Exposição | UM acolhe mostra de mestres do impressionismo francês

É inaugurada hoje no Museu de Artes da Universidade de Macau a exposição “With The Sunshine, Across The Sea: From French Impressionism to Landscape Paintings of Macao” que reúne quase 130 obras, com destaque para trabalhos de mestres do impressionismo como Théodore Géricault, Claude Monet e Gustave Courbet

 

Uma ponte entre o prolífero período artístico do impressionismo francês e a pintura de paisagem com Macau como pano de fundo são os conceitos centrais da exposição que é inaugurada hoje, a partir das 16h, no Museu de Artes da Universidade de Macau.

“With The Sunshine, Across The Sea: From French Impressionism to Landscape Paintings of Macao” é o nome da mostra, patente até 5 de Maio, composta por quase 130 obras, incluindo pinturas de mestres como Théodore Géricault, Claude Monet e Gustave Courbet.

Apesar do natural protagonismo das pinturas a óleo de mais de uma dezena de vultos do impressionismo francês, serão exibidas fotografias de autores da altura, quadros do pintor neo-impressionista francês do século XX André Hambourg.

O movimento artístico que acabaria por se denominar Impressionismo partiu de um pequeno grupo de pintores franceses no final do século XIX que romperam com os cânones das academias de artes, inspirados nas experiências de Eugène Delacroix ou J. M. W. Turner. Encabeçado por pintores como Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Edgar Degas e Paul Cézanne, o impressionismo afasta-se do realismo de correntes anteriores e lança no mundo das artes uma nova interpretação da luminosidade e movimento. A nova estética acabaria por atribuir aos pintores impressionistas uma reputação de perigosos radicais.

 

Visões e imagens

A ligação entre a Normandia e Macau é feita através de pinturas de paisagens de Macau de autoria de artistas baseados em Macau, como George Smirnoff, Luís Luciano Demée e Kwok Se, que “foram buscar inspiração à convergência de culturas”, indica a organização da mostra.

Após a cerimónia de abertura da exposição, por volta das 16h30, será apresentada uma palestra intitulada ‘Scenery Under the Visions of West and East’, conduzida em mandarim. A palestra será apresentada por Li Jun, que dirige o Departamento de Artes e Design da Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de Macau, no Auditório da Livraria da universidade.

Partindo das obras que compõem a exposição, Li Jun, que também fez a curadoria da mostra, irá explicar como “os meios contrastantes da água e do óleo sofrem uma reação química mágica e dão origem a um efeito harmonioso semelhante à convergência das culturas oriental e ocidental em Macau”. A ideia é guiar o público pelas técnicas usadas pelos mestres da corrente artística de forma a poderem apreciar a originalidade e estética dos quadros impressionistas e das representações de paisagens de Macau.

A mostra é organizada pelo Museu de Artes da Universidade de Macau, que fica no primeiro e segundo piso da Biblioteca Wu Yee Sun, a L’association Peindre en Normandie, Les Franciscaines in Deauville, e a Ardi Photographies, com o apoio do Instituto Cultural e o Museu de Arte de Macau. A curadoria está a cargo do Departamento de Artes e Design da Faculdade de Artes e Humanidades.

A exposição pode ser visitada entre as 10h e as 17h todos os dias, excepto feriados públicos e nos primeiros três dias dos feriados do Ano Novo Lunar. A entrada para a exposição e para a palestra é grátis.

4 Fev 2024

“Fai Chun – Oferta de Papéis Votivos” começa hoje na FRC

Decorre hoje e amanhã, na Fundação Rui Cunha (FRC), o tradicional evento relacionado com a chegada do Ano Novo Chinês, “Fai Chun – Oferta de Papéis Votivos”. O público poderá deslocar-se à galeria da FRC entre as 10h e as 17h e ficar, gratuitamente, com estes papéis que contêm mensagens de boa sorte escritas em caligrafia chinesa.

Trata-se de um evento co-organizado pela Associação de Poesia dos Amigos do Jardim da Flora e é orientado por 37 mestres locais de caligrafia chinesa, nomeadamente Ung Choi Kun, Hong San San ou Choi Vai Keng, que se juntam a Ng Pio (Yum Fung Chan), o presidente da associação. Poetas como Ko Tak Kong, Chong Iat Fai e Yun Wing On também irão estar presentes ao longo dos dois dias para criar dísticos de versos, no âmbito das celebrações do Novo Ano Lunar do Dragão.

Boa Onda

Fai Chun (揮春) é uma decoração tradicional usada durante o Ano Novo Chinês, que marca a chegada da época primaveril. Em português poderá traduzir-se por Onda de Primavera. As pessoas colocam os Fai Chun nas portas para criar uma atmosfera alegre e festiva, já que as frases caligrafadas significam boa sorte e prosperidade. Normalmente, os Fai Chun tradicionais são de cor vermelha, com caracteres pretos ou dourados inscritos a pincel, que visam proteger as casas com votos de bons auspícios para o ano que se segue. Hoje em dia são mais frequentes as versões impressas e produzidas em larga escala. Podem ser quadrados ou rectangulares e pendurados na vertical ou na horizontal, geralmente aos pares. Não existem apenas na China, mas também na Coreia, Japão e Vietname.

2024 é o Ano do Dragão de Madeira, que se inicia a 10 de Fevereiro de 2024 (primeiro dia do Novo Ano Chinês) e dura até 28 de Janeiro de 2025.

A FRC descreve, em comunicado, que “o Dragão é o único dos 12 signos do zodíaco chinês que se baseia num animal imaginário”, o que faz com que os dragões “sejam tão carismáticos e grandiosos na vida”.

“Na cultura chinesa, o Dragão pode ser descrito como um ser focado e motivado. Os nativos deste signo têm uma personalidade repleta de confiança, sem qualquer problema em serem assertivos e assumirem papéis de liderança. Prevê-se que 2024 seja um ano caracterizado pela inovação, visão e crescimento”, aponta-se ainda na mesma nota.

1 Fev 2024

Gastronomia | Nova temporada de programa de Joana Barrios gravada em Macau

Joana Barrios, chef portuguesa que apresenta em Portugal o programa de culinária “O da Joana” ou “À la Barrios”, no canal 24 Kitchen, encontra-se em Macau a fazer gravações para a nova temporada do programa. Joana já passou pelo restaurante de sopas de fitas Cheong Kei, na Rua da Felicidade, ou nos espaços de restauração do Grand Lisboa Palace, no Cotai

 

A diversidade gastronómica e cultural de Macau terá levado a chef portuguesa e actriz Joana Barrios a enveredar-se nos meandros dos restaurantes do território, onde está desde a semana passada em gravações para a nova temporada do programa “À la Barrios”, que será transmitida no canal de televisão por cabo 24 Kitchen.

A novidade foi anunciada na conta de Instagram de Joana Barrios, bem como na conta oficial do 24 Kitchen. “Em breve vai ser tudo mais divertido e colorido na nova temporada do À La Barrios! A Joana Barrios foi até Macau para se inspirar. Curiosos? Acompanhem todas as novidades aqui”, podia ler-se há uns dias.

Na sua conta, Joana, natural do Alentejo e que, nos últimos tempos, tem-se tornado mais conhecida do grande público devido à sua presença na televisão a cozinhar, tem levantado a ponta do véu relativamente ao lado da gastronomia local que poderá aparecer nos ecrãs portugueses.

Joana Barrios já esteve nos espaços de restauração do Grand Lisboa Palace a experimentar iguarias mais sofisticadas, mas não ignorou a típica comida chinesa local, tendo passado pelo restaurante de sopa de fitas Cheong Kei, situado na Rua da Felicidade, uma das mais tradicionais e turísticas de Macau.

“Estou a tentar não fazer overposting nem dar cabo de tudo com spoilers.
Acabámos de gravar aqui, na casa da tradicional sopa de fita Cheong Kei, na Rua da Felicidade, e tenho muitas coisas para dizer, especialmente numa altura em que em Lisboa se sucedem aberturas de restaurantes de caldos com massa (porque noodles e ramen são coisas diferentes), é extraordinário enfiar na boca um ninho de longas fitas irregulares de uma massa que não está escrita”, descreveu a apresentadora.

No Instagram, Joana Barrios acrescentou que, nesse estabelecimento, “os noodles são ainda feitos de modo artesanal seguindo a receita familiar e utilizando os mesmos utensílios desde a abertura”. “Da massa dos noodles também se fazem outras delícias como os ‘Won Ton’ de camarão que podem ser fritos acompanhados com molho ‘doçura’ ou cozidos servidos num caldo”, escreveu ainda.

O pombo e as memórias

Joana Barrios considerou “tokenizada e formal” a experiência com a comida servida no Cotai, pois um prato de pombo levou-a às memórias de infância ou adolescência, enquanto “a visita ao pequeno restaurante da família Lao, na Rua da Felicidade, deu cabo de mim”.

A equipa de filmagens está a ser acompanhada por um tradutor, embora, no que diz respeito à cozinha, Joana Barrios descreva que, para sensações e gostos proporcionados pela comida, “não foi necessária tradução”, pois “a comoção é um sentimento universal”.

O HM contactou a apresentadora do programa no sentido de saber mais detalhes a propósito deste projecto e da nova temporada do “À la Barrios”, mas até ao fecho desta edição não foi obtida resposta.

“À la Barrios” já deu origem a um livro de receitas lançado em Portugal em Novembro de 2022, mas Joana Barrios já conhece os meandros do mundo editorial em livros de cozinha, tendo lançado “Sopeira”, “O da Joana” ou “Palato Rico, Palato Pobre”. Antes de ter o seu próprio programa de televisão, começou a cozinhar no “Programa da Cristina”, anteriormente transmitido na SIC.

Joana Barrios é actriz formada pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, tendo ainda uma pós-graduação em Crítica de Cinema e Música Pop. Começou a trabalhar com a companhia Teatro Praga em 2008, mas depois passou para o mundo da televisão com o programa “Armário”, uma série de documentários sobre moda transmitida na RTP2.

Em 2021, começou a ser uma das apresentadoras do 24 Kitchen, a par de nomes como Jamie Oliver, Henrique Sá Pessoa ou Filipa Gomes, com o programa “O da Joana”.

31 Jan 2024

Exposição de Adam McEwen inaugurada esta sexta-feira em Hong Kong

Esta sexta-feira, 2 de Fevereiro, é inaugurada na galeria Gagosian, em Hong Kong, a exposição que marca a estreia na Ásia do artista Adam McEwen. Segundo um comunicado oficial sobre a mostra, trata-se de uma exposição que inclui “uma secção transversal do seu trabalho”, incluindo também novas pinturas e esculturas feitas em grafitti, um material bastante utilizado pelo artista.

