Saramago | Documento de defesa dos direitos humanos do escritor chega à ONU

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] “Carta Universal dos Deveres e Obrigações dos Seres Humanos”, um documento inspirado no discurso proferido em 1998 pelo Nobel da Literatura José Saramago, foi entregue na quinta-feira à ONU para ser dada a conhecer mundialmente.

O texto é o resultado de vários anos de trabalho de académicos, especialistas e cidadãos e visa defender a “ética da responsabilidade”, como explicou a presidente da Fundação José Saramago e viúva do escritor português, Pilar del Río, citada pela agência de notícias espanhola Efe.

Segundo Pilar del Río, a Carta complementa a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adoptada em 1948 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, e propõe “a simetria” dos deveres humanos.

Direitos e deveres

Assim, no seu primeiro artigo, declara que todas as pessoas têm “o dever de cumprir e exigir o cumprimento dos direitos” reconhecidos por essa Declaração.

“Não queremos ser nem amedrontados, nem intimidados, nem resignados, nem indiferentes e, para isso, temos que cumprir os nossos deveres. Em primeiro lugar, exigir que se cumpram os direitos”, indicou.

Juntamente com outros promotores da iniciativa, a antiga jornalista espanhola entregou a Carta a vários altos responsáveis das Nações Unidas, incluindo ao secretário-geral da ONU, António Guterres. O documento foi também discutido com embaixadores de países ibero-americanos e o objectivo agora é dá-lo a conhecer ao resto do mundo, aos cidadãos, figuras da cultura e Governos.

“É um projecto que nasce no âmbito ibero-americano, mas com vocação universal”, sublinhou Pilar del Río.

A Carta está estruturada em 23 artigos que reúnem uma ampla gama de deveres para as pessoas, desde o de não discriminar até ao de respeitar a vida, passando por obrigações como o respeito da liberdade ideológica e religiosa e a participação nos assuntos públicos.

A iniciativa partiu originalmente do discurso que Saramago (1922-2010) proferiu ao receber o prémio Nobel da Literatura, em 1998, quando instou a que os cidadãos, além de defenderem os seus direitos, reivindicassem os seus deveres.

“Tomemos então nós, cidadãos comuns, a palavra: Com a mesma veemência com que reivindicamos os direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez assim o mundo possa ser um pouco melhor”, disse Saramago.

O escritor português recebeu o Nobel no ano em que se celebrava o 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

1 Mai 2018

Cinema | “Plastic China” vai ser exibido em Hong Kong

Fez parte da selecção oficial do Sundance Film Festival no ano passado e foi premiado em alguns dos mais importantes festivais de cinema documental. O documentário “Plastic China” de Wang Jiuliang vai ser agora exibido em Hong Kong, a 17 de Maio

[dropcap style≠‘circle’]G[/dropcap]alardoado no estrangeiro, o documentário do realizador chinês Wang Jiuliang, que traz à tela o problema do plástico e da sua reciclagem na China, tem exibição marcada para o próximo dia 17 de Maio na Garage Academy em Hong Kong. Depois de ter sido apresentado pela primeira vez no Sundance Film Festival, o filme tornou-se viral na internet e levou as autoridades chinesas a bani-lo.
“Plastic China” traz uma realidade por muitos desconhecida: o negócio, nem sempre limpo ou respeitador dos direitos humanos, que é a reciclagem deste material no continente. A China é o maior importador mundial de resíduos plásticos e recebe dez milhões de toneladas por ano da maioria dos países desenvolvidos. Esta condição tem trazido ao país um preço a pagar: um elevado impacto ambiental com consequências para a saúde de quem trabalha no sector. O filme retrata as pessoas que transformam o lixo oriundo do primeiro mundo e que o preparam para voltar a ser exportados.

Uma oficina entre muitas

A personagem principal da “Plastic China”, Yi-Jie, é uma menina de 11 anos que vive com a família numa típica oficina de reciclagem de resíduos de plástico. Sem poder ir à escola por falta de dinheiro, Yi-Jie apreende o mundo exterior a partir do lugar onde vive e trabalha. São os restos de pacotes de café que lhe dizem que ele existe, são os cartões de identificação das escolas inglesas que lhe ensinam as primeiras palavras naquela língua, e as bonecas partidas que usa, servem para brincar. O pai prometeu mandá-la para a escola há cinco anos, mas ainda não o fez e gasta o pouco que ganha em álcool. Kun, o dono da oficina de reciclagem doméstica, representa o dinheiro, o poder e a classe instruída e ao mesmo tempo que despreza a família de Yi-Jie, que mantém numa posição de dependência. O sonho de Kun é um dia ter um automóvel sedan e ascender socialmente.
O filme retrata a pobreza, a doença, a poluição e morte através da vida quotidiana destas personagens.

China frágil

Por outro lado, e de acordo com a apresentação oficial da película, “Plastic China”, alerta para a superficialidade do que se chama hoje de prosperidade chinesa, um conceito que o autor do documentário entende ser uma “cirurgia plástica – falsa e frágil, com consequências incertas”.
Enquanto isso, no outro lado do mundo – longe das oficinas de reciclagem de plásticos da China, a tendência é ignorar as consequências do uso excessivo dos plásticos.
Entretanto, a China proibiu a importação de lixo plástico no início do ano.

1 Mai 2018

Abuso sexual | Academia Sueca pondera não conceder Nobel da Literatura este ano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Academia Sueca, abalada por um escândalo envolvendo fugas de informação e abusos sexuais que fez sair cinco membros, poderá não atribuir este ano o prémio Nobel da Literatura, indicou ontem o presidente da Fundação Nobel, Carl-Henrik Heldin.

Em declarações à televisão pública sueca SVT, o responsável falava depois de a rádio pública SR ter noticiado que várias pessoas do Comité Nobel e da Academia Sueca consideram que o prémio não deve ser concedido este ano, para dar tempo à instituição para cicatrizar as feridas e recuperar a confiança da opinião pública.

Assim, seriam outorgados dois prémios de Literatura em 2019, um dos quais correspondente ao ano anterior, de acordo com uma ideia apoiada por Peter Englund, um dos membros que abandonou a academia. “Estamos no meio de uma discussão, não vou dizer nada sobre isso, mas dentro de pouco tempo será explicado o que vai acontecer nesse ponto (a eleição do vencedor deste ano)”, disse à emissora Anders Olsson, secretário permanente interino da academia fundada em 1786.

Por sua vez, Per Wästberg, outro membro da academia, disse à SVT que só daqui a um par de semanas se poderá dar uma resposta definitiva sobre a questão.

O director da instituição, Göran Malmqvist, desmentiu, em contrapartida, à edição digital do diário Dagens Nyheter, que o prémio não vá ser entregue e, embora admitindo que houve uma proposta nesse sentido, considerou-a descartada e garantiu que seria “horrível” se tal acontecesse.

No entanto, a decisão sobre o prémio deverá ser tomada por todos os membros da academia, sendo o papel principal desempenhado pelo secretário permanente. O Nobel da Literatura, actualmente no valor de nove milhões de coroas suecas (863.000 euros) foi, tal como os das restantes categorias, sete vezes não atribuído durante as guerras mundiais do século passado – em 1914 e 1918, em 1935, e depois em 1940, 1941, 1942 e 1943 – mas nunca por outros motivos.

O escândalo rebentou em Novembro, quando o jornal Dagens Nyheter publicou a denúncia anónima de 18 mulheres de abusos e agressões sexuais contra o dramaturgo Jean-Claude Arnault, ligado à academia através do seu clube literário e marido de um dos seus membros, Katarina Frostenson. A academia cortou todas as ligações a Arnault e encomendou uma auditoria independente sobre as suas relações com a instituição, mas divergências internas quanto às medidas a adoptar desencadearam demissões, acusações e saídas de cinco membros, entre os quais a secretária permanente em exercício, Sara Danius, e Katarina Frostenson.

Na passada quinta-feira, os membros que continuam a ocupar as suas cadeiras na academia decidiram divulgar os resultados dessa auditoria e entregá-los às autoridades, além de anunciar reformas.

27 Abr 2018

Turismo | “Shrimp Junk Boat” volta amanhã aos passeios de fim de tarde

A partir de amanhã, ver o pôr-do-sol a bordo de um junco tradicional volta a ser a ser possível. O “Shrimp Junk Boat”, barco único no território e que um dia serviu para a pesca do camarão, está de volta às águas de Macau, oferece a oportunidade de, a bordo de um “museu”, apreciar a vida local e disfrutar do fim de dia no delta do Rio das Pérolas

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi construído nos estaleiros de Coloane para a faina da pesca do camarão. O “Shrimp Junk Boat” é agora o único da sua geração em Macau. Um junco histórico que se estrou em 2016 em passeios turísticos, e que a partir de sábado está de volta para levar quem quiser um passeio ao pôr-do-sol. “O formato dos passeios mantem-se idêntico ao que existia há dois anos, só que na rota inversa”, refere ao HM Henrique Silva, mais conhecido por Bibito, sócio da Macau Sailing, empresa que partilha com o proprietário da embarcação David Kwok.

