Encontrados dois corpos no petroleiro em chamas no Mar do Sul da China

Continua em chamas o navio iraniano intitulado Sanchi, que transportava 136 mil toneladas de petróleo condensado e embateu num cargueiro de Hong Kong. Dois corpos, do grupo de 31 marinheiros a bordo, foram encontrados, numa altura em que prosseguem as operações de resgate. Não se conhecem ainda as consequências ambientais para o Mar do Sul da China

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s equipas de emergência resgataram ontem dois corpos que faziam parte do grupo dos 31 marinheiros desaparecidos após um acidente com um petroleiro iraniano que está a arder há uma semana.
Em comunicado, o Ministério dos Transportes da China disse que os cadáveres foram encontrados às 08:40 numa zona do convés do navio Sanchi que não está a ser afectada pelas chamas e à qual foi possível aceder devido à mudança do vento, que afastou o fumo tóxico, permitindo o acesso das equipas de salvamento.
As equipas também tentaram chegar a zonas interiores do navio mas as altas temperaturas não o permitiram.
A China conta com o apoio de unidades japonesas, sul-coreanas e iranianas nas operações de resgate dos 31 marinheiros desaparecidos, 29 iranianos e dois bengalis, após a colisão.
O petroleiro iraniano Sanchi, com 136 mil toneladas de petróleo condensado (um hidrocarboneto ultra-leve usado para produzir gasolina, diesel, jetfuel e combustível de aquecimento) a bordo, pegou fogo a 6 de Janeiro depois de ter colidido com um cargueiro chinês (com bandeira de Hong-Kong). O acidente aconteceu 300 quilómetros a Leste (ao largo) da cidade chinesa de Xangai. O petroleiro, com bandeira do Panamá, estava a ser operado pela National Iranian Tanker Company (NITC), a companhia que gere a frota de petroleiros iranianos. A carga a bordo destinava-se à firma sul-coreana Hanwha Total.
Na sexta-feira a Guarda Costeira do Japão informou que o navio chegou à zona económica exclusiva japonesa na quarta-feira e que um dia depois estava a cerca de 300 quilómetros a noroeste das ilhas Amami, empurrado por ventos fortes.
Inicialmente havia 32 tripulantes desaparecidos mas entretanto foi resgatado um corpo, identificado como um dos iranianos da tripulação.

Nova explosão dificultou resgate

Antes do resgaste destes dois corpos o petroleiro iraniano sofreu uma nova explosão e entrou, à deriva, na zona económica exclusiva do Japão, indicaram as autoridades iranianas e japonesas.
A nova explosão complicou as operações para extinguir as chamas, indicou o director-adjunto para os Assuntos Marítimos da Organização dos Portos iranianos, Hadi Haghshenas. “Se não fosse pela explosão desta manhã, talvez o fogo já tivesse sido extinto”, salientou Haghshenas à rádio-televisão estatal iraniana Irib.
Segundo Hadi Haghshenas, 12 elementos de uma equipa de resgate de elite foram enviados de emergência a partir do Irão. No entanto, ainda estão em Xangai, à espera que as condições meteorológicas lhes permitam chegar ao navio acidentado.
“O petroleiro está à deriva a partir do local do acidente (…) rumo a águas japonesas e encontra-se actualmente a cerca de 135 milhas (cerca de 217 quilómetros) da ilha de Okinawa”, sublinhou o responsável iraniano.
O Japão anunciou ter posto à disposição um navio de patrulha, uma vez que o petroleiro já se encontra na sua zona económica exclusiva, mas o Irão pede que se usem helicópteros e aviões para combater o incêndio.
“Nós oferecemos apoio (…) mas as autoridades chinesas indicaram que iriam gerir o problema sozinhas”, afirmou um porta-voz da guarda fronteiriça japonesa.
Os responsáveis iranianos criticaram a “falta de cooperação” das autoridades chinesas, enquanto o ministério dos Transportes chinês salientou na quinta-feira que a lentidão das operações deve-se às condições meteorológicas “execráveis” e aos gases tóxicos libertados pelo incêndio.
Um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros considerou que o seu governo mobilizou um “esforço especial nas operações”.
Trabalhos retomados
As equipas de emergência retomaram na sexta-feira os trabalhos de resgate e extinção do fogo num petroleiro iraniano em chamas ao largo de Xangai, no Mar da China Oriental, interrompidas na quarta-feira devido a uma explosão no navio.
No comunicado das autoridades chinesas não fica claro se foram retomadas as buscas pelos 31 tripulantes ainda desaparecidos, quase todos eles iranianos (com a excepção de dois marinheiros do Bangladesh).
O ministério chinês também não forneceu pormenores sobre a magnitude da explosão registada na quarta-feira, e que obrigou os navios de resgate a recuarem para uma distância segura.
Após a explosão, a Administração Estatal chinesa para os Oceanos informou que um avião de vigilância marinha tinha detectado uma pequena mancha de petróleo perto do lugar do acidente, acrescentando que esta poderia ter origem no petroleiro sinistrado.

Riscos ambientais desconhecidos

O Sanchi, um navio iraniano registado no Panamá, transportava 136 mil toneladas de petróleo condensado (cerca de um milhão de barris). O petróleo condensado é ultraleve e resulta de uma mistura de hidrocarbonetos recuperados durante o processamento do gás natural.
O choque entre o petroleiro iraniano e o cargueiro de Hong-Kong aconteceu no Mar da China Oriental no passado sábado, a 160 milhas (295 quilómetros) a leste do estuário do rio Yangtse, que desagua na cidade de Xangai.
Desconhece-se se já há danos ambientais ou qual poderia ser a magnitude do impacto do afundamento do Sanchi. No entanto, a associação ambientalista Greenpeace alertou que um grande derrame de condensado (usado para produzir gasolina, diesel, jetfuel e combustível para aquecimento) poderia trazer riscos de toxicidade elevada para espécies de grande consumo na China, como a corvina amarela ou a cavala.

15 Jan 2018

Pequim critica EUA por travarem aquisição do MoneyGram

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês criticou ontem os Estados Unidos por usarem a “chamada segurança nacional” como argumento para bloquear a aquisição do serviço de transferências monetárias MoneyGram por uma firma chinesa.

Um porta-voz do ministério chinês do Comércio disse hoje que a oferta de uma subsidiária do gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba pelo MoneyGram era “um investimento comercial normal”. Porém, a empresa não conseguiu, na semana passada, a autorização do Comité para o Investimento Externo dos EUA para concretizar a venda.

O porta-voz, Gao Feng, afirmou que Pequim “lamenta voltar a observar que investimento comercial e aquisições e fusões por empresas chinesas nos Estados Unidos voltaram a ser impedidas pela chamada ‘segurança nacional'”. Gao afirmou que as autoridades chinesas não estão contra um exercício regular das implicações para a segurança, mas que estão preocupadas que outros governos usem aquele argumento para erguerem barreiras injustas contra negócios indesejados.

A Ant Financial, subsidiária do gigante chinês do comércio electrónico Alibaba, tinha concordado em Janeiro de 2017 adquirir o MoneyGram por 1,2 mil milhões de dólares. Firmas chinesas têm realizado grandes aquisições de empresas tecnológicas e marcas estrangeiras, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos.

Portugal não é exceção: a China tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores no país, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca. A maioria dos negócios decorre sem incidentes, mas outros suscitam críticas devido à possibilidade de representarem uma ameaça à segurança do respectivo país ou à perda de activos importantes.

Em Setembro passado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, bloqueou a compra de um fabricante de semicondutores do estado de Oregon (noroeste dos EUA) por uma empresa financiada pelo Governo chinês, também por motivos de segurança.

12 Jan 2018

China | Autoridades destroem igreja evangélica

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades de uma cidade do norte da China demoliram uma igreja evangélica, disseram testemunhas e activistas radicados no estrangeiro, citados pela agência noticiosa Associated Press (AP).

Um funcionário do gabinete para assuntos religiosos da cidade de Linfen, citado pela AP, afirmou que não se tratou de uma demolição, mas relatos de activistas radicados fora do país e de testemunhas dão conta que forças militares usaram escavadoras e dinamite, na terça-feira, para destruir uma igreja em Linfen, um dos centros da indústria do carvão na China.

A ChinaAid, um grupo de defesa dos cristãos chineses com sede nos Estados Unidos, avançou que as autoridades locais colocaram explosivos numa sala de oração, na cave da igreja, para demolir o edifício. Fotografias divulgadas pela ChinaAid mostram o campanário e cruz derrubados, ilustrando a tensão entre grupos religiosos e o Partido Comunista Chinês (PCC), que é oficialmente ateu.

Com uma congregação de 50.000 pessoas, a igreja há muito que vivia em atrito com o governo. Já em 2009, centenas de polícias e capangas contratados confiscaram bíblias e destruíram parte da igreja, enquanto vários líderes religiosos locais foram punidos com prisão. A crescente popularidade das chamadas igrejas clandestinas tem levado as autoridades a adoptar medidas repressivas, face à preocupação que coloquem em causa o controlo político e social exercido pelo governo. A igreja já tinha sido acusada de violar contratos de uso dos terrenos e os códigos de construção, acusações frequentemente usadas contra igrejas clandestinas.

12 Jan 2018

Protesto contra Austrália por críticas a empréstimos a países do Pacífico

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China protestou ontem contra críticas de uma ministra australiana de que os programas de assistência financeira de Pequim a países insulares pobres no Pacífico estão a criar “elefantes brancos”, que ameaçam a estabilidade económica sem gerar benefícios.

A ministra da Austrália para o Desenvolvimento Internacional e para o Pacífico, Concetta Fierravanti-Wells, disse a um jornal australiano que a China está a emprestar dinheiro a países do Pacífico em “condições desfavoráveis”, visando construir “edifícios inúteis” e “estradas para lado nenhum”. “O Pacífico está cheio destes edifícios inúteis, que nenhuma entidade preserva, e são basicamente elefantes brancos”, disse Fierravanti-Wells, numa entrevista publicada na quarta-feira.

A ministra australiana acrescentou que suportar o endividamento constitui uma ameaça significativa para a estabilidade económica dos países do Pacífico. “Nós trabalhamos em cooperação com a China e encorajamos a China a utilizar o seu apoio ao desenvolvimento de forma produtiva e efectiva”, disse. “Não queremos construir algo só por construir. Não queremos construir estradas que vão para lado nenhum”, afirmou.

O porta-voz do ministro chinês dos Negócios Estrangeiros Lu Kang afirmou ontem que os comentários de Fierravanti-Wells “demonstram pouca atenção pelos factos e são apenas irresponsáveis”. A China apresentou, entretanto, um protesto formal ao governo australiano, revelou Lu. “Por muito tempo, com base no respeito absoluto pela vontade dos governos dos países insulares do pacífico e dos seus povos, e tendo em conta as suas necessidades de desenvolvimento, a China tem oferecido enorme assistência”, comentou Lu. “Esperamos que certas pessoas na Austrália façam alguma reflexão, em vez de apontarem o dedo e fazerem comentários irresponsáveis sobre outros países”, acrescentou.

