Instrumentos chineses dominam nova edição de conferência em Portugal

A sétima edição da “Conferência de Lisboa: Música Chinesa e Instrumentos Chineses” [7th Lisbon Conference: Chinese Music and Musical Instruments] decorre desde ontem em Mafra, terminando hoje o programa que se dedica a reunir músicos e académicos em torno dos instrumentos tradicionais chineses e académicos.

O evento é patrocinado pela Fundação Jorge Álvares (FJA) e conta com apoio do Centro Científico e Cultural de Macau e da Fundação Europeia para a Pesquisa da Música Chinesa [European Foundation for Chinese Music Research].

Segundo a FJA, uma das inovações desta edição é a abordagem “de algumas tradições musicais de outros países da Ásia, nomeadamente da Índia, da Indonésia e, ainda, de outros pontos do sudeste asiático”.

Participam neste evento 25 académicos, portugueses e estrangeiros, oriundos de 11 países. Nas suas comunicações serão apresentados temas relacionados com a música e os instrumentos musicais chineses, quer no âmbito da etnomusicologia, quer da musicologia histórica.

A par das comunicações académicas serão realizados alguns concertos e recitais cujo repertório inclui música chinesa, música indonésia e também a fusão instrumental de música chinesa e indiana.

A conferência mantém como principal objectivo “a sensibilização do meio académico para o estudo sistémico da música e respectivo instrumental asiáticos, assim como a divulgação de géneros musicais de outras culturas asiáticas junto de um público generalizado”.

Peregrinação e outras histórias

Hoje será apresentado, no programa que decorre no Palácio Nacional de Mafra, a conferência “Sons de Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto: Identificação e Caracterização dos Componentes mais Relevantes”, da autoria de Helena Santana, da Universidade de Aveiro.

Enio de Souza, pesquisador sobre a música tradicional chinesa, ligado ao Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa e presidente do comité deste evento, irá apresentar “A Música Chinesa e os Instrumentos Musicais em Fontes Portuguesas”. Destaque ainda para uma sessão em que se fará uma “aproximação à música tradicional da Indonésia”, por Arif Bakhtiar, da Embaixada da República da Indonésia em Lisboa.

6 Mai 2024

FRC | Inaugurada hoje mostra sobre caligrafia e pensamento sino-português

É hoje inaugurada na Fundação Rui Cunha, a partir das 18h30, a exposição “Caligrafia do Pensamento em Português e Chinês”, da autoria de Fernando António e Choi Chun Heng. O público pode, assim, ver, 60 obras que espelham 30 pares de aforismos em português e chinês, pintados com recurso à caligrafia

 

Quem aprecia a arte da caligrafia pode ver, a partir de hoje, às 18h30, na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC), uma nova exposição. Trata-se de “Caligrafia do Pensamento em Português e Chinês”, da autoria dos artistas Fernando António e Choi Chun Heng. A mostra reúne, no total, 60 obras com 30 pares de aforismos representados pela arte da caligrafia nas duas línguas de Macau, o português e o chinês.

Segundo um comunicado da FRC, o projecto que agora se apresenta nasceu pela mão de Fernando António que, já nos tempos de escola, começou a sentir interesse pela caligrafia. Citado pelo mesmo comunicado, Fernando António revelou que depois, ao longo da vida adulta, continuou “a praticar nas décadas seguintes e a melhorar substancialmente as capacidades”.

“Ao longo dos anos, tive a oportunidade de ter aulas de caligrafia e pintura tradicional chinesa, onde aprendi sobre o pincel chinês Hui e a tinta Hui, bem como o papel Xuan (papel de arroz) com o seu sabor distinto”, acrescentou.

Foi assim que surgiu a Fernando António a ideia de “escrever caligrafia portuguesa”, uma experiência que o “satisfez e agradou a outros”.

A pares

Quando percebeu que a sua ideia tinha sido bem-sucedida, Fernando António convidou o mestre de caligrafia Choi Chun Heng para fazer a exposição conjunta que agora se apresenta ao público. A ideia era expressar pensamentos caligrafados nas duas línguas oficiais de Macau.

Fernando António é um calígrafo e coleccionador local, além de ser presidente do Conselho Fiscal da Associação de Pintura e Caligrafia do Oriente de Macau. O seu nome já esteve presente na terceira exposição de obras dos membros da referida associação, co-organizada pela FRC em Setembro de 2019.

Já Choi Chun Heng é amador de caligrafia, pintura, música, arte popular e coleccionismo, sendo também presidente da Casa de Arte Da Feng Tang de Macau. Actualmente aposentado da Administração Portuguesa, tem-se dedicado à arte como instrutor do curso de formação em caligrafia chinesa na Universidade de Macau, além de diversas escolas primárias e secundárias e outras associações locais. Nos últimos 20 anos realizou muitas exposições de caligrafia e pintura em Hong Kong, Macau, Taiwan e outras cidades da região. O seu trabalho ganhou o Campeonato de Caligrafia de Macau em 1989, tendo apresentado programas de educação moral como “Disciple Rules” e “Normal Mind – Ordinary Things”, exibidos nos canais de televisão de Macau. A exposição na FRC fica patente até ao dia 18 de Maio.

6 Mai 2024

Fundação Jorge Álvares | Lançado livro “Encontros na Cidade Proibida”

O livro “Encontros na Cidade Proibida”, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, lançado na sexta-feira, leva o público infanto-juvenil numa viagem ao Oriente e ao encontro do padre jesuíta Tomás Pereira.

A narrativa centra-se “na histórica personagem do padre jesuíta português Tomás Pereira, que, entre 1673 e 1708, viveu em Pequim e adoptou o nome chinês Xu Risheng”, referiu em comunicado a Fundação Jorge Álvares (FJA), responsável pelo projecto editorial, que conta ainda com ilustrações de Rui Sousa.

Tomás Pereira “foi também músico, astrónomo, geógrafo, tecnólogo, tradutor e conselheiro diplomático do Imperador da China, Kangxi, com quem manteve uma relação muito próxima, a qual transcendeu um mero relacionamento formal e diplomático”, acrescenta a nota.

Esta ficção histórica destina-se “essencialmente a alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico” e combina “uma emocionante aventura de dois jovens irmãos, Francisca e Luís, em terras do Oriente, com a história e cultura de Macau e da China antiga”.

“Com este livro, a Fundação Jorge Álvares pretende continuar a preencher lacunas no conhecimento dos jovens sobre as relações de mais de 500 anos entre Portugal e a China”, indicou a presidente da Fundação Jorge Álvares, Maria Celeste Hagatong.

Neste sentido, referiu a responsável, a Fundação levou recentemente a cabo uma acção de oferta de dois exemplares da obra a mais de 1.500 bibliotecas escolares e colégios privados de Portugal continental.

Seguem-se as bibliotecas escolares e colégios privados dos Açores e da Madeira, “bem como as escolas de Macau e algumas escolas de língua portuguesa espalhadas pelos vários cantos do mundo”. “Encontros na Cidade Proibida” vai estar em breve também disponível na biblioteca digital da FJA.

5 Mai 2024

Rua da Felicidade acolhe Semana da Moda e exposição

Se pensarmos no mundo da moda, há sempre cidades que assumem o protagonismo em matérias de produção de colecções, elegância e beleza. Destaca-se Milão, Paris ou Londres, na Europa, embora, nos últimos anos, a moda asiática se venha destacando cada vez mais, com a crescente presença de Pequim ou Hong Kong nos palcos mundiais desta indústria.

Macau, com uma dimensão bem mais reduzida, quer agora dar os primeiros passos na profissionalização deste sector, aliando o universo da moda ao património. Depois do lançamento do projecto “Zona Pedonal da Rua da Felicidade”, eis que a operadora de jogo Wynn apostou na “Semana da Moda da Rua da Felicidade”, convidando estilistas locais a apresentarem as suas colecções.

