Hop, R&B, Soul e Funk estará nas mãos de representantes internacionais destes géneros musicais.
É o caso de Blood Orange, que apresenta a mistura perfeita de R&B e electrónica. Sobe ao palco no sábado, depois de ter aparecido em 2004 e escrito músicas para bandas como os Florence and The Machine, Carly Rae Jepsen, Kylie Minogue e até Chemical Brothers. No mesmo dia é tempo para ver Fat Freddy’s Drop – numa combinação de Reggae, Dub, Blus e Jazz -, e o produtor de Dub-Reggae Mad Professor, que há mais de 35 anos faz novas adaptações a músicas de bandas como os Beastie Boys, Depeche Mode, Sade e Jamiroquai.
Um dia antes sobe ao palco “o rei do Funk”: George Clinton, lenda que inspirou nomes de Michael Jackson a Red Hot CHilli Peppers, está no topo desde há 50 anos e continua, ainda hoje, a fazer todos dançar. Preparados para o senhor que ainda hoje sobe ao palco com Mary J. Blige e Grandmaster Flash?

Da Ásia com talento

Sem esquecer onde acontece, o Clockenflap compromete-se todos os anos a trazer a Kowloon as bandas asiáticas do momento e este ano não foi excepção. images
De Taiwan vem Cheer Chen e o seu folk melódico, prontos para subir ao palco no sábado, um dia antes do rock dos japoneses Sekai No Owari. A Coreia é representada pela banda indie Hyukoh e há espaço para bandas da casa: …Huh?!, Juicyning, Fantastic Day, TFVSJS, Tux e CharmCharmChu.

Lista que continua

Foals chegam pela primeira vez a Hong Kong depois de actuarem em festivais à volta do mundo, como o Coachella, para tocar no domingo. O último dia do festival recebe também Yo La Tengo (EUA), Crystal Castles, Sun Glitters, o “prodígio francês da electrónica” Fakear e os conterrâneos Birdy Nam Nam.
A electrónica mantém um lugar de topo no Clockenflap com outros nomes como Badbadnotgood (sexta-feira), 65daysofstatics (sábado) e Rodhad.
José González, Jimmy Edgar, Reonda e Pumarosa são outras das presenças, que partilham o festival com The Jolly Boys da Jamaica.
Mas o Clockenflap não se faz só de música e este ano marcam presença novos performers com o já tradicional Club Minky. Da comédia ao circo e artes performativas, há diversidade para todos os gostos. “All Genius, All Idiot”, da trupe Svalbard, “Yeti’s Demon Dive Bar” e “Ichi” são alguns dos convidados, que partilham o espaço do festival com a instalação The Blind Robot, que dá a oportunidade aos humanos festivaleiros de conhecer um lado doce e emocional que não se espera de uma máquina.
A segunda fase dos bilhetes já está à venda e permite a compra de ingressos a preços que vão desde 850 a 1620 dólares de Hong Kong. Estão disponíveis até 10 de Novembro, ficando mais caros depois. As portas do festival abrem às 17h00 do dia 25 de Novembro.

30 Set 2016

IIM relança publicidade de livros sobre identidade de Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]colecção de livros “Cidade Cristã”, lançada pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), está a ser novamente divulgada pela instituição. O objectivo é divulgar a identidade de Macau com os três livros lançados em 2001 e que pretendem preservar a memória e a identidade do território sob três perspectivas diferentes: Macau de matriz portuguesa, Macau de referências ocidentais e Macau macaense.
Rufino Ramos, director-geral do IIM, explica por que se decidiu recordar as obras: é que na altura que estes livros foram editados influenciaram o aparecimento de outras obras sobre Macau.
“Havia muito pouca coisa sobre este assunto e as pessoas não tinham referências. Soube por exemplo de um livro de culinária lançado há pouco tempo por um luso descendente que tem por nome ‘Arroz Gordo’. Ora este é um prato típico de Macau. Quando as coisas são difundidas começam a dar mote para que mais coisas apareçam.”
Os livros, que foram editados em 2001 durante o encontro das Comunidades Macaenses, são novamente motivo de conversa porque o IIM considera que nunca é demais divulgar a identidade e a importância da cultura de Macau.
“O primeiro chama-se ‘Identidade Macaense’ e foi escrito pelo Coronel da Silva que foi funcionário dos correios e posso dizer que é um livro escrito com muito sentimento e que explica por palavras suas o que é ser macaense. É um conjunto de memórias que ficam registadas para o futuro.”
“Macau somos nós”, o segundo exemplar, reúne dezenas de testemunhos de macaenses que estão fora. “São os macaenses da diáspora. A sua grande maioria está, ou esteve, no Brasil, alguns já voltaram e outros entretanto morreram, mas fica o seu relato. As aventuras que viveram nessas terras e as saudades que deixaram em Macau”, diz.
Este volume tem também fotografias “preciosas” na opinião de Rufino Ramos, por se tratarem de “registos particulares de cenas antigas que de outra forma não teríamos acesso e ficariam esquecidas”.
Finalmente o último livro da colecção, que foi escrito por Miguel de Senna Fernandes, numa parceria com o linguista australiano e actual director da Universidade de São José e cujo nome é “Maquista Chapado”. Nele se encontram referências ao patuá, já que contém “um glossário de termos de patuá e respectiva tradução para português e ainda uma lista de alcunhas antigas cuja explicação, nalguns casos, é muito engraçada”, frisa Rufino Ramos.
Todos os livros foram editados em língua portuguesa mas no caso do terceiro exemplar existe também uma versão em inglês, que não é contudo da responsabilidade do IIM. Os livros podem ser encomendados no Instituto ou nas livrarias locais.

