Hotel Estoril, à mercê de maus hábitos

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m Junho deste ano o Executivo da RAEM divulgou que o arquitecto Siza Vieira, encarregado da intervenção no local do antigo Hotel Estoril, teria proposto o desenvolvimento de um novo projecto, porque considera que o actual edifício não integra o importante património cultural de Macau.
À margem de qualquer correspondência material do que fora proferido, ou mesmo da possibilidade de o mestre se ter enganado, emerge um hábito recorrente de discurso institucional que usa o argumentum ad verecundiam ou argumentum magister dixi, o qual apela para a palavra da autoridade a fim de validar um raciocínio, no seguinte formato:
X profere P sobre assunto A.
X carrega autoridade sobre o assunto A.
Logo, P está correcto.
Isso consubstancia um raciocínio inválido quando a conclusão se baseia exclusivamente na credibilidade do autor da proposição e não nas razões que ele apresentou para sustentá-la.
Isso é hábito que se disseminou no discurso institucional da RAEM e é transversal a qualquer iniciativa que usa o mesmo formato para justificar ou contradizer actos de administração pública.
Já na visita guiada de dia 15 de Setembro ao edifício do antigo Hotel Estoril, outro hábito persistente foi o de encarregar o Sr. Eng. Costa Antunes de desenvolver informação junto da comunicação social e de suscitar ao auditório dessa comunicação social confianças que não assistem, nomeadamente sobre os desígnios das substâncias arquitectónicas, e logo no seguimento do que já protagonizou para a demolição da Torre de Controlo do edifício do Grande Prémio. hotel estoril
Por outro lado reconhece-se ser menos habitual o facto de o Presidente do Instituto de Desporto da RAEM admitir, na mesma ocasião, que o arquitecto encarregado “melhor poderá desenhar as possibilidades e tomar outras decisões ou escolhas”. Em verdade, é exactamente para isso que os arquitectos são treinados, desenvolvem experiência e neles recai confiança. Mas também confiança que, uma vez expressa, não é para ser retirada, só porque assim deixou de ser institucionalmente conveniente, sob pena de se fazer disso outro mau hábito.
Hábitos que não são bons, mas moldam a cultura urbana, persistem por falta de modelos de gestão e de tipificação de intervenções, fazem de cada caso um caso, servem de palco de discussões difusas e nada orientadoras, acabam por pôr em causa estilos de governação, quando confrontados com outros, menos participativos, todavia mais certeiros.
 
Escrito pelo arquitecto Mário Duarte Duque

18 Set 2015

Fronteiras | Homem detido por ameaçar guarda com faca

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Alfândega afirmaram ontem que um homem de nacionalidade estrangeira ameaçou um guarda alfandegário, munido com uma faca pequena e uma chave de fendas, para que o mesmo o deixasse passar a fronteira das Portas do Cerco. O indivíduo foi detido, segundo informaram as autoridades. Um comunicado do Gabinete do Secretário para a Segurança indica que o homem apresentava um comportamento alterado e, por isso, o guarda ameaçado permitiu a passagem do mesmo para a China continental. Durante a passagem, os guardas do outro lado da fronteira conseguiram, depois de avisados por Macau, prender o transgressor.

18 Set 2015

Chile | Forte sismo faz pelo menos dez mortos

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m sismo de magnitude 8,3 na escala de Richter sacudiu na noite de quarta-feira o Chile e obrigou a retirar para zonas mais seguras cerca de um milhão de pessoas, já que foi emitido um alerta de tsunami. O abalo fez pelo menos dez mortos, entre os quais três homens e duas mulheres.
A Agência de Geologia dos Estados Unidos inicialmente avançou que o sismo tinha sido de 7,9, mas entretanto emitiu uma nova nota em que aumentou a magnitude para 8,3. Foi também lançado um alerta de tsunami para a costa chilena por parte da Marinha daquele país. O abalo aconteceu no mar às 19h54 locais a 11 quilómetros de profundidade e a 71 quilómetros de Illapel – uma cidade que é capital da província de Choapa, que fica a norte da capital do país, Santiago do Chile.
Por precaução, as autoridades estão a deslocar para zonas mais elevadas todos os habitantes da zona costeira afectada. Até porque, lembra a Reuters, um dos objectivos é evitar uma catástrofe semelhante à de 2010, altura em que as autoridades foram acusadas de ter agido de forma demasiado lenta, o que fez com que um tsunami matasse centenas de pessoas. sismoChile
“Lamentamos a morte de cinco cidadãos chilenos. Estimamos o número de evacuados em um milhão de pessoas”, precisou à AFP o subsecretário do Ministério do Interior chileno, Mahmoud Aleuy. O responsável garantiu ainda que este é “o sexto tremor de terra mais forte da história do Chile e o mais forte de 2015 à escala mundial”.
Os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequeno (2,0-2,9), pequeno (3,0-3,9), ligeiro (4,0-4,9), moderado (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grande (7,0-7,9), importante (8,0-8,9), excepcional (9,0-9,9) e extremo (superior a 10), explica a Lusa.

*Com Lusa

18 Set 2015

Património | Chui Sai On diz que há espaço para progredir

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Chefe do Executivo congratulou-se ontem com a atenção e consciência da população na defesa do património cultural da cidade, mas defendeu que existe “ainda espaço para progredir” na revitalização desse legado histórico.
“Ao longo desta década – o património da cidade foi classificado pela UNESCO em 2005 -, os cidadãos de Macau, na sua generalidade, estão cada vez mais atentos e conscientes da importância da salvaguarda do nosso património cultural”, disse Chui Sai On na rubrica “Palavras do Chefe do Executivo”, publicada na página oficial do governante.
Salientando que o Governo se tem “empenhado” na salvaguarda do património de Macau, o líder do Governo entende, no entanto, que no que “respeita à revitalização do património mundial cultural” existe “ainda espaço para progredir”. chui sai on
E para isso, assinalou, Macau está a trabalhar seguindo as boas práticas de outros países e regiões.
“Continuaremos a adoptar medidas adequadas de salvaguarda do património mundial dotado de valor universal, a auscultar a opinião pública, e simultaneamente proceder a consultas e ouvir sugestões junto das entidades competentes do país, das organizações internacionais especializadas nesta área e de especialistas em património mundial”, disse.

