Xinhua destaca importância do 19º Congresso do PCC para a relação com os países lusófonos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), que encerrou em 24 de Outubro, traçou um plano ambicioso para construir uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos até 2021.

Mas também enviou fortes sinais de estabilidade e confiança, que são importantes para o mundo lusófono, dizem funcionários governamentais e especialistas. Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o congresso do PCC enviou uma mensagem muito importante, mostrando que a China está comprometida em manter a sua porta aberta e em defender a globalização.

“A China está disposta a desempenhar um papel para fornecer bens públicos, o que é importante para outros países,” disse. Segundo Stuenkel, muitos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, necessita de uma ordem internacional estável e aberta para obter progressos económicos. O congresso chinês transmite exactamente uma mensagem positiva. “A China nunca foi tão visível e nunca houve tantas pessoas a elaborar as suas próprias estratégias com base no seu relacionamento com a China,” referiu Stuenkel. “Para mim, é uma grande transformação, onde realmente ninguém pode fazer um plano nacional, político e económico sem pensar muito no que está a acontecer na China,” concluiu.

Congresso da estabilidade

“O congresso recebeu muita atenção, tanto da população chinesa, como do mundo,” disse Rafael Fontana, especialista do departamento de língua portuguesa da Rádio Internacional da China, acrescentando que o congresso é muito importante e que a partir daí são definidos os passos que a China vai dar nos próximos 15 ou 30 anos. Rafael participou do trabalho de tradução e revisão da versão em português do relatório apresentado por Xi Jinping no 19º Congresso do PCC.

“O congresso chama a atenção do mundo inteiro, porque é o evento mais importante que acontece a cada cinco anos na segunda maior economia do mundo,” explicou. “Então é claro que se o congresso e o relatório mostrarem que a China tem estabilidade e um caminho certo para percorrer, isso vai trazer segurança e estabilidade para o resto do mundo,” assinalou.

Fontana afirma que o relatório mostra que a China não vai fazer nenhuma mudança brusca nos próximos anos e está disposta a abrir mais. “Isso é muito importante”. Durante os últimos anos, a China manteve sua posição como a segunda maior economia do mundo e contribuiu com mais de 30% do crescimento económico mundial. Além disso, a China defende o desenvolvimento de “uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade” e incentiva a melhora do sistema de governança mundial.

Portugal, porto ideal

“A China é a locomotiva do crescimento económico do mundo, por isso as decisões emitidas no 19º Congresso do PCC têm, certamente, influência global,” comentou Ronnie Lins, director do Centro China-Brasil para Pesquisa e Negócios. Para o mundo lusófono, “futuro compartilhado” pode ser interpretado como interesses compartilhados que trarão mais oportunidades de cooperação.

Ana Paula Vitorino, ministra do Mar de Portugal, avaliou o congresso do PCC como “fantástico”, destacando a parte da Rota de Seda Marítima do Século XXI, no qual o seu país gostaria de desempenhar um papel. “É muito bom quando o evento político mais importante da China confirma essa política internacional, disse.

“A Rota da Seda Marítima do Século XXI não é apenas uma política relacionada com a China, mas é uma rota com um ponto de cruzamento com a rota norte-sul do Atlântico, e neste ponto está Portugal,” assinalou Ana Vitorino, acrescentando que passando por Portugal, pode ter uma ligação não apenas ao norte da Europa, mas também à América do Norte, aos países da CPLP e aos países da América Latina.

“Por isso, julgo que Portugal é um país ideal para as empresas chinesas,” disse a ministra, acrescentando que os resultados do congresso facilitarão as cooperações entre a China e Portugal, e também com outros países lusófonos.

O papel do presidente

Para alguns observadores, o desempenho de Xi Jinping, que é considerado o núcleo da liderança do Comité Central do PCC, no congresso, é um sinal de confiança e estabilidade. “Xi Jinping ficou de pé no púlpito do Grande Salão do Povo durante 210 minutos, leu 32.440 caracteres chineses, sem descansar sequer um minuto, e bebeu água somente uma vez. Um feito impressionante para um homem de 64 anos que através de sua postura determinada – com uma voz serena e compenetrada – passou uma mensagem clara ao mundo… O compromisso da maior agremiação comunista do mundo é garantir o progresso da China através da realização da modernização socialista,” escreveu Gaio Doria, doutor carioca que estuda actualmente na Universidade Renmin em Pequim. É impossível ignorar estes elementos quando buscamos entender este gigante asiático, destacou Doria.

Mónica Valente, secretária nacional de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT), disse considerar Xi um homem com uma capacidade política muito grande no mundo, à altura dos desafios da humanidade.

“Xi é uma liderança importante não apenas para a China avançar nesta nova era mencionada no seu relatório ao congresso, mas também uma liderança global que tem uma preocupação muito forte com a paz, com a humanidade, com o desenvolvimento económico compartilhado, com novos mecanismos de governança global”, assinalou Valente.

“Os países de língua portuguesa são países próximos, países amigos da China e têm excelente relação comercial,” disse Rafael. “Hoje a China é o maior parceiro comercial do Brasil e o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América do Sul. Então, tudo que acontece na China interessa obviamente a América do Sul e aos países de língua portuguesa. Se a China demonstrar com esse relatório e com esse congresso que vai manter seu caminho de estabilidade e de crescimento, isso traz segurança para o mundo todo e claramente para os países de língua portuguesa e América do Sul,” destacou.

Xun Wei e Wang Yiduan

Xinhua

4 Jan 2018

China celebra aproximação entre Pyongyang e Seul

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China enalteceu ontem as “mensagens positivas” entre Pyongyang e Seul, após o governo norte-coreano ter assumido o interesse em participar nos Jogos Olímpicos de Inverno, que se celebram no próximo mês na cidade sul coreana de PyeongChang.

“Acreditamos que é um bom sinal e damos as boas-vindas e apoiamos as duas partes a aproveitarem a oportunidade e fazerem esforços concretos visando a melhoria dos laços bilaterais”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa Geng Shuang.

A aproximação poderá também servir para “aliviar a tensão na península coreana e alcançar a desnuclearização”, acrescentou.

O ministro da Coreia do Sul para a Unificação, Cho Myoung-gyon, propôs hoje que representantes das duas coreias se reúnam no próximo dia 9 de Janeiro na aldeia Panmunjom, dentro da Zona Desmilitarizada que divide a península.

A proposta surge depois do líder norte-coreano, Kim Jong-un, ter assegurado na sua mensagem de ano novo que está aberto ao diálogo com Seul para que o seu país envie uma delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno, que se realizam em território sul coreano, entre 9 e 25 de Fevereiro.

O porta-voz chinês sublinhou que a China continua “comprometida com a desnuclearização” e a manutenção da paz e estabilidade na península coreana. Geng afirmou que as principais causas do conflito são “as contradições entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos” e apelou aos governos dos dois países para que “construam confiança mútua e façam esforços concretos visando o regresso às negociações através do diálogo e consultas”.

A península coreana está dividida desde a devastadora Guerra da Coreia (1950-53), que terminou sem a assinatura de um tratado de paz. Nos últimos meses, os sucessivos ensaios nucleares de Pyongyang e a retórica beligerante do Presidente norte-americano, Donald Trump, elevaram a tensão para níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia.

 

Seul propõe conversações oficiais

O Governo sul-coreano propôs hoje a Pyongyang realizar conversações oficiais a 9 de Janeiro sobre a cooperação nos Jogos Olímpicos de Inverno, que vão realizar-se em Fevereiro na Coreia do Sul.

O ministro da Unificação sul-coreano, Cho Myoung-gyon, anunciou que o Sul propõe que as duas Coreias se encontrem a 09 de Janeiro, na aldeia de Panmunjom, na fronteira entre os dois países, para debater a cooperação durante os Jogos Olímpicos e a forma de melhorar as relações bilaterais.

A proposta sul-coreana surge um dia depois de o líder da Coreia do Norte afirmou que Norte e Sul deviam reunir-se para negociar a presença de uma delegação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de inverno em PyeongChang (Coreia do Sul), que vão decorrer entre 9 e 25 de Fevereiro.

“Esperemos que Sul e Norte se possam sentar, frente a frente, para debater a participação da Coreia do Norte nos jogos de PyeongChang, tal como outras questões de interesse mútuo para melhorar as relações intercoreanas”, declarou o ministro Cho, em conferência de imprensa.

Na mensagem de Ano Novo, Kim Jong-un voltou a ameaçar os Estados Unidos e indicou que o país tinha completado o programa nuclear.

No ano passado, a Coreia do Norte realizou um sexto teste nuclear a lançou três mísseis balísticos intercontinentais, no âmbito do desenvolvimento dos programas nuclear e de armas, levando a ONU a agravar as sanções contra o país.

3 Jan 2018

Ambiente | Estudo revela que um quarto do planeta pode transformar-se num deserto

Um estudo publicado na revista científica Nature Climate Change concluiu que 25 por cento da superfície terrestre pode-se tornar desértica se o aquecimento global se situar nos 2º Celsius, ou seja, o limite estabelecido no Acordo de Paris. Entretanto, na China começou a ser cobrado um imposto ambiental, dirigido a empresas poluidoras

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Acordo de Paris foi um marco histórico que uniu quase todos os países em torno de uma questão que ganha contornos existenciais: as alterações climáticas. No final de 2015, quando se realizou a cimeira na capital francesa, parte da comunidade científica criticou o acordo por ser pouco ambicioso em termos de metas propostas. Isto apesar dos aplausos originados pela vitória política que foi o consenso mundial numa matéria que implica mudanças profundas nas economias.

2018 arrancou com uma sombria previsão científica. Um estudo realizado por um conjunto de universidades, onde se inclui a Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, concluiu que pelo menos um quarto da superfície terrestre ficará “consideravelmente” mais seca, mesmo que seja atingido o objectivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2º Celsius. Ou seja, o limite previsto no Acordo de Paris. No documento os estados outorgantes comprometeram-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2º Celsius em relação à era pré-industrial. Foi também estabelecido que a comunidade internacional que se uniu em torno da luta contra as alterações climáticas continuaria os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5º Celsius.

No entanto, o planeta ainda está em direcção a um aumento global da temperatura de 3° Celsius.

Meio grau

Segundo o estudo, publicado na revista Nature Climate Change, um quarto do planeta, afectando mais de 25 por cento da população mundial, viverá num estado de crescente desertificação se a temperatura terrestre aumentar 2º Celsius.

Porém, as conclusões da equipa que reuniu académicos também da Universidade de East Anglia, em Inglaterra, apontam um número que poderá fazer toda a diferença daqui a três ou quatro décadas. Se o aumento da temperatura global for de 1,5º C, isso iria reduzir significativamente o número de regiões do planeta afectados por este processo de seca progressiva. Para avaliar este fenómenos é feita uma medição combinada dos valores de precipitação com a evaporação.

Se o alvo de 1,5° C fosse atingido, “partes do sul da Europa, África do Sul, América Central, costa australiana e sudeste da Ásia (áreas que acolhem hoje mais de 20 por cento da população mundial) evitariam uma aridez significativa”, disse um dos autores do estudo, Su-Jong Jeong, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen.

Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em projecções de vários modelos climáticos. Segundo os resultados apurados pelo estudo, com um aumento das temperaturas de 2° C, entre 24 a 32 por cento da superfície da Terra ficaria mais seca do que actualmente, situação que poderá verificar-se entre 2052 e 2070.

No entanto, se o objectivo de 1,5° C fosse atingido, apenas 8 a 10 por cento da terra ficarão mais secos, disse Su-Jong Jeong.

À medida que os territórios se tornam mais secos, a degradação dos solos e a desertificação aceleram, assim como a perda de biodiversidade, incluindo as plantas e as árvores necessárias para absorver o dióxido de carbono, responsável pelas mudanças climáticas.

Este processo aumenta também os fenómenos de secas e incêndios.

Alerta Guterres

Olhando para o mapa do mundo, de acordo com as projecções avançadas pela equipa responsável pelo estudo as regiões mais afectadas pela desertificação são áreas já a braços com algumas dificuldades socioeconómicas. “A aridificação é uma ameaça séria, principalmente pelo impacto crítico ao nível da agricultura, qualidade de água e biodiversidade”, comentou um dos principais autores, Chang-Eui Park em comunicado.

O estudo publicado na Nature Climate Change baseou-se na análise de 27 modelos de clima global e na forma como a aridificação do planeta seria afectada à medida que as temperaturas vão subindo. Neste aspecto importa salientar que uma vasta maioria dos cientistas climáticos concordam que a evolução das temperaturas é o factor responsável pelas crescentes secas e desertificações em curso no Brasil, ao longo do Mediterrâneo e na Austrália.

Em Nova Iorque, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou uma série de alertas aos líderes mundiais durante a mensagem de Ano Novo. “No primeiro dia do ano de 2018, não vou lançar um novo apelo. Vou emitir um alerta ao mundo”, começou por dizer Guterres. Depois de se mostrar bastante preocupado, o secretário-geral das Nações Unidas referiu que “as alterações climáticas avançam mais rapidamente” do que os esforços para as enfrentar.

Já em Novembro passado, António Guterres adjectivou os desafios ambientais como a “ameaça definidora dos nossos tempos”.

Durante a reunião anual das Nações Unidas para endereçar as alterações climáticas, o secretário-geral apontou como exemplo a Índia e a China que apesar do rápido crescimento económico se posicionam para se tornarem líderes na produção de energia solar. Guterres acrescentou ainda que Índia e China têm feito um trabalho meritório no incentivo ao mercado de carbono, onde empresas podem trocar créditos de emissões por incentivos para tornar as suas operações mais amigas do ambiente.

Caso chinês

Este ano, o Natal na costa leste dos Estados Unidos foi particularmente fria. Algo que inspirou Donald Trump a escrever um tweet onde voltou a confundir meteorologia com climatologia. O Presidente norte-americano disse que “talvez se possa usar um pouco do velho aquecimento global” para combater as temperaturas baixas record que congelaram Nova Iorque. Curiosamente, um dos efeitos do aquecimento global é precisamente a ocorrência mais frequente de fenómenos atmosféricos extremos. Importa recordar que Donald Trump considera as alterações climáticas uma conspiração chinesa.

Entretanto, a China começou na segunda-feira a cobrar um imposto ambiental. Trata-se da primeira medida fiscal adoptada por Pequim para combater a poluição, uma das principais fontes de descontentamento popular no país.

A Lei Fiscal de Protecção Ambiental, que se destina a empresas e instituições públicas que descarreguem poluentes directamente para o ambiente, estipula que o imposto será pago pelas companhias que produzam poluição sonora, atmosférica e resíduos sólidos, abrangendo também a contaminação da água.

O Governo Central vai fixar o limite máximo a ser cobrado, permitindo às autoridades locais determinar o valor exacto a cobrar. Importa realçar que esta medida não afecta particulares.

Segundo estimativas citadas pela imprensa oficial, com o novo imposto o Governo chinês poderá arrecadar anualmente mais de 50 mil milhões de yuan.

A implementação deste imposto é mais uma das medidas promovidas por Pequim para endereçar as preocupações ambientais da população. Aliás, a poluição é responsável por milhões de mortes prematuras todos os anos na China, tendo-se tornado, nos últimos anos, uma das principais fontes de descontentamento popular, a par da corrupção e das crescentes desigualdades sociais.

Entre Janeiro e Novembro de 2017, Pequim investigou mais de 35.600 violações das leis e regulações de protecção ambiental, um esforço de fiscalização que representa um aumento superior a 100 por cento, em termos homólogos.

3 Jan 2018

Hong Kong | Pequim aprova controlo chinês em ligação de alta velocidade

A Assembleia Nacional da China aprovou o controlo de segurança chinês na ligação de alta velocidade em Hong Kong. Esta está a ser vista como mais uma prova da interferência chinesa em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia Nacional Popular da China aprovou a presença de controlos de segurança chineses na primeira estação ferroviária de comboios de alta velocidade em Hong Kong, noticiou esta quinta-feira a agência oficial chinesa Xinhua.

Esta decisão esteve rodeada de polémica, já que na ex-colónia britânica é vista como mais uma demonstração da interferência de Pequim no território, que constitui uma das duas regiões administrativas especiais chinesas, a par de Macau.

A Xinhua informou que o órgão legislativo chinês ratificou o acordo firmado a 18 de Novembro entre o governo de Hong Kong e a vizinha província chinesa de Cantão, pelo que haverá controlo de passaportes e aduaneiros na estação de Kowloon Oeste, de onde vão partir comboios com destino à China.

Até agora, a rede ferroviária chinesa chega até à fronteira, de facto, entre a China e Hong Kong, na cidade de Shenzhen, mas a nova linha de comboios de alta velocidade entre Cantão e a antiga colónia britânica, com paragem na referida estação da península de Kowloon, vai mudar esta situação.

Também vão ser efetuadas inspecções de bagagens e aplicadas medidas de prevenção e quarentena, de acordo com o documento aprovado pela Assembleia Nacional para a nova estação, cuja inauguração deverá acontecer no terceiro trimestre de 2018.

Os críticos da alteração legal apontam que este é outro exemplo da redução de autonomia sofrida por Hong Kong em relação à China, e que se tornou especialmente palpável com a perseguição a organizações e activistas opositores do regime comunista.

O movimento ‘Occuppy’, também conhecido por ‘Revolução dos Guarda-Chuvas’ em 2014, em que milhares de pessoas pediram a eleição democrática do líder do governo de Hong Kong, firmou as bases para uma crescente desconfiança entre os dois territórios, assim como o nascimento de movimentos independentistas, ainda que minoritários, na ex-colónia.

A ligação da alta velocidade a Hong Kong vai permitir à cidade, que este ano completou 20 anos desde o retorno à soberania chinesa, ligar-se à rede de comboios rápidos da China, que com mais de 20 mil quilómetros em funcionamento e muitos outros em construção é a maior do mundo.

29 Dez 2017

Perfil no Wechat servirá bilhete de identidade oficial

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo de Cantão, no sul da China, iniciou um projecto para que a aplicação de telemóvel Wechat sirva para identificar os utilizadores, como um passaporte ou bilhete de identidade. De acordo com o diário “South China Morning Post”, o projecto experimental iniciado esta semana vai estender-se em poucos dias à província de Guangdong, uma das mais prósperas do país, havendo também a intenção de a testar a nível nacional a partir de Janeiro.

Através da tecnologia de reconhecimento facial, em grande desenvolvimento na China, o passaporte ou bilhete de identidade virtuais poderão ser usados para fazer registos em hotéis ou aceder a determinados serviços de instituições oficiais sem necessidade de um documento de identificação convencional.

O projecto foi desenvolvido pelo Ministério de Saúde Pública e o gigante electrónico Tencent, dono do Wechat. A consolidar-se o uso do Wechat como documento de identidade, a aplicação, com perto de mil milhões de utilizadores, sobretudo no interior da China, ganhará ainda mais relevância.

Criado em 2011 como um serviço de mensagens instantâneas similar ao Whatsapp, o Wechat tornou-se na rede social mais popular do país, ao incluir, pouco tempo depois, um serviço de “microblogs” semelhante ao Twitter, uma vez que tanto este, como o Whatsapp estão bloqueados pelo regime chinês.

Além disso, nos últimos anos, o Wechat incluiu um sistema de pagamentos electrónicos que se popularizou tanto entre vendedores como compradores da China, ao ponto de muitos cidadãos da segunda economia mundial terem praticamente deixado de utilizar dinheiro em numerário.

28 Dez 2017

Criado mecanismo de cooperação com Paquistão e Afeganistão

Aliança com Paquistão e Afeganistão não visa isolar a Índia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s ministros dos Negócios Estrangeiros da China, Paquistão e Afeganistão realizaram na terça-feira a sua primeira reunião tripartida focados em alcançar um consenso em temas como economia, segurança regional e conectividade. O MNE anfitrião, Wang Yi, pretendia neste encontro “promover também a reconciliação e criar confiança entre seus outros dois interlocutores, cujos países mantêm tensões por um diferendo territorial” revelou a Xinhua.

A realização do encontro foi decidida em Junho passado, quando os MNE dos três países decidiram estabelecer um mecanismo de cooperação para analisar questões de interesse comum.

Como preâmbulo, Wang recebeu o seu homólogo afegão, Salahuddin Rabbani, e pediu que aproveitasse a reunião desta terça-feira para abrir o caminho ao entendimento e à normalização das relações com o Paquistão. Também conversaram sobre as possibilidades de ampliar a colaboração através do projecto económico Uma Faixa, Uma Rota.

Índia não deve temer

O novo mecanismo de cooperação e desenvolvimento lançado pela China com os vizinhos Paquistão e Afeganistão “não é dirigido contra países terceiros”, disse ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, perante receios de que a estratégia vise isolar a Índia.

“Não é dirigido contra terceiros, inclusivamente queremos que beneficie outros países”, disse em conferência de imprensa a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, indicando que “é bastante normal que a China, Paquistão e Afeganistão mantenham diálogo e cooperação”.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos três países reuniram-se na terça-feira em Pequim para lançar um mecanismo de cooperação conjunta e estudar a inclusão do Afeganistão no Corredor Económico China-Paquistão, uma iniciativa que inclui planos de infra-estruturas e transporte avaliados em cerca de 57.000 milhões de dólares.

O Paquistão e o Afeganistão “são vizinhos da China e têm grandes desejos de melhorar as suas economias e a vida dos seus cidadãos”, disse a porta-voz.

Os planos de cooperação internacional com esses países estão integrados nas Novas Rotas da Seda, grande plano de infra-estruturas e telecomunicações da China com a Eurásia e outras regiões.

Pequim e Nova Deli mantêm há décadas uma relação complicada, pelas mútuas reclamações fronteiriças, mas também por questões como o conflito tibetano, dados que o Dalai Lama, líder espiritual daquele povo, vive no exílio de Dharamsala (norte da Índia) desde 1959.

