João Santos Filipe China / ÁsiaCentral Nuclear de Taishan terá entrado em funcionamento [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] reactor número 1 da Central Nuclear de Taishan, a cerca de 80 quilómetros de Macau, entrou em funcionamento de forma “secreta” no início do mês. A notícia foi avançada pela agência FactWire, de Hong Kong, que refere que a uma semana da entrada em funcionamento da infra-estrutura foram detectados mais problemas pelo Governo chinês, nomeadamente através da Administração Nacional para a Segurança Nuclear (NNSA, na sigla inglesa). A notícia tem por base a informação divulgada na página da Agência Internacional da Energia Atómica, que colocou, no dia 6 de Junho, no campo do estado do reactor da Central Nuclear de Taishan a expressão “em funcionamento”. Contudo, diz a FactWire, o maior accionista, a empresa China General Nuclear Power, nunca declarou essa informação de forma oficial nem publicamente. Ainda de acordo com a agência de Hong Kong, uma semana antes da entrada em funcionamento da Central Nuclear de Taishan, um relatório da NNSA apontava para várias falhas nas operações. Na sequência de uma inspecção nos finais de Maio, o regulador chinês declarou que tinha encontrado lacunas nos sistemas de monitorização da actividade dos reactores, assim como falhas humanas nas respostas aos falsos alarmes. Segundo o mesmo relatório, a empresa tinha de corrigir as falhas apontadas, antes de colocar em funcionamento o reactor. Tecnologia com atrasos Por outro lado, foram deixadas sugestões por parte do regulador, como a necessidade de haver maior formação para reduzir as hipótese de erros humanos. O relatório não indica o tempo necessário para corrigir os trabalhos. Também não existe informação se os problemas identificados foram corrigidos no espaço de seis dias, ou seja até à altura do funcionamento da central nuclear. Recorde-se que os projectos que recorrem a Reactores de Água Pressurizada Europeus têm tido vários atrasos. Nos países onde também estão a ser instalados, nomeadamente França e Finlândia, houve sucessivos atrasos nas obras e foram detectados vários defeitos. A Central Nuclear de Taishan será assim a primeira a entrar em funcionamento com recurso a este tecnologia. Também em Dezembro do ano passado houve um acidente nas instalações a 80 quilómetros de Macau, quando uma caldeira da central nuclear apresentou fissuras durante um teste. O Governo de Macau tem um mecanismo de comunicação com as autoridades de Cantão sobre esta central nuclear, contudo, até ontem à noite não tinha sido comunicada, nos canais oficiais, a entrada em funcionamento da infra-estrutura.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor-Leste | Banco ANZ anuncia fim de actividade de retalho em Setembro [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] banco australiano ANZ anunciou ontem que vai fechar, a partir de Setembro, a sua actividade de retalho concentrando-se apenas no sector comercial, considerando que essa é a melhor forma de apoiar os principais clientes da instituição. Em comunicado divulgado ontem o banco explica que todos os produtos e serviços de retalho vão fechar a 28 de Setembro deste ano e que a instituição “vai reorientar os seus negócios em Timor-Leste para banca comercial”. “A nossa prioridade estratégica em todo o Pacífico é construir um negócio sustentável, o que significa concentrar os nossos esforços e capital onde podemos ter o impacto mais forte”, explicou Tessa Price, responsável regional do ANZ para o Pacífico. Price considera que o ANZ é “o maior banco comercial em Timor-Leste” orientando a sua acção para apoio a “clientes impulsionados pelos fluxos de comércio e capital na região” e que no retalho é “o menor de todos os bancos em Timor-Leste, com menos de 2 por cento de quota de mercado”. “Estamos confiantes que Timor-Leste irá desfrutar de prosperidade económica a longo prazo e, concentrando-se na banca comercial, podemos ter um impacto ainda maior no bem-estar dos nossos clientes e da comunidade aqui”, sublinhou. Andre Young, responsável do banco em Timor-Leste, disse que a decisão pretende criar um “banco mais simples, com um foco claro em serviços bancários comerciais” e capaz de “oferecer melhor serviço aos clientes comerciais, investindo os esforços e recursos no negócio”. “Continuamos comprometidos com Timor-Leste, onde estamos presentes desde 2001, e continuaremos a fornecer produtos internacionais para atender os clientes comerciais da região, com foco no comércio e nos mercados globais”, frisou. Empregos garantidos Young garantiu que todos os funcionários no sector de retalho terão outros cargos noutras áreas do banco. Uma porta-voz do ANZ disse à Lusa que o fim da componente de retalho “não terá um impacto nos custos de fundos”. A mesma fonte negou à Lusa que a decisão do banco tenha a ver com a situação económica e política que Timor-Leste viveu no último ano, com o impasse entre Governo e parlamento a levar a eleições antecipadas. O país ainda está à espera da formação do novo Governo e da aprovação de orçamento para este ano, com Timor-Leste a viver com duodécimos desde Janeiro. No final de Março deste ano, segundo informação publicada pelo ANZ, o banco tinha empréstimos a clientes no valor de 43 milhões de dólares – o segundo maior volume do sistema financeiro de Timor-Leste, atrás do timorense BNCTL. O banco tinha depósitos de clientes no valor de 139,33 milhões de dólares, com depósitos de 139,33 milhões, o terceiro maior valor das seis instituições financeiras que operam no país.
Hoje Macau China / ÁsiaPolítica | Povoação onde Xi “se fortaleceu” torna-se local de doutrinação [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] aldeia onde Xi Jinping passou a adolescência tornou-se num local de peregrinação para funcionários públicos e membros do partido. Liangjiahe, no noroeste da China, entrou no mapa como um sítio de devoção e enaltecimento das capacidades do mais poderoso líder político chinês das últimas décadas. À entrada da aldeia Liangjiahe, no árido noroeste chinês, três dezenas de polícias fardados ouvem uma guia contar as façanhas do Presidente Xi Jinping durante um dos períodos mais brutais na história recente da China Os polícias seguem depois um trajecto de centenas de metros, onde examinam um poço e um sistema que converte estrume em gás metano, construídos por Xi durante os sete anos que o forjaram no líder chinês mais forte das últimas décadas. “Viemos estudar o pensamento de Xi Jinping na Nova Era”, explica um funcionário público de um condado da província de Shandong, a quase mil quilómetros dali. Um segundo grupo, composto por 40 funcionários do município de Pequim, viajou 11 horas de comboio. Outros viajaram oito horas de camioneta, desde Hubei, centro do país. Desde que ascendeu ao poder, em 2013, Xi Jinping tornou-se o núcleo da política chinesa, desmantelando o sistema de “liderança colectiva” cimentado pelos líderes chineses desde finais dos anos 1970. Sob a sua liderança, que após uma emenda constitucional recente passou a ser vitalícia, as autoridades têm reforçado o controlo ideológico sobre a sociedade, ensino ou religião. Situado a 80 quilómetros da cidade de Yan’an, o bastião do Partido Comunista (PCC) durante a guerra civil chinesa, Liangjiahe tornou-se um destino obrigatório para funcionários públicos chineses e os quase 90 milhões de membros do PCC. Nas paredes da gruta onde Xi passou a sua adolescência estão afixadas fotografias suas e edições dos anos 1960 do jornal oficial do partido. Garrafas térmicas, lâmpadas de querosene e uma cama espartana dão ao local um ar autêntico. O leitor Entre quase 30 livros que Xi terá deixado na aldeia, além de obras sobre Marxismo e a revolução soviética, constam os romances “Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway, ou “Noventa e três”, de Victor Hugo. “Os camponeses lembram Xi como um leitor voraz, que gostava de lhes contar sobre as histórias que lia”, conta uma local. Xi chegou a Liangjiahe em 1969, seguindo um fluxo de jovens urbanos para as aldeias do interior, para “aprenderem com os camponeses”, parte de uma radical campanha de massas lançada pelo fundador da República Popular, Mao Zedong. Tinha 15 anos. A China estava então mergulhada no caos e violência, com dezenas de milhões de pessoas a serem perseguidas, presas e torturadas sob a acusação de serem reaccionárias ou “inimigos de classe”. Mais de um milhão morreu. Filho de um general, Xi estudava até então num liceu de Pequim, que passou a ser considerado um “berço para mimar os filhos dos altos quadros do partido e gerador de uma classe sucessora da burguesia”. O seu pai, classificado de “revisionista infiltrado”, foi enviado para trabalhar numa fábrica de tractores, antes de ser preso. A sua irmã mais velha, Xi Heping, suicidou-se. Nas ruas da capital chinesa, Xi passou a ser vítima dos abusos dos guardas vermelhos, os jovens radicais que constituíam “a vanguarda da Revolução Cultural”, antes de ser enviado para Liangjiahe. “Toda a gente no comboio estava a chorar, mas eu sorria”, recordou o líder chinês numa entrevista, em 2004, sobre a sua partida. “Se eu não deixasse Pequim, não sei se sobreviveria”. Ao longo da sua vida, Xi continuou a visitar a aldeia, ilustrando a importância do local na sua formação. “Como se costuma dizer: a faca afia-se contra a pedra; as pessoas fortalecem-se nas adversidades”, comentou, anos mais tarde. “Aquele período na aldeia deu-me forças para reagir perante os obstáculos”. Todos os funcionários que diariamente acorrem a Liangjiahe – no ano passado a aldeia recebeu mais de um milhão de visitantes – envergam um crachá com a inscrição “em formação”. Mas Zhan, um taxista local de 27 anos, desmistifica: “Na verdade, eles só vêm para aqui divertir-se”. Às 11 da noite, o mercado noturno de Yan’an enche-se de jovens membros do PCC, oriundos de vários pontos da China. Nas mesas das esplanadas, que acomodam baldes de cinco litros de cerveja e espetadas de carne, eles brindam e festejam.