Música | Pianista macaense cria associação em prol da educação musical

Catarina Amaral está há dez anos em Nova Iorque e decidiu criar a Opus One com Peter Chan e Shuyan Wong, também nascidos em Macau, a fim de desenvolver uma educação musical alternativa para o território com mais concertos, masterclasses e outros eventos gratuitos ou com custo reduzido

 

A pianista macaense Catarina Amaral, a estudar em Nova Iorque, criou com outros dois músicos a associação de artistas Opus One, que quer contribuir para criar um ambiente “mais saudável” na educação musical em Macau. A razão que levou Catarina Amaral a partir há quase dez anos para os Estados Unidos, para estudar Música, é praticamente a mesma que a fez criar, em Outubro de 2021, a associação de artistas Opus One.

Em Macau, onde nasceu, sentia falta de uma comunidade artística. E a educação musical tinha ainda muito caminho pela frente. “Está muito melhor do que antes, porque pessoas que estudaram fora voltaram para Macau e existem mais alunos a tocar muito melhor tecnicamente”, diz em entrevista à Lusa a macaense de 24 anos.

No entanto, nota a pianista, com a “cultura de competição que se mantém entre os alunos” do território, que “sentem muita pressão”, a qualidade da música local acaba por ser “muito afectada”.

Ao nível do currículo do ensino superior, considera, faltam programas interessantes, até “porque música não é só tocar”: “Tens muito mais do que só isso: artes, tens a história, a teoria, está tudo relacionado e Macau ainda não está a pôr estes pontos juntos. Ainda falta, mas está a começar”.

A Opus One, constituída por Catarina e dois amigos, também pianistas de Macau, Peter Chan e Shuyan Wong, quer trazer algum equilíbrio a quem está a dar os primeiros passos neste mundo, através, por exemplo, de “mais educação via concertos, ‘masterclasses’ e outros eventos”, gratuitos ou de custo reduzido.

“Em vez de tudo ser competição, em vez de se ter de pagar para as aulas, nós queremos mesmo que os alunos comecem a apreciar a música que eles próprios ouvem, que eles próprios veem, que não sejam só mandados praticar, mandados gostar de música”, explica.

Primeiros acordes

Um recital com a russa-americana Olga Kern, única mulher a alcançar nos últimos 50 anos o ouro na competição internacional de piano Van Cliburn, ou com o pianista canadiano Avan Yu, que deu ainda uma ‘masterclass’ a quatro crianças de Macau, foram algumas das actividades organizadas até agora pela Opus One.

Todas com dinheiro do próprio bolso, já que a associação não conseguiu angariar fundos para apoiar as iniciativas.

“Estes eventos, que começam por ser grátis ou a um preço baixo, ou a oportunidade [que as crianças têm] de conhecerem estes artistas e tocarem para estes artistas, pode influenciar os jovens a gostarem ainda mais de música. Pode até trazer um ambiente mais saudável para Macau”, reforça.

Catarina Amaral concluiu a licenciatura e mestrado em Música na Manhattan School of Music, em Nova Iorque, e frequenta agora um segundo mestrado, em Educação, na Columbia University. Diz que, para o futuro, o que “queria mesmo era ensinar professores como ser professores”. “Não é só dizer aos alunos o que fazer, mas dizer aos alunos para explorarem o que eles querem fazer”, reforça.

Para já, esta macaense, de origem portuguesa e chinesa, vai ficar nos Estados Unidos para um fazer o doutoramento. O regresso a Macau está nos planos, diz, até porque sente que quer dar algo de volta à comunidade.

Quanto à associação, dedicada numa fase inicial mais à música e ao piano, a ideia passa por contactar com outros instrumentos e artes. Pintura e moda são algumas das áreas de interesse e com “talentos não descobertos”.

“Macau tem muito talento, tem muitas pessoas com muito talento e que não são faladas, não são dadas a conhecer ao público. Por isso são também comunidades que queremos incluir”, diz.

23 Abr 2024

Fundação Oriente promove encontro para partilhar o “que se faz de melhor” em Macau e Goa

O 1.º Encontro de Delegações da Fundação Oriente (FO), que se realiza em Macau por ocasião do 25 de Abril, é uma “primeira aproximação” entre as representações e “uma rampa de lançamento” para maior intercâmbio.

“Tivemos aqui uma ideia de aproximação, uma primeira aproximação, não só para trocar experiências entre nós, delegados (…) mas isto foi uma coisa que nasceu (…) do interesse que temos em aprender com aquilo que se faz de melhor em cada um desses sítios”, disse à Lusa a delegada da Fundação Oriente em Macau, Catarina Cottinelli.

A decorrer entre 24 e 29 de Abril, esta primeira edição junta apenas Macau e Goa, estando a delegação de Timor-Leste ausente devido a compromissos.

Nadia Rebelo, Franz Schubert Cotta e Omar de Loiola Pereira, três músicos de Goa, sobem ao palco, na Casa Garden, Macau (27 de Abril), e no Clube Lusitano, em Hong Kong (28 de Abril), para dois concertos que incluem temas de fado e de mandó, género musical goês.

Está prevista ainda uma conferência sobre o trabalho da Fundação Oriente na Índia, com incidência na recuperação de património cristão no estado indiano de Goa e no apoio e promoção do ensino de português.

“A fundação aqui também tem o papel não só dessa manutenção do património, dessas ligações a Portugal, mas também tudo o que seja o incremento dos laços entre Portugal e Índia, mais concretamente em Goa. E, além dessa recuperação, também temos vindo pontualmente a suportar ou apoiar o governo de Goa na recuperação de algum património hindu”, disse à Lusa o delegado da FO Goa, Paulo Gomes.

O encontro na região chinesa, onde Catarina Cottinelli diz esperar elevar a cumplicidade entre as representações, é também uma oportunidade para dar a conhecer as comunidades com quem trabalham e até “a própria estratégia” para as respectivas regiões, “que é um pouco diferente” e adaptada “a cada contexto”.

“A fundação [em Macau], hoje em dia, tem um papel mais na vertente cultural, do intercâmbio cultural, de promover as actividades que fazemos aqui, promover justamente uma relação maior com a cultura chinesa e portuguesa, e, neste caso, a cultura de Macau”, explicou.

Olhar para a frente

Cottinelli já pensa em encontros futuros, na Índia e em Timor-Leste, e assegura que as ideias existem, nomeadamente a realização de residências artísticas. “Por que não trazermos artistas de Goa e vice-versa”, sugeriu, avançando ainda a possibilidade de levar artistas de Macau que queiram fazer investigação em Goa.

Já Paulo Gomes admite que este primeiro evento pode ser uma “rampa de lançamento” para a realização de “duas ou três actividades anuais que envolvam as três delegações”. A Fundação Oriente nasceu em 18 de Março de 1988 como uma das contrapartidas impostas pela então administração portuguesa em Macau à concessão em regime de exclusividade da exploração do jogo no território.

Desenvolve acções culturais, educativas, artísticas, científicas, sociais e filantrópicas, com vista à valorização e à continuidade das relações históricas e culturais entre Portugal e o Oriente. Após a abertura da delegação da FO em Macau, em 1988, seguiu-se Goa, em 1995, e Timor-Leste, em 2002.

22 Abr 2024

CCM | Concerto de homenagem a Rachmaninoff no sábado

O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) recebe no próximo sábado, a partir das 20h, “Homenagem a Rachmaninoff”, um concerto da Orquestra de Macau (OM) dirigido pelo maestro húngaro Gábor Káli.

Os músicos da orquestra local vão tocar neste espectáculo três obras de Sergei Rachmaninoff “raramente interpretadas”, segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), nomeadamente “Sinfonia Juvenil em Ré menor”, “Concerto para Piano e Orquestra N.º 4 em Sol menor” e “Sinfonia N.º 1 em Ré menor”. O público poderá, assim, desfrutar de uma “visão única das obras desta figura icónica da escola da música romântica russa”.

O maestro húngaro Gábor Káli foi o vencedor do primeiro prémio e do Prémio de Orquestra da primeira edição do Hong Kong International Conducting Competition em 2018. Assumiu o cargo de director musical assistente e maestro principal do Teatro Estadual de Nuremberga, na Alemanha, e o de maestro convidado da Ópera Estatal Húngara, em Budapeste, por várias vezes.

Outro destaque do concerto é a pianista francesa Marie-Ange Nguci, que ingressou no Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris aos 13 anos e completou o curso de mestrado de música em Execução de Piano aos 16 anos. Segundo o IC, “a sua técnica excepcional, musicalidade extraordinária e visão colocaram-na na vanguarda do sector musical”.

22 Abr 2024

Cinemateca Paixão | Ciclo exibe filmes do sul-coreano Hong Sang-soo até Maio

Um total de dez películas com a assinatura do realizador Hong Sang-soo podem ser vistas na Cinemateca Paixão até 11 de Maio. O ritmo vagaroso com que conta histórias de amor e dilemas do quotidiano da Coreia do Sul são características do realismo doméstico típico dos seus filmes

 

Arrancou na última semana na Cinemateca Paixão um ciclo de cinema inteiramente dedicado ao realizador sul-coreano Hong Sang-soo, que começou a ficar conhecido no cinema asiático e mundial em meados dos anos 1990. “Realizador em Destaque: Exibição Temática de Filmes de Hong Sang-soo” apresenta ao público de Macau um conjunto de dez filmes, incluindo a longa-metragem com a qual se estreou nos grandes ecrãs: “The Day a Pig Fell Into the Well” [O Dia em que o Porco caiu no Poço], que teve uma única exibição no último sábado.

Contudo, os restantes filmes terão direito a duas exibições para que os fãs não percam a oportunidade de conhecer de perto o trabalho do realizador. Ainda esta quarta-feira serão exibidos, às 19h30, a curta-metragem “Lista” e o filme “A Colina da Liberdade”, este último de 2014.

