Hoje Macau EventosEd Sheeran foi o artista mais lucrativo ao vivo em 2018 [dropcap]O[/dropcap] músico britânico Ed Sheeran foi o artista com a digressão internacional mais lucrativa de 2018, com 379 milhões de euros de receitas e 4,8 milhões de bilhetes vendidos, foi ontem anunciado. De acordo com a Pollstar, além de liderar o ‘top’ das digressões mais lucrativas de 2018, Ed Sheeran bateu o recorde do mais bem-sucedido artista em 30 anos, desde que esta empresa norte-americana começou a compilar dados de actuações ao vivo. Nesta tabela, Ed Sheeran, que dará dois concertos no próximo ano em Lisboa, é seguido pela cantora norte-americana Taylor Swift, com 302 milhões de euros e 2,8 milhões de bilhetes vendidos na “Reputation tour”. Em terceiro lugar figuram Jay-Z e Beyoncé, na digressão conjunta “On the run II” que gerou 223 milhões de euros de receitas da venda de 2,1 milhões de bilhetes. A tabela dos dez artistas mais lucrativos inclui ainda Pink, Bruno Mars, The Eagles, Justin Timberlake, Roger Waters, U2 e Rolling Stones.
Hoje Macau EventosJoão Cutileiro recebe medalha de mérito cultural [dropcap]O[/dropcap] escultor João Cutileiro recebe hoje a medalha de mérito cultural, no dia em que é assinado o protocolo que formaliza a doação do espólio e casa-atelier, revelou ontem a ministra da Cultura de Portugal, Graça Fonseca. A homenagem ao escultor, de 81 anos, acontecerá no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, onde será assinado o protocolo que envolverá o Ministério da Cultura, o município e a Universidade de Évora. “Foi desbloqueado. Finalmente conseguimos chegar aos termos de entendimento. Vai ser aceite a doação, vamos ficar com a casa-atelier e vai ser atribuída a medalha de mérito ao João Cutileiro”, disse Graça Fonseca. Em causa está um processo que remonta a 2014, ano em que João Cutileiro manifestou interesse em doar a casa-atelier e parte do espólio. “Isto tem estado para ser concretizado. Era um dos ‘dossiers’ que tínhamos cá e ao qual demos prioridade por várias razões”, referiu a ministra da Cultura. Sem adiantar ainda os termos concretos da doação, Graça Fonseca referiu que a tutela ficará com a responsabilidade de fazer “a dinamização e programação da casa-atelier” do escultor. O artista pretende que a casa-atelier seja utilizada “para fins culturais/académicos relacionados com a sua produção artística, nomeadamente para o estudo e formação na área da escultura em pedra, onde se incluem atividades relacionadas com a realização de exposições, residências artísticas, visita e fruição pública”.
Hoje Macau EventosIC volta a lançar programa de subsídios para edição de álbuns [dropcap]O[/dropcap] “Programa de Subsídios à Produção de Álbuns de Canções Originais 2018”, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC), começa a aceitar candidaturas a partir de hoje, aponta um comunicado. Cada álbum seleccionado pode receber até ao montante máximo de 150 mil patacas, bem como “opiniões e conselhos de um júri profissional”. O IC irá escolher o máximo de oito candidatos, sendo que as candidaturas terminam no próximo dia 31 de Janeiro. O dinheiro atribuído cobre as “despesas de produção musical, design da capa, bem como de impressão dos álbuns em suporte físico”. O objectivo deste programa de subsídios “tem como objectivo cultivar mais talentos musicais locais nas áreas da criação e da produção musicais, apoiar a produção de álbuns de canções originais e o respectivo esforço promocional, incentivando os músicos a produzirem e publicarem mais trabalhos de qualidade, preparando-se para a expansão do mercado”. O IC, além de conceder subsídios, pretende “oferecer mais oportunidades de actuação aos candidatos seleccionados, de modo a promover os frutos criativos resultantes dos subsídios e melhorar a compreensão do público de Macau em relação à música original local”. Os subsídios serão atribuídos tendo em conta os critérios de racionalidade de orçamento, grau de perfeição das propostas de produção de álbum, grau de compatibilidade entre o álbum, a respectiva imagem e o mercado-alvo e criatividade da composição e das letras, entre outros.
Hoje Macau EventosPun-Leung Kwan é o próximo cineasta residente da Cinemateca Paixão [dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão realiza entre 12 e 19 de Janeiro a terceira edição do programa cineasta residente, sendo que desta vez o convidado é Pun-Leung Kwan, de Hong Kong. De acordo com um comunicado da própria cinemateca, esta iniciativa inclui a realização de workshops de cinematografia e palestras com a presença de Pun-Leung Kwan. O cineasta de Hong Kong colaborou com outros realizadores aclamados da região vizinha como Wong Kar-Wai, Stanley Kwan Kam-Pang e Ann Hui. Kwan trabalha não só em produções cinematográficas premiadas, mas o seu entusiasmo também se estende à fotografia, curtas metragens e realização de documentários. A palestra de Pun-Leung Kwan acontece a 13 de Janeiro, entre as 15h00 e 17h00, e intitula-se “Os Meus Encontros Cinematográficos”. A ideia é partilhar as inspirações que a aprendizagem da cinematografia lhe proporcionaram em diferentes fases da sua carreira, contando com Nicole Chan como oradora convidada. Para participar nesta actividade, será necessária a inscrição, gratuita, até ao próximo dia 10 de Janeiro, por email. O workshop, por sua vez, acontece entre os dias 18 e 20 de Janeiro, e também acontece mediante inscrição e pagamento de 600 patacas. Serão aceites apenas cinco pessoas para esta actividade. Filmes e documentários O leque de actividades fica completo com a exibição de vários filmes da autoria de Pun-Leung Kwan ou que contaram com a sua colaboração. Incluem-se os documentários premiados como “Solto no Vento”, co-realizado com Hsiu-Chiung Chiang, e “2046”, no qual trabalhou como director de fotografia com Christopher Doyle. Nesta película, ambos ganharam o prémio de melhor cinematografia na 24ª edição dos Prémios de Cinema de Hong Kong. Os filmes “Miao Miao” e “Mais Que Azul”, nos quais Kwan trabalhou como director de fotografia, também serão exibidos na cinemateca.
Andreia Sofia Silva EventosAniversário da RAEM | Clube Militar recebe obras de 34 artistas A terceira edição da exposição “Pontes de Encontro” é inaugurada esta quinta-feira, 20, para celebrar os 19 anos de transferência de soberania de Macau para a China. José Duarte, ligado à curadoria da mostra, afirma que o objectivo é mostrar o que de melhor e de novo se tem feito no ano que agora finda [dropcap]A[/dropcap] agenda da Associação de Promoção de Eventos Culturais (APAC) encerra este ano com uma exposição que marca, ao mesmo tempo, os 19 anos de existência da RAEM. A terceira edição da mostra “Pontes de Encontro” é inaugurada esta quinta-feira, contando com obras de 34 artistas, entre eles Alexandre Marreiros, Ana Jacinto Nunes, Gu Yue, Luna Cheong e José Dores, entre outros. José Duarte, ligado à curadoria do evento, revelou ao HM que o objectivo é mostrar os trabalhos de artistas mais consagrados, e com mais tempo de carreira, e outros que estão a dar os primeiros passos. “Temos uma espécie de amostra daquilo que os artistas de Macau estão a fazer hoje, não só em termos de utilização de técnicas mais tradicionais, como os óleos, acrílicos ou desenho, mas também de algumas obras em meios mais contemporâneos. Temos trabalhos digitais e com outros instrumentos de desenho e pintura além dos tradicionais.” Num comunicado, a APAC considera que o conteúdo da exposição “transmite uma forte mensagem sobre a diversidade e vitalidade das artes em Macau”, uma vez que “ela floresce ao longo de vários caminhos”. “Pontes de Encontro” apresenta, portanto, semelhanças às anteriores edições, não se organizando “em torno de um tema, técnica ou estilo específico”. “Ela procura proporcionar um reflexo da actividade dos artistas, através de obras que são representativas das suas preocupações criativas, estéticas ou temáticas actuais”, defende a APAC. Mais mulheres José Duarte, economista que está também ligado à APAC, denota que, nos últimos anos, apareceram não só mais artistas como mulheres no mundo das artes. “Há um grande número de artistas novos, de jovens que estão a tentar ter a sua vida ligada às artes, e há também um grande número de mulheres. Estas têm aparecido nas duas últimas gerações e há um peso muito significativo se compararmos com gerações anteriores”, contou. “Pontes de Encontro” tenta, assim, “criar espaço para um diálogo visual entre artistas de diferentes gerações e estilos”. Neste sentido, este ano a exposição conta “com um maior número maior de trabalhos baseados em novos media”, sendo “um local de encontro para múltiplas ideias e formas de expressão”. A iniciativa acontece até ao dia 6 de Janeiro e conta com o apoio da Fundação Macau, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), do Grupo Sam Lei, e do Comendador Ng Fok. José Duarte espera “um número de visitantes significativo”. “A localização do Clube Militar é bastante boa, por ser central e próximo dos circuitos dos turistas. Temos sempre um número elevado de turistas e espero que as pessoas apreciem a exposição”, concluiu.
