Inscrições para a Maratona, Meia e Mini realizam-se nos dias 15 e 16 de Setembro

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão 12 mil as inscrições abertas pelo Instituto do Desporto para a 37.ª edição da Maratona Internacional de Macau, cujo percurso não regista alterações significativas face à edição transacta. A prova está agendada para 2 de Dezembro e os atletas voltam a passar pela Ponte do Governador Nobre de Carvalho, o Templo da Deusa Á-Má e a Ponte da Sai Van.

A corrida foi apresentada, ontem, em conferência de imprensa e foi igualmente revelado que as inscrições vão começar a 15 de Setembro (sábado), nos casos da Maratona e Meia Maratona, e no Domingo, 16 de Setembro, para a Mini Maratona.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kun, sublinhou que ao longo das 36 edições anteriores que o evento se tornou numa das provas mais antecipadas do calendário. Pun destacou ainda que são vários os atletas de gabarito internacional que pretendem participar na prova, facto que tem feito com que a qualidade tenha vindo a aumentar de ano para ano.

Por sua vez, o presidente da Associação de Atletismo de Macau (AGAM), Ma Iao Hang, recordou que nos últimos anos as inscrições têm esgotado nos dias em que abrem, pelo que apelou para que os interessados não se deixem antecipar. Já em relação ao atletas profissionais locais, Ma pediu que se inscrevam tão depressa quanto possível e que comecem a participação para a prova com cerca de 42.195km.

Em relação ao preço de participação, os atletas residentes filiados na AGAM tem de pagar 100 patacas para participar na Maratona e Meia Maratona. Os residente não federados, pagam 150 patacas pela prova principal e Meia, e 50 patacas pelo mini maratona. Finalmente, os não-locais pagam 400 patacas pela participação na Meia e Maratona e 70 patacas pela Mini.

No que diz respeito à Maratona e à Meia Maratona, as provas vão começar pelas 06h e vão ter 1.600 e 4.600 participantes, respectivamente. Já a Mini Maratona, prova a pensar nas famílias, tem início marcado para as 06h15 e vai contar com um total de 5.800 corredores.

12 Set 2018

Justiça | Sentença do caso do Hotel Estoril lida a 4 de Outubro

Decidiu e está decidido. Apesar dos pedidos dos jornalistas, a juíza Leong Fong Meng não autorizou que o julgamento de Scott Chiang e Alin Lam tivesse tradução simultânea para português. O caso reporta-se à afixação de uma faixa com uma mensagem política no Hotel Estoril

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]caso do Hotel Estoril, que remonta a Agosto de 2016, quando Scott Chiang e Alin Lam alegadamente entraram no antigo hotel e afixaram uma faixa onde se lia “Alexis Tam: Assassínio do Património”, teve ontem lugar no Tribunal Judicial de Base. Na sessão que decorreu, ontem de manhã, foram ouvidas todas as cinco testemunhas, três de acusação e duas de defesa, com a leitura da sentença a ficar marcada para 4 de Outubro.

Os activistas ligados à Novo Macau, Scott Chiang e Alin Lam, enfrentam acusações da prática de um crime de “introdução em lugar vendado ao público”, que é punido com pena de prisão até três meses ou pena de multa até 60 dias, e uma acusação de “dano”, prática punida com três anos de prisão ou pena de multa.

No entanto, a sessão ficou marcada pelo facto da juíza que preside ao colectivo, Leong Fong Meng, ter recusado que fosse disponibilizada a interpretação simultânea de cantonense para português, apesar dos pedidos dos jornalistas, devido ao facto de nenhuma das partes envolvidas utilizar a idioma de Camões para se expressar.

“O público tem de saber o que está a acontecer nos tribunais. Se uma parte relevante da sociedade só lê em inglês ou português e eles têm aqui pessoas que são pagas para desempenhar essas funções, qual é a razão que justifica que não haja tradução?”, questionou Scott Chiang, à saída do tribunal. “É uma questão que também sublinha a importância da educação chinesa”, ironizou.

Para o deputado José Pereira Coutinho esta questão mostra a indiferença com que as línguas têm sido tratadas desde a criação da RAEM, em 1999. “É uma pena que passados quase 20 anos ainda estejamos a falar destas questões. O mínimo que se esperaria era que todos os serviços públicos, Governo, Assembleia Legislativa e Tribunais, pudessem sempre utilizar as duas línguas em simultâneo”, afirmou Coutinho, ao HM.

“É uma realidade que dá para perceber que nos serviços relacionados com interesses empresariais e a plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa falta uma maior atenção ao uso das duas línguas. A língua portuguesa está de facto a ser maltratada”, acrescentou.

Data de danos incertos

Em relação ao julgamento, foram ouvidas três testemunhas de acusação. Uma das Serviços de Finanças, que gerem os edifícios e bens da RAEM, e dois polícias. O funcionário das finanças reconheceu que o Governo não sabe quando foram feitos os danos, apesar de gerir o espaço, e que só no dia dos acontecimentos foram chamados para reparar o buraco na rede.

Por sua vez, os polícias explicaram que quando chegaram às traseiras do local que encontraram Scott Chiang a sair do edifício pelo buraco da rede. Já Alin Lam foi detido mais tarde, quando estava no segundo andar. Foi ainda dito em tribunal que não foram encontrados no local, nem nas imediações, quaisquer materiais que permitissem cortar a rede.

As duas testemunhas de defesa ouvidas em tribunal afirmaram ter entrado no antigo Hotel Estoril, antes da data dos acontecimentos e que nessa altura já existia o buraco que alegadamente terá sido utilizado pelos activistas para entrar no edifício. As duas testemunhas pediram ainda desculpa à sociedade pelos eventuais “problemas” causadas pelo acesso não autorizado nas instalações do antigo Hotel Estoril.
No final, em declaração aos jornalistas, Scott Chiang negou ter cometido qualquer danos e pediu desculpas por ter entrado num local, sem ter obtido autorização previamente.

Acusação falsa

“Honestamente, não sabíamos que era necessário um pedido para entrar. Não fomos lá dentro para cometer qualquer acto vândalo, ou para invadir a privacidade de alguém. Só queríamos transmitir uma mensagem. Mas honestamente pedimos desculpa por todos os problemas que causámos. Se soubéssemos que era necessário um pedido do Governo teríamos feito isso”, vincou.

“A acusação de dano é falsa porque o buraco na rede está lá desde sempre. Na verdade, é um caso muito simples porque sabemos que desde sempre houve pessoas que entraram e saíram do edifício”, defendeu.

O julgamento decorreu ontem de manhã e a juíza Leong Fong Meng anunciou que a sentença vai ser lida na tarde de 4 de Outubro.

12 Set 2018

Galgos | Alegados agentes da PJ “infiltram-se” em conferência da Novo Macau

A Novo Macau organizou uma conferência de imprensa após uma visita ao Canídromo que contou com a participação de dois homens, alegadamente agentes da PJ à paisana, que se fizeram passar por jornalistas. As autoridades não confirmam a presença dos agentes

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]elo menos dois homens, alegadamente agentes da Polícia Judiciária (PJ) à paisana, acompanharam, ontem, a conferência da Associação Novo Macau. O caso aconteceu à entrada do Canídromo, após uma visita de uma comitiva da Novo Macau ao espaço, que serviu para inspeccionar as condições de habitabilidade dos galgos que costumavam correr no recinto.

Actuando como se fossem jornalistas, mas sem nunca interromper ou causar qualquer distúrbio ao trabalho dos profissionais da comunicação social, os homens acompanharam de perto a conferência de imprensa. Enquanto um se resguardou mais para trás, o outro, vestido com uma camisola da selecção de futebol do Japão, tirou notas sobre o conteúdo da conferência, ao mesmo tempo que Sulu Sou discursava e respondia às perguntas dos jornalistas. No final, abandonaram juntos o local.

Segundo o que o HM conseguiu apurar, os dois indivíduos terão, alegadamente, informado os membros da associação que eram agentes da PJ.

“Acho que não é necessário termos agentes a seguirem as nossas actividades, mas já é algo que consideramos normal. Não concordamos com a postura, mas acontece há muitos anos”, disse Sulu Sou, deputado e membro da associação, quando questionado sobre este aspecto.

“Quando fazemos actividades mandamos os convites para os órgãos de comunicação social e eles normalmente têm sempre forma de saber quando acontecem as nossas actividades. Pessoalmente, considero que deveriam estar num outro local, onde pudessem ser mais úteis às pessoas”, acrescentou o legislador.

PJ não confirma presença

Após o evento, o HM entrou em contacto com uma porta-voz da PJ para confirmar a presença dos agentes e as razões para acompanharem a conferência de imprensa da Novo Macau. Porém, até ao fecho da edição, não foi recebida qualquer resposta das autoridades.

A presença de polícias à paisana em manifestações é a norma, embora o número de agentes nas operações nunca seja revelado. No que diz respeito à presença em conferências de imprensa e actividades públicas, a presença de agentes à paisana é praticamente nula.

No entanto, as autoridades tendem a acompanhar a acções da Novo Macau mais de perto. Já em Dezembro do ano passado, estalou a polémica, quando dois polícias à paisana se infiltraram entre os residentes que assistiam aos trabalhos da Assembleia Legislativa, sem qualquer tipo de identificação, a gravar as palavras de Sulu Sou, que respondia às questões dos jornalistas, após ter sido suspenso. O caso foi fechado com o presidente da AL, Ho Iat Seng, a vir a público assumir a responsabilidade da presença dos agentes.

Adopções mais rápidas

Em relação à visita ao Canídromo, Sulu Sou explicou que a ideia surgiu depois de ter tido recebido queixas quanto ao tratamento dos galgos.

“Recebemos fotos e informações de grupos de protecção de galgos que achavam que as condições não era muito boas. Havia uma grande preocupação. Por isso, a Associação Novo Macau enviou uma carta ao IACM para saber mais informações”, disse o deputado. “Cerca de um mês após as cartas, o IACM enviou-nos um convite para vermos as condições do Canídromo. De uma forma geral, o ambiente está melhor que no passado”, acrescentou.

Contudo, Sulu Sou mostrou-se preocupado com o facto dos procedimentos de adopção estarem parados e com o futuro dos cães, que vão ser mudados para Coloane. A Novo Macau recebeu queixas de moradores da zona, que se mostram preocupados com o inevitável barulho que a transferência dos animais irá acarretar.

11 Set 2018

Bolinha | Benfica, Monte Carlo e Ka I sorteados no Grupo B

Após um ano de interrupção, a competição mais popular de futebol de sete de Macau está de volta com as equipas retornarem ao D. Bosco já no dia 19 de Setembro. Um regresso amargo que trouxe consigo a desistência do Lam Pak, clube com grande tradição na Bolinha

[dropcap style=’circle’]B[/dropcap]enfica de Macau, Monte Carlo e Ka I ficaram sorteadas no Grupo B da Bolinha, que é constituído por seis formações. O sorteio da competição de futebol de sete jogadores foi realizado, na sexta-feira à tarde, no Estádio de Macau, e colocou ainda no grupo: Nightwalker, Lung Lok e Polícia B. Já no grupo A, que tem sete formações, ficaram as equipas de Sporting de Macau, Cheng Fung, Polícia A, Kin Wa, Cheng Wa, Sub-23 e ainda Chiba. A competição arranca a 19 deste mês e decorre, como tradicionalmente acontece, no Campo D. Bosco.