Desta feita, o passeio tem início na Marina de Lam Mau. “Fazemos o canal do Porto Interior, depois o canal de Macau em frente ao Nape e vamos até à zona do Centro de Ciência”, explica o responsável.

O acesso à viagem é, como não poderia deixar de ser, descontraído. Basta chegar à marina, comprar o bilhete, que custa 350 patacas, e subir a bordo. A partida tem hora marcada às 17h e “são cerca de duas a três horas de um relaxante passeio pelo rio para ver o final do dia, em que se pode beber uma bebida fresca e ouvir música”, aponta.

Viver a história

Mais que um mero passeio, estas tardes de sábado podem ainda ser uma oportunidade para conhecer mais de perto a vida local, nomeadamente  a zona do Porto Interior com os seus pescadores e rotinas. “Esta zona ao longo dos anos foi perdendo um bocadinho a vida que tinha e era importante devolver este local, as suas gentes e actividades, às pessoas que visitam e habitam o território”, refere Bibito. Por outro lado, sublinha ainda, é “uma oportunidade para se ver este Macau antigo que ainda vive naquela zona”.

O próprio barco também é um convite para regressar ao passado. Um junco, fabricado nos antigos estaleiros de Coloane. Hoje em existem apenas dois deste género no mundo, sendo que o outro se encontra num museu em Inglaterra. “É um barco histórico, muito bonito e tradicional de Macau. É um museu e um exemplo vivo do que foi a história náutica local”, sublinha Bibito.

Além disso, o “Shrimp Junk Boat” é uma alternativa para os mais novos explorarem a herança histórica do território.

De acordo com o responsável pelos mini-cruzeiros, “os nosso jovens estão outra vez a voltar às tascas de Macau e se formos a Coloane, na zona dos estaleiros, há lá um tasquinha antiga que está sempre cheia de gente nova”. Para Bibito, é evidente que os mais novos estão interessados em preservar a cultura local.

Além destes passeios, Bibito refere que o barco também está disponível para outros fins, com a possibilidade de reserva para grupos e que podem, por exemplo, marcar passeios às “ilhas que rodeiam o trajecto de Macau a Hong Kong”, em que os “navegantes” têm a liberdade de dar uns mergulhos, nadar e mesmo de almoçar a bordo.

Uma luta difícil

Apesar do regresso do “Shrimp Junk Boat”, é ainda cedo para afirmar que o barco vai estar disponível ao longo de toda a época de Verão sem apoios. “Estamos com o barco na Marina do Lam Mau, mas aquilo é um pontão que nos foi emprestado e não podemos ficar lá em permanência. Podemos lá estar, para já porque é o lugar de um barco de uma pessoa que não o está a usar, vai voltar e vamos voltar a ficar sem espaço”.

Foi também por não ter espaço, que no ano passado não houve passeios a bordo do junco. “Em 2016, o barco estava já a tornar-se uma presença habitual na vida das pessoas, tanto nos passeios de fim de tarde que fazíamos aos sábados, como nos passeios para eventos e para operadores de turismo no território”, recorda Bibito.

A dificuldade é arranjar um sitio para atracar o junco. A solução passaria pela vontade do Governo em ajudar nesse processo, refere.

Bibito reconhece que em Macau não há suficientes marinas disponíveis, “mas há algumas pontes cais que não estão a ser utilizadas e que poderiam ser uma solução, havendo vontade”, diz.

O “Shrimp Junk Boat” não é uma despesa apenas quando sai para o mar. “Mesmo com o barco parado temos continuado a fazer um esforço para o manter, até porque para preservar este barco único é necessário muito investimento e muito trabalho”, aponta.

Mas, mais importante é mesmo não desistir. “Continuamos a insistir, teimosamente, para que um dia seja considerado e tratado como um barco de Macau”, remata.

27 Abr 2018

Festival de Artes de Macau arranca amanhã com 26 espectáculos e exposições

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] espectáculo do mestre do teatro japonês Tadashi Suzuki é um dos destaques do Festival de Artes de Macau, que arranca amanhã com um programa de 26 espectáculos e exposições, incluindo concertos de fado.

Organizado pelo Instituto Cultural, o festival de artes do território decorre este ano sob o tema “Origem”. De acordo com os organizadores, o objectivo é lembrar ao público “o significado essencial da vida”, através de diferentes expressões artísticas.

O certame alia produções internacionais, nacionais e locais, e abre com a peça “Das Kapital”, pelo Centro de Artes Dramáticas de Xangai. Trata-se de uma nova versão do clássico de Karl Marx para assinalar o 200.º aniversário do seu nascimento, com elementos próprios do território.

Uma das peças em destaque é “Mulheres de Tróia”, do mestre de teatro contemporâneo Tadashi Suzuki, sobre a miséria e a desolação do Japão no pós-guerra. Suzuki pertence à primeira geração de directores e dramaturgos japoneses do período pós-guerra. É, também, o fundador da Suzuki Company of Toga e do primeiro festival internacional de teatro do Japão, o Festival Toga.

“Pôr-do-Sol nos Estaleiros”, pela Dream Theater Association, que conta a história da indústria local de construção naval, “Migrações”, do Teatro Experimental de Macau, e “Júlia Irritada”, pelo grupo de Singapura Nine Years Theatre, com base na peça do dramaturgo sueco August Strindberg, são outras peças centrais do cartaz deste ano.

Do vasto programa aguarda-se também a adaptação de “O Processo” de Franz Kafka, pela companhia sul-coreana Sadari Movement Laboratory, e os concertos de fado pela Orquestra Chinesa de Macau.

A combinar teatro, dança e instalação, o programa apresenta ainda “Parasomnia” da portuguesa Patrícia Portela, “Murmúrio de Paisagem”, pela Associação de Artes e Cultura Comuna de Pedra, e “As Franjas Curiosas — Explosão da Caverna”, da coreógrafa local Tracy Wong.

Destaque ainda para o teatro em patuá pelo grupo Dóci Papiaçám di Macau, que vai analisar os principais assuntos da cidade em “Qui di Tacho?” (Que é do Tacho?). O patuá macaense, também conhecido como crioulo macaense, é uma língua crioula de base portuguesa formada em Macau. O festival termina a 31 de Maio.

26 Abr 2018

Exposição de pintura na Fundação Rui Cunha até 27 de Maio

[dropcap style≠‘circle’]“C[/dropcap]elebrar na Tela” é o nome da exposição colectiva inaugurada ontem na Fundação Rui Cunha. A mostra, que reúne 30 obras em aguarela, fica patente ao público até 27 de Maio

 

Paisagens figuram como o cenário comum a 30 aguarelas que formam “Celebrar a Tela”, uma exposição colectiva que junta as obras de seis artistas da China, Austrália, Reino Unido e Moldávia. A mostra, inserida nas celebrações do sexto aniversário da Fundação Rui Cunha, fica patente até 27 de Maio.

Em exibição encontram-se aguarelas de três pintores da China (Lin Tao, Ping Long e Wu Kemeng), um do Reino Unido (John Hoar), um da Austrália (Hermen Pekel) e um da Moldávia (Eugen Chisnecean). “São artistas com muita qualidade. Têm todos um grande percurso dentro da aguarela”, sublinhou Raquel Dias, coordenadora da área de apoios socioculturais e filantrópicos da Fundação Rui Cunha.

Lin Tao foi um dos três pintores que marcou presença na inauguração da exposição colectiva para a qual contribui com cinco aguarelas, sendo a sua preferida uma em que retrata com tintas diluídas em água a paisagem da terra-natal: Qingdao. Na tela sobressai o mar azul, onde um barco segue viagem, com as montanhas em pano de fundo. A mensagem por detrás da obra é “a vida em movimento”, explicou o artista de 48 anos, que expõe pela primeira vez os seus trabalhos fora da China continental.

Lin Tao chegou a pintar ao estilo ocidental, mas depois encontrou a aguarela e a técnica artística acabou por conquistar o seu “carácter activo”. Hoje é pintor a tempo inteiro numa academia da cidade portuária da província de Shandong, donde é natural.

Chega a Macau por via da Associação de Aguarela de Qingdao, entidade com a qual a Fundação Rui Cunha colabora pela segunda vez e que trouxe então três representantes ao território, como explicou Raquel Dias.

 

Arte caridosa

Esta associação vai também participar, no sábado, no evento “Arte pela Caridade”, também inserido nas celebrações do sexto aniversário da Fundação Rui Cunha. “Esperamos reunir mais de 100 artistas, sendo que a Fundação Rui Cunha vai doar 100 patacas por cada artista que aparecer e em seu nome. O dinheiro angariado vai reverter para a Caritas”, indicou a mesma responsável. A iniciativa vai decorrer entre as 9h e as 11h nos Lagos Nam Van.

Dependendo também da participação, vão ser escolhidas 20 a 30 obras (a serem posteriormente acabadas) que, se os artistas concordarem, vão ser depois leiloadas. As verbas angariadas revertem igualmente para a organização de caridade.