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - EspecialFestival Cinema | “Clean-Up” da Coreia do Sul arrecada prémio para melhor filme O filme sul coreano “Clean Up” ganhou o prémio para o Melhor Filme na 3ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau que terminou na passada sexta-feira. Também fortemente elogiado pelo júri e distinguido com a melhor realização e melhor interpretação foi o filme dinamarquês “The Guilty” [dropcap]T[/dropcap]erminou na passada sexta-feira a 3ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. O evento fechou com a entrega de prémios aos vencedores e o galardão para o melhor filme foi para o sul coreano “Clean Up”, de Kwon Man-ki. A distinção foi “uma verdadeira surpresa” para o cineasta. De acordo com o realizador, o maior desafio foi o orçamento, até porque “foi uma produção de baixo custo que acarretava muita pressão para que o filme fosse terminado o mais rápido possível”, apontou após a entrega do prémio. O cineasta de “The Guilty”, Gustav Moller, levou para casa o prémio de melhor realizador. O filme dinamarquês, que também levou o galardão para o melhor actor, com a interpretação de Jakob Cedergren, foi destacado pelo júri pelo seu atrevimento. A película desenrola-se toda num único cenário sendo um filme “arrojado e difícil de filmar”. A melhor actriz deste ano foi a alemã Aenne Schwarz, com a sua interpretação no filme “All Good”. Já o prémio especial do júri foi para o filme argentino “White Blood” da realizadora Barbara Sarasola-Day. Segundo a cineasta, os desafios na rodagem da história que conta a relação complicada de uma traficante de droga com o seu pai, prenderam-se com a própria localização das filmagens. “O filme foi filmado, em grande parte junto da fronteira entre a Argentina e a Bolívia, numa terra remota. A equipa tinha que se deslocar para lá durante longos períodos de tempo e nem sempre era um cenário seguro”, comentou após ter recebido o prémio. Kaloyan Bozhilov, director de fotografia de “Ága” que trouxe ao grande ecrã a tundra siberiana arrecadou o prémio para a melhor contribuição técnica . Barnaby Southcombe ganhou a estatueta para o melhor argumento com “Scarborough”, o filme que retrata as relações de dois casais com amores proibidos. O jurí atribui ainda uma menção especial ao filme japonês “Jesus” e o prémio do público foi para a produção mexicana “The Good Girls”. Nesta edição, a avaliação dos 11 filmes em competição foi feita por Chen Kaige, que presidiu ao júri também composto pela realizadora de Hong Kong, Mabel Cheung, a actriz indiana Tillotama Shome, o produtor australiano Paul Currie e o realizador bósnio Danis Tanovic. As estreias Este ano o maior evento dedicado à sétima arte no território teve uma nova secção, dedicada ao cinema em língua chinesa. O vencedor foi “Up the Mountain” de Zhang Yang. Em competição estavam mais cinco películas: “Dear Ex”, “Baby”, “Xiao Mei”, “Fly By Night” e “The Pluto Moment”. As curtas metragens de realizadores locais também tiveram um espaço para serem exibidas. Este ano, 14 trabalhos do projecto “Macau – O Poder da Imagem” foram apresentados em três sessões, com o filme “The Melancholy of Gods” de Lei Cheok Mei a ser distinguido com o Prémio Especial do Júri, e “Halfway” de Ng Ka Lon com a Menção Especial. “Suburban Birds” recebeu o Prémio NETPAC (Network for the Promotion of Asian Cinema – Rede de Promoção do Cinema Asiático enquanto o filme “Crazy Rich Asians” recebeu o Prémio de Filme Sucesso de Bilheteira Asiático de 2018. Nesta edição houve ainda espaço para o Prémio das Próximas Estrelas Asiáticas da Variety que distinguiu ainda cinco actores: Anne Curtis, Iqbaal Ramadhan, Zaira Wasim, Xana Tang e Ryan Zheng Kai. Os premiados Melhor filme – “Clean Up” Melhor Realizador – Gustav Moller – “The Guilty” Melhor Actor – Jakob Cedergren – “The Guilty” Melhor Actriz – Aenne Schwarz – “All Good” Melhor Contribuição Técnica – Kaloyan Bozhilov (director de fotografia) – “Ága” Melhor Argumento – Barnaby Southcombe – “Scarborough” Melhor Jovem Actor – Abhimanyu Dassani – “The Man Who Feels No Pain” Menção Especial – “Jesus” Prémio do Público – “The Good Girls” Prémio de Carreira “Espírito do Cinema” – Chen Kaige Prémio do Melhor Filme Chinês – “Um The Mountain” Prémio NETPAC (Network for Promotion of Asian Cinema) – “Suburban Birds” Prémio Filme de Sucesso de Bilheteira Asiático – “Crazy Rich Asians” Prémio das próximas Estrelas Asiáticas da Variety – Anne Curtis, Iqbaal Ramadhan, Zaira Wasim, Xana Tang e Zheng Kai Secção Macau – O Poder da Imagem Prémio Especial do Júri – The Melancholy of Gods” de Lei Cheok Mei Menção Especial – “Halfway” de Ng Ka Lon
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - EspecialChen Kaige, realizador, presidente do júri do MIFF: “Sinto falta do tempo em que gostávamos uns dos outros” “Farewell my Concubine” e “Life on a String”, realizados por Chen Kaige, foram filmes responsáveis pelos primeiros contactos do Ocidente com o cinema chinês. Aos jornalistas, o realizador, que esteve no território a presidir o júri da 3ª edição do Festival Internacional de Cinema, falou das transformações sociais da China que considera estarem a ser pagas com a perda de valores como a solidariedade e a confiança Nos seus filmes aborda a história recente da China em “Farewell my Concubine” ou “Life on a String”, bem como as transformações sociais contemporâneas em “Caught in the Web”, ou mesmo a história antiga trazida por “Legend of the Demon Cat”. Que diferenças existem em fazer filmes que retratam dinastias, passam pela Revolução Cultural e abordam o mundo contemporâneo? [dropcap]À[/dropcap]s vezes olho para a minha vida e sinto que, de certa forma, tem sido muito dramática. Posso dizer que não tive aquilo a que se chama de uma infância bonita. Naquela altura, a China era um país muito isolado, muito fechado ao mundo. Nós basicamente não sabíamos nada sobre o que se passava fora do país. Ainda não tinha 17 anos quando fui enviado para um campo de trabalho. Depois fui mandado para o exército, e daí para uma fábrica, numa província remota da China. Sentia muito a falta da minha família que estava em Pequim naquele momento. Tudo mudou com o começo da reforma económica. A China abriu as portas ao mundo. Houve uma espécie de revolução, devo dizer, mas agora uma revolução económica. Foi nesta altura que foi autorizado, novamente, o acesso à universidade. Entrei como estudante para a Beijing Film Academy e comecei a minha carreira. Devo dizer que nos últimos 40 anos há uma mudança incrível no país e que envolveu biliões de pessoas. Acho que meu destino também mudou. Nunca pensei que poderia ser realizador de cinema. Nunca pensei que tivesse a sorte de ter um prémio em Cannes. Acho que tudo isso foi um presente concedido pelo tempo. Mas, voltando à questão, prefiro fazer filmes contemporâneos e que se debrucem sobre as mudanças da China. Infelizmente não há muitos filmes que abordem ainda este aspecto. Por outro lado, uma das razões que me leva a olhar para trás através do cinema, é para aprender alguma coisa com o que se passou. Acho que tivemos que pagar um preço demasiado alto pelas mudanças que estão a acontecer no país. A China, o nosso comportamento, o relacionamento entre as pessoas e a estrutura da sociedade, tudo mudou completamente. Acabámos por perder muitas coisas que costumavam ser preciosas para nós. Na escuridão da história, podemos ver as coisas que têm sido perdidas e que na altura brilhavam. É por isso que gosto de voltar à história e trazer aqueles valores para o mundo actual, para mostrar o que tínhamos e o que perdemos. Que tipo de coisas? A sociedade vive agora em competição permanente. A relação entre as pessoas mudou. O outro é visto como um concorrente e não necessariamente como um amigo. Mas no passado sabíamos até como respeitar um concorrente. Quando era miúdo e morava em Pequim, as pessoas eram muito educadas e cordiais umas com as outras. Gostava muito disso. Pessoalmente, não me importo com o quão forte a sociedade possa ser, quão forte a nação possa ser. O que me importa, e o que também quero mostrar nos meus filmes, é como as pessoas podem ser boas umas com as outras. Sinto falta do tempo em que gostávamos uns dos outros. Acha que seus filmes podem