O problema diplomático surge depois de, no mês passado, a China ter protestado contra a decisão da Austrália de banir a interferência estrangeira da sua política doméstica, uma decisão motivada em parte pela crescente influência internacional de Pequim. O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse então que a decisão revelava preconceito para com a China e que envenenou as relações entre Pequim e Camberra.

A China é o maior parceiro comercial da Austrália e a proximidade do país a Pequim afectou as suas relações com os Estados Unidos, principal aliado australiano em matérias de Defesa. A China transferiu pelo menos 1,8 mil milhões de dólares em assistência ou empréstimos a países do Pacífico nos últimos dez anos, segundo estimativas australianas.

12 Jan 2018

China | Comissão Central de Inspecção Disciplinar do PCC reúne até ao dia 13

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] mais alta agência anti-corrupção do Partido Comunista da China (PCC), a Comissão Central de Inspecção Disciplinar do PCC (CCID), realizará a sua segunda sessão plenária de 11 a 13 de Janeiro para definir o trabalho anti-corrupção do Partido em 2018. O país manteve uma postura dura contra a corrupção em 2017, e a campanha “tornou-se uma maré esmagadora e está a ser consolidada e desenvolvida”, escreveu ontem a Xinhua.

Cinco funcionários administrados pelo governo central foram postos sob a investigação por suspeita de “graves violações disciplinares” desde o 19º Congresso Nacional do PCC realizado em Outubro de 2017. Durante o congresso, Xi Jinping disse que a corrupção é “a maior ameaça que o nosso Partido enfrenta”, pedindo a todos os membros do PCC que tenham a determinação e a tenacidade para perseverar no combate “sem fim” contra a corrupção.

“A queda dos cinco funcionários é um sinal potente de que o Partido continuará com o ímpeto e manterá a pressão contra a corrupção no ano novo”, sublinha a Xinhua. O regulador anti-corrupção expulsou funcionários corruptos durante o último ano, desde as chamadas “moscas” até os “tigres”.

Segundo a CCID, pelo menos 18 funcionários foram investigados e quase 40 receberam punições disciplinares do Partido em 2017. Enquanto isso, os corpos locais anti-corrupção têm identificado burocratas de cargos menores suspeitos de desviarem fundos públicos, usarem fundos públicos para banquetes, aceitarem subornos e realizarem banquetes de luxo, entre outras violações.

Além do combate contra “tigres” e “moscas”, o regulador anti-corrupção tem estado ocupado em caçar os funcionários corruptos foragidos no exterior. Até o final de Dezembro, 3.866 fugitivos tinham sido capturados e repatriados de mais de 90 países, com mais de 9,6 mil milhões de yuans em fundos recuperados pela polícia, segundo a CCID.

A China também investigou a corrupção nos esquemas de alívio da pobreza. Quase 450 pessoas foram investigadas e punidas por reivindicações fraudulentas ou apropriação indevida de fundos e 730 milhões de yuans em fundos mal usados foram recuperados numa inspecção a 28 províncias no ano passado, disseram o Ministério das Finanças e o Gabinete do Grupo Dirigente para Alívio da Pobreza e Desenvolvimento do Conselho de Estado.

Uma pesquisa de opinião pública mostrou que cerca de 75% dos chineses estavam satisfeitos com os esforços anti-corrupção em 2012. O número aumentou para quase 94% em 2017.

“O combate à corrupção é uma luta duradoura. Embora resultados notáveis tenham sido obtidos, a luta é longe de chegar ao fim”, sublinha a Xinhua. A reforma do sistema de supervisão está entre os mais recentes esforços para controlar a corrupção. A China começou a criar comissões supervisoras nos níveis nacional, provincial, sub-regional e distrital, para garantir que “a supervisão cubra todos que trabalham no sector público e exercem poder público”.

As comissões supervisionarão a execução de deveres e ética por funcionários públicos, investigarão actividades ilegais como corrupção, abuso do poder, negligência de deveres e desperdício de fundos públicos, determinarão penalidades administrativas e transferirão casos criminais potenciais para as procuradorias, segundo uma decisão adoptada pelo mais alto órgão legislativo do país no início de Novembro.

Um projecto de lei de supervisão foi submetido em Dezembro para a sessão legislativa bimestral do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional para a segunda leitura. Contém regulamentos claros sobre a criação dos órgãos supervisores, responsabilidades e poderes, métodos da investigação deles para garantir que actuem conforme a lei.

 

Líder militar investigado por corrupção

Um alto cargo do exército chinês, o general Fang Fenghui, membro da Comissão Militar Central (CMC), está a ser investigado por alegadamente ter recebido e pago subornos, informou ontem a imprensa oficial. Trata-se do mais recente caso de corrupção envolvendo altas patentes das Forças Armadas da China, até há pouco tempo consideradas intocáveis.

Nos últimos anos, dois ex-vice-presidentes da CMC – braço político do exército -, os generais Guo Boxiong e Xu Caihou, foram também acusados de corrupção. O primeiro foi condenado a prisão perpétua, em 2016, e o segundo morreu no ano anterior, antes de ser julgado.

Fang Fenghui deixou de aparecer em público há cinco meses e foi gradualmente abdicando dos seus cargos, sugerindo que estava sob investigação. As acusações sugerem que Fang subiu na carreira à custa de subornar outras patentes do exército, aponta a imprensa chinesa.

O Presidente da China, Xi Jinping, advertiu já que este tipo de corrupção abala a governação do Partido Comunista, ao enfraquecer a lealdade e prontidão das Forças Armadas. Mais do que qualquer instituição, as Forças Armadas chinesas, designadas oficialmente por Exército Popular de Libertação (EPL), devem encarnar o espírito de “servir o povo”, um dos pilares da “educação socialista”.

O EPL é também o maior do mundo, com cerca de dois milhões de efetivos. Após ascender ao poder, Xi lançou uma campanha anti-corrupção, hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista, e que resultou já na punição de mais de um milhão de membros do partido.

11 Jan 2018

Retomadas comunicações militares entre as duas Coreias

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s exércitos da Coreia do Norte e da Coreia do Sul comunicaram pela primeira vez em quase dois anos através de uma linha, cuja reactivação foi anunciada na véspera da histórica reunião entre representantes de Seul e Pyongyang.

Os exércitos das duas Coreias realizaram, com normalidade, testes de troca de mensagens através da linha recentemente reaberta, confirmou um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul à agência de notícias Efe. Trata-se da linha destinada a comunicações militares na região junto ao Mar Amarelo (chamado Mar do Oeste nas duas Coreias).

Pyongyang tinha deixado de utilizá-la em Fevereiro de 2016 em protesto contra o encerramento do complexo industrial intercoreano de Kaesong, decidido unilateralmente por Seul como castigo pelo desenvolvimento de armas por parte de Pyongyang. Durante o encontro de alto nível, o primeiro entre as duas Coreias desde Dezembro de 2015, Pyongyang tinha já informado Seul que tinha voltado a conectar esta via de comunicação.

Durante a reunião, Pyongyang aceitou também a proposta de Seul de realizarem futuras conversações de cariz militar para apaziguar os ânimos junto à tensa fronteira entre as duas Coreias, que se encontram tecnicamente em guerra há 65 anos. Nesse sentido, espera-se que o Ministério da Defesa da Coreia do Sul proponha, nesta semana ou na próxima, uma data e um lugar para a realização do primeiro desses encontros.

Os militares das duas Coreias não se reúnem desde Outubro de 2014. Desde então as relações bilaterais deterioram-se progressivamente face ao contínuo desenvolvimento do programa de armas de Pyongyang e ao aumento dos desentendimentos fronteiriços que incluiu troca de tiros de advertência.

A reunião desta terça-feira, realizada em Panmunjom, aldeia fronteiriça onde foi assinado o armistício da Guerra da Coreia (1950-53), resultou em importantes sinais de aproximação entre Seul e Pyongyang.

Isto depois de 2017 ter ficado marcado por três ensaios nucleares e o lançamento de múltiplos mísseis balísticos por parte da Coreia do Norte, agravados pela retórica bélica do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem trocado insultos pessoais e ameaças de guerra com o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

No encontro, Pyongyang manifestou a intenção de enviar uma delegação composta por altos funcionários, atletas e animadores aos Jogos Olímpicos de Inverno, que se celebram a partir de 9 de Fevereiro em PyeongChang, na Coreia do Sul.

A Coreia do Sul propôs, por seu lado, organizar então conversações militares para aliviar a tensão transfronteiriça e a retoma das reuniões de famílias separadas pela guerra, mas sobre este tema a Coreia do Norte ainda não se pronunciou.

 

Desnuclearização é “caminho para a paz”

A desnuclearização da península coreana é “o caminho para a paz e o nosso objectivo”, afirmou hoje o Presidente sul-coreano, um dia depois do primeiro encontro em mais de dois anos entre representantes das duas Coreias. “Nós devemos resolver pacificamente a questão nuclear norte-coreana”, afirmou Moon Jae-In, em conferência de imprensa, indicando que vai pedir mais conversações com Pyongyang para o efeito. Altos representantes de Seul e de Pyongyang protagonizaram na terça-feira a primeira reunião de alto nível entre as duas Coreias desde Dezembro de 2015, que teve lugar em Panmunjom, aldeia fronteiriça onde foi assinado o armistício da Guerra da Coreia (1950-53).

11 Jan 2018

Jornal do PCC defende desenvolvimento nuclear face a política atómica de Trump

Trump enlouqueceu e o mundo prepara-se para responder. E ficar cada vez mais perigoso

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) defendeu ontem que a China deve retomar o desenvolvimento da sua capacidade nuclear, nas vésperas de o Presidente norte-americano, Donald Trump, apresentar a sua política para as armas de destruição maciça. “Donald Trump deverá adoptar uma abordagem mais preventiva para potenciar a sua capacidade nuclear”, prevê o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Em editorial, o jornal afirma que a administração Trump vai promover o “desenvolvimento desenfreado de armas atómicas miniaturizadas para uso em guerra convencional” e “manter o domínio” nas reservas nucleares globais sobre a Rússia e China.

Donald Trump irá apresentar no final deste mês a sua Revisão da Postura Nuclear, depois do seu antecessor, Barack Obama, ter tentado reduzir o papel do armamento nuclear na estratégia de defesa dos EUA.

O jornal The Guardian escreveu ontem que Trump pretende flexibilizar os limites à utilização de armas nucleares e criar uma nova ogiva para ser transportada por mísseis balísticos intercontinentais.

O mesmo jornal detalha que a Revisão da Postura Nuclear de Trump estipula a permissão para utilizar armamento nuclear em resposta a ataques não-nucleares. Os Estados Unidos gastam já mais do que todos os restantes países do mundo na sua capacidade nuclear.

A China, país mais populoso do mundo e segunda maior economia do planeta, mantém 260 ogivas nucleares, segundo dados do governo chinês – menos do que França, por exemplo. “Sem o poder sustentado por uma grande capacidade nuclear, a China não será capaz de projectar influência de forma compatível com a sua crescente estatura global”, afirma o Global Times.