“Necessidades de Uma Viajante”, filme deste ano, exibe-se no próximo sábado às 16h30. Esta película, que ganhou o Urso de Prata no Festival Internacional de Cinema de Berlim, além de ter marcado presença no Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, conta a história de uma mulher francesa que tocava flauta de bisel num parque para sobreviver, mas que acaba por se tornar docente de francês de duas mulheres. A filme conta com a participação da actriz Isabelle Huppert.

Também no próximo sábado, às 21h30, passa o filme “Recordando a Porta Giratória”, feito em 2002, e que é novamente exibido no dia 11 de Maio às 21h30. No domingo, às 19h30, exibe-se “Na Praia À Noite Sozinha”, centrando-se nas deambulações da actriz Younghee devido a uma relação com um homem casado.

“A Romancista e o seu Filme”, com uma primeira exibição na última quinta-feira, volta a ser exibido no domingo, 28 de Abril, às 21h30.

Este filme conta a história de uma romancista que faz uma longa viagem para visitar uma livraria gerida por uma colega com a qual perdeu o contacto. Numa ocasião, ao subir sozinha uma torre, cruza-se com um realizador de cinema e a mulher, que a convence a fazer um filme. Contudo, uma série de peripécias, que culmina com uma bebedeira, altera o rumo dos acontecimentos.

“A Romancista e o seu Filme” ganhou um Urso de Prata na edição de 2022 do Festival Internacional de Cinema de Berlim, além de ter marcado presença nos festivais de Nova Iorque e Busan.

Dias de Maio

A Cinemateca Paixão exibe também “O Dia em que Ele Chegar”, pela segunda-vez a 5 de Maio.

O filme de 2011, que marcou presença em Cannes, centra-se em torno de Seongjun, que vai para Seul ter com um amigo próximo. Quando este não atende o telefone, Seongjun decide passear na zona de Seul em que vive o seu amigo, Bukchon, encontrando uma actriz que conhecia. Ao descer até outra zona de Seul, Insadong, Seongjun, que era realizador de cinema, trava conhecimento com várias pessoas, vendo-se obrigado a enfrentar as consequências das suas decisões.

Depois de se estrear com a longa-metragem de 1996, Hong Sang-soo realizou, em 1998, “O Poder da Província Kangwoo”, que volta a ser exibido na Cinemateca Paixão no dia 3 de Maio, às 21h30, depois de uma primeira exibição ontem.

Com este filme, o realizador sul-coreano venceu os Prémios Dragão Azul nas categorias de melhor realizador e melhor argumento, além de ter marcado presença, em 2000, no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary

“A Nossa Sunhi”, exibido a 2 de Maio às 19h30, também gira em torno de uma personagem que faz filmes. Neste caso é Sunhi, que vai à sua antiga escola pedir uma carta de recomendação a um docente, com o intuito de prosseguir estudos em cinema nos Estados Unidos. Mas esse pedido faz com que Sunhi se reencontre o ex-namorado e o director que se formou na mesma escola que ela, gerando-se um interesse romântico de ambos pela protagonista.

Finalmente, a 9 de Maio, será exibido “Nos Nossos Dias”, centrado na vida de uma mulher de cerca de 40 anos que vive temporariamente em casa de uma amiga que, por sua vez, está a criar um gato. Há ainda outro idoso, na casa dos 70 anos, que vive sozinho e sofre com a morte do seu gato. A trama prossegue em torno destas histórias de vida.

Hong Sang-soo formou-se em cinema na Coreia do Sul, Califórnia e Chicago. Ao longo da carreira, os seus filmes tiveram como foco relatos de vidas e relações modernas, condimentados com pitadas de humor negro. Os bilhetes normais para uma sessão custam 60 patacas, enquanto estudantes e idosos têm desconto de 50 por cento.

22 Abr 2024

Patuá | Livro que reúne cartões de estudo do crioulo apresentado amanhã

Elisabela Larrea apresenta amanhã, no pavilhão polidesportivo do Tap Seac, o livro “Unchinho di Língu Maquista: Cartões de Estudo do Patuá”, uma edição financiada pelo Governo e apoiada pelo Instituto Internacional de Macau. Ao HM, a autora fala do projecto que começou a ser desenvolvido em 2016

 

É apresentado amanhã o novo livro da macaense Elisabela Larrea, a partir das 14h30 no pavilhão polidesportivo do Tap Seac, por ocasião da Feira do Livro da Primavera. Editado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) e com o patrocínio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC), o livro reúne os cartões de estudo de patuá, o crioulo macaense, sendo ainda traduzido para chinês, português e inglês.

O projecto de desenvolver cartões de estudo com palavras em patuá começou a traçar-se em 2016, mas a sua compilação em livro visa “proporcionar uma forma de aprendizagem do crioulo de base portuguesa de Macau, através de ilustrações simples”. A edição proporciona ao utilizador o acesso a redes sociais com códigos QR para fomentar a aprendizagem do patuá nos meios audiovisuais, “facilitando ainda mais a aprendizagem de uma língua que se encontra actualmente em perigo de extinção, conforme a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)”, aponta o IIM.

Na mesma nota, o IIM recorda que “a comunidade macaense tem procurado salvaguardar com trabalhos de documentação de estudo, em publicações e na promoção e no ensino e na música, sem esquecer o teatro em patuá do grupo dos Dóci Papiaçám di Macau, reconhecido pela RAEM e pela República Popular da China como património intangível”.

Ao HM, Elisabela Larrea recorda que iniciou este trabalho graças à pesquisa que desenvolveu para o seu doutoramento, na Universidade de Macau, relacionado, precisamente, com o patuá. “Apercebi-me de que as publicações ou explicações [do crioulo] estavam maioritariamente em português e inglês, pelo que surgiu a ideia de incluir o chinês para promover a cultura macaense e o patuá junto de diferentes comunidades culturais.”

A autora refere ainda ter “muitos amigos chineses interessados em saber mais” sobre o patuá, sentido muitas dificuldades em encontrar materiais ou livros sobre o assunto, tal como macaenses na diáspora, ou não macaenses, que têm interesse na linguagem muito específica de Macau.

A elaboração dos cartões de estudo transformou-se rapidamente numa “paixão”, sobretudo depois de Elisabela Larrea receber “muitas mensagens encorajadoras e interessantes enviadas de todo o mundo”.

Aumentar o conhecimento

Além dos cartões que explicam o significado das palavras em patuá, o livro conta também um pouco da história da própria comunidade macaense, a fim de “aumentar o interesse das pessoas para saberem mais” sobre o grupo étnico. “Encaro este livro como um atractivo para despertar o interesse e o desejo de diferentes comunidades culturais em saber mais sobre a cultura macaense, bem como sobre esta língua que nasceu em Macau”, frisou.

Elisabela Larrea é doutorada em comunicação e investigadora da cultura macaense, tendo desenvolvido grande interesse pela história e pelas culturas de Macau. Desde 2004 que se dedica ao trabalho de preservação e promoção da cultura macaense através da arte, documentários, filmes, palestras públicas e investigação académica.

É preciso mais

Questionada sobre se fazem falta mais materiais de estudo em patuá, Elisabela Larrea diz ser uma “defensora absoluta da diversidade no que diz respeito à preservação e promoção do patuá”.

“Os cartões de estudo foram criados para serem uma forma de ajudar nesta busca [de novos materiais], mas muitos outros também estão a fazer essa busca. Aprender uma língua em vias de extinção tem desafios e dificuldades, sendo necessário mergulhar na língua e comunidade durante tempo suficiente para compreender, de facto, a essência e contexto cultural, a fim de garantir que aquilo que é partilhado corresponde ao que existe na comunidade.”

Elisabela Larrea mergulhou nas obras do poeta Adé, de nome José dos Santos Ferreira, “que criou uma espécie de consistência no sistema de escrita do patuá”. A autora pesquisou também o livro com vocabulário do patuá intitulado “Maquista Chapado”, bem como as peças de teatro do grupo Doci Papiaçam di Macau, escritas por Miguel de Senna Fernandes.

A autora espera que “cada vez mais pessoas possam publicar obras em patuá, para que as novas gerações tenham mais meios de aprendizagem”, revelando ainda estar optimista quanto ao futuro do crioulo. “Estou muito optimista em relação à atenção dada ao patuá, especialmente nestes últimos anos. Conheço um grupo de jovens, macaenses e não macaenses, que são apaixonados pelo patuá. São solidários e curiosos sobre a língua e anseiam por fazer a sua parte para a sua preservação e promoção. Alguns são chineses, malaios, japoneses, singapurenses ou brasileiros, aprendem o patuá e tentam usá-lo através das redes sociais.”

Além disso, destaca a autora, “o número de espectadores do teatro em patuá continua a aumentar, o que reflecte o interesse das pessoas por esta cultura”.

19 Abr 2024

Bienal de Arte de Veneza arranca amanhã com o tema “Estrangeiros em todo o lado”

O projecto “Greenhouse” representa este ano Portugal na Bienal de Arte de Veneza, que começa amanhã, numa edição que conta pela primeira vez com um pavilhão de Timor-Leste e é afectada pelo conflito israelo-palestiniano.

À 60.ª edição, a Bienal de Veneza, em Itália, é dedicada a “Foreigners Everywhere” (“Estrangeiros em todo o lado”, em tradução livre). Este ano, o foco principal são “artistas que são eles próprios estrangeiros, imigrantes, expatriados, diaspóricos, emigrados, exilados ou refugiados – particularmente aqueles que se deslocaram entre o sul global e o norte global”, sendo que “a migração e a descolonização serão temas-chave”, de acordo com o curador, o brasileiro Adriano Pedrosa, director artístico do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Nesta edição, o Pavilhão de Portugal, instalado no Palazzo Franchetti, no Grande Canal de Veneza, acolhe o projecto “Greenhouse”, das curadoras e artistas Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala, que tem como protagonista um Jardim Crioulo onde há instalações que são palcos de coreografias, assembleias e educação militante.