Amar o lar

No artigo, sob o título “Amar o Património Mundial, Amar o nosso belo lar”, Chui Sai On sustenta que o Património Mundial “é um tesouro dotado de valor universal e um legado da história multicentenária” da cidade e que “o futuro promissor de Macau é inseparável do valor incalculável deste tão rico tesouro dotado de valor universal”.
Chui Sai On, que em 2005 durante o processo de candidatura e reconhecimento por parte da UNESCO era o Secretário dos Assuntos Sociais e Cultura com a pasta do Turismo e área cultural, recorda ainda o processo apresentado por Macau com o apoio do Governo central chinês e de entidades e peritos nacionais e internacionais.
O líder do Governo de Macau frisa ainda ser “dever de todos” a protecção e valorização do património cultural da RAEM. LUSA/HM

16 Set 2015

Administração | Receitas caem 32,3% até fim de Agosto

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s receitas das Administração caíram até ao final de Agosto 32,3%, para 72.704,9 milhões de patacas, mas a execução orçamental continua positiva. Dados provisórios da execução orçamental entre Janeiro e Agosto indicam que as receitas totais do Governo foram de 72.704,9 milhões de patacas, o que reflecte uma queda de 32,3% face aos primeiros oito meses de 2014 e traduzem 68,1% do total previsto para os 12 meses do ano.
As receitas correntes valeram aos cofres 71.815,9 milhões de patacas, menos 32,8% do que nos primeiros oito meses de 2014, e representavam 67,7% do que estava previsto para 2015.
Entre as receitas correntes, os impostos directos arrecadados valeram 61.507,5 milhões de patacas, menos 34%, e estavam executados em 66,3%.
Nesta rubrica, o imposto especial sobre o Jogo, no valor de 35% das receitas brutas apuradas pelos operadores, permitiu o encaixe de 58.588,6 milhões de patacas, menos 35,5% do que nos primeiros oito meses do ano passado, mas a traduzir 68,2% do que está previsto para 2015.
A quebra de receitas da Administração fica a dever-se à queda das receitas mensais do sector do Jogo em casino e a importância destas verbas está reflectida no peso do imposto especial no orçamento: 80,6% das receitas totais, 81,6% das receitas correntes e 95,3% dos impostos directos.
Já no campo da despesa, o Executivo gastou 43.852 milhões de patacas, mais 25,5% do que entre Janeiro e Agosto de 2014 e a representar 49,9% do que estava previsto.
Apesar de apresentarem um aumento de 67,8% face aos primeiros oito meses de 2014 e de terem uma despesa realizada de 2.017,3 milhões de patacas, os Investimentos do Plano (PIDDA) contabilizam no final de Agosto 13,7%.
Entre receitas e despesas, a Administração realizou um saldo de 28.863 milhões de patacas no período compreendido, menos 60,2% do que entre Janeiro e Agosto de 2014, mas a representar 153,5% do que foi inscrito como previsão de saldo positivo para 2015.

15 Set 2015

Lei Trabalho | Pedida recompensa da sobreposição de feriados

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) espera que a revisão da Lei das Relações Laborais resolva o problema da falta de recompensa na sobreposição de feriados obrigatórios e dias de descanso, por considerar que só a negociação entre trabalhadores e empregadores não atinge os resultados. Segundo o Jornal Ou Mun, foi realizada na quarta-feira passada uma reunião onde foram recolhidas opiniões sobre a revisão desta lei por duas associações subordinadas da FAOM. O director da Associação de Empregados das Empresas de Jogo Macau, Choi Kam Fu, apontou que existem funcionários que esperam que a lei  revista consiga exigir que os patrões paguem aos empregados os dias de descanso quando houver sobreposição dos feriados obrigatórios e dias de descanso. “O Governo sugeriu que os empregadores negoceiem com os trabalhadores, mas actualmente existem mais de 80 mil trabalhadores de Jogo e, face às operadoras, eles são vulneráveis e é difícil atingir resultados na negociação”, frisou.
 

11 Set 2015

Mosaico do Hotel Estoril reservado para outro local

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, afirmou que o mosaico da fachada do antigo Hotel Estoril poderá ser colocado num outro local. Ao canal chinês da Rádio Macau, Alexis Tam disse que, depois de consultar todos os dirigentes das escolas e institutos, visto o futuro do Hotel ser um centro de actividades de jovens, foi concluído que manter o painel naquele sentido não faria sentido. Por isso, o Secretário considera que este poderá ser aproveitado para ser colocado num outro sítio ainda a definir.

11 Set 2015

Novo hospital pode ter calendário em Outubro

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lexis Tam, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, disse ontem que o colega das Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, poderá indicar no próximo mês a data e os custos do novo hospital público. O responsável da Saúde falou na TDM, dizendo que “a parte do projecto de engenharia e do orçamento é da responsabilidade do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, temos estado a trabalhar em conjunto e acredito que no futuro, talvez já no próximo mês, os departamentos relevantes e o próprio Secretário venham falar em pessoa sobre o orçamento e o calendário”.

11 Set 2015

Macao Water lança aplicação para smartphones

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Macau Water lança este mês a aplicação móvel (app) “administrador de uso de água”, destinada a facilitar os utentes dos serviços da empresa. A app vai permitir consultar ou pagar facturas, pedir avisos por mensagem, ler as últimas notícias e ter acesso a informações relativas a análises laboratoriais da qualidade da água e de aviso de obras. Os cidadãos podem ainda notificar a Macao Water de casos de ruptura de canos, fugas e utilizações irregulares. O download desta app pode ser feito gratuitamente em sistemas IOS e Android.

11 Set 2015

Português | IPOR quer afirmar Macau como centro de promoção

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente (IPOR) quer contribuir para a afirmação de Macau como centro de promoção do Português na Ásia, voltando a assumir um papel na coordenação de projectos de promoção da língua na região.
Em declarações aos jornalistas, João Neves, director do IPOR, salientou o posicionamento estratégico da Macau na região Ásia-Pacífico para a consolidação do ensino da Língua Portuguesa e, por outro, como centro de desenvolvimento de conhecimento e de materiais de apoio, áreas nas quais o Instituto está igualmente empenhado.
O director do IPOR falava à margem do Encontro de Pontos de Rede de Ensino de Português Língua Estrangeira na Ásia, que ontem teve início nas instalações do Consulado Geral de Portugal em Macau com a participação de docentes radicados em Goa, Pequim, Seul, Banguecoque, Hanói, Xangai e Jacarta.
“Queremos contar com estes leitores, e, por via deles, estreitar, no futuro, também as ligações às universidades de onde provêm e a outros agentes de promoção do Português nesses países”, explicou.
Para João Neves é fundamental “convocar estes saberes que estão disseminados por estes países na região (…) para projectos em conjunto que cumpram objectivos comuns, por exemplo, de elaboração de materiais para as novas plataformas tecnológicas ou para os fins específicos que estão na base da procura do Português na região”.
A estes oito leitores, que integram a rede do Camões I.P., João Neves acrescentou os 11 docentes do IPOR (e a colaboração de professores de escolas oficiais de Macau e de universidades locais), referindo tratar-se de um núcleo de enorme qualidade, “cujas experiências queremos pôr em partilha e potenciar”.

Difícil e em Inglês

Ensinar Português na Ásia nem sempre é tarefa fácil como salientou Pedro Sebastião, destacado na Universidade de Hanói, onde a licenciatura de Português “é recente e tem a nota mais baixa para entrada na universidade”.
Apesar dos 200 alunos, Pedro Sebastião, que é acompanhado por seis professores vietnamitas, reconhece um interesse económico no Português já que o Brasil, Angola ou Moçambique possuem embaixadas no Vietname e pretende encontrar estratégias que motivem alunos “pouco trabalhadores” e com “receio de enfrentarem dificuldades”.
Em Jacarta, a João Soares faltam professores já que, sendo o único, tem entre cem a 150 alunos por semestre, mas vinca que “há um grande potencial de crescimento” num país onde a grande dificuldade é colocar em prática o que se aprende na aula.
Por outro lado, acrescentou, a estratégia de divulgação “teria a ganhar” se, pelo menos no nível de iniciação, os manuais estivessem em Inglês, a primeira língua de contacto entre professor e aluno.
Com maior implantação, o ensino do Português em Goa continua em desenvolvimento e tem anualmente cerca de 1500 alunos a aprender, dos quais 200 na universidade e 700 nas escolas secundárias.
Apesar do número de professores ser superior a 25, Delfim Correia da Silva salienta que encontros como o de Macau e a partilha de experiências entre os docentes de vários países “são fundamentais para o desenvolvimento da língua” e para que os professores trabalhem de frente e não de costas voltadas.

