Inflação | Taxa volta a abrandar e fixa-se em 0,1% em Março

O principal indicador da inflação chinesa subiu 0,1 por cento em Março, em termos homólogos, abrandando novamente após ter subido 0,7 por cento em Fevereiro, no que constituiu a maior recuperação em quase um ano no contexto de tendência deflacionista.

O índice de preços no consumidor (IPC), divulgado ontem pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE), ficou também abaixo das expectativas dos analistas, entre os quais a previsão mais generalizada apontava para uma subida de 0,4 por cento, em termos homólogos. Numa base mensal, os preços no consumidor caíram 1 por cento, a maior descida num só mês desde Março de 2020, quando caíram 1,2 por cento. Os especialistas esperavam que o IPC registasse uma contracção de 0,5 por cento em relação ao valor de Fevereiro.

O estatístico do GNE Dong Lijuan atribuiu a situação ao “declínio sazonal da procura dos consumidores” por alimentos ou serviços turísticos, após o período de férias do Ano Novo Lunar. O analista governamental sublinhou que o IPC subjacente – uma medida que exclui os preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade – subiu 0,6 por cento em Março em termos anuais, “mantendo um aumento moderado”.

12 Abr 2024

Pequim acusa EUA e Japão de difamação após reverem aliança

Pequim acusou ontem os Estados Unidos e o Japão de “difamação”, após o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, terem anunciado a maior revisão da aliança militar entre os dois países em 65 anos.

“Os Estados Unidos e o Japão ignoraram as graves preocupações da China. Difamaram e atacaram a China relativamente a Taiwan e às questões marítimas, interferindo gravemente nos assuntos internos da China”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, em conferência de imprensa.

Para Pequim, as relações entre Washington e Tóquio “não devem ter como alvo ou prejudicar os interesses de outros países, nem minar a paz e a estabilidade regionais”.

A reestruturação do comando militar dos EUA no Japão marca a maior actualização da aliança de segurança entre Tóquio e Washington desde a entrada em vigor do tratado de defesa mútua, de 1960, e surge numa altura em que ambos os países procuram conter a ascensão da China.

“A China opõe-se firmemente àqueles que se agarram à mentalidade da Guerra Fria ou a palavras e actos que apenas criam e intensificam conflitos e prejudicam a segurança e os interesses estratégicos de outros países”, afirmou.
Biden e Kishida sublinharam que a sua posição sobre Taiwan permanece “inalterada” e reiteraram “a importância de manter a paz e a estabilidade no Estreito [de Taiwan] como um elemento indispensável da segurança e prosperidade globais”.

Mao disse que “Taiwan é um assunto puramente interno da China” que “não permite qualquer interferência de forças externas”. “Exortamos os Estados Unidos a implementar a promessa do Presidente Biden de que não apoiará a ‘independência’ da ilha”, disse.

12 Abr 2024

Japão | Microsoft investe 2,9 mil milhões em Inteligência Artificial

A tecnológica norte-americana Microsoft vai investir 2,9 mil milhões de dólares para expandir as infra-estruturas de Inteligência Artificial (IA) no Japão, informou ontem a emissora nipónica NHK.

Revelado na terça-feira em Washington e planeado para os próximos dois anos, este investimento contempla ainda a expansão da armazenagem de dados em nuvem e o estabelecimento do primeiro centro de investigação da empresa no país asiático. A aposta da gigante tecnológica passa por expandir a crescente procura de serviços de IA generativa no Japão e vem ampliar um acordo existente entre a Microsoft e Tóquio.

Este será o investimento mais significativo da empresa norte-americana no Japão, expandindo as instalações da empresa na capital, Tóquio, (centro) e em Osaka (oeste), para aumentar a capacidade de processamento de informações dos centros de dados essenciais para a IA generativa e introduzir semicondutores de IA de próxima geração, informou a NHK.

O presidente da Microsoft, Brad Smith, fez o anúncio durante uma reunião com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, na qual foi ainda abordada uma cooperação mais estreita em matéria de cibersegurança e partilha de informações em caso de ciberataques. “A colaboração com empresas globais com infra-estruturas digitais é importante para a indústria japonesa no seu conjunto. Aguardo com expectativa a continuação da cooperação”, afirmou Kishida, que se encontra em Washington em visita oficial.

Smith acrescentou que “o Japão tem uma enorme base tecnológica” e que a IA pode constituir uma oportunidade face ao envelhecimento da população, tornando este investimento “essencial para o seu desenvolvimento”.

11 Abr 2024

Migrações | Tailândia vai receber 100 mil refugiados de Myanmar

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia anunciou ontem que o país está prestes a receber 100 mil refugiados birmaneses na sequência da intensificação dos combates entre o exército e a oposição pelo controlo de uma cidade fronteiriça.

A Tailândia partilha uma fronteira de 2.400 quilómetros com Myanmar (antiga Birmânia), um país mergulhado no caos desde 2021, quando uma junta militar tomou o poder através de um golpe de Estado que derrubou o Governo democraticamente eleito. O clima de guerra civil intensificou-se nos últimos meses e as forças que se opõem aos militares avançaram para várias áreas anteriormente pacíficas deste país do Sudeste Asiático.

No fim-de-semana, a imprensa local noticiou intensos combates entre o exército birmanês e grupos contrários à junta militar perto da cidade birmanesa de Myawaddy, separada da cidade tailandesa de Mae Sot por um rio. Ao longo da fronteira entre a Tailândia e Myanmar são registados frequentemente combates e dezenas de birmaneses refugiam-se na Tailândia por tempo indeterminado.

“Estamos, há algum tempo, em preparação e podemos acomodar temporariamente cerca de 100 mil pessoas na zona de segurança tailandesa”, avançou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, Parnpree Bahiddha-Nukara.
Embora não esteja em curso nenhuma “retirada de pessoas em massa”, há muitas já a atravessar a fronteira, referiu o ministro, acrescentando que a fronteira continua aberta e o comércio ainda se efectua entre Mae Sot e Myawaddy.

Na terça-feira, o primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, reuniu-se com vários responsáveis do Governo para discutirem a questão da fronteira. “O primeiro-ministro está preocupado com a possibilidade de a situação piorar”, admitiu Parnpree Bahiddha-Nukara.

11 Abr 2024

Coreia do Sul | Sondagens dão vitória expressiva da oposição nas eleições

O Partido Democrático, principal força da oposição, poderá aumentar a maioria no parlamento sul-coreano após as eleições legislativas de ontem, segundo sondagens à boca da urna divulgadas pelas televisões sul-coreanas

 

O maior partido da oposição da Coreia do Sul, o Partido Democrático (PD), deverá reforçar a sua presença no parlamento depois do que aparenta ter sido uma vitória expressiva nas eleições legislativas, segundo as sondagens à boca das urnas. Até ao fecho desta edição, as autoridades ainda estavam a contar os votos, sem terem sido anunciados os resultados finais.

De acordo com as previsões, o conjunto dos partidos da oposição poderá obter uma “super maioria” de pelo menos 200 lugares em 300 na Assembleia Nacional, noticiou a agência francesa AFP. A confirmar-se, será suficiente para contrariar o poder de veto do Presidente conservador, Yoon Suk-yeol, ou mesmo para o destituir.

As sondagens anteriores às eleições mostravam o partido de Yoon, o Partido do Poder Popular PPP), ligeiramente atrás do PD, que detém actualmente 142 dos 300 lugares na Assembleia Nacional.

O PD (centro-esquerda), de Lee Jae-myung, e os seus partidos aliados poderão conquistar até 197 lugares, contra 156 no parlamento cessante. O PPP deverá obter entre 85 e 99 lugares, contra os actuais 114.