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Washington quer um desarmamento “completo” [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, insistiu ontem, em Seul, que Washington quer a desnuclearização completa de Pyongyang com base no que foi estipulado na cimeira entre o presidente Donald Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un. Pompeo sublinhou que o seu governo aposta na “desnuclearização completa, verificável e irreversível”, como declarou antes da cimeira. As palavras de Pompeo chegam em resposta à imprecisão dos termos empregados na declaração conjunta que Kim e Trump assinaram ao final da sua reunião histórica em Singapura, na última terça-feira. Trump e Kim assinaram um texto onde se comprometem em abrir uma nova era de relações e estabelecer “uma paz estável e duradoura”, enquanto Washington oferece garantias de sobrevivência ao regime e ambos trabalham para conseguir a desnuclearização da península coreana. No entanto, nenhum mecanismo concreto ou prazo de implementação para nenhum dos pontos foi detalhado, algo que, segundo Washington, será negociado em sucessivas conversas. Pompeo também afirmou que não serão relaxadas as sanções sobre a Coreia do Norte antes de alcançar a mencionada “desnuclearização completa” e que Kim “entende a urgência” de um processo que, segundo ele, será implementado de maneira “sequencial e com condições”. Tóquio e Pyongyang: cimeira à vista Por outro lado, o Japão e a Coreia do Norte estão a negociar a realização de uma cimeira entre o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, que poderia acontecer em Agosto ou Setembro, informou nesta quinta-feira o jornal nipônico “Yomiuri”. Autoridades dos dois países conversaram várias vezes nos últimos meses para negociar o encontro, que poderia ocorrer em Pyongyang em Agosto ou durante um fórum internacional, no mês seguinte, segundo fontes do governo ouvidas pelo jornal. O primeiro-ministro japonês declarou que está “decidido” que o Japão se reúna “directamente” com a Coreia do Norte para resolver seus conflitos, em declarações após Trump ter comunicado ao líder norte-coreano algumas das preocupações de Tóquio. O encontro serviria para resolver problemas como o desenvolvimento de mísseis e nuclear e os sequestros de cidadãos japoneses cometidos há décadas pelo regime, disse o porta-voz do Executivo, Yoshihide Suga. No entanto, nada foi “decidido ainda”. Militares discutem fim dos exercícios Entretanto, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul estão em conversações ao mais alto nível militar para abordar a redução de tensões na zona de fronteira entre os dois países. O objectivo deste encontro na vila fronteiriça de Panmunjom é o de alcançar um firme compromisso por parte da Coreia do Sul de terminar os exercícios militares com os Estados Unidos. Estas negociações são as primeiras a integrarem generais de ambas as Coreias desde Dezembro de 2007. “Nós vamos investir os nossos melhores esforços para garantir uma nova era de paz na Península Coreana”, sublinhou o major-general sul-coreano Kim Do-gyun antes do encontro. Os militares coreanos poderão ainda discutir temas como a promoção de um diálogo regular e a criação de um ‘canal aberto’ entre os oficiais de topo. Já o Japão considera que a presença das tropas norte-americanas na Coreia do Sul e as manobras militares conjuntas dos dois países “desempenham um papel vital” para a segurança da Ásia de Leste, afirmou o ministro da Defesa japonês. “Os exercícios e a presença militar dos EUA desempenham um papel vital na segurança da Ásia de Leste”, declarou Itsunori Onodera, em resposta ao anúncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a interrupção destes exercícios.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Banco Central mantém taxa de juros [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] banco central da China deixou ontem inalteradas as taxa de juros para empréstimos interbancários, uma decisão inesperada que coincide com o aperto da política monetária nos Estados Unidos e foi tomada juntamente com a divulgação de dados que mostram que a segunda maior economia do mundo perdeu mais força do que o esperado. A decisão do Banco Popular da China destacou a incerteza sobre as perspectivas económicas no momento em que as autoridades tentam enfrentar o desafio de uma disputa comercial com os Estados Unidos e a batalha do governo contra a dívida. A taxa para operações de recompra reversa de sete dias foi mantida em 2,55 por cento, a de 14 dias permaneceu em 2,70 por cento e a de 28 dias ficou em 2,85 por cento, disse o banco central em comunicado em seu site. As recompras reversas são uma das ferramentas mais usadas do banco central para controlar a liquidez no sistema financeiro. Analistas esperavam que o banco central chinês acompanhasse o Federal Reserve e elevasse o juros, como tem a tendência de fazer, para manter estável o spread entre os rendimentos dos títulos chineses e norte-americanos, reduzindo os riscos de potencial saída de capital que poderia pressionar o yuan. “Mas parece agora que o banco central chinês não precisa mais estabilizar a moeda”, disse Ken Cheung, estrategista sénior do Mizuho Bank. “Os dados económicos de Maio mostraram fraqueza na economia. Acredito que eles escolheram não elevar os juros agora para manter o ímpeto de crescimento económico.” A China divulgou dados de actividade mais fracos do que o esperado para Maio, ampliando a visão de que a economia está finalmente a começar a desacelerar sob o peso do prolongado combate aos empréstimos mais arriscados que eleva os custos do empréstimo a empresas e consumidores. Na quarta-feira o Fed elevou a taxa de juros nos EUA em 0,25 ponto percentual pela segunda vez no ano, e deve fazer mais dois aumentos em 2018.
Hoje Macau China / ÁsiaDireitos humanos | ONG pedem à UE que exija a Pequim libertação de activistas [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] rganizações não-governamentais (ONG) apelaram ontem aos líderes da União Europeia para que, na cimeira UE-China, exijam que Pequim liberte activistas pelos direitos humanos, incluindo a viúva do Nobel da Paz Liu Xiaobo, e o livreiro sueco Gui Minhai. Numa carta conjunta com outras 23 organizações não-governamentais, a Human Rights Watch (HRW) lembra que “os líderes da UE, que prometeram o seu total apoio a corajosos defensores dos direitos humanos, vão visitar Pequim quando se comemora um ano desde a morte de Liu Xiaobo, sob custódia da polícia”. “Esses líderes devem agora respeitar os seus compromissos e exigir a libertação imediata de Liu Xia [viúva de Liu Xiaobo], Gui Minhai e muitos outros”, lê-se no comunicado da HRW. Liu Xia está em prisão domiciliária desde que o marido ganhou o Nobel da Paz, em 2010. Gui Minhai, de 53 anos, seguia num comboio com dois diplomatas suecos, em 20 de Janeiro passado, quando foi detido por polícias chineses, em Pequim. Era o dono da “Mighty Current”, editora de Hong Kong conhecida por publicar livros críticos dos líderes chineses. O Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, o Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e a Alta Representante para os Negócios Estrangeiros da UE, Federica Mogherini, vão participar da cimeira UE-China, em meados de Julho, com altos funcionários chineses. A HRW reconhece que a UE tem reagido face às medidas repressivas da China contra os direitos humanos, incluindo através de intervenções no Conselho da ONU para os Direitos Humanos e demonstrações de preocupação e apoio a activistas. “No entanto, nenhuma das acções da UE produziu a libertação de qualquer activista na China e a UE ainda não cumpriu com a sua promessa de colocar todo o seu peso na defesa de defensores da liberdade, democracia e direitos humanos”, nota a HRW. A organização lembra que o Governo chinês “sistematicamente nega direitos fundamentais” a minoria étnicas e comunidades religiosas. “A China exporta cada vez mais as suas práticas abusivas através de instituições internacionais – como investigações criminais politizadas através da Interpol – enquanto tenta travar activistas independentes de participarem em fóruns sobre os direitos humanos, incluindo na ONU”, afirma.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Pequim ameaça anular acordos caso EUA avancem com taxas alfandegárias [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] China renovou ontem a ameaça de invalidar qualquer acordo comercial com os Estados Unidos, na véspera de Washington anunciar uma lista de produtos chineses que serão submetidos a taxas alfandegárias. “Já tornámos claro que caso os EUA avancem com sanções comerciais, incluindo a imposição de taxas alfandegárias, qualquer dos acordos alcançados entre os dois lados no comércio e economia não entrarão em efeito”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa Geng Shuang. A Casa Branca anunciou, no mês passado, que iria publicar em 15 de Junho uma lista de produtos chineses, que no ano passado valeram 50.000 milhões de dólares nas exportações chinesas para os EUA, para serem penalizados com um aumento das taxas alfandegárias, em retaliação contra o que considera o sistemático roubo de propriedade intelectual norte-americana pela China. A decisão foi anunciada apesar de Pequim concordar em “aumentar significativamente” as suas compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos e anunciar um corte nos impostos sobre importações de automóveis e outros bens de consumo. Resistência chinesa Economistas consideram que Pequim vai resistir às exigências dos EUA para que pare de subsidiar indústrias chave e garanta uma melhor protecção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas, as principais fontes de tensão com Washington. A China ameaçou também anteriormente retaliar com taxas alfandegárias sobre um conjunto de produtos que no ano passado totalizaram 50.000 milhões de dólares nas exportações dos EUA para o país. Entretanto, vários exportadores chineses estão a acelerar os pedidos de ordens, pressionados por uma possível guerra comercial com Washington. “Algumas empresas aumentaram o número de ordens curtas para evitar riscos”, admitiu ontem o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. “No entanto, não se trata da tendência dominante e não afectará a situação do nosso país ou o desenvolvimento saudável e estável do comércio externo”, ressalvou. Pelas contas de Washington, no ano passado, a China registou um excedente de 375,2 mil milhões de dólares – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA. O Presidente norte-americano, Donald Trump, exige a Pequim uma redução do défice dos EUA em, “pelo menos”, 200.000 milhões de dólares, até 2020, visando cumprir com uma das suas principais promessas eleitorais. Trump quer ainda taxas alfandegárias chinesas equivalentes às praticadas pelos EUA e que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos setores industriais estratégicos.
Hoje Macau China / ÁsiaDonald Trump aceitou convite para visitar Pyongyang – agência coreana [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano aceitou um convite do líder norte-coreano para um encontro em Pyongyang, tendo igualmente convidado Kim Jong-un para se deslocar aos Estados Unidos da América, segundo a agência oficial da Coreia do Norte. No primeiro balanço da cimeira de Singapura entre os responsáveis políticos dos dois países, a agência KCNA apontou que este encontro abre a porta a “uma mudança radical”. “Kim Jong-un convidou Trump a fazer uma visita a Pyongyang num momento oportuno e Trump convidou Kim Jong-un a deslocar-se aos Estados Unidos”, referiu a KCNA. A agência garante, também, que o Presidente dos EUA evocou “um levantamento das sanções” contra o regime de Pyongyang. “O mundo deu um grande passo atrás numa possível catástrofe nuclear! Não há mais lançamentos de foguetões, testes nucleares ou pesquisas!”, escreveu Trump na rede social Twitter, aproveitando a longa viagem de regresso de Singapura para Washington. O jornal oficial norte-coreano Rodong Sinmun tem na sua primeira página uma fotografia do aperto de mão histórico entre Donald Trump e Kim Jong-un. No total, publica 33 fotografias do encontro entre os dois líderes ao longo de quatro das seis páginas do jornal, que foram mostradas na televisão norte-coreana. Ao lerem o jornal nos transportes públicos, os habitantes de Pyongyang veem pela primeira vez as fotografias do seu líder com o Presidente dos EUA, habitualmente apresentado como sendo o diabo, relatam jornalistas da AFP, no local. “O encontro do século abre uma nova era da história das relações” entre aqueles dois países é o título da publicação Rodong Sinmun. “A travessia movimentada em direção à desnuclearização da península coreana e uma paz permanente só está a começar”, analisa com mais prudência o jornal sul coreano Hankook. Trump e Kim Jong-un realizaram na terça-feira a primeira cimeira da história entre os líderes dos dois países, durante a qual se comprometeram a “construir um regime de paz duradouro e estável na península coreana”. Um simbólico aperto de mão deu início ao primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia (1950-53) e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang.