De acordo com Mónica de Miranda, o jardim, que “vai ser cuidado” ao longo da bienal, é “pontuado por instalações, que também carregam jardins, esculturas que são palcos, esculturas móveis que se transmutam para o espaço, que recebem coreografias e onde vão acontecer escolas, que tentam replicar as assembleias de Amílcar Cabral [fundador e líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, que este ano completaria o 100.º aniversário], que aconteciam em florestas”.

Na conferência de imprensa de apresentação do projecto, em Fevereiro em Lisboa, a artista revelou que no Jardim Crioulo haverá também escutas de rádio, para a qual contribuíram “vários pensadores”, e o projecto “abre-se para mais artistas e outros curadores reflectirem”.

Ciclos de tempo

Até Novembro, quando encerra a bienal, “convoca-se um público activo para fazer parte da experiência do projecto expositivo, que, além de ser uma experiência estéctica, expande-se e convoca vários pensadores, vários artistas, vários investigadores a reflectirem a própria temática do pavilhão”.

As três curadoras, artistas e investigadoras constroem, com este projecto, “uma reflexão ecológica, histórica e colectiva, que o jardim traz em si”.

“O jardim tem um tempo que é cíclico, traz o passado, o presente e o futuro. No passado traz todas as histórias de um legado colonial português, e desconstrói esse espaço a partir de práticas artísticas que apontam para o futuro, uma utopia de conseguir criar a partir da arte um lugar de encontros onde se estabelece um diálogo, que reflecte essas questões e traz novas alternativas para elas”, referiu Mónica de Miranda, em declarações à Lusa, à margem da conferência de imprensa. A Representação Oficial Portuguesa não é a única presença portuguesa na Bienal.

O pavilhão oficial da Santa Sé, instalado na prisão feminina Venezia Giudecca, acolhe a exposição “Com os meus olhos”, comissariada pelo cardeal português Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.

Já o pavilhão da Lituânia, instalado na Igreja di Sant’Antonin, tem na lista de comissários o curador português João Laia, actualmente director artístico do Departamento de Arte Contemporânea do Município do Porto.

19 Abr 2024

Batalha de 1622 | Apresentada versão chinesa de livro de Manuel Basílio

Foi lançada esta terça-feira, na sede da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), a versão chinesa do livro de Manuel Basílio sobre a derrota dos holandeses em Macau a 22 de Junho de 1622.

“Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” é o nome da obra do escritor macaense que foi totalmente patrocinada pela APOMAC, por se tratar de uma data com “simbolismo histórico, pois caso os holandeses tivessem vencido esta batalha a história de Macau seria escrita de outra forma”, descreve a APOMAC em comunicado.

Além disso, torna-se importante este lançamento pelo facto de “poucos residentes de Macau terem conhecimento deste facto histórico”.

O prefácio do livro ficou a carga de Lok Po, director do jornal Ou Mun, que também esteve presente no lançamento da obra. Jorge Fão, presidente da assembleia-geral da APOMAC, adiantou na mesma sessão que foram impressos 1500 livros que serão oferecidos às escolas secundárias chinesas bem como a serviços e entidades públicas. O objectivo desta acção é “proporcionar à comunidade chinesa um conhecimento mais profundo sobre a história de Macau”. Manuel Basílio é autor de oito livros sobre Macau, sendo que cinco já foram traduzidos para chinês.

Primeiro em português

Recorde-se que a versão portuguesa do livro foi lançada em 2022. Na altura, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, o autor descreveu o processo de escrita, que o obrigou a “ler muito e a vasculhar muitos jornais antigos, incluindo os boletins do Governo a partir dos anos 30 do século XIX até ao século XX”.

Em 2022, assinalaram-se os 400 anos da invasão dos holandeses que pretendiam “apoderar-se de Macau porque, nessa altura, era uma cidade muito próspera, com uma importante rota comercial com o Japão e Goa”, explicou.

Conforme disse Manuel Basílio ao mesmo jornal, caso os holandeses tivessem ganho a batalha, os jesuítas portugueses em Macau “ficariam sem uma base para a envangelização” e os portugueses “sem uma base para a comercialização”.

A vitória dos portugueses sobre os holandeses sagrou-se a 24 de Junho, tendo este sido, durante muitos anos, o Dia da Cidade. “As pessoas atribuíram a vitória à intervenção divina de São João Baptista, depois de batalha foram à Sé Catedral dar graças e proclamaram-no como o padroeiro da cidade, porque aconteceu no Dia de São João Baptista. A partir daí, celebraram-no todos os anos”, acrescentou o escritor na mesma entrevista.

18 Abr 2024

FRC | Inaugurada exposição que celebra 12 anos da Fundação

“Doze Anos Brilhantes” é o nome da exposição colectiva de arte que a partir de hoje pode ser vista na Fundação Rui Cunha e que celebra o 12.º aniversário da instituição que nasceu por vontade do seu patrono, o advogado Rui Cunha, com o intuito de promover debates sobre temas sociais e conhecimento jurídico, sem esquecer os eventos culturais

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) celebra este ano 12 anos de existência e, a pensar nisso, inaugura hoje uma nova exposição colectiva com artistas locais que mostram, assim, os seus trabalhos. “Doze Anos Brilhantes” pode ser vista hoje a partir das 18h30 e celebra o momento de criação da FRC, por ideia do seu fundador, o advogado Rui Cunha, a 28 de Abril de 2012.

Liberdade criativa é o mote desta mostra que faz uma retrospectiva dos artistas que já apresentaram trabalhos na galeria da FRC. Foram, assim, convidados mais de 50 artistas para expor obras de pintura, caligrafia, gravura de sinetes, escultura, fotografia, técnica mista e novos meios artísticos.

O facto de a mostra não ter um tema específico fez com que os artistas convidados tenham feito obras que remetem para a ideia de “consagração do ciclo completo de 12 anos, pleno de actividades que celebraram a multiculturalidade do território”.

“Tal como na roda dos signos do zodíaco chinês, o pequeno Dragão regressou à casa inicial, mais forte e determinado, marcando a sua influência em muitas obras aqui patentes”, descreve a FRC.

A joalheira Cristina Vinhas, que colabora com a Casa de Portugal em Macau e que já expôs inúmeros trabalhos no território, é uma das artistas convidadas, tal como o pintor Denis Murell, o fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro ou ainda o músico e artista macaense Giulio Acconci.

Destaque ainda para nomes como Ada Zhang, Alice Ieong, o macaense José Basto da Silva ou Mónica Coteriano, co-fundadora da 10 Marias – Associação Cultural, ou ainda Fortes Pakeong Sequeira, outro nome bem conhecido do meio artístico local e que já expôs o seu trabalho na FRC.

Casa das artes

Há 12 anos que a FRC existe com a missão de “apoiar e impulsionar a produção cultural e criativa de Macau”, tendo organizado mais de 1.600 eventos ligados a diversas áreas, tendo estabelecido “uma plataforma de intercâmbio e enriquecimento cultural e educacional, num espaço que foi gradualmente conquistando a atenção e o respeito das comunidades locais e regionais, das entidades públicas e privadas”.

“Doze Anos Brilhantes” pode ser visitada, de forma totalmente gratuita, até ao dia 4 de Maio. A FRC agradece, em comunicado, a todos os artistas convidados a expressarem a sua arte e trabalho para este evento. Estes “participaram com grande entusiasmo e abrilhantaram esta iniciativa com as suas criações artísticas”.

A FRC agradece ainda “às entidades associativas e institucionais que apoiam a nossa visão e esforço desde o início”, bem como ao “público geral por nos vir acompanhando de forma contínua e incondicional neste trajecto”.

18 Abr 2024

Livros de Marina Palácio apresentados hoje na Livraria Portuguesa

Decorre hoje, na Livraria Portuguesa, entre as 18h30 e as 19h30, a apresentação de dois livros infantis da autora e ilustradora Marina Palácio, no âmbito do festival Letras & Companhia, destinado a pais e filhos e promovido pelo Instituto Português do Oriente (IPOR). Os livros têm por nome “Tratado do Silêncio” e “Árvore do Tempo”.

Nascida em Lisboa em 1971, Marina Palácio está ligada à área do teatro há mais de 20 anos, sendo autora de diversos livros para crianças. Marina Palácio já recebeu o Prémio de Ilustração do Festival de BD da Amadora – Melhor Ilustração Infantil 2003 pelas ilustrações do livro “O Circo da Lua”.

A autora criou ainda diversas oficinas de leitura e criatividade para crianças e adultos, associadas ao universo dos livros, mas não só, “cruzando conceitos e materiais não convencionais”. O IPOR descreve ainda que a autora tem procurado, com o seu trabalho, “sensibilizar para as diferentes formas de leituras dos livros e do mundo através de criação de laboratórios plásticos, ilustração, natureza, ciência, provocando experiências estéticas, poéticas, sensoriais e imaginativas”.

Ensinar os outros

Também este sábado Marina Palácio será protagonista de outra actividade do festival Letras & Companhia, desta vez destinada à formação de professores. “Ler e Jogar – Mediação de Leitura criativa através do Livro, Arte e Natureza” acontece na sede do IPOR entre as 9h30 e as 14h, destinando-se a professores e agentes do ensino dos níveis infantil, primário, básico e secundário.

O objectivo aqui é explorar a relação da criança com o livro, sendo “Ler e Jogar” um “laboratório de partilha para poetas da curiosidade de como sentir o Livro como um Jogo, um tabuleiro com um percurso”, com cruzamento de ideias e noções.

Também no sábado, entre as 15h30 e as 17h30, no IPOR, Marina Palácio irá dar o workshop “Ser e Estar – A coexistência pacífica entre o homem-homem e homem-natureza!”, tratando-se esta iniciativa de uma oficina de escrita criativa que gira em torno da ilustração, biodiversidade, história universal e natureza humana.