Segundo a mesma nota, o artista “tende a colocar em primeiro plano, isolando-os, objectos banais, como um tapete de yoga, um bebedouro ou copos de plástico, até ao ponto de os tornar tão banais que se tornam mais fáceis de usar, desprendendo-os dos seus significados já familiares e [também] tranquilizadores”.

As esculturas de McEwen são “simples e exactas”, sugerindo “um sentido do que é estranho e uma sensação de ligeira deslocação”. Além disso, as suas pinturas “apresentam coisas do quotidiano numa linguagem gráfica simplificada que as que as descontextualiza, libertando-as das suas conotações habituais”.

O que importa

As temáticas trabalhadas por McEwen são escolhidas por terem “alguma importância”, sendo exemplo disso “um arco de comboio perto do seu estúdio, um desenho de um leão que simboliza o poder e a força, um par de candeeiros de rua perto da Grand Central de Nova Iorque que formam uma espécie de entrada ou uma espada encontrada escondida atrás de um radiador quando o artista renovou o seu apartamento”.

Ao simplificar a representação destes elementos nas obras de arte, estes temas “tornam-se acessíveis e a relação entre o sujeito e o espectador torna-se mais forte face ao tema e o significado que existe no quotidiano” dentro da realidade de cada um.

Adam McEwen nasceu em 1965 em Londres e actualmente vive e trabalha em Nova Iorque. As suas peças estão presentes em colecções no Arts Council, em Londres; na Aberdeen Art Gallery and Museums, Escócia; no Museu Guggenheim de Nova Iorque ou, nesta mesma cidade, no Metropolitan Museum of Art. A mostra em Hong Kong pode ser visitada na Pedder Street, na zona de Central, até ao dia 9 de Março.

31 Jan 2024

Concerto | “O Imperador de Beethoven” este sábado na Universidade de Macau

“O Imperador de Beethoven, por Haochen Zhang” é o nome do concerto que irá ter lugar este sábado na Aula Magna da Universidade de Macau, contando com a presença do aclamado Christopher Warren-Green. O evento é organizado pelas seis operadoras de jogo e pelo Instituto Cultural

 

É já este sábado que se pode ouvir música clássica no campus da Universidade de Macau (UM) em Hengqin. Isto porque o concerto “O Imperador de Beethoven, por Haochen Zhang” decorre na Aula Magna da UM às 20h, contando com a Orquestra de Macau dirigida pelo reputado maestro britânico Christopher Warren-Green, num evento promovido pelas seis operadoras de jogo e pelo Instituto Cultural (IC).

Segundo um comunicado do IC, o espectáculo será marcado por uma série de peças clássicas, acompanhadas pelas notas tocadas pelo pianista de renome internacional Haochen Zhang. Este, irá interpretar “Concerto para Piano e Orquestra N.º 5 em Mi bemol Maior, Op. 73 ‘Imperador'”, de Beethoven, proporcionando ao público “uma experiência deslumbrante e inesquecível”.

Este espectáculo integra-se na temporada de concertos 2023-2024 da OM e terá cerca de 1h30 de duração, sendo que os bilhetes já se encontram à venda.

Quem é quem?

As duas grandes figuras deste concerto mantêm, há muitos anos, uma carreira fulgurante na área da música clássica. No caso do maestro Christopher Warren-Green, é actualmente director musical da Orquestra de Câmara de Londres e maestro laureado da Orquestra Sinfónica de Charlotte do Estado da Carolina do Norte, nos EUA. Além disso, tem servido, por diversas vezes, como maestro em várias celebrações da Família Real Britânica.

No concerto de sábado irá interpretar, juntamente com os músicos da OM, obras que representam “o auge criativo de vários compositores de renome”, que não apenas Ludwing van Beethoven, nomeadamente a dinâmica composição “Abertura do Festival Académico, composta por Johannes Brahms em 1880.

Destaque ainda para a apresentação de “Variações Enigma”, um trabalho do compositor britânico Edward Elgar estreado em 1899. Por sua vez, Haochen Zhang foi também convidado para ser solista no “Concerto para Piano e Orquestra N.º 5”, de Beethoven, uma peça descrita como “majestosa com uma distinta aura de nobreza”, e que foi composta entre 1809 e 1811. Segundo o IC, “este concerto levará certamente o público numa memorável viagem musical”.

Nascido em 1990, Haochen Zhang é um dos mais conhecidos pianistas chineses da actualidade, apesar da sua juventude. Natural de Xangai, Haochen venceu, em 2009, a medalha de ouro na 13.ª edição do Concurso Internacional de Piano Van Cliburn, tendo sido o mais jovem músico a consegui-lo. Desde então que tem recebido aclamações dos vários públicos por onde passou, nos EUA, Europa ou mesmo na Ásia. É descrito como um pianista com “uma combinação única de profunda sensibilidade musical, imaginação destemida e um virtuosismo espectacular”.

Os prémios repetiram-se em 2017, quando recebeu a prestigiada bolsa Avery Fisher Career Grant, concedida a músicos com potencial para construir uma carreira musical importante.

31 Jan 2024

FRC | Exposição de poesia e cultura de Xue Rongxuan a partir de hoje

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, às 18h30, a exposição “A Poesia e Cultura Chinesa de Xue Rongxuan”, tratando-se de uma homenagem póstuma ao mestre calígrafo e poeta também conhecido pelo pseudónimo ‘Lau Pi’ (陋筆 ou caneta ruim), recentemente desaparecido em finais de 2023.

Este artista participou, nos últimos anos, em exposições colectivas e conferências promovidas pela FRC, com co-organização da Associação de Poesia dos Amigos do Jardim da Flora.

A exposição reúne um conjunto de cerca de 40 obras de caligrafia e poesia, representativas do percurso literário e da experiência artística ao longo da vida de Xue Rongxuan. De acordo com os Amigos do Jardim da Flora, ele “não era apenas um estudioso versátil e muito eloquente, tinha também grande talento para citar as escrituras e criar belas frases, especialmente em dísticos, o que o tornou notável no campo da literatura e da poesia”.

Segundo os Amigos do Jardim da Flora, Xue Rongxuan “nunca poupou esforços para promover a cultura tradicional chinesa, e usou os seus anos de experiência pessoal a pesquisar e a elevar o conhecimento das elites da cultura chinesa”.

A FRC descreve ainda que Xue Rongxuan sempre foi “modesto quanto às suas capacidades de escrita”, sendo uma “pessoa de pensamento rápido, um indivíduo com extensa sabedoria”. Além disso, respeitava muito a cultura chinesa e tinha um “profundo conhecimento da sua história, língua, geografia e tradições, bem como de poesia, canções antigas e dísticos”. A mostra vai estar patente até ao dia 17 de Fevereiro.

30 Jan 2024

Cinemateca Paixão | As películas escolhidas para “Encantos de Fevereiro”

O mês de Fevereiro é o mais curto do ano e é também o momento de celebrar o Ano Novo Chinês. Os amantes de cinema podem passar esta quadra festiva de olhos postos no ecrã da Travessa da Paixão: o cartaz escolhido pela Cinemateca traz, a partir desta sexta-feira, “Old Fox” e “Stonewalling”. Destaque ainda para os filmes da secção “Nova Força Chinesa” para ver nos próximos dias

 

A Cinemateca Paixão prepara-se para apresentar um cartaz em Fevereiro com duas películas asiáticas. Com a secção “Encantos de Fevereiro” a chegar à sala da Travessa da Paixão já a partir desta sexta-feira, os amantes do cinema mais independente podem ver “Old Fox”, uma produção de Taiwan, do realizador Hou Hsiao-Hsien, e ainda “Stonewalling”, um filme sino-japonês.

“Old Fox”, de 2023, conta a história de Liao Jie que, com 11 anos, e no ano de 1989, participa num esquema de poupança com o pai para que juntos possam comprar uma casa dentro de três anos. Mas com o mundo em constante mudança, e com os preços dos imóveis a disparar, rapidamente percebem que as poupanças conseguidas nos últimos anos não são suficientes.

Percebendo pertencer a uma família pobre, Liao Jie começa a olhar para o seu senhorio, um homem a quem chamam “Velha Raposa”, com outros olhos, encarando-o como um modelo a seguir ao invés do próprio pai que nada consegue fazer para melhorar a sua vida.

Este filme integrou, no ano passado, o cartaz do Festival Internacional de Cinema de Tóquio, tendo obtido quatro prémios na 60.ª edição dos Golden Horse Awards [Prémios Cavalo de Ouro], de Taiwan. Este é o quarto filme de Hou Hsiao-Hsien.

Múltiplas personalidades

“Stonewalling”, uma produção sino-japonesa de 2022, será exibida nos dias 18 e 27 de Fevereiro e é outra das produções que também se destacou na última edição dos prémios de cinema de Taiwan, além de ter sido seleccionado nesse ano para a secção “Dias de Veneza” do Festival Internacional de Cinema de Veneza.

Com realização de Ryuki Otsuka e Huang Ji, este filme explora a vida de uma rapariga que, com 20 anos, assume várias vidas e personalidades. Com o seu nome verdadeiro, Lynn, é uma estudante universitária que subitamente descobre estar grávida. Já com o falso nome de “Rainy”, trabalha como promotora a tempo parcial para ajudar a mãe com as despesas, que se vê obrigada a indemnizar um paciente por negligência médica. Após dar à luz o bebé, com o nome de “Sílvia”, decide vender a criança para saldar essa dívida. O problema é que o parto acontece durante a pandemia de covid-19 e o namorado decide aparecer de repente, levando esta mulher com múltiplas personalidades a deparar-se com um novo problema.

Entretanto, nos próximos haverá ainda oportunidade de ver alguns filmes na secção “Nova Força Chinesa”, nomeadamente “Trouble Girl”, que, tendo a sessão de hoje já esgotada, regressa aos ecrãs a partir de sexta-feira e até ao dia 15. Este filme também se destacou na 60.ª edição dos Golden Horse Awards, uma vez que a actriz Audrey Lin obteve o prémio para a melhor actriz principal.

De Chin Chia-Hua, este filme relata a história de Xiao Xiao, que sofre de transtorno do défice de atenção com hiperactividade, de quem se afastam familiares e amigos. Só com o professor Paul é que Xiao Xiao parece encontrar compreensão, mas subitamente esta testemunha um segredo deste com a sua mãe, o que transforma o seu percurso emocional.

Por sua vez, “Love is a Gun” será exibido entre os dias 10 e 25 de Fevereiro. Há ainda a possibilidade de ver amanhã, 31, “Inside the Yellow Cocoon Shell”, exibido novamente dia 7 de Fevereiro, e “Anatomy of a Fall”, exibido pela última vez este sábado às 17h, e que venceu a “Palma de Ouro” no Festival de Cinema de Cannes de 2023.