ajudar a trazer de volta esse tipo de relação? A minha voz é muito fraca. A minha voz não é ouvida por milhões de pessoas. Talvez seja eu que esteja errado. De qualquer forma, tento dar uma energia positiva às pessoas, seja a partir da actualidade, seja através da história. Por outro lado, não espero que as pessoas gostem disso. O que me importa é que o possa fazer e que possa acreditar que é este tipo de sentimento humano que fez de mim um cineasta, desde o início. Existe algum período específico na história da China que lhe interesse particularmente? Passei seis anos a fazer o meu último filme – “Legend of the Demon Cat”. Parece muito comercial, mas tem um significado profundo. É sobre a dinastia Tang que, para mim, é a mais bela dinastia da história da China. Era uma dinastia muito aberta ao mundo e que aceitava pessoas de todo o lado: da Coreia, do Irão, da Ásia Central e talvez mesmo da Europa. Estava sediada na actual cidade de Xi´An. Quando estava a pesquisar nos registos históricos, constatei que talvez mais de quarenta mil estrangeiros também viviam ali e podiam mesmo tornar-se oficiais caso passassem nos exames. Houve muitos japoneses que, por isto, vieram a ocupar altos cargos no país. Era uma dinastia que se baseava na hospitalidade, na confiança. São bons exemplos para mostrar o que fomos naquela altura. Foi com películas como o “Farewell my Concubine” que o Ocidente teve os primeiros contactos com o cinema chinês tendo-se rendido a muitos filmes assinados por si. O que acha que motivou este interesse pelo cinema da China? Devo dizer que tive muita sorte por ter tido o tempo do meu lado. Naquela época, as pessoas do ocidente, incluindo os críticos de cinema, não sabiam mesmo nada sobre cinema chinês. Provavelmente nem sabiam que havia cinema feito na China. Talvez por isso, por existir esta novidade, a porta foi-nos logo aberta. Ainda me lembro de alguns críticos de cinema ocidentais nos visitarem em Hong Kong onde assistiram a “Yellow Earth”. Depois de verem o filme, vieram ter comigo para dizer que tinham gostado. Acho que este reconhecimento, não a mim pessoalmente, mas ao cinema chinês, é histórico. Ainda assim os seus filmes ainda podem ser considerados uma excepção dentro do cinema que consegue entrar no mercado do ocidente. Na sua opinião porque é que há tantas dificuldades para o cinema chinês entrar nos outros mercados? Alguns filmes como os meus ou os de Zhang Yimou podem ser considerados bem-sucedidos talvez porque existia uma certa curiosidade por um país ainda desconhecido. Não sei porquê, mas de facto o ocidente não presta muita atenção aos filmes da indústria chinesa que é cada vez maior. O que sinto é que também existe muita concorrência que acaba por pressionar os cineastas a optarem por filmes que ganhem dinheiro de forma a fazerem os investidores felizes. No meu caso, sempre continuei a dizer para mim próprio que queria continuar a ser eu nos filmes que fazia e faço. Caso contrário, um realizador perde-se e acaba por não conseguir fazer nada de bom. Penso que ainda existe um futuro no Ocidente para o cinema feito na China, mas não é hoje, não é agora. Vamos ver. Há sempre sonhadores e jovens cineastas que querem fazer trabalhos interessantes. Mas, como a situação e a competitividade são difíceis, acabam por optar por ganhar dinheiro. É muito complicado. Acha que os actuais filmes chineses são muito comerciais? Sim, muitos deles são muito comerciais. Eu não sou contra filmes comerciais. Há muitos que são significativos. Mas penso que devemos criar um ambiente em que os jovens realizadores se sintam confortáveis e que consigam, com os trabalhos que fazem, ter mais auto-confiança. É por isso que estou aqui. Como definiria um filme? Não quero dizer que os filmes são a minha vida. Eu não sei o que poderia fazer além de filmes. Não há mais nada que realmente me interesse. Não quero ser um bilionário ou ganhar mais fama. Por isso, para permanecer quem sou, pergunto-me repetidamente: se mudei nestes últimos 33 anos, para que possa perceber quem ainda sou. É mais difícil agora fazer cinema acerca das mudanças actuais da sociedade chinesa? Acho que os tempos mudaram e que os filmes são feitos numa altura que lhes é favorável. Não me surpreende que o “Farewell my Concubine” tenha sido feito nos anos 90 e acho que não poderia ser feito hoje. O tempo confere pontos de vista e perspectivas diferentes. As conexões são feitas consoante o tempo e é aí que sabemos como combiná-las para que funcionem. É difícil responder a essa questão, mas sou um optimista e tento olhar para o lado bom das coisas. Lidou pessoalmente com a censura. Como é que vê este limite agora? No passado, digamos há 25 anos, quando havia censura recebíamos apenas um pedaço de papel, agora recebemos um telefonema de uma autoridade a querer falar connosco acerca do filme. Isto significa que há a possibilidade de comunicação. As pessoas que estão no comando e os próprios cineastas têm um relacionamento melhor agora, do que tinham antes. Podemos conversar, podemos argumentar. Desta forma as pessoas podem perceber que não queremos fazer nada contra a sociedade. Que projectos está a preparar agora? Acho que vou fazer algo interessante, mas têm que esperar para ver. Será, definitivamente, um filme contemporâneo e joga com a harmonia por um lado, e por outro com o chicote. A sociedade é como um rio em que a água pode fluir e pode falhar. Estou a tentar encontrar a perspectiva. Não quero fazer qualquer julgamento. Na minha opinião não há pessoas boas e pessoas más. Só pessoas. É nisto que estou a trabalhar. Não posso dizer detalhes sobre a história, mas é sobre os dias de hoje. Trabalhou como actor com Bernardo Bertolucci em “The Last Emperor”. Como foi? Bernardo Bertolucci era um homem de verdade e foi também uma criança até morrer. Um homem com um grande sentido de humor e que estava sempre a sorrir. A primeira coisa que fez quando chegou a Pequim foi telefonar-me. Eu não era muito bom a falar inglês naquela altura. Convidou-me para jantar e disse que tinha um pequeno papel para mim no filme, para não me preocupar que qualquer um o poderia fazer. Eu perguntei porque me tinha escolhido a mim, ao que me respondeu que isso iria fazer a diferença e que queria que o meu rosto fosse visto. Tinha 33 anos, fiz isso por ele, e na cena acabei por cair do cavalo. Quais são os seus filmes favoritos? O meu filme favorito é o que ainda vou fazer. Isto é mesmo verdade. A esperança é sempre grande, enquanto a realidade é assim, pequena.
Hoje Macau EventosOrquestra de Macau actua com Tianwa Yang em Janeiro [dropcap]A[/dropcap]contece no próximo dia 19 de Janeiro o concerto protagonizado pela Orquestra de Macau que, pela primeira vez, actua em palco com a violinista chinesa Tianwa Yang. O espectáculo acontece por volta das 20h00 no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) e os bilhetes já se encontram à venda. O concerto será dirigido pelo maestro Lu Jia. O programa deste concerto inclui a Sinfonia Espanhola do compositor francês Edouard Lalo. Em homenagem ao compositor alemão Richard Strauss, no 70º aniversário da sua morte, serão apresentadas duas das suas obras-primas sinfónicas clássicas, Don Juan e Tod und Verklarung (Morte e Transfiguração). Tianwa Yang começou a aprender violino aos quatro anos de idade e ganhou o primeiro prémio em vários concursos na China aos cinco anos de idade. Aos onze anos foi convidada a actuar com várias orquestras filarmónicas, tanto na China como no estrangeiro, tendo recebido o título “Estrela de Amanhã” de Seiji Ozawa. Aos treze anos tornou-se a artista a mais jovem na história da música a gravar os 24 Caprichos de Paganini, batendo o recorde mundial. Além disso, foi considerada pelos órgãos de comunicação social americanos e europeus como “uma mestre inquestionável do violino” e “a mais importante violinista a surgir em muitos anos”. Actuou com numerosas orquestras de renome internacional, incluindo a Orquestra Sinfónica de Detroit (Estados Unidos), Orquestra Sinfónica de Vancouver (Canadá), Orquestra Filarmónica Real (Reino Unido), Orquestra Sinfónica Alemã em Berlim (Alemanha) e Orquestra do Centro Nacional de Artes Performativas da China (China). O custo dos bilhetes varia entre as 150 e 250 patacas.