30 Set 2016

Cinema | Ian Lam e Maxim Bessmertny lançam séries sobre pessoas de Macau

Para um, é uma forma nova de ver Macau; para outro, o repescar da memória uma realidade conhecida. “What’s Your Art?” junta Ian Lam e Maxim Bessmertny num projecto que, mais do que dar a conhecer as pessoas que fazem o território, é ir ao fundo delas, das suas histórias e da sua vida

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ara Ian Lam, dentro de um casino, o que é interessante não é tanto a slot-machine, mas mais a pessoa que se senta em frente a ela – o jogador. E é desta perspectiva que o jovem salta para um novo desafio, para o qual convidou o realizador Maxim Bessmertny: contar a história de vida de pessoas da terra. A história real, de alguém real, de “todos os níveis e partes da sociedade”.
É assim que começa “What’s Your Art?”, a nova série de episódios online a ser actualmente filmada pelos dois jovens locais. Ian Lam, que trabalha no projecto com a empresa eSpark, convidou Max Bessmertny para dirigir as séries, numa ideia onde o realizador local tem, pela primeira vez, ‘apenas’ esse papel.
“É uma ideia original e engraçada ao mesmo tempo e raramente me convidam para fazer coisas deste estilo, normalmente começa com a minha concepção, produção e direcção. Desta vez posso apenas dirigir, algo que me despertou a atenção. Já para não falar que é um projecto que me fala ao coração, é sobre esta cidade, a minha cidade.”
Para transformar um conceito em algo real, Ian Lam “pesquisou profundamente” os diversos tipos de pessoas que compõem esta cidade. Com Max escreveu o guião, que foi imediatamente considerado “muito viável” pelo realizador por trás do filme “Trycicle Thief”, filmado em Macau e que obteve sucesso além-fronteiras.
“É à base de entrevistas, mas não só. É algo interessante, que nos move para conhecer personagens em 15 minutos”, revela Bessmertny ao HM.
O episódio piloto começa com uma “personagem” que é, no fundo, uma cara conhecida da terra – não individualmente, mas como um elemento que, para quem cá vive, é já tão comum que quase passa ao lado. “What’s Your Art?” vai mais a fundo.
“O primeiro episódio começa com uma senhora que recolhe cartão nas ruas para viver. Mas é a vida dela, a sua própria experiência e conversas com ela. É aqui que descobrimos que faz também [exercício] para controlar a pressão arterial e, com esta ligação, passamos para a segunda personagem, do segundo episódio, que não vou revelar”, explica.
Quem mais podemos conhecer a seguir é uma questão que fica por responder, à espera que os episódios de “What’s Your Art?” invadam os ecrãs – online, mas possivelmente não só.