O desfile na zona pedonal da Rua da Felicidade decorreu na sexta-feira, tendo contado com a presença de dez marcas locais de moda “que melhor se destacaram em termos de criatividade e originalidade” no convite aberto lançado anteriormente pela operadora de jogo.

Assim, foram apresentadas as colecções destes estilistas para a época da Primavera/Verão deste ano, com 70 conjuntos a poderem ser vistos. Como complemento a esta semana da moda, a Wynn decidiu criar uma exposição temporária destas roupas, que podem ser vistas pelo público na Rua da Felicidade até ao dia 2 de Junho.

A ideia é que esta exposição possa ser “uma janela para o mundo elegante da moda de Macau”, além de contribuir para “aumentar a visibilidade das marcas locais e gerar mais oportunidades de negócio”.

Parcerias locais

Este evento foi organizado em conjunto com algumas das entidades locais que mais trabalho têm realizado em prol do desenvolvimento de uma indústria de moda em Macau, nomeadamente o Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CPTTM) e a Faculdade de Ciências Humanas e Artes da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST). O Instituto Cultural é também a entidade dinamizadora deste tipo de eventos que visam dar um novo aproveitamento a espaços antigos da cidade.

Com a realização da semana da moda e consequente exposição, a Wynn diz querer também “revitalizar as empresas da comunidade através das artes e da cultura”, além de “oferecer uma experiência única de turismo cultural e de moda aos residentes e visitantes”.

Destaca-se ainda a importância da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau na ligação a este tipo de iniciativas. “Através da arte e cultura a Wynn espera atrair mais visitantes a Macau e à zona da Grande Baía criando novas e ricas experiências turísticas, além de festividades vibrantes”, lê-se ainda.

Apesar de ter uma indústria da moda já com alguns nomes locais, a verdade é que são poucos os desfiles realizados para a comunidade local. Destaca-se o evento Macau Fashion Link que, em 2011, trouxe ao Albergue da Santa Casa da Misericórdia diversos nomes do mundo da moda lusófono, como Dino Alves ou a macaense Bárbara Barreto Ian. Com maior frequência, realizam-se desfiles de moda no Cotai a fim de mostrar o trabalho desenvolvido por designers locais formados no CPTTM.

5 Mai 2024

FAM | Teatro em patuá apresenta “Unga Istrêla ta vem”

A 34.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM) já arrancou e, no próximo fim-de-semana, traz a estreia de mais uma peça em patuá, com o cunho dos Dóci Papiaçam di Macau. Trata-se de “Unga Istrêla ta vem”, em português, “Chega uma Estrela”. O cartaz do FAM inclui ainda a apresentação de uma ópera em cantonense

 

Um dos grandes atractivos do programa do Festival de Artes de Macau (FAM) chega no próximo fim-de-semana pela mão dos Dóci Papiaçam di Macau. A peça “Unga Istrêla ta vem”, “Chega uma Estrela”, em português, apresenta-se no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) no sábado e domingo a partir das 20h.

A peça, escrita e encenada por Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses, centra-se em torno de Délia, uma professora de teatro, e Giselda, uma ex-junket que está à beira da falência por ter ficado sem emprego. As grandes temáticas do território vão-se contando à medida que a vida destas duas mulheres se cruza, sempre com laivos de ironia e humor tão próprios do teatro em patuá, crioulo tipicamente macaense e já em vias de extinção.

De frisar que o teatro em patuá passou a estar inscrito, em 2021, na Lista do Património Cultural Intangível da China.

Também no próximo fim-de-semana se apresenta, no Parisian Theatre, o espectáculo de ópera cantonense “Sob a Árvore dos Pagodes”, protagonizado pela Associação de Ópera Cantonense Zhen Hua Sing. O espectáculo de sábado começa às 19h30 e, no domingo, acontece às 14h30.

A peça centra-se em torno do mundo das divindades, quando a Sétima Fada, filha do Imperador Celeste, espreita o mundo dos comuns dos mortais a partir do céu. É então que esta fada se comove com as dificuldades de Dong Yong, filho que tenta sepultar o pai com a maior dignidade possível.

Cansada da vida divina e perfeita que leva nos céus, a Sétima Fada desce à terra e casa-se com Dong Yong debaixo da árvore de pagodes. Porém, o romance só passa a ser do conhecimento do imperador 100 dias depois, e é aí que as dificuldades dos apaixonados começam.

Esta história é a base da lenda chinesa de Dong Yong e da Sétima Fada que permanece no imaginário popular até hoje, tendo já inspirado muitos espectáculos de ópera e séries de televisão. A versão que agora se apresenta no FAM foi criada pela associação local de ópera, levando ao palco o consagrado actor Chu Chan Wa juntamente com um elenco de actores locais.

Arte em todo o lado

Por sua vez, no Teatro D. Pedro V, é a vez de subir ao palco o espectáculo “Frankenstein/Criaturas”, sábado e domingo em dois horários, nomeadamente às 15h e às 20h. Com encenação do grupo “Espaço para Agir”, em colaboração com a companhia japonesa “Momentos Teatrais” esta peça baseia-se na história de “Frankstein”, de Mary Shelley, escrita há quase 200 anos, estabelecendo agora uma conexão com a tecnologia.

A pensar nos mais pequenos inclui-se ainda no programa do FAM a peça “O Livrinho”, encenada pelo Teatro Baj, com sessões entre sexta-feira e domingo para bebés dos seis aos 18 meses e crianças dos 18 meses aos três anos. O espectáculo acontece no Estúdio II do CCM.

Destaque ainda para a inauguração, no sábado, da exposição “Foco: Integração Artística entre a China e o Ocidente nos Séculos XVIII-XIX”, patente no Museu de Arte de Macau (MAM).

Esta exposição apresenta um total de 300 peças de pinturas de exportação e obras no estilo de George Chinnery, provenientes principalmente do MAM e do Museu de Guangdong. Apresenta-se ainda uma selecção de obras oriundas do Museu de Arte de Hong Kong.

Segundo a organização do FAM, têm lugar nesta mostra “três perspectivas distintas ao nível do estilo, técnicas e materiais”, revelando-se o “diálogo visual e a integração entre a China e o Ocidente, promovidos por artistas locais e estrangeiros no Delta do Rio das Pérolas, durante os séculos XVIII e XIX”.

5 Mai 2024

USJ | Exposição sobre murais históricos da dinastia Tang

A Universidade de São José (USJ) acolhe até ao próximo sábado a exposição “Idade de Ouro nas Paredes: Exposição especial sobre os murais da Dinastia Tang”, patente desde o dia 30 de Abril.

A dinastia Tang governou a China entre os anos 618 e 907 d.c. e é considerada “uma época de ouro na história” do país, tendo mantido “as tradições das dinastias Qin e Han, ao mesmo tempo que entrelaçava as culturas do Oriente e do Ocidente, criando uma era de prosperidade diferente de qualquer outra dinastia da história”.

A USJ descreve ainda que a pintura foi o género artístico mais próspero neste período, tendo dado origem “a inúmeros pintores de renome”, como Wu Daozi, Yan Liben, Zhang Xuan e Zhou Fang.

Nesta fase, as pinturas em murais ganharam enorme popularidade e expressão. As pinturas murais da dinastia Tang sobreviveram mais de mil anos graças aos esforços de escavação e preservação de arqueólogos e conservadores do património cultural em Shaanxi desde meados do século XX.

São estas pinturas murais que podem ser vistas no campus da USJ na Ilha Verde. A mostra conta com o apoio da Fundação China Soong Ching Ling, a Administração do Património Cultural da província de Shaanxi, e a Associação de Macau para a Educação para as Condições Nacionais. Destaque ainda para a participação do Museu de História de Shaanxi, a Academia de Arqueologia de Shaanxi e ainda a Associação de Embaixadores do Património de Macau e o Museu Belin Xi’an.