Nesta oficina pretende-se que os participantes façam uma leitura e interpretação da ideia de “Nós e o Mundo” e de que “todos somos diferentes interior e exteriormente”. “Será que há uma tendência para a cópia na forma de estar? É difícil ter opinião própria? Quem sou eu, quem poderei ser? Porquê é que é tão difícil conseguir resolver situações de conflito entre o homem-homem e a natureza? O que o Mundo espera de nós? É possível mudar o Mundo para melhor? Como poderemos estar no Mundo de forma positiva e criadora?”, descreve-se no programa do festival.

Entretanto, esta segunda-feira foi inaugurado o Mercado das Letrinhas, em parceria com a Livraria Portuguesa, e que pode ser visitado até ao dia 7 de Maio. Trata-se de uma feira de livros infantis com publicações em português, chinês e inglês em torno do tema do festival, que é a saúde mental.

Também pode ser vista até ao dia 7 de Maio a exposição “O que senti durante a pandemia”, com trabalhos de alunos e da designer Clara Brito sobre esta temática. Esta mostra está patente no Café Oriente do IPOR.

17 Abr 2024

Cinemateca Paixão | “Opus”, sobre a vida de Ryuichi Sakamoto, no cartaz de Abril

A Cinemateca Paixão apresenta, a partir de hoje, um cartaz com novos filmes onde se inclui “Opus”, que nos recorda a vida e obra do compositor japonês Ryuichi Sakamoto, recentemente falecido. Hoje é exibido o primeiro filme de Ariane Louis-Seize, “Humanist Vampire Seeking Consenting Suicidal Person”

 

Há novos filmes para ver na Cinemateca Paixão à boleia de um novo mês. “Encantos de Abril” é o nome dado ao programa que traz a esta sala de cinema apenas quatro filmes, sendo que um deles representa a aclamação da vida e obra do compositor japonês Ryuichi Sakamoto.

“Opus”, realizado pelo filho do compositor, Neo Sora, gira em torno de 20 grandes composições clássicas que melhor descrevem o percurso musical do compositor japonês que até começou na música electrónica, ao integrar, em jovem, o grupo Yellow Magic Orchestra.

Falecido com cancro no ano passado, em Março, Sakamoto deixou a memória de muitas músicas que fizeram bandas sonoras de filmes e tantas outras composições em parceria com outros músicos, inclusivamente ligados ao universo da Bossa Nova, como foi o caso de Jacques Morelenbaum no disco “Casa”.

“Opus” apresenta as últimas actuações ao vivo de 20 temas seleccionados por Sakamoto por melhor descreverem os 40 anos de carreira, tendo cabido ao seu filho captar estes momentos. Cria-se, assim, num universo a preto e branco, e também melancólico, “uma celebração comovente da música de Sakamoto”, descreve a Cinemateca.

“Opus” é mais do que um mero filme “essencial para os fãs”, apresentando-se como “uma experiência musical solene que deve ser vista no cinema”. Neo Sora vive entre Tóquio e Nova Iorque e já realizou diversas curtas-metragens de estilo narrativo e documental, bem como vídeoclipes e outras produções ligadas ao mundo da moda e música. O filme sobre Sakamoto estreia esta quinta-feira, 18, sendo exibido a partir das 21h30, tendo ainda uma segunda exibição no dia 25 à mesma hora.

Vampiros e outras histórias

“Encantos de Abril” apresenta hoje o primeiro filme da realizadora Ariane Louis-Seize, intitulado “Humanist Vampire Seeking Consenting Suicidal Person”. Trata-se de uma película que ganhou o prémio de Melhor Realizador edição do ano passado do Festival Internacional de Cinema de Veneza.

O filme conta a história de Sasha, uma jovem vampira que não consegue matar, ao contrário do que acontece com a maioria dos vampiros. O problema adensa-se quando os pais deixam de lhe dar sangue, colocando a vida da filha vampira em perigo. Contudo, Sasha conhece Paul, um adolescente solitário com tendências suicidas que está disposto a dar a vida em prol da sua sobrevivência. O que parecia ser a solução para um grande problema torna-se numa sucessão de episódios marcados pelos últimos desejos de Paul, que devem ser concretizados antes que uma nova manhã se inicie.

Ariane Louis-Seize é uma realizadora do Canadá que começou a carreira no universo das curtas-metragens, nomeadamente com a produção “Wild Skin”. “Humanist Vampire Seeking Consenting Suicidal Person” é exibido hoje às 19h30, com repetição esta sexta-feira às 20h.

Da Filândia chega à Cinemateca Paixão o filme “Fallen Leaves”, o último do mestre do cinema finlandês Aki Kaurismäki e que se estreou mundialmente no Festival de Cinema de Cannes em 2023.

Este filme começa no momento em que Ansa e Holappa, duas almas solitárias, se conhecem num bar de karaoke em Helsínquia. Contudo, o que parecia uma bonita história de amor depressa obriga os seus protagonistas a ultrapassarem uma série de obstáculos.

“Fallen Leaves” é exibido pela primeira vez este sábado, 20, às 19h30, com repetições na próxima terça-feira, 23, quinta-feira, 25, e sábado, dia 27, sempre no mesmo horário.

“All Shall Be Well” é um filme de Hong Kong que também integra o cartaz de “Encantos de Abril”, da autoria de Ray Yeung, e que conta apenas com uma exibição no dia 21, já esgotada.

Este filme estreou mundialmente na secção Panorama do 74.º Festival Internacional de Cinema de Berlim e ganhou o Teddy Award para melhor longa-metragem com temática LGBTQ. “All Shall Be Well” também foi o filme de abertura do 48º Festival Internacional de Cinema de Hong Kong.

17 Abr 2024

Hold On To Hope | Fotografias de Francisco Ricarte para ver até dia 28

O arquitecto e fotógrafo Francisco Ricarte protagoniza a nova exposição da galeria Hold On To Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. “Unnoticeable Objects +” é o nome da mostra de fotografias que revelam pedaços de Macau e de Coloane que podem escapar ao olhar comum, mas que contam histórias do ambiente em estamos inseridos

 

“Unnoticeable Objects +” [Objectos Imperceptíveis +] é o nome da nova exposição patente, desde sábado e até ao dia 28 deste mês, na galeria H2H [Hold On To Hope], um espaço sociocultural na vila de Ka-Hó, em Coloane, gerido pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM).

O protagonista da mostra é o arquitecto e fotógrafo Francisco Ricarte que, com este projecto, tem a oportunidade de mostrar imagens de pequenos elementos naturais, ou não, que escapam ao olhar mais comum, mas não ao seu.

Segundo uma nota da galeria H2H, esta exposição de fotografia “explora elementos aparentemente simples e sem qualquer tipo de destaque, sejam eles naturais ou feitos pelo homem, encontrados ao longo dos trilhos naturais de Macau em Coloane”. Trata-se da segunda parte de um projecto fotográfico, de menor dimensão, apresentado em 2020, e que teve “visibilidade limitada devido às restrições da pandemia”.

Assim, esta colecção de imagens vem agora destacar, ainda mais, “a perspectiva pessoal sobre estes objectos peculiares e a sua presença no ambiente natural circundante”. “Unnoticeable Objects +” realça também “a presença singular [desses elementos captados pelo fotógrafo] na natureza circundante e no cenário paisagístico”.

Múltiplas percepções

Numa nota enviada ao HM, Francico Ricarte contou que as fotografias patentes em Ka-Hó foram captadas nos primeiros meses de 2020, “um período muito peculiar de restrição de circulação na cidade devido à situação pandémica”, e “aquando da recuperação do acesso aos trilhos de Coloane”.

Ao mesmo tempo que as imagens constituem “um elogio à natureza de Macau e à importância de a valorizar”, Francisco Ricarte considera que salta à vista uma questão quando se visita a exposição.

“Será que estes ‘objectos imperceptíveis’ moldam os trilhos, ou a sua percepção é moldada pela presença da natureza circundante? Será que estas fotografias também realçam o significado destes objectos na formação da nossa visão e percepção das áreas ajardinadas de Macau?”, questionou.

Por coincidência, as imagens de Francisco Ricarte foram tiradas no ano de inauguração da galeria H2H, a 19 de Dezembro de 2020. O objectivo deste espaço, inserido na antiga Leprosaria de Ka-Hó, é assegurar formação e treino vocacional aos utentes da ARTM, com o funcionamento de uma cafeteria e da galeria, além de ser um espaço de partilha e difusão de projectos culturais.

16 Abr 2024

Exposição sobre trabalho de Eduardo Nery na USJ até ao dia 26

Pode ser vista, até ao dia 26 de Abril, na Universidade de São José (USJ) a exposição “Unveiling the Artistic Journey of Eduardo Nery at Macau Airport” [Desvendando o Percurso Artístico de Eduardo Nery no Aeroporto de Macau], centrada no painel de azulejos que pode ser visto no aeroporto.

Segundo um comunicado da USJ, esta mostra nasceu da iniciativa da Faculdade de Artes e Humanidades da USJ em colaboração com o Sistema de Informação para o Património Arquitectónico e o Centro Científico e Cultural de Macau.

A exposição assinala o 30º aniversário do painel de azulejos que foi criado em 1994 pelo artista português Eduardo Nery de propósito para o Aeroporto Internacional de Macau a convite da administração de Vasco Rocha Vieira, último Governador português do território.

A ideia era conceber “uma obra de arte de grande escala para melhorar o espaço público do aeroporto”, tendo o convite resultado num painel com 210 metros de comprimento e 2,10 metros de altura. A inauguração aconteceu em Dezembro de 1995, quando o aeroporto abriu oficialmente ao público. A USJ acrescenta que a mostra visa explorar “o processo criativo de Nery, oferecendo aos visitantes uma visão única da concepção e realização do mural, que se tornou um símbolo do Aeroporto de Macau”.