Andreia Sofia Silva EventosExposição | “Cidade Ilustrada” para ver no espaço Ponte 9 até Janeiro O Centro de Arquitectura e Urbanismo, localizado no espaço Ponte 9, recebe até 4 de Janeiro a exposição da artista Winky Lam, intitulada “Cidade Ilustrada”. O objectivo é estabelecer uma interacção com o público, que pode pintar um painel de 18 metros de comprimento [dropcap]P[/dropcap]or estes dias a realidade é transformada pela via da imaginação no espaço Ponte 9, localizado na zona da Barra e que serve de casa ao Centro de Arquitectura e Urbanismo (CURB). Nuno Soares, arquitecto e presidente desta associação de cariz cultural, é o curador de “Cidade Ilustrada”, a exposição de Winky Lam que estará aberta ao público até ao próximo dia 4 de Janeiro. Lam, licenciada em artes visuais pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) e docente no Colégio Diocesano de São José, criou um painel de 18 metros de comprimento que pode ser pintado por todos aqueles que visitem a exposição. “Tinha esta ideia desde o início do ano de fazer uma exposição que fosse aberta a todas as idades e que trouxesse famílias ao CURB para participar nesta obra colectiva”, começou por contar Nuno Soares ao HM. O arquitecto queria mostrar o trabalho de um artista de Macau “que fizesse um panorama urbano da cidade e que depois os participantes viessem e editassem esse panorama”. A inauguração aconteceu no passado sábado e contou com a presença de 50 pessoas, que pintaram o mercado vermelho de cor verde e transpuseram para o painel elementos de diferentes culturas que coexistem no território. “Há intervenções imprevistas, como um espaço que a Winky desenhou de Macau em que foi feito um telhado, semelhante aos que existem nos templos, e depois alguém desenhou um relógio tradicional com ingredientes de mercearia chinesa.” Apesar de todas as transformações a que a obra estará sujeita até Janeiro, Nuno Soares garante que o traço original do artista se mantém. “Acho que o trabalho da artista está muito evidente. A ideia não é que as outras pessoas pintem a ideia da Winky, mas sim que haja mesmo uma colaboração. Há um traço marcante que organiza toda a exposição, pois vê-se a mão do artista, mas vê-se muito outras coisas por cima disso.” Uma questão de respeito A ideia por detrás de “Cidade Ilustrada” é que Macau é um território feito e construído a várias mãos e com diferentes perspectivas. Nuno Soares quis promover “um diálogo entre o artista, o CURB e a população em geral, tendo esta ilustração como base”. “Foi a primeira vez que organizamos um evento deste género. Foi muito surpreendente e muito agradável. Passamos a tarde com a artista e surpreendeu-nos muito o resultado, porque há um desenho base e depois as pessoas vão pondo a sua interpretação por cima, os seus pormenores e cores. É uma ilustração muito longa e colorida, tem zonas diferentes mas fica coerente”, acrescentou Nuno Soares. Para o arquitecto, a presença de várias mãos a editar a obra mantém “o respeito, a colaboração e uma interacção muito interessante”. “Cidade Ilustrada” é uma exposição que conta com o apoio do Instituto Cultural e da Associação para Desenvolvimento de Mulher Nova de Macau, recentemente criada. A iniciativa encerra o plano de actividades do CURB para este ano, que recentemente trouxe para o território o Open House Macau, um evento mundial que levou a população aos principais monumentos e espaços arquitectónicos da cidade.
Hoje Macau EventosFotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro distinguido em prémio [dropcap]O[/dropcap] fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há oito anos, foi distinguido em duas categorias dos prémios Chromatic Photography, tendo ficado em segundo lugar na categoria de Arquitectura – com a foto Glitz and Grit – e em terceiro lugar na categoria de Retrato – com a imagem Hope and Belief. Gonçalo Lobo Pinheiro foi a concurso com duas fotografias que fizeram parte do ensaio fotográfico (com texto de Matthew Keegan) publicado no jornal britânico The Guardian em Outubro passado e intitulado “Multibillion-dollar Macau: a city of glitz and grit – photo essay”. O trabalho revela “os contrastes e as desigualdades sociais cada vez maiores em Macau que, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, será a cidade mais rica do mundo em 2020”, aponta um comunicado.
Hoje Macau EventosMAM acolhe exposição que mostra estilo da “Escola de Xangai” [dropcap]I[/dropcap]naugura esta terça-feira a exposição “Escola de Pintura de Xangai – Colecções do Museu do Palácio”, que ficará patente no Museu de Arte de Macau (MAM). De acordo com um comunicado, estarão expostas cerca de 90 obras que vão mostrar ao público “a partir de uma perspectiva tridimensional os elementos artísticos diversificados da ‘Escola de Xangai’”. Os visitantes poderão, assim, conhecer 20 representantes desta corrente artística, tal como “Os Quatro Ren”, “Os Três Xiong”, Wu Changshuo, Zhao Zhiqian e Xu Gu. Esta iniciativa parte de uma cooperação entre o Instituto Cultural, Direcção dos Serviços de Turismo e Museu do Palácio de Pequim, entre outras entidades.
Hoje Macau EventosJoão Morgado lança novo romance sobre o período da Inquisição É lançado na próxima segunda-feira o novo romance do escritor João Morgado, um dos convidados do festival literário Rota das Letras de 2017. A obra chama-se “O Livro do Império” e tem a chancela da editora Clube de Autor [dropcap]O[/dropcap] período da Inquisição em Portugal é o tema central do novo livro do escritor português João Morgado que será lançado na próxima segunda-feira em Lisboa. “O Livro do Império” tem a chancela da editora Clube de Autor e retrata Portugal numa fase em que o país “tem um império em declínio, com um rei destemido, mas influenciado por uma nobreza e clero corruptos”. Perante este cenário, a Inquisição “não hesita em prender, matar e destruir as mentes e as obras mais brilhantes”. O romance do escritor que foi um dos convidados da sexta edição do festival literário Rota das Letras “narra a vida de um poeta arrependido e a história de Portugal em vésperas da batalha de Alcácer-Quibir”. Nessa altura, Espanha “observa a decadência de Portugal, joga com o poder e o apoio dos jesuítas, e mantém a esperança de voltar a dominar toda a península”. Surge então um “trota-mundos sem eira nem beira”, apesar de levar uma vida de “prisões, putaria e inimigos poderosos”, decide “cantar as glórias desse povo num poema épico que lembra todos ‘aqueles que por obras valorosas’ se foram da ‘lei da morte libertando’”. Contudo, “ao cantar uma estirpe de homens que se igualara a deuses, por contraste compunha também um libelo acusatório contra a depravação vigente”. O livro questiona, então “como foi possível que el-rei e o Santo Ofício tenham deixado publicar esta obra”. Paixão histórica Nascido em 1965, na Covilhã, João Morgado desde sempre esteve ligado ao romance histórico, tendo publicado o seu primeiro livro desse género em 2015, intitulado “Vera Cruz”, e que versa sobre a vida de Pedro Álvares Cabral, apresentando uma tese original sobre a descoberta do Brasil pelos portugueses. Depois da obra inaugural, João Morgado partiu para um romance biográfico sobre Vasco da Gama, publicado em 2016. Posteriormente, foi reeditado o “Diário dos Infiéis”, que foi adaptado ao teatro, bem como “Diário dos Imperfeitos”. Numa entrevista publicada no jornal Ponto Final, em Março do ano passado, João Morgado falou das diferenças deste novo livro face aos anteriores. “O terceiro romance já está escrito, mas ainda vai ficar em segredo porque não sei ainda quando é que o vou publicar. Mas vou falar de uma outra faceta, de uma outra fragilidade humana, certamente.”
