Gaza | Ataques israelitas provocam 316 mortes num só dia

Os ataques de Israel contra Gaza causaram pelo menos 316 mortos e 664 feridos no domingo, informou ontem o ministério da Saúde do enclave palestiniano às Nações Unidas, quando a distribuição de ajuda humanitária foi novamente restringida. O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza é controlado pelo grupo islamita Hamas, que governa esta região.

A província de Rafah foi a única na Faixa Gaza em que houve entrega de ajuda à população nas últimas horas [especialmente farinha e água], mas a entrega de outros bens de sobrevivência, destinado à zona de Khan Younis foi interrompida devido ao aumento das hostilidades, segundo um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação da Ajuda Humanitária (OCHA, sigla em inglês).

O acesso limitado à zona norte do território, que se verificou durante as tréguas Gaza, onde dezenas de milhares de civis continuam a viver, foi interrompido novamente.

O OCHA indicou que as forças militares israelitas designaram no domingo uma área que equivale a 20 por cento de toda a cidade de Khan Younis para “evacuação imediata”, apesar de ser uma região onde, além dos 117.000 residentes antes do início da guerra, estão 21 instalações onde se refugiaram 50 mil deslocados do norte.

A ONU observou que a ordem é para que estas dezenas de milhares de pessoas se desloquem agora para três áreas em direcção a Rafah [na fronteira com o Egipto], “que já estão mais do que saturadas”, segundo a ONU. “Não é ainda clara, a quantidade de pessoas que estão a deslocar-se para as áreas do sul”, reconhece a ONU, cujo pessoal continua a trabalhar para ajudar a população vítima da guerra.

5 Dez 2023

Descobertos destroços de aeronave dos EUA que se despenhou no Japão

Mergulhadores norte-americanos e japoneses descobriram destroços e restos mortais de membros da tripulação duma aeronave dos EUA que se despenhou na semana passada ao largo do sudoeste do Japão, anunciou ontem a Força Aérea.

A aeronave, um V-22 Osprey, despenhou-se na quarta-feira passada ao largo da ilha de Yakushima durante uma missão de treino. De acordo com a Guarda Costeira nipónica, a aeronave tinha uma tripulação de seis pessoas, apesar da estimativa inicial ser de oito tripulantes norte-americanos a bordo. O corpo de uma vítima já tinha sido recuperado e identificado.

Os mergulhadores da marinha japonesa e das forças armadas americanas avistaram ontem o que parecia ser a secção dianteira do Osprey, juntamente com possíveis cinco dos membros da tripulação desaparecidos, informou a televisão pública japonesa NHK e outros meios de comunicação social.

Os oficiais da marinha japonesa recusaram-se a confirmar os relatos, dizendo que não podiam divulgar pormenores sem o consentimento dos EUA.

O Comando de Operações Especiais da Força Aérea (AFSOC) disse que os restos mortais estavam a ser recuperados e que as suas identidades ainda não tinham sido determinadas. “A principal prioridade é trazer os aviadores para casa e cuidar dos seus familiares. O apoio e a privacidade das famílias e dos familiares afectados por este incidente continuam a ser a principal prioridade do AFSOC”, afirmou num comunicado.

Pouco fiável

O aparelho descolou da base norte-americana de Iwakuni, na prefeitura de Yamaguchi, e dirigia-se para a base de Kadena, no arquipélago de Okinawa, onde se situa a maioria das instalações militares dos Estados Unidos no Japão.

A Guarda Costeira japonesa recebeu o alerta às 14:47 de quarta-feira de um barco de pesca sobre o incidente, que ocorreu ao largo da província japonesa de Kagoshima. No sábado, o exército norte-americano identificou a única vítima confirmada até ao momento como o sargento Jacob Galliher, da Força Aérea de Pittsfield, Massachusetts.

O Bell-Boeing V-22 Osprey, fabricado nos EUA, é uma aeronave híbrida que descola e aterra como um helicóptero, mas durante o voo pode rodar as suas hélices para a frente e voar mais depressa como um avião. Os Ospreys já sofreram vários acidentes, incluindo no Japão, onde são utilizados em bases militares americanas e japonesas, e o último acidente reacendeu as preocupações com a segurança. Devido a este incidente, o Japão suspendeu todos os voos da sua própria frota de 14 Ospreys.

5 Dez 2023

Índia | Folgada vitória do partido no poder nas eleições locais

O partido no poder na Índia derrotou por uma larga margem a oposição nas eleições em três dos principais Estados centrais, segundo resultados anunciados no domingo, a poucos meses das legislativas no país mais populoso do mundo.

As vitórias em três dos cinco Estados que votaram em Novembro reforçam o partido de direita BJP (Bharatiya Janata Party) e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que continua muito popular após dez anos no poder e é favorito para ganhar um terceiro mandato consecutivo no próximo ano.

O BJP retirou à oposição o controlo dos Estados de Chhattisgarh e Rajasthan e manteve o de Madhya Pradesh. Estes resultados são considerados um novo revés para Rahul Gandhi, de 53 anos, líder do partido Congresso Nacional Indiano (CNI), o principal partido da oposição de centro-esquerda, que realizou uma campanha agressiva contra Modi.

O pai, a avó e o bisavô de Rahul Gandhi foram primeiros-ministros e políticos que dominaram o panorama político indiano durante décadas. O CNI, outrora a força política dominante da Índia, perdeu, no entanto, as duas últimas eleições nacionais, em 2014 e 2019, em derrotas históricas contra o BJP.

O CNI conquistou, contudo, o Estado de Telangana, no sul do país, a um partido regional. “A vitória de hoje é histórica”, declarou Narendra Modi no seu discurso de vitória, proferido na sede do BJP em Nova Deli. Agradecendo “ao povo pelo seu apoio”, o primeiro-ministro atribuiu-o à “política de boa governação e de desenvolvimento da Índia” do seu partido.

5 Dez 2023

Filipinas | Sismo de 6,9 registado, afastado risco de tsunami

Um sismo de 6,9 graus de magnitude na escala de Richter atingiu na passada madrugada a ilha de Mindanao, no sul das Filipinas, mas as autoridades descartaram o risco de tsunami.

O sismo é a mais forte réplica registada até agora desde o terramoto de magnitude 7,6 que atingiu a costa da província de Surigao del Sur e Davao Oriental, no leste de Mindanao, na noite de sábado, indicou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

A agência norte-americana, que regista a actividade sísmica em todo o mundo, localizou o hipocentro do terramoto a 30 quilómetros abaixo do fundo do mar e o epicentro a cerca de 35,6 quilómetros a leste da cidade de Aras-asan e a cerca de 49 quilómetros de Tandag. O Instituto de Vulcanologia e Sismologia filipino excluiu a ameaça de um tsunami.

Desde o forte sismo de sábado, que levou as autoridades a activar um alerta de tsunami para as costas das províncias de Surigao del Sur e Davao Oriental, no leste de Mindanao, registaram-se mais de 500 réplicas e sismos de menor dimensão.