26 Abr 2018

25 de Abril | A comemoração da Revolução dos Cravos no território

Há 44 anos terminava o Estado Novo em Portugal. O 25 de Abril, dia da liberdade à portuguesa, continua a ser uma data a festejar em Macau. A Casa de Portugal faz o tradicional convívio que conta hoje com a participação de um grupo de cantares alentejanos, enquanto um grupo de residentes organiza o também tradicional jantar alternativo onde se juntam amigos à mesa para partilhar canções, poemas e, acima de tudo, alegria

 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ste ano a Casa de Portugal vai promover uma iniciativa diferente das dos últimos anos para assinalar mais um 25 de Abril. “Desta vez resolvemos fazer uma coisa diferente e organizar um jantar concerto”, referiu a coordenadora da entidade, Diana Soeiro, ao HM. Para o efeito, foi convidada uma banda de cantares alentejanos, os Vocalistas, para servir música como um dos pratos principais do tradicional jantar de 25 de Abril. A escolha da banda foi óbvia face à popularidade que tem no território. De acordo com a responsável, “o facto da banda ter actuado no programa  “À Capela” fez com que chegasse ao conhecimento de muitas pessoas por cá”, referiu. Como não poderia deixar de ser o tema “Grândola Vila Morena vai hoje ser muito bem interpretado”, refere Diana Soeiro.

O jantar está marcado para a Torre de Macau, no terceiro andar, e tem o valor de 350 patacas com oferta de vinho. A Casa de Portugal está à espera de uma casa cheia com a participação de 200 a 250 pessoas. Quanto ao menu, “não poderia deixar de ser de inspiração portuguesa”, apontou.

Para Diana Soeiro o dia da liberdade ainda é um momento que une muitos portugueses que vivem no território. “Quem vai, participa com muita alegria e, realmente, com muita vontade. Não têm duvidas acerca da sua presença e do convívio com um grupo que todos os anos festeja a efeméride que já é uma tradição”.

Vão estar ainda presentes o ex-Governador de Macau Rocha Vieira e ex-Presidente da Câmara de Lisboa João Soares.

Liberdade alternativa

À semelhança de anos anteriores há um grupo de residentes que organiza um encontro para brindar à liberdade num evento com um cariz mais informal. “É, mais uma vez, um jantar do 25 de Abril que surge a partir de um grupo de pessoas que, tradicionalmente, organizam este encontro para assinalar a data de uma forma mais alternativa”, começa por dizer um dos organizadores, João Pedro Góis, ao HM. A ideia não é ser um acontecimento para competir com as comemorações organizadas pela Casa de Portugal, mas “apenas mais um jantar para muitas sensibilidades e para todas as tendências”, referiu.

Trata-se de um encontro à mesa muito informal, quase familiar, e,  acima de tudo, descontraído, apontou, “até porque é a forma que define as pessoas envolvidas na organização desta comemoração, bem como os que a ela aderem”.

Se até ao ano passado o jantar deste grupo de amigos era tradicionalmente feito no NAPE, este ano a localização mudou para “O Santos” na Taipa. “Não foi por nenhum motivo especial, mas apenas para ser diferente”, referiu João Pedro Góis.

A ideia era ter cerca de 25 pessoas, número que tem sido mais ou menos constante nos últimos anos, mas desta vez o número de interessados aumentou. “Entretanto, já tivemos de falar com o restaurante a dizer para contar com mais, porque já temos cerca de 40 pessoas inscritas”.

Para João Pedro Góis, o 25 de Abril em Macau é comemorado com muita consciência. “Acho que aqui as pessoa têm ainda muito presente o que foi o 25 de Abril e a sua importância”. Mas, em Macau pode existir uma “pequena” diferença nesta celebração da liberdade quando comparada com Portugal. “A nossa condição de emigrantes, uma vez que moramos fora do nosso país de origem, e tratando-se de uma data tão importante na história portuguesa, faz com que tenhamos um gosto especial em celebrar um momento com o qual nos identificamos particularmente”, considerou.

Improviso à mesa

O serão vai ser preenchido, como nos anos anteriores, sem definição precisa, mas todos são convidados a contribuir, “com uma canção, um poema ou um discurso, o que quiserem”, afirmou.

O mais importante é estar presente, “mais um ou mais cinco, desde que seja com um espírito aberto e livre porque a missão é estar ali felizes, radiantes, profundamente satisfeitos e gratos às pessoas que fizeram o 25 de Abril”, apontou.

De acordo com o organizador, a data é um momento quase solene, “até porque a liberdade tem de ser sempre celebrada e respeitada”, disse.

Os participantes do jantar não precisam preocupar-se com a forma como podem arranjar cravos, uma vez que a organização tem a flor que marca o fim da ditadura à espera de cada um dos participantes.

25 Abr 2018

Exposição | Pinturas de Li Zhaoyu a partir de amanhã no Centro UNESCO

[dropcap style≠’circle’]“[/dropcap]Encanto e Saudades da Terra Natal – Pinturas a Tinta Chinesa de Li Zhaoyu”, é o nome da exposição que é inaugurada amanhã, pelas 18h30, na Sala de Exposição e na Sala Multifuncional do Centro UNESCO de Macau.

A mostra co-organizada pela Fundação Macau e pela Associação de Artistas da Província de Fujia, conta com mais de 50 pinturas a tinta da china realizadas por Li Zhaoyu e pode ser visitada até dia 30 de Abril.

De acordo com comunicado da Fundação Macau, o objectivo é o desenvolvimento da cultura e das artes tradicionais da China, bem como os intercâmbios culturais e artísticos entre Macau e o Interior da China, de forma a revitalizar o ambiente cultural local e permitir a mais pessoas de Macau reconhecer e sentir o encanto das obras artísticas a tinta chinesa.

Nesse aspecto, importa dar um contexto sobre o artista em questão. Li Zhaoyu, é um famoso pintor contemporâneo que nasceu em Youxi, Fujian no ano 1966. Graduou-se na Faculdade de Belas Artes da Universidade Normal de Fujian e fez o mestrado na Universidade de Jiangnan e é também um académico visitante sénior da Academia Chinesa de Artes.

As suas obras já participaram em grandes exposições de nível igual e superior ao provincial e ganharam muitos prémios; participou em exposições de intercâmbio em Singapura e noutros países, sempre com uma boa receptividade crítica. As suas obras fazem parte de colecções privadas de nacionais e estrangeiras. A entrada é gratuita.

25 Abr 2018

Teatro | “Eu, Salazar” estreia em Coimbra a 25 de Abril

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Teatrão estreia a 25 de Abril, em Coimbra, “Eu, Salazar”, uma peça que apresenta um ditador de múltiplas facetas, imaginado por uma geração que nasceu após a revolução dos cravos.

“Qual é que foi o meu primeiro Salazar? Qual é que foi o primeiro contacto que tive com esta ideia de Estado Novo de quem foi Salazar?”. Foi esta a pergunta que o encenador e actor Ricardo Vaz Trindade lançou a si próprio, ao elenco e ao escritor Nuno Camarneiro, que participou na criação do texto da peça.

Partindo dessa pergunta, o espectáculo acaba por transformar Salazar em vários “Salazares imaginados” – possibilidades de um ditador que não existiu, ao mesmo tempo que se socorreram da figura histórica.

Para Ricardo Vaz Trindade, o espectáculo usa Salazar como se fosse um pedaço de plasticina moldado pelos actores e pelas suas memórias, resultando num homem diverso e distinto, encontrando-se um lado político, humano ou romântico. “É um laboratório teatral, onde experimentamos, onde ensaiamos fazer coisas com o Salazar”, disse à agência Lusa o encenador que faz do ditador na peça.

No palco, encontra-se um Salazar que procura seduzir ao som de tango, um outro somítico que nem carne, pão ou vinho precisa, um homem prostrado ao lado da mãe convalescente e o ditador, de voz fina e frágil, que vai tecendo as suas ideias para Portugal.

Como é referido no texto de apresentação da peça, o ditador é retratado na Oficina Municipal do Teatro, em Coimbra, sem se querer explicar “o que há muito foi entendido, tampouco maquilhar o monstro ou ainda domesticá-lo”.

O espectáculo acaba por ser resultado de uma inquietação em torno da figura, deixando várias perguntas no ar, numa peça que tem como eixo um actor que procura ser Salazar, explica Ricardo Vaz Trindade, que tem quase a mesma idade que a do ditador quando este assumiu a pasta das Finanças durante a ditadura (é sobre esse Salazar “sem um futuro conhecido” que o espectáculo incide). “Sabemos historicamente o que é Salazar, mas a isso juntamos cargas simbólicas que não são propriamente realistas e construímos cenas que são sonhos, devaneios, possibilidades”, resumiu. O espectáculo conta com a consultoria dos historiadores Joana Brites, Luís Reis Torgal, Miguel Bandeira Jerónimo e Rui Bebiano, e a participação do escritor Nuno Camarneiro (prémio Leya 2012).