Para as águias, à semelhança dos anos anteriores, o objectivo passa essencialmente por fortalecer o espírito de equipa, a pensar no futebol de onze, sem investimento a pensar na vitória. Mesmo assim, Duarte Alves, dirigente do clube, afirmou, ao HM, que a equipa tem condições para ser considerada uma das favoritas.

“Calhou-nos o grupo com menos jogos, mas acho que não há benefícios por isso. Vamos enfrentar a Bolinha com a mesma ideologia dos últimos anos, ou seja utilizar a competição para apostar no espírito de grupo, apostando nos jogadores do futebol de 11”, disse o responsável.

“Não montámos uma equipa de propósito para sermos campeões. Mas com esta mentalidade de apostar no espírito de grupo já conseguimos dois títulos na Bolinha. Por isso, julgo que poderemos ser vistos como favoritos, pelo menos no que diz respeito ao apuramento para próxima fase”, acrescentou Duarte Alves.

À imagem do que sucedeu no torneio de futebol de sete que substituiu a Bolinha na temporada passada, o Benfica vai apostar em jogadores-treinadores. Cuco e Filipe Duarte poderão assim voltar a ser os técnicos da equipa. “Temos jogadores que em termos de idade estão na recta final da carreira e que estão interessados em lançar-se como treinadores. São atletas que têm trabalhado para obter as licenças de treinador da AFC [Confederação Asiática de Futebol], são da família e vamos continuar a dar-lhes estas oportunidades”, explicou.

Para o Sporting de Macau, o sorteio ditou dois grupos equilibrados, apesar das incógnitas, ou seja, as equipas que só actuam no futebol de sete. Também por esta razão, o objectivo passa pela manutenção da 1.ª Divisão, apesar da passagem à próxima fase não estar excluída dos horizontes.

“São grupos equilibrados. Mas há sempre uma incógnita nesta competição, porque há equipas que só participam na Bolinha, não tem relevância fora do futebol de sete, como o Kin Wa ou o Ching Wa, por exemplo. São equipas que não conseguimos observar ao longo do ano para saber o seu valor real”, disse José Reis, director do Sporting de Macau, ao HM.

“Para esta competição o nosso objectivo principal é a manutenção na 1.ª Divisão. Mesmo assim, a passagem à próxima fase tem de estar sempre na mente de um clube como o Sporting”, considerou.

Lam Pak de fora

A Bolinha está oficialmente de regresso a 19 de Setembro, uma quarta-feira, depois de um época de suspensão, devido aos efeitos da passagem do Tufão Hato. Os dois jogos diários decorrem entre terça e sexta-feira, no Campo Dom Bosco. Contudo, o regresso de uma das competições mais populares de Macau fica marcada pela desistência do Lam Pak, equipa com grande tradição no futebol local, principalmente na década de 90.

“A ausência do Lam Pak é lamentável. Desconhecendo a causa da desistência, obviamente que o futebol local fica mais fraco sem um dos históricos clubes na primeira divisão da bolinha”, afirmou José Reis. “Esperamos que o Lam Pak regresse rapidamente à liga principal do campeonato de sete”, desejou.

Também Duarte Alves lamentou a ausência da equipa da Bolinha: “Fiquei surpreendido porque o Lam Pak já está há vários anos envolvidos na competição e é um nome importante, com boas prestações”, admitiu o dirigente das águias. “É uma desistência que implica a ausência também da 1.ª Divisão na próxima época, e isso é uma perda para o futebol de sete de Macau”, acrescentou.

10 Set 2018

Educação | DSEJ segura Leong Vai Kei apesar de declarações polémicas

O director dos Serviços de Educação e Juventude afastou a hipótese da subdirectora Leong Vai Kei abandonar o posto e elogiou o trabalho e experiência da colega

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]director dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang, garante que a subdirectora Leong Vai Kei vai continuar no cargo e que foi mal-entendida, quando afirmou que a homossexualidade precisa de ser diagnosticada e tratada. À margem de uma reunião do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior, Lou Pak Sang sublinhou ainda o contributo de Leong Vai Kei para o sector local, assim como a experiência da responsável.

“A subdirectora Leong tem muita experiência e reconhecemos a sua capacidade no cumprimento das suas funções. Na verdade, tanto como chefe de divisão e de departamento, ela contribuiu imenso para os nossos trabalhos, com muitas opiniões válidas e um trabalho reconhecido na relação com as escolas”, afirmou Lou Pak Sang, afastando a hipótese de Leong Vai Kei abandonar o posto.

Ao mesmo tempo, negou que a subdirectora Leong tenha mencionado que o facto de duas pessoas do mesmo género se sentirem atraídas seja uma doença: “Queria esclarecer que ela nunca falou da homossexualidade como uma doença. Ela só disse que se há um aluno que não sabe definir a sua orientação sexual, que pode pedir apoio e ser transferido para ser acompanhado por médico”, sublinhou.
Ainda em relação às declarações da mesma subdirectora de que o sexo só deveria ser praticado depois do casamento, Lou escusou-se a fazer qualquer consideração. “Não vou falar sobre esse tema. Mas há certos princípio legais que devem ser respeitados”, apontou.

A ‘número dois’ da DSEJ também mereceu a confiança do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Em declarações aos jornalistas, no sábado, Alexis Tam afirmou apoiar a continuidade da subdirectora, sublinhando que Leong Vai Kei exerce funções na DSEJ há mais de uma década e que possui vasta experiência na administração pública, destacando-se pelo trabalho e pelas boas habilitações académicas.

Hino em mandarim

Outro assunto abordado pelo director da DSEJ foi a lei do hino nacional, que vai implementar o ensino da Marcha dos Voluntários nas escolas. Lou Pak Sang afastou o cenário das escolas internacionais de Macau ficarem isentas da medida e a hipótese da letra do hino ser ensinado em outra língua que não o mandarim, mesmo para não falantes do idioma.

“É uma medida que abrange todas as escolas do ensino não-superior, incluindo as internacionais. Se for o hino da República Popular da China, obviamente, que tem de ser cantado em mandarim”, disse Lou.

Contudo, a DSEJ garantiu que vai prestar o apoio necessário às instituições de ensino para a aplicação da medida, nomeadamente através da criação de um livro com orientações para o efeito. “Vamos apoiar a escolas para alcançarem esse objectivo. Vamos ter um manual para ajudar as escolas em relação ao hino nacional, à bandeira e ao símbolo. Para que as escolas possam ter mais informações para os alunos”, foi explicado.

Lou comentou ainda o andamento dos trabalhos sobre o diploma que vai regular o ensino profissional em Macau. O director da DSEJ revelou que já foi feita a consulta pública e que no primeiro semestre do próximo ano o diploma deve entrar em processo legislativo.

10 Set 2018

Plástico | Governo prepara taxa entre 50 avos a 1 pataca para sacos

Já se vislumbra o dia em que será cobrada uma taxa por cada saco de plástico adquirido nas superfícies comerciais de Macau de forma a desincentivar o seu uso. O valor da taxa, entre 50 avos e uma pataca, foi revelado por Raymond Tam

 
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]taxa a pagar por saco de plástico vai-se fixar entre os 50 avos e uma pataca, de forma reduzir a utilização. O valor, que ainda não está definido, foi avançado, na sexta-feira, pelo director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Raymond Tam, à margem de um evento do Governo sobre o programa para reduzir a utilização de sacos de plástico com a entrega de prémios.

Quando questionado sobre o assunto e a falta de legislação neste sentido, Raymond Tam, segundo o canal chinês da Rádio Macau, explicou que a restrição à utilização dos sacos vai ser feita através de uma lei própria e não de um regulamento. Assim, será uma lei a definir o montante que vai ser cobrado.

O valor de cada saco de plástico vai ser definido posteriormente mas ficará situado no intervalo entre os 50 avos e uma pataca. Um montante que o governante considerou ser aceitável para a população. Segundo a consulta pública feita anteriormente, chegou-se à conclusão que o valor da taxa deveria reverter para os próprios supermercados.

Ainda de acordo com o responsável da DSPA, neste momento, o Governo está a finalizar a proposta de lei, com o documento a ser analisado pelos assuntos jurídicos, antes de ser enviado para a Assembleia Legislativa.

Na gaveta desde 2016

Recorde-se que a consulta pública sobre esta lei foi realizada entre Dezembro de 2015 e Fevereiro de 2016. Na altura, após um estudo encomendado pelo Executivo, concluiu-se que em média cada residente utilizava por dia 2,2 sacos de plástico, o que totalizava um valor de 450 milhões de sacos por ano.

Apesar da demora em implementar a medida, que motivou petições com origem na sociedade civil, Raymond Tam preferiu valorizar o facto do objectivo do Governo e da população ter sido sempre o mesmo.

As declarações do director da DSPA surgem depois de no final de Agosto ter sido entregue uma petição a pedir o fim do uso excessivo do plástico em Macau. Na altura, a petição online recolheu 4.700 assinaturas em cerca de duas semanas.

Já em relação ao balanço do programa “reduzir o uso de sacos de plástico poderá dar prémios”, iniciativa que pretende promover o uso de sacos ecológicos em compras, a DSPA revelou que na edição deste ano participaram mais 80 lojas do que no ano passado. No total, o número de espaços comerciais foi superior a 300. Ainda de acordo com o Governo, após seis edições do concurso para reduzir a utilização de sacos de plástico, foram poupados 26 mil sacos, o equivale a aproximadamente 4.400 sacos por ano. Os dados de 2015 indicavam que Macau utilizava 450 milhões de sacos por ano.

10 Set 2018

Futebol | Macau despediu-se de fase de apuramento com empate

Um festival de golos falhados pelos atacantes de Macau marcou a segunda parte, quando o resultado já indicava 1-1. Mesmo assim, o seleccionador Iong Cho Ieng entendeu que Carlos Leonel, melhor marcador da Liga de Elite e do Benfica de Macau na Taça AFC, só devia entrar a 14 minutos do fim

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]selecção de Macau empatou 1-1, diante das Ilhas Marianas do Norte, no último jogo da primeira fase de apuramento para o Campeonato do Este da Ásia de Futebol E1, que decorreu no Japão. A formação orientada por Iong Cho Ieng fica assim de fora da próxima fase de apuramento, depois de nos três jogos realizados ter somado, uma derrota, uma vitória e um empate.

Ontem, o seleccionador local voltou a apostar no 4-4-2 que tinha valido a vitória diante do Guam por 2-0, com Lo Weng Hou, na baliza; Lei Chi Kin, Ng Wa Seng, Vernon Wong e Lei Ka Hou, na defesa; Ng Wa Keng, Lam Ka Seng, Cheong Hoi San e Kong Cheng Hou, no meio-campo; e com o ataque a ser constituído por Ho Ka Seng e Leong Ha Hang. Como tinha acontecido no encontro anterior, Carlos Leonel, o melhor marcador da Liga de Elite e do Benfica de Macau na Taça AFC, ficou no banco.

