Embaixador: “China permanece confiante e aberta apesar do fraco juízo de alguém nos EUA”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] embaixador chinês nos Estados Unidos, Cui Tiankai, disse recentemente que apesar do fraco juízo de alguém nos Estados Unidos, a China permanecerá confiante no caminho do desenvolvimento e os que esperam pelo contrário devem enfrentar a realidade.

“Recentemente, registaram-se alguns desenvolvimentos nas relações China-EUA que são matéria de preocupação, o que reflecte a deficiência de alguém dos Estados Unidos no seu entendimento da China, e também o seu fraco juízo de estratégias adoptadas pela China. Por exemplo, alguém se sente deprimido por causa de adesão da China ao seu próprio caminho de desenvolvimento,” disse Cui numa reunião realizada na embaixada chinesa para celebrar o Ano-Novo chinês.

O caminho do desenvolvimento escolhido pela China está baseado nas realidades nacionais do país, guiado pelas suas próprias teorias, garantido por seu próprio sistema e estabelecido em sua própria cultura, disse Cui. “Então, nosso caminho do desenvolvimento não pode e não deve mudar.”

“A escolha chinesa do caminho do desenvolvimento não mudará devido ao pensamento de outras pessoas. Espero que aqueles O embaixador disse que a China permanece confiante, mas também permanecerá aberta a novas ideias e está disposta a aprender com outras culturas.

8 Fev 2018

Hong Kong | Três activistas evitam prisão. Recurso aceite no tribunal

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês membros do movimento pró-democracia evitaram a prisão após o tribunal superior em Hong Kong aceitar o seu recurso, num caso considerado como um teste sobre a independência da justiça em relação a Pequim.

Os activistas Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow advertiram, no entanto, que ainda não é hora de celebrações, porque a liberdade de pensamento e de expressão ainda estão ameaçadas no território, que foi devolvido pelo Reino Unido à China em 1997.

Joshua Wong, de 21 anos, que se tornou o rosto da “revolta dos guarda-chuvas” – que ocorreu no outono de 2014 -, e os seus companheiros foram condenados, em agosto, a penas de entre seis e oito meses de prisão. Essa condenação seguiu-se a um recurso do Ministério Público, que pedia sentenças mais pesadas do que as decididas em primeira instância – realização de serviço comunitário e penas suspensas. Os três foram libertados sob fiança algumas semanas depois, enquanto decorria a análise do seu recurso perante o Tribunal Supremo de Hong Kong, o mais alto tribunal de recurso.

O juiz Geoffrey Ma referiu ontem que os três activistas receberam penas “significativamente mais pesadas” do que as sentenças geralmente impostas em casos de manifestações ilegais. Levando em consideração o idealismo dos réus, a sua juventude e o facto de o seu registo criminal estar limpo, o tribunal de primeira instância fez um julgamento adequado, declarou o juiz Ma.
Os três activistas foram condenados pelo seu papel numa manifestação ocorrida em 26 de Setembro de 2014, quando manifestantes escalaram barreiras de metal e entraram na Praça Cívica, que está situada num complexo governamental.

Na semana passada, 12 deputados dos Estados Unidos propuseram a nomeação dos líderes da ‘revolta dos guarda-chuvas’, Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow, como candidatos ao Prémio Nobel da Paz, a atribuir em Outubro. De acordo com uma carta enviada ao comité Nobel, os 12 republicanos e democratas acreditam que Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow, que lideraram o movimento, devem ser honrados “pelos seus esforços pacíficos para implementar reformas políticas e proteger a autodeterminação de Hong Kong”.

7 Fev 2018

Jornal do PC garante relações com o Vaticano “mais cedo ou mais tarde”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) considerou ontem que Pequim e o Vaticano vão estabelecer relações diplomáticas “mais cedo ou mais tarde”, o que implicaria que a Santa Sé cedesse na nomeação dos bispos. “Acreditamos que os diplomatas de Pequim podem gerir as negociações tendo em conta o interesse nacional e as crenças religiosas”, escreve o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Pequim e a Santa Sé não têm relações diplomáticas, divergindo sobretudo na nomeação dos bispos, com cada lado a reclamar para si esse direito. A China tem cerca de 12 milhões de católicos, mas as manifestações católicas no país são apenas permitidas no âmbito da Associação Patriótica Católica Chinesa, a igreja aprovada pelo PCC e independente do Vaticano. O objectivo é garantir que os católicos do país funcionam “independentemente” de forças externas e “promovem o socialismo e patriotismo através da religião”.

Milhões de católicos chineses estão, porém, ligados às chamadas igrejas clandestinas, constituídas fora do controlo daquele organismo estatal e que juram lealdade ao papa. “A chegada a um acordo com a China sobre a escolha dos bispos iria reflectir a habilidade dos católicos para se adaptarem às mudanças”, acrescenta o Global Times, em editorial.

Vários órgãos de comunicação próximos do Vaticano afirmam que um acordo entre ambos os Estados está pronto e pode ser assinado nos próximos meses, mas não se sabe ainda como será resolvida a questão da nomeação dos bispos.

No caso do Vietname, país vizinho da China e também governado por comunistas, um acordo assinado em 1996 estabelece que a Santa Sé propõe três bispos a Hanói, e o governo vietnamita escolhe um deles.

Na semana passada, o cardinal de Hong Kong Joseph Zen criticou a própria Santa Sé pelos seus avanços diplomáticos com o regime chinês. Zen acusou a igreja de forçar bispos a retirarem-se, para que possam ser substituídos por outros, apoiados por Pequim.

7 Fev 2018

China acusa EUA de prática de dumping

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério de Comércio da China informou neste domingo ter dado início a investigações para apurar uma suposta prática de dumping nas exportações de sorgo dos Estados Unidos.

Informações preliminares apontam que grandes volumes do produto têm sido vendidos pelos EUA à China a preços baixos e com subsídios do governo dos EUA, prejudicando os produtores chineses. O ministério disse também que a produção chinesa de sorgo depende de um grande número de pequenos agricultores.

Ao anunciar a acção, o governo chinês não mencionou a recente decisão da administração Trump de impor tarifas sobre as importações norte-americanas de painéis solares chineses. Autoridades da China disseram a representantes de empresas dos EUA que Pequim está a preparar medidas de retaliação caso as exportações chinesas sejam afectadas pela política defendida por Trump conhecida como “America First”.

Os EUA estão envolvidos também em processos que podem impor à China penalidades relacionadas à propriedade intelectual e comércio de aço e alumínio.

Produtos agrícolas dos EUA são um alvo provável na lista do governo chinês, já que Estados agrícolas norte-americanos são vistos como a base política do presidente Donald Trump. A China tem-se destacado como um grande mercado para o sorgo produzido nos EUA. Desde 2013, mais de 27 milhões de toneladas do produto foram vendidas para o país asiático, conforme dados da associação de produtores de sorgo dos EUA.

6 Fev 2018

China | Estudante de 81 anos recebe diploma da Universidade de Tianjin

[dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]ue Minxiu, estudante de 81 anos, recebeu no domingo um diploma de graduação da Universidade de Tianjin. “Eu acho que o significado da vida é desafiar-se continuamente e melhorar, por isso queria agradecer à Universidade de Tianjin por me oferecer esta oportunidade preciosa para tornar os sonhos que não foram concluídos antes numa realidade”, disse Xue, que falava como representante dos estudantes na cerimónia.

“Para mim, o mais importante na vida é seguir meu próprio caminho. Isto é, não sucumbir à pressão dos colegas. Mesmo com tempo limitado, devemos permanecer fiel às nossas aspirações originais mesmo que estejamos com fome. O mais importante é ter a coragem de prosseguir”, assinalou Xue.

A idosa mencionou que, apesar de todas as dificuldades durante o estudo, tornou-se mais sábia e mais madura, acrescentando que alguém só se pode conhecer depois de enfrentar adversidades.

Xue elogiou a educação moderna à distância, que lhe forneceu os meios para conseguir o diploma. Também agradeceu aos professores da Universidade de Tianjin, que a apoiaram com cordialidade, esperança e coragem.