 

Peça sem moral

Para o escritor, a peça trabalha as memórias de uma geração que não viveu o Estado Novo, mas que ainda o tem presente, “através das memórias dos pais”.

“Não quisemos que a tónica estivesse no Salazar histórico, na ‘persona’ histórica. Mais importante que isso era o nosso olhar, o olhar da nossa geração, múltiplo e caleidoscópico”, contou à Lusa Nuno Camarneiro.

A peça acaba por ser tanto sobre o Salazar como sobre o actor (Ricardo Vaz Trindade) que quer interpretar o ditador que se assume como uma espécie de lente que se vai afastando ou aproximando, explicou, considerando que criar uma peça em torno da principal figura do Estado Novo é difícil. “O caminho entre o apologético e a demonização da personagem é um caminho estranho. Não quisemos que a peça fosse uma coisa nem outra. A peça não tem uma moral, tem sobretudo perguntas”, frisou.

Segundo Nuno Camarneiro, a pergunta central do espectáculo acaba por ser: “Até que ponto Salazar é algo que surgiu destacado de nós, portugueses, nós, país, ou foi uma emanação de nós?”.

A peça vai estar em cena na Oficina Municipal do Teatro de 25 de Abril até 13 de Maio, de quarta-feira a sábado, às 21h, e aos domingos às 19h. O preço do bilhete varia entre quatro e dez euros.

Para além da peça de teatro, são ainda promovidas pelo Teatrão quatro mesas redondas moderadas por historiadores sobre o Estado Novo e Salazar, estando também a ser criado um filme de João Vladimiro sobre o processo de construção da personagem. O elenco é constituído por Ricardo Vaz Trindade, Isabel Craveiro, João Santos e Margarida Sousa.

24 Abr 2018

Edgar Martins é premiado nos Sony World Photography Awards

Cresceu em Macau e foi distinguido com dois prémios na edição deste ano do Sony World Photography Awards. Edgar Martins vê mais uma vez o seu trabalho reconhecido, desta feita com uma reflexção sobre a vida e a morte
Da série “Silóquios e Solilóquios sobre a Morte, a Vida e outros Interlúdios” © Edgar Martins

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] português Edgar Martins foi reconhecido como o melhor fotógrafo na categoria de Natureza Morta e ficou em segundo lugar em Arquitectura no concurso dos Sony World Photography Awards 2018.

Na selecção Natureza Morta, foi distinguido com a série de fotografias “Silóquios e Solilóquios sobre a Morte, a Vida e outros Interlúdios”, que representa uma variedade de cartas e outros objectos usados em crimes e suicídios.

O fotógrafo, filho de Albano Martins, produziu esta série no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) em Portugal, onde são tratadas provas recolhidas pela polícia, como notas de suicídio, cartas e outros objectos usados em suicídios e crimes.

“O trabalho explora a tensão entre a revelação e a ocultação, questionando, entre outras coisas, as implicações éticas de representar e divulgar material sensível desta natureza”, justificou Martins, citado pela organização.

Uma segunda série de fotografias do artista, “A Impossibilidade Poética de Conter o Infinito”, foi premiada com o 2.º lugar na categoria de Arquitetura para fotógrafos profissionais.

O trabalho, feito em centrais hidroelétricas em Portugal, instalações da Agência Espacial Europeia e fábricas de automóveis na Alemanha, procura examinar e reavaliar a relação da humanidade com a tecnologia e a indústria e o impacto na consciência social e cultural das pessoas.

Record de participação

O concurso de fotografia, dividido em quatro seleções (Profissional, Aberto, Juventude e Estudante), assinalou este ano a 11.ª edição com um número recorde de 320.000 inscrições de fotógrafos de mais de 200 países e territórios, de acordo com comunicado da organização.

O título de Fotógrafo do Ano foi atribuído ao britânico Alys Tomlinson pela sua série ‘Ex-Voto’, o que lhe vai valer o prémio de 25 mil dólares.

Edgar Martins nasceu em Évora, cresceu em Macau e vive actualmente em Bedford, no Reino Unido, e o seu trabalho tem vindo a ser exposto internacionalmente.

Recentemente, foi selecionado como Escolha do Júri nos The Magnum Awards e no Hariban Award, e foi eleito para representar Macau na 54.ª Bienal de Veneza.

Martins era finalista nas categorias de Natureza Morta, Descoberta e Arquitetura, enquanto que Adriano Neves e António Coelho receberam menções honrosas no concurso aberto.

Os trabalhos do finalista e artistas distinguidos pela menção honrosa serão exibidos na exposição dos Sony World Photography Awards, em Londres, entre 20 de Abril e 6 de Maio.

23 Abr 2018

Escritor chinês Yu Hua narra país real na ficção

[dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]a China, onde imprensa e narrativa histórica são controladas pelo Partido Comunista, a literatura ficcional oferece as descrições mais fiéis do país, como são exemplo as obras de Yu Hua, escritor publicado recentemente em Portugal.

“Devido às limitações que o jornalismo enfrenta na China, acaba por ser na ficção que muitas vezes encontramos as descrições mais autênticas de como é viver hoje no país”, concorda Tiago Nabais, de 39 anos, e tradutor para português de literatura chinesa.

Académicos e intelectuais chineses são pressionados a aderir às interpretações oficiais do regime comunista em questões de natureza histórica, enquanto a imprensa é sujeita a uma censura rigorosa.

Já a ficção tem à disposição a “sátira, o fantástico ou o absurdo”, que são “muito úteis para lidar com a sociedade e o momento histórico da China”, explica Nabais à agência Lusa.

Com cerca de 1.400 milhões de habitantes, a China, que até há quatro décadas vivia num universo à parte, mergulhada em constantes “campanhas políticas”, pobreza e isolamento, é hoje a segunda maior economia mundial.

A rapidez e profundidade das mudanças deram origem a um país onde “a vida é tão louca que precisa de um novo estilo literário: o ultra irrealismo”, sugere o escritor chinês Ning Ken.

Formado em mandarim pelo Instituto Politécnico de Leiria (IPL), Tiago Nabais traduziu directamente a partir do chinês os romances de Yu Hua “Crónica de um vendedor de sangue” e “China em dez palavras”, editados em Portugal pela Relógio d’Água.

 

Linguagem simples

Nascido em 1960, numa época em que o experimentalismo maoista, sobretudo o Grande Salto em Frente e a Revolução Cultural, causaram dezenas de milhões de mortos e afundaram a China no caos, Yu Hua trabalhou como dentista antes de se tornar escritor.

“Ele não é um académico”, diz Tiago Nabais. “Ele usa uma linguagem muito simples, um pouco infantil às vezes, mas que resulta muito bem em chinês, porque fala de coisas muito dramáticas nessa linguagem”, descreve.

As obras de Yu Hua oferecem descrições brutais da violência em que a China mergulhou durante o reinado de Mao Zedong (1949-1976) e da espectacular transformação económica que se seguiu.

“Eu escrevo romances, não livros de História, mas a partir da minha obra os jovens podem conhecer o que se passou na China”, explicou o autor à agência Lusa.

Tiago Nabais entrou para a universidade aos 29 anos, depois de “viajar bastante” e fazer “uns biscates aqui e ali”, no que se revelou uma vantagem para o estudo do chinês.

“Estudar com tanta dedicação uma coisa destas aos 18, 19 anos, é muito difícil”, diz. “Eu como já tinha tido muitos anos de outras coisas, consegui dedicar-me de uma maneira muito mais calma”, acrescenta.

Nabais considera que estudar chinês é “bastante frustrante” e “só pessoas com um determinado perfil” o conseguem. “Da minha turma, acho que para aí metade desistiu a meio”, conta.

 

Autores ainda desconhecidos

 

Também “difícil” é convencer uma editora portuguesa a publicar um autor que, apesar de ter vendido mais de dez milhões de livros em todo o mundo, continua a ser desconhecido em Portugal.

“A maioria das editoras portuguesas não está muito bem financeiramente e ninguém está muito disposto a arriscar meter-se em escritores que ninguém conhece”, conta.

A tradução e posterior publicação de “Crónica de um vendedor de sangue”, primeiro romance de Yu Hua a ser lançado em Portugal, partiu da iniciativa de Tiago Nobais.

“Fui eu que contactei o escritor primeiro e pedi-lhe autorização para traduzir alguns capítulos, para depois mostrar a editoras portuguesas”, conta. “A Relógio d’Água foi a única que me respondeu”.

Na semana passada, a mesma editora publicou “China em Dez Palavras”, um dos mais conhecidos títulos de Yu Hua.

Tiago Nabais viveu oito anos e meio na China, onde para além de estudar mandarim nas cidades de Pequim e Xi’an e na região de Macau, ensinou português em Shijiazhuang e Shaoxing.

Em meados do ano passado regressou a Portugal: “Estou em fase de adaptação a Lisboa, mas a gostar da pausa da China”, revela. “Pelo menos, para já”.