28 Dez 2017

Xadrez : Campeã mundial recusa jogar na Arábia Saudita

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ucraniana Anna Muzychuk, de 27 anos, é dupla campeã mundial de xadrez. A sua irmã, Mariya Muzychuk, dois anos mais nova, seguiu-lhe os passos. E não apenas no desporto, mas também nas convicções. Entre 26 e 30 de Dezembro realiza-se o campeonato mundial de xadrez na Arábia Saudita e as irmãs não vão estar presentes: recusam-se a usar uma veste feminina saudita, a abaya [túnica larga].
Num post no Facebook, partilhado a 23 de Dezembro, a campeã explicou o motivo da decisão. “Em poucos dias vou perder dois títulos mundiais, um a um. Apenas porque decidi não ir à Arábia Saudita. Por não jogar com as regras de outros, por não usar abaya, por não ter de ir acompanhada à rua, e finalmente por não me sentir uma criatura secundária”, lê-se.
Na imagem partilhada, Anna surge com as duas medalhas recebidas o ano passado, sorridente. “Há exactamente um ano ganhei estes dois títulos e era a pessoa mais feliz no mundo do xadrez, mas agora sinto-me muito mal. Estou preparada para lutar pelos meus princípios e faltar a este evento, onde, em cinco dias, esperava ganhar mais do que numa dezena de competições”, refere a campeã.
Contudo, a publicação serve principalmente para marcar uma posição, demonstrando as diferenças existentes entre os vários países, no que toca às mulheres. “Tudo isto é irritante, mas o mais perturbador é quase ninguém se importar realmente. Este é um sentimento amargo, mas ainda não é o que vai mudar a minha opinião e os meus princípios. O mesmo vale para a minha irmã Mariya — e estou muito feliz por partilharmos este ponto de vista. E sim, para aqueles poucos que se importam — vamos voltar!”
Esta não é, contudo, a primeira vez que uma jogadora se nega a participar numa competição por motivos de vestuário feminino dos países em questão, conta o El País.
Em Fevereiro de 2017, Nazi Paikidze, campeã americana, não competiu no Irão por se recusar a cobrir a cabeça com o hijab [véu islâmico]. Neste campeonato, Anna Muzychuk esteve presente e competiu de véu na cabeça. Em Outubro, Dorsa Derakhshani, campeã de xadrez iraniana, foi proibida de jogar pelo seu país por também recusar o véu islâmico, passando depois a jogar pelos Estados Unidos.
No passado mês de Novembro, quando Anna soube do campeonato na Arábia, marcou a sua posição, defendida agora. “Primeiro Irão, depois Arábia Saudita… Pergunto-me onde serão organizados os próximos campeonatos mundiais femininos. Apesar do recorde de títulos, não vou jogar em Ryad, o que significa perder dois títulos de campeã mundial. Para arriscar a tua vida, para usar abaya o tempo todo? Tudo tem os seus limites e os véus no Irão já foram mais do que suficientes”.
A publicação desta semana já foi partilhada mais de 6 mil vezes e são muitos os comentários de apoio às irmãs. Até ao momento não há qualquer reacção por parte da organização do Campeonato do Mundo de Xadrez, que apenas refere no seu site que o campeão mundial masculino, o norueguês Magnus Carlsen, estará presente nos torneios. A FIDE, Federação Mundial de Xadrez, também não se manifestou quanto ao sucedido, publicando apenas no Twitter a indicação dos sorteios femininos.

28 Dez 2017

Relações China-Portugal | Tese conclui que Portugal não tem estratégia definida

A 9 de Dezembro de 2005 Portugal e a China assinavam a Parceria Estratégica Global, um documento que marcou uma nova fase das relações bilaterais após a transferência de Macau. Pedro Galinha, antigo jornalista em Macau e autor da tese de mestrado sobre o tema, concluiu que falta aos portugueses uma estratégia concreta e que o investimento chinês no país não gerou mais emprego. O Fórum Macau é burocrático e dependente da China, aponta o autor

 

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á muito que se fala das relações diplomáticas entre Portugal e a China, sobretudo desde que as empresas chinesas começaram a investir no país. Contudo, não existia, até à data, um trabalho de investigação sobre a Parceria Estratégica Global, acordo de cooperação assinado em 2005.

Pedro Galinha, antigo jornalista em Macau, defendeu há semanas na Universidade Nova de Lisboa a tese de mestrado “China e Portugal: Dez Anos de Parceria Estratégica Global”, que veio colmatar essa lacuna. A tese analisa o período de relações entre o momento em que foi assinado esse documento, a 9 de Dezembro de 2005, e o ano de 2015. “A Parceria Estratégia Global actualizou a relação bilateral sino-portuguesa, que tinha perdido dinamismo após a transferência de administração de Macau”, adiantou ao HM Pedro Galinha.

Uma das conclusões deste trabalho prendem-se com a ausência de uma estratégia concreta da parte do Governo português entre 2005 e 2015, por contraste com os investimentos em áreas estratégicas que os chineses têm vindo a fazer. “A nível político e diplomático, cerca de 30 responsáveis de topo dos dois países fizeram visitas oficiais. Representantes de províncias e municípios chineses, como Guizhou, Zhejiang, Hubei, Guangdong, Pequim e Xangai também estiveram em Portugal. Este aspecto pode levar a que Portugal se direccione para áreas específicas da China. Mas para isso é preciso uma estratégia, que continua a ser quase inexistente”, conclui o autor.

Nesse sentido, Pedro Galinha considera que “seria bom explorar, cada vez mais, as redes de empresários chineses radicados em Portugal, que têm ligações às regiões de origem e até desempenham cargos em conselhos consultivos”.

O autor da tese de mestrado conta que decidiu partir para a investigação dada a inexistência de estudos sobre esta matéria. “É necessário criar um debate e massa crítica para as questões da China. Seria essencial promover as relações sino-portuguesas e, em concreto, a Parceria Estratégica Global a diferentes níveis: empresarial, cultural e académico”, contou.

Na conclusão da dissertação lê-se que, para Portugal, “a entrada de capital chinês cumpre uma necessidade imediata de liquidez”, dada a crise económica que levou à venda de capital de empresas públicas como a REN ou a EDP. Além disso, “é apontada a falta de reciprocidade, isto é, a dificuldade das empresas portuguesas em aceder ao mercado da República Popular da China (RPC)”.

Do lado chinês a postura é totalmente diferente. Luís Amado, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal por um longo período de tempo entre 2005 e 2015, disse ao autor da tese que constatou “uma consistente e progressiva ambição” da China face a Portugal.

“Isso é fruto de uma estratégia, assente em políticas centrais, como a internacionalização das empresas privadas ou estatais. Os interesses chineses em Portugal estão alinhados com as directrizes do Ministério do Comércio da China: energia, ambiente, seguros e saúde. Aqui, vemos a diversificação do investimento no estrangeiro, em áreas que correspondem ao interesse interno chinês”, explicou Pedro Galinha.

O trabalho de investigação concluiu também que “as aquisições e fusões de empresas europeias por grupos chineses configuram uma estratégia de médio-longo prazo, diferente do peso do turismo ou da compra de imóveis”.

O autor não deixa, no entanto, de notar o surgimento de algumas estruturas associativas que tentam promover as relações entre Portugal e a China. “O número de associados da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa tem crescido. Há ainda espaço para o surgimento de estruturas como a Associação de Jovens Empresários Portugal-China.”

Há, no entanto, uma lacuna na área cultural, sobretudo na área da sinologia, observa o autor. “O Observatório da China vai desenvolvendo algum trabalho, mas, por outro lado, deixou de ser organizado o Fórum Internacional de Sinologia, após a morte da investigadora e principal impulsionadora da iniciativa, Ana Maria Amaro.”

Investimento sem mais emprego

Os anos de uma crise económica mais acentuada que se viveram em Portugal tiveram algumas consequências nos resultados práticos da implementação da Parceria Estratégica Global.

“É muito difícil estabelecer uma relação causa-efeito entre a assinatura da Parceria Estratégica Global e o aumento do investimento chinês em Portugal. A crise financeira foi o factor-chave nesse fenómeno”, concluiu Pedro Galinha.

Isto apesar das “empresas chinesas terem apresentado as propostas mais vantajosas, o que, de certa forma, legitimou a entrada no mercado português”.

Apesar dos inúmeros e estratégicos investimentos efectuados, estes não se traduziram em mais postos de trabalho em Portugal, que continua a sofrer com uma elevada taxa de desemprego.

“É visível que os investimentos não corresponderam a mais emprego em Portugal. Essa é uma área que deve ser aprofundada a um alto nível”, frisou Pedro Galinha.

O autor, que alerta para o facto do Porto de Sines “se perspectivar como o grande dossiê no futuro”, defende que “os responsáveis políticos portugueses devem procurar captar investimento em indústrias transformadoras ou na agricultura”.

Uma relação “sem atritos”

Para analisar a posição da China no contexto da relação com Portugal, Pedro Galinha consultou uma publicação anual do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China “que detalha o estado das relações com os vários Estados”.

“Pequim tem reafirmado a importância e o interesse em aprofundar a Parceria Estratégica Global sino-portuguesa, reconhece o sucesso do processo de transferência de poderes de Macau, refere-se a Portugal como potência histórica e ponte para a lusofonia.”

Contudo, para que esta relação bilateral funcione, é “absolutamente essencial a inexistência de atritos”. “Ao longo do tempo Portugal tem reafirmado a defesa do princípio de ‘Uma só China’”, acrescentou Pedro Galinha.

“Não constituem polémica os temas mais sensíveis na relação com a União Europeia, como os direitos humanos, a situação no Tibete ou a autonomia de Taiwan. Isto deveu-se à não interferência dos sucessivos Governos portugueses nas questões internas da RPC”, lê-se na conclusão.

O embargo das armas

Pedro Galinha fez ainda referência a questões como o embargo de armas da União Europeia à China, e que não tem sofrido qualquer desenvolvimento. “Persistem questões como o embargo de armas à RPC, que vigora desde 1989, e o estatuto de economia de mercado da China. No texto da Parceria Estratégica Global Lisboa declarou apoio para discutir os temas, mas ainda não foi atingido qualquer resultado”, aponta.

O autor adianta também que “é possível afirmar, através deste tipo de acordo, que Pequim tenta enfraquecer a existência de uma frente unida europeia”. “Procura evitar posições coordenadas em assuntos sensíveis, que também se estendem à implementação dos pactos internacionais em matéria de direitos humanos”, lê-se ainda na conclusão da tese.

Ao assinar com a China a Parceria Estratégica Global, Portugal adquiriu “uma posição de realce, visto que é o nível mais elevado, atribuído por Pequim, numa relação bilateral ou multilateral”, lê-se na conclusão da tese de mestrado.

O documento levou a “uma actualização do relacionamento notória, com o alargamento da cooperação nas áreas político-diplomática, comercial e de investimento”. Houve ainda uma intensificação dos contactos bilaterais “visível no aumento do número e estatuto das visitas de alto nível”.

Contudo, antes de 2005 as relações dos dois países sofreram altos e baixos. Primeiro, Portugal não reconheceu a República Popular da China quando esta foi estabelecida, em 1949, tendo reatado a relação com o país em 1979. Entre essa data e 1999 “o futuro da administração de Macau e a negociação dos termos da transferência de poderes dominaram os contactos”. Depois de 1999, e antes da assinatura da Parceria Estratégica Global, só a criação do Fórum Macau, em 2003, foi um marco importante.

