Diplomacia | Reino Unido e China esperam mais diálogo entre os dois países

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou na sexta-feirfa esperar “discussões abertas, francas e honestas” com a China, durante a primeira conversa telefónica com o Presidente chinês Xi Jinping, que pediu o “fortalecimento do diálogo e cooperação”.

O chefe do governo trabalhista afirmou “esperar que os líderes possam ter discussões abertas, francas e honestas para abordar e compreender as áreas de desacordo, quando necessário, como Hong Kong, a guerra da Rússia na Ucrânia e os direitos humanos”, segundo um comunicado divulgado.

Por seu lado, Xi Jinping afirmou que a China continua “empenhada” no “desenvolvimento pacífico”, manifestando-se esperançado numa “perspectiva estratégica e de longo prazo” e com “objectividade e racionalidade”, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O líder chinês afirmou que a industrialização da China abrirá “novas oportunidades de cooperação” com o Reino Unido e outros países do mundo, apelando ainda a um “maior alinhamento” das estratégias de desenvolvimento dos dois países e à expansão da cooperação em áreas como as finanças, a economia verde e a inteligência artificial.

Citado pela mesma fonte, o primeiro-ministro britânico reafirmou que o seu governo continua a aderir à política de “uma só China” e garantiu que Londres está disposta a “manter a comunicação com a China sobre as principais questões internacionais e regionais e contribuir para a manutenção da segurança e estabilidade globais”.

26 Ago 2024

EUA | Representante da Casa Branca vai a Pequim

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, desloca-se a Pequim esta semana para se reunir com altos funcionários, levando uma mensagem conciliatória, mas também preocupação com o aumento da pressão sobre Taiwan.

Um alto funcionário da Casa Branca afirmou à imprensa que, nas conversações da próxima semana, serão manifestadas “preocupações” sobre o “aumento da pressão militar, diplomática e económica sobre Taiwan”.

Essas são actividades “desestabilizadoras” e coloca-se o “risco de uma escalada”, pelo que os norte-americanos vão continuar a instar Pequim a “encetar um diálogo significativo com Taipé”, afirmou a mesma fonte, reiterando que Washington continua a seguir a “política de uma só China”.

“Opomo-nos a alterações unilaterais do ‘status quo’ por qualquer das partes. Não apoiamos a independência de Taiwan e esperamos que as diferenças entre as duas margens do Estreito sejam resolvidas facilmente”, acrescentou. A viagem de Sullivan a Pequim decorre entre 27 e 29 de Agosto e deverá incluir uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, naquele que será o quinto encontro entre os dois.

Além de Taiwan, outros pontos da reunião passam por “questões-chave” como o tráfico de droga, a segurança e a inteligência artificial. Sullivan irá também abordar o apoio da China à base industrial de defesa da Rússia, as tensões no Mar do Sul da China, o Irão e a crise no Médio Oriente.

26 Ago 2024

Mar do Sul | Pequim tomou “medidas de controlo” contra navio filipino

A China afirma que a sua guarda costeira tomou “medidas de controlo” contra um navio filipino que entrou em águas próximas de um atol que é disputado no Mar do Sul da China, segundo a imprensa estatal de Pequim.

“O navio filipino 3002 entrou ilegalmente em águas próximas do recife de Xianbin, nas ilhas Nansha, sem permissão do governo chinês”, disse o canal de televisão estatal CCTV.

O barco “continuou a aproximar-se perigosamente de um navio da guarda costeira chinesa que realizava operações de rotina”, indicou a mesma fonte, precisando que aquela autoridade chinesa havia “tomado medidas de controlo contra o navio filipino, de acordo com as leis e os regulamentos”.

As tensões entre Pequim e Manila têm aumentado nos últimos meses e marcadas por uma série de confrontos no Mar do Sul da China. As Filipinas acusaram no sábado a China de disparar duas vezes foguetes de aviso contra um dos seus aviões de patrulha civil sobre ilhotas disputadas no Mar do Sul da China.

Na sexta-feira, Pequim tinha anunciado que tinha tomado “contramedidas” contra aviões militares filipinos acusados de terem entrado no seu espaço aéreo nas proximidades do recife de Subi a 22 de Agosto, também reivindicado por Manila.

26 Ago 2024

“Black Myth – Wukong” | Sucesso ilustra importância dos videojogos no “soft power” do país, diz especialista

Um especialista português radicado na China afirmou à Lusa que a indústria de videojogos pode servir como instrumento para Pequim projectar influência cultural, numa altura em que o título chinês “Black Myth: Wukong” bate recordes no sector.

“Os videojogos, mais que o cinema ou a música, são de facto a grande potência actual do ‘soft power’ [poder de influência] chinês”, explicou Daniel Camilo, radicado desde 2012 em Shenzhen, no sudeste da China.

“Da mesma forma que o público se familiarizou com o Japão devido às suas exportações culturais nos anos 1980 e 1990, a China está a seguir o mesmo caminho, com ênfase nos videojogos”, descreveu. “Black Myth: Wukong” tornou-se na terça-feira, dia do seu lançamento, o título com o maior número de sempre de jogadores simultâneos na plataforma Steam, líder mundial na distribuição de videojogos.

Produzido pela empresa chinesa Game Science, com um custo de 400 milhões de yuan, o jogo inspirou-se na “Viagem ao Oeste”, obra clássica da mitologia chinesa. Na sexta-feira, na rede social X, foi avançado que o jogo tinha vendido 10 milhões de cópias em todo o mundo desde o seu lançamento.

A popularidade do jogo de acção teve impacto imediato no mercado bolsista: as acções do grupo Huayi Brothers, ligada ao desenvolvimento do jogo, subiram 20 por cento.

O sucesso pode incentivar a indústria dos videojogos na China a criar mais títulos AAA, que são produções de alto orçamento e alta qualidade, comparáveis às grandes produções cinematográficas, segundo explicou à Lusa Daniel Camilo.

“É um enorme marco e mudança de paradigma até para a forma como o resto da indústria vê a China daqui para a frente”, apontou o português, que acompanhou o desenvolvimento do sector na China na última década.

Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, tem investido milhares de milhões de dólares para elevar a imagem do país à altura do seu poder económico e militar.

Mas, ao contrário do Japão e da Coreia do Sul, cujas obras cinematográficas, desenhos animados e a música conquistaram milhões de fãs em todo o mundo, o gigante asiático carecia de uma indústria de entretenimento com sucesso além-fronteiras. “Acho que o motivo é bastante óbvio: a censura proíbe que na China se toque em vários temas”, observou o português.

Na indústria dos jogos, os reguladores chineses têm, no entanto, uma postura “mais relaxada” sobre o conteúdo, que é também menos susceptível de tocar em temas que incomodem Pequim. “O cinema toca em questões realistas da sociedade. Os jogos são mais fantasiosos”, sublinhou Daniel Camilo.