Fim da linha

Um novo partido antissistema, o Rebuilding Korea, do antigo ministro da Justiça Cho Kuk, que está a cumprir uma pena de dois anos de prisão por corrupção, da qual recorreu, deverá obter entre 12 e 14 lugares. Os analistas esperam que Cho junte forças com os democratas para formar uma “super maioria” contra o PPP, segundo a AFP.

As sondagens foram realizadas pelos três principais canais de televisão da Coreia do Sul, junto de cerca de 360.000 eleitores em todo o país. A confirmarem-se, os resultados auguram um final de mandato complicado para Yoon, que foi eleito por pouco contra Lee, em 2022, e foi impedido de aplicar o seu programa de direita por falta de uma maioria parlamentar.

11 Abr 2024

Taiwan | Xi avisa que “interferência externa” não pode impedir reunificação

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou ontem, num encontro com o antigo líder taiwanês Ma Ying-jeou (2008-2016), que a “interferência externa” não pode impedir a reunificação de Taiwan com a China.

“As diferenças entre os nossos sistemas [políticos] não podem alterar o facto objectivo de pertencermos ao mesmo país e à mesma nação”, disse Xi Jinping, de acordo com um vídeo transmitido pelo canal taiwanês TVBS. “A interferência externa não será capaz de impedir a grande causa histórica do nosso encontro”, sublinhou.

Xi recebeu ontem Ma Ying-jeou, responsável pela maior aproximação entre China e Taiwan desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949. O encontro emula a cimeira histórica entre os dois em Singapura, em 2015, mas num contexto diferente, devido ao aumento das tensões entre Taipé e Pequim. Ma, antigo presidente do partido Kuomintang (KMT), actualmente na oposição, está na China para uma digressão que incluiu actividades em várias cidades, incluindo Pequim.

11 Abr 2024

Missão chinesa leva três cargas de projectos internacionais à Lua

A China anunciou ontem a inclusão de três cargas com componentes científicos com participação internacional na próxima missão lunar Chang’e 6, que será lançada a partir da província insular de Hainão, sul do país, nas próximas semanas.

A missão Chang’e 6, que segue os passos da sua antecessora Chang’e 5, é constituída por quatro componentes: um orbitador, um módulo de aterragem, um módulo de elevação e um módulo de reentrada. O seu objectivo é recolher amostras de poeira e rochas lunares para análise na Terra, algo que até agora só foi conseguido pelos Estados Unidos, pela antiga União Soviética e pela China, mas nunca do lado da Lua não visível a partir da Terra.

Entre as cargas seleccionadas está um instrumento de medição de radão da agência espacial francesa, que estudará o movimento da poeira lunar e certos compostos voláteis, informou a Administração Espacial da China. A segunda é um retro reflector laser passivo do Instituto Nacional de Física Nuclear de Itália, que servirá de telémetro laser para o módulo de aterragem Chang’e 6.

O terceiro instrumento, desenvolvido pelo Instituto Sueco de Física Espacial com o apoio da Agência Espacial Europeia, será o primeiro instrumento dedicado a iões negativos enviado da Terra, procurando detectar iões negativos emitidos da superfície lunar em resultado da interação com o vento solar.

Mais de 20 propostas de agências espaciais e organizações de investigação estrangeiras competiram pela oportunidade de se juntarem à missão Chang’e 6 e aterrarem no lado menos conhecido da Lua, que até agora tem sido objecto de muita especulação por parte dos cientistas.

Fronteira do conhecimento

Citado pelo jornal oficial China Daily Yang Yuguang, vice-presidente do Comité de Transporte Espacial da Federação Astronáutica Internacional, disse ontem que a abertura das naves espaciais de um país a cargas científicas de outras nações se tornou “prática comum” entre as potências espaciais, uma vez que a cooperação internacional pode “maximizar o valor científico” de uma missão.

Está previsto que a Chang’e 6 aterre este ano na Bacia do Polo Sul-Aitken, uma região lunar que há muito intriga os cientistas. Se a missão for bem-sucedida, será a primeira vez que se obtêm amostras da face oculta, o que poderá revelar informações valiosas sobre a história do satélite natural da Terra.

A mais recente sonda lunar chinesa, a Chang’e 5, viajou até à Lua em 2020, de onde recolheu 1731 gramas de amostras de solo.
O programa Chang’e (nome de uma deusa que, segundo a lenda chinesa, vive na Lua) começou com o lançamento da primeira sonda em 2007.

Nos últimos anos, Pequim investiu fortemente no seu programa espacial e alcançou marcos importantes, como a aterragem bem-sucedida das missões lunares referidas e a construção da sua própria estação espacial.

11 Abr 2024

Fitch | Pequim lamenta revisão em baixa da sua dívida soberana

A China considerou ontem “lamentável” a descida da perspectiva de crédito soberano da China para negativa, depois de a agência de ‘rating’ Fitch ter anunciado a alteração

 

“É lamentável ver a Fitch baixar a perspectiva da notação de crédito soberano da China”, afirmou o Ministério das Finanças chinês, em comunicado. O ministério justifica que “os resultados mostram que o sistema de indicadores da metodologia de notação de crédito soberano da Fitch não reflecte de forma eficaz e proactiva os esforços de Pequim para promover o crescimento económico”.

A Fitch baixou ontem a perspectiva para a economia chinesa para ‘negativa’, face aos “riscos crescentes” para as finanças públicas e às incertezas suscitadas pela transição para um modelo de crescimento menos dependente do imobiliário. Num comunicado publicado no seu portal, a agência referiu, porém, que mantém a notação da dívida chinesa em ‘A+’ (“alta qualidade de crédito”), atribuída quando a agência vê baixo risco de incumprimento e avalia a força das capacidades de pagamento.

“Os grandes défices orçamentais e o aumento da dívida pública nos últimos anos têm vindo a reduzir as reservas orçamentais”, lê-se na avaliação. “É cada vez mais provável que a política orçamental desempenhe um papel importante no apoio ao crescimento nos próximos anos, o que poderá manter a dívida numa tendência ascendente”, acrescentou.

Pequim comprometeu-se a fazer mais para impulsionar o emprego e estabilizar o mercado imobiliário, embora o Ministro da Habitação, Ni Hong, tenha admitido em Março que tal continuava a ser “muito difícil”. As empresas imobiliárias que “têm de falir têm de falir, e as que têm de ser reestruturadas têm de ser reestruturadas”, disse Hong, numa conferência de imprensa à margem da sessão anual da Assembleia Popular Nacional.

Processo de reanimação

A Fitch confirmou a notação de crédito da China em “A+”, uma decisão que, segundo a agência, reflecte “a economia grande e diversificada do país, as suas perspectivas de crescimento forte e contínuo do PIB em relação aos seus pares, o seu papel integral no comércio global de mercadorias, as suas finanças externas robustas e o estatuto de moeda de reserva do yuan”. No entanto, “estes pontos fortes são descompensados pela elevada alavancagem da economia, crescentes desafios orçamentais, rendimento per capita mais baixo e resultados de governação inferiores aos dos seus pares na categoria +A+”, acrescentou a agência.

As autoridades chinesas estão a tentar reanimar a segunda maior economia do mundo, lutando contra uma série de factores adversos, incluindo uma crise prolongada no sector imobiliário, o aumento do desemprego dos jovens e a fraca procura mundial de produtos chineses. Os responsáveis políticos anunciaram uma série de medidas específicas, bem como a emissão de milhares de milhões de dólares de obrigações soberanas, numa tentativa de impulsionar as despesas em infra-estruturas e o consumo, mas os analistas dizem que ainda há muito a fazer.