 

 

“Fórum Macau está à mercê da iniciativa chinesa”

Apesar da tese de mestrado não se focar no funcionamento do Fórum Macau, como o próprio autor faz questão de frisar, a verdade é que no contexto da Parceria Estratégica Global a entidade sediada na RAEM assume importância. 

“Apesar de Portugal ter know-how nas áreas referidas [educação, formação, agricultura], o Fórum Macau está à mercê da iniciativa chinesa. Os resultados do Fórum Macau são de difícil mediação, já que as relações de cada Estado-membro com a RPC antecedem o surgimento desta plataforma multilateral”, aponta o autor na conclusão da dissertação.

Ainda assim, Pedro Galinha assume que “o principal papel que tem [o Fórum Macau] passa pela formação de quadros e pelo intercâmbio de profissionais”. Em relação ao Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa, que terá a sua sede transferida de Pequim para Macau, “continua a ser demasiado burocrático e dependente do lado chinês”. Características que também estão associadas “a toda a dinâmica do Fórum Macau”.

Pedro Galinha adiantou ainda que Pequim “tem defendido o estabelecimento de cooperações trilaterais, enquadradas no Fórum Macau, com China, Portugal ou Brasil e um país terceiro”. Apesar disso, trata-se de “uma ideia repetida, sem desenvolvimentos”, sendo que, “a confirmar-se, está sempre dependente de Pequim”.

“Do lado dos países africanos e de Timor-Leste poderá existir alguma resistência. Já Portugal ou o Brasil não estão muito interessados em passar know-how porque já sentem muita competição chinesa no terreno. Será difícil criar uma convergência de interesses”, concluiu o autor da tese.

Transição: “Portugal não protegeu os seus interesses em Macau”

Pedro Galinha recorda, na conclusão do seu trabalho académico, que o dossiê Macau acabou por revelar “falta de experiência [da parte de Portugal] para lidar com a China”. Isto após 1987, data em que foi assinada a Declaração Conjunta e em que se iniciou um longo processo de negociações sobre a transição de poderes do território.

D.R.

“Durante as negociações Portugal não incluiu qualquer representante ou residente de Macau e revelou, mais uma vez, falta de experiência para lidar com a China”, assumiu Pedro Galinha, que lembrou também que, “numa fase inicial dos contactos [a partir de 1979], a parte portuguesa revelou falta de experiência em lidar com as questões da China”. Isto porque “os contactos passaram sempre por Macau.

No que diz respeito ao processo de transferência de soberania, Pedro Galinha defendeu que “a postura de Lisboa evitou conflitos, permitindo a Pequim definir a agenda”.

“Entre os principais temas que conduziram a um impasse estiveram a data da transferência e a questão da nacionalidade de entre 80 a 100 mil chineses de Macau que possuíam passaporte português. No final, Portugal não protegeu os seus interesses em Macau.”

Isto porque “a maior parte dos quadros qualificados nacionais não ficou na máquina da administração e os macaenses não foram apoiados para ocupar cargos de topo antes da transferência de poderes”. Além disso, “o êxodo de outros profissionais também foi uma realidade”, concluiu o autor do trabalho de investigação.

28 Dez 2017

Activista condenado a oito anos de prisão por subversão

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou ontem o activista Wu Gan, conhecido por denunciar injustiças, a oito anos de prisão por subversão contra o Estado. O Tribunal Popular Intermediário n.º 2 de Tianjin, cidade a cerca de 200 quilómetros a sudeste de Pequim, declarou Wu culpado de subversão contra o Estado e anunciou a sentença de oito anos de prisão.

Conhecido na Internet pelo nome “Super Carniceiro Vulgar”, Wu vai recorrer da sentença, anunciou o advogado Ge Yongxi. Depois da leitura da sentença, o activista disse “estar grato ao partido por lhe conceder tão sublime honra”, acrescentou Ge. “Vou manter-me fiel à nossa aspiração original, arregaçar as mangas e fazer um esforço extra”, afirmou Wu, usando as frases mais conhecidas do Presidente chinês, Xi Jinping, quando pede aos membros do Partido Comunista Chinês para melhorarem o seu trabalho.

O julgamento de Wu Gan começou a 14 de Agosto último. A última detenção de Wu ocorreu em Agosto de 2016, altura em que o activista acusou as autoridades de o terem torturado. Wu Gan foi detido pela primeira vez em Maio de 2015, na sequência de um protesto em Nachang (sudeste) contra a detenção e tortura de quatro homens que as autoridades queriam que admitissem um crime. Os quatro foram absolvidos no ano passado.

O activista também trabalhou como assistente administrativo da firma de advogados Fengrui em Pequim, conhecida por trabalhar em casos sensíveis, como por exemplo, na defesa das vítimas do leite em pó contaminado com melamina, em 2008.

A firma acabou por se tornar central na campanha das autoridades contra advogados e activistas dos direitos humanos, em Julho de 2015, durante a qual foram detidas e interrogadas cerca de 300 pessoas. Muitas foram libertadas posteriormente.

Wu tornou-se conhecido em 2009 quando denunciou o caso de uma jovem, Deng Yujiao, que matou um político local que tentou abusar sexualmente dela. O caso tornou-se muito mediático e inspirou parte do filme “Um Toque de Violência” do realizador chinês Jia Zhangke, cujo argumento foi premiado no Festival de Cannes de 2013.

27 Dez 2017

Paulo Duarte defende inclusão de Sines na iniciativa Uma Faixa, Uma Rota

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] académico português Paulo Duarte defendeu que Portugal deve persuadir a China a incluir o porto de Sines na “Nova Rota da Seda”, um gigantesco projecto de infra-estruturas inspirado nas antigas vias comerciais entre Ásia e Europa. “Devemos mostrar à China que na faixa e rota os comboios não terminam em Madrid, mas em Lisboa ou Sines”, disse o autor do primeiro livro em português sobre a iniciativa “Nova Rota da Seda”.

Doutorado em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade Católica de Louvaina, Paulo Duarte desenvolveu em Taiwan, Ásia Central e República Popular da China a investigação que deu origem à obra “Faixa e Rota Chinesa – A Convergência entre Terra e Mar”. Lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a “Nova Rota da Seda” inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao Império romano, e então percorridas por caravanas. Um dos principais objectivos é criar uma ligação ferroviária de alta velocidade entre Pequim e Londres, que demoraria 48 horas a percorrer.

Gao Zhikai, antigo intérprete do líder chinês Deng Xiaoping e mestre em Ciências Políticas pela Universidade de Yale, considerou a “Nova Rota da Seda” uma “nova forma de pensar o desenvolvimento” e “combater a pobreza”, ao “complementar a falta de conectividade entre países”. “Mesmo na Europa, os problemas de pobreza estão ligados à falta de desenvolvimento ou a um desenvolvimento que não foi estruturado de forma racional”, comentou à Lusa.

No conjunto, o Banco de Desenvolvimento da China estima um investimento total de 900 mil milhões de dólares, distribuído por 900 projectos.

A ligação ferroviária mais longa e já em funcionamento vai desde Yiwu, um ‘hub’ comercial na costa leste da China, até Madrid, e atravessa o Cazaquistão, Rússia, Bielorrússia e Polónia, entrando na Europa central através da Alemanha. Lisboa tem insistido na inclusão de uma rota atlântica no projecto chinês, o que permitiria a Sines conectar as rotas do Extremo Oriente ao Oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.

“Em Sines, os comboios podem descarregar os contentores, que daí seguiriam para as Américas. Temos aqui uma grande potencialidade para desenvolver Sines”, apontou Paulo Duarte. Para o académico português, a iniciativa chinesa visa projectar o país asiático como um actor internacional inclusivo e responsável, “credibilizar o regime chinês” e “dar trabalho às empresas e trabalhadores chineses”. Surge também numa altura em que os Estados Unidos de Donald Trump rasgam compromissos internacionais sobre o clima, comércio ou migração, impelindo a China a assumir a vontade de liderar em questões internacionais.

“É uma mudança histórica na posição da China no mundo”, disse He Yafei, antigo vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros. “A Nova Rota da Seda combaterá a onda antiglobalização”, acrescentou, durante um fórum dedicado à iniciativa, realizado no mês passado em Zhuhai, no extremo sudeste da China.

Críticos do projecto chinês apontam, no entanto, os perigos para os Direitos Humanos e para o ambiente associados à exportação do modelo de desenvolvimento da China, e a contradição entre a retórica globalista de Pequim e a sua política interna.

Sob a direção de Xi, a China reforçou o combate à influência estrangeira na sociedade civil, meios académicos ou Internet, apontam organizações de defesa dos Direitos Humanos, enquanto Bruxelas e Washington criticam o país asiático pelas barreiras que impõe ao investimento estrangeiro em vários sectores.

No ‘ranking’ da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que avalia a abertura ao investimento directo estrangeiro, a segunda maior economia mundial ocupa o 59.º lugar, entre 62 países.

27 Dez 2017

Fundo chinês ajuda no desenvolvimento da África

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante os últimos dez anos, um fundo de desenvolvimento chinês investiu biliões de dólares em África. Chi Jianxin, presidente do Fundo de Desenvolvimento China-África, disse à Xinhua que o fundo tem US$ 4,5 mil milhões para investir em 91 projectos em 36 países, com mais de US$ 3,2 mil milhões já destinados. “Após a conclusão de todos os projectos, o fundo colocará mais de US$ 20 mil milhões das empresas chinesas na África”, assinalou Chi.

Para apoiar as empresas na África, o fundo foi estabelecido em 2007 depois da Cimeira de Pequim 2006 do Fórum de Cooperação China-África. A escala inicial do fundo era US$ 5 mil milhões, mas o volume expandiu para US$ 10 mil milhões em 2015. Investiu-se nas áreas de infra-estrutura, cooperação da capacidade de produção e agricultura.

Quando forem concluídos, os projectos produzirão 11 mil camiões, 300 mil aparelhos de ar condicionado, 540 mil frigoríficos, 390 mil televisões e 1,6 milhão de toneladas de cimento todos os anos, aumentando as exportações da África em US$ 2 mil milhões e a receita tributária em US$ 1 mil milhões anualmente, segundo Chi.

“Diferente à assistência ou empréstimos, o fundo leva mais capital à África com o seu próprio investimento”, acrescentou. “A medida é bem recebida, pois permite que os países impulsionem os projectos sem crescimento da carga de dívida e aumentem sua própria capacidade de desenvolvimento”, disse Chi.

Nos últimos anos, a África goza de uma situação política geralmente estável com um rápido crescimento económico, mais residentes urbanos e consumidores de classe média, e uma maior procura pelas mercadorias de consumo. Muitos países africanos têm vantagens geográficas, baixo custo de mão-de-obra e um bom ambiente de comércio. “A infra-estrutura, manufactura e campos agrícolas da África continuam com um desenvolvimento saudável e têm um enorme potencial, portanto, estamos confiantes nas possibilidades”, disse Chi.

O fundo planeia fazer mais investimento e destinar mais capital a África sob a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota e as políticas chinesas sobre a cooperação internacional em capacidade de produção e manufactura de equipamento.