Desde a sua primeira detonação atómica, em 1964, a China conduziu um total de 45 testes nucleares, o último em 1996. Apesar de China e Estados Unidos serem os principais parceiros comerciais um do outro e as economias dos dois países serem em muitos aspectos complementares, Pequim e Washington mantêm várias fricções geopolíticas, nomeadamente no Mar do Sul da China e no nordeste da Ásia.

11 Jan 2018

Visita presidente francês | Macron defende fecho de sectores estratégicos da UE a investimento estrangeiro

O presidente francês foi claro na sua visita à China: há sectores da economia que não estão nem podem estar à venda. Mas, por outro lado, recusou-se a abordar em público a questão dos Direitos Humanos por considerar que seria “ineficaz”

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu ontem perante o seu homólogo chinês, Xi Jinping, a ideia de definir os sectores económicos da União Europeia (UE) que são estratégicos e fechá-los ao investimento estrangeiro, designadamente chinês.

Em declarações à imprensa após o encontro, sem perguntas dos jornalistas, Macron salientou a importância de a UE ter um objectivo comum na sua política em relação à China, que dentro de poucos anos será a primeira potência económica mundial.

O presidente francês defendeu, contudo, que a UE deve definir quais os sectores económicos que são estratégicos para a sua soberania e fechá-los ao investimento estrangeiro.

Macron assegurou que não se trata de uma medida contra a China, mas pela soberania europeia, comparável à forma como a China limita o investimento estrangeiro em vários sectores da sua economia. No último ano registaram-se divergências entre países europeus, especialmente a Alemanha, e as autoridades da UE em relação à China, devido ao bloqueio de projectos de compra de empresas europeias por empresas chinesas por se tratar de sectores estratégicos.

Problemas semelhantes ocorreram noutros países, como na Austrália ou os Estados Unidos. O exemplo mais recente é da semana passada, com a negativa de Washington à compra da MoneyGram pela Ant Financial, do grupo Alibaba.

Macron voltou por outro lado a manifestar o interesse de França em reequilibrar a relação comercial com a China, celebrou em Pequim um acordo na área da energia nuclear e outro para o levantamento do embargo chinês sobre a carne de vaca e, no plano cultural, a abertura de um Centro Pompidou em Xangai.

O Presidente francês está em visita oficial à China, a primeira desde que iniciou funções, e reuniu-se ontem com Xi Jinping, com uma agenda centrada nas relações bilaterais e numa aproximação entre a Europa e o gigante asiático.

Não há lições sobre Direitos Humanos

Por outro lado, Emmanuel Macron, recusou na terça-feira à noite, em Pequim, dar “lições” à China, ou referir em público a situação dos Direitos Humanos no país, porque isso seria “totalmente ineficaz”. “Existem diferenças entre nós, que estão relacionadas com a nossa História, as nossas filosofias e natureza das nossas sociedades”, disse Macron, durante a declaração conjunta, ao lado do seu homólogo chinês, Xi Jinping. “Eu posso-me divertir a dar lições à China através da imprensa francesa. Isso já foi feito muitas vezes, mas sem resultados”, assegurou.

Segundo a presidência francesa, a questão dos direitos humanos foi abordada por Emmanuel Macron, com os líderes chineses, mas em privado. O chefe de Estado francês recusou, no entanto, comentar sobre este assunto publicamente. “É totalmente ineficaz: acredito na diplomacia de respeito mútuo. Temos que trabalhar a longo prazo”, afirmou.

A organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW) afirmou no início da viagem que o líder francês “deve cumprir” o compromisso de exigir maior respeito pelos direitos humanos na China. A HRW pediu a Macron que reitere publicamente o apelo francês para que seja dada total liberdade de movimento a Liu Xia, viúva do falecido dissidente e prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo.

Liu Xia é mantida em prisão domiciliária desde que Liu recebeu o Nobel da Paz, em 2010, situação que se prolongou após a morte do marido, em Julho passado. Emmanuel Macron confirmou ter abordado a questão dos direitos humanos, em privado. “Mencionei essas preocupações ao Presidente Xi Jinping. Ele sabe que elas existem na Europa, especialmente no que diz respeito às liberdades e direitos universais”, afirmou.

A questão dos direitos humanos é uma fonte de persistente tensão entre o governo chinês e os países mais ricos, sobretudo na Europa e na América do Norte, que tendem a enfatizar a importância das liberdades políticas individuais. Para as autoridades chinesas, “o direito ao desenvolvimento é o mais importante dos direitos humanos” e o “papel dirigente” do PCC, no poder desde 1949, é “um princípio cardeal”.

 

China encomenda 184 aviões à Airbus

Foi uma bela despedida para Macron: treze companhias aéreas chinesas encomendaram um total de 184 aviões à construtora europeia Airbus, para serem entregues em 2019 e 2020, anunciou hoje a presidência francesa, no seu último dia da visita à China. Os aviões encomendados são do modelo A320neo. O valor da compra não foi detalhado, mas tendo em conta o actual preço dos aviões, este pode ascender a cerca de 18 mil milhões de dólares.

“O negócio será fechado em breve e já foi confirmado pelo Presidente chinês, Xi Jinping”, disse Macron. O líder francês revelou ainda ter discutido o futuro do fabricante europeu com o homólogo chinês. “O presidente Xi confirmou-me que a China manterá o seu volume de pedidos nos próximos anos e a paridade da participação no mercado chinês entre a Airbus e a [norte-americana] Boeing”, disse. “Esta é a postura chinesa”, afirmou o chefe de Estado francês.

A China é o segundo maior mercado para aviões do mundo, com a Airbus e a Boeing a partilharem praticamente a mesma quota de mercado. A firma norte-americana estima que a China precisará de um total de 7.240 aeronaves comerciais nos próximos 20 anos.

 

Nuclear: Acordo para tratamento de combustíveis usados

A França e a China assinaram “um memorando para um acordo comercial” sobre a construção de uma fábrica de tratamento de combustíveis nucleares usados, um negócio que pode ser providencial para o grupo francês Areva. O documento foi assinado na capital chinesa na presença do presidente francês, Emmanuel Macron, e do seu homólogo chinês, Xi Jinping, e abre caminho para que sejam concluídos 10 anos de negociações entre o grupo francês de energia nuclear, e o seu parceiro chinês CNNC. “Temos agora a garantia de contrato com um prazo: a assinatura na primavera”, afirmou o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, acrescentando que isto representa um montante de 10 mil milhões de euros no imediato, que podem ser vitais para o setor em dificuldades. A futura fábrica franco-chinesa pode tratar até 800 toneladas de combustíveis usados por ano.

Além disso, um operador de energia nuclear chinês assinou um acordo com uma organização energética francesa para a aprofundar cooperação em tecnologia de energia nuclear. O acordo, entre a China General Nuclear Power Corporation (CGN) e a Comissão Francesa de Energia Alternativa e Energia Atómica (CEA), concentra-se em áreas tais como a tecnologia dos reactores nucleares, combustíveis e materiais avançados e ciclos de combustível nuclear.

Segundo o acordo, a CGN e a CEA aprofundarão a cooperação na exploração, produção e abastecimento da indústria de energia nuclear, incluindo gestão de vida dos reactores e o projecto conceptual da tecnologia de quarta geração. He Yu, presidente da CGN, disse que o novo acordo promoverá intercâmbios bilaterais em tecnologia da energia nuclear e abrirá novo espaço para a cooperação sino-francesa.

Fundada em 1994, a CGN é a maior operadora de energia nuclear na China, com 39 mil empregados no mundo, concentrando-se no desenvolvimento de energias limpas como nuclear, eólica e solar. A CEA é uma importante organização em pesquisa, desenvolvimento e inovação na França. As suas principais áreas incluem defesa e segurança, energia nuclear e renovável, ciências físicas e da vida.

Centro Pompidou instala-se em Xangai

A França e a China estabeleceram ontem as bases de um acordo para o estabelecimento de um Centro Georges Pompidou, de arte contemporânea, em Xangai, declarou o Presidente francês, Emmanuel Macron. Esta parceria prevê igualmente uma extensão dos Encontros de Fotografia de Arles, na cidade de Xiamen, no leste da China, disse à imprensa Emmanuel Macron, num encontro conjunto com o seu homólogo chinês, Xi Jinping.

O acordo insere-se numa estratégia de internacionalização do museu parisiense e surge na sequência de um protocolo assinado no ano passado, com o grupo chinês de capitais públicos West Bund, que previa a abertura do Centro Pompidou em Xangai para o início de 2019, recorda a agência France Presse.

O projecto de internacionalização do Centro Pompidou tem vindo a ser testado desde 2015, na cidade espanhola de Málaga, e prevê igualmente a extensão a Seul, na Coreia do Sul, como foi anunciado pela instituição em 2016. O objectivo deste projecto do Centro Pompidou, nomeadamente a expansão para a Ásia, é a valorização da sua colecção, apontada pelo setor como uma das mais importantes do mundo, ao nível da arte moderna e contemporânea, a seguir ao Museu de Arte Moderna (MoMA), de Nova Iorque.

Inaugurado em 1977, em Paris, no Beaubourg, na zona urbana onde antes se encontrava o mercado abastecedor Les Halles, o centro toma o nome do presidente francês Georges Pompidou (1969-1974) e possui um acervo superior a 147 mil peças de arte moderna e contemporânea, que vão da pintura e da arquitectura a novas expressões artísticas, com apelo a novos meios e novas tecnologias.

Henri Matisse, Georges Rouault, Georges Braque, Pablo Picasso, Sonia e Robert Delaunay, Fernand Léger, Vassily Kandinsky, André Breton, Alberto Giacometti, Jean Dubuffet, Mark Rothko, Jasper Johns, Andy Warhol, Renzo Piano e Richard Rogers, sem esquecer os portugueses Maria Helena Vieira da Silva, pintora, e os arquitectos Álvaro Siza Vieira, Nuno Teotónio Pereira e Eduardo Souto de Moura, entre outros, são alguns dos nomes presentes na colecção do Centro Pompidou.

 

11 Jan 2018

Ocidente tem de tratar do seu lixo após China parar importação

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) advertiu ontem que o ocidente terá que “aprender a tratar do seu próprio lixo”, depois de a China ter deixado este ano de importar vários tipos de resíduos sólidos. “A verdade é que o ocidente está preocupado”, afirma o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. Em editorial, o jornal escreve que os “países ocidentais” estão a ser “gravemente afetados” pela decisão da China de banir a importação de 24 tipos de resíduos sólidos.

O país asiático converteu-se no maior importador mundial de lixo desde que começou a importar resíduos para reciclar nos anos 1980, criando um fornecimento extra de metais e materiais que faltavam no mercado doméstico. A China recebia, por exemplo, dois terços dos resíduos de plástico do Reino Unido, segundo dados citados pelo Global Times.

“Os países desenvolvidos habituaram-se a comprar produtos baratos de países em desenvolvimento, como a China, e a enviar o lixo de volta, mantendo-se limpos”, descreve o jornal. As autoridades de Pequim consideram agora que os problemas criados pela importação de lixo ultrapassam em muito os benefícios, apontando que, apesar do proveito industrial e criação de emprego, tem um impacto “muito negativo” para o ambiente.

