Hoje Macau EventosConcertos inéditos de José Afonso editados com livro em Abril [dropcap]D[/dropcap]ois concertos de José Afonso, gravados em 1968 em Coimbra e em 1980 em Carreço, em Viana do Castelo, vão ser editados pela primeira vez, numa edição que inclui um vinil e um livro do jornalista Adelino Gomes. A apresentação “deste documento” – que inclui em vinil o concerto realizado em Maio de 1968, no Teatro Avenida, em Coimbra, e um livro de autoria do jornalista Adelino Gomes, que contextualiza os dois concertos – é no dia 6 de Abril, em Carreço, nos arredores de Viana do Castelo, disse à agência Lusa José Moças, editor da Tradisom, que publica o trabalho. “Carreço é o ambiente do Zeca [Afonso], e foi uma decisão da família”, disse. O concerto realizado em Carreço, a 23 de Fevereiro de 1980, no salão da Sociedade de Instrução e Recreio local, contou com a participação dos músicos Júlio Pereira, Guilherme Inês e Henrique Tabot, e concretizou-se pela “teimosia” de um fã de José Afonso, Manuel Mina. “Manuel Mina gostava muito do Zeca e queria apresentá-lo na sua terra, e antecipadamente andou pela freguesia com uma folha de papel a assentar os nomes de quem viria a um espetáculo” do criador de “Grândola, Vila Morena”, de forma a garantir bilheteira, sem sequer ter uma data. O editor discográfico José Moças disse à Lusa que “foi um acaso” ter encontrado o concerto realizado em Carreço, numa viagem com amigos, em que começaram a ouvir José Afonso, num concerto do qual não se supunha haver registo, tendo encetado em seguida uma investigação sobre a possibilidade de haver outras gravações amadoras e encontrado uma realizada a 4 de Maio de 1968, no Teatro Avenida, em Coimbra. Moças referiu-se ao ambiente de então no teatro conimbricense como “pesado, com muitos agentes da PIDE, tendo José Afonso atuado acompanhado apenas por José Pato”. A gravação de Coimbra é em bobina, “estava em perfeitas condições”, e foi cedida pelo catedrático jubilado de Aveiro, Jorge Rino, colecionador de discos antigos e grafonolas. A escolha de Adelino Gomes deveu-se ao facto de ter sido o primeiro que entrevistou o autor de “Índios da Meia Praia” quando este regressou de Moçambique em 1967. A bobina desta entrevista ter-se-á perdido, pois não se encontra nos arquivos da ex-Emissora Nacional, na RTP. José Moças salientou “o trabalho sério de investigação sobre os dois concertos e a ligação entre eles, tendo nesse período o país evoluído muito”. Moças contactou a viúva do músico, Zélia Afonso, e os filhos dos dois, Joana e Pedro, que lhe deram “carta branca, estando tudo contratualizado”. “Quis fazer disto um documento, os dois concertos estão em CD, o de Carreço a partir das cassetes que foram gravadas, o de Coimbra decidi editar juntamente um vinil, porque era a época do vinil”, afirmou. Depois da apresentação no dia 6 de Abril em Carreço, José Moças conta fazer “várias apresentações em todos o país, há já datas, até porque este ano celebram-se os 90 anos do nascimento de José Afonso”.
Hoje Macau EventosHistória de Portugal | Irene Pimentel tem novo livro sobre a PIDE A historiadora portuguesa, conhecida pelo seu extenso trabalho de investigação sobre o período do Estado Novo (1933-1974) em Portugal, lançou esta semana um novo livro sobre a Polícia de Intervenção e Defesa do Estado, intitulado “Os Cinco Pilares da PIDE” [dropcap]I[/dropcap]rene Flunser Pimentel regressou à história da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) para a contar através de cinco das figuras mais marcantes da polícia política da ditadura do Estado Novo, no livro “Os Cinco Pilares da PIDE”. Colocado à venda na terça-feira pela editora portuguesa Esfera dos Livros, o livro vê a autora de “A História da PIDE” acompanhar a evolução daquela estrutura com um enfoque particular sobre o “número 2” da PIDE/DGS e “para alguns o verdadeiro chefe dessa polícia”, Agostinho Barbieri Cardoso, o director dos Serviços de Informação Álvaro Pereira de Carvalho, o “tarimbeiro” António Rosa Casaco, que atravessou vários cargos e várias eras na polícia política, o operacional Casimiro Monteiro e o director dos Serviços de Investigação José Barreto Ferraz Sacchetti Malheiro. “Acho que é fundamental falarmos das pessoas, de que forma é que elas marcaram e foram marcadas pelo seu próprio trabalho na polícia política”, disse à Lusa Irene Pimentel, lembrando as críticas de que foi alvo quando publicou, em 2008, “Biografia de um Inspector da PIDE: Fernando Gouveia e o Partido Comunista”. A historiadora classifica a obra como o seu “livro maldito” por ter havido muitas pessoas a considerarem errada a opção de publicar uma biografia de um membro da polícia política: “A argumentação era a de que alguém que cometeu actos de violência ou crimes de tortura sobre presos políticos deveria ser remetido ao total silêncio”, pode ler-se na introdução do livro que agora criou. “Fazer a biografia de alguém, com o máximo da verdade possível de ser apreendida, não ‘elogia’ o biografado, nem lhe dá imerecida importância. Pelo contrário, no caso de um perpetrador ou torturador, contribui para denunciá-lo, bem como para revelar os meios violentos que utilizou enquanto elemento de um órgão do poder ditatorial”, responde a vencedora do Prémio Pessoa em 2007. Falar “até ao final” Irene Pimentel justificou a escolha dos cinco elementos com o facto de querer falar da PIDE “até ao final”, ou seja, para lá do 25 de Abril de 1974: Barbieri Cardoso por ser considerado “a principal figura da PIDE”, Sacchetti e Pereira de Carvalho por estarem à frente, respectivamente, dos serviços de Investigação e de Informação, Rosa Casaco por não só ter estado “em todos os sectores da PIDE”, mas também por ter chefiado a brigada que foi a Espanha matar o General Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos, e Casimiro Monteiro, condenado pelo assassinato dos dois últimos e responsável pelo envio da bomba que matou o presidente da Frelimo, Eduardo Mondlane, em Dar-es-Salam. Dos cinco retratados, apenas Sacchetti não está ligado às mortes de Humberto Delgado e Arajaryr Campos, pelo que foi necessário “revisitar” o crime. Como é sublinhado no livro, a PIDE/DGS foi “um instrumento central de um regime político oligárquico, longamente assente na chefia ultracentralizada de um ditador”, tratando-se de uma “polícia que sempre defendeu o regime, cujos directores funcionaram enquanto correias de transmissão de Salazar, que conhecia a sua actuação e confiava nela”. Questionada sobre a importância de trazer para o presente o conhecimento acerca de acontecimentos e figuras do Estado Novo, cada vez mais distantes no tempo, Irene Pimentel respondeu que o que pode fazer, perante “negacionismo, revisionismo e sobretudo confusões” sobre o passado, “é contribuir para diminuir as confusões e explicar através da investigação com um pouco mais de complexidade o que é que aconteceu”. “Se a história não ensina, até porque não se repete da mesma forma, ou se não ensina o que gostaríamos que ensinasse, pelo menos tenho a certeza de que será muito pior se desconhecermos o passado porque aí repetimos mesmo [os erros]”, afirmou a historiadora.
Hoje Macau EventosApanhado suspeito de roubar quadro em Moscovo [dropcap]A[/dropcap]s autoridades russas detiveram um homem acusado de ter roubado, no domingo, uma pintura do século XIX na Galeria Tretyakov, em Moscovo, em plena luz do dia e disfarçado de segurança. O museu, um dos principais da capital russa, anunciou na noite de domingo, em comunicado, que uma obra do pintor russo Arkhip Kouïndji tinha sido roubada por volta das 18h locais (21h em Macau), quando a galeria estava aberta ao público. A pintura, que representa o Monte Aï-Petri, na Crimeia, feita entre 1898 e 1908, foi encontrada pela polícia escondida num estaleiro, de acordo com um comunicado do Ministério do Interior da Rússia. O homem, de 31 anos, acusado de estar por detrás do roubo foi preso numa vila nos arredores de Moscovo. “No momento do roubo, a segurança da galeria, garantida por elementos da Guarda Nacional e por funcionários do serviço de segurança do museu, estava a funcionar normalmente”, relatou a Galeria Tretyakov no domingo, acrescentando que as medidas de controlo foram reforçadas. Na altura, testemunhas disseram ter visto um jovem a remover a pintura da parede e explicaram que apenas depois perceberam que tinham assistido a um roubo. A Galeria Tretyakov tem em exibição até ao final de Fevereiro uma mostra dedicada a Arkhip Kouïndji, com mais de 120 das suas obras. No final de Maio, um homem de 37 anos vandalizou (partindo o vidro de protecção) uma das mais famosas pinturas da galeria, representando Ivan, o Terrível, a matar o filho, da autoria de Ilia Repin. Fundada em 1856, a Galeria Tretyakov tem uma das colecções mais ricas da Rússia. Entre as obras-primas estão algumas de Marc Chagall, Vassily Kandinsky e o famoso “Quadrado Preto sobre um Fundo Branco”, de Kazimir Malevitch.