Os terramotos causaram alguns danos materiais, embora até à data as autoridades não tenham registado quaisquer vítimas mortais ou feridos. As Filipinas situam-se no chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma zona de grande actividade sísmica e vulcânica onde se registam anualmente cerca de 7.000 sismos, a maioria dos quais moderados.

5 Dez 2023

Fronteiras | Equipas de Timor-Leste e Indonésia terminam marcação terrestre

Grupos de especialistas terminaram a delimitação do território dos dois países na área de Oecusse. Xanana Gusmão considerou o acordo, que demorou mais de 20 anos a ser alcançado, uma “grande vitória”

 

As equipas técnicas de Timor-Leste e da Indonésia terminaram a marcação da fronteira terrestre numa zona no enclave timorense de Oecusse, informou ontem o Conselho de Delimitação Definitiva das Fronteiras Terrestres e Marítimas timorense.

“Resolver as nossas fronteiras terrestres não é apenas importante para fortalecer a amizade entre as comunidades que vivem próximas da linha de fronteira, mas também para estabelecer uma vida pacífica e próspera entre os dois países”, disse o embaixador Roberto Soares, chefe da equipa técnica timorense, citado numa nota divulgada na rede social Facebook.

As duas equipas, a timorense e a indonésia, estiveram no terreno a semana passada para terminar o processo de negociação dos segmentos de fronteiras terrestre não resolvidos no enclave de Oecusse, nomeadamente em Noel Besi – Citrana, em Oecusse.

Durante a semana, as equipas legais de ambos os países também analisaram o acordo ou tratado a ser assinado no futuro. “Timor-Leste cumpriu a sua posição de resolver as fronteiras de acordo com o direito internacional. É muito importante que ambas as equipas encontrem uma solução justa e consistente”, afirmou o embaixador Roberto Soares.

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, considerou sexta-feira a delimitação da fronteira, que durou mais de 20 anos, uma “grande vitória”, que vai “salvaguardar a soberania nacional, aumentar a segurança” e trazer benefícios socioeconómicos a ambos os países.

Para continuar

O chefe da equipa técnica indonésia, o embaixador Abdul Kadir Jailani, disse que, finalizados os trabalhos no terreno, o Estado da Indonésia espera que o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, realize uma visita oficial a Jacarta em 2024 para assinar o acordo formal.

“Esperamos a visita do primeiro-ministro em Jacarta para finalizar o acordo formal”, afirmou o embaixador indonésio. Timor-Leste e a Indonésia reuniram-se em Outubro em Bali, Indonésia, para continuar as discussões sobre o segmento ainda não resolvido da fronteira terrestre Noel Besi – Citrana, em Oecusse.

No encontro de Bali, os dois países tinham concordado em continuar com os preparativos técnicos e práticos com o objectivo de concluir a demarcação da fronteira terrestre até final deste ano, segundo o Governo timorense.

5 Dez 2023

China/União Europeia | Sanções, guerra e comércio devem preencher cimeira

O encontro entre responsáveis europeus e chineses acontece esta semana em Pequim, após o adiamento prolongado devido à política de zero casos covid-19 que vigorou no país nos últimos três anos

 

As sanções contra a Rússia, uma solução para a guerra sob os termos da Ucrânia e fricções comerciais deverão ser os principais tópicos abordados durante a cimeira China – União Europeia, que decorre esta semana, em Pequim.

Os Presidentes do Conselho e da Comissão Europeia, Charles Michel e Ursula von der Leyen, e o principal diplomata do bloco, Josep Borrell, vão reunir nos dias 7 e 8 de Dezembro com as autoridades do país asiático, retomando um encontro anual que foi suspenso durante os três anos da pandemia.

As autoridades chinesas, que se opõem à decisão de Bruxelas de classificar a China como “concorrente e rival sistémico”, devem abordar o tratamento “discriminatório” em relação às suas empresas na Europa, especialmente após o lançamento de uma investigação sobre os subsídios atribuídos aos fabricantes de veículos eléctricos pelo país asiático.

Isto surge após a adopção de um quadro regulamentar que restringe o investimento chinês em sectores estratégicos. A estratégia de reduzir riscos no comércio com a China, delineada por Ursula von der Leyen, é outro factor de preocupação para Pequim, que acusa o Ocidente de tentar conter o desenvolvimento da China.

A liderança chinesa deve assim repetir o apelo para que a Europa adopte uma “autonomia estratégica”. Durante uma visita a Pequim, em Outubro passado, Borrell apelou à China para que não considere os seus laços com a UE através da lente das relações do bloco “com outros”, numa referência aos Estados Unidos.

Borrell advertiu que a confiança política mútua entre Bruxelas e Pequim foi “minada” pela posição de Pequim sobre a guerra na Ucrânia e que o conflito tornou a UE uma “potência geopolítica”. “Isto significa que, na nossa visão do mundo, temos muito mais em consideração o poder militar e estratégico”, realçou.

A China afirmou ser neutra no conflito, mas mantém uma relação “sem limites” com a Rússia e recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia. Pequim acusou o Ocidente de provocar o conflito e “alimentar as chamas” ao fornecer à Ucrânia armas defensivas.

Rodopio de visitas

Desde que a China abriu as suas fronteiras no início do ano seguiu-se uma série de visitas europeias de alto nível ao país, incluindo de Ursula von der Leyen, do Presidente francês, Emmanuel Macron, do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, do vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelo Comércio, Valdis Dombrovskis ou da Comissária Europeia da Energia, Kadri Simson.

Durante a cimeira, os funcionários da UE devem pedir ao Presidente chinês, Xi Jinping, que impeça as empresas chinesas de ajudarem a Rússia a contornar as sanções impostas na sequência da invasão da Ucrânia.

A UE calcula que cerca de 70 por cento dos produtos sensíveis e de alta tecnologia de origem europeia que chegam às Forças Armadas russas passam pela China. O jornal de Hong Kong South China Morning Post avançou que, em causa, estão 13 empresas chinesas, que as autoridades europeias optaram por excluir da última ronda de sanções, preferindo abordar directamente o assunto com a liderança do país asiático.

Um outro objectivo das autoridades europeias é conseguir que a China adira à fórmula de paz do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Pequim enviou o seu enviado especial Li Hui a uma segunda reunião com mais de 40 países para discutir a guerra na Ucrânia, na Arábia Saudita, em Agosto. No entanto, Li Hui faltou à reunião de acompanhamento em Malta e, com nova ronda de conversações prevista para as próximas semanas, Bruxelas quer ver a China na mesa das negociações.

A relação comercial entre a UE e a China é uma das mais importantes do mundo. Em 2022, o comércio bilateral ascendeu a 865 mil milhões de euros, um montante recorde. No entanto, o défice comercial para a UE nas trocas com a China aumentou de 154,7 mil milhões de euros, em 2018, para 396 mil milhões de euros, no ano passado.