Xue inscreveu-se no curso “E-commerce” pela educação à distância da Universidade de Tianjin em Março de 2014 quando tinha 77 anos. Estudante mais velha da turma, ela era uma das mais estudiosas. Levantava-se às cinco da manhã todos os dias e a primeira coisa que fazia era ligar o computador e estudar por algum tempo. Xue nunca ligou a televisão na sua casa durante quatro anos, pois acreditava que devia aproveitar o tempo todo para estudar.

Xue tentou seis vezes antes de passar a última prova online e finalmente recebeu o diploma. A estudante de 81 anos fala cinco línguas (chinês, inglês, francês, russo e latim), também é boa em Excel e Photoshop. No seu tempo livre, Xue gosta de tirar fotos, patinar e nadar.

6 Fev 2018

Moçambique | Governo chinês doou arroz para famílias afectadas pelas chuvas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês doou sete mil toneladas de arroz para as famílias afectadas pelas calamidades naturais em Moçambique, anunciou o embaixador da China em Maputo. Su Jian, citado pelo diário Notícias, disse que o donativo representa “mais uma prova da visão da China em construir uma “comunidade de destino comum com os seus parceiros de outros países”, lembrando as “boas relações” que o seu país possui com Moçambique.

O donativo foi entregue na sexta-feira nos portos da Beira e Maputo e a cerimónia central, na capital moçambicana, contou com a presença do secretário permanente do Ministério da Administração Estatal e Função Pública, António Tchamo. “O donativo disponibilizado vai garantir a assistência as famílias afectadas pelos fenómenos calamitosos, minimizando assim o seu sofrimento”, declarou António Tchamo.

Entre Outubro e Abril, Moçambique é ciclicamente atingido por cheias, fenómeno justificado pela sua localização geográfica, sujeita à passagem de tempestades e, ao mesmo tempo, a jusante da maioria das bacias hidrográficas da África Austral. O Governo estima serem necessários 447 milhões de meticais (61 milhões de patacas) para enfrentar os estragos provocados pela chuva e ventos ciclónicos que atingiram o centro e norte do país nas últimas duas semanas. Desde Outubro, 21 pessoas morreram devido às intempéries da estação das chuvas em Moçambique, sendo as províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia as mais afectadas.

6 Fev 2018

China ordena encerramento de plataformas de intercâmbio de criptomoedas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai reforçar os esforços para travar o uso de criptomoedas como a Bitcoin, incluindo o encerramento de firmas que negoceiam em moedas virtuais e respectivas plataformas de intercâmbio, noticiou ontem a agência oficial Xinhua.

A agência chinesa detalha que o banco central chinês quer encerrar todas as plataformas que fazem transacções de moedas criptografadas. Em Setembro passado, o banco central chinês e seis ministérios do país emitiram um comunicado conjunto a declarar a ilegalidade das moedas virtuais. Pequim ordenou então às empresas que comercializam aquela moeda que não registem novos utilizadores. As autoridades proibiram ainda os bancos e empresas de pagamentos que realizem transações de grandes valores com moedas virtuais.

A China é o maior consumidor e produtor mundial de bitcoins. Segundo dados citados pela imprensa chinesa, mais de 90% do comércio global da moeda chegou a ser feito na China. Ao contrário das divisas físicas, como o euro e o dólar, os Bitcoins não são regulados por bancos centrais, sendo gerados por milhares de computadores em todo o mundo.

Utilizado por milhares de ‘sites’ da Internet e mesmo por lojas reais, a moeda virtual (Bitcoin) pode ser trocada por serviços como tarifas de táxis, vários produtos ou mesmo divisas, a partir do momento em que a outra parte aceita o princípio da transacção virtual. No início de Janeiro, a bitcoin registou um ‘crash’, depois de em Dezembro ter valido quase vinte mil dólares, o preço mais alto de sempre e cerca de 20 vezes mais do valor 12 meses antes. Na semana passada, a moeda caiu para baixo da fasquia dos oito mil dólares, o preço mais baixo desde Novembro.

6 Fev 2018

Estado Unidos tentam vender armas a países vizinhos da China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos enviaram a sua diplomata responsável pela venda de armamento para promover armas norte-americanas na maior feira aeronáutica da Ásia, onde tem crescido a presença militar e influência política da China.

Tina Kaidanow disse aos jornalistas que uma vasta delegação dos EUA está a fazer “tudo o que pode” para encorajar os governos do sudeste asiático a comprar armamento ao país, como caças F-35.

Washington tem tentado atrair países como o Vietname, outrora um inimigo, com a venda de armamento, numa altura em que uma política externa mais assertiva da China, que reclama a quase totalidade do mar do Sul da China, tem suscitado protestos dos países vizinhos.

Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2012, Pequim construiu várias ilhas artificiais e ergueu instalações militares em recifes disputados pelo Vietname, Filipinas, Malásia, Brunei ou Taiwan. Kaidanow classificou a transferência de uma embarcação norte-americana de guarda costeira para o Vietname, no ano passado, de “incrivelmente positiva”. “Eles vão poder usar o nosso equipamento no domínio marítimo, para a sua segurança, é importante para eles”, disse Kaidanow, que na semana passada esteve em Hanói.

A visita ocorreu poucos dias após o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, ter anunciado no Vietname planos para enviar um porta-aviões para o país, numa demonstração de “solidariedade”.

Apesar da postura chinesa no Mar do Sul da China ter suscitado reclamações, Pequim tem também financiado e desenvolvido infra-estruturas na região, como forma de assegurar aliados, e vendido armas a Manila, em apoio à controversa campanha antidrogas do Presidente filipino, Rodrigo Duterte.

Kaidanow disse ainda que reunirá com funcionários do Japão e outros países do sudeste asiático durante os próximos dias, argumentando que as nações da região devem comprar armamento norte-americano, “não só por questões de segurança, mas também para manter o equilíbrio na região”.

A diplomata norte-americana acrescentou que os EUA vão manter as suas operações de liberdade de navegação nas águas do Mar do Sul da China reclamadas por Pequim. “Iremos absolutamente manter o ritmo”, disse.

A China condena as operações de Washington na região como provocações “imprudentes”, que aumentam os riscos de confrontos militares entre os dois países.

6 Fev 2018

Xi e May fazem acordos de US$ 13,26 mil milhões

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, partiu este fim de semana da China com acordos de mais de US$ 13,26 mil milhões assinados ao final de uma missão comercial de três dias durante a qual presidente chinês, Xi Jinping, prometeu expandir a “era de ouro” do relacionamento.

O Reino Unido está a tentar reinventar-se como nação comercial global desde o referendo de 2016 que decidiu pela saída do país da União Europeia, e a China, a segunda maior economia do mundo, está no topo da lista de países com os quais Londres quer assinar um acordo de livre comércio.

Durante uma cimeira de negócios em Xangai, a capital comercial da China, May disse que o Reino Unido está determinado a ajudar a concretizar a visão de globalização de Xi e uma economia chinesa mais aberta. “Enquanto isso, o Reino Unido prepara-se para deixar a União Europeia. Estamos a aproveitar a oportunidade para nos tornarmos um Reino Unido global ainda mais aberto para o exterior, aprofundando nossas relações comerciais com nações de todo o mundo, incluindo a China”, frisou.

“O investimento chinês ajuda o Reino Unido a desenvolver a infra-estruturas e criar empregos, cerca de 50 mil empresas importam bens da China e mais de 10 mil vendem os seus produtos para o país asiático”, acrescentou. “Acertámos medidas para trazer mais alimentos e bebidas internacionalmente reconhecidos do Reino Unido para a China, para abrir o mercado para alguns dos provedores de serviços financeiros de nível mundial do Reino Unido”, afirmou May.

 

Abertura de vagas

 

Os US$ 13,26 mil milhões em acordos criarão mais de 2500 empregos em todo o Reino Unido, divulgou o governo britânico. As empresas britânicas de serviços financeiros sozinhas já garantiram acordos de mais de mil milhões de libras esterlinas e acesso a mercados que significarão 890 empregos, informou o governo, sem dar detalhes. Pequim vê Londres como um aliado importante no seu apelo por mercados globais mais abertos, apesar dos temores generalizados na comunidade empresarial estrangeira com a dificuldade de se operar na China, e os dois países referem uma “era de ouro” nas relações. Xi disse a May na capital chinesa que as duas nações deveriam “dar um novo significado aos laços bilaterais de maneira a forjar uma versão aprimorada da ‘Era de Ouro’”.