Da secção “Clássicos Chineses” há ainda o filme, recentemente restaurado, “Yi Yi: A One and A Two”, do ano 2000, a ser exibido dia 10. Com este filme, Edward Yang, de Taiwan, venceu o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cinema de Cannes desse ano. Ainda da secção “Encantos de Janeiro” revela-se este sábado, às 20h, numa última sessão, “Evil Does Not Exist”.

30 Jan 2024

“Analectos” e Mêncio”, lançados na Fundação Rui Cunha, encerram a publicação de “Os Quatro Livros” do cânone confuciano

Decorreu ontem na Fundação Rui Cunha o lançamento, pela editora Livros do Meio, dos dois últimos volumes d’ “Os Quatro Livros” do cânone confuciano, “Analectos” e “Mêncio”, traduzidos e anotados, respectivamente por Carlos Morais José e Ana Maria Saldanha, que assim se seguem ao “Estudo Maior” e à “Prática do Meio”.

Na sessão intervieram os tradutores que falaram das obras em questão. Carlos Morais José, que também é o editor responsável pela Livros do Meio, arguiu as razões que levarão a sua editora a enveredar pela publicação destes volumes que, segundo afirmou, são um marco incontornável e fundamental da cultura e da civilização chinesa. Assim, durante cerca de uma década, explicou ao público presente, foram traduzidos “Os Quatro Livros” que, a partir da dinastia Song se tornaram na base dos exames para o mandarinato, ou seja, para o acesso a cargos públicos. Até então, desde a dinastia Han que os exames eram realizados com base nos chamados Cinco Clássicos ou Pentateuco chinês, a saber, o “Livro das Odes”, o “Livro dos Documentos”, o “Livro dos Ritos”, os “Anais da Primavera-Outono” e o “Livro da Música”.

Ainda segundo o tradutor, esta mudança operou uma transição entre um estudo dedicado essencialmente ao ritual e aos ritos para uma abordagem mais interna e pessoal, ou seja, no sentido da construção de um sujeito ético. Além disso, a emergência deste chamado neo-confucionismo, liderado pelo filósofo Zhu Xi, surge também como reacção à crescente influência do budismo na sociedade e nos círculos do poder chinês, o que desagradava sobremaneira aos letrados confucionistas, sendo inclusivamente invocada a necessidade de se abandonar as doutrinas estrangeiras, como o budismo, cujas teoria, por vezes, anti-sociais desagradavam particularmente aos seguidores de Confúcio para quem o homem, animal gregário por excelência, deve-se preocupar sobretudo na gestão das suas relações sociais e do governo e menos em questões cosmológicas ou metafísicas que, em geral, os confucionistas preferem ignorar, centrando-se exclusivamente no ser humano.

Carlos Morais José começou, aliás, por fazer uma introdução ao trabalho da sua editora que, no ano passado, abriu uma “filial” em Portugal e que, desde então, para lá transportou a revista “Via do Meio”, a primeira publicação regular sobre cultura chinesa que se publica em língua portuguesa, e deu ainda à estampa quatro livros. Três são de cultura chinesa, incluindo o inédito “Poemas de Su Dongpo, com tradução de António Graça de Abreu, “As Leis da Guerra”, de Sun Bin, e “Textos Clássicos sobre Pintura Chinesa”, com tradução de Paulo Maia e Carmo. O outro livro é o primeiro volume de uma “Antologia da Literatura Oral Timorense – Oecusse”, da autoria de Anabela Leal de Barros.

Por seu lado, Ana Maria Saldanha abordou o livro de Mêncio numa perspectiva mais sociológica a partir de considerações sobre a questão agrária, em Confúcio e em Mêncio, destacando o facto dos dois filósofos terem dado um especial ao assunto, na medida em que as relações de produção naquele tempo se encontravam basicamente dependentes da agricultura, da posse dos meios de produção e da terra. Segundo afirmou, a virtude do governante, central no pensamento político confuciano, também se demonstrava no modo como eram divididas as terras e o seu produto, para além de também ser importante a organização do trabalho. A escravatura, apesar de existir, em grande parte fruto das guerras, não constituía de modo nenhum a parte principal da massa trabalhadora que era essencialmente formada por camponeses livres que tinham inclusivamente o direito de se deslocar para onde quisessem, inclusivamente mudar a sua casa e família para um outro estado onde a vida lhe fosse mais sorridente. Assim, ao contrário da Europa feudal, onde os servos da gleba, como o nome indica, pertenciam à terra e ao senhor dessa mesma terra, na China dos Estados Combatentes, os senhores viam-se obrigados a proporcionar boas condições de vida aos camponeses não fossem estes abandonar o seu estado por um outro que lhes proporcionaria condições mais benéficas.

Ana Maria Saldanha explicou ainda a uma atenta audiência as quatro principais virtudes que Mêncio considerava como fundamentais, a saber, benevolência (ren), rectidão (yi), cumprimento dos ritos (li) e sabedoria (zhi) e como despendeu a sua vida tentando inculcá-las, a maior parte das vezes sem sucesso, nos governantes do seu tempo, acabando por fundar uma escola privada onde recebia discípulos.

Seja como for, foi o livro de Mêncio que Zhu Xi escolheu para completar “Os Quatro Livros”, entre dezenas de outros confucionistas que, após a morte do Mestre, criaram mais de Cem Escolas, cujas divergências se tronaram célebres, tendo proporcionando algumas das discussões mais interessantes do pensamento clássico chinês.

A partir de hoje, estes livros e a revista Via do Meio podem ser comprados na Livraria Portuguesa ou no Pátio da Sé 22, RC-B, a sede do jornal Hoje Macau, ou ainda encomendados através do email graofalar@gmail.com. Neste caso o porte é gratuito.

30 Jan 2024

Eça de Queiroz | Autorizada trasladação para o Panteão Nacional

O Supremo Tribunal Administrativo (STA) em Portugal rejeitou o recurso dos seis bisnetos do escritor Eça de Queiroz, que contestam a sua trasladação para o Panteão Nacional, permitindo que a homenagem apoiada pela maioria dos descendentes se concretize.

No acórdão, datado de 25 de Janeiro, o colectivo de juízes do STA decidiu “negar provimento ao recurso e, em consequência, manter o acórdão recorrido”, ou seja, negou dar razão aos seis bisnetos que contestam a vontade da maioria, favorável à trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, uma homenagem ao escritor aprovada pela Assembleia da República.

No acórdão a que a Lusa teve acesso, o colectivo de conselheiros do STA contesta a argumentação dos autores do recurso, rejeitando, por exemplo, a alegação de que possa ser considerada uma presumível vontade anteriormente expressa pelos netos do escritor, em 1989, contrária à trasladação.

“(…) Tal direito, no caso dos herdeiros ou familiares, compete exclusivamente àqueles que se encontram vivos no momento em que se coloca (…) e o seu exercício traduz-se na manifestação de uma vontade actual, e não na ‘representação de uma vontade anteriormente expressa’”, lê-se no acórdão.

Os seis bisnetos de Eça de Queiroz que tinham avançado com uma providência cautelar para impedir a trasladação dos restos mortais do escritor para o Panteão Nacional anunciaram ainda em Outubro recurso da decisão, depois de conhecida a primeira decisão do tribunal.

Dos 22 bisnetos do escritor, 13 concordaram com a trasladação para o Panteão Nacional, havendo ainda três abstenções. Também a Fundação Eça de Queiroz, presidida pelo escritor Afonso Reis Cabral, é favorável à trasladação, tendo sido a primeira a avançar para este processo.

Eça de Queiroz, autor de grandes obras da literatura portuguesa como “Os Maias” ou “O Crime do Padre Amaro” morreu em 16 de Agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa.

29 Jan 2024

Pintura de Klimt desaparecida durante 100 anos vai a leilão em Viena

O “Retrato de Fräulein Lieser”, pintura de Gustav Klimt (1862-1918) redescoberta após quase 100 anos desaparecida, vai a leilão em Abril, na Áustria, com uma estimativa de 49 milhões de euros, pela leiloeira vienense im Kinsky.

O retrato, que era propriedade privada de um cidadão austríaco, desconhecido do público, foi redescoberto e é considerado “um dos mais belos do último período criativo de Klimt”, artista-chave da Arte Nova vienense, um movimento modernista da época.

O “Retrato de Fraulein Lieser” – indica a leiloeira em comunicado – pertenceu a uma família judia na Áustria e foi visto em público pela última vez em 1925, “com um destino desconhecido desde essa altura, mas a família austríaca dos actuais proprietários tem o quadro desde a década de 1960”. A leiloeira estima um valor de 54 milhões de dólares para a venda do retrato.

Leilão em Hong Kong

A obra de Gustav Klimt é conhecida em particular pelos retratos de mulheres bem-sucedidas da classe média-alta do início do século XX, e esta é uma das últimas criações, assinalou a casa de leilões, destacando que “há décadas que um quadro de tal raridade, significado artístico e valor não está disponível no mercado de arte da Europa Central”.

Antes de ser apresentado a leilão, marcado para 24 de Abril, na leiloeira im Kinsky, em Viena, o “Retrato de Fräulein Lieser” irá viajar por todo o mundo em cooperação com o LGT Bank, nomeadamente pela Suíça, Alemanha, Grã-Bretanha e Hong Kong.

Após o regresso a Viena, o quadro será leiloado “em nome dos actuais proprietários, juntamente com os sucessores legais de Adolf e Henriette Lieser, com base num acordo em conformidade com os Princípios de Washington de 1998”, indicou o mesmo comunicado da leiloeira, referindo-se ao acordo internacional de devolução de obras de arte aos descendentes dos espoliados durante o período nazi.

Em Junho de 2023, um dos últimos retratos criados por Gustav Klimt foi vendido em leilão, em Londres, por 85,3 milhões de libras, atingindo um recorde para uma obra de arte leiloada na Europa.

Vendido a um colecionador de Hong Kong acima da estimativa de 65 milhões de libras, o quadro “Dama com Leque” ultrapassou assim o recorde anterior, da escultura “Walking Man I”, de Alberto Giacometti, também vendido na Sotheby’s, em 2010.

29 Jan 2024

Concerto | Tom Jones chega à região vizinha em Março

O cantor galês com uma longa carreira musical, pautada por sucessos como “Sex Bomb” ou “What’s New, Pussycat?” traz a Hong Kong a sua digressão mundial “Ages & Stages Tour” que passa por várias salas de espectáculo na Ásia, Europa e América Latina. Na região vizinha, actua na sala do AsiaWorld Expo dia 16 de Março

 

“Ages & Stages Tour” é o nome da digressão que o músico galês Tom Jones, nome artístico de Thomas Jones Woodward, traz a vários países da Ásia e também a Hong Kong. No dia 16 de Março, no recinto da AsiaWorld Expo, os fãs de um dos mais aclamados músicos pop e dono de uma voz poderosa poderão ouvir os seus maiores êxitos, nomeadamente “Sex Bomb”, “It’s Not Unusual”, “She’s a Lady” ou “What’s New, Pussycat?”, mas também novas músicas do seu mais recente álbum, “Surronded by Time”, lançado em 2021.