23 Abr 2018

A refutação de Ai Weiwei patente até 30 de Abril em Hong Kong

“Refutation” é o trabalho de Ai Weiwei que pode ser visto na galeria Tang Art, em Hong Kong, até 30 de Abril. A segunda mostra do artista chinês na região vizinha espelha o resultado do trabalho que Ai desenvolveu depois de sair da China em 2015, e de se ter juntado na Grécia na recepção dos refugiados sírios. O tema dos refugiados não é um assunto novo para o artista, que se considera também um refugiado desde que nasceu

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]epois de estrear em Hong Kong pela primeira vez em 2015, o artista dissidente chinês Ai Weiwei está de volta com a exposição individual “Refutation”. A mostra pode ser vista na Tang Art até 30 de Abril.

O conjunto de trabalhos que o artista apresenta são a sua interpretação da crise de refugiados sírios. De acordo com a Time Out, trata-se de “um lembrete poderoso e oportuno acerca da capacidade da arte em levantar questões sociopolíticas”.

“A arte, ao levantar questões, desafia nosso senso de consciência e julgamento e iniciamos o envolvimento e a acção”, refere em entrevista à mesma fonte.

O autor considera ainda que a preparação que teve para esta obra vem desde que nasceu. “Nasci, o meu pai foi exilado e eu cresci longe de qualquer lugar que se possa chamar de lar”, lê-se.

À escala global

É também nesta condição que estão mais de 65 milhões de pessoas por todo o mundo, depois de terem sido forçadas a deixar as suas casas. Um povo com quem o artista se identifica. É de salientar que Ai esteve detido sem passaporte no seu próprio país até 2015. Depois de poder voltar a viajar, foi para a Alemanha e não tem intenções de regressar, pelo menos tão cedo, permanecendo numa posição de exilado.

Para o artista, apesar de ter tido um contacto maior com a situação de quem foge da Síria para a Europa, o problema dos refugidos é um problema global, “da Terra em geral”. “Este planeta tem criado uma enorme quantidade de discriminações brutais e de violações dos direitos humanos básicos”, aponta.

As instalações de Ai Weiwei são conhecidas pela utilização de diversos materiais. Esta não é excepção. De acordo com o dissidente, há que ultrapassar os conceitos tradicionais de materiais, até porque “a arte tradicional está morta e usa uma linguagem velha”. Para o artista, depois da Revolução Industrial e com a Internet, “qualquer material pode ser considerado para a produção se obras”. E é isso que faz.

Arte sem escala

“Refutation” não é excepção. A mostra destaca um barco em polyester cheio de pessoas a ir contra uma parede. Tudo à escala humana para uma melhor imersão no universo de um dos mais considerados artistas internacionais.

Para o artista, não há dimensão que limite o seu trabalho. Prestes a inaugurar em Sidney uma exposição que conta com uma escultura de 60 metros que representa um barco insuflável, Ai refere o seu maior gosto é “fazer trabalhos que não têm limites, onde nenhuma medida restringe as obras”. Quanto muito, é a escala humana que impõe alguma medida às dimensões da sua criatividade.

20 Abr 2018

Festival “Connections” | Ioga, música e dança ao ar livre a 12 de Maio

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] reservatório de Ká-Hó, em Coloane, vai acolher, no próximo dia 12 de Maio, o “Connections”. Apresentado como o primeiro festival ao ar livre a juntar ioga, música e dança em Macau, o evento promete um arranque “épico”

 

A ideia surgiu de uma conversa espontânea entre amigas. “Estávamos a falar sobre a necessidade de haver eventos ao ar livre, fora do contexto urbano, que é uma tendência dos últimos anos, mas algo invulgar em Macau”, começa por explicar Rita Gonçalves, uma das mentoras da iniciativa. Das palavras passaram aos actos e, com ajuda de parceiros, nasceu o “Connections”, um festival ao ar livre que vai combinar uma série de actividades, como ioga, música e dança. Os interessados devem reservar o dia 12 de Maio na agenda, uma vez que o evento promete ser “épico” e conquistar um lugar regular no calendário de Macau.

“Este tipo de eventos e festivais ao ar livre tem-se desenvolvido cada vez mais”, aponta, dando o exemplo do “Boom” ou do “Andanças” em Portugal e, na Ásia, do “Wonderfruit” (Tailândia) ou do “Bali Spirit” (Indonésia). “Estes eventos são muito giros e especiais, de contacto com a natureza e também com o nosso interior, em que se quebram barreiras, como os papéis sociais, e todas essas coisas que nos restringem no dia-a-dia”, enfatiza Rita Gonçalves ao HM.

“Todo o contexto criado permite, depois dos primeiros dez minutos da vergonha, que as pessoas se soltem”, constituindo “uma grande fonte de alegria e liberdade”, complementa a presidente da Associação Yoga Loft.

O “Connections”, a ter lugar no reservatório de Ká-Hó, vai realizar-se a 12 de Maio. O festival, que decorre das 11h às 22h, vai ter música o dia inteiro, estando previsto um concerto ao vivo da banda “Concrete Lotus” e a actuação de DJs. A ideia da organização é proporcionar “um ambiente descontraído, com som ambiente”.

Neste cenário, “vai também haver ioga – um mais fácil e calmo e outro mais mexido e puxado”, explica Rita Gonçalves. “Há muito tempo que amigos alunos me pedem para eu fazer aulas com música. Só que, para mim, o ioga é um trabalho mais sério”, mas com “um ambiente festivo e ao ar livre vai ser engraçado explorar o contexto da música”, sublinha a também instrutora.

O programa do festival inclui ainda dança, com ‘workshops’ orientados por pessoas de Macau e do estrangeiro. “Vai ser uma dança muito exploratória, em que a ideia é brincar com um tema lançado pelo facilitador”. Em paralelo, há também actividades para crianças, como jogos, pinturas de rosto ou espectáculos de marionetas. Dado que o “Connections” vai decorrer durante todo o dia, o serviço de ‘catering’ da “Blissful Carrot” disponibilizará refeições no local, devendo o menu ser divulgado em breve.

Na preparação do “Connections” encontram-se envolvidas entre 50 a 60 pessoas, estando a organização à procura de mais voluntários para o evento. O ingresso custa 120 patacas para ajudar nos gastos, sendo que quem reservar com antecedência paga menos 20 patacas. Aliás, a organização recomenda-o para evitar que muita gente acabe por se concentrar à entrada. “É pedido um donativo porque vamos ter custos associados ao processo logístico, nomeadamente da montagem das sombras”, indica Rita Gonçalves. As crianças têm entrada gratuita.

 

Festa amiga do ambiente

A pensar no ambiente, a organização do “Connections” também pretende que haja o menor lixo possível. “Aconselhamos as pessoas a trazerem copos ou cantis para as suas próprias bebidas, por exemplo, e a reservarem a refeição de modo a que ‘Blissful Carrot’ saiba de antemão os pedidos para que também não haja desperdícios alimentares”, realça.

“Este é um evento que quero que as pessoas venham porque se sentem naturalmente atraídas pela experiência, portanto, a informação há de ir parar a elas. Vou deixar decorrer de uma forma orgânica. Embora pareça um pouco arrogante, a ideia é que as pessoas ouçam falar pelos interesses que já têm”, sublinha Rita Gonçalves que, até ao momento, lançou apenas o evento no Facebook.

Embora o festival ainda não tenha estreado, Rita Gonçalves não esconde o desejo de ver o “Connections” conquistar um lugar anual no calendário cultural de Macau.

 

 

19 Abr 2018

Creative Macau | “Visual Thinking” é inaugurada a 25 de Abril

[dropcap style=’circle’] S [/dropcap] e o pensamento fosse transmissível em imagens, o que seria? “Visual Thinking” é a exposição que traz a resposta, em forma de fotografia, através da visão de seis artistas. A mostra vai estar patente na Creative Macau, a partir do dia 25 de Abril.

O tema foi lançado e a resposta veio de um total de seis artistas e fotógrafos. O resultado é uma exposição colectiva promovida na Creative Macau que tem inauguração marcada para o próximo dia 25 de Abril. “Desafiámos os nossos membros a criar uma série de fotografias para expor numa mostra colectiva” referiu Lúcia Lemos, responsável pela Creative, ao HM. Desta forma desprendida nasceu “Visual Thinking”, uma exposição de fotografia contemporânea composta por séries fotográficas.
Os trabalhos são de Hugo Teixeira, Lampo Leong, António Mil-Homens, Li Li, Noah Fong Chao e Ricardo Meireles.
“My Grandfather, uncle father and me” é um trabalho intimista de Hugo Teixeira. As imagens estão relacionadas com a morte do pai há dois anos e a história familiar de quem acompanha a doença cardíaca. Em exposição vão estar 10 auto-retratos impressos sobre metal e uma imagem em grande escala de um electrocardiograma do próprio autor. Hugo Teixeira mostra, mais uma vez, o trabalho que desenvolve no campo da fotografia analógica, incidindo nos processos alternativos de revelação.
Lampo Leong tem os seus pensamentos visuais em “Memories. Fortress of Monte”. Através da procura de texturas na Fortaleza do Monte, a intenção do artista é promover a memória e a reflexão acerca da história e do património de Macau. A Fortaleza do Monte foi o espaço eleito para representar esta herança. “Com mais de 400 anos de idade, a Fortaleza de Monte continua a ser um magnífico lembrete do antigo porto marítimo e serve como um símbolo poderoso para o espírito das pessoas”, apresenta o comunicado oficial do evento.