Hoje Macau EventosUniversidade de Évora vai ter Instituto Confúcio [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Évora (UE) assinou no passado dia 22 um acordo de cooperação com a Universidade de Guangxi, que prevê a criação do Instituto Confúcio na universidade portuguesa. De acordo com um comunicado da própria UE, na cerimónia de assinatura esteve presente Soumodip Sarkar, vice-reitor para a Inovação, Cooperação e Empreendedorismo, que destacou a importância que a UE tem vindo a dar “aos países do leste asiático, nomeadamente a China”, além do facto da universidade “ser líder ibérico da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, graças a um memorando assinado em Macau em Novembro último. O mesmo responsável apontou também que “a China representa uma grande oportunidade para os nossos investigadores e estudantes”. “Foi com muito agrado que recebemos a Universidade de Guangxi, uma das melhores universidades da China”, acrescentou, referindo que os objectivos desta parceria passam por “ampliar a ligação com a Universidade de Guangxi e explorar as diferentes formas de colaboração e cooperação, nomeadamente intercâmbios de alunos”. Quanto ao futuro Instituto Confúcio, este vai não apenas ensinar a língua e cultura chinesas a falantes de português como também possibilitar a realização do Exame Oficial de Nível da Língua Chinesa, apresentando critérios uniformizados ao nível mundial. O acordo firmado estabelece, ainda, a possibilidade de cooperação bilateral a vários níveis, nomeadamente, através do intercâmbio de estudantes, da realização de seminários, workshops e programas culturais, entre outras actividades ao nível da investigação.
João Luz EventosWild Nothing ao vivo em Hong Kong dia 15 de Abril Os norte-americanos Wild Nothing regressam a Hong Kong em Abril, depois de tocarem no Japão, Taiwan, Pequim e Shenzhen. Na bagagem trazem quatro discos e uma sonoridade que apela à nostalgia dos fãs de new wave e dream pop [dropcap]“I[/dropcap]ndigo” é o mais recente disco de Wild Nothing, o projecto musical de Jack Tatum que se apresenta ao vivo em Hong Kong no próximo dia 15 de Abril, às 20h. O concerto está marcado para o espaço This Town Needs, em Yau Tong, no sudeste de Kowloon. “Indigo” dá o mote à digressão que leva a banda norte-americana da Europa à Ásia, que traz também na bagagem três outros registos dignos de atenção, com destaque para a pérola indie, lançada em 2012, “Nocturne”. Os Wild Nothing são o projecto pessoal de Jack Tatum, um músico que enquanto estudava no Virginia Tech explorava criativamente o fascínio com as paisagens sonoras dos Cocteau Twins e The Smiths. Antes do lançamento em 2010 do primeiro disco, “Gemini”, Jack Tatum partiu a internet com a versão de “Cloudbusting” de Kate Bush. Assim nascia, num dormitório universitário, um dos mais interessantes projectos de dream pop do início da segunda década do século XXI. Explosão suave Depois do primeiro disco, Jack Tatum conseguiu aclamação crítica e do público com o lançamento de “Nocturne”, que conseguiu a distinção de “best new music” pelo influente site de música Pitchfork. O segundo disco de Wild Nothing foi um ponto de viragem, não só em termos de visibilidade mas também na sonoridade. Uma das razões, além da composição, foi a possibilidade de Tatum trabalhar com um produtor musical, Nicolas Vernhes, que produziu discos de bandas como Animal Collective, Deerhunter, The Fiery Furnaces, Dirty Projectors e The War on Drugs. Além disso, “Nocturne” é o primeiro registo que Jack Tatum gravou num estúdio, onde teve acesso a um largo leque de instrumentos musicais inacessíveis a quem faz gravações caseiras. O resultado foi um disco que catapultou Wild Nothing para um patamar de banda a seguir no panorama da música alternativa e do dream pop. Hoje em dia, com mais dois EPs e dois álbuns na discografia, o projecto de Jack Tatum atingiu maturidade suficiente para passar a fase de ser apenas mais uma banda de abertura que abre o apetite dos adeptos da música alternativa etérea e tocar em nome próprio e para o seu público. O regresso de Wild Nothing a Hong Kong acontece seis anos depois da estreia na região vizinha, depois de abrir para os dinamarqueses Mew. O preço dos bilhetes, comprado com antecedência, é 350 HKD, valor que sofre uma inflação de 100 HKD no dia do concerto.
Hoje Macau EventosPortugal apresenta hoje Acção Cultural Externa que inclui Festival de Portugal na China [dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e a ministra da Cultura, Graça Fonseca, apresentam hoje o programa indicativo de Acção Cultural Externa para 2019, que deve incluir o Festival de Portugal na China. O programa deve incluir já o início das comemorações do V Centenário da viagem de Circum-Navegação e um festival de Portugal na China, tal como disse, numa entrevista à Lusa, no sábado, a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro. A secretária de Estado considerou, aliás, que o início das comemorações do V centenário da viagem comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães e um Festival de Portugal na China serão “pontos altos” do programa da acção cultural externa para 2019 “As comemorações magalhânicas [do V Centenário da Circum-Navegação, (2019-2022)] serão um ponto alto na acção cultural externa já este ano”, afirmou a secretária de Estado. Em Janeiro do ano passado, o Governo criou uma estrutura temporária de projecto designada por Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação, comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães (2019-2022), que tem por missão organizar as comemorações dos 500 anos da primeira volta ao mundo, em articulação com as instituições de ensino superior e instituições científicas, autarquias locais e demais entidades públicas e privadas. O outro ponto alto do programa para 2019, adiantou a secretária de Estado, será um festival de Portugal na China, “seguramente muito interessante”, bem como “outras iniciativas a realizar naquele país e da China em Portugal”. Em relação ao ano de 2018, a governante apresentou um balanço com 1400 acções no âmbito do programa de acção cultural externa, que decorreram nos cinco continentes e em 81 países. “Isto demonstra bem a dimensão da acção cultural externa”, afirmou. Contando como ano zero da acção cultural externa 2017, Teresa Ribeiro, considerou que a ideia de associar diferentes parceiros e de os fazer convergir ao mesmo tempo para um conjunto de iniciativas, deu a essas mesmas iniciativas “um impacto redobrado”. Habitualmente aquilo que acontece é que a cultura tem as suas iniciativas no exterior, o Ministério dos Negócios Estrangeiros tem outras, através da sua rede de embaixadas, de centros culturais, e o turismo um conjunto de outras iniciativas bem como a AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. O que governo decidiu foi: “juntar estas várias entidades e pô-las a trabalhar conjuntamente nas iniciativas culturais, para construirmos um programa que é comum e que vai ter uma visibilidade acrescida, polivalência e pluridimensionalidade que lhe dá outro músculo”, explicou a governante, afirmando “esta é a lógica e o racional da ação cultural externa”. Segundo a Secretária de Estado, aquilo que se tem vindo a verificar é “uma crescente visibilidade”. A Feira de Guardalajara é um exemplo, o mês de Portugal nos EUA é outro, referiu.