Equilíbrio a encontrar

Grandes grupos chineses, como a Tencent, Netease ou Bytedance são já líderes num sector que facturou 184 mil milhões de dólares a nível mundial, em 2023, segundo a consultora especializada Newzoo.

Em 2021, as autoridades chinesas restringiram o acesso dos menores de idade aos jogos de computador a três horas por semana – de sexta a domingo, entre as 20:00 e as 21:00 -, com o objectivo declarado de “proteger eficazmente a saúde mental e física” e o “crescimento saudável” dos jovens. A regulação fez de 2022 o ano mais difícil para a indústria na China, com uma contracção das receitas, obrigando os produtores locais a focarem-se no mercado externo.

“O mercado chinês é o maior do mundo, mas é simultaneamente um dos mais limitados e restritos”, observou o especialista. Licenciado em Estudos Orientais pela Universidade do Minho, Daniel Camilo visitou a China pela primeira vez em 2008, para realizar um ano de intercâmbio na cidade portuária de Tianjin, no nordeste do país.

Entusiasta de videojogos e comentador frequente na rede social X, o português passou a ser frequentemente citado na imprensa internacional, incluindo BBC, Voice of America, Newsweek ou The Guardian, sobre os desenvolvimentos da indústria na China. “Há um vazio informativo, sobretudo em inglês, sobre a actualidade na China fora do âmbito político ou macroeconómico”, justificou.

26 Ago 2024

Taiwan | Pequim condena passagem de navio norte-americano

O Exército chinês condenou ontem a passagem do contratorpedeiro norte-americano USS Ralph Johnson pelo Estreito de Taiwan, manobra que os Estados Unidos classificaram como uma demonstração do empenho de Washington em preservar a “liberdade de navegação”.

“O USS Ralph Johnson navegou pelas águas do Estreito de Taiwan a 22 de Agosto, procurando notoriedade”, disse o porta-voz do Exército de Libertação Popular, Li Xi, numa declaração publicada na conta oficial do Teatro de Operações Oriental do Exército chinês na rede social Wechat.

De acordo com o porta-voz, o Teatro de Operações Oriental organizou “tropas para seguir e monitorizar todos os movimentos” do navio, que foi afugentado “de acordo com a lei”.

“As forças do Teatro de Operações Oriental estão sempre em alerta máximo, prontas para defender a soberania nacional, a segurança e a paz e estabilidade regionais”, acrescentou o representante.

O contratorpedeiro USS Ralph Johnson efectuou um “trânsito de rotina” por aquelas águas “de acordo com o direito internacional”, segundo um comunicado divulgado pela Marinha dos Estados Unidos da América (EUA).

23 Ago 2024

Rússia | Putin recebe Li Qiang e saúda acordo de investimento

O Presidente russo, Vladimir Putin, recebeu na quarta-feira no Kremlin o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que assinou durante a manhã um acordo de cooperação em investimentos no âmbito da sua visita oficial a este país.

“Os nossos países desenvolveram planos conjuntos de grande escala nas esferas económica e humanitária, esperamos que para muitos anos”, disse Putin no início da reunião.

O líder russo, que visitou a China em Maio passado, assegurou que as relações comerciais bilaterais estão a desenvolver-se “com sucesso”.

Acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, Putin recordou que o dia 2 de Outubro assinalará o 75.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e convidou Li a participar no Fórum Económico Oriental, que se realizará em Setembro em Vladivostok, capital do Extremo Oriente russo.

Li sublinhou que esta é a sua primeira visita ao estrangeiro desde que assumiu a liderança do Conselho de Estado e recordou que a a economia russa tem crescido de forma constante “nos últimos dois anos”, coincidindo com a guerra na Ucrânia, sob a direcção “bem-sucedida” de Putin.

“Estamos prontos para implementar plenamente os acordos convosco ao mais alto nível e expandir constantemente a cooperação multilateral mutuamente benéfica”, prometeu o primeiro-ministro chinês.

Li e o seu homólogo russo, Mikhail Mishustin, assinaram na quarta-feira, após negociações em Moscovo, um plano de cooperação de investimento e dois memorandos de cooperação nos transportes e na indústria química.

O primeiro-ministro chinês sublinhou que o seu país, em face de uma “mudança da situação internacional”, está disponível para avançar com a Rússia “com mais firmeza” na linha definida pelos líderes de ambos os países para o bem do seu povo e também “para a justiça em todo o mundo”.

23 Ago 2024

Espionagem | Confirmada detenção de cidadão japonês

A China confirmou ontem que está a investigar um cidadão japonês por suspeita do crime de espionagem, embora não tenha revelado a identidade do suspeito entretanto detido.

“A China está a investigar e a tratar de assuntos legais e criminais de acordo com a lei”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, numa conferência de imprensa, em resposta a uma pergunta sobre o paradeiro de um funcionário japonês da farmacêutica Astellas Pharma.

De acordo com a porta-voz da diplomacia chinesa, Pequim está “a proteger os direitos e interesses legítimos das partes envolvidas, incluindo os funcionários consulares que se encontram na China para desempenhar as suas funções”.

“No entanto, espera-se que o Japão eduque os seus cidadãos a respeitarem as leis chinesas e a não se envolverem em actividades ilegais e criminosas”, acrescentou. No ano passado, o Japão apelou a Pequim para que libertasse um cidadão japonês detido pelas autoridades chinesas que se encontrava preso há vários meses por suspeita de espionagem.

Tóquio confirmou então que se tratava de um funcionário da empresa farmacêutica Astellas Pharma que foi detido quando se preparava para viajar da China para o Japão. O cidadão japonês terá sido acusado de violação das leis de contra-espionagem, embora não tenham sido divulgados mais pormenores sobre o caso.

A China intensificou o controlo sobre os cidadãos estrangeiros depois de ter introduzido e revisto a legislação de contra-espionagem, a fim de reforçar a segurança do Estado e também de processar a posse de “equipamento de espionagem”.

Desde 2015, pelo menos 16 cidadãos japoneses, excluindo este caso, foram detidos pelo seu alegado envolvimento em actividades de espionagem e cinco deles continuam presos em território chinês.

23 Ago 2024

Antidumping | Pequim justifica inquérito com “precipitação” de Bruxelas

A China justificou ontem a sua investigação ‘antidumping’ contra as importações de produtos lácteos da União Europeia, argumentando que foi iniciada “a pedido da indústria nacional chinesa” em resposta à “iniciativa precipitada” da Comissão Europeia sobre veículos eléctricos chineses.

“De acordo com a legislação chinesa e as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), as indústrias nacionais têm o direito de apresentar pedidos de medidas comerciais para salvaguardar a concorrência no mercado e os seus próprios direitos legítimos”, disse o porta-voz do ministério do Comércio, He Yadong, em conferência de imprensa.