Já o técnico Michiteru Mita optou por um 3-4-3, com Christopher Aninzo na baliza; Galarion, Rosario e Relucio na defesa; Manabat, Anthony Fruit, Joel Fruit e Takano, no meio campo; e na frente, Tenorio, Rojas e Tanzawa.

Tida como favorita para este encontro, principalmente após a vitória frente ao Guam, enquanto as Ilhas Marianas ainda não tinha triunfado em qualquer das partidas realizadas, a equipa de Macau assumiu desde cedo o controlo do jogo.

Contudo, se por um lado os jogadores conseguiam criar maior caudal ofensivo, por outro na altura de criar as oportunidades claras de golo, pareceu faltar sempre um homem de área na frente do ataque.

Por esta razão, nos primeiros minutos, a equipa orientada por Iong ia somando remates sem grande nexo e cruzamentos para ninguém, que teimavam em não encontrar nem Ho Ka Seng nem Leong Ka Hang.

Momento de circo

Foi num lance caricato que surgiu o golo de Macau. Anthony Fruit bateu um livre a favor das Ilhas Marianas, de forma curta, para Relucio, que não percebeu a intenção do colega de equipa e fugiu da bola. Perante o impasse, Lam Ka Seng domina o esférico e lança o contra-ataque, enquanto o adversário fica a pedir falta. Imune aos protestos, Lam serve Ng Wa Seng que sprinta até à área, onde desvia para o 1-0.

Após o golo sofrido, as Ilhas Marianas mostraram-se mais atrevidas. A postura deu resultados e, aos 33 minutos, chegou o 1-1. Tenorio em jogada de ataque rápido, aproveitou o corte à queima de Lei Chi Kin, que abordou o lance de forma infantil, ganhou posição na área, e rematou para o empate.

Na segunda parte, Macau conseguiu voltar a impor o seu jogo, apesar das Ilhas Marianas não se terem limitado apenas a defender. Contudo, os avançados locais nunca acertaram com a baliza e nem Carlos Leonel, que entrou a 14 minutos do fim, conseguiu mudar o rumo dos acontecimentos.

No outro encontro, Guam e Mongólia empataram também a 1-1. Após os três jogos do grupo, os mongóis seguem para a próxima fase da competição, com sete pontos somados. Macau ficou em segundo lugar, com quatro pontos, os mesmos que Guam. As Ilhas Marianas do Norte terminaram em último lugar com um ponto.

7 Set 2018

Transportes | Cancelamento de ferries do Aeroporto de Hong Kong gera queixas

O cancelamento frequente do último ferry entre o aeroporto da RAEHK e Macau está a gerar queixas. A DSAMA diz que o contrato de concessão está a ser cumprido mas admite que o horário das 22h passou a ser feito de forma “irregular”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]pesar de ser possível para qualquer residente ou turista reservar um bilhete no último ferry diário entre o Aeroporto Internacional de Hong Kong e o Macau, agendado para as 22h, os frequentes cancelamentos do serviço, durante os dias da semana, motivaram várias queixas online. O caso foi relatado por uma dos principais páginas de fóruns do território sobre transportes públicos e vários internautas indicaram que “a falta de clientes” foi a causa apontada pelos funcionários da TurboJet no aeroporto.

Ainda de acordo com as denúncias feitas, a situação acontece, principalmente, durante os dias da semana, enquanto no fim-de-semana o serviço não aparenta ter estes problemas.

A TurboJet foi confrontada pelo HM com o cancelamento dos ferries devido à “falta de clientes”, e não desmentiu o cenário. “Durante a operação [do serviço] existem circunstâncias que fazem com que tenha de haver, de forma inevitável, mudanças no horário dos barcos, como por exemplo, falhas no motor, objectos flutuantes no mar que entram nos sistemas dos navios e afectam o seu funcionamento, atrasos com as bagagens no aeroporto, problemas de atracação, entre outras”, explicou a empresa.

“Mas, de forma a fazer os nossos melhores esforços e reduzir o impacto desta inconveniência para os passageiros afectados, ao mesmo tempo que vamos continuar a aceitar reservas para o horário das 22h, vamos também fornecer a todos os passageiros serviços de transporte do aeroporto para o Terminal Marítimo de Hong Kong, em Sheung Wang, onde as pessoas podem apanhar outro ferry para Macau, em caso de cancelamento do barco das 22h”, acrescentou.

Apesar da resposta, a TurboJet não quis revelar quantas viagens foram canceladas no horário das 22h entre o aeroporto de Hong Kong e Macau nos meses de Junho, Julho e Agosto. Também não foi explicado por parte da TurboJet se tem autorização das autoridades de Macau e Hong Kong para cancelar este horário, ou em que condições tal pode acontecer. Mesmo assim, endereçou um pedido de desculpas aos afectados: “Aproveitamos esta oportunidade, para pedir desculpas por qualquer inconveniente causado aos passageiros afectados.”

Ligação irregular

Por sua vez, a Direcção de Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) garante que o contrato com a concessionária está a ser cumprido. “Depois de considerar vários factores, a operadora passou a fazer a referida ligação de forma irregular, estando obrigada a explicar este facto em detalhe aos passageiros nos balcões de venda”, afirmou a DSAMA, em resposta às questões colocadas.

“Além disso, vamos exigir à operadora que envie sempre relatórios detalhados a explicar às razões e as medidas de resposta, em caso de cancelamento de determinada ligação, que já tivesse reservas, assim como as medidas de informação dos passageiros, incluindo a devolução do preço dos bilhetes, oferta de alternativas para os clientes, etc…”, foi acrescentado.

A DSAMA garante ainda que quanto ao número de ligações a TurboJet “cumpre o contrato de exploração”. Mesmo assim, o Governo admite que através de um documento escrito, apelou à operadora para aumentar o número de barcos que efectivamente saem para o mar.

De acordo com o portal da TurboJet, por dia há ligações do Aeroporto de Hong Kong para Macau às 11h, 13h15, 17h e 22h. Já a Cotai Water Jet oferece a ligação para o Terminal da Taipa às 10h15, 12h15, 14h15, 16h15, 19h e 21h.

7 Set 2018

Justiça | Activista Jason Chao absolvido do crime de difamação

O activista era acusado do crime de difamação de forma agravada devido a três artigos publicados no portal Macau Concealers sobre investigações a assédio sexual na Universidade de Macau. Mas o tribunal absolveu-o. Também o pedido de indemnização do professor que acusou Jason Chao foi recusado pela juíza
FOTO: Tatiana Lages

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]ason Chao foi ontem ilibado da prática de um crime de difamação de forma agravada devido a três artigos publicados no Facebook do jornal Macau Concealers. As peças reportavam-se ao professor Wang Jianwei, da Universidade de Macau, devido a investigações internas sobre casos de alegado assédio sexual. O académico pediu ainda uma indemnização de 50 mil patacas para ser ressarcido quanto aos danos causado pelas publicações ao seu bom nome. No entanto, o tribunal não atendeu ao pedido do académico.

“A acusação carece de provas sobre os autores dos artigos publicados e sobre as responsabilidades nos três artigos de Jason Chao no que diz respeito à verificação dos factos, assim como à sua publicação”, consta na sentença, que, ontem, foi lida pela juíza Chao Im Peng. “O tribunal entende que as provas apresentadas são insuficientes para condenar o arguido”, foi acrescentado.

Além da falta de provas, a juíza sublinhou também que o portal Macau Concealers, ao contrário da edição imprensa, que tem o mesmo nome e responsáveis que o portal, não está obrigado a adoptar as práticas dos média tradicionais, quanto à responsabilidade sobre a veracidade dos factos relatados. O tribunal argumentou que a ausência de legislação sobre os novos órgãos de comunicação social não permite tecer um juízo de direito quanto ao portal.

Em relação à recusa do pedido de indemnização, o tribunal alegou igualmente que não foram apresentadas provas, nomeadamente documentos. “Quanto aos danos causados, faltam provas documentais e não se pode apenas considerar o testemunho da pessoa ofendida. A prova não pode apenas basear-se nas declarações, deveriam ter sido apresentadas outra provas mais concretas”, justificou o tribunal.

Wang “desapontado”

No final, Wang Jiawei, académico no Universidade de Macau, ilibado na investigação que a instituição de ensino fez relativamente às queixas de conduta sexual incorrecta, afirmou sentir-se desapontado com a decisão do tribunal, mas escusou-se a revelar se vai recorrer para a segunda instância. “Tenho de estudar com maior cuidado a sentença, antes de emitir uma opinião. Só depois vou decidir o que fazer. Mas estou desapontado, e é claro que esperava outra decisão”, disse à saída do tribunal.

Já Jason Chao, em Inglaterra, reagiu à decisão numa sessão de perguntas e respostas em directo, através de uma rede social. O activista criticou o trabalho do Ministério Público pela falta de provas e sublinhou que a decisão é importante para que as pessoas não tenham medo de denunciar casos de assédio sexual.

“Espero que este caso seja um exemplo para a comunidade de Macau, para que não escondam mais os casos de assédio sexual. Devem denunciar”, frisou o activista.

Críticas ao MP

Por outro lado, o ex-presidente da Novo Macau atacou ainda a acusação. “O Ministério Público devia ter feito o seu trabalho de uma forma rigorosa e devia ter arquivado o caso. No entanto, permitiram que se fosse em frente. Acho que esta conduta pode, de forma subtil, condicionar a liberdade de expressão no futuro”, considerou Jason Chao.

Ainda sobre o condicionamento da liberdade de expressão e de imprensa, o activista destacou a importância da altura desta sentença. Actualmente, o jornal Sun Pou está a ser processado pela Polytex, devido a um artigo de opinião sobre o empreendimento Pearl Horizon. Também a empresária Onida Lam e directora da empresa TH Group Limited ameaçou processar os investidores que denunciaram uma possível burla que envolve a companhia e investimentos na Indonésia. “As pessoas não devem fazer comunicados a dizer que vão instaurar processos, numa tentativa de suprimir notícias negativas”, sublinhou.

O julgamento de ontem remete para factos ocorridos no final de 2014 e início de 2015, quando o portal Macau Concealers, que tinha como principal redactor Jason Chao, publicou dois artigos e partilhou um outro sobre a existência de queixas de assédio sexual na UM contra um professor.

7 Set 2018

Automobilismo | Pilotos locais ambicionam correr no WTCR Grande Prémio

Apesar de apenas haver dois convites da FIA para que os pilotos locais possam participar no WTCR, são vários os locais que gostariam de ter a oportunidade de correr este ano no Circuito da Guia

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s dois ‘wild cards’ da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) a atribuir à Corrida da Guia da 65ª edição do Grande Prémio de Macau têm sido alvo de muita cobiça. E se o número de candidatos superava já largamente o número de lugares disponíveis, a lista poderá ter aumentado este fim-de-semana.

Para além dos vinte e seis concorrentes inscritos no campeonato, a Eurosport Events, a empresa promotora da competição mundial sob a chancela da FIA, atribui por prova dois ‘wild cards’ a pilotos convidados, supostamente locais. A prova a realizar em Novembro no território não será excepção.