Décadas de acelerado crescimento económico causaram sérios problemas ambientais na China, com as principais cidades do país a serem frequentemente cobertas por um manto de poluição e a terem parte dos solos contaminados. O país já informou a Organização Mundial do Comércio que, a partir de 2019, irá banir totalmente a importação de lixo.

“A era em que os países desenvolvidos exportavam marcas e tecnologia, assegurando um padrão de vida mais elevado, enquanto os países em desenvolvimento cresciam à custa de mão-de-obra barata e poluição vai acabar”, prevê o Global Times.

“Não se trata de um argumento nacionalista, mas um desenvolvimento natural na sociedade humana”, aponta.

10 Jan 2018

Coreias | Começou ontem a primeira reunião em mais de dois anos

A reunião entre as duas Coreias já deu alguns frutos. Sobretudo, desanuvia a tensão criada pela corrida nuclear de Pyongyang e pelo discurso belicista de Trump. Pelo menos, já se fala ao telefone…

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ltos representantes da Coreia do Sul e da Coreia do Norte retomaram ontem o diálogo, com a primeira reunião em mais de dois anos centrada em facilitar a participação de Pyongyang nos Jogos Olímpicos de Inverno. O encontro, que arrancou às 10:00, figura como primeiro de alto nível entre as duas Coreias desde Dezembro de 2015. A reunião decorreu em Panmunjom, aldeia fronteiriça onde foi assinado o armistício da Guerra da Coreia (1950-53).

Após os discursos inaugurais, ambas as delegações – cada uma composta por cinco membros – realizaram uma primeira sessão de aproximadamente uma hora e após uma pausa de meia hora iniciaram uma segunda ronda de conversações, explicou um porta-voz do Ministério da Unificação de Seul, citado pelas agências internacionais.

A delegação norte-coreana é chefiada por Ri Son-gwon, que lidera o Comité para a Reunificação Pacífica da Coreia, enquanto a sul-coreana é presidida pelo ministro da Unificação sul-coreano, Cho Myoung-gyon.

Na sua alocução inicial, cujo texto foi facultado pelo Ministério da Unificação, Ri Son-gwon observou que as relações entre as duas Coreias se encontram “mais frias do que o tempo que se faz sentir por estes dias”, numa referência ao inverno particularmente rigoroso que se vive na península coreana, para ressalvar, de seguida, que “apesar do frio, o desejo do povo [de as melhorar] permanece intacto”. No arranque da reunião bilateral, a Coreia do Norte afirmou que perante “a grande atenção nacional e internacional” dada ao evento seria adequado que fosse gravado e transmitido na íntegra pela televisão.

Seul rejeita televisão

Essa proposta foi, no entanto, rejeitada pela Coreia do Sul, com Cho Myoung-gyon a argumentar ser melhor realizar a reunião em privado e “falar com os meios de comunicação social quando necessário”, tendo em conta que “as conversações estiveram estancadas durante um período de tempo muito prolongado” e “há muito por dizer”.

O Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, segue via vídeo a reunião, que decorre na Peace House, no lado sul de Panmunjom, e tem à sua disposição uma linha de fax para dar instruções à delegação sul-coreana, detalhou o Ministério da Unificação citado pela agência de notícias espanhola Efe. Apesar de ser incapaz de o confirmar, Seul acredita que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, terá um sistema idêntico.

A reunião de alto nível tem lugar depois de Kim Jong-un ter agradecido na sua mensagem de Ano Novo a predisposição para o diálogo manifestada por Moon Jae-in desde que chegou ao poder, em Maio, e de ter expressado o seu desejo de melhorar os laços com o Sul e enviar uma delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno, que vão decorrer no próximo mês em PyeongChang.

A participação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de Inverno poderá aliviar a tensão, depois de 2017 ter assistido ao lançamento de três ensaios nucleares e de múltiplos mísseis balísticos por parte da Coreia do Norte, e à retórica bélica do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem trocado insultos pessoais e ameaças de guerra com Kim Jong-un.

Seul esforça-se por apresentar os Jogos Olímpicos de Inverno, que vão decorrer a aproximadamente 80 quilómetros da zona desmilitarizada (DMZ), como “Olimpíadas da paz”, mas para a expressão fazer sentido afigura-se essencial a participação da Coreia do Norte.

 

Ligação telefónica militar vai ser reaberta

Seul e Pyongyang decidiram ontem restabelecer a sua ligação telefónica militar, anunciou fonte sul-coreana, dias após a reabertura de uma linha telefónica civil. Trata-se da linha destinada a comunicações militares na região junto ao Mar Amarelo (chamado Mar do Oeste nas duas Coreias). Todos os principais canais de comunicação entre as duas Coreias foram encerrados nos últimos anos por decisão de Pyongyang devido à animosidade de Seul contra o seu programa nuclear.

Agora, o exército norte-coreano recomeçará a utilizar esta linha na quarta-feira, segundo explicou a delegação do Norte à sua congénere do Sul durante as conversações de alto nível que estão a decorrer entre as duas Coreias. Pyongyang decidiu também, na semana passada, começar a usar outra linha telefónica depois de Kim Jong-un expressar, na sua mensagem de Ano Novo, o desejo de melhorar os laços com o Sul.

No encontro, Pyongyang manifestou a intenção de enviar uma delegação composta por altos funcionários, atletas ou animadores aos Jogos Olímpicos de Inverno, que se celebram a partir de 9 de Fevereiro em PyeongChang, na Coreia do Sul.

Pelo seu lado, o Sul propôs organizar conversações militares para aliviar a tensão transfronteiriça e retomar as reuniões de famílias separadas pela guerra que opôs os dois países entre 1950 e 1953, mas o Norte ainda não se pronunciou sobre isso.

 

China confia na reconciliação

A China disse ontem estar confiante que as conversações de alto nível entre as duas Coreias, as primeiras desde 2015, vão permitir a reconciliação e ajudar a melhorar as relações entre Pyongyang e Seul. “Esperamos que estas conversações sejam um bom começo para melhorar as relações entre as duas Coreias e promover a reconciliação e cooperação”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa, Lu Kang, em conferência de imprensa.

“Estamos contentes de ver que se mantêm estas conversações de alto nível entre ambas as partes”, destacou o porta-voz chinês, afirmando estar confiante numa redução das tensões na península. Lu pediu ainda à comunidade internacional que proporcione mais apoio e compreensão, face aos esforços realizados por Pyongyang e Seul, visando reduzir a tensão regional.

No ano passado, os sucessivos ensaios nucleares do regime de Kim Jong-un e a retórica beligerante de Trump elevaram a tensão para níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953).

 

Cronologia nuclear norte-coreana

– 1987-1992: Desenvolvimento das versões do Scud-C (500 km), do Rodong-1 (1.300 km), do Taepodong-1 (2.500 km), do Musudan-1 (3.000 km) e do Taepodong-2 (6.700 km).

– Agosto de 1998: Teste de lançamento do Taepodong-1 acima do Japão, com o objetivo de colocar um satélite em órbita. A operação fracassa.

– Setembro de 1999: Adiamento dos testes de mísseis de longo alcance em razão da melhora das relações com Washington.

– 12 de Julho de 2000: Fracasso das negociações com os EUA sobre os mísseis, depois que a Coreia do Norte exigiu US$ 1 bilhão para paralisar as exportações dos dois aparatos.

– 3 de Março de 2005: Fim da prorrogação dos testes de mísseis de longo alcance, alegando uma política “hostil” por parte da administração Bush.

– Julho de 2006: Testes de sete mísseis de longo alcance. Um deles (Taepdong-2) explode em pleno voo depois de 40 segundos. O Conselho de Segurança adopta a resolução 1695, que pede o fim de qualquer actividade de mísseis balísticos.

– Outubro de 2006: Primeiro teste nuclear subterrâneo. Adopção da resolução 1718 do Conselho de Segurança, que pede o fim dos testes balísticos e nucleares.

– Abril de 2009: Lançamento de um foguete de longo alcance que sobrevoa o Japão e cai no Pacífico, durante uma tentativa, segundo a Coreia do Norte, de colocar um satélite em órbita. Para EUA, Japão e Coreia do Sul, trata-se de um teste do Taepodong-2. O Conselho de Segurança condena a operação e reforça as sanções. A Coreia do Norte abandona as negociações sobre seu programa nuclear.

– Maio e Junho de 2009: Segundo teste nuclear subterrâneo, muito mais potente. Adopção da resolução 1874 do Conselho de Segurança, que impõe sanções suplementares.

– 13 de Abril de 2012: Lançamento de foguete a partir da base de Tongchang-ri. O lançador se desintegra minutos depois da decolagem.

– 12 de Dezembro de 2012: Êxito no lançamento de um foguete para oficialmente colocar em órbita um satélite civil de observação terrestre. É considerado um novo teste de míssil balístico.

– 12 de Fevereiro de 2013: Terceiro teste nuclear subterrâneo.

– 6 de Janeiro de 2016: Quarto teste nuclear subterrâneo. A Coreia do Norte afirma ter testado uma bomba de hidrogénio. Informação é questionada pelos especialistas.

– 7 de Fevereiro de 2016: Pyongyang anuncia o sucesso de seu segundo lançamento de foguete espacial e confirma que país colocou um satélite em órbita.

– 2 de Março de 2016: Conselho de Segurança impõe à Coreia do Norte as sanções mais duras até aquele momento.

– 9 de Março de 2016: Dirigente norte-coreano Kim Jong-un  afirma que Pyongyang conseguiu miniaturizar uma ogiva termonuclear.

– 23 de Abril de 2016: Coreia do Norte lança um míssil balístico a partir de um submarino.

– 8 de Julho de 2016: Washington e Seul anunciam a mobilização na Coreia do Sul do escudo antimísseis americano THAAD.

– 3 de agosto de 2016: Disparo de um míssil balístico em águas japonesas é registado pela primeira vez.

– 24 de agosto de 2016: Êxito no lançamento de míssil a partir de um submarino.

– 5 de Setembro de 2016: Lançamento de três mísseis balísticos durante a reunião dos líderes do G-20 na China.– 9 de setembro de 2016: Quinto teste nuclear.

– 1.º de Dezembro de 2016: ONU endurece as sanções e limita as exportações norte-coreanas de carvão à China.

– 12 de Fevereiro de 2017: Teste de um novo míssil balístico, que percorre 500 km antes de cair em águas japonesas.

– 6 de Março de 2017: Pyongyang lança quatro mísseis balísticos e afirma se tratar de um exercício para atingir bases dos EUA no Japão.

– 7 de Março de 2017: EUA iniciam o estabelecimento do sistema antimísseis THAAD na Coreia do Sul.

– 14 de Maio de 2017: Coreia do Norte lança míssil que percorreu 700 km antes de cair em águas japonesas. Analistas estimam a capacidade do alcance do projéctil em 4.500 km.