5 Fev 2018

Pequim critica nova estratégia americana de armas nucleares

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China criticou ontem a nova estratégia de armas nucleares dos Estados Unidos, aconselhando os americanos a perderem a “mentalidade da Guerra Fria” e a assumirem a “responsabilidade principal” no desarmamento nuclear. O Ministério da Defesa chinês afirmou que o documento sobre a nova política de armas nucleares, elaborado pelos serviços americanos da Defesa, Estado e Energia, “especula com o caminho do desenvolvimento” chinês e exagera a ameaça que representam as forças nucleares do país asiático.

A nova estratégia de armas nucleares americana, anunciada esta semana pelo Pentágono, exige a introdução de dois novos tipos de armamento, acabando com os esforços da era de Barack Obama para reduzir o tamanho e o alcance do arsenal norte-americano. Durante a apresentação, o secretário de Defesa, Jim Mattis, afirmou que a capacidade dos arsenais nucleares russo e chinês “estão a melhorar”, ao contrário do que acontece com os Estados Unidos.

A política da administração anterior dependia do que o então Presidente Barack Obama chamou de obrigação moral para que os Estados Unidos liderassem com o exemplo para livrar o mundo das armas nucleares. Mas oficiais da administração de Donald Trump e do Exército norte-americano argumentam que a abordagem de Obama se mostrou excessivamente idealista, particularmente quando a Rússia ressurgiu, com os Estados Unidos a não conseguirem persuadir os seus adversários nucleares a seguir o exemplo.

“Esperemos que os Estados Unidos compreendam correctamente a intenção estratégica da China e que assumam uma visão justa sobre a defesa nacional e o desenvolvimento militar da China”, respondeu hoje o porta-voz da Defesa chinês, Ren Guoqiang, citado pela agência estatal Xinhua. O porta-voz chinês exortou ainda os americanos a perderem “mentalidade da Guerra Fria”.

 

EUA desrespeitam América Latina

Entretanto, a China acusou os Estados Unidos de desrespeitarem a América Latina depois do secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, ter alertado os países da região contra a dependência excessiva dos laços económicos com a China.

Tillerson, num discurso antes de uma visita ao México, Argentina, Peru, Colômbia e Jamaica, disse que a China estava a ficar mais forte na América Latina, usando políticas económicas para atrair a região para sua órbita.

Em comunicado divulgado no final da sexta-feira, respondendo a Tillerson, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China informou que a cooperação entre a China e a América Latina é baseada em interesses comuns e necessidades mútuas. “O que os Estados Unidos disseram é inteiramente contra a verdade e mostrou desrespeito ao vasto número de países latino-americanos”, afirmou o ministério.

A cooperação entre a China e os países latino-americanos baseia-se na igualdade, reciprocidade, abertura e inclusão, acrescentou. “A China é um importante comprador internacional de commodities a granel da América Latina e importa cada vez mais produtos agrícolas e de alto valor agregado da região”, informou o ministério. O investimento e a cooperação financeira da China com os países latino-americanos estão em plena conformidade com as regras comerciais e as leis e regulamentos locais, acrescentou.

5 Fev 2018

Camioneta em chamas no centro de Xangai

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]elo menos 18 pessoas ficaram feridas, no centro de Xangai, quando uma camioneta em chamas saiu da estrada e atingiu vários peões no passeio, disseram as autoridades e testemunhas. Três pessoas ficaram gravemente feridas, acrescentaram. O acidente ocorreu cerca das 9:00, perto do emblemático parque do povo, num bairro comercial muito movimentado no centro da cidade, no leste da China, e quando numerosas pessoas se dirigiam para o trabalho.
De acordo com os primeiros elementos do inquérito, o condutor do veículo, de 40 anos, estava a fumar e transportava “sem autorização” substâncias perigosas. Um princípio de incêndio causou a perda de controlo do veículo, acrescentou a polícia do bairro de Huangpu, em Xangai. “A camioneta já estava em chamas quando saiu da estrada e subiu o passeio”, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Zhang Sai, segurança de um prédio vizinho, que assistiu ao acidente. O veículo perdeu o controlo e subiu o passeio com grande velocidade, atingindo vários peões, enquanto outros fugiam da trajectória da camioneta.
Xu Xin, empregado de restaurante de 23 anos, contou à AFP que chegou ao local, no percurso da sua corrida matinal, quando várias pessoas telefonavam já para os serviços de emergência. No interior do veículo, disse, viam-se pequenas botijas de gás, de um modelo habitualmente usado para placas de cozinha.
O acidente ocorreu na secção oeste da rua de Nankin, zona muito frequentada e onde se situam hotéis de prestígio, restaurantes, grandes centros comerciais e edifícios de escritórios.
Em 2013, dois turistas morreram na praça Tiananmen, em Pequim, quando um veículo galgou o passeio, atingindo várias pessoas, antes de se incendiar. As autoridades chinesas atribuíram este atentado, no qual morreram três atacantes, a separatistas da etnia muçulmana uigur, oriundos da região de Xinjiang, no noroeste do país.

5 Fev 2018

Turismo à procura de adrenalina traz dinheiro a região pobre

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]poiada no braço de uma amiga, Fang Bing atravessou a mais longa ponte de vidro do mundo, suspensa num desfiladeiro no noroeste da China, numa experiência de “adrenalina”, onde o truque é “não olhar para baixo”. “Arrependi-me quando cheguei a meio”, admite à agência Lusa Fang, uma das curiosas que viajou até ao parque natural de Hongyagu, para caminhar a quase 218 metros de altitude sobre uma plataforma transparente.

Inaugurada em Dezembro passado, a ponte de Hongyagu é constituída por 1.077 placas de vidro – cada uma com quatro centímetros de espessura -, e tem 488 metros de comprimento. Fang Bing, que se deslocou cerca de 80 quilómetros desde Shijiazhuang, a capital da província de Hebei, assume ter sentido “muito medo” ao caminhar sobre a ponte. “Mas também se não tivesse sentido, não tinha valido a pena gastar 398 yuan”, acrescenta, referindo-se ao preço do bilhete de acesso à plataforma.

Para alcançar a ponte é necessário subir 2000 degraus, num percurso de quase uma hora, que poderá ser evitado a partir de Maio, quando a organização inaugurar um teleférico. Em redor da estrutura, erguem-se até perder de vista dezenas de montanhas, áridas devido ao inverno seco do noroeste chinês.

Outros visitantes revelam-se mais corajosos: “No início senti medo, mas quando cheguei a meio já estava bem”, conta Sheng Yuxiao, que vive a poucos quilómetros do parque. Sentada ao lado de uma amiga sobre a plataforma, Sheng diverte-se a tirar ‘selfies’, indiferente à vertigem sentida por outros visitantes.

Pontes de vidro não são novidade na China, que conta já com 60 estruturas deste género, segundo a imprensa local. É também no país asiático que se encontra a ponte de vidro mais alta do mundo, suspensa a 300 metros do solo, no parque de Zhangjiajie, que inspirou as Montanhas Aleluia do filme “Avatar”.

“As pontes de vidro são muito populares na China”, explica à Lusa Liu Qiqi, engenheiro-chefe da estrutura em Hongyagu.

Sentado num dos restaurantes da cidade antiga de Hongyagu, onde são servidos pratos típicos da região, incluindo massa com carne de javali, Liu revela que o vidro usado nesta obra é de “tecnologia militar”. “Cada bloco de um metro tem capacidade para suportar 500 quilos”, diz. “Este tipo de vidro é apenas frágil ao impacto de objectos pequenos: varas com pontas de ferro, bengalas, ou objectos bicudos”. Liu revela que o custo de construção da ponte fixou-se em 150 milhões de yuan.

Hongyagu pertence ao condado de Pingshan, no extremo noroeste de Hebei, junto à fronteira com a província de Shanxi. Hebei produz mais aço do que qualquer país no mundo – com excepção da própria China. Shanxi é o núcleo da indústria do carvão no gigante asiático – o maior consumidor de carvão do planeta. No dia em que a agência Lusa esteve em Hongyagu, um espesso manto de poluição cobria ambas as províncias e persistia no ar o cheiro a carvão.