Hoje Macau China / ÁsiaWashington espera que “essencial” do desarmamento norte-coreano ocorra até 2020 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos esperam que “o essencial do desarmamento nuclear” da Coreia do Norte ocorra até ao final do mandato de Donald Trump, “dentro de dois anos e meio”, declarou hoje o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo. “Estamos esperançosos de conseguir isso nos próximos dois anos e meio”, “durante o primeiro mandato do presidente”, que termina em 2020, afirmou Pompeo em declarações aos jornalistas em Seul. O secretário de Estado norte-americano disse ainda que o compromisso assumido na cimeira de Singapura, que reuniu o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, para “uma desnuclearização completa da península coreana” será “verificável e irreversível”, como exigiam os Estados Unidos. A administração norte-americana tem sido alvo de críticas dado que o texto assinado pelos dois dirigentes não inclui esses termos e tem sido considerado vago. O presidente dos Estados Unidos e o líder norte-coreano tiveram na terça-feira um encontro histórico em Singapura, no final do qual Donald Trump disse estar preparado para iniciar uma nova etapa nas relações com a Coreia do Norte e Kim Jong-un comprometeu-se com a desnuclearização completa do arsenal de Pyongyang.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim e Teerão fortalecem a cooperação estratégica [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s dois líderes conversaram depois de participar da 18ª cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) na cidade de Qingdao, e atingiram alguns consensos. Xi começou por dar as boas-vindas a Rouhani pela sua visita à China e a participação na cimeira. Xi recordou que a China e o Irão anunciaram o estabelecimento da parceria estratégica abrangente durante sua visita de Estado ao Irão em 2016 e disse que os dois países aumentaram a cooperação e implementaram plenamente os consensos atingidos. “A China e o Irão atingiram resultados frutíferos em diversos âmbitos de cooperação e foram testemunhas de intercâmbios entre povos cada vez mais próximos”, disse Xi. Além de assinalar que existe potencial para que aprofundem suas relações, Xi disse que “a China está disposta a trabalhar com o Irão para promoverem juntos o desenvolvimento estável e de longo prazo da parceria estratégica abrangente”. O presidente chinês pediu que as duas partes tomem o aprofundamento das relações políticas como princípio global para aumentar de forma constante a confiança mútua estratégica, aumentar os intercâmbios a todos os níveis e continuarem entender-se e apoiar-se em assuntos de grande preocupação relacionados com os respectivos interesses fundamentais. “A China e o Irão devem impulsionar a cooperação pragmática concentrada na Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, promover a cooperação na aplicação da lei e em segurança centrada no combate ao terrorismo, e aprofundar os intercâmbios e a cooperação entre povos com o objectivo de aumentar a amizade China-Irão”, disse Xi. Acordo nuclear é um “êxito” O presidente chinês descreveu o acordo nuclear iraniano como um importante êxito do multilateralismo e disse que o acordo facilita a manutenção da paz e a estabilidade no Oriente Médio e o regime internacional de não proliferação, e que este deve continuar a ser implementado com sinceridade. “A China apoia de forma constante a solução pacífica das disputas e dos assuntos conflitivos internacionais e está disposta a fortalecer a cooperação com o Irã nos marcos multilaterais e promover a construção de um novo tipo de relações internacionais”, disse Xi. Rouhani felicitou Xi Jinping pela bem sucedida conclusão da cimeira da OCX em Qingdao. “A visita que Xi fez ao Irão há dois anos elevou de forma significativa as relações bilaterais”, disse Rouhani, acrescentando que “o Irão sente-se feliz pelo desenvolvimento sem contratempos da parceria estratégica abrangente Irão-China”. “O Irão está disposto a aprofundar a cooperação pragmática em diversos âmbitos com a China e a implementar os acordos de cooperação sobre a construção conjunta da Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota”, assinalou Rouhani. “A existência do acordo nuclear iraniano enfrenta actualmente desafios e o Irão espera que a comunidade internacional, incluindo a China, desempenhe um papel activo no adequado manejo dos assuntos pertinentes”, concluiu o primeiro-ministro iraniano. Depois das conversações, Xi e Rouhani foram testemunhas da assinatura de acordos de cooperação bilateral.
Hoje Macau China / ÁsiaCimeira EUA-Coreia do Norte | Quem ganhou, quem perdeu e o que se segue A China foi, segundo analistas, um dos grandes beneficiários da cimeira entre Trump e Kim. O fim das manobras militares americanas era um antigo desiderato de Pequim [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]nalistas defendem que, apesar de ausente da cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, a China foi um dos principais beneficiados do histórico encontro, com a suspensão dos exercícios militares na península coreana. O Presidente norte-americano, Donald Trump, comprometeu-se a suspender os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul e, eventualmente, a reduzir o número de tropas norte-americanas na região. Pequim é contra a presença militar norte-americana na Coreia do Sul e no Japão, e apelou anteriormente a Washington para que suspenda as manobras militares na península, em troca da paragem dos testes com armamento nuclear, por parte de Pyongyang. Com a redução da actividade militar nas fronteiras do nordeste, Pequim “pode concentrar as suas energias” no Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade – apesar dos protestos dos países vizinhos -, e em Taiwan, cujos laços com o continente se deterioraram desde a eleição da Presidente Tsai Ing-wen, pró-independência, explicou à agência Lusa o professor chinês de Relações Internacionais Wang Li. Citado pela agência Associated Press, Ryan Hass, que dirigiu a política para a China do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, durante a administração de Barack Obama, afirma que Pequim “está agora no caminho de alcançar aqueles objectivos, por um custo muito reduzido”. Mas a China quererá também manter a sua influência sob Pyongyang, cujo isolamento fez com que dependesse quase totalmente de Pequim. “Penso que qualquer melhoria na relação bilateral entre EUA e Coreia do Norte poderá potencialmente ser vista como uma perda pela China”, disse Paul Haenle, antigo director para a China do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, durante as administrações de Obama e George W. Bush. Apesar do afastamento entre Pequim e Pyongyang, face aos testes nucleares do regime norte-coreano, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, deslocou-se por duas vezes à China, desde Abril, para se encontrar com o Presidente chinês, Xi Jinping. O segundo encontro, em Dalian, cidade portuária do nordeste chinês, foi visto como um esforço da China para garantir que a sua voz seria ouvida durante o encontro entre Kim e Trump. O Presidente norte-americano chegou a acusar a China pela “mudança de atitude” de Pyongyang, que, após a cimeira em Dalian, voltou a adoptar uma atitude hostil face a Washington. Pequim instou os dois lados a não cancelar a cimeira. Aquelas manobras ilustram o equilíbrio que a China tem de alcançar entre encorajar o diálogo entre Pyongyang e Washington, sem permitir que os dois países se tornem demasiado próximos. Wang Li, professor na Universidade de Jilin, província chinesa situada junto à fronteira com a Coreia do Norte, lembra que “alguns cépticos” temem que a aproximação enfraqueça o papel da China, e que uma possível reunificação da península coreana venha a constituir uma ameaça para o país a longo prazo. Já Paul Haenle afirma que Pequim está ciente que Pyongyang se quer libertar da quase total dependência face ao país, “para que a China não mantenha o tipo de influência que tem hoje”. Wang Li lembra, no entanto, que “a RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte] precisa da China como tremenda retaguarda estratégica, que funciona desde aliado ideológico, parceiro político, fornecedor de apoio económico e tecnológico, e modelo institucional, até janela para o mundo exterior”. Como demonstração de confiança que Kim sente pela China, o dirigente norte-coreano foi transportado para Singapura pela companhia aérea estatal Air China. Pequim sugeriu já, entretanto, que o Conselho de Segurança da ONU suspenda as sanções contra a Coreia do Norte, face à nova atitude de Pyongyang. “Acreditamos que o Conselho de Segurança deve fazer esforços para apoiar as atuais iniciativas diplomáticas”, afirmou um porta-voz da diplomacia chinesa. Pompeo em Pequim para abordar desenvolvimentos da cimeira A China anunciou ontem que o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, vai reunir hoje, quinta-feira, em Pequim com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, para abordar os desenvolvimentos alcançados durante a cimeira de Singapura. O Ministério informou que Wang e Pompeo vão participar numa conferência de imprensa conjunta, sem avançar detalhes sobre a visita, feita a convite do chefe da diplomacia chinesa. Pompeo integrou a delegação que na terça-feira participou da histórica cimeira entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un. O Departamento de Estado norte-americano tinha já informado que, após a cimeira, Pompeo viajaria para a Coreia do Sul e China, para abordar com as autoridades daqueles países a desnuclearização da península coreana e as alianças regionais. Imprensa | Opinião pública pode refrear acordo A opinião pública, principalmente a americana, pode ser o principal obstáculo para conseguir o sucesso do diálogo iniciado na terça-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, advertiu ontem o jornal “Global Times”. A histórica cimeira de Singapura ocupou ontem as capas e editoriais dos veículos de imprensa chineses, onde abordaram as dificuldades enfrentadas pelo compromisso de alcançar a paz entre os dois líderes. “No futuro, o principal obstáculo para o processo de paz da península pode vir de Washington e Seul, ou inclusive de Tóquio”, disse um editorial do “Global Times”, alertando sobre os “inimigos domésticos” que Trump enfrentará na hora de acabar com as manobras militares na região. “Os legisladores e líderes de opinião podem encontrar infinitas desculpas para se opor à interacção do governo de Trump com a Coreia do Norte. Estas forças frearão Trump e Kim para impulsionar seu acordo. Os seus inimigos domésticos provavelmente estragarão tudo, dando prioridade a envergonhar Trump acima da protecção dos interesses dos Estados Unidos a longo prazo”, acrescenta. No encontro em Singapura, Pyongyang reafirmou seu compromisso com a desnuclearização da península coreana e Washington ofereceu garantias de segurança ao regime. Embora Trump não vá retirar as tropas americanas na Coreia do Sul, nem suspender as sanções contra o regime norte-coreano “enquanto as armas nucleares permanecerem”, ele disse que vai interromper as manobras militares pois “sob as actuais circunstâncias, é inadequado realizar jogos de guerra”. O ministro da Defesa do Japão, Itsunori Onodera, já mostrou hoje sua preocupação com a provável suspensão das manobras, alegando que elas desempenham um papel “muito importante” na segurança da Ásia Oriental. Por sua vez, o jornal oficial “China Daily” também celebrou no seu editorial a promessa de Trump de oferecer garantias de segurança para a Coreia do Norte, eliminado desta forma um dos principais obstáculos para a paz. A publicação também destacou os esforços “incansáveis” da China e previu que Pequim seguirá desempenhando um papel activo para alcançar os objectivos e fornecerá apoio para consolidar a aproximação de ontem que “apagou a profunda desconfiança entre dois antigos inimigos”
Hoje Macau China / ÁsiaVaso Qing estabelece valor recorde em leilão [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m vaso chinês do século XVIII estabeleceu ontem um recorde de venda num leilão, na Sotheby’s, em Paris, ao atingir o valor final de 16,2 milhões de euros, informou a leiloeira. Criado para o Imperador Quianlong (1735-1796), o vaso de porcelana chinesa esteve esquecido durante várias décadas, no sótão de uma casa de campo francesa. A peça foi adquirida por um licitante chinês que se encontrava presente na sala e, segundo a Sotheby’s Paris, a transacção detém dois recordes, o recorde absoluto de venda na Sotheby’s Paris, desde que o mercado abriu a casas de leilão estrangeiras, e o recorde de venda para porcelana chinesa, em França. Com um valor de venda inicial estimado entre os 500 mil e os 700 mil euros, o vaso encontrava-se em “perfeito estado de conservação”, possuindo decorações policromadas, com tons rosa dominantes, que representam uma paisagem com veados e pinheiros, numa montanha coberta de bruma. “Este vaso é o único conhecido com estes pormenores. É uma obra de arte maior. É como se se tivesse descoberto um Caravaggio”, sublinhou o especialista de arte asiática Olivier Valmier, na apresentação da obra. Segundo a página da leiloeira, apenas um outro vaso similar é conhecido em França. Pertence à colecção do Museu Guimet, tendo origem num comerciante de arte oriental existente na capital francesa, no final do século XIX. O vaso hoje vendido foi levado até à Sotheby’s dentro de uma caixa de sapatos, e também terá sido adquirido em França, na Exposição Universal de Paris de 1867, segundo dados da leiloeira, mantendo-se desde então na mesma família – primeiro, até 1947, num apartamento, na capital francesa, depois, conservado entre outras peças de origem chinesa, na casa de campo de descendentes do proprietário original, que se mantêm anónimos.