– 4 de Julho de 2017: Pyongyang dispara um míssil balístico que percorre 930 km antes de cair em águas japonesas. Os analistas estimam seu alcance em até 6.700 km, o que chegaria ao Alasca. O regime norte-coreano declara que se tratou de um teste de míssil balístico intercontinental Hwasong-14.

– 28 de Julho de 2017: Pyongyang lança míssil com alcance teórico de 10.000 quilómetros, o que significa que poderia atingir os EUA.

– 26 de agosto de 2017: Disparo de três mísseis balísticos de curto alcance.

– 29 de agosto de 2017: Coreia do Norte dispara míssil que sobrevoa o Japão antes de cair no Pacífico. De acordo com Seul, ele percorreu 2.700 quilómetros a uma altura máxima de 550 km.

– 3 de Setembro de 2017: Coreia do Norte anuncia o teste de uma bomba de hidrogénio capaz de ser montada e transportada em mísseis de longo alcance.

10 Jan 2018

China | Didi prepara-se para transportar o mundo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] principal aplicação de serviços de transporte chinesa, Didi Chuxing, completou em 2017 um total de 7.430 milhões de viagens e foi utilizada por 450 milhões de pessoas, anunciou a empresa, equivalente à Uber, em comunicado.

Entre o número total de viagens, mais de 1.100 milhões foram percorridas por taxistas, o que permitiu à empresa “melhorar a eficiência operativa da indústria do táxi”, notou. Em comunicado, o Didi revelou que está a construir uma plataforma que “cobrirá integralmente a cadeia do sector do transporte” e que poderá prever a procura por transporte em algumas áreas da China, com 15 minutos de antecedência, e uma taxa de precisão superior a 85%.

Em termos de segurança, no ano passado, a empresa lançou uma série de iniciativas que permitiram reduzir em 21% o volume de acidentes registados na plataforma, até um nível “muito menor do que o sector tradicional dos transportes”. Entre as medidas para promover a segurança dos condutores e passageiros, o Didi criou o Sistema de Condução Segura, que deteta o nível de fadiga do condutor e controla o seu comportamento. Durante o ano passado, a empresa conseguiu também aumentar de 2,5% para 10% o uso do cinto de segurança na parte traseira dos veículos.

A empresa endureceu ainda o sistema que permite avaliar o historial dos seus condutores, estabelecendo acordos com as autoridades, para verificar os documentos de identidade, carta de condução e licença de veículos. O Didi destaca ainda a sua contribuição na melhoraria da sinalização em várias cidades do país, através da análise do ‘big data’ – os dados acumulados pelos motoristas e utilizadores.

A principal aplicação de transporte chinesa comprou, em meados de 2016, as operações da Uber na China, assumindo controlo total do mercado do país, o primeiro a aprovar uma lei para regular este modelo de negócio. Na semana passada, deu o primeiro passo para a internacionalização, ao comprar uma participação na brasileira 99Taxis, aplicação de transporte privado líder do mercado em São Paulo e Rio de Janeiro.

9 Jan 2018

Seul quer reinício de encontros de famílias separadas

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]eul vai aproveitar o raro encontro com Pyongyang para abordar o reinício dos encontros das famílias separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953), com Pyongyang a insistir, por seu lado, na necessidade de se conseguir a reunificação.

As duas Coreias acordaram na semana passada manter conversações esta terça-feira, dia 9, em Panmunjom, aldeia fronteiriça onde foi assinado o armistício, nunca substituído por um tratado de paz definitivo, o que faz com que as duas Coreias permaneçam tecnicamente em guerra desde o conflito em que se enfrentaram. Tratar-se do primeiro encontro entre Norte e Sul desde Dezembro de 2015.

Esta reunião deve abrir caminho à participação de Pyongyang nos Jogos Olímpicos de Inverno, que arrancam no próximo mês, em PyeongChang, na Coreia do Sul, mas as duas delegações devem aproveitar a oportunidade para colocar outros temas sobre a mesa.

“Estamos a preparar conversações sobre a questão das famílias separadas e sobre os meios para apaziguar as tensões militares”, declarou aos jornalistas o ministro da Unificação sul-coreano, Cho Myoung-Gyon, segundo a agência de notícias Yonhap.

Milhões de pessoas foram separadas durante a Guerra da Coreia, sendo que a maioria morreu sem ter tido a oportunidade de voltar a ver familiares próximos, uma vez que estão interditas comunicações transfronteiriças, troca de cartas ou chamadas telefónicas.

As reuniões de famílias começaram realmente após uma histórica cimeira Norte-Sul em 2000. Inicialmente, houve um encontro por ano, mas o surgimento regular de tensões na península afectou esse ritmo. O recomeço do diálogo tem lugar na sequência de dois anos de constante deterioração do clima na península, durante os quais a Coreia do Norte realizou três ensaios nucleares e múltiplos disparos de mísseis.

Actualmente, Pyongyang afirmou ter alcançado o objectivo militar de ser capaz de ameaçar com fogo nuclear todo o território continental norte-americano, com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, a reafirma-lo, na mensagem de Ano Novo, na qual voltou a advertir que tem o “botão” nuclear na ponta dos seus dedos. Não obstante, Kim também aproveitou o discurso para, num feito raro, estender a mão ao Sul, evocando a participação de atletas norte-coreanos nos Jogos Olímpicos de Inverno.

“A força por detrás da mais recente melhoria das relações não é estrangeira, é da própria nação coreana”, afirmou, este fim de semana, a agência oficial norte-coreana KCNA. “A submissão e a ideia de dependência em relação às forças externas são o veneno que torna a Nação servil e sem alma”, acrescentou.

9 Jan 2018

Delegada da BBC na China em protesto contra desigualdade de género

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] responsável da BBC para a China anunciou ontem no blogue pessoal que se demitiu da actual posição, por considerar que existe desigualdade salarial entre homens e mulheres na cadeia de rádio e televisão britânica.

Carrie Gracie, que trabalha há 30 anos para a estação pública do Reino Unido, afirmou que vive uma “crise de confiança”, provocada pela desigualdade de género. A jornalista indicou que vai regressar ao posto anterior na redação da BCC, onde espera “receber de forma igualitária”.

“Não estou a pedir mais dinheiro. Penso que sou já muito bem paga, sobretudo para trabalhadora de uma organização financiada pelo Estado. Simplesmente, quero que a BBC respeite a lei e valorize os homens e as mulheres de forma igual”, escreveu. Gracie lamentou que a informação sobre salários, divulgada pela BBC há seis meses, tenha mostrado uma “diferença indefensável” entre o que é pago a homens e mulheres que ocupam as mesmas posições.

Em Julho passado, a cadeia britânica divulgou uma lista dos funcionários com salários anuais superiores a 150.000 libras, no qual não consta o nome de Gracie. O documento permitiu-lhe constatar que os responsáveis por delegações internacionais ganham, “pelo menos, 50% mais” do que mulheres que ocupam cargos semelhantes. Gracie reclamou então um salário equivalente e a BBC ofereceu-lhe um aumento, que elevou o seu salário para valores distantes dos auferidos pelos colegas.

A jornalista explicou no seu blogue que é fluente em chinês, especialista em assuntos da China e há 30 anos transmite notícias sobre o país asiático. Há quatro anos foi promovida a responsável pela delegação local da BCC, uma posição que aceitou, apesar de saber que “exigiria sacrifícios e resistência”. “Tive que trabalhar a 5.000 milhas (8.000 quilómetros) do meu filho adolescente, num país com alto nível de censura e governada por um partido único, que exerce vigilância, perseguição policial e intimidação oficial”, sublinhou.

Na rede de mensagens Twitter, muitos utilizadores demonstraram já o apoio à jornalista, com o ‘hashtag’ #IStandWithCarrie (eu apoio Carrie), e que já se tornou um dos tópicos mais comentados entre os comentários de britânicos.

9 Jan 2018

Presidente francês promete visitar China “pelo menos uma vez por ano”

Emmanuel Macron começou a sua visita por Xian, a cidade de onde partia a Rota da Seda. A França quer fazer parte do plano global chinês

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu ontem voltar “pelo menos uma vez por ano” à China, durante um discurso que proferiu em Xian, primeira etapa da visita de Estado de três dias que iniciou ao país. Isto “porque é a condição” para que a relação entre a França e a China “entre numa nova era”, afirmou Emmanuel Macron, num discurso de mais de uma hora.

Na sua intervenção, o chefe de Estado francês pediu uma aliança entre a França e a China para “o futuro do mundo”, em particular no domínio do ambiente, e para a Europa cooperar no colossal projecto chinês de criar novas rotas da seda. Neste sentido, reveste-se de particular importância o facto de Emmanuel Macron, que realiza a sua primeira viagem oficial à Ásia, ter escolhido visitar Xian, no norte da China, dado que aquela cidade milenar figurou como ponto de partida da antiga rota da seda.

A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, do Presidente chinês, Xi Jinping, pretende recriar “novas rotas da seda”, um conjunto de ligações terrestres e marítimas entre a Europa e a Ásia, com a construção de uma série de infra-estruturas, como estradas, portos ou caminhos-de-ferro, em 65 países, um projecto avaliado em mais de um bilião de dólares.

Depois de Xian, Emmanuel Macron, que se faz acompanhar pela mulher, Brigitte, e de seis dezenas de líderes de empresas e instituições, deslocar-se-á a Pequim, onde permanecerá até quarta-feira. Ainda ontem terá tido uma reunião com o seu homólogo chinês e a sua mulher, antes de um jantar a quatro.

Na terça-feira, ponto forte da agenda, Macron vai ser recebido de maneira mais formal, com o programa a incluir uma visita à Cidade Proibida, um encontro com o presidente da Assembleia Popular Nacional e com o primeiro-ministro, uma cerimónia de boas-vindas no Grande Palácio do Povo, bem como a assinatura de acordos e uma declaração conjunta, além de um jantar de Estado. Emmanuel Macron vai reunir-se igualmente com empresários e chefes de cozinha franceses radicados na China.

Já na quarta-feira vai realizar uma visita à Academia de Tecnologia Espacial chinesa, onde os dois países trabalham juntos no desenvolvimento de um satélite de observação da Terra. Esta primeira viagem à Ásia marca uma nova etapa na diplomacia do Presidente francês, concentrada até aqui na Europa e em África, com Emmanuel Macron a querer fazer de Xi Jinping um aliado em várias frentes: ambiente, luta contra o terrorismo, apoio à força do G5 no Sahel e ao desenvolvimento de energias renováveis em África.

 

Macron propõe “relançar a batalha climática”

O Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs ontem à China “relançar a batalha climática” e “preparar um aumento dos compromissos” contra o aquecimento global durante a próxima COP24, prevista para o final do ano, na Polónia. Invocando a necessidade de uma co-liderança franco-chinesa neste domínio, Emmanuel Macron anunciou para 2018-2019 a organização de um “ano franco-chinês da transição ecológica” durante um discurso em Xian, primeira etapa de uma visita de Estado de três dias à China.