A digressão, anunciada em finais do ano passado, faz um périplo por várias cidades asiáticas, nomeadamente Kuala Lumpur, na Malásia, Singapura, Taipei e Tailândia, partindo depois para a Austrália onde uma série de concertos decorrem nas principais salas de espectáculo do país entre Março e Abril, sem esquecer a Nova Zelândia. Segue-se depois a América Latina, com concertos em países como o Chile, com regresso às principais cidades europeias até Agosto.

Esta é a oportunidade para o público ouvir e ver ao vivo o cantor de 83 anos de idade que já conta com uma carreira de 60 anos. “Ages & Stages Tour” marca também o regresso de Tom Jones à Austrália, onde esteve a última vez em 2016.

Tom Jones irá partilhar o palco em algumas datas com a banda pop Germein. O seu último álbum foi produzido por outro ícone da música, Elton John, que colaborou com Tom em músicas mais recentes, nomeadamente “Long Lost Suitcase”, de 2015, “Spirit in the Room”, de 2012, ou “Praise & Blame”, de 2010. Ao longo da sua carreira Tom Jones já vendeu mais de 100 milhões de discos e venceu vários prémios Grammy.

Voz de tenor

Considerado por muitos críticos como tendo uma voz de tenor, Tom Jones começou a sua carreira nos anos 60 e não mais deixou os palcos. A primeira experiência aconteceu em 1963 com um grupo galês de Beat “Tommy Scott and the Senators”, que chegou a gravar alguns álbuns, sem grande sucesso.

Foi então que se deu o contacto de Tom Jones com Gordon Mills, que lhe atribuiu o nome artístico, e levou-o para Londres após se tornar seu empresário.

A partir desse momento a carreira de Tom não mais deixou de escalar até atingir a fama: o primeiro single, lançado em 1964, “Chills and Fever”, não teve um grande sucesso, mas “It’s Not Unusual” bateu recordes de vendas, atingindo o primeiro lugar no Reino Unido e chegado ao top dos dez singles mais vendidos nos EUA naquele ano.

Ainda em 1965 Tom Jones gravou um tema para um filme de James Bond, “Thunderball”, além de ter lançado “What’s New, Pussycat?”. O primeiro Grammy da sua carreira, obtido na categoria de “Melhor Novo Artista” foi obtido logo em 1966.

Ao longo dos anos o artista soube manter-se nas tabelas e nas pistas de dança. Já nos anos 90, saiu mais um êxito, “Sex Bomb”, que ganhou versões remixadas e que marca presença em qualquer festa. Em Março, poderá ser a vez de ouvir esta e outras canções na pista e no palco do AsiaWorld Expo.

29 Jan 2024

Exposição | Zhuang Hong-Yi revela “Shades of Blossoms”

A partir de 2 de Fevereiro, na galeria Artelli, no empreendimento City of Dreams, pode ser vista a primeira exposição individual de Zhuang Hong-Yi em Macau. O artista chinês reconhecido internacionalmente apresenta “Shades of Blossoms”, uma mostra que revela “uma fusão da estética oriental e ocidental”

 

A galeria Artelli, situada no City of Dreams, no Cotai, apresenta entre os dias 2 e 29 de Fevereiro a exposição “Shades of Blossoms”, do conceituado artista chinês Zhuang Hong Yi, que pela primeira vez expõe no território. Trata-se, segundo um comunicado da galeria, de uma exposição que revela “uma fusão da estética oriental e ocidental”, com uma “colecção única de obras de arte transculturais, apresentadas em paletas de cores arrojadas e motivos florais intrincados”.

Os responsáveis da exposição descrevem-na como um conjunto de “obras-primas vivas”, em que “cada pétala é criada meticulosamente para exalar uma profunda sensação de vitalidade e prosperidade”. Trata-se de quadros que representam “a beleza da natureza e da sua eterna elegância”, com “telas vibrantes que se assemelham a um canteiro de flores graciosamente arranjado quando admirado à distância”. De perto, os amantes de arte podem ver “uma tapeçaria de texturas de pétalas e um rico espectro de cores”.

Em “Shades of Blossoms”, são expostas obras em que Zhuang Hong-Yi mostra “os seus famosos canteiros de flores em camadas”, apresentando-se “uma linguagem visual de esperança e novos começos”, evocando-se também “sentimentos de felicidade, realização e rejuvenescimento”.

O artista explora, nos quadros, “narrativas e perspectivas pessoais em contos visuais, utilizando uma paleta de cores harmoniosa e emotiva que torna a sua arte simultaneamente surpreendente e intrigante”.

Desta forma, destaca a Artelli, a exposição “Shades of Blossoms” explora “o renascimento da primavera e o desabrochar das flores, formando um imaginário elegante com a interação da luz e da sombra”.

Experiência holandesa

Depois da licenciatura na Faculdade de Belas Artes de Sichuan, na China, Zhuang Hong-Yi teve a oportunidade de estudar no estrangeiro, prosseguindo os estudos em arte nos Países Baixos nos anos 90. Foi aí que o artista ligou “efectivamente as suas raízes chinesas às influências europeias”, tendo vindo a criar, ao longo da carreira, obras que “giram em torno de temas como a alegria, espiritualidade e fascínio”, reconectando “o público com a tranquilidade da natureza, ao mesmo tempo que exalam uma sensação de felicidade”.

As obras deste artista chinês pautam-se sempre por motivos florais, como símbolo de “entusiasmo, amor e busca pela vida”. As criações de Zhuang são sobretudo reconhecidas pelos canteiros de flores coleccionáveis que mudam de cor, sendo estas pinturas “uma marca distintiva” do seu trabalho.

Zhuang Hong-Yi é descrito como “um dos artistas mais influentes da China”, que “combina as suas experiências de vida na China e na Europa para moldar a sua linguagem artística distinta actual”.

As suas obras “reflectem temas, formas, cores e a utilização de materiais inspirados na cultura oriental”, misturando-se “com conceitos abstractos ocidentais”, tratando-se de uma exploração da transculturalidade por parte de Zhuang Hong-Yi.

As flores são, para o artista, uma linguagem universal, sendo pintadas de formas que divergem das normas tradicionais, uma vez que Zhuang Hong-Yi recorre a materiais como o clássico papel chinês, juntando-lhe acrílico. Desta forma, “aumenta-se a durabilidade [dos quadros]”, em que “cada peça é uma obra-prima única, impossível de replicar”.

Até à data as criações de Zhuang foram apresentadas em mais de 140 exposições individuais, bem como mais de 60 grandes feiras de arte em 18 regiões do mundo, tendo já conquistado “a admiração de coleccionadores de arte internacionais”.

26 Jan 2024

Nova biografia do escritor Luís de Camões deverá sair em Junho

Uma biografia de Luís de Camões vai ser publicada em Junho, nos 500 anos do poeta, mostrando o homem por detrás do mito, num trabalho de cinco anos de Isabel Rio Novo, que lhe trouxe “muitas surpresas”.

Este é o segundo volume da colecção de “Biografias de Grandes Figuras da História de Portugal”, que arrancou em 2020 com a biografia do Marquês de Pombal, e que conta com o apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e da Fundação Oriente.

Para a editora, o quinto centenário do nascimento de Camões proporcionava uma oportunidade singular para reflectir sobre o legado de um poeta amplamente presente tanto na literatura quanto na identidade portuguesa.
Por isso, para Isabel Rio Novo, não se tratava apenas da biografia de mais um grande vulto, mas de “toda essa carga de sentido que atribuímos a Camões”.

O trabalho, que se iniciou em 2019 e está em fase de conclusão, obrigou a autora a mergulhar a fundo em todas as biografias antigas e recentes, na pesquisa de fontes conhecidas e na reunião de informação que estava dispersa.

Contactos em Goa

Foi então à distância, devido à pandemia, que contactou com pessoas que lhe deram informações, que lhe enviaram documentos e de quem recebeu pistas de investigação. Já sem restrições de viagem a autora foi à “velha Goa que resta dos tempos de Camões”, e à ilha de Moçambique, “onde Camões viveu dois anos, na altura em que queria regressar a Portugal.”

A viagem a Goa revelou-se mais frutífera do que esperava, pois encontrou um grupo de investigadores do Laboratório Hércules, da Universidade de Évora, que lá se encontrava no âmbito de um trabalho de análise de retratos dos diversos vice-reis da Índia, e que a ajudaram numa descoberta que acabara de fazer.

“Descobri o paradeiro de um retrato [de Luís de Camões] revelado em 1972 e que andava extraviado. Graças à minha obstinação, encontrei esse retrato, de que se tinha perdido o paradeiro, num coleccionador privado”, contou. Com a ajuda do grupo Hércules, esse retrato foi analisado, e foi atestada a sua veracidade.

Para escrever a biografia de Luís de Camões, a escritora estudou muito bem a época, porque “em biografias históricas, a época não é apenas um pano de fundo, os indivíduos são a sua época. Há conceitos que no século XVI têm sentidos que se foram perdendo ao longo dos séculos.”

Para Isabel Rio Novo, o difícil neste tipo de biografias é reconstituir a época com o máximo rigor possível, mas, por outro lado, o facto de esta biografia ser recente “beneficia de todos os contributos prévios que foram sendo feitos ao longo do tempo.”

Por isso, a obra biográfica que agora vai ser publicada é acompanhada por uma “enorme quantidade de notas de rodapé”, explicou. A autora promete que “o resultado final vai trazer muitas surpresas”, embora reservando-as para a publicação do livro.

Além disso, dará ao leitor “a percepção de homem que existiu antes de ser um mito” e “dá um avanço decisivo no conhecimento” que se tem hoje em dia. “As cartas em prosa são um bom exemplo de informação conhecida, mas que, por o seu conteúdo ser avesso ao discurso oficial sobre o poeta, foi quase sempre descurada do ponto de vista biográfico.”

Segundo a investigadora, o retrato que sai desta biografia “não é o que ensinam na escola, a ideia de que grandes escritores nascem quase figuras consagradas.”

“Fui-me divertindo raspando a patine do busto e descobri o homem que existe por baixo dessas camadas de sentido que lhe fomos acrescentando”, disse, afirmando: “Camões foi um indivíduo do seu tempo, genial do ponto de vista do talento e da capacidade de reflectir sobre a vicissitude da sua existência, mas enquadrado no seu tempo.”

25 Jan 2024

Músico português Sérgio Godinho lança terceiro romance

O músico Sérgio Godinho vai lançar no dia 8 de Fevereiro um novo romance, desta vez ambientado em Guimarães e no norte de França, uma história de encontros e desencontros que atravessa várias gerações e línguas, anunciou a editora Quetzal.