Na auto-estrada que liga Shijiazhuang e Hongyagu, a circulação de camiões carregados daquele minério negro era constante, num fluxo que o Governo chinês espera diminuir, através da promoção de outras fontes energéticas, como o gás natural ou as renováveis, parte da sua “guerra à poluição”. Só nas indústrias do aço e do carvão, a China deverá extinguir 1,8 milhão de empregos ao longo dos próximos anos.

A ponte de vidro de Hongyagu parece assim ligar uma região pobre e isolada à emergente indústria do turismo chinesa, que só no ano passado facturou 5,4 biliões de yuan. “Queremos dinamizar o turismo na região, torna-lo mais competitivo”, afirma Liu. “Por isso, erguemos aqui esta ponte”.

5 Fev 2018

Estudo | Relatório do The Economist revela declínio global da democracia

O Índice de Democracia da unidade de pesquisa do The Economist revela que 2017 foi um ano negro para as aspirações democráticas no mundo inteiro. De acordo com o relatório, a Ásia foi das regiões que mais caíram no índice, numa tendência global de ataque à democracia e à liberdade de expressão. Em primeiro lugar do ranking ficou Noruega. O último lugar foi, sem surpresas, para a Coreia do Norte

 

[dropcap style≠’circle’]2[/dropcap]017 foi um ano negro para a democracia, uma asserção que não parece surpreendente se fizermos uma revisão do que se passou no ano passado, mas que ganha substância no Índice de Democracia do jornal The Economist. O relatório divide em quatro categoria os regimes analisados: Democracias completas, democracias com falhas, regimes híbridos e regimes autoritários.

O estudo baseia-se na análise de 60 indicadores que medem o processo eleitoral e o pluralismo, o funcionamento do Governo, a participação política, a cultura democrática e política e as liberdades civis. Logo à partida, o resultado é chocante, nomeadamente por demonstrar que apenas 5 por cento da população mundial vive numa democracia completa. Enquanto que quase um terço do mundo vive sob o jugo de regimes autoritários, com particular destaque para a China neste capítulo. Aliás, no geral, 89 países e territórios viram as suas pontuações descerem, registando a maior queda desde 2010, com os países asiáticos a liderar o declínio.

Não é, portanto, de espantar que nesta parte do globo os únicos países com pontuações que os colocam na categoria das democracias completas são a Austrália e a Nova Zelândia.

A Ásia foi o continente que sofreu o maior declínio em relação a 2016, além de registar a maior discrepância entre países. O bloco asiático obteve 5.63 de pontuação, ficando para trás em relação à América do Norte que atingiu os 8.56, a Europa Ocidental que teve 8.38 e a América Latina com 6.26.

A pontuação obtida pela Ásia em 2017 contraria os avanços registados nos anos anteriores.

“Foi um ano de retrocesso democrático na região e a pior performance desde 2010/2011 no rescaldo da crise económica e financeira global”, explica Duncan Innes-Ker, director da Ásia The Economist Inteligent Unit, a organização responsável pelo estudo. Duncan Innes-Ker salienta “como maiores razões para as tendências de regressão a consolidação do poder de alguns líderes chave da região, a crescente intolerância em relação a minorias e os atropelos à liberdade de expressão”.

As duas maiores democracias emergentes asiáticas, a Índia e a Indonésia, sofreram declínios acentuados nas respectivas pontuações. A Índia caiu da 32ª posição, que ocupava em 2016, para o lugar 42, enquanto a Indonésia desceu do lugar 48 para 68.

Um dos maiores reveses sofridos pelo Estado indonésio, que explicam a queda de 20 lugares no ranking, está relacionado com o município de Jacarta, após a prisão por blasfémia contra o Islão do antigo Governador, Basuki Tjahaja Purnama, um cristão de origem chinesa. O ex-governante foi condenado a uma pena de prisão de dois anos.

China na cauda

A ascensão das ideologias conservadoras e religiosas também afectaram a Índia. O fortalecimento das forças Hindus de direita levou ao aumento do número de melícias e vigilantes e da opressão de comunidades de minorias, em especial muçulmanas, e outras vozes dissidentes.

Cá pela região, Hong Kong caiu três lugares para o lugar 71, num total de 167 jurisdições. Macau não está incluída na lista do The Economist, porém, a pontuação obtida pela região vizinha é um bom indicador comparativo. Na análise de 2017, Hong Kong teve a mesma pontuação que a Namíbia e o Paraguai, ocupando a categoria das democracias com falhas, ficando atrás de territórios como Singapura, Mongólia, Malásia e Sri Lanka.

Neste aspecto é de referir que a China ficou no 139º lugar, entre 167 países e territórios, ocupando a categoria dos regimes autoritários, atrás de países como Zimbabué, Ruanda, Rússia, Cuba, Venezuela Angola, Moçambique e Iraque.

O resultado chinês foi influenciado pela consolidação do poder de Xi Jinping, algo que teve o seu apogeu na inscrição do pensamento do presidente sobre a Nova Era de socialismo de características chinesas na constituição do Partido Comunista Chinês. Além disso, a pontuação chinesa também foi influenciada pela aceleração do estado de vigilância trazido pelas políticas de Pequim no que toca à ciber-segurança e pela perseguição e prisão de activistas dos direitos humanos e líderes religiosos.

Apesar de terem características políticas completamente diferentes, também o Japão e as Filipinas viram os seus líderes consolidarem o poder. O Primeiro-Ministro Shinzo Abe assegurou o quarto mandato à frente dos destinos do Japão, depois de uma vitória esmagadora do seu partido, o Partido Democrático Liberal, que mantém a posição dominante na legislatura.

No que diz respeito às Filipinas, que ocupa o lugar 51, o país desceu a sua pontuação devido à pouco precisa declaração de lei marcial na parte sul de Mindanao e pela actuação autoritária do presidente Rodrigo Duterte.

Imprensa livre

Um dos factores de análise da equipa de investigação do The Economist é a liberdade de imprensa e de expressão. Nesse domínio, a editora do relatório, Joan Hoey, explica que a liberdade de expressão enfrenta uma tripla ameaça. “Tanto nos regimes democráticos como autoritários, o crescimento do uso de processos por difamação, a prevenção do terrorismo e as leis de blasfémia são entraves à liberdade de expressão”.

As ameaças à liberdade de expressão não são oriundas apenas das estruturas de poder político. “Entidades privadas, onde se incluem militantes islâmicos, gangs criminais e interesses instalados usam a intimidação, ameaças, violência e homicídio para limitar o discurso livre. Aqueles que argumentam pelo direito de não se sentirem ofendidos estão a exigir “espaços seguros”, “avisos de ofensas” e leis e regulamentos para trazer o “discurso odioso” nas redes sociais de forma a limpar a vida pública de conteúdos alegadamente ofensivos”, explica a editora.

De acordo com o índice respeitante à liberdade de imprensa, o estudo revela que apenas 30 países, do universo de 167 estudados, estão classificados como “completamente livres”. Esta parcela representa apenas 11 por cento da população mundial. Na categoria de parcialmente livre estão 40 países, onde vive 34,2 por cento da população mundial.

De resto, 97 países do Índice de Liberdade de Imprensa tiveram notas que os colocaram na categoria de “sem liberdade”.

Pilares tremidos

Apesar dos maus resultados, 2017 é um ano que traz alguma esperança, pelo menos no contraste com o ano anterior. De acordo com os autores do relatório, “se 2016 teve uma notável insurgência de populismo contra políticos e partidos mainstream em democracias desenvolvidas na Europa e na América do Norte, 2017 foi marcado pela resposta a este populismo evidente nos movimentos de oposição ao Brexit e à administração Trump”.

No Estados Unidos, o estudo realça a polarização política, que tem vindo a crescer ainda mais desde que Donald Trump ocupa a Casa Branca, intensificando clivagens entre republicanos e democratas em temas como a imigração, economia e políticas ambientais. “As crescentes divisões entre os dois pólos políticos ajudam a explicar o porquê das dificuldades de governação da Administração Trump, apesar de os republicanos controlarem ambas as câmaras do Congresso”, lê-se no relatório.