O mar e o mito

Os temas retratados na obra de arte incluem religiões e mitos portugueses e chineses, o significado histórico do mar na ligação entre Portugal e Macau, a ciência náutica, a aviação em Macau e aspectos da cultura portuguesa dos séculos XVI e XVII. Através de vários materiais, incluindo esboços originais, estudos e fotografias, esta exposição oferece uma perspectiva detalhada do trabalho meticuloso do artista na simplificação e reinterpretação de imagens históricas para criar o deslumbrante mural.

Carlos Sena Caires, director da Faculdade de Artes e Humanidades da USJ e curador da exposição, indica que a ideia por detrás deste projecto foi não só “mostrar a última obra-prima de Eduardo Nery no Aeroporto de Macau, mas também aprofundar o intrincado processo que conduziu à sua criação”.

“É fascinante apreciar a diversidade de fontes e inspirações que informaram a abordagem artística e criativa de Eduardo Nery, desde desenhos antigos a referências de pinturas chinesas e fotografias de arquitectura, tudo convergindo para uma expressão artística coerente e diversificada”, disse ainda. A exposição está aberta ao público, gratuitamente, na Galeria de Exposições Keng Wong, no Campus da Ilha Verde da USJ.

15 Abr 2024

Concerto | Palestra sobre música do século XIX hoje na FRC

Hoje, a partir das 18h30, os amantes de música clássica vão poder apreciar composições que marcaram o século XIX num concerto que é, ao mesmo tempo, uma palestra dirigida pelo musicólogo Sio Pan Leong. O evento será oportunidade para admirar as sonoridades de Schubert, Tosti, Debussy, Chopin, Brahms e Hasselman

 

“Melodias Nocturnas: A Noite Artística na Música do Século XIX” é o nome da palestra que é, ao mesmo tempo, um espectáculo musical que decorre hoje, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC). O evento será conduzido pelo musicólogo Sio Pan Leong, contando ainda com a presença das pianistas Vicky Hei Man Tong e Christy Pui Man Tong, a soprano Hapi Hoi Sam Chan e a harpista Jessica Iok Man Chong.

Nesta sessão, co-organizada pela Associação de Performance Musical de Macau (APMM) e a Associação Musicológica de Macau, o público poderá “mergulhar na paisagem nocturna da música artística do século XIX”, aponta um comunicado da FRC, que cita a APMM. A organização do evento descreve a época em destaque como uma altura em que a “escuridão da noite serviu de tela para interagir com o misterioso e o irracional”, explorando “o sublime e o transcendental, os sonhos e os anseios, bem como os aspectos desconhecidos e sombrios da psique humana”.

Como tal, é proposto ao público uma “viagem fascinante por peças criadas para piano, voz e harpa”, de compositores bem conhecidos em todo o mundo como Schubert, Tosti, Debussy, Chopin, Brahms e Hasselman, sendo apresentadas diversas interpretações do tema “Noite”. Adicionalmente, a componente teórica do recital acompanhará o público na exploração e elucidação deste conceito, desvendando os mistérios e a essência poética da “Noite” na música, na arte e na literatura do século XIX.

Um certo fascínio

A sessão de hoje na FRC explora quatro segmentos relacionados com o universo nocturno, nomeadamente “Ode à Noite”, que explora a glorificação deste conceito no Romantismo; “Despertar”, que representa a transição do reino etéreo dos sonhos para a dura realidade do dia; “Nocturno”, que desvenda os aspectos enigmáticos e sombrios da noite através de composições instrumentais; e “Rouxinol” que descreve uma serenata ao público com os sons encantadores da natureza à noite.

A FRC explica que “independentemente do nível de conhecimento musical de cada um, esta palestra-recital promete evocar o extraordinário fascínio e profundidade emocional da ‘Noite’ associada aos temas clássicos”. Um dos exemplos mais conhecidos da música clássica melancólica é o de Frédéric Chopin, que compôs 21 nocturnos para piano entre os anos de 1827 e 1846, ocupando, ainda hoje, uma grande importância no repertório de muitos pianistas, com inúmeras interpretações.
Também os nocturnos de Claude Debussy ficaram para a história, tratando-se de uma composição em três movimentos para orquestra escrita entre 1892 e 1899, baseada na poesia.

15 Abr 2024

Exposição “50 passos para a liberdade” vai passar por Macau

Os “50 passos para a Liberdade” que marcaram o fim da ditadura em Portugal vão poder ser vistos a partir de terça-feira, no âmbito de uma exposição que arranca nas Caldas da Rainha em simultâneo com 14 cidades do mundo, onde se incluem Macau, Pequim, Seul, São Tomé e Príncipe, Bucareste, Bogotá, Havana, Teerão, Oslo e Dacar.

Desenvolvida pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, a Exposição “50 passos para a Liberdade: Portugal, da Ditadura ao 25 de Abril” será na terça-feira inaugurada no Centro Cultural e Congressos (CCC) das Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, circulando, em simultâneo por uma dezena de países do mundo.
Tal reflecte, segundo a comissária executiva, Maria Inácia Rezola, “o interesse não apenas nacional, mas também internacional, que as celebrações estão a assumir”.
Abrangendo o período entre Setembro de 1968 e Julho de 1974, a mostra retrata os últimos anos da ditadura e os momentos seguintes ao seu derrube com recurso a fotografias, cartazes, documentos e recortes de imprensa.

“O ponto inicial é a célebre queda da cadeira de Oliveira Salazar”, disse Inácia Rezola à agência Lusa, explicando que a exposição percorre depois “alguns dos acontecimentos centrais do marcelismo, enfatizando questões como a luta dos movimentos de libertação africanos, as lutas sindicais e a luta dos católicos progressistas”.

Pontos cardeais

Organizada em quatro núcleos, a mostra analisa “a conspiração dos capitães e a preparação do 25 de Abril e do programa do MFA [Movimento das Forças Armadas]”, adiantou a comissária, vincando que a exposição dedica “um espaço muito particular ao próprio dia 25 de Abril” e conclui, no quarto núcleo, “retratando o que foram os primeiros momentos vividos em liberdade”.

Nomeadamente, acrescentou, abordando “a conquista da liberdade de expressão e a conquista do salário mínimo nacional, culminando todas estas novidades com a aprovação, a 27 de julho de 1974, da lei 7/74, pela qual, finalmente, Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e à independência”.

Concebida em formato digital, para poder ser reproduzida em qualquer parte do mundo, a exposição irá circular pelo país, no âmbito do dia da Defesa Nacional, ficando patente nos vários centros de divulgação.

Com conteúdos disponíveis em português, inglês, francês e espanhol, numa iniciativa que contou com a colaboração do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua (Camões – IP), a exposição, está desde o início do mês patente em Maputo (Moçambique) e em Praga, na República Checa. A exposição “foi concebida de uma forma muito didática” e, segundo a comissária, “pode ser vista por quem viveu o período, que irá recordar e rememorar esses momentos, mas também foi pensada para os mais jovens, para os que nasceram depois do 25 de Abril e para os que nasceram já neste milénio”.

A exposição é uma das iniciativas das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que tiveram início em Março de 2022 e vão decorrer até 2026.
Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo o período inicial sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do MFA começaram a ser revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.

15 Abr 2024

Concerto em Lisboa evoca o dia em que o 25 de Abril se soube em Macau

Decorre hoje, em Lisboa, na Fundação Oriente (FO), o espectáculo “Macau no dia 25 de Abril de 1974”, concebido pelo maestro Jorge Salgueiro e produzido pela Associação Setúbal Voz. O concerto mistura música com teatro e recorda o dia em que o cantor Rui Mascarenhas anunciou em Macau que a ditadura do Estado Novo tinha caído em Portugal.

À época, o território vivia sob censura e as notícias demoravam a chegar, pelo que só no final do dia 25 de Abril a rádio passou as declarações de Rui Mascarenhas sobre a revolução.

Ao HM, Jorge Salgueiro conta como foi elaborar este espectáculo. “Achei curioso o facto de ter sido um cantor a levar a notícia do 25 de Abril de 1974 a Macau. Certamente que as autoridades já conheciam os acontecimentos, mas estariam à espera de ter a certeza para falar com a população. Com base nesta recolha de informação a que tive acesso, achei interessante criar o espectáculo a partir deste episódio.”

À época, Rui Mascarenhas, nascido em Moçambique, era “um cantor de música popular portuguesa muito famoso” que levava a sua música não só à metrópole portuguesa, mas também às antigas colónias. Macau, território ultramarino administrado pelos portugueses, não era excepção.

Poesia e música chinesa

Jorge Salgueiro considera o espectáculo um “concerto encenado”, que inclui música chinesa, que funciona “como a paisagem sonora do território”. Há depois canções do próprio Rui Mascarenhas, outras ligadas ao 25 de Abril, o Oriente e ao facto de Mascarenhas ter sido também cantor de ópera.

“Este tipo de trabalho é muito comum na Associação Setúbal Voz, que produz este concerto. Damos sempre um cunho dramatúrgico aos concertos que fazemos, contam uma história e têm personagens, e é também o caso deste concerto”, destacou o maestro. O repertório de hoje será composto por termas como “Flor de Jasmim”, um clássico chinês, “Acordai”, poema de José Gomes Ferreira musicado por Fernando Lopes Graça, ou ainda “Encontro às Dez”, com letra de Jerónimo Bragança.

Não faltam também canções de intervenção portuguesas como “E Depois do Adeus” e “Traz Outro Amigo Também”. O espectáculo conta com a presença de Diogo Oliveira como barítono e Tiago Mileu ao piano.

12 Abr 2024

Macaenses | “Amochâi”, documentário de Albert Chu, exibido amanhã

É exibido amanhã na Associação dos Macaenses o documentário “Amochâi”, da autoria de Albert Chu. O filme tem como protagonista “Bela”, ou Elisabela Larrea, que se torna peça chave para revelar os elementos identitários da cultura macaense, incluindo o patuá e os Dóci Papiaçám di Macau

 

“Amochâi” é o nome do documentário da autoria de Albert Chu, ligado à Associação Audiovisual Cut, que revela as especificidades da comunidade macaense e que pode ser visto amanhã às 17h na sede da Associação dos Macaenses.