Hoje Macau China / ÁsiaRepública Centro-Africana quer que ONU a deixe comprar armas à China [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] República Centro-Africana pediu ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que a autorize a comprar armas à China para as suas forças armadas e policiais, segundo cópia do pedido consultado pela AFP. A ministra da Reconstrução das Forças Armadas, Marie-Noelle Koyara, solicitou uma excepção ao embargo sobre armas, para os materiais em causa, a saber, veículos blindados, metralhadoras e granadas de gás lacrimogéneo. “Estes meios dedicados à manutenção da ordem fazem falta ao equipamento das unidades e não permitem satisfazer os objectivos de manutenção da ordem pública nem da imposição da autoridade do Estado e o imperativo de protecção das populações”, escreveu Koyara. “Esta solicitação decorre também da constatação da insuficiência dos meios e das forças, face à dinâmica e à recrudescência dos grupos armados, cujas actividades ilegais constituem uma ameaça à paz civil”, explicou. O Conselho de Segurança impôs um embargo às armas em 2013, quando a República Centro Africana caiu no caos depois de confrontos generalizados. Em 2017, a comissão encarregada das sanções no seio da instituição tinha levantado as restrições ao fornecimento de armas russas à República Centro-Africana. As armas que agora estão em causa são chinesas. Trata-se de 12 veículos blindados e quatro de assalto, 50 pistolas, seis espingardas de precisão, 10 de assalto e 30 metralhadoras de vários calibres. Várias munições somam-se à lista de armas, a saber, 725 mil cartuchos, 15 mil granadas de gás lacrimogéneo, 300 rockets e 400 munições anti-carro. Este país tem no seu território duas missões internacionais de assistência militar, uma europeia e outra da própria ONU, designada Minusca, tendo já sido mortos cinco capacetes azuis este ano. Na República Centro-Africana, o Estado controla uma escassa parte do território. Os grupos armados confrontam-se pelo controlo dos recursos do país, como diamantes, ouro e gado. Portugal é um dos países que integra a Minusca, tendo, no início de Março, a 3.ª Força Nacional Destacada – composta por 138 militares, dos quais três da Força Aérea e 135 do Exército, a maioria oriunda do 1.º batalhão de Infantaria Paraquedista -, partido para a República Centro-Africana. Estes militares juntaram-se aos 21 que já estavam no terreno, sediados no aquartelamento de Bangui, desde 18 de Fevereiro.
Hoje Macau China / ÁsiaExportação de soja do Brasil para a China bate recorde [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações de soja do Brasil para a China atingiram novo recorde mensal, em Maio, segundo dados oficiais, ilustrando a crescente importância da produção brasileira, face às crescentes disputas comerciais entre Pequim e Washington. Segundo dados das alfandegas brasileiras, citados pela agência noticiosa AgriCensus, o Brasil exportou, no mês passado, 9,76 milhões de toneladas de soja para a China, superando o anterior recorde em 1,4 milhões de toneladas. No conjunto, o mercado chinês absorveu 80% da soja exportada pelo Brasil, durante aquele período. O aumento das exportações brasileiras surge numa altura de renovada tensão entre Pequim e Washington, outro importante fornecedor de soja para a China, em torno de questões comerciais. O Presidente norte-americano, Donald Trump, exige uma redução do deficit do país nas trocas comerciais com Pequim, ameaçando subir os impostos sobre um total de 150.000 milhões de dólares de exportações chinesas para os EUA. Em retaliação, a China ameaçou subir os impostos sobre a importação de soja e outros produtos alimentares dos EUA, sabendo que grande parte do eleitorado de Trump se encontra na América rural. O transporte de soja dos EUA para a China demora pelo menos 30 dias. Carregamentos feitos agora poderão ser taxados ainda antes de desembarcarem na China, caso os dois lados concretizem as ameaças, o que levou várias empresas chinesas a cancelarem encomendas. “O que quer que [os chineses] estejam a comprar, não é dos Estados Unidos”, afirmou no mês passado o chefe-executivo do grupo Bunge Ltd, uma das maiores exportadoras do mundo de cereais e oleaginosas, citado pela agência Bloomberg. “Eles estão a comprar soja do Canadá e Brasil, sobretudo do Brasil, mas deliberadamente não estão a comprar nada dos EUA”, detalhou. Segundo dados da National Grain and Oil Information Centre, citados pela AgriCensus, o ‘stock’ chinês de soja atingiu um nível recorde de 8,18 milhões de toneladas na semana passada. Visando evitar uma guerra comercial, Pequim comprometeu-se, porém, a “aumentar significativamente” as suas compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos. No entanto, os dois lados não chegaram, até à data, a um acordo definitivo.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Assembleia Popular Nacional agenda sessão [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia Popular Nacional, o mais alto órgão legislativo da China, vai reunir para a sua sessão bimensal entre 19 e 22 de Junho, de acordo com um comunicado divulgado nesta segunda-feira. Li Zhanshu, presidente do Comité Permanente do Assembleia Popular Nacional (APN), presidiu a reunião. Os legisladores vão rever o projecto da lei de comércio electrónico e os projectos revistos para as leis de organização dos tribunais populares e das procuradorias populares, de acordo com o texto. A APN deliberará também sobre um projecto de lei sobre os deveres do Comité de Constituição e Direito, apresentado pela reunião dos presidentes do Comité Permanente da APN, e um projecto de lei sobre protecção dos direitos marítimos e aplicação da lei da Guarda Costeira da China, apresentado pela Comissão Militar Central. Projectos nacionais de ciência e tecnologia, tratamento de resíduos sólidos, implementação da Lei de Estatística e sobre a visita de Li Zhanshu à Etiópia, Moçambique e Namíbia., bem como um relatório acerca das qualificações de representantes e a revisão de nomeações e demissões de funcionários, serão também discutidos e aprovados, segundo o comunicado. Finalmente, a APN vai avaliar um relatório do Conselho de Estado sobre as contas finais de 2017 e um relatório de auditoria para o orçamento e receitas e despesas fiscais de 2017 do governo central, bem como examinar e aprovar as contas finais do governo central em 2017.