Face a este cenário não é de estranhar que os Estados Unidos tenham sido classificados como uma democracia com falhas, uma classificação que abrange também a grande maioria dos países europeus como, por exemplo, Portugal, Itália, França, Grécia e Bélgica.

O último classificado na lista de países com democracias completas é a Espanha, que viu o seu lugar posto em causa devido à forma como Madrid lidou com a questão catalã. A equipa do The Economist não deixou passar em claro as tentativas de parar o referendo pela independência da Catalunha, nomeadamente a forma como foram invadidas assembleias de voto, se encerraram portais de internet e se perseguiram eleitores.

A maioria dos países europeus classificados como democracia com falhas situam-se na Europa de Leste, com a Roménia à cabeça desta lista, ocupando o número 64 do ranking. De acordo com o relatório, “a Europa de Leste tem tradicionalmente pontuações baixas no Índice de Democracia devido à fraca cultura política, transições políticas para a democracia e dificuldades na salvaguarda da lei e contra a corrupção”.

5 Fev 2018

Hong Kong | Bairro evacuado por causa de bomba da II Guerra Mundial

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de pessoas foram ontem retiradas do bairro de Wanchai, em Hong Kong, devido ao perigo de rebentamento de uma bomba de 450 quilos dos tempos da Segunda Guerra Mundial, encontrada numa zona de construção.

Segundo relatos das autoridades locais, dezenas de especialistas estão a tentar desactivar o engenho explosivo, o que levou à retirada forçada de mais de quatro mil pessoas no distrito comercial e financeiro de Wanchai, um dos mais movimentados da cidade.

No espaço de quatro dias é a segunda bomba dos tempos da Segunda Guerra Mundial que é encontrada naquela área urbana, onde decorrem escavações no subsolo. Uma primeira bomba de 450 quilos dos tempos da Segunda Guerra Mundial provocou na quarta-feira o encerramento de várias ruas importantes e a suspensão de serviço de balsas no bairro.

“A bomba está numa situação perigosa. O mecanismo do fusível está gravemente danificado e a sua posição impede que a nossa equipa trabalhe de uma maneira eficiente”, disse ao jornal South China Morning Post o especialista em desativação de engenhos explosivos Alick McWhirte. Segundo as autoridades locais, ambos os engenhos explosivos foram lançados pela aviação militar americana durante a Segunda Guerra Mundial, ficando “incrustados no solo” sem explodir até agora.

2 Fev 2018

Consumo na China | Jovens dão nova vida ao mercado do luxo

Há empresas como a LVMH, que congrega marcas como a Gucci, Kering e Hermes, que olham para os jovens chineses como os principais consumidores de artigos de luxo

[dropcap]G[/dropcap]uo Jiaxi é uma jovem típica de uma nova geração que está a surgir na China e que aposta no luxo: é jovem, é mulher e não tem medo de gastar. A contabilista de 24 anos, gosta de marcas como Coach e Louis Vuitton e já comprou, para oferecer, um lenço da Acne Studios, um relógio Daniel Wellington ou um cinto Mont Blanc. Com um salário anual de 50 mil yuans, cerca de 6400 euros, a jovem gasta um quinto do seu rendimento em artigos de luxo.

“O luxo não é uma necessidade total para mim, mas sempre que tenho dinheiro suficiente, compro”, confessa. Não é a única. O ano passado, de acordo com a consultora Bain & Co, deu-se um aumento “dramático” em compras de luxo na China. E há empresas como a LVMH, que congrega marcas como a Gucci, Kering e Hermès, que olham para os jovens chineses como os principais consumidores de artigos de luxo.

A vontade que esta geração tem de gastar – muitas vezes mais do que pode pagar – tem alguns senãos porque se trata de consumidores que não são tão leais às marcas tradicionais, e são influenciados por mudanças de tendências online. “Alguns destes jovens, mesmo quando não têm dinheiro suficiente, continuam a comprar produtos de luxo”, informa Huang Yue, 27 anos, que dirige a secção de moda no portal chinês Loving Luxury.

Yue acrescenta que a mudança com os millenials, aqueles com idades entre os 20 e os 34 anos, foi dramática pois estimulou o surgimento de novas áreas, como o streetwear de luxo e o vestuário desportivo, o que a consultora Bain & Co. confirma que é essa a mudança que está por trás do rápido crescimento.

Impulsionados pelo optimismo geral, atraídos pela facilidade das compras online e ajudados por pais que também beneficiaram do rápido crescimento do país, os millenials não só contribuem para o mercado de luxo interno como para o externo..

Esta geração de consumidores deram um impulso de 18 mil milhões de euros às vendas no ano passado, cerca de 20% mais do que no ano anterior. É, de longe, o salto mais alto em mais de meia década de crescimento lento, segunda a Bain & Co..

Os bens de luxo comprados na China representam 8% do total global, enquanto os compradores chineses, que fazem três quartos das suas compras de luxo no exterior, representam 32% das vendas em todo o mundo.

O presidente-executivo da LVMH, Bernard Arnault, declara que a China é um mercado “muito dinâmico”, no qual a marca Louis Vuitton é sólida. “A China deu-nos um bom retorno”, disse à comunicação social há uma semana. A Gucci e a marca de conhaque Remy Cointreau estão entre outras bem conhecidas que registam um crescimento forte no mercado chinês.

No entanto, analistas e insiders da indústria, confirmam que os consumidores estão a alargar a gama de marcas que compram, o que coloca um desafio às mais tradicionais. Por exemplo, a Coach e a Burberry revelam que, o ano passado, os seus resultados foram mais fracos, assim como a Prada também sentiu uma quebra nas vendas na China. Por isso, estas marcas têm vindo a estabelecer parcerias com personalidades que são influencers, assim como, no caso da Prada, lançou uma loja online em Dezembro.

Revendedores online como a Alibaba e JD.com decidiram lançar as suas próprias plataformas de luxo e vender marcas como Yves Saint Laurent, Stella McCartney e Alexander McQueen. “Os consumidores chineses estão a passar por várias mudanças”, declara Liao Jianwen, director estratégico da JD.com, durante o Fórum de Mercados Globais da Reuters no World Economic Forum, em Davos, acrescentando que estes querem produtos de alta qualidade a “preços competitivos”.

Mesmo que os consumidores gastem mais, estão a tornar-se mais exigentes. Veja-se o caso de Zhang Xia, 24 anos, uma jovem que trabalha na área financeira, e que já comprou malas Dior, Louis Vuitton, jóias Bulgari e até já pagou 19 mil euros por um relógio Piaget; mas que agora tornou-se mais difícil conquistá-la. “Cada vez mais, o que eu quero são padrões e objectos originais”, justifica, acrescentando que, tal como Guo, às vezes os pais ajudam-na a pagar as suas compras.

Esta mudança teve como consequência o surgimento de áreas que não eram vistas no mesmo espaço do luxo tradicional, como o casualwear, a streetwear e até roupas de desporto premium.

Os consumidores também estão mais disponíveis para comprar bens usados, o que significa que as pessoas que fazem compras em primeira mão podem, mais tarde, vender esses artigos, reavendo parte do que gastaram. “Porque sabem que podem vender em segunda mão, as pessoas não são tão rigorosas com os seus orçamentos para artigos de luxo”, justifica Deng Yun, 33 anos, director de operações da plataforma Luxusj, que vende bens de luxo usados.

Segundo este responsável, os artigos mais populares no site são as malas Louis Vuitton, Chanel, Gucci e Fendi. Chloe, da casa Richemont, é popular entre compradores mais jovens, enquanto Hermès ainda tem um bom cachet, acrescenta.
Com REUTERS

2 Fev 2018

China | Human Rights Watch denuncia intimidação de familiares de fugitivos

[dropcap]A[/dropcap] organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou ontem as intimidações e detenções impostas pelas autoridades chinesas a familiares de suspeitos de corrupção que vivem além-fronteiras, visando pressioná-los a voltarem à China.

Uma investigação da organização revelou que a China está a utilizar os alertas vermelhos da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), cuja presidência pertence ao chinês Meng Hongwei, enquanto persegue e detém familiares de suspeitos de corrupção.