O que não é visível
O fotógrafo local António Mil-Homens reflecte sobre o espaço e os obstáculos que o impedem de ser visto. Em Macau, a visibilidade é limitada pelo grande aglomerado de pessoas que todos os dias circulam nas suas ruas. “Troubled Vision” trata desta visão deturpada em que há uma perturbação da sensibilidade visual. As imagens são a preto e branco e convidam a pensar o lugar e o que se vê dele.
Li Li pega na figura da garça para alertar para conceitos tão em voga como a sustentabilidade, inovação e reciclagem. “Creative Ideas” traz cinco trabalhos com este animal como mote para a resolução criativa dos desafios do quotidiano. As garças são um exemplo de como se pode usar a criatividade através da representação de um animal conhecido pela sua habilidade e simplicidade.
Noah Fong Chao apresenta “The Opposite Shore”, um conjunto de trabalhos produzidos em 2009. De acordo com o comunicado da Creative Macau, trata-se de uma reflexão acerca da mudança numa cidade que vê a paisagem alterar-se a grande velocidade. Os trabalhos de Noah pretendem alertar para a dificuldade em definir o tempo. As imagens são acompanhadas de pintura de modo a conferir-lhes um maior sentido de histórico, refere a organização.
O trabalho submetido por Ricardo Meireles lança um apelo à imaginação da visão que vai mais além das duas dimensões presentes numa imagem.

18 Abr 2018

Língua Portuguesa | IPOR organiza semana de leitura em Macau

Histórias para os mais novos e oficinas para os profissionais são as actividades que integram mais uma semana dedicada à promoção da língua portuguesa. O evento é organizado pelo IPOR e tem como convidado de honra o contador de histórias Luís Correia Carmelo

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente (IPOR) em Macau organiza, esta semana, sessões de narração de histórias e de leitura em língua portuguesa para cerca de 500 crianças, jovens e docentes.

A iniciativa do IPOR pretende sensibilizar o público para a leitura do português, assim como promover o acesso a autores de língua portuguesa e “desenvolver competências” nesta área.

Luís Correia Carmelo é o contador de histórias e investigador na área da literatura oral com o qual o IPOR dá sequência ao programa de dinamização e mediação da leitura em língua portuguesa no território.

O programa de trabalho apresenta duas vertentes distintas e complementares, refere o IPOR na sua página oficial.

Nas escolas, Luís Carmelo apresentará sessões de narração de histórias pelas quais se procura, além do desenvolvimento de competências em língua portuguesa por parte das crianças e jovens, sensibilizar para a leitura. A ideia é transformar o acto de ler num “exercício em si e de acesso ao património imaterial expresso ou traduzido nessa língua”.

As sessões vão decorrer na escola Luso-Chinesa da Flora, na escola Zheng Guanying, no jardim de infância D. José da Costa Nunes e nas oficinas de língua portuguesa para crianças e jovens do IPOR.

No dia 19 terá ainda lugar uma sessão de narração de histórias aberta a todos os interessados, com início marcado para as 18h30, no Café Oriente.

Para os mestres

Uma segunda vertente mais dirigida a docentes e formadores de língua portuguesa, tem lugar no sábado, às 10.00h.

Desta feita, Luís Correia Carmelo dirige uma oficina sobre questões de expressão e interpretação de enunciados e narrativas orais na aprendizagem das línguas.

Luís Correia Carmelo é licenciado em Estudos Teatrais pela Universidade de Évora, Mestre em Estudos Portugueses na Universidade Nova de Lisboa e Doutor em Comunicação, Cultura e Artes, grau que obteve com a apresentação da tese “Narração Oral: uma arte performativa” (2016).

O orador foi também fundador da Trimagisto – Cooperativa de Experimentação Teatral, programador e produtor do Contos de Lua Cheia e do Festival Internacional de Narração Oral entre 2005 e 2010. É responsável pela organização de conferências internacionais sobre narração de contos em várias instituições de ensino superior e participa em diversos congressos e conferências internacionais, tanto em Portugal como noutros países europeus.

17 Abr 2018

Cinemateca Paixão | Realizador Adam Wong orienta ‘workshop’ em Maio

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]dam Wong vai estar em Macau de 11 a 15 de Maio para orientar um ‘workshop’ de cinema. O realizador de Hong Kong foi escolhido para ser cineasta residente na Cinemateca Paixão em Maio, depois de Cheung King-wai, no ano passado.

Durante a sua estadia, de cinco dias, vão ser exibidas três das suas longas-metragens: “Quando Beckham Conheceu Owen” (2014), “A Nossa Dança” (2013) e “Ela Lembra, Ele Esquece” (2015). Em paralelo, o seu mais recente documentário “A Saída” (2017) e as curtas “Cata Vento” (2009), “Sabor Secreto” (2012) e “Trabalhos” (2016) vão ser apresentados pela primeira vez em Macau. Após as sessões, o público terá a possibilidade de conversar com o realizador, indicou a Cinemateca Paixão.

Além de apresentar os filmes, Adam Wong vai orientar um ‘workshop’ de cinema, com quatro horas de duração, intitulado “O que filmar? Como filmar?”, no qual o cineasta vai partilhar o método de criação das suas curtas-metragens, desde a fase de encontrar ideias, passando pelo esboçar de histórias, pela pesquisa e planeamento até à escolha do elenco e ao acto de filmagem propriamente dito. O ‘workshop’ vai decorrer em cantonense com interpretação simultânea em inglês.

16 Abr 2018

Música | Orquestra de Macau apresenta “Heróis: Uma Sinfonia de Jogos Electrónicos”

A Orquestra de Macau vai apresentar, no próximo dia 30 de Junho, “Heróis: Uma Sinfonia de Jogos Electrónicos”, após o sucesso de um concerto semelhante que aconteceu em 2016. Segue-se, a 7 de Julho, “Música Clássica de A-Z com Jason”, que tem os mais pequenos como público-alvo

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]pós o sucesso do concerto sinfónico de jogos de vídeo que teve lugar há dois anos, a Orquestra de Macau vai apresentar no teatro do Venetian “Heróis: Uma Sinfonia de Jogos Electrónicos”. O concerto, com bilhetes à venda desde ontem, tem lugar no próximo dia 30 de Junho pelas 20h.

Este ano, a Orquestra de Macau vai interpretar bandas sonoras sinfónicas premiadas de jogos electrónicos, sob a batuta da maestrina principal e directora artística da Orquestra Sinfónica de Perth, Jessica Gethin, informou o Instituto Cultural (IC) em comunicado. O repertório que será apresentado ao público de Macau gira em torno de bandas sonoras de videojogos populares em todo o mundo, como “Final Fantasy”, “Dragon Age”, “Metal Gear Solid IV”, “God of War”, “Journey” e “Shadow of the Colossus”, entre outros. À música juntar-se-á a projecção sincronizada de clipes dos videojogos, de acordo com o IC.

Pequena grande música

Dias depois, a 7 de Julho, a Orquestra de Macau tem outro concerto agendado, desta feita no auditório da Torre de Macau, destinado às famílias. “Música Clássica de A-Z com Jason” é o título do espectáculo que vai ser dirigido pelo maestro da nova geração Jason Lai que, segundo indica o IC, irá contar histórias de A a Z, explicando, por exemplo, a razão pela qual a orquestra precisa fazer a verificação da nota Lá(A) no início de cada espectáculo, ou o papel da nota Si(B) na música, a importância do Dó(C).

O objectivo do evento passa por dar a conhecer a música clássica aos mais pequenos a partir de uma perspectiva diferente. Jason Lai, que desempenhou o cargo de maestro associado e foi também artista residente na Sinfonietta de Hong Kong é, actualmente, maestro associado da Orquestra Sinfónica de Singapura e maestro principal da Orquestra do Conservatório de Música Yong Siew Toh da Universidade Nacional da Cidade-Estado. O jovem maestro tem vindo a dedicar-se à promoção da música clássica, possuindo uma vasta experiência na direcção de concertos para crianças. O espectáculo, que vai ser apresentado em inglês, tem como destinatários crianças a partir dos três anos de idade.

Os bilhetes para ambos os concertos encontram-se à venda desde ontem, estando disponível um desconto de 40 por cento na compra antecipada (até dia 28 de Abril), mediante determinados critérios. Os ingressos para o concerto “Heróis: Uma Sinfonia de Jogos Electrónicos” custam entre 100 e 300 patacas, enquanto os do “Música Clássica de A-Z com Jason” 120 patacas.