O porta-voz do Ministério do Comércio, He Yadong, disse que “foram iniciadas consultas prévias após a recepção do pedido, em conformidade com os procedimentos legais”, “analisando as provas apresentadas pelos requerentes”.

“O pedido dos empregadores chineses preenche as condições para a apresentação de um inquérito ‘antidumping’ (venda abaixo do custo de produção) e é por isso que está a ser feito”, acrescentou.

De acordo com o porta-voz, o inquérito é “aberto e transparente” e tem por objectivo “proteger os direitos de todas as partes interessadas”.

O anúncio do inquérito da China sobre os produtos lácteos europeus ocorreu um dia depois de a Comissão Europeia ter ajustado as taxas punitivas propostas sobre as importações de veículos eléctricos oriundos da China.

Os inquéritos da China centrar-se-ão nos produtos importados entre Abril de 2023 e Março de 2024 e nos “danos” que estas compras causaram ao sector chinês entre 2020 e 2024.

O processo analisará os produtos lácteos, como o queijo fresco, o requeijão e as natas, e os efeitos dos programas de subsídios aos produtos lácteos na Irlanda, Áustria, Bélgica, Itália, Croácia, Finlândia, Roménia e República Checa.

De acordo com o pedido dos empregadores chineses, os produtos objecto de investigação receberam subsídios da UE e dos governos dos seus Estados-Membros, tendo algumas empresas de lacticínios da UE beneficiado de um total de 20 subsídios.

Boxe económico

Em Maio, a imprensa estatal chinesa previu possíveis retaliações contra as taxas europeias, incluindo investigações ‘antidumping’ sobre a carne de porco proveniente da Europa, que já se tornaram realidade, e contra os produtos lácteos.

Em Julho, Bruxelas propôs a imposição de taxas punitivas sobre os veículos eléctricos chineses, considerando, após uma investigação de meses, que a sua penetração no mercado europeu prejudica os produtores da UE.

Na passada terça-feira, a Comissão Europeia ajustou a sua proposta de imposição de taxas sobre as importações de veículos eléctricos chineses para a UE para 36,3 por cento, contra o máximo de 37,6 por cento proposto em Julho.

A taxa máxima de 36,3 por cento para combater estas práticas comerciais desleais, que será acrescentada à tarifa habitual de 10 por cento sobre os veículos eléctricos chineses, aplicar-se-á à empresa chinesa SAIC e a todas as empresas não incluídas nas investigações que não tenham cooperado com a investigação da UE.

Serão impostas taxas de 17 por cento e 19,3 por cento à BYD e à Geely, respectivamente. Estes valores são ligeiramente inferiores aos propostos em Julho, na sequência de uma correcção dos cálculos durante a fase de consulta com as empresas.

Os fabricantes chineses que colaboraram no inquérito, mas que não foram incluídos no mesmo, serão sujeitos a uma taxa adicional de 21,3 por cento, ligeiramente superior aos 20,8 por cento sugeridos na primeira proposta de taxas.

23 Ago 2024

Corrupção | Antigo presidente de superliga de futebol condenado

Um tribunal condenou ontem o antigo presidente da Superliga chinesa, prova máxima do futebol na China, a 10 anos de prisão, por aceitar subornos e usar o cargo para obter lucros, após outros dirigentes terem sido punidos por corrupção.

Um tribunal da província de Hubei, centro do país, decidiu que Ma Chenquan deve também pagar uma multa de 800 mil yuan, noticiou ontem o jornal oficial Global Times. As autoridades anticorrupção da província anunciaram há cerca de um ano que estavam a investigar Ma, suspeito de cometer “graves violações da disciplina e da lei”.

Na terça-feira, um outro tribunal condenou o antigo presidente e secretário-geral da Associação de Futebol da Cidade Central de Chengdu, Gu Jimiang, a seis anos de prisão e a uma multa de 400.000 yuan por desvio de fundos e por receber e oferecer subornos.

No mesmo dia, o antigo director de competições da Associação Chinesa de Futebol (CFA), Huang Song, foi condenado a sete anos de prisão por receber subornos. O antigo vice-presidente da CFA, Li Yuyi, foi condenado, na segunda-feira, a 11 anos de prisão por ter aceite um total de cerca de um milhão de yuan em subornos.

Vários dirigentes do futebol chinês foram investigados por corrupção nos últimos anos, incluindo o antigo presidente da Superliga chinesa, Liu Jun, e até o antigo seleccionador nacional de futebol, Li Tie, uma das lendas do futebol chinês.

22 Ago 2024

Sector automóvel na China acusa Comissão Europeia de “distorcer realidade”

A Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis acusou ontem a Comissão Europeia (CE) de “distorcer a realidade” do sector automóvel chinês, após a instituição europeia ajustar a proposta de aumento das taxas sobre veículos eléctricos oriundos do país.

A agência, citada pela televisão estatal CCTV, disse que as taxas alfandegárias punitivas impostas pela CE representam “um risco considerável para as operações e investimentos das empresas chinesas” no mercado europeu. A mesma entidade expressou “forte insatisfação”, alertando que a decisão pode “minar a confiança” das empresas chinesas nas suas operações na Europa, bem como “futuros investimentos” na região.

A Comissão Europeia reduziu as taxas punitivas sobre as importações de veículos eléctricos chineses dos 37,6 por cento máximos propostos em Julho para 36,3 por cento. No entanto, aumentou ligeiramente as taxas sobre empresas não incluídas numa investigação de Bruxelas, mas que colaboraram na mesma.

Segundo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, a imposição destas taxas pode “afectar negativamente” o desenvolvimento do sector automóvel na Europa, bem como as “oportunidades de emprego” na região. A agência considerou também que a medida põe em causa os esforços para alcançar um “desenvolvimento verde e sustentável”.

Os fabricantes chineses instaram o bloco europeu a concentrar-se em “manter um ambiente comercial justo” e “garantir a segurança da cadeia de abastecimento global” da indústria automóvel.

Choque eléctrico

Em Julho passado, Bruxelas propôs a imposição destas taxas sobre veículos eléctricos oriundos da China, considerando, após uma investigação que durou vários meses, que a sua penetração no mercado europeu prejudica os produtores da União Europeia.

Nas palavras da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que anunciou a investigação há onze meses, os mercados mundiais estão a ser inundados “por veículos eléctricos chineses mantidos artificialmente a preços baixos graças a enormes subsídios estatais”.

A taxa máxima adicional de 36,3 por cento para combater estas práticas comerciais consideradas “desleais” por Bruxelas, que será acrescentada à taxa habitual de 10 por cento sobre os veículos eléctricos chineses, aplicar-se-á à empresa chinesa SAIC e a todas as empresas que não colaboraram com a investigação.