“Vida e morte nas cidades geminadas” é o regresso de Sérgio Godinho ao romance, depois de se ter aventurado pela primeira vez neste género literário em 2017, aos 71 anos, com “Coração mais que perfeito”, a que se seguiu, em 2019, o ‘thriller’ “Estocolmo”, todos editados pela Quetzal.

Neste novo romance, o escritor transporta o leitor até Guimarães e ao norte de França, em Compiègne, ao encontro da portuguesa Amália, que canta fados em ré e tem o apelido Rodrigues, e do francês Cédric, que trabalha na morgue local.

Tudo começa com um diálogo insólito, e já um pouco alcoolizado, do qual resulta a geminação daquelas duas cidades, uma em França e outra em Portugal, descreve a editora. Esta geminação traz para a história outras personagens, que vivem em redor de Amália e Cédric, e que completam a ligação entre aqueles dois mundos que, antigamente, conheciam os trânsitos da emigração e da pobreza.

A escrita em várias formas

Apesar de ser conhecido sobretudo pelos discos, que edita desde a década de 1970, Sérgio Godinho tem canalizado a escrita criativa para outros géneros, como teatro, argumento para cinema, ficção para crianças, poesia e contos.

Antes dos romances, o autor já se tinha estreado na ficção com um conjunto de contos intitulado “VidaDupla” (2014), tendo também publicados já dois livros de poesia “O sangue por um fio” (2009) e “Palavras são imagens são palavras” (2021).

Sérgio Godinho nasceu no Porto, onde viveu até aos 20 anos, altura em que saiu de Portugal. Estudou Psicologia em Genebra durante dois anos, foi ator de teatro e começou a exercitar a escrita de canções nos finais dos anos 1960, sendo de 1971 o seu primeiro álbum, “Os Sobreviventes”, a que se seguiram mais 30 editados até aos dias de hoje.

Da escrita de música passou para a escrita de outros géneros, como guiões de cinema (“Kilas, o Mau da Fita”), peças de teatro (“Eu, Tu, Ele, Nós, Vós, Eles!”), séries de televisão, histórias infantojuvenis (“O Pequeno Livro dos Medos”), crónicas (“Caríssimas Quarenta Canções”), entre outras.

25 Jan 2024

Óscares | “Oppenheimer” é o mais nomeado nos prémios de cinema

Foram conhecidos esta terça-feira os nomeados para os Óscares. O grande destaque vai para o filme que conta a história de vida do pai da bomba atómica, “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, com 13 nomeações. A banda sonora de “Pobres Criaturas”, com fados de Carminho, obteve uma nomeação, mas a curta-metragem portuguesa de Ary Zara ficou de fora

 

O filme “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, é o mais nomeado para os Óscares, os prémios norte-americanos de cinema, numa edição em que a curta-metragem portuguesa de Ary Zara ficou de fora das nomeações.

Segundo a lista de candidatos à 96.ª edição dos Óscares divulgada na terça-feira, o filme sobre o físico norte-americano J. Robert Oppenheimer, um dos criadores da bomba atómica, soma 13 nomeações, incluindo para Melhor Actor, para Cillian Murphy, Melhor Filme, Realização e Direcção de Fotografia.

Além de Cillian Murphy, também Robert Downey Jr. e Emily Blunt estão indicados em papéis secundários. O filme português “Um caroço de abacate”, de Ary Zara, chegou a estar entre os finalistas, na categoria de Melhor Curta-Metragem, mas acabou por não chegar às nomeações finais.

“Barbie”, de Greta Gerwig, que se perfilava também como favorito aos Óscares, soma oito nomeações, nomeadamente para Ryan Gosling e America Ferrara na representação em papéis secundários, e com duas canções nomeadas, mas tanto a realizadora como a protagonista, Margot Robbie, ficaram de fora.

Com 11 nomeações surge “Pobres Criaturas”, do realizador grego Yorgos Lanthimos, e com dez nomeações “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese, com este cineasta a estar nomeado pela décima vez para o Óscar de Melhor Realização. De “Pobres Criaturas”, destaque para a nomeação de Emma Stone como Actriz Principal, e como coprodutora do filme, e para a inclusão do filme na categoria de Melhor Banda Sonora Original, composta por Jerskin Fendrix e que inclui um fado cantado pela portuguesa Carminho.

Actriz nativa nomeada

Sobre “Assassinos da Lua das Flores” há ainda a destacar que Lily Gladstone, protagonista do filme, é a primeira pessoa nativa norte-americana a estar nomeada para os Óscares, na categoria de Melhor Actriz Principal.

Para o Óscar de Melhor Realização há apenas uma mulher nomeada – a francesa Justine Triet pelo filme “Anatomia de uma queda” — a quem se juntam Martin Scorsese, Christopher Nolan, Yorgos Lanthimos e Jonathan Glazer, por “A zona de interesse”. Para o Óscar de Melhor Filme surgem três obras realizadas por mulheres: “Anatomia de uma queda”, “Barbie” e “Vidas Passadas” (de Celine Song), contando ainda com “Os Excluídos”, “Assassinos da Lua das Flores”, “Maestro”, “Oppenheimer”, “American Fiction”, “Pobres Criaturas” e “A zona de interesse”.

Para Melhor Filme Internacional foram seleccionados “A sociedade da neve”, de J.A. Bayona (Espanha), “A zona de interesse”, de Jonathan Glazer (Reino Unido), “A sala de professores”, de Ilker Çatak (Alemanha), “Eu Capitão”, de Matteo Garrone (Itália), e “Dias perfeitos”, do realizador alemão Wim Wenders, candidato pelo Japão.

Destaque ainda para a categoria de Melhor Longa-Metragem de Animação, na qual figuram “O rapaz e a garça”, de Hayao Miyazaki, “Nimona”, de Nick Bruno e Troy Quane, “Elemental”, de Peter Sohn, “Robot Dreams”, de Pablo Berger, e “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”, correalizado pelo português radicado nos Estados Unidos Joaquim dos Santos, com Kemp Powers e Justin K. Thompson.

O filme “20 days in Mariupol”, do jornalista Mstyslav Chernov, que relata o cerco a esta cidade ucraniana durante a invasão militar russa, está na categoria de Melhor Documentário, o que representa a primeira nomeação aos Óscares para a agência noticiosa Associated Press em 178 anos de história.

Carminho nomeada

Também a banda sonora do filme “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos, composta por Jerskin Fendrix e que inclui um fado interpretado por Carminho, está nomeada para os prémios norte-americanos de cinema Óscares.

De acordo com a lista de nomeados, a banda sonora de “Pobres Criaturas” está nomeada para Melhor Música Original, ao lado dos filmes “American Fiction”, “Indiana Jones e o marcador do destino”, “Assassinos da Lua das Flores” e “Oppenheimer”.

Carminho, uma das fadistas portuguesas mais conhecidas da nova geração, interpreta o fado “O Quarto”, além de que tem uma participação no filme, a cantar e a tocar guitarra portuguesa. A 96.ª edição dos Óscares está marcada para 10 de Março de 2024 em Los Angeles, nos EUA.

24 Jan 2024

Literatura | Sara F. Costa lança o seu primeiro livro de ficção em Fevereiro

Conhecida pela sua poesia e proximidade com a língua chinesa, Sara F. Costa decidiu aventurar-se num novo género literário e o resultado está aí: “Cidade Cinza” é o seu primeiro romance, apresentado como “experimental”, e será lançado na edição deste ano do Festival Correntes d’Escritas que acontece na Póvoa do Varzim

 

Maddy vive na cidade de Cinza, da qual pouco ou nada sabe. Para ela, este território é uma novidade. Segue-se uma busca pela urbanidade do lugar, os seus mistérios e complexidades, “num trilho de descobertas e reencontros”, tratando-se também de “um desafio aos limites na busca de laços familiares perdidos no tempo”.

“Cidade Cinza”, novo livro da autora portuguesa Sara F. Costa, prestes a ser lançado em Portugal, vagueia pelas categorias de fantasia, fantástico ou ficção científica, sendo a estreia da escritora, habitualmente poetisa e tradutora, no género literário da ficção. Com a chancela da editora Labirinto, “Cidade Cinza” será lançado em Fevereiro e também na próxima edição do festival literário Correntes d’Escritas, que decorre na cidade portuguesa Póvoa do Varzim.

A história interliga-se com as próprias vivências da autora, que residiu em Pequim, onde estudou mandarim. Segundo um comunicado, este é um “romance experimental”, onde os elementos da história não são colocados ao acaso e todos “são, de alguma forma, autobiográficos, embora dificilmente o leitor conseguisse decifrar tais elementos porque a história parece passar-se num sítio sem tempo nem espaço”.

Descreve-se ainda que o estilo narrativo é inspirado “na própria prosa contemporânea chinesa e em escritoras um tanto desconhecidas para a maior parte do público português como Can Xue ou Shen Dacheng”. Mas há espaço também para as influências de nomes como Jorge Luís Borges, Samuel Beckett ou Italo Calvino.

No primeiro capítulo de “Cidade Cinza”, descreve-se um condomínio como “uma espécie de criança impossível, atravessada entre os dentes”, onde “nenhum rosto humano [está] ao abrigo da dialéctica”. Foi para este condomínio que se mudaram os pais de Maddy, a personagem principal que tenta descobrir os meandros desta cidade de cor cinza.

Uma certa “essência”

O enredo de “Cidade Cinza” apresenta ainda uma “intrínseca interconexão entre o destino dos seus habitantes e a própria essência da cidade”, sendo que a narrativa de Sara F. Costa se caracteriza “por uma dissolução das fronteiras entre o real e o fantástico, onde a atmosfera é impregnada por um aroma que mescla elementos urbanos com vislumbres de uma fauna surreal”.

É nesta “metrópole” que se apresenta o percurso de Madddy, em que a cidade se apresenta como “fusão de tradições ancestrais e avanços tecnológicos”, manifestando-se como “um labirinto de experiências alucinatórias, confundindo e cativando os seus moradores com a incerteza sobre as suas identidades”.

Assim, “Maddy empreende uma jornada para desvendar os mistérios da sua origem e reconectar-se com uma família distante, ultrapassando os limites desta cidade enigmática, enfrentando desafios inesperados”. Na cidade, a melancolia “assume a forma de um cão depressivo e os ambientes de trabalho convertem-se em espaços que remetem a jardins tropicais”, pelo que Maddy “atravessa um universo repleto de simbolismos”.

Desta forma, “cada elemento [do livro] apresenta um convite à reflexão, espelhando a complexidade da condição humana”. Maddy procura sempre, “através de uma jornada repleta de realidade e ficção, atenuar a sua ansiedade existencial, procurando uma compreensão mais profunda no meio do caos que a circunda”. Esta cidade cinza é reflexo da “contínua procura do ser humano por entendimento e serenidade num mundo fracturado e misterioso”.