Hoje Macau EventosObra atribuída a Banksy roubada da sala parisiense Bataclan [dropcap]U[/dropcap]ma obra atribuída ao artista de rua britânico Banksy que homenageava as vítimas dos atentados de Novembro de 2015 na sala de espetáculos Le Bataclan, em Paris (França), foi roubada, anunciou no Twitter a equipa daquele estabelecimento. A obra de arte em que se podia ver uma menina com um véu a cobrir-lhe a cara apareceu, em Junho de 2018, na porta de saída de emergência do Bataclan e foi roubada, anunciou este fim de semana a equipa do Bataclan, que partilhou no Twitter a sua “profunda indignação” sobre o desaparecimento de uma obra que “pertencia a todos, vizinhos, parisienses, cidadãos do mundo”. A pintura foi realizada numa porta de saída de emergência da sala de espetáculos Le Bataclan por onde muitas pessoas escaparam do ataque terrorista realizado por um grupo de terroristas do Estado Islámico (EI) que atirou indiscriminadamente contra o público matando 130 pessoas a 13 de Novembro de 2015, durante um concerto da banda norte-americana Eagles of Death Metal. Segundo a agência de notícias francesa AFP, o roubo ocorreu na noite de sexta-feira para sábado e os responsáveis pelo roubo estavam encapuzados e levaram a obra num camião. Em Novembro de 2018, a cidade de Paris prestou homenagem aos 130 mortos e mais de 400 feridos no ataque no dia 13 de novembro com uma cerimónia e colocando na Torre Eiffel mais de 50 mil cartas de condolência enviadas de todo o mundo, noticiou a Lusa na altura. Em Janeiro de 2016, três porteiros portugueses foram distinguidos, com a Medalha de Bronze da Cidade de Paris por terem ajudado a socorrer as vítimas do ataque terrorista ao Bataclan a 13 de Novembro de 2015.
Hoje Macau EventosLiteratura | Edição de “Suma Oriental” à venda em Macau e Portugal Edição anotada da obra “Suma Oriental”, do primeiro embaixador português enviado à China no século XVI, colocada à venda em Macau e em Portugal [dropcap]R[/dropcap]ui Manuel Loureiro, um dos maiores especialistas da obra e da vida de Tomé Pires, é o autor de uma edição anotada de “Suma Oriental”, um marco da história da ciência geográfica daquele que foi o primeiro embaixador português enviado à China no século XVI. A obra foi colocada à venda em Macau e em Portugal. A informação foi divulgada, na sexta-feira, em comunicado, pela Fundação Macau (FM), que patrocina o livro, a par com o Centro Científico e Cultural de Macau, subordinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, e com a Fundação Jorge Álvares. “Suma Oriental” relata as experiências e a visão de Tomé Pires, o primeiro embaixador português enviado para a China no século XVI. “O livro fala de um dos tratados geográficos mais importantes daquela época que envolve muitas países e contém elementos muito diversificados, incluindo nomeadamente a descrição do continente asiático aos olhos dos europeus”, realça a FM na mesma nota. O esboço da obra “Suma Oriental” foi feito entre os anos de 1512 e 1515, altura em que o autor dispunha de poucas informações para fazer tais referências, pelo que a maior parte do conteúdo do livro resulta das visitas que realizou e das experiências que teve na Ásia. Embora não seja conhecida a data em que terminou a obra, “os manuscritos serviram para apresentar ao Rei de Portugal os limites das zonas litorais da Ásia para que Portugal pudesse alargar os seus mercados e fazer crescer o comércio nesta área geográfica”. Assim, é descrita esta zona, principalmente, desde o Mar Vermelho até às zonas litorais da Ásia, mencionando os portos marítimos, bens comercializados, preços praticados, moedas e câmbios, peso e outras medidas, as leis marítimas e o transporte marítimo, rotas e respectivo calendário. Também diversas práticas do mundo do comércio, assim como os regimes políticos, as religiões e culturas, a língua falada, o povo e o modo de vida nas suas próprias terras, os exércitos, etc. Raro levantamento “Naquela altura existiam poucos manuscritos deste levantamento geográfico”, sublinha a FM no mesmo comunicado, indicando que um deles se encontra hoje em Paris e que se sabe que “a sua origem remonta ao tempo em que o autor ofereceu um manuscrito ao Rei D. Manuel I antes de partir para a China”. Este livro, escrito por Rui Manuel Loureiro, tem por base a versão do ano 1937 encontrada na Biblioteca Nacional de Paris, em França. Esta versão tem 60 páginas e divide-se em seis partes: do Egipto a Cambaia, de Cambaia a Goa, do Bangladesh à Indochina, da China a Luzón, e de Sumatra a Malaca. O esboço manuscrito é muito antigo e andou perdido. O editor do livro levantou uma série das questões ao livro, mas a resposta surgiu com base nos elementos históricos que permitem compreender o respectivo conteúdo, sustenta a FM. O editor, Rui Manuel Loureiro, é investigador da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores. É autor de diversos livros, tais como “Os portugueses partiram para a China: de Malaca a Macau (1502-1557)” e “O Estreito: Portos do Mar Vermelho e o Golfo de Áden – imagens dos portugueses do séc. XVI e várias teses sobre “Suma Oriental”.
Hoje Macau EventosAno Novo Lunar celebrado com música, workshops e exposições [dropcap]O[/dropcap] Ano Novo Chinês está à porta e o Instituto Cultural (IC) tem vasto um leque de actividades programadas para celebrar a ocasião, a começar com os concertos marcados para este fim-de-semana. A Orquestra de Macau apresenta “Música na Biblioteca” e o concerto “O Fascínio da Música Austro-Alemã”, na Biblioteca da Taipa e no Teatro Dom Pedro V, respectivamente, no próximo sábado e domingo. Ainda na categoria das ofertas musicais, no dia 1 de Fevereiro, a Orquestra de Chinesa de Macau apresenta o “Envolvimento da Comunidade com a Música – Concerto de Primavera 2019”, no Centro de Actividades Pak Wai. As festividades prosseguem na Casa do Mandarim nos dias 2 e 3 de Fevereiro com o “Workshop de Criação de Dísticos”, que tem como objectivo permitir aos calígrafos escrever votos de feliz Ano Novo Lunar. Na mesma toada, de 2 a 10 de Fevereiro, está agendado o “Workshop de Coloração de Cartões do Zodíaco Chinês” na Academia Jao Tsung-I. O Ano Novo Chinês vai ser também celebrado de forma ritmada, em especial com a “Actuação de Gongos e Tambores do Ano Novo” apresentada em vários locais de Macau. As performances vão estar a cargo da Associação da Arte do Tambor da Província de Shanxi e do Grupo de Arte da Etnia de Hunan, entre os dias 5 e 7 de Fevereiro. No capítulo das exposições, destaque para “Oração e Bênção – Exposição do Ano Novo Chinês Impressões de blocos de madeira das Províncias de Shanxi e Hunan” que será exibido no Pavilhão Chun Chou Tong do Jardim Lou Lim Ioc a partir de 1 de Fevereiro. Além disso, vai estar patentes no Museu de Arte de Macau (MAM) a mostra “Escola de Pintura de Xangai – Colecções do Museu do Palácio”, patente até dia 10 de Março.
Hoje Macau EventosLivros | IC publica obra sobre artes em Macau entre 1557 e 1911 [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) acaba de publicar a obra “A Escultura, a Pintura e as Artes Decorativas em Macau no Tempo da Administração Portuguesa, 1557 – 1911”, da autoria de Pedro Dias, professor jubilado da Universidade de Coimbra. O IC considera que a “obra tem como objectivo o estudo da escultura, pintura, ourivesaria e de outras disciplinas, habitualmente denominadas artes decorativas e iconográficas, de origem europeia, sejam de cariz religioso ou pagão, existentes em Macau e que chegaram ao território ou foram aqui executadas, entre 1557 e 1911”. Para o IC, o livro é “como uma continuação e complemento de outros trabalhos que tiveram como objecto a cidade de Macau, sobretudo do livro A Urbanização e a Arquitectura dos Portugueses em Macau, 1557-1911, editado, em Lisboa, em 2005”. “Não será um inventário completo, mas o autor tentou elencar as obras mais significativas de cada disciplina, e suas diversas origens, para ilustrar o panorama artístico macaense durante o período em estudo”, acrescenta o mesmo comunicado.
