Huthis | EUA pedem a Pequim para pressionar Irão devido aos ataques no Mar Vermelho

As autoridades de segurança americanas tentam que a China use a sua influência para atenuar o clima de tensão cada vez maior que se vive no Médio-Oriente. Para breve, ficou agendada uma conversa telefónica entre Xi e Biden

 

O conselheiro nacional de segurança dos EUA, Jake Sullivan, pediu no sábado ao ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, durante conversações na Tailândia, para usar a influência chinesa junto do Irão para desanuviar as tensões no Médio Oriente.

Os dois responsáveis também concordaram em garantir para breve uma conversa telefónica entre o Presidente dos EUA Joe Biden e o líder chinês Xi Jinping. Os encontros que decorreram entre sexta-feira e sábado em Banguecoque, na sequência das discussões entre os dois Presidentes em Novembro na Califórnia, seguiram-se às eleições em Taiwan e ao reinício do diálogo entre responsáveis militares dos EUA e China, que se mantinha congelado.

O encontro também coincide com os ataques dos Huthis do Iémen apoiados pelo Irão e que ameaçam o comércio marítimo do mar Vermelho.

Um alto responsável norte-americano, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP), disse que Sullivan insistiu na importante influência económica da China no Irão e enfatizou sobre o efeito desestabilizador dos ataques dos Huthis no comércio internacional.

O mesmo responsável sublinhou que a China já apelou à redução das tensões, mas considerou ser demasiado cedo para saber se Pequim pretende utilizar o seu “músculo diplomático” para pressionar Teerão. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês indicou ainda que Wang disse a Washington para manter o compromisso em não apoiar a independência de Taiwan.

Wang disse que as eleições taiwanesas, que deram a vitória a Lai Ching-te, não alteram a posição chinesa de que a ilha é parte integrante da China, e que o maior desafio nas relações EUA-China reside na questão da “independência de Taiwan”, de acordo com um comunicado do ministério. Biden assinalou que não apoia a independência, mas os EUA dizem permanecer comprometidos na defesa de Taiwan face a eventuais ameaças. A mesma fonte oficial admitiu ainda que a próxima conversa entre Biden e Xi poderá ocorrer nos próximos meses.

Momento de reflexão

Wang e Sullivan encontraram-se previamente na ilha mediterrânica de Malta e em Viena em 2023, antes do encontro Biden-Xi na Califórnia. Em Novembro passado, os dois lados promoveram modestos acordos para combater o tráfico ilegal de fentanil e restabelecer os contactos militares, impedindo um agravamento das relações.

Na manhã de sábado, as autoridades de Taiwan disseram que a China enviou mais de 30 aviões e um grupo de navios em direcção à ilha durante um período de 24 horas, incluindo 13 aviões que cruzaram a linha divisória do Estreito de Taiwan.

Wang também indicou que a China e os EUA vão utilizar o 45.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas bilaterais, em 2024, como uma oportunidade para reflectir sobre experiências do passado e promover um tratamento igualitário entre os dois países, evitando uma atitude condescendente.

Conversas frutíferas

A China descreveu como “francas” e “substanciais” as discussões entre o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, e o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Os dois responsáveis estiveram reunidos em Banguecoque, na Tailândia, e abordaram a questão de Taiwan.

“As duas partes mantiveram discussões estratégicas francas, substanciais e frutuosas” sobre “a forma de gerir adequadamente as questões importantes e sensíveis das relações sino-americanas”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês num comunicado.

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