As outras empresas incluídas no inquérito, a BYD e a Geely, ficariam sujeitas a taxas punitivas de 17 por cento e 19,3 por cento, respectivamente. Estes valores são ligeiramente inferiores aos propostos em Julho (17,4 por cento e 19,9 por cento), na sequência de uma correcção dos cálculos durante a fase de consulta com as empresas.

Os fabricantes chineses que colaboraram no inquérito, mas que não foram incluídos no mesmo, serão sujeitos a uma taxa de 21,3 por cento, ligeiramente superior aos 20,8 por cento sugeridos na primeira proposta.

A China apresentou este mês uma queixa à Organização Mundial do Comércio sobre as medidas europeias e respondeu nas últimas semanas com investigações “antidumping” contra a carne de porco europeia.

22 Ago 2024

EUA | Pequim preocupada com reorientação da política de armamento

A China afirmou ontem estar “seriamente preocupada” com a informação de que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aprovou um plano estratégico nuclear que reorienta a estratégia de Washington perante a expansão do arsenal nuclear de Pequim.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que o arsenal nuclear da China “não está ao mesmo nível que o dos Estados Unidos”, lembrando que o país asiático segue a política de “só utilizar armas nucleares como retaliação” contra um primeiro ataque externo.

A porta-voz acrescentou que a “teoria da ameaça nuclear chinesa avançada pelos Estados Unidos” é “apenas um pretexto” de Washington “para fugir à sua responsabilidade em matéria de desarmamento nuclear, expandir o seu arsenal e procurar vantagens estratégicas”.

A China “adere a uma estratégia de autodefesa nuclear”, mantém sempre as suas forças nucleares “ao nível mínimo necessário” e “não tem qualquer intenção de se envolver numa corrida ao armamento com qualquer país”, frisou. Mao Ning afirmou igualmente que “os Estados Unidos possuem o maior e mais avançado arsenal nuclear” e “aderem obstinadamente à política de dissuasão nuclear baseada na utilização de armas nucleares sem que tenham sido atacados primeiro”.

“Os Estados Unidos são a maior ameaça nuclear e o maior tomador de riscos estratégicos do mundo”, acrescentou a porta-voz, instando Washington a “cumprir efectivamente a sua responsabilidade de dar alta prioridade ao desarmamento nuclear” e a “continuar a reduzir substancialmente o seu arsenal”.

Altamente secreto

O plano estratégico, que Biden terá alterado em Março, segundo avançou o jornal The New York Times, procura também, pela primeira vez, preparar os Estados Unidos para eventuais desafios nucleares coordenados da China, da Rússia e da Coreia do Norte.

O documento em questão é actualizado aproximadamente de quatro em quatro anos e é tão altamente secreto que não existem cópias electrónicas, apenas um pequeno número de cópias em papel distribuídas a alguns funcionários da segurança nacional e comandantes do Pentágono.

O The New York Times referiu que se espera que o Congresso norte-americano seja informado antes de Biden deixar o cargo após as eleições presidenciais de 5 de Novembro. O documento examina em pormenor se o país está preparado para crises nucleares ou para uma combinação de armas nucleares e não nucleares.

Em Outubro do ano passado, o Pentágono afirmou que a China tinha 500 ogivas nucleares em Maio de 2023, um número que estava a caminho de exceder as projecções anteriores, e que poderia chegar a 1.000 em 2030.

22 Ago 2024

UE | Pequim lança inquérito ‘antidumping’ sobre produtos lácteos

A China anunciou ontem uma investigação ‘antidumping’ – venda abaixo do custo de produção – contra certas importações de produtos lácteos da União Europeia (UE), num contexto de tensões com Bruxelas sobre os veículos eléctricos provenientes da China.

A petição para investigar produtos lácteos europeus importados pela China foi apresentada a 29 de Julho pela Associação da Indústria de Laticínios da China, de acordo com o ministério do Comércio chinês. As investigações vão incidir sobre os produtos importados entre Abril de 2023 e Março de 2024 e os “danos” que estas compras causaram ao sector chinês.

O processo vai analisar produtos lácteos como queijo fresco, requeijão e natas e os efeitos dos programas de subsídios atribuídos à produção de produtos lácteos na Irlanda, Áustria, Bélgica, Itália, Croácia, Finlândia, Roménia e República Checa.

“O Ministério do Comércio decidiu abrir um inquérito ‘antidumping’ sobre determinados produtos lácteos importados da União Europeia, com efeito a partir de 21 de Agosto de 2024”, lê-se no comunicado.

O procedimento visa uma série de subsídios concedidos no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC) da UE.

Na terça-feira, a Comissão Europeia confirmou a sua intenção de impor taxas punitivas sobre automóveis eléctricos fabricados na China, incluindo os da norte-americana Tesla, que tem uma fábrica em Xangai.

Bruxelas considera que os preços dos veículos chineses são artificialmente baixos devido a subsídios estatais que distorcem o mercado e prejudicam a competitividade dos fabricantes europeus.

Estas taxas, que podem atingir os 36 por cento, substituem os impostos provisórios aplicados no início de Julho aos veículos elétricos oriundos da China. Pequim criticou a decisão e ameaçou com retaliações em várias ocasiões nos últimos meses.

22 Ago 2024

Corrupção | Antigo funcionário da Associação Chinesa de Futebol condenado

O antigo director de competições da Associação Chinesa de Futebol Huang Song foi ontem condenado a sete anos de prisão por aceitar subornos, logo após o antigo vice-presidente do organismo ser condenado a 11 anos de prisão.

Um tribunal da província de Hubei, no centro do país, decidiu que Huang Song deve pagar ainda uma multa de 600.000 yuan ao tesouro público, informou ontem a agência de notícias oficial Xinhua.

No mesmo dia, um outro tribunal da mesma cidade condenou o antigo presidente e secretário-geral da Associação de Futebol da cidade central de Chengdu, Gu Jimiang, a seis anos de prisão por desvio de fundos e por receber e oferecer subornos.

O tribunal aplicou a Gu uma multa de 400.000 yuan, que reverterá igualmente para o tesouro público. Na segunda-feira, o antigo vice-presidente da Associação Chinesa de Futebol, Li Yuyi, foi condenado a onze anos de prisão por ter recebido subornos num total de cerca de um milhão de yuan.

Nos últimos anos, vários dirigentes do futebol chinês foram investigados por corrupção, incluindo o antigo presidente da Superliga Chinesa, Liu Jun, e o antigo seleccionador nacional de futebol, Li Tie, uma das lendas do futebol chinês.

Em Março passado, o antigo presidente da CFA, entre 2019 e 2023, Chen Xuyuan, foi condenado a prisão perpétua por aceitar mais de 81 milhões de yuan em subornos ao longo de 13 anos de carreira.

Em Outubro passado, a CFA prometeu “mais abertura e transparência” face aos vários casos de corrupção nas suas fileiras.