Hoje Macau EventosFotografia | Xyza Cruz Bacani apresenta “We Are Like Air” este fim-de-semana Ex-empregada doméstica, natural das Filipinas, e com um enorme talento para a fotografia, Xyza Cruz Bacani regressa a Hong Kong para apresentar, na galeria Blue Lotus, o seu novo livro de fotografia. A obra é também um retrato sobre os migrantes que mudam de país em busca de uma vida melhor, como se fossem vento [dropcap]D[/dropcap]epois da exposição, no Centro de Artes de Hong Kong, que aconteceu em Dezembro, agora surge o livro de fotografia. “We Are Like Air” (Somos como o ar), o mais recente projecto fotográfico de Xyza Cruz Bacani, lançado oficialmente este sábado em Hong Kong, na galeria Blue Lotus. Os mentores do evento consideram o livro “uma abordagem excepcional às histórias de migração, separação e amor”, uma visão e ténica que valeram à fotógrafa uma bolsa de estudos da Fundação Magnum para os Direitos Humanos em 2015. À época, Xyza Cruz Bacani vivia em Hong Kong com a mãe e trabalhava como empregada doméstica, fotografando com uma pequena câmara nas horas vagas. A distinção permitiu-lhe fazer um curso de fotografia de seis semanas na Universidade de Nova Iorque. Ao retratar os meandros da vida dos migrantes, Xyza Cruz Bacani acaba por contar também a sua própria história. “A migração é inevitável. A Organização das Nações Unidas estima que cerca de 100 milhões de mulheres deixaram as suas casas nos seus países de origem devido à violência, pobreza e falta de oportunidades.” Desta forma, “Xyza Cruz Bacani vivenciou, ela própria, a dor da separação ao crescer sem mãe, que era uma trabalhadora migrante em Hong Kong”, descrevem os mentores do evento. Nascida em 1987, a fotógrafa só se juntaria à sua mãe já na idade adulta. O trabalho de Xyza Cruz Bacani é sobretudo documental, focando-se nas vivências de várias cidades, com destaque para Hong Kong. Antes de ganhar a bolsa de estudos da Magnum, a fotógrafa captou os protestos pró-democracia de 2014, além de ter feito um trabalho sobre as migrantes que vivem na casa Bethune, destinada às mulheres migrantes refugiadas, localizada no distrito de Jordan, também na região vizinha. O ar que se move A obra chama-se “We Are Like Air” porque Xyza Cruz Bacani considera os migrantes como pessoas que se movem de acordo com as necessidades ou o destino, sem que ninguém olhe para elas. Além disso, é impossível viver sem ar. “Os trabalhadores migrantes são muitas vezes tratados como ar, porque são importantes, mas invisíveis. Com este livro quero chamar a atenção para as nossas vidas privadas e, ao fazer isso, quero também ajudar o leitor a ver as empregadas domésticas como seres individuais”, escreveu a fotógrafa no livro. Xyza Cruz Bacani lembrou ainda que as trabalhadoras migrantes, oriundas, na sua maioria, de países como o Vietname, Indonésia ou Filipinas, “merecem compreensão e respeito, e não são apenas pessoas contratadas para desempenharem tarefas rotineiras”. “Quero contar a nossa história como campeãs e não apenas como vítimas, que são os dois lados em que a migração nos divide”, lê-se ainda.
Hoje Macau EventosMúsico e produtor português Branko edita segundo álbum [dropcap]O[/dropcap] músico e produtor português Branko edita em Março o segundo álbum, “Nosso”, que apresentará numa série de actuações a partir de Fevereiro em Portugal e em vários palcos da Europa. “Nosso”, que sucede a “Atlas”, de 2015, tem edição marcada para 1 de Março, tendo sido divulgado ontem o tema “Hear from you”, que conta com a participação do produtor Sango e da cantora Cosima. De acordo com informação na página oficial, Branko apresentará o novo álbum a 28 de Fevereiro no B.Leza, em Lisboa, seguindo-se uma série de actuações ao longo das próximas semanas entre salas e clubes portugueses e estrangeiros. A 1 de Março, o músico estará no Razzmatazz, em Barcelona, no dia 2 nos Maus Hábitos, no Porto, no dia 8 no The Jazz Café, em Londres, e no dia seguinte no The Sugar Club, em Irlanda. Estão previstas ainda actuações em Berlim, Estocolmo, Lund, Berna, Viena, Castelo Branco, Aveiro e Braga. Sobre “Nosso”, Branko contou à revista norte-americana Rolling Stone que utilizou a cena musical de Lisboa como “ponto de partida para todas as canções do álbum. Seja pelos instrumentais e pelas batidas, tudo nasceu de um género no universo da língua portuguesa”. Branko, ou João Barbosa, é músico, produtor, DJ, editor, tendo o nome ligado à mais recente cena de música electrónica e de dança em Lisboa, com pontos de ligação com a música lusófona e numa escala global. Duas das pontes desse trabalho foram a criação dos Buraka Som Sistema e da editora Enchufada, à qual estão associados nomes como Rastronaut, Riot, Dengue Dengue Dengue, Dotorado Pro e PEDRO. Em 2015 editou o primeiro álbum, “Atlas”, que resultou de uma viagem por várias cidades em busca de uma nova sonoridade na música eletrónica. Na altura, João Barbosa esteve em Amesterdão, São Paulo, Nova Iorque, Cidade do Cabo e Lisboa, em gravações com mais de vinte artistas, para compor uma espécie de mapa musical com a mais recente música nascida em ambiente urbano.
Hoje Macau EventosVitrocerâmica | FRC inaugura hoje “Scenes of Macau” [dropcap]É[/dropcap] hoje inaugurada na Fundação Rui Cunha (FRC), às 17h30 a exposição de vitrocerâmica “Scenes of Macau”, que nasce de uma parceria com a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau. “Após o sucesso da primeira edição da exposição, em 2016, e no ano em que se comemora o vigésimo aniversário do estabelecimento da RAEM, a FRC decidiu realizar a segunda edição desta exposição”, explica a Fundação, em comunicado. Nesta mostra, “as obras resultam de uma união de técnicas”, uma vez que “as cores da porcelana tradicional chinesa, aqui utilizadas em superfícies planas, após a aplicação do esmalte em distintas camadas e a sua exposição a diferentes temperaturas pela técnica da vitrocerâmica, ganham uma nova vida”. Da junção de técnicas ocidentais e orientais “resultam as obras de cariz contemporâneo”. “Embora usem a mesma técnica para criar as suas obras, a inspiração dos dois artistas difere. Enquanto para Liu Shengli, a sua inspiração vem do cruzamento entre as duas culturas, Ocidental e Oriental, Gu Yue, por seu lado, tem por base na criação das suas obras, a história de Macau”, explica o mesmo comunicado. A exposição estará patente na galeria da FRC até ao dia 21 de Fevereiro.
João Luz EventosCinemateca Paixão | Primeiro filme de Ivo Ferreira exibido este fim-de-semana No próximo sábado e domingo, “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau”, o primeiro filme de Ivo Ferreira, volta ao ecrã da Cinemateca Paixão, 22 anos depois da estreia [dropcap]M[/dropcap]acau foi a primeira musa e o cenário que marcou o início da carreira de Ivo Ferreira. Em 1997, o realizador estreava o filme que lançaria a sua carreira, “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau”, que viria a vencer o Prémio do Público do VII Encontros Internacionais de Cinema Documental da Malaposta e o Prémio de Documentário Caminhos do Cinema Português. A obra cinematográfica será exibida na Cinemateca Paixão no sábado e domingo, depois de ter sido exibida também no fim-de-semana passado. As sessões estão marcadas para as 13h. O filme inaugural do realizador português é um ensaio sobre diversas formas de viver em Macau, formando um mosaico de diversas cenas e pequenas histórias que se interligam entre si de forma harmoniosa. A lente de Ivo Ferreira segue um idoso que para vender jornais tem de percorrer a cidade de bicicleta. Seguindo o quotidiano do protagonista, ao longo de 24 horas, a narrativa fica algures no limbo entre a ficção e o documentário, perfumada pelo exotismo oriental. O protagonista do filme é um vendedor de jornais e a sua vida mistura-se com a vida de Macau. Ao longo do dia, o quotidiano real do velhote cruza-se com cinco pequenas cenas ficcionadas, com que se depara por acaso. Gente comum Em comunicado que apresenta o filme de Ivo Ferreira, a Cinemateca Paixão refere que “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau” parte de uma “perspectiva e sensibilidade únicas de um estrangeiro” e da vida de “um homem de idade avançada percorrendo as ruas e ruelas de Macau” onde se cruza com gente comum como “vendedores de rua, vendedores de peixe nos mercados e prostitutas nas discotecas”. Além da possibilidade de assistir ao filme de estreia de Ivo Ferreira, “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau” é uma forma de revisitação da paisagem urbana da Macau de há 20 anos, algo que constitui uma extraordinária experiência visual.