No processo, o fundo permanece uma atitude aberta para a cooperação com os países não africanos e as organizações internacionais, pois considera o desenvolvimento africano como a responsabilidade conjunta da comunidade internacional, assinalou Chi.

27 Dez 2017

Coreia do Norte prepara novo lançamento de satélite

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte está a preparar um novo lançamento de satélite, apesar das novas sanções das Nações Unidas, noticiou ontem um jornal sul-coreano. Um nono pacote de sanções foi aprovado na passada semana pelo Conselho de Segurança da ONU para obrigar Pyongyang a renunciar aos programas nuclear e de armamento e também aos lançamentos de satélites que, de acordo com alguns peritos, constituem um disfarce para o desenvolvimento de mísseis.

“Soubemos recentemente, através de diferentes canais, que o Norte concluiu um novo satélite denominado ‘Kwangmyongsong-5′”, disse uma fonte governamental ao diário Joongang Ilbo. “O projecto é colocar em órbita um satélite equipado com câmaras e instrumentos de telecomunicações”, acrescentou.

De acordo com o jornal sul-coreano, os serviços secretos da Coreia do Sul acreditam que este satélite possa ser lançado a partir de uma plataforma móvel e não do local habitual de Sohae. Este artigo foi publicado um dia depois de um texto no Rodong Sinmun, órgão oficial do partido no poder na Coreia do Norte, reafirmar o direito de Pyongyang a lançar satélites.

O diário do Norte sublinhou que os lançamentos norte-coreanos de satélites “respeitam totalmente” a Carta da ONU e o direito internacional relativo aos programas espaciais, e indicou, a título de exemplo, o recente lançamento de um satélite argelino.

A 3 de dezembro, o Rodong Sinmun tinha defendido a “natureza pacífica” do programa espacial norte-coreano e, a 10 de dezembro, garantiu que todos os países tinham o direito de desenvolver um programa espacial. Em Outubro passado, o embaixador adjunto da Coreia do Norte na ONU, Kim In-ryong, tinha afirmado que o seu país seguia um plano de quatro anos (2016-2020) de desenvolvimento de “satélites para contribuir para o progresso económico e melhoria das condições de vida da população”.

O responsável acrescentou que a Coreia do Norte “tinha entrado na fase de desenvolvimento prático dos seus satélites” com a colocação em órbita, em Fevereiro de 2016, do ‘Kwangmyongsong-4’. Após anos de sucessivos fracassos, a Coreia do Norte conseguiu, em dezembro de 2012, colocar um satélite em órbita.

O jornal russo Rossiyskaia Gazeta citou há algumas semanas um perito militar russo que afirmou esperar o lançamento de dois satélites norte-coreanos, um de comunicações e outro de observação da Terra. Vladimir Khrustalev fez estas declarações no regresso de uma visita de uma semana à Coreia do Norte, em meados de Novembro, durante a qual esteve reunido com responsáveis da agência espacial norte-coreana.

27 Dez 2017

Catástrofe | Tufão Tembi deixa rasto mortal nas Filipinas e dirige-se para o Vietname

O tufão Tembin devastou o sul das Filipinas durante o fim-de-semana de Natal provocando a morte a 240 pessoas, segundo o último balanço. Mindanao foi a zona mais afectada, devido a inundações relâmpago e deslizamentos de terras. Em Macau, a Associação Bisdak prepara uma campanha de solidariedade para atenuar o sofrimento provocado pela tempestade

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntre sexta-feira e domingo a tempestade Tembin arrasou a segunda maior ilha do arquipélago das Filipinas, Mindanao, provocando inundações e deslizamentos de terras que surpreenderam os mais de 21 milhões de habitantes da ilha. A catástrofe natural entrou no território como uma tempestade tropical, aumentando a severidade para tufão enquanto devastou as províncias do sul do arquipélago. Algumas das ilhas turísticas do arquipélago de Palawan também foram afectadas.

Até ontem, as autoridades filipinas colocavam o balanço mortal em mais de 240 mortos, ao mesmo tempo que prosseguiram os esforços para encontrar mais de uma centena de desaparecidos.

Na segunda-feira, dia de Natal, a polícia local divulgou a contabilidade de 208 mortos, dos quais 135 no norte de Mindanao, enquanto responsáveis da protecção civil assinalaram 78 mortos na península de Zamboanga e 27 na província central de Lanao do Sul.

O caos trazido pelo tufão Tembin fez com que mais de 97 mil pessoas passassem o Natal em 261 centros de abrigo espalhados pelo sul das Filipinas, enquanto que mais de 85 mil perderam as suas casas mas encontraram refúgio em casas de familiares e amigos. É de salientar que a tempestade semeou devastação durante a quadra natalícia numa região maioritariamente cristã, apesar de ter uma minoria muçulmana que viu em 1989 a criação da Região Autónoma do Mindanao Muçulmano.

De acordo com o Conselho de Gestão e Redução de Riscos Provocados por Catástrofes Naturais, as zonas mais atingidas foram o norte de Lanao e as províncias a sul de Lanao e a Península de Zamboanga.

Sair de casa no Natal?

Enquanto as autoridades filipinas tentam encontrar razões para um balanço de mortes tão elevado, Romina Marasigan, responsável da protecção civil do Governo de Duterte, disse à Associated Press que “à medida que o Tembin se aproximava o Governo avisou as pessoas para se protegerem”. A responsável acrescentou ainda que “é muito difícil remover as pessoas de casa durante a quadra natalícia”.

“Não quisemos arrastar as pessoas dos seus lares durante o Natal, em vez disso tentámos da melhor forma convencê-las das razões pelas as quais estavam a ser evacuadas”, referiu Romina Marasigan numa conferência de imprensa em Manila.

O Tenbim não foi o único desastre a assolar as Filipinas, predominantemente católicas, durante a celebração da quadra. No nordeste da província de Quezon, um ferry que fazia ligação entre ilhas afundou depois de ter sido fustigado por ventos fortes e ondulação. O acidente resultou em cinco mortos e numa operação de salvamento que socorreu mais de 250 passageiros e equipa de navegação do ferry.

Na semana anterior, outra tempestade tropical assolou o leste de Visayas culminando num balanço de 50 mortos. A maioria das vítimas mortais ocorreram na ilha de Biliran devido a deslizamento de terras, uma região em que a agricultura é o principal motor económico. Na sequência da tempestade Urduja, a ilha de Biliran viu uma parte substancial das suas infra-estruturas destruídas, nomeadamente estradas, pontes e centrais eléctricas.

Ajuda de Macau

O tufão do passado fim-de-semana trouxe chuvas intensas que fizeram o leito do Rio Cagayan de Oro transbordar, levando à evacuação de quase 20 mil pessoas. Esta situação transformou as ruas em afluentes fluviais, com muitos habitantes a verem-se forçados a procurar refúgio nos telhados das casas.

As próprias operações de resgate foram afectadas pelos efeitos do tufão, com os sistemas de comunicação e fornecimento de energia bastante danificados pela intempérie.

Andrew Morris, representante da Unicef em Mindanao, disse à BBC que restabelecer o acesso a água limpa é uma das prioridades, uma vez que existem muitas áreas com elevados riscos de doença, em especial para crianças.

“A província de Lanao do Sul é a mais pobre das Filipinas e nos últimos sete meses testemunhou o deslocamento de cerca de 350 mil pessoas devido ao conflito armado entre das formas governamentais e milícias islamitas em Marawi”, contextualiza o representante da Unicef.

As Filipinas são um dos países do mundo mais afectados por este tipo de desastres naturais. Todos os anos registam uma média de 20 tempestades severas, frequentemente com consequências mortais e dez tufões com 50 por cento de hipóteses de serem bastante severos.

Aliás, em 2003 o super tufão Hayan, um dos mais fortes alguma vez registados, arrasou o centro das Filipinas ceifando a vida a quase 8000 pessoas e deixando sem casa mais de 200 mil. Nessa altura, uma organização baseada em Macau que congrega trabalhadores filipinos, a Associação Bisdak, acorreu à catástrofe. “Na sequência do tufão Hayan enviámos para as zonas de Luzon e Visayas a nossa humilde ajuda”, recorda Ana Fivilia, uma das responsáveis da associação. Este tipo de campanhas tem sido uma constante para a Associação Bisdak. “Conseguimos reunir roupas usadas e algum dinheiro, não muito, mas que sei que trouxeram algum conforto às famílias que os receberam”, conta a filipina.

Na próxima reunião da associação, está previsto que se aprove o envio de ajuda, como já fizeram anteriormente. Para já, Ana Fivilia terá as vítimas de mais esta catástrofe natural nas suas preces na esperança “que Deus lhes dê algum conforto nesta altura de sofrimento”.

Berço de tufões

As Filipinas reúnem todas as condições para serem o alvo de tufões devastadores. O arquipélago situado na orla oeste do Oceano Pacífico está rodeado por uma zona área de águas quentes. A própria geografia do país, com mais de 7 mil ilhas, é um dos factores naturais dos efeitos da natureza.

Além disso, as Filipinas são um dos países mais pobres do mundo, com um PIB per capita em paridade com poder de compra na ordem dos 8.270 dólares por ano. Uma percentagem considerável da população vive abaixo do limiar da pobreza, o que se reflecte em infra-estruturas e habitação de pobre qualidade.

À medida que o Tembin saía do arquipélago das Filipinas e se dirigia para o Vietname, voltou à categoria de tempestade tropical e foi enfraquecendo. Ainda assim, a mais de 200 quilómetros de Ho Chi Minh a tempestade registou ventos na casa dos 93 quilómetros por hora.

As autoridades vietnamitas procederam à evacuação de mais de 70 mil pessoas de zonas baixas, ordenaram que petroleiros procurassem abrigo e proibiram a saída para o mar de mais de 62 mil barcos de pesca, segundo a Reuters. Aliás, segundo informação da agência noticiosa, na província de Bac Lieu, no sul de Vietname, residentes de aldeias piscatórios foram evacuados para escolas que se transformaram em abrigos.

O Primeiro-ministro vietnamita, Nguyen Xuan Phuc, disse que “é preciso assegurar a segurança dos trabalhadores das plataformas de petróleo e navios petroleiros e, se for preciso, fechar instalações e proceder a evacuações”.

A tempestade tropical Tembin será a 16ª tempestade a atingir o Vietname este ano. De acordo com os dados das autoridades vietnamitas, este ano mais de 390 pessoas morreram ou desapareceram devido a tempestades.

27 Dez 2017

China | Xinhua faz balanço do ano económico

Se a China fosse uma companhia gigante, teria impressionado o público com seus principais resultados anuais para 2017. Ao manter um crescimento estável, melhorou a qualidade dos activos, reduziu os riscos de dívida, e trouxe novo ímpeto para o crescimento a longo prazo e sustentável

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] PIB da China PIB cresceu 6,9% anualmente nos primeiros três trimestres, dado superior à meta do governo de cerca de 6,5% para o ano. O FMI reviu a sua previsão pela quarta vez este ano, para 6,8% para 2017 e 6,5% para 2018. “Sob a pressão da reforma estrutural, a China conseguiu manter o crescimento médio-alto com poucas flutuações. Isso é algo raro tanto no mundo como na própria história de desenvolvimento da China”, disse Pan Jiancheng, do Departamento Nacional de Estatísticas (DNE).