Após a sua chegada ao poder em 2012, o actual secretário-geral do Partido Comunista da China (PCC) e Presidente do país, Xi Jinping, iniciou uma campanha anticorrupção, no âmbito da qual vários altos quadros chineses foram condenados por aceitarem subornos milionários.

21 Ago 2024

Nuclear | Pequim aprova 11 reactores com investimento de 28 mil milhões de euros

O Conselho de Estado (Executivo) chinês aprovou ontem cinco novos projectos nucleares com um total de onze reactores e um investimento que, segundo a imprensa chinesa, rondará os 220 mil milhões de yuan.

A aprovação simultânea de 11 reactores representa um novo recorde, segundo o jornal Jiemian. Estes novos pontos de produção de electricidade situam-se nas províncias de Jiangsu, Shandong, Guangdong, Zhejiang e Guangxi.

O jornal Jiemian estima o investimento em 220 mil milhões de yuan, multiplicando o custo médio por reactor em 20 mil milhões de yuan. A China demora normalmente cerca de cinco anos entre a aprovação do projecto e a sua conclusão.

Seis destes reactores vão ser operados por filiais do grupo estatal China General Nuclear Power Group (CGN) e espera-se que vários deles sejam do tipo Hualong One, de terceira geração, desenvolvido pela China.

A China National Nuclear Corporation (CNNC) construirá mais três centrais e a State Power Investment Corporation (SPIC) construirá as outras duas. Ambas as empresas são igualmente detidas pelo Estado.

Um dos projectos operados pela CNNC, Xuwei, incluirá um reactor de quarta geração arrefecido a gás, capaz de fornecer calor e electricidade e com características de segurança mais avançadas.

De acordo com a agência Bloomberg, a China tem mais reactores em construção do que qualquer outro país do mundo, depois de ter aprovado uma dúzia em cada um dos últimos dois anos, o que faz com que se preveja que venha a ser o maior produtor mundial de energia nuclear até 2030, ultrapassando a França e Estados Unidos.

Actualmente, existem 56 reactores em funcionamento no país asiático, que produzem 5 por cento da procura total de electricidade, segundo dados do Governo chinês.

21 Ago 2024

Pequim prepara multa a PwC devido a escândalo contabilístico da Evergrande

Os reguladores chineses estão a ultimar os pormenores de uma grande investigação à PriceWaterhouseCoopers (PwC) pelo seu papel de auditora do gigante imobiliário endividado Evergrande durante 14 anos, até 2023, informou ontem a imprensa de Hong Kong.

O jornal Sing Tao Daily, que cita fontes que pediram para não ser identificadas, salientou que a China “acelerou” as investigações e que já tem a aprovação da própria PwC – uma das ‘quatro grandes’ consultoras mundiais -, excepto no que se refere à acusação de que esta conspirou com a Evergrande para inflacionar o seu volume de negócios e os seus lucros em 2019 e 2020.

Embora, segundo o Sing Tao, o montante da coima esteja “praticamente decidido” – a Bloomberg disse há alguns meses que seria o equivalente a pelo menos 140 milhões de dólares e que levaria mesmo à suspensão de algumas operações na China -, a PwC está a tentar atenuar a linguagem “muito dura” utilizada pelos reguladores no projecto que estão a tratar.

Em Março, o regulador de valores mobiliários da China anunciou uma multa de 4,175 mil milhões de yuan para a principal subsidiária doméstica do Grupo Evergrande, por emissão fraudulenta de obrigações e ilegalidades na divulgação de informações.

O fundador do grupo, Xu Jiayin, foi também multado em 47 milhões de yuan, a coima máxima, e banido para sempre dos mercados bolsistas.

Na sua investigação, os reguladores descobriram que a Evergrande inflacionou o seu volume de negócios e os seus lucros nos exercícios de 2019 e 2020, o que resultou na emissão fraudulenta de obrigações e na inclusão de informações falsas nos seus relatórios anuais.

A Evergrande inflacionou o seu volume de negócios em 78 mil milhões de dólares e os seus lucros em mais de 12 mil milhões de dólares. “O risco para a reputação da PwC, não apenas na China mas numa escala mais alargada, é muito real”, afirmou Richard Murphy, professor de práticas contabilísticas na Universidade de Sheffield, no Reino Unido.

Com consequências

No início de 2023, a PwC anunciou que se demitiu da auditoria à Evergrande devido a discrepâncias na quantidade de informação recebida para avaliar as contas da empresa relativas ao exercício de 2021.

E ainda este mês, os administradores legais da Evergrande intentaram uma acção judicial contra a empresa de consultoria, que acusam de “negligência” e “deturpação” no seu trabalho de auditoria das contas da Evergrande, especificamente em 2017 e no primeiro semestre de 2018.

No rescaldo do escândalo, a PwC, uma das empresas de auditoria mais utilizadas pelos promotores chineses, perdeu mais de 40 clientes no país asiático.

O último caso deste êxodo ocorreu na segunda-feira, quando o estatal Banco da China, um dos maiores bancos do país, anunciou que iria dispensar os serviços da PwC e contratar a EY como sua nova auditora.

21 Ago 2024

Vietname | Ministro da Defesa pede mais colaboração e exercícios conjuntos

A visita do Presidente vietnamita, To Lam, à China terminou ontem. Para trás, ficou a promessa de intensificar a colaboração dos dois países em exercícios militares que contribuam para assegurar a paz regional

 

O ministro da Defesa chinês, Dong Jun, pediu ontem, em Pequim, ao homólogo vietnamita, Phan Van Giang, que “impulsione a cooperação internacional e os exercícios conjuntos” entre os dois países vizinhos.

A reunião coincidiu com o fim da visita do Presidente vietnamita, To Lam, à China, a primeira deslocação oficial a um país estrangeiro desde que foi eleito este mês secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, o cargo mais poderoso do seu país.

Nesta reunião entre os ministros da Defesa, o ministro chinês sublinhou a “necessidade” de as duas forças armadas “intensificarem os seus esforços para melhorar a qualidade e a eficácia da cooperação”.

“Temos de trabalhar para manter a dinâmica da cooperação em vários domínios, incluindo a formação de pessoal, exercícios conjuntos e colaboração internacional. Mas também temos de alargar as áreas de cooperação para obter resultados mais práticos”, afirmou Dong, de acordo com um comunicado do Ministério da Defesa chinês.

Phan Van Giang afirmou que a parte vietnamita continuará a “reforçar a cooperação com os militares chineses em visitas mútuas e intercâmbios fronteiriços amigáveis” e a “elevar os laços bilaterais para um novo nível”.

Amizade prioritária

Em Agosto deste ano, a polícia dos dois países realizou um treino conjunto anti-terrorismo no sul da China e, no final do ano passado, uma delegação vietnamita participou nos exercícios chineses “Paz e Amizade 2023”, realizados na cidade de Zhanjiang, no sul do país.