 

HRW pede respeito pelos direitos humanos

A organização não-governamental Human Rights Watch apelou ao Presidente francês para que “cumpra a sua promessa” e peça a Pequim para melhorar a situação dos direitos humanos na China, durante a visita oficial ao país. A directora para França da Human Rights Watch (HRW), Bénédicte Jeannerod, afirmou que o líder francês “deve cumprir” o compromisso de exigir maior respeito pelos direitos humanos na China. Jeannerod lembrou que Macron tinha afirmado anteriormente que “os imperativos diplomáticos e económicos” franceses para a China “não podem justificar o encobrimento da questão dos direitos humanos”. “Se Macron levar a sério a promoção da liberdade e da democracia em todo o mundo, deverá levar uma longa lista para o Presidente Xi e outros líderes chineses”, afirmou a responsável da HRW, em comunicado. A HRW pediu a Macron, por exemplo, que reitere publicamente o apelo francês para que seja dada total liberdade de movimento a Liu Xia, viúva do falecido dissidente e prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo.

9 Jan 2018

Xinhua analisa último discurso do presidente Xi Jinping

Agência Xinhua

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente chinês Xi Jinping enfatizou “consistência” em apoiar e desenvolver o socialismo com características chinesas no seu discurso para os funcionários de alto nível, estabelecendo directrizes para o Partido Comunista da China (PCC) fazer novos progressos. Xi pediu aos funcionários que promovam “constantemente” o “grande novo projecto da construção do Partido” e aumentem o sentimento de precaução e prevenção face a riscos e desafios.

O discurso de Xi colocou o “socialismo com características chinesas numa nova era” na sua linhagem histórica de revoluções sociais liderada pelo PCC, ilustrando as ligações de continuidade. Também situou o socialismo com características chinesas no contexto da evolução de socialismo mundial. Assim, quando o socialismo surgiu era uma forma social totalmente nova e o socialismo com características chinesas é causa pioneira sem precedente que deve continuamente desenvolver-se.

A “consistência” na construção do Partido tem sido a chave para a vitória do PCC, do “grande projecto” da construção do Partido proposto em tempos revolucionários para o “grande novo projecto da construção do Partido” durante a reforma e abertura, e a rigorosa governanção própria do Partido desde seu 18º Congresso Nacional em 2012. Xi disse que o Partido deve ter coragem para realizar a auto-reforma e tornar-se mais forte a fim de apoiar e desenvolver o socialismo com características chinesas na nova era.

A governanção rigorosa do Partido começa pela “minoria em posição chave”, referindo-se aos funcionários de alto nível. Xi pediu que “a minoria em posição chave” seja firme nas suas convicções e posições políticas, promova o seu sentimento de responsabilidade, fortaleça as suas capacidades e competências, e melhore os seus modos de trabalho.

Domesticamente, a China ainda enfrenta tarefas de reforma difíceis, desenvolvimento desequilibrado, e a tendência de crescentes riscos económicos e sociais. Internacionalmente, as situações estão a mudar constantemente e o ambiente dos países vizinhos é cada vez mais complexo e sensível.

O modelo de desenvolvimento da China atraiu atenção mundial, mas julgamentos incorrectos e desfavoráveis de alguns países testaram a nossa sabedoria e habilidade. Como Xi disse, o PCC deve “dar as suas respostas ao teste dos nossos tempos”. O povo avaliará o quão bom é o desempenho do Partido.

9 Jan 2018

Portugueses formados em mandarim | Uma era dourada

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira geração de tradutores e intérpretes portugueses de língua chinesa está a aproximar Portugal e China no futebol, literatura ou arte, à medida que as relações entre os dois países entram numa “era dourada”.

Tiago Nabais ingressou na licenciatura de Tradução e Interpretação Português/Chinês – Chinês/Português do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) em 2007, depois de uma carreira musical “falhada” e “uns biscates aqui e ali”. Tinha 29 anos. Volvida uma década, concretizou um feito raro em Portugal: traduziu directamente a partir do chinês uma obra literária – “Crónica de um vendedor de sangue”, editado pela Relógio d’Água e escrito por um dos mais aclamados escritores chineses da actualidade, Yu Hua.

Também formado pelo IPL, Luís Lino agarrou aos 25 anos uma oportunidade “caída do céu” e rumou à China para servir de intérprete do técnico português André Villas-Boas, que na época passada orientou os chineses do Shanghai SIPG. “Nem queria acreditar”, contou Lino à agência Lusa sobre o convite para integrar o ‘staff’ de Villas-Boas. No final de um treino em que esteve sempre ao lado do antigo treinador do FC Porto, o jovem revela que ainda pensou em tirar o curso de jornalismo após terminar o secundário, mas acabou por optar pelo estudo de uma língua “muito rentável”.

O mandarim é a língua mais falada do mundo e o único idioma oficial da República Popular da China, país com 1.375 milhões de habitantes – cerca de 18% da população mundial – e a segunda maior economia do planeta. Em colaboração com o Instituto Politécnico de Macau, o IPL abriu em 2006 a licenciatura de Tradução e Interpretação. O Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino de chinês, garante ainda cursos livres de mandarim em quatro universidades portuguesas – Aveiro, Coimbra, Lisboa e Minho. E, desde 2016, o ensino do chinês foi também introduzido em algumas escolas portuguesas ao nível do secundário e do terceiro ciclo, como alternativa de língua estrangeira.

A primeira instituição de ensino superior em Portugal a oferecer uma licenciatura dedicada à língua chinesa, no entanto, foi a Universidade do Minho, com o curso em Estudos Orientais – Estudos Chineses e Japoneses, aberto em 2004. Na altura, a China não era ainda “moda” em Portugal e os “estereótipos” sobre o país entre os portugueses eram “bastante acentuados”, lembra Samuel Gomes, que ingressou naquela licenciatura em 2009. “Existia ainda uma espécie de complexo em aprender mandarim”, afirma o jovem portuense, que em 2016 foi distinguido com o prémio “Melhor Performance Artística” no Chinese Bridge, o maior concurso do mundo para alunos de língua chinesa.

O país asiático tornou-se, entretanto, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.

Jorge Torres-Pereira, que terminou em Dezembro passado uma missão de mais de quatro anos à frente da Embaixada portuguesa em Pequim, considera mesmo que as relações entre os dois países atravessam uma “era dourada”. As visitas bilaterais de alto nível registaram, nos últimos anos, uma frequência inédita, enquanto o número de turistas chineses que visitaram Portugal quase duplicou, para 183 mil, entre 2013 e 2016. Samuel Gomes não tem dúvidas: “Hoje, todos os portugueses falam da China”.

8 Jan 2018

Li Keqiang no Camboja com o rei e Hun Sen

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ao Camboja será de grande importância para a cooperação Lancang-Mekong e os laços China-Camboja, afirmou um diplomata. Li participará da segunda reunião dos líderes da Cooperação do Rio Lancang-Mekong em Phnom Penh e realizará uma visita oficial ao Camboja entre 10 e 11 de Janeiro.

Iniciada em 2014, a cooperação Lancang-Mekong cresceu rapidamente com um mecanismo gradualmente melhorado e uma implementação constante dos frutos, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Kong Xuanyou, sobre a próxima visita de Li.

A reunião deste ano concentra-se na paz e no desenvolvimento sustentável da área. Os líderes faram um balanço dos progressos e estabelecerão um plano para o futuro da cooperação Lancang-Mekong, segundo Kong. O vice-ministro informou que Li anunciará as iniciativas e medidas da China para aprofundar a cooperação pragmática e injectar um novo ímpeto no mecanismo.

Uma série de documentos serão divulgados após a reunião, incluindo um plano de acção de cinco anos do mecanismo e uma lista do segundo lote de projectos de cooperação, acrescentou.

Este ano marca o 60º aniversário das relações sino-cambojanas. Kong indicou que a próxima visita do primeiro-ministro ajudará os dois países a consolidar a amizade tradicional e promover a cooperação estratégica abrangente bilateral.

“Os laços entre a China e o Camboja se tornaram um modelo para as relações entre países”, apontou.

Durante sua estadia no Camboja, Li se encontrará com o rei cambojano Norodom Sihamoni e terá conversações com seu homólogo Hun Sen. Ambos os líderes trocarão ideias sobre os laços bilaterais e as questões internacionais e regionais de preocupação comum, a fim de planejar o desenvolvimento futuro das relações sino-cambojanas.

De acordo com Kong, os dois lados deverão alcançar consenso e assinar documentos de cooperação em infra-estrutura, ciência, agricultura, turismo e outros campos. “Esperamos que essa visita seja um sucesso completo”, concluiu Kong.

8 Jan 2018

Xi Jinping destaca construção de forças de combate de elite

A mensagem de Xi Jinping não podia ser mais claro: os generais e as forças armadas devem obedecer aos comandos do Partido. E mais nada. Além de exigir a modernização e a eventual vitória

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, ordenou a criação de forças de combate de elite através do treino de combate real, digitalização, inovação e reforma. Xi, também presidente da Comissão Militar Central (CMC), fez as declarações durante uma inspecção realizada a uma divisão do Exército de Libertação Popular (ELP) no Comando do Teatro de Operações Central.

Xi, em nome do Comité Central do PCC e da CMC, expressou felicitações de Ano Novo a todo o pessoal do ELP, da polícia armada, da tropa civil e das forças de reserva. Durante a inspecção, Xi abordou o tanque de batalha 99A, o modelo mais novo de desenvolvimento da China e conhecido como “o rei das batalhas terrestres”, e o veículo de lançamento de mísseis antitanque Flecha Vermelha-10, para conhecer os armamentos utilizados no exército.

Também visitou uma companhia de reconhecimento para observar o treino realizado por franco-atiradores e perguntou sobre o sistema de combate individual dos soldados.

Xi conversou com os novos recrutas que recebem treino sobre reconhecimento e combate e incentivou-os a aperfeiçoar as suas capacidades e esforçar-se por se tornarem heróis de reconhecimento. Xi visitou ainda um centro de treino de simulação, e reuniu-se com os oficiais da divisão. Depois visitou o centro de exibição da história da divisão. Xi pediu ao exército impulsionar o treinamento militar orientado à preparação para combate e concentrar-se no combate dedicadamente enquanto fortalecer pesquisas sobre tropas digitalizadas, e perguntou sobre os conceitos de inovação e as tácticas de batalha, assim como a melhoria no treino de combate real e a capacidade para vencer guerras.

Xi sublinhou a importância da coordenação entre diversas forças e sistemas e pediu esforços crescentes na criação de um sistema de informação e dados sobre combate. Ao sublinhar a importância da inovação e reforma, Xi pediu por resultados científicos e tecnológicos dos oficiais e soldados com uma melhor aplicação de dispositivos de ciência e tecnologia.

“Devem-se fazer esforços para cumprir o espírito do 19º Congresso Nacional do PCC e garantir que as forças armadas sempre sigam as instruções do Comité Central do PCC e da CMC”, assinalou Xi. “É necessário prestar grande atenção a digitalização para fomentar mais talentos militares de alta qualidade”, mencionou.