Percurso premiado

Nascida em 1987, Sara F. Costa já marcou presença em Macau por diversas vezes, tendo sido uma das convidadas da última edição do festival literário Rota das Letras, dada a sua proximidade à literatura e cultura chinesas. A obra da autora tem sido galardoada com diversos prémios literários. O seu último livro, “A Transfiguração da Fome”, obteve o Prémio Literário Internacional Glória de Sant’Anna para melhor obra de poesia publicada em países de língua portuguesa em 2018.

Como poeta europeia emergente, Sara F. Costa participou no Festival Internacional de Poesia e Literatura de Istambul 2017 e, no ano seguinte, fez parte da organização do Festival Literário de Macau e do Festival Internacional de Literatura entre a China e a União Europeia em Shanghai e Suzhou, China.

Em 2019, foi autora convidada da segunda edição do “Chair Poetry Evenings” em Calcutá, India. Para além da poesia, escreve também ficção e traduz literatura chinesa para português e inglês.

Em 2020, Sara F. Costa lançou ainda uma antologia de poesia contemporânea chinesa por si seleccionada e traduzida, intitulada “Poética Não Oficial“ e também editada pela Labirinto. Publicou várias crónicas no HM e foi membro da direcção da associação APWT – Asian-Pacific Writers and Translators). Obteve em 2021 uma bolsa de criação literária do Governo português. Dessa bolsa surgiu o livro “Ser-Rio, Deus-Corpo”, traduzido também para castelhano e inglês.

24 Jan 2024

FRC apresenta exposição de Justin Chiang sobre os direitos dos animais

É hoje inaugurada, a partir das 18h30, a exposição “We Are Not Food” [Nós Não Somos Alimento] de Justin Chiang, que, desta forma, volta a reunir os trabalhos numa só mostra a título individual depois da sua primeira exposição, também apresentada na FRC em 2014.

O tema desta mostra revela, segundo um comunicado da FRC, “uma evolução na obra de Justin Chiang relacionada com a preservação da natureza e o respeito pelos direitos dos animais”. Apresenta-se, assim, um conjunto de 18 quadros em pintura acrílica, representando-se “diversas espécies de fauna comestível, como as vacas, porcos ou peixes, e também não comestível, como abelhas, borboletas, tubarões, aforrecas, tigres ou elefantes”.

Segundo o artista, “We Are Not Food” é “uma exposição de arte muito pessoal, focada no objectivo de reduzir o sofrimento dos animais”, sendo que, “através do poder da arte, esta mostra pretende apresentar ao público as minhas preocupações e reflexões sobre este tema”. Com a pintura, o artista disse esperar conseguir “evocar empatia pelos animais e inspirar os espectadores a procurarem formas de coexistência mais compassivas e sustentáveis”.

Poder ilimitado

Justin Chiang disse ainda acreditar “no poder ilimitado da arte para inspirar e transformar o pensamento das pessoas”. “Com esta exposição espero sensibilizar os espectadores a lutarem colectivamente para minimizar os danos aos animais, forjando um futuro mais harmonioso na nossa relação com eles”, disse o artista, que espera também que o seu trabalho “sirva como um catalisador para a mudança, levando-nos a reavaliar o tratamento dos animais como meras mercadorias”.

Justin Chiang diz-se um apaixonado pelo mundo artístico, tendo já explorado diversas formas, estilos e materiais. Formado pela Faculdade de Artes e Design da Universidade Politécnica de Macau, esta exposição marca a sua nona apresentação individual e é um marco significativo na sua carreira, que contabiliza diversos trabalhos expostos local e internacionalmente, tanto em Macau como na China, Taiwan, Portugal ou França.

23 Jan 2024

Exposição | “Arte Progressista do Japão” patente no Humarish Club

Em parceria com a Galeria Kogure, o Humarish Club, galeria patente no Lisboeta Macau, apresenta uma nova exposição que proporciona a 14 artistas japoneses a sua estreia absoluta no território. “Arte Progressista do Japão” é o nome dado à mostra que apresenta pintura e peças de escultura e cerâmica, bem representativas da cultura tradicional do país

 

A cultura japonesa volta a estar patente na galeria Humarish Club, no Lisboeta Macau, no Cotai, com uma nova exposição organizada em parceria com a galeria Kogure. Trata-se de “Arte Progressista do Japão”, uma mostra de arte contemporânea com pintura, escultura e cerâmica que, ao mesmo tempo, revela traços da cultura tradicional japonesa.

Apresenta-se assim, pela primeira vez em Macau, o trabalho de 14 jovens artistas considerados emergentes na cena artística japonesa, revelando-se “uma fusão única de perspectivas culturais tradicionais japonesas”, aponta um comunicado do Humarish Club.

Naquela que é a exposição inaugural de um novo ano, a galeria de arte do Lisboeta Macau oferece ao público a oportunidade de “testemunhar diversas expressões da arte oriental contemporânea, mergulhando num mundo artístico vibrante e rico, enquanto explora o encanto da arte japonesa contemporânea e tradicional”.

Inaugurada no último sábado, e patente até ao dia 25 de Fevereiro, esta exposição apresenta o trabalho de nomes como Baba Takashi, que trabalha na área da cerâmica. Segundo o mesmo comunicado, a viagem de Baba Takashi por esta área começou cedo, pois já na infância brincava na oficina do pai, tendo decidido ser oleiro quando já frequentava a escola primária.

Depois no ensino universitário chegou a vez de estudar escultura em vez de cerâmica, mas em Quioto nunca deixou de estudar mais sobre cerâmica, tendo começado a trabalhar em torno da louça Bizen, oriunda desta zona japonesa, a partir de 2007.

No caso de Ichimiya Tadayoshi, que é também realizador de cinema, a escultura faz-se por intermédio do material Sofvi, que não é mais do que vinil macio ou PVC. Com este material maleável criam-se “personagens baseadas em motivos de monstros, duendes, extraterrestres e outras criaturas deformadas, da mesma forma que muitos artistas utilizam a escultura em madeira, gesso, vidro e outros materiais para criar as suas obras”.

Outro artista que apresenta o seu trabalho nesta exposição é Isayamax, nascido em Fukuoaka e que começou a mostrar a sua arte muito recentemente, a partir de 2021. Este “expressa uma atmosfera contemporânea através da moda”, misturando técnicas de design gráfico com pequenos quadrados típicos dos anos 70 com rostos femininos, em que se observam bonecas desenhadas num estilo mais contemporâneo, com roupas casual e cabelo comprido, sem esquecer os adereços tradicionais usados pelas mulheres japonesas. Este trabalho interliga-se com o estilo “Shojo Manga”, que não é mais do que uma categoria editorial de quadrinhos japoneses destinado a um público feminino adolescente e adulto, e também a ilustração.

Lugar de três dimensões

A presença da pintura nesta exposição demonstra-se, por exemplo, com o trabalho de Kashiwada Tadashi, bastante influenciado pelas grandes pinturas ocidentais, sobretudo ligadas ao realismo dos finais do século XIX e início do século XX. Destaque ainda para a influência no trabalho de Tadashi das correntes surrealista, expressionista e abstraccionismo que marcaram o mundo ocidental da arte já no século XX.

Kashiwada Tadashi é apresentado como alguém que tem “uma certa visão da arte moderna e contemporânea, que difere dos manuais escolares”, tendo mesmo uma leitura negativa “de certas obras de arte contemporânea”.

Assim, este artista japonês diz que sempre se descreveu como um “pintor figurativo contemporâneo” e não como “artista contemporâneo”. Apresentando estilos diferentes nos seus quadros, “Kashiwada foi atraído por temas perturbadores, inquietantes e perturbadores desde a juventude”, podendo-se descrever o seu estilo de pintura como estando relacionado “com a contemporaneidade ou algo mais universal e fundamental”.

Ainda na área da escultura apresenta-se o trabalho de Kato Daisuke, que recorrendo a uma impressora de três dimensões produz esculturas digitais criadas com um software próprio para o efeito, aplicando depois camadas de resina e laca à base de água na superfície de cada peça, utilizando a sua própria técnica.

A inspiração para o trabalho de Kato reside na técnica de laca seca que já se usava no período Tenpyo, entre os anos 729 e 749 d.c.

Ainda na área da escultura, é de referir o trabalho de Omori Kishi patente nesta exposição. Trata-se de peças que “captam a essência da escala que rodeia o artista e a escala do mundo”. Omori recolhe “materiais industriais e peças individuais de modelos de plástico para criar moldes que destroem a forma original destas peças, já fora de uso, dando-lhes uma nova vida”.

O artista deposita uma “atenção meticulosa aos pormenores, proporcionando uma abordagem enérgica e marcante da relação entre a arte, o artista e o mundo”. O público poderá ver trabalhos de bronze que, à partida, “parecem ser esculturas maravilhosamente trabalhadas com formas perfeitas”, notando-se posteriormente que “a escala das diversas partes, justapostas umas às outras, varia significativamente”.

A mostra no Humarish Club complementa-se ainda com trabalhos de artistas como Sakuma Asuka, Takagi Tomohiro, Zhang Yuanyuan ou Wakasa Shinichi, entre outros.

23 Jan 2024

Fadista portuguesa Carminho perspectiva “um ano rico” no cinema, em estúdio e na estrada

A fadista Carminho entra em 2024 a planear uma nova digressão internacional, a pensar já num novo álbum e a colher os frutos de experiências imprevistas, como entrar no filme “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos. Carminho tem uma breve participação neste filme, a interpretar à guitarra portuguesa o fado “O quarto”, numa cena com a actriz Emma Stone, num cenário de uma Lisboa imaginária, de tempo indefinido, mas onde não faltam azulejos, ruelas antigas e muitos pastéis de nata.

Nas vésperas da estreia portuguesa de “Pobres Criaturas”, marcada para quinta-feira, Carminho recordou à agência Lusa que participou na rodagem em 2021, num estúdio em Budapeste, numa altura em que estava a preparar o álbum “Portuguesa”.

Carminho conta que o realizador, bem informado sobre fado, queria para o filme uma certa “ligação entre o tradicional e a imagem contemporânea” e pediu-lhe ainda que tocasse guitarra portuguesa, o que para a fadista foi uma estreia e é uma experiência ainda rara entre as mulheres.

“O filme fala muito sobre feminismo e desconstrói posições mais ortodoxas entre homens e mulheres e o fado foi moldado durante muitos anos por posições muito definidas: a mulher canta, os homens gerem a casa de fados, tocam, fazem os poemas. Ele [o realizador] quer desconstruir essas construções mais calcificadas. Eu também sinto que esse é o meu papel”, explicou a cantora.

Para Carminho, que cresceu neste meio, que se estreou em palco com 12 anos e editou o primeiro disco há 15 anos, precisamente intitulado “Fado” (2009), o fado é uma linguagem. “O fado é a minha tradição, foi no fado que aprendi a ler música, a interpretar. O fado é a linguagem, mas o discurso não tem de ser o de há cem anos, nem de há cinco anos, tem de ser um discurso que me represente, que fala comigo”, sublinhou.