11 Set 2015

Pequim investiga alegado sequestro de cidadão pelo EI

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo chinês disse ontem que está a investigar o alegado sequestro de um cidadão pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), anunciado ontem na revista ‘jihadista’ Dabiq, distribuída na rede social Twitter.
Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou em conferência de imprensa que as autoridades chinesas estão a investigar o caso, sem confirmar a veracidade do mesmo.Fan Jinghui
Na imagem publicada pelo Dabiq, surgem dois homens, um cidadão norueguês de 48 anos, identificado como Ola Johan Grimsgaard-Ofstaf, e um chinês, Fan Jinghui, identificado como sendo natural de Pequim.
Na fotografia, os homens vestem um traje amarelo e envergam um cartaz com a inscrição “à venda”.
A China vincula grupos como o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, que opera na região autónoma chinesa de Xinjiang, habitada pela minoria étnica muçulmana Uighur, com organizações extremistas como o EI.
Em Março, as autoridades chinesas anunciaram a detenção de vários grupos de alegados terroristas que lutaram com o EI e regressaram depois à China, sem avançar quantos.
A China não faz parte da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, e que integra mais de 60 países, entre árabes e ocidentais, contra as posições ocupadas pelo EI no Iraque e na Síria.
 

11 Set 2015

“Transformação da economia chinesa está repleta de dificuldades e incertezas”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse ontem que a transformação da segunda maior economia do mundo está repleta de dificuldades e incertezas, mas assegurou que o país não é uma fonte de incerteza na economia mundial.
“Vai ser uma transição dolorosa e um processo sinuoso”, afirmou Li Keqiang, perante uma audiência internacional, no segundo dia do Fórum Económico Mundial ‘Summer Davos’, em Dalian, importante cidade portuária no nordeste da China.
A liderança chinesa está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas “insustentável”, crescimento económico.
Neste contexto, “altos e baixos na performance da economia são difíceis de evitar”, disse Li, designando o actual momento como “natural”, perante as mudanças em curso.
Nas últimas semanas, os mercados financeiros internacionais caíram abruptamente, após dados negativos sobre o comércio externo chinês e o persistente abrandamento na segunda maior economia do mundo.

Fonte de crescimento

“A China não é uma fonte de risco para a economia mundial, mas uma fonte de crescimento”, considerou Li Keqiang, lembrando que o país contribuiu com 30% do total da expansão económica global na primeira metade do ano.
No primeiro semestre de 2015, o Produto Interno Bruto chinês subiu 7%, face a 2014 – o valor mais baixo desde 2009 -, exactamente dentro da meta fixada pelo Governo.
Esta semana, um relatório da câmara do comércio da delegação da União Europeia em Pequim refere que “as adversidades da economia chinesa só poderão ser superadas se as autoridades corrigirem os seus velhos métodos”.
“O Governo chinês deve evitar as suas tendências proteccionistas, que continuam a restringir o acesso legítimo ao mercado”, lê-se no relatório a que a Agência Lusa teve acesso.
Dois anos após a liderança chinesa ter reconhecido o “papel decisivo do mercado” na vida económica do país, o documento refere que existem “avanços, mas também recuos”, e aponta a ausência do primado da Lei e a excessiva intervenção governamental como os principais obstáculos à reforma económica no país.

11 Set 2015

Educação Cívica | Professores confusos com disciplina, apontam lado político

A um ano da disciplina de Educação Cívica ser obrigatória no ensino de Macau, os professores ainda não se sentem preparados sobre o que vão ensinar aos alunos. Dizem que o tema poderá ter um cunho político e questionam-se como é que vão avaliar os estudantes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]um ano do início da Educação Cívica obrigatória no ensino primário em Macau, depois de este ano ter começado na pré-primária, são muitas as dúvidas dos professores sobre uma disciplina que foi repudiada em Hong Kong. Em que consiste ‘amar a pátria’? Como é que tal sentimento é avaliado? Os alunos podem criticar o comportamento da China? Com que impacto para as suas notas? E os que não são chineses? Estas são algumas das questões levantadas por professores ouvidos pela agência Lusa.
A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) fala de objectivos educativos que passam pelo “reforço da consciência nacional e universalista dos alunos (…), da sua consciência cívica, com vista ao exercício de uma cidadania responsável”.
De acordo com o material a que já teve acesso, a professora primária Maggie Vai estima que entre 20 a 30% da disciplina incida sobre os chamados conteúdos patrióticos – incluindo a promoção do ‘amor à pátria’ – aqueles que levaram a uma rejeição da matéria no território vizinho.
“Não me parece muito relevante perguntar aos alunos se amam o seu país. Ensinar a história ou falar de figuras importantes, isso claro que sim. Devem conhecer [o país] mas isso tem de significar que o devem amar sem discutir?”, questiona.
Maggie Vai receia que exista um entendimento, não explícito, de que “Educação Cívica é amar Macau, o que equivale a amar a China, o que quer dizer amar o Partido Comunista”.

Chumbado por falta de amor

O livro recomendado – que não é obrigatório – usa uma linguagem que enfatiza a “valorização” da China e afasta a crítica, diz. “Se amam [a China], óptimo, mas se não amam deviam poder dizer por quê. Não vi [no material curricular] nada sobre a crítica, tudo tem de ser positivo”, comenta.
A avaliação é uma grande preocupação para a professora: “Como é que posso saber se amam o seu país? E o que significa chumbar um aluno a Educação Cívica? Que ele não tem moral?”.
Sobre a avaliação, a DSEJ garante que será abrangente, incluindo “observação do desempenho dos alunos nas aulas, registo das actividades”, interacção com o professor, “auto-avaliação dos alunos, avaliação entre colegas, intercâmbios com encarregados de educação e o pessoal envolvido”, além “dos exames tradicionais escritos”. educação patriótica
O mesmo tipo de preocupações tem o professor do ensino secundário Jack Ng, que ainda vai esperar dois anos lectivos para o ensino da disciplina. “A Matemática é algo fixo, a Educação Cívica é um pouco mais política, tem que ver com quem define a verdade e o que deve ser feito em sociedade. Acho que os professores não estão preparados para debater isto. Há um discurso que defende que devemos apresentar apenas uma resposta correcta”, alerta.
“O que significa amar um país? Podemos ser nós a definir esse amor ou temos de estar todos a falar do mesmo?”, questiona, lembrando que, apesar do manual recomendado pela DSEJ, uma publicação da China continental, não ser obrigatório, poucas escolas devem optar por criar o seu material, devido à já elevada carga de trabalho.

[quote_box_left]“Não me parece muito relevante perguntar aos alunos se amam o seu país. Ensinar a história ou falar de figuras importantes, isso claro que sim. Devem conhecer [o país] mas isso tem de significar que o devem amar sem discutir?” – Maggie Vai, professora primária[/quote_box_left]

E os outros?