No mês passado, Pequim fixou um objectivo de crescimento económico de 5 por cento para 2024, uma meta ambiciosa que os dirigentes admitiram ser difícil de alcançar.

11 Abr 2024

Gaza | Rússia e China acusam EUA de dar “carta branca” a “matança”

A Rússia e a China argumentaram ontem que tentaram travar a “matança” em Gaza vetando uma resolução proposta por Washington no Conselho de Segurança da ONU que dava “carta-branca a Israel para continuar a acção desumana” no enclave.

Numa sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) em que tiveram de justificar o veto que aplicaram em 22 de Março a uma resolução norte-americana que “determinava” o “imperativo de um cessar-fogo imediato e sustentado” em Gaza, a Rússia e China, ambos membros permanentes do órgão, acusaram Washington de tentar “chantagear” o Conselho de Segurança.

“O documento que os nossos colegas americanos tentaram forçar o Conselho de Segurança da ONU a adoptar em 22 de Março através de intriga e chantagem não só não continha uma exigência directa a um cessar-fogo, mas na verdade emitia uma espécie de licença para matar ainda mais palestinianos”, advogou o vice-representante permanente da Rússia na ONU, Dmitriy Polyansky. “É significativo que o documento americano também tenha explicitado a possibilidade de Israel realizar operações futuras em Gaza, desde que minimize os danos aos civis. No contexto dos planos abertos de Israel para atacar Rafah e do terrível número de vítimas civis desde o início do conflito, incluindo mulheres e crianças, a proposta americana foi chocante no seu cinismo”, acrescentou.

Também o embaixador chinês Dai Bing declarou que, caso fosse aprovada, a resolução norte-americana significaria a continuação da “matança em Gaza” e das “violações do direito internacional e do direito humanitário internacional”.

10 Abr 2024

Diplomacia | Xi Jinping recebe Sergei Lavrov em Pequim

O Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu ontem em Pequim o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, no final de uma visita de dois dias ao país asiático

 

O encontro entre Xi e Lavrov teve lugar após uma conferência de imprensa em que o chefe da diplomacia russa e o seu homólogo chinês, Wang Yi, deram conta das conversações oficiais, que incluíram questões como os conflitos na Ucrânia e em Gaza.

Os dois ministros concordaram que as relações entre Pequim e Moscovo estão mais fortes, concordaram com um alinhamento de posições sobre os principais desafios geopolíticos mundiais e sublinharam que ambos os países vão combater “comportamentos hegemónicos e intimidatórios”, em referência aos Estados Unidos.

“Haverá mais intercâmbios e trabalharemos em conjunto para combater o hegemonismo. Somos contra sanções que têm como alvo países como a Rússia, mas estamos a ver que esta política está a começar a ser utilizada contra a China para limitar as suas oportunidades de desenvolvimento. Estão a fazê-lo apenas para eliminar a concorrência”, afirmou Lavrov.

Wang sublinhou o “elevado” nível dos laços bilaterais: “Somos parceiros prioritários, defendemos um espírito de boa vizinhança e mantemos uma cooperação estratégica abrangente”, resumiu. O conteúdo da conversa entre Xi e o ministro russo, que já tinha discutido com o seu homólogo os dois grandes conflitos armados actuais e a estabilidade na região da Ásia -Pacífico, entre outros assuntos, não foi divulgado até ao momento.

Relativamente à Ucrânia, Lavrov saudou a “posição imparcial” da China sobre a guerra, bem como “a sua vontade de desempenhar um papel construtivo” na “resolução da crise de uma forma política”. Também concordou com Wang que é “importante ter em conta as posições de todas as partes envolvidas” e sublinhou que o seu país não participará em nenhum evento internacional em que a posição da Rússia sobre a guerra não seja tida em conta.

Boa vizinhança

Em Fevereiro de 2022, pouco antes do início da invasão russa na Ucrânia, os presidentes da China e da Rússia, Xi Jinping e Vladimir Putin, respectivamente, proclamaram em Pequim a “amizade sem limites” entre as suas nações. As duas potências têm afirmado que os seus laços “não ameaçam nenhum país” e que “promovem o multilateralismo nas relações internacionais”.

Desde a eclosão do conflito na Ucrânia, a China apelou ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e à atenção às “preocupações legítimas de todos os países”, referindo-se à Rússia. Manter boas relações com Moscovo é vista por Pequim como crucial para contrariar a ordem democrática liberal dominada pelos Estados Unidos e países aliados. É também uma forma de assegurar estabilidade na fronteira terrestre com a Rússia, que tem mais de 4.300 quilómetros de extensão, e fornecimento estável de energia. Esta condição permite a Pequim concentrar recursos nas áreas costeiras e mares circundantes, onde os Estados Unidos mantêm várias bases militares em países aliados, segundo analistas de política externa chineses.

A China quer afirmar-se como a principal potência no leste da Ásia e diluir o domínio geoestratégico norte-americano na região. A reunificação de Taiwan, localizado entre o Mar do Sul da China e o Mar do Leste da China, no centro da chamada “primeira cadeia de ilhas”, é um objectivo primordial no projecto de “rejuvenescimento da nação chinesa”, lançado pelo Presidente chinês, Xi Jinping.

As reivindicações territoriais sobre Taiwan e o Mar do Sul da China suscitaram tensões entre Pequim e quase todos os países vizinhos, desde o Japão às Filipinas. A crescente assertividade da China no Indo-Pacífico levou já à formação de parcerias regionais lideradas pelos Estados Unidos, incluindo o grupo Quad ou o pacto de segurança AUKUS, que propôs esta semana a inclusão do Japão.

10 Abr 2024

Presidente da Assembleia Popular Nacional visita Coreia do Norte esta semana

Um alto dirigente chinês vai chefiar uma delegação numa visita à Coreia do Norte esta semana, anunciaram ontem os dois países.
Zhao Leji, presidente da Assembleia Popular Nacional (órgão máximo legislativo da China) e considerado o número três do Partido Comunista Chinês, vai visitar a Coreia do Norte entre amanhã e sábado, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O enviado de Pequim representa a mais significativa visita, em termos do peso político de Zhai Leji, à Coreia do Norte dos últimos cinco anos, desde a visita do Presidente Xi Jinping em 2019 e a primeira de um membro do Comité Permanente do Politburo desde a pandemia.

Recorde-se que Zhao é um dos sete membros do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista, a cúpula do poder na China, chefiado pelo líder chinês, Xi Jinping. Não foram divulgados pormenores sobre o que foi descrito como uma visita de “boa vontade”, excepto que a delegação vai participar na cerimónia de abertura do “Ano da Amizade China – Coreia do Norte” e que a visita acontece no ano em que se celebram 75 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, ou seja, desde a fundação da República Popular da China.

“Os preparativos específicos para a visita ainda estão a ser negociados”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning. Um despacho da agência noticiosa oficial da Coreia do Norte, KCNA, anunciou igualmente a viagem.

Estreitar relações

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, tem vindo a insistir no reforço das parcerias com a China e a Rússia, numa tentativa de fortalecer a sua posição regional e de se juntar numa frente unida contra os Estados Unidos.

Kim viajou para a Rússia em Setembro para uma cimeira com o Presidente russo, Vladimir Putin. Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e outros países acusam a Coreia do Norte de fornecer armas convencionais para a guerra da Rússia na Ucrânia, em troca de tecnologias avançadas de armamento e de outros apoios.