16 Abr 2018

Música | Centro Cultural acolhe concerto da Casa de Portugal

O segundo disco de “Tributo a Macau” é o resultado de um cozinhado de vários ingredientes. Os poemas são escritos por gente que vive em Macau, musicados por interpretes que vêm de Portugal e contam com o condimento musical de Tomás Ramos de Deus e Miguel Andrade. O preparado será apresentado ao público hoje, às 20h, no pequeno auditório do Centro Cultural

[dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]om a chancela da Casa de Portugal, o palco do pequeno auditório do Centro Cultural, vai acolher esta noite o concerto “Tributo a Macau”.

O espectáculo é a apresentação da transição para um novo conceito de “Tributo a Macau” e que já se reflecte no segundo disco com o mesmo nome, explicou a coordenadora da Casa de Portugal, Diana Soeiro ao HM. “Temos um disco que foi gravado em 2015 com o mesmo nome, mas este tributo é novo”, começa por dizer.

Do concerto de logo à noite vão constar temas de 2015, mas será essencialmente a mostra do novo trabalho a preencher o serão. “Apesar de serem cantados dois ou três temas do disco anterior, trata-se de uma transição para um outro projecto”, apontou a responsável.

É preciso mudar

As mudanças no conceito do “Tributo a Macau” começaram com a própria imagem que apresenta o projecto. Se no primeiro disco foi escolhido um trabalho de André Carrinho que representava o Jardim do Lou Lim Ioc, desta feita a ideia foi outra, mais dinâmica e colorida. “Desta vez fomos buscar uma ilustração com muita cor do João Magalhães para representar esta mudança”, explica Diana Soeiro.

Para as letras das canções que constam da playlist do espectáculo, foi lançado um convite a alguns residentes. A contribuição verbal materializa-se em poemas de Gonçalo Lobo Pinheiro, Catarina Domingues, Sérgio Perez, José Basto da Silva, Carlos Marreiros e Carlos André.

As palavras foram agarradas pelos músicos da Casa de Portugal, Tomás Ramos de Deus e Miguel Andrade que convidaram alguns amigos e colegas de profissão portugueses para, juntos, tratarem das melodias. O concerto de amanhã conta também com Ivan Pineda no baixo, João Rato nas teclas, e Diogo Santos ao piano. No saxofone e percussão vai estar Paulo Pereira, no trompete Pan Ho, na bateria, Isaac Achega e na voz Manuela Oliveira.

A ideia é ter um “concerto de amigos”, afirma a coordenadora da Casa de Portugal.

13 Abr 2018

Exposição “Ancoradouro da Taipa: Nomes do Passado e do Presente” no próximo dia 19

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) vai organizar uma exposição que visa dar a conhecer a história relacionada com o Ancoradouro da Taipa. A abertura está marcada para a próxima quinta-feira, dia 19

“Ancoradouro da Taipa: Nomes do Passado e do Presente” titula a exposição que vai ser inaugurada na Casa de Nostalgia das Casas da Taipa. A mostra, organizada pelo IC e com entrada livre, fica patente até 18 de Junho.

Com a apresentação dos topónimos do passado e do presente, a exposição visa dar a conhecer este pedaço de terra aos visitantes e episódios históricos que tiveram lugar no Ancoradouro da Taipa, que se localizava na actual zona do Cotai, indicou o IC em comunicado.

A exposição inclui numerosos artefactos de significado histórico, incluindo mapas antigos de Macau tais como o “Mapa do Ancoradouro da Taipa e de Macau do século XVIII” e o “Mapa de Macau e das ilhas das imediações (1891)”, assim como livros antigos como Hai Dao Tu Shuo (Roteiro Náutico) e Guangdong Tongzhi da dinastia Qing. A par da mostra, vão ser realizadas actividades paralelas, como ‘workshops’ gratuitos, informou o IC.

12 Abr 2018

Museu de Macau apresenta programa de actividades de comemoração dos 20 anos

O Museu de Macau vai assinalar os 20 anos com uma série de actividades, incluindo uma exposição e uma palestra temáticas sobre o tema do projecto “Uma Faixa, Uma Rota”

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] programa das festas abre na próxima quarta-feira, dia 18, com “Tesouros do Mar Profundo – Exposição de Relíquias Arqueológicas Subaquáticas do Nanhai N.º 1”. A mostra, co-organizada com o Museu Marítimo da Rota da Seda de Guangdong, surge “em complemento às trocas culturais” no universo de países e regiões que integram a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, lançada por Pequim, no quadro de cooperação entre Guangdong, Hong Kong e Macau.

A exposição, que vai estar patente até 31 de Julho, centra-se no feito do projecto arqueológico subaquático do navio mercante da dinastia Song, o Nanhai n.º 1. Em comunicado, o Instituto Cultural (IC), sublinha que o objectivo é aprofundar os conhecimentos do público sobre projectos arqueológicos subaquáticos. Já no dia 21, o auditório do Museu de Macau acolhe uma palestra orientada pelo vice-director do Departamento de Armazenamento do Museu Marítimo da Rota da Seda de Guangdong, Zhang Xuanwei, que vai dar a conhecer os trabalhos de conservação do casco daquela embarcação e dos artefactos encontrados no local. Até Julho está também prevista uma série de ‘workshops’ de criação de um navio em miniatura com peças de lego.

 

Palestras históricas

Os jogos são um dos destaques das actividades de comemoração do 20.º aniversário. A 19 de Maio, entre as 16h e as 21h horas, têm lugar no Museu de Macau diversas actividades de divulgação, nomeadamente ‘workshops’, visitas guiadas a exposições temáticas, sessões de teatro, oficinas de restauro, tendas com jogos e venda de livros, entre outros, que visam proporcionar uma experiência museológica diferente a um público de todas as idades durante o fim de semana.

O IC indicou ainda que o Museu de Macau vai começar a realizar, este ano, periodicamente palestras que terão como temas arqueologia subaquática e a rota da seda ou ainda crenças religiosas e experiências de vida dos cidadãos de Macau, com vista a promover a história e a cultura junto da população.

Em paralelo, para elevar os conhecimentos dos jovens relativamente à história e cultura da província de Guangdong, o Museu de Macau vai organizar, em meados de Agosto, programas de intercâmbio de alunos de escolas básicas com o Museu de Shenzhen.

 

12 Abr 2018

Caetano Veloso junta-se a Salvador Sobral na final de Lisboa

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] cantor brasileiro Caetano Veloso vai actuar na final do Festival Eurovisão da Canção, a 12 de Maio em Lisboa, ao lado do português Salvador Sobral, vencedor do concurso no ano passado, confirmou a RTP.

No domingo, a revista brasileira Veja avançou que Caetano Veloso iria “cantar com o português Salvador Sobral no Eurovision [Festival Eurovisão da Canção]”. Num comunicado a RTP confirmou que “a 12 de Maio, na Grande Final do Festival Eurovisão da Canção, o artista brasileiro partilha o palco da Altice Arena com Salvador Sobral, o grande vencedor da última edição do concurso musical”.

Além da actuação de Caetano Veloso, tinham já sido anunciadas anteriormente as atuações na final, além de Salvador Sobral, das fadistas Ana Moura e Mariza, da dupla Beatbombers, campeões mundiais de ‘scratch’, e de Branko.

Salvador Sobral venceu no ano passado o Festival Eurovisão da Cançao, cuja final decorreu em Kiev, com o tema “Amar pelos dois”, que deu a Portugal a primeira vitória no concurso.

Por ter sido o país vencedor em 2017, cabe a Portugal a tarefa de acolher este ano a final do concurso.

No dia da final do ano passado, que decorreu a 13 de Maio em Kiev, Caetano Veloso manifestou, através da rede social Facebook, que torcia pela vitória do cantor português.

Já depois da vitória, Salvador Sobral teve oportunidade de conhecer, em Lisboa, Caetano Veloso, com quem partilhou admiração mútua.

Para a 63.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, realizado pela União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) em parceria com a RTP, em Lisboa, são esperados mais de dois mil profissionais relacionados com a iniciativa e 1.500 jornalistas, além de 30.000 fãs e visitantes.

A Altice Arena, no Parque das Nações, será, a 8, 10 e 12 de Maio, o palco das semifinais e da final do concurso, disputado por 43 países.

De acordo com a RTP, “os bilhetes para os três espetáculos da Grande Final do Festival Eurovisão da Canção 2018 já se encontram esgotados” e a final será transmitida em direto pela RTP1.

11 Abr 2018

Filipe Dores expõe obra de cariz político em Londres

Não é um artista que se inspire em causas, mas um dos quadros da última colecção em que Filipe Dores trabalhou tem um contexto político e acabou por ser selecionado para estar exposto em Londres, nas Mall Galleries. Por cá, pode ser visto em Hong Kong no próximo mês

 

[dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]ão cinco urinóis numa parede e um guarda-chuva amarelo entre dois deles. Os objectos foram esquecido na ressaca dos protestos dos movimentos pró-democráticos de Hong Kong e constituem os elementos que compõem a aguarela de Filipe Dores seleccionada para exposição em Londres. O trabalho é uma afirmação política porque o contexto assim o proporcionou, diz o artista local que não quer ser conotado como pintor de causas.