Agentes da polícia visitaram familiares sem qualquer documento legal e ameaçaram com detenção, caso não conseguissem convencer o fugitivo a regressar à China. “As autoridades chinesas exerceram todo o tipo de pressões ilegais sobre os familiares dos suspeitos de corrupção para que regressem à China”, denunciou um comunicado da directora do HRW no país asiático, Sophie Richardson. “Não há base legal para estas tácticas traumáticas de culpabilidade por associação”, acrescentou.

Segundo a HRW, as autoridades congelaram os bens ou despediram dos seus empregos em empresas estatais cinco dos suspeitos que a China quer extraditar. A polícia proibiu também os seus cônjuges, pais ou irmãos de viajar para fora do país. Para além da HRW, também a Amnistia Internacional denunciou por várias vezes que a China está a utilizar estes alertas de detenção e extradição contra dissidentes e activistas, para que regressem ao país asiático, onde enfrentam o risco de tortura.

2 Fev 2018

A China acusa Donald Trump de ter “mentalidade da Guerra Fria”

[dropcap]O[/dropcap]s governos de China e do Irão foram alvos do presidente americano, Donald Trump, no seu primeiro discurso sobre o Estado da União, no qual o chefe de Estado faz um balanço do ano no governo e indica prioridades legislativas ao Congresso.

No entanto, os dois países responderam com críticas ao republicano. A China pediu aos Estados Unidos para abandonar sua “mentalidade de Guerra Fria”, depois de Trump classificar Pequim como um rival que ameaça os interesses americanos.

“Esperamos que os Estados Unidos abandonem sua mentalidade de Guerra Fria, que é um conceito superado”, reagiu Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A China espera trabalhar com os americanos a fim de reduzir diferenças de posição, com base no respeito mútuo, e concentrando-se na cooperação e na gestão das diferenças”, enfatizou numa conferência de imprensa.

Já autoridades iranianas afirmaram que os comentários de Trump demonstram a “ignorância” do presidente americano. O republicano indicou que é “hora de mudança” no Irão, fazendo referência à onda de protestos no início deste ano. “Trump novamente confirma sua ignorância sobre o Irã e a região. Todos sabemos como ele se posiciona, e certamente não é do lado dos iranianos”, disse o ministro do Exterior, Javad Zarif, em mensagem no Twitter. “Os seus ‘virtuosos’ clientes ‘democraticamente eleitos’ na nossa região podem comemorar, mas não aqueles que estão na ponta que recebe tirania e armas, incluindo crianças iemenitas”, disse, numa referência à Arábia Saudita, rival regional do Irão, que desde 2015 intervém na guerra civil no Iémen.

2 Fev 2018

Vaticano | Papa responde ao Cardeal Zen sobre a Igreja Católica na China

Quando o Papa Francisco consegue passos importantes para uma reconciliação com Pequim , o Cardeal Zen resolveu incendiar a internet

[dropcap]O[/dropcap] director da Sala de Imprensa do Vaticano, Greg Burke, divulgou na terça-feira, 30 de Janeiro, uma declaração na qual afirma que o Papa Francisco está bem informado sobre a situação da Igreja Católica na China e que é “lamentável” que algumas “pessoas da Igreja” afirmem o contrário, causando “confusões e polémicas”.

A declaração afirma que “o Papa está em constante contacto com os seus colaboradores, em particular da Secretaria de Estado, sobre as questões chinesas, e é informado por eles de forma fiel e pormenorizada sobre a situação da Igreja Católica na China e sobre os passos do diálogo em andamento entre a Santa Sé e a República Popular da Chinesa, que ele acompanha com especial solicitude”. “Por isso é um surpresa e lamentável que se afirme o contrário por parte de pessoas de Igreja e se alimentem assim confusões e polémicas”, concluiu.

Embora não tenha mencionado, a declaração ocorreu um dia depois que o Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, publicou no seu portal uma carta na qual explica e analisa a difícil situação da Igreja Católica na China, em particular os bispos, ante as pressões e a perseguição do governo.

Na carta publicada no seu portal, o Cardeal recordou que nos últimos dias a imprensa informou que o Vaticano pediu a um bispo para que renuncie e a outro bispo para que aceite a sua renúncia a fim de permitir que os bispos relacionados ao governo assumam os seus cargos.

A carta é bem crítica em relação às negociações do Vaticano com o governo chinês, na qual também denuncia vários problemas sofridos pelos prelados católicos no país: “Vi directamente a escravidão e a humilhação à qual os nossos irmãos bispos estão submetidos”, assinala. O Bispo Emérito pergunta: “Acreditaria que o Vaticano está a vender a Igreja Católica na China? Sim, definitivamente, se estão a ir na direcção na qual estão segundo o que eles estão a fazer nos últimos anos e meses”.

As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano foram cortadas em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram os clérigos estrangeiros. Desde então, a China permite o culto católico unicamente à Associação Patriótica Católica Chinesa, subordinada ao Partido Comunista da China, e recusa a autoridade do Vaticano para nomear bispos ou governá-los. Há alguns anos, a Santa Sé trabalha num acordo para o restabelecimento das relações diplomáticas com a China, uma aproximação incentivada pelo Papa Francisco.

Entretanto, o Papa Francisco prometeu analisar o caso dos dois bispos chineses reconhecidos a quem a Santa Sé havia pedido para se afastar e abrir caminho a prelados ordenados ‘ilicitamente’. A Santa Sé pediu que Dom Zhuang Jianjian, da Diocese de Shantou, de 88 anos e que vive na província de Guangdong, e Dom Vincent Guo Xijin, da Diecese de Mindong, de 59 anos, morador da província de Fujian, se aposentassem das suas funções eclesiásticas. Ambos são reconhecidos por Roma.

Zhuang recebeu o pedido para dar espaço a Dom Huang Bingzhang, da Diocese de Shantou, de 51 anos, ilicitamente ordenado e que está excomungado. Guo recebeu o pedido para se afastar a fim de dar lugar ao bispo sancionado pelo governo, Dom Zhan Silu, da Diocese de Mindong, de 57 anos, que também fora ordenado ilicitamente.

O Cardeal Zen foi a Roma após uma solicitação de Zhuang para “levar ao Santo Padre a sua resposta à mensagem que recebeu da Santa Sé por uma delegação vaticana em Pequim. O cardeal disse ter tido sucesso em transmitir ao “Santo Padre as inquietações dos seus filhos fiéis na China” e pediu-lhe que considerasse o assunto.

“A Sua Santidade disse: ‘Sim, eu disse a eles (Cúria Romana) para não criarem um outro caso Mindszenty’”, escreveu Zen. “Penso que foi muitíssimo significativo e apropriado o Santo Padre fazer esta referência histórica ao Cardeal Jozsef Mindszenty, um dos heróis da nossa fé”.

Mindszenty era o cardeal primaz da Hungria sob os anos de perseguição comunista. Após ser condenado à prisão perpétua em 1949, foi libertado na Revolução Húngara de 1956 e recebeu asilo na embaixada americana de Budapeste, onde viveu por 15 anos. Sob pressão do governo, a Santa Sé ordenou-lhe deixar a Hungria em 1971 e, imediatamente, nomeou-lhe um sucessor segundo o gosto do governo húngaro.

Em Outubro passado, a Santa Sé contactou Zhuang, quando este procurou a ajuda de Zen. O cardeal enviou a carta do bispo ao prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, anexando uma cópia ao Santo Padre. Na época, Dom Savio Hon Tai Fai ainda estava em Roma e levou os dois casos – de Shantou e Mindong – ao conhecimento do papa, quem ficou surpreso e prometeu olhar o assunto com atenção.

De acordo com a imprensa católica, Zhuang foi forçado a ir para Pequim em Dezembro de 2017 para se reunir com uma delegação vaticana liderada por um “prelado estrangeiro do alto escalão”. Pediram-lhe que renunciasse e passasse o seu episcopado a Huang.

Guo ficou detido pelo governo por um mês na época da Semana Santa do ano passado, quando lhe solicitaram para assinar um documento afirmando que se “voluntariava” para sair como condição para o reconhecimento do governo. Zen destacou que “o problema não é a renúncia dos bispos legítimos, mas o pedido para abrir caminho a bispos ilegítimos e mesmo excomungados”.