O HM sabe que o número de pilotos da RAEM candidatos a um ‘wild card’ para a última prova da temporada de 2018 do WTCR supera a meia dúzia, sendo que mais um se perfila a horizonte. Depois da prestação de encher o olho na prova do TCR China em Ningbo, em que venceu duas corridas e poderia ter vencido as três do programa se não fossem as vicissitudes climáticas, André Couto terá sido abordado pela equipa MacPro Racing Team para competir na Corrida da Guia com o Honda Civic TCR.

“O tema foi discutido em algumas conversas, mas não houve nada de concreto. Foi só um tema discutido em conversas informais”, disse André Couto, ao HM. “Para mim a participação no Grande Prémio de Macau só acontecerá no WTCR ou nos GTs”, explicou.
Dos pilotos do território que já colocaram o seu nome para uma potencial selecção, o único a admiti-lo publicamente foi Filipe Clemente Souza que no mês passado confirmou ao HM que em Novembro irá abdicar da sua tradicional participação na Taça de Carros de Turismo de Macau (ex-‘Taça CTM’), para regressar à Corrida da Guia onde foi presença assídua entre 2011 e 2014. O piloto macaense realizou, ao longo dos anos, várias aparições em provas asiáticas do WTCC, o antecessor do WTCR, o que lhe dá hoje um favoritismo óbvio para receber uma nomeação.

Habitualmente, a escolha dos ‘wild cards’ é da responsabilidade do Eurosport Events, em colaboração com os organizadores e promotores das provas que o WTCR visita.

Critérios dúbios

Na conferência de imprensa de antevisão da segunda prova do campeonato, que se disputou na Hungria, François Ribeiro, o responsável máximo pela Eurosport Events, esclareceu aos jornalistas que os ‘wild cards’ são para a atribuir a pilotos com um currículo de referência ou então, para permitir a possibilidade a jovens talentos de competir lado a lado com os melhores do mundo da especialidade. Ribeiro aproveitou para clarificar que estes são exclusivos para pilotos do país organizador do evento.

“Por mim, faríamos um evento do WTCR trinta e duas vezes por ano e assim haveria mais oportunidades para pilotos de outros países. Mas a realidade é que temos 10 eventos e 30 corridas, o que já é muito. Tenho pena que não possamos receber todos, mas isto é uma Taça do Mundo e o nível precisa de ser restrito para ter algum valor”, explicou na altura o dirigente francês, clarificando que quer ter ” os melhores pilotos de carros de Turismo do mundo inscritos a tempo inteiro e sem restrições para quem quer que seja. A única restrição são os wildcards. Mas se um brasileiro ou um russo quiser fazer parte da grelha de partida tem sempre a possibilidade de correr a tempo inteiro.”

Contudo, na prova da Alemanha um dos ‘wild cards’ foi o dinamarquês Kris Richard, com a justificação que este dominava a língua alemã, ao passo que o checo Petr Fulín usufruiu da mesma benesse para correr na prova da Eslováquia.

O HM questionou o Eurosport Events sobre se os pilotos de Hong Kong e da China Continental, apesar de representarem uma Autoridade Desportiva Nacional (ADN) diferente, estariam habilitados a concorrer a um ‘wild card’ em Macau e se, da mesma forma, os pilotos da duas RAEs podem ser candidatos a um ‘wild card’ nas provas chineses do campeonato – Ningbo e Wuhan – mas não obteve uma resposta apesar das insistências.

6 Set 2018

Imobiliário | Empresa ligada a Onida Lam ameaça com processos e iliba Agnes Lam

Provas ou processos em tribunal. É esta a reacção da empresa TH Group face às acusações de que terá, alegadamente, burlado 56 investidores de Macau num projecto de investimento imobiliário na Indonésia

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]empresa TH Group ameaça processar os residentes que se queixaram na sequência dos investimentos feitos através do grupo na Indonésia, assim como a MASTV, canal que noticiou o caso. A reacção foi enviada, ontem, ao HM e vem assinada por Onida Lam, directora da empresa. Ao mesmo tempo, a também irmã de Agnes Lam iliba a deputada de ter tido qualquer papel ao longo de todo o processo, pedindo respeito pela “privacidade” da família.

Entre as queixas que denunciaram a alegada burla à MASTV, houve uma entrevistada que afirmou que os contratos de investimento na Indonésia foram considerados ilegais pelo Consulado Geral da Indonésia em Hong Kong. A entrevistada explicou, depois, que tinham sido dadas três razões para que os contratos não fossem válidos, nomeadamente o facto dos investidores não serem cidadãos indonésios, a falta de uma tradução em inglês e bahasa e, ainda, a inexistência de carimbos dos governos de Macau e da Indonésia.

A TH Group contesta este facto: “Os entrevistados e a MASTV devem fornecer a letra oficial do Consulado Geral da Indonésia em Hong Kong com as alegações dos contratos mencionados, assim como prova de que os contratos são ilegais”, é referido. “Caso contrário, a empresa reserva o direito de agir legalmente contra as pessoas e o órgão de comunicação social”, é acrescentado.

Outro dos motivos que poderá levar a tribunal as pessoas que denunciaram o caso são as possíveis “perdas causadas pelas notícias” à empresa, aos investidores, a Onida Lam e à sua família. “As alegações mencionadas e as notícias resultaram em danos graves à reputação da TH Group, a [Onida] Lam Sio Leng e à sua família, e causaram distúrbios na vida de Lam Sio Leng e da sua família”, é indicado.

Agnes Lam ilibada

No mesmo documento a deputada Agnes Lam é ilibada de qualquer ligação à empresa. “Recentemente, os órgãos de comunicação social e alguns amigos contactaram os membros da minha família. Eu, [Onida] Lam Sio Leng, declaro que tanto eu como as minhas actividades comerciais nada têm a ver com a minha família. Por favor, respeitem a privacidade da minha família”, escreve a directora da companhia.

Por volta de 2010, a TH Group, empresa de Macau, tornou-se num dos principais investidores no projecto “Indonesia Street City”, em Bintão, através da empresa PT Sun Resort. A troco de um investimento entre 600 mil e 800 mil dólares de Hong Kong, foi prometida uma vivenda na Indonésia aos investidores. No entanto, as obras ainda não estão concluídas, apesar de lhes ter sido prometido que tal aconteceria em 2015.

Segundo os queixosos, cerca de 56 as pessoas de Macau envolvidas nesta situação.
Devido aos atrasos, a empresa apresenta desculpas: “Lamentamos profundamente os atrasos verificados com o projecto. A PT Sun Resort e a TH Group Limited já explicara a situação e compensaram os investidores, de acordo com os contratos”, é frisado.

6 Set 2018

Porto Interior | Projecto para murete finalizado até ao final do mês

 

Até ao fim de Setembro, a DSAMA espera lançar os concursos públicos para a construção dos muretes e instalação de bombas para prevenir cheias no Porto Interior

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]projecto de construção de um murete removível para prevenir cheias na Zona do Porto Interior deve ficar concluído ainda este mês, arrancando depois os procedimentos para o lançamento dos concursos públicos. O ponto da situação foi feito, ontem, pela directora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), Susana Wong.

“As obras e as construções são sempre processos demorados. Tenho de admitir isso como um facto. Por exemplo, acabámos em Maio o estudo sobre o murete e as bombas que também vão ser instaladas [no Porto Interior]. Só que depois temos de dialogar com todas as pessoas e é complicado porque há muitas ponte-cais, passeios e até cabos no solo. É um projecto muito complicado”, afirmou Susana Wong. “Esperamos e queremos resolver todos esses problemas dentro deste mês. Depois podemos começar com o projecto e fazer os concursos públicos”, adicionou.

Segundo a responsável da DSAMA, os trabalhos vão decorrer ao mesmo tempo: “As obras vão ser todas feitas ao mesmo tempo, ao longo do Porto Interior, e não haverá diferentes fases”, apontou.

Susana Wong admitiu igualmente que tendo em conta a complexidade dos diferentes projectos, é muito difícil avançar com uma data que marque o fim das inundações no Porto Interior.

Qualidade da água

Ontem, a DSAMA lançou o “programa de garantia de qualidade de água em edifícios”, em parceria com a Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM), para incentivar condomínios a fazerem analises à água e limpezas frequentes dos tanques privados e canos.

O objectivo é garantir que a água fornecida pela SAAM mantem níveis de qualidade, quando chegam aos sistemas de abastecimento privado dos edifícios. Para isso, os prédios precisam de fazer análises à água uma vez por semestre, assim como proceder à limpeza do tanque. Neste momento, em cerca de 1300 edifícios altos, 255 já se comprometeram a participar.

“Não sei dizer se a qualidade da água nos edifício está garantida. A qualidade da água, antes de entrar nos prédios, é da nossa responsabilidade. Essa está assegurada. Mas não conseguimos saber o que se passa dentro dos edifícios. Podem haver edifícios com boa gestão e outras sem esse tipo de gestão. Também não há legislação para estas situações”, explicou Susana Wong, sobre a nossa iniciativa.

Ainda de acordo com a directora da DSAMA, as amostras de água devem ser feitas em laboratórios certificados, cuja lista vai ser revelada no final do mês no portal deste departamento do Governo. O preço das análises ronda as 2000 patacas.

Aceitar a realidade

Susana Wong reconheceu ontem que dificilmente a situação do lixo nas costas de Macau e nas praias vai sofrer alterações. Em causa está o facto de muito desse lixo ser trazido pelo Rio das Pérolas. “Existe sempre muito lixo porque as nossas águas são abertas. O rio vem desaguar nesta zona e também estamos próximos do mar. Esse assunto tem sido muito discutido internamente, para saber se há possibilidade de proteger a nossa praia”, explicou. “Estamos na foz do rio e temos de aceitar esta realidade. Tentamos fazer a limpeza o mais depressa possível. É um dos nossos trabalhos”, comentou.

6 Set 2018

Campeonato da Ásia de Futebol | Macau vence Guam mas falha apuramento

 

Desde 2003, altura em que foi criado o Campeonato do Este da Ásia de Futebol E1, a selecção de Macau nunca se conseguiu apurar. Este ano não vai ser diferente, depois da Mongólia ter ganho ontem às Ilhas Mariana por 9-0

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]selecção de Macau venceu ontem o Guam por 2-0, em jogo a contar para a primeira fase de apuramento para o Campeonato do Este da Ásia de Futebol E1.
Contudo, e como aconteceu nas edições anteriores, o facto da Mongólia ter derrotado as Ilhas Mariana, por 9-0, fez com que Macau tenha sido eliminado da competição ainda na primeira fase de apuramento, como acontece desde 2003.

Em relação ao primeiro encontro, que Macau perdeu por 4-1, o seleccionador local Iong Cho Ieng promoveu quatro alterações, além de mudar o esquema táctico de 5-3-2 para 4-4-2. Assim, Ng Wa Seng, Vernon Wong, Ng Wa Keng e Lei Ka Hou e Pang Chin Hang entraram para os lugares de Carlos Leonel, Ho Chi Fong, Chan Pak Chun, Lei Ka Him e de Lam Ka Pou, que estava castigado depois de ter sido expulso.