5 Dez 2023

Diplomacia | Xi Jinping volta a receber Lukashenko

Os líderes da China e Bielorrússia, Xi Jinping e Alexander Lukashenko, reuniram-se ontem, em Pequim, para discutir “questões comerciais, económicas, de investimento e de cooperação internacional”, o segundo encontro este ano, informou a imprensa estatal.

Vídeos publicados pela agência noticiosa oficial bielorrussa mostram a chegada de Lukashenko à capital chinesa num avião oficial bielorrusso. De acordo com a agência, a visita de Lukashenko à China inclui “questões comerciais, económicas, de investimento e de cooperação internacional”. Lukashenko foi recebido pelo vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Ma Chaoxu.

Isolado na Europa e no resto do Ocidente devido à sua governação autoritária, o governo de Lukashenko voltou-se para parceiros como Pequim e Moscovo. Em Março, o líder bielorrusso visitou Pequim. Na altura, Xi declarou que a amizade entre Pequim e Minsk é “forte e inquebrável”.

Há um ano, o ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso, Vladimir Makei, anunciou que a Bielorrússia iria reduzir significativamente a presença diplomática nos países ocidentais e aumentá-la na Comunidade de Estados Independentes (CEI), na China e noutras nações.

Durante uma visita a Minsk do então ministro da Defesa chinês, Li Shanfu, o líder bielorrusso disse que China e Bielorrússia “partilham a mesma visão da ordem mundial”. “Defendemos absolutamente um mundo multipolar, a integridade territorial e a unidade das fronteiras e territórios formados após a Segunda Guerra Mundial”, afirmou o líder bielorrusso.

“Em suma, toda a base na qual a política externa da China está assente é idêntica à nossa. Há mais de 30 anos que apoiamos a China em todas as suas aspirações, porque consideramos a política interna e externa da República Popular da China absolutamente justa e voltada para a resolução pacífica de quaisquer disputas e conflitos”, acrescentou.

5 Dez 2023

Mar do Sul | Pequim acusa navio dos EUA de “entrar ilegalmente” na região

As Forças Armadas da China acusaram ontem um navio da marinha norte-americana de “entrar ilegalmente” em águas próximas do Segundo Recife Thomas, cuja soberania é disputada entre Pequim e Manila.

Uma força naval chinesa foi mobilizada para seguir o USS Gabrielle Giffords durante a operação, de acordo com um comunicado do Teatro Sul do Exército de Libertação Popular.

Nos últimos meses, navios das marinhas e das guardas costeiras da China e das Filipinas têm-se confrontado repetidamente em torno do Segundo Recife Thomas, numa altura em que a China tenta impedir as Filipinas de reabastecer e reparar um navio de guerra enferrujado que encalhou intencionalmente em 1999 para servir de posto militar avançado.

A China acusou os EUA de se imiscuírem em águas distantes da sua costa e aumentarem as tensões regionais, na sequência da navegação do USS Giffords, um navio de combate litoral concebido para operar em zonas costeiras.

“Os Estados Unidos perturbaram deliberadamente a situação no Mar do Sul da China, violaram seriamente a soberania e a segurança da China, prejudicaram seriamente a paz e a estabilidade regionais e violaram gravemente o direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais, demonstrando plenamente que os Estados Unidos são a maior ameaça à paz e à estabilidade no Mar do Sul da China”, lê-se no comunicado emitido pelo Teatro do Sul das Forças Armadas chinesas.

A China reivindica a soberania de praticamente todos os recifes e outros afloramentos no Mar do Sul da China e transformou alguns deles em ilhas com pistas de aterragem que podem ser utilizadas pelas Forças Armadas.

5 Dez 2023

China | Autoridades de Guizhou e Shaanxi acusadas de falsificarem dados económicos

A agência de estatísticas da China acusou ontem algumas áreas administrativas em Guizhou e Shaanxi de falsificarem ou interferirem na recolha de dados económicos, numa altura em que os governos locais enfrentam problemas por excesso de endividamento.

Em declarações publicadas no seu portal oficial, o Gabinete Nacional de Estatística (GNE) atribuiu os alegados problemas de fraude e interferência na recolha de dados a cidades e vilas em Guizhou e Shaanxi, embora não tenha revelado os nomes específicos das áreas em causa nem se foram propostas punições.

Durante o Verão, o GNE efectuou inspecções em muitas províncias – incluindo Guizhou e Shaanxi – para garantir que os dados económicos que recebe das autoridades locais são fiáveis e não foram inflacionados por funcionários.

No mês passado, o GNE iniciou nova ronda de inquéritos em seis outras províncias e também em dois ministérios, o do Comércio e o dos Recursos Naturais, para além do recenseamento económico quinquenal que está a ser preparado para avaliar a situação do país, após três anos de política de ‘zero casos’ de covid-19.

Bases instáveis

O jornal de Hong Kong South China Morning Post recordou que os analistas há muito que manifestam dúvidas sobre a exactidão e a veracidade dos dados económicos da China, devido à falta de transparência, enquanto, a nível interno, Pequim precisa de números fiáveis para delinear eficazmente as suas políticas.

“Dados fiáveis são de importância fundamental para a elaboração de políticas racionais, bem como para a tomada de decisões empresariais. É, sem dúvida, do interesse do governo garantir a máxima fiabilidade dos dados”, afirmou Chen Zhiwu, professor de finanças na Universidade de Hong Kong, citado pela The Economist.

O GNE também acusou alguns funcionários da província de Henan de “não compreenderem como é extremamente crucial” a fiabilidade dos dados, após alguns órgãos de comunicação social terem avançado que eles atrasaram a correcção de dados falsificados.

Os funcionários locais tendem a inflacionar os dados económicos para aumentarem as hipóteses de promoção ou devido à pressão que sofrem para cumprir objectivos de crescimento económico.

O governo central está a tentar resolver o problema da dívida das administrações regionais, que acumularam grandes quantidades de “dívida oculta” através de canais de financiamento informais conhecidos como “veículos financeiros da administração local” (LGFV).

5 Dez 2023

Infecções | Surto na China deve-se a agentes patogénicos conhecidos

A Comissão Nacional de Saúde garante que o surto de infecções respiratórias detectado nas últimas semanas tem origem em bactérias ou vírus já conhecidos, não havendo nada de novo a assinalar

 

As autoridades sanitárias da China reafirmaram no domingo que a alta incidência de doenças respiratórias nas últimas semanas deve-se a agentes patogénicos conhecidos, segundo os dados recentes de monitorização de casos. A Comissão Nacional de Saúde do país afirmou que, até agora, não detectou nenhuma infecção causada por novos vírus ou bactérias e assegurou que está em comunicação directa com a Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a situação.