Hoje Macau EventosModelo chinesa pede desculpa por ter participado em campanha polémica da Dolce & Gabbana [dropcap]A[/dropcap] modelo chinesa que surge nos anúncios da Dolce & Gabbana a tentar comer pizza ou cannoli com pauzinhos, pediu ontem desculpa pela participação na campanha da marca italiana, que recebeu fortes críticas na China. Zuo Ye escreveu na conta oficial na rede social Weibo, o Twitter chinês, que, como recém-formada, não teve tempo de considerar a implicação dos anúncios. “Eu crescerei com esta experiência e mostrarei melhor o carácter de um cidadão chinês”, afirmou. A campanha motivou um boicote à Dolce & Gabbana na China e o cancelamento de um desfile da marca italiana em Xangai, em novembro passado. Internautas chineses e opiniões difundidas pela imprensa estatal classificaram os anúncios como racistas e baseados em estereótipos ultrapassados. À medida que vários retalhistas começaram a retirar os produtos das lojas, os co-fundadores da marca, Domenico Dolce e Stefano Gabbana, pediram publicamente desculpas ao povo chinês. O caso motivou ainda uma disputa com Stefano Gabbana. Imagens difundidas nas redes sociais chinesas mostraram Gabbana numa discussão ‘online’, na qual se referiu à China como um “país de porcaria”, “mafioso, sujo e ignorante”, e afirmou que os chineses comem cão. Entretanto, a marca emitiu um comunicado a pedir desculpa e afirmou que as suas contas na rede Instagram foram pirateadas. “Pedimos muita desculpa por qualquer ofensa devido a estas mensagens não autorizadas. Nós respeitamos a China e o povo chinês”, afirmou a Dolce & Gabbana. A Ásia e a China, em particular, são um mercado chave para as marcas de luxo europeias. Um estudo recente da consultora Bain mostrou que os chineses compõem um terço do consumo de gama alta no mundo, seja em compras no mercado doméstico ou em viagem. Este número deve subir para 46%, em 2025, impulsionado pelos ‘millennials’ e a geração nascida em meados dos anos 1990. A Dolce & Gabbana tem 44 lojas na China, incluindo quatro em Xangai. Entrou no mercado chinês em 2005, na cidade de Hangzhou, na costa leste do país.
Hoje Macau EventosUniversidade de Lisboa lança curso online de português [dropcap]É[/dropcap] hoje lançado em Lisboa um curso online de português para estrangeiros, que irá funcionar em regime de e-learning. O projecto tem o nome “O Meu Português” e parte da iniciativa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) em parceria com a Distance Learning Consulting. De acordo com um comunicado divulgado pela FLUL, “a partir desta semana, aprender português como língua estrangeira vai tornar-se mais fácil e acessível, podendo ser feito na palma da mão em qualquer ponto do globo”. A plataforma permite o acesso a um “curso online, multimédia e interactivo, disponível em computador, tablet e smartphone suportado por uma das mais inovadoras plataformas de eLearning do mundo”. O curso tem a certificação da FLUL e tem “como público-alvo todos os que querem aprender português em qualquer parte do mundo de forma rápida e com carimbo académico”. Além disso, possui “unidades temáticas e actividades claras e sistematizadas”, além de que “assegura a aquisição de competências de compreensão e de produção oral e escrita”. “O Meu Português” está disponível numa plataforma em oito línguas e permite a escolha do português europeu ou português brasileiro.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | Nana Chen revela a faceta intimista de Chungking Mansions “Chungking Mansions: Photographs from Hong Kong’s last ghetto” é o título do livro da fotógrafa Nana Chen. A obra retrata o lado humano e cru de uma das mais degradadas zonas de Kowloon que apaixonou artistas como Wong Kar-wai [dropcap]Q[/dropcap]uem passa na Nathan Road, em Tsim Sha Tsui, e dá de caras com o prédio que ocupa os números 36 a 44 não pode ficar indiferente ao ambiente de um dos prédios mais iconográficos de Hong Kong. Chungking Mansions, depois de inspirar inúmeros artistas, onde se destaca o cineasta Wong Kar-wai, volta a ser matéria de reflexão criativa. Desta feita, o edifício serviu de musa urbana à lente da fotógrafa Nana Chen, que lançou há semanas o livro “Chungking Mansions: Photographs from Hong Kong’s last ghetto”. Em declarações ao HM, a artista revela que a principal mensagem da sua fotografia “é a busca do significado de lar e a partilha das formas como se pode atingir o sucesso apesar da condição de outsider”. DR Hoje em dia, Kowloon vive uma época de relativa paz, pelo menos em relação aos índices de criminalidade de outros tempos. Ainda assim, Chungking Mansions continua a ser um local de perdição onde, no meio de restaurantes baratos e pensões com condições higiénicas duvidosas, se traficam drogas, sexo e produtos que desafiam os limites da imaginação e da lei. A má fama do local não intimidou Nana Chen. Muito pelo contrário. “Fiquei muito curiosa com o sítio e na minha cabeça ficou a pergunta sobre quem quereria viver num prédio com tão má reputação”, conta a fotógrafa oriunda de Taiwan. Desde 2009 que a artista começou a explorar o edifício para um projecto artístico, percorrendo os corredores munida da sua máquina fotográfica. Apesar da degradação, o local continua a ter um forte poder de atracção. Como tal, Nana Chen acha que, apesar do contínuo desenvolvimento de Hong Kong, “é importante manter o registo da história do local, seja através de fotografia, filme ou palavras”. Histórias com gente Enquanto percorria os corredores esconsos de Chungking Mansions, a fotógrafa conheceu alguns dos seus moradores. Uma das pessoas a que marcaram foi Basnet, um nepalês que começou a sua nova vida num pequeno quarto de um apartamento partilhado por várias famílias. “Ele acabou por conseguir comprar o apartamento inteiro, mas manteve o quarto como estava, incluindo o velho sofá onde dormia e que foi a primeira peça de mobiliário que comprou quando começou a sua nova vida em Hong Kong”, revela Nana Chen. Aos poucos, a fotógrafa foi encontrando beleza no local, à medida que ia compilando imagens de ambiente e retratos das pessoas que o habitam. Uma das características visíveis nas películas que agora tomam a forma de livro é a miríade de culturas que circulam em Chungking Mansions. Nepaleses donos de pensões, trabalhadores do Bangladesh, paquistaneses que vendem telemóveis aos comerciantes nigerianos que, por sua vez, contratam companhias de carga indianas para importar bens para vender a ingleses expatriados. Uma espécie de Nações Unidas nos limites da marginalidade. “Chungking Mansions: Photographs from Hong Kong’s last ghetto” é um ensaio visual e um livro de memórias presentes, uma obra que coloca a nu as características vibrantes de um local iconográfico que pode ser esmagado, a qualquer momento, pela imparável e voraz marcha dos interesses imobiliários.
Hoje Macau EventosEstudo diz que sair das redes sociais não garante privacidade [dropcap]U[/dropcap]ma pessoa que saia das redes sociais não tem garantia de privacidade porque os amigos que lá deixou continuam a permitir prever com alguma certeza as suas atividades, segundo um estudo científico publicado ontem. A investigação da equipa das universidades de Vermont (Estados Unidos) e Adelaide (austrália) centrou-se em trinta milhões de publicações públicas feitas por 13.905 utilizadores da rede social Twitter e concluiu que se uma pessoa deixar de estar activa, as publicações e palavras dos seus amigos permitem prever com 95 por cento de exactidão actividades futuras dessa pessoa, mesmo que esta deixe publicar seja o que for. O líder da equipa, o matemático James Bagrow, afirma que quando se adere a uma rede social, se pensa que se está a dar informação apenas pessoal, mas o que acontece é que “também se entrega os amigos” ao Twitter, Facebook, Instagram ou outra rede social. Uma das conclusões a tirar é que empresas, governos ou outras pessoas podem traçar um perfil rigoroso de uma pessoa, incluindo partido político, produtos preferidos ou religião só a partir da informação recolhida entre os amigos, mesmo que essa pessoa deixe as redes sociais ou nunca lá tenha entrado. “Não nos podemos esconder numa rede social”, afirmou o investigador Lewis Mitchell, co-autor do estudo hoje publicado no boletim científico Nature Human Behavior. “Só por si, uma pessoa não controla a sua privacidade nas redes sociais”, afirmou James Bagrow, salientando que “os amigos da pessoa têm algo a dizer”.
