Hoje Macau EventosOito projectos culturais vão receber financiamento do IC [dropcap]O[/dropcap]ito de 16 projectos foram escolhidos no âmbito do programa de subsídios à arte da comunidade 2019, anunciou ontem o Instituto Cultural. “Minha História na Jornada” (Comuna de Pedra), “Borboleta Colorida Espalhando Asa – Projecto de Coesão Comunitária de Teatro Uma Pessoa Uma História” (Zero Distance Cooperative), “Luzes Cintilantes e Flores Resplandecentes – Projecto de Arte Comunitária” (Dream Theater Association) figuram entre os seleccionados. O projecto “Mapa da Comunidade de Coloane e Visita guiada dos Moradores” (Rolling Puppet Alternative Theatre), “Diário da Comunidade do Porto Interior 2019” (Arts Empowering Lab), “O Que Eu Posso Fazer?” (Godot Art Association), “Sobre Nós” (Four Dimension Spatial) e “Exposição Temporária – Plano de Consolidação Comunitária da Rua dos Ervanários” (Own Theatre) completam a lista de projectos seleccionados para receber financiamento do IC. O programa, lançado pela primeira vez em 2013, tem como finalidade encorajar os grupos artísticos locais a entrarem nos bairros comunitários ou numa comunidade social particular instando os residentes a desenvolverem criações artísticas.
Hoje Macau EventosTaiwan | Nova feira de arte internacional inaugurada hoje em Taipei [dropcap]C[/dropcap]hama-se Taipei Dangdai e é a primeira edição da nova feira de arte internacional que acontece no centro de exposições Taipei Nangang. O evento foi hoje inaugurado e prolonga-se até domingo, sendo que o público poderá não só visitar obras de arte oriundas de galerias de todo o mundo como participar em palestras sobre a indústria. Citado por um comunicado, o director da feira de arte, Magnus Renfrew, garantiu que a inspiração da sua equipa passa por “trazer novos coleccionadores para o mercado com a nossa estrutura única de sectores, oferecendo qualidade em todos os preços”. “A arte tem tudo a ver com ideias que são comuns para todos nós, e a Taipei Dangdai aspira a ser um ponto de encontro para a troca dessas ideias, providenciando um contexto em que a arte é desembrulhada para uma audiência mais vasta e em que se reduz o fator intimidatório”, acrescentou. Amanhã o programa é marcado pela exploração do tema “Passado”, sendo feita uma retrospectiva do trabalho de artistas como Richard Lin e Li Yuan-Chia, considerada “uma das mais importantes artistas chinesas do século XX”. Sábado será dia de olhar para o “Presente”, onde o foco será as práticas de curadoria contemporâneas e os artistas emergentes. O domingo, último dia da feira, será dedicado aos principais museus e instituições de arte da Ásia do século XX.
Hoje Macau EventosJoana Vasconcelos em Paris para abrir arte contemporânea a novos públicos [dropcap]A[/dropcap] exposição “Branco Luz”, de Joana Vasconcelos, é inaugurada hoje, em Paris, e a artista portuguesa considera que expor em sítios menos tradicionais abre “os públicos para o meio artístico”, aumentando “a intervenção da arte na sociedade”. “A estrutura estabelecida diz que o artista deve expor numa galeria ou num museu. Obviamente aqui [nos armazéns Bon Marché] estamos a transgredir a tradição. Mas em vez de fechar o meio artístico, estes locais abrem os públicos para o meio artístico. A arte contemporânea, quanto mais vista, mais influência tem e mais altera as formas de pensar. Ora, vir a estes locais mais inusitados para a arte contemporânea é ampliar a sua intervenção na sociedade”, disse a artista portuguesa em entrevista à Lusa na capital francesa. A exposição de Joana Vasconcelos no Bon Marché é inaugurada oficialmente na quinta-feira e fica patente até dia 17 de Fevereiro, englobando uma das suas Valquírias com 30 metros que abrange a escadaria principal e os três andares deste armazém parisiense, assim como as suas montras que dão para algumas das ruas mais prestigiadas da margem esquerda do Sena. A valquíria, figura recorrente na obra da artista portuguesa, tem desta vez o nome de Simone, inspirada tanto na política e activista Simone Veil como na escritora e filósofa Simone de Beauvoir, mulheres que Joana Vasconcelos considera como “grandes personagens francesas”. “É a ideia que há mulheres que marcam a sua cultura e a transformam, trazendo uma nova perspectiva para a cultura onde se inserem. A ideia de transformação é o que me interessa, mulheres que no seu tempo transformaram através da sua perspectiva. É uma projecção da minha parte, era o que eu gostava de fazer no meu tempo”, explicou a artista. Desta vez, é uma valquíria inteiramente branca – inserida no tradicional mês do branco do Bon Marché que nos últimos quatro anos tem chamado alguns dos artistas mais prestigiados da arte contemporânea para expor no seu espaço – intercalando tricot, crochet e LED que envolve o percurso dos clientes desta loja francesa. “Há uma interacção de técnicas entre o ‘craft’ e as tecnologias, nós misturamos duas coisas que no mundo existem separadamente. Nós construímos coisas grandes com uma técnica que usa as mãos”, descreveu Joana Vasconcelos, revelando que este projecto demorou cerca de dois anos a ser concluído, teve o contributo de mais de 60 pessoas e que vieram cerca de dez pessoas do seu ateliê para a montagem na capital francesa – que está a decorrer desde o início do ano. Para Vasconcelos, é um regresso às suas origens. Nascida em Paris, onde viveu até aos quatro anos, e educada em Portugal, a artista admite que esta seria a segunda cidade, depois de Lisboa, onde poderia viver devido à relação que mantém a capital francesa a diversos níveis. “A minha relação com Paris é bastante íntima, pessoal e, ao mesmo tempo, profissional. Eu nasci aqui há 47 anos e todo este tempo depois estou a colocar aqui duas peças: uma que é o ‘Coração de Paris’, na Porta de Clignancourt, onde eu nasci e onde o meu coração começou a bater, e estou a vir ao Bon Marché, que é um local iconográfico da história francesa onde integro aqui uma dimensão do luxo, do social”, disse a artista portuguesa. O projecto do “Coração de Paris” foi escolhido pelos habitantes do 18.º bairro e pela Câmara Municipal, tendo inauguração prevista entre o fim de Janeiro e o início de Fevereiro. A artista não esquece as dificuldades passadas pelos pais na transição entre Portugal e França e considera “um privilégio” ter nascido e crescido em democracia. “Eu sou a primeira fornada a ser educada desde a primeira classe em democracia em Portugal e isso significa um privilégio grande e agora, com a minha idade, quem deu valor a essa democracia e ao país que temos, está em locais de destaque naquilo que faz. É na minha geração que se recoloca o país no mapa. Assim como os portugueses da diáspora também têm lugares importantes e olham para Portugal de outra maneira. É fruto dessa democracia”, resumiu a artista. Joana Vasconcelos inaugura, no dia 14 de Fevereiro, uma exposição em Serralves, no Porto, e nos meses seguintes vai ainda expor em Colónia, na Alemanha, Edimburgo, na Escócia, Roterdão, na Holanda e Madrid, em Espanha.