A OMS solicitou à China, em Novembro, informações pormenorizadas sobre o recente aumento de casos de doenças respiratórias e de surtos de pneumonia infantil, tendo a China explicado que o surto deve-se a “agentes patogénicos conhecidos”, como a gripe sazonal, bem como o rinovírus, o ‘mycoplasma pneumoniae’, o vírus sincicial respiratório e o adenovírus.

O porta-voz da Comissão, Mi Feng, referiu que as autoridades estão a acompanhar e a avaliar activamente os surtos e que já estão em vigor medidas para optimizar os recursos de saúde, melhorar os processos de tratamento e reforçar o papel da medicina tradicional chinesa na luta contra estas doenças.

Mi Feng reafirmou também o reforço das unidades pediátricas em todos os níveis de cuidados de saúde, incluindo nomeadamente o alargamento do horário de funcionamento, o aumento das camas hospitalares e a simplificação dos processos de registo e de consulta.

O porta-voz da Comissão sublinhou que os fornecimentos médicos estão “garantidos”, assim como as vacinas contra a gripe e outros vírus sazonais, com o intuito de imunizar precocemente os grupos vulneráveis, como os idosos e as crianças.

Falso alarme

O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da China comunicou esta semana que “não há necessidade de ficar alarmado com o aumento das doenças respiratórias, que são comuns nesta altura do ano”.

“A China encontra-se actualmente num período de elevada incidência de doenças respiratórias, com uma coexistência ou alternância de vários agentes infecciosos”, frisou a instituição, referindo que a gripe e a infecção pela bactéria ‘mycoplasma pneumoniae’ estão “numa fase de elevada transmissão”.

O Centro emitiu várias recomendações para “locais fechados com má circulação de ar”, como escolas ou infantários, que registam “uma elevada incidência de doenças respiratórias”. Muitas autoridades sanitárias locais aconselharam os pais a levarem os seus filhos às clínicas locais numa fase inicial da doença, uma vez que estas podem aliviar a pressão sobre os grandes hospitais.

Por enquanto, as autoridades não divulgaram números sobre as infecções a nível nacional, embora centros como o primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Medicina Chinesa de Henan tenham registado 2.000 visitas diárias ao seu departamento pediátrico, 70 por cento das quais relacionadas com infecções respiratórias, de acordo com um representante do hospital citado pelo jornal local Global Times.

Por outro lado, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, garantiu que “não há razão para preocupação” com o crescente surto de infecções respiratórias, salientando que “viajar e fazer negócios na China é seguro”.

5 Dez 2023

Coreia do Norte | Pyongyang ameaça abater satélites americanos

A Coreia do Norte ameaçou sábado abater satélites espiões norte-americanos em resposta a “qualquer ataque” contra o satélite colocado por Pyongyang em órbita a 21 de Novembro, informou a agência de notícias oficial norte-coreana. Pyongyang afirmou que uma operação do género seria considerada uma “declaração de guerra”, indicou a KCNA.

De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), a declaração surge depois de um responsável norte-americano ter explicado que Washington dispõe de vários “meios reversíveis e irreversíveis” para “privar um adversário das suas capacidades espaciais e contrariá-las”.

Depois de duas tentativas falhadas, em Maio e Agosto, Pyongyang conseguiu a 21 de Novembro colocar um satélite espião em órbita. A Coreia do Sul confirmou na quinta-feira que o lançamento foi bem-sucedido.

“Se os Estados Unidos tentarem violar o território legítimo de um Estado soberano”, Pyongyang “considerará a possibilidade de adoptar medidas de autodefesa para enfraquecer ou destruir a viabilidade dos satélites espiões americanos”, alertou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano.

A Coreia do Norte garantiu esta semana que o satélite espião captou imagens da Presidência dos EUA, a Casa Branca, do Pentágono e de outras importantes instalações da defesa norte-americana. De acordo com a Coreia do Sul, a Rússia ajudou a Coreia do Norte a lançar este satélite.

4 Dez 2023

Filipinas | Marcos Jr. acusa “terroristas estrangeiros” de ataque durante missa

O atentado, durante uma cerimónia católica na Universidade de Mindanau, fez quatro mortos e mais de 40 feridos

 

O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., acusou “terroristas estrangeiros” de terem levado a cabo ontem um ataque com explosivos durante uma missa católica, no sul do país, que deixou pelo menos quatro mortos e 42 feridos.

“Condeno com a maior veemência possível os actos insensatos e mais atrozes perpetrados por terroristas estrangeiros na Universidade de Mindanau, em Marawi, este domingo de manhã”, declarou o dirigente na rede social X (antigo Twitter).

O chefe de Estado filipino não indicou, porém, a nacionalidade ou a filiação em grupos armados dos alegados atacantes. “Os extremistas que exercem violência contra os inocentes serão sempre considerados inimigos da nossa sociedade. Apresento as minhas mais sinceras condolências às vítimas”, sublinhou Marcos Jr., assegurando que apelou ao reforço da segurança na região. “Podem ter a certeza de que levaremos a tribunal os autores deste ato impiedoso”, afirmou.

Em choque

A explosão ocorreu por volta das 07:00 horas locais num ginásio da Universidade Estatal de Mindanau, onde se realizava um evento religioso. Um primeiro balanço, avançado pela agência de notícias France-Presse, dava conta de três mortos e sete feridos, na sequência do atentado.

A Universidade está “profundamente entristecida e chocada com o acto de violência que ocorreu durante uma reunião religiosa”, declarou o estabelecimento de ensino superior num comunicado publicado na rede social Facebook. “Condenamos inequivocamente e nos termos mais fortes possíveis este ato horrível e sem sentido”, sublinhou o organismo ao anunciar a suspensão das aulas até novo aviso.

Em 2017, Marawi foi palco de um confronto sangrento, depois de grupos fundamentalistas alinhados com o Estado Islâmico (EI) terem tomado parcialmente a cidade a 23 de Maio, onde entraram com bandeiras do EI. Durante cinco meses, o exército filipino combateu os extremistas até a cidade ser libertada, numa batalha que fez mais de 1.200 mortos – 978 fundamentalistas islâmicos, 168 soldados e 87 civis.

A ilha de Mindanau, onde cerca de 20 por cento da população é muçulmana, tem sido palco de décadas de conflito entre o Governo e vários grupos extremistas, incluindo a organização Abu Sayaf e o Grupo Maúte, ambos associados ao EI.

A explosão em Marawi ocorreu poucos dias depois de mais de uma dezena de alegados membros do grupo terrorista Dawlah Islamiyah terem sido mortos em operações militares numa área montanhosa da província de Maguindanao del Sur, no sudoeste de Mindanau.

4 Dez 2023

Alfândega | Revisão das taxas sobre vinho australiano

O ministério do Comércio da China vai começar “imediatamente” a rever as taxas alfandegárias impostas sobre o vinho australiano em 2020, num novo sinal de normalização das relações económicas e políticas entre os dois países. A revisão, que vai durar até 30 de Novembro de 2024, determinará se as taxas são necessárias e pode culminar em alterações com base na evolução do mercado, segundo o jornal oficial Global Times.