3 Mai 2024

FRC | Leitura e partilha de livros para a infância amanhã

Decorre amanhã, a partir das 10h30, na Fundação Rui Cunha (FRC), uma sessão dedicada ao universo da literatura infantil, intitulada “De Pequenino se Torce o Pepino: Literatura Infantil”, no âmbito do ciclo “Conversas sobre o Livro”. Trata-se de uma iniciativa organizada em parceria com a Associação dos Amigos do Livro em Macau, o Instituto Internacional de Macau e a editora Mandarina, com o objectivo de comemorar o “Dia da Leitura Conjunta em Toda a Cidade de Macau”.

Esta será uma sessão de leitura, com o intuito de perceber quais as histórias preferidas dos mais pequenos e porque gostam de ler. O evento pretende ser uma “agradável partilha de experiências”, com a presença de Sara Augusto e Shee Vá na leitura de textos e poemas. O público é convidado a levar livros para uma sessão conjunta de leitura.

Shee Vá, representante da Associação dos Amigos do Livro em Macau, defende que “ler faz bem à saúde porque exercita a imaginação e a criatividade, além de enriquecer o vocabulário, contribuindo para a fluência da linguagem escrita e falada”. Trata-se, para o médico e autor, de benefícios “que adquirem maior valor se forem cultivados na infância”. A conversa será realizada em português, chinês e, eventualmente, em inglês, conforme os participantes e as leituras sugeridas.

3 Mai 2024

Creative Macau | Ana Cardoso apresenta nova exposição

É inaugurada amanhã a nova exposição da estilista local Ana Cardoso, que nos últimos anos se tem dedicado a ensinar as gerações mais novas de designers de moda, além de manter a sua própria marca, Anna Noir. “Self Development”, patente até 8 de Junho, mostra a conexão que o mundo das roupas pode ter com a arte e todo o processo de criação

 

Ana Cardoso, estilista macaense e docente de moda, está de regresso às exposições, desta vez com “Self Development” [Autodesenvolvimento], inaugurada amanhã na galeria da Creative Macau a partir das 17h. Segundo um comunicado da Creative Macau, que cita palavras da própria Ana Cardoso, esta mostra pretende revelar ao público a visão da estilista sobre a conexão que o mundo da moda pode ter com a criação artística.

“A arte está em todo o lado e nós, como artistas, procuramos inspiração na nossa vida quotidiana. Como designer, procuro sempre a última tendência, moda ou a criação que está em voga. Mas a moda é, também, arte”, aponta.

Ana Cardoso traz, para”Self Development”, uma série de desenhos que “revelam as várias facetas” da designer. “Quero sempre fazer muitas coisas ao mesmo tempo, e claro que a moda faz parte do meu desenvolvimento e da ligação que tenho com a arte. A moda está ligada aos tecidos, roupas, cordas, tintas. É uma visão que tenho dentro de mim, em que tudo tem inspiração e tudo reflecte a arte. A arte está em mim e em desenvolvimento”, aponta.

A designer macaense diz que, muitas vezes, está concentrada no seu próprio mundo, a pensar nas pessoas que a compreendem, mas, ao mesmo tempo, está dentro de si mesma, “no mundo imaginário”.

Influência materna

Ana Cardoso é filha de Mira Dias, artista macaense, e com ela começou a enveredar pelo mundo da pintura aos 12 anos. Contudo, teve outros nomes bem influentes, como é o caso de Fernanda Dias, poetisa e professora de arte, ou ainda os mestres Mio Pang Fei e Un Chi Iam.

Apesar de ter sido modelo em 1998, Ana Cardoso decidiu enveredar pela área do design de moda, “concentrando-se na sua paixão pelas artes e moda”, tendo estudado em Lisboa.

Ao longo da sua vida académica, Ana trabalhou em design e produção de moda para várias marcas e revistas, entre as quais Nuno Baltazar, Nomada Jeans, Lines lab, uma marca local fundada por Clara Brito e Manuel Correia da Silva, Venessa Cheah e a revista Macau Closer.

Quando regressou à sua terra natal, em 2010, decidiu apostar na sua própria marca, tendo criado a Anna Noir, com que realizou um primeiro desfile na Casa Garden em 2011. No ano seguinte, a estilista apresentou uma nova colecção, a “Retro 40’S” no Clube Militar de Macau. Esta colecção foi seleccionada e premiada como uma das 12 melhores colecções no concurso “Jovens Criadores 2012” organizado pelo CPAI – Clube Português de Artes e Ideias. Foi ainda apresentada em Cascais, Portugal.

Além de apostar nas suas criações, Ana Cardoso tem-se dedicado ao ensino, contribuindo para o desenvolvimento de uma nova geração de estilistas em Macau.

Foi professora de arte e design no Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, deu aulas na Universidade de São José, tendo sido também professora de artes visuais na Escola Portuguesa de Macau. A designer deu ainda aulas de costura na Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau.

Ana Cardoso recebeu ainda vários prémios nos últimos anos, nomeadamente o terceiro lugar no concurso de ilustração de moda organizado pela CPTTM no ano corrente.

Descreve-se que a artista “procura sempre usar Macau como ponto de partida para o seu trabalho, com o objetivo de desenvolver e internacionalizar a arte” que se faz no território.

3 Mai 2024

Literatura | Morreu escritor e realizador Paul Auster

O romancista norte-americano Paul Auster, autor de obras como “A Trilogia de Nova Iorque” e “Cidade de Vidro”, morreu na terça-feira aos 77 anos, informou o jornal The New York Times. Auster morreu em casa, em Nova Iorque, vítima de cancro do pulmão.

Nascido no seio de uma família judia de ascendência austríaca, em 1947, em Newark (Nova Jérsia), Auster faria mais tarde de Brooklyn a sua casa e cenário de romances, sobretudo nas décadas de 1980 e 1990. Tem uma extensa obra literária publicada em mais de 40 línguas.

Em Portugal, Paul Auster tem grande parte da obra publicada, em particular os romances, como “Mr. Vertigo”, “Palácio da Lua”, “Música do Acaso”, “Leviathan”, “A Trilogia de Nova Iorque”, “Timbuktu”, “O livro das ilusões”, “As loucuras de Brooklyn”, “O homem na escuridão” e “4 3 2 1”, com o qual foi finalista ao Booker Prize.

Assinou a realização de um par de filmes, incluindo “A vida interior de Martin Frost” (2007), rodado parcialmente em Portugal. Foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias de Literatura 2006, feito Comendador da Ordem das Artes e das Letras de França em 2007 e é membro da Academia Americana de Artes e Letras e da Academia Americana de Artes e Ciências.

2 Mai 2024

IPOR | Festival traz workshops e apresentações de livros este fim-de-semana

Decorre este sábado uma série de actividades do festival “Letras & Companhia”, promovido pelo Instituto Português do Oriente (IPOR), e que termina na próxima terça-feira. O evento deste ano, dedicado à temática da saúde mental, tem como slogan “GentilMente – Be Kind to Your Mind”.

Assim, este sábado decorrem vários workshops para famílias em torno do yoga, bem-estar no sono e aromaterapia. Um deles intitula-se “Corpo de Plasticina” e dedica-se a explorar o yoga feito entre pais e filhos. Cabe a Margarida Luz a sua monitorização, que também irá protagonizar outro workshop, entre as 16h15 e as 17h15, intitulado “As Portas do Sono – Sessão de Relaxamento Guiado”, para pais e crianças acima dos 12 anos de idade. As inscrições para este evento também terminaram no passado dia 26 de Abril.

Ainda neste dia decorre o workshop, desta feita com Sandi Manhão, intitulado “Aromaterapia em Família”, com uma primeira sessão das 15h às 16h, e uma segunda sessão entre as 16h15 e as 17h15, sendo ambas dirigidas a adultos.