O crescimento foi alcançado com ajuda de política monetária prudente e neutral, assim como a política fiscal mais proactiva e efectiva, como determinado pela reunião central de trabalho económico no ano passado.

Em vez de ajustar taxas de juros ou reservas obrigatórias, o banco central da China dependeu cada vez mais de operações no mercado aberto este ano para a gestão de liquidez. A forte dinâmica económica ajudou os fluxos de capitais transfronteiriços tornarem-se mais estáveis e equilibrados, contribuindo para uma acumulação gradual em reservas de divisas, que aumentaram pelo 10º mês consecutivos chegando a US$ 3,1193 biliões no fim de Novembro.

Consumo rex

Apenas três minutos depois da entrada no Dia dos Solteiros da China, em 11 de Novembro, as vendas no site de compras online TMall, da Alibaba, atingiram 10 mil milhões de yuans. O entusiasmo dos consumidores pelo evento de fazer compras demonstra como o país está a fazer a transição para uma economia impulsionada pelo consumo de uma economia abastecida pelo investimento.

Wang Tao, economista-chefe do UBS China, estimou que o consumo crescerá a uma taxa anual de pelo menos 7% nos próximos dois anos graças aos crescentes rendimentos e procura por alta qualidade de vida.

Para atender à procura, a fábrica do mundo está a actualizar o que coloca nas prateleiras. A produção dos bens de consumo de baixo valor agregado está a ser substituída gradualmente pela manufactura de alto nível, com as remessas de smartphones da China respondendo por um quarto do total do mundo.

O “‘Made in China ‘ não mais significa ‘barato’. Os caminhos de ferro de alta velocidade, energia nuclear, e produtos electrónicos da China estão todos a fazer rupturas nas indústrias mundiais de nível médio e alto”, disse Chen Dongqi, economista da Academia de Pesquisa Macroeconómica.

Enquanto a manufactura de alta tecnologia regista um rápido crescimento, o país também fez progresso em eliminar a capacidade de produção excessiva, uma dos principais tarefas na actual reforma estrutural no lado da oferta.

A China realizou os seus planos de cortar a capacidade anual de produção de aço por cerca de 50 milhões de toneladas e carvão por pelo menos 150 milhões de toneladas este ano, segundo o DNE.

Controlo de riscos

Talvez uma das realizações mais notáveis que a China fez em 2017 não foi a taxa de crescimento em si, mas como realizá-la com regulamentos mais rigorosos para conter riscos.

No último ano, os líderes da China colocaram a estabilidade financeira como uma máxima prioridade e fizeram um progresso notável em evitar os maiores “rinocerontes cinzentos”, geralmente levados pelos bancos-sombra e que representam uma ameaça significativa para a economia.

As autoridades endureceram a administração em actividades interbancárias e produtos de gestão de riqueza de elementos extrapatrimoniais e expandiram restrições em compras de casas para combater as bolhas do mercado imobiliário.

Ao mesmo tempo, o país também está a tentar ter um balanço geral mais saudável, cortando a alavancagem ao reduzir o endividamento. Estabeleceu tectos de dívidas para os governos locais, e introduziram um programa de troca de dívida a bónus.

Segundo a agência mundial de avaliações Moody’s, o desempenho económico e fiscal dos governos locais chineses eram estáveis nos primeiros três trimestres de 2017, e a meta para o ano inteiro será cumprida.

26 Dez 2017

Xi Jinping: Desenvolvimento da economia é crucial

As finanças não chegam. Para a China é fundamental uma economia baseada na produção de bens e serviços

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente Xi Jinping sublinhou a importância do desenvolvimento da economia real na terça-feira durante a sua primeira ronda de inspecção desde o 19º Congresso do Partido, que teve lugar em Outubro. Xi visitou o grupo Xuzhou Construct Machinery, um dos líderes da indústria de maquinaria de construção da China, situado em Xuzhou, na província de Jiangsu.

“Como um grande país, a China tem de continuar a enfatizar o desenvolvimento da economia real”, disse Xi, acrescentando que “a manufactura é essencial para a economia real, que, por sua vez, deverá ser impulsionada pela inovação e tecnologias-chave”. A economia real compreende sectores associados à produção de bens e serviços, em oposição à actividade em mercados financeiros.

Na empresa, Xi entrou numa cabine de controlo de uma grua que deu recentemente entrada no mercado e perguntou pelas suas funcionalidades, produção e preço, tendo sido informado que a grua foi desenhada de forma independente e produzida pela XCMG, usando mais de 30 patentes e sendo vendida em vários países desenvolvidos.

A XCMG, fundada em 1943, é a 5ª maior empresa de maquinaria de construção do mundo e está situada em 65º lugar na lista do top 500 de empresas da China, informou a empresa.

Durante a viagem, Xi visitou a aldeia de Mazhuang em Xuzhou, onde os aldeãos produzem sacos perfumados com ervas usadas na medicina tradicional chinesa. “Quando custa? Gostaria de comprar para apoiar o vosso negócio”, disse Xi a Wang Xiuying, uma aldeã de 80 anos responsável pela produção e venda dos sacos como lembrança. Wang respondeu que seria um presente para Xi, mas o presidente insistiu em pagar 30 yuan.

Xi afirmara que o desenvolvimento das aldeias rurais não deve se focar apenas em aumentar o rendimento dos camponeses mas também em melhorar o seu bem-estar espiritual.

Na quarta-feira à tarde, Xi inspecionou uma companhia do ELP, onde o soldado herói Wang Jie serviu. Em 1965, Wang, de 23 anos, morreu após usar o seu corpo para cobrir uma bomba que explodiu num acidente durante uma operação de treino, salvando a vida de 12 soldados.

26 Dez 2017

Hong Kong elege 36 deputados para a Assembleia Popular Nacional

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rinta e seis pessoas, entre 49 candidatos e procedentes de diferentes sectores da sociedade de Hong Kong, foram eleitas nesta terça-feira como deputados para a 13ª Assembleia Popular Nacional (APN), o mais importante órgão legislativo da China.

Bernard Charnwut Chan, de 52 anos, membro do Conselho Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), ficou no primeiro lugar com 1693 votos num total de 1796 membros que participaram da segunda sessão plenária da Conferência para Eleger Deputados da RAEHK para a 13ª APN.

A 13ª Assembleia Popular Nacional será convocada em Março de 2018 em Pequim para eleger novos líderes do Estado e discutir assuntos do Estado.

O vice-presidente e secretário-geral do Comité Permanente da APN, Wang Chen, participou da segunda sessão plenária da conferência, que foi presidida pela chefe do Executivo da RAEHK, Carrie Lam Cheng Yuet-ngor.

No seu discurso depois da eleição, Wang cumprimentou os deputados eleitos, dizendo que a eleição de deputados da RAEHK para a 13ª APN obedeceu rigorosamente à lei e decorreu com “democracia completa”.

Os 36 deputados eleitos formalmente tomarão posse depois de passarem por auditoria detalhada por um painel sob o Comité Permanente da 12ª APN.

26 Dez 2017

Pequim pede a Washington para abandonar “mentalidade” da Guerra Fria

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] discurso xenófobo de Donald Trump motivou uma resposta da China, do tipo “acordem, o mundo agora é outro”. Contudo, os EUA parecem decididos a acabar com a influência do Ocidente no planeta.

A República Popular da China pediu ontem aos Estados Unidos para abandonar a “mentalidade da Guerra Fria” e tratar das divergências de forma construtiva respondendo ao presidente norte-americano que considerou o país como “rival” e “concorrente estratégico”.

“Pedimos aos Estados Unidos que deixe de distorcer os interesses estratégicos da China e abandone o ‘jogo de soma zero’ e a mentalidade da Guerra Fria”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Hua Chunying, numa conferência de imprensa na capital chinesa.

Hua insistiu no ponto de vista de Pequim de que a “cooperação de mútuo benefício é a única cooperação viável” para os dois países tendo pedido a “adopção de uma via construtiva” capaz de resolver as “diferenças”.

Pequim reagia assim à nova estratégia de segurança do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentada nas últimas horas em que Washington aponta a China e a Rússia como concorrentes a nível estratégico. Num discurso em Washington, Trump apontou os dois países como “poderosos rivais” que podem eventualmente constituir potenciais ameaças para os Estados Unidos.

Hua sublinhou que a China mantém um caminho de “desenvolvimento pacífico” através da cooperação cada vez maior com os outros países apoiando, cada vez mais, as Nações Unidas. “A China contribuiu e protege a ordem internacional” com uma diplomacia que é “bem acolhida em todo o mundo”, disse também o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Sendo assim, sublinhou, “é inútil que qualquer país venha distorcer os factos para desacreditar a China” e insistiu que “ninguém deve ter ilusões” sobre a República Popular da China em questões de defesa da soberania e interesses estratégicos.

20 Dez 2017

2017 : Banco Mundial prevê crescimento económico de 6,8%

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco Mundial elevou em uma décima a sua previsão de crescimento económico da China em 2017 para 6,8%, segundo um relatório divulgado ontem. O Banco Mundial mantém, no entanto, as suas perspectivas para os próximos dois anos relativamente à segunda potência mundial, com diminuições do crescimento em 2018 (6,4%) e em 2019 (6,3%) à medida que vão sendo aplicadas medidas restritivas do Governo chinês para reduzir riscos e aprofundar reformas.

O documento destaca que a recuperação do comércio mundial foi um factor importante na manutenção da actividade económica chinesa durante este ano. Outros fatores positivos foram a continuidade das reformas para reduzir a alavancagem, o aumento da confiança das empresas, a criação de emprego, a estabilização das saídas de capital e a valorização do yuan face ao dólar norte-americano.

“As autoridades empreenderam um conjunto de medidas políticas e reguladoras destinadas a reduzir os desequilíbrios macroeconómicos e limitar os riscos financeiros sem um impacto significativo no crescimento”, destacou John Litwack, economista-chefe do Banco Mundial para a China, citado pela agência de notícias espanhola Efe.

O relatório recorda que Pequim colocou em marcha, desde 2016, importantes medidas para reduzir a alavancagem da economia, como uma política monetária mais restritiva e uma série de normas para reduzir os riscos financeiros, o que se traduziu numa descida do aumento do crédito.

Essas medidas restritivas, a par com a continuidade das reformas do Governo, fazem com que o Banco Mundial preveja um abrandamento do crescimento económico nos próximos dois anos.

A política monetária prudente, uma regulação mais rigorosa do sector financeiro, a continuidade do esforço do Governo central para reestruturar a economia e controlar a alavancagem vão contribuir, previsivelmente, para essa moderação do crescimento, indica o documento.

Para Elitza Mineva, co-autora do relatório do Banco Mundial, “as condições económicas favoráveis fazem com que seja um momento especialmente oportuno para reduzir ainda mais as vulnerabilidades macroeconómicas e procurar um desenvolvimento de melhor qualidade, mais eficiente e sustentável”.