O anúncio surge também depois de a Associação Australiana do Vinho e da Vinha ter pedido oficialmente ao ministério chinês uma revisão das taxas, dado que a “situação mudou muito”, segundo um comunicado do ministério. A porta-voz do ministério, Shu Jueting, disse que o resultado da revisão vai ser “objectivo”, “justo” e baseado em provas fornecidas por ambas as partes.

No final de Outubro, a China e a Austrália chegaram a um consenso no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) para resolver os seus diferendos comerciais, entre os quais os direitos aduaneiros sobre o vinho australiano.

“A China e a Austrália iniciaram consultas amigáveis no âmbito da OMC sobre os seus diferendos relativos ao vinho e às turbinas eólicas e chegaram a um consenso para os resolver de forma adequada”, declarou o ministério do Comércio no dia 22 de Outubro.

A revisão surge pouco depois de o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, ter concluído uma visita à China, na qual se reuniu com o Presidente chinês Xi Jinping e o homólogo Li Qiang. Albanese descreveu a visita como um “passo importante para a estabilização das relações” com o “parceiro comercial mais importante” da Austrália.

Antes da imposição das taxas alfandegárias punitivas sobre o vinho australiano, este representava 35,5 por cento do mercado de vinho importado pela China, mas dois anos mais tarde já nem sequer figurava entre os 10 principais países exportadores de vinho para a segunda maior economia mundial.

4 Dez 2023

Imprensa | Xinhua assina acordos com media e instituições estrangeiras

A cerimónia de assinatura de vários acordos de colaboração entre a agência estatal chinesa e representantes da comunicação social de países como a Rússia e a Argentina teve lugar sábado em Guangzhou

 

A Xinhua assinou sábado acordos com meios de comunicação e instituições de outros países para aprofundar a cooperação em áreas como trocas de notícias, intercâmbios de pessoal e visitas, bem como o desenvolvimento integrado da media, informou a agência estatal de notícias chinesa.

A cerimónia de assinatura foi realizada em Guangzhou, Província de Guangdong, no sul da China, durante a 5.ª Cimeira Mundial de Media (CMM), que acontece até 8 de Dezembro. O evento contou com a presença de Fu Hua, presidente da Xinhua, e representantes de organizações de comunicação social e departamentos governamentais da Argentina, Filipinas, Rússia, Burundi e Barbados.

Representantes da imprensa disseram que estão dispostos a aproveitar esta oportunidade para fortalecer o intercâmbio, a aprendizagem mútua e a cooperação prática com a Xinhua e outros meios de comunicação chineses. Os intervenientes afirmaram que isso lhes permitirá obter uma compreensão mais profunda e abrangente sobre a China e contribuir para aumentar a conectividade de pessoal entre vários países e promover a paz e o desenvolvimento mundiais.

Maria Bernarda Llorente, presidente da Telam na Argentina, saudou o grande significado do acordo assinado com a Xinhua, dizendo que uma colaboração mais forte de media entre os dois países é propícia para aumentar a confiança mútua e os laços entre os dois povos.

Luis Ausan Morente, chefe da Agência de Notícias das Filipinas, expressou sua esperança de que a Agência de Notícias das Filipinas e a Xinhua realizem mais intercâmbios de pessoal e visitas para reforçar a comunicação e a cooperação.

Já Andrey Pershin, vice-director-geral da Rossiyskaya Gazeta na Rússia, disse que o acordo assinado com a Xinhua abriu novas perspectivas de colaboração, acrescentando que os leitores russos têm um grande interesse em notícias sobre política, cultura, desporto e ciência e tecnologia da China.

Louis Kamwenubusa, director-geral de Publicações de Imprensa do Burundi, afirmou que a cimeira cria oportunidades para veículos de imprensa de vários países realizarem intercâmbios, e que esses intercâmbios devem promover o desenvolvimento global da media. Tyson Anthony Henry, director de informações do Serviço de Informação do Governo de Barbados, expressou a esperança de que os dois países aproveitem a cimeira como uma oportunidade para promover intercâmbios de pessoal e tecnologia.

Confiança global

Até o momento, a Xinhua assinou acordos de cooperação com mais de 3.600 instituições em todo o mundo, incluindo meios de comunicação, departamentos governamentais e instituições de ensino superior.

Com o tema “Elevando a confiança global, promovendo o desenvolvimento da media”, a 5ª CMM reuniu mais de 450 participantes de 101 países e regiões, incluindo representantes de 197 meios de comunicação tradicionais, think tanks, agências governamentais, missões diplomáticas na China, bem como agências da ONU e organizações internacionais.

4 Dez 2023

Óbito | Pequim saúda “contribuições históricas” de Kissinger para as relações sino-americanas

A China saudou ontem as “contribuições históricas” de Henry Kissinger para as relações entre Pequim e Washington, após a morte, aos 100 anos, do antigo diplomata norte-americano, descrito como “um velho e bom amigo do povo chinês”.

Kissinger “apoiou o desenvolvimento das relações entre China e Estados Unidos durante muito tempo e visitou a China por mais de 100 vezes, fazendo contribuições históricas para promover a normalização” das relações entre os dois países, disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Wenbin.

“Durante toda a sua vida, Kissinger atribuiu grande importância às relações entre China e Estados Unidos e acreditou que estas eram vitais para a paz e prosperidade dos dois países e do mundo”, acrescentou.

Conselheiro de segurança nacional e secretário de Estado dos presidentes norte-americanos Richard Nixon e Gerald Ford, entre 1969 e 1977, Kissinger desempenhou um papel fundamental no degelo gradual das relações entre Washington e a China, o que lhe valeu a alcunha de “velho amigo do povo chinês”.

O Presidente chinês, Xi Jinping, que se encontrou com o antigo diplomata em Pequim em julho passado, enviou as suas condolências ao homólogo norte-americano, Joe Biden, de acordo com o porta-voz.

O primeiro-ministro Li Qiang e o ministro dos Negócios Estrangeiros Wang Yi também enviaram mensagens de condolências, segundo a mesma fonte. “A China e os Estados Unidos devem herdar a visão estratégica, a coragem política e a sabedoria diplomática de Kissinger”, afirmou Wang. Os dois países devem “aderir ao respeito mútuo, à coexistência pacífica e à cooperação vantajosa para todos”, sublinhou o porta-voz, apelando a um “consenso” entre as duas potências.

1 Dez 2023

Palestina | China alerta na ONU que reacendimento de combates pode “devorar a região”

A diplomacia chinesa apresentou um plano para acabar com a guerra e os massacres. Mas Israel não está pelos ajustes.

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, alertou ontem que o reacendimento dos combates entre Israel e Hamas poderá levar a um desastre capaz de “devorar toda a região”, apelando a que a actual trégua conduza a um cessar-fogo. “O reacendimento dos combates apenas se transformaria muito provavelmente numa calamidade que devoraria toda a região”, disse Wang Yi, ao presidir uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre a situação em Gaza.