A reunião foi realizada na sequência dos recentes atritos entre a China e as Filipinas sobre águas disputadas no Mar do Sul da China, uma área onde Pequim e Hanói também estão em desacordo.

No entanto, o líder vietnamita To Lam afirmou, durante o seu encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, na segunda-feira, que está “mais do que disposto a continuar a tradição de amizade” com Pequim para “aprofundar e melhorar a parceria estratégica global” entre os dois países.

China e Vietname partilham uma fronteira de quase 1.300 quilómetros e fortes laços económicos, com o comércio bilateral a atingir 175,6 mil milhões de dólares, em 2022.

A neutralidade diplomática do Vietname, que visa maximizar os seus próprios interesses, atingiu novos patamares, tendo recebido em menos de um ano o Presidente russo, Vladimir Putin, o Presidente norte-americano, Joe Biden, e Xi Jinping.

21 Ago 2024

Mar do sul | Pequim acusa barco filipino de bater de propósito contra navio chinês

A guarda costeira chinesa acusou as Filipinas de terem deliberadamente colidido ontem com um dos seus navios contra uma embarcação chinesa, perto do Atol Sabina, um novo ponto de inflamação nas disputas territoriais entre os dois países.

Dois navios da guarda costeira filipina entraram em águas próximas do banco de areia, ignoraram o aviso da guarda costeira chinesa e “colidiram deliberadamente” com um dos barcos chineses às 03:24, disse a guarda costeira chinesa, em comunicado.

O governo filipino denunciou, porém, manobras “ilegais e agressivas” dos navios da guarda costeira chinesa, perto do atol disputado nas ilhas Spratly. As duas colisões ocorreram contra embarcações filipinas que tinham como missão entregar mantimentos ao pessoal estacionado nas ilhas Patagonian e Lawak.

Uma das colisões causou um buraco de cerca de 12 centímetros de diâmetro no convés do navio filipino Cape Engaño, quando este navegava a cerca de 23 milhas náuticas a sudeste do Atol Sabina, informou o comunicado, acompanhado de fotografias dos danos.

“O lado filipino é inteiramente responsável pela colisão”, disse, por sua vez, o porta-voz da guarda costeira chinesa, Gan Yu. “Advertimos a parte filipina para que ponha imediatamente termo às suas infracções e provocações, caso contrário arcará com todas as consequências daí decorrentes.”

Gan acrescentou que a China tem “soberania indiscutível” sobre as ilhas Spratly, conhecidas em chinês como ilhas Nansha, incluindo o Atol Sabina e as águas adjacentes. O nome chinês para aquele atol é Xianbin.

Minutos depois desta colisão e em águas próximas, outro navio chinês abalroou “duas vezes” outra embarcação filipina, identificada como BRP Bagacay, que acabou por sofrer “danos estruturais menores”.

20 Ago 2024

Tailândia | Pena de prisão para activista por se mascarar de rainha

Um tribunal de recurso da Tailândia confirmou ontem a condenação a dois anos de prisão da activista Jatuporn Sae-ung, por difamar a monarquia ao mascarar-se de rainha Suthida durante um protesto em 2020.

A organização Thai Lawyers for Human Rights (TLHR), que representa a arguida, afirmou ontem na rede social X que está a solicitar a liberdade perante o pagamento de fiança, enquanto recorre da sentença para o Supremo Tribunal, última instância para reverter a decisão.

A condenação é a mais recente de uma vasta campanha legal das autoridades para sufocar nos tribunais o movimento pró-democracia, que desencadeou protestos em massa em meados de 2020 e abriu um debate público sobre o papel da monarquia na sociedade actual da Tailândia, escreveu a agência de notícias EFE.

A jovem desfilou por uma das principais avenidas de Banguecoque com um fato de seda cor-de-rosa e uma pequena mala dourada durante uma das manifestações. A roupa e a forma de andar da activista, acompanhada por uma comitiva que a protegia sob um guarda-chuva, são semelhantes às dos eventos de recepção da monarquia tailandesa.

O código penal da Tailândia estipula penas de três a 15 anos de prisão para quem difamar, insultar ou ameaçar o rei, a rainha ou o príncipe herdeiro, embora a instituição tenha perdido popularidade entre os tailandeses nos últimos anos.

A decisão judicial de ontem surge após algumas semanas de grande agitação na política do país. A 7 de Agosto, o Tribunal Constitucional ordenou a dissolução do partido reformista Move Forward, considerando a proposta avançada pelo grupo de reforma da lei que protege a família real uma “ameaça à monarquia constitucional”.

20 Ago 2024

China / EUA | Moeda e branqueamento de capitais na agenda

Delegações da China e dos Estados Unidos abordaram, na semana passada, em Xangai, leste da China, a política monetária dos dois países e medidas contra o branqueamento de capitais, informaram ontem as autoridades chinesas.

Na quinta reunião do grupo de trabalho financeiro conjunto, delegações dos dois países tiveram reuniões “profissionais, pragmáticas, francas e construtivas”, que abordaram ainda o fluxo de dados e pagamentos transfronteiriços, a resiliência das instituições financeiras ou medidas contra o financiamento do terrorismo, informou ontem o Banco Popular da China, em comunicado.

Antes da viagem, a imprensa norte-americana afirmou que a delegação dos EUA procuraria também discutir a luta contra o fentanil, mas o comunicado divulgado pela instituição chinesa não faz qualquer referência a esta questão.

A reunião, que teve lugar na quinta e sexta-feira da semana passada, foi presidida, do lado chinês, pelo vice-governador do Banco Popular da China, Xuan Changneng, e, do lado norte-americano, pelo subsecretário do Tesouro para as Finanças Internacionais, Brent Neiman.

Funcionários das autoridades reguladoras de ambos os países e da Reserva Federal dos EUA (Fed) também estiveram presentes na ronda de diálogo, que acolheu, pela primeira vez, instituições financeiras, para explorar possíveis oportunidades de cooperação e partilhar experiências sobre finanças sustentáveis.

Dedicação mútua

O banco central chinês e o Departamento do Tesouro dos EUA assinaram documentos destinados a reforçar “os canais para uma comunicação atempada e fluida” sobre gestão financeira e reduzir as incertezas “quando surgem situações de pressão financeira e riscos operacionais para as instituições financeiras”.

Embora o comunicado apenas mencione que o Banco Popular da China “levantou preocupações sobre questões de interesse” com os emissários norte-americanos, o jornal oficial Global Times indicou, na semana passada, que os funcionários chineses iriam centrar-se nas “crescentes restrições económicas e comerciais” que estão a ser impostas à China e exigir que Washington “pare de politizar as questões comerciais”.

As duas partes concordaram em manter a comunicação no futuro, acrescentou o comunicado, sem fornecer mais pormenores sobre quando vai ter lugar a próxima ronda de diálogo.

Este grupo de trabalho foi criado em 2023, juntamente com outro dedicado a questões económicas, e é supervisionado conjuntamente pelo vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng e pela secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, que visitou a China em Abril.