“Bela”, ou seja, Elisabela Larrea, macaense e estudiosa do teatro em patuá, é a protagonista deste documentário de 80 minutos. A partir da sua história revelam-se tantas outras de macaenses, os chamados “filhos da terra”, e das suas especificidades culturais.

Segundo a sinopse do documentário, “Bela” foi aluna de Albert Chu nos anos seguintes à transferência da administração portuguesa de Macau para a China. Mais tarde, o realizador do filme soube que ela tinha terminado um mestrado e doutoramento e sentiu uma “grande admiração por aquilo que conseguiu atingir, tendo-se tornado genuinamente interessado em conhecer a sua tese de doutoramento sobre o teatro em Patuá”.

Inicialmente, o realizador pensava que a peça de teatro em patuá não passava de uma actividade cultural que todos os anos se apresenta no Festival de Artes de Macau, mas depressa percebeu o contexto histórico que estava por detrás, “a relevância cultural e o impacto nas comunidades macaenses”.

“Juntamente com entrevistas com macaenses realizadas nas fases iniciais da transição de Macau, [Albert Chu] teve a oportunidade de revelar um conjunto de retratos dos aspectos únicos da existência macaense”, descreve-se na sinopse.

Contar a cidade

Ao HM, Albert Chu contou que o documentário está ligado a um projecto da Associação Audiovisual CUT intitulado “Tu Estás Aqui” [You Are Here], iniciado há cerca de dois anos. A ideia do projecto é “documentar um certo número de pessoas que consideramos dignas de serem recordadas a longo prazo, sobretudo pelo que fizeram à nossa cidade e pelo que insistem em fazer”. “Amochâi” é o primeiro filme dessa iniciativa.

“Bela”, antiga aluna universitária de Albert Chu e descrita por este como “entusiasta da promoção e da preservação da cultura macaense”, tornou-se protagonista, deixando de ser apenas “uma macaense bonita”, que não era “uma estudante trabalhadora”, para se tornar no elo central neste projecto fílmico. “Amochâi” conta ainda com contributos de Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM e autor das peças de teatro em patuá, e Sérgio Perez, realizador dos vídeos que habitualmente se apresentam nas peças.

“Todas as entrevistas de ‘Amochâi’ podem parecer desconexas, mas acabam por traçar um retrato da comunidade macaense. Sempre procurei perceber o sentimento de pertença que os residentes de Macau têm em relação à sua cidade”, aponta Albert Chu, que, como chinês de Macau, confessa ter tido sempre pouco contacto com macaenses.

“Quando era mais novo tive muito pouco contacto com macaenses, e os poucos contactos estiveram ligados a experiências desagradáveis na obtenção de documentos do Governo. Durante a administração portuguesa, como não entendíamos a língua, eram os macaenses que nos atendiam por serem bilingues, e na altura não me pareciam muito simpáticos. Mas, à medida que fui crescendo e comecei a fazer filmes independentes, compreendi que têm uma ligação emocional a Macau”, confessou.

Uma nova versão

Ao ver a comunidade macaense com outros olhos, Albert Chu acabou por percepcionar “o apego e sentimento de pertença” que os macaenses têm em relação a Macau e que se torna “num tesouro precioso para a cidade”. “Posso dizer que o sentimento de pertença é muito mais forte do que o nosso, dos residentes chineses de Macau. A sua existência transformou Macau em algo único na China e com significado histórico”, apontou.

Questionado sobre se haverá uma nova versão de “Amochâi”, Albert Chu diz precisar de mais tempo para observar. “Na verdade, estou interessado em documentar a tuna macaense e a banda, pois produzem boa música e as suas letras reflectem uma profunda ligação emocional a Macau, valendo a pena apresentar a um público mais vasto”, concluiu.

12 Abr 2024

FRC acolhe hoje palestra sobre empreendedorismo

Decorre hoje, a partir das 18h30, a palestra “Conhecimento Além do Capital”, co-organizada pela AEIMCP – Associação para o Empreendedorismo e Inovação Macau – China e Países de Língua Portuguesa. O evento, que acontece na Fundação Rui Cunha (FRC), tem como oradores Paulo Andrez, autor e ex-Presidente da EBAN (European Business Angel Networks) e Paulo José Esperança, reitor adjunto e professor na Universidade Cidade de Macau.

Segundo um comunicado da FRC, os palestrantes vão discutir novo conceito de “investidores-anjo” e o necessário apoio que estes trazem às novas startups e aos jovens empreendedores.

A organização do evento refere, na mesma nota, que os “investidores-anjo” desempenham “um papel fundamental na promoção de ecossistemas de inovação, fornecendo o crucial apoio financeiro e orientação a startups e empreendedores na sua fase inicial”.

“Ao contrário dos tradicionais capitalistas de risco ou investidores institucionais, os investidores anjos são tipicamente indivíduos que investem o seu próprio dinheiro em startups promissoras em troca de uma participação no capital”, lê-se ainda.

Estes investidores são “únicos” por contribuírem “mais do que apenas recursos financeiros para as startups”, fornecendo, muitas vezes, “conhecimentos valiosos, ligações à indústria e orientação para os empresários, algo que os Governos não conseguem garantir”.

“Na verdade, muitos destes investidores-anjos “são geralmente empresários experientes ou veteranos da indústria com vasta experiência e redes nas suas respectivas áreas. A sua orientação e mentoria podem ser fundamentais para ajudar as startups a enfrentar os desafios de lançamento e expansão dos seus negócios, incluindo desenvolvimento de produtos, estratégia de mercado e angariação de fundos”, aponta ainda a organização.

Quem é quem

Paulo Andrez é presidente emérito da EBAN e também um autor best-seller nos EUA, com o livro “Zero Risk Startup”, editado pela Forbes. Na palestra da FRC, Paulo Andrez irá falar das “motivações que impulsionam os investidores-anjos, ao mesmo tempo que compartilhará dicas sobre como mitigar riscos em investimentos-anjo”. O responsável vai também destacar “as vantagens de estabelecer redes de investidores-anjo em Macau”.

Por sua vez, Paulo José Esperança, ligado à UCM, foi reitor da Escola de Gestão do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE Business School), entre os anos de 2015 e 2019, tendo ainda presidido à Fundação para a Ciência e Tecnologia em Portugal entre 2019 e 2022. Cabe a Marco Duarte Rizzolio, presidente da AEIMCP e co-fundador do programa de empreendedorismo e startups 929 Challenge, a moderação da palestra.

11 Abr 2024

Vila da Taipa | Inaugurada hoje exposição “Show-Off 2.0”

“Show-Off 2.0” é a segunda versão de uma exposição promovida pela Associação Cultural Vila da Taipa, cujo conceito curatorial tem por base colecções privadas. Desta vez o curador e arquitecto João Ó reuniu peças de Margarida Saraiva, Ung Vai Meng e Irene Ó

 

É inaugurada hoje a mostra “Show-Off 2.0”, que junta diversas peças de arte, nomeadamente retratos antigos chineses, pinturas ou fotografia, coleccionados por Margarida Saraiva, curadora, Ung Vai Meng, artista, curador e ex-presidente do Instituto Cultural, e Irene Ó, fundadora e arquitecta principal do atelier local O.BS Arquitectos. A exposição pode ser visitada até ao dia 15 de Junho.

Esta é a segunda edição da exposição “Show-Off” apresentada na mesma galeria no ano passado, cujo o conceito é baseado em “colecções exclusivas acumuladas ao longo dos anos”, incluindo também “obras de arte que adornam espaços mais pessoas das casas” de Ung Vai Meng, Margarida Saraiva e Irene Ó.

Segundo um comunicado da associação, a mostra pretende explorar “as ideias relacionadas com o coleccionismo de arte”, pretendendo-se promover também a ideia de coleccionar como “um bem cultural que parte de uma iniciativa individual, mas que também pode alargar o sentido de comunidade” ou mesmo “fomentar a vitalidade de uma sociedade ou acrescentar diversidade às economias locais”.

Múltiplas personalidades

Destaque ainda para o facto de cada colecção apresentada “revelar aspectos da personalidade do coleccionador”. No caso de Ung Vai Meng, este decidiu apresentar “uma colecção de retratos ancestrais chineses” que tem vindo a ser analisada pelo artista há mais de 20 anos. Doutorado em História de Arte, em 2010, Ung Vai Meng escreveu um livro sobre esta colecção que será também apresentado na exposição.

Irene Ó é uma arquitecta local associada a grandes projectos como o Centro Cultural de Macau, a renovação da sede do Banco Nacional Ultramarino (BNU) ou do Hotel Bela Vista. No caso da arquitecta o coleccionismo começou aos 19 anos, altura em que era modelo em aulas de desenho. Foi aí que Irene Ó ficou com um desenho seu feito a lápis de carvão e que será apresentado nesta mostra. Segundo a organização, a colecção “tem um profundo valor sentimental e está ligada a familiares e amigos”.

No caso de Margarida Saraiva, curadora e co-fundadora da associação BABEL, serão exibidas obras coleccionadas em conjunto com o marido, o arquitecto Tiago Quadros, que têm origem na herança do pai de Tiago, o pintor António Quadros Ferreira.

Citado por um comunicado, João Ó, presidente do conselho executivo da Associação Cultural da Vila da Taipa, adiantou que a primeira edição de “Show-Off” foi “um sucesso”, e que “Show-Off 2.0” é “rara e especial”. Pretende-se que o público possa explorar “a natureza do coleccionismo” e que a exposição “suscite conversas estimulantes sobre os bens culturais e posses culturais de indivíduos com interesses muito específicos e altamente pessoais”.