A China, que tem apoiado uma solução de dois Estados, espera que a trégua em curso possa levar a “um cessar-fogo abrangente e duradouro”. “O actual conflito israelo-palestiniano conduziu a uma enorme perda de vidas inocentes e a um desastre humanitário sem precedentes. Os seus efeitos colaterais ainda estão a emergir. Os testes de guerra, a consciência da humanidade e a justiça e a paz apelam à nossa racionalidade e sabedoria”, instou.

De acordo com o diplomata, a história entre a Palestina e Israel ao longo de décadas mostrou repetidamente que recorrer a meios militares não é uma saída, e “abordar a violência com violência apenas conduzirá a um ciclo vicioso e incessante”. “A China espera firmemente que os últimos dias de trégua não constituam um hiato antes de uma nova fase desta ofensiva, mas sim o início de novos esforços diplomáticos para um cessar-fogo abrangente e duradouro (…) como uma prioridade absoluta”, reforçou.

Israel contra cessar-fogo

Contudo, na mesma reunião e contrariando os apelos feitos pela maioria dos Estados-membros presentes na sessão, Israel opôs-se a um cessar-fogo permanente em Gaza, argumentando que servirá apenas para sustentar o “reinado de terror do Hamas”. “Quem apoia um cessar-fogo está basicamente a apoiar a continuação do reinado de terror do Hamas em Gaza”, avaliou o embaixador israelita junto à, Gilad Erdan.

Na presença de vários ministros dos Negócios Estrangeiros, o chefe da diplomacia chinesa apresentou ainda uma proposta de solução para o conflito israelo-palestiniano, que assenta na implementação de um cessar-fogo abrangente e o fim dos combates, a protecção dos civis, a garantia efectiva da assistência humanitária, o reforço da mediação diplomática, e uma solução política através da implementação da solução de dois Estados.

Além disso, Pequim apoiou a Palestina a tornar-se “membro de pleno direito das Nações Unidas”, num momento em que mantém, desde 2012, o estatuto de Estado-observador. O papel da China nas negociações israelo-palestinianas tem sido diminuta, com os Estados Unidos a assumirem esse papel durante décadas. Contudo, desde a mais recente escalada, Pequim tem sido das vozes mais activas dentro do Conselho de Segurança.

A embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, aproveitou a reunião para enfatizar os esforços de Washington, juntamente com os aliados do Médio Oriente, para aliviar a guerra atual, frisando que o “progresso acontece muitas vezes fora das paredes” do Conselho de Segurança.

“Colegas, estamos agora no sexto dia de pausa humanitária em Gaza. Uma pausa que, francamente, não teria sido possível sem a liderança do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos”, advogou, acrescentando que a posição dos Estados Unidos neste conflito tem sido pautada pela “diplomacia presidencial direta e pessoal”.

“Os Estados Unidos instaram Israel a tomar todas as medidas possíveis para evitar vítimas civis enquanto exerce os seus direitos de salvaguardar o seu povo de atos de terror”, disse ainda a diplomata, num momento em que crescem as críticas a Washington por apoiar Israel numa ofensiva que, segundo o Hamas, já matou mais de 15 mil pessoas em Gaza.

Thomas-Greenfield garantiu ainda que os Estados Unidos não descansarão até que todos os reféns detidos pelo Hamas sejam libertados. Também o ministro das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina, Riyad al-Malki, esteve presente na reunião, tendo apelado para que “os massacres não sejam retomados”, numa referência à trégua em vigor.

“O nosso povo enfrenta uma ameaça existencial. Não se deixem enganar com toda a conversa sobre a destruição de Israel, porque é a Palestina que está a ser alvo de um plano para a sua destruição”, insistiu. “Israel deveria estar convencido de que nenhuma força na Terra pode arrancar os palestinianos da Palestina”, acrescentou.

1 Dez 2023

Universidade cria curso para melhorar as competências parentais

Uma universidade de Xangai, a maior e mais cosmopolita cidade da China, lançou ontem um “mini mestrado” em educação familiar para ajudar os pais a exercerem melhor a sua função num ambiente social em “constante mudança”. O programa oferecido pela Universidade Normal do Leste da China consiste em 100 horas de ensino ao longo de quatro meses, combinando o estudo presencial e ‘online’ para a obtenção de um diploma, informou o jornal oficial em língua inglesa China Daily.

O curso aborda questões como a pressão psicológica e a dependência da Internet, segundo a mesma fonte. Até agora, 120 pais com filhos de diferentes idades inscreveram-se no curso, o primeiro programa do género no país asiático.

“A ansiedade dos pais em relação ao estudo dos seus filhos é hoje mais intensa do que nunca”, disse Yan Hanbing, director da Escola de Ensino Aberto e Educação da universidade. “Integramos conhecimentos científicos e baseados na investigação para dizer aos pais como manter a calma e evitar serem apanhados pela maré social em constante evolução”, acrescentou.

Dos 7 aos 77

O programa inclui três cursos básicos sobre relações familiares, psicologia e formação de carácter, bem como mais de 20 disciplinas opcionais para os pais escolherem com base na idade dos seus filhos e nas questões que desejam abordar. “Os pais desempenham diferentes papéis à medida que os seus filhos crescem. São cuidadores, treinadores e conselheiros quando os seus filhos são bebés, alunos e adolescentes”, afirmou o director.

De acordo com os organizadores do curso, os pais não só aprenderão “conceitos de ponta e conhecimentos básicos”, como também terão a oportunidade de “treinar os seus ensinamentos práticos”. “Nunca é demais sublinhar a importância de os pais criarem uma forte ligação emocional com os filhos antes da idade escolar”, afirmou o Professor He Lingfeng, responsável pelo curso de educação do carácter.

Este curso para pais faz parte de um esforço para “promover a aprendizagem ao longo da vida” da população chinesa, tal como foi sublinhado pela imprensa oficial em Março passado, aquando da abertura da Universidade Sénior da China (SUC), uma universidade exclusivamente destinada a pessoas com mais de 50 anos.

“A China exige que as universidades e os centros de formação ofereçam cursos especializados para os idosos”, declarou o ministro da Educação, Huai Jinpeng, durante a inauguração da SUC, acrescentando que o país “incentiva as escolas do ensino básico e secundário a apoiarem estes projectos, cedendo as suas instalações desportivas e culturais”.

30 Nov 2023

Hong Kong | Acções do grupo Meituan caem 10% após fraca procura

As acções do grupo chinês Meituan, especializado em entregas ao domicílio, caíram ontem quase 10 por cento na Bolsa de Valores de Hong Kong, após os executivos terem advertido para um declínio na procura.

As acções do Meituan registavam uma queda de 9,71 por cento, a meio da sessão na praça asiática, após o grupo ter divulgado um crescimento homólogo de 195 por cento nos lucros do terceiro trimestre, para 3,59 mil milhões de yuan.