20 Dez 2017

Timor-Leste | Amigo de um dos arguidos no caso Guerra diz que há perseguição de portugueses

Poucos são aqueles que querem falar sobre o clima que se vive actualmente entre timorenses e portugueses após a fuga do casal Tiago e Fong Fong Guerra do país. Um amigo de Davide Justino, um dos acusados de ajudar o casal na fuga, diz que há perseguições contra portugueses e que a justiça timorense tramou o amigo. Rita Santos, do Conselho das Comunidades Portuguesas, com responsabilidades sobre Timor-Leste, desconhece o que se passa

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] fuga de barco do casal Tiago e Fong Fong Guerra de Timor-Leste para a Austrália trouxe um período de tensão às relações entre timorenses e portugueses no país. O alerta começou por ser dado pelo primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri. Este admitiu estar preocupado que a comunidade portuguesa esteja a ser alvo de insultos e possa agora ser “alvo de perseguição”.

Davide Justino é um dos portugueses que estão a ser acusados de ter ajudado o casal Guerra na fuga (ver texto à parte), mas um amigo seu, que falou com o HM sob anonimato, garantiu que a justiça timorense está a acusá-lo injustamente e que há, de facto, perseguições.

“Pela informação que tenho recebido, e pelo que era sentido quando saí de Timor, existe de facto um clima de perseguição e de ostracismo contra os portugueses”, apontou.

O amigo de Davide Justino recorda que “muitas das pessoas que se mantém em Timor investiram pessoalmente e contribuíram, muitas delas, para o processo de criação do Estado timorense”.

“Muita delas participaram desde muito cedo no movimento de solidariedade e auto-determinação de Timor-Leste, e acresce um sentimento grande de frustração, tristeza e ingratidão”, acrescentou.

O responsável, de origem portuguesa, fala inclusivamente de situações de ostracismo em salas de aula.

“Junto da comunidade docente, que muitas vezes trabalham sob condições difíceis, com atrasos na remuneração até cinco meses, verifica-se a existência de uma tensão acrescida em contexto de salas de aula e entre a equipa docente, na sua maioria timorense”, acrescentou.

O HM tentou chegar à fala com uma docente de português, a residir em Díli, que não quis falar por não conhecer o casal Guerra pessoalmente. Contudo, existe também uma segunda razão para não ter falado ao nosso jornal: “não quero ficar na ‘lista negra’ da justiça timorense”, apontou.

A fuga do desemprego

Uma das razões para este descontentamento da população timorense prende-se, segundo o amigo de Davide Justino, com o facto do casal Guerra ter obtido facilmente novos passaportes portugueses junto da embaixada em Díli.

“Este ambiente é reforçado por um sentimento de frustração de muitos timorenses que não conseguem, num tempo curto, a nacionalidade e o passaporte portugueses. Culpam a embaixada portuguesa por ter facilitado a fuga de Tiago e Fong Fong Guerra ao atribuírem-lhe passaportes portugueses.”

O responsável adianta que muitos timorenses pedem os seus passaportes para tentar ter uma vida melhor, sem que haja, de facto, uma ligação forte ao país.

“O que é mais ingrato é o facto de Portugal conceder passaportes e nacionalidade portuguesa aos timorenses, que muitos deles nem sequer conseguem identificar num mapa em que continente fica e sem saber dizer uma palavra em português. Têm apenas como objectivo conseguir uma entrada no espaço Schengen e ir trabalhar para Inglaterra ou Irlanda.”

Têm-se registado, por isso, “longas filas de espera em frente à embaixada portuguesa”. Estas têm “uma justificação normal pelo fluxo crescente de timorenses que, numa fuga maciça e cega, procuram esta saída do enorme desemprego que se vive no país, onde não encontram futuro”.

“Isso gerou recentemente um descontentamento entre os timorenses, que se reflecte agora nesta situação de desprezo e perseguição aos portugueses”, frisou o amigo de Davide Justino.

Nem de propósito, Francisco Guterres Lu-Olo, presidente de Timor-Leste, disse ontem que o combate à pobreza deve ser “uma prioridade” do Estado.

“Ainda não respondemos ao problema da pobreza. O Estado ainda não assegura todos os direitos sociais”, disse Francisco Guterres Lu-Olo, na cerimónia de entrega, em Díli, da edição de 2017 dos Prémios Sérgio Vieira de Mello de Direitos Humanos.

Contactada pelo HM, Rita Santos, conselheira do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), que também assume responsabilidades em relação ao território de Timor-Leste, disse desconhecer o que se passa, mas prometeu pôr-se ao corrente da situação o mais depressa possível.

“Depois de regressar de Xangai, onde me encontro a ter uma reunião de trabalho, vou telefonar para saber mais detalhes sobre este assunto. De momento não posso responder porque não consegui contactar a embaixada de Timor-Leste.”

O HM tentou obter reacções da euro-deputada Ana Gomes, de Tiago Guerra, que neste momento se encontra em Portugal com a esposa, Fong Fong, e de vários portugueses residentes em Timor-Leste. Até ao fecho desta edição não obtivemos respostas. Foi também contactado o gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, de onde não obtivemos uma resposta em tempo útil.

 

 

Rolando Justino, irmão de arguido e detido em Timor

“Este caso nada teve a ver com lei ou justiça”

Como está neste momento a situação de Davide Justino perante a justiça timorense? Quando vai ser presente a tribunal?

O meu irmão neste momento encontra-se detido no Estabelecimento Prisional de Becora. No dia de hoje, 19 ou até amanhã, 20 (hoje), será apresentado recurso para a sua libertação. No dia 8 de Dezembro foi detido e 72 horas depois foi apresentado a um juiz que acrescentou acusações para justificar a detenção, justificando inclusivamente que a sua detenção decorria da incapacidade das autoridades timorenses em impedir a fuga do mesmo (ligação com o casal Guerra devido à sua fuga)

D.R.

Considera que o casal Guerra agiu de má-fé neste caso?

O casal Guerra agiu da forma que entendeu para fugir, desconheço a sua inocência ou culpa, nem se tinham noção das consequências dos seus actos. Não sou que vou julgá-los, o que me importa agora é a segurança e justiça para o meu irmão que nada teve a ver com a fuga do referido casal.

Que expectativas tem em relação a este caso?

Neste momento são expectativas muito baixas, pois estamos a falar de um caso que nada teve a ver com a lei ou justiça, mas sim de um exemplo que as autoridades timorenses querem fazer deste caso e que o nosso estado não se quer envolver de forma publica. Estou muito apreensivo a este respeito. Neste momento tenho a minha cunhada e as minhas duas sobrinhas em viagem para Portugal para garantir a segurança das meninas. A minha cunhada vai voltar para estar junto do meu irmão, para pressionar o nosso Governo a fazer alguma coisa.

O caso do casal Guerra está a ter repercussões junto da comunidade portuguesa em Timor. Que comentário faz?

Desconheço as repercussões sobre a comunidade portuguesa em Timor, na sua generalidade, mas o caso do meu irmão é efectivamente uma perseguição, pois a única coisa que efectuaram, através da empresa na qual o meu irmão tem uma participação de 10 por cento, foi vender um barco que mais tarde veio-se a descobrir ter servido para a fuga do casal Guerra, segundo as autoridades timorenses.

O Governo português tem dado o apoio suficiente neste caso?

O Governo Português, em meu entender, deveria ser mais incisivo na sua acção e apoio ao meu irmão. A embaixada Portuguesa em Dili, deveria ter sido mais actuante quando foi retirado o passaporte ao meu irmão uma vez que não existia qualquer ordem judicial nesse sentido. Desconheço se estão a efectuar diligências de bastidores junto das autoridades Timorenses de modo a garantir a segurança e justiça ao meu irmão. Deveriam de colocar de parte todas as tensões diplomáticas que existem por motivo da fuga do casal Guerra e fazerem o seu trabalho sem quaisquer receios das suas acções, que deveriam de ser publicas e de acordo com as convenções assinadas entre as comunidades de língua portuguesa, auxilio judiciário em matéria penal entre membros das CPLP, fazer cumprir os direitos dos nossos cidadãos.

 

Davide Justino | Cunhada diz que este sofre maus tratos na prisão

Familiares de Davide Justino, um dos portugueses constituído arguido pela justiça timorense, acusado de ajudar na fuga do casal Guerra do país, já criaram uma página de apoio na rede social Facebook, intitulada “Justiça pelo Davide Justino”.

Ao HM, o seu amigo garante que Davide está inocente. “Não posso deixar de dar o meu testemunho quando está em causa a liberdade de um amigo que acredito estar inocente. Mais, quando sei que a qualquer português que esteja em Timor pode acontecer o mesmo”, começou por dizer.

“Estou confiante e seguro da sua inocência, entendendo que desde o princípio este processo é perverso e ferido de extrema iniquidade, procurando encontrar bodes expiatórios e desviando a atenção da justiça e da opinião pública daqueles que verdadeiramente estão na origem da subtracção dos valores que eram devidos ao Estado timorense”, frisou.

Davide Justino está também a ser acusado do crime de branqueamento de capitais por, alegadamente, ter obtido mais valias com a venda do barco. Algo que, na opinião do amigo, é algo que se entende “como normal, quando o barco era novo e tinha tido custos de transporte da Austrália para Timor”.

“O valor total da venda apenas cobria o custo de aquisição e os custos de transporte para Timor e a sua legalização. O que refiro foi-me dado a saber e no que acredito. A justiça timorense apenas procura mostrar serviço depois da fuga de Tiago e Fong Fong Guerra, seja a que preço for e custe a quem custar.”

Uma das publicações públicas na página, assinada pela cunhada de Davide Justino, explica que o arguido é sócio, com uma participação de dez por cento, da empresa Corais de Timor. Foi esta empresa que terá feito “a venda de uma embarcação a timorenses”. Mais tarde descobriu-se “ter sido utilizada na fuga do referido casal para a Austrália”, numa fuga que “criou uma grande tensão diplomática entre os dois estados”.

Na visão da cunhada de Davide Justino, “temos um português detido sem qualquer razão, com acusações criadas pelos tribunais timorenses”.

Medo pela vida

Segundo a publicação assinada pela cunhada de Davide Justino, este encontra-se “a sofrer maus tratos no estabelecimento prisional de Becora, pelo que tenho medo pela sua vida, assim como pela vida das minhas sobrinhas e cunhada”.

“Não sei o que mais o Estado timorense poderá inventar para manter esta perseguição à minha família, que está a servir de exemplo para a incapacidade do Estado de Timor e para punir o Estado português”, apontou.

A cunhada de Davide Justino disse já ter contactado, via e-mail, a Direcção Geral de Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, Serviço de Assuntos Consulares e Presidência da Republica.

O amigo de Davide Justino não tem receios de apontar o dedo às autoridades timorenses e dá exemplos.

“Boyle, o nigeriano que esteve na origem do desvio de fundos timorenses, nem sequer foi notificado pela justiça timorense. Sobre a ministra das Finanças que fugiu à justiça timorense, ausentando-se do país no dia em que seria ouvida em tribunal, por ter o primeiro-ministro de então dito que era importante que participasse com ele numa reunião internacional em representação do Estado timorense, ninguém nada diz e não se encontra detido quem o possibilitou”, disse ao HM.