11 Abr 2024

FRC | Palestra sobre os desafios do bilinguismo na próxima terça-feira

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe na próxima terça-feira, 16, a partir das 18h30, uma conferência sobre o bilinguismo, intitulada “Atraso Linguístico em Macau: Criar uma criança bilingue: Mitos e Desafios”. Trata-se de uma iniciativa da Associação dos Jovens Macaenses (AJM) em colaboração com a Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau (AMLPM). O evento terá como oradoras a pediatra Joana Morgado Bento e a terapeuta da fala Zélia Almeida.

O objectivo desta conferência é discutir com eventuais atrasos no desenvolvimento da linguagem das crianças, dado Macau ser um local onde as línguas oficiais são o português e o chinês, mas onde o inglês “desempenha um papel não oficial, mas altamente proeminente”, descrevem os organizadores do evento, em comunicado.

A língua inglesa acaba, assim, por ser “o meio de instrução em algumas escolas e muitas crianças em Macau são bilingues ou trilingues”. No entanto, “os encarregados de educação ficam muitas vezes preocupados com o desenvolvimento da fala dos seus filhos”, sendo que Joana Morgado Bento e Zélia Almeida dizem existir um “factor de risco para o diagnóstico de atraso na linguagem” no caso das crianças em que os dois pais, ou apenas um, são ocidentais. Desta forma, esta palestra servirá para discutir casos clínicos, bem como o panorama de avaliação, tratamento, prognóstico e prevenção do atraso da linguagem em crianças.

10 Abr 2024

Exposição | “Que mar se vê afinal da minha língua?” na Casa Garden

Depois da primeira edição em Alcobaça, a exposição “Que mar se vê afinal da minha língua” chega a Macau, inaugurando as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril. A mostra será inaugurada na sexta-feira, às 18h30, na Casa Garden, apresentando trabalhos de diversos artistas de língua portuguesa, incluindo alguns ligados a Macau

 

“Que mar se vê afinal da minha língua?” é a pergunta a que a BABEL, co-fundada por Margarida Saraiva, pretende responder através da arte de diversos artistas de língua portuguesa, numa imensa expressão da lusofonia. Esta mostra, que já se estreou em Alcobaça, entre Dezembro do ano passado e Março deste ano, apresenta-se agora em Macau, a partir das 18h30 desta sexta-feira, na Casa Garden. Ao mesmo, o projecto inaugura as comemorações do 25 de Abril de 1974, data em que o regime ditatorial do Estado Novo caiu em Portugal.

Segundo um comunicado da BABEL, a mostra, com curadoria de Margarida Saraiva, “propõe uma reflexão sobre questões essenciais como memória, história, identidade e liberdade, num contexto pós-colonial e globalizado”. “O objectivo não é apenas olhar para o passado, mas também para o futuro: o que será do espaço de expressão portuguesa daqui a dois ou três séculos? Como será a liberdade num mundo controlado por algoritmos e obcecado com a vigilância no espaço privado, público e digital?”, interroga a organização, em comunicado.

Apresentam-se, assim, trabalhos de Aline Motta, Ana Battaglia Abreu, Ana Jacinto Nunes e Carlos Morais José, Bianca Lei, Catarina Simão, Cecília Jorge, Eliana N’Zualo, Eric Fok, Filipa César e Sónia Vaz Borges, José Aurélio, José Drummond, José Maçãs de Carvalho, Konstantin Bessmertny, Luigi Acquisto e Bety Reis, Mónica de Miranda, Nuno Cera, Peng Yun, Rui Rasquinho, Sofia Yala, Subodh Kerkar, Thierry Ferreira, Tiago Sant’Ana ou Wong Weng Io.

Há ainda outros artistas que se juntam ao painel “sempre que a exposição transpõe fronteiras”, uma vez que a ideia é que a exposição possa percorrer outros territórios de língua portuguesa, nomeadamente Fortaleza, Mindelo, Luanda e Maputo. “Que mar se vê afinal da minha língua?” fica patente em Macau até ao dia 12 de Maio.

Uma nova curta

No caso de Cheong Kin Man, natural de Macau e radicado na Alemanha, volta a apresentar em Macau a curta-metragem “uma ficção inútil”, datada de 2015, mas desta vez com uma nova roupagem num trabalho de parceria com a artista polaca Marta Stanisława Sala. A obra será exibida na Casa Garden na sexta-feira às 18h30.

O projecto intitula-se “uma ficção inútil – a resposta”. A curta-metragem, segundo uma nota divulgada pelos autores, é “mais de uma adaptação anotada com uma autocrítica do que uma verdadeira nova versão original” do trabalho de 2015.

A nova curta-metragem inclui uma parte com imagens em vídeo feitas pelo fotógrafo amador, e ex-residente de Macau, Jorge Veiga Alves durante a fase da transferência de administração portuguesa de Macau para a China.

“À medida que se vão mostrando 16 cenas repetidas e justapostas de uma dança do dragão, surgem palavras em português ‘impotência do multilinguismo’, numa referência ao livro ‘O Poder do Multilinguismo’, da escritora alemã de origem russa, Olga Grjasnowa”, apontam Cheong Kin Man e Marta Sala.

Um longo percurso

A exposição foi exibida em Alcobaça pela primeira vez graças a uma colaboração entre o Armazém das Artes e a central-periférica, tendo resultado de uma investigação, ainda em curso, de Margarida Saraiva sobre práticas artísticas contemporâneas dos mundos de expressão portuguesa.

Desta forma, o público poderá apreciar, na Casa Garden, cerca de 50 trabalhos de diversas áreas artísticas, como fotografia, vídeo, cinema, poesia, pintura, escultura e novos media, de artistas de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Macau, Timor-Leste e Goa.

Além da organização da BABEL, o evento é co-organizado pela REDE- Residências dos Mundos de Expressão Portuguesa, a central-periférica e delegação de Macau da Fundação Oriente. No que diz respeito à própria BABEL, a sua missão é “gerar oportunidades de investigação e aprendizagem nos domínios da arte contemporânea, da arquitectura e do ambiente”, sendo pensada como “um museu sem paredes” que pretende “trabalhar entre culturas e disciplinas”.

Fundada em Macau em 2013, e com presença em Alcobaça desde 2022, a BABEL procura criar novas colaborações e sinergias, tendo ainda apoiado, em Portugal, artistas em situação de risco, nomeadamente aqueles que fogem de cenários de guerra ou opressão.

10 Abr 2024

Pintura | Exposição de André Lui na Livraria Portuguesa

É inaugurada no sábado, na galeria da Livraria Portuguesa, uma nova exposição a solo da autoria do arquitecto André Lui. Até Maio será possível visitar as obras que fazem parte de “Contemplating Still Life”, um exercício de pintura de natureza morta

 

Um dos nomes mais conhecidos no debate em torno da preservação do património local, o arquitecto André Lui está de volta às exposições revelando ao público novamente a sua faceta de artista plástico. Pela mão da AFA – Art for All Society, apresenta-se este sábado, às 18h30, a mostra “Contemplating Still Life” [Contemplando a Natureza Morta], que até ao dia 11 de Maio pode ser vista na galeria da Livraria Portuguesa.

Esta exposição integra a fase final do programa anual da AFA relativo a 2023, intitulado “View-Non-View – Série de Exposições de Arte de Imagens Artísticas”. Em “Contemplating Still Life” o artista plástico e arquitecto resolveu apresentar os seus mais recentes trabalhos, centrados na pintura de objectos ou elementos que pertencem ao conceito de “natureza-morta”, que, segundo a AFA,tem sido “utilizada como tema em pinturas desde a antiguidade”.

Contudo, a história fez com que esta ideia florescesse como “género único da pintura europeia” na arte holandesa do século XVII,quando artistas começaram a retratar diversos objectos do dia-a-dia “numa variedade tão grande e num estilo tão detalhado que dificilmente se pode deixar de ficar maravilhado” com estas obras. Tratam-se de “objectos comuns do quotidiano, como pão e frutas, até grandes quantidades de marisco, ostras e ossos de crânio”. Enquanto estudioso do património cultural, André Lui “olha para a ‘natureza morta’ como perspectiva desta parte da história”, descreve a AFA.

Pedaços de Macau

André Lui, ao recorrer ao género “natureza morta” para pintar, acaba por contar pedaços da história de Macau, visível em tantos objectos que encontramos na rua e no nosso dia-a-dia.

Podem, assim, ver-se pinturas de uma escultura de um filósofo coberta por um saco de plástico, o quadro de um relógio dourado esculpido, de cartas de póquer, flores, borboletas, pratos de cerâmica ou azulejos portugueses azuis. Não faltam ainda um mapa antigo de Macau ou livros também antigos.

“Tal como as pintura holandesa de naturezas mortas de há algumas centenas de anos, as naturezas mortas, apesar de serem calmas e silenciosas, transmitem, no entanto, um certo grau de costumes locais. Ao longo dos séculos, Macau tem sido um lugar onde as culturas chinesa e ocidental se misturaram, e tanto a imaginação dos chineses como a dos ocidentais estão cheias de curiosidade”, aponta a AFA.

Desta forma, “um passeio casual por uma das ruas mais antigas de Macau, como a Travessa do Armazém Velho, pode revelar-se uma aventura e tanto, como um ‘gabinete de curiosidades’ do século XVI”, uma época em que o território “era uma concessão portuguesa e, ao mesmo tempo, um porto comercial asiático que os holandeses queriam conquistar”.

O pequeno território “foi transformado pela história”, com as “coisas a mudarem de forma irreconhecível ao longo dos séculos” e, esta exposição mostra isso mesmo e de como certos objectos deixam perdurar a memória do que foi e do que aconteceu.

Nascido em 1971 em Macau, André Lui é um reconhecido académico, arquitecto e artista de Macau. Licenciou-se na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, em 1999 e completou um curso profissional de manutenção e restauro de edifícios históricos e áreas urbanas no “Centre des Hautes Etudes des Chaillot” em Paris, França, de 2003 a 2005. Foi o primeiro arquitecto chinês a obter o diploma francês e a qualificação profissional em arquitectura do património cultural.