Maggie Vai lembra ainda outro problema: e os alunos que não são chineses? Além da Escola Portuguesa de Macau, a cidade conta com alguns estabelecimentos de ensino internacionais e, ainda que minoritária, uma população estudantil estrangeira.
“Os alunos têm de reconhecer a sua nacionalidade como chinesa e conhecer a história da China. Mas e se não forem chineses? Temos tantos alunos internacionais”, critica.
Sobre a disciplina, a Escola Portuguesa de Macau explica que ainda não recebeu “directivas específicas”.
“Não sabemos bem o que a DSEJ pretende e não vale a pena falarmos do que não sabemos. Somos uma escola portuguesa e tem sempre de haver adaptações. Não estamos preocupados ainda”, diz à Lusa Zélia Mieiro, a vice-presidente da direcção da escola.

Macau silencioso

A disciplina de Educação Cívica foi repudiada em Hong Kong com milhares nas ruas em protesto e vai passar, agora, a ser obrigatória em Macau, onde não se espera oposição, apesar das dúvidas quanto ao ensino do conteúdo patriótico.
Uma reforma curricular tornou a matéria obrigatória nos estabelecimentos de ensino de Macau, entrando em vigor de forma faseada: este ano avançou apenas no ensino infantil, incluindo conceitos básicos, mas no próximo ganha forma de disciplina no ensino primário e nos anos seguintes no secundário geral e complementar.
Em Hong Kong, onde se chamava Educação Nacional, não chegou a sair do papel. Em 2012, uma agressiva campanha popular rejeitou a disciplina como obrigatória por receio de que tentasse forçar um sentimento de identidade nacional para com a China que muitos residentes de Hong Kong não subscreviam.
Em resposta à Lusa, a DSEJ refere que “a promoção da educação moral e cívica visa elevar a literacia moral dos alunos e as qualidades que devem possuir, enquanto cidadãos, incluindo dar a conhecer aos alunos a história e cultura da China e cultivar o seu sentido de pertença em relação ao país”.
Eric Chong, académico do Instituto de Educação de Hong Kong, que em Outubro vai abordar os “desafios da implementação da educação nacional em Hong Kong e Macau” numa conferência, prevê pouca resistência no território.
“As coisas são muito diferentes em Hong Kong. Temos uma identidade local muito forte, as pessoas sentem que é muito difícil aceitar a Educação Nacional, sentem que têm um sistema de valores muito diferente [do da China], ideias políticas muito diferentes”, explica.
Em Macau, “vai haver uma recepção muito mais fácil porque a ligação à China já existe”. “Já antes da transferência, muitos chineses que viviam em Macau queriam o regresso à China e acolheram com agrado a restauração da soberania”, lembra.
O académico explica que a criação destas disciplinas tem como objectivo a adopção plena da identidade chinesa, em particular nas regiões administrativas especiais.
“O Governo quer que os jovens do futuro tenham orgulho em dizer ‘Sou chinês’”, aponta. A introdução de tal matéria funciona como um último empurrão às transferências: “Nos jornais chineses falam sempre de uma ‘engenharia dos corações das pessoas’ para a qual a educação é uma área chave. Depois da transferência de soberania, o lado chinês sempre sentiu que as pessoas em Hong Kong, e talvez em Macau, ainda não tinham regressado, que não estavam a abraçar totalmente a identidade chinesa”.
Sublinhando que cabe à população de Macau pronunciar-se sobre o assunto, Chong alerta para alguns riscos de uma disciplina que tem sido politicamente conotada: “A ‘endoutrinação’ é uma das principais preocupações. Todos os governos querem cidadãos leais, obedientes e que os apoiem. Mas também se deve permitir que as pessoas tenham as suas próprias opiniões, um pensamento crítico”.

9 Set 2015

Diversificação da economia com MTC

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, disse ontem que a industrialização da medicina tradicional chinesa é “uma importante estratégia para a promoção da diversificação adequada da economia” local. Leong falava durante a cerimónia de assinatura de um protocolo de cooperação do parque de Medicina Tradicional e a Guangzhou Pharmaceutical Holdings Limited, documento que o governante considerou importante dado permitir vantagens para ambas as partes.
“A Guangzhou Pharmaceutical Holdings Limited aproveitará as vantagens políticas na zona de comércio livre de Hengqin e, ainda, as vantagens relativas ao projecto da plataforma internacional do Parque Industrial, acreditando que a cooperação entre as partes contribuirá para o sustentado desenvolvimento da indústria da medicina tradicional chinesa entre Guangdong e Macau”, disse.
O Secretário acrescentou ainda que acredita que a entrada da empresa chinesa no parque irá “impulsionar o modelo do desenvolvimento da abrangente indústria de saúde no Parque Industrial, e que, através do Parque Industrial, como plataforma internacional, a Guangzhou Pharmaceutical Holdings Limited poderá estabelecer contactos com os países lusófonos e com os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático, para exportar os seus próprios produtos de medicina tradicional chinesa”. O parque está em construção e a sua conclusão está prevista para 2017.
Mais recentemente, a equipa do Parque Industrial estabeleceu um acordo com o Fórum Macau “procurando estabelecer contactos com os países lusófonos, para a cooperação no âmbito do registo internacional e do comércio internacional”.

9 Set 2015

“O Desolado” candidato de Portugal a uma nomeação para Óscares

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] filme As Mil e Uma Noites, Volume 2: O Desolado, do realizador Miguel Gomes, é o candidato de Portugal a uma nomeação para o Óscar de melhor filme estrangeiro, anunciou esta segunda-feira a Academia Portuguesa de Cinema.
De acordo com um comunicado da Academia Portuguesa das Artes e Ciências Cinematográficas, aquele filme da trilogia de Miguel Gomes foi escolhido para representar Portugal na categoria de Melhor Filme Estrangeiro nos Óscares da Academia Americana de Cinema.
O Volume 2 conta com as interpretações dos actores Joana de Verona, Teresa Madruga, Gonçalo Waddington, Crista Alfaiate, João Pedro Bénard, Xico Xapas e Luísa Cruz nos papéis principais.
Este filme integra uma trilogia baseada no conto persa As Mil e Uma Noites, no qual a rainha Xerazade entretém o rei com histórias fantásticas para preservar a própria vida. o desolado974562
“As histórias contadas são sobre um país socialmente desesperado onde predomina o descontentamento. Esse país é Portugal”, sublinha o comunicado da Academia sobre o filme.
O júri da Academia que seleccionou o filme foi composto por Paulo Trancoso (produtor), Lauro António (realizador), André Szankowski (director de fotografia), Pedro Melo (director de som) e Miguel Monteiro (actor).
A estreia da longa-metragem de Miguel Gomes As Mil e Uma Noites, Volume 2: O Desolado, está marcada em Portugal para o dia 24 de Setembro.