Nos primeiros dez minutos, a partida foi bastante intensa com as duas equipas a mostrarem pendor ofensivo. Com esta postura, as oportunidades foram surgindo para os dois lados.

Como tal, aos 14 minutos a selecção do Lótus colocou-se na dianteira do marcador, devido a um erro do adversário. Na marcação de um pontapé de baliza, o guarda-redes do Guam, Dallas Jaye, faz um passe curto para o colega Kyle Halehale. No entanto, o guamês, pressionado pela ofensiva de Macau, tentou devolver a bola ao guardião, mas falhou o passe. A bola acabou por ficar para Ho Ka Seng, que em posição lateral face à baliza, assistiu Lam Ka Seng, que só teve de encostar para o 1-0.

Em desvantagem, o Guam focou-se ainda mais em atacar. Mesmo assim, mostrou algumas dificuldades na altura de rematar à baliza e de criar oportunidades efectivas de golo.

Ao mesmo tempo, Macau mostrava-se uma equipa calma, tentando circular a bola e baixando o ritmo de jogo, como lhe interessava para manter a vantagem. Foi nesta toada que chegou o intervalo.

Golo vindo do banco

O segundo tempo não trouxe alterações significativas, apesar das substituições feitas pelos dois técnicos. Contudo, Iong Cho Ieng foi mais feliz nas escolhas, principalmente quando fez entrar, aos 65 minutos, o avançado Leong Ka Hang.

Aos 78 minutos, Leong mostrou ser a aposta certeira, quando num lance de contra-ataque deixa a defesa do Guam para trás e remata para o 2-0, com a bola a passar por entre as pernas do guarda-redes adversário.

A perder por dois golos, Guam não baixou os braços mas foi incapaz de marcar qualquer golo, naquela que foi a primeira vitória local neste apuramento de três jogos. Amanhã, a selecção de Macau entra em campo para defrontar as Ilhas Mariana às 13h. Já a Mongólia vai ter pela frente o Guam, em encontro marcado para as 17h.

Caso a Mongólia seja derrotada e Macau ganhe, as duas equipas ficam com seis pontos, mas como o critério de desempate é o confronto entre as duas equipas, a equipa do território fica eliminada, depois da derrota de Domingo, por 4-1.

5 Set 2018

DSAT vai “acompanhar de perto” a MOME

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) promete “acompanhar de perto” a empresa MOME LTD, que no passado dia 15 de Agosto lançou uma aplicação móvel para chamar táxis. Em causa está o facto da aplicação denominada mTaxi permitir que os clientes façam pagamentos extra, denominados como “prendas”, para garantir que os taxistas estão disponíveis nas alturas de maior movimento.

“A DSAT vai cooperar com o CPSP [Corpo de Polícia de Segurança Pública] para reduzir todos os tipos de comportamentos ilegais no sector dos táxis. A DSAT vai acompanhar de perto a empresa que disponibiliza a aplicação móvel para fornecer este serviço”, respondeu a entidade do Governo, após ter sido questionada sobre o assunto.

O organismo liderado por Lam Hin San deixou ainda um apelo aos passageiros para que relatem todas as situações em que são vítimas de cobranças excessivas.

Por outro lado, a DSAT explicou também que qualquer cobrança que não siga a tabela de preços é considerada ilegal. A penalização é uma multa de 1000 patacas. “A DSAT insiste que todas as pessoas que operam o serviços de táxis devem seguir o ‘Regulamento do Transporte em Automóveis Ligeiros de Aluguer”, que diz que é ilegal a cobrança “ao passageiro de uma importância diferente da legalmente fixada na tabela de tarifas”.

Finalmente, o Governo explicou que as aplicações que oferecem serviços para chamar táxis em Macau não precisam se registar, uma vez que as leis definem que as funções da DSAT neste campo se limitam a “conceder alvarás de táxis e fiscalizar a respectiva actividade”.

Tradição antiga

Lançada a 15 de Agosto, a aplicação mTaxi permite que os clientes paguem “prendas” aos taxistas, quando pedem o serviço. No entanto, a prática está enraizada no território há vários anos e utilizada nas alturas em que há maior procura do serviço.

Por sua vez, a MOME LTD é uma empresa que se dedica a desenvolver soluções de marketing e aplicações móveis e é uma subsidiária da MacauPass, companhia de pagamentos electrónicos. Joe Liu é a cara mais conhecida da empresa, que fundou. Além disso, o empresário, filho de Alfred Liu e sobrinho de Liu Chan Wan, membro do Conselho do Executivo, é também director da empresa de autocarros Transmac e da própria MacauPass.

5 Set 2018

Imobiliário | Agnes Lam nega envolvimento em actividades da irmã

A deputada reagiu ao caso dos 56 residentes alegadamente burlados em investimentos imobiliários na Indonésia e diz ter ajudado a fazer a ponte entre a empresa envolvida, a TH Group Limited, e os queixosos que foram ao seu gabinete

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]gnes Lam nega ter estado envolvida nos investimentos angariados por Onida Lam, sua irmã, feitos através da TH Group Limited, e diz que o caso está a ser tratado pelos advogados da empresa em Macau. Foi desta forma que a legisladora reagiu, ontem, ao caso em que 56 residentes terão sido alegadamente burlados, depois de lhes ter sido prometida a venda de vivendas num projecto imobiliário na Indonésia, a troco de quantias que variaram entre as 600 mil e 800 mil patacas.

“Nunca participei em qualquer investimento operado pela TH Group Limited. Nunca comprei imobiliário na Indonésia, nem nunca guiei qualquer grupo de investidores à Indonésia por qualquer motivo”, declarou Agnes Lam, num comunicado emitido ontem. “Fui eleita deputada pela primeira vez em 17 de Setembro de 2017. Por isso, qualquer acusação sobre ter utilizado o estatuto de deputada para persuadir as pessoas a investir há cinco anos atrás simplesmente não é verdade”, acrescentou.

O caso veio a público depois de um grupo de seis investidores ter reunido com Agnes Lam, no mês passado, após terem sido informados pelo Consulado Geral da Indonésia em Hong Kong que os contratos que tinham assinados com a empresa não eram reconhecidos. Contudo, os investidores disseram à MASTV que os mesmos contratos tinham sido validados pelo próprio consulado.

Queixas em Fevereiro

Na nota publicada ontem, Agnes Lam reconhece ainda que já tinha conhecimento da situação desde Fevereiro. Foi nessa altura que a sua irmã, na condição de directora financeira da empresa, lhe garantiu que o caso ia ser resolvido.

“Em Fevereiro deste ano fui contactada por um indivíduo que disse que o promotor do projecto tinha falhado no cumprimento do contrato dentro do prazo previsto. Nessa altura, tentei perceber os detalhes do plano e avancei com a queixa desse indivíduo para um dos investidores do projecto, a empresa TH Group Limited, e para a directora de operações da empresa, a senhora Onida Lam, que também é minha irmã”, reconhece Agnes Lam. “A empresa respondeu e informou-me que estava a acompanhar o assunto e que este seria lidado da forma mais apropriada”, frisou.

Apesar do episódio de Fevereiro, Agnes Lam voltou a reunir-se com um conjunto de seis investidores, a 23 de Agosto. Nessa data, os alegados lesados pediram à deputada que intercedesse no sentido de se organizar um encontro entre estas pessoas e a sua irmã, com o objectivo de “resolver a disputa comercial e tratar de eventuais compensações”. O encontro com Onida Lam acabou por não ser agendado. Em vez disso, a empresa forneceu o contacto do advogado que está a lidar com o caso.

“Entrei em contacto com a empresa, que me respondeu que tem um advogado para lidar com o caso. Depois, falei com os seis investidores e dei-lhes o contacto desse advogado”, relatou a deputada.

No comunicado, Agnes Lam escusa-se a mais comentários alegando que “a empresa é gerida por uma familiar”, o que a coloca numa posição em que “não pode fazer mais comentários”.

O HM tentou também apurar junto da Polícia Judiciária se o caso está a ser investigado, mas a força de segurança não respondeu em tempo útil.

5 Set 2018

Trabalho | Empregada ameaçou saltar do 14.º andar do Hospital Kiang Wu

Uma funcionária de limpeza de 52 anos vai ficar sem contrato de trabalho e terá de regressar ao Interior da China. Por esse motivo, ameaçou saltar do 14.º andar do Hospital Kiang Wu, onde trabalha em regime de subcontratação. Após meia-hora de conversa com as autoridades, a mulher voltou atrás

 

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma empregada de limpeza do Hospital Kiang Wu ameaçou saltar do 14.º andar do edifício por motivos laborais. O incidente requereu a intervenção dos bombeiros e polícia que demoveram a mulher do suicídio após cerca de meia-hora de conversações. O caso aconteceu na manhã de ontem, e na sua origem esteve o facto da empresa de é funcionária – uma companhia de limpeza subcontratada pelo Hospital Kiang Wu – ter dito à mulher de 52 anos que não deseja renovar-lhe o vínculo laboral.

Eram 8h52 quando o Corpo de Bombeiros foi alertado para o facto de uma empregada de limpeza que trabalha no Hospital Kiang Wu ter subido ao 14.º andar com a intenção de saltar para a morte. Após o alerta, Bombeiros e PSP deslocaram-se para o local para evitar o suicídio.

“O incidente envolveu um trabalhadora de 52 anos do Interior da China, que está em Macau como mão-de-obra importada, ou seja com um cartão-azul. Depois de conversar com o bombeiros e polícia, acabou por ir para um lugar seguro, por volta das 9h25”, disse, ao HM, um porta-voz dos bombeiros.

“Ela estava no 14.º andar e queria saltar do edifício. Mas foi ficando por lá, sem saltar, enquanto falava com as autoridades. Durante esse tempo, queixou-se sempre que não estava satisfeita com a situação laboral”, acrescentou a mesma fonte.

Por sua vez, o Corpo da Polícia de Segurança Pública explicou que na origem do desespero da mulher esteve o facto de o seu vínculo laboral estar prestes a não ser renovado pela empresa subcontratada. Uma realidade que faz com que tenha de abandonar o território e regressar ao Interior da China, caso não consiga encontrar uma proposta de trabalho na área para transferir o cartão-azul.

“Na origem da situação esteve o facto da empresa não querer renovar o contrato de trabalho com a mulher”, adiantou fonte da PSP, ao HM. “A mulher desempenhava tarefas de empregada de limpeza no Kiang Wu, mas o contrato é com uma empresa subcontratada”, esclareceu a mesma fonte.

Episódios recentes

Apesar da administração do Kiang Wu não estar directamente envolvida na situação, esta não é a primeira vez que surgem queixas no hospital sobre as relações laborais com a administração.

Ainda em Julho deste ano, o deputado Sulu Sou anunciou ter recebido queixas de que o Hospital Kiang Wu tinha ameaçado com despedimento os enfermeiros que procurassem candidatar-se a vagas de emprego no sector público. Mais tarde, a administração do hospital negou as ameaças, mas admitiu ter pedido aos seus trabalhadores que procuram outros postos para entregarem as cartas de demissão, citando “questões de segurança dos pacientes”.