Hoje Macau China / ÁsiaOPA/EDP: China Three Gorges discute detalhes com a empresa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China Three Gorges (CTG) afirmou ontem que vai continuar a debater os detalhes da OPA sobre a EDP com esta empresa, depois de a eléctrica portuguesa ter considerado que a oferta tem “mérito”, mas o modelo de implementação “não é claro”. “Vamos discutir nos próximos meses com a EDP”, disse à agência Lusa o vice-presidente executivo da China Three Gorges (CTG) International, Wu Shengliang, em reacção ao relatório ao mercado divulgado na sexta-feira pela EDP. O Conselho Executivo da eléctrica portuguesa, liderado por António Mexia, considerou que “há mérito nas intenções estratégicas” da CTG, que “dependem do seu modelo de implementação, o qual não é claro nesta fase”, pedindo clarificação. A mesma nota acrescenta que a EDP não dispõe de “elementos suficientemente claros sobre quanto tempo a CTG Europe pretende preservar a identidade portuguesa da EDP e a sua qualidade de sociedade cotada em Lisboa, do modelo societário previsto que garantiria autonomia do centro de decisão e como é que este modelo proporcionaria proteção adequada aos acionistas minoritários, nomeadamente na eventualidade de conflitos de interesse decorrentes da contribuição de ativos”. Entre os méritos reconhecidos na proposta anunciada no passado dia 11 de Maio, António Mexia refere a intenção da CTG de “aportar os ativos detidos pela China Three Gorges Corporation na EDP, através de subsidiárias, no Brasil e na União Europeia”, a possibilidade de expansão para o mercado eólico ‘offshore’ (no mar) chinês, o reforço do perfil de crédito da EDP e a intenção de manter uma política de dividendos estável. “Os méritos das intenções acima descritas dependem do seu modelo de implementação, o qual não é claro nesta fase”, lê-se no relatório. Em 11 de Maio passado, a CTG anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada acção, cujo pedido foi registado junto do regulador, sem alterações ao preço oferecido inicialmente. O preço oferecido pela CTG é a principal razão pela qual a administração da EDP recomenda aos accionistas que não aceitem esta oferta, por não reflectir adequadamente o valor da eléctrica, pois o prémio implícito na oferta é baixo, considerando a prática pelas empresas europeias do sector. “O prémio implícito no preço oferecido encontra-se significativamente abaixo do que é a prática em transacções em dinheiro no sector europeu das ‘utilities’, no mercado ibérico e mais genericamente no mercado europeu, em casos em que o oferente adquire controlo”, refere, realçando que está abaixo do oferecido em 2011, quando a CTG adquiriu 21,35% da elétrica. Esta tomada de posição foi aprovada em reunião do Conselho de Administração Executivo da EDP realizada na quinta-feira, por unanimidade dos membros, e recebeu, na sexta-feira, parecer favorável do Conselho Geral e de Supervisão, órgão liderado por Luís Amado. Também o Conselho de Administração da EDP Renováveis, liderado por Manso Neto, recomendou aos accionistas “não aceitar o preço da oferta” da CTG, por não traduzir o valor da empresa, e considerou que “o calendário proposto subjacente à oferta poderá não corresponder aos melhores interesses dos accionistas da EDP Renováveis e deveria ser clarificado”. A CTG, que já detém 23,27% do capital social da EDP, pretende manter a empresa com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa. Caso a OPA sobre a EDP tenha sucesso, a CTG avançará com uma oferta pública obrigatória sobre 100% do capital social da EDP Renováveis (EDPR) a 7,33 euros por ação. A EDP controla 82,6% do capital social da EDPR, que tem a sua sede em Madrid.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e Rússia criticam proteccionismo comercial dos EUA [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, alertou contra o unilateralismo e o proteccionismo comercial durante uma reunião de líderes asiáticos na qual ele e os seus pares, como o presidente russo, Vladimir Putin, criticaram a actual política dos EUA. “Devemos rejeitar políticas egoístas, míopes, estreitas e fechadas. Devemos manter as regras da Organização Mundial do Comércio, apoiar o sistema de comércio multilateral e construir uma economia global aberta”, disse o líder chinês, neste domingo, durante a cimeira anual da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), realizada neste fim de semana. Embora seus comentários não mencionassem o presidente dos EUA, Donald Trump, Xi procurou mostrar-se como um defensor do livre comércio, antepondo-se à posição de Trump de controlo das importações, apesar do estatuto da China como a maior economia mais fechada do mundo. Xi também saudou a entrada de novos membros da Organização para Cooperação de Xangai, chamando a presença do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e do presidente paquistanês, Mamnoon Hussain, “de grande significado histórico”. As duas nações do Sudeste Asiático juntaram-se ao bloco como membros plenos no último ano. “Mais estados membros significa maior força da organização, bem como maior atenção e expectativa das pessoas, dos países, da região e da comunidade internacional”, disse Xi. “Também compartilhamos maiores responsabilidades na manutenção da segurança regional e estabilidade e promoção do desenvolvimento e prosperidade”, acrescentou. A cimeira mostrou unidade de pensamento, em contraste marcante em relação ao encontro tumultuado da sete principais nações industrializados do mundo (G-7), encerrado neste sábado, no qual se viu EUA e os eus aliados divididos pela escalada das tensões comerciais. Trump atacou o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau num conjunto de tweets, chamando-o de “desonesto e fraco” e retirou o endosso dos EUA ao comunicado da cimeira do G-7. Trump também pediu que a Rússia fosse reintegrada no grupo. A Rússia foi suspensa em 2014 pela anexação da Crimeia. Putin rejeitou neste domingo o G-7, como tendo sido forjado por desentendimentos internos, e elogiou a OCX por representar quase metade da população mundial. Para o presidente russo, a estrutura actual da OCX é “óptima”. Putin enfatizou também seu poder económico combinado e influência política. “Em termos de renda per capita, os países do G-7 são mais ricos, mas o tamanho combinado das economias da OCX é maior e a sua população é muito maior”. O presidente russo também salientou a importância da declaração da OCX em apoio ao livre comércio. “Reafirmamos a nossa prontidão, a nossa disposição, para seguir as regras de comércio que existem no mundo actual”, disse. “Esta é uma declaração muito importante.” Xi, Putin e outros líderes do bloco também prometeram apoio ao Plano Global de Acção Conjunta, o acordo nuclear iraniano de 2015, do qual o presidente Donald Trump retirou os EUA no mês passado. “A China está disposta a trabalhar com a Rússia e outros países para preservar o JCPOA”, disse Xi. A Organização para a Cooperação de Xangai, liderada por Pequim, é vista por muitos especialistas como uma tentativa de desafiar a ordem liderada pelo Ocidente. Além de China e Rússia, também inclui Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão. Fundada em 2001, foi originalmente concebida como um veículo para resolver problemas de fronteira, terrorismo e para combater a influência americana na Ásia após a invasão do Afeganistão. A China tem procurado minimizar as preocupações de que o grupo seja uma maneira de Pequim projectar a sua influência estratégica no exterior. O Global Times, jornal do Partido Comunista, disse neste domingo que, ao contrário de organizações ocidentais como a Otan e o G-7, que buscam “consolidar a ordem económica global que é favorável ao mundo ocidental”, a Organização para Cooperação de Xangai é inclusiva. “Não é uma ferramenta para jogos geopolíticos, buscando hegemonia ou envolvimento em confronto internacional “, disse o jornal.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Activista pró-independência condenado a seis anos de prisão A juíza foi severa e condenou os arguidos de “acordo com a lei”. Mas há quem considere que a lei está a ser usada para fins políticos e que “não se ajusta aos parâmetros internacionais” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] activista Edward Leung, rosto do movimento independentista em Hong Kong, foi ontem condenado a seis anos de prisão na sequência de um violento confronto com a polícia local em 2016, anunciaram as autoridades. Leung, de 27 anos, foi considerado culpado pela participação num ‘motim’ com a polícia no distrito de Mong Kok, na parte continental da região administrativa especial chinesa. Os confrontos ocorreram em Fevereiro de 2016 e foram considerados os mais violentos dos últimos anos, constituindo a maior demonstração de descontentamento popular desde os protestos pró-democracia no final de 2014. Edward Leung é o antigo porta-voz do grupo independentista local Indigenous e uma das mais proeminentes vozes do movimento pró-independência de Hong Kong. A juíza Anthea Pang afirmou que Leung participou activamente nos distúrbios e descreveu suas acções como “excessivas e cruéis”. O jovem já se encontrava detido, desde que se declarou culpado noutro processo por agredir um polícia durante as manifestações de 2016, caso em que foi sentenciado a um ano de prisão. As duas sentenças serão acopladas. O tribunal rejeitou a alegação de que as motivações políticas seriam circunstâncias atenuantes e considerou que a condenação deveria ter um “efeito dissuasivo”. Leung, que estava no tribunal, manteve a calma durante a audiência e acenou para os simpatizantes após a leitura da sentença. Alguns manifestantes choraram depois do anúncio da condenação. Outros dois manifestantes foram condenados a sete e três anos e meio de prisão, respectivamente. Da comida de rua ao protesto político O protesto começou em Fevereiro de 2016, coincidindo com o Ano Novo Chinês, com uma manifestação de apoios aos vendedores ambulantes de comida, que as autoridades queriam afastar das ruas. Mas rapidamente evoluiu para uma mobilização de carácter político, um protesto contra as autoridades em Hong Kong e Pequim. Quase 130 pessoas ficaram feridas, incluindo 90 agentes. Durante os distúrbios, os agentes deram tiros para o ar como medida de advertência. Dezenas de pessoas foram detidas. Na vanguarda da mobilização estavam Leung e outros jovens do movimento chamado de “localista”, nascido das cinzas da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, como ficaram conhecidos os protestos pró-democracia de 2014 que não conseguiram obter concessões de Pequim para as reformas políticas. Numa entrevista à AFP em 2016, Leung, que na época era um estudante de Filosofia, afirmou que “uma guerra ou uma batalha são inevitáveis”. Chris Patten não gostou Chris Patten, o último governador do período colonial de Hong Kong, denunciou a condenação, baseada na interpretação de uma lei sobre a manutenção da ordem pública. “As vagas definições contidas na lei são uma porta aberta para os abusos e não se ajustam aos parâmetros internacionais”, afirmou Patten num comunicado divulgado pela Hong Kong Watch, ONG que monitora as liberdades na cidade. “É decepcionante ver que a lei é usada com fins políticos para condenar de modo rígido os democratas e outros activistas”, concluiu. Num discurso proferido o ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que qualquer actividade em Hong Kong que ameaçasse a soberania e a estabilidade da China seria “absolutamente inadmissível”.