Hoje Macau EventosInstitutos Camões e Cervantes lançam projecto para mostrar o poder das línguas ibéricas [dropcap]O[/dropcap] presidente do instituto Camões, Luís Faro Ramos, afirmou ontem que vai lançar um livro em parceria com a instituição espanhola homóloga, Instituto Cervantes, para “demonstrar o potencial e o poder” das línguas portuguesa e espanhola. Luís Faro Ramos, que recebeu ontem em Lisboa o novo director do Instituto Cervantes, Luis García Montero, insistiu que o objectivo é reforçar as parcerias com Espanha, tal como com o Brasil, e “fazer cada vez mais acções em comum”. Exemplo disso é a obra “Camões e Cervantes – Contrastes e Convergências”, que reúne ensaios de dois especialistas nestes “expoentes maiores da literatura ibérica e europeia”, Hélder Macedo e Carlos Alvar, e que foi hoje apresentada, tendo sido um projecto pensado ainda com o anterior director do Instituto Cervantes, adiantou. Outro projecto que as duas instituições pretendem concretizar este ano é a preparação de um livro para demonstrar o potencial e o poder das duas línguas, tanto na área da literatura como da economia, ciência e comunicação internacional. Segundo Luís Faro Ramos, o objectivo é mostrar que “o português e o espanhol que, por si só, já valem muito – o português com mais de 260 milhões de falantes, o espanhol com mais de 300 milhões – se se juntarem e procurarem sinergias valerão ainda mais”. Do lado português, a equipa vai ser liderada pelo professor e ex-reitor do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) Luís Reto, que já colaborou com outras iniciativas do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, como o novo Atlas da Língua Portuguesa. Para além de ser “um estudo útil para os que querem aprender estas línguas, é também útil para quem fala português e espanhol e que nem sempre tem a noção da dimensão e potencial que a língua tem”, destacou o responsável do Instituto Camões. O estudo vai ser desenvolvido no âmbito das comemorações do 5.º centenário da circum-navegação, iniciada por Fernão de Magalhães e completada por Juan Sebastián Elcano. Questionado sobre as explicações relativas à candidatura portuguesa da rota de Fernão de Magalhães a património da Humanidade que, segundo o jornal ABC, o ministério da Cultura espanhol terá pedido à UNESCO, através do seu embaixador, por alegadamente o Governo português ter ignorado o contributo do império espanhol, considerou que não há qualquer conflitualidade. “Penso que pelo contrário. Temos dito e continuaremos a dizer que esta circum-navegação foi iniciada pelo navegador português Fernão de Magalhães, ao serviço da coroa espanhola, e foi terminada pelo navegador espanhol Juan Sebastián Elcano. Não há aqui nenhuma conflitualidade”, frisou, acrescentando que a comemoração “deve juntar os dois países: Portugal e Espanha”. O programa completo das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação feita pelo navegador português será apresentado esta quinta-feira, em Lisboa.
João Luz EventosFestival Fringe entra na última semana A programação do 18.º Festival Fringe desta semana tem como destaque uma instalação multimédia inspirada nos contos de Hans Christian Andersen, intitulada “The Icebook” e uma peça de teatro que parte do mundo dos sonhos. A última semana do festival tem ainda em cartaz um concerto da banda da Casa de Portugal, teatro e um workshop de mímica [dropcap]O[/dropcap] Festival Fringe atingiu a maioridade e a edição deste ano entra na recta final à medida que os derradeiros eventos que marcam a última semana do cartaz se aproximam. Na próxima quinta-feira, dia 24, começa a exibição da instalação teatral “The Icebook”, que poderá ser visitada em cinco locais diferentes, todos os dias, até domingo. Inspirado no conto de Hans Christian Andersen “A Rainha da Neve”, “The Icebook” assume-se como o primeiro livro pop-up de vídeo mapping a ser exibido no mundo inteiro. A instalação teatral, cuja narrativa avança em silêncio, é da autoria dos artistas britânicos Davy e Kristin McGuire. O espectáculo, que tem duração de apenas 17 minutos, centra-se na relação entre uma misteriosa princesa que tem o coração feito de gelo e um rapaz que atrai para obter algum calor. As figuras são feitas a partir de recortes de papel que se agigantam através de projecções de luz de forma a proporcionar à audiência um ambiente intimista e imersivo. “The Icebook” é uma obra difícil de definir, um pouco à imagem do Fringe Festival, que fica algures entre o cinema, o teatro e a animação. No entanto, o resultado promete arrebatar emoções e transportar o espectador para o mundo de fantasia dos contos de Hans Christian Andersen. Na quinta-feira, “The Icebook” será exibido no Ngai Chon 505 Studio 1, das 17h às 21h30, a cada trinta minutos. No dia seguinte, no mesmo horário, o local escolhido é o Centro de Educação de Vida Sadia na Avenida Nova da Areia Preta. No sábado e domingo, das 14h às 18h30, será exibido no Centro de Actividades Polivalentes do Lago e na Livraria Portuguesa, respectivamente. A entrada para ver o espectáculo custa 50 patacas. Cantigas e mimos “Once upon a time Singing in Portuguese” é o título do concerto da banda da Casa de Portugal em Macau, que ao longo de uma hora oferece ao público, em atmosfera familiar, um conjunto de clássico intemporais da música portuguesa, clássicos da Disney e alguns originais retirados do disco infantil “Castelos no Ar”. A banda composta por Tomás Ramos de Deus, Miguel Andrade, Luís Bento, Paulo Pereira e Ivan Pineda terá em palco a colaboração de convidados. O concerto tem como público alvo crianças e os seus pais e está marcado para as 16h de sábado no Largo de Camões na Taipa. Na sexta-feira e no sábado a partir das 20h, o segundo andar do Edifício do Antigo Tribunal recebe a peça de teatro “Bæd Time”, de autoria da companhia de Taiwan Myan Myan Studio. A peça tem como ponto de partida duas raparigas que se lançam numa discussão sobre vida, morte e existência. Da conversa resulta a revelação da verdadeira identidade de uma das jovens e o sofrimento da interlocutora vítima de bullying. A entrada custa 120 patacas. Também no Edifício do Antigo Tribunal, o francês Edi Rudo vai dar um workshop de mímica no próximo sábado e domingo, das 10h30 às 12h30. A divertida formação tem como lotação máxima de 10 pares de crianças acompanhadas por um adulto e custa 100 patacas.