Hoje Macau EventosArquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, faz exposição que é grande montra do seu trabalho [dropcap]A[/dropcap] exposição sobre obras públicas em Angola e Moçambique, no período colonial, que é inaugurada hoje, em Lisboa, “é uma grande montra do trabalho que faz o Arquivo Histórico Ultramarino”, disse a directora desta entidade. Ana Canas, directora do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), falava à agência Lusa a propósito da exposição “Colonizando África: Relatórios das Obras Públicas em Angola e Moçambique (1875-1975)”, coordenada pela arquitecta Ana Vaz Milheiro, e que é inaugurada na quinta-feira. “Desde a transição da tutela do AHU – do Instituto de Investigação Científica Tropical para a Direcção-Geral do Livro, Bibliotecas e Arquivos (DGLAB), em Agosto de 2015 -, o AHU faz esta primeira exposição que permite mostrar o tipo de documentação que tem, neste caso, sobretudo relacionada com as obras públicas nas antigas colónias portuguesas, incidindo em Angola e Moçambique”, disse Ana Canas. A responsável referiu à Lusa que, no âmbito do projecto “Coast to Coast”, que estuda a paisagem colonial e pós-colonial nos domínios da arquitectura, infra-estruturas e cidades, “tem-se tratado [arquivisticamente] documentação relativa às obras públicas em todos os espaços que estiveram sob administração portuguesa, entre meados do século XIX e a década de 1930”. Ana Canas afirmou que, a partir deste tratamento arquivístico, “os instrumentos de pesquisa vão ser disponibilizados através da base de dados arquivística da DGLAB-AHU”, referindo que o projecto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), apresentado pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. A directora sublinhou que a “boa relação” entre as diferentes instituições, no “sentido de se descrever e tratar [a documentação], permite não só dar acesso aos investigadores como ao público em geral”. “Aproveitou-se esta parceria, em que participam investigadores muito ligados à área da arquitectura, que precisavam de aceder a documentação, que não estava ainda identificada e descrita, e que permite que documentação sobre infra-estruturas diversas, portos, caminhos-de-ferro, edifícios públicos, etc., passe a ficar disponibilizada para todos”, explicou Ana Canas. A exposição, que vai estar patente até 18 de Abril, no Palácio da Ega, à Junqueira, é inaugurada quando, em Lisboa, se realiza o I Congresso Internacional da Paisagem Colonial e Pós-Colonial, que começou esta quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian. A mostra, salientou Ana Vaz Milheiro, a coordenadora, dá um grande enfoque à força de trabalho, “à mão de obra”, no sector das obras públicas, apresentando relatórios, mapas, gráficos e outros documentos, desde 1875, quando foi criada a Sociedade de Geografia de Lisboa, e até 1975, quando se assinalam as independências de das ex-províncias ultramarinas de Angola e Moçambique. A arquitecta Ana Vaz Milheiro realçou o facto de as fotografias usadas na exposição “não serem de propaganda, mas as que eram usadas pelos técnicos” – a única excepção é uma fotografia da barragem das Mabubas, em Angola. “A ideia [da exposição] é mostrar os diversos relatórios que foram produzidos [entre 1875 e 1975] pelos diversos serviços de obras públicas coloniais, e como mostram de que forma o território foi ocupado”, disse à Lusa Ana Vaz Milheiro. A exposição faz parte de um projecto em que se mostra como o território colonial foi ocupado, do ponto de vista historiográfico. “E os nossos colegas de Angola e Moçambique fazem análises sobre este trabalho historiográfico, tentando compreender como as opções coloniais, em termos de infra-estruturação do território, se reflectem nos países, actualmente, nas opções estruturais de desenvolvimento desses Estados”, explicou Ana Milheiro. A mostra começa de “uma forma muito visual, com imagens, de preparação do visitante para o núcleo final”, composta sobretudo por “relatórios, mapas, gráficos”. As infra-estruturas analisadas dividem-se em três áreas: transportes (portos, ferrovias, estradas, pontes e aeroportos), assentamentos humanos, “dentro de lógicas de exploração das matérias-primas” (agrícolas e minerais), e, finalmente, a produção hidroeléctrica, “para tornar os territórios independentes do ponto de vista energético, e até, no caso de Cabora Bassa [actual Cahora Bassa, em Moçambique], numa lógica de exportação”. Neste âmbito, explicou Ana Vaz Milheiro, “há muitos estudos que apontam para uma relação entre o que se fazia em Portugal e o que se fazia em África”. Segundo a investigadora, muitos dos técnicos que trabalharam em África “trouxeram esse conhecimento e aplicaram-no no território português, mas também levavam os conhecimentos da engenharia, cá, e aplicavam-na nos territórios africanos”. “Havia uma grande simbiose e trocavam-se experiências”, enfatizou. Quanto à mão de obra, “há uma população negra nos trabalhos mais duros sobre a supervisão de homens brancos, europeus, demonstrando uma segregação no trabalho”, afirmou. “Havia trabalho compulsivo, forçado e, mais tarde, os próprios europeus, a não querem depender desse trabalho”, exigiram “a mecanização”. prosseguiu. Assim, “no final da década de 1950, vemos operários brancos a manusearem as máquinas”. “Nas obras públicas em Angola e Moçambique não vemos nem mulheres nem crianças”, disse à Lusa Ana Milheiro.
Andreia Sofia Silva EventosAluna de português de Hong Kong lança guia turístico sobre Portugal [dropcap]A[/dropcap]nita Wong, natural de Hong Kong e estudante de português, acaba de lançar um guia turístico sobre Portugal em chinês, depois de ter criado um blogue com escritos sobre as suas viagens. O livro contém explicações sobre os principais pontos turísticos de Lisboa, cobrindo também locais próximos como Queluz, Óbidos, Torres Vedras, Tomar e Fátima. Em declarações ao HM, Anita Wong explicou que este é o resultado de muitas viagens que fez a Portugal nos últimos dez anos, além dos amigos que tem no país. “Às vezes viajo uma vez por ano, outras vezes duas. Adoro as pessoas, o ambiente e a comida, e por isso é que regresso sempre”, contou a aluna que decidiu aprender português a tempo parcial num centro de ensino da Federação dos Operários de Hong Kong. Depois disso, continuou os estudos com um docente que também dá aulas de português no período nocturno. O facto de Portugal não ser muito conhecido na região vizinha levou a estudante a escrever o livro. “Penso que Portugal tem sido subestimado. Adoro o país e é por isso que quero dar a conhecê-lo a mais pessoas de Hong Kong.” O livro está à venda na página de Facebook “Uma Volta em Portugal”, gerida por Anita Wong. “Fiz uma edição de autor. Tenho os livros comigo e vendo-os sem a ajuda de editoras”, contou. Na sua página são partilhadas notícias, imagens e as próprias experiências de viagem de Anita Wong, que descobriu a língua portuguesa graças a um amigo português que viveu em Hong Kong. “Também convido outros viajantes que passaram por Portugal para gostarem da página e para que partilhem as suas experiências. Espero que a minha página se transforme numa plataforma interactiva para todos aqueles que adoram o país”, frisou a autora. Primeira vez O facto de ser católica levou Anita Wong a destacar a cidade de Fátima no seu guia turístico. O objectivo é, aliás, mostrar não apenas o que de melhor oferecem estas cidades aos turistas, mas também as festividades que acontecem anualmente. “Escrevi sobre Torres Vedras por causa do seu carnaval, sobre Tomar por causa da Festa dos Tabuleiros e Nazaré, devido ao facto de ser uma cidade costeira muito calma e famosa como destino de surf. Tentei introduzir algumas festividades que acontecem perto de Lisboa”, explicou. Alexandre Lui, professor de Anita Wong, escreveu nas redes sociais que a sua aluna é a “primeira pessoa de Hong Kong a escrever livros sobre Portugal, mostrando aos locais o que há para ver e os sítios atractivos para se divertirem no país”. Até porque “Ainda há muitas pessoas de Hong Kong que ainda não conhecem bem Portugal, e alguns até confundem o país com Espanha. Este livro é bom para dar um maior conhecimento sobre este país maravilhoso”.
Hoje Macau EventosRAEM 20 anos | Parada do Ano do Porco inicia comemorações [dropcap]G[/dropcap]rupos de Portugal e de vários países asiáticos e europeus participam nas celebrações do ano novo lunar em Macau, dando início às comemorações do 20.º aniversário da transferência da administração do território, foi ontem anunciado. “Por ocasião do importante marco do 20.º aniversário do estabelecimento da RAEM, a Direcção dos Serviços do Turismo (DST) vai organizar vários eventos de grande envergadura”, anunciou Maria Helena de Senna Fernandes. “A parada de celebração do ano do porco é o primeiro dos eventos” das festividades que marcam os 20 anos da transição da administração de Macau de Portugal para a China, sublinhou a directora da DST, em conferência de imprensa. O primeiro dia do ano novo lunar assinala-se a 5 de Fevereiro, mas as celebrações continuam até ao dia 10 do mesmo mês e vão contar com participações de grupos artísticos de Macau, Portugal, França, Hong Kong e Japão, entre outros. Maria Helena de Senna Fernandes disse esperar que entre 80 mil a 90 mil pessoas assistam às paradas de celebração nas noites do terceiro e sexto dia do ano novo chinês (7 e 10 de Fevereiro). O programa da parada conta com um desfile de 18 carros alegóricos, com designações alusivas aos nomes de pratos do Ano Novo lunar, vários espetáculos culturais e ainda o tradicional fogo-de-artifício. O evento está avaliado em 27,4 milhões de patacas, de acordo com a responsável do turismo de Macau.