9 Set 2015

UE e China investem 130ME em inovação

[dropcap style=’circle’]O comissário europeu, Carlos Moedas, anunciou ontem, em Pequim, um investimento conjunto anual, entre a União Europeia (UE) e a China, no valor de 130 milhões de euros, até 2020, na área da inovação.
“Queremos juntar a ciência fundamental com a capacidade de olhar para os clientes, e de compreender os novos modelos de negócio”, disse à agência Lusa Carlos Moedas, que detém a pasta da Investigação, Ciência e Inovação.
O comissário considera que o acordo, feito no âmbito do programa da UE Horizonte 2020, une a inovação ligada ao cliente, “em que a China está muito mais avançada”, e o “pólo de saber e da ciência fundamental” que é a Europa. conferÍncia de imprensa realizada na sede do Partido Social Democrata
O mecanismo de co-financiamento será suportado maioritariamente pela UE, com 100 milhões de euros, enquanto a parte chinesa investirá o equivalente a 30 milhões de euros.
Concebido para seis anos (2014-2020), o “Horizonte 2020” é o maior programa público de apoio à investigação e à inovação do mundo e está dotado com um orçamento de praticamente 80 mil milhões de euros, o equivalente a 8% do orçamento comunitário.

Da cooperação

Questionado sobre se a China é actualmente encarada mais como concorrente ou como parceira da UE, o comissário diz que “hoje em dia o mercado funciona de uma maneira, em que quem não coopera, não consegue sequer ser concorrente”.
Carlos Moedas reuniu-se na segunda-feira com o ministro da Ciência e Tecnologia chinês, Wan Gang, e com o presidente da Academia Chinesa de Ciências, Bai Chunli.
No mesmo dia, visitou a zona de Zhongguancun, no nordeste de Pequim, conhecida como a “Silicon Valley” da China: “Fiquei com uma impressão excelente. Vi empreendedores com grande fibra, com uma grande vontade de vencer, de construir empresas”. 6755068762_6e8558ae43_b
Ontem, o comissário partiu para Dalian, importante cidade portuária do nordeste da China, para participar do Fórum Económico Mundial “Summer Davos”, que decorre até ao dia 11 de Setembro e conta com a participação do primeiro ministro chinês Li Keqiang.
A China é actualmente o segundo maior parceiro comercial da União Europeia a seguir aos Estados Unidos, enquanto o ‘grupo dos 28’ é o principal destino das exportações chinesas.
Carlos Moedas, que não falou sobre política nacional, foi secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro português Pedro Passos Coelhos e um dos protagonistas nas negociações com os representantes da ‘troika’ – Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia.
Em Agosto de 2014, foi anunciado como o nome escolhido por Pedro Passos Coelho para representar Portugal na Comissão Europeia, integrando a equipa de Jean Claude Juncker.

9 Set 2015

Bolsa interrompida caso se registem oscilações de 5% ou mais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China planeia interromper as negociações nas bolsas, em caso de oscilações de 5% ou mais, numa medida que visa reduzir a volatilidade do mercado, de acordo com um comunicado das duas praças financeiras chineses.
Caso o índice das 300 principais companhias cotadas cair ou subir 5%, as autoridades vão suspender as negociações em ambas as praças de Xangai e Shenzhen por um período de 30 minutos, lê-se no comunicado.
Mas se o mesmo índice – que inclui empresas como o gigante bancário ICBC e estatais do sector energético como a PetroChina e a Sinopec – oscilar em 7%, as negociações serão interrompidas durante o resto do dia, acrescenta.
O documento refere que o mecanismo – designado por “interruptor” – vai “prevenir riscos na bolsa” e promover o “desenvolvimento estável e saudável do mercado de acções”.
Trata-se da mais recente medida adoptada pelas autoridades chinesas com vista a controlar o ‘estouro’ da bolha que levou a uma queda de 40% no Índice Composite de Xangai, desde o pico de Maio, e depois de ter valorizado 150% no espaço de um ano.

Estímulos excepcionais

Antes da abrupta desvalorização, o Governo chinês lançou um pacote extraordinário de estímulos, incluindo financiar uma empresa estatal para compra de acções, com vista a dinamizar o mercado.
O banco norte-americano Goldman Sachs estima que as autoridades chinesas tenham gasto 1,5 biliões de yuan para ‘segurar’ as bolsas, nos últimos três meses, segundo avança a agência de informação financeira Bloomberg.
De acordo com as medidas vigentes até à data, as acções individuais não podem subir ou descer mais de 10%.
O ministro das Finanças chinês disse na segunda-feira que os investidores que retenham acções durante mais de um ano beneficiarão de um alívio de 20% no imposto sobre dividendos, enquanto os que o façam por um mês serão favorecidos em metade da carga fiscal.
 

9 Set 2015

Selecção | Portugal à porta do Euro2016

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m golo de Miguel Veloso, já nos descontos, deixou Portugal a um ponto do apuramento directo para o Euro2016 de futebol, ao selar o triunfo por 1-0 na Albânia, em jogo do Grupo I.
Na Arena Elbasan, o médio voltou a vestir a camisola da selecção portuguesa passado um ano de ausência e, de cabeça, marcou o tento decisivo, aos 90+2 minutos, após um canto de Ricardo Quaresma.
Com tem sido hábito neste apuramento, Portugal esteve longe de ser brilhante, mas foi pragmático, chegou ao golo já quando o nulo era quase certo (tal como sucedeu na Dinamarca) e ficou com pé e meio no Europeu do próximo ano, em França.
Depois do desaire no arranque da campanha perante os albaneses, em Aveiro, a formação das ‘quinas’ alcançou um triunfo precioso na casa de um adversário directo e reforçou a liderança do Grupo I com 15 pontos, mais três que Dinamarca e quatro de Albânia.
Portugal, que somou a quinta vitória consecutiva no apuramento, todas pela margem mínima, repetiu o feito de 1996 e 2009 e continua com um recorde 100 por cento vitorioso nas viagens à Albânia.
Juntamente com Pepe, Miguel Veloso, antes do golo, já estava a ser uma das melhores unidades lusas em campo, num jogo em que Cristiano Ronaldo bem tentou regressar aos golos, mas demonstrou que precisa de afinar melhor a pontaria. thumbs.web.sapo
Bernardo Silva foi a surpresa no ‘onze’ de Fernando Santos, que também apostou em Miguel Veloso e Danny, e que voltou a prescindir de ter um ponta de lança, como tem sido hábito nos jogos fora, entregando as tarefas ofensivas a Ronaldo.
O seleccionador português regressou após castigo e assistiu no banco de suplentes a um início de parte muito disputado a meio-campo, com ambas a falharem muito no passe.
Com o passar dos minutos, mesmo sem grande brilhantismo, Portugal tomou as ‘rédeas’ do encontro, sobretudo após um remate perigoso de Ronaldo, que obrigou o guardião albanês a boa defesa, e um remate de Nani ao poste, em dois lances seguidos.
Pela primeira vez titular em jogos oficiais, Bernardo Silva apareceu descaído para o lado direito e deu classe à equipa portuguesa, enquanto Miguel Veloso encheu o terreno com vários roubos de bola, embora depois com pouco discernimento na altura de lançar o ataque.
A verdade é que Portugal, também com Pepe ‘imperial’ no centro da defesa, ‘secou’ a equipa albanesa na primeira parte, tanto que Rui Patrício tocou pela primeira vez na bola já o intervalo estava perto.
Sem jogar um futebol de ‘encher o olho’, a selecção portuguesa teve oportunidades para regressar aos balneários em vantagem, com Ronaldo (com os gritos Messi, Messi, Messi a crescerem nas bancadas) a testar novamente Berisha, aos 29 minutos, e depois Bernardo Silva, que, em boa posição, falhou o alvo, aos 39. ricardo-quaresma-17
Na segunda parte, Portugal entrou a pressionar mais alto e voltou a estar perto de marcar, em ambas as ocasiões por Danny, aos 56 e 60 minutos.
Com alguma surpresa, Bernardo Silva saiu para dar lugar a Quaresma, que praticamente não entrou em jogo, acabando a formação de Fernando Santos por perder alguma criatividade.
Com o passar dos minutos, o meio-campo luso foi perdendo intensidade e poder de choque, o que resultou na melhor fase da Albânia. Aos 75 minutos, Çikalleshi fez a bola embater com estrondo na barra da baliza de Rui Patrício, num lance em que a bola ainda tabelou em Ricardo Carvalho.
O jogo ficou ainda mais partido com a entrada de Éder para o lugar de Danny, uma aposta de risco de Fernando Santos e que deu lugar a um final frenético na Arena Elbasan.
A Albânia ganhou ascendente e até, a certa altura, ‘sufocou’ a selecção lusa, que mesmo assim voltou a estar perto de marcar por Eliseu, que, isolado por Cristiano Ronaldo, tentou o chapéu e falhou por centímetros.
Quando era quase certo o nulo, na marcação de um pontapé de canto, Miguel Veloso subiu mais alto e deu o triunfo a Portugal, aos 90+2 minutos, dando a melhor sequência a um cruzamento de Ricardo Quaresma, na direita.