Hoje Macau EventosFundação Oriente | Jornalista Sílvia Gonçalves vence prémio [dropcap]A[/dropcap] jornalista Sílvia Gonçalves, editora do jornal Ponto Final, é a vencedora da edição deste ano do prémio Macau Reportagem, atribuído pela Fundação Oriente (FO). O trabalho distinguido foi uma reportagem sobre o tufão Hato, intitulada “Destruição e desalento, no dia em que o Hato sacudiu a cidade”, publicada no diário a 25 de Agosto do ano passado. O júri escolheu este trabalho jornalístico por unanimidade, uma vez que se trata de um “tema de grande impacto para Macau do ponto de vista social e económico, proporcionando uma visão ampla e credível do acontecimento alvo da reportagem, visão essa que se encontra sustentada por testemunhos transversais e ilustrada por elementos fotográficos de manifesta expressividade”. Além disso, “da perspectiva linguística, o trabalho sai ainda valorizado pela amplitude vocabular e por ser um texto estruturalmente sólido. Em suma, é um trabalho que respeita todos os princípios jornalísticos de uma boa reportagem”, considera a FO. Salomé Fernandes e Viviana Chan, jornalistas do Jornal Tribuna de Macau, foram distinguidas com uma menção honrosa com a reportagem “Não residentes enfrentam entraves à maternidade”, publicada a 28 de Dezembro de 2017. Para esta edição concorreram dez jornalistas que enviaram um total de 12 trabalhos. O prémio tem um valor de 50 mil patacas e visa “premiar o melhor trabalho jornalístico sobre Macau, nas vertentes cultural e sócio-económica, publicado em órgãos de comunicação social da RAEM e de Portugal”. O júri é constituído pela coordenadora da delegação da FO em Macau, Ana Paula Cleto, e por mais quatro elementos: Harald Bruning, director do jornal “The Macau Post Daily”, Joaquim Ramos, director do Instituto Português do Oriente, Maria José Grosso, professora da Universidade de Macau e Rosa Bizarro, professora do Instituto Politécnico de Macau. O prémio é entregue em Janeiro do próximo ano.
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - Especial“Industry Hub” | Júri justifica premiação dos dois projectos locais Antes ser criticado por premiar os dois projectos locais que se apresentaram na secção “Industry Hub”, do que não dar oportunidade a filmes que prometem qualidade só porque são de Macau. A ideia foi deixada pelo membro do júri desta secção do Festival Internacional de Cinema ao HM, Evan Louis Katz, que assim justificou os galardões atribuídos a Tracy Choi e a Wang Chac Koi [dropcap]O[/dropcap]s dois projectos locais seleccionados para a secção “Industry Hub” do Festival Internacional de Cinema projecto foram galardoados. “Lost Paradise” da realizadora Tracy Choi venceu, o primeiro prémio no valor de 15 mil dólares americanos, enquanto o prémio “Espírito de Macau”, foi atribuído a Wang Chac Koi com o projecto “Wonderland” no valor de cinco mil dólares americanos. A avaliação dos 14 projectos internacionais que integraram esta secção do festival ficou a cargo do realizador Evan Louis Katz, do produtor Philip Iee e da especialista em formação de cinema Jane Williams. Em declarações ao HM Katz justificou a premiação dos projectos de Macau. “Sei que muitas pessoas vão criticar o facto de existirem dois vencedores locais e sabe que mais? Queremos enfrentar essa crítica porque sentimos que estes projectos são tão fortes que nos sentiríamos realmente mal se não incluíssemos estes dois filmes entre os premiados só por estarmos preocupados com o que as pessoas vão dizer. Tracy Choi e Wang Chac Koi conseguiram trazer os seus projectos até nós, têm óptimas equipas e aguardo para ver estes filmes nas salas de cinema.”, começou por dizer, peremptoriamente, o realizador norte-americano. Comédia negra e humana Quanto à escolha de “Wonderland”, o júri foi conquistado logo com a forma como o filme foi apresentado. É uma comédia negra que me conquistou logo pelo seu aspecto divertido e pela forma como o projecto foi apresentado em que parecia que estava a assistir a uma stand up comedy”, refere Katz. A par do elemento divertido, trata-se de um projecto que “conta parte da realidade de Macau, em que os emigrantes vêm para cá em busca de dinheiro e depois voltam à sua terra natal, abordando a forma como sentem as transformações da sua identidade”, acrescentou. Em suma, o júri considerou que estava perante uma “história que entre o crime, o drama e a comédia capaz de tocar temas mais sensíveis como o da emigração e o que é estar longe de casa”. Este último factor confere à película uma temática mais universal. “Gosto sempre de ver um filme de género que ao mesmo tempo traz uma reflexão sobre pessoas, e todas as oportunidades que tivermos para ter este género de filmes no ecrã são importantes”, conclui Katz relativamente ao filme de Wang. Provas dadas Já o projecto “Lost Paradise” de Tracy Choi arrebatou o júri por representar um desafio. O filme trata de uma matéria que vai ter dificuldades em ter o seu público. Isto seria factor suficiente para não apostar no seu financiamento, considerou o membro do júri. No entanto, a realidade é a oposta. “Tracy Choi não é nova a fazer filmes e tem-se sempre aventurado na abordagem de questões complexas e que nem sempre são fáceis, e é bem sucedida nisso”, referiu Evan Louis Katz. A realizadora local já tem provas dadas e conhecidas do júri. “É uma equipa que trabalha muito para conseguir tratar de temas ligados à comunidade LGBT, à gravidez na adolescência, que são assuntos difíceis de se trazer ao ecrã e em que não é fácil conseguir financiamento. E, de facto, têm feito isso e são inspiradoras”, sublinhou. Katz não deixou de recordar o filme que arrecadou o prémio especial do júri na 1ª edição do maior evento dedicado à sétima arte de Macau, atribuído a “Sisterhood” também de Tracy Choi, e que serve de exemplo de credibilidade para a realizadora. “’Sisterhood’ teve óptimas críticas internacionais, portanto agora com a abordagem do assédio sexual no ponto de vista da vítima, e sabendo que consegue fazer aquilo a que se propõe, achamos que deve ter uma oportunidade no financiamento deste novo projecto”, rematou.
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - Especial“Diamantino” | O filme premiado em Cannes foi a única representação portuguesa no MIFF “Diamantino”, a primeira longa-metragem de ficção de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, foi o único filme português seleccionado para a 3ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. Diamantino é um retrato de uma realidade “universal” com toques de surrealismo e de comédia que se tem mostrado do agrado de diferentes públicos e críticos trazendo ao ecrã uma odisseia delirante, que envolve neofascismo, crise dos refugiados, modificação genética e a busca pela origem da genialidade. Além de Carloto Cotta, o elenco desta coprodução entre Portugal, Brasil e França inclui Cleo Tavares, Anabela Moreira, Margarida Moreira, Carla Maciel, Filipe Vargas e Manuela Moura Guedes. Daniel Schmidt esteve em Macau para apresentar a película e numa entrevista colectiva falou sobre o sucesso inesperado de “Diamantino”, um filme que pensava vir a ser um desastre De que trata o filme “Diamantino”? [dropcap]É[/dropcap] um conto de fadas contemporâneo, que se passa em 2018, sobre um jogador de futebol famoso, um ícone nacional, que perde a final de uma taça do mundo por falhar um penálti. Diamantino entra em crise psicológica e começa à procura de um novo significado para a vida. Acaba por adoptar uma criança refugiada. Ao mesmo tempo, Diamantino está rodeado de pessoas que tentam manipular a sua fama, e que vão desde o representantes do Governo português à sua família. Todos tentam perverter a sua vida. Mas porque se trata de uma pessoa muito inocente e que tem, de alguma maneira, uma relação ambígua com o mundo, Diamantino acaba por distorcer o que lhe fazem e por se proteger. O que quiseram dizer com este filme? Penso que há muitas coisas de que queremos falar através de “Diamantino”. Um dos temas que tratamos é o excesso de temáticas. Vivemos constantemente expostos a isto, a todos os tipos de media em todo o lado, a todo o tipo de histórias. Depois temos uma celebridade que teria uma espécie de poder, mas que acaba manipulado por todas estas coisas. Queremos que as pessoas olhem para esta personagem e vejam como acaba por ser explorada por este tipo de forças. Há uma questão política e mesmo humana: esta personagem em vez de responder às ameaças que recebe de uma forma vingativa, não, Diamantino enfrenta os obstáculos com abertura e inocência e até com um certo grau de inaptidão para perceber a complexidade do mundo actual. Tem uma perspectiva simplista do que é o amor e a aceitação, e mostra até que ponto esta atitude é uma forma de responder a algumas das insanidades que vivemos hoje em dia. Trabalhou com um realizador português. O filme é em língua portuguesa e passa-se em Portugal. Como foi para si fazer um filme que usa uma linguagem e cultura que não é a sua? É um desafio e um privilégio. O Gabriel é português e já trabalhámos juntos antes em filmes em línguas que desconhecemos. Penso que estamos interessados em trazer uma espécie de linguagem