Livros para todos

Também no sábado, mas no período da manhã, decorre a sessão de apresentação do livro “I Want to Be Happy”, escrito e ilustrado por Mikel Ko, e dirigido para um público infantil. A sessão decorre entre as 11h30 e as 13h.

Segundo o programa do festival, esta não será “uma apresentação normal”, mas sim “um convite para fazer parte e trazer história à vida” em torno da vontade de querer ser feliz. “Durante a sessão os participantes serão convidados a vivenciar e compartilhar os sentimentos de felicidade das personagens do livro, simulando cenas e desfrutando dos momentos”, tratando-se de uma “jornada simples e linda de felicidade”.

Também este sábado, entre 17h30 e as 18h30, decorre mais uma sessão de apresentação de livros, desta vez com a obra “Macau’s Historical Witnesses”, da autoria de Christopher Chu e Maggie Ho. A tradução para português desta obra está a cargo de Ivo de Noronha Vital.

2 Mai 2024

Livraria portuguesa | Sonia Leung em Macau para falar da sua obra

Sonia Leung, poetisa e escritora de Hong Kong, estará em Macau este fim-de-semana para uma série de eventos em torno da sua escrita, com foco no livro “The Girl Who Dreamed – A Hong Kong Memoir of Triumph against the Odds”. Na Livraria Portuguesa esperam-se conversas com a autora e workshops de escrita criativa

 

Os amantes da literatura que se faz em Hong Kong, em inglês, podem desfrutar este fim-de-semana do contacto com a autora Sonia Leung, que vem à Livraria Portuguesa para dois eventos onde irá falar da sua obra, nomeadamente do seu mais recente livro, “The Girl Who Dreamed – A Hong Kong Memoir of Triumph against the Odds”.

Sonia Leung é uma poetisa e escritora que já ganhou diversos prémios, nomeadamente o “Wordview 2023”, concurso anual de poesia do Reino Unido, sem esquecer as edições de 2015 e 2016 dos prémios Hong Kong Top Story. Sonia Leung estreou-se em 2020 na área da literatura com uma colecção de poesia bilingue, escrita em inglês e chinês, intitulada “Don’t Cry, Phoenix”.

“The Girl Who Dreamed: A Hong Kong Memoir of Triumph against the Odds” é o seu segundo livro, sendo que o terceiro, “Three-inch Heaven – Chinese Women’s Stories of Resilience and Determination” já está a ser ultimado.

Este sábado, a partir das 17h, decorre o evento “Confissões Corajosas – Parte I”, que conta com a presença da autora e de Julia Ying Zhu, docente da Universidade Politécnica de Macau. Segundo um comunicado da Livraria Portuguesa, esta sessão convida o público “a acompanhar a autora enquanto ela observa o que aprendeu no caminho para se tornar uma escritora de memórias, na esperança de a ajudar na sua própria viagem”.

“The Girl Who Dreamed” é, assim, um livro sobre as memórias de Sonia, descrevendo “as suas dificuldades e tristezas com um enorme detalhe”. A obra é, acima de tudo, “uma história de aventuras e um conto do triunfo”, proporcionado a quem o lê, “uma exploração rica das alegrias da leitura, escrita, bem como dos actos de comer e viver no contexto cultural chinês”. Este livro leva, portanto, os leitores não chineses a emergir “neste mundo de uma forma perfeita”.

Escreve com ela

No domingo, dia 5, a partir das 15h, é dia de escrever em parceria com a autora de Hong Kong. “Confissões Corajosas – Parte 2” leva os participantes a realizar exercícios de escrita em torno do conceito de memórias, além de querer dar uma nova visão a este género literário, “frequentemente menosprezado” pelos críticos. O menosprezo revela-se ainda mais se se tratar de “livros de mulheres”, pois estas memórias passam a ser rotuladas de “confessionais”, aponta o mesmo comunicado.

“Este workshop pretende resgatar a noção de ‘confessar’ para todos os que passem por momentos difíceis e desejem escrever sobre eles com franqueza. Muitos críticos, e também o público em geral, ainda não compreendem que, quando nos ‘confessamos’, procuramos a comunhão das nossas experiências, aumentando o conjunto do que significa ser profundamente humano.”

Sobre este workshop, descreve-se ainda que “através da escrita corajosa de memórias, compreendemos as nossas próprias narrativas de vida e aprendemos com as dos outros”, pois “quanto mais escrevemos de forma artística, mais reconhecimento obtemos”. “O workshop ‘Confissões Corajosas’ permitir-vos-á fazer ouvir as vossas vozes”, refere-se ainda.

O workshop inicia-se com um exercício de 15 minutos em que se pede aos participantes para compararem a escrita a comida, estabelecendo uma ligação com os cinco sentidos, a fim de perceber quais os que podem estar a ser negligenciados. Isto porque “quando falamos de comida, evocamos todos os sentidos”.

Segue-se um exercício de 35 minutos em que se pretende responder à questão “Porque é que importa escrever sobre a vida”, onde se recriam memórias de infância num permanente diálogo com os sentidos, como se de um puzzle se tratasse. Criam-se também personagens em torno dessas memórias. Depois, irá escrever-se uma carta para alguém que se ama ou odeia, se teme ou alguém que provoca divertimento. Contudo, o destinatário deve ser alguém a quem nunca confessamos os nossos sentimentos.

A sessão irá ainda abordar técnicas da escrita de memórias, nomeadamente para a escolha de temas e estilos de escritas, propondo-se depois um exercício de escrita em torno de uma fotografia da infância, em que se pede para “usar a voz e sensibilidade de quem se era quando a fotografia foi tirada”, em comparação com a personalidade actual do autor do texto.

2 Mai 2024

Publicado livro sobre o II Raide Macau-Lisboa de 1990

Foi finalmente editado o livro que recorda o II Raide Macau-Lisboa de 1990, uma viagem protagonizada por dez amantes do todo-o-terreno e aventura que decidiram fazer um percurso terrestre entre Macau e Lisboa, atravessando vários países da Ásia e Europa, apenas com jipes. A obra, que começou a ser preparada em 2021, tem 300 páginas escritas e traduzidas em quatro línguas. A edição está a cargo da Associação Tentáculo, estando previsto um lançamento também em Macau, ainda não confirmado.

Segundo disse ao HM Joaquim Correia, um dos tripulantes do Raide e co-mentor deste livro, esta obra tem algumas alterações face ao projecto inicial, incluindo mais fotografias e textos, alguns deles de Joaquim Magalhães de Castro, autor, cronista de viagens e investigador independente sobre a presença portuguesa no sudeste asiático.

Além disso, o livro conta com posfácio do jornalista João Figueira, que viveu em Macau entre 1988 e 1992. O texto, divulgado na página oficial de Facebook sobre o livro, tem como título “A teimosia dos 10 gloriosos ‘malucos’ de todo-o-terreno'”, grupo que “inscreveu na história das grandes viagens de todo-o-terreno uma epopeia de 50 dias, desde Macau a Lisboa”.

Em 1990, este grupo percorreu 22 mil quilómetros entre a Ásia e Europa, tendo atravessado dois desertos e convivido “com as manifestações que então animavam Moscovo no tempo da Perestroika”. Os tripulantes tiveram ainda de aguentar “temperaturas próximas dos 50 graus”.

“Ter vencido esses entraves foi o primeiro sinal à navegação de que aquele grupo não desistia facilmente, era mais do género quebrar que torcer. Se havia loucura no empreendimento, este precisava de uma teimosia de aço bem temperado para ser bem-sucedido”, recorda João Figueira no posfácio.

Do texto à BD

A edição desta obra foi sendo sucessivamente adiada devido à pandemia. Contudo, esta viagem já deu origem a um livro de banda desenhada, “II Raide Macau-Lisboa: Da China a Portugal pela Rota Proibida”, entretanto lançado com o apoio da Fundação Oriente.