“A China e a Coreia do Norte são bons vizinhos ligados por montanhas e rios, e os nossos dois partidos e países sempre mantiveram uma tradição de comunicação amigável”, afirmo a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. “Com os esforços conjuntos de ambas as partes, esta visita será um sucesso total e promoverá o aprofundamento e o desenvolvimento das relações entre a China e a Coreia do Norte”, acrescentou Mao Ning.

10 Abr 2024

Chanceler alemão regressa à China para segundo encontro com Xi Jinping

O chanceler alemão, Olaf Scholz, viajará no sábado para a China, onde se reunirá no dia 16 com o Presidente Xi Jinping, na sua segunda visita ao gigante asiático desde que assumiu o cargo no final de 2021.

O porta-voz do Governo alemão, Steffen Hebestreit, anunciou ontem a viagem de três dias, durante a conferência de imprensa habitual do executivo, na qual sublinhou que o programa exacto de Scholz ainda está a ser “intensamente” elaborado.
Um encontro com Xi, na terça-feira, dia 16, já está agendado e, mais tarde, com o primeiro-ministro, Li Qiang, com quem participará nas consultas do Comité Consultivo Económico Sino-Alemão.

Hebestreit, que se recusou a comentar se Scholz considera Xi um ditador, como a sua ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, tinha afirmado no ano passado, disse que a Alemanha adopta uma abordagem “tripla” em relação a Pequim. Por um lado, a China e a Alemanha são concorrentes e rivais que têm de viver lado a lado e, por outro, são parceiros. “A China é uma potência importante, também nas questões geopolíticas, a começar pelo conflito na Ucrânia, mas também no Mar da China Meridional ou no Pacífico, e nas suas discussões com os Estados Unidos”, afirmou o porta-voz. “Tudo isto será certamente abordado pelo chanceler nas suas conversações” com Xi e Li, afirmou.

Hebestreit lembrou que Scholz sempre disse que não pode haver dissociação da China da economia mundial, mas que a Alemanha deve diversificar a sua economia para além do mercado chinês, razão pela qual o chanceler viajou recentemente para o Vietname, Singapura e Indonésia.

Scholz já visitou Xi em Novembro de 2022, o que faz dele o primeiro líder europeu a ver pessoalmente o Presidente chinês em mais de dois anos. Nessa reunião bilateral, que fazia parte de uma viagem muito mais curta, tanto o chanceler alemão como o Presidente chinês condenaram a ameaça de armas nucleares na Ucrânia.

De acordo com meios de comunicação social como o Financial Times, em Março de 2023, Xi acabou por avisar pessoalmente o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Moscovo, contra a utilização de armas nucleares na Ucrânia.

Agenda preenchida

A visita de Scholz ocorre poucos dias depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, ter visitado Pequim, um dos aliados mais próximos de Moscovo.

A Alemanha não espera qualquer mudança de posição da China, que na altura apresentou uma iniciativa de paz que não agradou nem ao Ocidente nem à Ucrânia, mas Berlim espera que Pequim “exerça a sua influência sobre a Rússia para contribuir para uma solução pacífica do conflito na Ucrânia”.

O chefe do Governo alemão viajará sozinho para a China, mas em Pequim terá a companhia do ministro da Agricultura, Cem Özdemir, da ministra do Ambiente, Steffi Lemke, e do ministro dos Transportes e dos Media Digitais, Volker Wissing.

A viagem acontece numa altura em que a Comissão Europeia está a investigar os subsídios aos carros eléctricos chineses e no contexto de um debate sobre possíveis tarifas, contra as quais Scholz já se pronunciou, recordou Hebestreit.

Scholz, que será também acompanhado por uma delegação de empresários, deslocar-se-á à cidade central chinesa de Chongqing, onde vivem cerca de 33 milhões de cidadãos, antes de aterrar em Pequim no domingo, onde visitará uma fábrica de uma empresa alemã dedicada à produção de propulsores de hidrogénio sustentáveis.

Na segunda-feira, dia 15, o chanceler alemão estará em Xangai, onde visitará uma empresa alemã de plásticos que trabalha com tecnologias verdes e sustentáveis e fará um discurso numa universidade, seguido de um debate.

9 Abr 2024

Coreia do Sul | Lançado segundo satélite espião militar

A Coreia do Sul lançou o segundo satélite espião militar para o espaço, anunciou o Governo sul-coreano, dias depois de Pyongyang ter reiterado que irá lançar ainda este ano vários satélites de reconhecimento

 

O lançamento do segundo satélite espião de Seul no domingo ocorre dias depois de a Coreia do Norte ter reafirmado a intenção de lançar vários satélites de reconhecimento este ano. Seul e Pyongyang lançaram, no ano passado, os primeiros satélites espiões, para aumentar a capacidade de vigilância mútua e de ataque com mísseis. A Coreia do Norte concretizou o lançamento em Novembro e a Coreia do Sul no mês seguinte.

O segundo satélite espião de Seul foi lançado do Centro Espacial Kennedy, no estado norte-americano da Flórida. O Ministério da Defesa da Coreia do Sul afirmou que o satélite se separou com sucesso do foguetão, de acordo com um comunicado. O departamento governamental sul-coreano vai agora verificar se o satélite funciona correctamente através das comunicações com uma estação terrestre no estrangeiro.

Ao abrigo de um contrato com a fabricante norte-americana SpaceX, a Coreia do Sul devia lançar cinco satélites espiões até 2025. O primeiro lançamento, a 1 de Dezembro, foi executado a partir da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia. Em 2022, a Coreia do Sul tornou-se a décima nação do mundo a lançar um satélite recorrendo a tecnologia própria e através de um foguetão desenvolvido internamente para colocar em órbita um aparelho denominado “satélite de observação de desempenho”.

Especialistas citados pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) disseram ser “económico utilizar um foguetão SpaceX para lançar um satélite espião e que a Coreia do Sul precisa de mais lançamentos para garantir a fiabilidade de um foguetão”.

Olhos no céu

A Coreia do Norte também quer adquirir uma rede própria de vigilância espacial para responder ao que identifica como ameaças militares colocadas pelos Estados Unidos e pela Coreia do Sul. Depois de dois lançamentos falhados no início de 2023, a Coreia do Norte colocou o satélite espião Malligyong-1 em órbita, a 21 de Novembro.

Desde então, o país afirmou que o satélite transmitiu imagens de locais importantes nos EUA, incluindo a Casa Branca e o Pentágono, e na Coreia do Sul. No entanto, não divulgou nenhuma dessas fotografias de satélite. Peritos estrangeiros disseram duvidar que o satélite norte-coreano possa transmitir imagens de relevância militar, referiu a AP.

No final de março, o vice-diretor geral da Administração de Tecnologia Aeroespacial da Coreia do Norte, Pak Kyong-su, afirmou que Pyongyang deverá lançar este ano vários outros satélites de reconhecimento. Durante uma conferência política no final de Dezembro, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu lançar mais três satélites espiões militares em 2024.

A ONU proibiu a Coreia do Norte de efectuar lançamentos de satélites, considerando serem testes disfarçados de tecnologia de mísseis de longo alcance. O lançamento de Novembro agravou as tensões na península coreana, com Pyongyang e Seul a tomarem medidas que violam o acordo de 2018 para reduzir as tensões militares. Nos últimos anos, a Coreia do Norte tem estado envolvida numa série de testes de mísseis para modernizar e expandir o arsenal de armas do país, levando os Estados Unidos e a Coreia do Sul a reforçar os exercícios militares conjuntos.