Hoje Macau EventosCinemateca Paixão apresenta filmes de Pedro Almodóvar O cineasta espanhol será a figura de destaque do primeiro festival da Cinemateca Paixão deste ano. “Amor Almodóvar” promete trazer os principais filmes do realizador, que serão exibidos entre 16 de Fevereiro e 3 de Março [dropcap]O[/dropcap] universo louco e complexo do cineasta espanhol Pedro Almodóvar vai estar em destaque no primeiro festival do ano organizado pela Cinemateca Paixão. Os principais filmes do realizador, que venceu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com a película “Tudo sobre a minha mãe”, vão ser exibidos entre os dias 16 de Fevereiro e 3 de Março. Além desse filme premiado, que data de 1999, o público vai poder ver “Fala com Ela”, de 2002, e “Volver”, protagonizado por Penélope Cruz, uma das musas de Almodóvar, e que data de 2006. Além de “Julieta”, o último filme do realizador, os espectadores poderão também conhecer os primeiros filmes feitos na década de 80, tal como “A Lei do Desejo”, protagonizado por António Banderas e Eusebio Poncela, “Mulheres À Beira de Um Ataque de Nervos” e “Que Fiz Eu Para Merecer Isto?”, ambos protagonizados por outra das suas musas, Carmen Maura. Na perspectiva dos gestores da Cinemateca Paixão, este festival “é uma das mais completas retrospectivas da obra de Almodóvar no universo de língua chinesa até ao momento”. Dada a importância do evento, cada filme será exibido em duas sessões. Emoções fortes Pedro Almodóvar nunca estudou cinema devido a dificuldades financeiras. As primeiras experiências na área começaram com uma câmara Super 8, e foi com ela que filmou o seu filme de estreia, “Pepe, Luci, Bon e as garotas de montão”, datado de 1980. Seguiu-se “O Labirinto das Paixões”, de 1982, e a partir daí o realizador começou a ser conhecido fora de Espanha. Os responsáveis pela organização do festival consideram-no “um dos mais importantes realizadores de Espanha e Europa”, sendo que “os seus filmes são marcados pelo uso de cores fortes, radicais alterações emocionais e humor desbragado”. Os filmes são “variadíssimos, com mulheres inteligentes e sofisticadas até famílias com complexos problemas de vida e morte e apaixonadas amantes lésbicas”. Além disso, “têm sido extraordinariamente bem recebidos pela crítica e pelo público graças aos seus característicos elementos cinemáticos, que incluem um guarda-roupa espampanante e cenários fantásticos, piadas hilariantes, envolvente música espanhola para guitarra e comoventes histórias de mulheres”. Além da exibição dos filmes o festival conta com uma palestra onde se irá abordar a obra do realizador espanhol, protagonizada por Ka Ming, crítico de cinema de Hong Kong. “Abram Alas a Pedro Almodóvar: O Génio Heterodoxo do Cinema Espanhol” acontece no dia 17 de Fevereiro entre as 15h00 e 16h30, e a participação do público está sujeita a uma inscrição prévia. No dia anterior acontece uma festa de abertura com música espanhola ao vivo, que se irá centrar “nos fascinantes elementos e temas cinemáticos na obra de Almodóvar” e que “abrirá o apetite do público para a louca magia cinematográfica de Almodóvar antes da película de abertura”.
Hoje Macau EventosCranberries vão lançar último álbum em homenagem a vocalista morta há um ano [dropcap]A[/dropcap] banda de rock irlandesa Cranberries lançou uma música, que será seguida de um álbum, para homenagear a sua vocalista Dolores O’Riordan, que morreu acidentalmente há precisamente um ano quando trabalhava neste disco. A música “All Over Now” foi gravada com base nas ‘demos’ vocais da cantora. O álbum, intitulado “In the End”, deverá sair em Abril e conta com dez outras músicas criadas pelos três membros sobreviventes do grupo, Noel Hogan, Mike Hogan e Fergal Lawler. “Lembrámo-nos do modo como Dolores tinha sido motivada pela perspectiva de trabalhar neste álbum e de voltar às ‘tournées’ para interpretar estas canções”, explicaram os membros da banda na rede social Instagram. “O melhor a fazer era acabar este álbum que começámos com ela”, adiantaram. A utilização das ‘demos’ da cantora para elaborar o novo álbum contou com o apoio da família O’Riordan. Dolores O’Riordan juntou-se aos Cranberries em 1990, um ano após a formação da banda, que desfrutou da sua maior popularidade nos anos 1990, com títulos como “Zombie” (1994), sobre o conflito na Irlanda do Norte. A cantora morreu em 15 de Janeiro de 2018, aos 46 anos. Afogou-se no quarto de um hotel de Londres, após o consumo excessivo de álcool.
Hoje Macau EventosMGM Cotai | Esculturas de Ju Ming até 7 de Abril [dropcap]F[/dropcap]oi inaugurada esta segunda-feira uma exposição no MGM Cotai que apresenta as esculturas do artista Ju Ming, e que estará patente até 7 de Abril. De acordo com um comunicado divulgado pela operadora de jogo, as 40 peças em exposição revelam “a busca de Ju Ming pelas relações humanas com ênfase no conceito estético da emergência da arte na vida, e da vida na arte, algo que está em perfeita harmonia com a missão do MGM de fazer da arte algo mais acessível junto do público”. Os trabalhos expostos “são inspirados nas experiências multiculturais [do artista], e com 30 anos de desenvolvimento, Ju Ming aplica materiais tradicionais e contemporâneos, tal como madeira e aço inoxidável”.
Andreia Sofia Silva EventosUSJ recorda em Novembro centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Os cem anos do nascimento da poetisa Sophia de Mello Breyner serão recordados pela Universidade de São José num colóquio agendado para Novembro. Vera Borges, coordenadora do departamento de português, destaca a importância dos poemas de Sophia pela sua ligação aos Descobrimentos [dropcap]N[/dropcap]asceu a 6 de Novembro de 1919 e será sempre recordada como uma das maiores poetisas da literatura portuguesa. Em Portugal já se preparam actividades que marcam o centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner e em Macau também, graças à iniciativa da Universidade de São José (USJ). O colóquio “No centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2019) – Navegação a Oriente” acontece em Novembro e vai abordar três temáticas, que passam pela poética, questões de tradução e literatura na sala de aula, adiantou Vera Borges, coordenadora do departamento de português da USJ, ao HM. “Contamos com a colaboração de colegas de Macau, que trabalham em várias instituições de ensino superior, e contamos com pessoas de fora.” A ligação ao Oriente surge através dos escritos que a poetisa portuguesa dedicou aos Descobrimentos. “A Sophia tem uma série de poemas belíssimos, não só sobre o mar, mas sobre os Descobrimentos, a chegada dos portugueses às paragens do Oriente. É uma linha muito forte na poesia dela e que deixou seguidores. É algo particularmente interessante na literatura portuguesa.” Neste sentido, Vera Borges considera que nunca como agora fez tanto sentido discutir os poemas deixados por Sophia de Mello Breyner. “No momento em que se começa a discutir em Portugal, até com uma certa intensidade dramática, o colonialismo português, o racismo e o Império, pegar nos textos de Sophia de Mello Breyner pode ser uma perspectiva muito interessante para se perceberem certas questões.” Repto linguístico A autora de livros como “A Menina do Mar” e “O Cavaleiro da Dinamarca” representa, na visão de Vera Borges, um “desafio” em termos de tradução, pela contemporaneidade da sua linguagem. “Acho que os textos dela são um desafio, primeiro porque são belíssimos e depois pela temática que têm, e depois também pelo tipo de linguagem. É uma linguagem muito económica, concisa, exacta.” Em Macau, Vera Borges destaca o trabalho de tradução de Yao Jingming, actualmente o director do departamento de português da Universidade de Macau, que já traduziu autores portugueses como Camilo Pessanha e Eugénio de Andrade, entre outros. “A Sophia é um dos nomes mais traduzidos por todos aqueles que gostam de poesia, e há grandes tradutores que quiseram poemas da Sophia. Nestas paragens temos o professor Yao Jingming, que tem traduções belíssimas de textos da Sophia.” Vera Borges assegura que aqueles que, em Macau, se dedicam ao estudo da cultura e literatura portuguesas têm “particular interesse” nos escritos de Sophia. Esta, “pela visão que nos dá do percurso histórico dos portugueses, é uma autora particularmente interessante”. Sophia de Mello Breyner faleceu em 2004 e deixou cinco filhos, um deles o escritor e jornalista Miguel Sousa Tavares.