A viagem do II Raide, realizada dois anos depois do I Raide, partiu do Jardim Camões a 27 de Julho de 1990, tendo terminado a 13 de Setembro desse ano na Torre de Belém em Lisboa. Foram percorridos quase 22 mil quilómetros a uma velocidade média de condução de cerca de 55 quilómetros por hora. O II Raide Macau-Lisboa pretendeu ser “um abraço entre culturas”, integrado nas comemorações dos 500 anos dos Descobrimentos portugueses.

Além de Joaquim Correia, então bibliotecário na Universidade de Macau, a viagem foi feita por Mário Sin, ex-presidente do Automóvel Clube de Macau; António Calado, então técnico do Instituto de Desportos de Macau e posteriormente dos Serviços de Educação; Fernando Silva, médico; e António Teixeira, mecânico do Grande Prémio de Macau.

30 Abr 2024

Jazz | Dia Internacional celebrado hoje com bandas, músicos e dj’s

O Dia Internacional do Jazz celebra-se hoje em Macau com uma jam session que reúne bandas, músicos e dj’s locais. A partir das 21h, e com o apoio de várias entidades, incluindo o Clube de Jazz de Macau, tocam e cantam na Red House Macau os The Hot Dog Express, The Bridge, Jandira Silva, Miguel Falé, Rachel Lau, Dj Herbie Bangkok e Dj IDego

 

Definido em 2011 pela UNESCO, o Dia Internacional do Jazz celebra-se um pouco por todo o mundo e Macau não é excepção. Assim, com a organização da associação None of Your Business e apoio do Clube de Jazz de Macau e mais quatro entidades, celebra-se hoje em Macau o Dia Internacional do Jazz na Red House Macau, no empreendimento The Ascott, na Rua Cidade de Braga.

A partir das 21h, o público pode esperar uma jam session com os nomes habituais da cena do jazz local, nomeadamente a cantora brasileira Jandira Silva, presença comum em eventos de Bossa Nova e Jazz no território, sem esquecer o Festival da Lusofonia. Na voz, destaca-se ainda a presença da cantora local Rachel Lau, bem como o músico Miguel Falé.

O cartaz de hoje não poderia ignorar os The Bridge, banda que toca em Macau desde os anos 80 e que se assume como um grupo de “músicos de várias nacionalidades e amantes do jazz”, focado nos vários estilos que este género musical pode assumir. Os The Bridge têm sido presença habitual nos vários eventos de jazz que já decorreram no território.

Destaque ainda para um grupo mais contemporâneo como é o caso dos The Hot Dog Express, formado por Ivan Piñeda no baixo, Paulo Pereira no saxofone, Miguel Noronha na guitarra, Ari Calangi na percussão, Jacob Jaggers no teclado e Mario Venditti na bateria. Numa clara referência ao grande músico de jazz Herbie Hancock, o Dj Herbie Bangkok irá passar som mais para o final da noite, sem esquecer o Dj IDego.

Numa nota divulgada nas redes sociais, os None of Your Business referem que esta noite será uma mescla de “música, criatividade e unidade”, pretendendo-se lembrar “o impacto do jazz na cultura, paz e liberdade com entusiastas em todo o mundo”.

A ideia é fazer “história em conjunto” para honrar “o legado do jazz e o seu futuro”, sempre em nome da “harmonia global e expressão”

Celebrações mundiais

Este ano a cidade acolhedora do Dia Internacional do Jazz é Tânger, em Marrocos, apesar de qualquer lugar do mundo poder inscrever o seu evento nesta iniciativa. Em Taiwan, celebra-se o dia com um concerto dos Vincent Hsu e Soy La Ley Afro Cuban Jazz Band, enquanto em Nanjing decorre a “Manhã do Jazz” na escola Basis International School Nanjing, onde estudantes e docentes vão actuar num coro e numa performance com várias bandas.

Em Xangai, cidade chinesa do jazz por excelência, decorrem dois eventos distintos. Um deles, é um concerto agendado para hoje a partir das 19h com a JZ All Star Big Band, grupo formado em 2006 e que se apresenta como um dos mais importantes da cena do jazz de toda a China. O grupo já colaborou com artistas como Dee Dee Bridgewater, John Daversa, Cui Jian, Li Quan, Shunza e Coco Zhao, além de ter marcado presença em inúmeros festivais de música e concertos. Este espectáculo acontece no JZ Club.

Também no JZ Club, actuam os 梦中大力神Dream Hercules, a partir das 22h. Trata-se de um grupo formado pelo baixista Ren Yuqing, o pianista Huang Jianyi, o trompetista Li Xiaochuan, e ainda Alec Haacik e Bao Junrui no saxofone. Esta banda inclui ainda o baterista Shen Wanghao e o percussionista Toby Senior.

Na China, o Dia Internacional do Jazz celebra-se ainda em Zhongshan com os Old Street Jazz, e também em Shenzhen, no Penny Black Jazz Club, com o evento ” Jazz – The Global Harmony of Love”.

Foi em Novembro de 2011 que a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) estabeleceu o Dia Internacional do Jazz a 30 de Abril a fim de “potenciar o jazz e o seu papel diplomático na união de pessoas em todos os cantos do mundo”.

A UNESCO aponta que este dia “reúne comunidades, escolas, artistas, historiadores, académicos e entusiastas do jazz a fim de celebrar e aprender sobre o jazz e as suas raízes, futuro e impacto”. A ideia é também “aumentar a consciência para a necessidade de um diálogo intercultural e compreensão mútua”, além de “reforçar a cooperação internacional e comunicação”.

Assim sendo, todos os anos, a 30 de Abril “esta forma de arte internacional é reconhecida por promover a paz, o diálogo entre culturas, a diversidade e o respeito pelos direitos humanos e a dignidade humana”. Celebrando-se o jazz apoia-se também “a erradicação da discriminação, a igualdade de género e a promoção da liberdade de expressão”, descreve ainda a UNESCO.

30 Abr 2024

Macaenses | João Oliveira lança livro sobre humor no patuá

Foi lançado, no passado dia 19, o livro ” O Latinórum na Tóri di Babel – Humor e Língua na Literatura em Crioulo de Macau”, da autoria do professor universitário João Paulo Oliveira. A obra nasce da sua tese de mestrado e traz uma análise actualizada sobre o crioulo de Macau, com uma ligação mais próxima às questões da identidade macaense

 

 

O docente da Universidade Católica Portuguesa, João Oliveira, apresentou no passado dia 19, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), o livro “O Latinórum na Tóri di Babel – Humor e Língua na Literatura em Crioulo de Macau”, que nasce da sua tese de mestrado defendida em 2018 na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

A obra, cuja edição conta com o apoio do CCCM e Universidade de Macau, traz novas análises sobre o uso do humor na literatura escrita em patuá, com grande foco na poesia de José dos Santos Ferreira, mais conhecido por Adé, e numa colectânea feita por Leopoldo Danilo Barreiros.

Ao HM, João Oliveira contou que, para este livro, aumentou a introdução histórica e linguística sobre o patuá, “com mais referências e informação”, sendo também feita “uma comparação com outras realidades geográficas próximas, principalmente com o crioulo de Malaca e ainda o Japão”.

“Tentei posicionar melhor o crioulo de Macau no momento presente do território, além de analisar como esse crioulo e a etnia macaense são vistos hoje em dia no seio da própria comunidade. Ao contrário do que fiz na minha tese de mestrado, que se centrou nos textos escritos, fiz ainda uma análise dos vídeos do grupo Doci Papiaçam di Macau, tentando relacioná-los com os textos passados”.