9 Abr 2024

HK | Filial de banco estatal reclama liquidação do promotor imobiliário Shimao

A filial de Hong Kong do banco estatal chinês China Construction Bank apresentou nos tribunais da região um pedido de liquidação contra a promotora de imobiliário chinesa Shimao, informou ontem a empresa. O pedido é relativo a uma obrigação no valor de cerca de 201,8 milhões de dólares, detalhou o grupo.

Em comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde está cotada, a empresa informou que a referida filial, a CCB Asia, apresentou o pedido no dia 5 de Abril e disse que “opor-se-á vigorosamente” ao mesmo, enquanto continua a tentar chegar a um acordo de reestruturação com os seus credores ‘offshore’.

Embora vários promotores chineses tenham enfrentado processos semelhantes, o caso da Shimao destaca-se por ser um banco estatal a iniciar as acções judiciais.

Nos casos de gigantes do sector como a Evergrande ou a Country Garden foram os credores estrangeiros que iniciaram os processos. A Country Garden vai ter a primeira audiência a 17 de Maio, mas os tribunais de Hong Kong decidiram contra a Evergrande no final de Janeiro.

Isto abriu um processo incerto para saber se a ordem de liquidação vai ser reconhecida na China continental, onde o grupo tem a maior parte dos seus activos, uma vez que o sistema judicial de Hong Kong é separado do da China.
As acções da Shimao afundaram quase 15 por cento a meio da sessão de ontem na Bolsa de Valores de Hong Kong, aprofundando uma queda de 37 por cento desde o início do ano e de quase 99 por cento desde Agosto de 2020.

Queda a pique

A promotora anunciou há duas semanas que apresentou propostas aos credores para reestruturar 11,7 mil milhões de dólares de dívida emitida nos mercados internacionais através de quatro opções diferentes: obrigações de curto prazo, obrigações de longo prazo, títulos de capital convertível ou uma combinação destes instrumentos.

O plano limitava a emissão de obrigações de curto prazo até seis anos a três mil milhões de dólares e a emissão de títulos de longo prazo até nove anos a quatro mil milhões de dólares. “A empresa acredita que a proposta representa uma solução razoável e realista para um acordo sobre a dívida ‘offshore’, tendo em conta as expectativas sobre as condições do mercado imobiliário na China e a posição de liquidez da empresa”, disse a Shimao na altura.

O promotor entrou em incumprimento pela primeira vez em Julho de 2022, depois de ter registado uma queda anual de 72 por cento nas vendas nos primeiros cinco meses desse ano, face à crise do sector na China, o que teve grande impacto nas suas condições de liquidez e financiamento e o obrigou a lançar uma campanha de venda de activos para angariar fundos.

9 Abr 2024

Turismo | Gastos com viagens durante feriado Ching Ming superam 2019

As viagens e os gastos na China durante o feriado do Ching Ming (dia dos mortos) aumentaram mais de 10 por cento em relação aos níveis anteriores à pandemia da covid-19, avançaram ontem as autoridades chinesas

 

Mais de 119 milhões de viagens domésticas foram registadas durante o feriado de três dias que terminou no sábado, marcando um aumento de 11,5 por cento em comparação com o período homólogo de 2019, de acordo com o Ministério da Cultura e Turismo da China. A receita das viagens domésticas totalizou 53,95 mil milhões de yuan, um aumento de 12,7 por cento, em relação a 2019, o último ano antes da pandemia, disse o ministério num artigo publicado ontem.

A China está a apostar no turismo e no consumo para impulsionar a recuperação económica pós-pandemia, uma vez que o agravamento da crise no sector imobiliário e a fraca confiança do sector privado e dos investidores estrangeiros continuam a pesar no crescimento do país.

O Ching Ming é um dia para honrar os mortos, quando os chineses costumam ir aos cemitérios para limpar os túmulos de entes queridos e depositar flores. Este ano, o festival coincidiu com uma quinta-feira, o que permitiu prolongá-lo até ao fim-de-semana. No ano passado, o feriado durou apenas um dia, tendo caído numa quarta-feira e foi o primeiro desde que a China aboliu a política de ‘zero casos’ de covid-19, que durante três anos pesou sobre a actividade económica.

Mais de 23,7 milhões de viagens turísticas domésticas foram efectuadas nesse dia – um aumento de quase um quarto em relação ao ano anterior – e as receitas relacionadas com as viagens aumentaram 29 por cento, de acordo com os dados oficiais.

Este ano, os turistas deslocaram-se a Pequim, Xangai e às cidades vizinhas de Nanjing, Hangzhou e Suzhou, bem como a Wuhan e Changsha, no centro da China. Outras cidades que registaram um aumento do número de visitantes foram Tianshui, na província de Gansu, no noroeste da China, que se tornou um destino de viagem popular depois de influenciadores das redes sociais terem elogiado o seu prato de sopa picante.

De acordo com o ministério dos Transportes, foram feitas 16 milhões de viagens de comboio por dia, o que representa um aumento de 75,3 por cento no tráfego ferroviário médio diário em comparação com 2023. As viagens diárias de avião atingiram uma média de 1,7 milhões, um aumento de cerca de 24 por cento.

A corrida às viagens, que começou um dia mais cedo, na quarta-feira, foi interrompida depois de um terramoto mortal de magnitude 7,3 em Taiwan ter provocado cancelamentos e grandes atrasos nos serviços ferroviários no leste e no sul da China continental. Os serviços voltaram ao normal no dia seguinte.

Destinos de eleição

Para os chineses que viajam para o estrangeiro, o Japão, Coreia do Sul, Austrália, Indonésia e os Emirados Árabes Unidos contam-se entre os destinos mais populares, de acordo com dados do sector. O mesmo aconteceu com a Tailândia, Malásia e Singapura, que recentemente celebraram acordos mútuos de isenção de vistos com a China.

De acordo com o serviço de reservas Tongcheng Travel, os destinos mais populares para os viajantes estrangeiros incluem Xangai, Pequim e Cantão, bem como as cidades orientais de Hangzhou e Qingdao, Xiamen, no sudeste, e Kunming, no sudoeste.
Hong Kong e Macau continuam a ser os principais destinos para os viajantes do continente que utilizam os serviços do Tongcheng, enquanto Banguecoque, Kuala Lumpur e Tóquio são populares entre os turistas que saem do país.

Os três dias de férias também trouxeram benefícios para o sector do entretenimento, com o total de receitas de bilheteira a atingir um recorde de 850 milhões de yuan, segundo dados oficiais. O filme de animação do realizador japonês Hayao Miyazaki, vencedor de um Óscar, “O Rapaz e a Garça”, liderou com mais de 390 milhões de yuan, ou seja, 46 por cento das receitas.

9 Abr 2024

Pequim disponível para ajudar Timor-Leste em agricultura e indústria

O chefe da diplomacia de Timor-Leste disse que a China “assumiu o compromisso” de apoiar o desenvolvimento económico em Timor-Leste, nomeadamente nos sectores das infra-estruturas, agricultura e indústria. O reforço da cooperação entre os dois países foi discutido num encontro entre o chefe da diplomacia timorense, Bendito Freitas, durante uma visita oficial à China, e o seu homólogo chinês, Wang Yi.

“Durante o encontro, o Governo chinês assumiu o compromisso de apoiar o desenvolvimento económico de Timor-Leste, com especial ênfase nos sectores das infra-estruturas, agricultura e indústria. Destacou-se também o reforço da capacidade dos recursos humanos timorenses através de bolsas de estudo e formação”, refere o executivo timorense.

Segundo o Governo de Díli, os dois ministros manifestaram também a “intenção de reforçar ainda mais as relações diplomáticas e a cooperação bilateral, em prol dos interesses comuns”.