Hoje Macau EventosFotógrafo oficial de Obama lidera em Setembro “expedição” turística a Portugal O fotógrafo oficial das administrações Reagan e Obama, o luso-descendente Pete Souza, vai levar a Portugal, em Setembro, 28 fotógrafos profissionais e amadores, naquela que será a sua primeira viagem de férias à parte continental do país. A viagem é promovida pela agência Sagres Vacations, baseada nos Estados Unidos (Massachusetts e Fall River) e com escritórios no Porto, especializada em experiências turísticas personalizadas nos mercados português e espanhol. Para Pete Souza, que é descendente de açorianos, esta será a primeira “verdadeira” viagem a Portugal, onde esteve apenas em visitas oficiais a acompanhar os presidentes norte-americanos Ronald Reagan e Barack Obama, para quem trabalhou como fotógrafo oficial. “Na verdade nunca passei grande tempo em Portugal continental e pensei que esta seria uma oportunidade incrível para fazer essa viagem”, disse Pete Souza à agência Lusa. Marcada para de 2 a 12 de Setembro, a viagem começa no Porto e termina nos Açores, percorrendo as principais cidades turísticas de Portugal. Com lugar para apenas 28 pessoas, o programa, que se destina a fotógrafos profissionais e amadores ou a amantes da fotografia, esgotou quase de imediato, como disse à agência Lusa Marco Fernandes, vice-presidente da Sagres Vacations. “Mal divulgámos a viagem, tivemos logo muito interesse. O Pete pôs também no ‘Instagram’ dele e, de imediato, os últimos lugares que estavam disponíveis esgotaram. Na última semana de Dezembro, tivemos 180 pessoas a perguntar sobre o programa”, disse. Durante a viagem, Pete Souza acompanhará os visitantes e dará “dicas” sobre como melhor fotografar os locais visitados, fazendo uma série de “mini workshops” ao longo de todo o roteiro. “O atractivo do programa é esse conceito. Já fizemos outros programas de fotografia, mas sem o chamariz que é o Pete Souza. O Pete Souza tem seguidores em todo o mundo – recebemos contactos da Austrália para este programa – e, como é um programa de fotografia, vamos ter pessoas que sabem tirar fotografias e vão dar uma melhor imagem de Portugal”, considerou Marco Fernandes. “É uma viagem turística para pessoas que gostam de tirar fotografias. Imagino que o nível das capacidades das pessoas que se vão juntar a nós serão muito variados, por isso espero conseguir ajudar a melhorar as suas fotografias de viagem”, considerou, por seu lado, Pete Souza. Para o fotógrafo “freelance” e autor de vários livros, o grande atractivo é poder conhecer a parte continental de Portugal, bem como regressar, com tempo, aos Açores, que visitou na década de 1980. “Não conheço de todo a parte continental de Portugal. Estive em Portugal duas vezes, uma vez com o Presidente Reagan e outra com o Presidente Obama, mas nas visitas presidenciais não temos verdadeiramente oportunidade de ver grande coisa fora dos encontros formais”, disse. “Estive nos Açores numa viagem alargada, mas já foi em 1988. Será interessante ver o quanto mudou. Os meus avós são dos Açores, por isso, para mim, esta será a parte mais emocional da viagem”, acrescentou. O fotógrafo acredita que Portugal “está a tornar-se cada vez mais um destino turístico para muitos norte-americanos” e espera “poder divertir-se, tirar algumas fotografias e ajudar algumas pessoas a melhorarem as suas imagens”. Nascido em South Dartmouth, Massachussets, neto de emigrantes açorianos, Pete Souza trabalhou como fotojornalista “freelance” e tem trabalhos divulgados pelas principais publicações norte-americanas, bem como vários prémios de fotojornalismo. Pete de Souza é também autor de vários livros, o mais recente dos quais – “Shade: A tale of two presidents” – compara os primeiros 500 dias de Obama com o atual Presidente norte-americano, Donald Trump. O livro é a passagem ao papel do mesmo exercício que Pete Souza vem fazendo na sua página na rede social ‘Instagram’, onde tem mais de 2,1 milhões de seguidores. O ‘Instagram’ de Pete Souza tem sido uma espécie de “sombra crítica” da administração Trump, com a publicação de fotografias de Obama em situações semelhantes às protagonizadas pelo actual inquilino da Casa Branca, num registo bem humorado e em que o antigo Presidente “sai sempre melhor na fotografia”. Com várias exposições no currículo, Pete Souza tem prevista, para Fevereiro, a inauguração de uma mostra sobre os dois presidentes com quem trabalhou intitulada “Two Presidentes: Obama and Reagan”.
Hoje Macau EventosDirectora do Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, afasta possibilidade de reclamação de espólio [dropcap]A[/dropcap]9 directora do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), em Lisboa, que tem à sua guarda documentação desde o século XVI até 1975, afasta qualquer possibilidade de os países onde houve domínio administrativo português virem a reclamar qualquer espólio documental deste acervo. Em entrevista à agência Lusa, Ana Canas, à frente do AHU desde Junho de 2005, disse que, “no fundamental, a documentação dos organismos sediados nas anteriores colónias ficou lá”, ”nos países que se tornaram independentes de Portugal”, após a revolução de Abril de 1974. A documentação do AHU, cerca de 17 quilómetros de prateleiras, “é esmagadoramente de organismos da administração colonial portuguesa, centrada em Lisboa”, colocando-se antes a questão de colaboração e de existência de uma base de dados comum, uma vez que este arquivo, em concreto, “é muito virado para os outros povos e não apenas para o nosso”. “Estes arquivos também são instrumentos de soberania”, disse à Lusa, e “muitas vezes só nos apercebemos da sua importância se acontece uma catástrofe”. “Um arquivo histórico – é genérico afirmar isto – serve para preservar a nossa identidade, a nossa memória, etc., mas serve também para reutilizar a informação que contém para questões pragmáticas do presente, mais do que se possa pensar”, disse a responsável. “Este é um arquivo orientado para fora, não é só sobre Portugal”, sublinhou, afirmando que é necessário os portugueses “terem a percepção de que este património é importante do ponto de vista de se conhecerem a si próprios, enquanto comunidades e sociedade, na sua relação com os outros, e essa é talvez a maior riqueza e distinção do AHU”. No tocante ao acesso, uso e difusão da documentação do AHU e dos seus conteúdos, está em funcionamento o ‘site’ http://ahu.dglab.gov.pt. O AHU, instalado no Palácio da Ega, à Junqueira, em Lisboa, foi criado em 1931 e alberga documentação de cinco séculos, sobre todos os territórios e domínios que estiveram sob jurisdição portuguesa ou em contacto com Portugal, durante esse período. A responsável disse à Lusa que uma das suas preocupações é no âmbito da conservação preventiva do acervo, “o que tem sido continuado, no quadro da Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas [DGLAB], incluindo quanto ao controlo de pragas”, designadamente os insectos. Esta questão dos insetos é, aliás, um alerta constante, também quanto à recepção de espólios particulares. Reconhecendo que o AHU “não tem feito uma campanha activa” neste sentido, Ana Canas referiu que há um conjunto de acções que tem de ser feito, antes de se receber quaisquer documentos, mas que têm dado entrada no arquivo alguns espólios. A responsável justificou ainda esta opção, pelo facto de terem “tantas responsabilidades” com a documentação a cargo, “havendo partes do acervo que ainda não estão tratadas, como alguma documentação que pertencia ao ex-Ministério do Ultramar”, transferida em 2006. “A prioridade mais imediata, no tocante ao pessoal, é na área da conservação e restauro, até porque o apoio dos respectivos serviços da DGLAB é limitado”, mas outras das preocupações de Ana Canas é “a necessária renovação de recursos humanos”, alertando que “há que preparar a renovação geracional”. Reconhecendo que “tudo isto tem custos”, a responsável disse à Lusa que “são necessários jovens”, uma questão “que se coloca com acuidade à administração pública, mas não só”.
Sofia Margarida Mota EventosSvetlana Usacheva, curadora, diz que exposição de arte russa no MAM é “única” São cerca de 70 as obras de arte que vieram da Galeria Estatal Tretyakov para o Museu de Arte de Macau e que pretendem mostrar ao público as criações de três períodos históricos e artísticos. De acordo com a curadora Svetlana Usacheva trata-se de uma mostra única e que apresenta ao público pinturas que nunca antes tinham sido reveladas [dropcap]É[/dropcap] a primeira vez que Macau recebe um conjunto de obras primas de arte russa. Os 70 trabalhos, que estão em exposição no Museu de Arte de Macau até 22 de Abril, fazem parte do espólio da Galeria Estatal Tretyakov e representam algumas das obras mais emblemáticas daquele país. A exposição apresenta os principais estilos artísticos e tendências na arte russa de acordo com três períodos distintos e que vão do final do séc. XVIII a meados do séc. XX. O primeiro momento, dedicado ao classicismo e romantismo dos finais do séc. XVIII e primeira metade do séc. XIX, inclui as obras de relevo criadas após a fundação da Academia Russa de Arte, em 1757 em São Petersburgo. “A academia foi responsável pela promoção de diferentes géneros artísticos daquela época, incluindo naturezas mortas, cenas históricas e do quotidiano, ou seja, os trabalhos eram o espelho daquela altura da história russa”, apontou a curadora Svetlana Usacheva ao HM. Desta altura, Usacheva destaca a pintura da famosa Praça Vermelha em Moscovo do artista