Este livro inclui ainda uma parte onde são analisados todos os termos de origem não portuguesa que estão registados nos textos em crioulo de Macau. Segundo o autor, esta compilação nasce, em parte, “de glossários e estudos passados, alguns deles mais antigos, como é o caso [dos escritos] de Graciete Batalha, e outros mais actuais, [da autoria] de Raúl Gaião”.

João Oliveira confessa que sempre se interessou por culturas diferentes da sua, cujo conhecimento acaba por ser proporcionado pela globalização que se vive hoje em dia e pela facilitação do contacto com línguas, escritos e representações culturais.

O docente considera que o patuá “tem grande influência da história e cultura portuguesas”, tendo as suas especificidades face a outros crioulos.

“Interessei-me pelo patuá e comunidade macaense porque contém, ao contrário da maioria dos crioulos portugueses na Ásia, um espólio escrito considerável. A maioria dos crioulos de origem portuguesa na Ásia têm uma vertente bastante oral, sendo estudados através de conversas com nativos e gravações.”

As inovações nos Dóci

Há muito que se fala da necessidade de preservação da identidade macaense e o humor impregnado na sua literatura aborda bastante esta questão. Mas o humor feito em patuá, e toda a literatura macaense, também acabam por revelar “as várias camadas culturais, a religião e a gastronomia” de um grupo étnico.

Da análise feita por João Oliveira aos vídeos que habitualmente são exibidos nas peças dos Dóci Papiaçam di Macau “verificam-se algumas inovações, sobretudo devido às evoluções sócio-económicas de Macau”, sem esquecer que o território “se foca mais hoje no jogo e no turismo do que no passado”.

“Estas temáticas estão hoje bem mais presentes na vivência do dia-a-dia e nas produções culturais, tendo uma maior presença do que nos textos mais antigos”, disse João Oliveira, destacando “o sentido de continuidade” no trabalho feito pelos Dóci e Miguel de Senna Fernandes, autor das suas peças.

“Esse sentido de continuidade é o mais importante, pois o grande cérebro dos Doci, Miguel de Senna Fernandes, tendo noção dos textos mais antigos, tenta actualizá-los e utilizar o seu universo criativo. Existe, assim, uma grande continuidade entre textos antigos e produções mais recentes, e essa é uma tentativa de talhar uma identidade macaense através de um género artístico.”

Trata-se ainda de uma forma de criação “de uma identidade ligada à história e cultura portuguesas, mas distinta dessa e de tudo o resto que se pode encontrar em Macau, que passa pela comunidade chinesa”.

“Miguel de Senna Fernandes diz que a etnia macaense está integrada na nação chinesa e existe uma tentativa de talhar uma existência cultural específica para a comunidade macaense com características que a distingue das outras”, recorda João Oliveira.

Numa entrevista concedida ao HM a propósito da sua investigação, João Oliveira declarou que, nos escritos antigos, “os macaenses brincavam, sobretudo, com eles próprios, com a sua cultura, muitas das vezes diminuindo-se de uma forma que, para quem lê, não é verdadeiramente para inferiorizar.”

Enquanto o português era uma língua mais formal, o patuá era usado de uma maneira bem mais “coloquial”.

“Os macaenses brincam muito com eles próprios e com o elemento português, que muitas vezes é visto como o elemento supra cultural. As personagens, tal como a própria língua portuguesa, são representadas com alguma hiperformalidade, pois [o português] é visto como uma língua muito formal e pouco natural no dia-a-dia, enquanto a língua e as personagens de Macau são identificadas de forma contrária.”

29 Abr 2024

Escritora portuguesa Dulce Maria Cardoso vence prémio

Foto Mário Cruz / Lusa

A escritora Dulce Maria Cardoso venceu o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários com o segundo volume de “Autobiografia não autorizada”, revelou na sexta-feira a Associação Portuguesa de Escritores. O júri decidiu premiar a autora por “uma obra composta por verdadeiras crónicas, (…) que prendem o leitor pela conjugação entre brevidade e intensidade do que é evocado e descrito”.
Em “Autobiografia não autorizada” surge uma prosa literária “de altíssima qualidade, que transporta o leitor para o que é o verdadeiro valor das circunstâncias de que são feitos os dias”, justifica o júri.
“Autobiografia não autorizada”, cujo primeiro volume saiu em 2021 e o segundo em 2023, é uma edição da Tinta-da-China e reúne crónicas, relatos pessoais e memorialísticos que Dulce Maria Cardoso escreveu para a revista Visão.
Um autor publicar uma autobiografia não autorizada é quase uma impossibilidade, porque “uma autobiografia, à partida, diz a verdade, relata o que se passou”, mas porque “há muito de inventado nas crónicas, não é um diário, não é uma autobiografia que eu autorizasse”, contou Dulce Maria Cardoso em 2021, em entrevista à Lusa, assumindo que o título é também “uma provocação”.

Uma verdade ficcionada

“O que eu conto lá é a partir da verdade, não quer dizer que seja a verdade. Pode ser ficcionado posso nem partir de factos reais e colocar sentimentos verdadeiros, é a minha vida, eu tornei-me personagem, é a minha vida ficcionada, até quanto mais não seja pela memoria que é sempre uma mistura de ficção e de imaginação”.
O Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Escritores em parceria com a câmara municipal de Loulé e tem um valor monetário de 15.000 euros.
Dulce Maria Cardoso, premiada autora de contos, crónicas e romance — nomeadamente “O Retorno”, “Os meus sentimentos” e “Eliete” -, receberá o prémio a 9 de Maio, dia do município de Loulé.
O júri foi constituído por Carlos Albino Guerreiro, Helena Carvalhão Buescu e Salvato Teles de Menezes. Em edições anteriores, o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários distinguiu obras de José Tolentino Mendonça, Rui Cardoso Martins, Mário Cláudio, Pedro Mexia, Mário de Carvalho, Lídia Jorge, José Eduardo Agualusa e Miguel Esteves Cardoso.

28 Abr 2024

Casa Garden | Lançamento em Maio de livro que compara Macau, Índia e Timor

O livro “Macau, Índia e Urbanismo de Timor – Continuidade e Ruptura na Implantação do Planeamento Urbano entre 1934 e 1974”, da autoria de Sérgio Barreiros Proença, será lançado na Casa Garden no próximo dia 3 de Maio, a partir das 18h30, tratando-se de uma iniciativa promovida pelo CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo.

Segundo um comunicado da organização, este livro proporciona “uma perspectiva única sobre o desenvolvimento do planeamento urbano de Macau, Goa e Timor”, apresentando a análise sobre o “rico arquivo de planos urbanísticos destes três territórios”.

A obra nasce de um projecto de investigação financiado pelo próprio CURB, Fundação Macau e CIAUD – Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design, ligado à Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. Este projecto, realizado com base nos planos de urbanização das antigas províncias ultramarinas portuguesas, dos anos 1937 a 1974, foi também financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tendo coordenação da académica Maria Clara Mendes.

Sérgio Barreiros Proença é licenciado em Arquitectura, Planeamento Urbano e Territorial pela antiga Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, actualmente Universidade de Lisboa. Tem ainda um mestrado em Cultura Arquitectónica Moderna e Contemporânea e um doutoramento em Urbanismo. É ainda docente nesta área.

O CURB é uma instituição sem fins lucrativos estabelecida em Macau para promover a investigação, educação, produção e disseminação do conhecimento em arquitectura, urbanismo e cultura urbana.

26 Abr 2024

Concerto | Trio Mark Leung e músicos locais amanhã na FRC

É já amanhã que a galeria da Fundação Rui Cunha acolhe mais um espectáculo de jazz. Os protagonistas são o Trio Mark Leung, composto por músicos de Hong Kong, que se juntam aos músicos e colaboradores da Associação de Promoção de Jazz de Macau. Este é mais um evento incluído na série de espectáculos “Saturday Nigh Jazz” e serve de celebração aos 12 anos da FRC

 

Escreve-se amanhã mais um capítulo na história da iniciativa “Saturday Night Jazz”, criada pela Fundação Rui Cunha (FRC) para promover a música que se faz a nível local e também regional. A partir das 21h é possível ouvir composições de jazz tocadas pelo Trio Mark Leung, com músicos de Hong Kong, que se juntam aos músicos da Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA, na sigla inglesa), presença habitual na FRC na realização deste tipo de iniciativas.