Recorde-se que o caso do casal Guerra tem fortes ligações a Macau, não só porque a esposa de Tiago, Fong Fong, é natural do território, como era aqui que detinham uma empresa de consultadoria relacionada com o caso e era para Macau que queriam voltar depois da experiência em Timor-Leste. O casal escolheu também um advogado de Macau para os defender, Álvaro Rodrigues.

20 Dez 2017

Informações da CIA evitaram atentado em S.Petersburgo

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] presidente russo Vladimir Putin agradeceu por telefone ao seu homólogo norte-americano, Donald Trump, as informações transmitidas pela CIA à Rússia que permitiram anular um atentado terrorista em S. Petersburgo, divulgou ontem o Kremlin. Vladimir Putin “agradeceu ao seu homólogo norte-americano as informações transmitidas pela CIA, que permitiram desmantelar um grupo terrorista que preparava atentados em São Petersburgo”, diz um comunicado do Kremlin, citado pelas agências russas de informação.

“As informações fornecidas pela CIA foram suficientes para a detecção, busca e detenção dos criminosos”, revelou o Kremlin. O comunicado adianta que os terroristas planeavam colocar explosivos na Catedral de Nossa Senhora de Cazã e noutros locais muito frequentados da cidade.

Os serviços de informações russos (FSB) anunciaram na quinta-feira o desmantelamento de uma célula do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), que se preparava para cometer os atentados em 16 de Dezembro, em S. Petersburgo. No total, foram sete as pessoas detidas na quarta e na quinta-feira devido ao seu envolvimento no plano terrorista.

Segundo a FSB, que avança ter apreendido “grande quantidade de explosivos, de armas automáticas e munições”, o grupo planeou concretizar um “atentado suicida”, causando massacres e explosões em locais muito frequentados. Ao telefone, Putin pediu a Trump que “transmitisse a sua gratidão ao director da CIA e ao pessoal operacional dos serviços norte-americanos de informações”.

O presidente russo acrescentou que, se os serviços especiais russos obtiverem informações sobre o risco de actos terroristas nos Estados Unidos ou contra os seus cidadãos, as transmitirão de imediato aos seus colegas norte-americanos.

A Rússia foi atingida este ano por vários atentados, um dos quais em Abril, no metro de S. Petersburgo, que causou 14 mortos. Os serviços de informações russos estão preocupados com o regresso de ‘jihadistas’ que combateram na Síria, onde o Estado Islâmico perdeu posições, com o apoio militar prestado pela Rússia ao regime de Damasco.

19 Dez 2017

Guangdong : dez executados por tráfico de droga após julgamentos públicos

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]ez pessoas foram executadas no fim de semana pelas autoridades da província de Guangdong, no sul da China, após terem sido julgadas publicamente e condenadas à morte por tráfico de droga, informou a imprensa estatal.

Segundo noticiou no domingo o Global Times, jornal em inglês do grupo Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC), 12 acusados por venda de droga, assassínio e roubo foram submetidos, no sábado, a um julgamento público, realizado diante de milhares de pessoas, no estádio de Donghai, na cidade de Lufeng.

Dois tribunais de Guangdong, o de Lufeng e o de Shanwei, encarregaram-se do processo, durante o qual condenaram à morte dez dos 12 acusados, os quais foram executados imediatamente depois da sentença.

O portal chinês Beijing News publicou vários vídeos na sua conta oficial no Weibo, o equivalente chinês à rede social Twitter, que mostram os acusados a entrar no estádio num veículo policial descoberto, rodeados por vários agentes armados.

Desconhece-se a forma como foram concretizadas as execuções, apesar de este diário ter indicado que foram feitas de forma privada ao contrário do que era habitual na China na década de 1990 – que efectivava as execuções em estádios de maneira pública -, uma prática que nos últimos anos parece ter sido abandonada.

As autoridades locais defendem este tipo de prática como forma de demonstrar aos cidadãos a mão dura do Governo contra a droga, segundo destacou a agência de notícias oficial Xinhua.

Em 2015 outras 13 pessoas foram julgadas publicamente e, posteriormente executadas em Lufeng, pelo mesmo delito, diante de mais de dez mil pessoas e apenas seis meses depois outras oito tiveram a mesma sorte.

Esta cidade do sul da China é um dos principais focos de atuação do Governo no âmbito da sua campanha antidroga por ser uma zona de trânsito habitual de armazenamento e tráfico de substâncias ilícitas.

Em 2014 a polícia apreendeu três toneladas de metanfetaminas e deteve aproximadamente 200 pessoas. O tráfico de droga em grande escala é um crime passível de ser punido com pena de morte na China, onde vários cidadãos estrangeiros foram executados pela justiça do gigante asiático depois de terem sido detidos na posse de estupefacientes.

19 Dez 2017

Novas directrizes para regular investimento privado no exterior

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] órgão para planeamento económico da China emitiu na segunda-feira directrizes para investimento privado no exterior para combater operações irregulares, entre outros problemas, que surgiram à medida em que as companhias chinesas expandem sua presença mundial. As directrizes pretendem guiar a operação offshore de negócios, disse Meng Wei, porta-voz da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR).

Reconhecendo a contribuição das empresas privadas nas exportações de bens e tecnologia e na Uma Faixa, Uma Rota, Meng disse que havia também efeitos secundários, citando tomada de decisão cega, competição maligna e negligência de qualidade e segurança.

Para lidar com as questões, o documento foi compilado juntos por agências incluindo a CNDR, Ministério do Comércio e o Banco Popular da China, o banco central. “As empresas privadas devem melhorar as regras internas sobre tomada de decisão e administração financeira em termos do investimento no exterior, e fortalecer o controle de riscos usando medidas de segurança e planos de contingência”, segundo o documento.

Os procedimentos nacionais e estrangeiros sobre investimento devem ser seguidos e as responsabilidades sociais, cumpridas. As empresas também devem obedecer as leis da protecção ambiental locais.

Meng disse que regras semelhantes para as empresas estatais estão na fase de preparação. O documento faz parte dos esforço do governo para esfriar o frenesi de aquisições no exterior e controlar as saídas de capitais ilícitas.

O Conselho de Estado disse em agosto que o país proibiria as compras de bens imóveis, hotéis e clubes desportivos no exterior, e incentivaria negócios em infra-estrutura e novas tecnologias. O investimento directo não financeiro realizado pela China no exterior caiu 33,5% em termos anuais de Janeiro a Novembro.

19 Dez 2017

Japão planeia cooperar com iniciativa da China ‘Uma Faixa, Uma Rota’

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Japão planeia aderir ao vasto projecto chinês ‘Uma Faixa, Uma Rota’, que ambiciona reavivar simbolicamente o corredor comercial que uniu o Oriente o Ocidente, revelaram fontes do Governo nipónico à agência Kyodo. “A nossa estratégia é alcançar a estabilidade e a prosperidade da sociedade internacional mediante a coordenação com os países dos oceanos Índico e Pacífico”, afirmou uma das fontes à agência de notícias japonesa.

Os planos do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, de promover a cooperação no desenvolvimento do projecto de investimentos em infra-estruturas ‘Uma Faixa, Uma Rota’, configuram uma mudança na política diplomática que tem vindo a manter até agora.

Tóquio expressou, em Maio, a sua intenção de ajudar outros países asiático a impulsionar o seu desenvolvimento, sem concretizar, porém, se seria no âmbito da iniciativa liderada pela China “Uma Faixa, Uma Rota”, versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI”.

O Governo japonês planeia agora, através da actividade de empresas de ambos os países, apoiar o desenvolvimento de infra-estruturas e da actividade comercial na região, assinalaram as mesmas fontes governamentais à agência Kyodo.

A iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, que foi idealizada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, durante uma visita oficial à Ásia Central em 2013, ambiciona reavivar a antiga Rota da Seda, o corredor económico que uniu o Oriente o Ocidente, abrangendo mais de 60 países e regiões da Ásia, passando pela Europa Oriental e Médio Oriente até África.

No início de novembro, Shinzo Abe tinha manifestado que “esperava uma boa cooperação com a China em relação à iniciativa da nova rota da seda, que seguia em paralelo com a sua estratégia de alcançar uma região do Indo-Pacífico livre e aberta”.

O primeiro-ministro japonês considera imperativo melhorar a sua relação com a China face à crescente presença da segunda potência mundial na economia e segurança globais.

19 Dez 2017

Geely compra grande fatia da Mercedes

A Geely, que já comprou a Volvo e a Lotus, tentou adquirir há três semanas uma grande fatia da Daimler, dona da Mercedes e Smart. E, ao que parece, à segunda tentativa, conseguiram.

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Geely parece cada vez mais o T-Rex da indústria automóvel. Isto no sentido que come – ou melhor, compra – tudo o que lhe aparece à frente, desde que se adapte à sua estratégia de crescimento. Adquiriu a Volvo Cars à Ford por 1,5 mil milhões de euros em 2010 e, mais recentemente, a London Taxi Company que constrói os táxis londrinos (em 2013 por 15,1 milhões de euros), a Lotus (51% por 55 milhões de euros) e uma fatia importante da Proton (49,9%). Nem os carros voadores da Terrafugia escaparam ao seu apetite voraz e bolsos, aparentemente, sem fundo.
Em final de Novembro, os chineses (cuja denominação oficial é Zhejiang Geely Holding Group Co., Ltd) informaram a Daimler, o grupo que inclui a Mercedes e Smart, que pretendiam comprar entre 3% a 5% de novas acções, o que os alemães rejeitaram, porque isso iria diluir o valor dos títulos detidos pelos actuais accionistas. Mas desafiariam a Geely a adquiri-las no mercado aberto, indo ao ponto de revelar que viam com bons olhos a entrada de investidores com objectivos de longo prazo. E a Geely, o maior fabricante chinês sem ligações ou participação do Governo, terá feito isso mesmo, segundo a China Central Television.
Em causa está um investimento de 4.000 milhões de euros, valor que corresponde sensivelmente a 5% das acções da Daimler, o que coloca a Geely na 3ª posição entre os que têm as maiores fatias do grupo germânico, logo atrás do Kuwait Investment Authority, que possui 6,8%, e dos americanos da Black Rock (5%), mas à frente da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que detém 3,1% na empresa alemã.
Com esta aquisição, ainda não confirmada pelas vias oficiais, a Geely quer ter acesso à tecnologia da Mercedes, especialmente no que respeita às baterias, mantendo a estratégia habitual de Li Shufu, o chinês que fundou a Geely há 31 anos e que a tem feito crescer desde então, cada vez de forma mais rápida.
Curiosamente, a estratégia da empresa liderada por Li Shufu sempre passou mais por aquisições do que pelos investimentos massivos que são necessários para manter qualquer construtor automóvel na crista da onda, no que às inovações diz respeito. Isso explica que enquanto a Geely investe muito pouco, ou mesmo nada, em investigação e desenvolvimento (I&D), a Daimler invista 8,4 mil milhões de dólares, no que é apenas ultrapassada pela Toyota (9,6 mil milhões) e pela Volkswagen, que é de longe quem mais investe em I&D (15,1 mil milhões de dólares). Renault e Nissan, juntas, atingem 7,1 mil milhões de dólares, quase tanto quanto a Ford (7,3), o quarto grupo que mais investe neste domínio.

19 Dez 2017