Xi disse que os oficiais e soldados devem ser bem cuidados e que os estilos de trabalho indesejáveis e a corrupção devem ser contidos decididamente”. Os vice-presidentes da CMC, Xu Qiliang e Zhang Youxia, assim como outros altos oficiais militares participaram do evento.

 

Altos quadros são “cruciais” na governação

O presidente chinês, Xi Jinping, disse na sexta-feira que os membros do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e os funcionários dos níveis provincial e ministerial são “cruciais” para a governanção firme do Partido e do país. Xi, também secretário-geral do Comité Central do PCC e presidente da Comissão Militar Central, fez as observações na abertura de um workshop com participação de membros e membros suplentes recém-eleitos do Comité Central do PCC, bem como funcionários dos níveis provincial e ministerial.

Xi pediu que esses funcionários aumentem sua consciência política, adoptem uma perspectiva histórica, reforcem o pensamento teórico, considerem as conjunturas de grande contexto e melhorem o seu conhecimento e realizações intelectuais para pensar e entender os grandes assuntos teóricos e práticos com uma perspectiva mais ampla.

O workshop concentra-se no estudo e implementação do “Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Época” e do espírito do 19º Congresso Nacional do PCC.

8 Jan 2018

Jogos Olímpicos de Inverno | Coreia do Norte vai “provavelmente participar”

Como na Antiga Grécia, os Jogos Olímpicos suspendem a guerra: as duas Coreias vão conversar. É, finalmente, algum degelo. A China bate palmas mas não deixa de aplicar a Pyongyang as sanções prescritas pela ONU

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte vai “provavelmente” participar nos Jogos Olímpicos de inverno, que este ano decorrem na Coreia do Sul, disse o representante norte-coreano no Comité Olímpico Internacional, segundo a agência de notícias japonesa.

A Coreia do Norte “provavelmente participará”, disse Chang Ung aos jornalistas durante uma escala no aeroporto de Pequim, um dia depois de o país te aceite a proposta sul-coreana de conversações na próxima terça-feira, anunciou o Ministério para a Unificação da Coreia do Sul, responsável pelas relações entre os dois países.

“A Coreia do Norte enviou uma mensagem esta manhã [de sexta-feira] a indicar que aceitava a proposta de conversações a 9 de janeiro, feita pelo Sul”, declarou um responsável do Ministério. O encontro vai realizar-se em Panmunjom, aldeia na fronteira entre os dois vizinhos, onde foi assinado o armistício da Guerra da Coreia (1950-53).

O porta-voz do Ministério para a Unificação, Baek Tae-hyun, disse aos jornalistas que estas conversações seriam sobre os Jogos Olímpicos de inverno em PyeongChang, que decorrem entre 09 e 25 de fevereiro, e sobre “a questão da melhoria das relações intercoreanas”.

Finalmente conversa

O diálogo surgiu após dois anos de deterioração das relações bilaterais. Neste período, a Coreia do Norte realizou três testes nucleares e multiplicou os ensaios de mísseis. Na segunda-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, aproveitou a mensagem de Ano Novo para comunicar que o país atingiu o seu objectivo militar de ter capacidade para ameaçar com as armas nucleares todo o território continental dos Estados Unidos.

No mesmo discurso, Kim estendeu a mão ao Sul, ao afirmar que Norte e Sul deviam reunir-se para debater e negociar a presença de uma delegação norte-coreana em PyeongChang. Em resposta, Seul propôs a realização de conversações de alto nível, a 9 de Janeiro, em Panmunjom, na primeira proposta do género desde 2015. Na quarta-feira, as duas Coreias reabriram a ligação telefónica, cortada desde 2016.

Já na quinta-feira à noite, Washington e Seul concordaram em adiar os exercícios militares conjuntos previstos durante os Jogos Olímpicos.

Delegações acertadas

Entretanto, as duas Coreias acertaram a composição das suas respectivas delegações que participarão da primeira reunião de alto nível entre os dois países em mais de dois anos. A delegação norte-coreana será composta por cinco membros e liderada por Ri San-gwon, que dirige no seu país o Comité para a Reunificação Pacífica da Coreia, informou o Ministério de Unificação sul-coreano.

Seul propôs no sábado enviar uma delegação liderada pelo ministro de Unificação, Cho Myoung-gyon, que constaria de outras quatro pessoas, dois vice-ministros de Unificação e dois vice-ministros do Desporto.

China atenta

Mal soube do sucedido a China apressou-se a apoiar o acordo entre Pyongyang e Seul para conversas bilaterais entre os governos antes das Olimpíadas de Inverno de 2018, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang.

“Prestamos atenção aos avanços recentes. Gostaria de enfatizar mais uma vez que o lado chinês, que é um vizinho íntimo da Península da Coreia, apoia os recentes passos positivos das Coreias do Sul e do Norte destinados a uma melhoria bilateral relações”, disse Geng aos jornalistas.

O diplomata chinês também expressou a esperança de que a comunidade internacional apoie essas medidas e encontre um meio eficaz para aliviar as tensões em torno da questão coreana.

A situação na península coreana aumentou desde o início de 2017 devido aos testes nucleares e de mísseis realizados por Pyongyang, o que viola a resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Em Junho de 2017, a China propôs um chamado plano de duplo congelamento prevendo o cessar da actividade nuclear da Coreia do Norte em troca do fim dos exercícios militares conjuntos entre EUA e Coreia do Sul. A Rússia apoiou a medida.

 

Aplicadas mais restrições ao comércio com Pyongyang

A China anunciou na sexta-feira um aumento das restrições no comércio com a Coreia do Norte, incluindo um limite no fornecimento de petróleo e proibição de importações de ferro e outras matérias-primas. A medida surge depois de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado uma nova ronda de sanções contra Pyongyang, na sequência do mais recente teste de lançamento de um míssil balístico, em 29 de Novembro passado.

O Ministério do Comércio chinês afirmou que Pequim vai limitar as exportações de crude e petróleo refinado para a Coreia do Norte e proibir a venda de aço e maquinaria industrial. As importações de comida, maquinaria e outros produtos norte-coreanos foram também banidos.

A China é o principal aliado diplomático e maior parceiro comercial da Coreia do Norte. Os dois países partilham uma fronteira com cerca de 1.400 quilómetros. A Coreia do Norte depende quase inteiramente de Pequim para obter petróleo. A China tem votado a favor das sanções impostas pela ONU, e que incluem a redução do fornecimento de crude.

Cuidado infractores

Ao memso tempo, a China prometeu “lidar seriamente” com infractores das sanções impostas pelas Nações Unidas à Coreia do Norte, depois de um jornal sul-coreano ter avançado que barcos chineses registados além-fronteiras estão a fornecer petróleo a Pyongyang.

O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang disse, no entanto, que o Governo de Pequim desconhece aquelas operações. O jornal Chosun Ilbo avançou esta semana que embarcações detidas por chineses, mas que exibem bandeiras do Panamá, Belize e outros países, são suspeitos de infringir as sanções impostas ao regime de Kim Jong-un.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou, em Setembro passado, novas sanções visando travar o programa nuclear e de mísseis balísticos norte-coreano. As autoridades sul-coreanas apreenderam, entretanto, dois dos barcos suspeitos. “Se a investigação confirmar a existência de infrações das resoluções do Conselho de Segurança, a China lidará seriamente com elas, segundo as leis e os regulamentos”, afirmou Geng, em conferência de imprensa.

De quem são estes barcos?

No domingo, as autoridades sul-coreanas anunciaram que um barco com a bandeira do Panamá, designado KOTI, foi apreendido no porto de Pyeongtaek por suspeitas de actividades relacionadas com a Coreia do Norte. O jornal Chosun Ilbo avançou, entretanto, que o barco pertence a uma empresa de Dalian, cidade portuária do nordeste da China.

Um outro barco suspeito de transportar 600 toneladas de produtos petrolíferos refinados, chamado Lighthouse Winmore, e que arvora a bandeira da região especial administrativa chinesa de Hong Kong, foi arrestado em Novembro, no porto sul-coreano de Yeosu.

O jornal avança que seis outros barcos que os Estados Unidos acusam de violar as sanções são detidos por entidades chinesas, mas estão registados em outros países.

 

Trump diz que poderia conversar com Kim pelo telefone

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse no sábado que estaria disposto a conversar por telefone com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, e que ele espera um resultado positivo de negociações entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Respondendo perguntas de jornalistas no retiro presidencial em Camp David, Maryland, Trump expressou disposição em conversar com Kim, mas não sem condições prévias. “Absolutamente, eu faria isso”, disse Trump. “Não tenho nenhum problema com isso.” Trump e Kim têm trocado insultos desde que o republicano assumiu o cargo, com o norte-americano repetidamente chamando Kim de “homem-foguete” devido aos testes de armas nucleares e mísseis balísticos.

8 Jan 2018

China é um dos primeiros destinos da Sagres e Super Bock

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China é destino de aposta do Super Bock Group e da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (Sagres), ocupando o primeiro e segundo mercado de exportação, respectivamente, disseram à Lusa os responsáveis das duas empresas cervejeiras.

“A actividade comercial do Super Bock Group na China começou em Janeiro de 2009, quando enviámos o primeiro contentor para comercialização da marca Super Bock em hotéis e restaurantes através de parcerias que estabelecemos com distribuidores locais”, afirmou Rui Lopes Ferreira, presidente executivo da empresa.

Por sua vez, a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, que tem a Sagres, iniciou a comercialização na China, embora de forma “residual, em 2013”, adiantou Nuno Pinto Magalhães, director de comunicação e relações institucionais da empresa.

“Em 2016 foi quando começámos a acelerar o nosso crescimento” naquele mercado, acrescentou.

Para o Super Bock Group, “hoje a China é o maior destino internacional da empresa, registando resultados bastante promissores ao representar 40% das exportações, sobretudo da cerveja Super Bock, o que significa já mais de 10% da receita global (451 milhões de euros em 2016)”, referiu Rui Lopes Ferreira.

No caso da cervejeira que detém a marca Sagres, em 2016 foram exportados quatro milhões de litros para a China, prevendo-se para 2017 “um crescimento superior a 50%”, acrescentou Nuno Pinto Magalhães.

“A China, neste momento, é o segundo mercado de exportação da Sagres, a seguir à Suíça, não considerando Angola, que já não é exportação”, salientou o mesmo responsável, apontando que a região onde o grupo mais vende cerveja é na província de Fujian, embora também comercializem para Zhejiang e Guangdong.

Já a Super Bock “está a ser comercializada em cinco mil pontos de venda distribuídos por 50 cidades, localizadas em três províncias com 200 milhões de pessoas. Mantém-se a presença em hotéis e restaurantes seleccionados, tendo a empresa já alargado a comercialização desta marca também ao canal alimentar”, concluiu o presidente executivo do grupo.

Relativamente a Angola, a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas adiantou que a Sodiba – Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola, fábrica da empresária angolana Isabel dos Santos, “iniciou a produção em meados de Março [de 2017], em regime de ‘trademark license agreement”, sendo que só divulgarão dados “passado sensivelmente um ano”.