Hoje Macau EventosDois séculos de arte russa em exposição no Museu de Arte de Macau [dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM) vai acolher, a partir de sexta-feira, uma exposição de arte russa dedicada aos “principais estilos e tendências artísticas” da Rússia nos últimos dois séculos, anunciou o Instituto Cultural (IC). Cerca de 70 esculturas e pinturas a óleo compõe a mostra, “a primeira grande exposição de belas artes russas”, indicou o instituto em comunicado. “Através das diferentes obras, a exposição apresenta os principais estilos e tendências artísticas da Rússia desde finais do século XVIII até meados do século XX”, e reflecte “os hábitos de vida e características do povo russo nos últimos 200 anos”. Todas as obras integram o acervo da Galeria Tretyakov, em Moscovo, que organiza a exposição a par do Museu de Arte de Macau (MAM), do IC. Entre os vários artistas representados, o IC destaca nomeadamente os pintores realistas do grupo “Os Itinerantes”, do século XIX. A exposição vai estar patente no MAM até 22 de Abril.
Hoje Macau EventosCulinária | Tertuliano de Senna Fernandes premiado [dropcap]T[/dropcap]ertuliano de Senna Fernandes foi distinguido como embaixador de gastronomia no sul da China, segundo um comunicado enviado ontem à comunicação social. A distinção é o resultado do concurso “King of Gastronomy in South of China” organizado pela Estação de televisão de Zhujiang e pelo Comité de Cantão. Foi há 14 anos que o ‘Chef’ Tertuliano de Senna Fernandes começou a fazer formações na área da gastronomia na República Popular da China, tendo trabalhado no continente e, posteriormente, em Macau. “A sua notoriedade levou a que começasse a ser convidado a participar em vários eventos tornando-se cada vez mais conhecido no meio, com a particularidade de ser o único macaense de ascendência portuguesa”, aponta um comunicado. Tertuliano de Senna Fernandes é Presidente da Associação de Gastronomia Internacional de Macau, instituição que se encontra na rede das Cidades Criativas da Ásia.
Sofia Margarida Mota EventosAntónio Conceição Júnior fala de “Episódios da Vida Cultural de Macau no Século XX” na FRC [dropcap]A[/dropcap] rubrica “Serões com História” promovida pela Fundação Rui Cunha vai abrir o ano de 2019 com “Episódios da Vida Cultural de Macau do Século XX”, uma palestra a cargo de António Conceição Júnior. A iniciativa tem lugar no próximo dia 21, pelas 18h30 e vai trazer à Praia Grande uma viagem pelas “escolhas pessoais” do orador acerca da temática. Ao HM, Conceição Júnior admite que “nunca ninguém conhece toda a vida cultural de uma cidade, sobretudo num lugar no mínimo bi-cultural” e Macau não será excepção visto que apresenta “momentos e períodos mais ricos e outros de maior pobreza da vida intelectual”. Por outro lado, “os períodos têm uma tendência para a alternância, sempre ligados à história do território”, acrescentou o orador. A título de exemplo, Conceição Júnior refere períodos históricos que marcaram a cultura de outros locais. “Os impulsos sociais e económicos são determinantes. A China dos Tang ou o Renascimento são exemplos de picos na história da China e da Itália”, disse. Questionado sobre a evolução dos episódios culturais no território, Conceição Júnior ressalva que “as perspectivas dependem muitas vezes de onde se está, se numa ‘trincheira’ ou em campo aberto”, tendo em conta a sua vasta experiência profissional na área. Recorde-se que o orador foi director do Fórum de Macau, Chefe dos Serviços Recreativos e Culturais e Consultor Cultural do Leal Senado. Plano real Para Conceição Júnior, a cultura deve não deve ser encarada como “transcendência, como alguns imaginam, mas antes um conjunto de actos de maturidade decorrente da bagagem cultural de cada um”. O facto de ser um produto concreto também não a remete para a formalidade e muito menos para “a prática burocrática”. “Há um grande equívoco quando se pensa que a oficialização da cultura é que é. Não é verdade”, até porque “nenhum autor, intelectual ou artista de qualidade pode ser ‘atropelado’ pelo que é oficial. A cultura não é oficial, está longe de ser propriedade de alguém ou de algo. A cultura não é um despacho, nem um exercício burocrático, e muito menos a burocracia pode ser uma canga”, remata.
Sofia Margarida Mota EventosAssociação promove concurso para eleger novos pontos panorâmicos de Macau A Associação de Intercâmbio de Cultura Chinesa vai assinalar o 20º aniversário da RAEM com a criação de oito pontos panorâmicos que sejam exemplo do desenvolvimento. Para o efeito, a entidade lança um concurso para escolher uma de vinte sugestões [dropcap]N[/dropcap]o ano em que se comemoram os 20 anos de transferência de administração da RAEM, a Associação de intercâmbio de Cultura Chinesa vai promover um concurso para reconhecer mais oito pontos panorâmicos no território. O objectivo é definir os oito locais que mais reflictam a evolução de Macau ao longo destas duas décadas. A organização começou a trabalhar no projecto em Agosto do ano passado e foram ontem divulgados os 20 locais que vão a concurso. Os eleitos são a Fortaleza do Monte, o Jardim de Camões, a Colina da Pena, os Lagos Nam Van e Sai Van e a Torre de Macau, a praça Flor de Lótus, a Praça de Santo Agostinho, a igreja de São Lázaro, a Rua da Felicidade, a Casa do Mandarim, O Centro de Ciência de Macau, a Praça das Portas do Cerco, a Praça do Senado, a Travessa da Paixão, o Centro Ecuménico Kun Iam, a Rua do Cunha, a Cotai Strip, a vila de Coloane, a Rocha do Dragão a Universidade de Macau e a mais Ponte HKZM. “Os oito locais vencedores vão ainda protagonizar a marca local enquanto destino turístico e servir de inspiração para produtos a ser criados pelas indústrias criativas”, refere a associação na apresentação do evento. Participantes premiados As votações decorrem a partir do próximo dia 15, vão até ao dia 28 de Fevereiro e são abertas a residentes e a não residentes, maiores de 12 anos. Os menores de idade têm que apresentar autorização dos encarregados de educação. Os participantes habilitam-se ainda, com o seu voto a participar em dois sorteios onde podem vir a ser premiados. A celebração da transferência de administração já é um hábito da Associação de intercâmbio de Cultura Chinesa. A primeira iniciativa teve lugar no 10º aniversário da RAEM com o lançamento do concurso “Canção de Macau”. Já no 15º aniversário a mesma entidade lançou um livro de fotografia do território sob o olhar de profissionais de Taiwan. Fundada em 2005, a Associação de Intercâmbio de Cultura Chinesa tem desenvolvido o seu trabalho tendo em conta a posição de Macau enquanto plataforma de comunicação entre a China e o mundo. Neste sentido, é seu objectivo “unir a comunidade chinesa que se encontra espalhada por todo o mundo e promover o entendimento mútuo em campos como a arte, cultura, sociologia ou tecnologia”.
Hoje Macau EventosMiguel Gonçalves Mendes pede ajuda financeira a Macau para acabar filme [dropcap]O[/dropcap] cineasta português Miguel Gonçalves Mendes tem vindo a promover uma campanha de recolha de fundos para concluir o seu mais recente projecto, “Sentido da Vida”, tendo alargado esse pedido de apoio a Macau. “Neste momento, e ao fim de seis anos de filmagens, encontro-me a terminar o filme ‘O Sentido da Vida’, cuja acção também se desenrola em Macau e [aborda] a nossa relação com a lusofonia. Contudo, a nossa situação financeira é tão delicada que criamos uma plataforma de financiamento colectivo para tentar concluir o filme”, escreveu em comunicado. A campanha de recolha de fundos termina a 18 de Fevereiro e visa angariar 350 mil euros (cerca de três milhões de patacas), montante que “permitirá concluir a edição e a pós-produção do filme”. No total, o “Sentido da Vida” custa 1,8 milhões de euros (cerca de 16 mil milhões de patacas). A produtora JumpCut, responsável pelo filme, propõe contrapartidas para aqueles que se disponham a apoiar financeiramente o projecto. “Independentemente do valor escolhido para financiar a obra, todos terão a oportunidade de dar a cara num frame do filme por 10 euros (92 patacas). Para tal, bastará enviar uma foto. Existem ainda contributos especiais para estudantes, com acesso a um workshop leccionado pelo realizador sobre o género documentário biográfico.” “O Sentido da Vida” foca-se na história real de Giovanne Brisotto, “um jovem brasileiro com Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF, vulgarmente conhecida como Paramiloídose ou Doença dos Pezinhos), uma doença incurável, de origem portuguesa, que foi espalhada pelo mundo durante o período das grandes navegações”. No filme, “Giovane dá uma volta ao mundo, de mais de 56 mil quilómetros, desembarcando na Índia e estabelecendo depois a rota que se pensa ter sido a da primeira viagem a disseminar a doença. Segue até Macau e, depois, para o Japão, numa jornada onde ambiciona perceber qual, afinal, ‘O Sentido da Vida’”. Ao mesmo tempo, o filme acompanha sete histórias de oito figuras públicas portuguesas, “estabelecendo uma constelação de personagens que nos faz questionar até que ponto seremos mais parecidos aos heróis que admiramos e qual a diferença entre a imagem pública e privada num mundo em rede e em constante processo de aceleração”. Miguel Gonçalves Mendes realizou o documentário “José e Pilar” sobre José Saramago, tendo este projecto sido produzido pelo cineasta espanhol Pedro Almodóvar e Fernando Meirelles. O cineasta português é também autor do documentário sobre o poeta e pintor Mário Cesariny, intitulado “Autografia”.