de Hollywood para situações de outros países. Não como uma força colonizadora, mas como uma forma de destabilizar ou mesmo perverter Hollywood. Quisemos olhar para a sociedade contemporânea na perspectiva dos reality shows de Kim Kardashian, por exemplo. Há um certo grau de farsa neste filme. Por outro lado, foi uma forma para olharmos para a crise na Europa, a crise dos refugiados que vão além de Portugal. Mas há também muitas piadas portuguesas. Muitas delas eu não conhecia e tiveram que mas explicar. Para mim foi muito bonito fazer este tipo de trabalho dentro de um contexto que eu não compreendo completamente e em que aprendo mais do que no típico filme que é suposto eu fazer. De onde vieram os cãezinhos felpudos? Onde está Cristiano Ronaldo? E as irmãs de Diamantino, são as da Gata Borralheira? Os cães vieram de um desejo de mostrar o que se passava dentro da cabeça de Diamantino. Não queríamos ir à procura do cliché. Queríamos alguma coisa de surreal e com alguma imaginação. Acabámos por ser inspirados por textos de um autor que se debruçava sobre o génio dos atletas e que defende que alguns estão aptos a ter um desempenho excelente sob pressão por terem uma faceta mais idiota, ou seja, defendem que existe uma espécie de estupidez que lhes permite atingir excelentes desempenhos no que fazem. Ficámos interessados nesta ideia que considerámos bastante perversa. Mas não queríamos ter no Diamantino apenas um idiota. Queríamos ter uma coisa mais leve, com alguma ambiguidade e imaginação e mesmo com inocência. Os cachorrinhos apareceram como sendo uma boa opção. Cristiano Ronaldo é uma referência óbvia no filme, mas queríamos ter uma visão mais alargada dos jogadores de futebol. No que diz respeito à aparência, há muitos jogadores que usam aquele tipo de brincos de diamante, aquele penteado, que têm uma cara bonita e aquele tipo de físico. Queríamos chegar àquele aspecto até porque ajuda o público a perceber mais rapidamente e a identificar o personagem. Mas psicologicamente tirámos muito pouco do que poderá ser o Ronaldo, o Messi ou outros jogadores famosos. Para a sua personalidade tivemos em conta uma grande variedade de referências, desde a Britney Spears, a Forest Gump e Michael Jackson. Também procurámos personagens muito diferentes de Diamantino, mas que de alguma forma se podiam encaixar como Lance Armstrong. Cristiano Ronaldo não é uma referência directa, mas obviamente que dada a sua nacionalidade e a do filme e dada a sua profissão, é muito claro que até certo ponto o Diamantino pode ser identificado com ele. E as irmãs? Quantos às irmãs de Diamantino, foram definitivamente inspiradas nas irmãs da Cinderela. Queríamos que o filme fosse uma espécie de conto de fadas. Queríamos trazer esse espírito que todos conhecemos para assuntos contemporâneos. Claro que parece perverso, mas se olharmos bem para os contos de fadas que conhecemos, são histórias muito perversas e muito violentas, e que respondem a questões muito contemporâneas. Por outro lado, elas também adicionaram com a sua representação uma componente ligada ao cartoon e forma como representam não é nada diferente por exemplo da forma como as Kardashians por exemplo gritam uma com a outra. Há esta relação escorregadia entre a realidade e outros aspectos. O que mais gosta neste filme? Acho que é interpretação de Diamantino feita pelo actor Carloto Cotta. O Gabriel e eu sempre tentámos alcançar o prazer visual, mas nunca tínhamos feito nada com esta carga humana e carismática e que de alguma forma toca o coração das pessoas. Quando começámos a partilhar o projecto com o Carloto percebemos logo que tínhamos ali um terceiro colaborador além de nós os dois. Ele acabou por ser um de nós, desenvolveu o personagem e fez exactamente o que os grande actores fazem. Como é que tem sido a reacção do público? A reacção tem sido muito encorajante, ficámos muito surpreendidos. Pensávamos que o filme ia ser um desastre. Quando acabámos de filmar estávamos extremamente deprimidos e começámos a pensar o que iriamos fazer com aquilo para que não fosse vergonhoso. Acabámos por melhor do que isso. As pessoas parecem realmente gostar do filme. Conseguimos não só estar em Cannes como ser premiados. Outro aspecto que considero interessante é a abrangência de audiência que o filme tem tido. Já disse ao Gabriel que um dia podemos fazer um filme melhor, ou um filme com ainda mais visibilidade, mas acho que jamais faremos um filme que parece agradar um público tão diversificado. “Diamantino” tem sido seleccionado para festivais dedicados a guiões experimentais, ao cinema experimental, ao cinema fantástico, a filmes de género e para Cannes. Porque é que isso acontece? Penso que fizemos um filme que tenta abordar muitos dos assuntos contemporâneos. Os media por exemplo, estão sempre a interromper as nossas vidas. É um filme que acaba por tocar numa variedade de assuntos que vão de encontro a diversos públicos. Alguns consideram que é um filme que brinca com a temática do futebol e é o que querem ver. Outros acham que é um filme que usa de uma forma experimental o formato 16mm e alguns efeitos visuais. Outros acham que é um filme que tem uma história de amor comovente. Outros ainda pensam que é um filme sobre a crise política ou mesmo de ficção científica. Ao tentar abordar todos estes assuntos, o público consegue identificar-se sempre com algum aspecto. Digamos que é um filme que consegue encaixar em muitas gavetas.
Hoje Macau EventosÓpera | Novo livro de Shee Va lançado este sábado [dropcap]A[/dropcap] Fundação Rui Cunha (FRC) promove este sábado o lançamento da nova edição do livro de Shee Va, intitulado “Ópera no FIMM 18- Tomo III“. O autor é médico gastrenterologista e, segundo um comunicado da FRC, “alia ciência e arte no seu modo de vida”. Shee Va é descrito como um “auto-didacta no mundo da música e sensível à sequência das notas, o seu ritmo e dinâmica” e como alguém que “tempera as agruras da vida com a ópera”. “Servindo-se das óperas que Macau viu durante as edições dos trinta anos do Festival Internacional de Música de Macau, e acompanhando os passos de amadurecimento do personagem que levado pela primeira vez, por seu pai, a ver um espectáculo lírico, aos doze anos de idade, este Tomo III conclui a trajectória de aprendizagem desta criança, agora transformado em adulto jovem”, aponta a FRC. O livro, que se estende por três volumes, é “apenas um guia iniciático para todos aqueles que queiram conhecer o mundo da ópera”. O autor da obra abordou também “os motivos que conduziram os compositores à escolha dos enredos e as interpretações emotivas dos artistas sob visão dos directores de cena”. A apresentação do livro tem entrada livre e acontece às 17h.
Andreia Sofia Silva EventosEstudante de Macau participa em festival de teatro na Polónia [dropcap]L[/dropcap]ee Kam Ying, natural de Macau e actualmente a frequentar um mestrado no California Institute of Arts, integra um projecto de teatro experimental feito em parceria com companhias oriundas da Polónia e Estados Unidos, que estreia em Fevereiro no Festival Divina Comédia, a acontecer em Varsóvia. A peça, intitulada “Two-headed Calf” baseia-se numa compilação de textos do escritor polaco Stanisław I. Witkiewicz, abordando “o percurso feito pela personagem principal, Patricianello, em torno das palavras reais e metafísicas”, contou a designer ao HM. Lee Kam Ying integra a equipa como designer de vídeo. A possibilidade de participar neste projecto partiu de uma colaboração entre o centro de artes da universidade californiana e o Teatro Estúdio de Varsóvia. Para Lee Kam Ying, esta é uma oportunidade de conhecer dois mundos teatrais distintos. “Para mim, tem sido uma experiência única porque é a primeira vez que participo num espectáculo em tournée e também é bom ver como funciona o teatro em países diferentes. Estou habituada ao ambiente teatral nos Estados Unidos e o teatro polaco funciona de maneira diferente”, contou. Lee Kam Ying confessou que este projecto lhe deu a oportunidade de mergulhar no mundo do teatro experimental. “Também estou feliz por fazer parte deste processo porque é muito experimental, e as peças teatrais polacas baseadas no experimentalismo são muito famosas e únicas.” A estudante, que já trabalhou no território como designer gráfica, tenciona ficar mais uma temporada nos Estados Unidos, a fim de desenvolver novos contactos para a sua carreira. “Vou terminar o meu mestrado em Maio e depois estou a planear ficar nos Estados Unidos, pelo menos um ano, para que possa fazer mais projectos e expandir a minha rede de contactos. Trabalho com teatro e também com instalação de vídeo. Nos Estados Unidos há mais oportunidades, recursos e fundos para fazer aquilo que gosto.” Ainda assim, não descura o regresso ao território e um trabalho com as companhias de teatro. “Não me oponho a voltar para Macau e adoraria trabalhar com artistas locais no futuro, mas veremos como tudo corre”, rematou. Lee Kam Ying trabalha também como programadora criativa, estando interessada no uso experimental e contemporâneo dos media digitais. Em Macau, a designer fundou o Atelier Cocorico, que desenvolve projectos nesta área.