O concerto serve para celebrar o 12.º ano da FRC, um projecto que nasceu da mente do advogado Rui Cunha para promover a cultura local, mas também a dinamização do Direito de Macau.

O Trio Mark Leung adoptou o nome do seu guitarrista, que se junta ao baterista Felix Leung e ao baixista Kiu Fung Lee. Mark Leung esteve em Macau em Março do ano passado, quando apresentou o seu projecto mais regular, o “Olá Jazz Guys”.

O guitarrista fundou a “Olá School of Music” para desenvolver estudos de performance e educação musical no território vizinho, sendo também fundador da Free Music Association (FMA).

Mark Leung é ainda membro da Sociedade de Compositores e Autores de Hong Kong (CASH), além de ser considerado “um velho amigo” da MJPA, tendo inclusivamente estudado em Portugal com o músico de jazz Zé Eduardo, nome também habitual na cena local do jazz.

Segunda parte local

Se o espectáculo abre com o Trio Mark Leung, encerra com músicos de Macau e habituais colaboradores da MJPA, nomeadamente o guitarrista Mars Lei, seu presidente e nome habitual nestas iniciativas. Segundo a FRC, “os habituais artistas residentes irão tocar clássicos do jazz com a ajuda dos colegas de Hong Kong”.

Desde 2014 que o evento “Saturday Night Jazz” é organizado pela FRC em parceria com a associação, que é formada “por amantes de jazz que regularmente tocam, ensinam e exploram os vários estilos deste género musical, no âmbito de múltiplos projectos vocacionados para a juventude”.

26 Abr 2024

Obras de Ding Li na galeria Humarish Club até Maio

A galeria Humarish Club, no empreendimento Lisboeta Macau, acolhe até ao dia 17 de Maio a exposição “La Dolce Vita” [A Vida é Bela] do artista chinês Ding Li, sendo esta a primeira vez que este revela a sua obra ao público local.

A exposição, realizada em parceria com a galeria Madein, apresenta obras que são uma espécie de retratos de figuras, com o artista a apresentar uma nova visão sobre “cenas do quotidiano através de pinceladas intrincadas”, criando “linhas de textura metálicas” e “texturas metálicas”, explica a organização em comunicado.

Ding Li apresenta, em “La Dolce Vita”, uma “linguagem visual profunda que estimula a contemplação e a exploração da criação artística por parte do público”.

Com esta mostra, o Humarish Club diz querer “enriquecer a diversidade do panorama cultural e artístico de Macau através da apresentação de obras de arte com características pessoais distintas, mostrando a integração da tecnologia digital e da pintura tradicional”, além de reflectir “a tendência da integração interdisciplinar”.

De Xangai a Paris

Nascido em Xangai em 1979, Ding Li formou-se em artes Academia de Belas Artes de Paris, França (École Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris). O artista dedica-se também à fotografia, onde explora “formas concisas e temas proeminentes, adoptando uma linguagem estilizada e madura aos seus temas e objectos”.

Ding Li acaba por centrar muito do seu trabalho em retratos de busto de uma ou várias pessoas, bem como paisagens, variando entre a pintura e a criação de imagens. O processo de criação artística funciona como um enfrentar “dos efeitos subsequentes desta tensão constante”.

Segundo a organização da mostra, o artista destaca “a natureza construída da imagem, deixando em aberto a possibilidade de resultados inesperados” para quem vê o seu trabalho. As suas pinturas “atraem a atenção do espectador não só pelo prazer que despertam as cores vivas e linhas curvas, mas também pelas mensagens e emoções incertas que transmitem”.

O artista baseia-se ainda em “experiências repetidas com o objectivo de definir uma expressão pura própria” no meio artística. Ding Li explora a pintura feita a partir de características materiais e apresenta uma nova linguagem visual através da reconstrução de tintas a óleo, tintas em spray, pincéis e molduras.

A mais recente exposição do artista foi apresentada no Museu de Arte de Guangdong, em Cantão, no ano passado, integrada no evento “Symphony of All the Changes: The 7th Guangzhou Triennial”.

25 Abr 2024

Casa de Vidro | Imagens do 25 de Abril para ver até 19 de Maio

Está patente na Casa de Vidro do Tap Seac, até ao dia 19 de Maio, a mostra “50 Passos para a Liberdade: Portugal da Ditadura ao 25 de Abril”. Esta exposição é organizada pela Casa de Portugal em Macau e cedida pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.

Na mostra retrata-se “os últimos anos da ditadura e os primeiros momentos depois do seu derrube, abrangendo o intervalo temporal entre Setembro de 1968 e Julho de 1974, com recurso a fotografias, cartazes, documentos e recortes de imprensa”. É feita uma divisão em quatro núcleos centrais, nomeadamente “Um regime à beira do fim”, “O derrube da ditadura”, “O dia inicial inteiro e limpo”, com referência ao célebre poema de Sophia de Mello Breyner, e ainda “Os primeiros dias em liberdade”. Esta exposição é itinerante e contém conteúdos em várias línguas para se adaptar aos vários países e regiões onde estará presente, sendo uma iniciativa com a colaboração do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua (Camões – IP).

A historiadora Maria Inácia Rezola, comissária das celebrações do 25 de Abril em Portugal, adiantou à Lusa que “o ponto inicial é a célebre queda da cadeira de Oliveira Salazar”, explicando que a exposição percorre depois “alguns dos acontecimentos centrais do marcelismo, enfatizando questões como a luta dos movimentos de libertação africanos, as lutas sindicais e a luta dos católicos progressistas”.

A mostra analisa “a conspiração dos capitães e a preparação do 25 de Abril e do programa do MFA [Movimento das Forças Armadas]”, adiantou a comissária, vincando que a exposição dedica “um espaço muito particular ao próprio dia 25 de Abril” e conclui, no quarto núcleo, “retratando o que foram os primeiros momentos vividos em liberdade”.

Nomeadamente, acrescentou, abordando “a conquista da liberdade de expressão e a conquista do salário mínimo nacional, culminando todas estas novidades com a aprovação, a 27 de Julho de 1974, da lei 7/74, pela qual, finalmente, Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e à independência”.

25 Abr 2024

Livraria Portuguesa | Livro sobre empreendedorismo lançado amanhã

É já esta sexta-feira, a partir das 18h30, que será lançado na Livraria Portuguesa a obra “Jornada do Empreendedorismo”, da autoria de Marcos Barbosa Rodrigues e Luís Rasquilha. A apresentação caberá a José Alves, director da Faculdade de Gestão da Universidade Cidade de Macau.

Marcos Barbosa Rodrigues é, segundo uma nota da Livraria Portuguesa, um “empreendedor visionário com uma larga experiência no mundo executivo e empresarial”, sendo formado em Empreendedorismo e Gestão da Inovação pela Universidade Católica Portuguesa. O co-autor deste livro é actualmente CEO da Polis CV e presidente do Conselho Superior das Câmaras de Comércio e Turismo de Cabo Verde.

Esta obra explora a área do empreendedorismo, explicando aos leitores que se trata de “muito mais do que criar um negócio”, mas também de “um estado de espírito, uma forma de encarar desafios, olhar possibilidades onde outros vêem obstáculos e transformar paixões em empreendimentos prósperos”.