20 Ago 2024

China | Principais rios sofreram recorde de 25 grandes inundações este ano

Os principais rios da China sofreram este ano, até agora, 25 grandes inundações, o número mais elevado desde o início da recolha de dados, em 1988, segundo o Ministério dos Recursos Hídricos do país asiático.

O ano de 2024 caracterizou-se por “frequentes fenómenos meteorológicos extremos”, com chuvas intensas e inundações em grande escala, tanto no norte como no sul da China, afirmaram em conferência de imprensa funcionários do ministério.

O vice-ministro Wang Bao’en advertiu que “a China ainda enfrenta desafios este ano”, uma vez que a época das cheias ainda não terminou. “Este ano, registámos uma precipitação acumulada superior ao normal devido ao tufão Gaemi. O país registou uma precipitação média acumulada de 183 milímetros, mais 10 por cento do que a média anual”, afirmou.

O tufão Gaemi despejou um total de 216,7 mil milhões de metros cúbicos de chuva nas regiões do sul do país, o que representa “um aumento significativo de 43 por cento” em relação aos 151,8 mil milhões de metros cúbicos despejados pelo tufão Doksuri, no ano passado.

As grandes inundações registaram-se com maior frequência do que a média anual e cerca de 30 rios em todo o país ultrapassaram os níveis históricos. Foram registadas 13 grandes inundações nas bacias hidrográficas do rio Yangtsé, do rio Amarelo, do rio Huaihe e do rio das Pérolas, entre outros.

“Os rios que excederam os níveis de alerta aumentaram 120 por cento em comparação com o mesmo período dos anos anteriores”, disse Wang.

Consequências pesadas

A frequência de catástrofes relacionadas também aumentou este ano, incluindo o rebentamento de barragens em Yueyang, na província central de Hunan, e o colapso de uma ponte rodoviária em Shangluo, na província central de Shaanxi.

Também se registaram “múltiplas inundações repentinas e deslizamentos de terras” em várias localidades, realçando “a extrema complexidade e gravidade da situação para controlar as inundações”, disse Wang.

O rio Wusuli, situado na província de Heilongjiang, no nordeste da China, que faz fronteira com a Rússia, também registou inundações graves nos últimos dias e persiste o risco de catástrofes secundárias provocadas por chuvas fortes.

Nos últimos Verões, as catástrofes meteorológicas causaram grandes estragos no país asiático: os meses de Verão de 2023 foram marcados por inundações em Pequim que causaram a morte de mais de 30 pessoas, enquanto em 2022 várias ondas de calor extremo e secas atingiram a China central e oriental.

Em Julho de 2021, chuvas de uma intensidade que não se via há décadas fizeram quase 400 mortos na província central de Henan, atribuída pelo governo chinês à “falta de preparação e de perceção dos riscos” por parte das autoridades locais.

20 Ago 2024

Ucrânia | PM Li Qiang visita Rússia e Bielorrússia esta semana

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, vai visitar esta semana a Rússia e a Bielorrússia, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

Durante a sua visita, que decorrerá entre hoje e sexta-feira, Li Qiang participará na 29.ª reunião entre os chefes de governo chinês e russo, detalhou Mao Ning, porta-voz da diplomacia chinesa.

Este evento conjunto realiza-se desde 1996. A parceria estratégica entre os dois países aprofundou-se ainda mais desde o início da invasão russa da Ucrânia.

Pequim apresenta-se como parte neutra no conflito e diz não estar a fornecer armas a nenhum dos lados. O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, visitou a China duas vezes no ano passado, prometendo em Dezembro ser “um parceiro fiável para Pequim”.

A Bielorrússia depende fortemente da Rússia em termos de apoio político e financeiro e o seu território tem sido amplamente utilizado para as manobras russas contra a Ucrânia desde a invasão russa, em Fevereiro de 2022.

Em Julho, a Bielorrússia tornou-se membro da Organização de Cooperação de Xangai, um grupo em rápido crescimento que inclui a China, Índia, Rússia e os países da Ásia Central, com a ambição de actuar como contrapeso ao Ocidente.

20 Ago 2024

Vietname | Presidente diz que China é prioridade para Hanói

O Presidente do Vietname, To Lam, disse ontem ao homólogo chinês, Xi Jinping, que a relação com a China é a principal prioridade da política externa vietnamita, durante um encontro, em Pequim.

“Como irmãos, observamos sempre cada passo do desenvolvimento da China e estamos satisfeitos com as conquistas que o Partido [Comunista], o governo e o povo da China alcançaram sob a sua liderança”, disse Lam, no seu discurso, antes de se encontrar com Xi.

Os dois dirigentes assinaram 14 acordos de cooperação em domínios como a educação política, infraestruturas, os cuidados de saúde e a banca.

A visita de três dias de Lam à China ocorre cerca de duas semanas após a sua confirmação como secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, o cargo político mais importante do país. O responsável sucedeu a Nguyen Phu Trong, que morreu no mês passado após 13 anos como líder.

China e Vietname partilham uma fronteira de quase 1.300 quilómetros e fortes laços económicos, com o comércio bilateral a atingir 175,6 mil milhões de dólares, em 2022.

Lam afirmou que o Vietname apoia a reivindicação da China sobre Taiwan, conhecida como o princípio ‘Uma só China’, e que quaisquer questões relativas a Hong Kong e às regiões do Tibete e Xinjiang constituem assuntos internos da China.

Espera-se que Lam mantenha a “diplomacia do bambu”, caracterizada pela flexibilidade e pela recusa em se alinhar com um bloco específico.

Diplomacia activa

A neutralidade diplomática do Vietname, que visa maximizar os próprios interesses, atingiu novos patamares, tendo Hanói recebido em menos de um ano o Presidente russo, Vladimir Putin, o Presidente norte-americano, Joe Biden, e Xi Jinping.

Quando Xi visitou o Vietname em Dezembro passado, os dois países anunciaram que iriam construir “um futuro partilhado, com um significado estratégico”. O acordo, que a imprensa estatal chinesa descreveu como elevação dos laços, foi visto como uma concessão pelo Vietname, que tinha resistido a usar essa expressão no passado.

Vladimir Putin encontrou-se com Lam no Vietname em Junho, depois de visitar a Coreia do Norte, numa rara viagem ao estrangeiro do líder russo, que tem sido ostracizado por muitos países devido à invasão da Ucrânia em 2022.

Lam iniciou a sua viagem à China no domingo em Cantão, um importante centro de produção e exportação perto de Hong Kong. Também visitou locais na cidade do sul onde o antigo líder comunista do Vietname, Ho Chi Minh, passou algum tempo nas décadas de 1920 e 1930.