Motivado pela situação de Hong Kong e pela nomeação da Chefe do Executivo da região vizinha, Filipe Dores pôs mãos à obra. “O quadro escolhido faz parte de uma colecção de cinco trabalhos que fiz no ano passado sobre a nomeação da Chefe do Executivo de Hong Kong”, começa por dizer ao HM.

O trabalho seleccionado fala por si e tem uma relação óbvia com a situação política da região vizinha. “Para mim, há muitas pessoas a pensar que o governo da região vizinha está a fazer um bom trabalho”, entende.

Para Filipe Dores, está em causa o facto de os movimentos pró-democratas não terem muita consistência na sua actuação. “Na minha opinião, são movimentos que só fazem coisas quando mais lhes convém e depois esquecem-se. É isto que aquele quadro quer dizer”, aponta Filipe Dores.

 

Fogo de vista pintado

 

“O que quis dizer com esta pintura, em específico, foi que houve muita gente envolvida nos protestos associados ao movimento dos guarda-chuvas, mas, simbolicamente, bastou irem à casa de banho para lá deixarem o guarda-chuva amarelo”, comenta. Para Dores, é um quadro que representa uma afirmação.

Esta pintura que será exposta em Londres faz parte de mais um passo na internacionalização da carreira do artista local que trabalha essencialmente com aguarela. No entanto, Filipe Dores não quer ficar conhecido como um artista movido por situações políticas, até porque, “não o sou”, afirma peremptoriamente. “Não trabalho para seguir causas políticas, aconteceu neste acaso, porque calhou”. Filipe Dores pinta porque é isso que melhor sabe fazer.

Em Macau a colecção de cinco quadros feita sob o mote político de Hong Kong não vai poder ser vista, pelo menos para já. Mas, no próximo mês vai estar exposta na região vizinha numa feira de arte.

11 Abr 2018

Italiano Ludovico Einaudi estreia-se no CCM a 10 de Junho

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] pianista e compositor Ludovico Einaudi vai subir ao palco do grande auditória do Centro Cultural de Macau (CCM) a 10 de Junho, anunciou ontem o Instituto Cultural (IC) em comunicado. O músico italiano, acompanhado pela sua banda, vai apresentar uma antologia das suas melhores composições tocadas ao piano, segundo o IC. Descrito pelo jornal britânico Daily Telegraph como “um pianista com tendência para deus do rock”, Ludovico Einaudi é um campeão das tabelas de vendas e mestre das bandas sonoras que se transformou num verdadeiro homem do espectáculo após cerca de 20 anos a trabalhar nos bastidores, compondo para ballet, teatro e instalações vídeo.

Ao longo da última década, o pianista tem esgotado as mais prestigiadas salas de espectáculo do mundo, tendo-se tornado num dos artistas de música clássica mais seguidos do mundo, batendo a popularidade de lendas como Mozart na plataforma digital Spotify. A música refinada de Ludovico Einaudi chamou a atenção do mundo cinematográfico tendo sido incluída em bandas sonoras de filmes como “O Cisne Negro” de Aronofsky, o sucesso de bilheteira francês “The Intouchables” ou “J. Edgar”, de Clint Eastwood.

A versatilidade do mestre italiano ficou também registada no thriller japonês “O Terceiro Assassinato” bem como numa série de grandes anúncios publicitários e spots, da NBA e da marca Nissan às promoções para a BBC. Em 2016, Einaudi ficou ainda mais conhecido quando um clip de sensibilização que gravou para a Greenpeace, no qual aparece à deriva no oceano, registou milhões de visualizações.

Os bilhetes para o concerto ficam disponíveis para venda a partir de hoje.

10 Abr 2018

“Interculturalidade – A lusofonia em Macau” com antestreia na próxima quinta-feira

O auditório do Consulado-Geral de Portugal vai ser o palco da antestreia do documentário “Interculturalidade – A lusofonia em Macau”, inserido na série “Macau, 20 anos depois”, do realizador Carlos Fraga. A sessão está marcada para as 18h30 da próxima quinta-feira

 

[dropcap style≠‘circle’]”I[/dropcap]nterculturalidade – A lusofonia em Macau”, com antestreia marcada para a próxima quinta-feira, figura como o quarto de seis filmes da série documental “Macau, 20 anos depois”. A série deve ser exibida na íntegra em Macau e em Portugal por ocasião do 20.º aniversário da transferência do exercício de soberania.

“No quarto documentário reunimos todos os presidentes das associações, das várias comunidades lusófonas e tivemos uma aproximação ao que é a convivência desta multiculturalidade”, explicou ao HM Carlos Fraga, para quem “os testemunhos de cada um dos representantes das diferentes comunidades” vão permitir aos espectadores “perceber que vivem aqui em harmonia”. O Festival da Lusofonia, que teve a sua 20.ª edição em 2017, “é realmente o momento auge de união que motiva muito a que se vão relacionando durante o ano precisamente para a festa”, sublinhou Carlos Fraga. O cineasta realça que “fica muito claro que é realmente um motor de movimentos e de contactos entre as diferentes comunidades”.

“Por outro lado, do que percebi e acho que as pessoas vão perceber também, a festa da lusofonia também motivou que as comunidades se organizassem, neste caso como associações. Isso fez com que se constituíssem como comunidades diferenciadas, embora depois se interrelacionem”, sustentou.

O documentário também capta “as experiências pessoais de cada um”. Na perspectiva de Carlos Fraga, “são igualmente interessantes”, na medida em que ilustram como “vivem precisamente essa multiculturalidade, a mistura, o cruzamento de pessoas de diferentes comunidades, inclusive no seio da família”.

Esta antestreia – à semelhança das anteriores – tem como objectivo dar a conhecer o documentário particularmente a quem dele participou. “Parece-nos justo vir aqui mostrar o documentário, principalmente às pessoas que estiveram envolvidas, mas também, claro, a todos os que quiserem ir assistir. É uma forma de agradecimento às pessoas que colaboraram”, salientou o realizador.

 

Documentário a rodar

 

Enquanto “Interculturalidade – A lusofonia em Macau” conhece a antestreia, Carlos Fraga ultima as filmagens do quinto e penúltimo filme da série documental intitulado “Macaenses em Macau” que figura como o “outro lado” do documentário inicial “Macaenses em Lisboa”. “Este surge porque tínhamos esse primeiro. Pensámos que seria importante ter os macaenses de Macau, porque é uma realidade diferente”, explicou o realizador que prevê regressar novamente ao território, desta feita para filmar o sexto e último documentário em Outubro/Novembro.

“A série estará terminada no início do próximo ano, devendo ser emitida na íntegra mais perto da data da transferência” do exercício de soberania de Macau de Portugal para a China, dado que se pretende que “faça parte das comemorações em Macau e em Portugal”.

Carlos Fraga deu conta de que há já um acordo com a TDM para a transmissão da série. “Primeiro, pensou-se em ir emitindo à medida que íamos fazendo os documentários, mas nós propusemos, porque achamos que seria mais interessante, esperar até terminar a série para ser transmitida toda num ciclo em 2019”, especificou. Em paralelo, adiantou, também estão a ser negociadas com a RTP datas para a emissão. Não obstante, no passado, ambas as televisões deram um cheirinho da série: a RTP exibiu os primeiros dois documentários, enquanto a TDM o inaugural.

“Também vai haver um ciclo na Cinemateca Paixão, que estamos a negociar mas que, logicamente, será anterior à emissão na TDM”, revela Carlos Fraga, indicando que o conjunto dos seis documentários também vai estar disponível para venda em formato físico.

A série “Macau, 20 anos depois”, da LivreMeio Produções, conta com seis filmes com a duração aproximada de uma hora. Os primeiros quatro (“Macaenses em Lisboa”, “Portugueses em Macau”, “Dar e Receber a Portugalidade”, “Interculturalidade – A lusofonia em Macau”) estão prontos. A faltar fica apenas “Macaenses em Macau”, que entrou então na fase final de filmagens, e “Uns e outros”, dedicado ao que pensam os chineses sobre a presença portuguesa em Macau.

Macau despertou o interesse de Carlos Fraga depois do documentário que realizou, em 2013, sobre a comunidade chinesa na capital portuguesa, projectado na Universidade de Lisboa e exibido na RTP “por três vezes”, que veio abrir caminho à realização de “Macaenses em Lisboa”, na sequência de uma recepção entusiástica nomeadamente por parte de académicos, como o investigador macaense Carlos Piteira.

“Decidi que tinha que vir a Macau, porque eles falam, como é natural, da sua terra, da sua origem, das suas saudades, dos seus cheiros, sabores e experiências. Tinha que vir a Macau filmar para ilustrar isso mesmo”, sublinhou Carlos Fraga que quando cá chegou concluiu que o conjunto precisava “do outro lado”, o que fez então crescer a série de cinco para um total de seis documentários, contou o realizador.

10 Abr 2018