5 Jan 2018

Sublinhada a necessidade de estudar pensamento de Xi Jinping

[dropcap style≠‘circle’]W[/dropcap]ang Huning, membro do Comité Permanente do Bureau Político do Comité Central do PCC e do Secretariado do Comité Central do PCC, pediu na quarta-feira que os funcionários de comunicação do país desenvolvam uma ideologia socialista que tenha a capacidade de unir e o poder de inspirar.

Wang sublinhou a importância de fortalecer a liderança geral do PCC em comunicação, teoria e cultura, e disse que qualquer desenvolvimento ideológico deve seguir as regras do PCC sobre a construção do Partido. O burocrata também indicou que a formação de equipas mais fortes de oficiais com mais talento é importante para o trabalho de comunicação do Partido.

Além disso Wang quer uma melhor divulgação do pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era.

“Tomem o pensamento de Xi Jinping como orientação de seu trabalho e concentrem-se no estudo, promoção e implementação do espírito do 19º Congresso Nacional do PCC”, disse aos funcionários que o escutavam na quarta-feira. Wang atribuiu as “realizações históricas” feitas no sector de comunicação do Partido desde o 18º Congresso Nacional do PCC à “forte liderança” do Comité Central do PCC com Xi como o núcleo e o seu pensamento como guia. Assim, “o trabalho de comunicação deve orientar as pessoas para proteger o estatuto central de Xi e defender a autoridade e a liderança centralizada e unificada do Comité Central do PCC de forma mais comprometida”, acrescentou.

A conferência foi presidida por Huang Kunming, chefe do Departamento de Comunicação do Comité Central do PCC. Huang pediu que os funcionários intensifiquem sua confiança e consciência em seu trabalho na nova era e usem o pensamento de Xi Jinping para armar o Partido, educar o povo e aumentar a coesão na sociedade. “O trabalho de comunicação e publicidade deve promover a cultura socialista, impulsionar as conquistas das pessoas e criar uma sociedade civilizada”, concluiu.

5 Jan 2018

Taxas do mercado monetário devem crescer três vezes em 2018

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Banco Popular da China fará aumentos modestos nas taxas do mercado monetário em 2018, porque pretende manter a pressão sobre a desalavancagem e evitar uma divergência excessiva com a política dos EUA, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg. Projecta-se que o Banco Popular da China aumentará as taxas de juros em acordos de recompra reversa em cinco pontos-base três vezes neste ano, a partir do primeiro trimestre, mostra a pesquisa. Isso aumentaria a taxa – agora em 2,5 por cento – mais lentamente do que no ano passado, quando as autoridades a elevaram em cinco pontos-base em Dezembro, após dois aumentos de 10 pontos-base no primeiro trimestre.

Os economistas não prevêem nenhuma alteração na taxa de referência, que estabelece os custos de empréstimos em toda a economia, até o início de 2020, de acordo com outra pesquisa realizada pela Bloomberg. O banco central manteve a taxa de empréstimo de um ano inalterada desde Outubro de 2015.

Com essa trajectória, a China manteria um ritmo parecido com o do Federal Reserve dos EUA, que projecta três aumentos próprios neste ano, e Pequim conservaria a estabilidade financeira, mantendo a liquidez apertada e evitando saídas de capital. O BPC surpreendeu os investidores no mês passado quando, depois do aumento de 0,25 ponto do Fed, realizou o seu próprio movimento menor.

O BPC tem maior probabilidade de aumentar as taxas de juros do mercado aberto no primeiro semestre, porque provavelmente haverá mais forças contrárias para a economia nos últimos seis meses do ano, de acordo com Wang Yifeng, analista do instituto de pesquisa da China Minsheng Banking em Pequim. “Uma tendência de ajuste na prática será a principal orientação política, o que ajuda a equilibrar a redução da alavancagem e estabilizar o crescimento”, disse ele.

“Vai ser difícil ver a flexibilização da política monetária durante bastante tempo.” Uma reunião cimeira das autoridades encarregues das políticas económicas da China, conduzida pelo presidente Xi Jinping no mês passado, estabeleceu que a prevenção de risco será a principal “batalha crítica” para os próximos três anos.

A Conferência de Trabalho Económico Central, realizada todos os anos, adoptou um tom mais forte do que no ano anterior ao declarar que as comportas da oferta monetária deveriam ser “controladas”, em comparação com o anúncio do ano anterior, que pedia “ajuste”. Os analistas também projectam uma redução generalizada do coeficiente de reservas obrigatórias no quarto trimestre, de 17 por cento para 16,5 por cento, de acordo com diferentes pesquisas. Isso se somaria à redução projectada para ajudar as pequenas empresas, que havia sido anunciada no ano passado e entrou em vigor no dia 1 de Janeiro.

Ainda assim, o BPC talvez não acompanhe completamente os aumentos da taxa de juros do Fed neste ano, disse Liu Ligang, economista-chefe para a China do Citigroup em Hong Kong, em entrevista à Bloomberg Television na quarta-feira. É provável que o banco central faça no máximo dois aumentos em sua Facilidade Permanente de Crédito overnight, que estabelece um tecto para as taxas do BPC, mas “se o ajuste financeiro for excessivo, não podemos desconsiderar um corte dos requisitos de reserva”, disse Liu.

 

5 Jan 2018

China surge na cena internacional como nova superpotência, colmatando a retirada do trumpismo

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China saiu em defesa do Paquistão, dizendo que o seu aliado faz “grandes esforços e sacrifícios” para combater o terrorismo. Os comentários chineses vieram em resposta aos do presidente dos Estados Unidos. Trump criticara o Paquistão por recusar-se “a combater jihadistas que estão a matar e mutilar tropas americanas e dos seus aliados no vizinho Afeganistão”.

Geng Shuang, porta-voz do regime chinês, acrescentou: “A China e o Paquistão mantêm uma completa parceria estratégica de cooperação. A China está pronta para aprofundar as relações com o Paquistão em vários campos para trazer maiores benefícios aos dois povos.

Dias atrás, Trump cortou milhões de dólares do financiamento militar norte-americano ao Paquistão, tendo sido levantada a questão de uma nova ordem internacional em que a China, gradualmente , substituiu os EUA.

 

China não substitui ninguém

Contudo, segundo o porta-voz do MNE chinês, “a China não pretende liderar ou substituir ninguém nos assuntos internacionais e sempre sustenta o conceito de consultas conjuntas na administração global”.

Geng Shuang fez a declaração ao responder a uma pergunta sobre o comentário do think tank norte-americano Euroasia Group segundo o qual a China “está a tentar preencher a vaga de liderança no planeta deixada pelos EUA perante a recessão geopolítica actual”.

Geng Shuang disse que o 19º Congresso Nacional definiu novos objectivos para a diplomacia chinesa na nova era, que são promover o estabelecimento de um novo tipo de relações internacionais e da comunidade de destino comum da humanidade.

 

Uma possível retaliação

Por outro lado, os chineses também criticaram os americanos por adoptarem “uma abordagem cada vez mais proteccionista e isolacionista.” A agência estatal Xinhua pediu aos Estados Unidos para adoptarem medidas de controlo das tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos e pediu mais cooperação bilateral.

Mas também advertiu num comentário que Pequim adoptará “medidas retaliatórias” em 2018, caso os EUA continuem a adoptar uma mentalidade de soma zero. A Xinhua também criticou os EUA por terem “uma abordagem cada vez mais proteccionista e isolacionista”. A agência argumenta que a China tem feito esforços para promover a cooperação com Washington.

 

 

 

Incentivo tributário para investir no estrangeiro

O Ministério das Finanças da China divulgou uma série de incentivos fiscais para encorajar as companhias do país a investir no exterior. Segundo um comunicado, várias divisões de uma empresa doméstica terão isenção de um aumento no imposto sobre lucro corporativo, nesse caso. A medida busca evitar a dupla tributação e também reduzir os encargos tributários para as empresas domésticas, informou o Ministério das Finanças.

As regras valem apenas para negócios no exterior que sejam pelo menos 20% propriedade de companhias chinesas. As empresas domésticas poderão também usar um método diferente para calcular seu imposto, caso tenham investimentos em vários países, segundo o governo. Com isso, elas poderão alocar os seus créditos tributários em diferentes países, o que ajudaria a reduzir a pressão sobre o fluxo de caixa, explica o comunicado.

O anúncio dos mais recentes incentivos são feitos uma semana após a China dizer que isentaria companhias estrangeiras de pagar imposto sobre o seu lucro caso ele seja reinvestido nos sectores especificados por Pequim, um esforço para atrair investidores estrangeiros.

5 Jan 2018

Governo dos EUA bloqueia aquisição do MoneyGram por firma chinesa

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma subsidiária do grupo chinês Alibaba retirou ontem uma oferta pela empresa de transferências monetárias MoneyGram, depois de um comité do governo norte-americano ter travado o negócio.

O presidente executivo do MoneyGram International Inc., Alex Holmes, a empresa não conseguiu a autorização do Comité para o Investimento Externo dos Estados Unidos para concretizar a venda à subsidiária da Alibaba, por 1,2 mil milhões de dólares. O comité é responsável por rever aquisições por entidades estrangeiras susceptíveis de ameaçar a segurança nacional dos Estados Unidos.

“A situação geopolítica alterou-se consideravelmente desde que anunciamos o acordo”, afirmou Holmes, em comunicado. “Apesar dos nossos esforços para trabalhar em conjunto com o Governo dos Estados Unidos, é agora evidente que o Comité para o Investimento Externo não aprovará” o negócio, acrescentou. Após o anúncio, as acções do MoneyGram, que está cotado no mercado para firmas tecnológicas Nasdaq, recuaram quase 7%.

A Ant Financial, subsidiária do gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba, tinha concordado em Janeiro de 2017 adquirir o MoneyGram. Firmas chinesas têm realizado grandes aquisições de empresas tecnológicas e marcas estrangeiras, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos. A maioria dos negócios decorre sem incidentes, mas outros suscitam críticas devido à possibilidade de representaram uma ameaça à segurança do respectivo país ou à perda de activos importantes.

China reage

Entretanto, ainda ontem, a China pediu aos Estados Unidos “igualdade de condições” para as suas empresas. “Queremos trabalhar com os EUA na base do respeito e benefício mútuos, para avançar na nossa cooperação económica”, afirmou em conferência de imprensa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang.

Geng afirmou ainda que o Governo chinês “encoraja sempre as suas empresas a seguir as práticas do mercado, as regras internacionais e as leis locais”.

Em Setembro passado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, bloqueou a compra de um fabricante de semicondutores do estado de Oregon (noroeste dos EUA) por uma empresa financiada pelo Governo chinês, por motivos de segurança. O grupo Alibaba foi fundado por Jack Ma, um dos homens ricos da China, que visitou Trump na sua torre em Manhattan, depois da vitória nas presidenciais norte-americanas, em Novembro de 2016. Na altura, o grupo chinês afirmou que podia criar um milhão de postos de trabalho nos Estados Unidos, ao apoiar pequenos negócios a vender os seus produtos no mercado chinês. Após o encontro, Trump afirmou que Ma era um “empreendedor fantástico”.

4 Jan 2018