9 Abr 2024

Fotografias de Alfredo Cunha sobre o 25 de Abril expostas em Lisboa

As palavras de ordem que forraram as ruas portuguesas no pós-25 de Abril de 1974 estão em foco na exposição de fotografia “Viva a Liberdade”, de Alfredo Cunha, que é inaugurada na sexta-feira, em Lisboa, e inclui imagens inéditas.

Alfredo Cunha é autor de muitas das imagens que se tornaram símbolo de uma época, entre as quais um retrato do capitão de Abril Salgueiro Maia. Aos 20 anos, foi um dos fotojornalistas que registaram para a posteridade o dia 25 de Abril de 1974, em Lisboa, e os momentos que se lhe seguiram, incluindo o Verão Quente de 1975 e o processo de descolonização.
Na exposição que é inaugurada na sexta-feira na galeria Underdogs, Alfredo Cunha mostra imagens de Portugal “forrado de cartazes, e grafitado, em 1975”.

“Era o Facebook mais democrático que vi até hoje. Havia alguma censura, porque quando alguém não queria pintava por cima. Era, de facto, onde se dizia tudo o que havia para dizer. Toda a gente se expressava: à direita, à esquerda, os anarquistas…”, recordou, em declarações à Lusa, durante a montagem de “Viva a Liberdade”.

Nas paredes da galeria, o fotógrafo mostra o que mais o seduzia em tempos de uma Liberdade recente, “que era a expressão política”. “É evidente que tem uma tendência política, é óbvio, que é a minha. O meu posicionamento político [de esquerda] é claro nesta exposição”, afirmou.

Entre as 15 fotografias expostas — todas a preto e branco — “há pelo menos cinco completamente inéditas, que eram desconhecidas, porque nunca foram mostradas antes em exposição”.

Uma viagem ao arquivo

Alfredo Cunha tem passado os últimos dois anos a “viajar” no seu arquivo, que reúne milhares de imagens, captadas entre 1972, quando começou no jornal O Século, e em 2015, quando deu a carreira no jornalismo por terminada.

Nessas ‘viagens’ descobriu coisas de que já não se lembrava, “coisas surpreendentes, a que o tempo também acrescentou”. “Porque, no quotidiano, habituamos e viciamos o olhar. Tenho como norma fotografar sempre que me surpreendo, depois no que me surpreende tento perceber porque é que me surpreendeu, e então ir ao pormenor. Mas primeiro as coisas têm que me surpreender”, partilhou Alfredo Cunha.

O fotógrafo destaca o facto de as imagens, num “género de fotografia clássico, da fotografia humanista portuguesa”, estarem a ser mostradas “numa das galerias mais de arte moderna de Lisboa”. “Viva a Liberdade”, exposição com a qual a galeria Underdogs assinala os 50 anos do 25 de Abril de 1974, pode ser visitada até 27 de abril. A entrada é livre.

9 Abr 2024

“Todos Fest!” | Comuna de Pedra apresenta festival inclusivo a partir de sexta-feira

A associação Comuna de Pedra volta a apresentar este mês o festival de arte, performance e cinema “Todos Fest!”, que procura ligar ao meio artístico portadores de deficiência e idosos. Entre os dias 12 e 21 de Abril o público poderá desfrutar de um extenso cartaz que se apresenta na Antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa Velha

 

Mostrar que os portadores de deficiência e idosos conseguem ser artistas, num relacionamento também pedagógico, é o mote da quarta edição do “Todos Fest!”, promovido pela associação cultural Comuna de Pedra, que este ano decorre entre os dias 12, a próxima sexta-feira, e 21 de Abril. A programação inclui espectáculos, exibições de filmes, workshops e projectos multimédia e apresenta-se na Antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na zona da Taipa Velha. Neste programa juntam-se artistas locais e de Hong Kong, bem como voluntários e diversas associações de cariz social que trabalham com idosos ou portadores de deficiências físicas ou intelectuais.

Citada por um comunicado da associação que organiza o evento, Jenny Mok, curadora do festival e directora da Comuna de Pedra, destaca que a associação se juntou a grupos da comunidade para “abrir o teatro a todos, incluindo a pessoas com deficiências físicas e mentais e idosos”. Algumas das entidades que participam neste festival são a Associação de Pais de Pessoas com Deficiência Intelectual de Macau, a Sociedade Fuhong de Macau ou a Richmond Fellowship.

Assim, “com base na experiência e observação, encorajamos as minorias locais a explorar as possibilidades do corpo, a olhar para o passado, a ouvir os corações e a expressarem-se através do teatro”.

Experiências de vida

Um dos destaque do cartaz deste ano é “Life is a Dream”, um espectáculo de dança contemporânea, protagonizado pelo projecto comunitário “The Journey of My Story”. O projecto baseia-se “numa abordagem mais suave de contar histórias”, apresentando-se uma narrativa pautada pelas experiências do elenco relacionadas com sentimentos de medo, depressão, sonhos, tristeza ou alegria, sem esquecer “as contemplações sobre a vida e morte”.

“Caretaker”, um projecto multimédia, apresenta gravações a partir das partituras originais da peça de teatro com o mesmo nome, narrando “histórias vividas por cuidadores [informais] a partir de diversas perspectivas e pontos de vista”.

Por sua vez, na área do cinema, destaque para a secção “Projecções com o Coração”, em que uma série de filmes exibidos nos dias 20 e 21 de Abril visa incluir os espectadores de todos os quadrantes da sociedade, a fim de aumentar a consciencialização da inclusão dos que são diferentes e minoritários.

O cartaz do “Todos Fest!” traz ainda para a agenda cultural da cidade o workshop “Forget Me Not”, destinado a profissionais de saúde e protagonizado por Kerry Cheung, de Hong Kong, que vai “levar os profissionais de saúde locais a descobrir como a dança pode dar vitalidade à vida das pessoas com demência”.

O programa encerra-se com um mercado de venda e exposição de produtos locais feitos pelos diversos grupos comunitários, a fim de mostrar o trabalho desenvolvido pelos mais velhos e portadores de deficiência na busca por uma vida mais activa.

Criada em 1996, a Comuna de Pedra tem na sua génese a apresentação de espectáculos com fortes mensagens sociais, muito ligada à dança contemporânea, ao teatro e à promoção da educação na arte, sempre procurando desenvolver “mais possibilidades artísticas” no território. Além disso, a Comuna de Pedra faz curadoria e produção de variados projectos artísticos como festivais, programas colaborativos ou exposições.

8 Abr 2024

Revolução dos Cravos celebrada no Museu do Oriente em Lisboa

Uma exposição, um concerto e uma conferência sobre as diferentes perspectivas da Revolução do 25 de Abril de 1974 estão no centro do programa 50 Anos do 25 de Abril que vai decorrer no Museu do Oriente, entre 12 de Abril a 19 de Maio.

A exposição sob o título “Ventos de Liberdade” – com fotografias inéditas que evocam os valores e a herança da mudança política no país – revelará, a partir de 16 de Abril, o olhar de Ingeborg Lippmnan e Peter Collis, dois fotojornalistas estrangeiros que acompanharam o processo, e retrataram o que a revolução transformou.

“A lente do britânico Peter Collis capta um país em transe, desde os portugueses anónimos, a protagonistas da cena política da época, e as imagens da alemã Ingeborg Lippmann focam as mulheres, a paisagem humana no Alentejo no contexto da reforma agrária”, num país muito rural, descreve um texto da organização.

Comissariada por Fátima Lopes Cardoso e Pedro Marques Gomes, a exposição, de entrada gratuita, parte dos seus arquivos, depositados na Fundação Mário Soares e Maria Barroso, revelados agora pela primeira vez, que poderão ser vistos até 19 de Maio.

Macau presente

A par da exposição, será apresentada “A Liberdade”, obra vencedora do concurso de criação artística “Call4art: 50 Anos do 25 de Abril”, lançado em 2023 pela Fundação Oriente, para encorajar gerações de artistas plásticos que não viveram a ditadura a reflectir sobre o legado e valores da revolução. Da autoria de Isa Magalhães (aka Kideo Kidō), a instalação “A Liberdade” simboliza “o impacto positivo desta conquista nas gerações pós-revolução”, e poderá ser vista até 19 de Maio, segundo a organização.

Também no dia 16 de Abril, a conferência comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril irá reunir testemunhos de quem viveu a revolução em diferentes contextos lusófonos, bem como um balanço de 50 anos de democracia em Portugal.

A sessão inicia-se com o relato desta vivência em algumas geografias como Macau e Timor-Leste, através dos testemunhos do jornalista Ricardo Pinto e da historiadora Zélia Pereira, em painéis sobre democracia e liberdade em Portugal, democracia paritária e liberdades civis, participados pelas vozes de investigadores como Gonçalo Saraiva Matias, Marina Costa Lobo, Vasco Malta e Miguel Vale de Almeida, entre outros.

Na sessão de encerramento da conferência estará o presidente da Fundação Oriente, Carlos Monjardino, e a presidente da Fundação Mário Soares e Maria Barroso, Isabel Soares.

Coproduzido pela Associação Setúbal Voz, a Fundação Oriente apresentará um concerto a 12 de Abril para revisitar a forma como a Revolução dos Cravos chegou a Macau: os músicos Diogo Oliveira e Tiago Mileu vão ritmar como a notícia foi narrada na Rádio Macau por Rui de Mascarenhas, um cantor português de sucesso na época.

O espectáculo irá reunir poemas musicados, temas tradicionais chineses e canções populares portuguesas. As delegações da Fundação Oriente terão também diversas iniciativas a decorrer entre os dias 22 e 29 de Abril, por ocasião de um encontro que trará músicos goeses para dois concertos que combinam fado, mandó e outros temas de Goa.

8 Abr 2024