Hoje Macau EventosBanda portuguesa Xutos & Pontapés cumpriram 40 anos este domingo [dropcap]N[/dropcap]uma madrugada de Janeiro de 1979, e em minutos, apresentou-se pela primeira vez ao vivo uma das mais duradouras bandas rock portuguesas. Os Xutos & Pontapés cumpriram 40 anos no domingo. A data de aniversário serviu para assinalar o nascimento oficial dos Xutos & Pontapés, que aconteceu a 13 de Janeiro de 1979 no salão de baile dos Alunos de Apolo, em Lisboa, numa noite em que tocaram quatro músicas em pouco mais de cinco minutos. Na altura, o grupo, que chegou a chamar-se Delirium Tremens e depois Beijinhos e Parabéns, integrava os jovens Zé Pedro, Kalú, Tim e Zé Leonel, influenciados pelo punk-rock que entrava em força na cena musical estrangeira. Quarenta anos depois, o grupo persiste na música portuguesa – já sem Zé Pedro e sem Zé Leonel -, com mais de uma dezena de álbuns e muitas canções que servem de âncora para um clã do rock com milhares de fãs de várias gerações. Para festejar a data redonda, os Xutos & Pontapés editam um novo álbum, “Duro”, que sairá no dia 25, coincidindo com um concerto no espaço Lisboa ao Vivo. A 1 de Fevereiro apresentam-no no Hard Club, no Porto. Este é também o primeiro álbum que Kalú, Tim, João Cabeleira e Gui editam sem o guitarrista Zé Pedro, que morreu em 2017, mas o registo incluirá gravações feitas ainda por este músico. Musicalmente, “Duro” deverá ser de rock mais pesado, como resposta ao registo anterior, “Puro”, de 2014, como contou o baixista e vocalista Tim e o guitarrista João Cabeleira em 2018 à agência Lusa. Aos fãs, a banda explica que o álbum “Duro” é “um legado de perseverança e persistência, de luto e de alegria, de ansiedade e calma”.
Hoje Macau EventosBiografia de Leonard Cohen e segundo volume de “Eliete” nas novidades da editora Tinta-da-China [dropcap]U[/dropcap]ma biografia de Leonard Cohen, ilustrada com fotografias e documentos, uma edição fac-similada da revista “Persona”, dedicada a Fernando Pessoa, e a segunda parte do romance “Eliete”, de Dulce Maria Cardoso, marcam as novidades da editora portuguesa Tinta-da-China para este ano. A editora vai lançar uma caixa de colecção, reunindo edições fac-similadas dos 12 números da mítica revista publicada entre 1977 e 1985, dedicada a Fernando Pessoa, que inclui textos de autores como Eugénio de Andrade, Agustina Bessa Luís, Eduardo Prado Coelho, Ana Hatherly, Eduardo Lourenço, Vasco Graça Moura, Jorge de Sena e Mário Cesariny. Esta edição, que é uma parceria com a Casa Fernando Pessoa, inclui ainda um caderno original, com textos de Arnaldo Saraiva e Jerónimo Pizarro. Outra das novidades da Tinta-da-China é o lançamento de “I’m Your Man: A vida de Leonard Cohen”, por Sylvie Simmons, “a monumental biografia, profusamente ilustrada com fotografias e documentos, do músico e poeta de culto desaparecido em 2016”, segundo a editora. A Tinta-da-China vai ainda publicar “Mapas”, de John Freeman, o primeiro livro de poesia deste norte-americano, que foi editor da Granta em língua inglesa durante vários anos e responsável pela revitalização da revista literária. Na Colecção de Poesia dirigida por Pedro Mexia, os destaques da editora vão para “A Musa Irregular – Edição aumentada”, de Fernando Assis Pacheco, que reúne toda a sua produção poética, “Retratos com Erro”, novo livro de Eucanaã Ferraz, considerado um dos maiores poetas contemporâneos da língua portuguesa, publicado imediatamente após a edição brasileira, e “Câmera Lenta e Outros Poemas”, de Marília Garcia, que lhe valeu o Prémio Oceanos 2018 e que estava apenas publicado no Brasil. Na mesma colecção será ainda lançado “Ideas of Order” (no título original), uma das obras seminais de Wallace Stevens, poeta de língua inglesa, traduzido por Pedro Mexia. No que respeita à ficção, a Tinta-da-China prepara-se para publicar a segunda parte da história de Eliete, de Dulce Maria Cardoso, cujo primeiro volume foi lançado em 2018, e uma antologia de contos de Sérgio Sant’Anna, organizada pelo escritor Gustavo Pacheco, a partir dos vários livros do autor, e nunca antes publicada. Outra novidade na área do romance é o início da publicação da obra de Emmanuel Carrère, que se inicia com a reedição, em nova tradução, de “O adversário”, obra que consagrou o autor, a que se seguirá “o monumental” “O Reino”. Durante este ano será também editado um volume de contos do autor catalão que a Tinta-da-china tem vindo a publicar desde 2007, Jaume Cabré, intitulado “Quando a penumbra vem”. Na Colecção Pessoa, dirigida por Jerónimo Pizarro, será publicada a primeira biografia inglesa de Fernando Pessoa, com o título “Fernando Pessoa, the Poet with Many Faces: a biography and anthology”, de Hubert D. Jenings. “Escrito na década de 1970, o livro deveria ter sido impresso em 1974, mas a Revolução dos Cravos interrompeu os planos editoriais. O datiloscrito, encontrado numa garagem em Joanesburgo, na África do Sul, e colocado à guarda da Universidade de Brown (EUA), é agora enfim publicado, numa edição de Carlos Pittella, que selecionou os poemas que compõem a antologia apensa”, explica a Tinta-da-China. Na Coleção de Literatura de Viagens, dirigida por Carlos Vaz Marques, destacam-se “Cinco travessias do inferno”, de Martha Gellhorn, correspondente de guerra, que partilha as suas cinco “melhores viagens de terror”, e “O Uso do Mundo” (título provisório), obra de Nicolas Bouvier, que relata uma viagem de longos meses entre os Balcãs e o Afeganistão, nos anos 50. Ainda no âmbito da literatura de viagens, a editora publicará “Uma Estranha no Comboio” (título provisório), de Jenny Diski, no qual a escritora britânica, nunca antes publicada em Portugal, parte da sua longa viagem de comboio pelos Estados Unidos para contar todo o tipo de episódios insólitos que viveu e encontros que teve com figuras bizarras. Relativamente a ensaios, a Tinta-da-China vai apostar num livro sobre a história da expansão portuguesa “contada às avessas”: não do ponto de vista da metrópole, mas sim do ponto de vista daqueles que partiram e se instalaram nas margens do império português. Intitulado “Filhos da Terra: Identidades mestiças nos confins da expansão portuguesa” é escrito pelo historiador António Hespanha. O outro ensaio a ser publicado é assinado por Fernando Rosas e, sob o título “Salazar e os Fascismos”, debruça-se sobre os fascismos que têm vindo a recair sobre o mundo, examinando e comparando os vários fascismos que grassaram na Europa ao longo do século passado e as ameaças que se fazem sentir no século XXI.