A China e Timor-Leste elevaram em Setembro de 2023 as relações bilaterais para uma “parceria estratégica abrangente”, o segundo nível mais alto no protocolo da diplomacia chinesa, em linha com a “Faixa e Rota”.

Ajuda na ASEAN

A “Faixa e Rota” é uma iniciativa lançada pela China em 2013, inspirada na antiga Rota da Seda, que se tornou no principal programa de política externa do Governo chinês, liderado pelo Presidente Xi Jinping, e à qual já aderiram 150 países.

O acordo foi assinado entre o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e o Presidente chinês, Xi Jinping, à margem da cerimónia de abertura dos Jogos Asiáticos, evento multidesportivo que se realiza a cada quatro anos.

Durante o encontro, foi também proposta a criação de um grupo de trabalho para a “cooperação na área da agricultura e para o desenvolvimento de infra-estruturas de Timor-Leste, bem como o aumento do intercâmbio de recursos humanos e o fortalecimento da cooperação cultural, educacional e profissional”.

“A China reiterou o seu apoio à adesão plena de Timor-Leste à Associação das Nações do Sudeste Asiático e ofereceu-se também para fornecer assistência através da Iniciativa de Desenvolvimento Global”, acrescentou o Governo de Timor-Leste.

8 Abr 2024

Japão | Primeiro-ministro visita EUA para reforçar laços militares

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, adiantou que pretende fortalecer a cooperação militar e de desenvolvimento de armas com Washington, na véspera de uma visita aos Estados Unidos para se encontrar com o Presidente Joe Biden

 

“A cooperação na indústria de defesa entre o Japão e os Estados Unidos, bem como com países que pensam da mesma forma, é extremamente importante”, frisou Kishida, durante uma entrevista a meios de comunicação social estrangeiros seleccionados, incluindo a agência Associated Press (AP).

Kishida salientou que o Japão espera promover a cooperação em segurança em áreas que incluem equipamentos e tecnologia de defesa, que permitam fortalecer “ainda mais” a “capacidade de dissuasão”. Na viagem aos Estados Unidos, que começa hoje a prossegue até 14 de Abril, Kishida manterá conversações com Biden na Casa Branca, na quarta-feira, seguidas por uma cimeira trilateral com o Presidente filipino Ferdinand Marcos Jr., no dia seguinte.

Kishida é o primeiro líder japonês a visitar Washington como convidado de Estado desde a viagem do então primeiro-ministro Shinzo Abe, em 2015, que reviu a interpretação da Constituição pacifista do Japão para permitir que o seu princípio de autodefesa também abrangesse o seu aliado, os Estados Unidos.

Desde a adopção de uma estratégia de segurança nacional mais abrangente em 2022, o Governo de Kishida tomou medidas ousadas para acelerar a construção militar do país e espera mostrar que está disposto e é capaz de elevar a sua cooperação em segurança com os Estados Unidos.

Kishida prometeu duplicar os gastos com a Defesa e aumentar a dissuasão contra uma China cada vez mais assertiva, que o Japão considera uma ameaça à segurança.

Unir comandos

Espera-se também que os dois líderes concordem em iniciar discussões sobre o estabelecimento de um comando unificado em cada lado, visto como uma grande mudança estrutural para melhorar a interoperabilidade e capacidade de resposta.

O Japão e os Estados Unidos estão a intensificar os laços de defesa com as Filipinas devido a preocupações comuns sobre o papel da China na região. Os três líderes devem discutir um fortalecimento da cooperação em segurança à medida que aumentam as tensões entre a China e as Filipinas devido às suas reivindicações territoriais rivais no mar do Sul da China.

Já Biden quer mostrar nestes encontros que as três nações estão em sintonia com as suas preocupações sobre a acção cada vez mais agressiva da China contra a guarda costeira filipina e os navios de abastecimento ao largo do disputado Second Thomas Shoal, no mar da China Meridional, de acordo com fontes da administração Biden.

Entre outras áreas de cooperação, como planos para aumentar o número de estudantes japoneses em universidades dos EUA, estará em discussão o espaço, esperando-se que Kishida e Biden confirmem a participação do Japão no programa lunar Artemis da NASA e sua contribuição de um veículo espacial lunar desenvolvido pela Toyota Motor Corp.

8 Abr 2024

EUA | Primeiro-ministro Li Qiang vinca posição de parceria de Pequim

O primeiro-ministro chinês Li Qiang disse ontem que Washington e Pequim devem ser “parceiros, não adversários”, num encontro com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, que pediu comunicação mais “aberta e directa”

 

Li Qiang disse em Pequim que a população chinesa tem acompanhado de perto a visita de Yellen, o que demonstra “a expectativa e esperança de que a relação entre a China e os Estados Unidos continue a melhorar”.

“Embora tenhamos mais a fazer, acredito que, ao longo do ano passado, colocámos a nossa relação bilateral numa base mais estável”, disse Yellen, de acordo com um comunicado do Departamento do Tesouro dos EUA. “Isso não significou ignorar as nossas diferenças ou evitar conversas difíceis”, sublinhou Yellen. “Significou compreender que só podemos progredir se comunicarmos directa e abertamente uns com os outros”, acrescentou.

No sábado, Yellen tinha-se encontrado, na cidade de Guangzhou com o homólogo chinês, He Lifeng, numa reunião em que concordaram realizar “intercâmbios intensivos com vista a um crescimento equilibrado”.

De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, Yellen disse no encontro que iria aproveitar os intercâmbios para defender “condições equitativas para os trabalhadores e as empresas norte-americanas”.

Washington está particularmente preocupado com o aumento das exportações chinesas a baixo custo em sectores como veículos eléctricos, baterias de iões de lítio e painéis solares, o que pode impedir a formação de uma indústria norte-americana nestas áreas.

Depois da chamada

Yellen advertiu ainda no sábado as empresas chinesas contra a prestação de ajuda à Rússia e à sua indústria de defesa na guerra na Ucrânia. “As empresas, em particular as chinesas, não devem fornecer apoio material à guerra da Rússia contra a Ucrânia, à indústria de defesa russa”, afirmou, alertando que quem o fizer sofrerá “consequências significativas”.

A visita de Yellen, a segunda à China num ano, ocorre num momento em que Washington e Pequim estão em desacordo sobre uma série de questões, incluindo o acesso a tecnologias de ponta, o futuro de Taiwan e a aplicação chinesa TikTok, que poderá ser banida nos EUA.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, e o homólogo chinês, Xi Jinping, falaram na terça-feira, numa chamada telefónica que a Casa Branca descreveu como franca, mas na qual, de acordo com o Governo chinês, houve alguma fricção.

Também na semana passada, na quarta e quinta-feira, autoridades de Defesa dos EUA e da China reuniram-se para discutir incidentes agressivos com navios e aeronaves entre as duas forças na região do Pacífico e aliviar as tensões entre as duas superpotências. Reiniciando um diálogo que a China tinha encerrado, por causa do diferendo sobre Taiwan, a reunião ocorreu no momento em que Washington e Pequim trabalham para expandir as comunicações bilaterais e aliviar as crescentes tensões.

8 Abr 2024

Itália | Bolsas Armani produzidas por trabalhadores chineses explorados

Uma empresa do grupo da marca de luxo Giorgio Armani foi colocada sob administração judicial pelo tribunal de Milão, por alegadamente ter subcontratado uma empresa não autorizada, que empregava trabalhadores chineses que eram explorados.