O Hospital Kiang Wu confessou também, em declarações ao Jornal Ou Mun Iat Pou, que tem perdido muitos enfermeiros nos últimos meses para o sector público. A unidade hospitalar privada é propriedade da família do Chefe do Executivo, Chui Sai On.

5 Set 2018

Táxis | Aplicação da MOME permite oferecer “prendas” para chamar taxistas

mTaxi é o nome da aplicação lançada pela empresa de Joe Liu que permite o pagamento de um montante extra, conhecido como ‘prenda’, para aumentar as hipóteses de chamar um táxi com sucesso

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]aplicação móvel mTaxi, que permite aceder ao serviço de táxis no território, está a ser colocada em causa, devido à opção que tem de oferta de “prendas” a taxistas. “Prenda” é o termo utilizado no sector para os incentivos monetários dados pelos clientes com o objectivo de atrair um táxi quando o passageiro é informado que todas as viaturas estão ocupadas.

Segundo a informação disponível nas plataformas onde é possível descarregar a aplicação, esta foi lançada no dia 15 de Agosto e é propriedade da empresa MOME LTD, uma subsidiária da empresa MacauPass. Também de acordo com a descrição da mTaxi, esta é a aplicação do género em Macau com maior número de taxistas registados para fornecerem os seus serviços.

O HM entrou em contacto com a MOME para compreender o funcionamento do pagamento de “prendas” e a decisão de integrar este tipo de opção na aplicação móvel, mas até ao fecho da edição não recebeu qualquer resposta.
No entanto, para Andrew Scott, presidente da Associação dos Passageiros de Táxi de Macau (MPTA, na sigla inglesa) critica a inclusão da opção do pagamento de “prendas” e justifica que os preços que os taxistas podem cobrar estão definidos pela legislação em vigor.

“Os preços pagos pelo serviço de táxi são definidos pela DSAT. Na tabela de preços oficial não há qualquer referência a ‘prendas’. Todos percebemos que ‘prendas’ é um eufemismo para o pagamento extra, que encoraja os taxistas a irem ao encontro de determinado cliente durante as horas mais ‘ocupadas’”, começou por explicar Andrew Scott, ao HM.
“Se o taxista está disponível, tem a obrigação moral e legal de fornecer os seus serviços, independentemente do pagamento das chamadas ‘prendas’. A criação de um sistema de ‘prendas’ implica o pagamento extra de um montante que faz com que os taxistas fiquem disponíveis, enquanto que o não pagamento significa que os taxistas deixam de estar disponíveis. Não é uma forma justa de operar”, acrescentou.

Por esta razão, Andrew Scott defende que a Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) deve intervir. O HM contactou também a DSAT para perceber a legalidade desta opção, mas até ao fecho da edição não recebeu resposta.

Prática habitual

Segundo um conhecedor do sector dos táxis, que pediu para não ser identificado, a prática do pagamento de “prendas” está enraizada no sector local. A diferença é que agora surge uma aplicação a traze-la abertamente a público.
“Os táxis pretos sempre recorreram às centrais [de telefone] e, por vezes, para angariarem um maior número de clientes usam esse sistema de ‘prendas’. As telefonistas dizem ao cliente que não há táxis disponíveis. Depois, o cliente oferece um determinado número de ‘prendas’, em que cada uma é, por exemplo, 10 patacas”, explicou a fonte, ao HM. “Depois, as operadoras comunicam por rádio essa informação do pagamento extra para que surja um taxista disponível”, completou.

Segundo a mesma fonte, o sistema é do conhecimento da DSAT há vários anos. “É uma questão cuja legalidade nunca foi muito bem explicada. Se uma pessoa oferece o montante por sua vontade, então não deveria ser ilegal. Mas, por outro lado, não consta na tabela de preços aprovada”, defendeu. “Na altura em que Wong Wan era o director da DSAT, e até antes, a questão foi discutida, mas a DSAT considerou que não existiam provas suficientes para a actuar”, revelou.

A empresa MOME LTD dedica-se a soluções de marketing e desenvolvimento de aplicações móveis e é uma subsidiária da MacauPass, companhia de pagamentos electrónicos. Joe Liu é a cara mais conhecida da empresa, que fundou. Além disso, o empresário, que é filho do empresário Alfred Liu e sobrinho de Liu Chan Wan, membro do Conselho do Executivo, é também director da empresa de autocarros Transmac e da própria MacauPass.

4 Set 2018

TCR China | André Couto dominou fim-de-semana em Ningbo

 

Duas vitórias e um terceiro lugar numa corrida que acabou interrompida devido à chuva valeram a André Couto um fim-de-semana quase perfeito, na segunda ronda do Campeonato TCR China

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ndré Couto dominou a segunda ronda do Campeonato TCR China com duas vitórias em três corridas no Circuito de Ningbo, na província de Zhejiang. Ao volante do Honda Civic Type-R da equipa Macau MacPro Racing, o piloto local foi ainda o primeiro classificado em todas as sessões de treinos livres e de qualificação.

“Foi um fim-de-semana muito positivo em que até à última corrida era impossível fazer melhor. Estive sempre no topo da tabela e senti que o meu andamento e o do carro eram superiores ao da concorrência”, disse André Couto, ao HM.

“Foi um feito importante porque estou a representar uma equipa de Macau, que está a fazer os esforços possíveis para ter uma estrutura muito profissionalizada e que procura ter uma dimensão superior ao que normalmente acontece com as equipas do território. São resultados importantes”, sublinhou.

Na primeira prova, André Couto arrancou do primeiro lugar da grelha de partida e depois foi aumentado a distância para os adversários volta após volta. No final, somou uma vantagem de 16,9 segundos para o segundo piloto, Zhu Zhen Yu, em Volkswagen. Já o terceiro classificado foi Li Lin, também em Volkswagen, a uma distância de 25,6 segundos de André Couto.

“Na primeira corrida nunca levantei o pé. Apesar de sentir que estava com um andamento superior, foquei-me em adaptar-me ao carro e aprender mais. Felizmente, consegui e fiz a corrida sozinho e sem qualquer problema”, relatou.

Na segunda prova de sábado, a tarefa de André Couto foi ainda mais fácil. O piloto convidado pela Macau MacPro Racing terminou com uma vantagem de 31,1 segundos para Zhou Bi Huang (Volkswagen) e de 42 segundos para Kang Jian Zhong, também da MacPro Racing.

“Na segunda corrida trocámos as afinações, principalmente na frente do carro e notei que o andamento melhorou bastante. Aproveitámos ainda para testar mais o carro, o que foi positivo”, frisou.

Corrida interrompida

Já na corrida de ontem, a última do fim-de-semana, devido à inversão da grelha, André Couto arrancou de terceiro e precisou de apenas uma volta para saltar para a liderança. Contudo, a chuva, que embaciou o vidro frontal do Honda, fez com que perdesse a posição na sexta volta, quando entrou nas boxes para trocar de pneus.

“Quando começou a chover, o carro ficou embaciado e tive de guiar através da janela lateral. Tinha a linha branca como referência e o conhecimento do circuito. Depois, quando entrei nas boxes para mudar de pneus e tentar resolver o problema, a corrida foi interrompida”, relatou. “Foi a decisão correcta. Estava a chover demasiado e era impossível continuar”, acrescentou.

André Couto ficou assim a atrás de Sunny Wong (Volkswagen) e de Tang You Xi (Honda). Apesar deste desfecho, André Couto não se mostrou desiludido por ter falhado o fim-de-semana perfeito: “As corridas são assim, são situações que acontecem. O mais importante foi o andamento mostrado e os pontos somados para a equipa, que é de Macau”, frisou.

3 Set 2018

Exército | Governo Central pondera abrir serviço militar a residentes de Macau

Pequim está a equacionar a possibilidade dos residentes de Macau, Hong Kong e Taiwan se alistarem no Exército de Libertação do Povo Chinês. Actualmente, os residentes estão impedidos de entrar no exército, apesar de haver uma guarnição no território

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo Central está a equacionar a hipótese dos residentes de Macau, Hong Kong e Taiwan se alistarem no Exército de Libertação do Povo Chinês. A revelação foi feita pelo porta-voz do Ministério da Defesa, Wu Qian, em resposta a questões sobre a obrigatoriedade dos estudantes das duas regiões especiais na Universidade de Tsinghua serem obrigadas a cumprir um treino militar.

“Alguns compatriotas de Hong Kong mostraram a vontade de se alistarem no exército e contribuir para a causa da defesa nacional”, começou por frisar Wu Qian, segundo o portal Yahoo. “Damos boas-vindas ao entusiasmo patriótico das pessoas de Hong Kong. As entidades competentes estão a estudar os diferentes pontos de vista”, acrescentou.
Apesar da questão ter sido focada especialmente em Hong Kong, caso seja criado um regime para os residentes da RAEHK, o mesmo deverá acontecer em Macau.

Para o presidente da Associação dos Jovens Macaenses, Jorge Valente, a possibilidade dos jovens de Macau integrarem o Exército de Libertação do Povo Chinês é positiva, desde que seja feita de forma voluntária.

“De uma forma geral e no seguimento das políticas de maior integração, nomeadamente através da Grande Baía, é um passo que faz todo o sentido e que é positivo, desde que seja voluntário”, disse Jorge Valente, ao HM.

“Estamos a falar de pessoas que nasceram já depois de 1999, na RAEM, e que são chinesas. É destes jovens que estamos a falar. Por isso, se houver esta alteração, não vejo mal nenhum. Até faz sentido. Já não faz grande sentido serem barradas de uma carreira como militares”, acrescentou.

Jorge Valente frisou ainda que a participação no exército deve partir da decisão do eventuais interessados.

Por sua vez, o activista e pró-democrata Jason Chao recusa dar o apoio à medida, mas sublinha que o assunto “não merece oposição”, desde que o alistamento seja feito de forma voluntária.

“Caso seja adoptada, esta é uma medida que considero que não merece oposição. Mas também gostava de frisar que apesar de respeitar a liberdade dos residentes de Macau se tornarem ‘soldados’, repúdio qualquer política que encoraje as pessoas a envolverem-se em confrontos armados”, declarou.

Política de integração

Para o ex-membro da Associação Novo Macau, esta é uma medida que tem como objectivo promover a integração de Macau e Hong Kong no Primeiro Sistema. “Tal como acontece com as iniciativas da Grande Baía e atribuição de direitos de residência no Interior da China para as pessoas de Macau e Hong Kong, o facto de se abrir o Exército de Libertação do Povo Chinês a pessoas das regiões é mais uma política para promover a integração de Hong Kong e Macau no Primeiro Sistema”, justificou. “É uma medida que não se baseia nas necessidades do exército, mas antes na existência de um plano de promoção da integração de Macau e Hong Kong no Primeiro Sistema”, acrescentou.
Segundo a Constituição da República Popular a China o serviço militar é obrigatório para todos os cidadãos do sexo masculino. No entanto, na prática, o alistamento acaba por ser voluntário, mediante o cumprimento de determinadas características físicas.