Hoje Macau EventosFotografia | Roberto Santandreu revisita estaleiros de Lai Chi Vun [dropcap]O[/dropcap]s estaleiros de Lai Chi Vun, o maior grupo de estaleiros navais de Macau, estão em foco numa exposição de fotografia de Roberto Santandreu que é inaugurada a 17 de Janeiro na Casa da América Latina, em Lisboa. Intitulada “O Estaleiro”, a exposição apresenta uma proposta fotográfica com imagens marcadas pelo tempo, nas quais o autor partilha as vivências e sensações que teve ao fotografar os estaleiros abandonados de Lai Chi Vun. Na mesma exposição, que ficará patente até 1 de Março, segundo uma nota da organização, são igualmente exibidas fotografias de frases manuscritas encontradas naquela histórica estrutura naval. Construídos a partir da década de 1950, os Estaleiros Navais de Lai Chi Vun são o maior grupo de estaleiros navais de Macau, e considerados um dos maiores legados de património industrial da construção naval da região do sul da China. Os estaleiros apresentam técnicas e métodos relacionados com a construção naval no final do século XIX, revelando igualmente a organização e o modo de vida da comunidade da vila de Lai Chi Vun e as influências que tiveram do sector da indústria naval. Em 2017, o Instituto Cultural de Macau recebeu um pedido para iniciar o procedimento da classificação dos estaleiros navais, por iniciativa de um grupo local, e o projecto avançou no ano passado para ser preservado como património cultural. Nascido em Milão, em 1948, de nacionalidade chilena, Roberto Santandreu trabalhou em Oslo e em Londres, fixando residência em Lisboa, em 1975.
Andreia Sofia Silva EventosFestival Fringe | Performance de Jenny Mok nos Três Candeeiros vai durar cinco dias O espectáculo da companhia Comuna de Pedra “100 horas” vai colocar Jenny Mok a viver durante cinco dias na Rotunda de Carlos da Maia. A ideia é interagir com os moradores e registar a experiência pessoal e de quem por ali passa de modo a perceber a reacção das pessoas a novos acontecimentos, à sua presença e depois ao seu desaparecimento [dropcap]A[/dropcap] artista Jenny Mok vai mudar de casa precisamente durante 100 horas e escolheu a Rotunda de Carlos da Maia para viver ao longo deste período. O objectivo é dar corpo ao projecto “100 horas”, uma performance da companhia Comuna de Pedra, que integra o festival Fringe e que vai ter lugar de 22 a 26 de Janeiro. Para o efeito, Mok vai acampar no meio da rotunda, fazer dali a sua casa e abri-la a quem quiser. “Não é propriamente aquilo a que as pessoas poderiam chamar de espectáculo em que os intervenientes produzem uma cena que dura no máximo algumas horas”, explicou a responsável pela Comuna de Pedra. Aqui, a performance dura cinco dias, ininterruptamente e não contempla as tradicionais “representações artísticas”. “Não vou dançar, não vou representar, vou apenas viver ali e no processo vou também tentar conviver com a comunidade que ali habita e que ali vai passando”, acrescentou. A diferença vai também ser notada no público, sendo que quando um espectáculo é feito num palco, “as pessoas vão com o intuito de ver uma coisa preparada e ensaiada”. Mas aqui tudo acontece “enquanto as pessoas têm a sua vida do dia a dia, no sítio onde vivem e onde têm o seu negócio. Elas vivem ali e de repente algo de novo acontece nas suas vidas”, aponta Mok. Na agenda O quotidiano da artista vai ser na sua maioria preenchido com o imprevisto que resulta destas interacções, mas há diariamente três actividades marcadas. “Uma é a venda de comida, em que eu vou cozinhar e partilhar o que faço, sendo que quem quiser pode fazer as refeições comigo”, referiu. No entanto, não se trata de uma oferta, “as pessoas têm que dar algo em troca, o que quer que seja, uma garrafa de cerveja, algum objecto, ou ajudar em alguma coisa”. A ideia é promover a interacção com os frequentadores daquela área. Outra das actividades que tem agenda marcada para todos os dias é um programa de rádio, criado ali mesmo e “que vai estar no ar diariamente, pelo menos durante uma hora”. Também aqui o público pode participar através de uma espécie de discos pedidos. “As pessoas podem escrever uma carta a dedicar uma canção a alguém e quem estiver responsável pelo funcionamento da rádio vai ler essa carta e passar a essa canção”, explica Jenny Mok. Ao mesmo tempo, este programa vai estar disponível na internet de modo a chegar ao público em geral. A terceira actividade é também de livre participação e é um convite às pessoas a fazerem o que quiserem na “casa” da artista. “Podem apresentar espectáculos de rua, pequenas performances, podem estar apenas ali a conversar” aponta Mok. “A minha sala de estar é na rua e é aberta a todos os que quiserem ali apresentar qualquer coisa. Não interessa o que tenham para apresentar, mas podem fazê-lo”, sublinhou. Em directo Para Jenny Mok a realização desta performance vai muito além do lado artístico. Aliás, o objectivo é que seja uma experiência social. Por isso, escolheu a zona dos Três Candeeiros. “É uma espécie de bairro, não é uma área económica ou financeira. É uma zona residencial com algum pequeno comércio, onde as pessoas vivem e fazem o seu quotidiano”. Para concretizar a experiência, a artista vai registar tudo em vídeo e fazer o registo escrito no momento. Jenny Mok vai ter um quadro branco onde vai anotar todos os acontecimentos destas 100 horas de residência nos Três Candeeiros. “Vou ter um quadro em que anoto de cinco em cinco minutos, ou de dez em dez, o que se está a passar. Por exemplo, se alguém fala comigo sobre um assunto, se alguém tem uma atitude, o que quer que seja, vai ficar registado”, disse. Estas anotações são também abertas aos transeuntes que por ali forem passando e “se as pessoas quiserem podem também escrever neste quadro o que entenderem e mesmo os seus pensamentos ou sentimentos acerca do que estão a ver”. No final dos cinco dias, o quadro com as anotações também estará disponível online. Desta forma a artista pretende ainda chegar a duas camadas de público: aquele que ali vive e que vai conviver com ela e os que podem assistir à performance à distância, através da internet. O tempo das coisas Em última análise “100 horas” pretende ser uma reflexão acerca da duração das coisas, apontou Mok. “Estamos numa cidade em que tudo tem uma duração e nem nos lembramos disso. Algumas vezes a nosso conceito de duração das coisas também é muito individual. Aliás a duração de uma vida nem é assim tão longa e por isso o tempo que as pessoas dedicam às coisas é muito relativo”, apontou Jenny Mok. Por outro lado, considera, “as pessoas dão valor às coisas quando as perdem e quando alguma coisa acaba, de repente ganha valor e sente-se a sua falta”. Do lado oposto à nostalgia do que acaba, está a resistência à novidade, sendo que aqui as pessoas tendem a reagir com reservas e mesmo repúdio, apontou. Nesta performance vai existir um princípio, uma duração e um fim, Mok pretende perceber a reacção de quem vive naquela zona de Macau a esta situação que, sendo nova, de alguma forma dura no tempo, vai integrar a vida das pessoas e vai terminar. “É uma espécie de experiência em que pretendo colher informação colectiva acerca da forma como as pessoas percepcionam um acontecimento que entra na sua vida, como é que interagem com ele e que, passado pouco tempo, desaparece”, acrescentou. Além de ser uma experiência para si, trata-se ainda de um acontecimento que vai afectar quem vive nos Três Candeeiros. “Muitos dos residentes não vão gostar de me ver ali, e isso pode acontecer porque é um bairro já com a sua dinâmica própria e eu vou destabilizar esta dinâmica”, justificou. Por fim, “também vai ser interessante perceber as percepções da fronteira entre espaço pessoal e público, visto estar a viver ali, um espaço que é pessoal, mas que ao mesmo tempo está aberto a todos” rematou a artista.
Hoje Macau EventosVice-presidente da Assembleia da República portuguesa defende canal de televisão lusófono [dropcap]O[/dropcap] vice-presidente da Assembleia da República de Portugal, Jorge Lacão, defendeu ontem a criação de um canal lusófono partilhado pelos vários canais de televisão dos países de língua portuguesa, com “uma dimensão à escala planetária”. Jorge Lacão falava à agência Lusa à margem dos trabalhos da VIII Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (AP-CPLP), que decorre na capital de Cabo Verde, e na qual está a participar em substituição do presidente da Assembleia da República de Portugal, Eduardo Ferro Rodrigues, ausente por motivos de doença. O deputado, que irá intervir hoje, sexta-feira, durante a sessão plenária desta AP-CPLP, que tem como tema “CPLP – Uma comunidade de pessoas”, irá voltar a esta ideia, a qual já foi aflorada em encontros anteriores. Este canal lusófono, explicou, seria “partilhado pelos vários canais de televisão dos vários países, com uma dimensão à escala planetária”. “Pode parecer uma ideia excessivamente megalómana, mas, se pensarmos bem nas capacidades de emissão já hoje existentes em cada país, uma partilha deste género poderia ser um contributo qualitativo de grande alcance para a aproximação dos nossos povos”, adiantou. Questionado sobre o tema da mobilidade, comum a todas as intervenções da sessão de abertura desta Assembleia Parlamentar, Jorge Lacão recordou que a política oficial portuguesa, conduzida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, vai no sentido de colocar toda a política de vistos “ao alcance deste objectivo da mobilidade dos cidadãos da CPLP”. Jorge Lacão sublinhou “a forma extraordinariamente empenhada” com que Cabo Verde está a receber as delegações da Assembleia Parlamentar e de como o presidente da Assembleia Nacional cabo-verdiana se está a empenhar neste mandato de dois anos à frente da AP-CPLP, que agora começa. O parlamentar considerou de “extraordinária relevância” o discurso do Presidente da República de Cabo Verde, o qual “revela uma visão cosmopolita, de grande alcance relativamente ao aprofundamento do que gostamos de designar como o estatuto da lusofonia, um estatuto que permita ao conjunto dos cidadãos dos países da CPLP partilhar cada vez mais fatores de mobilidade de todos os níveis”. Durante a sua intervenção, que decorreu na sessão de abertura, Jorge Carlos Fonseca lembrou que ainda este ano vai organizar, em Cabo Verde, “um grande encontro de jovens da CPLP e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental [CEDEAO] que deverá ser um espaço de reflexão e de proposições relativamente ao devir dos nossos países, na perspectiva dos jovens”. O chefe de Estado cabo-verdiano aproveitou para “solicitar o decisivo apoio dos senhores representantes do Parlamento da CPLP para a realização desse evento”. A este pedido, Jorge Lacão referiu que a iniciativa será apoiada por Portugal “em todo o alcance” e “em todo o sentido”.