A empresa em questão é a Giorgio Armani Operations, controlada e supervisionada pela Giorgio Armani, e que é responsável pelas colecções e acessórios do prestigiado grupo italiano, especificou o tribunal na sua decisão, citada pela agência France-Presse (AFP).

Segundo o tribunal, a empresa terá recorrido a um fornecedor, a Manifatture Lombarde, que por sua vez recorreu a subcontratantes que utilizavam oficinas chinesas na província de Milão e empregavam imigrantes indocumentados, para a produção de bolsas, artigos de couro e acessórios Armani. O tribunal nomeou um consultor pelo período de um ano, que trabalhará ao lado dos gestores para melhorar o relacionamento com os fornecedores.

A finalidade desta medida “não é repressiva”, mas “bastante preventiva” com o objectivo de “proteger a sociedade o mais rapidamente possível” da “infiltração criminosa”, pode ler-se na decisão do tribunal de Milão, no seu acórdão de 3 de Abril.

O contrato do subcontratante oficial da Armani, Manifatture Lombarde, incluía um código de ética e uma proibição explícita da própria utilização de subcontratantes, embora, de acordo com a investigação conduzida pelos carabinieri [polícia militarizada italiana], este subcontratante não tivesse oficina de produção. De acordo com a investigação, a empresa Manifatture Lombarde subcontratou a produção a “oficinas chinesas”, que empregam principalmente cidadãos chineses e paquistaneses que trabalhavam em condições que violam as regras fundamentais de segurança.

Os trabalhadores, obrigados a “aceitar condições de trabalho particularmente desvantajosas que resultam numa exploração real”, trabalharam nomeadamente um número de horas superior ao oficialmente declarado.

8 Abr 2024

Mar do Sul da China | Pequim realizou “patrulhas de combate”

Pequim realizou “patrulhas de combate” no disputado mar do Sul da China, onde Filipinas, Estados Unidos, Japão e Austrália também efectuaram manobras conjuntas.

“Em 7 de Abril, o Comando do Teatro Sul do Exército de Libertação do Povo Chinês está a organizar patrulhas conjuntas de combate naval e aéreo no mar do Sul da China”, disse o exército chinês, num comunicado. “Todas as actividades militares que perturbem a situação no mar do Sul da China e criem pontos críticos estão sob controlo”, acrescentou o exército, numa aparente alusão aos exercícios conjuntos dos quatro países. A China não divulgou quaisquer detalhes sobre a natureza e localização exacta das manobras.

No sábado, as Filipinas, os Estados Unidos, o Japão e a Austrália anunciaram, num comunicado conjunto, que iriam realizar ontem exercícios navais e aéreos na zona económica exclusiva das Filipinas. “Demonstrando o nosso compromisso colectivo de fortalecer a cooperação regional e internacional rumo a um Indo-Pacífico livre e aberto, as nossas forças de defesa e exércitos combinados realizarão uma actividade de cooperação marítima”, disseram os quatro países.

O comunicado recordou que o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia deu em 2016 razão a Manila sobre a soberania de várias ilhas e atóis nestas águas, uma decisão que as autoridades chinesas se recusaram a cumprir.

O ministro da Defesa do Japão defendeu que a questão do mar do Sul da China “está directamente relacionada com a paz e a estabilidade da região e é uma preocupação legítima da comunidade internacional”. “O Japão opõe-se a quaisquer mudanças unilaterais ao status quo pela força, quaisquer tentativas, bem como quaisquer acções que aumentem as tensões no mar do Sul da China”, acrescentou Minoru Kihara, citado no comunicado.

Antes da cimeira

O exercício decorre poucos dias antes de uma cimeira que irá reunir em Washington o Presidente dos EUA, Joe Biden, e os líderes das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr, e do Japão, Fumio Kishida. No início da semana, o navio de guerra australiano HMAS Warramunga chegou à província filipina de Palawan, perto da zona marítima disputada.

As tensões regionais intensificaram-se no ano passado, com a China a afirmar de forma mais assertiva a alegada soberania sobre áreas marítimas também reivindicadas pelas Filipinas, Japão e Taiwan. Em resposta, os Estados Unidos procuraram reforçar as suas alianças na região, particularmente com os seus aliados tradicionais, o Japão e as Filipinas.
Além das Filipinas e da China, também o Vietname, a Malásia e Brunei reivindicam parte deste mar estratégico, através do qual flui 30 por cento do comércio mundial e que alberga 12 por cento dos navios pesqueiros mundiais, bem como depósitos de petróleo e gás.

8 Abr 2024

Hospital Al-Shifa tornou-se cemitério de vidas, sonhos e do futuro de Gaza, segundo médicos

Ezz El-Din Lulu sonhava ser médico e já estava no quinto ano de medicina quando começou a guerra na Faixa de Gaza, mas agora depara-se com o Hospital Al-Shifa, o maior no enclave palestiniano, destruído como os seus sonhos. Era no Al-Shifa que Ezz estudava e esperava um dia trabalhar.

Após a operação militar das forças israelitas dentro do complexo médico que durou duas semanas, o hospital ficou em ruínas. “Literalmente não temos futuro, Israel destruiu-o completamente”, diz Ezz num vídeo filmado após a retirada das forças israelitas.

Nas imagens, o edifício que outrora albergava grande parte das especialidades médicas disponíveis em Gaza, com capacidade para 800 camas, é agora um esqueleto queimado, esburacado por balas e tiros de tanques. No pátio e corredores exteriores onde as ambulâncias entravam e saíam desde 1946 vêm-se montes de escombros, que os médicos, enfermeiras e familiares das vítimas escalam com cuidado e luto, como que à procura de uma resposta. Alguns procuram os restos mortais de familiares desaparecidos.

As autoridades palestinas dizem que Israel matou 400 pessoas dentro e à volta do campus hospitalar durante as duas semanas de cerco, incluindo mulheres, crianças e médicos, para além de mais 350 pessoas que foram detidas, incluindo pacientes e profissionais de saúde.

No relatório publicado após o fim da operação, Israel diz que matou 200 militantes do Hamas, e que prendeu mais de 900 suspeitos de estarem ligados ao grupo, uma acusação rejeitada pelo Hamas. O exército israelita diz que operou de forma “precisa” para eliminar membros do Hamas, encontrar armas e documentos, e prevenir danos a “civis, pacientes e equipas médicas”.

No entanto os testemunhos de sobreviventes e membros de organizações de ajuda humanitária revelam um cenário catastrófico. Vídeos publicados nas redes sociais filmados após a retirada dos israelitas mostram corpos em decomposição de mãos atadas atrás das costas ou esmagados por bulldozers.

Durante duas semanas, as forças israelitas cercaram o hospital, impedindo a entrada e saída de qualquer pessoa, e obrigaram as equipas médicas a levar todos os pacientes para a ala administrativa.

Ezz el-din estava dentro do hospital a trabalhar como voluntário aquando do ataque das forças israelitas. Durante o cerco, o estudante foi publicando vídeos nas redes sociais, a detalhar que tanto médicos como pacientes estavam sem acesso a água, comida ou electricidade há vários dias, ao mesmo tempo impedidos de sair e ameaçados de serem bombardeados se ali ficassem.

Missão rejeitada

A médica Amira Al-Safadi, também vítima do cerco, diz que o exército obrigou o staff a transferir os pacientes com tempo limitado e sob ameaça. “Havia mais pacientes, mas morreram, estavam nos cuidados intensivos e não os conseguimos ajudar”, diz a médica que agora está noutro hospital a cuidar dos pacientes sobreviventes.