3 Set 2018

Imobiliário | Irmã de Agnes Lam associada a burla a investidores locais

Onida Lam, irmã da deputada Agnes Lam, é apontada como a representante local de uma empresa da Indonésia que criou um esquema que pode envolver até 44,8 milhões de dólares de Hong Kong

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]erca de 56 residentes foram burlados após terem investido entre 600 mil e 800 mil dólares de Hong Kong num projecto de imobiliário na Indonésia, através de uma empresa em Macau. O caso envolve um montante entre os 33,6 milhões e 44,8 milhões e foi revelado pela MASTV. Os investimentos foram feitos através da empresa TH Group Limited, representada no território por Onida Lam, irmã da deputada Agnes Lam.

Segundo as condições propostas, os investidores comprariam vivendas, em construção, no projecto “Indonesia Street City”, na ilha de Bintão, a troco de uma quantia entre 600 mil e 800 mil dólares de Hong Kong.

Além disso, havia a possibilidade de arrendar a propriedade à empresa após a conclusão das obras, prevista para 2015, pelo que a TH Group Limited prometia um retorno que poderia chegar aos 200 por cento do valor investido.

No entanto, desde 2015 que os investidores esperam pelas vivendas e agora o Consulado da Indonésia em Hong Kong, que alegadamente verificou os contratos na altura do investimento, considerou os documentos ilegais. Além destas dificuldades também a representante em Macau da empresa, Onida Lam, tem-se mostrado incontactável. Um facto que levou alguns lesados a entrar em contacto com deputada Agnes Lam, como admitiu uma investidora, que pediu anonimato.

“Tentámos contactar a deputada Agnes Lam e no encontro, que decorreu na semana passada, ela disse-nos que a irmã lhe tinha admitido que pelo menos 56 investidores no projecto eram de Macau”, afirmou a lesada à MASTV.

A captação de investimento em Macau terá, alegadamente, acontecido há mais de cinco anos.

Consulado em xeque

Um outro investidor, que também pediu o anonimato, explicou o papel do Consulado Geral da Indonésia em Hong Kong em todo o caso.

“Na altura, trouxemos o contrato e fomos ao Consulado Geral da Indonésia”, começou por dizer. “Mas agora apontaram-nos que, em primeiro lugar, não somos residentes da Indonésia, segundo, o contrato não foi elaborado numa versão inglesa, além da versão em bahasa, e, em terceiro, dizem que como não tem o carimbo do Governo de Macau e da Indonésia que não é um contrato completo. Ou seja, mesmo que as infra-estruturas fossem construídas dentro do prazo previsto, não podíamos receber as propriedades porque não são nossas”, relatou.

Ainda de acordo com os investidores, a representante local da empresa TH Group Limited apontou, ao longo dos anos, as chuvas intensas em Bintão e um diferendo jurídico entre os representantes em Macau da empresa e a casa-mãe, na Indonésia, como motivos para os atrasos. No entanto, a empresa local não se mostrou disponível para reembolsar os investimentos e Onida Lam tem estado incontactável.

O HM tentou igualmente contactar a legisladora Agnes Lam até à hora de fecho, sem sucesso.

3 Set 2018

Jogos Asiáticos | Macaense Paula Carion falha participação por não ter passaporte da RAEM

A medalhada atleta de karaté Paula Carion vai falhar os Jogos Asiáticos de 2018 devido a mexidas nos regulamentos que a impossibilitam de participar por não ter o passaporte da jurisdição que vai representar. Macau pediu aprovação especial, mas a organização não aceitou

 

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi no início do mês, a sensivelmente duas semanas do arranque dos Jogos Asiáticos de 2018, a ter lugar na Indonésia, que a atleta macaense Paula Carion foi informada da impossibilidade de participar no evento desportivo realizado de quatro em quatro anos. Tudo porque, ao abrigo de novas regras, os atletas têm de possuir passaporte da nacionalidade do país/território que representam para serem elegíveis e Paula Carion utiliza o passaporte português.

A má notícia foi-lhe transmitida pela Federação de Karaté-do de Macau que, por sua vez, foi avisada pelo Instituto do Desporto e pelo Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM). Mais do que sentir pena por falhar os Jogos Asiáticos, em que era suposto terminar a carreira de atleta, Paula Carion ficou antes “chocada” porque foi apanhada desprevenida. “Não recebi qualquer alerta” relativamente à possibilidade de não ir aos Jogos Asiáticos por não ter passaporte da RAEM.

A atleta macaense participou, com as cores da RAEM, nas três edições anteriores dos Jogos Asiáticos (2006, 2010 e 2014), nos quais conquistou três medalhas de bronze, utilizando o passaporte português para a acreditação.

“A vida continua”, sublinhou ao HM a atleta, de 35 anos, que iniciou a sua carreira de atleta em 1998, contando com mais de duas dezenas de medalhas internacionais, incluindo a de ouro dos Jogos da Ásia Oriental de 2005, que tiveram lugar em Macau. Essa conquista valeu-lhe, aliás, o Título Honorífico de Valor, atribuído pelo Governo da RAEM. “Tenho orgulho das minhas contribuições e resultados nos últimos 20 anos”, afirmou Paula Carion, esperando “continuar a contribuir para o karaté e para o desporto de Macau”, nomeadamente a ajudar a “produzir mais atletas de alto nível”.

Aprovação especial

O HM contactou o Instituto do Desporto (ID), que trabalha com o Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM) nesta matéria, no sentido de perceber qual foi a posição adoptada perante a mudança de regras. Em resposta, o organismo indicou que o CODM tomou diligências, após ter recebido notificação do Comité Organizador dos Jogos Asiáticos da Indonésia, dando conta de que os atletas que representam o país/região devem possuir o passaporte da mesma nacionalidade para poderem ser elegíveis.

“Ao receber essa notificação, o CODM envidou esforços contínuos para comunicar e explicar os antecedentes históricos e especiais de Macau, esperando que pudessem aceitar essas razões, como tem acontecido nas edições anteriores, e ter assim a aprovação especial dos nossos atletas. No entanto, recebemos a resposta final do Comité Organizador e do Conselho Olímpico da Ásia informando que executarão [as regras] estritamente com base na nacionalidade do passaporte, e assim, respeitaremos a decisão”, diz a resposta enviada ao HM.

Mais acrescenta: “Entre a nossa delegação, todos os nossos atletas estão qualificados para solicitar o passaporte da RAEM. Como tal, alguns dos nossos atletas afectados compreenderam a situação e agiram prontamente, solicitando os passaportes da RAEM. No entanto, houve também atletas que tomaram a sua decisão por motivos pessoais e entenderam não solicitá-lo”.

A 18.ª edição dos Jogos Asiáticos, a decorrer nas cidades indonésias de Jacarta e Palembang, arranca no próximo sábado, dia 18, terminando a 2 de Setembro. Macau vai estar representada por 109 atletas em 16 modalidades.

16 Ago 2018

Carta de Pereira Coutinho que fala de “ataques pessoais” a Sulu Sou não foi traduzida

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho revelou ontem ao HM que a carta que enviou ao presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, a criticar a sua postura numa sessão plenária contra o deputado Sulu Sou, ainda não foi traduzida de português para chinês.

“O presidente Ho Iat Seng está preocupado com a imagem que quer manter, até porque vai ser candidato a futuro Chefe do Executivo. Ele limitou-se a dizer que não têm tempo para traduzir. Estamos a falar de um documento que foi entregue há 10 dias”, contou.

Coutinho acrescentou que a carta continua no gabinete do presidente da AL apenas na versão original. “Ele só diz que não tempo. Foi o que me disse pessoalmente. Diz que os tradutores não têm tempo.” De frisar que, no hemiciclo, apenas três deputados dominam o português: José Pereira Coutinho, Iau Teng Pio e Vong Hin Fai. Os restantes dominam apenas o chinês ou o chinês e inglês.

Na carta enviada a Ho Iat Seng, Pereira Coutinho acusa-o de ter dado uma “bronca” a Sulu Sou e de lançar um “ataque pessoal” contra o pró-democrata.

“Inadequada, injusta e claramente para além do papel que está incumbido de cumprir”. É desta forma que o deputado José Pereira Coutinho define a “bronca” de Ho Iat Seng a Sulu Sou, quando o presidente da Assembleia Legislativa (AL) frisou no Plenário que o legislador tinha recebido o salário sempre, apesar de estar suspenso. Este debate, sobre a lei de reunião e manifestação, aconteceu no passado dia 30 de Julho.

Ho Iat Seng criticou fortemente Sulu Sou, recordou ao deputado que lhe tinha sido pago o salário, apesar de estar suspenso, frisou que o legislador tinha criado trabalho extra aos funcionários da AL e terminou a pedir-lhe que fosse ler as regras do hemiciclo. Na origem da reprimenda esteve o facto de Sulu Sou ter sugerido que a lei voltasse para a comissão de análise, após ter apresentado um requerimento rejeitado, na manhã do próprio dia, a sugerir que fosse o Chefe do Executivo a autorizar as manifestações, em vez do Corpo de Polícia de Segurança de Pública.

16 Ago 2018

AL | Vong Hin Fai confessa que reacção a discurso de Sulu Sou foi de cariz político

Sulu Sou usou o trocadilho “Assembleia de Lixo”, para referir a opinião de um segmento da população sobre o hemiciclo, num discurso que vai ser analisado em sede de comissão após protesto de Vong Hin Fai. O legislador queixoso recusa a ideia de condicionamento à liberdade dos deputados e explica que o acto é político, porque não há consequências legais para a eventual infracção às regras do regimento

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m acto político legal e legítimo para defender a necessidade de respeito à Assembleia Legislativa (AL) e para que os deputados cumpram os seus deveres. É desta forma que Vong Hin Fai justifica o pedido de protesto em que acusou Sulu Sou de ter infringido o regimento, ou seja as leis que definem as condutas dos deputados, quando proferiu a expressão “Assembleia do Lixo”, na semana passada.

Quando falava das nomeações dos deputados para a AL pelo Chefe do Executivo, o pró-democrata considerou que esta realidade “contribui para a Assembleia Legislativa continuar a ser, nas palavras dos cidadãos, a “Assembleia do lixo”.

Apesar de citar uma expressão popular, que nasceu das semelhanças fonéticas das palavras em chinês para Assembleia Legislativa e Assembleia do Lixo, Vong Hin Fai acabou mesmo por apresentar um protesto e a Comissão de Regimento de Mandatos vai analisar a questão.

“Sinceramente, considero que chamar a Assembleia Legislativa de lixo é uma expressão ofensiva para a dignidade da Assembleia. Como deputados, temos o dever de respeitar a dignidade daquela casa”, afirmou Vong Hin Fai, ao HM.

Segundo Vong Hin Fai, quando Sulu Sou utilizou a expressão “Assembleia do Lixo” infringiu o regimento e o estatuto dos deputados. No primeiro caso, o também advogado justificou o protesto com o Artigo 71.º, que define que “o orador é advertido pelo Presidente [da AL] quando se desvia do assunto em discussão ou quando se torne injurioso ou ofensivo”. Na altura, Ho Iat Seng não advertiu Sulu Sou, mas aceitou o protesto de Vong Hin Fai, enviando o caso para análise na Comissão de Regimento de Mandatos, liderada por Kou Hoi In. O secretário da comissão é o próprio Vong Hin Fai.