Hoje Macau EventosCinema | Casa Garden volta a acolher o NY Portuguese Short Film Festival [dropcap]A[/dropcap] Fundação Oriente e o Arte Institute anunciaram a realização em Macau, no próximo domingo, de um festival de curtas-metragens dedicado à divulgação do cinema português contemporâneo e de jovens realizadores lusos. A VIII Edição do NY Portuguese Short Film Festival terá lugar na Casa Garden entre as 17h e as 19h30. Organizado pela primeira vez em Junho de 2011, o evento foi o primeiro festival de curtas-metragens portuguesas nos Estados Unidos, sendo que, ao promover o evento anualmente em vários países, o Arte Institute pretende ampliar e conquistar novos públicos para o cinema português em todo o mundo. “O NY Portuguese Short Film Festival tem sido uma grande montra para o cinema contemporâneo português e tem aberto portas aos novos realizadores nacionais em termos de promoção e divulgação das suas curtas-metragens, até mesmo para participarem noutros festivais internacionais”, de acordo com a directora do Arte Institute, citada no comunicado. Do programa fazem parte os filmes “Ivan”, de Bernardo Lopes, “Iris”, de Paulo Renato Arroyo, “GRIND”, de Yuri Alves, “Tempo Vertical”, de Patrícia Andrade, “Sobre o filme que se segue” de José Lobo Antunes, “Vhils – Debris”, de José Pando Lucas, “Outono”, de Nádia Santos, “Tartus”, de Leonor Abreu e Francisco Mineiro, “Inspirações Portuguesas”, de António Freitas e Fábio Silva, “O Autor”, de Rui Neto, “Laura” de Tânia Dinis, “O Chapéu”, de Alexandra Alves e “First breath after coma”, de Casota Collective. O NY Portuguese Short Film Festival já esteve em todos os continentes, 23 países e 53 cidades. Fundado a 11 de Abril de 2011, o Arte Institute é uma organização pioneira, independente e sem fins lucrativos, sediada em Nova Iorque, que dinamiza a produção e difusão de artistas e projetos de arte e cultura contemporânea portuguesa. O Arte Institute organiza eventos em todos os continentes, nas principais capitais do mundo, e em áreas como cinema, artes plásticas, música, literatura, teatro e performance.
Hoje Macau EventosAntónio Lobo Antunes lamenta que Portugal e Espanha não sejam o mesmo país [dropcap]O[/dropcap] escritor António Lobo Antunes lamentou que portugueses e espanhóis não sejam cidadãos do mesmo país, numa entrevista dada ao jornal catalão La Vanguardia no âmbito da Feira Internacional do Livro de Guadalajara e publicada ontem. “Não consigo descobrir muitas diferenças entre a gente da península, somos a mesma coisa, temos a mesma maneira de reagir, embora se coma melhor na Catalunha do que em Portugal. É uma pena que não sejamos o mesmo país, todos os ibéricos. Filipe II de Espanha e I de Portugal tinha todo o direito de ser nosso rei, era neto do monarca legítimo”, afirmou Lobo Antunes logo na primeira resposta da entrevista, antes de acrescentar que o “grande amor” da sua infância foi uma criada galega que trabalhava para os pais. O autor que lançou recentemente em Portugal “A última porta antes da noite” realçou que o escritor que mais o comove “ainda é um grande poeta do século de ouro” da Península Ibérica, Francisco Gómez de Quevedo, a quem só Camões se pode igualar, na opinião de Lobo Antunes. “O meu pai lia-nos em voz alta aos seis filhos, gostava muito de poesia”, lembrou o escritor nascido em 1942. Há mais de dez anos, o Nobel da Literatura José Saramago (1922-2010) disse, ao Diário de Notícias, que Portugal acabaria por se integrar em Espanha, tornando-se uma província de um país que se chamaria Ibéria, para não ofender “os brios” portugueses. Na mesma entrevista em que recorda que “a ditadura é violência, com os cabrões da polícia política a perseguir a gente”, quando a imprensa escrevia que os presos políticos se suicidavam (“sim, com um tiro nas costas”), Lobo Antunes é ainda questionado sobre se ainda reside em Lisboa, ao que responde que sim, ressalvando que “Lisboa está horrível agora”. “É um inferno desde que a Madonna e tantos famosos vieram viver para lá. A vida é barata, eu almoço sempre em restaurantes de bairro por seis ou sete euros. Vivo na periferia, porque sou uma espécie de emblema do país e, no centro, as pessoas querem tirar fotos comigo. Só estou tranquilo no meu bairro, onde as pessoas me conhecem e me protegem”, afirmou o escritor. A dada altura, o entrevistador diz não se atrever a perguntar-lhe pelo prémio Nobel, ao que Lobo Antunes lembra ter entrado na coleção Pléiade, “que é muito mais importante que ganhar o Nobel”, acrescentando que os seus livros estão a ser traduzidos também para o árabe, antes de questionar: “Que mais posso desejar?” “A única coisa que me interessa dos prémios é o dinheiro. Quando me telefonam a dizer que ganhei um, a primeira coisa que pergunto é ‘quanto?’”, acrescentou. Antes de terminar a entrevista, Lobo Antunes ainda referiu que estar casado “é uma coisa muito boa para trabalhar, caso contrário perde-se muito tempo a perseguir mulheres”.
Hoje Macau EventosÁlbum “Mariza” entre os dez melhores de 2018 para a revista britânica Songlines [dropcap]O[/dropcap] álbum homónimo de Mariza, produzido por Javier Limón, editado em maio último, foi considerado pela revista britânica Songlines um dos dez melhores de 2018, divulgou a publicação. Sobre o álbum, escreve a revista que com o tema “Triguierinha”, que fala de “um amor alegre”, e com o qual abre o CD, Mariza “coloca de lado quaisquer preconceitos de que o fado é sempre melancólico”. A revista destaca o “maravilhoso” tema “Quem, me Dera”, de autoria do angolano Matias Damásio, “Oração”, a estreia de Mariza como autora, e a interpretação, com Maria da Fé, de “Fado Errado”, que “dá um toque pessoal muito especial ao álbum”. Mariza começou a cantar fado, regularmente, na casa de fados de Maria da Fé e do poeta José Luís Gordo, Senhor Vinho, no bairro lisboeta de Madragoa. O single “Quem Me Dera” contabiliza mais de 12 milhões de visualizações na plataforma ‘youtube’, segundo dados da sua promotora. A Songlines refere ainda “a transparência e delicadeza da produção [do espanhol] Javier Limón”, que tinha produzido já o álbum “Terra” (2008). Mariza encontra-se em digressão europeia a apresentar este novo CD, tendo actuado em Alemanha, Espanha, Inglaterra, França e Suíça, terminando no próximo sábado, no Pavilhão Multiusos, em Guimarães, no Minho, cuja lotação “está já esgotada”, segundo a promotora Ruela Music. Não é a primeira vez que um álbum de Mariza recebe esta distinção. Já em 2015, “Mundo” foi também incluído na lista dos dez melhores álbuns, da qual fez igualmente parte “Herança”, de Lura. Com “Mariza” constituem a lista dos dez melhores álbuns de 2018, “Maghreb United”, de AMMAR 808, “Joys Abound”, de Anandi Bhattacharya, “Remain in Light”, de Angélique Kidjo, “Soar”, de Catrin Finch & Seckou Keita, “Wolastoqiyik Lintuwakonawa “, de Jeremy Dutcher, “Melodic Circles: Urban Classical Music from Iran”, de Mehdi Rostami & Adib Rostami, “El Mito de la Pérgola”, de Pascuala Ilabaca y su Fauna, o álbum homónimo do projeto Small Island Big Song, e “Yiddish Glory: Lost Songs of World War II”, coletânea que inclui vários artistas. Mariza foi distinguida este ano com o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, atribuído pelos governos de Lisboa e Madrid.