O álbum “Portuguesa”, que abre com o fado “O quarto”, foi publicado em março de 2023, enquanto o filme “Pobres Criaturas” teve uma estreia mundial, premiada, em setembro de 2023 no festival de Veneza.

Carminho teve um ano intenso, com quase 80 concertos em Portugal, noutros palcos europeus, no Brasil, em Moçambique e nos Estados Unidos, onde em dezembro participou ainda na antestreia comercial ao lado do realizador e do elenco e teve direito a uma interpretação surpresa do fado que canta no filme.

“Pobres Criaturas” tem somado vários prémios e é dada como certa a presença entre os nomeados para os Óscares, incluindo na categoria de Banda Sonora Original, assinada pelo músico inglês Jerskin Fendrix, e da qual faz parte também o fado interpretado por Carminho.

Tudo isto acontece num momento em que Carminho vai continuar este ano na estrada a mostrar o álbum “Portuguesa”, mas está já em pré-produção de músicas novas, “a gravar, a ouvir, a experimentar”. “Para mim é sempre o momento mais apaixonante de todos, ver as coisas a acontecer, mas também é o que faz sofrer mais”, admitiu.

Para a cantora, 2024 “adivinha-se um ano rico” e a participação em “Pobres Criaturas” surge na sequência de uma aposta, nos últimos anos, em chegar a mais territórios, seja na Europa, seja no universo da língua portuguesa, seja na América do Norte, “o grande mercado que decide o que é que existe no mundo de forma “mainstream”.

Essa é a estratégia, “entusiasmante, mas dura”, de “trabalhar território, de ir, de insistir”. “Podia ser mais confortável ficar [só por Portugal]? Podia, mas os frutos são incríveis e talvez nunca estivesse neste filme do Yorgos se eu não tivesse chegado até ele por alguma via e isso tem a ver com a internacionalização”, defendeu. E rematou: “É um privilégio estar presente neste momento deste filme, mas depois este filme vai sair de cartaz e nós continuamos”.

22 Jan 2024

Escolas de português na Austrália estão a fechar

Várias escolas certificadas de ensino da língua portuguesa na Austrália estão a fechar devido à diminuição de alunos inscritos, disse à agência Lusa Mónica Marques, uma explicadora de português na Austrália. “Uma das coisas que ultimamente tenho vindo a sentir, e que me deixa um bocadinho triste, é que não existem muitos apoios, nomeadamente aqui na Austrália”, referiu Mónica Marques.

Segundo a explicadora, existem escolas portuguesas que só funcionam ao sábado de manhã e, por isso, os pais acabam por retirar as crianças de lá porque consideram que esse “é um dia para se estar em família e não querem estar a obrigar os filhos a ter aulas de português ao sábado de manhã”.

Mónica Marques, que começou a dar explicações de língua portuguesa na Austrália em 2022, referiu que tem dado aulas, em formato ‘online’, precisamente também a crianças que saem destas escolas. “As escolas estão a começar a fechar, aliás, fechou uma agora muito recentemente em Camberra [a capital] e inclusive tenho alguns alunos que também vieram dessa escola”, declarou.

De acordo com a explicadora, isto tem que ver com a falta de apoio e suporte do Governo português às escolas portuguesas na Austrália, e aos explicadores – que na Austrália se chamam tutores – da língua.

“Deveria haver um suporte, não só para as escolas, mas também para nós que queremos promover a língua noutro país. Isso deveria ser um orgulho para o Governo em Portugal, mas infelizmente não temos o suporte de que precisávamos e temos que fazer as coisas um bocadinho por nós”, referiu.

Camões ajuda

Se bem que possam recorrer à Escola Virtual da Porto Editora e aos programas curriculares, na maioria das vezes são os próprios que têm de desenvolver os recursos. Ainda assim, apesar da distância e da falta de apoio governamental, não estão de todo esquecidos e vão surgindo iniciativas, tais como uma recente, em que se entregaram ‘tablets’, que têm acesso a recursos da escola virtual, em escolas portuguesas certificadas.

“Penso que os apoios não se deveriam cingir apenas às escolas certificadas, que, se forem a ver, estão a fechar por falta de alunos. Portanto, isso deveria ser alargado a outro tipo de pessoas que também possam promover o ensino do português aqui”, salientou. Todavia, Mónica referiu que estão bem representados pelo Instituto Camões.

Mónica Marques nasceu em Sydney, na Austrália, filha de emigrantes portugueses. Aos três anos foi viver para Setúbal, em Portugal. Em 2021, devido à conjuntura económica do país, decidiu, juntamente com o seu marido e filho, regressar à Austrália à procura de uma vida melhor. É licenciada em terapia ocupacional, mas é no ensino que se sente realizada. O Ministério dos Negócios Estrangeiros foi questionado pela agência Lusa, mas, até ao momento, não respondeu.

22 Jan 2024

AMAGAO | Pintura de Nissa Kauppila no Artyzen Grand Lapa

É inaugurada esta sexta-feira uma nova exposição de pintura no Artyzen Grand Lapa Macau, na galeria AMAGAO. Trata-se da exposição individual de pintura da artista americana Nissa Kauppila, que pode ser visitada até Março

 

A galeria AMAGAO apresenta esta semana, a partir de sexta-feira, 26, uma nova exposição de pintura, desta vez da artista americana, residente em Hong Kong, Nissa Kauppila.

A mostra, patente até ao dia 24 de Março na galeria AMAGAO, no lobby do empreendimento hoteleiro Artyzen Grand Lapa Macau, revela o trabalho da artista que nasceu na pequena cidade rural de Monkton, Vermont, nos EUA, e que se formou em Belas Artes na Escola de Design Rhode Island. Nissa Kauppila é ainda mestre na mesma área pela Universidade de Vermont.

Segundo um comunicado da galeria, a artista recorre à pintura para “expandir o seu senso de curiosidade”, além de “explorar o inquietante e o concreto”. Nissa Kauppila “descobriu que pintar a natureza do voo e da vida é um exercício gratificante de redescoberta”, recorrendo a técnicas e materiais usados na pintura tradicional chinesa.

Esta ligação ao lado oriental das artes despertou na artista americana “uma sensação de detalhe e fragilidade”, pelo que o seu trabalho explora também “o uso de linhas e cores como gavinhas de tensão, incorporando um sentimento de admiração pelo mundo natural”.

Segundo a AMAGAO, Kauppila “vai além da percepção e desintegra os seus temas de formas quase irreais em trabalhos executados em aguarela e tinta tradicional chinesa sobre papel de arroz tradicional”.

Viagens e inspiração

Esta exposição inclui pinturas inspiradas na primeira viagem de Kauppila a Portugal, tratando-se de “uma experiência festiva de cor, história, cor e vida selvagem”. Contudo, a artista também encontrou inspiração em lugares como Hong Kong, China Continental ou Sudeste Asiático.

“Cada pintura é intitulada usando coordenadas geográficas do próprio local em que a vida selvagem foi observada ou onde Kauppila estava a pintar na altura. Este esforço consciente em intitular cada obra desta forma permite que a pintura fale em termos de localização e observação”, pelo que “o espectador pode criar sua própria relação emocional com o tema sem influência ou sugestão inicial”, descreve o mesmo comunicado.

Nesta mostra, que tem apenas o nome da artista, todas as obras são originais sobre papel de arroz chinês, montadas no estilo tradicional chinês. O público interessado poderá encomendar impressões de edição limitada.

As pinturas de Kauppila já foram exibidas internacionalmente em Hong Kong, Nova Iorque, Atlanta, Londres, Singapura, Xangai, Guangzhou, Shenzhen, Hamburgo, Taipei e Seul. A artista tem ainda exposições e representações actuais em Vermont, Hong Kong e Singapura.

22 Jan 2024

Revista de Cultura | Henrique de Senna Fernandes em destaque

A mais recente edição da Revista de Cultura, uma publicação académica editada pelo Instituto Cultural (IC), dedica-se à obra e vida do escritor macaense Henrique de Senna Fernandes, tendo em conta que no ano passado se celebrou o centenário do nascimento do escritor, falecido em 2010. Segundo um comunicado do IC, o número 73 da revista fala daquele que é considerado um dos maiores escritores macaenses, autor de romances e contos, nomeadamente “Amor e Dedinhos de Pé” e “A Trança Feiticeira”. Estas obras foram adaptadas para cinema nos anos 90 pelos realizadores Luís Filipe Rocha e Cai Yuan Yuan, respectivamente.

No entanto, Henrique de Senna Fernandes foi também docente e advogado, tendo deixado a sua marca pessoal na comunidade macaense. Este número da Revista de Cultura contou com a colaboração do filho do escritor, o advogado Miguel de Senna Fernandes, sendo uma publicação que “contribui para a preservação deste importante legado literário que reflecte, genuinamente, a história de Macau”.

A publicação conta com a participação de vários autores que escreveram 11 artigos dedicados ao escritor macaense, traçando-se “um percurso pelo género literário, produção estética, perspectiva sociológica, a representação feminina na sua literatura e pela adaptação cinematográfica da obra deste famoso escritor de Macau”.

19 Jan 2024

CCCM | Macau antigo patente em exposição virtual

“Macau: Diferentes olhares em tempos diferentes. Fotografias de Raquel Soeiro de Brito e da colecção do Centro Científico e Cultural de Macau” é a mostra online patente nesta entidade sediada em Lisboa. Trata-se de uma exposição virtual com imagens de Macau dos anos 60 organizada em parceria com a Universidade de Lisboa

Consegue imaginar a Macau do período da Administração portuguesa, mas na década de 60, quando não havia qualquer ponte entre a península de Macau e as ilhas e as travessias eram feitas de barco? Esse exercício de memória visual é o mote para a mais recente exposição virtual disponível no website do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM).

“Macau: Diferentes olhares em tempos diferentes. Fotografias de Raquel Soeiro de Brito e da colecção do Centro Científico e Cultural de Macau” é o nome da mostra que pode ser visitada a partir de qualquer lugar e à distância de um clique, sendo organizada em parceria com o Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.

A ideia é destacar as imagens captadas pela geógrafa portuguesa Raquel Soeiro de Brito no início dos anos 60 juntamente com outras fotografias feitas por outros profissionais entre os anos de 1980 e 1990.

A exposição divide-se nas categorias “Vistas”, “Ruas e Gente”, “As Hortas” e a “Vida Marítima”, convidando quem a vê a conhecer melhor uma Macau que hoje em dia apenas vive no imaginário de alguns.