Para ele, “com base em informações recentes, não há motivos para mudar de opinião”, já que o governo está a criar regulamentos mais severos que limitam a liberdade religiosa e que “a partir de 1 de Fevereiro, frequentar a missa clandestina [missa não autorizada pelo Estado chinês] não será mais tolerado”.

“Será que pode haver algo realmente ‘mútuo’ com um regime totalitário?”, perguntou Zen. “Pode-se imaginar um acordo entre São José e o Rei Herodes?”

2 Fev 2018

China supera Europa e assume papel de liderança em energias renováveis

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ntes na vanguarda, Alemanha e União Europeia foram superadas de longe pelos chineses, que reconhecem potencial económico do sector. O bloco europeu seria capaz de voltar à posição de liderança?

As energias renováveis estão a ganhar espaço mundo afora. Acima de tudo, as energias eólica e solar conhecem um boom e já são competitivas perante os combustíveis fósseis. De acordo com a Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), os custos das energias geradas a partir do vento e da luz solar continuarão a cair ainda mais e, nos próximos três anos, o da energia fotovoltaica cairá em torno de 50%, na média global.

“Esta nova dinâmica sinaliza uma mudança significativa no sistema energético”, afirma Adnan Amin, director-geral da Irena. “A decisão por energias renováveis para a geração de electricidade não representa apenas uma consciência ambiental, mas uma decisão económica muito inteligente. Governos de todo o mundo reconhecem esse potencial e promovem os sistemas de energia com baixa emissão de carbono.”

A China, em particular, faz grandes avanços na área de tecnologias do futuro e amplia sua energia eólica e solar como nenhum outro país do mundo. “A China assume esse papel de liderança, pois reconhece as enormes oportunidades de mercado e as vantagens económicas”, afirma a economista Claudia Kemfert, do instituto económico alemão DIW, que também assessora o governo federal.

De acordo com a Bloomberg News Energy Finance, no ano passado, a China investiu 133 mil milhões de dólares em energias renováveis – o maior investimento que já fez no sector. O gigante asiático destinou mais da metade desse valor à energia solar. Segundo a Agência de Energia da China (NEA), em 2017, foram construídas no país usinas fotovoltaicas que geram 53 gigawatts (GW) – mais da metade da capacidade instalada no mundo. A Alemanha, antes na vanguarda da energia fotovoltaica, estima ter instalado cerca de 2 GW em 2017.

Com sua política de expansão, a China ultrapassou claramente a Alemanha e a Europa na liderança no campo das energias renováveis. Os investimentos da Europa vêm diminuindo de forma constante desde 2011 e, de acordo com a Bloomberg News Energy Finance, o investimento caiu mais da metade entre 2011 e 2017, para 57 bilhões de dólares.

“A União Europeia tinha um claro papel de liderança até por volta de 2011, que foi abandonado devido a uma falha activa da própria política”, afirma Hans-Josef Fell, presidente do Energy Watch Group. “Foi feita uma política para proteger a energia nuclear, os sectores de carvão, petróleo e gás – tudo isso contra as energias renováveis.”

Sem mudanças, a China dominará o mercado

Em termos de energia renovável, a China tem facilidades em comparação com a Europa, pois no gigante asiático o consumo de energia está a aumentar constantemente. “Os chineses investem no aumento da capacidade, sem necessariamente cessar a produção de energia fóssil ou nuclear”, explicou Julian Schorpp, da Câmara de Comércio e Indústria Alemã (DIHK) em Bruxelas.

“Na Europa, por outro lado, há excedente de capacidade, e o consumo de energia deverá também diminuir de acordo com as regras da União Europeia. Existe a tendência de as renováveis substituírem os outros tipos de energia no mercado”, acrescentou Schorpp. Se a Europa não corrigir sua política energética e seguir o exemplo de Pequim, “a China continuará liderando e dominará o mercado”, concluiu.

1 Fev 2018

China constrói base militar no Afeganistão

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] província afegã de Badakhshan faz fronteira com a Região Autónoma de Xinjiang. Costumava fazer parte de uma artéria entre o Oriente e o Oeste conhecida como a antiga Estrada da Seda . Hoje, essa estrada está a ser revivida como um elemento da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”.

O Afeganistão é o lar de importantes depósitos de matérias-primas que a China poderia importar. Pequim está  a investir US $ 55 mil milhões no vizinho Paquistão e planeia construir um corredor económico que se estende até ao mar da Arábia. A “Uma Faixa, Uma Rota” (UFUR) vai estimular a economia global e beneficiar também o Afeganistão. A China é o maior parceiro comercial e investidor do país. A estabilidade no Afeganistão é do interesse da China, mas há poucas esperanças que os Estados Unidos, país invasor, possam providenciá-la.

Afinal, Washington não alcançou nada de substancial desde 2001. Houve surtos e retracções, mudanças de tácticas e de estratégia e muitos tratados sobre como virar a maré da guerra, mas os talibãs são fortes e a economia afegã está em tumulto – o tráfico de drogas é o único tipo de negócio que prospera. Até agora, a administração Trump não apresentou a estratégia há muito aguardada, apesar de haver pelo menos 8,4 mil soldados americanos no país. O relacionamento entre os EUA e outros actores relevantes, como o Paquistão, são uma confusão. Washington recentemente suspendeu a ajuda militar ao país.

A instabilidade no Afeganistão ameaça o corredor económico China-Paquistão – um elemento importante da UFUR. A China actua como mediadora, tentando conciliar as diferenças entre os actores regionais. As relações afegão-paquistanesas deterioraram-se em 2017, quando cada um acusou o outro de prestar apoio aos jihadistas que operam nas áreas fronteiriças. Pequim está a trabalhar para melhorar esses laços bilaterais.

O Movimento islâmico do Turquestão Oriental, um movimento uigur nacionalista e islâmico da região chinesa de Xinjiang, actua no Afeganistão. Os militantes ganham experiência de combate lutando lado a lado com os talibãs e outros grupos militantes. Ora Pequim não quer que guerreiros experientes regressem e se envolvam em actividades terroristas no seu solo.

A Rússia e a China intensificaram a ajuda militar aos estados da Ásia Central. Ambos acreditam que a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) pode contribuir substancialmente para alcançar uma solução pacífica. Ambos tentam construir uma rede de estados regionais. Moscovo e Pequim são motivados pelos seus interesses nacionais. Conscientes das suas responsabilidades como grandes potências, estão a trabalhar emconjunto para promover a segurança no Afeganistão e na Ásia Central.

A China pode sentir que os seus interesses na área são fortes o suficiente para justificar um envolvimento militar fora das suas fronteiras. Funcionários do governo afegão informaram que a China planeia construir uma base militar em Badakhshan. As discussões sobre os detalhes técnicos devem começar em  breve. As armas e os equipamentos serão chineses, mas as instalações serão equipadas por pessoal afegão. Veículos e hardware serão trazidos através do Tajiquistão. Sem dúvida, instrutores militares chineses e outros funcionários irão realizar missões de treino e assistência. O vice-presidente da Comissão Militar Central da China, Xu Qilian, afirmou que a construção deverá estar completa em 2018.

Depois de algumas ofensivas poderosas em 2017, os talibãs  capturaram temporariamente Ishkashim e Zebak no Badakhshan. O governo afegão não conseguiu fornecer uma presença militar suficientemente substancial para garantir a segurança. Chegou a um acordo com os comandantes de campo locais, dando-lhes uma parcela da produção de lápis lazuli , em troca do fim das hostilidades. Mas as discussões internas prejudicaram a frágil paz entre os grupos locais, e os talibãs aproveitaram a oportunidade para intervir.

A questão é: até que ponto a China está preparada para ir? Até agora, limitou suas actividades militares a equipas de operações especiais que patrulham o Corredor de Wakhan . Uma base militar em Badakhshan seria uma jogada importante demonstrando que Pequim está pronta para expandir sua presença no país e fornecer uma alternativa aos Estados Unidos. A China tem um trunfo que os EUA não tem – são as boas relações com a Rússia e o Paquistão. Pequim representa o SCO, uma grande organização internacional que inclui actores como a Turquia, o Irão, a Índia, o Paquistão e os países da Ásia Central. No ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, tomou a iniciativa de reiniciar  o trabalho do grupo de contacto da SCO Afeganistão. Essas actividades foram suspensas em 2009. A Rússia defende a  abertura de negociações directas entre o governo afegão e os talibãs o mais rápido possível. Pequim também apoia a ideia. Moscovo disse que está preparada para sediar uma conferência sobre o Afeganistão.