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteAcordo entre EUA e Coreia do Norte refere desnuclearização e troca de restos mortais de prisioneiros Palavras de optimismo e elogios entre Donald Trump e Kim Jong-un marcaram o fim da cimeira histórica entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte. O acordo assinado aborda o fim progressivo do programa nuclear da Coreia do Norte e a troca de restos mortais de prisioneiros de guerra entre os dois países. [dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]omeram um lauto almoço (ver caixa) e ambos saíram satisfeitos de um encontro histórico. Terminou ontem a cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que decorreu em Singapura e, à saída, Donald Trump até garantiu que o encontro se poderá repetir nos próximos tempos. “Vamos encontrar-nos novamente, vamos encontrar-nos muitas vezes”, disse aos jornalistas, de acordo com a agência Associated France-Press (AFP). “Fizemos grandes progressos, foi melhor do que esperávamos”, disse ainda. Antes do encontro, as palavras trocadas pelos dois líderes, também revelaram um caminho diplomático a percorrer em prol da paz. “É uma honra reunir consigo e sei que vamos resolver o nosso grande problema, o nosso grande dilema, que até este ponto não foi possível resolver. Trabalhando juntos, vamos resolver o assunto”, disse Donald Trump. Também Kim Jong-un falou em harmonia para o futuro. “Trabalhando em estreita harmonia consigo, senhor presidente, com desafios, estou disposto a fazer este grande trabalho.” Desnuclearização e restos mortais Palavras amistosas à parte, da cimeira saiu um acordo que aborda não só a possibilidade de desnuclearização da Coreia do Norte. De acordo com a AFP, que fotografou o documento, o texto não menciona a exigência norte-americana de “desnuclearização completa e irreversível” – a fórmula que significa o abandono completo do armamento e a aceitação de missões de inspecção –, mas reafirma o compromisso anterior, mais vago. “As pessoas ficarão muito admiradas e muito contentes e nós vamos tratar de um problema muito perigoso para o mundo”, disse Trump, admitindo estar “muito orgulhoso com o que aconteceu hoje”. O presidente norte-americano disse que tinha criado “uma ligação muito especial” com Kim e que a relação com a Coreia do Norte iria ser muito diferente daqui em diante. “Decidimos deixar o passado para trás. O mundo assistirá a uma grande mudança. Gostaria de expressar a minha gratidão ao presidente Trump por fazer este encontro acontecer”, afirmou Kim Jong-un na altura em que o documento foi assinado. Trump disse que iria “sem dúvidas” convidar Kim Jong-un para visitar a Casa Branca. Por outro lado, no mesmo texto, os Estados Unidos “garantem a segurança da Coreia do Norte”. “O presidente Trump compromete-se a fornecer as garantias de segurança” à Coreia do Norte, indica a primeira informação sobre o documento conjunto. “Paz e prosperidade” O documento refere também o estabelecimento de novas relações entre os dois países no sentido “da paz e da prosperidade” e a troca de restos mortais de prisioneiros e informações sobre soldados desaparecidos em combate durante a Guerra da Coreia, que ocorreu entre 1950 e 1953. Os corpos de mais de 7.800 militares norte-americanos continuam por localizar desde o final do conflito. Numa conferência de imprensa promovida já depois da saída de Kim Jong-un de Singapura, Donald Trump referiu-se ao líder norte coreano como sendo alguém “muito inteligente” que iria colocar os pontos do acordo em prática. Ontem o editorial do jornal norte-coreano Rodong referia que o país “vai procurar, através do diálogo, a normalização das relações” com um país (sem identificar qual), sempre que essa nação “respeitar a autonomia” norte-coreana. China quer fim das sanções A China, o principal aliado da Coreia do Norte, reagiu aos resultados da cimeira, falando de uma “nova história”. “A China apoia, porque é aquilo que temos esperado”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang. Geng lembrou o contributo da China para a resolução da questão norte-coreana, nomeadamente a proposta de “dupla suspensão”: o fim das manobras militares dos EUA e da Coreia do Sul na península coreana e, ao mesmo tempo, a paragem dos testes com armamento nuclear por parte da Coreia do Norte. “A proposta de suspensão por suspensão é a correcta e foi concretizada”, afirmou Geng, lembrando que Pequim “tem vindo a apelar aos dois lados para que mantenham o diálogo diplomático”. O porta-voz lembrou ainda a importância de os EUA “levarem seriamente e atenderem as preocupações com a segurança da Coreia do Norte”. “A outra parte deve também tomar medidas construtivas”, afirmou. Além disto, a China sugeriu ontem que o Conselho de Segurança da ONU suspenda as sanções contra a Coreia do Norte, face às actuais iniciativas diplomáticas de Pyongyang, após a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un. “As sanções não são uma finalidade em si”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa. “Acreditamos que o Conselho de Segurança deve fazer esforços para apoiar as atuais iniciativas diplomáticas”, acrescentou. No ano passado, o Conselho de Segurança aprovou de forma unânime a aplicação de sanções contra o regime de Kim Jong-un, face aos seus sucessivos testes atómicos, proibindo as exportações norte-coreanas de carvão, ferro, chumbo, têxteis e marisco. A China teve ainda de reduzir o fornecimento de petróleo e produtos petrolíferos refinados a Pyongyang. Japão espera comportamento “responsável” “Esperamos que a Coreia do Norte se comporte como um país responsável na comunidade internacional” a partir de agora, disse o porta-voz do executivo japonês numa conferência de imprensa. O responsável escusou-se a avaliar o resultado da cimeira até Trump telefonar ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, nas próximas horas para o informar, mas enfatizou “a liderança e o esforço do presidente Trump para tornar realidade [a reunião]”. Entretanto, o Japão lançou ontem um satélite destinado a vigiar as instalações militares da Coreia do Norte e conseguir imagens de áreas afectadas por desastres naturais, informou a Agência de exploração Aeroespecial do Japão (JAXA). O satélite do tipo radar foi lançado num foguete H-2ª do centro espacial Tanegashima, na província de Kagoshima (sudoeste), informou a Jaxa em comunicado. “O foguete voou como planeado e o satélite de colheita de dados foi devidamente separado.” A ONU e a questão humanitária O secretário-geral da ONU, António Guterres, estava confiante, na segunda-feira, de que a cimeira entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte permitirá avanços no sentido da paz e da desnuclearização da península coreana. “O mundo está a seguir de perto o que se vai passar dentro de horas em Singapura.” Guterres elogiou o “valor” dos dois líderes e disse esperar que eles possam “quebrar o perigoso ciclo que tanta preocupação causou o ano passado”. O objectivo, sublinhou, deve continuar a ser “a paz e a desnuclearização verificável”. Perante as potenciais dificuldades, Guterres assegurou que a ONU está pronta para apoiar o processo “de qualquer modo, incluindo a verificação, se for solicitado pelas partes-chave”. “Eles são os protagonistas”, insistiu, realçando que as Nações Unidas apenas oferecem a sua ajuda e que o seu único objectivo é o êxito das negociações. Guterres pediu, por outro lado, para que se preste atenção à situação humanitária na Coreia do Norte e recordou que a ONU está a tentar obter 111 milhões de dólares para dar resposta às necessidades imediatas de seis milhões de pessoas. Seul diz que acordo “põe termo à Guerra Fria” O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, saudou o acordo de Singapura entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte como um “acontecimento histórico que põe termo à Guerra Fria”. Moon Jae-in disse ainda que está preparado para iniciar uma nova etapa nas relações com a Coreia do Norte e que Pyongyang se comprometeu com a desnuclearização completa do seu arsenal. O chefe de Estado sul-coreano homenageou Kim e Trump pela sua “coragem e determinação”, considerando que cabe agora às duas Coreias virarem a página de um “passado sombrio, feito de guerra e confrontos”. Calma em Pyongyang A AFP, uma das poucas agências internacionais com delegação em Pyongyang, descreveu a capital norte-coreana, durante o decurso da cimeira entre Trump e Kim, como a “calma no centro da tempestade”. “Com poucas fontes de informação, além da imprensa estatal, rumores e passa-a-palavra, a maioria dos norte-coreanos está às cegas sobre o histórico evento, que potencialmente transformará as suas vidas”, descreve Eric Talmadge, correspondente da agência. Bimi e costeletas de vitela Costelas de vitela com verduras e molho de vinho ou “oiseon”, um prato típico coreano a base de pepino e carne, foram alguns dos pratos degustados nesta terça-feira por Donald Trump e Kim Jong-un durante a histórica cimeira. Pratos que homenageiam a comida americana e norte-coreana, bem como Singapura, a sede do encontro, foram os protagonistas do almoço entre os dois líderes e suas respectivas delegações. No começo, Trump e Kim experimentaram um cocktail de camarões com salada de abacate e um kerabu, um prato típico malaio de arroz com manga, lima e polvo fresco; ou o conhecido “oiseon”, um pepino cozido recheado de carne bastante popular na Coreia do Norte. Como prato principal, os líderes comeram costelas de vitela com batata gratinada e bimi, um vegetal que surgiu no Japão como um híbrido entre os brócolos e um tipo de couve oriental. O outro prato principal foi o zhao, um arroz frito do estilo Yangzhou (leste da China), igualmente homenageado pela comida de Singapura. Como sobremesa, Trump, Kim e o restante de suas delegações comeram sorvete de baunilha e torta de chocolate. Ivanka deixa os chineses perplexos Os chineses tentavam encontrar nesta terça-feira a origem de um suposto provérbio da sua cultura que Ivanka Trump, filha do presidente Donald Trump, publicou no Twitter poucas horas antes da reunião do seu pai com o líder norte-coreano Kim Jong Un. “O céptico não tem que interromper o que actua – Provérbio chinês”, escreveu no twitter Ivanka Trump na segunda-feira à noite. Esta referência deixou os internautas chineses perplexos e muitos tentaram encontrar a origem do suposto provérbio. “O nosso chefe de redacção não encontra de que provérbio se trata. Ajuda!”, pediu a conta oficial da Sina, a empresa que administra o Weibo. Em milhares de mensagens, os utilizadores do Weibo discutiram sobre a possível origem do provérbio e alguns criticavam directamente a filha de Trump. “Leu em um biscoito da sorte do Panda Express”, afirmou um internauta, em referência aos biscoitos de uma conhecida rede de comida chinesa nos Estados Unidos. Ivanka Trump é muito popular na China, sobretudo depois de publicar um vídeo de sua filha de seis anos recitando um poema em mandarim.