Desta forma, o livro “mergulha nas raízes do empreendedorismo, explorando as suas origens históricas e o crescimento no mundo contemporâneo”. Os autores revelam histórias de empreendedores e desvendam “os elementos-chave” desta área, “desde a identificação de oportunidades até à construção de uma empresa e sua gestão do negócio”. Esta obra apresenta-se como um “convite para a transformação num agente de mudança” e a possibilidade de “abraçar o espírito empreendedor e transformar as suas aspirações em realidade”.

25 Abr 2024

Palestra sobre dietas e obesidade amanhã na FRC

Decorre amanhã, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC), a palestra “Dietas para combater a Obesidade – Mitos e Estratégias”, com a presença da médica Paula Freitas, assistente graduada do serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar Universitário São João, no Porto, e ainda professora auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Segundo um comunicado da FRC, a palestra pretende desmistificar algumas ideias pré-concebidas em torno da alimentação e obesidade. Paula Freitas refere, na mesma nota, que a obesidade pode ser considerada “uma doença crónica complexa, multifactorial e recidivante”, e que “qualquer intervenção a curto prazo, correcta ou incorrecta, não terá impacto a longo prazo e está votada ao insucesso, se a sua estratégia não for a modificação do estilo de vida de uma forma permanente”.

A profissional de saúde destaca ainda que a obesidade ou pré-obesidade são “doenças crónicas com impacto na saúde, qualidade de vida e mortalidade”, não sendo apenas problemas do ponto de vista estético.

Assim, “é de primordial importância que a pessoa com obesidade defina e tenha metas realistas no tratamento”, pois, caso contrário, “ficará frustrada, irá desistir e não perderá peso”.

Cada corpo é um corpo

Relativamente às chamadas dietas rápidas, Paula Freitas denota que “a pressa é inimiga da perfeição”, e que não há uma dieta milagrosa que funcione com todas as pessoas. Na verdade, uma dieta que promete perda de muito peso em pouco tempo “pode levar à interrupção de comportamentos saudáveis necessários, de forma prolongada e duradoira, para uma saudável perda de peso”.

Cortar nas proteínas, gorduras ou hidratos de carbono, ou optar por uma alimentação vegetariana, por exemplo, depende de cada pessoa e das doenças que possa ter, caso sejam do foro cardiovascular, diabetes ou colesterol aumentado.

A médica aconselha, assim, a que as pessoas façam “escolhas saudáveis todos os dias”. “Há que pôr fim aos mitos e às confabulações sobre dietas miraculosas. Devemos fazer escolhas alimentares saudáveis todos os dias e praticar exercício físico regularmente. Só deste modo, teremos uma vida saudável”, descreve.

24 Abr 2024

Bienal de Veneza | Exposição “Acima de Zobeida” exibida até Novembro

Macau está presente na 60ª edição da Bienal de Veneza com “Acima de Zobeida – Exposição de Macau, China”, patente no Instituto Santa Maria della Pietà até 24 de Novembro. A mostra revela o trabalho do artista local Wong Weng Cheong, inspirado no romance de Italo Calvino “As Cidades Invisíveis”

 

Foi inaugurada na segunda-feira a exposição que representa a RAEM na 60ª edição da Bienal de Veneza. “Acima de Zobeida – Exposição de Macau, China” revela o trabalho do artista local Wong Weng Cheong, formado em artes plásticas no Reino Unido e que, para este projecto, se inspirou no romance “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino.

Tendo livro do romancista italiano como guia de imaginário, o artista utilizou as instalações da bienal para “criar um mundo ficcional repleto de metáforas”, onde existe “um espaço selvagem acima das ruínas de uma cidade, habitado apenas por um grupo de herbívoros com pernas alongadas”.

Com este projecto os espectadores “são ocasionalmente captados pela câmara”, parecendo “forasteiros”, sempre em busca de novidades. Segundo uma nota de imprensa do Instituto Cultural (IC), “através da engenhosa justaposição de realidade e imaginação, natureza e civilização, animais e humanos, governantes e forasteiros, o artista apresenta a crise de mutação enfrentada pelos humanos no processo de desenvolvimento urbano impulsionado por desejos materiais, levando os espectadores a contemplar a situação complicada que a humanidade tem de enfrentar no mundo contemporâneo e reflectindo a sobrevivência aparentemente vulnerável, mas tenaz, de todos os seres”.

Rol de oportunidades

Na cerimónia de inauguração, a presidente do IC, Leong Wai Man, considerou que a exposição “reflecte não só a perspectiva global e o cuidado humanístico da criação artística de Macau, mas também revela as personalidades e talentos destes artistas jovens e em ascensão”.

Ficou ainda patente a promessa de que o Governo “irá continuar a criar mais condições e oportunidades para os artistas de Macau, concretamente para os jovens artistas, permitindo-lhes criarem obras de arte que reflitam a cultura chinesa e o carácter de Macau, promovendo o desenvolvimento cultural e as indústrias culturais de Macau”.

Esta mostra tem a curadoria de Chang Chan que, tal como Wong Weng Cheong, agradeceu à organização da bienal “a assistência e apoio à criação artística em Macau”. Ambos disseram sentirem-se “honrados por participarem em nome de Macau na Bienal de Veneza, uma plataforma a que os profissionais da arte aspiram, prometendo aproveitar esta preciosa oportunidade para apresentar ao mundo os mais recentes desenvolvimentos artísticos” do território.

Natural de Cuba, Italo Calvino é considerado um dos mais importantes romancistas do século XX, tendo publicado “As Cidades Invisíveis” em 1972. O livro estabelece uma ligação entre as viagens do navegador Marco Polo ao Oriente e os diálogos com o imperador Kublai Khan.

24 Abr 2024

Cinema | “A Sociedade da Neve” em destaque nos prémios ibero-americanos Platino

O filme “A Sociedade da Neve” venceu a 11.ª edição dos prémios ibero-americanos Platino em seis das sete categorias em que estava nomeado, em que os candidatos portugueses ficaram fora dos premiados, anunciou a organização.

Co-produção de Espanha, Chile, Uruguai e Estados Unidos para a Netflix, o filme, sobre a tragédia aérea ocorrida nos Andes em 1972, do espanhol Juan Antonio Bayona, conquistou as categorias de melhor filme ibero-americano de ficção, realizador, actor, montagem, fotografia e sonoplastia, numa cerimónia no sábado, em Cancún, no México.

Os filmes “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, e “Mataram o Pianista”, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, co-produzido por Portugal, estavam nomeados na categoria de animação, em que “Robot Dreams” foi o vencedor. “Nayola” é a primeira longa-metragem do realizador português José Miguel Ribeiro, tendo já sido premiada e exibida em vários festivais e estreado nos cinemas portugueses.

“Mataram o Pianista” é um documentário dos realizadores espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal, com Humberto Santana, fundador da Animanostra, como coprodutor.

Os Prémios Platino são organizados pela Entidade de Gestão de Direitos dos Produtores Audiovisuais e pela Federação Ibero-americana de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais, em parceria com academias e institutos de cinema dos países do espaço ibero-americano.

23 Abr 2024

Clube Militar | Celebrações do 25 de Abril com jantar e exposição

O Clube Militar de Macau acolhe esta quinta-feira as celebrações dos 50 anos da revolução portuguesa do 25 de Abril de 1974 que levou à queda do regime ditatorial do Estado Novo. Está agendado um jantar comemorativo que começa a partir das 18h30 com um cocktail, seguindo-se um momento musical com Zeca Li Silveirinha e Mariana Menezes.

Além disso, será inaugurada uma exposição de fotografia intitulada “Lisboa, 25 de Abril de 1974”, com imagens de Álvaro e José Tavares. As inscrições para o jantar e espectáculo terminam amanhã e devem ser feitas junto dos responsáveis pela organização do evento, nomeadamente Manuel Geraldes, Pedro Vale de Gato, Lurdes de Sousa ou Carlos Wilson. Esta iniciativa conta ainda com o apoio da Casa de Portugal em Macau.

23 Abr 2024