9 Set 2015

Pedras gigantes superam Stonehenge e podem ser descoberta sem precedentes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rqueólogos acreditam que cerca de uma centena de monolitos descobertos a poucos quilómetros do misterioso monumento arqueológico de Stonehenge poderão ser a maior estrutura neolítica da Grã-Bretanha.
As pedras de 4,5 mil anos, algumas com mais de 4 metros de altura, estão enterradas a cerca de um metro de profundidade e foram identificadas com o uso de um radar no «Super-henge» de Durrington Walls, um enorme círculo de pedras, muito maior do que Stonehenge, na mesma região do monumento.
O monumento, que terá 1,5 km de circunferência e 500 m de diâmetro, é de uma «escala extraordinária» e único, de acordo com os pesquisadores. A área de Durrington Walls terá cinco vezes o tamanho de Stonehenge.
O grupo de cientistas do Stonehenge Hidden Landscapes está a trabalhar num mapa subterrâneo da área há cinco anos.
O novo monumento situa-se a apenas três quilómetros de Stonehenge e acredita-se que era um lugar destinado à realização de rituais.
As pedras foram erguidas ao lado de uma vala circular de cerca de 20 m de diâmetro.
Os cientistas descobriram que as pedras ficavam de pé, no que poderia ser um monumento mais impressionante do que o outro. stonehenge
«Pensamos que não há nada como isto no mundo», disse o investigador que liderou o grupo, Vince Gaffney, da Universidade de Bradford.
«Isto é completamente novo e a escala é extraordinária», sublinhou.
O uso de radar permitiu mapear estrutura sem fazer escavações.
A presença do que parecem ser pedras, cercando o local de um dos maiores estabelecimentos neolíticos da Europa, acrescenta um novo capítulo à história de Stonehenge.
As descobertas estão a ser anunciadas no primeiro dia do Festival de Ciência Britânico, na Universidade de Bradford.

9 Set 2015

Afeganistão | Envenenamento intencional de 600 afegãs

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s colégios femininos da cidade de Herat, a terceira mais populosa do Afeganistão estão em estado de alerta após o envenenamento premeditado de 600 alunas em oito dias e depois de esta segunda-feira outras 250 terem sido intoxicadas, informaram fontes oficiais.
As 250 estudantes envenenadas ontem, com idades entre os 8 e 17 anos, foram hospitalizadas depois de apresentaram um quadro de enjoo, vómitos e dores de cabeça após possivelmente inalar um tipo de gás quando entraram nas salas de aula, disse o porta-voz do Hospital Regional de Herat (HRH), Rafik Shirzai. veneno070915
«Agora, a situação está controlada. As meninas estão melhor após receber tratamento», explicou Shirzai.
Já o porta-voz do governo de Herat, Ehsanullah Hayat, afirmou que as autoridades já estão a trabalhar num novo plano de segurança para as escolas.
«Durante os últimos dias, enviamos forças de segurança para os colégios, principalmente os femininos», ressaltou, ao reconhecer que há falta de efectivos para proteger todos as escolas.

Investigação em curso

O governo local está a realizar várias reuniões de emergência, embora ainda não tenha esclarecido as causas das intoxicações e quem está por trás delas.
«Estamos a investigar seriamente o caso e continuamos à procura dos culpados», garantiu o porta-voz da polícia de Herat, Abdul Rauf Ahmadi.
A educação feminina tem aumentado consideravelmente em Herat. Somente no ano passado, do total de candidatos a uma vaga na universidade, 55% era do sexo feminino.
Os casos de intoxicações em escolas para meninas são bastante frequentes no Afeganistão e costumam estar rodeados de mistério. Os talibãs, tradicionalmente opostos à educação feminina, foram apontados por estas intoxicações no passado, mas porta-vozes dos insurgentes negaram envolvimento nestes factos e recentemente asseguraram que se governassem permitiriam que as mulheres estudassem.

9 Set 2015

Birmânia | Aung San Suu Kyi pede eleições livres e justas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, pediu ontem eleições livres e justas, no início da campanha eleitoral para a votação de 8 de Novembro, a primeira em décadas organizada por um Governo civil.
Suu Kyi considerou a eleição “um momento crucial” para o país e para a sua transição para uma democracia, num vídeo publicado na página de Facebook do seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (NLD, na sigla inglesa).
“Pela primeira vez em décadas, o nosso povo terá a oportunidade real de trazer uma mudança, é uma oportunidade que não podemos perder”, disse. Aung
“Esperamos que o mundo compreenda quão importante é para nós ter eleições livres e justas e garantir que o resultado será respeitado por todas as partes” acrescentou.
A Nobel da Paz pediu ajuda à comunidade internacional, solicitando que observe o processo eleitoral antes, durante e, “de forma crucial”, depois das eleições, para assegurar que a vontade dos birmaneses é respeitada.

Factores únicos

As eleições de Novembro serão as primeiras que a Birmânia celebra com um Governo civil em meio século, depois de, em 2011, a última junta militar se ter dissolvido e o poder transferido para o Governo formado por ex-generais após as eleições de 2010.
Essa votação foi boicotada pela NLD, que não pode apresentar Suu Kyi como candidata, que na altura estava em prisão domiciliária, da qual foi libertada uma semana depois.
A líder da oposição conseguiu um assento no parlamento em eleições parciais realizadas um ano depois, em que a NLD venceu o partido no poder (USDP).
No entanto, Suu Kyi não pode candidatar-se à presidência do país devido a uma disposição na Constituição, aprovada pelos militares, que veta ao cargo pessoas com familiares estrangeiros, como é o seu caso, já que os filhos de Suu Kyi têm passaporte britânico.