Hoje Macau China / Ásia MancheteCimeira EUA/Coreia do Norte: Trump confiante e Kim destaca superação de obstáculos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas do presidente dos Estados Unidos e do líder norte-coreano iniciaram uma reunião alargada, após um primeiro encontro de cerca 40 minutos entre os dois líderes, sem conselheiros e apenas com os tradutores. À chegada à sala onde o encontro está a decorrer, Trump mostrou-se confiante de que ele e Kim Jong-un vão “resolver um grande problema, um grande dilema”. No início da histórica cimeira em Singapura, o Presidente dos Estados Unidos disse “não ter dúvidas” de que iria ter um “ótimo relacionamento” com o líder norte-coreano. “Antigos preconceitos e velhos hábitos têm sido obstáculos, mas superámos todos para nos encontrarmos aqui hoje”, disse por sua vez vez Kim Jong-un. A cimeira histórica entre o Presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte teve início hoje, em Singapura, com um histórico aperto de mão entre Donald Trump Kim Jong-un. Este é o primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang. Este encontro histórico ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington. A cimeira começou pouco depois das 09:00 de terça-feira (02:00 em Lisboa), num hotel em Singapura, e resulta de uma corrida contra o tempo – com uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteCoreias | Trump e Kim Jong-un encontram-se hoje em Singapura É a primeira reunião bilateral de dois países que são inimigos declarados desde a década de 50, quando se deu a guerra da Coreia. Hoje Donald Trump reúne com Kim Jong-un em Singapura, numa altura em que a cidade-estado está sob fortes medidas de segurança. O programa nuclear da Coreia do Norte e uma possível pacificação das duas Coreias são os pontos principais da agenda de uma cimeira imprevisível [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] marcação da cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte tem estado sujeita a um imenso pingue-pongue diplomático, com declarações contraditórias de Donald Trump, presidente norte-americano, nos últimos meses. Mas a Casa Branca anunciou mesmo a realização do encontro bilateral para hoje, em Singapura. Desde o fim-de-semana que os dois líderes estão na cidade Estado. Ambos os países estão de costas voltadas desde os anos da Guerra da Coreia, ocorrida entre 1950 e 1953, pelo que os olhos do mundo estão depositados neste encontro. A possibilidade da Coreia do Norte pôr termo ao seu programa nuclear é um dos pontos fortes da agenda, mas, de acordo com o académico Arnaldo Gonçalves, especialista em ciências políticas, tudo pode acontecer e é difícil fazer prognósticos antes dos líderes irem a jogo. “Uma cimeira destas é imprevisível. Não se sabe o que poderá acontecer. Houve realmente uma preparação significativa, houve encontros ao mais alto nível e haverá com certeza uma agenda que nem a imprensa nem ninguém conhece, mas vamos a ver o que irá acontecer.” O académico defende que seja construída “uma base de entendimento entre os dois países, que nunca foi tentada por outros presidentes e que estes pelos vistos estão a tentar criar. Se for criada também não é nada de original, porque já o foi entre o Estados Unidos e a União Soviética na crise de Cuba e depois foi mantida até ao final da URSS. Foi uma importante via de comunicação entre dois países que se conheciam mal”. Se existir um acordo, será “uma coisa muito positiva e que pode ser continuada”. “Não há soluções milagrosas sobretudo como o mundo está. Cada país funciona pelo seu interesse nacional. O regime da Coreia do Norte é um regime estalinista, muito fechado, muito crispado. Tem as suas ambições politicas que são perceptíveis, não digo que são justificáveis, na reunificação da Coreia do Norte sob um regime comunista. Acho que a comunidade internacional, sobretudo os países democráticos, não podem aceitar uma coisa destas porque seria voltarmos atrás, num regresso a antes de 1989. Estou expectante, mas sobretudo não tenho nenhuma certeza.” Mesmo sem certezas, Arnaldo Gonçalves levanta a ponta do véu do que poderá ser discutido hoje. “Provavelmente a estratégia é estabelecer uma linha de comunicação entre os dois lados, colocar a posição americana, que é a de um programa de desmilitarização acompanhado pelas autoridades internacionais que têm competência nesta matéria, haver um controlo do fechamento dos silos atómicos e das unidades de produção de misseis.” Do lado da Coreia do Norte, os pontos de discussão podem passar “pela exigência do levantamento de todas as sanções, porque elas estão sobretudo a penalizar as exportações norte coreanas e a situação em termos económicos é terrível, mas no que diz respeita à elite, porque ele deve estar preocupado é com a elite e não com o povo norte coreano”. “A situação não deve ser nada fácil porque o dinheiro que foi transferido para o estrangeiro e que está em paraísos fiscais está congelado e eles não o podem movimentar”, acrescentou o académico. A posição da China Neste jogo, a China já mostrou apoiar a cimeira, de acordo com declarações recentes de Wang Li, professor chinês de relações internacionais na Universidade de Jilin. “Apesar de existirem diferentes visões sobre o envolvimento da China na península coreana (…) o papel da China na desnuclearização e estabilidade da região é tido como incontornável”, disse à agência Lusa, dias antes da cimeira. Wang sustentou que, apesar de “alguns cépticos” temerem que a cimeira enfraqueça o papel da China e que uma possível reunificação da península coreana venha a constituir uma ameaça para o país a longo prazo, Pyongyang vai continuar a depender de Pequim. De frisar que, em Março, Kim Jong-un visitou Pequim e encontrou-se com Xi Jinping, na sua primeira visita ao estrangeiro desde que assumiu a liderança da Coreia do Norte, há mais de seis anos. Menos de dois meses depois, Kim voltou a reunir-se com Xi, na cidade chinesa portuária de Dalian, no nordeste do país, numa cimeira surpresa. O professor da universidade de Jilin explica que a China “precisa de estabilidade e paz nas suas fronteiras”. Caso a península seja pacificada, Pequim “pode então concentrar as suas energias” no Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade – apesar dos protestos dos países vizinhos -, e em Taiwan, cujos laços com o continente se deterioraram desde a eleição da Presidente Tsai Ing-wen, pró-independência, afirma Wang. Para Arnaldo Gonçalves, “não podemos desvincular a China deste encontro, mas não sabemos, não temos ainda informações acerca de qual é a sua linha de influência em relação às negociações. A China esconde muito bem o jogo e é perita em fazê-lo e não sabemos que influência tem. Penso que a sua expectativa é que a situação se mantenha neste momento, porque lhe é favorável”. Isto porque “se a posição do ocidente, e se a situação da Coreia evoluir para uma pacificação e uma reunificação dentro do modelo da Coreia do Sul, a China sente-se um pouco ameaçada porque seria um país democrata e uma economia liberal que funcionaria na sua fronteira oriental, e isso seria uma ameaça ao seu regime. O cenário que é mais favorável é tudo continuar como está, ou seja, existirem duas coreias que convivem sem estarem encrespadas ou em situação de guerra”. Putin e Trump Arnaldo Gonçalves traça ainda o retrato do posicionamento da Rússia neste contexto geopolítico, sobretudo numa altura em que o seu presidente, Vladimir Putin, já falou da vontade de reunir com Trump. “Putin está na China porque a China, neste momento, tornou-se o pivot de todas estas negociações e ultrapassou o Putin e a União Soviética. Durante toda a Guerra Fria o principal fornecedor de armamento a toda a Coreia do Norte era a Rússia. Mas por via desta situação toda e devido a uma jogada de antecipação do presidente Xi, a China colocou-se no centro e a Rússia está absolutamente ultrapassada. O Putin vai visitar a China para tentar reposicionar-se outra vez nesta zona do mundo que é muito importante para a Rússia.” O factor fundamental neste jogo são os recursos naturais. “Se olharmos para o mapa os grande oleodutos e gasodutos que vêm da Sibéria da zona central da Rússia, vêm desaguar na costa chinesa muito perto da fronteira com a Coreia. Aquilo é uma zona fundamental para os Russos fazerem valer o seu interesse”, rematou. Singapura tem estado sob fortes medidas de segurança para uma cimeira que foi organizada a contra relógio. Donald Trump reuniu com Lee Hsien Loong, primeiro-ministro de Singapura, tendo referido, de acordo com a Reuters, que a cimeira de hoje “pode funcionar muito bem”. Aguardemos. Coreia do Sul: espera-se um “marco histórico no caminho para a paz” O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse hoje esperar que a cimeira que junta os presidentes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte seja “um marco histórico no caminho para a paz”. “A cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que o mundo tem estado a desejar, celebra-se amanhã [hoje] depois de uma longa espera”, disse o líder sul-coreano numa mensagem aos seus colaboradores, na qual disse desejar que surja um “acordo significativo” que seja “um marco histórico no caminho para a paz”. Segundo o gabinete de imprensa do Presidente, que divulgou a mensagem, Moon Jae-in destacou a “sinceridade e determinação” dos dois líderes, mas ressalvou que as divergências entre os dois líderes dificilmente serão ultrapassadas numa só reunião. “Mesmo que ambos iniciem o diálogo, podemos precisar de um longo processo que levará um ano, dois anos ou talvez mais para resolver completamente os problemas que nos ocupam”, disse o Presidente da Coreia do Sul, que teve um papel determinante no encontro entre Trump e o líder norte-coreano. Nesse sentido, concluiu que é preciso “pensar a longo prazo” e sublinhou que para um processo com sucesso é preciso um “esforço sincero” não só das duas Coreias e dos Estados Unidos, mas também a “contínua cooperação” dos países vizinhos, como a China, Rússia e Japão, nações que participaram em anteriores negociações sobre a desnuclearização da península. Cronologia de uma cimeira 8 março: – Kim Jong-un convida Trump a reunir-se com ele, numa carta entregue em Washington por um enviado de Seul; – No mesmo dia, e contra todos os prognósticos após meses de tensões e troca de insultos, o Presidente dos Estados Unidos aceita realizar a cimeira, sendo inicialmente apontada a data de finais de maio. 13 março: – Trump demite abruptamente o secretário de Estado, Rex Tillerson, e substitui-o pelo então diretor da CIA, Mike Pompeo, um dos seus “falcões”, cuja linha dura em matéria de política externa faz temer pelo futuro da cimeira com Pyongyang. 25-28 março: – Kim Jong-un vai em segredo à China e reúne-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, naquela que foi a sua primeira viagem ao estrangeiro e a sua primeira cimeira desde que chegou ao poder, em 2011. 09 abril: – Donald Trump diz que o seu histórico encontro com Kim poderá realizar-se “em maio ou princípios de junho”. 18 abril: – O Governo norte-americano informa que Mike Pompeo se deslocou à Coreia do Norte e se reuniu com o dirigente norte-coreano em finais de março para acertar pormenores sobre as condições do encontro entre os líderes de Washington e Pyongyang. 21 abril: – A Coreia do Norte anuncia que suspende os seus testes nucleares e balísticos e que encerrará o centro de ensaios atómicos do nordeste do país, onde realizou os seus seis testes nucleares, no que representou uma importante concessão com vista à realização dos encontros de Kim com os Presidentes da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. 27 abril: – Kim Jong-un e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, realizam na fronteira, na zona desmilitarizada, a primeira cimeira entre as duas Coreias em 11 anos, na qual acordam trabalhar para alcançar a paz e a desnuclearização da península. 07-08 maio: – O Presidente chinês e o líder norte-coreano voltam a reunir-se de surpresa na cidade chinesa de Dalian, e o encontro desperta receios em Washington. 08 maio: – O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, vai a Pyongyang pela segunda vez num mês e torna a reunir-se com Kim. 09 maio: – Trump anuncia que Pompeo regressa de Pyongyang trazendo os três cidadãos norte-americanos que estavam presos na Coreia do Norte e classifica a sua libertação como “um gesto positivo de boa vontade”. 10 maio: – O Presidente norte-americano revela que a cimeira com o líder norte-coreano será a 12 de junho em Singapura. 16 maio: – A Coreia do Norte ameaça cancelar a cimeira com os Estados Unidos em protesto contra manobras militares de Seul e Washington. 24 maio: – Pyongyang acusa Washington de pôr em perigo a cimeira de Kim e Trump por fazer comentários “estúpidos”, referindo-se a declarações do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, e do conselheiro de Trump para a Segurança Nacional, John Bolton, sobre a imposição do modelo líbio para a sua desnuclearização; – Horas depois, o Presidente Trump cancela abruptamente a cimeira com Kim Jong-un, devido à “tremenda ira e hostilidade” do regime; – Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte destrói com explosões os túneis do seu centro de testes nucleares de Punggye-ri, no nordeste do país, na presença de imprensa estrangeira. 25 maio: – Trump volta a mostrar-se disponível para se reunir com Kim depois de o regime norte-coreano ter manifestado a intenção de retomar o diálogo “em qualquer momento e de qualquer forma”. 26 maio: – Os líderes das duas Coreias realizam em segredo e de surpresa a sua segunda reunião em apenas um mês para tentar melhorar as suas relações e salvar a cimeira de Kim Jong-un e Donald Trump. 30 maio: – O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, recebe em Nova Iorque o ‘número dois’ do regime norte-coreano, o general Kim Yong-chul. 01 junho: – O militar norte-coreano é recebido na Casa Branca por Trump, que confirma que a cimeira com o líder de Pyongyang continua de pé para 12 de junho, em Singapura.