Lembranças que cá estão

Enquanto a série pretende, de certa forma, “dar voz aos que não a têm”, como indica Bessmertny, foi precisamente a existência destas pessoas que fez Ian Lam avançar com o projecto. O jovem, nascido em Macau mas estudante no Canadá, regressou recentemente ao território e consegue, por isso, ter uma outra perspectiva.
“Na visão de um estrangeiro, novo nesta cidade, uma das coisas que mais salta à vista é que este lugar não é como qualquer outro que já tenhamos experienciado. É de um incrível surrealismo, mas num sentimento que nunca é captado nos média ‘normais’, onde o que vemos é sempre microscópico, pequenos pedaços da história real”, diz Ian Lam, citado por Maxim Bessmertny. “Esta cultura é, na minha opinião, o elemento mais interessante desta cidade, tal como o que é mais interessante num casino não é normalmente a slot-machine mas a pessoa que joga. As histórias de vida das pessoas.”
A visão “fresca” interessou a Bessmertny que, chamando Macau a sua casa há mais de duas décadas, conseguiu assim “redescobrir” algumas das silhuetas que abundam nas ruas da cidade.
“São coisas de que me esqueci e que consigo reaprender desta forma. É muito interessante trabalhar com pessoas como [Ian Lam], porque a sua visão torna esta cidade muito mais interessante. Ao darmos vozes a estas pessoas somos mesmo obrigados a pensar como é que vivemos aqui todos, neste local de misturas, algo que poderia passar despercebido mas é fenomenal. É ‘realismo-social’: conhecemos estas pessoas, falamos com elas, durante meses.”
Duas visões “semelhantes, mas diferentes ao mesmo tempo”, como caracteriza Max Bessmertny, originaram então “What’s Your Art?”, que está a ser filmado com a ajuda de uma equipa de talentos locais. Para já não está confirmado quantos episódios serão feitos, porque a equipa ainda espera um evento que vai acontecer em Fevereiro e que pode mudar o rumo da série.
“Essa [actividade] pode chamar a atenção e ter audiência é o que mais interessa neste caso. Porque isso é o que pode levar-nos a algo mais do que o que temos pensado.”

29 Set 2016

Programa de apoio a designers de moda anuncia vencedores da primeira fase

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]na e Nair Cardoso e Nuno Lopes de Oliveira venceram a primeira fase do “Programa de Subsídios à Criação de Amostras de Design de Moda 2016”. Os designers locais passam, assim, a ter a possibilidade de ir mais além no programa, organizado pelo Instituto Cultural (IC).
Os candidatos foram avaliados com base em vários critérios que passaram pela criatividade e originalidade, potencial de mercado, qualidade, viabilidade e grau de perfeição do plano de participação em exposições e desfiles da moda bem como a viabilidade do plano de marketing, entre outras. O júri – composto por cinco nomes todos ligados à indústria da moda – seleccionou 15 finalistas de uma lista de 24 candidatos.
Ana e Nair Cardoso formam uma das equipas seleccionadas para passar à segunda fase, com a marca Anna Noir, com a qual concorreram pela segunda vez a este concurso. Apresentaram uma colecção cujo tema foi “amor incondicional” e foi com “muito entusiasmo” que souberam ter passado à fase seguinte.
“Apresentámos 12 coordenados em catálogo e desses temos de preparar um para ser apresentado na fase seguinte”, disse Ana Cardoso ao HM. “Todos os prémios são bem-vindos e [este concurso] ajuda a impulsionar e a afirmar a marca no mercado.”
Quanto à inspiração, a estilista explica. “Ambas fomos mães recentemente, ambas gostamos do que fazemos e foi uma maneira de mostrar o que sentimos. São vários amores incondicionais”, frisa, justificando o tema da colecção.
Já Nuno Lopes de Oliveira admitiu ao HM que chegar a esta fase “significou muito”, uma vez que o estilista diz ter “muito mais para mostrar”, além de que o significado é ainda maior quando o prémio chega do lugar onde nasceu, frisa. “Este prémio encoraja designers como eu, que vivem fora de Macau, a regressarem.”
O “Programa de Subsídios à Criação de Amostras e Design de Moda” existe desde 2013 e tem na sua génese a promoção do desenvolvimento da indústria da moda de Macau. Este ano recebeu mais de 40% de candidaturas provenientes da chamada nova geração de designers.
Os nomes que passaram à segunda fase terão ainda de dar provas do seu trabalho. Assim, foram incumbidos da tarefa de “produzir um traje amostra com base no trabalho seleccionado, o qual deverá ser exibido por um modelo, com maquilhagem e penteado apropriados, de forma a realçar o efeito estilístico global”, diz um comunicado do IC.
Segue-se depois uma entrevista com os jurados. Após a segunda análise, os candidatos seleccionados recebem, cada um, um subsídio no montante máximo de 11 mil patacas “como compensação para a execução e apresentação das amostras”.
Já durante a “segunda análise serão escolhidos, no máximo, oito vencedores, os quais terão direito a um subsídio até um máximo de 160 mil patacas cada, para a execução de amostras e de materiais promocionais”. A segunda análise ainda não tem nem data nem local marcado.