9 Set 2015

IPM | Alunos de países lusófonos deverão duplicar em 2016

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente do Instituto Politécnico de Macau (IPM) disse ontem que os alunos em intercâmbio dos países lusófonos deverão duplicar para cem no próximo ano lectivo, quando o instituto ganhar espaço nas antigas instalações da Universidade de Macau (UM).
“A falta de espaço é a primeira dificuldade com que nos deparamos na formação de bilingues”, afirmou Lei Heong Iok à agência Lusa, à margem de um seminário que decorre até terça-feira no IPM.
Em Agosto do ano passado, o Governo anunciou que as antigas instalações da UM, localizadas na Taipa, vão ser reservadas para o ensino superior, após terminada a respectiva transferência para a Ilha da Montanha. Várias universidades manifestaram interesse, tendo o Governo atribuído as concessões este ano.
“Felizmente, o Governo cedeu ao IPM cinco edifícios no antigo campus da UM. No próximo ano vamos deslocar para lá o nosso Centro Científico e Pedagógico da Língua Portuguesa e um dos edifícios será para dormitórios. Nessa altura, teremos melhores condições, em particular para os dormitórios”, explicou. IPM
Actualmente, as residências dos estudantes funcionam dentro do IPM, além de outros alojamentos fora do instituto.
Segundo Lei Heong Iok, o número de estudantes de intercâmbio de países lusófonos no IPM passou de cerca de 30 em 2014 para um pouco mais de 40 este ano e a meta é chegar a cem no próximo ano. A maior parte destes alunos vem de Portugal, nomeadamente no âmbito da licenciatura em Tradução e Interpretação Português/Chinês – Chinês/Português, em parceria com o Instituto Politécnico de Leiria.
Este ano, o IPM reforçou a oferta na área com o curso de Relações Comerciais China-Países Lusófonos, uma licenciatura que para Lei Heong Iok “resulta da consciência clara da importância do português no diálogo empresarial entre a China e a lusofonia”.
Também presente no seminário de ontem, o secretário-geral do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países da Língua portuguesa, Chang Hexi, salientou o aumento da procura de quadros bilingues em Macau, mas também no interior da China, graças ao desenvolvimento das relações económicas e comerciais com o universo lusófono e, em especial, às políticas de Pequim para estimular a internacionalização das empresas chinesas.
“Registou-se, nos últimos anos, um grande aumento de investimento chinês nesses países, pelo que, as empresas chinesas também carecem urgentemente de talentos bilingues”, referiu.
Chang Hexi estimulou ainda os participantes no seminário “a apresentarem propostas para um melhor aproveitamento das vantagens de Macau para o ensino bilingue”.

8 Set 2015

Jockey Club | Governo renova contrato de concessão por mais dois anos

Apesar das quebras consecutivas nos lucros e da torrente de críticas face às condições do Jockey Club, o Governo renovou por mais dois anos o contrato exclusivo para as corridas de cavalos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Macau Jockey Club conseguiu a renovação do contrato exclusivo das corridas de cavalos, apesar dos prejuízos e críticas às condições a que estão sujeitos os animais. O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, confirmou a renovação do contrato de concessão por um período de dois anos à Companhia de Corridas de Cavalos, que opera o espaço.
A decisão do Governo, que já tinha sido avançada a semana passada pelo Jornal Tribuna de Macau, não foi ainda publicada em Boletim Oficial, mas Lionel Leong disse na sexta-feira à imprensa que o novo contrato seguia os mesmos termos do que expirou a 31 de Agosto.
“O departamento relevante sugeriu a renovação da licença por mais dois anos. De acordo com a actual situação, devemos utilizar estes dois anos para procurar desenvolver mais o Macau Jockey Club. Isto fará com que estejam de acordo com o desenvolvimento económico, incluindo a posição de Macau como centro de turismo internacional”, disse Lionel Leong, citado pela TDM.
A renovação da concessão acontece numa altura em que a empresa tem prejuízos acumulados de 3,8 mil milhões de patacas até 2014. Apesar de anos consecutivos com as contas no vermelho, a empresa manifestou sempre o interesse de continuar. Numa resposta escrita à Lusa no início de Agosto, o director-executivo, Thomas Li, afirmou que o agravamento dos prejuízos de 2013 para 2014 “deve-se à tendência de baixa do volume de negócios, a qual é semelhante à experimentada pelo sector do Jogo em Macau e também noutros clubes de corridas na Ásia”.
As perdas da empresa arrastam-se, no entanto, desde 2005, enquanto a rota descendente das receitas brutas dos casinos só foi encetada em Junho de 2014.
Para fazer face a essa “tendência”, o Macau Jockey Club “considera que o mais importante é melhorar as instalações, bem como os serviços (…), sendo a primeira prioridade a renovação das pistas”. “Os futuros aperfeiçoamentos vão levar-nos em direcção a padrões internacionais e a atrair mais clientes”, acrescentou.

ANIMA desagradada

A renovação da concessão do Macau Jockey Club foi já contestada pela Sociedade Protectora dos Animais – ANIMA, que questiona a gestão da empresa e as condições em que vivem os cavalos, nomeadamente os já retirados das provas.
“Não conseguimos perceber (…) como é que uma empresa que está insolvente, quase tecnicamente falida, pode fazer mais. Modernizar o quê, se os estábulos estão a cair (…) e as instalações completamente degradadas? Durante tantos anos essa empresa foi incapaz de gerir o Jockey Club de forma eficiente e agora o Secretário [para a Economia e Finanças] entende que em dois anos esses senhores vão fazer um grande investimento”, disse o presidente da ANIMA, Albano Martins, na TDM.
“A ANIMA protestou junto do Secretário [para a Economia e Finanças] e enviou uma carta ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) para que a empresa seja investigada, porque nós não conseguimos acreditar como é que uma empresa que tem (quase) quatro milhões de patacas de prejuízos entende que deve continuar a fazer esse negócio”, acrescentou.
Dados consultados pela Lusa mostram que a Companhia de Corridas de Cavalos soma prejuízos anuais consecutivos desde 2005. O pior registo financeiro remonta a 2006 com perdas de 286,6 milhões de patacas. Desde 1999, teve lucros apenas em quatro anos, com o mais recente a remontar a 2004, de acordo com os mesmos dados.
Os anos seguintes oscilaram entre ligeiros altos e baixos, mas as contas mantiveram-se negativas até 2014, ano que encerrou com prejuízos de 51,2 milhões de patacas. As receitas das corridas de cavalos no cômputo do sector do Jogo: em 2014 totalizaram 306 milhões de patacas, ou seja, apenas 0,08%.