Em relação ao Estatuto dos Deputados, Vong considera que está em causa o Artigo 38.º, que define que os legisladores devem “respeitar a dignidade da Assembleia Legislativa e dos Deputados”.

Sem efeitos práticos

Ao mesmo tempo, Vong frisa que o protesto se enquadra dentro do regimento e que não limita a expressão dos deputados no hemiciclo. “Limitei-me a invocar o regimento da Assembleia Legislativa e apresentei o meu protesto, de acordo com o que está estipulado”, explicou. “Não se pode dizer que a minha conduta coloque em causa a imunidade dos deputados ou o uso da palavra na Assembleia Legislativa. Está tudo previsto no regimento”, justificou.

Contudo, é o próprio Vong Hin Fai a reconhecer que o protesto terá poucos efeitos na prática, uma vez que os diplomas citados não definem consequências para as infracções. Também por isso admite que se tratou de um acto político, sem implicação na liberdade dos deputados.

“É preciso ver o texto do diploma do regimento, mas eu não vejo resposta para estas questões no regimento, nem no estatuto. Mesmo a Lei Básica, no artigo 79.º, define que os deputados ‘não respondem judicialmente pelas declarações e votos que emitirem nas reuniões da Assembleia Legislativa’. Por isso, tratou-se de uma reacção política”, frisa.

Em relação aos procedimentos da Comissão de Regimento de Mandatos para analisar as declarações, apesar de ser secretário, Vong Hin Fai remeteu explicações para o presidente Kou Hoi In. “A comissão vai reunir para analisar as declarações. Mas os procedimentos e a forma como vão decorrer os trabalhos vai ser decidida pelo presidente”, revelou.

A reunião da comissão só vai decorrer depois das férias da AL, que terminam em Outubro.

Casos semelhantes

Esta não é a primeira vez que a expressão “Assembleia do Lixo” foi utilizada. O anterior secretário para a Segurança, Cheong Kuoc Va utilizou a expressão “Assembleia do Lixo” numa sessão de apresentação das Linhas de Acção Governativa, por volta do ano de 2005.

A atitude de Cheong Kuoc Va foi recordada por Au Kam San, também em Plenário, em 2008, para referir a “má-imagem” da AL junto da população. Na altura, o gabinete de Cheong Kuoc Va emitiu um comunicado a negar as declarações.

“Recorda-se que, há alguns anos, determinada intervenção do secretário Cheong Kuoc Va na Assembleia Legislativa criou confusão devido à forma de pronúncia de uma palavra”, consta no comunicado. “Em certo momento, já com voz afectada e ligeiramente afónico devido ao longo tempo de utilização das cordas vocais, exprimindo-se de forma mais lenta e com dificuldades de pronúncia, disse algo que, devido às condicionantes físicas e efeitos do som dos microfones, foi, provavelmente, mal entendido pela audiência”, foi justificado.

Confrontado com a situação, Vong Hin Fai afirmou que não se recorda do caso.

Também no passado, alguns deputados utilizaram expressões do calão, que não originaram qualquer protesto. Pelo menos uma vez, o ex-deputado nomeado Fong Chi Keong usou a expressão “vai-te f…”, e Vítor Cheung Lup Kwan, em 2015, quando se discutia as alterações à lei do tabaco, utilizou a expressão altamente ofensiva “pok gai”, que numa tradução literal significa “cai morto”. Em relação a estes casos, Vong Hin Fai disse não se recordar bem, mas indicou que no último caso o presidente da AL, Ho Iat Seng, pediu a Vítor Cheung para se retratar, durante a sessão.

Guerra de facções

Segundo analistas políticos ouvidos pelo HM, a utilização de critérios diferentes e a abertura de um processo de investigação às declarações de um deputado tem contornos de guerra entre campos opostos.

“O processo até pode ser visto como uma forma de tentar limitar a liberdade de expressão de um deputado, mas considero que se trata principalmente de situação direccionada, quase exclusivamente, ao deputado Sulu Sou”, disse Éric Sautedé, académico.

Sulu Sou

O analista política recorda ainda o caso da suspensão do democrata, para reforçar o argumento de que é o alvo número um do campo tradicional: “Se nos recordarmos que 28 deputados votaram a favor da suspensão, é fácil provar que o campo tradicional não aceita facilmente o seu regresso à Assembleia Legislativa porque ele é visto como a personalização dos desafios ao sistema”, opina. “Mas, neste caso, os deputados estão claramente a apontar à árvore, em vez de pensarem na floresta”, rematou.

Larry So também considera que o facto de haver um critério mais apertado para Sulu Sou se justifica com a realidade de ser de um campo político oposto. “O Sulu Sou é um deputado de um campo diferente do tradicional. É isso que faz toda a diferença para situações anteriores. Qualquer que seja a sua acção, o campo tradicional vai atacá-lo. São de campos diferentes. Em grande parte o campo tradicional está a utilizar todos os meios disponíveis para descredibilizar Sulu Sou”, explicou Larry So, analista político.

“Existe uma estratégia concertada para descredibilizar Sulu Sou. Ele vai precisar de ter muito cuidado porque está na corda bamba. O campo tradicional não vai deixar passar nenhuma oportunidade de suspendê-lo ou mesmo expulsa-lo da Assembleia Legislativa”, acrescentou.

Perdas políticas

No entanto, a estratégia de atacar tudo o que Sulu Sou faz pode mesmo não render dividendos ao campo tradicional. Segundo Larry So, os tradicionais arriscam passar uma imagem de intolerância face a factos menores, como a utilização de linguagem do dia-a-dia.

“Acredito que as pessoas que falam de política nas ruas ou mercados, mesmo que não se revejam em Sulu Sou, vão questionar como é possível reprimir tanto um deputado, que só está a utilizar uma expressão que elas mesmo usam. Na óptica destas pessoas trata-se de um pormenor que muito dificilmente justifica qualquer repreensão”, contextualizou o analista. “ Por isso, neste sentido não acredito que os deputados tradicionais vão conseguir ganhos políticos com esta investigação junto das pessoas”, concluiu.

 

Também tu, Chan Chak Mo?

Além do secretário Cheong Kuoc Va e de Au Kam San também o deputado Chan Chak Mo usou a expressão “Assembleia do Lixo”, em 2012. O caso aconteceu a 9 de Maio desse ano, durante a discussão da lei eleitoral. No âmbito de um debate sobre os deputados eleitos pela via indirecta e nomeados, Chan Chak Mo sentiu-se injustiçado. “Algumas pessoas disseram que tenho feito um trabalho meritório, e eu não reagi, outras pessoas dizem que somos a Assembleia do Lixo, é uma coisa que não me honra, mas acho que fiz um bom trabalho”, afirmou o deputado, segundo a página 49 da versão chinesa da colectânea “Alteração à Lei n.º 3/2001 Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa da RAEM”, que consta no portal da AL. Na versão em português, o extracto surge na página 249, mas a tradução omite esta parte do discurso.

Coutinho: Decisão surpreendente e abusiva

Para o deputado José Pereira Coutinho, a decisão de Ho Iat Seng de mandar o protesto ser investigado foi “surpreendente e abusiva”. “O deputado Vong Hin Fai pode dizer o que quiser, mas a decisão do presidente da Assembleia Legislativa é surpreendente e abusiva. Houve também injustiça na sua actuação [Ho Iat Seng], uma vez que devia ter cedido a palavra a Sulu Sou”, disse José Pereira Coutinho, deputado, ao HM. “Sulu Sou devia ter voltado a falar para explicar as suas declarações, devia ter tido o direito ao contraditório face ao protesto e não teve”, acrescentou. O legislador recordou também o caso do ex-secretário para a Segurança, Cheong Kuoc Va: “Ele disse muitas vezes que a Assembleia é lixo”, frisou.

Agnes Lam: Protesto é compreensível

Segundo a deputada Agnes Lam, é compreensível que alguns deputados se tenham sentido insultados pela utilização da expressão “Assembleia do Lixo”, uma vez que foi apontada aos legisladores nomeados. “A ideia com que fiquei sobre o discurso é que para remover o lixo da Assembleia Legislativa é necessário retirar os nomeados. Quando se diz algo desta forma e se aponta o dedo a alguém, acaba por ser compreensível que haja pessoas que não se sintam bem com as declarações”, afirmou Agnes Lam, ao HM. “Considero que Vong Hin Fai tem todo o direito de se sentir infeliz com as declarações”, justificou. Para a deputada a diferença face ao passado é que Sulu Sou “usou o termo para descrever alguns deputados”.

16 Ago 2018

Compradores do Pearl Horizon pedem interpretação da Lei de Terras pela Assembleia Popular Nacional

A União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon quer que o Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) faça uma interpretação da Lei de Terras. Por essa razão, a associação liderada por Kou Meng Pok entregou, esta tarde, uma petição junto do Gabinete de Ligação do Governo Central da RAEM.

“A sociedade está divida sobre o assunto da Lei de Terras. Há quem defende que deve ser alterada, há pessoas que acham que é possível haver outras soluções. Mas o Chefe do Executivo foi ao plenário e não levou uma solução, também não apresentou um calendário para rever a lei. Por isso, entendemos que é necessário que seja o Governo Central a intervir nesta questão, com uma interpretação”, disse Kou Meng Pok, aos jornalistas.

A União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon acusou ainda o Executivo de adoptar dois pesos e duas medidas, conforme as situações. Kou Meng Pok recordou o caso das obras do Parque de Materiais e Oficina dos Metro Ligeiro. Apesar de ter havido um erro no concurso público da obra do metro, os trabalhos nunca pararam.

Assim, quando a empresa que contestou o concurso venceu a acção nos tribunais contra o Executivo, o Governo evocou o interesse público e o facto dos trabalhos estarem praticamente concluídos para não implementar a ordem do Tribunal de Última Instância. A alternativa poderá passar por uma compensação à empresa prejudicada pelo erro do concurso público.

“Entendemos que deveria haver um novo julgamento do Pearl Horizon, até porque o Governo teve dois pesos e duas medidas. Por exemplo, no caso do Parque de Materiais e Oficina dos Metro Ligeiro as obras nunca pararam, por isso o projecto está quase finalizado”, começou por defender Kou.
“Mas no Pearl Horizon as obras também estava a decorrer, mas mesmo assim o Governo obrigou a que os trabalhos fossem abortados. Houve um critério diferente, que viola o princípio da justiça e da boa-fé”, acrescentou.

Pedidos anteriores

Esta não é a primeira vez que a associação faz um pedido semelhante junto do Gabinete de Ligação, mas importa recordar que no passado não obteve qualquer resposta oficial. No entanto, Kou Meng Pok expressou a esperança que haja um desfecho diferente, devido ao facto do Tribunal de Última Instância já se ter pronunciado sobre a situação.

Recorde-se que o TUI considerou que o Governo agiu de forma legal ao recuperar o terreno, após o fim do prazo dos 25 anos da concessão. No entanto, foi realçado que a Polytex, empresa responsável pelo empreendimento, poderá recorrer aos tribunais para pedir uma eventual compensação, caso se sinta lesada.

14 Ago 2018