29 Set 2016

FIMM | Sons locais abrem trigésima edição do festival de música

Músicos da terra, uma ópera de Puccini e cordas de Berlim, acompanhadas a erhu, compõem a ementa de entradas da trigésima edição do Festival Internacional de Música de Macau

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omemora-se este ano o trigésimo aniversário do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) e, apesar da data agendada para a grande abertura coincidir com o Dia Nacional da China, nada como o devido prelúdio dedicada à terra anfitriã. Sob a rúbrica “Bravo Macau!”, os concertos de abertura do evento são com o de melhor que a cidade de Macau tem no que respeita a virtuosismo musical.
O palco da sala do Teatro D. Pedro V abre o pano a 29 e 30 de Setembro com uma série de nomes locais: na quinta-feira, a agenda aponta para um dueto de piano, composto por Poon Ho Suet e Poon Ho Tung, seguido da actuação de um quinteto de metais. As obras a interpretar serão composições de Tchaikovsky, Saint-Saens e Rachmaninoff ao piano; e Ewazen, Lafosse e Nagel nos metais.
O último dia de Setembro apresentará a pianista Cindy Ho a acompanhar os solistas Cheong Hoi Leong (piano), Chan Sin (piano) e Timothy Sun (saxofone), com interpretações de Kurt Weil, George Gershwin, Prokoviev e Rachmaninoff. Os bilhetes custam 120 ou 150 patacas e os concertos são às 20h00.

Amor ou morte

O primeiro destaque da presente edição do FIMM vai para a denominada “grande abertura” do evento: o palco do Centro Cultural de Macau acolhe a ópera “Turandot”. Composta pelo italiano Giacomo Puccini, esta famosa peça traz a história da princesa chinesa que, na busca de um marido, sujeita os pretendentes a um processo de selecção fatal. São três os enigmas que podem significar amor ou morte.
A peça terá sido terminada pelo compositor Franco Alfano e vem agora a Macau pela batuta do maestro Lu Jia, numa encenação de Giancardo del Monaco. A agenda coincide com a semana dourada e de 1 a 4 de Outubro, pelas 20h00, o palco acolherá “Turandot”. O valor dos bilhetes vai das 250 às 800 patacas.
Em simultâneo, de volta ao Teatro D. Pedro V, o Quinteto de Cordas da Filarmónica de Berlim traz dois espectáculos à RAEM. Dia 3 o grupo alemão apresenta adaptações de obras clássicas onde se registam os nomes de compositores que vão desde Mozart a Piazzola. No dia seguinte, juntam-se-lhe no palco o intérprete chinês de erhu, Xu Ke, com quem o Quinteto colabora há cerca de uma década. O espectáculo tem como finalidade dar a conhecer as conversas entre as cordas dos dois lados do mundo. Os concertos têm hora marcada para as 20h00 e os bilhetes são de 250 e 300 patacas.

Enigmas de amor e morte

Turandot é a última composição para ópera de Giacomo Puccini. A peça, em três actos, que veio a ser terminada por Franco Alfano, traz a história de uma princesa chinesa de nome Turandot que, a certa altura, é obrigada pelo pai a casar por motivos dinásticos. Turandot acaba por aceitar a imposição sem, no entanto, deixar de exigir uma outra condição: o homem que virá a ser seu marido terá que responder acertadamente a três enigmas por ela colocados, sendo que, em caso de erro, estará destinado à morte. A crueldade da condição acaba por não conseguir afastar a admiração do Príncipe Desconhecido que decide arriscar a própria vida para conseguir a mão da orgulhosa princesa. Após a derrota dos candidatos que o antecederam e a conquista do direito à mão de Turandot, não é intenção do príncipe ter a princesa contra a sua vontade e acaba por lhe devolver um outro enigma para que Turandot decida o seu destino.

28 Set 2016

Village Art Space | Novo projecto quer levar a cena artística à Taipa

Taipa Village Art Space é o nome do novo espaço dedicado às artes no centro da Vila da Taipa. A data de abertura está agendada para 5 de Outubro e inaugura com uma exposição do grafitter local PIBG

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]iniciativa da criação de um novo espaço dedicado à mostra artística na Taipa partiu da Associação recém criada “Taipa Village Cultural Association” e pretende descentralizar os eventos culturais para fora da península de Macau. O resultado é a abertura do espaço associado – Taipa Village Art Space – que juntou a iniciativa privada de empresários locais ligados à restauração que querem a dinamização daquela comunidade através da criação de condições que tragam mais diversidade no que respeita a ofertas ligadas à cultura.
O “pequeno espaço”, que inaugura a 5 de Outubro, tem a programação e curadoria a cargo do arquitecto e artista João Ó e abre as portas, pelas 15h30, com uma exposição dedicada à arte do grafitti do artista local PIBG, que traz à luz do dia o projecto “On the Verge”.