Já era

Numa visita, a Lusa viu que as corridas estão reduzidas a meia dúzia por mês e as bancadas estão [geralmente] “às moscas”. Funcionários do Jockey Club, que falaram sob a condição de anonimato, apontaram como principal motivo “a concorrência dos casinos” e também o facto de terem as obras do metro ligeiro – em construção – literalmente à porta há um par de anos.
“Com tantas construções à volta agora quase nem se percebe onde é a entrada”, afirmou uma funcionária. Esse argumento é utilizado para justificar, em parte, a degradação das infra-estruturas do local, com um desgaste visível incluindo nas áreas públicas.
O mau estado das infra-estruturas é do conhecimento público e foi inclusivamente exposto numa carta aberta de membros clube, cujos excertos foram reproduzidos pelo jornal South China Morning Post. Esta missiva surgiu pouco depois de um cavalo ter sofrido lesões na sequência da queda de um bloco de cimento do teto dos estábulos, o que o afastou temporariamente da competição.
Tanto as críticas dos membros do clube como as notícias de que as precárias instalações têm estado na origem de acidentes foram desvalorizadas pelo Macau Jockey Club na conversa com a Lusa.
“Às vezes as reparações podem demorar mais por causa do tempo ou dos materiais. Aconteceram um ou dois acidentes, mas estão sempre a decorrer reparações”, afirmou um dos responsáveis.
Em resposta escrita à Lusa, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) – que procede a fiscalizações não periódicas às cavalariças e a inspecções sanitárias aquando da importação e exportação – disse ter verificado recentemente que os animais recebiam os “devidos cuidados e que a limpeza, na maioria das cavalariças, atingia o nível satisfatório”.
Este instituto aconselhou, porém, o Jockey Club “a prestar atenção à manutenção e gestão das instalações e, ao mesmo tempo, à limpeza, desinfecção e prevenção de doenças, bem como à eliminação de perigos para a segurança no interior das cavalariças, de modo a garantir a protecção dos cavalos e trabalhadores”.
Segundo dados facultados à Lusa pela empresa, o Macau Jockey Club tem actualmente cerca de 430 cavalos, incluindo duas dezenas de retirados das competições, a maioria de residentes de Hong Kong e da China.

Deputados esperam novo modelo de operação

Os deputados Si Ka Lon e Zhen Anting consideram que não faz sentido o Jockey Club manter a situação actual e esperam que a empresa comece as novas operações durante mais dois anos com um diferente “pensamento de negócio” e diferentes projectos.
Em declarações ao Jornal Ou Mun, Si Ka Lon apontou que o Jockey Club já perdeu lucros há mais de um ano, algo que significa, para o deputado, que o espaço não está a ser bem aproveitado.
Apesar de considerar “aceitável” que o Governo renove por mais dois anos a concessão – considerando a necessidade de diversificação económica –, Si Ka Lon acha que o Jockey Club tem de mostrar que merece manter-se.
“O actual modelo de operação não é viável. Caso haja novos pensamentos e planeamento de negócios, é bom que a concessão seja renovada, caso continue a perder lucros não faz grande sentido continuar por mais dois anos. Em primeiro lugar, o Jockey Club deve fazer parar a queda das receitas, depois pensar em desenvolver-se. Por exemplo, poderia pensar em promover mais o hipismo.”
Zheng Anting concorda e diz que, actualmente, o Jockey Club abre apenas quando há corridas, mantendo-se silencioso nos restantes dias, pelo que considera também que este espaço “tão grande” não foi aproveitado de forma apropriada. O deputado sugere que a operadora introduza factores não jogo como parques de diversões, actividades para famílias e espaços criativos e culturais, criando mais movimento no local.

7 Set 2015

Documentário | Jornalista português retrata origens da “Última Religião”

Hugo Pinto, jornalista português radicado em Macau, esteve no Brasil para documentar a doutrina de Auguste Comte, que trabalha o conhecimento como uma religião

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]jornalista português Hugo Pinto retratou em documentário as origens, o culto e a minoria seguidora da “Última Religião” – a da Humanidade –, com marca em símbolos nacionais do Brasil onde figura, aliás, um último reduto. O documentário de estreia do jornalista radicado em Macau, de 35 anos, versa sobre Religião da Humanidade, sem Deus e dos Homens, concebida pelo filósofo francês Auguste Comte, no século XIX, que tem o único “templo” de portas abertas na cidade brasileira de Porto Alegre.
“O tema congrega quase todas as minhas áreas de interesse: a Filosofia, a Religião, a Ciência e a História. Depois, sempre me fascinou o interesse que Auguste Comte tinha em criar uma ciência da organização da sociedade e a forma como pensou todos os seus elementos estruturantes”, explicou Hugo Pinto à agência Lusa. hugo pinto
O documentário foi filmado no Brasil, onde Hugo Pinto esteve aproximadamente um mês para conhecer a influência de uma religião, em cujos princípios Hugo Pinto vê actualidade: “Há ideias que fazem sentido, que se mantêm muito oportunas, como o altruísmo, um termo que o próprio cunhou”.
A doutrina positivista de Comte influenciou inclusive a própria História do Brasil, onde tem hoje o último bastião. “Estiveram na Proclamação da República e até desenharam a bandeira nacional, no entanto, poucos conhecem a importância histórica dos positivistas”, ignorando, por exemplo, que “a ‘Ordem e Progresso’ é um lema do positivismo”.
“A doutrina, em voga na ala militar, cujo movimento levou à proclamação da República, teve em Miguel Lemos e em Raimundo Teixeira Mendes, dois intelectuais que foram estudar para Paris, então centro do mundo, os grandes promotores das ideias positivistas”, importadas, portanto, pelas elites para um Brasil carente de reformas e ávido de mudança.
“Quando regressaram, primeiro criaram o apostolado positivista, mais tarde, a igreja positivista do Brasil, e esse foi o grande centro difusor. Imprimiram centenas de panfletos, explicando as ideias e abordando diversos temas, como a importância da laicidade, do respeito pelas populações indígenas, (…), das leis trabalhistas. Todas estas são conquistas que reclamam como grandes legados deixados pelos positivistas”, observa.

Impressões e fascínios

Um dos aspectos que surpreendeu o jornalista de Macau foi o facto de ideais como a laicidade terem penetrado num país maioritariamente católico que tem, aliás, o Cristo Redentor como um dos principais símbolos. “Foi outro dos motivos pelos quais esta história me fascinou, porque é, de facto, um terreno imensamente fértil para as religiões, até para a da Humanidade”.
Comte “acreditava que o mundo só poderia ser explicado pela ciência e que a Fé seria substituída pela Razão”, rejeitava um Deus sobrenatural, mas reconhecia na religião “um papel importante de união em torno de uma ideia comum e uma ordem moral contra a anarquia do egoísmo”.

[quote_box_left]“O tema congrega quase todas as minhas áreas de interesse: a Filosofia, a Religião, a Ciência e a História”[/quote_box_left]

Contudo, ressalva Hugo Pinto, o filósofo francês imaginou que pelo mundo fora seriam erigidos Templos da Humanidade, mas isso só aconteceu no Brasil e em duas cidades: Rio de Janeiro e Porto Alegre. Hoje, apenas os pilares de um se encontram de pé, frequentado por poucas dezenas de “fiéis”.
“A Última Religião” dá a conhecer “as ideias e as pessoas que, hoje, ainda defendem e acreditam num mundo mais dominado pelo conhecimento e pelo altruísmo como formas de combater dois dos maiores problemas à escala global: o fundamentalismo religioso e os horizontes fechados do capitalismo”, disse.
Hugo Pinto prepara-se agora para lançar a produção independente, que contou com a realizadora portuguesa Luísa Sequeira, no circuito dos festivais, sem esconder a natural preferência por salas do Brasil, Europa e Ásia.
Questionado se acabou por se render à doutrina, o jornalista responde: “Comte diz que todos somos positivistas, mas em graus diferentes”.

7 Set 2015