Sofia Margarida Mota EventosLMA recebe “Sunday Show” no sábado | “As pessoas ficaram muito curiosas” No próximo sábado, o Live Music Association recebe “Sunday Love”, um espectáculo de cabaret que tem celebrado o burlesco nos últimos 20 anos e que encerra um ciclo em Macau. Em jeito de festa de encerramento do show, membros da comunidade juntam-se aos artistas no palco da Coronel Mesquita [dropcap]“S[/dropcap]unday Love” é o cabaret que tem dado vida ao burlesco em Portugal e levado ao palco performances artísticas há quase 20 anos. Quis o destino que Macau fosse o cenário final deste espectáculo, mais precisamente o Live Music Association (LMA). O momento está marcado para o próximo sábado, dia 15, pelas 22h. “O lema deste espectáculo foi sempre o de convidar artistas para desenvolverem qualquer coisa a partir de um tema que lhes é dado”, começa por contar a directora artística e mestre de cerimónias, Mónica Coteriano, ao HM. Se no início os participantes eram essencialmente artistas, em pouco tempo o palco servia a todos os interessados. “À medida que se foi desenvolvendo, várias pessoas foram aderindo, sendo que havia interessados em participar que não era eram necessariamente artistas. Eram pessoas que iam ver o espetáculo e que depois vinham ter connosco a perguntar se no próximo podiam participar”, explica a responsável. É com este espírito que “Sunday Love” é apresentado em Macau. No palco do LMA serão representadas “peças” preparadas por quem cá mora. “O desafio foi lançado à comunidade local – portugueses, macaenses, chineses, brasileiros, todos – que aderiu com uma panóplia de ideias”. Em suma, “o que aconteceu em Macau foi espectacular, até porque dado o tema, e tendo em conta o conceito de cabaret, as pessoas ficaram muito curiosas. A intenção é que cada um faça o que lhe der a real gana”, refere a Mónica Coteriano. O resultado será um cabaret, para adultos, que conta com vários géneros artísticos e, acima de tudo, com muito boa disposição e surpresas várias. Ainda assim, é um espectáculo estruturado em que “as apresentações se sucedem e são diferentes entre si”. Neste sentido, o público não sabe o que vai ver a seguir, o que o torna mais apelativo, considera a directora artística. A juntar-se aos protagonistas locais, vem de Portugal o actor Gonçalo Ferreira de Almeida, a actriz Inês Nogueira e o maquilhador Jorge Bragada. Final feliz O “Sunday Love” nasceu em Portugal, no Bairro Alto pelas mãos do colectivo “Bomba Suicida”, em 2001. Mónica Coteriano faz parte do núcleo duro que, na altura, criou este cabaret que se foi desenvolvendo, sempre com o mesmo conceito. Mas, quase 20 anos decorridos, chegou a hora de dar lugar a outros projectos. Depois de um espectáculo no passado mês de Setembro em Portugal, e com a directora artística também responsável pela associação local “10 Marias”, “fazia sentido fazer o enterro em Macau”, referiu. Paralelemente, o formato cabaret está a regressar em força, ocupando lugar de destaque em cartazes um pouco por todo o mundo e Mónica Coteriano acredita que Macau tem a atmosfera necessária para receber este tipo de expressão artística. “O preconceito relativamente a este género de espectáculo já foi deixado de lado, ou pelo menos quero acreditar nisso”. Prova disso é a procura de bilhetes que tem sido, “felizmente, bastante grande”, comenta a directora artística do evento. “Sunday Love” é um espectáculo para maiores de 18 anos apoiado pela Casa de Portugal e a Fundação Oriente. A responsável deixa ainda o alerta: “costumamos ser pontuais, e pedimos às pessoas para estarem no LMA às 22h”. O que está para vir Mónica Coteriano está à frente da associação “10 Marias”, uma entidade que se dedica à concepção e apresentação de espectáculo multidisciplinares. Em mãos está agora um projecto que inclui Tó Trips dos Dead Combo, duas actrizes e uma videografa e que traz “a história dos navegadores que vinham para Macau, vista sob a perspectiva das mulheres que encontravam nos locais por onde passavam, e que eram as suas amantes”. “Outra característica deste espectáculo em construção é a presença do maquilhador em palco que que vai transformando as participantes consoante vão mudando de país a que pertencem”, revela Mónica Coteriano.
Hoje Macau EventosMacau tem 19 restaurantes com estrelas Michelin [dropcap]M[/dropcap]acau tem a partir de hoje 19 restaurantes galardoados com estrelas atribuídas pelo Guia Michelin Hong Kong Macau, que apresentou a 11.ª edição no território. Ao todo, o Guia contempla 82 restaurantes com estrelas Michelin, 63 dos quais em Hong Kong. No ano passado, Macau tinha 18. “A gastronomia destas regiões são das mais ricas do mundo”, com uma diversidade que vai desde os traços “britânicos, portugueses, indianos, italianos” e cantoneses, disse o director internacional dos Guias Michelin, Gwendal Poullennec, durante a conferência de apresentação do Guia Michelin Hong Kong Macau 2019. Nesta nova selecção para Macau, os restaurantes Robuchon au Dôme e The Eight, ambos no hotel-casino Grand Lisboa, mantêm as três estrelas Michelin, já o restaurante Jade Dragon, que tinha duas estrelas no ano passado, passa agora a apresentar três. O novo restaurante Alain Ducasse at Morpheus, do ‘chef’ de renome internacional, com mais de 20 restaurantes espalhados pelo mundo arrecadou, na estreia em Macau, duas estrelas Michelin. Os restaurantes Feng Wei Ju, Golden Flower, Mizumi e The Tasting Room, continuam com duas estrelas. Como no ano passado, Macau tem ainda 11 restaurantes com uma estrela Michelin: King, Lei Heen, 8 1/2 Otto e Mezzo-Bombana, Pearl Dragon, Shinji by Kanesaka, The Golden Peacock, The Kitchen, Tim’s Kitchen, Wing Lei, Ying e Zi Yat Heen. Na distinção “Bib Gourmand”, conferida aos restaurantes que oferecem menus de três pratos por menos de 400 patacas, surge um restaurante de comida portuguesa, O Castiço, entre os nove estabelecimentos indicados em Macau.
Hoje Macau EventosUM discute 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos [dropcap]A[/dropcap] Faculdade de Direito da Universidade de Macau organiza esta quinta-feira um workshop sobre os 70 anos da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Participam nesta conferência os docentes da faculdade Paulo Canelas de Castro, Vera Lúcia Raposo, Luís Pessanha e Sten Verhoeven. A palestra acontece no âmbito da cátedra Jean Monnet da UM, intitulada “A lei da União Europeia no contexto global”. O aniversário da Declaração da Organização das Nações Unidas (ONU) celebrou-se este domingo, 9 de Dezembro. António Guterres, secretário-geral da ONU, destacou nesse mesmo dia a necessidade de uma assinatura “sem demoras” da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio pelos países que ainda não o fizeram, um total de 45 Estados. Trata-se do primeiro tratado assinado após a implementação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - EspecialIFFAM | “Wonderland” é a primeira longa-metragem de Wang Chao Koi A secção “Industry Hub” da 3ª Edição do Festival Internacional de Cinema de Macau seleccionou 14 projectos para serem apresentados às produtoras e distribuidoras internacionais que marcam presença no evento. De Macau foram escolhidos os filmes “Lost Paradise” de Tracy Choi e “Wonderland” de Wang Chao Koi. Além dos três prémios monetários a ser atribuídos por esta secção, este ano há mais uma recompensa dedicada ao filme que melhor retrate o espírito de Macau Jogo de sonho [dropcap]W[/dropcap]ang Chao Koi está agora a preparar a sua primeira longa metragem “Wonderland”, um projecto seleccionado para apresentação na secção internacional dedicada à indústria no Festival Internacional de Cinema de Macau. O título do filme foi inspirado num website – wonderful world – que contém os dados das pessoas com dívidas nos casinos, começa por contar Wang Chao Koi ao HM. A partir daqui, estava dado o mote para “Wonderland”, uma película que pretende levar ao grande ecrã, não só a temática do jogo e a ambição a ele associada, como a questão da emigração, das pessoas que vêm do interior da China para Macau para trabalhar como recrutadores de jogadores e que trocam a vida com a família pela busca desenfreada de dinheiro. “O protagonista da história, Huei, é um agente de apostas da China que tem como emprego angariar jogadores. É um emigrante. Entretanto, um dos seus clientes perde muito dinheiro e acaba por fugir para a sua terra natal. Huei vai atrás dele e confronta-se com o lugar que deixou 20 anos antes, quando decidiu ir à procura de uma forma de ganhar rapidamente dinheiro. Este confronto, levanta a questão da felicidade e onde é que ela se pode encontrar”, refere Wang. Bons passos Para o jovem realizador, Macau está no bom caminho quando se fala de cinema e de desenvolvimento de uma indústria local. “Quando comecei a fazer filmes, há 12 anos, não conseguia sequer arranjar material para filmar no território. Tinha que ir a Hong Kong. Agora isso já não acontece, já e mais fácil fazer filmes cá”, refere. No entanto ainda há um caminho a percorrer no sentido de divulgar e apoiar o cinema local, acrescenta. Por outro lado, “há uns anos, quando as pessoas falavam de filmes chineses falavam de cinema do interior da China, de Hong Kong, de Taiwan e mesmo de Singapura ou da Malásia, não se falava sequer de Macau. Mas agora, cada vez mais, Macau começa a ser reconhecido neste sentido”, sublinha, destacando o papel do festival para o efeito.