No entanto, na conferência por telefone que se seguiu à apresentação dos resultados, o fundador e presidente executivo da empresa, Wang Xing, avisou que o ritmo de crescimento das receitas no quarto trimestre poderia ser “um pouco mais lento” do que no trimestre anterior, e disse que a empresa “vai reforçar os seus esforços de ‘marketing’ para estimular a procura no actual ambiente de consumo”. “Acreditamos que a procura dos consumidores vai recuperar gradualmente no próximo ano”, afirmou.

Wang revelou ainda que o conselho de administração da empresa aprovou um plano de recompra de acções avaliado em até mil milhões de dólares, o que foi confirmado ontem num comunicado enviado à bolsa de Hong Kong, no qual a Meituan disse que esta operação “demonstrará confiança nas suas perspectivas de negócio”.

Um dos factores que tem dificultado a recuperação da economia chinesa após o fim da política de ‘zero casos’ de covid-19 é precisamente a lenta retoma do consumo: as vendas a retalho – um indicador-chave neste domínio – abrandaram, de um aumento de 18,4 por cento, em Abril, para 2,5 por cento, em Julho. Os últimos dados oficiais de Outubro excederam as expectativas dos analistas, com um aumento de 7,6 por cento, contra 5,5 por cento, em Setembro.

30 Nov 2023

COP28 | Na ‘Terra Sagrada do Petróleo’, proliferam as renováveis

Reportagem de João Pimenta, da Agência Lusa

No remoto oeste chinês, berço da exploração de petróleo e carvão, estão a ser construídos alguns dos maiores parques eólicos e fotovoltaicos do mundo, ilustrando os esforços da China para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.

Em Gansu, uma província empobrecida e esparsamente povoada, a energia eléctrica gerada a partir de fontes renováveis ascende já a 40 por cento da produção total, explicou à agência Lusa Ding Kun, vice-director da Divisão de Desenvolvimento da filial local da State Grid, a estatal chinesa que em Portugal detém 25 por cento da REN – Redes Energéticas Nacionais.

Trata-se de um valor superior à média do país, que se fixou em 31,9 por cento, no ano passado, segundo dados publicados pelo grupo de reflexão Ember.

A China é o maior emissor de gases poluentes do mundo, devido à sua dependência do carvão, mas é também líder global em energias renováveis. Em 2022, o país asiático acrescentou tanta capacidade instalada de energia eólica e solar quanto todos os outros países do mundo combinados.

“Há sinais contraditórios”, reconheceu Renato Roldão, especialista português em alterações climáticas a viver em Pequim desde 2008, sobre a política do país asiático, na véspera da conferência do clima da ONU, COP28, arrancar no Dubai.

Em entrevista à agência Lusa, o actual vice-presidente da consultora norte-americana Inner City Fund (ICF) para a China e Europa reconheceu que a “trajectória é de subida e não de descida” no consumo do carvão, mas que, em simultâneo, o país está a investir e instalar nova capacidade de energias renováveis a “grande velocidade”.

Transição natural

Em Gansu, onde vastas planícies são interrompidas por vales profundos e cadeias montanhosas com picos nevados, estão já alguns dos maiores parques eólicos e solares do planeta, visando aproveitar a abundância de vento, sol e água da região.

A capacidade de exploração técnica de energia eólica e solar da província ascende a 5,6 mil milhões de quilowatts e 95 mil milhões de quilowatts, respectivamente, explicou Ding Kun. No norte da região, na borda oriental do deserto de Gobi, que se estende por mais de 1.600 quilómetros quadrados, está o parque de Jiuquan – o maior da China e um dos maiores do mundo, com capacidade instalada de mais de 20 gigawatts.

A cerca de 200 quilómetros, a outrora próspera cidade de Yumen, o “berço da indústria petrolífera chinesa” que entrou em decadência, nos últimos 20 anos, à medida que os poços de crude se esgotaram, está a construir um dos maiores parques de energia solar do país.

Um sinal escrito em inglês e chinês continua a identificar Yumen como “Terra Sagrada do Petróleo”. No centro da cidade, ergue-se uma estátua de Wang Jinxi, o “Homem de Aço” que liderava uma equipa encarregue da perfuração de campos petrolíferos, e que se tornou numa figura exaltada pelo regime, nos anos 1960, como parte das campanhas para inspirar os operários. Ele “trabalhava tão afincadamente que, por vezes, se esquecia de comer”, contava a propaganda maoista.

Mas, numa planície desértica nas redondezas da cidade, estão agora a ser instalados anéis gigantes de painéis solares. No centro de cada círculo há uma torre, projectada para receber a luz do sol reflectida e concentrá-la num feixe, gerando calor suficiente para operar uma usina termoeléctrica – técnica designada Energia Solar de Concentração.

Aproveitando as capacidades tecnológicas da State Grid para transmissão de energia a longa distância, a energia produzida em Gansu viaja cerca de 1.500 quilómetros até à província de Hunan, fornecendo assim o sudeste chinês, a região mais industrializada do país.

Gansu ambiciona ser um ‘hub’ na produção e distribuição de energia ‘verde’ para o resto da China, devido à sua localização central no noroeste do país. A província faz fronteira com Shaanxi, Qinghai, Ningxia e Xinjiang, regiões administrativas cujas redes de distribuição eléctrica não estão directamente conectadas entre si. “As redes dessas regiões estão conectadas a Gansu e conectadas entre si através de Gansu”, resumiu Ding.

30 Nov 2023

Japão | Testada venda livre de pílula do dia seguinte

O Japão começou ontem a testar a venda livre da pílula do dia seguinte, normalmente sujeita a prescrição médica, numa medida que os activistas consideram ser ainda demasiado limitada. No âmbito deste projecto-piloto, a pílula contraceptiva de emergência, que pode evitar a gravidez nas 72 horas a seguir à relação sexual, está disponível em 145 farmácias de todo o país, segundo a Associação Farmacêutica Japonesa (JPA).

Há muito que os grupos de defesa dos direitos humanos criticam o facto de a contracepção de emergência só estar disponível no Japão mediante a apresentação de receita, que só pode ser obtida através de uma consulta médica.

Segundo activistas, esta situação pode desencorajar muitas mulheres, em especial adolescentes ou vítimas de violação, de tentarem obter a pílula do dia seguinte, nomeadamente por razões práticas, uma vez que muitos consultórios médicos estão fechados à noite e aos fins de semana.

No âmbito deste período experimental, que decorre até ao final de Março, as mulheres que queiram obter este método contraceptivo, que custa entre sete mil e nove mil ienes (43 a 55 euros), terão de apresentar um documento de identidade e tomar a medicação à frente do farmacêutico, segundo o portal da JPA.

A idade mínima para a obtenção da pílula é de 16 anos, sendo que menores de 18 anos devem ser acompanhados por um dos pais ou um tutor, segundo a mesma fonte.