O OCS pode fazer do processo de paz um esforço real e multilateral. Isso irá enfraquecer a influência dos EUA na região, mas fortalecerá as hipóteses de encontrar uma solução para o conflito. Cooperação e diplomacia podem abrir um novo capítulo na história do Afeganistão.

1 Fev 2018

China pede destruição de catálogo devido a ‘erros’ sobre Taiwan

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas pediram ao retalhista japonês Muji que destrua um catálogo contendo um mapa que Pequim considera identificar Taiwan “inadequadamente”, depois de outras grandes marcas mundiais terem sido repreendidas este mês por motivos idênticos. A Administração Nacional de Informação Topográfica da China acrescentou em comunicado que o mapa, distribuído na cidade de Chongqing, sudoeste do país, e que mostra onde estão localizadas as lojas da Muji, omitem as ilhas de Diaoyu, que são disputadas por Pequim e Tóquio. A agência considera que o mapa contém “erros graves” e informa que ordenou a Muji a recolher e destruir os catálogos.

No mesmo mês, diferentes reguladores chineses criticaram a marca têxtil espanhola Zara, a companhia aérea norte-americana Delta Air Lines, a fabricante de equipamento médico Medtronic e o grupo hoteleiro Marriott International por colocarem Taiwan como um país nos seus portais electrónicos. Frequentemente, a China comunista critica editoras de livros, mapas e outros materiais que se referem a Taiwan como um país.

No caso do Marriott International, o grupo foi obrigado a suspender o seu portal electrónico e aplicativo na China, por uma semana, depois de ter listado Macau, Hong Kong, Taiwan e Tibete como países independentes num inquérito aos clientes.

À excepção da Defesa e das Relações Externas, que são da competência exclusiva de Pequim, as Regiões Administrativas Especiais de Hong Kong e de Macau gozam de “um alto grau de autonomia”, são governadas pelas respetivas populações, mantêm as suas moedas e não pagam impostos ao governo central chinês, ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”. A noção de independência para aqueles territórios é, no entanto, denunciada por Pequim como sendo “contra a Constituição da China e a Lei Básica” das respectivas regiões.

1 Fev 2018

Correspondentes estrangeiros denunciam crescente intimidação do Governo

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de uns anos mais soft, o poder chinês volta a cerrar fileiras e tornar difícil a vida aos jornalistas.

O Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China denunciou ontem “uma crescente perseguição e intimidação” por parte do Governo chinês, que intensificou as tentativas de negar ou limitar o acesso de jornalistas estrangeiros a muitos locais do país.

A organização publicou ontem o relatório “Acesso negado: vigilância, perseguição e intimidação enquanto as condições para informar na China se agravam”, elaborado a partir de inquéritos feitos a correspondentes e órgãos de comunicação social sobre as suas experiências o ano passado neste país asiático.

O documento dá conta de um aumento do número de correspondentes estrangeiros que dizem que o jornalismo na China se tornou mais difícil devido às crescentes pressões das autoridades, que tentam impedir o acesso a locais sensíveis, como Xinjiang, região no noroeste e casa da minoria muçulmana uigur, a fronteira com a Coreia do Norte e zonas industriais. “Os resultados da nossa pesquisa dão evidências sólidas que sugerem que, a partir de um ponto e referência muito baixo, as condições para informar estão a piorar”, alerta o Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China em comunicado.

Cerca de metade dos correspondentes entrevistados confessaram ter experimentado a interferência, perseguição e violência física no exercício do seu trabalho e 26% garantiu que as suas fontes também foram perseguidas, detidas e interrogadas, uma situação que se repete há anos.

O ano passado também não diminuíram os ataques violentos contra jornalistas estrangeiros e a intimidação aos órgãos de comunicação, que continuaram, assim, como as crescentes preocupações sobre a vigilância governamental e a invasão da privacidade que sofrem os seus correspondentes.

O relatório nota ainda que as autoridades chinesas estão a utilizar o processo de renovação de vistos para pressionar os jornalistas e os meios de comunicação cujo trabalho não é do seu agrado. O Comité para a Protecção de Jornalistas, no seu último relatório, publicado em Dezembro último, deu conta que a China era o segundo país no mundo com mais jornalistas detidos, 41 no total.

31 Jan 2018

Tecnologia 5G : Pequim responde a declarações americanas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s EUA estão desagradados com a competência tecnológica das empresas chinesas e o proteccionismo parece ser o caminho escolhido para a defesa

Pequim apelou, na segunda-feira, à comunidade internacional para melhorar o diálogo e a cooperação com base na confiança mútua, de modo a lidar conjuntamente com ameaças à segurança cibernética. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, solicitou a cooperação depois de declarações de um alto funcionário dos EUA, no domingo, sobre os planos do governo americano para criar uma rede sem fios 5G, visando combater uma alegada ameaça de espionagem da China aos telefonemas dos EUA.

O funcionário, confirmando o essencial de um relatório do portal de notícias Axios.com, disse que a opção estava a ser debatida num nível inferior na administração, estando entre seis a oito meses de ser considerada pelo próprio presidente.

O conceito de rede 5G tem como objectivo abordar o que as autoridades consideram uma ameaça da China à segurança cibernética e à segurança económica dos EUA. Este mês, a AT&T foi forçada a retirar um plano para oferecer aos seus clientes aparelhos construídos pela Huawei Technologies Co, da China, por causa da pressão sobre os reguladores federais por parte de alguns membros do Congresso. Em 2012, a Huawei e a ZTE Corp foram alvos de uma investigação dos EUA sobre se os seus equipamentos proporcionavam oportunidades para espionagem estrangeira.

“A China mantém uma posição consistente sobre a questão e o governo proíbe e reprimirá qualquer forma de ataque cibernético”, reforçou Hua. “Acreditamos que a comunidade internacional deve, com base no respeito mútuo e na confiança, fortalecer o diálogo e a cooperação e dar as mãos para enfrentar a ameaça dos ataques cibernéticos, de modo a manter a paz e a estabilidade do ciberespaço”, disse.

Wang Yiwei, professor de estudos internacionais na Universidade Renmin da China, disse que a acção dos EUA tem vários propósitos. Sob o pretexto da ameaça, os EUA estão a disseminar o proteccionismo, o que desagrada à China, disse Wang. “Os EUA atribuem demasiada importância ao mercado 5G, mas perderam o estatuto de monopólio na área. Por isso, o país está a tentar recuperar do atraso e permanecer vigilante contra a China”, concluiu.

31 Jan 2018

Espionagem da China na União Africana? “Absurdo”, diz embaixador da China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] embaixador da China na União Africana (UA) classificou de absurda a conclusão de uma investigação do jornal francês Le Monde que indica que Pequim espiou, pelo menos entre 2012 e 2017, a sede daquela organização, em Adis Abeba.

“Eu acho esta uma história sensacional, mas também completamente falsa e sem sentido”, afirmou Kuang Weilin, citado pela agência France-Presse, à margem da cimeira da organização. Segundo o embaixador, o artigo em questão, publicado na sexta-feira pelo Le Monde, “prejudicará a imagem do jornal”, mas não a relação entre China e África.

Citando várias fontes internas na UA, o Le Monde assegurou que os informáticos da organização constataram há cerca de um ano que o conteúdo dos servidores da Internet da UA foi transferido para outros servidores na cidade chinesa de Xangai. As mesmas fontes dizem que essas transferências ocorreram desde 2012, após concluída a construção do novo edifício da UA, que foi oferecido pela China. Os servidores da UA foram alterados em 2017, quando essa falha no sistema foi descoberta.

O Le Monde acrescenta que, após ter sido exposta a transferência dos dados para a China, especialistas da Etiópia em segurança descobriram microfones escondidos nas mesas e paredes das salas da sede. O primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, negou, entretanto, as informações avançadas pelo Le Monde, insistindo na importância das relações com a China. “Não há nada para espiar, não acredito”, afirmou.

30 Jan 2018