Hoje Macau EventosEditora portuguesa Relógio d’Água vai publicar últimos poemas de Leonard Cohen [dropcap]O[/dropcap]s últimos poemas escritos por Leonard Cohen, o romance considerado o melhor Prémio Man Booker de sempre e um livro de crónicas e ensaios de Djaimilia Pereira de Almeida são algumas das novidades da Relógio d’Água para este ano. Dois anos após a morte do músico canadiano Leonard Cohen, a Relógio d’Água publica neste mês “A Chama”, livro que reúne os seus últimos poemas, letras de canções, desenhos e versos dispersos em cadernos de apontamentos e guardanapos de bares, revela o editor Francisco Vale, acrescentando que esta obra foi preparada para publicação pelo próprio Leonard Cohen e está traduzida pela poeta Inês Dias. O mês de Janeiro reserva ainda a publicação de “Léxico Familiar”, de Natalia Ginzburg, um clássico da literatura italiana contemporânea, cuja narrativa acompanha a vida dos Levi, que viveram em Turim no período da ascensão do fascismo, da Segunda Guerra Mundial e do que se lhe seguiu. O livro “No Verão”, de Karl Ove Knausgård, que encerra o quarteto de ensaios com títulos das estações do ano do escritor norueguês, sairá também no mês de Janeiro. Ainda este mês, a Relógio d’Água planeia publicar “Tchékhov na Vida”, a biografia do escritor russo, escrita por Ígor Sukhikh, através das suas cartas, diários, livros e conferências, assim como “Na América, disse Jonathan”, de Gonçalo M. Tavares, no qual o autor viaja pelos EUA na companhia de Kafka, e a nova edição de “O Susto”, de Agustina Bessa-Luís, com prefácio de António M. Feijó. “O doente inglês” na agenda Em Fevereiro, chega “O doente inglês”, de Michael Ondaatje, romance de 1992, lançado em Portugal pela D. Quixote em 1996, e que em 2018 foi premiado com um “Booker Dourado”, uma distinção especial que a organização do Prémio Literário Man Booker decidiu atribuir ao livro que fosse escolhido como o melhor das 51 edições já realizadas. A publicação deste romance pela Relógio d’Água segue-se à de “A luz da guerra”, editado em Dezembro do ano passado, o mais recente romance do escritor canadiano e que esteve na lista dos nomeados para o Prémio Man Booker 2018. Fevereiro é também mês de publicar “História da Sexualidade IV, As Confissões da Carne”, de Michel Foucault, volume que completa os três livros da História da Sexualidade. Outra novidade é a publicação de “Tess dos D’Urbervilles”, um dos principais romances de Thomas Hardy, há muito esgotado em Portugal, que pôs em causa as convenções sociais do seu tempo e chocou os leitores da sua época, quando foi publicado em 1891. “As Novas Rotas da Seda”, de Peter Frankopan, “Todos Nós Temos Medo do Vermelho, Amarelo e Azul”, um livro de contos de Alexandre Andrade sobre a intensa perturbação que é possível sentir perante certas cores nalguns locais, e “O Abismo de Fogo: A Destruição de Lisboa”, do historiador norte-americano Mark Molesky, sobre o terramoto de Lisboa de 1755 são outras das novidades para este mês. Em Março chega mais um livro de Agustina Bessa-Luís – de quem a Relógio d’Água tem estado a publicar a obra -, intitulado “As Pessoas Felizes”, com prefácio de António Barreto, que assina também um livro intitulado “Fotomaton — Retratos de Salazar, Cunhal e Soares”, reunião das biografias desses três políticos, a ser editado no mesmo mês. “Pintado com o Pé”, de Djaimilia Pereira de Almeida, autora de “Luanda, Lisboa, Paraíso” (publicado na Companhia das Letras) é um livro de crónicas e breves ensaios, completado com dois ensaios, “Amadores” e “Inseparabilidade”, que vai chegar às livrarias pela mão da Relógio d’Água. “Bom Entretenimento”, do filósofo germano-coreano Byung-Chul Han, “A Mulher de Trinta Anos” – um dos episódios de A Comédia Humana – do romancista francês do século XIX Honoré de Balzac, “Vento, Areia e Amoras Bravas”, de Agustina Bessa-Luís, e “Sabes Que Queres Isto”, de Kristen Roupenian, livro de contos que inclui “Cat Person”, o conto mais lido, tanto ‘online’ como em papel, da The New Yorker, são os restantes livros anunciados por Francisco Vale. Na colecção de viagens, será editado “Açores — O Canto das Ilhas”, de Carlos Pessoa. No mês de Abril, a editora vai publicar “Movimento das Ideias”, de José Gil, e “Normal People”, de Sally Rooney, romance apontado pelo The Guardian como um futuro clássico, que foi finalista do Prémio Man Booker e venceu o Prémio Costa 2018 na categoria de romance. Outra das apostas da editora é o mais recente romance da canadiana Rachel Cusk, “Kudos”, que encerra a trilogia iniciada com “A contraluz” e continuada com “Trânsito”, ambos editados pela Quetzal. “Correspondências + Minhas Queridas”, de Clarice Lispector, a antologia “Provocações”, de Camille Paglia, conhecida pelo seu feminismo viril e heterodoxo, e “O Estendal e Outros Contos”, de Jaime Rocha, são as outras novidades. Para o mês de Maio, está reservado o livro “Álvaro Siza: Conversas com Estudantes de Arquitectura”, organizado por Manuel Graça Dias, “A Balada do Medo”, de Norberto Morais, “Pensamentos”, de Blaise Pascal, com prefácio de T. S. Eliot, e “Pensar sem Corrimão”, uma antologia de ensaios de Hannah Arendt.