Primeiros ensaios

Os defensores do projecto “Contracepção de emergência nas farmácias” consideram que o ensaio está a ser realizado numa escala demasiado pequena, envolvendo apenas “0,2 por cento das 60 mil farmácias do Japão”, segundo cálculos que fizeram.

De acordo com Asuka Someya, membro do grupo, o consentimento parental obrigatório para os menores é também um obstáculo. “Muitas raparigas dizem que não podem falar com os pais sobre uma possível gravidez. Será difícil se tiverem de falar sobre as suas experiências sexuais”, disse.

O projecto piloto ganhou forma após um inquérito realizado este ano pelo Ministério da Saúde nipónico, no qual 97 por cento das 46 mil pessoas inquiridas disseram ser favoráveis à medida.

A pílula do dia seguinte está disponível sem receita médica em cerca de 90 países do mundo, segundo o ministério. A Organização Mundial de Saúde defende no seu portal que a contracepção de emergência “deve ser sistematicamente incluída em todos os programas nacionais de planeamento familiar”.

29 Nov 2023

Internet | Finalizada configuração de satélite em órbita alta

A China concluiu ontem a configuração inicial do seu primeiro satélite de Internet em órbita alta, segundo a Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China.

De acordo com o comunicado da agência, após o lançamento de um grupo de satélites de comunicação de alto rendimento, o sistema de Internet por satélite de órbita alta cobre completamente o território da China e as principais áreas dos países que participam na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

Os satélites de alto rendimento têm ampla largura de banda e velocidades de transmissão rápidas, facilitando as descargas e as videochamadas. Com este tipo de equipamento, Pequim pretende que a capacidade total dos satélites de alto rendimento do país ultrapasse os 500 Gbps (gigabit por segundo) até ao final do actual plano quinquenal da China (2021-2025).

O país asiático pretende que os satélites de elevado rendimento forneçam serviços de comunicação em rede de alta velocidade e acesso à Internet para sectores como a aviação, navegação, serviços de emergência, energia, silvicultura e pastagens.

Na última década, Pequim investiu fortemente no programa espacial e alcançou marcos importantes, como a aterragem bem-sucedida de uma sonda no lado mais distante da lua em Janeiro de 2019, um feito que nenhum país conseguiu antes, e a construção da sua própria estação espacial.

29 Nov 2023

BYD | Recorde em Outubro com mais de 300.000 vendas

A BYD, a maior fabricante de automóveis eléctricos na China, bateu o seu recorde mensal de vendas em Outubro, ultrapassando a barreira dos 300.000 veículos vendidos, pela primeira vez, num único mês. Em comunicado, a empresa também anunciou que atingiu, no mês passado, a marca de seis milhões de veículos produzidos desde a sua fundação.

Isto surge após a BYD ter atingido, no início de Agosto, a marca de cinco milhões de veículos eléctricos produzidos, o que significa que a empresa produziu um milhão de unidades nos três meses seguintes.

A fabricante de automóveis, que já não fabrica carros com motor de combustão, disse que as suas vendas aumentaram quase 70 por cento, nos primeiros dez meses do ano, atingindo 2,4 milhões de unidades e as já referidas 301.833, só em Outubro.

Para além da presença na China, a BYD investiu fortemente na América Latina, onde confirmou recentemente um acordo para a construção de um complexo de três fábricas no Brasil. No ano passado, foram vendidos na China quase seis milhões de carros eléctricos – mais do que em todos os outros países do mundo juntos.

A dimensão do mercado chinês e os generosos apoios estatais propiciou a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng, que ameaçam agora o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.

Em 2014, o líder chinês, Xi Jinping, afirmou que o desenvolvimento de carros eléctricos era a única forma de a China se converter numa “potência do sector automóvel”. O país estabeleceu então como meta que os carros eléctricos deviam representar 20 por cento do total das vendas até 2025. Esse valor foi ultrapassado no ano passado, quando um em cada quatro veículos vendidos na China era eléctrico.

29 Nov 2023

Índia | Foxconn investe quase 1,45 mil milhões de euros

A empresa tecnológica taiwanesa Hon Hai, conhecida como Foxconn e pela montagem de produtos da Apple, como o iPhone, anunciou um investimento adicional de quase 50.000 milhões de dólares taiwaneses (1.450 milhões de euros) na Índia.

No comunicado, enviado na segunda-feira à noite à Bolsa de Valores de Taipé, a empresa explica que o contrato de construção, realizado através de uma subsidiária local, visa cobrir “necessidades operacionais”, sem dar mais pormenores sobre o projecto.

O estado de Karnataka, no sul da Índia, anunciou em Agosto que a Foxconn iria investir 600 milhões de dólares em duas fábricas – uma de componentes para iPhone e outra de ‘chips’ – que criariam cerca de 14.000 postos de trabalho.

Segundo a agência de notícias Bloomberg, a empresa tecnológica taiwanesa também planeia construir uma fábrica num terreno perto do aeroporto de Bangalore, a capital de Karnataka e popularmente conhecida como “Silicon Valley da Índia” devido ao potencial das suas empresas tecnológicas. Em Julho, a Foxconn afirmou que iria aumentar a produção de iPhones em Karnataka para 20 milhões por ano, com uma nova fábrica de montagem que custaria 1,7 mil milhões de dólares.

29 Nov 2023

Pequim pede fim da violência no Myanmar e protecção da fronteira

A China instou ontem as partes envolvidas no conflito armado no norte do Myanmar a “cessarem os combates o mais rapidamente possível” e a resolverem as diferenças “através do diálogo e da paz”.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, apelou às partes beligerantes em conferência de imprensa “para resolverem as suas diferenças pacificamente e evitarem o deteriorar da situação”. Wang apelou à adopção de “medidas eficazes para garantir a segurança e a estabilidade da fronteira” partilhada pelos dois países.

Três navios da marinha chinesa chegaram a um porto do Myanmar na segunda-feira para participar em exercícios navais conjuntos, numa altura de crescente insegurança na fronteira entre os dois países, o que suscitou preocupações em Pequim. Wang descreveu a participação dos navios chineses nos exercícios como um “intercâmbio normal entre os dois países”.

Em exercício

A visita da marinha chinesa ocorre numa altura em que as forças da junta militar do Myanmar combatem grupos insurrectos de minorias étnicas perto da fronteira com a China, o que suscita preocupações em Pequim, que apelou a uma rápida resolução do conflito.

Entre sábado e terça-feira, as tropas chinesas realizaram exercícios militares com munições reais no seu lado da fronteira, para que as forças do Exército de Libertação Popular (ELP) estejam “prontas para qualquer emergência”, sublinhou o Comando do Teatro Sul das Forças Armadas chinesas, numa breve declaração no Weibo.

A China e o Myanmar partilham uma fronteira de 2.129 quilómetros e, embora Pequim tenha aumentado a sua influência no país após o golpe de Estado, a relação com o exército é complexa.

29 Nov 2023