O Vietname tem beneficiado economicamente do investimento dos fabricantes chineses, que transferiram a produção para o país do Sudeste Asiático, em parte para contornar as restrições dos EUA aos painéis solares e outras exportações oriundas da China.

20 Ago 2024

Gaza | Quase 20 mortos em novo ataque do exército de Israel

O Exército de Israel atacou, na madrugada de ontem, o norte, centro e sul do enclave palestiniano de Gaza, num ataque que fez quase 20 mortos, incluindo crianças, anunciaram fontes palestinianas.

Este ataque acontece ao mesmo tempo que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se dirige para a região para tentar fechar um acordo de cessar-fogo após meses de negociações contenciosas.

Os EUA e os restantes mediadores, Egipto e Qatar, apontam estar perto de acordo após dois dias de negociações em Doha, com autoridades americanas e israelitas, mas o Hamas tem mostrado resistência e ontem denunciou novas exigências de Israel.

Pelo menos quatro palestinos morreram no campo norte de Jabalia, criado pela ONU em 1948 para abrigar palestinianos deslocados. Aviões israelitas terão bombardeado dois apartamentos, informou a agência palestiniana Wafa, acrescentando que as equipas de resgate procuram vítimas nos escombros.

Outros quatro palestinianos morreram na noite passada na cidade de Deir el Balah, no centro da Faixa de Gaza, num ataque a uma casa localizada ao sul da cidade, e uma mulher e uma menina morreram a leste de Khan Yunis, quando a casa pertencente à família Musbbeh foi bombardeada, segundo fontes palestinianas.

Já a Al Jazeera informou que outras sete pessoas, incluindo três crianças, morreram num ataque de aviões de guerra israelitas contra uma torre residencial no campo de refugiados de Nuseirat (centro).

De acordo com o Exército, as tropas israelitas da 98.ª Divisão continuam a operar tanto em Deir el Balah como em Khan Yunis, para eliminar lançadores de foguetes e armamento, incluindo granadas explosivas e Kalasnikovs.

Além disso, em Rafah (sul), e de acordo com um comunicado militar divulgado ontem, alegaram ter eliminado cerca de 20 milicianos “acima e no subsolo”.

Genocídio em curso

Durante 317 dias consecutivos, e já ultrapassando as 40.000 mortes, Israel continua a sua ofensiva na Faixa de Gaza, ignorando o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), que ordenou que evitasse o genocídio na sua ofensiva militar em Rafah.

Estima-se que estejam pelo menos 10 mil palestinianos desaparecidos e mais de 92.500 feridos. No total, quase 2,3 milhões de pessoas de toda a Faixa de Gaza foram deslocadas. As negociações de longa duração foram repetidamente paralisadas numa guerra que causou uma catástrofe humanitária.

A proposta actual pede um processo de três fases no qual o Hamas libertaria todos os reféns sequestrados durante seu ataque de 07 de Outubro, que desencadeou a guerra mais mortal já travada entre israelitas e palestinianos.

Em troca, Israel retiraria suas forças de Gaza e libertaria prisioneiros. Especialistas alertaram sobre a fome e o surto de doenças como a poliomielite.

19 Ago 2024

Tailândia | Paetongtarn Shinawatra empossada como primeira-ministra

A nova PM é a terceira da família Shinawatra a exercer o cargo depois do pai, o bilionário Thaksin e da tia Yingluck o terem feito já neste século

 

Paetongtarn Shinawatra, filha do controverso bilionário e antigo primeiro-ministro tailandês Thaksin, foi ontem empossada como nova chefe de governo pelo rei Maha Vajiralongkorn, no final de mais uma crise política no país.

Aos 37 anos, Paetongtarn torna-se a primeira-ministra mais jovem da história do reino, na sequência da demissão do antecessor Srettha Thavisin, no âmbito de um processo de corrupção e da dissolução do principal partido da oposição uma semana antes.

É a terceira Shinawatra a ocupar o cargo de primeiro-ministro, depois do pai Thaksin (2001-2006) e da tia Yingluck (2011-2014), ambos derrubados por golpes de Estado. “Como chefe de governo, trabalharei com o parlamento de todo o coração, aberta a todas as ideias para contribuir para o desenvolvimento do país”, declarou.

Paetongtarn recebeu o mandato real para formar governo numa cerimónia realizada, na sede de uma antiga estação de televisão pró-Thaksin. Thaksin Shinawatra, um bilionário de 75 anos que foi forçado ao exílio em 2008 devido a acusações de corrupção, recebeu um perdão real no sábado e estava sentado na primeira fila da cerimónia.

Paetongtarn dirige um governo de coligação liderado pelo seu partido, Pheu Thai, a última encarnação do movimento político fundado pelo pai no início dos anos 2000, mas que inclui também forças pró-militares que há muito se opõem a Thaksin.

Há mais de 20 anos que o reino está dividido entre uma velha guarda pró-monárquica protegida pelo exército e eleitores ávidos de mudança, mas cuja vontade expressa nas urnas não está a ser respeitada, de acordo com o campo pró-democracia.

“Espero poder catalisar a energia de todas as gerações, de todas as pessoas talentosas da Tailândia – o governo, a coligação, os funcionários públicos, o sector privado e o povo”, disse Paetongtarn.

Desafio aceite

A nova líder é a terceira filha de Thaksin, um antigo polícia que fez fortuna no sector das telecomunicações e foi eleito duas vezes primeiro-ministro, em 2001 e 2005, antes de ser derrubado por um golpe de Estado em 2006.

Cresceu em Banguecoque e estudou gestão hoteleira no Reino Unido antes de dirigir o ramo hoteleiro do império familiar até ao final de 2022.

Entrou então para a política tendo em vista às legislativas do ano passado, nas quais o Pheu Thai ficou em segundo lugar, atrás do partido progressista Move Forward, que foi dissolvido a 7 de Agosto, sob acusações de lesa-majestade.

Apesar de ter ficado em primeiro lugar nas legislativas, o Move Forward foi impedido de formar governo pelos senadores conservadores nomeados pela junta militar, assustados com os projectos de reforma do partido.

O Pheu Thai estabeleceu então um difícil acordo de coligação com partidos pró-militares que se opunham firmemente a Thaksin e apoiantes, o que levou à ascensão de Srettha.

No entanto, em menos de um ano, tornou-se o terceiro primeiro-ministro do Pheu Thai a ser expulso pelo Tribunal Constitucional por ter nomeado um ministro condenado por corrupção.

Depois de ter sido eleita na sexta-feira passada por uma clara maioria de deputados para lhe suceder, Paetongtarn reconheceu a falta de experiência, mas disse estar pronta para aceitar o desafio de “melhorar a qualidade de vida e dar poder a todos os tailandeses”.

“Vai ter de trabalhar arduamente. A vantagem é que é jovem e toda a gente está disposta a ajudá-la. Ela é humilde”, afirmou Thaksin, no final da cerimónia.

19 Ago 2024