Hoje Macau China / ÁsiaAdmiração chinesa por Putin reflecte sentimento anti-ocidental Reportagem de João Pimenta, da Agência Lusa [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhões de chineses declararam-se fãs do líder russo, Vladimir Putin, segundo uma pesquisa ‘online’ realizada nas vésperas da sua visita à China, ilustrando o ressentimento antiocidental no país, apesar das reformas económicas pró-capitalistas das últimas décadas. “É seguro afirmar que Putin tem mais apoiantes na China do que qualquer outro líder estrangeiro”, afirmou Li Xing, diretor do Centro de Estudos da Eurásia, da Beijing Normal University, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês. Dezenas de biografias e ensaios sobre Putin estão hoje disponíveis na China, onde o atual Presidente, Xi Jinping, pôs fim à noção de liderança coletiva que perdurou no país nas últimas décadas, assumindo-se como o líder chinês mais forte desde Mao Zedong, o fundador da República Popular. “Putin: Ele Nasceu para a Rússia”, “O Punho de Ferro de Putin”, “Putin: O Homem Perfeito aos Olhos das Mulheres” e “O Charme do Rei Putin” são alguns dos títulos expostos nas livrarias chinesas. Coletâneas de discursos e entrevistas de Putin estão também publicadas na China, numa distinção rara para um estadista estrangeiro. Uma pesquisa ‘online’ realizada pela emissora estatal China Media Group, ao longo de uma semana, com a questão “Quem é fã de Putin?” foi preenchida por cerca de dez milhões de internautas chineses, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. “Putin tornou-se um ícone político, duro e implacável, na resistência à hegemonia do ocidente”, afirma um estudante chinês de 26 anos, formado em Relações Internacionais. “Ele é um grande estadista, que renovou as esperanças e a fé do povo russo após a desintegração da União Soviética”, acrescentou. No Sina Weibo, o Twitter chinês, um internauta explica a admiração dos chineses por Putin assim: “Gostamos dele porque o mundo ocidental teme-o”. O próprio Presidente chinês, que este ano emendou a Constituição para poder permanecer no poder sem limite de mandatos, admitiu já que ele e Putin têm “personalidades semelhantes”. A admiração é reciproca. Numa entrevista recente a uma emissora estatal chinesa, Vladimir Putin afirmou que Xi é o único líder mundial que ele convidou para a sua festa de aniversário. “Bebemos um ‘shot’ de vodka e comemos umas salsichas no final de um dia de trabalho”, afirmou. O líder russo considerou Xi um “parceiro agradável” e “um amigo de confiança”. A Rússia e a China alinharam já posições nas Nações Unidas, ao oporem-se a uma intervenção na Síria e anularem tentativas de criticar as violações dos direitos humanos pelos dois países. Moscovo apoia a oposição de Pequim à navegação da marinha norte-americana no Mar do Sul da China. Ambos os países realizaram já exercícios militares conjuntos, incluindo no Báltico. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada. A nível económico, no entanto, a cooperação segue aquém da cooperação política e no âmbito da segurança. A China é o principal parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia surge em décimo lugar entre os parceiros de Pequim. O comércio bilateral fixou-se, em 2017, em 90 mil milhões de dólares (76 mil milhões de euros). Em comparação, as trocas comerciais entre Pequim e Washington ascenderam a 636 mil milhões de dólares (538 mil milhões de euros), no mesmo período, com os EUA a registaram um deficit de 375,2 mil milhões de dólares (mais de 317 mil milhões de euros). Putin visita entre hoje e domingo a China, onde participará no fórum da Organização de Cooperação de Xangai, organização que reúne vários países da eurásia e é dedicada a questões de segurança.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping saúda alargamento de fórum regional à Índia e Paquistão [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, saudou a entrada da Índia e do Paquistão na Organização de Cooperação de Xangai, cuja reunião decorreu em contraste com a cimeira do G7. Xi deu as boas-vindas ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e ao Presidente do Paquistão, Mamnoon Hussain, afirmando que a presença destes é de “um grande significado histórico”. O líder chinês falava durante a abertura da cimeira da OCX, na cidade portuária de Qingdao, norte da China. Os dois países aderiram àquele bloco como membros permanentes no ano passado. “Mais estados-membros significa mais força para a organização, assim como mais atenção e expectativas dos povos dos países da região e da comunidade internacional”, disse Xi, acrescentando que o país partilha, “também, grandes responsabilidades na manutenção da segurança e estabilidade regionais e na promoção do desenvolvimento e prosperidade”. O bloco liderado por Pequim é visto como uma tentativa de desafiar a ordem global assegurada pelo ocidente. O grupo é dominado pela China e Rússia e inclui ainda o Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão. Fundado em 2001, foi inicialmente concebido como um mecanismo de resolução de disputas fronteiriças, de luta antiterrorismo e, de forma mais implícita, para contrariar a influência norte-americana na Ásia Central, após a invasão do Afeganistão. Nos últimos anos, o fórum ganhou uma componente mais económica, impulsionado pela iniciativa chinesa “Nova Rota da Seda”, um gigante projeto de infraestruturas que visa reativar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central. O projecto não é bem recebido por todos os membros do bloco, particularmente a Índia, que recusou apoiá-lo. Também a Rússia está cautelosa face à crescente influência da China, pelo que, apesar de ter apoiado a iniciativa, está também a tentar expandir a sua preponderância política e económica na região, através de uma união aduaneira designada União Económica da Eurásia. A China desvalorizou preocupações de que a organização visa projectar a influência de Pequim no exterior. O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, afirmou em editorial que, ao contrário das organizações ocidentais como a NATO e o G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo), que procuram “consolidar a ordem económica global favorável ao ocidente”, a Organização de Cooperação de Xangai é inclusiva. “Não se trata de um instrumento para jogos de geopolítica, de procura de hegemonia ou de engrenagem em confrontação internacional”, lê-se. Mas à medida que as disputas comerciais com Washington se agravam, Pequim têm-se aproximado mais de Moscovo e Nova Deli. Na sexta-feira, Xi ofereceu ao presidente russo, Vladimir Putin, a primeira Medalha de Amizade da China, numa cerimónia em Pequim. No sábado, Xi reuniu com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pela segunda vez em dois meses, tendo assinado acordos comerciais e de partilha de informação sobre as águas do rio Brahmaputra, que corre entre os dois países. A aparição altamente coreografada de Xi Jinping na abertura do fórum, marcou um contraste claro com a cimeira do G7, que terminou no sábado no Canadá, tendo ficado marcada pelas crescentes fricções entre os Estados Unidos e os seus aliados em torno do comércio.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA/Coreia do Norte: China “apoia” cimeira mas com “reservas” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] professor chinês de Relações Internacionais Wang Li afirma que, “no geral”, a China apoia a cimeira entre Coreia do Norte e Estados Unidos, admitindo existirem algumas “reservas” face à aproximação de Pyongyang a Washington. “Apesar de existirem diferentes visões sobre o envolvimento da China na península coreana (…) o papel da China na desnuclearização e estabilidade da região é tido como incontornável”, disse à agência Lusa, dias antes da cimeira, Wang, formado em Ciência Política pela universidade inglesa de Aberdeen, e professor na Universidade de Jilin, província chinesa situada junto à fronteira com a Coreia do Norte. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu homólogo da Coreia do Norte, Kim Jong-un, reúnem-se na terça-feira, em Singapura, num encontro histórico que ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington. Wang sustenta que, apesar de “alguns cépticos” temerem que a cimeira enfraqueça o papel da China e que uma possível reunificação da península coreana venha a constituir uma ameaça para o país a longo prazo, Pyongyang vai continuar a depender de Pequim. “A RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte] precisa da China como tremenda retaguarda estratégica, que funciona desde aliado ideológico, parceiro político, fornecedor de apoio económico e tecnologia, modelo institucional até janela para o mundo exterior”, defende. O académico recorda ainda que Kim Jong-un precisa de uma retaguarda forte na aproximação a Donald Trump, por “motivos simbólicos e reais”. Pequim e Pyongyang combateram lado a lado contra os EUA na Guerra da Coreia e a relação entre os dois países costumava ser descrita como sendo “unha com carne”. Nos mapas chineses impressos até há cerca de 20 anos, a península coreana correspondia a apenas um país, a RPDC, com a capital em Pyongyang. Seul tinha então o estatuto de cidade de província. No entanto, a insistência do regime norte-coreano em desenvolver um controverso programa nuclear levou Pequim a afastar-se do país, consciente que este representava um embaraço para a sua diplomacia e uma fonte de instabilidade regional. No entanto, os dois lados reaproximaram-se, à medida que Kim embarca numa ofensiva diplomática e põe a hipótese da desnuclearização, em troca de garantias de segurança. Em Março passado, Kim Jong-un visitou Pequim e encontrou-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, na sua primeira visita ao estrangeiro desde que assumiu a liderança da Coreia do Norte, há mais de seis anos. Menos de dois meses depois, Kim voltou a reunir-se com Xi, na cidade chinesa portuária de Dalian, no nordeste do país, numa cimeira surpresa. Wang explica que a China “precisa de estabilidade e paz nas suas fronteiras”. Caso a península seja pacificada, Pequim “pode então concentrar as suas energias” no Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade – apesar dos protestos dos países vizinhos -, e em Taiwan, cujos laços com o continente se deterioraram desde a eleição da Presidente Tsai Ing-wen, pró-independência, afirma Wang. Outra vantagem no regresso ao diálogo na península é “a promoção da imagem da China como mediadora da paz e grande potência responsável”, diz o académico, numa altura em que Pequim abdica do tradicional perfil discreto na cena internacional e reclama a liderança na governação de questões globais. “A China é o principal país a defender o diálogo a seis na península”, que envolve ainda Rússia, EUA, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte, “se essa proposta avançar, será verdadeiramente um grande sucesso para a imagem internacional da China”, conclui Wang.