Pyodor Yakovlevich Alekseyev um dos primeiros grandes mestres russos da paisagem urbana. “O quadro datado de 1800 mostra a praça rodeada de edifícios de diferentes épocas e de diferentes estilos arquitectónicos, onde se destaca, além do Kremlin, a Catedral de Pokrovsy e a Catedral de São Basílio”, conta. Por outro lado, e dada a presença de várias cenas com pessoas, “o quadro espelha as impressões do artista não só da arquitectura de Moscovo mas também dos residentes da cidade, sendo que as numerosas cenas que se podem ver com moscovitas lhe confere um realismo que lhe confere propriedades documentais”, apontou. Já a primeira metade do séc. XIX, também considerada a “idade de ouro” da cultura russa está presente em obras como a escultura de Alexander Pushkin e o retrato de Nikolai Gogol . Mas, nas paredes do MAM surge em destaque a “Menina colocando uma vela de fronte de um ícone” de Grigory Mikhailov. “A cena tem lugar no interior de uma igreja e ao fundo está um relicário de Nossa Senhora de Kazan decorado com contas, pedras preciosas e fitas”, conta. Para a curadora, “a elegância cromática e o estilo de pintura reflectem as características da arte académica de salão da época”. Também de relevo é a cena do quotidiano do “Retrato de família” de Timofey Myagkov, de 1844. A pintura mostra uma família de Moscovo a tomar chá, “um dos passatempos favoritos dos moscovitas e tradição entre a nobreza e os mercadores da época”. À mesa estão três irmãs e o marido de uma delas e sobre a mesa, coberta por uma toalha de pano, está um samovar – utensílio para aquecer água – e um conjunto de porcelana que demonstra a importância do ritual do chá também para os russos das classes mais altas da época. Os vagabundos O segundo momento é dedicado ao movimento dos itinerantes e às escolas emergentes da segunda metade do séc. XIX e dos primeiros anos do séc. XX. São exemplo disso as obras que reflectem o impressionismo, o modernismo e mesmo movimento avant garde da época. Trata-se de um período de destaque para a pintura russa altura em que foi criada “A sociedade de pintores itinerantes” também conhecida por Vagabundos, em 1870. “Os seus fundadores acreditavam no poder social e moral da arte e na sua capacidade para criar uma sociedade melhor. Ao romper com a tradicional escola da academia, estes artistas privilegiavam o realismo e a descrição da vida popular e das paisagens naturais da sua terra natal”, explica Svetlana Usacheva. Também nesta fase histórica da arte russa se destacam obras como o retrato de Lev Tolstoy de Nikolai Nikolaevich Ge. Segundo a curadora, o pintor foi muitas fezes comparado ao escritor russo até porque “também ele apelava à rebeldia, ao acordar das almas e ao chegar aos sentimentos das pessoas”. Nas cenas rurais os destaques da curadora vão para a obra “Crianças fugindo de uma tempestade” de Konstantin Makovsky produzida em 1872. O artista aderiu á conhecida “revolta dos 14” também conhecidos como os itinerantes mas “as ideias dos jovens reformistas eram-lhe estranhas pelo que acabou por criar o seu próprio estilo”, contou. Já Vladimir Makovsky apresenta “Vagabundos”, uma obra icónica do autor que marcou a sua obra através dos retratos dramáticos. Nesta obra podem ver-se dois homens, marginais, à beira de um rio. No entanto, a obra desta secção mais relevante, para Svetlana Usacheva, é “Pinheiros ao Sol” de Ivas Shishkin. Trata-se de um pintura que se assemelha a “uma fotografia capaz de colocar o observador dentro da tela”. “Tem as fragrâncias da floresta, o ambiente de Verão e uma natureza vibrante”, acrescenta. Esta semelhança com o real tem ainda que ver com o espírito do tempo, em que “a própria ciência se redescobria”. Arte da revolução A exposição encerra com as obras da era soviética que marcaram o período pós-revolução de 1917. “As obras de arte da década de 1920 a 1960 reflectiam anseios de um pensamento artístico independente , de estilo austero em que os artistas queriam revelar a personalidade dos seus personagens e reflectir o espírito do tempo”, conta a curadora. O resultado foi uma pluralidade de estilos que mantinham em comum a “rigidez realista”. O retrato de Maxim Gorky pintado por pelo amigo Issak Brodsky aperece aqui em destaque. “A pintura apresenta um fundo dinâmico, o mar que bate contra as rochas, o céu de trovoada iluminado com as nuvens ao sol e um albatroz. O retrato segue a tradição do retratos de grandes dimensões do neoclassicismo russo e, ao mesmo tempo, define o cânone de grandes retratos de líderes e membros do Politburo”, acrescenta a curadora. Mais do que fazer um retrato, este quadro, tal como outros da mesma época pretendem transmitir ao observador o estado de espírito do retratado. É também nesta secção que o diálogo intercultural tem lugar com obras como “retrato de uma menina chinesa” de Andrei Mylnikov. Na mesma secção pode ver-se um quadro com um homem no espaço e que pela primeira vez é mostrado ao público. “Não é uma pintura realista, mas reflecte uma época”, refere Svetlana Usacheva. Fazem parte do espólio da Galeria Estatal Tretyakov de Moscovo mais de 180 mil obras, sendo a maior colecção de arte russa do mundo. Fundada em 1856 pelo coleccionador Pavel Mikhailovich Tretyakov, todo o espólio acabou por ser doado ao estado após a morte do coleccionador em 1892.
Andreia Sofia Silva EventosFestival Fringe | Lei Sam I à procura do sentido da vida num supermercado O festival Fringe recebe nos dias 25 e 26 deste mês um espectáculo fora dos palcos habituais. “Pequeno Escape” acontece no supermercado Tai Fung do edifício Vai Chun Garden, na Taipa, e é nele que Lei Sam I vai reflectir sobre a sua vida e como devemos aproveitar o momento presente De onde surgiu a ideia para este projecto? Sempre que fico frustrada com a vida, o meu passeio preferido é, muitas vezes, deambular entre as prateleiras e corredores dos supermercados. Olhar para os produtos organizados nas prateleiras sempre me deu algum conforto. Uma vez estava a olhar para os produtos, e na parte de fora lia-se: preço, ingredientes, data do produto e a data de validade. E eu pensei: “Até que ponto nos parecemos com isto, a nossa vida enquanto seres humanos e produtos?”. Temos data de nascimento, qualificações pessoais e valores de vida. A única coisa que nos falta saber é qual será o último dia das nossas vidas. Fiquei intrigada e isso levou-me a reflectir sobre o que, de facto, me interessa, neste preciso momento. Foi aí que quis começar a escrever um guião sobre a vida de uma rapariga, desde a sua juventude até à velhice, e de como ela vai enfrentando as diferentes dificuldades ao longo da vida. Além disso, procura também a coisa mais importante da sua vida. Espero que, com este espectáculo, e em conjunto com o público, possamos encontrar uma resposta para ela e para mim. Como vai ser o espectáculo, exactamente? O palco será num supermercado e o espectáculo decorre durante as horas de abertura do estabelecimento. Durante a performance o público vai ter auscultadores com descrições áudio da história do espectáculo. Vai ser uma viagem sobre a mudança entre a realidade (o supermercado que funciona nas horas de expediente) e a ficção (o espaço teatral) e a protagonista (que serei eu). Todos estes elementos vão guiar o público para diferentes fases da vida da protagonista, e vão levar as pessoas a perceber como é que ela cresceu e se transformou entre uma idade e outra. Vão também decorrer sessões de jogos e outras actividades interactivas ao longo do espectáculo, que está cheio de gargalhadas e emoção. Que mensagem pretende transmitir com este espectáculo? Aproveitem o momento. Com esta actuação especial gostaria de recordar às pessoas que, independentemente do quão stressante a vida pode ser, e de como algumas memórias podem ser dolorosas, ou até de como nos arrependemos de algumas decisões que tomamos, nunca nos podemos esquecer que não há nada melhor do que aproveitar o “momento”. Qual é a importância de fazer espectáculos em lugares onde as pessoas vão diariamente, como é o caso dos supermercados? Tem tudo a ver com a investigação de um propósito meu, que é a forma como vivo o momento presente. Talvez seja uma auto-reflexão filosófica no teatro sobre a minha própria vida. Shakespeare disse uma vez: “O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e mulheres são meros actores”. Pergunto-me como é que as pessoas encaram estas palavras. O teatro pertence à vida mas está além dela, então como é que encaramos a vida? Como é que todo o “momento” que acontece em palco é diferente daquele que acontece na vida real? Para encontrar a resposta, a ideia de “pôr no palco a vida real” não me saía da cabeça, numa tentativa de “construir a ficção sobre a realidade”, e chegar a ideias mais profundas que variam entre os dois “momentos”. Espero quebrar o status quo teatral ao mudar o auditório, mudando, assim, a perspectiva do público, para que o possa levar a ter a uma experiência ainda mais única. Acha que este tipo de projectos deveriam acontecer mais em Macau? Porquê? Em termos de dimensões e estilos, há variadíssimos supermercados em Macau, mas a viabilidade desta performance não está limitada à nossa comunidade. Cada região e país têm os seus próprios supermercados com características diferentes, além da história que é gravada previamente, e depois difundida no palco, podemos perfeitamente imaginar em colocar este espectáculo em qualquer supermercado do mundo. Tudo o que precisamos é de uma mudança na linguagem e da tradução. Isso seria fascinante.