Israel diz que a operação foi um sucesso. As autoridades palestinianas acusam Israel de “crimes de guerra”. Pelo menos 21 pacientes morreram durante o cerco, de acordo com as Nações Unidas. A ONU está a planear uma missão especial para visitar o hospital, investigar o sucedido, e ajudar os feridos. No entanto a ONU diz que após várias tentativas, os pedidos para avançar com a missão a Al-Shifa têm sido rejeitados.

Enquanto isso o hospital permanece um fantasma. Um centro médico de prestígio transformado no cemitério de que Ezz el-Din fala.

5 Abr 2024

Tailândia | Justiça analisa dissolução do maior partido da oposição

O Tribunal Constitucional da Tailândia anunciou na quarta-feira que aceitou e vai analisar um pedido da comissão eleitoral para dissolver o principal partido da oposição, devido a alegadas violações da lei de lesa-majestade.

O partido Move Forward, que venceu as últimas eleições legislativas, em Maio de 2023, com um programa que previa a reforma da legislação de lesa-majestade, terá agora duas semanas para apresentar a defesa, afirmou o tribunal, em comunicado.

No final de Janeiro, o Tribunal Constitucional tailandês decidiu que a promessa realizada durante a campanha eleitoral equivalia a uma tentativa de derrubar a monarquia. Os juízes não emitiram então uma sanção explícita, mas foram apresentados dois pedidos à Comissão Eleitoral para solicitar a dissolução do partido, liderado pelo empresário Pita Limjaroenrat.

O partido de oposição reformista conquistou a maioria dos assentos no parlamento nas eleições de Maio e formou inicialmente uma coligação de partidos pró-democracia com uma ampla maioria entre os 500 membros da Câmara dos Representantes eleita.

No entanto, a coligação não conseguiu formar um Governo, depois de a candidatura de Pita Limjaroenrat ter sido bloqueada duas vezes pela oposição do Senado, cujos 250 membros foram nomeados pela antiga junta militar (2014-2019).
O líder do partido Pheu Thai, Srettha Thavisin, formou uma coligação com vários partidos, incluindo dois pró-militares, e foi eleito primeiro-ministro em 22 de Agosto.

Em 2020, o Tribunal Constitucional dissolveu o Future Forward, o partido antecessor do Move Forward, e baniu o então líder da vida política, um veredicto que originou enormes manifestações populares. De acordo com a legislação em vigor na Tailândia, insultar ou difamar o rei pode resultar numa pena máxima de 15 anos de prisão.

5 Abr 2024

Coreia do Norte testou míssil hipersónico de médio e longo alcance

A Coreia do Norte fez na terça-feira o lançamento de um míssil hipersónico de médio e longo alcance, informaram os meios de comunicação estatais do país.

Segundo as mesmas fontes, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, esteve presente no teste. “Um novo teste de lançamento de um míssil hipersónico de médio e longo alcance, com valor estratégico, foi realizado com sucesso”, disse a agência oficial de notícias KCNA, um dia após o ensaio militar.

Kim Jong Un afirmou que a Coreia do Norte tinha agora “obtido mísseis estratégicos com combustível sólido, ogiva manobrável e capacidade nuclear”. O exército sul-coreano afirmou que o míssil, lançado na madrugada de terça-feira, percorreu cerca de 600 quilómetros antes de se despenhar nas águas entre a Coreia do Sul e o Japão. Segundo a KCNA, o projéctil teria percorrido cerca de mil quilómetros.

O último lançamento de Pyongyang, de um míssil Hwasong-16, ocorre menos de duas semanas depois de os meios de comunicação social estatais norte-coreanos terem anunciado que Kim Jong Un tinha supervisionado um teste bem-sucedido de um motor de combustível sólido para um “novo tipo de míssil hipersónico de alcance intermédio”.

Velocidade furiosa

Há muito que a Coreia do Norte tenta dominar tecnologias hipersónicas e de combustível sólido mais avançadas, com o objectivo de tornar os seus mísseis mais capazes de neutralizar os sistemas de defesa antimíssil da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, bem como ameaçar as bases militares regionais americanas.

Os mísseis hipersónicos deslocam-se a uma velocidade de pelo menos Mach 5, mais de 6 mil quilómetros por hora e são capazes de manobrar em pleno ar, tornando-os mais difíceis de seguir e de interceptar. Dependendo do modelo, podem transportar ogivas convencionais ou nucleares.

Os mísseis de combustível sólido não precisam ser reabastecidos antes do lançamento, o que torna a sua utilização mais rápida e mais difíceis de identificar e de destruir pelos adversários.

O Ministério da Defesa sul-coreano afirmou ter feito um exercício aéreo conjunto com Washington e Tóquio, envolvendo um bombardeiro B-52H com capacidade nuclear e caças F-15K perto da península coreana.

5 Abr 2024

Indonésia | Xanana felicita novo presidente e aponta fronteiras como prioridade

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, felicitou Prabowo Subianto pela vitória nas eleições presidenciais da Indonésia e salientou que a prioridade para os dois países deve ser estabelecer as fronteiras marítimas

 

“Sei que a nossa relação bilateral se vai tornar mais forte e vou trabalhar para os interesses mútuos dos nossos países. Uma prioridade para as duas nações é finalizar as fronteiras marítimas de acordo com o direito internacional e com base na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar”, refere Xanana Gusmão, num comunicado enviado à imprensa, que cita a carta.

No comunicado, Xanana Gusmão refere que a definição das fronteiras marítimas vai garantir que ambos os países tenham a certeza sobre os seus direitos soberanos e apoiar o desenvolvimento da economia do mar. O chefe do Governo timorense disse em Dezembro, durante a apresentação do Orçamento de Estado para este ano, que pretendia iniciar as negociações para a delimitação das fronteiras marítimas com a Indonésia ainda este ano.

O primeiro-ministro timorense comprometeu-se também a manter fortes as relações bilaterais de amizade e de cooperação e salientou que os dois países “continuam a ser um modelo global na reconciliação e poder transformador do diálogo e confiança”.

“A Indonésia é o nosso maior parceiro comercial e temos laços fortes entre os nossos povos e de cooperação em várias áreas”, disse.
Xanana Gusmão destacou também que, no actual momento de “turbulência e mudança nas relações internacionais”, a Indonésia “desempenha um papel central na promoção da cooperação, tolerância e paz”. “Com a sua liderança, a Indonésia poderá tornar-se numa das principais potências económicas mundiais, contribuindo para o crescimento económico e a prosperidade da região”, acrescentou.

Poder em família

A Comissão Eleitoral Central da Indonésia publicou terça-feira os resultados das eleições presidenciais, realizadas em Fevereiro, confirmando a vitória de Prabowo Subianto e Gibran Rakabuming Raka (filho do Presidente cessante) com 96.214.691 dos 164.227.475 votos válidos em todo o país.

Com mais de 50 por cento dos votos, Prabowo assume assim o cargo de Presidente da Indonésia para os próximos cinco anos, o país com maior população muçulmana do mundo e membro das 20 maiores economias (G20). Terá como vice-Presidente o filho de Joko Widodo, que cumpriu dois mandatos consecutivos na Presidência e não pôde concorrer de novo por imperativos constitucionais.

Prabowo, 72 anos, era apontado como favorito para suceder a Joko Widodo na Presidência da terceira maior democracia do mundo, depois da Índia e dos Estados Unidos. Prabowo era o único candidato com ligações à ditadura de Suharto (1967-1998), altura em que era tenente-general, e tem sido criticado por alegados abusos de direitos humanos em Timor-Leste e na Papua, bem como pela tortura de activistas indonésios pró-democracia.

5 Abr 2024