Rumo à macro-escala

A Village Art Space está situada “num pequeno edifício no centro da vila e “foi decorado com o mínimo de recursos de forma a concretizar um espaço branco”, afirma João Ó ao HM. A ideia é possibilitar uma maior liberdade no que respeita à programação e curadoria de exposições e eventos.
Esta é ainda a primeira vez de João Ó como curador que pretende “trazer a experiência enquanto arquitecto e artista para perceber o que quer fazer aos espaços”. O objectivo é alargar a própria concepção espacial e sair fora do conceito mais convencional rumo a uma macro-escala, esclarece João Ó. Foi baseado nesta meta que o curador descobriu a equipa de grafitters locais Gantz5 de onde sobressaiu o trabalho de PIGB, um dos membros da “crew”.
Para João Ó, o potencial de um grafitti é o poder que tem em “preencher o exterior mas que, neste caso concreto, terá uma ligação com o interior da galeria”. Para o efeito, a exposição inaugural do Village Art Space inclui dois murais situados nas ruas e obras feitas em tela que estarão “de uma forma não convencional no interior da galeria”.
É aqui que, para o curador, está a grande diferença desta exposição, na “conciliação do mundo interior com o mundo exterior e ao mesmos tempo transgredir as regras da exposição convencional porque esta ideia da arte deve ser dada à comunidade e não se resumir a um lugar fechado”.

Ensinar arte às gentes

A ideia da Associação na gestão deste espaço é que cada exposição esteja patente pelo menos durante um período de dois meses. “Um mês não é suficiente para divulgar um projecto e para poder ter outras actividades associadas e por isso optámos pelos dois meses”, justifica, sendo que nesta inauguração o grafitti tem três meses na agenda.
O objectivo é promover também um maior contacto com a comunidade através de actividades formativas. Estão já na calha a realização de oficinas para crianças com o artista residente e no continuar das actividades há espaço e intenção para a realização de seminários de “modo a dar a conhecer a arte às pessoas”.

27 Set 2016

Festa “Golden Grooves” amanhã no Bistro Marcellinho

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inda se lembra das festas de antigamente, onde a música obrigava à invasão da pista? Pois bem, amanhã pode voltar a sentir na pele os arrepios que traz o que de melhor se faz no Hip Hop, r&b, Funk e Disco.
A partir das 22h00, “e até tarde”, o Le Bistro Marcellinho recebe a festa “Golden Grooves”, um evento que promete algo “diferente do que os grandes clubes” de Macau oferecem actualmente, como indica ao HM Luís Lourenço, um dos responsáveis do 2Legit, entidade organizadora do evento.
“A Golden Grooves é uma nova festa local que encoraja a nossa comunidade a dançar como costumava, a esquecer estar sempre agarrado ao telemóvel e pagar muito caro por uma bebida”, indica a página do Facebook da festa. “Queremos levar toda a gente de volta às boas vibrações do Funk dos anos 1970 e da era dourada do Hip Hop, nos anos 1990. Mais interacções, mais conexão.”
Na “Golden Grooves” é absolutamente proibido estar parado na pista de dança. E, para evitar isso mesmo, três DJ animam a noite: Rocklee (Rockl), Nicespice e Adrian. Mais ainda, quem fizer parte de grupos ou escolas de dança locais tem entrada gratuita.
A entrada para o evento é de cem patacas e inclui uma bebida, sendo que a festa acontece no Le Bistro Marcellinho, um restaurante de fusão (português e italiano) que fica localizado perto do velho campus da Universidade de Macau.
“Esta é nossa primeira noite, por isso venham conhecer novos amigos e mostrar os vossos melhores movimentos na pista de dança”, indica o 2Legit, um salão de jovens barbeiros de Macau.
Esta é a primeira festa, mas não deverá ser a única, já que Luís Lourenço fala em mais ideias para futuros eventos, com os mais diversos estilos de música.
A ideia é simples: providenciar algo que “satisfaça a alma” de quem gosta realmente das boas vibrações do estilo ‘old school’.

27 Set 2016