Em “Ruas e Gente”, por exemplo, percepciona-se “a vida urbana de Macau” centrada no “Bairro do Bazar” e prolonga-se até às zonas do Porto Interior e Rua do Almirante Sérgio. Comercializava-se artigos de pesca e outros artigos marítimos tendo em conta a proximidade do Delta do Rio das Pérolas, e na área ainda viviam pessoas nos barcos.

Logo ali, bem perto, permanecia a avenida Almeida Ribeiro, o coração da península, a borbulhar de comércio. Segundo a descrição da exposição, a geógrafa portuguesa registou, em 1961, “as últimas imagens do antigo aldeamento chinês de Mong-Há, espaço agrícola recém-sacrificado pela abertura de novas avenidas”.

Os restantes profissionais que trouxeram imagens para esta exposição são Álvaro Tavares, Eduardo Tomé, Cheong Io Tong e o jornalista Rogério Beltrão Coelho, mostrando uma Macau mais contemporânea, mas talvez já distante da actualidade.

Mostram-se, ainda assim, novas roupas e modos de vida mais urbanos que substituem “as cabais e os grandes chapéus de palha”, mantendo-se “muita da ambiência de rua dada pelo comércio tradicional chinês, seja nas lojas, seja nas inúmeras vendas ambulantes”.

Vida a Oriente

Raquel Soeiro de Brito, actualmente com quase 100 anos de idade, é uma reputada geógrafa portuguesa da chamada “Escola de Geografia de Lisboa”, tendo realizado a sua primeira viagem a Macau em 1961 na qualidade de investigadora do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa.

A mostra virtual patente no CCCM constrói-se a partir de uma selecção de 90 imagens retiradas de um conjunto de 300 fotografias e dispositivos dessa viagem realizada nos anos 60.

Macau tinha, à data, pouco mais de 150 mil habitantes, cuja economia já era marcada pelo jogo, mas onde havia bastante actividade marítima, muitas hortas e habitações ilegais graças à vinda de muitos refugiados do continente. A descrição da exposição aponta para o facto de “o olhar fotográfico da geógrafa” sobre “a duradoura imutabilidade do mundo tradicional chinês”.

Existem ainda outras 66 fotografias que fazem parte do acervo do CCCM, já dos anos 80 e 90, destacando-se “o enquadramento da cidade, o pormenor das ruas e das gentes, os espaços rurais periféricos e, por último, as áreas portuárias e a pesca”.

Outra exposição virtual que pode ser vista no website do CCCM é da autoria de Jorge Veiga Alves, fotógrafo amador que viveu e trabalhou no território na década de 80. “À Procura de Macau – I, II e III” é a selecção de imagens também de uma Macau de outrora, feitas pelo próprio Jorge Veiga Alves.

19 Jan 2024

Festival Fringe | Actividades para todos os gostos este fim-de-semana

Arrancou a 22.ª edição do Festival Fringe. Este fim-de-semana não faltam espectáculos e actividades para participar, como projectos de dança com idosos, teatro físico, que explora a relação com o corpo e com a inteligência artificial, ou ainda concertos com músicos locais em vários recantos do território

 

Realizado em vários pontos do mundo, a organização do festival Fringe em Macau já faz parte do cartaz cultural do território. A 22.ª edição arrancou esta semana e para os próximos dias estão agendados vários espectáculos que oferecem ao público diversas mensagens e expressões artísticas.

Um dos pontos de atracção desta edição do Fringe é a “Exposição de Arte para Todos” [Art Exhibition for All], onde os participantes são convidados a realizar obras de arte à sua escolha depois de uma inscrição prévia junto do Instituto Cultural. A organização do festival considera que “qualquer um é um artista único, podendo ser pintores, fotógrafos ou escultores”, sendo que “não há limite em termos de formatos ou temas, e a criatividade é a chave”.

A ideia é que os participantes realizem as suas obras nos locais de exposição. Numa primeira fase, a mostra com todos estes trabalhos pode ser vista na antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa velha, até segunda-feira, passando depois, entre terça e o dia 28, para o Parque Urbano da Areia Preta, junto ao Centro de Saúde.

Até sexta-feira decorre, no espaço “Laika Land”, a actividade “Likewise”, entre as 11h e as 20h, repetindo-se depois no fim-de-semana, sábado e domingo, entre as 11h e as 22h. Os participantes são convidados a levarem os seus animais de estimação e a contar as suas histórias através da fotografia.

Com ligação a esta actividade acontece, até sábado, no “Laika Land”, às 20h30, o espectáculo de teatro, música ao vivo e multimédia “Goodbye, See You Soon”, com a actriz e autora Lei Sam I. Sobre este espectáculo, Lei Sam I descreve a história em torno da descoberta de Taro, um gato vadio. “Através da minha voz interior, quero partilhar a nossa história com o público.

A existência é como um raio de luz, cujo brilho por vezes partilhamos, e outras vezes recebemos quando nos falta o brilho. Quando a luz de Taro regressar finalmente à natureza, a sua sombra permanecerá no meu coração e continuará a fazer-me companhia, enquanto sigo em frente. Os animais de estimação têm uma vida curta, e nós somos o mundo aos seus olhos”, descreve-se no website do Fringe.

Depois de uma primeira sessão esta quarta-feira, decorre hoje a última sessão do espectáculo “25Pés” [25Feet], que mistura dança, teatro físico e interacção com o público. Trata-se de uma produção das equipas de “The100Hands”, da Holanda, com adaptação chinesa pela “More Production”, acontecendo às 19h45 no teatro Black Box II do Centro Cultural de Macau (CCM).

Trata-se de uma peça inteiramente falada em mandarim que explora os conceitos em torno de relações e sentimentos envolvidos. “Dois bailarinos vão transportar o público a explorar as noções de intimidade, individualidade e privacidade” num pequeno espaço, onde “acontece o contacto físico, a confrontação e a proximidade”.

O espectáculo “25Pés” terá corpos nus em palco, mostrando-se “a relação entre o espaço e o corpo humano”, sendo que a audiência será convidada a “jogar jogos” com os bailarinos. Haverá ainda um debate posterior ao espectáculo, protagonizado por Liao Shuyi e Wu Xiaobo.

Sonhos e danças

Com a assinatura de Su Wei-Chia, coreógrafa de Taiwan, chega-nos para esta edição do Fringe o espectáculo de dança “FreeSteps – Swinging Years”, que acontece amanhã às 20h no Teatro Caixa Preta I no CCM, numa sessão dedicada a escolas secundárias. Seguem-se dois espectáculos para o público em geral no sábado e domingo, primeiro às 20h e depois às 15h.

Neste projecto, lançado em 2013, a coreógrafa decidiu “explorar novas possibilidades físicas e coreográficas”. “Usando puramente a dança física como material, Su explora uma relação entre a performance e o público na área da dança contemporânea, pretendendo revelar uma experiência visual alternativa”, lê-se na descrição do espectáculo. Depois de uma colaboração com cerca de 100 idosos numa versão do espectáculo de 2022, a coreógrafa traz de Taiwan dez idosos que vão dançar em palco, mostrando as histórias dos seus corpos. Convida-se o público a tirar os sapatos quando entrar na sala.

Também esta sexta-feira, mas na Casa do Mandarim, às 16h e 19h30, decorre o evento de dança “Let the Flower in Your Heart Bloom”, com coreografias de Stella Ho e Leong Iek Kei. A mensagem deste espectáculo, de apenas 35 minutos, é que “todos os momentos na vida são igualmente belos”. O espectáculo explora a vontade de dançar dos mais velhos que nunca tiveram essa oportunidade, levando-os a concretizar alguns dos seus sonhos. “Através desta nova experiência os participantes terão a oportunidade de expressar os sentimentos através da arte da dança.”

O espectáculo, com a participação de Kou Ngok Chun, Chan In, Choi Soi Chan, Chan Chi Oi, U Kit Fong, Chan Sio Mel, Cheng Ching Han, Lai Fong I, Fong Sin Man e Choi Weng Lai, conta com o apoio da associação Soda-City Experimental Workshop Arts. Com concepção e direcção de Stanley Ma, em colaboração com Cheang Hio Lam, apresenta-se ainda no Fringe a peça de teatro “Hello, Welcome, Goodbye!”, amanhã às 20h30 e no sábado às 14h30, 17h e 20h30, no espaço “2 Legit Ltd”.

Aqui explora-se, através dos cortes de cabelo, a relação entre a humanidade e a tecnologia, com a inteligência artificial a assumir um papel de destaque de forma experimental. Durante 45 minutos o público pode optar por participar no evento ou simplesmente observá-lo, existindo dois tipos de bilhetes à venda.

Explosões musicais

O cartaz do Fringe apresenta também, este fim-de-semana, a realização da exposição “At Your Doorstep”, patente no Pavilhão Branco do Jardim da Flora. Incluem-se ainda sessões musicais com o instrumento handpan este domingo, às 12h e 16h.

Esta exposição revela “os versos e letras incluídos em ‘Travelling at Your Doorstep’, espectáculo de dança e narração de voz que integra esta edição do Fringe, bem como pinturas e imagens criadas em conjunto por jardineiros e residentes”. Depois de cada performance artística, haverá uma sessão musical com o handpan, onde os participantes são convidados a mergulhar numa junção de arte com música. O conceito e coordenação deste evento são da autoria de Chole Lao.

“A City of Visible Music” é o nome da iniciativa artística e musical que também se realiza este fim-de-semana da autoria de Vincent Cheang, artista local, Guo Xiaohan e Kang Meow. No sábado o evento acontece às 12h e 14h junto à Ponte 16, seguindo-se a apresentação, às 16h, na praça junto ao anfiteatro romano na Doca dos Pescadores. Às 20h, o espectáculo decorre na Broadway Food Street, no empreendimento Broadway Macau, no Cotai.

Neste evento “três almas para sempre jovens encontram-se”, nomeadamente “uma rainha do punk, um influencer musical e uma estrela de rock local”. A ideia é que num só dia haja uma explosão de sonoridades musicais, com concertos ao vivo e música a tocar numa estação de rádio pop-up, em que o trio de artistas irá relacionar-se com a cultura local e as respectivas comunidades. Vários músicos locais participam, nomeadamente Ari Calangi às 12h, IronSon às 14h, Julio Acconci às 16h e Bye Bye Fish às 20h.

Os falantes de mandarim ou cantonês que queiram explorar outro tipo de actividade dentro do Fringe podem ainda, este domingo, participar na mesa-redonda em torno do tema “Dançando e Vivendo com o Corpo ao Longo dos Anos” [Dancing and Living with the Body Through the Years], que conta com artistas de Macau, Hong Kong e Taiwan que vão falar das suas ideias e processos criativos através do trabalho desenvolvido com idosos. O debate será moderado por Stella Ho e decorre domingo no auditório do Museu de Arte de Macau às 12h e 13h30. O cartaz do Fringe deste fim-de-semana completa-se com mais espectáculos.

18 Jan 2024