Sofia Margarida Mota EventosFestival Fringe | “Phubber Drama” alerta para dependência das redes sociais Uma performance interactiva e inesperada, com o objectivo de alertar as pessoas para a sua dependência do telemóvel é o que vai acontecer nos próximos dias 19 e 21 de Janeiro com “Phubber Drama”, uma iniciativa criada por Cherrie Leong. A performance vai ter lugar junto do edifício da administração pública e do templo de Kun Iam para deixar um recado: “é preciso o convívio pessoal” [dropcap]“A[/dropcap]s pessoas já não estão umas com as outras”, começa por dizer ao HM a responsável por “Phubber Drama”, a performance interactiva que pretende alertar o público para o uso excessivo do telemóvel. Aliás, o termo “phubbing” está agora “na moda” e define este fenómeno de ligação virtual permanente das pessoas, acrescenta Leong. Mas até que ponto estas ligações estão a privar as pessoas de estarem umas com as outras? Esta foi a questão que levou a artista local a criar“Phubber Drama”. “Actualmente quando nos juntamos com amigos e família, estamos sempre a utilizar o telefone em vez de comunicarmos uns com os outros, directamente e cara a cara”, começa por explicar. O fenómeno é visível em todo o lado, quer quando as pessoas estão em grupo, ou sozinhas enquanto andam nos transportes e pela rua. “As pessoas estão permanentemente ligadas”, sublinha Cherrie Leong. Perante esta alienação, Cherrie Leong decidiu intervir, avançar para o público na rua, e fazer, com ele, uma performance. O objectivo é conseguir promover uma reflexão capaz de “encorajar uma mudança nas pessoas e nas suas atitudes para que deixem de usar tanto o telefone”. Tempo de parar A ideia não é deixar de utilizar este dispositivo que já faz parte da vida de todos, mas sim que parem e que tenham em conta o tempo que passam efectivamente com a família e com os amigos e a forma como comunicam nestas situações. Por outro lado, a responsável tem notado que a dependência da sociedade actual no número de gostos no facebook ou de seguidores noutras plataformas começou ser preocupante, sendo que “todas as pessoas centram a sua existência nas plataformas sociais e fazem delas a sua vida”. Todo este mundo, que não existe na realidade, está a alterar a forma como as pessoas estão umas com as outras e “está na altura de repensar o lugar dos amigos e da família real”, refere, sendo que, “as relações humanas estão cada vez mais esquecidas”. No fundo, Cherrie Leong pretende com “Phubber Drama” a busca de um equilíbrio entre o virtual e o real que considera perdido. Situação surpresa A iniciativa integra o cartaz da edição este ano do festival Fringe que tem hoje início oficial e o evento vai ter lugar nos dias 19 em frente ao edifício da administração pública e no dia 21 em frente ao templo de Kun Iam, sempre junto da paragem de autocarros. A performance vai ser feita “inesperadamente e os artistas vão aparecer do nada, e da mesma forma vão desaparecer”. Apesar de ter uma duração de apenas cinco minutos, “haverá tempo para interagir”. “Tentamos fazer alguma coisa diferente porque queremos que as pessoas se juntem a nós. Vamos claro, aproximarmo-nos de quem estiver a utilizar o telefone”, aponta Leong.
Hoje Macau EventosNovos livros de Mia Couto e Germano Almeida chegam no final do ano [dropcap]N[/dropcap]ovos livros dos escritores Mia Couto e Germano Almeida vão chegar às livrarias portuguesas no final do ano, revelou a editora Caminho, responsável pela publicação das obras dos dois escritores em Portugal. Ainda sem título, os livros do moçambicano Mia Couto e do cabo-verdiano Germano Almeida, ambos vencedores do Prémio Camões, são duas das apostas para este ano da Caminho. “O fiel defunto” foi o último livro escrito e publicado por Germano Almeida, em Maio de 2018, o mesmo ano em que venceu o Prémio Camões. Dois meses depois da atribuição do galardão, a Caminho reeditou três livros daquele que é um dos escritores mais lidos e traduzidos de Cabo Verde: “O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo”, “A ilha Fantástica” e “Dona Pura e Camaradas de Abril”. O mais recente romance de Mia Couto, vencedor do Prémio Camões em 2013, é “O bebedor de horizontes”, terceiro volume da trilogia “As areias do imperador”, editado pela Caminho em 2017, que se sucedeu a “A espada e a azagaia” e a “Mulheres de cinza”. Outra aposta da Caminho, que também só chegará no final do ano, é um novo livro do psiquiatra e escritor Daniel Sampaio, sobre a temática da parentalidade na era digital. Para o mês de Fevereiro, a Caminho prevê reeditar “Os Negros em Portugal”, de José Ramos Tinhorão, e em Março publica um novo livro da colecção “Uma Aventura”, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, com o título “Uma Aventura no Fundo do Mar”. Durante o primeiro semestre, a editora vai publicar uma nova edição de “A Noite e a Madrugada”, de Fernando Namora, assinalando cem anos do nascimento e 30 anos da morte do médico e escritor português. A Caminho está a preparar também a edição de um novo livro de ficção de Patrícia Portela e um livro de contos de Isabela Figueiredo, ambos sem título ainda. Outras novidades para este período são o lançamento de uma reportagem fotográfica sobre a crise académica de 1969, em Coimbra, ainda sem título, coordenada por José Veloso, e um livro de crónicas de Ana Paula Tavares.
Hoje Macau EventosNovo livro revela que trabalho forçado nas colónias portuguesas estava disseminado até década de 1960 [dropcap]O[/dropcap]s registos históricos não permitem averiguar a escala, mas o trabalho forçado nas colónias portuguesas era uma realidade “bastante disseminada”, pelo menos até à década de 1960, segundo o historiador José Pedro Monteiro, num novo livro sobre o tema. Depois de concluída a tese de doutoramento intitulada “A internacionalização das políticas laborais ‘indígenas’ no império colonial português (1944-1962)”, José Pedro Monteiro apresenta, em Lisboa, o livro daí resultante: “Portugal e a questão do trabalho forçado: Um império sob escrutínio” (Edições 70). O trabalho analisa “o modo como as dinâmicas internacionais e transnacionais se relacionaram com o trajecto histórico do Império Português em matéria de relações laborais ‘indígenas’ (mais precisamente entre 1944 e 1962)”, tendo por base que “qualquer estudo sobre a evolução das políticas e práticas sociais no colonialismo tardio português que omita o impacto destas dinâmicas é forçosamente incompleto e, mais do que isso, marcadamente lacunar/impreciso”. Questionado pela Lusa sobre a dimensão do trabalho forçado nas colónias portuguesas durante o período estudado, José Pedro Monteiro respondeu que o material disponível não permite chegar a números precisos: “É muito difícil conseguir-se ter uma ideia global à escala do império. Primeiro, há realidades geográficas muito distintas. Em Cabo Verde, Timor e, eventualmente, na Guiné a questão do trabalho forçado não se coloca da mesma maneira que se coloca em São Tomé, Angola e Moçambique”. Por isso, “desconfiaria muito de alguém que desse um número redondo para os trabalhadores forçados”, salientou. No livro, com base em documentação da viragem da década de 1950, José Pedro Monteiro constata que “o trabalho obrigatório não se limitava a fins públicos [como previsto no Código de Trabalho dos Indígenas (CTI)]; para fins públicos, era usado como regra e não como dando resposta às excepções previstas no CTI; o recrutamento era feito generalizadamente com intervenção das autoridades administrativas (tanto para fins privados como públicos); os compromissos de repatriamento não eram respeitados; as taxas de mortalidade eram extraordinariamente altas; e, por fim, os castigos corporais estavam longe de estar completamente erradicados, como a lei postulava”. Por exemplo, em 1945, um relatório indicava a existência de trabalhadores presos com “grilhetas” ao pescoço em São Tomé, o que levava o Inspector Superior de Serviços Judiciais a argumentar contra tal imposição, “não por uma razão humanitária, [mas] antes diplomática”, depois de turistas estrangeiros terem fotografado pessoas a serem chicoteadas, o que podia levar a censura internacional. Em 1951, um encarregado de serviços da Inspeção Superior dos Negócios Indígenas desfiava “um rol de iniquidades e abusos”: desde a elevada taxa de mortalidade no transporte de pessoas aos “acidentes de trabalho que eram dados como ocorridos nas horas de descanso, como forma de desresponsabilização”, passando pelos “inválidos que eram obrigados a trabalhar em São Tomé”, então classificados como “verdadeiros farrapos humanos”, ou pelas violações sistemáticas de mulheres de trabalhadores, “enquanto outras grávidas e mulheres com filhos eram ‘monstruosamente espancadas com mais de 50 palmatoadas’ por terem abandonado o trabalho”. Sobre a escala daquela realidade, José Pedro Monteiro esclareceu: “Muitas das vezes, o que para um é trabalho forçado para outro não é. O facto de a própria legislação ser ambígua e dizer que se deve encorajar o indígena a trabalhar, é muito difícil conseguir ter um registo de quais os números exactos. Há situações muito cinzentas. O que posso dizer é que se manteve como realidade bastante disseminada – com diferenças – até 1961/62. Mais não posso dizer porque a minha tese pára em 1962”. O investigador de pós-doutoramento do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra salientou que “há diferenças entre as colónias”, até mesmo dentro das distintas colónias. Apesar de o “reformismo português existir”, este tinha limites que eram, “em grande medida, resultado de uma equação utilitarista”: “Aqueles funcionários que se indignavam com o trabalho forçado e exigiam o cumprimento integral do CTI eram (…) provavelmente aqueles mais comprometidos com uma mudança”. Por outro lado, “nestas mesmas instâncias de inspecção encontram-se relatos bem mais complacentes com práticas de trabalho coercivo”, como é disso exemplo o escrito de um determinado funcionário: “Todo aquele que tem lidado com pretos sabe muito bem que o indígena nunca vai trabalhar para fora da sua terra, por um período superior a cinco ou seis meses, contratado de sua livre vontade. Pode ausentar-se por um período superior como voluntário. Como contratado só obrigado”.